Gerenciamento de Diversidade

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  • 8/19/2019 Gerenciamento de Diversidade

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    Administração, Negócios e RecursosHumanos

    Gerenciamento de Diversidades Lucas Seren

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    UNIDADE 1 - CULTURA, O CONCEITO ANTROPOLÓGICO  ................... 6

    1.1  O conceito antropológico da cultura  ........................................... 7

    1.2  A cultura impressiona  ................................................................... 7

    1.3  Cultura e a visão de mundo do homem  ..................................... 9

    1.4  Estudo de caso: diversidade cultural na empresa  ................. 12

    1.5  Atividades  ..................................................................................... 14

    1.6  Reflexão  ........................................................................................ 14

    1.7  Leitura recomendada  .................................................................. 15

    1.8  Referências  .................................................................................. 15

    1.9  Na próxima unidade  .................................................................... 15

    UNIDADE 2 - A FORMAÇÃO DA DIVERSIDADE BRASILEIRA  ............... 17

    2.1  O Brasil e a gestação dos brasileiros  ....................................... 18

    2.2  As matrizes brasileiras  ................................................................ 19

    2.2.1 Os tupis  ...................................................................................... 19

    2.2.2 Os negros  .................................................................................. 23

    2.2.3 Os lusitanos  ............................................................................... 28

    2.3  Os brasis  ....................................................................................... 29

    2.4  Reflexão  ........................................................................................ 31

    2.5  Leitura recomenda  ...................................................................... 31

    2.6  Referências  .................................................................................. 32

    2.7  Na próxima unidade  .................................................................... 32UNIDADE 3 - A LUTA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO NO CENÁRIO

    BRASILEIRO  ................................................................................................. 33

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    3.1  A discriminação no cenário brasileiro  ...................................... 35

    3.2  Dia Internacional contra a discriminação  ................................. 41

    3.3  Reflexão  ........................................................................................ 42

    3.4  Leitura recomendada  .................................................................. 43

    3.5  Referências  .................................................................................. 43

    3.6  Na próxima unidade  .................................................................... 44

    UNIDADE 4 - DIVERSIDADE: CONCEITO E HISTÓRIA.  .......................... 45

    4.1  Sobre a diversidade. O que é isso?  ......................................... 46

    4.2  Historicizando a diversidade cultural  ........................................ 504.3  Reflexão  ........................................................................................ 51

    4.4  Leitura recomendada  .................................................................. 52

    4.5  Referências  .................................................................................. 52

    4.6  Na próxima unidade  .................................................................... 53

    UNIDADE 5 - A DIVERSIDADE CULTURAL NO BRASIL  .......................... 54

    5.1  Brasil e a diversidade cultural  .................................................... 55

    5.2  Reflexão  ........................................................................................ 59

    5.3  Leitura recomendada  .................................................................. 59

    5.4  Referências  .................................................................................. 60

    5.5  Na próxima unidade  .................................................................... 60

    UNIDADE 6 - MULHER, TRABALHO E DESIGUALDADES SOCIAIS  ..... 61

    6.1  Questões de gênero e desigualdade  ....................................... 62

    6.2  A divisão sexual do trabalho  ...................................................... 68

    6.3  O que é o CCQ?  .......................................................................... 72

    6.3.1 O que é Just in time?  ............................................................... 73

    6.3.2 O que é Kanban?  ...................................................................... 73

    6.4  Reflexão  ........................................................................................ 75

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    6.5  Leitura recomendada  .................................................................. 76

    6.6  Referências  .................................................................................. 76

    6.7  Na próxima unidade  .................................................................... 77

    UNIDADE 7 - A GESTÃO DA DIVERSIDADE CULTURAL  ........................ 78

    7.1  A gestão da diversidade cultural: um princípio ético  ............. 79

    7.2  Modelos para a gestão da diversidade cultural  ...................... 81

    7.3  Reflexão  ........................................................................................ 85

    7.4  Leitura recomendada  .................................................................. 85

    7.5  Referências  .................................................................................. 867.6  Na próxima unidade  .................................................................... 86

    UNIDADE 8 - A ADMINISTRAÇÃO DA DIVERSIDADE NO BRASIL  ....... 87

    8.1  Administração da diversidade nas organizações brasileiras  88

    8.2  Vantagem competitiva da diversidade  ..................................... 93

    8.3  Reflexão  ........................................................................................ 97

    8.4  Leituras recomendas  .................................................................. 98

    8.5  Referências  .................................................................................. 98

     

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    GERENCIAMENTO DEDIVERSIDADES

    Quantas vezes ao longo de nossas

    vidas escutamos que o Brasil é um país

    miscigenado, de muitas raças, muitas culturas e

    misturas. Trata-se de uma verdade indiscutível,

    vivemos num país onde a diversidade étnica salta aos

    olhos de todos. Recebemos as mais diversas culturas nestas

    terras tropicais, tendo como exceção os índios que já seencontravam por aqui, vieram os portugueses e os negros no

     período colonial e após o período escravocrata observamos a

    chegada de italianos, espanhóis, japoneses, alemães entre muitos

    outros povos.

    Esta realidade proporcionou-nos uma grande riqueza cultural,

    colaborou com o aparecimento de uma rica diversidade. Porém, ao

    longo destes séculos, nem sempre essa diversidade foi entendida e

    respeitada.

    Hoje um grande desafio para todos, especialmente para aqueles

    que gerenciam pessoas dentro um espaço comum, é o de entender essa

    diversidade e, sobretudo, organizá-la de maneira harmoniosa e

     produtiva. Acreditamos que a antropologia possa ajudar o gestor em

    tal tarefa, o olhar aguçado e singular que, esta área do

    conhecimento lança sobre a sociedade, tem muito a ensinar

    aos gestores.

    Esperamos que esta disciplina contribua para o

    entendimento desta realidade e o capacite para oárduo desafio do gerenciamento de diversidades.

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    1.1  O conceito antropológico da cultura

    Todos nós carregamos na verdade um ser duplo, somos ao mesmo

    tempo, um ser biológico com características únicas definidas pelo nossoDNA, mas também somos um ser cultural, construídos a partir do meio

    em que estamos inseridos, carregando os valores sociais e morais,

    costumes e características da sociedade a que pertencemos. O homem é o

    único ser possuidor de cultura, esta palavra – “cultura” – tão comum e

    tão empregada em nosso dia a dia, carrega na verdade, um conceito

    complexo e delicado que aproxima ou afasta povos, que gera amizades

    ou grandes guerras. Se olharmos ao nosso redor com mais atenção,

    notaremos que é necessário ir longe para encontrarmos grandes

    diferenças culturais, mesmo em nosso meio, na faculdade, no trabalho ou

    em nosso bairro, descobriremos uma grande diversidade cultural.

    Mas, o que é cultura? Trata-se de práticas e ações que seguem um padrão determinado no espaço. São comportamentos, regras morais,

    crenças e valores que dão identidade a um grupo. Tudo aquilo que é

     produzido, aprendido e compartilhado por um grupo é cultura.

    1.2  A cultura impressiona

     Não é de hoje que as diferenças culturais incomodam o homem,

    tudo aquilo que é exótico e diferente aos nossos olhos sempre nos

    chamou a atenção. Já na Grécia, o grande historiador Heródoto (484-424

    a.C.), preocupou-se com tema quando descreveu o sistema social de

    outro povo, os lícios:

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    Eles tem um costume singular pelo qual diferem de todas as outras

    nações do mundo. Tomam o nome da mãe, e não o do pai.

    Pergunta-se a um lício quem é, e ele responde dando o seu próprio

    nome e o de sua mãe, e assim por diante, na linha feminina. Além

    disso, se uma mulher desposa um homem escravo, seus filhos são

    cidadãos integrais; mas se um homem livre desposa uma mulher

    estrangeira, ou vive com uma comcubina, embora seja ele a

     primeira pessoa do Estado, os filhos não terão qualquer direito à

    cidadania. (LARAIA, 2003, p.10).

    Para o historiador grego Heródoto, os lícios representam algo

    exótico, um povo que tem na mulher toda sua linha de referências

    hereditárias, isso para um grego é ainda mais exótico, pois sua cultura

    rejeita a figura feminina, esta não possui direitos e não é considerada nem

    mesmo uma cidadã. Mas, os exemplos de culturas diversas não estão

    apenas no passado, no Japão até pouco tempo, era costume que umdevedor praticasse o suicídio na véspera do ano novo, como uma maneira

    de limpar o nome de sua família. Para muitos povos africanos a

    obesidade entre as mulheres é sinal de saúde e sucesso na procriação,

    enquanto para os ciganos da Califórnia, a obesidade é considerada como

    um indicador de virilidade, mas também é utilizada para conseguir

     benefícios dos programas governamentais de bem-estar social, que a

    consideram como uma deficiência física.

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    FONTE: HTTP://KMSPAGU.FILES.WORDPRESS.COM / HTTP://WWW.GUIAGEO-ARTICO.COM 

    Como nos aponta o antropólogo Roque Laraia (2003), ao observar

    algumas regiões do Brasil, como por exemplo, o Norte, constataremos

    que a gravidez é tida como uma enfermidade, e a palavra “descansar” é

    usada para denominar o ato de parir. Por outro lado, na região Sul de

    nosso país, a palavra “descansar” significa morrer. Notamos que em poucas linhas podemos citar uma série de

    exemplos sobre as mais variadas configurações de cultura, que nos

    remetem a um grande quadro de diversidades. O desafio de qualquer

    indivíduo hoje é conviver e organizar dentro de um mesmo ambiente

    tantas formas diferentes de representações culturais. Para isso devemos

    antes de tudo entender como opera a cultura em cada indivíduo.

    1.3  Cultura e a visão de mundo do homem

    A antropóloga norte-americana, Ruth Benedict (1988) dizia que a

    cultura opera como uma lente de óculos, vemos o mundo a partir dela.

    Cada cultura tem a sua lente e por isso, cada cultura vê o mundo à sua

    maneira. Num exemplo bastante ilustrativo, o antropólogo Roque Laraia

    http://kmspagu.files.wordpress.com/http://kmspagu.files.wordpress.com/http://kmspagu.files.wordpress.com/http://kmspagu.files.wordpress.com/http://kmspagu.files.wordpress.com/http://kmspagu.files.wordpress.com/http://kmspagu.files.wordpress.com/http://kmspagu.files.wordpress.com/http://kmspagu.files.wordpress.com/http://kmspagu.files.wordpress.com/http://kmspagu.files.wordpress.com/http://www.guiageo-artico.com/http://www.guiageo-artico.com/http://www.guiageo-artico.com/http://www.guiageo-artico.com/http://www.guiageo-artico.com/http://www.guiageo-artico.com/http://www.guiageo-artico.com/http://www.guiageo-artico.com/http://www.guiageo-artico.com/http://www.guiageo-artico.com/http://www.guiageo-artico.com/http://www.guiageo-artico.com/http://kmspagu.files.wordpress.com/

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    Ao ato de julgar as culturas diferentes,damos o nome de etnocentrismo. Trata-

    se de colocar uma cultura comoreferência moral e de costumes e apartir dela entender as outras. Isto

    ocorreu no período do colonialismoquando os europeus julgaram as tribos

    africanas e americanas como selvagense não como apenas diferentes. Tal

    perspectiva de mundo ainda érecorrente, pois somos fruto de nossa

    cultura e temos a tendência desupervalorizá-la como a mais correta

    (2003) afirma, que, para nós, a floresta amazônica não passa de um

    amontoado de árvores e arbustos, porém, um índio Tupi tem dessa

    mesma floresta uma visão completamente distinta, cada uma das árvores

    que compõem o ambiente tem um significado e uma referência especial,servindo até mesmo como ponto de localização. Portanto, ao contrário de

    uma massa verde, a floresta ganha na visão deste povo uma forma bem

    definida.

    Infelizmente, essa lente chamada cultura condiciona nosso olhar e

    temos na maioria das vezes uma tendência de reagir depreciativamente

    diante de outras culturas. Tudo aquilo que é fora dos padrões de nossa

    realidade é tido como errado, feio e inaceitável.

    Mesmo vivendo num mundo globalizado, onde as culturas mais

    diversas estão em contato cada vez mais estreito, esta tendência de visão

    unilateral da cultura continua latente em todos nós. São inúmeros os

    exemplos, poderíamos começar pelo Oriente Médio onde extremistas

    religiosos vivem em conflito por não aceitarem

    religiões diferentes, o que naquele caso

    ganha proporções políticas e mundiais,

    é o caso da guerra entre palestinos e

     judeus. No caso de experiências

    mais próximas, poderíamos citar ocaso de imigrantes latinos que

    sofrem com a xenofobia de norte

    americanos e europeus, ou então o

     preconceito com os homossexuais.

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    CONEXÃO:Um triste e sério exemplo de

    preconceito é encontrado nos

    Estados Unidos. Um crescente

    número de pessoas tem aderidoaos grupos racistas, como o

    White Power, que divulgam

    abertamente seu ódio e

    vontade de extermínio de

    negros e imigrantes. Verifique:

    www.whitepower.com

    A forma como vemos o mundo, os valores

    morais e até mesmo a postura corporal são

    heranças culturais.

    Conforme nos apresenta Laraia, aforma como rimos também é cultural. Você

     já pensou nisso? Tente se lembrar da risada

    de uma japonesa ou chinesa, logo virá à

    cabeça uma risada discreta com as mãos na boca,

    enquanto nós brasileiros temos uma boa gargalhada para soltar num

    momento engraçado, de acordo com o autor:

    [...] atividades consideradas como parte da fisiologia humana

     podem refletir diferenças de cultura. Tomemos, por exemplo, o

    riso. Rir é uma propriedade do homem e dos primatas superiores.

    O riso se expressa, primariamente, através da contratação de

    determinados músculos da face e da emissão de um determinado

    tipo de som vocal. O riso exprime quase sempre um estado de

    alegria. Todos os homens riem, mas o fazem de maneira diferente

     por motivos diversos. A primeira vez que vimos um índio Kaapor

    rir foi um motivo de susto. A emissão sonora, profundamente alta,

    assemelhava-se a imaginários gritos de guerra e a expressão facial

    em nada se assemelhava com aquilo que estávamos acostumados aver (LARAIA, 2003, p. 68-69).

    Vale ressaltar que aquilo que é engraçado para um povo pode não

    ser para outros. Um filme pastelão americano, com tortas na cara de

    alguém pode não ser tão engraçado para um italiano que prefere uma

     piada bem temperada, sempre com uma dose de sexo.

    Fatos como a postura corporal e até a maneira de rir, podem

    interferir dentro do ambiente de trabalho e até mesmo facilitar ou

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     prejudicar o crescimento de um profissional dentro da empresa? A

    resposta é sim. Este é o desafio do gestor de pessoas, quando dentro de

    um ambiente de diversidade cultural, reconhecer as diferenças, sem a

    herança cultural do preconceito e encontrar saídas éticas para tornar oambiente harmonioso e produtivo para todos. Vejamos o caso a seguir.

    1.4  Estudo de caso: diversidade cultural na empresa

    O caso a seguir trata de um fato ocorrido dentro de uma empresa

    alemã, que se deparou com um problema de choque cultural e que foi

    solucionado de maneira ética.

    Ética e choque cultural na empresa

    Um consultor nos relata o caso de um profissional com excelente

    qualificação técnica, grande experiência e profundo senso de

    responsabilidade, que estava há muito tempo em uma organização. Ele

    tinha qualificação para ser promovido a diretor, mas estava estacionado

    no posto de gerente. Qual o motivo? Choque cultural, de acordo com o

    consultor. Tratava-se de uma empresa alemã cujo ambiente de trabalho

    era circunspecto, silencioso e formal. O temperamento do gerente era

    oposto. Alegre e expansivo, gostava de contar casos engraçados e de rir,chegando a fazer algumas ironias com a seriedade dos outros. Os

    diretores viam seu comportamento como imaturo e não confiável. "Não

    dá para confiar, ele é meio moleque", disse um dos diretores. "É

    inteligente, muito bem preparado, mas é um pouco fora do padrão."

    Diagnóstico do consultor

    O consultor apresentou à direção da empresa o diagnóstico de falta de

    afinidade cultural. Os diretores, segundo ele, concordaram com sua

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    avaliação “com extrema correção e sentido ético” e deixaram-no à

    vontade para encontrar outra oportunidade para aquele profissional. O

    consultor assim fez. Encontrou e ofereceu ao gerente um cargo de

    direção em outra companhia, proposta que ele prontamente aceitou.

    Autor: Flavio Farah. Disponível em: www.eticaempresarial.com.br

    Quando paramos para analisar, de maneira mais profunda (e por

    que não científica) nosso ambiente de trabalho, iremos descobrir as mais

    diferentes formas de atitude e comportamento, sobretudo, dentro de

    grandes empresas que atuam de maneira global no mercado. Notaremos

    aqueles que são mais fechados, falam apenas o necessário, aqueles que

    são explosivos e afetuosos ou os que são tímidos e falam muito baixo.

    Todos esses dados estão dentro de uma perspectiva maior de cultura,

    como já abordamos anteriormente, todas essas posturas são heranças

    culturais e merecem uma atenção maior. Num país de tanta diversidade

    como o Brasil, o cuidado com os fatores étnicos devem ser redobrados,

    assim como os indivíduos tem diferentes hábitos derivados de suas

    respectivas culturas, as empresas também possuem diferentes culturas de

    trabalho que facilmente entram em choque com seus colaboradores.

    Assim, torna-se fundamental para o gestor o aprimoramento e asensibilidade no olhar para saber lidar com as mais variadas situações

    que envolvam a diversidade cultural, evitando sempre qualquer forma de

     preconceito e estagnação por conta destas divergências.

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    1.5  Atividades

    1) A partir do caso  sobre choque cultural apresentado nesta

    unidade, responda: O que é confiabilidade? Como uma pessoa se tornaconfiável aos olhos de outra? De acordo com os dados disponíveis, a

    empresa tinha razões concretas para não confiar no profissional? Quais

    razões? Se não tinha, qual o verdadeiro problema?

    2) Podemos afirmar que a sociedade brasileira apresenta

    características etnocêntricas? Por quê?

    3) Como a sensibilidade no olhar e conhecimento antropológico

     podem ajudar o gestor de pessoas no manejamento de diversidades?

    1.6  Reflexão

    Viver em sociedade é muito mais complexo do que imaginamos, as

    diferentes culturas estão cada vez mais próximas e as tendências

    etnocêntricas que todos nós carregamos muitas vezes falam mais alto e

    interferem na organização de nosso meio. Mas, o que nos faz tão

    diferentes um dos outros? São muitos os fatores que tornaram os povostão diferentes, entre estes fatores, podemos destacar a adaptação ao meio

    como um ponto fundamental. No entanto, apesar das diferenças, a

    estrutura mental do homem é sempre lógica e racional, o que nos faz

    seres capazes, independente do grupo a que pertencemos. Não podemos

    deixar, portanto, que esta lente chamada cultura, pela qual vemos e

    compreendemos o mundo nos pregue peças, devemos saber administrar

    as diversidades, incorporá-las e respeitá-las acima de tudo. Os limites

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      Administração, Negócios e Recursos Humanos  Gerenciamento de Diversidades – Unidade 1

    culturais de cada indivíduo devem ser respeitados, afim de que este não

     perca sua identidade e valores.

    1.7  Leitura recomendada

    Livro: Antropologia do consumo: casos brasileiros, organizado por

    Carmen Migueles. Editora da Fundação Getúlio Vargas, 2007.

    O livro apresenta uma série de textos que não se limitam a casos

    tradicionais de negócios, mas ajudam a perceber como a antropologia

    auxilia na compreensão de toda a sociabilidade contemporânea. A partir

    das diferentes formas de consumo notaremos a riqueza da diversidade

    cultural brasileira e a importância de seu entendimento.

    1.8  Referências

    BENEDICT, R. O crisântemo e a espada. São Paulo: Perspectiva,

    1988.

    CAVEDON, N. Antropologia para administradores. Porto Alegre:

    UFRGS, 2008.

    LAHIRE, B. A cultura dos indivíduos. Porto Alegre: Artmed, 2006.LARAIA, R. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro:

    Zahar, 2003.

    1.9  Na próxima unidade

     Na próxima unidade iremos discutir questões sobre a formação do

     povo brasileiro e aprofundaremos as discussões sobre o preconceito.

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      Administração, Negócios e Recursos Humanos  Gerenciamento de Diversidades – Unidade 1

    Tentaremos ambientá-lo a partir de um olhar antropológico na complexa

    sociedade brasileira. Mostraremos que o preconceito é muito mais sério

    do que parece, e ao contrário do que pensamos, tem crescido com o

    tempo e não diminuído, ele acontece hoje de maneira velada e tambémexplícita, o que aumenta a responsabilidade do gestor na tarefa de

    administrar diversidades.

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    A FORMAÇÃO DADIVERSIDADE

    BRASILEIRA

    A maior marca do povo brasileiro é

     justamente a diversidade. É difícil caracterizar nossa

    identidade de maneira singular, pois a mistura esteve

     presente desde os períodos mais remotos da colonização.

    Fora a mistura ao longo tempo, a própria extensão do

    território contribui para o aparecimento de culturas locais

    muito diversas e heterogêneas. E quando pensamos emgerenciamento da diversidade, devemos antes, saber mais onde

    estamos pisando, conhecer a história da formação do povo

     brasileiro. Alguns povos foram dominados, outros dominantes,

    algumas regiões se desenvolveram, outras não. Tudo isso importa na

    hora de administrar pessoas dentro de um ambiente de trabalho.

    Objetivos da sua aprendizagemQue você possa compreender a formação do povo brasileiro e sua

    diversidade. É importante para o gestor conhecer a história e as

    características de cada cultura que forma o quadro mais amplo da

    identidade nacional. Que você entenda o Brasil e a gestação dos

     brasileiros.

    Você se lembra?Você se lembra de quantas palavras indígenas ou africanas

    compõem a língua portuguesa? Quantos hábitos do dia a dia

    vieram da mistura entre europeus, índios e africanos?

    Quantas comidas são típicas do Sul do país, ou do

    nordeste? E os ritmos musicais, Axé, Samba, Caipira?

    O Brasil é uma extensa e complexa rede demisturas. Vamos conhecer um pouco mais sobre

    isso?

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     Administração, Negócios e Recursos Humanos  Gerenciamento de Diversidades – Unidade 2

    2.1  O Brasil e a gestação dos brasileiros

    Quando falamos de povo brasileiro, falamos de um povo novo,

    apenas 500 anos de história e confluência de culturas que se dá sob aregência dos portugueses, numa mistura de matrizes (Ribeiro, 1995)

    díspares e tradições distintas. Um povo novo, porque é diferente de tudo

    aquilo que já existia no mundo, uma identidade a ser formada, e que

    ainda está em formação, um desafio sem heróis e sem romantismo.

    O Brasil surge no cenário mundial a partir das grandes navegações,

    Durante os séculos XV e XVI, os portugueses e também espanhóis

     buscam livrar-se dos intermediários turcos e italianos que vendiam

     produtos do Oriente e buscam, eles mesmos, um comércio mais

    dinâmico. Uma junção precoce para os quadros europeus entre burguesia

    e monarquia, deu a estes povos uma primazia na construção de

    embarcações e na arte de navegar que culminaram com o descobrimentode novas terras e a projeção do sistema colonialista. Como todos nós

    sabemos, dentre estas terras estava o Brasil, no entanto, não estava ainda

    o povo brasileiro, que se formaria a partir de então, com características

    de povos distintas gerando uma terceira cultura, ou melhor, no caso do

    Brasil, culturas.

    Esse povo novo, como nos ensina o antropólogo e político DarcyRibeiro em sua obra “O povo Brasileiro”, é novo e espanta pela

    inverossímil alegria e espantosa vontade de felicidade, num povo tão

    sacrificado, que alenta e comove a todos os brasileiros.

    Chama a atenção o fato de uma certa harmonia em nossos quadros

    sociais, não podemos nunca negar ou nos esquecer da escravidão e do

     preconceito que ainda enfrentamos contra negros, índios, nordestinos ou

     pobres. Porém, devemos destacar como algo positivo a ausência de

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    conflitos étnicos sérios, que geralmente dilaceram as sociedades pela

    oposição de componentes diferenciados e imiscíveis. O que aconteceu

    em nosso país foi justamente o contrário, uma vez que, apesar de

    sobreviverem na fisionomia dos brasileiros a grande mistura que somos,as culturas não se diferenciaram em minorias raciais antagônicas,

    vinculadas a lealdades étnicas próprias e disputantes de autonomia frente

    à nação (RIBEIRO, 1995).

    Iremos entender as misturas das principais matrizes e os o

    aparecimento dos brasis, como lemos acima, vivem até certo ponto de

    maneira harmoniosa e se toleram, apesar das grandes diferenças que

    carregam.

    2.2  As matrizes brasileiras

    Seria uma grande besteira acreditar que somos herdeiros de uma

    cultura lusitana, apesar dos portugueses terem regido nossa colonização e

    imposto de maneira coercitiva os padrões europeus por meio da língua e

    religião, nós brasileiros, temos diferenças singulares em relação aos

    europeus, isso por que temos em nossa origem as matrizes indígenas e

    africanas, que mesmo sufocadas dentro de um sistema colonialista,

    deixaram suas marcas culturais, que vão muito além dos estereótipos biológicos dos brasileiros.

    Entre as matrizes brasileiras destacamos a indígena (tupi), lusitana

    e africana, vejamos suas características:

    2.2.1 Os tupis

    Os grupos indígenas encontrados pelos portugueses no litoral

     brasileiro eram principalmente de tribos do tronco tupi que, havendo se

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    instalado uns séculos antes, ainda estavam desalojando antigos ocupantes

    oriundos de outras matrizes culturais (RIBEIRO, 1995). Eram cerca de 1

    milhão de índios, divididos em aldeias que variavam entre 300 e 2 mil

    habitantes. Tratava-se de um número relevante de habitantes, poisPortugal naquele momento tinha uma população de mesmo tamanho.

    Como nos aponta Darcy Ribeiro (1995), na escala da evolução

    cultural, os povos Tupis davam seus primeiros passos da revolução

    agrícola, superando assim a condição paleolítica. Dentro destas florestas

    tropicais, os tupis já haviam domesticado diversas plantas que pegavam

     para produzir nas aldeias em escalas maiores, como, por exemplo, a

    mandioca, que constitui uma façanha incrível, pois se tratava de uma

     planta venenosa a qual eles deviam, não apenas cultivar, mas também

    tratar adequadamente para extrair o ácido cianídrico, tornando-a

    comestível.

    Além de mandioca, os índios do litoral brasileiro cultivavam o

    milho, a batata doce, o amendoim, tabaco, feijão, abóbora entre outros, já

     podemos notar que aqui está uma grande influência de nossa culinária e

    atividade econômica. Os tupis cultivavam também dentro de suas aldeias

    o abacaxi, mamão, guaraná, erva-mate e algodão.

    Para o desenvolvimento de tais atividades, eles preparavam grandes

    roçados, derrubando árvores com machados de pedra e limpando osterrenos provocando queimadas. A agricultura permitiu aos tupis uma

    fartura enorme de alimentos, deixando-os menos dependentes da floresta

    tropical.

    Apesar das diversas tribos do litoral terem uma unidade linguística,

     pois pertenciam ao tronco tupi, conforme já dissemos anteriormente, eles

    não se organizaram de forma política, não atuaram de maneira

    organizada e unida, pois o estágio cultural evolutivo em que se

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    encontravam, fazia com que cada unidade étnica ao crescer, se dividisse

    em novas entidades autônomas que, afastando-se umas das outras, iam se

    tornando reciprocamente mais diferenciadas e hostis.

    Mesmo com a chegada os poderosos portugueses e oestabelecimento de um conflito aberto, os tupis não conseguiram se

    organizar para além de pequenas confederações regionais que logo

    desapareceram (RIBEIRO, 1995).

    A mais importante dessas confederações foi a dos Tamoios, que

    venceram várias batalhas e chegaram a destruir a capitania de Espírito

    Santo. Mas, foram vencidos pelas tropas indígenas aliciadas pelos

     jesuítas. Mesmo quando vencidos os índios não se deixavam dominar,

    eles resistiam à cultura do dominante e fugiam para organizar novos

    ataques. Essa resistência se explica pela própria simplicidade de suas

    organizações.

    Os índios brasileiros não conseguiam entender e se

    organizar em forma de Estado, por isso, era muito

    difícil sua dominação. A paz nunca era constante e

    estável o que exigiu um grande esforço dos

    portugueses para dominarem cada região.

    Os índios brasileiros não conseguiam entender e se organizar em

    forma de Estado, por isso, era muito difícil sua dominação. A paz nunca

    era constante e estável o que exigiu um grande esforço dos portugueses

     para dominarem cada região.

     Não podemos nos esquecer de uma importante característica dos

    índios tupi, os rituais de antropofagia. Eles viviam em constante

    guerra contra todas as outras tribos que estivessem nas proximidades de

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    sua área de expansão, e até mesmo contra tribos vizinhas de mesma

    matriz cultural. Nessas batalhas ocorria o aprisionamento de inimigos

    que, eram levados para os rituais de antropofagia e devorados pelos tupis.

     Nestes rituais os tupis acreditavam estar incorporando por meio da carnede seu inimigo, toda sua coragem e força. Darcy Ribeiro (1995, p. 34)

    relata algo interessante, que comprova a importância e a motivação

    desses rituais:

    Comprova a essa dinâmica o texto de Hans Staden, que três vezes

    foi levado a cerimônias de antropofagia e três vezes os índios se

    recusaram a comê-los, por que chorava e se sujava, pedindo clemência.

     Não se comia um covarde.

    A antropofagia era também um sinal do atraso relativo, é claro, dos

    índios tupi. Eles comiam seus prisioneiros de guerra porque, com a

    rudimentaridade de seu sistema produtivo, um cativo rendia pouco mais

    do que consumia, não existindo, então, incentivos para socializá-lo ao

    grupo como escravo.

    Portanto, para o

    antropólogo Darcy Ribeiro, amatriz indígena foi muito

    importante para a formação do

     povo brasileiro, esta deixou, além

    das características físicas que

    compõem a população brasileira,FONTE: HTTP://IMAGES.GOOGLE.COM.BR

    http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/

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    uma gama de conhecimentos acerca de plantas medicinais, a culinários e

    hábitos como, por exemplo, o banho diário, algo não muito comum entre

    os primeiros europeus que aqui desembarcaram.

     Não podemos nos esquecer, porém, que ao longo da história os portugueses dizimaram mais de 800 tribos indígenas, não deixando se

    quer vestígios de suas culturas, dos 5 milhões de índios que viviam no

    Brasil, hoje restam pouco mais de 250 mil. Os índios foram fundamentais

     para o sucesso da exploração do território brasileiro, por meio do sistema

    de cunhadismo, os portugueses se aproximaram aos poucos dos índios e

    os fizeram trabalhar em prol da coroa portuguesa. Esse sistema tratava-se

    do artifício de se casar com as índias, entrando assim para o grupo

    indígena, fazendo com a tribo passasse a trabalhar quase que

    exclusivamente para os brancos.

    2.2.2 Os negros

    O engenho açucareiro, primeira forma de empresa agroindustrial

    exportadora foi durante muito tempo uma ótima saída econômica para o

    enriquecimento e complemento da economia portuguesa. O primeiro

    modo de produzir e agir dos brasileiros se dará, portanto, dentro dos

    engenhos de açúcar. Os primeiros engenhos surgem antes de 1520 erapidamente se espalham por todos os pontos da costa habitada por

     portugueses. Com a popularização do açúcar, os grandes engenhos saltam

    de 50 para 200. É impossível pensar a colonização e ocupação de nosso

    território sem essas grandes empresas. A aproximação das matrizes

    lusitana, negra e indígena se dará dentro dessa realidade.

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    Os índios apesar de estarem presentes dentro dos

    engenhos como escravos e agregados dos

    senhores, não representavam uma força de

    trabalho facilmente disciplinável e explorável

    (RIBEIRO, 1995, p. 274). 

    A saída para a produção em escala mundial de cana-de-açúcar, em

    face das dificuldades apresentadas pela domesticação dos índios, foi a

    importação de trabalhadores africanos. Dentro dos engenhos trabalharammais de 30 mil escravos africanos trazidos entre os séculos XVI e XIX.

    “A coroa permitia a cada senhor de engenho importar até 120

    “peças”, mas nunca foi limitado seu direito de comprar escravos nos

    mercados” (RIBEIRO, 1995, p. 161). Não se sabe ao certo sobre o

    número exato de escravos negros trazidos ao Brasil, mas estima-se algo

    em torno de 4 milhões, um número significativo, pode-se dizer

    assustador. Assim como não sabemos os números exatos, também não

    existem estimativas sobre a distribuição dessa população por sexo,

     porém, alguns estudos apontam que entravam em média quatro mulheres

     para cada homem. Boa parte dessas mulheres eram luxo dos senhores

     proprietários de terras e seus capatazes. Algumas viravam mucamas e até

    se incorporavam à família, como amas de leite.

    Algumas negras despertavam o prazer dos senhores e o ciúme das

    senhoras, estas mandavam então que arrancassem todos os dentes de tais

    escravas e as colocassem no trabalho pesado, eram essas as mulheres

    envelhecidas e largadas que os escravos homens tinham acesso para

     produzir crioulos.

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    Como todos os povos em

    qualquer parte do mundo os Africanos

     possuíam sua própria cultura, suas

    crenças, seus costumes, religiões e seumodo de vida. Os europeus, por sua

    vez, também possuíam sua própria

    cultura, porém, julgavam a cultura dos

    negros como inferior, eles impuseram que os negros incorporassem o

    modo de vida europeu, descartando assim a cultura africana dos negros.

    (VALENTE, 2002). Nesse período realizar caçadas humanas e escravizar

    negros era um grande mérito, era uma maneira de livrar o negro de seu

    atraso evolutivo aproximando-o dos deuses brancos.

    Quando os portugueses trouxeram os africanos para o Brasil,

    usaram o argumento de que os negros já eram escravos na África, na

    verdade existiam disputas de terras entre as tribos onde a tribo vencedora

    escravizava a derrotada, podendo a situação ser revertida ou mesmo se

    tornarem amigas.

    Depois de escravizados, os negros já sabiam suas tarefas, mesmo

    assim trabalhavam sob chicote, eram sempre castigados e viviam em

     péssimas condições de vida nas senzalas, a expectativa de vida dos

    negros era muito baixa. As escravas além de sofrerem os castigos,chibatadas e trabalharem como os escravos homens, sofriam uma grande

    humilhação, algumas trabalhavam dentro da casa grande, eram

    molestadas e abusadas sexualmente, pois eram propriedades deles, as

    escravas que ficavam na senzala tinham o dever de procriar, eram

    obrigadas a manterem relação sexual com vários parceiros e isto

    fortalecia a ideia de animalidade.

    FONTE: HTTP://IMAGES.GOOGLE.COM.BR 

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    Muitos negros não aceitavam a situação em que viviam, alguns se

    matavam, outros fugiam e outros fingiam que aceitavam a situação para

    sofrerem menos castigos. (VALENTE, 2002).

     Na compra de escravos os portugueses separavam membros damesma família e negros que se entendiam, para dificultar a comunicação

    entre eles e evitar assim revoltas e fugas. Mesmo assim alguns

    conseguiam se organizar e provocar algumas revoltas, pois não

    aceitavam as condições em que viviam.

    Muitos negros encontraram no catolicismo, uma maneira de serem

    tratados com menos violência, eles fingiam que deixavam de acreditar

    nos seus orixás e se tornavam católicos assim como os Europeus. Outra

    forma de resistência por parte dos negros foram os quilombos, que eram

    lugares de difícil acesso e afastados, quando encontrados, os negros

    sofriam ataques e eram massacrados. (VALENTE, 2002).

    Durante muito tempo procurou-se nos relatos de história ocultar a

    rebeldia dos negros contra a escravidão. E a passividade do negro foi

    aceita como consensual devido à escassez ou à ausência de documentos

    sobre as revoltas dos negros, as quais a visão colonialista procurou

    esconder e destruir.

    Os quilombos, ou seja, estabelecimento de negros que escapavam à

    escravidão pela fuga e recompunham no Brasil formas de organizaçãosemelhante às africanas, existiram centenas no Brasil colonial. Palmares

    foi um desses quilombos e certamente o mais importante. (FAUSTO,

    2004, p. 52).

    Os quilombos eram locais afastados e escondidos na mata, onde os

    negros se refugiavam, nesse local, os negros resgatavam seus valores e

    crenças que haviam sido ocultados pelos europeus; existiu um grande

    número de quilombos na época da escravidão, os negros se organizavam

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     para garantir sua sobrevivência e defender-se dos ataques dos capitães-

    do-mato. Nos quilombos era possível o desenvolvimento do estilo de

    vida africana, onde os negros reunidos possuíam características e rituais

     próprios. (VALENTE, 2002).Com a proclamação da independência, o país necessitava do seu

    reconhecimento de autonomia por parte dos outros países, e

     principalmente do apoio inglês. Embora o Brasil tivesse continuado com

    o tráfico de escravos, ficava cada vez mais difícil adquiri-los, pois os

     preços aumentavam devido á dificuldade de comercialização.

    Algumas leis surgiram em função da libertação dos escravos,

    assim, como a lei do Vento Livre (1871), que fixou que todos os filhos de

    mulheres escravas, a partir daquela data, seriam considerados livres; e em

    1885 surge a lei dos Sexagenários  que estabelecia que os escravos a

     partir dos 60 anos deixariam de ser propriedade de alguém e se tornariam

    livres. Mas, como uma criança livre com a mãe escrava sobreviveria fora

    da senzala? Ou, mesmo um idoso que foi escravo a vida inteira e depois

    de idoso seria uma pessoa livre sem ter onde ficar e nem mesmo o que

    comer? Notamos que o interesse pelo fim da escravidão não era grande,

    as pressões inglesas aumentavam e, por essa questão em 1888 surgiu a

    Lei Áurea assinada pela princesa Isabel onde se estabelecia o fim da

    escravidão no Brasil. (VALENTE, 2002).Depois da abolição da escravidão, os ex-escravos passaram a

    disputar as vagas existentes com os imigrantes e dessa forma a

    discriminação teve mais um reforço, pois os negros eram considerados

    inferiores aos brancos, portanto a etnia era um critério para a seleção dos

    trabalhadores, obviamente os brancos ocupavam a maioria das vagas,

    restavam para os negros os trabalhos mais humilhantes. Dessa forma, os

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    negros passaram a fazer parte da ‘baixa classe’, enquanto os brancos se

    tornaram os mais privilegiados.

    Isso se reflete até os dias atuais, uma pesquisa realizada pelo

    Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudo Sócio-econômicos(DIEESE) na grande São Paulo revelou que a porcentagem de negros

    desempregados é maior que a de brancos.

    Essa é uma das matrizes que compuseram a identidade brasileira e

    assim como os índios deixaram seu registro nos tipos físicos e culturais

     brasileiro, suas palavras, as danças, comidas e práticas religiosas

    entraram com uma enorme singularidade na identidade do chamado povo

    novo.

    2.2.3 Os lusitanos

    Diferente dos povos que aqui encontraram, todos eles estabelecidos

    em sistemas tribais autônomos e não estratificada em classes, os

    invasores eram uma presença local avançada de organização urbana e

    classista. Seu centro de decisão estava distante, nas longuras de Lisboa

    (RIBEIRO, 1995), dotada de muitos serviços, sobretudo que planificava

    e ordenava todas as ações. Entre os protagonistas desta organização,

    estava a Igreja católica, com seu braço repressivo, o Santo Ofício. Não é necessário grandes explanações sobre a cultura portuguesa,

    uma vez que esta predominou sobre as outras e tem como maior

    característica deixada a língua, a religião e organização racional do

    Estado. Os europeus sempre estiveram numa posição privilegiada, pelo

    menos durante os períodos que antecedem o ciclo do café. Veremos a

    seguir mais sobre a formação do povo brasileiro a partir da mistura destas

    matrizes.

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    cada vez mais alinhavada e a expansão pelo território a procura de gado e

     pasto acarretou também em uma população que foi surgindo com essa

    unificação.

     – caboclos

    Sua formação se deu na região da Amazônia, onde houve grande

    emigração a fim de ser feita extração dos seringais. Essa ocupação de

    uma das regiões mais ricas do mundo também foi estopim para

    dizimação de certos povos indígenas e devastação da floresta mais densa

    da Terra.

    A princípio, os lusitanos que desejavam fazer a exploração da

    região, juntamente com mestiços e negros, tomaram posse do território

     para impedir as invasões estrangeiras. Vendo oportunidade de lucro, não

    dispensaram a escravização indígena, fazendo-os até cristianizados pelos

     jesuítas. E ainda, expulsando os catequizadores sobrou na região um

     povo mestiço e explorado traumaticamente.

    A despeito da ocupação dos portugueses houve uma desintegração

    cultural e minoração de muitas etnias indígenas. Contudo, muitos povos

    se adaptaram com as doenças dos brancos e seu rítmo de vida, para que a

     própria cultura e gente não fossem fragilizadas. Aqui, o processo deaculturação também ocasionou uma nova etnia, os cablocos.

    Darcy Ribeiro destaca, ainda, o aparecimento de caipiras do

    sudeste e centro-oeste, crioulos do litoral e gaúchos das campanhas

    sulinas, além dos ítalos brasileiros, nipo brasileiros, etc.

     Notamos aqui, a complexidade do povo brasileiro, somos uma

    nação em construção e ainda existem muitas arestas da história para

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    aparar. Esta pequena unidade mostra a importância que há em conhecer

    melhor nosso país e nosso povo. O gestor de pessoas deve entender que

    ao manejar indivíduos, está na verdade, manejando uma consequência

    desses 500 anos de história de misturas e escravidão, de preconceitos etransformações culturais. E mais, devemos compreender que muitas

    etnias ainda não encontraram seu lugar e que o mercado de trabalho é

    também um campo de forças simbólicas onde as lutas acontecem e se

     busca autoafirmação.

    2.4  Reflexão

    São 500 anos de história de misturas e reinvenções das culturas,

    temos hoje, uma diversidade rara, um país constituído pelos mais

    diferentes costumes, hábitos e particularidades que, no entanto, tem sua

    unidade e uma harmonia invejável. É importante salientar, que, por

    diferenças muito menores, existiram e ainda existem grandes conflitos

    entre países e povos de uma mesma nação. Essa constatação não pode,

    contudo, fechar nossos olhos para as desigualdades de oportunidade entre

    estas culturas. O importante é ter a consciência de que somos uma nação

    com suas alteridades e devemos trabalhar para mudança desse quadro,

    sabendo utilizar as diversidades em prol do desenvolvimento dos grupossociais e do mercado.

    2.5  Leitura recomenda

    Livro: Casa Grande & Senzala. Autor Gilberto Freyre. Editora

    Global, 2006.

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    Essa obra, durante muito tempo rejeitada pela academia, traz um

    visão romântica das relações estabelecidas entre senhores de engenho,

    suas famílias e os negros. A leitura nos leva de volta para o período

    escravocrata e nos ajudar a compreender as hibridações ocorridas aolongo de nossa história.

    2.6  Referências

    RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil.

    São Paulo: Cia das Letras, 1995.

    VALENTE, A. L. O negro no Brasil hoje. São Paulo: contexto, 2002.

    2.7  Na próxima unidade

    Vimos nesta unidade um pouco das matrizes responsáveis pela

    formação do povo brasileiro, notamos que o contexto histórico em que

    estava inserida cada uma das etnias eram bem diferentes. Os lusitanos

    eram os invasores e posteriormente os colonizadores, os índios eram os

    nativos, vistos como selvagens foram aliciados, escravizados e

    catequizados, por último, os negros vieram para a realização de umtrabalho escravo. Na próxima unidade veremos os desdobramentos dessa

    história de diversidades no Brasil, uma vez que na colonização alguns

    dominaram e outros foram dominados, estabeleceu-se uma relação de

    discriminação e luta no cenário brasileiro. Esta realidade deve ser muito

     bem compreendida por aqueles que atuam no plano da gestão de pessoas,

    devemos sair da superficialidade e explorar com maior propriedade tal

    questão. 

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    A LUTA CONTRA ADISCRIMINAÇÃO NO

    CENÁRIO BRASILEIRO

    Apesar dos mais de 100 anos que nos

    separam do período escravocrata brasileiro,

    encontramos claras situações de preconceito e

    desigualdade, deixando nítido para todos nós que mesmo

    colocando um fim na escravidão, não conseguimos ainda

    acabar com sua obra, como diria Caetano Veloso, parafraseandoo poeta Nabuco, é preciso acabar com a obra da escravidão, é

     preciso destruir o preconceito. A gravidade e importância do tema é

    grande, todos aqueles que atuam na gestão de pessoas, devem

    obrigatoriamente refletir sobre tais questões e atuar de maneira

    afirmativa.

    Objetivos da sua aprendizagem

    Que você entenda a importância das lutas contra discriminação no

    cenário brasileiro e possa estabelecer relações diretas com seu ambiente

    de trabalho e seu meio de maneira geral, para refletir e atuar de

    maneira ética e afirmativa.

    Você se lembra?

    Você se lembra das intermináveis aulas de história

    dos tempos de colégio, em que aprendia sobre a

    escravidão, nazismo e fascismo? Tudo aquilo parecia tão distante de nós e por isso mesmo é

    que elas estavam nas aulas de história, pois

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    nos remetiam ao passado. Porém, com um olhar um pouco sensível e

     preparado, descobriremos que, na verdade, todos aqueles momentos se

    repetem e ainda fazem parte nosso presente. O racismo, a ideia de

    supremacia das raças e o xenofobismo, mostram suas garras e ganhamforça em todo o mundo. Vejamos!

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    3.1  A discr iminação no cenário brasileiro

    É sabido que, nos últimos anos, as empresas têm procurado nutrir

    as expectativas constitucionais, mantendo um quadro de administradores bastante multifacetado do ponto de vista do gênero e da etnia, o que lhes

    garante a tão almejada heterogeneidade cultural. Essa prática, além de ser

     benéfica e enriquecedora para a instituição em si, carrega um mérito

    ainda maior, ainda mais nobre, ainda mais ético: o combate ao

     preconceito e às posições discriminatórias. Comportamentos racistas,

     preconceituosos, xenófobos e pré-julgamentos são muito mais comuns do

    que a mídia costuma assumir. Diz-se que o Brasil, graças a seu caldo de

    miscigenação, não carrega preconceito algum e que todas as variantes

    culturais coabitam em plena harmonia. Essa é mais uma das inúmeras

    ilusões culturais que precisam ser desmitificadas. Atitudes

    discriminatórias existem, e sejam elas veladas ou manifestas precisam sercombatidas com a mesma força e intensidade com que são praticadas.

    Embora muito se tenha feito no plano das políticas públicas e no

     plano constitucional, atitudes absolutamente detestáveis e desumanas

    acontecem nos mais variados lugares do Brasil. Um dos casos mais

     pasmosos, aconteceu no dia 21 de maio de 2009, quando uma casal de

    namorados foi morto por supostos neonazistas no Paraná. Segundo odelegado Miguel Stadler, as mortes estavam vinculadas a uma disputa da

    liderança do movimento dos neonazistas no Brasil, que tem como

    fundamento a segregação e discriminação de “raças” e comportamentos

    tidos por eles como inferiores – negros, homossexuais e judeus,

    sobretudo. Leiamos à reportagem:

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    “Eles assassinaram premeditadamente e friamente dois jovens por

    motivos incrivelmente banais. Esta não é a primeira vez que a polícia doParaná se depara com criminosos envolvidos com movimentos violentos

    e discriminatórios", declarou o secretário. O economista Ricardo Barollo,

    XENOFOBIA

    É um comportamento associado à aversão a outras etnias e culturas.

    Em outros termos, diz respeito ao medo ou ao combate declarado em

    relação a grupos diferentes. As práticas xenofóbicas levam a

     preconceitos etnicos, de gênero ou ligados a nacionalidade. Os mais

    extremados pregam o extermínio geral dos grupos discriminados, os

    menos violentos pregam o fim da imigraçao, visando a “preservar” a

    cultura de seu povo. As duas posturas, todavia, são inaceitáveis. Acriação de estereótipos discriminatórios dos grupos minoritários é

    alimentada pelo que chamamos de pré-julgamento. O pré- julgamento é

    uma ideia, um conceito prévio e generalizante, frequentemente

     pejorativo e equivocado diante daquilo ou de quem não se conhece. O

     pré-julgamento advém da falta de informação ou de informaçoes

    equívocas amplamente disseminadas pelo senso-comum, por exemplo,

    a ideia de que o brasileiro tem um “jeitinho” malandro na resolução

    dos problemas, de que a mulher brasileira é fácil objeto sexual, de que

    o índio é preguiçoso, de que os asiáticos não são higiênicos,de que o

    negro é mais braçal e menos intelectual. A xenofobia foi uma das bases

    constitutivas do ideais políticos arianistas e nazistas. 

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    34 anos, e outras cinco pessoas acusadas de participar - direta e

    indiretamente - do assassinato em Quatro Barras (PR), na região

    metropolitana de Curitiba, foram apresentadas neste sábado, após

    serem presas em uma operação policial com 40 integrantes em três

    Estados. Na ação conjunta, outros 16 mandados de busca e apreensão

     foram cumpridos, resultando na apreensão de material de apologia ao

    nazismo. Bernardo Dayrell Pedroso, 24 anos, e Renata Waeschter

    Ferreira, 21 anos, foram mortos a tiros na madrugada do dia 21 de abril,

    quando teriam participado, junto com Ricardo, de uma festa emcomemoração ao 120º aniversário do líder nazista Adolf Hitler. A morte

    do casal teria sido planejada pelos seis detidos. "Barollo seria a

    mandante do crime, já que em 2007, Bernardo se separou do movimento

    liderado por Barollo em todo o Brasil por conta de desentendimentos e

    agora Barollo queria colocar um novo líder no Paraná para retomar o

    controle", explicou o delegado Francisco Caricati. Redação Terra.

    FONTE : HHTTP://IMAGES.GOOGLE.COM.BR /  HTTP://IMAGES.GOOGLE.COM.BR 

    http://3.bp.blogspot.com/_FhL94TPkgcY/SyY2PXE5UwI/AAAAAAAAARk/DzrylD87vfY/s1600-h/skinheadsqa6.jpg

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    Ricardo Barollo, supracitado na reportagem é um economista de 34

    anos que, embora negue contundentemente, é fascinadamente motivado

     pelo ideário nazista de Adolf Hitler. No grupo do Barollo, havia cerca de

    50 membros, que contribuíam com uma mensalidade, além de passarem por uma difícil prova de conhecimentos gerais antes de serem

    agremiados. O grupo seguia uma espécie de filosofia “socialista” e se

    ajudavam entre si na mesma proporção que discriminavam os assim

    chamados “não arianos”. Barollo também nutria o projeto de criar um

     país nazista independente no Brasil, sem influências de homossexuais,

    negros e judeus. A  Neuland   (nova terra em alemão) já tinha bandeira,

    constituição e esboço de onde seria “instalada”.

    A Internet também nos apresenta inúmeros sites de

    relacionamentos nada inofensivos, o mais famoso no Brasil é o Orkut.

    Grupos xenófobos, racistas, neonazistas, adoradores de Hitler não se

     preocupam em esconder sua vontade de extermínio. A comunidade

    chamada Extrema Direita –  Ordem Nacional publicou o seguinte:

    Está cansado de viver numa nação insolente? Dominada por

    marginais, drogas e pedintes? Cansado de ver a parada gay, pois

    isso não é um bom exemplo as futuras gerações? Cansado de

     políticos corruptos que não são punidos? Você que é a favor da

     pena de morte para crimes hediondos e acha medíocre essas

     propostas de desarmamento (“Sou da Paz”), que apenas desarmam

     pessoas de bem que ficam a mercê dos bandidos. Você que

    concorda com que os presos trabalhem para pagar suas comidas e

    roupas e que crianças da FEBEM entrem no exército para criar

    disciplina. Você que quer ver o Brasil soberano e mesmo que para

    isso seja necessário sangue e morte. Seja bem vindo! OS:

    Comunistas não são e nunca serão bem vindos.

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     Notamos no trecho acima um forte tom de intolerância, um

    discurso recheado de incitação à violência para fins de progresso. Trata-

    se de um discurso perigoso, mas que ganha ecos nas mais variadas

    camadas sociais da sociedade brasileira. Não podemos nos esquecer do passado e repensar a ação de grupos, como a Ação Integralista Brasileira

    (AIB), liderada por Plínio Salgado que, durante os anos de 1930,

    defendia o fascismo e acabou por fomentar o golpe do Estado Novo de

    Vargas, que perseguiu e torturou todos aqueles que lutavam por liberdade

    de expressão e igualdade de direitos. A AIB tinha seu próprio

    cumprimento, seu símbolo e uniforme, tudo inspirado no modelo nazista,

    era a favor do golpe, contra a democracia e defendiam a ditadura. Essa

    ideologia ganhou força nas grandes cidades do país e em especial nos

    estados do Sul, onde o número de imigrantes europeus sempre foi

    relevante. Ainda hoje, no entanto, esses ideais encontram-se presentes em

    nossa sociedade, assustadoramente, jovens engrossam as fileiras e

    comunidades destes grupos que a supremacia de uma raça e o extermínio

    das demais.

    Em nosso país, os neonazistas

    adotam um caráter patriota,

    ultranacionalista, conservador, fascista e

    integralista, demonstrando cada vezmais o sentimento de preconceito e

    intolerância para com nordestinos,

    negros, índios, ciganos, homossexuais e

     portadores de doenças físicas e mentais,

    em casos especiais até prostitutas e judeus são vítimas. 

    http://2.bp.blogspot.com/_5PVLUs5uXe8/R-0HUTbdIDI/AAAAAAAABB8/sAaFMlnlVd4/s1600-h/racismo.jpg

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    Mas o que será que leva um indivíduo a filiar-se a um movimento

    tão fanático? Uma das hipóteses levantadas é o imperativo incontrolável

    de realização de um sentido para vida por meio do sentimento que

     pertença a uma categoria social. Esse sentimento faz com que se atribua

     predicados positivos e hegemônicos aos membros desse grupo e

     predicados depreciativos e negativos aos do outro grupo. A isso, Tajfel

    Uma outra história americana 

    Derek Vinyard (Edward Norton) é um jovem que

     precocemente viveu o trauma de perder seu pai, um bombeiro,

    que ao tentar apagar um incêndio em um bairro negro acabou

    sendo baleado. Incitado pelo seu ódio aos negros e às minorias,

    Derek torna-se líder de um grupo violento neo-na zi, e

    transforma-se em uma referência para os jovens brancos e

     preconceituosos de seu bairro, que o idolatram e seguem o seu pensamento. As consequencias serao nefastas. Não deixe de

    assitir e tirar suas conclusoes. A leitura cuidadosa desse capítulo

    lhe ajudará a compreender as questões sociais e históricas que

    subjazem a trama.

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    (1982), nomeou favoritismo endogrupal e foi explicado pela Teoria da

    Identidade Social. O favoritismo é oriundo da necessidade de

    conservação de uma autoestima positiva endogrupal, construída mediante

    uma imagem favorável a que se pertence (endogrupo) e umadesfavorável do outro grupo (exogrupo).

    3.2  Dia Internacional contra a discr iminação

     No dia 21 de março de 1960, na cidade de Joanesburgo, capital da

    África do Sul, 20 mil negros protestavam contra a lei do passe, que os

    obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por

    onde eles podiam circular. No bairro de Shaperville, os manifestantes se

    depararam com tropas do exército.

    Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou sobre a

    multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186. Esta ação ficou

    conhecida como o Massacre de Shaperville. Em memória à tragédia, a

    ONU – Organização das Nações Unidas – instituiu 21 de março como o

    Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.

    Fonte: Geledés (www.geledes.org.br).

    Apenas 21 países, dos 192 que compõem a ONU, não ratificaram a

    Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as Formas deDiscriminação Racial. A Convenção lembra que todas as teorias de

    superioridade, baseadas em diferenças raciais, são consideradas

    "cientificamente falsas, moralmente condenáveis, socialmente injustas e

     perigosas, e que não existe justificativa, onde quer que seja, para a

    discriminação racial, nem na teoria e tampouco na prática".

    Os países que assinaram a Convenção têm o compromisso de lutar

    contundentemente contra todo e qualquer ato discriminatório, inclusive,

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    implementando políticas especiais e concretas "para assegurar o

    desenvolvimento e a proteção de certos grupos raciais ou de igualdade de

    condições”.

    Abaixo, um dos maiores líderes da luta contra discriminação, oamericano Martin Luther King Jr, o mais jovem ganhador do prêmio

     Nobel da paz, que morreu assassinado em 1968, por grupos de extrema

    direita.

    3.3  Reflexão

    FONTE: HTTP://IMAGES.GOOGLE.COM.BR

    Diante de tantas ações preconceituosas e racistas, tanta

    desigualdade e miséria, nos sentimos muitas vezes impotentes e

     preferimos não pensar sobre tais questões, achamos que isso não faz

     parte de nosso papel na sociedade e continuamos na rotina do dia, do

    trabalho, fechando os olhos para as lutas e necessidades da sociedade. No

    entanto, todos nós somos responsáveis por estas lutas e fechar os olhos é

    dar espaço para ignorância e intolerância. A responsabilidade aumenta

    ainda mais quando se trata de indivíduos que atuam nas pequenas,

    http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/http://images.google.com.br/

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    médias e grandes corporações, pois essas reproduzem e são responsáveis

     pela conservação de boa parte das ideologias fascistas e discriminatórias.

    Refletir sobre a sua atuação e sua relação com a diversidade dentro do

    mercado de trabalho é um grande passo para a luta contra adiscriminação e o preconceito. Os gestores de RH, em última instância,

    são formadores de opinião e sua postura afirmativa diante das minorias

     pode trazer grandes avanços nesta luta.

    3.4  Leitura recomendada

    Livro: Psicologia De Massas Do Fascismo. Autor: Wilhelm Reich.

    Martins Editora, 2001.

     Nessa obra, Reich aponta os perigos do fascismo. Como este se

    encontra presente nas massas, em nossas mentes e como o reproduzimos

    de maneira velada. Este estudo clássico é uma contribuição única à

    compreensão de um dos fenômenos cruciais do nosso tempo. Para Reich,

    o fascismo é a expressão da estrutura irracional do caráter do homem

    médio, cujas necessidades biológicas e primárias e cujos impulsos são

    reprimidos há milênios.

    3.5  Referências

    TAJFEL, Henri. Grupos Humanos e Categorias Sociais – Estudos

    em Psicologia Social – Vol. I. Lisboa: Livros Horizonte, 1982.

    TAJFEL, Henri. Grupos Humanos e Categorias Sociais – Estudos

    em Psicologia Social – Vol. II. Lisboa: Livros Horizonte, 1982.

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    LARAIA, R. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro:

    Zahar, 2003.

    3.6  Na próxima unidade

     Na próxima unidade discutiremos mais sobre a diversidade. Apesar

    de utilizarmos muito esta palavra, não imaginamos o que ela carrega

    enquanto um conceito antropológico e histórico. Trata-se de um termo

    um tanto quanto recente na história da sociedade para designar a luta das

    diferentes culturas que, estão hoje num mundo globalizado, convivendo,

    ora harmoniosamente, ora turbulentamente. O conceito de diversidade

    nos remete a um passado de ações afirmativas que nascem nos países

    desenvolvidos, após muitos enfrentamentos urbanos e também políticos e

    hoje ganham o mundo, inclusive o mundo corporativo que se atenta cada

    vez mais para tal questão.

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    DIVERSIDADE:CONCEITO E HISTÓRIA.

    As empresas brasileiras atuam num

    contexto cultural bastante diversificado, no

    entanto, a preocupação com tema diversidade é

    recente. Iremos nesta unidade conceituar a diversidade

    cultural, o porquê de sua importância, a origem de seus

    debates e seus avanços no Brasil.

    Objetivos de sua aprendizagem

    Que você entenda o conceito de diversidade cultural e possa

    estabelecer relações com seu ambiente de trabalho na tentativa de

    transformar a dinâmica organizacional contemporânea.

    Você se lembra?

    Você se lembra de quantas vezes ouviu dizer com orgulho que

    vive num país miscigenado? Desde pequenos aprendemos na escola que

    vivemos num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza,

    como disse Jorge Ben. Porém, quando analisamos a sociedade demaneira estratificada, percebemos que existem grandes obstáculos a

    serem transpassados, um caminho dos caminhos com certeza é o

     bom gerenciamento das diversidades.

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    A autora Darcy Hanashiro(2008) define di versidade

    como grupos de pessoas quese distinguem de outras, poralgum fator, mais visível ou

    menos visível.

    4.1  Sobre a diversidade. O que é isso?

    É sempre bom retomar alguns pontos antes

    avançarmos em outros. Falamos muito dediversidade, vale ressaltar mais uma vez a

    definição deste conceito, pois toda a discussão

    seguinte baseia-se nesse conceito. Para Maria

    Tereza Fleury (2000), a diversidade é “como um mix

    de pessoas com identidades diferentes interagindo no mesmo

    sistema social. Nesses sistemas, coexistem grupos de maioria e minoria”.

    Podemos encontrar muitas definições sobre o termo diversidade,

    esta, se diferencia em alguns aspectos, mas estarão sempre

    trazendo a ideia de culturas distintas convivendo num mesmo

    universo.

     Nós brasileiros nos orgulhamos de nossa origem diversificada, noentanto, quando analisamos a relação entre os dados materiais,

    econômicos e a origem racial, notamos que, na verdade, temos grandes

    discrepâncias culturais, no que diz respeito ao acesso aos níveis mais

    elevados de estudo e posição de destaque no mercado de trabalho. No

    Brasil o tema da diversidade cultural é recente nas agendas de discussão,

     basicamente, trata-se de uma temática trazida e encorajada por empresasinternacional que aqui se instalaram e do avanço das lutas de grupos

    minoritários no Brasil.

     No vocabulário da área de recursos humanos, o termo diversidade

    ainda não adquiriu um significado conceitual consistente (HANASHIRO,

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    Para facilitar nosso entendimento, podemos pensar a diversidade

    como oposto de homogeneidade. Dentro das organizações, a diversidade

    é tipicamente vista como um composto de variações em gênero, etnia,

    nacionalidade, orientação sexual, habilidades físicas, classe social, idadee outras categorizações socialmente significativas (HANASHIRO, 2008).

    Existem, ainda, outras formas de pensar a diversidade, por

    exemplo, agrupando-a em três categorias sugeridas, segundo Hanashiro

    (2008), por Jackson e Ruderman (1999).

     – Diversidade Demográfica: baseada em gênero, etnia, idade;

     – Diversidade psicológica: com base em valores, crenças e

    conhecimento;

     – Diversidade organizacional: fundamentada em tempo de casa,

    ocupação, nível hierárquico.

    Portanto, quando observamos uma organização, devemos entender

    os diferentes estratos que compõem o ambiente, são muitas as variáveis

     possíveis de diversidade, um grande quebra-cabeça que necessita ser

    entendido e relevado, cada peça tem sua particularidade, suaindividualidade, porém, pode perfeitamente encaixar-se com outras

    também diferentes, formando então, um quadro harmonioso.

    Devemos compreender que, algumas dessas características acima

    citadas da diversidade, são facilmente reconhecidas dentro de um grupo,

     por exemplo, idade, gênero, etnia e orientação sexual, porém, o gestor

    deve ter a sensibilidade de entender que existem outros fatores

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    escondidos, mais discretos, que contribuem para lapidação de um grupo e

    sua diversidade particular.

    Mas, quais são os atributos escondidos que fomentam a

    diversidade cultural e muitas vezes não enxergamos?Crença, personalidade, valores e habilidades, são partes desses

    detalhes, também fazem a diferença entre os indivíduos, mas nem sempre

    notamos. Por vezes, acreditamos estar num ambiente homogêneo e na

    verdade, estamos no meio de uma grande diversidade de habilidades ou

    crenças, que apesar de discretos irão influenciar os processos e execução

    de tarefas dentro de uma organização e que por isso, precisamos entender

    e administrar de maneira adequada.

    Dentro do grupo de trabalho, podemos identificar estes fatores da

    diversidade a partir de outras categorias, como diversidade

    informacional, diversidade relativa à categoria social e diversidade de

    valor:

    A diversidade informacional corresponde às diferenças em bases

    de conhecimento e perspectivas que os membros trazem para o

    grupo. A diversidade de categoria social refere-se às diferenças

    explicitas entre os membros de grupos em filiação de categoria

    social como gênero e etnia. A diversidade de valor ocorre quando

    os membros de um grupo diferem em termos do que eles pensam

    sobre a verdade tarefa, meta ou missão do grupo.(HANASHIRO,

    2008, p. 61).

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    4.2  Historic izando a diversidade cultural

    É muito claro para todos nós que desde a existência do homem,

    existe a diversidade cultural. Contudo, esse tema só passou a ser levado a partir da década de 1960, primeiramente em países como Canadá em

    Estados Unidos.

    As lutas políticas de grupos sociais por integração racial levaram à

     promulgação de leis visando à igualdade de oportunidades de educação e

    ao emprego para todos. Como diz Fleury (2000, p.19).

    O  Affirmative Action  foi promulgado no final da década de 60,

    como resposta à discriminação racial observada nas empresas e

    instituições de ensino. Por regulamentação federal, as empresas que

    tinham contratos com o governo ou que dele recebiam recursos e

     benefícios deviam avaliar a diversidade existente em seu corpo de

    funcionários e procurar balancear sua composição, em face dadiversidade existente no mercado de trabalho.

     Na prática, o  Affirmative Action  tratava de obrigar as empresas a

    inserirem no seu quadro de funcionários os índios, hispânicos, mulheres,

    deficientes físicos e asiáticos. O Canadá seguindo os moldes

    estadunidenses, também criou medidas que visavam ampliar o espaço dasminorias no mercado trabalho, o  Employment Equity Act   e o Federal

    Contractors Program foram assinados em 1986 (FLEURY, 2000).

    As mudanças que vêm ocorrendo na força de trabalho nos países no

    norte explicam a razão da preocupação com a questão da diversidade

    nestes países. É notável o aumento da diversidade dentro das populações

    de muitos países, ou seja, a população está mais heterogênea, logo omercado também o será, em atributos como idade, gênero, etnia e local

    de origem (HANASHIRO, 2008).

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    Acima, podemos observar um quadro da participação étnica dentro

    do setor público americano, dentro do setor privado, o crescimento na

     participação das minorias entre os anos 1988 e 2008 é ainda maior,

    chegando a 8%. A gestão da diversidade cultural foi uma resposta

    empresarial à diversificação crescente da força de trabalho e às

    necessidades de competitividade.

    Esta diversidade da força de trabalho é um fenômeno internacional,

     presente nos países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Alguns

    dados evidenciam que nos EUA, a participação da população de homens

     brancos na economia diminuiu, enquanto a de mulheres brancas ehomens e mulheres negros aumentaram.

    4.3  Reflexão

    Por que promover a diversidade cultural na força de trabalho?

    Vimos que as ações voltadas para a diversidade são amparadas emquestões legais, trata-se de uma tentativa dos Estados de reduzir as

    diferenças. No entanto, será que podemos acabar com a discriminação a

    Evolução Percentual da Participação de Minorias Étnicas na

    Força de Trabalho do Setor Público, Estados Unidos, 1993-2003.

    1993  1995  1997 1999 2001 2003 

    Total de

    Minorias 28.2 28.9 29.4 30.0 30.6 31.1

    Negros 16.7 16.8 16.7 17.0 17.1 17.0

    Hispânicos   5.6 5.9 6.2 6.5 6.7 7.1

     Asiáticos 3.9 4.2 4.4 4.4 4.6 4.8

    Indígenas 2.0 2.0 2.1 2.1 2.2 2.1FONTE: FEDERAL CIVILIAN, WORKFORCE STATISTICS, THE FACT BOOK, 2004 EDITION 

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     partir destas ações? Contratar um negro, uma mulher ou um latino por

    obrigação, ajuda de fato contornar o problema do racismo e preconceito?

    4.4  Leitura recomendada

    Livro:  Igualdade e Diversidade:  o sujeito democrático. Autor:

    Alain Tourraine. Editora Edusc, 1998.

    A ideia de sujeito pessoal e, mais ainda, a de sujeito democrático,

    que é seu complemento necessário, conduz ao que se pode chamar de fim

    do ser social, da definição do ser humano como ser social. A sociologia

     pode ser redefinida, deixando de ser o estudo do funcionamento e da

    mudança dos sistemas sociais e tornando-se análise das condições de

    existência e de iniciativa de cada fator social, pessoal ou coletivo, que é

    ao mesmo tempo diferente de todos os outros e, como sujeito, igual a

    todos.

    4.5  Referências

    FLEURY, M. T. Gerenciando a diversidade cultural: experiências

    de empresas brasileiras. Revista de Administração de Empresas. SãoPaulo, v.40, n. 3, 2000, p. 18-25.

    HANASHIRO; TEIXEIRA; ZACCARELLI (org.) Gestão do fator

    humano. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

    MYERS, A. O valor da Diversidade Racial nas Empresas. Estudos

     Afro-Asiáticos, ano 25, n.3, 2003, p. 483-515.

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     Administração, Negócios e Recursos Humanos  Gerenciamento de Diversidades – Unidade 4

    4.6  Na próxima unidade

     Na próxima unidade trabalharemos um pouco mais sobre a

    diversidade cultural no Brasil. Como já vimos anteriormente, por conta àmiscigenação brasileira, fruto de nossa história de colonização e

     processos de imigração, a diversidade merece um olhar especial.

    Vejamos!

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    A DIVERSIDADECULTURAL NO BRASIL

     Nesta unidade veremos um poucosobre a diversidade cultural e o mercado de

    trabalho brasileiro. Nossa história de misturas

    culturais ao longo dos últimos 500 anos gerou um país

    rico em variantes culturais, no entanto, quando analisamos

    mais profundamente a situação de cada grupo sociocultural no

    mercado, veremos que este reproduz as históricas desigualdades

    sociais deste país.

    Objetivos de sua aprendizagem

    Que você entenda a importância de pensar na diversidade cultural

     brasileira e suas reproduções dentro do mercado de trabalho. Que você possa refletir sobre a necessidade de busca de ações mais adequadas à

    solução desse problema que é a discriminação.

    Você se lembra?

    Você se lembra de quantos professores negros teve na escola?Quantos negros executivos atuantes em grandes organizações

    conheceu? Talvez nenhum. Estes são indícios de que devemos

    nos debruçar com maior atenção sobre as questões da

    diversidade cultural.

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    5.1  Brasil e a diversidade cultural

    O Brasil apresenta motivos relevantes para preocupar-se com a

    questão da diversidade étnica. Nosso mosaico étnico caracteriza umarealidade muito diferente da norte americana (HANASHIRO, 2008), os

    dados demográficos levantados sistematicamente pelo IBGE revelam

    uma necessidade das empresas darem atenção às características da força

    de trabalho, pois estas constituem em um espelho de nossa sociedade.

    Vamos refletir?

     – Você se lembra de quantos professores negros teve na faculdade?

     – Quantas vezes num banco você foi atendido por um gerente negro?

    Perguntas simples como estas revelam a seriedade do tema que

    estamos tratando. Provavelmente, você não tenha se lembrado de

     professores e gerentes, pois de fato, é raro encontrarmos negros em

    cargos de destaque, não só negros, mas também índios, mulheres e até

    asiáticos.

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     Administração, Negócios e Recursos Humanos  Gerenciamento de Diversidades – Unidade 5

    A tabela acima foi retirada de uma importante pesquisa realizada

     pelo Instituto Ethos, que procurou levantar o perfil das 500 maiores

    empresas que operam no território brasileiro, verificando questões

    sociais, étnicas e de gênero. Esta pesquisa apresenta uma realidade de

    grande discrepância, sabemos que nosso país apresenta de fato um

    enorme problema social, daí surgem parte das ações afirmativas no

    Brasil.Vejamos outras tabelas também da pesquisa realizada pelo Instituto

    Ethos:

    FONTE: PERFIL SOCIAL, RACIAL E DE GÊNERO DAS 500 MAIORES EMPRESAS DO BRASIL, INTITUTO ETHOS, 2003. 

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     Administração, Negócios e Recursos Humanos  Gerenciamento de Diversidades – Unidade 5

    FONTE: PERFIL SOCIAL, RACIAL E DE GÊNERO DAS 500 MAIORES EMPRESAS DO BRASIL, INTITUTO ETHOS, 2003.

    FONTE: PERFIL SOCIAL, RACIAL E DE GÊNERO DAS 500 MAIORES EMPRESAS DO BRASIL, INTITUTO ETHOS, 2003. 

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     Administração, Negócios