geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

139
GERAÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DA BIODIGESTÃO ANAERÓBICA DA VINHAÇA EDER FONZAR GRANATO Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia da UNESP - Campus de Bauru, para obtenção do título de Mestre em Engenharia Industrial. BAURU - SP Abril-2003

Transcript of geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

Page 1: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

GERAÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DA BIODIGESTÃO ANAERÓBICA

DA VINHAÇA

EDER FONZAR GRANATO

Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia da UNESP - Campus de Bauru, para obtenção do título de Mestre em Engenharia Industrial.

BAURU - SP Abril-2003

Page 2: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

GERAÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DA BIODIGESTÃO ANAERÓBICA

DA VINHAÇA

EDER FONZAR GRANATO

Orientador: Prof. Dr. Celso Luiz da Silva

Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia da UNESP - Campus de Bauru, para obtenção do título de Mestre em Engenharia Industrial.

BAURU - SP Abril-2003

Page 3: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

DADOS CURRICULARES

EDER FONZAR GRANATO

NASCIMENTO: 30.05.1962

FILIAÇÃO: Ângelo Granato

Antonia Fonzar Granato

1980/1985: Curso de Graduação

Faculdade de Engenharia Industrial de São José dos Campos.

1990/1991: Curso de Pós-Graduação “Latu-Sensus”, em Didática do Ensino

Superior, na Instituição Toledo de Ensino de Araçatuba.

1992/1994: Curso de Pós-Graduação “Latu-Sensus”, em Qualidade Total em

Agricultura Empresarial, na Faculdade de Agronomia de Lavras – MG.

1999/2002: Licenciatura Plena em Matemática “Fundação de Ensino de

Penápolis”.

1989/1999: Professor da Faculdade de Tecnologia de Birigui – S.P nas

Disciplinas: Desenvolvimento do Projeto do Produto (I, II e III),

Sistemas Mecânicos, Fabricação e Estágio Supervisionado.

1983/1986: Eng. Mecânico na Área de Métodos e Processos na ENGESA – S.A. –

de São José dos Campos.

1986/2003: Gerente na área Agrícola no Setor Sulcro-Alcooleiro.

Page 4: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

à minha esposa,

às minhas filhas,

ao Grande Arquiteto do Universo,

dedico.

Page 5: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

A G R A D E C I M E N T O S

Ao professor Dr. Celso Luiz Silva, que em inúmeras vezes, além de honrar o

compromisso de orientador, oferecendo sua indispensável colaboração, sempre soube

descer os degraus do saber, como bem sabem os grandes, e doou, além de sua sabedoria e

apoio, uma amizade pura e fraterna.

Ao Eng°. Agrº. Adilson José Rossetto, pela valiosa colaboração.

Ao Engº. José Myasaki e sua equipe de trabalho, pelas orientações práticas,

fornecimento de conhecimentos e dados indispensáveis.

Ao Engº. Dr. Paulo de Lamo, cujas informações foram básicas e de grande auxílio

para a realização deste trabalho.

Aos Professores do Curso de Pós-Graduação, pelos ensinamentos.

Aos funcionários da secretaria do Curso de Pós-Graduação, pelo profissionalismo e

atenção sempre presentes.

Aos colegas Pós-Graduandos, pelo incentivo, amizade e colaboração nas diversas

fases do trabalho.

Page 6: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

I

INDICE

Página

LISTA DE FIGURAS III

LISTA DE TABELAS V

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS VII

RESUMO IX

ABSTRACT X

1. INTRODUÇÃO 1

2. OBJETIVOS 5

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 6

3.1. Problema Energético 6

3.2. Energias Alternativas 8

3.3. Biodigestão 16

3.3.1. Microbiologia 18

3.3.2. Influências no Processo 24

3.4. Biodigestores Anaeróbicos 28

3.5. Biodigestores de Fluxo Ascendente 33

3.6. Vinhaça 38

3.7. Biodigestão da Vinhaça 49

3.8. Biogás 55

4. METODOLOGIA 60

4.1. Parâmetros obtidos na Central de Informações da Empresa 60

4.1.1. Dados de álcool produzido 60

4.1.2. Dados de vinhaça gerada 61

4.1.3. Dados referentes à energia elétrica consumida gerada pela

queima do bagaço de cana nas caldeiras 62

4.1.4. Dados referentes à energia elétrica consumida adquirida

da Concessionária 62

4.1.5. Dados referentes ao custo da energia adquirida da concessionária 62

Page 7: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

II

4.1.6. Dados referentes a precipitação pluviométrica mensal em mm 62

4.1.7. Biodigestor recomendado 63

4.1.8. Turbina a gás recomendada 63

4.2. Métodos 64

4.2.1 Métodos para cálculo do Volume de Vinhaça Gerada por dia 64

4.2.2. Biodigestão Anaeróbica da Vinhaça 65

4.2.3. Queima do biogás na turbina 65

4.2.4. Metodologia para cálculo da quantidade e energia gerada

pela biodigestão da vinhaça em kWh 65

4.2.5. Produção de energia elétrica 66

4.2.6. Exemplo 67

4.2.7. Metodologia utilizada para cálculo dos custos de instalação e

retorno de investimento 68

5. RESULTADOS E ANÁLISES 69

5.1. Disponibilidade de energia elétrica produzida pela biodigestão 69

5.2. Relação entre energia elétrica produzida pela biodigestão e a energia

elétrica total consumida na empresa 72

5.3. Cálculo do retorno de investimento 76

5.4. Implicações Ambientais 77

6. CONCLUSÕES 81

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82

ANEXO A 89

ANEXO B 101

ANEXO C 113

Page 8: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

III

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 3.1. - Etapas da fermentação anaeróbica para produção de metano 23

Figura 3.2. - Biodigestor batelada em tambor metálico 29

Figura 3.3. - Biodigestor empregado em tratamento de esgoto doméstico 30

Figura 3.4. – Biodigestor em plástico flexível 31

Figura 3.5. – Tanque séptico Imhoff 32

Figura 3.6. - Biodigestor modelo indiano 32

Figura 3.7. - Biodigestor modelo chinês 33

Figura 3.8. - Biodigestor de fluxo ascendente 34

Figura 3.9. - Lodo granulado 35

Figura 3.10. - Fluxograma básico da produção de álcool 39

Figura 3.11. - Esquema básico da biodigestão anaeróbica da vinhaça 54

Figura 3.12. - Etapas de produção e utilização do biogás 56

Figura 4.1. – Tanques de armazenamento de álcool 61

Figura 4.2. – Instalação do medidor de vazão nas colunas da destilaria 61

Figura 4.3. – Instalação do biodigestor UASB 63

Figura 4.4.- Turbina gás modelo J320V81 63

Figura 4.5.- Conjunto J320V81 – instalado em Rio Ventura – Bahia 64

Figura 5.1. – Gráfico demonstrativo da produção de álcool, vinhaça e energia

alternativa da safra 1990/1991 70

Figura 5.2. – Gráfico demonstrativo da média de produção de álcool, vinhaça e

energia alternativa das safras de 1990/1991 até 2001/2002 72

Figura 5.3. – Gráfico demonstrativo da relação da aquisição, geração e consumo de

energia elétrica da safra 1990/1991 74

Figura 5.4. – Gráfico demonstrativo da média da relação da aquisição, geração e

consumo de energia elétrica das safras 1990/1991 até 2001/2002 75

Figura 5.5. – Canal de vinhaça a céu aberto 77

Figura 5.6. - Tanque de armazenamento de vinhaça a céu aberto 78

Page 9: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

IV

Figura 5.7. – Gráfico demonstrativo dos índices pluviométricos mensais da safra

1990/1991 79

Figura 5.8. – Gráfico demonstrativo da média dos índices pluviométricos mensais das

safras de 1990/1991 até 2001/2002 80

Page 10: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

V

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1.1. - Demonstrativo da taxa de crescimento da produção do álcool anidro e

hidratado no Brasil 1

Tabela 3.1. - Bactérias não metanogênicas isolada em digestores anaeróbicos 21

Tabela 3.2. – Espécies de bactérias metanogênicas e compostos orgânicos 22

Tabela 3.3. - Classificação de biodigestores 29

Tabela 3.4. - Resultados da análise da vinhaça obtidos por Razanni e Gomes 41

Tabela 3.5. - Composição da vinhaça de melaço e de caldo de cana -de-açúcar 42

Tabela 3.6. - Composição média das vinhaças em diversos tipos de mostos 43

Tabela 3.7. – Quantidade de matéria orgânica nas vinhaças de diversos tipos de

Mostos 43

Tabela 3.8. - Composição de vinhaça durante a safra de 1975 no Estado S.P. 44

Tabela 3.9. - Teores médios dos elementos analisados em 27 amostras de

vinhaça de melaço de diferentes origens 44

Tabela 3.10. – Amplitude de variação dos principais constituintes da vinhaça de

destilaria segundo Rodella. 46

Tabela 3.11. - Resultados médios das análises da Usina São João em seis

Safras 46

Tabela 3.12. - Valores médios dos principais dos três tipos de vinhaça para diversas

regiões do Brasil 47

Tabela 3.13. – Características físico/química da vinhaça segundo Lamo 49

Tabela 3.14. - Balanço energético de uma tonelada de cana 55

Tabela 3.15. - Comparativo energético do biogás com outros combustíveis 57

Tabela 3.16. – Comparação entre os custos de produção de alguns energéticos

potencialmente concorrentes com o biogás 58

Tabela 3.17. - Estimativa do potencial brasileiro de substituição de alguns energéticos

por biogás 58

Page 11: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

VI

Tabela 5.1. – Demonstrativo da produção de álcool, vinhaça e energia elétrica

alternativa da safra 1990/1991 70

Tabela 5.2. – Demonstrativo da média da produção de álcool, vinhaça e energia

elétrica alternativa das safras 1990/1991 até 2001/2002 71

Tabela 5.3. – Demonstrativo da relação entre aquisição, geração e consumo de

energia elétrica da safra 1990/1991 73

Tabela 5.4. – Demonstrativo da média da relação entre aquisição, geração e consumo

de energia elétrica das safras 1990/1991 até 2001/2002 75

Tabela 5.5. – Custo da aquisição de energia elétrica da concessionária 76

Tabela 5.6. – Demonstrativos dos índices pluviométricos mensais da

safra 1990/1991 78

Tabela 5.7. – Demonstrativo da média dos índices pluviométricos mensais das safras

1990/1991 até 2001/2002 80

Page 12: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

VII

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

% AV = teor alcoólico do vinho

ANEEL = Agência Nacional de Energia Elétrica

BID = Banco Interamericano de Desenvolvimento

Brix = sólidos em suspensão

CCC = conta de consumo de combustível

CDE = conta de desenvolvimento energético

CO = carga orgânica

DBO = demanda bioquímica de oxigênio

DQO = demanda química de oxigênio

E = eficiência de remoção de DQO

E1 = eficiência da turbina a gás

F = fator de conversão de biogás por DQO removido

GEB = ganho de energia pelo biogás

GLP = gás liquefeito de petróleo

GW = giga watt

HP = horse power

MME = Ministério de Minas e Energia

ONGS = Organizações não governamentais

P&D =pesquisa e desenvolvimento

PB = produção de biogás

PEEB = produção de energia elétrica pelo biogás

PCHS = pequenas centrais hidrelétricas

r = coeficiente de correlação

RGR = reserva global de reversão

RU = Reino Unido

UASB = biodigestor de fluxo ascendente

VAP = volume de álcool produzido

Page 13: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

VIII

VAV = volume de álcool do vinho

VR = valor de referência

VVG = volume de vinhaça gerada

Page 14: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

IX

GRANATO, E. F. Geração de Energia Elétrica pela Biodigestão Anaeróbica da

Vinhaça. Bauru, 2003. 130p. Dissertação (Mestra em Engenharia) – Faculdade de

Engenharia, Campus de Bauru, Universidade Estadual Paulista.

RESUMO

O objetivo principal deste trabalho é analisar o potencial de geração de energia

elétrica a partir da queima do biogás gerado no processo de biodigestão anaeróbica da

vinhaça, de uma destilaria com capacidade produtiva de 600 metros cúbicos de álcool

por dia.

Foram analisadas doze safras (de 1990/1991 até 2001/2002), das quais se obteve

dados referentes à produção de álcool e de vinhaça, permitindo a estimativa do

potencial de energia a ser produzida pela biodigestão anaeróbica deste efluente.

Comparou-se as quantidades de energia elétrica gerada pela queima do bagaço, de

energia elétrica adquirida da concessionária e da energia elétrica a ser gerada pela

biodigestão anaeróbica da vinhaça, concluindo-se que no caso do processo em estudo

operar em condições normais, poderá haver uma redução de 62,70% na aquisição de

energia elétrica da concessionária.

Analisaram-se também as implicações ambientais, levando-se em conta os obstáculos

e riscos que o processo atual de tratamento deste efluente oferece e os benefícios que

a biodigestão anaeróbica da vinhaça pode trazer, através da redução do potencial

poluidor do efluente e de seu tratamento (biodigestão) ser realizado em ambiente

semiconfinado, não sofrendo os agravantes oriundos das chuvas nos meses de

maiores índices pluviométricos.

Page 15: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

X

GRANATO, E. F. Alternative production of energy by anaerobic biodigestion of

vinasse. Bauru, 2003, 130p. Dissertation, Master of Engineering, College of

Engineering, Campus of Bauru, University of State of Sao Paulo.

ABSTRACT

The main aim of this study is to generate electricity through the burning of biogas,

which is obtained from the process of anaerobic biodigestion of vinasse. This work

was done in a destilary, which can produce 600 m³ of alcohol a day.

The data to be estimated the capacity of producing power from that effluent came

from the analysis of twelve crops grown from 1990/1991 to 2001/2002 and the

production of alcohol and vinasse. From them comparing the amount of electricity

generated by the burning of the cane pulp and from the electricity obtained from the

power suppliers and also from anaerobic biodigestion by vinasse. It was concluded

that process works in normal conditions it will have the reduction of 62,70% in the

acquisition of power from the suppliers.

It was also analysed harm that it might bring to the environment, considering the

obstacles and risks that current process of treatment of that effluent offers. And also

the benefits that anaerobic biodigestion of vinasse may bring, reducing the potential

of pollution of that effluent and of its treatment (biodigestion) to be done in semi-

confinement environment not suffering any harm when the months the high levels of

rain occur.

Page 16: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

1

1. INTRODUÇÃO

A escassez de recursos naturais renováveis, o aumento da demanda de

energia e suas implicações ambientais têm estimulado pesquisas e

desenvolvimento de tecnologias alternativas de suprimento energético. A

conversão da biomassa em energia vem tomando cada vez mais espaço no

contexto das alternativas viáveis.

A produção de álcool no Brasil vem cada vez mais se firmando como

alternativa de substituição de combustíveis fósseis, pois além da frota veicular

movida a álcool hidratado, existe também o consumo do álcool anidro no mercado

interno e externo.

Desde a década de 30, o setor alcooleiro vem sofrendo intervenções do

Estado, com medidas visando manter o equilíbrio entre estoque e preço, por ser

um setor voltado à produção de energia na forma de combustível.

A maior aceleração da produção de álcool ocorreu na década de 70, com o

início do Proálcool, que consistia num programa de incentivo intenso para a

utilização de motores movidos a álcool, motivada pela crise do petróleo do

Oriente Médio que acenava para uma elevação do preço do barril de petróleo a um

patamar de 90 dólares.

A Tabela 1.1. demonstra a taxa de crescimento anual da produção de

álcool anidro e hidratado, no período 1975-1999 no Brasil.

Tabela 1.1. – Demonstrativo da taxa de crescimento da produção do álcool anidro e hidratado no Brasil

Ano Anidro Hidratado Total 75-85 30% 38,9% 35,8%

85-87 4,7% 1,0% 2,2%

87-93 -3,0% 0,2% -0,6%

93-97 22,0% 2,6% 7,9%

97-99 23,1% -1,1% 3,8%

Fonte: Pinto (1999).

Page 17: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

2

Com o protocolo firmado em Kyoto, em 2001, houve um

comprometimento dos países de economia avançada e em transição para reduzir a

taxa de emissão de CO2 em 6%, entre 2008 e 2012, em relação a 1990.

Atualmente no Brasil se adiciona 25% de álcool hidratado na gasolina,

objetivando a redução na emissão de poluentes pela queima desse combustível,

sendo que deverá ser aprovada a taxa de 5% para o óleo Diesel.

Este tipo de mistura de combustível está sendo estudado para breve

aprovação em países desenvolvidos como Estados Unidos e Japão.

Segundo Pinto (1999), a indústria canavieira do Brasil tem forte influência

no cenário energético, econômico e social do país, fazendo assim do Brasil o

maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com cerca de 300 milhões de

toneladas na safra 1997/1998, sendo que 70% desse volume é direcionado à

produção do etanol, perfazendo um total de 15,1 milhões de m³ .

Este setor gera cerca de 600 mil empregos diretos no campo, num total de

328 usinas produtoras, cultivando uma área próxima de 5,5 milhões de hectares,

representando 3% do Produto Interno Bruto brasileiro.

O volume dos subprodutos da industria canavieira representam em torno

de 80 milhões de toneladas de bagaço e cerca de 200 milhões de m³ de vinhaça.

Esses resíduos são subaproveitados e representam um potencial significativo de

uma fonte renovável no setor energético, principalmente a médio e longo prazo

(Bini, 1993).

De acordo com Lamo (1991), para cada litro de álcool produzido são

gerados de 10 a 15 litros de vinhaça, sendo esta um resíduo altamente poluente e

problemático no manejo e conseqüente eliminação.

Esse resíduo, na quase totalidade dos casos, é empregado “in natura” na

lavoura da cana-de-açúcar, num volume que varia entre 400 a 500 m³/ha, de

acordo com a necessidade de nutrientes do solo, substituindo em parte a utilização

de fertilizantes químicos, mantendo a fertilidade do solo após anos do cultivo da

cana-de-açúcar, mineralizando a matéria orgânica, aumentando o conteúdo de

cálcio, potássio, nitrogênio e fósforo (Rossetto, 1988).

Essa prática denominada fertirrigação oferece em curto prazo uma solução

para o problema da disposição desse resíduo.

Page 18: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

3

Levando-se em conta as várias remontas ocorridas em áreas próximas à

unidade produtora, durante anos consecutivos, que ocorrem por redução de custos

de transportes, disponibilidade de recursos e equipamentos adequados, o volume

de vinhaça aplicado supera o recomendado.

Eleva-se assim o teor de nitrogênio do solo à níveis comprometedores,

aliado a problemas de infiltrações e percolações contaminando o lençol freático,

representando risco para a saúde humana (Copersucar, 1979).

Pesquisas se fazem necessárias para que esse fato seja minimizado a ponto

de não comprometer legalmente as unidades produtoras junto aos órgãos

fiscalizadores atendendo assim a legislação vigente.

Embora a fertirrigação não apresente atualmente riscos ecológicos de

maiores montas, nota-se que o objetivo principal das unidades produtoras é se

“livrar” de um resíduo incômodo e perigoso de forma mais rápida e econômica

possível, sem causar maiores danos paralelos nem complicações com os órgãos

fiscalizadores do meio ambiente.

A viabilidade técnica da digestão anaeróbica da vinhaça vem sendo

provada por vários estudos, operando em plantas-piloto nas condições reais de

trabalho, sendo que algumas delas foram instaladas em escala de trabalho normal

no Brasil.

Existe um balanço econômico desfavorável, causado principalmente, pelo

baixo preço dos competidores diretos do biogás produzido na biodigestão, além da

falta de aplicações práticas e constantes da tecnologia da digestão anaeróbica,

contribuindo para uma desmotivação em investimentos, colocando-a em planos

inferiores na escala de interesses de desenvolvimento, (Salerno, 1991).

Segundo Souza (1999), parte-se do pressuposto que a tecnologia da

digestão anaeróbica da vinhaça, chamada de “tecnologia limpa”, contribui

diretamente ao desenvolvimento sustentável.

Por esse raciocínio, devido ao volume de vinhaça gerado na empresa em

estudo, será proposta a alternativa de biodigestão anaeróbica deste efluente,

obtendo-se biogás que poderia ser queimado numa turbina, para acionar um

gerador de eletricidade.

Page 19: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

4

Dessa forma o efluente, após passar pelo processo de biodigestão

anaeróbica, poderá ser utilizado como biofertilizante no processo de fertirrigação

já existente, sem prejudicar suas características de adubação orgânica, com uma

taxa reduzida de DQO/DBO, baixa produção de lodo, baixa relação da taxa

Carbono/Nitrogênio, reduzindo custos operacionais e de investimento, oferecendo

a possibilidade de descentralização de tratamento do efluente, de acordo com

Copersucar (1979).

Em relação ao aspecto ambiental, o aumento da taxa de CO2 na atmosfera

proveniente da queima de combustíveis oriundos da biomassa, é compensado na

fotossíntese, o que não ocorre na queima de combustíveis fósseis (Rocha, 1988).

A tecnologia de biodigestão anaeróbica da vinhaça pode ser considerada

totalmente dominada, principalmente na sua teoria, e na prática se encontra pronta

para ser utilizada e abre novas e melhores possibilidades de obtenção de energia,

contribuindo para a redução de custos com energia nas usinas e destilarias

(Salerno, 1991).

De acordo com Souza (2000), quanto à tecnologia de biodigestão,

consideram-se reatores UASB (Upflow Anaeróbic Sludge Blanket) como sendo

os reatores que mais se adaptam ao processo de digestão anaeróbica da vinhaça.

Tal avaliação foi efetuada com base na análise dos custos de produção de biogás.

Embora existam outras alternativas para a utilização do biogás produzido

da biodigestão da vinhaça, será considerada a de se utilizar 100% deste gás na

queima em turbina, gerando energia elétrica.

Page 20: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

5

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Avaliar o potencial de geração de energia elétrica pela queima do biogás

em turbina, produzido pela biodigestão anaeróbica do resíduo vinhaça, em

destilaria anexa a usina de açúcar com capacidade de produção diária de 600.000

litros de álcool.

2.2. Objetivos Específicos

- Demonstrar a disponibilidade de energia elétrica gerada pela biodigestão

anaeróbica da vinhaça;

- Comparar o potencial de geração de energia elétrica pela biodigestão da

vinhaça com o total de energia elétrica consumida na empresa;

- Analisar as implicações ambientais proporcionadas pela geração do

resíduo vinhaça “in natura” e após a biodigestão anaeróbica.

- Calcular a viabilidade econômica para a instalação do processo de geração

de energia elétrica com a biodigestão anaeróbica.

Page 21: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

6

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Problema Energético

É de conhecimento geral que existe a limitação de recursos não renováveis

e, de acordo com Pinto (1999), quem primeiro trabalhou sistematicamente esse

assunto foi Malthus, no século XVIII, com a lei de rendimentos decrescentes, a

qual sugere simplesmente que, se a quantidade de terras é fixa, a produção pode

aumentar somente de forma aritmética, enquanto a população aumenta

geometricamente.

Ebeling, 1988, aborda outros trabalhos desenvolvidos por pesquisadores

que surgiram questionando a disponibilidade e utilização de recursos a nível

mundial, todavia cita o que mais influiu na consolidação da imagem atual de

nosso planeta e nos debates sobre o seu futuro.

Foi o documento denominado Relatório Meadows, publicado em 1972,

que estuda os limites de crescimento, baseado em cinco variáveis – o estoque de

capital industrial, a população, a poluição, a oferta de alimentos e a

disponibilidade de recursos naturais não renováveis, foram desenvolvidos

modelos matemáticos capazes de evidenciarem que essas variáveis estavam

sujeitas a ciclos positivamente realimentados, interagindo entre si de modo

exponencial.

Várias combinações reversas entre essas varIáveis foram testadas e

concluiu-se então que o referido relatório deveria propor a detenção de todos os

ciclos positivos de realimentação, pois mesmo com a hipótese de recursos

ilimitados a poluição apareceu como limite preocupante.

Segundo Cavalcanti (1995), se a Terra é finita, a oferta de recursos é

rígida, se os estamos consumindo, eles acabarão. São idéias facilmente

assimiladas pelo bom senso, mas equivocadas por não traduzirem a especificidade

do conceito de recursos. Estes são aquelas partes da natureza que podem ser

aproveitadas num dado momento. É, portanto, um conceito dinâmico.

O trabalho e a inteligência humanos fizeram com que a matéria passasse a

condição de recurso. Pode-se afirmar isto, pois até o século XIX, o petróleo não

Page 22: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

7

era recurso. Antes do desenvolvimento da física nuclear, também o urânio não era

considerado recurso, e o mesmo raciocínio se aplicam à energia potencial das

cachoeiras, às ondas de rádio, às ligas metálicas e até à roda. Assim, se a

tecnologia varia de forma contínua, modificam-se incessantemente os fatores,

escapando-se ao determinismo da lei de rendimentos decrescentes de Malthus e

não se aplicando a situações em que ocorrem desenvolvimento das forças

produtivas e progresso tecnológico. Os sucessivos níveis técnicos permanecem

ocultos até serem atingidos através de novas descobertas, definindo situações

históricas irreversíveis (Galvão, 2000).

Numa visão macro do problema energético mundial, pode-se afirmar que

as alternativas como o domínio da fusão nuclear, o aproveitamento da energia

solar e eólica, a supercondutividade, os trabalhos com minérios mais nobres e a

exploração do espaço e do fundo do mar podem tornar-se soluções imediatas.

Entretanto esse pensamento, não pondera a aceleração das mudanças

promovidas pelo homem. São consumidos cada vez mais minérios e combustíveis,

e a extinção de animais continua crescente aliada à perda de cobertura vegetal do

planeta. Nota-se que esses problemas já existiam no passado, e a tecnologia

ajudou a resolvê-los, como exemplo cita-se a substituição da madeira pelo carvão

como combustível e pelo ferro como material construtivo; atualmente a tecnologia

industrial tem um impacto completamente novo: os efeitos de um derramamento

de toneladas de petróleo, de um acidente nuclear, de emissões de CO2, outros

gases-estufa ou compostos de cloro-flúor-carbono alcançam regiões inteiras de

uma só vez, podendo, em seguida, afetar o planeta como um todo. Vem daí a idéia

da fragilidade da vida complementando a de finitude, na imagem atual do nosso

mundo (Bermann, 2000).

Walter (2000), completa que há um outro lado importante dessa discussão.

As relações econômicas e políticas fazem com que a utilização das reservas esteja

sujeita a diversas circunstâncias, de natureza comercial e estratégica, capazes de

tornar as mercadorias mais caras, graças a sua escassez, fazendo mais poderoso

um grupo ou país. Todo o conflito de conquista, perda e distribuição de poder

envolve essa discussão sobre limites físicos da Terra. Isto nos remete ao problema

das relações entre os homens, e não somente destes com uma natureza que lhes

Page 23: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

8

seja exterior. Entre 80% e 90% do comércio mundial de cobre, minério de ferro,

bauxita, produtos florestais, algodão, juta, tabaco, café, cacau e outros produtos

são controlados, no caso de cada produto, por três a seis grandes empresas.

Sendo necessário então voltar o pensamento para a qualidade do

crescimento, em direção a serviços menos poluentes e menos exigentes de

recursos naturais, o que se liga à necessária mudança nos padrões de consumo.

Abordando muitas das questões críticas relacionadas ao crescimento

desigual e pobreza, que impõe pressões sem precedentes sobre terras, águas,

florestas e outros recursos naturais do planeta. Se nosso mundo pode ser infinito e

ilimitado graças à nossa capacidade de recriá-lo a cada era de inovações, a

tecnologia por si só não pode resolver os problemas da natureza humana a que,

cedo ou tarde, os homens terão que fazer face.

3.2. Energias Alternativas

No Brasil, cerca de 25 milhões de pessoas, ou seja, aproximadamente 15%

da população, vivem sem acesso à energia elétrica. Essa população vive

majoritariamente no meio rural e em áreas remotas do país. Estima-se que o

número de propriedades rurais sem acesso à eletricidade seja da ordem de 100 mil

(Walter, 2000).

Ainda esse autor, cita que em todo o mundo, estima-se que dois bilhões de

pessoas vivam sob tal restrição. Para o atendimento dessa população, em

contraposição à tradicional ação de extensão da rede elétrica a essas áreas, a partir

da geração de eletricidade em grandes centrais, tem sido considerada a geração

distribuída de energia elétrica, em pequena escala, nos próprios locais onde a

eletricidade é consumida ou, ainda, o abastecimento através de uma rede elétrica

local, de pequena extensão.

Daí surgem propostas de utilização de formas renováveis de energia, visto

que em relação aos custos de extensão da rede elétrica a geração local pode ser

mais vantajosa, mesmo que custos externos (por exemplo, associados à geração

local de empregos e aos menores impactos ambientais) não sejam considerados

(Bermann, 2000).

Page 24: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

9

Algumas ações voltadas ao fomento das formas renováveis de energia

foram recentemente adotadas, ou estão por ser adotadas, no país.

De acordo com Cavalcanti (1995), em vários países, ao longo dos anos 90,

a estrutura do setor elétrico, até então organizada em torno da geração centralizada

e contando predominantemente com centrais de grande porte, começou

gradualmente a ceder espaço para a geração distribuída. A liberalização do

mercado de eletricidade e as inovações tecnológicas são fatores que favoreceram

essas mudanças.

Unidades de geração de pequeno porte são mais facilmente financiáveis,

fato que potencialmente pode resultar em um maior número de unidades

geradoras, e podem ser construídas mais próximas dos consumidores, reduzindo

os investimentos, reduzindo as perdas no transporte e demandando menor controle

centralizado. A geração distribuída pode também proporcionar uma série de

vantagens técnicas, tais como melhor estabilização da rede, melhor controle de

tensão, de harmônicos e potência reativa. Ademais, com pequenas unidades pode-

se conseguir melhor ajuste do escalonamento da capacidade de geração a taxas

variáveis de crescimento da demanda.

As formas de energia renováveis, em função da baixa densidade

energética, são mais bem adaptadas para a geração distribuída do que para a

geração centralizada. Dessa forma, uma clara oportunidade para as formas

renováveis de energia é identificada na tendência atual de maior dispersão das

unidades de geração elétrica.

Segundo Bermann (2000), por outro lado, enquanto o foco de atenção dos

agentes do setor elétrico está fundamentalmente voltado ao curto prazo, os

benefícios das formas renováveis, em função dos maiores custos iniciais e do seu

menor estágio de desenvolvimento tecnológico, podem ser mais bem identificados

em um horizonte de médio a longo prazos. Em curto e médio prazo uma maior

participação das formas renováveis na geração de eletricidade deve depender de

fatores tais como a importância da geração distribuída e, conseqüentemente, das

unidades de pequeno porte no parque gerador, e de como serão tomadas as

decisões relativas à expansão do setor elétrico e, nesse contexto, quão importante

serão os aspectos ambientais e sociais para as tomadas de decisão.

Page 25: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

10

Embora a geração de eletricidade a partir de formas renováveis de energia

pode, potencialmente, contribuir tanto do ponto de vista ambiental quanto social,

em função de menores emissões atmosféricas, menos consumo d’água, geração de

empregos e incentivo à atividade econômica a nível local, apresenta restrições que

advêm do alto investimento inicial, da natureza dispersa e da intermitência dos

recursos (energia eólica e solar). Tais fatores resultam em maiores incertezas,

maior percepção de risco por parte dos investidores, e dificuldades para se

alcançar economias de escala.

Na escolha correta para uma ou mais formas de energias renováveis de

determinada região deve-se levar em conta: distância da rede elétrica principal,

disponibilidade de recursos energéticos, a competitividade da fonte renovável em

relação à energia tradicional e sua expansão, relação que a forma renovável possa

estabelecer com as atividades locais a fim de se aproveitar à geração de resíduos,

recursos e mão de obra local e principalmente a cultura regional, sendo fator

básico para que a nova forma de fornecimento de energia tenha sucesso e

aceitação local.

De acordo com Pinto (1999), uma experiência bem sucedida de

participação da comunidade no processo de decisão foi desenvolvida na Índia, na

região rural próxima de Bangalore. Conjuntos gaseificadores aliados a motores de

combustão interna e biodigestores foram introduzidos com o objetivo de viabilizar

o bombeamento d’água tanto para irrigação quanto para o consumo humano.

Orientada por técnicos do Indian Insitute of Science, a comunidade escolheu a

tecnologia, definiu a sistemática de operação e participa ativamente da operação e

da manutenção dos sistemas.

Como formas de energias renováveis mais desenvolvidas e aplicadas na

prática pode-se citar, de acordo com Walter, 2000:

a) Energia Eólica:

A produção de eletricidade a partir da energia eólica é a que teve os

resultados mais significativos nos últimos 15-20 anos, tanto em termos de

capacidade instalada quanto na redução dos custos da eletricidade gerada. Desde

1980 o custo médio de capital foi reduzido cerca de 80%.

Page 26: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

11

Na continuidade de expansão do mercado e do desenvolvimento

tecnológico, a expectativa é que esses custos sejam ainda mais reduzidos,

tornando-a plenamente competitiva enquanto alternativa de expansão da

capacidade de geração elétrica.

Atualmente a capacidade eólica instalada é de 10 GW, sendo cerca de

8,3GW estão na Europa (só na Alemanha, 3,9 GW).

No Brasil o maior potencial eólico encontra-se nas regiões litorâneas,

devido aos recursos naturais disponíveis, fixando assim uma região para aplicação

do mesmo.

b) Energia Solar Fotovoltaica:

No caso da energia solar fotovoltaica, as reduções de custo e o crescimento

do mercado também foram significativos, embora os resultados sejam inferiores

aos apresentados pela energia eólica. Nos últimos 20 anos a geração fotovoltaica

atingiu um estágio comercial, sendo no momento tecnologia corrente na produção

de eletricidade tanto em áreas isoladas quanto para a injeção de energia à rede. As

taxas de crescimento do mercado têm sido altas, da ordem de 20-30% ao ano; só

em 2000, estima-se que 200 MW de capacidade fotovoltaica adicional tenham

sido instaladas em todo o Mundo. Os custos de capital por kWh instalado, no

presente, variam entre cinco e quinze vezes os custos unitários de um ciclo

combinado para queima de gás natural (a tecnologia de referência para expansão

do setor elétrico em quase todo o Mundo), mas a tendência de queda é acentuada.

c) Energia da Biomassa:

A produção de eletricidade a partir da biomassa, em ciclos a vapor

convencionais de pequena capacidade, é comercial em países como a Finlândia, a

Suécia e em algumas regiões dos EUA. Já a produção de eletricidade em larga

escala, em sistemas de alta eficiência (gaseificação da biomassa e emprego do gás

combustível resultante na alimentação de ciclos combinados de alto desempenho)

envolve tecnologia ainda em desenvolvimento, que pode atingir estágio comercial

em até dez anos.

Page 27: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

12

Regra geral, em função da baixa eficiência operacional e dos custos

iniciais relativamente altos, a produção de eletricidade em ciclos com turbinas a

vapor ou máquinas a vapor só é competitiva em sistemas isolados, quando do uso

da biomassa residual e/ou quando da existência de incentivos regulatórios

específicos (Schirm, 1991)

Outras alternativas de pequena capacidade para a produção de eletricidade

a partir da biomassa, tais como sua gaseificação e o uso do gás combustível em

motores de combustão interna (substituindo total ou parcialmente a gasolina ou o

Diesel), ou ainda o uso de óleos vegetais, envolvem tecnologias conhecidas

embora não ainda comercialmente competitivas e tampouco confiáveis (esses

sistemas apresentam baixa disponibilidade). Problemas relativos à limpeza do gás

ainda persistem no caso dos sistemas gaseificação e motores, enquanto no caso

dos óleos vegetais as restrições estão, sobretudo, na confiabilidade da operação

contínua dos motores de combustão interna (IPT, 1986).

Ainda estão em desenvolvimento tecnologias envolvendo a pirólise da

biomassa e emprego do óleo resultante em motores de combustão interna, e a

gaseificação de biomassa e emprego do gás em motores Stirling (de combustão

externa); ambas, no entanto, ainda estão em estágio muito preliminar de

desenvolvimento.

d) Micro e Pequenas Centrais Hidrelétricas:

A tecnologia das micro e pequenas centrais hidrelétricas (PCHS) é

plenamente dominada já há muitos anos, podendo ser considerada totalmente

comercial e confiável. Em 1997 havia cerca de 340 PCHS em operação no Brasil,

totalizando uma capacidade de cerca de 630 MW, construídas entre os anos de

1970 e 1980. Uma capacidade adicional de 790 MW pode ser viabilizada nos

próximos anos, tendo-se por base os quase oitenta projetos sob análise ou até

mesmo já em construção.

Tendo em vista o porte das PCHS (na faixa de 1 a 30 MW) e o custo

unitário de capital, que é da ordem de 1100 US$/kW instalado (Carvalho, 2000),

sendo uma alternativa inviável para estabelecimentos rurais isolados, mas bastante

factível, por exemplo, para cooperativas de eletrificação rural.

Page 28: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

13

Em síntese, para o meio rural brasileiro, a produção de eletricidade com

células fotovoltaicas apresenta um potencial bastante significativo, embora seja

uma alternativa mais adequada para atendimento de pequenas cargas.

Para a energia eólica, sabendo-se que o maior potencial encontra-se nas

regiões litorâneas, não são disponíveis tecnologias geradoras no país, mas, de

qualquer forma, unidades de grande porte (750 kW – 2 MW) e maior eficiência,

tais como as que são no momento construídas em alguns países, são inviáveis para

estabelecimentos isolados (Carvalho, 2000).

Já no caso da biomassa, consideradas as tecnologias aprovadas, os ciclos a

vapor com turbinas só seriam viáveis em complexos agro-industriais de médio e

grande porte.

Finalmente, para as tecnologias de gaseificação de biomassa e motores de

combustão interna, bem como para o emprego de óleos vegetais, ainda é preciso

se avançar no desenvolvimento para que esses sistemas sejam confiáveis e

competitivos (Walter, 2000).

O alto custo inicial, o estágio pré-comercial de grande parte das

tecnologias e a percepção de risco por parte dos empreendedores inibe os

investimentos em formas renováveis. Como o mercado não se desenvolve em

condições ideais, não há escala de produção, e os custos de capital não caem como

seria desejável. Esse ciclo vicioso precisa ser rompido com o estímulo ao

desenvolvimento de um mercado inicial, seguro, de dimensões mínimas. Como os

custos incrementais precisam ser direta ou indiretamente cobertos, para a

continuidade do programa, a conscientização social sobre os benefícios das fontes

renováveis é uma condição necessária. Uma clara barreira é que em um país como

o Brasil, cuja população ainda busca um nível adequado de educação ambiental,

as decisões tendem a ser pragmáticas, orientadas ao atendimento de objetivos de

curtíssimo prazo.

Segundo Carvalho (2000), vários projetos de implantação de sistemas de

produção de sistemas de eletricidade a partir de formas renováveis de energia já

foram realizados no Brasil, tanto por iniciativa dos governos federal e estadual,

quanto por iniciativa de concessionárias de energia elétrica e ONGS

Page 29: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

14

(Organizações não Governamentais). Esses projetos dizem respeito a sistemas

fotovoltaicos, eólicos e PCHS; no atendimento de comunidades isoladas, por

outro lado, pouco foi feito quanto a sistemas baseados em biomassa. Embora do

ponto de vista do número de consumidores atendidos os resultados sejam bastante

modestos, esses projetos pioneiros tiveram o mérito de permitir a identificação de

barreiras e de terem viabilizado a demonstração das tecnologias.

A ANEEL estabelece, na prática, preços-teto para a compra da eletricidade

produzida por fontes renováveis. Essas tarifas, chamadas preços normativos, são o

máximo valor que as concessionárias podem pagar por unidade de energia gerada

por determinadas tecnologias, podendo repassar ao consumidor final o sobrecusto,

embora exista a proposta de uma redução de 50% às tarifas de uso dos sistemas de

transmissão e distribuição quando da comercialização de energia elétrica

produzida por fontes renováveis.

Embora sejam inegáveis os méritos dessa regulação, deve-se fazer uma

ressalva quanto aos valores definidos, que são baixos inclusive para o nível

tecnológico e para a escala de produção da indústria existente em vários países

europeus.

Outro ponto importante para o fomento das formas renováveis é a

obrigatoriedade de que as concessionárias de distribuição e os agentes

comercializadores comprem, por prazo não inferior a dez anos, toda energia a ser

produzida por empreendimentos a partir de fontes eólicas, solar, biomassa e

PCHS, até que essas fontes atendam, em um prazo de 20 anos, a 10% dos seus

mercados de fornecimento (Walter, 2000).

Quanto à obrigatoriedade de compra, a proposta se aproxima da política

adotada na Alemanha, onde as concessionárias são obrigadas a comprar

eletricidade gerada por fontes renováveis até que no conjunto essas fontes

atendam a um percentual do mercado. Na Alemanha a tarifa de compra é alta (em

alguns casos iguais à tarifa paga pelo consumidor final), estimulando os

investimentos. Com efeito, com essa legislação houve um rápido desenvolvimento

das fontes renováveis, particularmente da energia eólica, a ponto de ser a

Alemanha, no momento o país com maior capacidade instalada.

Page 30: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

15

Com a aprovação do Substitutivo, obrigando a compra de eletricidade

gerada por formas renováveis e com a sinalização de que essas formas poderão

atender em seu conjunto a 10% do mercado de energia elétrica do país, poderá

estar resolvido um dos problemas ainda não equacionados no Brasil, relativo ao

desenvolvimento inicial do mercado.

Com a reestruturação do setor elétrico é natural que os novos agentes não

tenham interesse por mercados poucos rentáveis, e por empreendimentos de maior

risco, como os que envolvem a produção de eletricidade a partir das fontes

renováveis de energia. Assim, as perspectivas de fomento às fontes renováveis de

energia dependem fundamentalmente da regulação que venha a ser feita.

Entre as barreiras mais importantes, a questão da criação de um mercado

garantido, que assegure uma escala mínima de produção e o desenvolvimento

contínuo das tecnologias.

Finalmente, cabe a reflexão de que a inserção de tecnologias em um dado

meio é mais adequada se houver um processo natural, cuja comunidade reconhece

e incorpora a seu estilo de vida e/ou a suas atividades econômicas. Programas que

visam a simples implantação de tecnologias em certas regiões e estão dissociados

da realidade local estão fadados ao insucesso dentro de uma ótica de médio e

longo prazo.

Nesse sentido, os programas de implantação de fontes renováveis precisam

ser organizados para que tenham muito fôlego, sejam abrangentes em sua

concepção e para que tenham como metas não número de sistemas implantados,

mas sim a satisfação e o bem-estar das comunidades (Bermann, 2000).

Segundo Walter (2000), no meio rural, em função da natureza da atividade

e da disponibilidade de recursos energéticos, uma perspectiva interessante é que o

processo de eletrificação possa estar associado ao beneficiamento do produto,

agregando valor e aumentando a renda das comunidades. Em muitos casos o

investimento será proibitivo para um produtor individual, mas suportável e

recompensador para um conjunto de agricultores, reduzindo o custo unitário

inicial e melhorando a viabilidade econômica.

Na mesma linha de agregação de valor ao produto e da diversificação das

atividades, sempre que possível os sistemas energéticos devem ser concebidos

Page 31: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

16

como unidades de cogeração, viabilizando a produção de vapor/água quente ou

ainda a produção de frio (refrigeração e/ou condicionamento ambiental). Tal

alternativa é factível se forem empregados sistemas térmicos baseados em

máquinas a vapor (turbinas e motores a pistão) e motores de combustão interna.

3.3. Biodigestão

Os processos bacteriológicos de fermentação da matéria são anteriores à

existência do homem na Terra, visto que a quantidade de bactérias e a intensidade

de sua ação no ambiente primitivo colaborou na determinação da composição da

atmosfera, propiciando as condições de desenvolvimento da vida.

Existem registros datados de 1776, que provam a descoberta do metano

efetuada pelo químico italiano Alessandro Volta; entretanto, é de se supor que

esse gás combustível já fosse reconhecido e até mesmo utilizado de alguma

maneira desde antes dessa data. Volta identificou o metano, o gás dos pântanos,

resultante da decomposição de restos vegetais em ambientes confinados,

comprovando suas características combustíveis. Em 1806, na Inglaterra,

Humphrey Davy identificou um gás rico em carbono e dióxido de carbono,

resultante da decomposição de dejetos animais em lugares úmidos, e fez uma

ligação da sua pesquisa com o gás dos pântanos, mencionada por Volta. Somente

em 1844, Ulisse Gayo, mostra de maneira definitiva que o gás metano pode ser

produzido a partir da fermentação de uma mistura de excrementos, palha de

estábulo e água, e discute suas propriedades (Pinto, 1999).

A biodigestão anaeróbica, processo pelo qual o metano é produzido, é uma

das formas naturais de se obter esse hidrocarboneto, além das jazidas

subterrâneas, onde se encontra às vezes associado ao petróleo. Nessa última

forma, o gás natural constitui-se importante combustível fóssil e é bastante

explorado. Em anos recentes, estudos da atmosfera mostraram que

aproximadamente 0,5% da produção total anual de matéria seca, por fotossíntese,

é transformada em metano, acumulando a fabulosa quantidade de 800 milhões de

toneladas do gás que é descarregada anualmente em nossa biosfera, contribuindo

para o chamado “efeito estufa”. De fato, o metano é considerado o segundo

Page 32: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

17

principal responsável pelo aquecimento global do planeta, atrás, é claro, do

dióxido de carbono.

Na literatura consta que a primeira instalação operacional destinada a

produzir gás combustível foi construída em 1857, em Bombaim, na Índia, para

atender a um hospital de hansenianos. Nessa época, pesquisadores como Fisher e

Schrader, na Alemanha, e Gayon, na França, estabeleceram as bases teóricas e

experimentais da biodigestão anaeróbica. Em 1890, Donald Cameron projetou um

tanque séptico para a cidade de Exeter, Inglaterra, e o gás foi coletado e usado na

iluminação pública de rua. Na Alemanha, Karl Imhoff desenvolveu um tanque

biodigestor para o tratamento anaeróbico de esgotos residenciais, o tanque Imhoff,

bastante difundido na época (Nogueira, 1986).

Durante a Segunda Guerra Mundial, na França e Alemanha, devido à

escassez de combustível, o metano de biodigestores foi usado para mover

automóveis.

Em países limitados pela falta ou distribuição inadequada de energia, os

biodigestores têm sido adaptados para atender as necessidades rurais. Na Índia

comprovou-se que a utilização do esterco de gado para a produção de combustível

não ocasiona a perda de suas características como adubo orgânico. A partir de

1939, o Instituto Indiano de Pesquisa Agrícola, em Kanpur, desenvolveu a

primeira usina de gás de esterco. O sucesso da experiência levou a uma grande

popularização do processo e, em 1950, formou-se o Gobar Gas Institute, cujas

pesquisas conduziram a uma enorme difusão do biodigestor como forma de tratar

o esterco e obter combustível sem perder o efeito fertilizante.

Outra utilização intensa das possibilidades da biodigestão deu-se na China,

a partir de 1958, ampliando-se em 1980, com a instalação de cinco milhões de

biodigestores de uma nova concepção, o modelo chinês, todos eles localizados ao

sul do Rio Amarelo, onde as condições climáticas eram mais favoráveis à

produção do biogás. Atualmente, cerca de 25 milhões de chineses usam biogás,

principalmente para iluminação e cocção. Aproximadamente 10.000 digestores de

médio e grande porte se encontram em funcionamento em fábricas de alimentos,

destilarias, fazendas de gado, entre outros. O biogás produzido em grandes

unidades é transferido para estações centralizadas, onde é aproveitado na geração

Page 33: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

18

de potência mecânica (existem cerca de 422 estações com capacidade instalada de

5.849 HP) e potência elétrica (822 estações responsáveis pela produção total de

7.836 kW). Análises mostram que a taxa de retorno de investimento em biogás na

China é elevada, com o período variando de um a quatro anos (Fiore, 1994).

Nas décadas recentes, a digestão anaeróbica de resíduos poluentes vem

despertando grande interesse e sendo utilizada, com sucesso, para vários tipos de

efluentes, tanto industriais quanto domésticos, em diversas partes do mundo.

Comparando com o método convencional de tratamento anaeróbico e do ponto de

vista da implementação de tecnologias sustentáveis, o processo anaeróbio resolve

o problema do rejeito de uma maneira mais abrangente, já que:

a) ao invés de consumir, produz energia útil na forma de biogás;

b) apenas uma pequena parte da DQO é convertida em nova biomassa, ou

seja, o volume do excesso de lodo é significativamente menor;

c) pode ser aplicado em praticamente qualquer lugar e em qualquer

escala, pois altas taxas de conversão podem ser obtidas com os

modernos sistemas de tratamento, requerendo relativamente pouco

espaço;

d) pode ser operado com baixo custo, pois os restores são relativamente

simples e utilizam pouco ou nenhum aditivo de alto conteúdo

energético; e pode ser combinado com métodos de pós-tratamento do

efluente para a recuperação de produtos úteis, como amônia, enxofre,

ou algum outro, dependendo da natureza do rejeito tratado (Verstrate,

1996).

3.3.1 Microbiologia

A digestão anaeróbica é um processo biológico que ocorre na ausência de

oxigênio livre: no qual diversas populações de bactérias convertem a matéria

orgânica numa mistura de metano, dióxido de carbono e pequenas quantidades de

hidrogênio, nitrogênio e sulfato de hidrogênio. Essa mistura é conhecida como

biogás e pode ser utilizada como combustível devido às elevadas concentrações de

metano, usualmente na faixa de 55% e 70%. O efluente líquido final do processo

Page 34: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

19

integra a parcela da matéria orgânica não convertida em forma solúvel e estável.

A digestão pode ser realizada em diferentes tipos de reatores, também chamados

digestores ou biodigestores, (Nogueira, 1986).

De acordo com Castro 1991, a degradação microbiológica de matéria em

um ambiente anaeróbio só pode ser obtida por microorganismos capazes de

utilizar outras moléculas, ao invés de oxigênio, como aceptores de hidrogênio. A

reação completa pode ser simplificada como segue:

microorganismos

Matéria orgânica CH4 + CO2 + N2 + H2S

anaeróbios

Na verdade, a degradação anaeróbia da matéria orgânica é quimicamente

um processo bastante complicado, envolvendo centenas de possíveis compostos e

reações intermediárias, cada uma catalisada por enzimas e catalisadores

específicos. As bactérias atuam simbiótica e sinergeticamente, utilizando a

matéria orgânica de forma assimilativa para o crescimento da população atuante

no processo. As transformações podem ser obtidas por um dos vários caminhos

metabólicos alternativos, e os bioquímicos continuam tentando definir e descrever

mais precisamente esses vários mecanismos (Schirm, 1991).

Quando as bactérias degradam moléculas complexas como celulose,

proteína, amido e gordura, que compõem a matéria orgânica, a primeira etapa

consiste em quebrar as ligações entre as unidades básicas. Isso é realizado pelas

enzimas liberadas externamente pelas bactérias para fazer, especificamente, esse

desdobramento, transformado os polímeros orgânicos em suas sub-unidades

constituintes, notadamente açúcares, aminoácidos e ácidos graxos de cadeia longa,

que podem ser incorpados no interior da célula. Dessa forma, para as bactérias

alimentarem-se de moléculas complexas, estas são separadas em unidades mais

simples, e esta separação geralmente, conduz à produção de ácido acético, além de

outros ácidos, e seus respectivos saís, aumento da temperatura, utilização de

material finamente dividido e pH levemente ácido.

Page 35: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

20

A partir daí, a decomposição anaeróbica é geralmente dividida em duas

fases: a fase acidogênica e a fase metanogênica. Na fase acidogênica, os

compostos gerados na etapa anterior, uma vez encorpados no interior da célula,

são convertidos (pelas bactérias formadoras de ácidos) em ácidos voláteis, álcoois,

dióxido de carbono, hidrogênio molecular e amônia. É uma fase que tem cinética

rápida, em que a assimilação da matéria em biomassa microbiana é grande

(Glória, 1998).

Na Tabela 3.1. estão listadas algumas espécies de bactérias, isoladas em

digestores anaeróbicos, que participam da fase acidogênica.

As bactérias que realizam essa fase podem ser anaeróbicas ou facultativas,

isto é, vivem com oxigênio ou sem ele. As facultativas são importantes não apenas

por produzirem alimento para as bactérias anaeróbicas, como, também, por

eliminarem qualquer traço de oxigênio dissolvido, fatal para essas bactérias, que

tenha permanecido no material orgânico.

Na fase metanogênica, compostos simples como o dióxido de carbono,

hidrogênio molecular, ácido acético e metanol, gerados na etapa anterior, são

metabolizados pelas bactérias metanogênicas, havendo desassimilação de metano

e dióxido de carbono. A Tabela 3.2. mostra espécies de bactérias metanogênicas

que já foram detectadas em biodigestores anaeróbios.

Existe dúvida sobre quais produtos finais da fase de formação de ácidos

são utilizados pelas bactérias formadoras de metano, mas é quase certo que mais

de 70% de todo o metano formado provém do acetato, um sal do ácido acético, e o

resto do dióxido de carbono e hidrogênio (Nogueira, 1986).

Sendo assim, considera-se que poderá ocorrer ainda uma etapa

intermediária, chamada acetogênica, na qual os ácidos orgânicos mais pesados e

álcoois são fermentados em acetato, dióxido de carbono e hidrogênio molecular,

substratos efetivamente utilizados pelas bactérias metanogênicas.

Participam dessa etapa as bactérias acetogênicas, produtoras de

hidrogênio, que trabalham em estreita associação com as bactérias metanogênicas,

uma vez que as últimas são responsáveis pela remoção do hidrogênio produzido,

que, quando presente acima de determinadas concentrações no meio de

Page 36: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

21

fermentação, torna-se inibidor ao metabolismo das bactérias acetogênicas que o

produziram (Nogueira, 1986).

Tabela 3.1 - Bactérias não metanogênica isoladas em digestores anaeróbicos

Bactéria Celulose Amido Proteínas Gorduras Alcaligenes bookerii X Alcaligenes fecalis X Bacillus cereus var. mycoids X Bacillus cereus X X Bacillus circulans X X X Bacillus firmus X Bacillus megaterium X X X X Bacillus pumilis X Bacillus sphaericus X X Bacillus subtilis X X Clostridium carnofoetidum X Escherichia coli X X Micrococus candidus X Micrococus luteus X Micrococus varians X X Micrococus ureae X Paracolobacterium X Paracolobacterium coliforme X Proteus vulgaris X Pseudomonas aeruginosa X Pseudomonas oleovorans X Pseudomonas perolens X Pseudomonas reptilivora X Pseudomona riboflavina X Pseudomona spp. X X X X Streptomyces bikinensis X

Fonte: Pinto, 1999.

Os grupos bacterianos envolvidos nos processos estão misturados, e essa

diversidade depende basicamente do tipo de matéria orgânica adicionada ao

digestor.

Page 37: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

22

Oxidação: CH3COOH + 2H2O 2CO2 + 8H

Redução: 8H + CO2 CH4 + 2H2O

Balanço: CH3COOH CH4 + CO2

Tabela 3.2. – Espécies de bactérias metanogênicas e compostos orgânicos usados pelas mesmas

Metanobacterium formicum CO; H2 + CO2; Fórmico CH4

Metanobacterium mobilis H2 + CO2; Fórmico CH4 Metanobacterium propionicum Propiônico CO2 + Acetato Metanobacterium ruminantium Fórmico, H2 + CO2 CH4 Metanobacterium sohngenii Acetato; Búrico CH4 + CO2 Metanobacterium suboxydans Caproato; Búrico Propiônico; Metanococus mazei Acetato; Búrico CH4 + CO2 Metanococus vannielli H2 + CO2; Fórmico CH4 Metanosarcina barkeri H2 + CO2; Metanol; CH4 + CO2 Metanosarcina methanica Acetato; Búrico CH4 + CO2 Fonte: Pinto, 1999.

As bactérias formadoras de ácidos são bastante resistentes e capazes de

suportar súbitas mudanças das condições externas e de alimentação, ao contrário

das bactérias metanogênicas, bastante suscetíveis a alterações nas condições.

Um fato importante a se observar sobre a população de bactérias no

biodigestor é que elas são interdependentes e simbióticas. As bactérias formadoras

de ácido asseguram que o meio está livre de oxigênio e produzem o alimento

básico para as bactérias metanogênicas, além de suas enzimas agirem sobre

proteínas e aminoácidos, liberando sais de amônia, as únicas fontes de nitrogênio

que as bactérias metanogênicas aceitam.

A Figura 3.1. demonstra as etapas da fermentação anaeróbia para a

produção de metano. Um resumo das reações envolvendo o acetato na fase

acetogênica é mostrado.

Um fato importante a se observar sobre a população de bactérias no

biodigestor é que elas são interdependentes e simbióticas. As bactérias formadoras

de ácido asseguram que o meio está livre de oxigênio e produzem o alimento

Page 38: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

23

básico para as bactérias metanogênicas, além de suas enzimas agirem sobre

proteínas e aminoácidos, liberando sais de amônia, as únicas fontes de nitrogênio

que as bactérias metanogênicas aceitam.

POLÍMEROS ORGÂNICOS (Amido, Celulose, Proteína, Gordura)

FASE DE HIDRÓLISE (extracelular) COMPOSTOS DE CADEIA CURTA E POLÍMEROS SOLÚVEIS (Açúcares, Aminoácidos, Ácido Graxos) FASE DE ACIDIFICAÇÃO

H2 CO2 ÁCIDO ACÉTICO ÁCIDOS ORGÂNICOS ÁLCOOIS

FASE ACETOGÊNICA

ÁCIDO ACÉTICO H2

FASE METANOGÊNICA

CO2

(2,5 – 4,5 %)

FIGURA 3.1. - Etapas da fermentação anaeróbica para produção de Metano Fonte: Souza, 1999.

Estas, por sua vez, embora não possam viver sem as formadoras de ácidos,

removem os produtos finais do metabolismo das primeiras e os convertem em

gases, que escapam do sistema. Caso essa conversão não se processasse, as

METANO (55 - 75%)

Page 39: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

24

condições no biodigestor se tornariam tão ácidas que matariam as bactérias

formadoras de ácidos (Lettinga, 1991).

As relações entre as populações de bactérias são, como já foi mencionado,

de interdependência e sinergia, as bactérias metanogênicas são mais sensíveis, de

maneira que, em um biodigestor em operação, se ocorrer uma súbita alteração nas

condições de operação como variações rápidas na temperatura ou mudanças

bruscas no teor de matéria orgânica, a primeira coisa que normalmente se dá é

uma redução na produção do metano, associada a um aumento de acidez, podendo

comprometer a continuidade do processo. A influência da temperatura, da acidez e

do tipo de reator será analisada a seguir.

3.3.2 Influências no Processo

De acordo com Pinto (1999), são quatro os fatores que influenciam no

processo de biodigestão anaeróbica, descritos a seguir (itens a, b, c, e d):

a) Temperatura

As várias experiências já realizadas indicam uma correlação entre a

produtividade do processo de digestão anaeróbica e a faixa de temperatura de

operação. Os microorganismos devem ser adaptados à faixa de temperatura de

trabalho, o que permite classificá-los também com relação a este parâmetro. As

bactérias operando numa faixa inferior a 20°C são chamadas psicrofílicas; outras

operando entre 20 a 45°C são chamadas mesofílicas; acima de 45°C operam as

bactérias termofílicas. Abaixo de 10°C o processo é, em geral, interrompido, visto

que a produção de gás aumenta com a elevação da temperatura.

A faixa termofílica, portanto, apresenta taxas de conversão maiores e,

assim, um menor tempo de residência do resíduo no digestor, além do seu volume

poder ser menor, reduzindo-se os custos iniciais. Na faixa de 55 a 70°C, foi

constatado que a celulose e outros polímeros alcançam as maiores taxa de

hidrólise. Apesar disso, a maior parte dos digestores trabalha na faixa mesofílica,

por estes serem mais confiáveis, não necessitando de controle de temperatura.

Page 40: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

25

Assim a digestão termofílica é descrita como mais crítica e mais sensível devido à

vulnerabilidade das bactérias, principalmente as metanogênicas, às variações de

temperatura.

Um outro problema era o desenvolvimento do substrato de bactérias que

iniciaria o processo. No entanto, embora muita coisa ainda possa ser feita nesta

área, controles mais finos desenvolvidos na década anterior, tratam o problema do

início da operação com um melhor entendimento dos mecanismos de crescimento

do substrato de biomassa e melhorando a confiabilidade do processo, abrindo

inclusive como será visto adiante, novas possibilidades para o tratamento

anaeróbico termofílico de alta eficiência do esgoto doméstico.

b) pH e acidez do meio

Os microorganismos são seres vivos que necessitam de um meio propício

ao seu desenvolvimento; por isso, a acidez e a alcalinidade são fatores importantes

no processo de digestão anaeróbia. O pH do processo deve ser mantido entre 6 e

8, podendo ser considerado ótimo de 7 a 7,2; seu controle é função do acúmulo de

bicarbonato, da fração de CO2 da parte gasosa, da concentração em ácidos

voláteis ionizados e da concentração de nitrogênio sob a forma de amônia.

Inicialmente, as bactérias formadoras de ácidos fracionam a matéria orgânica e

produzem ácidos voláteis. Daí resulta um aumento da acidez do meio e uma

redução do pH. Quando as bactérias metanogênicas começam a agir, transformam

os ácidos em metano, neutralizando o meio e elevando o pH. Outro fator que

tende a elevar o pH é o teor de amônia, que aumenta quando as proteínas

começam a ser digeridas. Um terceiro fator atuante sobre o pH do meio, agindo de

modo a estabilizá-lo, é o bicarbonato. A concentração do íon bicarbonato é

diretamente proporcional ao teor de dióxido de carbono e ao pH do meio. Assim,

se as bactérias do primeiro grupo são muito rápidas e produzem mais alimentos do

que as metanogênicas conseguem digerir, o dióxido de carbono liberando tornará

maior a concentração de bicarbonato, o que impede a queda acentuada no pH.

Com o correr da degradação do material orgânico em um sistema fechado, o pH

tende a se elevar e a produção de metano tem o seu pico.

Page 41: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

26

Se o conteúdo de um digestor em operação torna-se muito ácido, o método

mais comum de restaurar o pH ideal é interromper sua alimentação por alguns

dias. Isto dá um tempo para as bactérias metanogênicas reduzirem a concentração

dos ácidos voláteis. Em digestores de grande porte, nos quais a interrupção da

alimentação é complicada devido a problemas de estocagem do resíduo, o pH é

usualmente elevado pela adição de hidróxido de cálcio, altamente alcalino.

c) Composição e Concentração do Resíduo

A composição do resíduo a ser tratado afeta a produção de biogás na

proporção direta: quanto maior for o conteúdo de sólidos voláteis, os quais

representam a quantidade de sólidos orgânicos presentes na amostra, e a

disponibilidade de nitratos, fosfatos e sulfatos, maior será a produção de biogás.

Nota-se, também que a produção de metano é diretamente proporcional à

demanda química de oxigênio (DQO). A presença de nitrogênio sob a forma de

proteína é favorável, pois a mineralização conduz à amônia, que é útil no

estabelecimento da alcalinidade.

Elementos nutrientes essenciais, como o ferro, e os micronutrientes, como

o níquel e o cobalto, demonstram efeitos positivos na produtividade de metano. Já

o enxofre em grande quantidade aumenta a produção de H2S. Certos íons

orgânicos, como o K+, o Na+, o Ca++, a amônia iônica NH4+, o Mg ++ e o S-

apresentam, na fermentação, uma propriedade singular: quando em quantidade

diminutas são excitantes do metabolismo celular, manifestando, porém,

propriedades inibidoras do mesmo metabolismo quando em concentrações mais

elevadas. Ainda não é completamente conhecido o fenômeno da inibição;

acredita-se que, em maiores concentrações, os íons atravessem a delicada

membrana celular, interferindo no mecanismo biológico da célula.

Alguns materiais orgânicos, especialmente os sintéticos, são também

tóxicos para as bactérias. De um modo geral, os detergentes não biodegradáveis e

aqueles à base de cloro são fortes inibidores do metabolismo bacteriano. O

amoníaco (NH3), em concentrações da ordem de 150 mg/l, é, igualmente, um

forte inibidor. Também se deve cuidar para que não penetrem no digestor resíduos

Page 42: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

27

de animais que tenham sido tratados com antibióticos ou água de lavagem

contendo pesticidas. Porém, apesar da susceptibilidade das bactérias acidogênicas

e metanogênicas a componentes tóxicos nas matérias orgânicas, o potencial que

têm para se adaptarem e efetuarem a conversão de composto químico foi

demonstrado ser muito maior do que o percebido anteriormente.

Uma das vantagens da digestão anaeróbica reside justamente na

diversidade de substratos passíveis de sofrer fermentação. As bactérias

metanogênicas não exigem substâncias ou matérias específicas para sua operação;

diversamente da obtenção do álcool, na qual as enzimas somente se desenvolvem

a partir de açúcares, as bactérias anaeróbias se nutrem de toda a matéria orgânica.

d) Agitação

A agitação propicia um maior contato do substrato com as bactérias,

distribuindo melhor o calor na biomassa e dando maior uniformidade dos

produtos intermediários e finais da biodigestão, além de evitar a produção de uma

crosta que pode obstruir a parte superior do biodigestor. A obtenção de boas

condições hidráulicas no digestor é um ponto fundamental para o sucesso da

exploração em longo prazo.

Vários são os casos de entupimentos nas tubulações causados pela

formação de crostas em condições hidráulicas insatisfatórias.

Para a agitação pode-se utilizar mecanismos de acionamento direto com

um eixo e hélice em contato com a biomassa ou pelo borbulhamento de biogás.

Como será visto mais adiante, nos digestores de fluxo ascendente, o problema de

formação de crosta é muito menos grave, pois o movimento ascendente de resíduo

e o seu menor teor de sólidos são suficientes para assegurar as condições ideais de

mistura.

Neste ponto, há um detalhe importante a ser mencionado: a formação de

crosta é, dentro de certos limites, extremamente positiva e se dá devido ao fato de

as bactérias anaeróbias possuírem propriedade aderente, que permite a obtenção

de grandes densidades de biomassa ativa (20 a 100 kg/m³ de reator). A retenção

da biomassa bacteriana é particularmente importante para o processo de digestão

Page 43: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

28

anaeróbia, pois a taxa de crescimento do substrato de bactérias é relativamente

baixa, havendo, portanto, necessidade de sua concentração no interior do reator.

Essa propriedade aderente pode levar a uma divisão grosseira de tipos de reatores:

aqueles que utilizam, internamente, biofilmes ou matrizes para agregar a

biomassa; ou aqueles que confiam na sua autoagregação. É claro que nos

biodigestores a batelada não é necessária a preocupação com retenção da

biomassa, mas, como será explicado a seguir, nos biodigestores contínuos, esta é

uma questão crucial para o bom andamento do processo.

3.4. Biodigestores Anaeróbicos

Os digestores consistem basicamente numa câmara de fermentação, onde é

processada a biodigestão da matéria orgânica, numa campânula que armazena o

gás produzido ou, simplesmente, numa saída para esse gás, numa entrada do

substrato a ser fermentado e numa saída para o efluente produzido pelo processo.

É uma tecnologia simples, cuja principal preocupação é a manutenção das

propriedades fermentativas da biomassa bacteriana. São muitos os modelos de

biodigestores, alguns com importantes detalhes construtivos, que dependem do

tipo de aplicação a que são destinados e, também, do nível tecnológico disponível.

Eles visam satisfazer determinadas demandas específicas para cada caso, como,

por exemplo, o saneamento, o atendimento de uma demanda energética e a

utilização do material biodegradado como fertilizante. O biodigestor deve ser

concebido com o objetivo de proporcionar essas vantagens citadas, embora seja

reconhecidamente difícil atender as três de forma integrada e otimizada (Lettinga,

1991).

Os biodigestores podem ser classificados de acordo com o tipo de

construção, modo de operação, a forma de armazenamento do gás, fluxo das

substâncias em fermentação, temperatura de operação, com ou sem agitação e

com ou sem dispositivos para agregar a biomassa bacteriana, de acordo com a

Tabela 3.3.

Page 44: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

29

O biodigestor de carga fixa ou batelada é o mais simples, sendo a batelada

em tambor metálico o tipo mais simples possível (Figura 3.2); todos os outros

tipos podem ser considerados uma variação desta concepção.

O resíduo ou material a ser biodigerido é colocado, geralmente misturado

com água, no tambor maior.

Tabela 3.3. - Classificação de biodigestores

Tipo de operação

Forma de construção

Armazena/to de biogás

Faixa de temperatura

Fluxo do material

Batelada Enterrada Gasômetro Criofílico Vertical

Semicontínua Semi-enterrada Gasômetro externo Mesofílico Horizontal

Contínua Externa - Termofílico Ascendente

Fonte: Pinto (1999).

FIGURA 3.2. - Biodigestor batelada em tambor metálico

Fonte: Nogueira (1986).

O tambor menor é colocado sobre o material e, quando a produção de gás

começa, ele se eleva, indicando visualmente que o processo se desenvolve. É

empregado basicamente como fonte de inóculos para outros biodigestores.

De certa forma, a decomposição anaeróbica do lixo em aterros sanitários,

pode ser comparada a um grande biodigestor a batelada.

gás

biogás

biomassa

Page 45: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

30

As alternativas de construção de biodigestores são muitas e se resumem,

de maneira geral, numa combinação de diferentes características citadas na

Tabela 3.3.

Por exemplo, um biodigestor pode ser contínuo, enterrado, mesofílico, de

fluxo vertical, pode utilizar um gasômetro externo, possuir um agitador e uma

matriz interna para auxiliar na agregação das bactérias.

Estas são, normalmente, as características dos reatores de grande porte,

construídos nas décadas recentes para o tratamento do esgoto doméstico,

(Figura 3.3).

FIGURA 3.3. - Biodigestor empregado em tratamento de esgoto doméstico Fonte: Nogueira, 1986.

A Figura 3.4. mostra um biodigestor a batelada externa, mesofílico, com

gasômetro externo, sem agitação, construído em plástico flexível reforçado.

Não é o intuito desta dissertação detalhar todos os aspectos referentes à

concepção, dimensionamento, construção de biodigestores e as técnicas que

podem ser utilizadas para proporcionar as características mais específicas para

cada caso.

gasômetro flutuante

entrada e saída de biomassa

circulação do sistema de

aquecimento

agitação saída do gás

Page 46: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

31

FIGURA 3.4. - Biodigestor em plástico flexível

Fonte: Nogueira (1996).

Porém, devido à sua importância e ao largo uso a que foram submetidos

desde o início do século, o tanque séptico de Imhoff, o biodigestor modelo

indiano e o biodigestor modelo chinês merecem ser citados.

O tanque Imhoff, bastante difundido na sua época, foi desenvolvido pelo

alemão Karl Imhoff, no fim do século XIX. Sua finalidade básica não é a

produção de gás, mas a redução quase total dos sólidos em efluentes domésticos.

É um modelo de alimentação e retirada contínuas de material. Possui um

decantador superposto sobre o digestor, para permitir a precipitação das frações

sólidas ao interior deste, onde está a manta de lodo bacteriano que produz gás e

reduz a quantidade de sólidos.

É construído geralmente em concreto ou aço, com tempo médio de

retenção no decantador de dois a quatro dias, conforme Figura 3.5.

Os modelos indiano e chinês empregam um baixo nível tecnológico, sem a

necessidade de dispositivos auxiliares ou complicados controles de operação, e

são aplicados principalmente a tratamento de resíduos de animais (estercos).

São considerados de baixo custo e atendem a população de baixa renda.

Esses biodigestores são de alimentação semicontínua e têm a câmara de

biodigestão construída abaixo do nível do solo a fim de diminui as variações de

temperatura.

biogás

biodigestor

gasômetro ou consumo

entrada da biomassa

saída de biofertilizante

Page 47: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

32

FIGURA 3.5. - Tanque séptico Imhoff Fonte: Nogueira (1986).

O modelo indiano é o mais empregado no Brasil. Possui uma campânula

(gasômetro) móvel na parte superior, mergulhada sobre o substrato ou em um selo

d’água externo, e uma parede central que o divide em dois fermentadores, fazendo

com que o substrato, proveniente de cargas diárias, tenha circulação bem

determinada, com período de retenção sempre igual.

É um biodigestor de fácil construção, conforme demonstrado na

Figura 3.6.

FIGURA 3.6. - Biodigestor modelo indiano

Fonte: Nogueira, 1986.

saída de gás

saída de sobrenadante

saída de lodo

lodo

digestor

decantador

entrada de biomassa

cano guia

carga

descarga gasômetro

parede

Page 48: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

33

O modelo chinês possui uma câmara cilíndrica para a fermentação, com o

teto em forma de abóbada, destinada ao armazenamento do biogás. Esse digestor

funciona sob o princípio de prensa hidráulica, de forma que com o aumento da

pressão do gás no interior, ocorre um deslocamento do substrato da câmara de

fermentação para a caixa de saída, conforme Figura 3.7.

FIGURA 3.7. - Biodigestor modelo chinês Fonte: Nogueira, 1986. 3.5. Biodigestores de Fluxo Ascendente

O processo de biodigestão, se conduzido em reatores convencionais, como

mostrados no item anterior, é relativamente lento, com tempos de retenção

hidráulica do resíduo dentro do reator de vários dias, ou mesmo semanas, para se

completar o processo. Esse era, sem dúvida, o principal obstáculo técnico para

uma eventual aplicação do processo de digestão anaeróbia para a vinhaça. No

entanto, é sabido que a redução do tempo de retenção pode ser obtida mantendo-

se uma elevada concentração de microorganismos no interior do reator, o que

pode ser conseguido por recirculação externa ou retenção interna dos

microorganismos. Os biodigestores de alta eficiência, geralmente com fluxo

ascendente, podem alcançar este objetivo (Lamo, 1991).

Um dos mais importantes acontecimentos na área de tratamento de

efluentes, nas décadas recentes, foi o desenvolvimento do reator de fluxo

ascendente com manta de lodo (UASB = Upflow Anaerobic Sludge Blanket). É o

biodigestor de elevada eficiência mais estudado e aplicado em todo o mundo.

gás

biomassa

resíduos sobrenadante

Page 49: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

34

Esses grânulos de biomassa também são, atualmente, valiosos

biocatalíticos, podendo alcançar preços de mercado, quando comercializados por

quilo de matéria seca (Pinto, 1999).

O princípio da colônia interna de lodo bacteriano granular em suspensão

foi inicialmente reportado por Hemens (1962). Porém, o avanço tecnológico que

permitisse utilizar esse princípio só ocorreu no final dos anos 70, (Lettinga, 1991).

Seu princípio é bem simples: o efluente é bombeado de baixo para cima,

através do reator, que se encontra sob estritas condições anaeróbias, a uma

velocidade de ascensão que varia de 0,5 a 1,5 m/h; dentro dele ocorre um processo

de seleção que pode resultar no crescimento de microorganismos anaeróbios em

conglomerados compactos (grânulos) de tamanho variando entre 0,5 e 5 mm.

Esses grânulos são poderosos biocatalíticos que podem converter a matéria

orgânica degradável em biogás, de maneira rápida e completa, com cargas de

DQO variando de 10 a 25 kg DQO por m³ de reator por dia.

Desde então, algumas centenas de digestores UASB foram instaladas por

todo o mundo, para tratar diferentes tipos de efluentes. A representação

esquemática de um reator do tipo UASB é mostrada na Figura 3.8.

GÁS EFLUENTE

DECA

AFLUENTE

FIGURA 3.8. - Representação de um biodigestor de fluxo ascendente Fonte: IPT, 1990.

DECANTADOR

MANTA DE LODO

LEITO DE LODO

Page 50: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

35

De fato, o sucesso da operação do reator depende da formação satisfatória

dos grânulos no início do processo, pois ela permite à biomassa ativa ficar no

interior do reator independentemente da velocidade do fluxo, mantendo-se uma

boa eficiência de conversão a taxas de alimentação relativamente elevadas. Assim,

o problema da formação dos grânulos em biodigestores de fluxo ascendente

consiste em se conseguir uma ligação, entre as espécies bacterianas envolvidas, da

ordem de nanômetros de proximidade. Segundo Pinto (1999), o desenvolvimento

de grânulos se dá através de uma combinação das bactérias metanogênicas no

interior e das bactérias acidogênicas nos 200 microns externos.

Os mecanismos desse desenvolvimento ainda não são bem conhecidos,

contudo, com o aumento do emprego de biodigestores anaeróbios, cresce a

disponibilidade de lodo granulado de alta qualidade para ser empregado em novas

instalações, reduzindo significativamente o tempo de início da operação,

entretanto, embora esse procedimento tenha dado bons resultados, mesmo com

lodo de alta qualidade inoculado em uma unidade nova, alguns problemas podem

ocorrer, levando à deterioração do inóculo. Mais pesquisas, portanto, são

necessárias para um melhor entendimento do comportamento das bactérias. A

Figura 3.9 mostra uma fotografia de lodo granulado.

FIGURA 3.9. - Lodo granulado Fonte: Pinto (1999).

As principais características do reator UASB são o sistema de distribuição

do afluente e o chamado separador de três fases. O substrato a ser tratado é

distribuído ao longo da parte inferior, através de uma densa camada de lodo

anaeróbico. O resíduo flui na direção da parte superior, passando pelo leito de

Page 51: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

36

lodo, no qual sua DQO é parcialmente convertida em biogás. No topo do reator, o

separador de três fases atua sobre o efluente tratado, o lodo bacteriano granulado,

mais pesado, volta a se depositar no fundo e o efluente sai pela parte mais alta do

reator.

Um bom contato entre o resíduo a ser tratado e o lodo anaeróbico é de

fundamental importância para a performance do reator, por isso é necessário um

sistema de entupimento. Em geral, os reatores UASB podem ser limpos durante a

operação, não sendo preciso esvaziá-los para realizar a manutenção.

A retenção da biomassa dentro do reator influi de maneira decisiva na

capacidade de conversão da DQO em biogás, o que chama atenção, também, para

a importância do separador. Este deve ser construído com um material de

qualidade para minimizar os riscos de corrosão, causada quase sempre pelo H2S,

presente em pequenas quantidades no biogás, e permitir a inspeção e, quando

necessário, a limpeza.

Várias modificações na configuração dos reatores UASB foram propostas para

otimizar a performance do tratamento, o que tem proporcionado uma maior

velocidade de ascensão do material em tratamento, em conseqüência um menor

tempo de retenção e também um crescimento na taxa de carga orgânica

processada. A principal alteração vem acompanhando a tendência de um aumento

na relação altura/diâmetro nos reatores UASB, com objetivo de melhoria do

desempenho e economia de espaço, que consiste na expansão ou ampliação do

leito de lodo e, portanto, maior contato do resíduo com a biomassa bacteriana.

Essa idéia deu origem a uma nova família de reatores chamada reatores de leito de

lodo granular expandido (EGSB), dentre os quais está o reator de circulação

interna, mais moderno e com melhor desempenho (Pinto, 1999).

A tecnologia de circulação interna é um desenvolvimento da empresa

holandesa PAQUES BV, que possui sua patente e utiliza o mesmo processo de

separação realizado pelo separador de três fases para a retenção da biomassa. De

fato, o reator IC consiste de dois reatores UASB superpostos um sobre o outro,

um alimentado com alta carga orgânica e o outro com uma carga menor. Sua

característica especial é a separação do biogás em dois estágios dentro do reator.

O gás coletado no primeiro estágio, na metade da altura do reator, produz uma

Page 52: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

37

pressão ascendente que é usada para promover uma circulação interna do

substrato. O sistema IC é um reator delgado com altura entre 16 e 24 m e

superfície de área relativamente pequena.

O efluente é bombeado para dentro do reator via sistema de distribuição,

onde se mistura entre o lodo reciclado e o efluente. O primeiro compartimento

contém o leito de lodo granular expandido, onde a maior parte da DQO é

convertida em biogás. O biogás produzido nesse compartimento é coletado pelo

primeiro conjunto de separadores e usado para gerar a pressão que permite que a

mistura de resíduo em processamento e lodo bacteriano sejam carregadas pelo

primeiro duto de fluxo ascendente, até um separador gás/líquido no topo, onde

ocorre a separação. O biogás, livre da mistura, deixa o sistema. A mistura é

direcionada, pelo primeiro duto de fluxo descendente, de volta ao fundo do reator,

onde é novamente misturada ao leito de lodo e ao afluente que entra no reator. O

efluente do primeiro compartimento sofre um pós-tratamento no segundo

(compartimento de polimento), onde a DQO restante é removida. O biogás

produzido nesse compartimento é coletado no separador superior, enquanto que o

efluente transborda, deixando o reator (Pinto, 1999).

A taxa de recicurlação dos reatores IC depende da DQO do afluente, pois é

proporcionada, como já foi dito, pela produção de biogás, sendo, portanto,

autorregulada: quanto maior a concentração de DQO do afluente, maior a pressão

do biogás produzido no primeiro compartimento e mais resíduo em

processamento e lodo são recirculados pelo primeiro duto de fluxo ascendente; e,

similarmente, quanto menor a concentração de DQO do afluente, menor a pressão

do biogás e menor a taxa de recirculação interna do efluente.

A recirculação permite uma diluição e uma efetiva mistura do afluente

adentrando no reator, ou seja, um melhor condicionamento do resíduo a ser

processado. O leito concentrado de lodo anaeróbio no primeiro compartimento é

expandido e fluidizado pelo fluxo elevado de afluente, da recirculação e da

produção de gás. O contato eficaz entre a biomassa e a matéria a ser processada

resulta em grande atividade bacteriana, permitindo maior carga orgânica e maiores

taxas de conversão. Testes comparativos mostraram que os grânulos de

microorganismos nos sistemas IC chegam a apresentar até o dobro de atividade

Page 53: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

38

metanogênica em relação aos grânulos provenientes de reatores UASB simples

(Pinto, 1999).

A retenção de biomassa bacteriana dentro do reator é realizada no

compartimento superior facilitada por uma menor taxa de alimentação desse

compartimento e, portanto, num tempo de retenção relativamente maior, o que

contribui, também, para a remoção quase completa da DQO. Note que a pressão

do biogás produzido no segundo compartimento, embora menor que a do

primeiro, também contribui para o processo de recirculação através do segundo

duto de fluxo ascendente.

A turbulência produzida pelo biogás nesse compartimento é relativamente

baixa, assim como a velocidade superficial do líquido, já não ativa a recicurlação

interna nessa seção. Ambos os fatores proporcionam boa retenção da biomassa,

quando comparada com as condições nos reatores UASB, apesar de uma maior

taxa de alimentação do afluente. Já os reatores UASB trabalham com taxa de

alimentação e velocidade de ascensão de, no máximo, 15 a 20 kgDQO/m³.dia e

1,5 m/h, espera-se que os reatores IC possam trabalhar com taxas de alimentação

de até 40 kgDQO/m³.dia e velocidade de ascensão de 8 a 10 m/h.

De acordo com Lamo (1991), para o caso da biodigestão da vinhaça, estão

em operação biodigestores UASB, com sucesso comprovado, sendo que este

equipamento é dimensionado levando-se em conta:

- Produção máxima diária de álcool da destilaria em estudo;

- Volume de vinhaça a ser gerado em conseqüência dessa produção;

- DQO do efluente, dado devido a sua origem do processo de fabricação;

- Carga orgânica a ser removida por dia.

A partir desses dados determina-se o volume do reator (diâmetro e altura),

possibilitando o fornecimento da produção de biogás para o sistema.

3.6. Vinhaça

De acordo com Paranhos (1987), a vinhaça, (vinhoto, restila ou calda da

destilaria) é resultante da produção de álcool, após a fermentação do mosto e a

destilação do vinho, conforme demonstrado na Figura 3.10.

Page 54: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

39

Trata-se de um material com cerca de 2 a 6% de constituintes sólidos, onde

se destaca a matéria orgânica, em maior quantidade. Em termos minerais

apresenta quantidade apreciável de potássio e quantidade média de cálcio e

magnésio.

FIGURA 3.10. - Fluxograma básico da produção de álcool Fonte: Xavier (1970)

PREPARO

EXTRAÇÃO

TRATAMENTO DE CALDO

FERMENTAÇÃO

DESTILAÇÃO

ÁLCOOL

VINHAÇA

CALDO

BAGAÇO

GERAÇÃO DE VAPOR

TURBINAS ELETRICAS

CANA

Page 55: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

40

A riqueza nutricional desse material está ligada a origem do mosto que

será fermentado. Quando se parte de mosto do melaço, apresenta maiores

concentrações em matéria orgânica, potássio, cálcio e magnésio, ao passo que

esses elementos decaem consideravelmente quando se trata de mosto de caldo de

cana, como é o caso das destilarias autônomas.

Dos efluentes líquidos, a vinhaça é a que possui a maior carga poluidora,

pois apresenta um DBO variando de 20.000 a 35.000 mg/l. A quantidade de

vinhaça gerada pela destilaria é relativa ao teor alcoólico obtido na fermentação

do mosto, de modo que a proporção pode variar de 10 a 15 litros de vinhaça por

litro de álcool (Paranhos, 1987). Pode-se obter de 180 a 1.000 litros de vinhaça

por tonelada de cana, em função do tipo de mosto usado na fermentação. A

temperatura da vinhaça que sai dos aparelhos de destilação é de 80 a 100 °C.

Dos resíduos da fabricação do álcool, a vinhaça é sem dúvida o mais

importante, não só em termos de volume gerado, mas também em potencial

poluidor, isto se justifica pela dificuldade apresentada na eliminação deste

resíduo, desde o início da fabricação do álcool no Brasil.

Inúmeros problemas ecológicos, sociais, políticos e econômicos gerados

pela eliminação da vinhaça em leitos d’água estão registrados em literaturas que

listam as disputas envolvendo usineiros e população.Tal prática é vetada por

dispositivos legais desde 1934, por diversos artigos do Código Penal Brasileiro,

Leis Estaduais e Portarias.

A Portaria n° 322, publicada em novembro de 1978, pelo Ministério do

Interior, proíbe terminantemente o lançamento direto e indireto de vinhaça em

qualquer coleção hídrica pelas destilarias, obrigando as agroindústrias a

apresentarem projetos para implantação de sistemas que utilizassem modo

racional a vinhaça e águas residuais geradas pela fabricação do álcool.

Inúmeras alternativas para utilização da vinhaça foram propostas para que

a mesma fosse aplicada racionalmente, como: concentração do resíduo,

fertirrigação, ração animal, fabricação de tijolos, vinhodutos marítimos e geração

de biogás através da biodigestão anaeróbica.

Por constituir-se em matéria rica em nitrogênio, e em especial em potássio,

a vinhaça vem sendo largamente empregada como fertilizante nas próprias

Page 56: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

41

lavouras de cana. Existem limitações nessa prática como a viabilidade econômica

do transporte e o risco de saturação, percolações e arrastes do solo, sendo

desconhecidos os efeitos em longo prazo.

Além da economia de fertilizantes comerciais, a fertirrigação com vinhaça

traz benefícios hídricos e eleva a produtividade agrícola.

A vinhaça proveniente da fabricação do álcool, a partir da cana de açúcar,

apresenta composição variável em função dos seguintes fatores: natureza e

composição do mosto, teor alcoólico do vinho e sistema de aquecimento do vinho

nos aparelhos de destilação.

De acordo com Rossetto (1983), os primeiros dados sobre a composição da

vinhaça foram apresentados por Almeida (1952), e eram relativos à vinhaça

proveniente de mel final, concluindo que a vinhaça se tratava de um fertilizante

orgânico, com alto teor de potássio. E que logo em seguida, em 1953, os

resultados obtidos por Ranzani são comparados com adubos minerais, sem

especificar origem e tipo. Já em 1958, Gomes cita a composição média da vinhaça

no Estado de São Paulo, através dos resultados de análises efetuadas no Instituto

Zimotécnico (ESALQ), conforme demonstrados na Tabela 3.4.

Tabela 3.4. - Resultados da análise da vinhaça por Ranzani e Gomes

Fonte: Rossetto (1983).

Elementos Ranzani ( g/l) Gomes (g/l)

Matéria Orgânica 3,70 48,00

Cinza Bruta 9,00 -

Nitrogênio 0,47 0,335

Fósforo (PO2O5) 0,05 0,056

Potássio 3,10 4,620

Cálcio - 0,630

Magnésio - 0,300

Page 57: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

42

Ainda Rossetto (1983), cita que Almeida em 1963 apresentou a

composição das vinhaças de mosto de melaço e caldo de cana, que estão

transcritas na Tabela 3.5.

Após esse período de estudos sobre a composição e utilização da vinhaça,

raríssimas referências são encontradas. No início da década de 70 marcou-se um

novo impulso nos estudos para a utilização racional do subproduto da fabricação

do álcool.

Tabela 3.5. – Composição da vinhaça de melaço e de caldo de cana-de-açúcar.

Elementos % Melaço % Caldo de cana

Açúcar Sólidos totais 6,472 6,696

Matéria

orgânica

4,629 5,141

Matéria Mineral 1,955 1,507

Nitrogênio 0,045 0,015

Cálcio 0,076 0,044

Magnésio 0,025 0,013

Fósforo 0,011 0,009

Potássio 0,485 0,168

pH 4,780 4,570

Fonte: Rossetto (1983).

Paranhos (1987), cita que em 1972 e 1973 foram apresentados trabalhos

específicos que permitiram um melhor conhecimento desse material e

determinaram um novo enfoque no uso da vinhaça, bem como estabeleceram um

marco importante na racionalização do uso desse subproduto.

Um dos estudos apresentados está demonstrado na Tabela 3.6., cujos

dados foram obtidos da vinhaça gerada em usina localizada na região de Ribeirão

Preto (SP), proveniente de mosto de melaço e caldo de cana, bem como um mosto

misto é citado em estudos realizado durante duas safras consecutivas.

Ainda o mesmo autor cita que a partir dos dados obtidos em 1973,

pesquisas foram realizadas e proporcionaram o fornecimento das quantidades de

Page 58: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

43

N, P2O5 e K2O fornecidas por metro cúbico de cada tipo de vinhaça, facilitando

assim a apreciação do seu valor como fonte de matéria orgânica e de nutrientes

minerais (Tabela 3.7).

Tabela 3.6. – Composição média das vinhaças por tipos de mostos

1972 1973

Elementos Melaço Caldo Melaço Caldo Misto

C (%) 2,29 1,34 1,92 0,59 1,15

Ca (%) 0,37 0,11 0,26 0,05 0,12

Mg (%) 0,09 0,03 0,06 0,01 0,04

K (%) 0,65 0,17 0,65 0,10 0,38

N (%) 0,16 0,06 0,12 0,03 0,07

PO4 (%) 0,04 0,02 0,02 0,02 0,02

SO4 (%) 0,81 0,25 0,64 0,06 0,37

Resíduo à 40º C 9,45 3,17 7,40 1,61 4,80 pH 4,83 4,08 4,90 4,30 4,60

Fonte: Paranhos (1987).

Tabela 3.7. - Quantidade de matéria orgânica nas vinhaças por tipos de mosto.

Tipos de Mosto (Kg/m³) Elementos Melaço Caldo Misto

N 1,18 0,28 0,70

P2O5 0,15 0,13 0,11

K2O 7,83 1,22 4,57

Matéria Orgânica 63,40 19,50 38,00

Fonte: Paranhos (1987).

Paranhos (1987), citando vários autores, apresenta a composição de

vinhaça durante a safra 1975/1976, no Estado de São Paulo, cujos valores são

apresentados nas Tabelas 3.8 e 3.9.

Analisaram-se 30 amostras de vinhaça de destilarias anexas a usinas e

autônomas, localizadas nos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Sendo

que desse total, 27 amostras eram provenientes de mosto de melaço.

Page 59: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

44

Tabela 3.8. - Composição de vinhaça durante a safra de 1975 no Est. de S.P.

Constituintes analisados (%) Vinhaça

Nº de Amostras

Analisadas Matéria Orgânica

Matéria Mineral N P2O5 K2O

Aguardente 2 6,2 0,6 0,02 0,04 0,2

Álcool 4 5,3 1,5 0,14 0,03 0,6

Álcool 4 6,1 1,9 0,15 0,01 0,6

Álcool 2 6,8 2,1 0,19 0,04 0,7

Álcool 6 4,2 1,3 0,13 0,02 0,5

Aguardente 6 1,7 0,3 0,03 0,01 0,1

Fonte: Paranhos (1987)

Tabela 3.9- Teores médios dos elementos analisados em 27 amostras de vinhaça de melaço de diferentes origens.

Elementos determinados (%ppm) Parâmetros Estatísticos PO4 Ca Mg Fe SO4 K N Cinzas C Cl pH Acidez

Média 163,7 0,224 512,9 98,0 0,564 0,426 0,097 2,108 1,627 0,170 4,25 10,48

Erro Padrão

da media

15,7

0,04

47,1

7,41

0,03

0,02

0,01

0,10

0,10

0,01

0,07

1,32

Coeficiente de

variação 49,8 87,3 47,1 39,4 26,2 26,2 39,2 23,4 33,1 33,5 8,2 62,8

Fonte: Paranhos (1987)

Dos resultados das análises, o autor afirma que:

a) Correlação entre o teor de potássio e o teor de cinzas condutivimétricas,

deu origem à eq. (3.1).

%K = 0,2134 x (% cinzas) – 0, 0235 (3.1)

b) No caso do carbono orgânico e acidez, o coeficiente de correlação foi de r =

0,75, indicando que a matéria orgânica presente na vinhaça é constituída em

grande parte por ácidos orgânicos;

Page 60: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

45

c) Para o carbono orgânico e nitrogênico, determinou-se um coeficiente de

correlação positiva de r = 0,72;

d) Foram obtidos ainda coeficientes de correlação positivos para carbono

orgânico e cinzas (r = 0,75) e Potássio e Enxofre (r = 0,88);

e) Através de curvas de neutralização da vinhaça, verificou-se que os pontos de

inflexão da curva, ou seja, o ponto onde a vinhaça está completamente

neutralizada, ocorre com valores de pH superiores a sete, comportando a vinhaça

como ácido fraco.

Ainda segundo citação em Paranhos (1987), autores estudaram a

composição da vinhaça e procuraram estabelecer correlações entre os seus teores

de nutrientes com o caldo da cana e as diversas etapas do processo de produção de

açúcar. Verificaram que o único elemento que passa através de todo o processo de

fabricação sem sofrer praticamente qualquer alteração é o potássio, de modo que

seria viável estabelecer um esquema para previsão do teor de K nas vinhaças de

mosto de mel final e caldo. No entanto, como a vinhaça pode variar dentro de

grandes limites, dependendo do processo de fabricação de álcool e composição do

mosto, para um programa de fertilização dos canaviais é necessário o controle da

qualidade desse subproduto. Esse controle deve, preferencialmente, ser realizado

por análise química em laboratório específico, ou através da análise do teor de

cinzas condutivimétricas, que dará o teor de K, através da equação de regressão

(eq. 3.1). Através do trabalho de análise de 154 amostras de vinhaça se obtém a

equação de regressão (eq. 3.2).

%K = 2,2496 x (%cinzas – 0,26747) (3.2)

Autores como Rodella (1980), Rossetto (1984), Bolsanello (1980),

Medeiros (1981) e Vasconcelos (1981) são citados por Paranhos (1987),

destacando seus trabalhos como estudo da composição da vinhaça de diversas

destilarias, em épocas distintas, chegando à conclusão que não se observa uma

tendência de variação dos teores dos elementos analisados em função da época de

amostragem, já que a maior variação se observa em amostras coletadas de

diferentes destilarias, conforme demonstrado nas Tabelas 3.10, 3.11 e 3.12.

Page 61: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

46

Tabela 3.10. – Amplitude de variação dos principais constituintes da vinhaça de destilaria autônoma segundo Rodella.

Fonte: Paranhos (1987)

Tabela 3.11. – Resultados médios das análises da vinhaça da Usina São João em dez safras, segundo Rossetto.

Kg/m³ Safra Tipo

de pH N P2O

5

K2O CaO Mg

O

C C/N

75/76 Melaço 4,78 1,28 0,18 4,76 1,91 1,07 13,0 10,15

Melaço 4,49 1,07 0,19 4,56 1,50 0,82 19,5 18,26 76/77 Melaço 4,59 1,19 0,18 6,15 2,14 0,96 - -

Misto 4,38 0,85 0,12 3,75 1,43 0,84 - - 77/78 Caldo 3,85 0,53 0,10 2,39 0,60 0,36 - -

78/79 Misto 4,29 0,68 0,08 2,87 1,00 0,62 - -

79/80 Misto 4,10 0,50 0,10 3,27 1,35 0,47 7,23 13,64

80/81 Misto 4,36 0,71 0,15 4,29 1,34 0,76 - -

81/82 Misto 4,38 0,59 0,12 3,62 1,11 0,60 9,20 15,59

82/83 Misto 4,36 0,67 0,10 4,25 1,17 0,58 6,60 9,85

83/84 Misto 4,14 0,56 0,11 4,14 1,02 0,57 6,70 11,96

84/85 Misto 4,12 0,50 0,10 3,37 1,14 0,56 6,90 13,80

Fonte: Paranhos (1987)

Teor Constituinte Mínimo Máximo

Brix 1,10 2,40

Ph 3,20 4,30

Cinzas (%) 0,33 0,71

C (%) 0,40 0,85

N (%) 0,01 0,05

K (%) 0,03 0,20

P (ppm) 18,0 62,0

Ca (ppm) 61,0 223

Mg (ppm) 65,0 190

Page 62: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

47

Tabela 3.12. - Valores médios dos principais componentes de três tipos de vinhaça para diversas regiões do Brasil segundo Bolsanelo.

Tipos de vinhaça Melaço Misto Caldo

Componentes

RJ(1) PE(2) AL(3) RJ(1) PE(2) AL(3) RJ(1) PE(2) AL(3)

pH 4,20 4,16 4,37 3,80 3,60 3,99 3,60 3,48 3,57

MO (%) 5,69 4,74 - 4,51 1,91 - 3,47 1,53 -

Cinzas (%) 1,73 1,49 - 0,98 0,92 - 0,54 0,64 -

C (%) 1,72 - 1,64 1,36 - 0,95 0,91 - 0,76

C/N 20,23 - 22,55 35,72 - 39,98 31,35 - 31,12

N (kg/m³) 0,79 0,60 0,70 0,43 0,33 0,36 0,35 0,25 0,26

P2O5(kg/m³) 0,14 0,22 0,34 0,14 0,24 0,61 0,11 0,18 0,49

K2O (kg/m³) 5,50 5,04 7,59 2,61 2,16 2,59 1,15 1,92 1,72

Ca (kg/m³) 1,61 1,50 2,41 1,04 0,60 0,57 0,54 0,40 0,17

Mg (kg/m³) 0,61 0,50 1,40 0,31 0,20 0,54 0,18 0,20 0,41

Zn (ppm) 3,09 4,30 2,92 49,79 2,20 1,89 2,28 2,80 1,84

Cu (ppm) 9,39 2,90 3,35 56,88 3,60 2,16 17,56 0,90 1,44

Mn (ppm) 11,06 6,70 5,54 5,50 5,90 1,90 2,28 5,10 6,03

Fe (ppm) 119,7 52,00 66,54 129,7 57,20 47,02 110,0 45,20 51,22

Fonte: Paranhos (1987)

Os autores verificaram que mesmo a classificação usual de vinhaça de

mosto de melaço, de mosto misto e de mosto de caldo, está comprometida, devido

à enorme variação de produtos açucarados e suas proporções, que são enviados à

fermentação.

Observaram uma relação muito estreita entre os teores de potássio e a

proporção de cana moída exclusivamente para a produção de álcool.

À medida que se aumenta o volume de álcool direto produzido, o teor em

K2O da vinhaça decresce, de forma que os termos vinhaça de mosto mistos

expressam um gama muito ampla de mistura de produtos açucarados enviados à

fermentação.

Mesmo para a vinhaça proveniente de mosto de melaço, notam-se

atualmente valores menores, do que os de alguns anos atrás. Isso possivelmente se

deva ao fato de que nos dias atuais não se efetua um esgotamento completo do

mel final, como ocorria anteriormente.

Page 63: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

48

É importante a caracterização da vinhaça através de análise química

periódica, a partir de uma amostragem criteriosa, a fim de que apresente dados

seguros para seu uso racional.

Na inviabilidade dessa avaliação periódica, pode-se lançar mão de

métodos simplificados de análise, como a estimativa do teor de potássio a partir

da determinação de cinzas condutivimétricas, conforme Paranhos (1987), já

citado.

Uma análise dos resultados das análises de vinhaça efetuados ao longo

desses anos confirma a definição inicial como fertilizante orgânico, rico em

potássio. Porém não se podem desprezar principalmente os teores de N, CaO e

Mg.

Apesar do efeito da matéria orgânica em longo prazo ser considerável, os

cálculos da vinhaça, quando utilizada racionalmente, são efetuados com base na

quantidade de potássio a ser aplicada no solo. Normalmente se utilizam

quantidades que possibilitam um fornecimento de ordem de 200 a 250 kg de

K2O/hectare.

Os micronutrientes da vinhaça apresentam importância maior para as

condições do Nordeste, onde principalmente o Cu e o Zn devido ao seu baixo teor,

são limitantes na produção de cana, principalmente nos solos dos “tabuleiros”.

Não se verificam diferenciações profundas nas análises de vinhaças das

várias regiões canavieiras brasileiras, a não ser os valores em fósforo para as

condições de Alagoas, onde aparecem surpreendentemente elevados. Dessa forma,

a conceituação básica da utilização de resíduos não deve sofrer grandes variações,

a não ser aquelas já conhecidas, como o tipo de matéria prima utilizada na

fermentação, fases da safra e manejo dos equipamentos da destilaria.

Segundo Lamo 1991, as características físico/químicas da vinhaça

incluindo a produção de biogás, analisadas do resíduo proveniente do caldo puro,

misto e melaço, são demonstrado na Tabela 3.13.

Page 64: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

49

Tabela 3.13. - Características físico/químicas da vinhaça

Parâmetros Caldo Misto Melaço

pH 3,7 - 4,6 4,4 - 4,6 4,2 - 5,0

Temperatura (º C) 80 - 100 80 - 100 80 - 100

DBO (mg / l O2) 6.000 - 16.500 19.800 - 25.000 30.000 - 40.000

DQO (mg / l O2) 15.000 - 33.000 40.000 - 50.000 60.000 - 75.000

Biogás ( m / l ) 6,0 - 14 16 - 20 24 - 30

Fonte: Lamo (1991)

Concluindo, é evidente que o uso da vinhaça como fertilizante deve

atender às necessidades locais de nutrição do solo devidamente analisado pelas

normas vigentes, sendo que a quantidade recomendada aumenta de acordo com o

tempo de utilização do solo e seus tratamentos intermediários (tratos culturais)

efetuados durante o ciclo da cana, (Camargo, 1993).

3.7. Biodigestão da Vinhaça

A biodigestão anaeróbica é uma resposta recente às alternativas de

aproveitamento da vinhaça, permitindo a estabilização da matéria orgânica com

desassimilação de uma mistura gasosa, tendo como componentes principais o

metano e o dióxido de carbono.

Nesse processo, elevadas eficiências de remoção de carga poluidora são

alcançadas enquanto uma mistura gasosa de valor energético é produzida

(Salerno, 1991).

Sabe-se que atuam vários grupos de microorganismos que fornecem uns

para os outros substratos adequados a um processamento contínuo. Tais

microorganismos estão presentes na natureza em ambientes anaeróbios como

fundo de lagoas, pântanos, rúmen de herbívoros e fezes de animais e humanas.

De acordo com Toledo (2001), o processo de biodigestão anaeróbia ocorre

em duas etapas.

Na primeira etapa do processo estão envolvidas bactérias fermentativas,

não produtoras de metano, que atuam por hidrólise extracelular quebrando

Page 65: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

50

polímeros orgânicos em suas unidades fundamentais, incorporando e fermentando

esses produtos de hidrólise em ácidos orgânicos, álcoois, hidrogênio e dióxido de

carbono.

No segundo estágio, tais produtos são transformados em metano e dióxido

de carbono pela ação das bactérias acetogênicas e metanogênicas.

As bactérias metanogênicas em relação às bactérias produtoras de ácidos

se reproduzem mais lentamente e são mais sensíveis às alterações das condições

ambientais ou a condições adversas, como a presença de compostos inibidores.

Assim sendo, procura-se favorecer ao máximo as condições ótimas de

trabalho desse grupo de bactérias, operando-se com pH próximo da neutralidade,

temperatura entre 35 e 37°C e evitando-se a presença no meio de fermentação de

compostos químicos em concentrações inibidoras.

Como a vinhaça em geral encontra-se disponível em temperaturas entre 80

e 100°C, não há problema de consumo energético para manutenção da

temperatura do processo, pois o mesmo é realizado em biodigestores UASB, na

faixa termofílica de trabalho.

Apesar da vinhaça apresentar pH ácido, após sua introdução no reator,

devido ao consumo dos ácidos orgânicos e formação de compostos como amônia,

ocorre rápida elevação do pH do meio reacional sem necessidade de adição de

compostos alcalinos.

Os principais inibidores em potencial encontrados na vinhaça são os íons

dos compostos de enxofre e o potássio solúvel, e apresentam concentrações mais

críticas nas vinhaças oriundas de mosto de melaço e misto de caldo e melaço.

Ressalta-se que o sulfato como tal não é um inibidor de processo, mas este

composto, ao ser utilizado pelas bactérias redutoras do enxofre, também presentes

no reator anaeróbio, é transformado em sulfeto, o qual em sua forma solúvel é um

agente inibidor em concentrações da ordem de 200 mg/l. A inibição será então

função do equilíbrio resultante no sistema entre as formas solúvel, insolúvel e

gasosa do sulfeto (Pinto, 1999).

Entretanto, tem sido verificada experimentalmente a possibilidade de

adaptação das bactérias a concentrações de compostos tomados “a priori” como

Page 66: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

51

não toleráveis, se for executado um processo lento e gradativo de aclimação das

bactérias ao composto inibidor.

Ainda como medidas auxiliares à adaptação bacteriana têm-se:

- Remoção do composto tóxico a partir da vinhaça;

- Diluição da vinhaça;

- Formação de compostos insolúveis no meio reacional;

- Antagonismo da toxidez em outro material.

Com relação aos nutrientes básicos para suprimento das necessidades das

bactérias presentes no reator, de uma forma geral o conteúdo de nitrogênio,

fósforo e micronutrientes da vinhaça são adequados para o bom desenvolvimento

do processo. Recomenda-se apenas a complementação de nutrientes durante o

procedimento de partida de novos reatores, a fim de favorecer o desenvolvimento

inicial das bactérias. Nesses casos, são empregados compostos de nitrogênio e

fósforo na forma de fertilizantes minerais, em quantidades que variam conforme a

composição da vinhaça utilizada.

Segundo Nogueira (1996), as variações entre os processos industriais de

produção de etanol dificultam a definição de uma composição específica para a

vinhaça. Uma vez que os nutrientes são consumidos no processo apenas para o

crescimento microbiano, o qual ocorre em baixa taxa, conforme observado

anteriormente, as quantidades excedentes estarão disponíveis no efluente do

processo, tornando esse material atrativo para a fertirrigação.

Observa-se ainda que o lodo anaeróbico possui baixa taxa de

autoconsumo, mesmo em prolongados períodos de inatividade, sendo capaz de

conservar sua atividade específica com a mesma intensidade anterior à

paralisação, em curtos intervalos de tempo. Essa característica do equipamento

permite a volta ao funcionamento do reator após os períodos de entressafra sem

que ocorra a necessidade de substituir ou readaptar o lodo biológico.

O potencial de geração de biogás a partir da vinhaça é variável conforme

seu conteúdo de matéria orgânica biodegradável durante o processo. A aplicação

do processo fermentativo anaeróbio tem envolvido a utilização de reatores de

grandes volumes devido à incapacidade desses sistemas convencionais na

retenção da população microbiana de elevado tempo de duplicação.

Page 67: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

52

Se um sistema estiver submetido a um tempo de retenção celular menor

que o tempo de duplicação médio das bactérias limitantes do processo, ocorrerá a

lavagem das bactérias e a conseqüente impossibilidade de realização do processo.

Num processo convencional – onde o tempo de retenção celular é igual ao

tempo de retenção hidráulica – o mínimo tempo de retenção hidráulica permitido

está limitado pelo tempo de duplicação das bactérias metanogênicas, que na

prática corresponde a um tempo de retenção de cerca de dez dias, inviabilizando a

aplicação do processo para despejos industriais.

De acordo com Tielbaard (1992), o reator de fluxo ascendente (UASB),

com leito de lodo, configura uma evolução tecnológica que permite, através da

retenção dos microorganismos em suspensão, a manipulação independente dos

tempos de retenção celular e hidráulica, sendo possível sua operação com tempo

de retenção hidráulica de poucas horas. Isto proporciona, em decorrência, a

redução dos volumes e custos envolvidos na aplicação.

O reator anaeróbio de fluxo ascendente com leito de lodo conjuga

fundamentalmente as propriedades de elevada sedimentabilidade do lodo e o uso

de um separador das fases sólidas, líquidas e gasosas, na sua parte superior. Esse

reator possibilita a formação, em seu interior, de três regiões distintas, com

comportamentos dinâmicos característicos embora inter-relacionados. No fundo

do reator forma-se um leito biológico constituído de material de alta

sedimentabilidade, o qual é sobreposto por uma região constituída de material

biológico, com menor grau de sedimentabilidade em relação ao leito inferior.

A terceira região, já interna ao separador, tem características que permitem

a floculação e o retorno do lodo para a zona ativa do reator. Dessa forma a perda

de microorganismos é drasticamente reduzida e apenas o lodo fino deixa o

sistema.

Encontram-se em operação em diversos países várias unidades com

reatores dessa mesma concepção, operando com vários tipos de efluentes

industriais.

Podem ser observadas taxas de aplicação, parâmetro que melhor

caracteriza a eficiência de um reator, representando a quantidade de matéria

Page 68: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

53

orgânica que pode ser introduzida por unidade de volume do reator e de tempo,

atingindo valores de até 20 kg DQO/m³.dia/reator.

Observam-se ainda tempos de retenção hidráulicos tão baixos quanto

horas, e unidades de até 2.500 m³.

Lamo (1991) montou, em caráter demonstrativo, uma planta protótipo com

unidade de produção (em reator de 120 m³), depuração, compressão e utilização

do biogás.

Essa planta, consta de:

- Pequena área ocupada;

- Altas eficiências de degradação da matéria orgânica e conseqüente redução da

carga poluidora da vinhaça em níveis acima de 90% da DBO;

- Pequena geração de lodo excedente, com produção da ordem de 5% DQO

removida;

- Produção de gás combustível em níveis de até 0,35 m³ CH4/kg DQO removida;

- Baixa necessidade de nutrientes;

- Alta atividade do lodo biológico, mesmo depois de prolongadas interrupções do

processo.

Quanto à implantação de unidades industriais, o “start-up”, ou a rápida

partida do sistema depende fundamentalmente da disponibilidade de lodo

bacteriano já adaptado à vinhaça, com adequadas características de atividade e

decantabilidade. Acrescente-se ainda que grandes quantidades de lodo serão

necessárias para a inoculação das unidades industriais.

No Brasil, atualmente, não dispomos de lodo excedente com tais

características, havendo a necessidade de submeter às novas instalações a um

período inicial de aclimatação e geração de lodo, resultando num período de um

ano de operação, para a “start-up” do sistema, tendo em vista o lento crescimento

das bactérias metanogênicas.

Como a produção nacional de álcool chega a 16 milhões de m³/ano, sabe-

se que as destilarias geram assim em torno de 160 milhões de m³/ano de vinhaça.

A partir desse número nota-se a dificuldade das agroindústrias canavieiras em

utilizar racionalmente esse efluente, sem que incorram em riscos ecológicos

prejudicando a produção.

Page 69: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

54

A Figura 3.11. demonstra, segundo Lamo (1991), o esquema básico da

biodigestão anaeróbica da vinhaça, descrevendo as etapas principais pelas quais o

efluente deverá passar, para se obter um biogás de qualidade aceitável, não

contendo contaminantes como normalmente ocorre em outros processos de

biodigestão.

1- Vinhaça A – Reator Anaeróbico 2- Nutrientes e Álcalis B – Tanque Equalização 3- Água do Trocador de Calor C – Tanque de Nutrientes 4- Efluentes do Reator Anaeróbico D – Trocador de Calor 5- Biogás E – Gasômetro

FIGURA 3.11. - Esquema Básico da Biodigestão Anaeróbica da Vinhaça Fonte: Lamo (1991)

Se o processo em estudo for utilizado em escala nacional pode-se gerar em

torno de três bilhões de m³/ ano de metano, obtendo-se assim uma fonte de

energia alternativa que representa 1,27 % da energia elétrica consumida

nacionalmente, segundo informativo do Ministério de Minas e Energia (1998).

A Biodigestão Anaeróbica da vinhaça torna-se interessante, pois, além de

fonte de geração de energia elétrica, a vinhaça não perde seu valor nutritivo como

adubação orgânica, mantendo os teores de potássio, podendo assim após a

biodigestão ser utilizada normalmente na fertirrigação.

D

C

B A

E

1

2

3

4 5

Page 70: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

55

O balanço energético de uma tonelada de cana é demonstrado na Tabela

3.14. segundo Lamo (1991), o autor tem por objetivo demonstrar o quanto de

energia uma tonelada de cana pode proporcionar, e o ganho se for utilizada a

biodigestão anaeróbica da vinhaça gerada por esta tonelada de cana, resumindo:

01 tonelada de cana, num processo de produção de álcool convencional, gera em

torno de 842 x 10³ kcal, somadas as parcelas referentes a produção do bagaço

queimado em caldeiras e o álcool como combustível, adicionando o processo de

biodigestão anaeróbica da vinhaça, obtem-se um adicional de 67 x 10³ kcal /

tonelada de cana, representando 7,5% de ganho de energia / tonelada de cana

processada.

Tabela 3.14. - Balanço Energético de uma Tonelada de Cana

Produção de Energia por Tonelada de Cana 250 kg de bagaço (1.800 kcal/kg) 450 x 10 ³ kcal (49,5%)

70 litros de álcool (5.600 kcal/litro) 392 x 10 ³ kcal (43,0%)

910 litros de vinhaça (5,7 kcal/litro) 67,0 x 10 ³ kcal (7,5%)

Energia Total/Tonelada de Cana 909,0 x 10 ³ kcal (100%)

Fonte: Lamo (1991)

3.8. Biogás

É o gás obtido em biodigestores anaeróbicos, que resultam da conversão

da biomassa em energia secundária, pelo processo de biodigestão anaeróbica de

resíduos agro-industriais e domésticos, segundo Lamo (1991).

Além da proposta de se criar uma fonte de energia alternativa, a queima do

biogás é muito mais vantajosa em relação a queima dos combustíveis fósseis

porque no segundo caso a taxa de CO2 na atmosfera sofre um aumento, o que não

ocorre na primeira queima, pois a produção de CO2 é equilibrada com o consumo

do mesmo na fotossíntese da cana de açúcar.

A etapa de produção de biogás em um biodigestor internamente se inicia

com o efluente a ser tratado distribuindo-se uniformemente na base do reator,

passando pela camada de lodo, transformando a matéria orgânica em biogás. O

Page 71: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

56

gás produzido é impedido pelos defletores de dirigir-se ao sedimentador, entrando

apenas em algumas regiões do reator. A porção de lodo que atinge o decantador é

separada, retornando à base do reator e o afluente é uniformemente retirado da

superfície do mesmo.

Segundo Lamo (1991), obtêm-se através da vinhaça, 0,30 litros de

CH4/gDQO consumida, sendo que a proporção de CH4 no biogás é de 55 a 65%

(sendo o restante CO2).

Sendo as etapas para produção e utilização do biogás através da

biodigestão anaeróbica é demonstrado na Figura 3.12.

Devido ao processo de fabricação e composição do efluente o biogás

apresenta contaminantes imediatamente após a produção, como o H2S, sendo

necessário a depuração do mesmo através de processo de filtragem.

A Tabela 3.15. compara a nível energético o biogás com outros

combustíveis existentes no país, segundo Souza (2000).

FIGURA 3.12. - Etapas da Produção e Utilização do Biogás Fonte: Lamo (1991)

MATÉRIA ORGÂNICA

BIODIGESTÃO ANAERÓBICA

BIOGÁS BIOGÁS

GERAÇÃO DE

VAPOR

TURBINA À

GÁS

METANO

PURIFICAÇÃO

COMPRESSÃO

USO AUTOMOTIVO

Page 72: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

57

Outro dado importante fornecido por Souza (2000), é o custo de produção

do biogás e o preço de alguns energéticos, demonstrados na Tabela 3.16. Estes

dados podem nortear os cálculos de viabilidade econômica para produção do

Biogás da vinhaça, os valores são convertidos em US$/tEP de 1995, corrigidos

segundo inflação americana acumulada no período (1986 – 1995 ).

Na primeira alternativa, pode-se notar que mesmo na pior das hipóteses, o

custo do biogás, se apresenta menor que dos outros energéticos.

Já na segunda alternativa, nota-se que os concorrentes que mais se

aproximam do biogás, isto é, que poderiam ser queimados em caldeiras, são o

óleo combustível, o gás natural, o GLP e carvão vapor.

Tabela 3.15. - Comparativo Energético do Biogás com outros combustíveis.

Combustível PCI (kcal/kg)

Densidade (kg/m³)

Equivalência (1m³ de CH4)

Metano 11350 0,775 -

Álcool 7090 0,789 1,57 l

Diesel 10000 830 1,00 l

Gasolina 10600 735 1,10 l

GLP 10000 585 1,50 l

Óleo Combustível 10500 880 0,95 l

Gás Natural 11440 0,775 0,96 m³

Fonte Souza (2000)

Com exceção do vapor gerado pela queima do carvão, cujo preço é

bastante baixo, os demais combustíveis apresentam preços bastante superiores ao

do biogás.

De acordo com Souza (2000), da estimativa de produção e consumo

nacional de energia e o que o Biogás representaria em relação a cada fonte, inter-

relacionado com a equivalência energética entre um m³ de Biogás e outros

energéticos, estima-se o potencial brasileiro de substituição desses energéticos

pelo Biogás, demonstrado na Tabela 3.17.

Page 73: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

58

Observa-se então que o biogás poderia substituir 5% de todo o consumo

nacional de Diesel (33.037.000 m³), correspondente à parcela de Diesel destinada

à geração de eletricidade. Em 1997, o setor de transporte rodoviário foi

responsável por 74% do consumo nacional de óleo Diesel (24.346.000m³). Desse

modo, cerca de 7% dessa parcela poderia ser substituída pelo biogás. Em relação à

gasolina o índice potencial corresponde à cerca de 10%.

Tabela 3.16. – Comparação entre os custos de produção de alguns energéticos potencialmente concorrentes.

1ª alternativa (veículos) 2ª alternativa (queima em caldeiras) Energético US$/t EP Energético US$/t EP

Óleo Diesel 327 Óleo Combustível 150

Gasolina 437 GLP 204

Álcool Etílico 238 Carvão Natural 25,9

Biogás 80 - 147 Gás Natural 103

Biogás 63 - 129

Fonte: Souza (2000)

Tabela 3.17. – Estimativa do potencial brasileiro de substituição de alguns energéticos por biogás.

Energético

Consumo Energético

Nacional

Equivalência Energética

Potencial por substituição por biogás

Substituição (%)

Gasolina (m³) 17.993.000 0,00061 1.831.894 10,18

Diesel (m³) 33.037.000 0,00055 1.651.708 5,00

GLP (ton) 6.362.904 0,00040 1.201.242 18,88

Álcool (m³) 13.308.000 0,00080 2.402.484 18,05

C. Min. (ton.) 5.275.000 0,00074 2.222.298 42,13

Lenha (ton.) 71.599.000 0,00350 10.500.000 14,67

Eletr. (MWh) 295.524.000 0,00125 3.753.881 1,27 * valores referentes a 1997 (MME, 1998)

Fonte: Souza (2000)

Page 74: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

59

Em 1997, as importações de óleo diesel representaram cerca de 18% do

consumo nacional desse energético, Estima-se, assim, que o biogás poderia

reduzir aproximadamente 28% dessas importações.

Em relação ao GLP e o carvão mineral, verifica-se que o biogás

corresponderia a 18,9% e 42,1%, respectivamente. No que diz respeito ao GLP

importa-se cerca de 40% do consumo nacional (11.527.000 m³).

Estima-se, assim, que 46,7% dessas importações poderiam ser substituídas

pelo biogás. Quanto à eletricidade, o biogás representaria 1,27% do consumo

nacional, o que corresponde a 3,7 milhões de MWh; ou seja, o equivalente ao

consumo anual de uma cidade do porte de Belo Horizonte (cerca de dois milhões

de habitantes).

Page 75: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

60

4. METODOLOGIA

Para a realização do presente trabalho, foram utilizados dados de uma

destilaria de álcool anexa a usina de açúcar, localizada no Oeste do Estado de São

Paulo, cuja capacidade de produção de álcool é de 600 m³ por dia, sendo que os

dados referentes a volumes de produção de álcool e geração de vinhaça, consumo

de energia elétrica e precipitação pluviométrica foram obtidos na Central de

Informações da referida empresa.

Os dados referentes a dimensionamento de biodigestores e turbinas a gás

foram obtidos junto a fabricantes e fornecedores detentores da tecnologia.

4.1. Parâmetros obtidos na Central de Informações da empresa

Os parâmetros utilizados na presente pesquisa fornecem dados de álcool

produzido, vinhaça gerada, energia elétrica consumida gerada pela queima do

bagaço de cana nas caldeiras, energia elétrica consumida adquirida da

concessionária, o custo da energia adquirida em dólares, resultados gerados,

precipitação pluviométrica, especificações de reatores e de turbinas a gás.

4.1.1. Dados de álcool produzido

Foram utilizados dados diários da produção de álcool em metros cúbicos,

fornecidos pela Central de Informações, junto a Divisão Industrial da empresa em

estudo, referente às safras de 1990/1991 até 2001/2002.

O armazenamento deste álcool produzido é efetuado em tanques aéreos

conforme demonstrado na Figura 4.1., e essa produção é medida através do

aparelho medidor de vazão Smart Vortex Flowmeter, Modelo 8800 A, instalado

no processo final de produção de álcool da destilaria, conforme demonstrado na

Figura 4.2.

Page 76: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

61

FIGURA 4.1. – Tanques de armazenamento de álcool

FIGURA 4.2. – Instalação do medidor de vazão nas colunas da destilaria.

4.1.2. Dados de vinhaça gerada

Foram utilizados dados diários de vinhaça gerada em metros cúbicos, fornecidos

pela Central de Informações, junto a Divisão Industrial da empresa em estudo,

referente às safras de 1990/1991 até 2001/2002 (Tabela 5.1. e Anexo A).

A título de informação esse volume diário do resíduo gerado é calculado

pelo método analítico sugerido por Zago (1989), conforme demonstrado no item

4.2.1. (Métodos para Cálculo do Volume de Vinhaça Gerada).

Page 77: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

62

4.1.3. Dados referentes à energia elétrica consumida gerada pela queima do

bagaço de cana nas caldeiras

Utilizou-se dados de consumo mensal, durante as safras de 1990/1991 até

2001/2002, fornecidos pela Central de Informações, junto ao Departamento de

Manutenção Elétrica da empresa em estudo, que constam da Tabela 5.3. e do

Anexo B.

4.1.4. Dados referentes à energia consumida adquirida da concessionária

Utilizou-se dados de consumo mensal, durante as safras de 1990/1991 até

2001/2002, fornecidos pela Central de Informações junto ao Departamento de

Manutenção Elétrica da empresa em estudo, que constam da Tabela 5.3. e do

Anexo B.

4.1.5. Dados referentes ao custo da energia adquirida da concessionária

Utilizou-se dados de custo anual (por safra), durante as safras de

1990/1991 até 2001/2002, fornecidos pela Central de Informações junto ao

Departamento de Manutenção Elétrica da empresa em estudo, que constam da

Tabela 5.4.

4.1.6. Dados referentes à precipitação pluviométrica mensal em mm.

Utilizou-se dados de precipitação pluviométrica mensal, das safras de

1990/1991 até 2001/2002, fornecidos pela Central de Informações junto ao

Laboratório de Entomologia da empresa em estudo, que constam da Tabela 5.5. e

do Anexo C.

Page 78: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

63

4.1.7. Biodigestor recomendado

Como demonstrado no item 4.2.2. (Biodigestão anaeróbica da vinhaça),

recomenda-se a utilização de reatores de fluxo ascendente com leito de lodo

(UASB), de 2.500m³ de volume unitário, com 26,0m de diâmetro e 4,75m de

altura, conforme demonstrado na Figura 4.3.

FIGURA 4.3. – Instalação de Biodigestor UASB

4.1.8. Turbina a Gás Recomendada

Conforme demonstrado no item 4.2.3. (Queima do Biogás nas Turbinas)

recomenda-se utilização de turbinas a gás modelo J 320V81 – Container, com

capacidade de 1.000 kWh, conforme demonstrado na Figura 4.4.

L = 12.192 mm B = 2.438 mm H = 2.591 mm Peso do conjunto = 27.000 kg

FIGURA 4.4. - Turbina a Gás Modelo J 320V81

Page 79: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

64

A Figura 4.5. demonstra foto do conjunto J 320V81, instalado em unidade

produtora de energia elétrica pela queima de biogás em Rio Ventura, Bahia.

FIGURA 4.5. – Conjunto J 320V81 Jenbacher, instalado em Rio Ventura

4.2. Métodos

4.2.1. Métodos para cálculo do Volume de Vinhaça Gerada (VVG) diário:

De acordo com metodologia descrita por Zago (1989) e adotada na

empresa em estudo, colhe-se diariamente três amostras de vinho (caldo) nas

colunas de destilação, de 50 ml cada, das quais por análise em laboratório e

cálculo de média aritmética dos resultados se obtém:

a) (VAV) Volume de álcool do vinho, através do Micro Destilador Modelo

TE – 012;

b) (%AV) Teor alcoólico do vinho, através do Densímetro Digital Modelo

DMA 46 – PAAR -.

De posse desses dados calcula-se o (VVG) – volume de vinhaça gerada –

pela eq. (4.1.).

VVG = 100 x (VAV / % AV) (4.1.)

Page 80: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

65

4.2.2. Biodigestão Anaeróbica da Vinhaça

A utilização de biodigestores UASB proporciona a seguintes situações:

- a vazão máxima de vinhaça gerada no sistema considerado é de

6.000m³/dia;

- o tempo de retenção hidráulica considerado pelo fabricante nesta situação

é de 12 horas;

- portanto para o tratamento de 100% da vinhaça gerada no pico da

produção será necessário a utilização de 6 unidades biodigestoras com

capacidade de 2.500 m³/dia, instalados em paralelo;

- o volume total que comportam os biodigestores é de 15.000 m³/dia,

estando incluído uma margem de segurança do sistema, visando inclusive

paradas para manutenção.

4.2.3. Queima do Biogás nas Turbinas

Para queima total do biogás gerado é recomendada a instalação de seis

conjuntos de turbinas a gás modelo J 320V81 – Container –, com capacidade de

1.000 kWh cada, devido:

- A produção máxima de biogás pela biodigestão anaeróbica da vinhaça

atingir 45.000 Nm³/dia;

- A margem de segurança a ser mantida pelas paradas para manutenção

embora tais índices sejam considerados baixos para estes equipamentos.

4.2.4. Metodologia para cálculo da Quantidade de Energia Gerada pela

Biodigestão Anaeróbica da Vinhaça, em kWh.

A metodologia utilizada para cálculo da obtenção da quantidade de

energia gerada pela biodigestão anaeróbica da vinhaça, segue o procedimento

sugerido por Lamo (1991), qual seja:

CO = V VG x DQO (4.2.)

Page 81: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

66

onde:

CO = carga orgânica (kg.DQO/dia);

DQO = 40.000mg/l (Lamo, 1991).

- A Produção de Biogás pela biodigestão anaeróbica (PB) da vinhaça é

obtida, pela eq. (4.3.):

PB = CO x E x F (4.3.)

onde:

E = eficiência de remoção de DQO do processo, considerado de 70%, segundo

(Souza, 2001);

F = fator de conversão de biogás por DQO removido, considerado 0,45N.m³/kg

DQO removido, (Lamo, 1991).

- A quantidade de energia do biogás (GEB) é dada pela eq. (4.4.):

GEB = PB x PCIB (4.4.)

onde:

PCIB = poder calorífico inferior do biogás, considerado 5.100 kcal/Nm³, (Lamo,

1991);

4.2.5. Produção de Energia Elétrica

Pela utilização do conjunto de turbinas sugeridas no tópico 4.1.7., pode-se

estimar a quantidade de energia elétrica produzida pela combustão do biogás

(PEEB) utilizando-se da relação (eq. 4.5.):

PEEB = GEB x E1 (4.5.)

Page 82: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

67

onde:

E1 = eficiência da turbina a gás, considerada 35% (Lamo, 1991).

4.2.6. Exemplo:

A título de exemplo apresenta-se cálculos efetuados para obtenção dos

resultados de potencial de energia elétrica a ser produzida pela biodigestão

anaeróbica da vinhaça demonstrados nas Tabelas 5.1., 5.2. e Anexo A, referentes

ao mês de julho da safra 1990/1991 (Tabela 5.1.). Assim:

VVG = 105834,1 m³/mês

CO = VVG x DQO eq. (4.2.)

CO = 105834,1m³/mês x 40.000 mg/l

PB = CO x E x F eq. (4.3.)

PB = 141112 kg DQO / dia x 0,7 x 0,45 Nm³/kg DQO

PB = 44450,28 Nm³ / dia

GEB = PB x PCIB eq. (4.4.)

GEB = 44450,28 Nm³ / dia x 5100 kcal/ Nm³

GEB = 226697 x 10³ kcal /dia

Obtém-se:

PEEB = GEB x E1 eq (4.5.)

PEEB = (226697 X 10³ kcal/dia x 0,35)

PEEB = 3844,18 kWh / dia

Assim, o potencial de energia alternativa obtida pela biodigestão

anaeróbica da vinhaça para o mês de julho na safra 1990/1991 é de:

Page 83: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

68

PEEB = 3844,18 kWh /dia x 30 dias

PEEB = 115.539 kWh, conforme demonstrado na Tabela 5.1.

4.2.7. Metodologia utilizada para cálculo de custo de instalação e retorno do

investimento.

Segundo dados obtidos da Tabela 5.5, o custo de aquisição de energia

elétrica por mês, na média das doze safras em estudo (de 1990/1991 até

2001/2002) é de US$ 71.428,57.

Segundo Wagner (2002), o custo de instalação por kWh é de US$ 160,00.

Obteve-se a redução potencial na aquisição proporcionada pela biodigestão

anaeróbica da vinhaça e calculou-se desconsiderando taxas de juros e

remuneração de capital o tempo necessário para o retorno do investimento.

Page 84: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

69

5. RESULTADOS E ANÁLISES

Após obtenção dos dados fornecidos pelas Tabelas 5.1 a 5.6 e dos Anexos

A, B, e C onde se apresenta dados das doze safras em estudo, que compõe os

períodos de 1990/1991 até 2000/2001, pode-se analisar os resultados em três sub-

itens:

- Disponibilidade de energia elétrica proporcionada pela biodigestão

anaeróbica da vinhaça;

- Representatividade dessa energia elétrica proposta em relação a

energia elétrica consumida na empresa;

- Análise dos impactos ambientais proporcionados pela fertirrigação

utilizando o resíduo vinhaça “in natura” e após a biodigestão

anaeróbica.

5.1. Disponibilidade de energia elétrica produzida pela biodigestão

Como exemplo tomou-se a safra 1990/1991, cujos dados são apresentados

pela Tabela 5.1., demonstrando que a produção máxima de álcool ocorreu em

junho (10.3234 m³), gerando um volume de vinhaça maior (122.088,3 m³) que

proporciona um maior potencial de geração de energia elétrica (133.076,3 kWh).

Em abril e janeiro, períodos que correspondem início e final de safra

respectivamente, são as faixas de menor produção de álcool (409m ³ em abril e

2.796 m³ em janeiro), menor geração de vinhaça (4.948,3 m³ em abril e 33.083,4

m³ em janeiro) proporcionando um menor potencial de geração de energia elétrica

(5.393,7 kWh em abril e 36.060,9 kWh em janeiro).

Os dados demonstrados na Tabela 5.1. geraram o gráfico da Figura 5.1,

que ilustra o comportamento das curvas referentes ao álcool produzido (m³),

vinhaça gerada (m³) e potencial de energia elétrica alternativa gerada pela

biodigestão anaeróbica da vinhaça (kWh), ilustrando as variações de produção e

geração de energia já comentada.

Este gráfico tem por objetivo principal além de ilustrar o comportamento

das curvas citadas acima, a visualização de como na safra 1990/1991, ocorreu a

Page 85: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

70

produção de álcool, sendo que fatores de disponibilidade de matéria prima,

mercado e climáticos influenciam diretamente na escolha do produto final e sua

escala de produção.

Tabela 5.1. - Demonstrativo da produção de álcool, vinhaça e energia

elétrica alternativa da safra 1990/1991.

Meses

Álcool Produzido*

Vinhaça Gerada*

Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça

kWh

Abril 409 4948,3 5393,7

Maio 7970 94280,7 102766,1

Junho 10324 122088,3 133076,3

Julho 8881 105834,1 115359,1

Agosto 9781 116709,2 127212,9

Setembro 7435 88523,3 96490,4

Outubro 5538 66067,2 72013,3

Novembro 5572 66230,6 72191,3

Dezembro 5594 66994,8 73024,3

Janeiro 2796 33083,4 36060,9

Fonte*: Central de Informações da Empresa

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

Á l c o o l p r o d u z i d o m ³ V i n h a ç a g e r a d a m ³ Energ ia a s er gerada kWh

kWh

FIGURA 5.1. – Gráfico demonstrativo da produção de álcool, vinhaça e energia elétrica alternativa da safra1990/1991.

Page 86: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

71

É sabido que sendo uma destilaria anexa, tal empresa proporciona a

escolha de se produzir álcool ou açúcar, variando em função do mercado interno

ou externo, logo com esta possibilidade nem sempre o potencial de produção de

álcool é totalmente utilizado.

A Tabela 5.2., refere-se a média aritmética das doze safras em estudo,

demonstrando assim uma tendência comportamental das curvas de produção de

álcool obtidas dasTabelas do Anexo A.

Tabela 5.2. – Demonstrativo da média da produção de álcool, vinhaça e energia elétrica alternativa das safras de 1990/1991 até 2001/2002.

Fonte*: Central de Informações da Empresa

Os dados para construção da Tabela 5.2. (álcool produzido e vinhaça

gerada) foram obtidos do Anexo A.

Nota-se que as maiores produções de álcool estão concentradas nos meses

de junho à agosto, gerando assim os maiores volumes de vinhaça, proporcionando

então a possibilidade de maior produção de energia alternativa pela biodigestão

anaeróbica da vinhaça disponível durante este período.

Estes dados deram origem ao gráfico da Figura 5.2., que demonstra a

tendência das curvas de produção de álcool (m³), geração de vinhaça (m³) e

Meses

Álcool produzido*

Vinhaça Gerada*

Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça

kWh

Abril 11617,7 13568,3 874,6

Maio 16531,2 72414,4 70073,1

Junho 19385,9 132178,6 143946,8

Julho 19492,0 150236,9 166760,6

Agosto 17890,0 150235,0 169941,5

Setembro 15603,6 119536,9 133587,3

Outubro 8635,2 99747,0 117184,4

Novembro 6371,5 75356,5 82138,5

Dezembro 2782,3 76417,2 83294,7

Janeiro 551,9 6565,9 7156,8

Page 87: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

72

potencial de energia elétrica alternativa a ser gerada pela biodigestão da vinhaça

(kWh), na média das doze safras em estudo, vindo a confirmar a tendência da

safra 1990/1991. Observa-se que o potencial de geração de energia alternativa

acompanha a produção de vinhaça, que é diretamente proporcional a produção de

álcool.

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

Álcool produzido m³ Vinhaça gerada m³ Energia a ser gerada kWh

kWh

FIGURA 5.2 – Gráfico demonstrativo da média da produção de álcool, vinhaça e energia elétrica alternativa das safras de 1990/1991 até 2001/2002. 5.2. Relação entre a energia elétrica produzida pela biodigestão com a adquirida

da concessionária e gerada pela queima do bagaço.

Analisando-se primeiramente a safra 1990/1991, através dos dados

fornecidos pela Tabela 5.3., nota-se que a quantidade total de energia elétrica

consumida foi de 17.135 MWh, sendo que deste total 14.517 MWh, que

representam 84,72%, foram gerados pela queima do bagaço nas caldeiras e 2.618

MWh que representam 15,28 % foram adquiridos da concessionária.

Page 88: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

73

O potencial de geração de energia elétrica disponível pela

biodigestão anaeróbica da vinhaça nesta safra é de 833 MWh, representando

4,87% do total consumido. Caso este processo estivesse em operação, resultaria

numa redução de 31,87% de aquisição de energia elétrica da concessionária.

Tabela 5.3. – Demonstrativo da relação da aquisição, geração e consumo de energia elétrica na safra 1990/1991.

Meses

Energia elétrica

consumida adquirida

da concessionária

kWh

Energia elétrica

consumida gerada

pela queima do

bagaço

kWh

Energia elétrica

total consumida

kWh

Potencial de

energia a ser

gerada pela

biodigestão da

vinhaça kWh

% de

energia elétrica

produzida pela

biodigestão em relação

a adquirida

Abril 64.310 66.400 130.710 5.394 8,38

Maio 786.660 708.000 1.494.669 102.766 13,06 Junho 499.970 1.563.320 2.063.290 133.076 26,62 Julho 332.820 2.074.200 2.407.020 115.359 34,66 Agosto 284.930 2.293.400 2.578.330 127.213 44,65 Setembro 94.140 2.155.720 2.249.860 96.490 102,50 Outubro 104.430 1.885.280 1.989.710 72.013 68,96 Novembro 178.470 1.512.200 1.690.670 72.191 40,45 Dezembro 181.688 1.547.400 1.729.088 73.024 40,19 Janeiro 90.870 710.800 801.670 36.061 39,68

TOTAL 2.618.288 14.516.720 17.135.017 833.587 % 15,28 84,72 100,00 4,87

Fonte: Central de Informações da Empresa

Os dados da Tabela 5.3. tornaram possível a construção do gráfico da

Figura 5.3., que ilustra o comportamento das curvas de consumo/geração de

energia elétrica da safra 1990/1991, e as tendências mensais do período.

Nota-se que o período de maior potencial de geração de energia elétrica

alternativa encontra-se concentrado dos meses de junho a agosto, que coincidem

com a maior produção de álcool demonstrado pela Tabela 5.2, pois também

Page 89: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

74

nesses meses a quantidade de vinhaça gerada é maior, sendo a mesma diretamente

proporcional ao volume de álcool produzido.

Na média das doze safras analisadas (de 1990/1991 até 2001/2002)

demonstrada na Tabela 5.4, a quantidade total de energia elétrica consumida foi

de 16.883 MWh, sendo que deste total 15.346 MWh, que representam 90,90%,

foram gerados pela queima do bagaço nas caldeiras e 1.548 MWh que

representam 9,17% foram adquiridos da concessionária.

0

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

3.000.000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

kWh

Energia elétrica consumida da concessionária kWh Energia elétrica consumida gerada pela queima do bagaço kWh

Energia elétrica total consumida kWh Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça kWh

FIGURA 5.3. – Gráfico demonstrativo da relação da aquisição, geração e consumo de energia elétrica na safra 1990/1991. O potencial de geração de energia elétrica a ser disponibilizada pela

biodigestão anaeróbica da vinhaça, na média das doze safras analisadas (de

1999/2000 até 2001/2002) é de 971 MWh, representando 5,75% do total

consumido, caso este processo estivesse em operação, resultaria numa redução de

62,7% de aquisição de energia elétrica da concessionária durante este período.

Os dados apresentados na Tabela 5.4. resultaram no gráfico da Figura 5.4.,

demonstrando o comportamento das curvas de geração de energia elétrica pela

queima do bagaço, aquisição de energia elétrica da concessionária, consumo total

de energia elétrica e potencial de energia elétrica a ser gerada pela biodigestão da

vinhaça.

Para se obter os resultados da Tabela 5.4. e por conseqüência da Figura

5.4., foram utilizadas informações contidas nas Tabelas do Anexo B.

Page 90: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

75

Tabela 5.4. – Demonstrativo da média entre aquisição, geração e consumo de energia elétrica das safras de 1990/1991 até 2001/2002.

Meses

Energia elétrica

consumida adquirida

da concessionária

kWh

Energia elétrica

consumida gerada

pela queima do

bagaço

kWh

Energia elétrica

total consumida

kWh

Potencial de

energia a ser

gerada pela

biodigestão da vinhaça

kWh

% de

energia elétrica

produzida pela

biodigestão em relação

a adquirida

Abril 5.441 13.858 19.298 875 16,08

Maio 285.643 1.023.745 1.309.388 69.921 24,48 Junho 206.511 2.162.308 2.368.819 141.703 68,62 Julho 122.298 2.632.094 2.754.391 167.215 136,73 Agosto 235.319 2.493.306 2.728.626 168.405 71,57 Setembro 189.522 2.204.917 2.394.438 133.608 70,50 Outubro 174.968 1.958.368 2.122.273 112.050 64,04 Novembro 178.688 1.704.361 1.883.049 82.240 46,02 Dezembro 122.554 1.019.988 1.142.542 87.978 71,79 Janeiro 27.226 133.400 160.626 7.157 26,29

TOTAL 1.548.168 15.346.344 16.883.450 971.152

% 9,17 90,90 100 5,75

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO

Mês

mm

energia conces kw energia bagaço kw energia total kw energia biodigestão kw

FIGURA 5.4 – Gráfico demonstrativo da média da aquisição, consumo e geração de energia elétrica das safras de 1990/1991 até 2001/2002.

Page 91: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

76

5.3. Cálculo do retorno de investimento.

De acordo com Wagner (2002), o custo do kWh instalado, no processo de

geração de energia elétrica pela queima do biogás é de US$ 160,00.

Como a geração de vinhaça proporciona uma instalação de equipamento

que disponibilizam 6.000 kWh, o custo total de instalação será de

US$ 960.000,00.

De acordo com a Tabela 5.5., considerando-se a média das doze safras em

estudo (de 1990/1991 até 2001/2002), o custo de aquisição de energia elétrica por

safra é de US$ 315.000,00/safra.

Com a instalação do processo de biodigestão, a redução na aquisição de

energia elétrica da concessionária é de 62,7%, que corresponde a

US$ 211.050,00/safra

Logo o investimento será pago em 4,6 safras, desconsiderando taxas de

juros, depreciação e remuneração de capital.

Tabela 5.5. Custo da aquisição de energia elétrica da concessionária.

Safra Custo de aquisição de energia (US$)

1990/1991 280.000,00

1991/1992 320.000,00

1992/1993 267.000,00

1993/1994 325.000,00

1994/1995 389.000,00

1995/1996 309.000,00

1996/1997 315.000,00

1997/1998 325.000,00

1998/1999 350.000,00

1999/2000 290.000,00

2000/2001 320.000,00

2001/2002 290.000,00

Média 315.000,00

Fonte: Central de Informações

Page 92: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

77

5.4. Implicações ambientais

Analisando os índices pluviométricos mensais da safra 1990/1991,

fornecidos pela Tabela 5.6., desconsiderando-se os meses de abril e janeiro, que

representam início e final de safra, nota-se que as chuvas se intensificam no

período entre os meses de setembro a dezembro.

Embora os estudos efetuados nos itens anteriores (5.1 e 5.2) demonstrem

que o maior volume de vinhaça gerada concentra-se no período dos meses de

junho a agosto, fato que ocorre proveniente da maior produção de álcool também

estar vinculada a este período, a maior preocupação com a vinhaça se dá durante

os meses chuvosos (Tabela 5.6.) no período de setembro a dezembro, pelo fato da

vinhaça ser armazenada e transportada a céu aberto por tanques e canais,

somando-se a mesma o volume adicional proporcionado pelas chuvas intensas

destes períodos. As Figuras 5.5. e 5.6., respectivamente, ilustram os canais e

lagoas de armazenamento da vinhaça a céu aberto.

FIGURA 5.5. – Canal de vinhaça a céu aberto

Este fato exige um controle rígido na fertirrigação, pois pode ocasionar

arraste deste efluente para leitos d’água ou infiltrações no subsolo.

Page 93: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

78

FIGURA 5.6. – Tanques de armazenamento de vinhaça a céu aberto

Tabela 5.6. – Demonstrativo dos índices pluviométricos mensais da safra

1990/1991.

Meses Precipitação Pluviométrica

mm Abril 133,2

Maio 58,2

Junho 4,0

Julho 25,0

Agosto 84,6

Setembro 137,0

Outubro 110,0

Novembro 128,0

Dezembro 188,0

Janeiro 304,0

TOTAL 1.172

Fonte: Central de Informações da Empresa

Page 94: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

79

Os dados da Tabela 5.6. proporcionaram a construção do gráfico da Figura

5.7., onde é possível notar o comportamento dos índices pluviométricos da safra

1990/1991.

0

50

100

150

200

250

300

350

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO

Mês

mm

FIGURA 5.7. – Gráfico demonstrativo dos índices mensais de precipitação pluviométrica da safra 1990/1991.

O cálculo da média do índice pluviométrico das doze safras (Tabela 5.7.)

em estudo (de 1990/1991 até 2001/2002), foi efetuado com base nos dados

fornecidos pelas Tabelas do Anexo C, as quais indicam os índices pluviométricos

mensais de cada período em estudo.

Pela análise da Tabela 5.7, verifica-se que os meses mais chuvosos são:

setembro, outubro, novembro e dezembro. Analisando a Tabela 5.2., verifica-se

que a maior produção de vinhaça ocorre durante os meses de junho, julho, agosto

e setembro.

Os cuidados com o manejo do resíduo vinhaça aumentam nos meses

chuvosos, pois o processo atual, sem a biodigestão anaeróbica, é realizado

basicamente a céu aberto.

Enquanto que se utilizando biodigestores, partes deste processo são

realizadas em compartimentos fechados, não recebendo assim as águas das chuvas

diretamente. E também se estabiliza a matéria orgânica da vinhaça, reduzindo o

DQO desse efluente por conseqüência o neutralizando, obtendo elevadas

Page 95: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

80

eficiências de remoção de carga poluidora do mesmo, vindo a reforçar a

possibilidade da contribuição para a melhoria das condições ambientais.

Tabela 5.7. – Demonstrativo da média dos índices pluviométricos mensais

das safras de 1990/1991 até 2001/2002.

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

50

100

150

200

250

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO

Mês

mm

FIGURA 5.8. – Gráfico demonstrativo da média dos índices de precipitações pluviométricas mensais das safras de 1990/1991 até 2001/2002.

Meses Precipitação Pluviométrica

mm Abril 23

Maio 62

Junho 48

Julho 17

Agosto 36

Setembro 101

Outubro 113

Novembro 117

Dezembro 163

Janeiro 62

TOTAL 742

Page 96: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

81

6. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos no presente trabalho que trata do potencial de

geração de energia pela biodigestão anaeróbica da vinhaça, em destilaria

anexa a uma usina de açúcar com capacidade de produção diária de 600 m³

de álcool, permitiram inferir que:

• a maior disponibilidade de energia elétrica a ser gerada pela biodigestão

anaeróbica da vinhaça concentra-se nos meses de junho, julho, agosto e

setembro, devido a produção de álcool atingir os maiores índices nesse

período, conforme demonstrado na análise da média das doze safras em

estudo, implicando em maior geração de vinhaça;

• se o processo de biodigestão anaeróbica da vinhaça for adotado como

fonte geradora de energia elétrica, o mesmo pode fornecer por safra 971

MWh, que representam 5,75% do total de energia consumida ou uma

redução de 62,7% na aquisição de energia elétrica da concessionária;

• a vinhaça da forma como é armazenada atualmente e transportada por

gravidade, em tanques e canais a céu aberto, sofre um aumento de volume

nos meses com maiores índices pluviométricos, dificultando assim um

controle rígido sobre a mesma no sentido de se evitar arrastes e

percolações. O tratamento efetuado por biodigestão anaeróbica, diminui

esse problema, pois os biodigestores são compartimentos fechados, não

mantendo contato com o meio ambiente diretamente;

• com o custo de instalação de US$ 960.000,00, e uma redução na aquisição

de US$ 211.050/safra o retorno do investimento se dará em 4,6 safras,

desconsiderando taxas de juros, depreciação e remuneração de capital.

Page 97: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

82

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

- ALCOOLBRÁS: Revista Sucro-alcooleira, São Paulo, JR Editorial – VOL n º

68, Julho/Agosto 2001. Bimestral.

- BARBOSA, G. Governo quer ressuscitar Proálcool para conquistar mercado

externo. Diário de São Paulo, São Paulo, 14 abr 2002. Combustíveis. P.5.

- BARBOSA, M. Supremo pode derrubar MP do racionamento. O Estado de São

Paulo, São Paulo, 25 maio 2001. Economia & THE WALL STREET

JOURNAL AMERICAS. p. B1.

- BERMANN, C. Sustentabilidade Energética no Brasil: Limites e possibilidades

para uma estratégia energética sustentável e democrática, Editora FASE, Rio de

Janeiro, 2000.

- BILLI, M. Fiasco de plano do governo agrava apagão.O Estado de São Paulo,

São Paulo, 13 maio 2001. Dinheiro. p. B1.

- BINI, ANDERSON. Análise Econômica da Produção Industrial e do Consumo

de energia Elétrica em uma Usina Sucro-Alcooleira.Dissertação de Mestrado –

117 pp. Orientado por Luiz Gonzaga de Souza, Faculdade de Ciências

Agronômicas – UNESP- Botucatu, 1993.

- BODDEY, R. M. Efeito de Queima e Aplicações de Vinhaça e Adubo

Nitrogenado no Rendimento e Acúmulo de Nitrogênio de Cana-de-Açúcar. In V

Congresso Nacional da Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do

Brasil. Águas de São Pedro: Editora STAB, 1993, pp. 82-86.

- BRASIL ENERGIA. Rio de Janeiro. Editora Brasil Energia Ltda, 1976. Mensal.

- BREDARIOLI, C. Quatro remédios à mão contra os apagões. O Estado de São

Paulo, São Paulo, 13 maio 2001. Economia & Negócios, p.B1.

- CAGNON, J. A. Uso da Energia Elétrica nos Sistemas de Pivô Central, nas

Áreas Irrigadas do Município de Guairá – S.P. -, Dissertação de Mestrado - 116

pp. - UNESP – Botucatu, 1989.

- CAMARGO, O. A. Alterações de Características Químicas de um Latossolo

Roxo Distrófico Incubado com Resíduos da Indústria Álcool-Açucareira,

Instituto Agronômico de Campinas, Coordenadoria da Pesquisa Agropecuária –

Campinas, 1984.

Page 98: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

83

- CAMARGO, O. A. Características Químicas e Físicas de Solo que recebeu

Vinhaça por Longo Tempo, Instituto Agronômico de Campinas, Coordenadoria

da Pesquisa Agropecuária – Campinas, 1983.

- CARVALHO, C. E. Usos Finais da Energia Elétrica, Editora FASE, Rio de

Janeiro, 2000.

- CASTRO, C.A. Biodigestão Anaeróbica de Efluentes Industriais – ZANINI

S.A. - Sertãozinho, 1991.

- CAVALCANTI, C. – Desenvolvimento e natureza: Estudos para uma Sociedade

Sustentável. Editora Cortez, São Paulo, 1995.

- CHIARA, M. Adesão ao racionamento beira a unanimidade. O Estado de São

Paulo, São Paulo, 27 maio 2001. Economia & Negócios. p.B1.

- CHIARA, M. Parcerias entre empresas podem driblar a crise. O Estado de São

Paulo, São Paulo, 28 maio2001. Economia & THE WALL STREET JOURNAL

AMERICAS, p. B1.

- COBIN, N. Sistema para Produção de Gás Metano – CODISTIL – DEDINI –

Piracicaba, 1991.

- COPERSUCAR. Aproveitamento da Vinhaça, Viabilidade Técnico-Econômica.

Centro de Tecnologia da Cooperativa Central dos Produtores de Açúcar e

Álcool do Estado de São Paulo, Piracicaba, 1979.

- COPERSUCAR. Cooperativa de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool e São

Paulo Ltda. DESTILAÇÃO. 1a. Ed. Piracicaba, 1987.

- CORTESE, C. J. Projeto Biogás. ZANINI, 1992, 123 p.

- CREA – SP. São Paulo. Editora Crea-S.P. 2001. Bimestral

- CRISE DE ENERGIA: Caderno especial Folha de São Paulo, São Paulo, 20

maio 2001. Semanal.

- EBELING, C. New Technological Advances in Brazilian Ethanol Production,

Proquip S/A. Projetos e Engenharia Industrial, São Paulo.1991.

- ENERGIA DA BIOMASSA: Alavanca de uma Nova Política Industrial,

Ministério da Indústria e do Comércio, Secretaria de Tecnologia Industrial –

Governo José Sarney – Brasília, 1986.

- PESQUISA FAPESP. São Paulo: Prol Editora Gráfica, 1994, mensal.

Page 99: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

84

- FIORE, G. F. Proálcool: Balanço Econômico-Social e Impactos na Matriz

Energética Nacional.Belo Horizonte. UFMG, 1994, 77p.

- FISCHE, F. A Civilização da Biomassa – CENBIO – Notícias – n. 11 – ano 3 –

pp. 2 , 2000.

- GLÓRIA, N. A. Utilização da Vinhaça e Impactos Ambientais - Trabalho

apresentado no Simpósio Internacional de Avaliação Sócio-Econômica da

Diversificação do Setor Canavieiro - Piracicaba, 1998.

- IAC – Instituto Agronômico de Campinas – Boletim Científico n. 14–

Características Físicas de Solo que Recebeu Vinhaça. Campinas, 1988.

- IAC – Instituto Agronômico de Campinas – Boletim Científico n. 8 – Aplicação

de Vinhaça no Solo e Efeito no Teor de Nitrogênio, Fósforo e Enxofre

Inorgânicos e no de Alguns Metais Pesados. Campinas, 1987.

- IAC – Instituto Agronômico de Campinas – Boletim Científico n. 9– Alteração

de Características Químicas de um Latossolo Vermelho-Escuro Distrófico pela

Aplicação de Vinhaça. Campinas, 1987.

- IPT – Desenvolvimento de tecnologia da Gaseificação de Bagaço de Cana em

Leito Fluidizado. Relatório n. 24.574. São Paulo, 1986.

- IPT – Estudo do Processo de Gaseificação de Bagaço de Cana em Leito Fixo.

Relatório n. 24.597. São Paulo, 1986.

- JORNAL CANA: Jornal sobre fatos e atividades relacionadas ao Setor

S5ucroalcooleiro, - Ribeirão Preto, p.v. 1982, mensal.

- LAMO, PAULO DE. Biodigestão da Vinhaça – METHAX – BIOPAQ –

CODISTIL – Piracicaba – 1992.

- LAMO, PAULO DE. Metodologia para Determinação de Parâmetros de

Avaliação na Produção do Biogás na Destilaria São João Ltda – Piracicaba,

2000.

- LAMO, PAULO DE. Produção de Biogás a Partir de Vinhaça,

TECNOLOGIA/PESQUISA – STAB – vol. 7, pp 16-25, 1983.

- LAMO, PAULO DE. Sistema produtor de Gás Metano Através de Tratamento

de Efluentes Industriais – METHAX/BIOPAQ – CODISTIL – Piracicaba, 1991.

Page 100: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

85

- LEME, E. J. A. Uso da Vinhaça na Região Centro Sul – Diagnóstico da safra

1983/1984. In III Congresso Nacional da sociedade dos Técnicos Açucareiros e

Alcooleiros do Brasil. São Paulo: Editora STAB, 1984, pp.21-26.

- LETTINGA, G. Anaerobic Treatmente for Wastewater Treatmente and energy

Production, in: Inter-American Seminar on Biogas, 11, 1991, João Pessoa. 35

pp.

- MANUAL DE OPERAÇÃO DAS DESTILARIAS DE ÁLCOOL ETÍLICO.

DEDINI. Piracicaba. 1992.

- MARIN, D. C. Regras podem mudar para ampliar geração. O Estado de São

Paulo, 24 maio 2001. Economia & Negócios. p. B1.

- MARQUES, G. Cortes podem ser decididos por amostragem. O Estado de São

Paulo, São Paulo, 22 maio 2001. Economia & THE WALL STREET

JOURNAL AMERICAS. p. B1.

- MOTTA, F. S. Produza sua energia: Biodigestores Anaeróbicos. Recife Gráfica

Editora, Recife, 1986.

- NEWS – Atualizando Executivos. Ribeirão Preto. Grupo Gráfico São Francisco.

1999. Mensal.

- NOGUEIRA, L. H. Biodigestão: A Alternativa Energética. Editora Nobel, São

Paulo, 1986.

- OLIVEIRA, D. Presidente decide mudar a MP da energia. O Estado de São

Paulo, São Paulo, 26 maio 2001. Economia & Negócios. p. B1.

- OLIVÉRIO, J. L. Feasibility of use of Methane Gás From Stillage by Anaerobic

Digestion as a Motor Fuel in Sugar and Alcohol Plants. In: XX CONGRESS

ISSCT, DEDINI, 1989.

- PARANHOS, S. B. Cana de Açúcar, Cultivo e Utilização, Fundação CARGIL –

Campinas, 1987.

- PARTANEN, W. E. Gaseificador de leito Fixo de Pequeno Porte para Biomassa

usado em uma Plantação de Cacau na Indonésia – CENBIO – Notícias – n. 11 –

ano 2 – pp. 3, 2000.

- PEREIRA, B. Usinas vendem energia excedente. Jornal da Cidade, Bauru, 11

jun. 2001. JC Regional, p. 1.

Page 101: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

86

- PEREIRA, R. Produtor independente poderá ter incentivo. O Estado de São

Paulo, São Paulo, 16 maio 2001. Economia & THE WALL STREET

JOURNAL AMERICAS. p. B1.

- PERES, J. G. Bombeamento de Vinhaça: um Estudo Sobre Perda de Carga,

Seminário apresentado pelo autor na disciplina SHS-877, Escola de Engenharia

de São Carlos, São Carlos, 2001.

- PERES, L. Governo estuda como fazer cortes em residências. O Estado de São

Paulo, 20 maio 2001. Economia & Negócios. p. B1.

- PINTO, CLÁUDIO PLAZA. Tecnologia da Digestão Anaeróbica da Vinhaça e

Desenvolvimento Sustentável, Dissertação de Mestrado - 144 pp. Orientado por

Luís Augusto Barbosa Cortez, Faculdade de Engenharia Mecânica, UNICAMP,

Campinas, 1999.

- PONTO-COM, Negócios, Capital e Tecnologia. São Paulo. Plural Editora e

Gráfica Ltda, 2000. Mensal.

- RACY, S. Consumo de energia já caiu 6% em São Paulo. O Estado de São

Paulo, São Paulo, 18maio 2001. Economia & THE WALL STREET JOURNAL

AMERICAS. p. B1.

- RIBEIRO, R. Como o pacote afeta o País. O Estado de São Paulo, São Paulo, 19

maio 2001. Economia & Negócios. p. B1.

- RICHARD, M. N. Geração de Energia por Biomassa Bagaço da Cana-de-

Açúcar e Resíduos, TECNOLOGIA/PESQUISA – STAB -, vol. 17, pp. 66-69,

1999.

- ROCHA, B. B. M. Produção de Biogás a Partir de Vinhoto e Água de Lavagem

de Cana, Seminário de energia de biomassa e resíduos, 1988. Belo Horizonte.

- ROLLI, C. Consumidor teme apagão e já poupa luz. O Estado de São Paulo,

São Paulo, 27 maio 2001. Dinheiro. p. B1.

- ROSSETTO, A. J. Efeito da Aplicação Prolongada da Vinhaça nas Propriedades

Químicas dos Solos com Cana-de-Açúcar.Araras, 1983.

- SANEAMENTO AMBIENTAL. São Paulo. Van Moorsel, Andrade & Cia Ltda,

1989, Bimestral.

- SALERNO, A. G. Pré-estudo para Implantação da Biodigestão Anaeróbica da

Vinhaça em Usina de Açúcar e Álcool. – ZANINI S.A. – Sertãozinho, 1991.

Page 102: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

87

- SCHIRIM, O. Metano – Aproveitamento em Usinas de Álcool – ASA

Consultoria S/C LTDA – São Paulo, 1991.

- SEMINÁRIO DO FÓRUM BRASILEIRO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS –

Protocolo de Kyoto: O Brasil em Apoio ao Planeta . 2001

- SENADOR, D. Álcool como Combustível: Solução ou Problema? – CENBIO –

Notícias n. 11 – ano 2 pp. 4-8, 2000.

- SOARES, P. Nem apagão empolga leilão de energia. Folha de São Paulo, São

Paulo, 14 jun. 2001. Dinheiro, p. B8.

- SOUZA, M. E. Thermophilic Anaerobic Digestion of Vinasse in Pilot Plant

UASB Reactor.Water Science and Technology, vol. 25 n. 7, pp 212-223, EUA,

1992.

- SOUZA, R. M. Estimativa do Potencial Brasileiro de Produção de Biogás

através da Biodigestão da Vinhaça e Comparação com outros Energéticos.

Trabalho apresentado no IX Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e

Ambiental. Porto Seguro – Ba, 2000.

- STAB – Revista sobre Açúcar, Álcool e Subprodutos, Editora STAB –

Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil – ESALQ –

Piracicaba, p.v. 1983, bimestral.

- STRINNI, A. Vinhaça, Aplicação e Tratamento – Usina Junqueira – Igarapava,

1986.

- TEREZA, I. Governo esperou as chuvas e ignorou crise. O Estado de São Paulo,

São Paulo, 12 maio 2001. Economia & Negócios. p. B1.

- TIELBAARD, M. Experience with Treatmente of Cane Vinasse by UASB

Reactors. International Sugar Journal, N.Y., vol. 94 n.1127, 1992. pp 41-49.

- TOLEDO, L. R. Energia Reciclada & Máquinas para Acelerar o Tempo,

TECNOLOGIA/PESQUISA - STAB-, vol.33, pp. 43-47, 2001.

- TREVISAN – The Global Solution. São Paulo. Editora Três Ltda. 1987.

Mensal.

- WAGNER, A. – Sugestões Técnicas e Econômicas. AW. Consultoria S/C Ltda

Curitiba, 2002.

Page 103: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

88

- WALTER, A. Fomento à Geração Elétrica com Fontes Renováveis de Energia

no Meio Rural Brasileiro: Barreiras, Ações e Perspectivas 22 pp. –

Departamento de Energia – UNICAMP – Campinas, 2000.

- XAVIER, S. Álcool como Carburante – Razões da sua Utilização. Brasil

Açucareiro, vol. 76 n. 5, pp 16-20, 1970.

- ZAGO, E. A. Métodos Analíticos para o Controle da Produção de Álcool –

FERMENTEC – CENTRO DE BIOTECNOLOGIA AGRÍCOLA –

ESALQ/USP – Piracicaba, 1989.

Page 104: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

89

ANEXO A

Page 105: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

90

Tabela A.1 - Demonstrativo energético da Safra 1991/1992

Fonte*: Central de Informações da Empresa

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

Álcool produzido m³ Vinhaça gerada m³ Energia a ser gerada kWh

kWh

FIGURA A.1 – Gráfico demonstrativo energético safra 1991/1992.

Meses

Álcool produzido*

Vinhaça Gerada*

Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça

kWh

Abril 0 0 0

Maio 2952 34853,3 37990,7

Junho 8023 94957,9 103504,1

Julho 11550 137838,2 150243,7

Agosto 12235 145013,6 158064,8

Setembro 11348 134796,7 146928,4

Outubro 8865 105400,3 114886,3

Novembro 5572 66230,6 72191,3

Dezembro 4820 58098,3 63327,2

Janeiro 0 0 0

Page 106: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

91

Tabela A.2 - Demonstrativo energético da Safra 1992/1993.

Fonte*: Central de Informações da Empresa

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

Álcool produzido m³ Vinhaça gerada m³ Energia a ser gerada kWh

kWh

FIGURA A.2 – Gráfico demonstrativo energético safra1992/1993.

Meses

Álcool produzido*

Vinhaça Gerada*

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça kWh

Abril 0 0 0

Maio 722 8693,4 9475,8

Junho 9425 113136,2 123318,5

Julho 11815 141474,9 154207,7

Agosto 12249 145500,7 158595,8

Setembro 8597 104030,6 113393,4

Outubro 6548 77985,9 85004,6

Novembro 6134 73304,9 79902,3

Dezembro 646 7732,5 8428,5

Janeiro 0 0 0

Page 107: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

92

Tabela A.3 - Demonstrativo energético da Safra 1993/1994.

Fonte*: Central de Informações da Empresa

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

Álcool produzido m³ Vinhaça gerada m³ Energia a ser gerada kWh

kWh

FIGURA A.3. – Gráfico demonstrativo energético safra 1993/1994.

Meses

Álcool produzido*

Vinhaça Gerada*

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça kWh

Abril 0 0 0

Maio 5489 64739,2 70565,7

Junho 9233 111686,1 121737,9

Julho 11518 138332,9 150782,8

Agosto 10432 120867,5 131745,6

Setembro 9207 106186,7 115743,5

Outubro 8412 96223,1 104883,1

Novembro 6095 67547,2 73626,5

Deze mbro 0 0 0

Janeiro 0 0 0

Page 108: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

93

Tabela A.4 - Demonstrativo energético da Safra 1994/1995.

Fonte*: Central de Informações da Empresa

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

Álcool produzido m³ Vinhaça gerada m³ Energia a ser gerada kWh

kWh

FIGURA A.4 – Gráfico demonstrativo energético safra 1994/1995.

Meses

Álcool produzido*

Vinhaça Gerada*

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça kWh

Abril 0 0 0

Maio 4165 49736,7 54212,9

Junho 9478 113195,4 123383,1

Julho 11882 142104,2 154893,6

Agosto 12044 143291,9 156188,1

Setembro 11788 141326,9 154046,3

Outubro 12129 143510,2 156426,1

Novembro 10154 120183,8 131000,3

Dezembro 5110 60090,6 65498,7

Janeiro 0 0 0

Page 109: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

94

Tabela A.5 - Demonstrativo energético da Safra 1995/1996.

Fonte*: Central de Informações da Empresa

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

200000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

Álcool produzido m³ Vinhaça gerada m³ Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça kWh

kWh

FIGURA A.5 – Gráfico demonstrativo energético safra 1995/1996.

Meses

Álcool produzido*

Vinhaça Gerada*

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça kWh

Abril 0 0 0

Maio 3043 36532,5 39820,5

Junho 10057 119656,7 130425,8

Julho 11056 132839,3 144794,9

Agosto 13606 161931,4 176505,2

Setembro 11313 134563,9 146674,6

Outubro 7718 161931,4 176505,2

Novembro 5456 65109,9 70969,8

Dezembro 566 6537,54 7125,9

Janeiro 0 0 0

Page 110: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

95

Tabela A.6 - Demonstrativo energético da Safra 1996/1997.

Meses

Álcool produzido*

Vinhaça Gerada*

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça kWh

Abril 0 0 0

Maio 7995 95509,6 104105,5

Junho 12842 153006,2 166776,7

Julho 15822 187702,6 204595,8

Agosto 16252 194825,2 212359,4

Setembro 12860 153051,9 166826,5

Outubro 11088 131955,5 143831,5

Novembro 9915 117596,9 128180,6

Dezembro 4835 57707,9 62901,6

Janeiro 0 0 0

Fonte*: Central de Informações da Empresa

0

50000

100000

150000

200000

250000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

0

50000

100000

150000

200000

250000

Álcool produzido m³ Vinhaça gerada m³ Energia a ser gerada kWh

kWh

FIGURA A.6 – Gráfico demonstrativo energético safra 1996/1997.

Page 111: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

96

Tabela A.7 - Demonstrativo energético da Safra 1997/1998.

Fonte*: Central de Informações da Empresa

0

50000

100000

150000

200000

250000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

0

50000

100000

150000

200000

250000

Álcool produzido m³ Vinhaça gerada m³ Energia a ser gerada kWh

kWh

FIGURA A.7. – Gráfico demonstrativo energético safra 1997/1998.

Meses

Álcool produzido*

Vinhaça Gerada*

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça kWh

Abril 0 0 0

Maio 7945 95333,6 103913,6

Junho 10659 126377,5 137751,5

Julho 15517 183736,6 200272,9

Agosto 16335 195433,7 213022,7

Setembro 16452 196657,1 214356,2

Outubro 12697 152480,4 166203,6

Novembro 7679 91986,1 100264,9

Dezembro 3604 42667,9 46508,1

Janeiro 0 0 0

Page 112: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

97

Tabela A.8 – Demonstrativo energético da Safra 1998/1999.

Fonte*: Central de Informações da Empresa

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

200000

Álcool produzido m³ Vinhaça gerada m³ Energia a ser gerada kWh

kWh

FIGURA A.8 – Gráfico demonstrativo energético safra 1998/1999.

Meses

Álcool produzido*

Vinhaça Gerada*

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça kWh

Abril 384 4678,9 5101,1

Maio 10225 121106,8 132006,4

Junho 10755 128389,7 139944,8

Julho 11560 138403,3 150859,6

Agosto 14029 166431,7 181410,5

Setembro 11765 139701,3 152274,5

Outubro 8032 94724,3 103249,5

Novembro 7024 83146,9 90630,1

Dezembro 6548 77612,7 84597,8

Janeiro 3827 45707,4 49821,1

Page 113: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

98

Tabela A.9 - Demonstrativo energético da Safra 1999/2000.

Meses

Álcool produzido*

Vinhaça Gerada*

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça kWh

Abril 0 0 0

Maio 7318 87166,9 95011,9

Junho 12204 146323,6 159492,7

Julho 14705 174740,4 190467,1

Agosto 15085 179350,1 195491,5

Setembro 13597 162311,5 176919,6

Outubro 15393 182951,1 199416,7

Novembro 9434 112582,7 122715,1

Dezembro 1664 20192,6 22009,9

Janeiro 0 0 0

Fonte*: Central de Informações da Empresa

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

200000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

0

50000

100000

150000

200000

250000

Álcool produzido m³ Vinhaça gerada m³ Energia a ser gerada kWh

kWh

FIGURA A.9 – Gráfico demonstrativo energético safra 1999/2000.

Page 114: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

99

Tabela A.10 - Demonstrativo energético da Safra 2000/2001.

Meses

Álcool produzido*

Vinhaça Gerada*

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça kWh

Abril 0 0 0

Maio 2411 28210,7 30749,6

Junho 16011 190624,4 207780,7

Julho 16854 200766,4 218835,4

Agosto 13410 160641,9 175099,7

Setembro 4429 17585,3 19168,1

Outubro 4189 15679,4 17689,2

Novembro 0 0 0

Dezembro 0 0 0

Janeiro 0 0 0

Fonte*: Central de Informações da Empresa

0

50000

100000

150000

200000

250000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

0

50000

100000

150000

200000

250000

Álcool produzido m³ Vinhaça gerada m³ Energia a ser gerada kWh

kWh

FIGURA A.10 – Gráfico demonstrativo energético safra 2000/2001.

Page 115: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

100

Tabela A.11 - Demonstrativo energético da Safra 2001/2002

Fonte*: Central de Informações da Empresa

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

200000

Álcool produzido m³ Vinhaça gerada m³ Energia a ser gerada kWh

kWh

FIGURA A.11 – Gráfico demonstrativo energético safra 2001/2002

Meses

Álcool produzido*

Vinhaça Gerada*

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça kWh

Abril 0 0 0

Maio 4435 55282,4 60257,9

Junho 13469 165292,9 180169,2

Julho 12489 152122,9 165813,9

Agosto 11755 140919,1 153601,8

Setembro 7639 91950,4 100225,9

Outubro 5083 60645,1 66103,2

Novembro 3423 40357,9 43990,2

Dezembro 0 0 0

Janeiro 0 0 0

Page 116: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

101

ANEXO B

Page 117: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

102

Tabela B.1- Relação da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 1991/1992

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

kWh

Energia elétrica consumida da concessionária kWh Energia elétrica consumida gerada pela queima do bagaço kWh

Energia elétrica total consumida kWh Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça kWh

FIGURA B.1 - Gráfico demonstrativo da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 1991/1992.

Meses

Energia elétrica consumida da

concessionária

kWh

Energia elétrica consumida gerada pela

queima do bagaço

kWh

Energia elétrica total consumida

kWh

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça

KWh

Abril 0 0 0 0

Maio 319.320 666.400 985.720 37.991

Junho 205.820 2.061.683 2.267.503 103.504

Julho 157.870 2.488.800 2.646.670 150.244

Agosto 633.860 1.953.600 2.587.460 158.065

Setembro 441.000 2.076.800 2.517.800 146.928

Outubro 397.830 1.857.200 2.555.030 114.886

Novembro 329.160 2.064.800 2.393.960 72.191

Dezembro 173.640 1.337.400 1.511.040 63.327

Janeiro 0 0 0 0

TOTAL 2.658.500 14.506.683 17.465.183 847.137

% 16,00 84,00 100,00 4,91

Page 118: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

103

Tabela B.2 – Relação da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 1992/1993

Meses

Energia elétrica consumida da

concessionária

kWh

Energia elétrica consumida gerada pela queima do

bagaço kWh

Energia elétrica total consumida

kWh

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça

kWh Abril 0 0 0 0

Maio 491.520 665.000 1.156.520 9.476

Junho 369.030 2.073.600 2.442.630 123.319

Julho 261.750 2.491.800 2.753.550 154.208

Agosto 274.340 2.434.200 2.708.540 158.596

Setembro 239.790 2.067.400 2.307.190 113.393

Outubro 217.420 2.108.000 2.325.420 85.005

Novembro 266.700 1.959.800 2.226.500 79.902

Dezembro 19.740 213.600 233.340 8.429

Janeiro 0 0 0 0

TOTAL 2.140.290 14.013.400 16.153.690 732.327

% 13,25 86,75 100,00 4,53

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

kWh

Energia elétrica consumida da concessionária kWh Energia elétrica consumida gerada pela queima do bagaço kWh

Energia elétrica total consumida kWh Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça kWh

FIGURA B.2- Gráfico demonstrativo da aquisição, geração e consumo de energia elétrica- Safra 1992/1993.

Page 119: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

104

Tabela B.3 - Relação da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 1993/1994

Meses

Energia elétrica consumida da

concessionária

kWh

Energia elétrica consumida gerada

pela queima do bagaço

kWh

Energia elétrica total consumida

kWh

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça

kWh Abril 0 0 0 0

Maio 388.230 1.362.400 1.750.630 70.566

Junho 317.420 2.186.140 2.503.560 121.738

Julho 303.900 2.453.600 2.757.500 150.783

Agosto 335.796 2.269.800 2.605.596 131.746

Setembro 306.670 2.184.200 2.490.870 115.744

Outubro 336.450 2.032.400 2.368.850 104883

Novembro 285.708 1.813.400 2.099.108 73.627

Dezembro 0 0 0 0

Janeiro 0 0 0 0

TOTAL 2.274.174 14.301.940 16.576.114 769.085

% 13,72 86,28 100,00 4,64

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

kWh

Energia elétrica consumida da concessionária kWh Energia elétrica consumida gerada pela queima do bagaço kWh

Energia elétrica total consumida kWh Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça kWh

FIGURA B.3– Gráfico demonstrativo da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra1993/1994.

Page 120: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

105

Tabela B.4 - Relação da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 1994/1995

Meses

Energia elétrica consumida da

concessionária

kWh

Energia elétrica consumida gerada pela queima do

bagaço kWh

Energia elétrica total consumida

kWh

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça

kWh Abril 0 0 0 0

Maio 325.800 846.600 1.172.400 54213

Junho 381.810 2.158.780 2.540.590 123383

Julho 45.251 3.385.139 3.430.390 154894

Agosto 53.160 3.102.777 3.155.937 156188

Setembro 18.210 2.608.669 2.626.879 154046

Outubro 47.380 2.706.190 2.753.570 156426

Novembro 84.158 2.393.328 2.477.486 131000

Dezembro 128.668 1.396.800 1.525.468 65499

Janeiro 0 0 0 0

TOTAL 1.084.437 18.598.283 19.682.720 995.649

% 5,51 94,49 100,00 5,10

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

3500000

4000000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

kWh

Energia elétrica consumida da concessionária kWh Energia elétrica consumida gerada pela queima do bagaço kWh

Energia elétrica total consumida kWh Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça kWh

FIGURA B.4 - Gráfico demonstrativo da aquisição, geração e consumo de energia elétrica -Safra 1994/1995.

Page 121: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

106

Tabela B.5 - Relação da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 1995/1996

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

kWh

Energia elétrica consumida da concessionária kWh Energia elétrica consumida gerada pela queima do bagaço kWh

Energia elétrica total consumida kWh Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça kWh

FIGURA B.5 - Gráfico demonstrativo da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 1995/1996.

Meses

Energia elétrica consumida da

concessionária

kWh

Energia elétrica consumida gerada

pela queima do bagaço

kWh

Energia elétrica total consumida

kWh

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça

kWh Abril 0 0 0 0

Maio 319.320 666.400 985.720 37991

Junho 205.820 2.061.683 2.267.503 103504

Julho 157.870 2.488.800 2.646.670 150244

Agosto 633.860 1.953.600 2.587.460 158065

Setembro 441.000 2.076.800 2.517.800 146928

Outubro 397.830 1.857.200 2.255.030 114886

Novembro 329.160 2.064.800 2.393.960 72191

Dezembro 173.640 1.337.400 1.511.040 63327

Janeiro 0 0 0 0

TOTAL 2.658.500 14.506.683

17.165.183 847.137

% 15,49 84,51 100,00 4,94

Page 122: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

107

Tabela B.6- Relação da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 1996/1997

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

3500000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

kWh

Energia elétrica consumida da concessionária kWh Energia elétrica consumida gerada pela queima do bagaço kWh

Energia elétrica total consumida kWh Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça kWh

FIGURA B.6- Gráfico demonstrativo da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 1996/1997

Meses

Energia elétrica consumida da

concessionária

kWh

Energia elétrica

consumida gerada pela queima do

bagaço kWh

Energia elétrica total consumida

kWh

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça

kWh

Abril 0 0 0 0

Maio 202.190 1.316.960 1.519.150 104.106

Junho 79.440 1.998.760 2.078.200 166.777

Julho 25.600 2.605.200 2.630.800 204.596

Agosto 76.400 2.802.240 2.878.640 212.359

Setembro 92.790 2.578.822 2.671.612 166.827

Outubro 100.600 2.270.020 2.370.620 143.832

Novembro 224.790 2.002.180 2.226.970 128.181

Dezembro 422.810 948.090 1.370.900 629.016

Janeiro 0 0 0 0

TOTAL 1.224.620 16.522.272 17.746.892 1.755.692 % 6,91 93,10 100,00 9,90

Page 123: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

108

Tabela B.7 - Relação da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 1997/1998

Meses

Energia elétrica

consumida da concessionária

kWh

Energia elétrica consumida gerada

pela queima do bagaço

kWh

Energia elétrica total consumida

kWh

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça

kWh Abril 0 0 0 0

Maio 462.640 1.182.650 1.645.290 103.914

Junho 239.730 1.823.750 2.063.480 137.752

Julho 59.830 2.651.379 2.711.209 200.273

Agosto 40.830 2.917.560 2.958.390 213.023

Setembro 59.480 2.742.420 2.801.900 214.356

Outubro 78.970 2.504.160 2.583.130 166.204

Novembro 73.375 2.154.280 2.227.655 100.265

Dezembro 85.600 1.194.530 1.280.130 46.508

Janeiro 0 0 0 0

TOTAL 1.100.455 17.170.729 18.271.184 1.182.294

% 6,02 93,98 100,00 6,47

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

3500000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

kWh

Energia elétrica consumida da concessionária kWh Energia elétrica consumida gerada pela queima do bagaço kWh

Energia elétrica total consumida kWh Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça kWh

FIGURA B.7 - Gráfico demonstrativo da aquisição, geração e consumo de energia elétrica da Safra 1997/1998.

Page 124: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

109

Tabela B.8- Relação da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 1998/1999

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

3500000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

kWh

Energia elétrica consumida da concessionária kWh Energia elétrica consumida gerada pela queima do bagaço kWh

Energia elétrica total consumida kWh Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça kWh

FIGURA B.8 - Gráfico demonstrativo da aquisição, geração e consumo de energia elétrica da Safra 1998/1999.

Meses

Energia elétrica consumida da

concessionária

kWh

Energia elétrica consumida gerada pela

queima do bagaço

kWh

Energia elétrica total consumida

kWh

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça

kWh Abril 978 99.890 100.868 5101

Maio 31.510 2.296.580 2.328.090 132006

Junho 67.970 2.603.080 2.671.050 139945

Julho 58.080 2.610.560 2.668.640 150860

Agosto 333.446 2.665.040 2.998.486 181411

Setembro 252.360 2.682.160 2.934.520 152275

Outubro 175.780 2.164.280 2.340.060 103250

Novembro 153.820 1.785.280 1.939.100 90630

Dezembro 245.740 1.914.616 2.160.356 84598

Janeiro 235.840 890.000 1.125.840 49821

TOTAL 1.555.524 19.711.486 21.267.010 1.089.897 % 7,31 92,69 100 5,13

Page 125: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

110

Tabela B.9 - Relação da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 1999/2000

Meses

Energia elétrica consumida da

concessionária

kWh

Energia elétrica consumida gerada

pela queima do bagaço

kWh

Energia elétrica total consumida

kWh

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça

kWh Abril 0 0 0 0

Maio 33.480 1.279.010 1.312.490 95.012

Junho 41.460 2.580.600 2.622.060 159.493

Julho 27.960 2.868.486 2.896.446 190.467

Agosto 16.330 2.850.510 2.866.840 195.492

Setembro 16.628 2.838.280 2.854.908 176.920

Outubro 15.400 2.700.360 2.715.760 199.417

Novembro 72.160 1.992.040 2.064.200 122.715

Dezembro 39.120 2.350.020 2.389.140 22.010

Janeiro 0 0 0 0

TOTAL 262.538 19.459.306 19.721.844 1.161.526

% 1,33 98,67 100 5,89

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

3500000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

Energia elétr ica consumida da concessionária kWh Energia elétrica consumida gerada pela queima do bagaço kWh

Energia elétr ica total consumida kWh Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça kWh

FIGURA B.9– Gráfico demonstrativo da aquisição, geração e consumo de energia elétrica da Safra 1999/2000.

Page 126: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

111

Tabela B.10 - Relação da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 2000/2001

Meses

Energia elétrica consumida da

concessionária

kWh

Energia elétrica consumida gerada pela queima do

bagaço kWh

Energia elétrica total consumida

kWh

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça

kWh Abril 0 0 0 0

Maio 18480 576060 594540 30749,6

Junho 29700 2718540 2748240 207780,7

Julho 20680 2898210 2918890 218835,4

Agosto 116880 2183570 2300450 175099,7

Setembro 216700 707430 924130 19168,1

Outubro 46240 216530 262770 17689,2

Novembro 0 0 0 0

Dezembro 0 0 0 0

Janeiro 0 0 0 0

TOTAL 448680 9300340 9749020 669322,7

% 0,046023 0,953977 100 0,068655 Fonte: Central de Informações da Empresa

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

3500000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

kWh

Energia elétrica consumida da concessionária kWh Energia elétrica consumida gerada pela queima do bagaço kWh

Energia elétrica total consumida kWh Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça kWh

FIGURA B.10-Gráfico demonstrativo da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 2000/2001.

Page 127: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

112

Tabela B.11 - Relação da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 2001/2002

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Mês

kWh

Energia elétrica consumida da concessionária kWh Energia elétrica consumida gerada pela queima do bagaço kWh

Energia elétrica total consumida kWh Potencial de energia a ser gerada pela biodigestão da vinhaça kWh

FIGURA B.11-Gráfico demonstrativo da aquisição, geração e consumo de energia elétrica - Safra 2001/2002.

Meses

Energia elétrica consumida da

concessionária

kWh

Energia elétrica consumida gerada pela

queima do bagaço

kWh

Energia elétrica total consumida

kWh

Potencial de energia a ser gerada pela

biodigestão da vinhaça

kWh

Abril 0 0 0 0

Maio 48.560 718.880 767.440 60.258

Junho 39.960 2.117.760 2.157.720 180.169

Julho 15.960 2.568.950 2.584.910 165.814

Agosto 24.000 2.493.380 2.517.380 153.601

Setembro 95.490 1.740.300 1.835.790 100.226

Outubro 181.280 1.198.800 1.380.080 66.103

Novembro 146.760 710.220 856.980 43.990

Dezembro 0 0 0 0

Janeiro 0 0 0 0

TOTAL 552.010 11.548.290 12.100.300 770.161

% 4,56 95,44 100 6,37

Page 128: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

113

ANEXO C

Page 129: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

114

Tabela C.1 – Índices pluviométricos mensais - Safra 1991/1992

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

50

100

150

200

250

300

350

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO

Mês

mm

FIGURA C.1 – Gráfico demonstrativo da pluviometria mensal - Safra 1991/1992.

Meses

Precipitação Pluviométrica

mm Abril 0 Maio 12,8

Junho 51,2

Julho 17,0 Agosto 2,2

Setembro 33,8

Outubro 133,4 Novembro 52,8

Dezembro 303,6

Janeiro 0

Page 130: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

115

Tabela C.2 –Índices pluviométricos mensais – Safra 1992/1993

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO

Mês

mm

FIGURA C.2 – Gráfico demonstrativo da pluviometria mensal - Safra 1992/1993

Meses

Precipitação Pluviométrica

mm

Abril 0

Maio 106,8 Junho 1,0

Julho 12,2

Agosto 19,6 Setembro 184,2

Outubro 167,4

Novembro 131,6 Dezembro 67,0

Janeiro 0

Page 131: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

116

Tabela C.3 – Índices pluviométricos mensais - Safra 1993/1994

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

20

40

60

80

100

120

140

160

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO

Mês

mm

FIGURA C.3 – Gráfico demonstrativo da pluviometria mensal - Safra 1993/1994

Meses

Precipitação Pluviométrica

mm

Abril 0

Maio 38,4

Junho 65,8

Julho 9,4

Agosto 114,8

Setembro 119,4

Outubro 62,2

Novembro 150,4

Dezembro 0

Janeiro 0

Page 132: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

117

Tabela C.4 –Índices pluviométricos mensais - Safra 1994/1995

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO

Mês

mm

FIGURA C.4 – Gráfico demonstrativo da pluviometria mensal - Safra 1994/1995

Meses

Precipitação Pluviométrica

mm

Abril 0

Maio 45

Junho 20,8

Julho 8,2

Agosto 0

Setembro 4,6

Outubro 125,2

Novembro 99

Dezembro 180,4

Janeiro 0

Page 133: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

118

Tabela C.5 – Índices pluviométricos mensais - Safra 1995/1996

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

50

100

150

200

250

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIROMês

mm

FIGURA C.5 – Gráfico demonstrativo da pluviometria mensal - Safra 1995/1996

Meses

Precipitação Pluviométrica

mm Abril 0

Maio 29,9

Junho 48,8

Julho 23,6

Agosto 0

Setembro 84,4

Outubro 112,6

Novembro 116,8

Dezembro 235,2

Janeiro 0

Page 134: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

119

Tabela C.6 – Índices pluviométricos mensais - Safra 1996/1997

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

50

100

150

200

250

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO

Mês

mm

FIGURA C.6 – Gráfico demonstrativo da pluviometria mensal - Safra 1996/1997

Meses

Precipitação Pluviométrica

mm Abril 0

Maio 29,9

Junho 48,8

Julho 23,6

Agosto 0

Setembro 84,4

Outubro 112,6

Novembro 116,8

Dezembro 235,2

Janeiro 0

Page 135: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

120

Tabela C.7 – Índices pluviométricos mensais - Safra 1997/1998

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

50

100

150

200

250

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO

Mês

mm

FIGURA C.7 – Gráfico demonstrativo da pluviometria mensal - Safra 1997/1998

Meses

Precipitação Pluviométrica

mm Abril 0

Maio 88,4

Junho 215

Julho 14

Agosto 0

Setembro 80,2

Outubro 110

Novembro 160

Dezembro 106,2

Janeiro 0

Page 136: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

121

Tabela C.8 – Índices pluviométricos mensais - Safra 1998/1999

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO

Mês

mm

FIGURA C.8 – Gráfico demonstrativo da pluviometria mensal - Safra 1998/1999

Meses

Precipitação Pluviométrica

mm Abril 144

Maio 68,8

Junho 8,4

Julho 4

Agosto 103,6

Setembro 175,8

Outubro 146,6

Novembro 118,8

Dezembro 280,6

Janeiro 440,6

Page 137: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

122

Tabela C.9 – Índices pluviométricos mensais - Safra 1999/2000

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

50

100

150

200

250

300

350

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO

Mês

mm

FIGURA C.9 – Gráfico demonstrativo da pluviometria mensal - Safra 1999/2000

Meses

Precipitação Pluviométrica

mm Abril 0

Maio 81,8

Junho 73

Julho 0

Agosto 0

Setembro 54

Outubro 53

Novembro 134,8

Dezembro 316,2

Janeiro 0

Page 138: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

123

Tabela C.10 - Índices pluviométricos mensais - Safra 2000/2001

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO

Mês

mm

FIGURA C.10 – Gráfico demonstrativo da pluviometria mensal - Safra 2000/2001

Meses

Precipitação Pluviométrica

mm Abril 0

Maio 12,8

Junho 18,3

Julho 54

Agosto 58,8

Setembro 185,6

Outubro 13,6

Novembro 0

Dezembro 0

Janeiro 0

Page 139: geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça

124

Tabela C.11 – Índices pluviométricos mensais - Safra 2001/2002

Fonte: Central de Informações da Empresa

0

50

100

150

200

250

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO

Mês

mm

FIGURA C.11-Gráfico demonstrativo da pluviometria mensal – Safra 2001/2002

Meses

Precipitação Pluviométrica

mm Abril 96,2

Maio 48,2

Junho 34,6

Julho 46,2

Agosto 54,3

Setembro 200,2

Outubro 189

Novembro 0

Dezembro 0

Janeiro 96,2