Gerenciamento de energia eletrica

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1 UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Marco Antonio Marangoni GERENCIAMENTO DA ENERGIA ELÉTRICA REALIZADA EM UMA PLANTA INDUSTRIAL. Taubaté – SP

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Marco Antonio Marangoni

GERENCIAMENTO DA ENERGIA ELÉTRICA REALIZADA EM

UMA PLANTA INDUSTRIAL.

Taubaté – SP

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2006 UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Marco Antonio Marangoni

GERENCIAMENTO DA ENERGIA ELÉTRICA REALIZADA EM UMA PLANTA INDUSTRIAL

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre pelo curso de Automação em Engenharia do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté. Área de Concentração: Automação Industrial e Robótica Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Rossi

TAUBATÉ – SP

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2006

Marco Antonio Marangoni

GERENCIAMENTO DA ENERGIA ELÉTRICA REALIZADA EM UMA PLANTA

INDUSTRIAL

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre pelo curso de Automação em Engenharia do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté. Área de Concentração: Automação Industrial e Robótica

Data: ___________________

Resultado: _______________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Ronaldo Rossi_________ Universidade de Taubaté

Assinatura____________________

Prof. Dr. Luiz O.Mattos dos Reis_ Universidade de Taubaté

Assinatura____________________

Prof. Dr . Jamil Haddad_________ Universidade Federal de Itajubá

Assinatura____________________

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AGRADECIMENTOS

Dirijo meus agradecimentos, principalmente, ao meu orientador, professor Ronaldo Rossi, por

ter me dado a oportunidade e o estímulo para defender esta dissertação de mestrado.

A todos os amigos que me ajudaram, de alguma forma, na elaboração deste trabalho e me

encorajaram, o que é tão importante, para ir em frente e desenvolver a dissertação.

A Deus, aos meus filhos e esposa.

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RESUMO

A presente dissertação apresenta ações na área de gerenciamento de energia

elétrica, que contribuem positivamente na redução de custo estrutural duma

indústria de grande porte.

As ações foram realizadas no ambiente externo de contratações de energia

explorando as oportunidades de negócio no mercado livre, e em ações internas na

empresa, visando o uso racional da energia elétrica, com implementação da cultura

de eliminação de desperdício, que contribuíram também com a preservação do

nosso meio ambiente.

O trabalho foi bem sucedido em todos seus aspectos, culminando com significativos

ganhos econômicos / financeiros para empresa.

Devido a importância do resultado obtido, institui-se um grupo permanente para

gestão energética, com o objetivo de explorar as oportunidades, não com energia

elétrica, como também das demais utilidades.

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ABSTRACT This project present actions took place in electrical energy contract management and energy conservation program, which positively contributed in structural cost reductions in a large industry. The actions were realized in the energy free market were the business opportunities were explored, and also in internal site actions for energy rational use with implementations of site cultural behavior change to rule out the waste, contributing with our environmental preservations. There was a successful task in all aspects, culminating with a significant economic and financial gain to the plant. Due the importance of the obtained results, a permanent management utility group was created to run all utility activities and business, the good market opportunities.

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LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 - Modelo antigo x modelo novo…………………………………………25 Tabela 3.1 - Mapeamento de oportunidade de redução de custo.....................56 Tabela 3.2 - Atuação do gerenciamento de Demanda.......................................61 Tabela 3.3 - Atuação do gerenciamento do Fator de Potência.........................62 Tabela 3.4 - Medição setorial de Consumo.........................................................81 Tabela 3.5 - Objetivo setorial de Consumo.........................................................82 Tabela 4.1 – Subgrupos......................................................................................110

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Balanço energia na CCEE..................................................................29 Figura 2.2 – Modulação e Sazonalização da Energia...........................................39 Figura 2.3 – Tarifas incidentes no consumidor livre........................................... 42 Figura 2.4 – Diferença entre Cliente x Cativo....................................................... 43 Figura 3.1 – Cenário de preço de Energia em leilão 2001................................... 50 Figura 3.2 – Variação do custo do KW “livre x cativo” ano 2002........................51 Figura 3.3 – Evolução da tarifa cativa média setor industrial............................. 51 Figura 3.4 – Opções de compra de Energia a longo prazo................................. 53 Figura 3.5 – Estrutura da CICE...............................................................................55 Figura 3.6 – Sistema de medição CCK em blocos............................................... 57 Figura 3.7 – Arquitetura da rede............................................................................ 58 Figura 3.8 – Comunicação óptica.......................................................................... 60 Figura 3.9 – Gráfico de Fator de Potência.............................................................63 Figura 3.10 – Tabela do gerenciador de Energia.............................................. ...65 Figura 3.11 – Telas do gerenciador de Energia.....................................................66 Figura 3.12 (a) – Medição instantânea...................................................................66 Figura 3.12 (b) – Medição de vazão........................................................................66 Figura 3.13 – Forma de Onda Harmônica..............................................................67

Figura 3.14 (a) – Forma Tubular..............................................................................67 Figura 3.14 (b) – Forma Gráfica..............................................................................67 Figura 3.15 (a) – Editor de Telas.............................................................................68 Figura 3.15 (b) – Editor de Telas........................................................................... .68 Figura 3.16 – Gráfico da Demanda.........................................................................68

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Figura 3.17 – Gráfico do consumo totalizado.......................................................69 . Figura 3.18 – Gráfico da Demanda.........................................................................70 Figura 3.19 – Gráfico da qualidade de Energia.................................................... 71 Figura 3.20 – Distribuição de consumo................................................................ 72 Figura 3.21 – Comunicação com medidores da Concessionária....................... 73 Figura 3.22 – Medição das unidades..................................................................... 73 Figura 3.23 – Módulo de comunicação................................................................. 75 Figura 3.24 – Filtro de linha.................................................................................... 76 Figura 3.25 – Controlador CCK 6000..................................................................... 76 Figura 3.26 (a) – Modelo do painel........................................................................ 76 Figura 3.26 (b) – Modelo fundo do painel..............................................................76 Figura 3.27 – Comunicação com medidores da Concessionária....................... 77 Figura 3.27 – I / O’ s.................................................................................................77 Figura 3.28 – Ligação com instrumentos eletrônicos..........................................78 Figura 3.29 – Controladores em rede.....................................................................78 Figura 3.30 – Controlador CCK 6000..................................................................... 79 . Figura 3.31 – Dados medidos na entrada de Energia...........................................80 Figura 3.32 – Comparações entre medições.........................................................81 Figura 3.33 – Consumo real x objetivo da planta 1.............................................. 83 . Figura 3.34 – Consumo totalizado x objetivo mensal – planta1..........................83 Figura 4.1 – Preço do MWh em setembro de 2002............................................... 86 Figura 4.2 – Cenários...............................................................................................86 Figura 4.3 – Limite de decisão Cenário 1 x Cenário 2......................................... 87 Figura 4.4 – Preços iniciais MWh no leilão de setembro de 2002.......................87 Figura 4.5 – Preços finais do leilão de setembro de 2002....................................88 Figura 4.6 – Preço do MWh na aquisição do leilão de setembro de 2002..........89

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Figura 4.7 – Preço do MWh da Energia adquirida ( base janeiro de 2003).........89 Figura 4.8 – Preço médio da Energia adquirida no período de 2003 à 2006......90 Figura 4.9 – Evolução dos clientes livres............................................................. 91 Figura 4.10 – Consumo empresa x objetivo......................................................... 94 Figura 4.11 – Consumo totalizado x objetivo da empresa................................. 94 Figura 4.12 – Consumo x objetivo planta1.......................................................... 95 Figura 4.13 – Consumo totalizado x objetivo planta1........................................ 95 Figura 4.14 – Consumo x objetivo planta 2......................................................... 96 Figura 4.15 – Consumo totalizado x objetivo planta2........................................ 96 Figura 4.16 – Consumo x objetivo planta 3......................................................... 97 Figura 4.17 - Consumo totalizado x objetivo planta 3....................................... 97 Figura 4.18 – Consumo x objetivo planta 4.......................................................... 98 Figura 4.19 - Consumo totalizado x objetivo planta 4........................................ 98 Figura 4.20 – Consumo x objetivo planta 12........................................................ 99 Figura 4.21 - Consumo totalizado x objetivo planta 12...................................... 99 Figura 4.22 – Evolução na economia de Energia na empresa......................... 100 Figura 4.23 - Economia mensal de Energia na empresa................................. 100 Figura 4.24 - Economia mensal de Energia na empresa................................ 101 Figura 4.25 – Economia mensal em R$ na empresa....................................... 101

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LISTA DE APÊNDICE

APÊNDICE – A - Diretrizes do Sistema Tarifário, Medições e Faturas........................105

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica foi criada pela Lei Nº 9.427, de 1996. Autarquia em regime especial, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, tem como atribuições regular e fiscalizar a geração, a transmissão, a distribuição e a comercialização da energia elétrica; mediar os conflitos de interesses entre os agentes do setor elétrico e entre estes e os consumidores; conceder, permitir e autorizar instalações e serviços de energia; garantir tarifas justas; zelar pela qualidade do serviço; exigir investimentos; estimular a competição entre os operadores e assegurar a universalização dos serviços. ASMAE - Administradora de Serviços do Mercado Atacadista de Energia – pessoa jurídica de direito privado e empresa prestadora de serviços administrativos, técnicos e jurídicos no âmbito do Mercado Atacadista de Energia Elétrica - MAE, a atuar como Agente Administrador de Serviço do Mercado.

CC - Custo de conexão: taxas que visam cobrir despesas com conexão.

CCEAR - Contrato de Comercialização de Energia Elétrica do Ambiente Regulado. CCEE - Câmera de Comercialização de energia Elétrica é a empresa responsável por administrar os contratos de compra e venda de energia elétrica do mercado brasileiro. A CCEE não compra ou vende energia e não tem fins lucrativos. Ela contabiliza as transações de compra e venda de energia elétrica entre os agentes de mercado (Geradores, distribuidores, consumidores livres e comercializadores de energia), liquida suas posições no mercado de curto prazo (mercado spot) e promove os Leilões de Energia para os agentes. CCK Automação Ltda. - Equipamentos e Sistemas de Gerenciamento de Energia e Utilidades. CICE - Comissão Interna Conservação Energia-Grupo de trabalho que se reúnem periodicamente para analisar e propor medidas de redução de consumo das várias formas de energia .Tem como missão promover o combate ao desperdício, incentivando o uso racional e eficiente da energia, reduzindo custos e impactos ambientais, contribuindo para qualidade e proporcionando benefícios à empresa e a sociedade. FIO-Tarifa de Uso dos Sistemas de Distribuição (TUSD), a chamada “tarifa-fio”, para os consumidores livres e demais usuários dos sistemas de distribuição. fp ou cos f – É a relação entre a energia ativa e a energia aparente ou total no mesmo período de integração.A resolução ANEEL 456/2000 determina que o fator de potência deve ser mantido o mais próximo possível da unidade (1),mas permite um valor mínimo de 0,92. GCE-A Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE) foi criada e instalada por meio da medida provisória n° 2.198-3, de 29 de maio de 2001. Ela foi criada com o objetivo gerir a Crise de Abastecimento de Energia Elétrica ocorrida em 2001.

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GLP - Gás Liquefeito de Petróleo. MAE - Mercado Atacadista de Energia Elétrica, uma empresa de direito privado, submetida à regulamentação por parte da ANEEL, foi criada através da Lei nº 10.433 de 24 de Abril de 2002, em substituição à antiga estrutura da ASMAE. MRE - Mecanismo de realocação de energia, é um mecanismo financeiro de compartilhamento do risco hidrológico que está associado a otimização do sistema hidrotérmico realizada através de um despacho centralizado, realizado pelo ONS. ONS – Operador Nacional do Sistema.Foi criado para operar, supervisionar e controlar a geração e transmissão de energia elétrica no Brasil, com o objetivo de otimizar custos e garantir a confiabilidade do Sistema, definindo ainda as condições de acesso à malha de transmissão em alta-tensão do país. PCH-O empreendimento hidrelétrico com potência superior a 1.000 KW e igual ou inferior a 30.000 KW será considerado como aproveitamento com características de pequena central hidrelétrica - PCH se possuir reservatório com volume útil disponível igual ou menor do que o requerido para regularização das vazões, naturais durante os três meses normais consecutivos mais secos ocorridos no histórico das vazões, no local do aproveitamento. PLC - Controlador Lógico Programável. O CLP começou a ser usado no ambiente industrial. A grande vantagem dos controladores programáveis é a possibilidade de reprogramação, motivo pelo qual substituíram os tradicionais painéis de controle a relês. PLD - É preço da liquidação das diferenças. Esse preço é utilizado para valorar a energia não-contratada entre os agentes da CCEE (sobras ou diferenças) no mercado de curto prazo. Os créditos e os débitos decorrentes dessa contratação são liquidados entre os agentes de forma centralizada na CCEE. Calculado antecipadamente para cada submercado e patamar de carga, com periodicidade semanal, o PLD baseia-se no custo marginal de operação. SPOT-O mercado Spot ou o mercado de energia livre funciona como uma Bolsa de Mercadorias. Toda a energia elétrica faltante ou excedente dos contratos bilaterais é comprada e vendida na CCEE, a um preço único (preço da CCEE ou preço SPOT), que depende da oferta e da procura.

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SUMÁRIO

CAPITULO 1. Introdução.........................................................................................................17

CAPITULO 2. A conservação de energia elétrica em sistemas industriais...............................19

2.1 - REGULAMENTAÇÕES DO SETOR....................................................................................21 2.2 - OTIMIZAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA.................................................22

2.2.1 - Introdução........................................................................................................................22 2.2.2 - Otimização Da Demanda De Potência ............................................................................22 2.2.3 - Correção Do Fator De Potência.......................................................................................24 2.2.4 - Análise Da Opção Tarifária .............................................................................................24 2.2.5 - O Ambiente De Comercialização De Energia.................................................................25

2.2.5.1 - Histórico ....................................................................................................................25 2.2.5.2 - A Nova Estrutura.......................................................................................................27 2.2.5.3 - Aneel .........................................................................................................................27 2.2.5.4-Ons ..............................................................................................................................28 2.2.5.5-Mae..............................................................................................................................28 2.2.5.6 - CCEE.........................................................................................................................29 2.2.5.7 - Sinercom....................................................................................................................30

B ) Componentes Do Sistema ............................................................................................31 C ) Membros Da CCEE........................................................................................................32

2.2.5.8 - Mae............................................................................................................................33 A ) O Que É Preço Mae?.....................................................................................................33 B ) Como O Preço Mae É Calculado?.................................................................................33 C ) Como É O Funcionamento Do Modelo?........................................................................33 D ) Agregação Dos Dados De Medição ...............................................................................34

2.2.5.9 - MRE - Mecanismo De Realocação De Energia ........................................................36 A ) O Que É O MRE? ..........................................................................................................36 B ) Quem Pode Participar?..................................................................................................36 C ) Como Funciona O Mecanismo?.....................................................................................36

2.2.5.10 - Energia Secundária..................................................................................................37 A ) O Que É Modulação?.....................................................................................................37 B ) Preços ............................................................................................................................38 C ) Contratos Bilaterais ........................................................................................................38 D ) Os Contratos Bilaterais Dividem-Se Em: ......................................................................40

Figura 2.2 - Modulação E Sazonalização Da Energia ................................................................41 2.2.6 - “Cliente Livre” · ..............................................................................................................42 2.2.7 - Gerenciamento Dos Contratos Energia Elétrica..............................................................46 2.2.8 - Programas E Política De Conservação Energia...............................................................49

2.2.8.1 - Cice Comissão Interna Conservação Energia ...........................................................49

CAPITULO 3 - Levantamento dos dados............................................................................................................51

3.1 - CONTRATAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA NO MERCADO LIVRE................................................51 3.1.1 - LEVANTAMENTO DAS NECESSIDADES ANUAIS DE ENERGIA POR PLANTA...............................51

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3.1.2 - Conveniência De Juntarmos Plantas................................................................................52 3.1.3 - Comparação Livre X Cativo............................................................................................52 3.1.4 - Construção Dos Requisitos..............................................................................................53 3.1.5 - Definição Do Período De Contratação ............................................................................54 3.1.6 - Escolhas Das Empresas Fornecedoras De Energia..........................................................55

3.2 - SISTEMÁTICA ADOTADA NO ÂMBITO INTERNO DE EMPRESA VISANDO ELIMINAÇÃO DE

DESPERDÍCIO...................................................................................................................................56 3.2.1 - Criação da C.I.C.E.........................................................................................................56 3.2.2 - Levantamento dos Desperdícios ......................................................................................57 3.2.3 - Rede de Medição Utilizados e seus Protocolos ...............................................................58

3.2.3.1 - Rede de Medição CCK..............................................................................................60 3.2.3.2 - Arquitetura Básica.....................................................................................................61 3.2.3.3 - Medição Global de Energia.......................................................................................62 3.2.3.4 - Controle de Fator de Potência ...................................................................................64 3.2.3.5 - Gerenciamento Através de Microcomputador ..........................................................66 3.2.3.6 - Monitoração em tempo real.......................................................................................68 3.2.3.7 – Rateio de Custos .......................................................................................................70 3.2.3.8 – Qualidade de Energia................................................................................................70 3.2.3.9 - Customização ............................................................................................................71 3.2.3.10 - Demanda Diária de Energia Elétrica e Fator de Potência .......................................72 3.2.3.11 - Consumo Mensal de Energia Elétrica .....................................................................72 3.2.3.12 - Análise do Perfil de Demanda de Energia Elétrica [ ] ...........................................72 3.2.3.13 - Medição Setorial de Energia ...................................................................................73 3.2.3.14 - Registro do Nível de Corrente Segundo a Segundo................................................74 3.2.3.15 – Rateio do Consumo de Energia por Centro de Custo.............................................75 3.2.3.16 - Arquitetura da Instalação ........................................................................................75

a ) Medição junta á concessionária .....................................................................................75 b ) Medição de Energia e Utilidades ...................................................................................75 c ) Armazenamento de Dados .............................................................................................76 d ) Comunicação..................................................................................................................76 e ) Integração e Flexibilidade ..............................................................................................77 f ) Solução de Ponta a Ponta................................................................................................77 g ) Módulos de Comunicação..............................................................................................77 h ) Isolin ..............................................................................................................................78 i ) CCK 6000 .......................................................................................................................80

3.2.4 - Parâmetros, grandezas, segmentos observados. ..............................................................82 3.2.5 - Principais Pontos de Medição..........................................................................................82 3.2.6 - Software de Gerenciamento.............................................................................................83

CAPÍTULO 4–Análises dos resultados .................................................................................................................88

4.1 - NO ÂMBITO DA CONTRATAÇÃO DA ENERGIA ............................................................................88

4.1.1-Objetivos e metas planejadas inicialmente........................................................................88 4.1.2-Recomendações no curto e médio prazo ...........................................................................94

4.2 - NO ÂMBITO DA RACIONALIZAÇÃO ENERGIA ELÉTRICA............................................................96 4.2.1-Resultado das ações da CICE ............................................................................................96 4.2.2-Recomendações no curto e médio prazo .........................................................................104

CAPÍTULO 5 – Conclusões......................................................................................................................................106

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CAPÍTULO 6 – Referências bibliográficas .......................................................................................................107

DIRETRIZES DO SISTEMA TARIFÁRIO, MEDIÇÕES E FATURAS........................................................108 - Energia Elétrica Ativa ...........................................................................................................108 Energia Elétrica Reativa ...........................................................................................................109 - Demanda.................................................................................................................................109

- Demanda máxima................................................................................................................109 - Demanda média...................................................................................................................109 - Demanda medida.................................................................................................................109 - Demanda contratada............................................................................................................110 - Demanda Faturável .............................................................................................................110

- Horários de ponta e fora de ponta...........................................................................................110 - Período seco e úmido..............................................................................................................111 - Consumidor ............................................................................................................................111 - Unidade consumidora .............................................................................................................111 - Tensão de fornecimento..........................................................................................................112 - Faturamento ............................................................................................................................116 - Fator de potência ou energia reativa excedente......................................................................116

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CAPITULO 1. INTRODUÇÃO

No cenário competitivo dos tempos atuais, as empresas têm buscado a diminuição dos

custos e eliminação dos desperdícios sem perda da qualidade de seus produtos.

Uma ferramenta fundamental para atingir este objetivo é a implementação de

programas e políticas de conservação e uso racional da energia, a serem estabelecidas através

de mudanças de hábitos de consumo, eliminação de desperdícios e introdução de novas

tecnologias.

Na energia elétrica compreender a sua estrutura tarifária e como são calculados os

valores expressos nas notas fiscais de faturamento da mesma são parâmetros importantes para

tomada de ações que visem à redução do custo estrutural de uma empresa.

Lista-se abaixo um conjunto de ações fundamentais para racionalizarmos energia

elétrica, no âmbito das empresas de médio e grande porte:

� Análise de enquadramento trifásico

� Adequação do fator de potência

� Programas e políticas de conservação de energia

� Gerenciamento de contratos de energia elétrica

� Viabilidade de tornar-se “cliente livre”

� Controle de demanda na ponta e fora de ponta

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Esta dissertação tem foco numa indústria de grande porte, onde atuo como supervisor

responsável pela área de utilidades e coordenador geral da CICE (Comissão Interna de

Conservação de Energia) .A mesma possui as seguintes configurações básicas:

� Demanda fora de ponta = 80 MW

� Demanda ponta = 70 MW

� Consumo médio mensal = 40.000.000 kWh

� Cliente livre = categoria A2

� Tensão entrada = 88kV

O objetivo da presente dissertação é mostrar as ações na área gerenciamento, bem

como na racionalização da energia elétrica, que contribuíram positivamente na redução do

custo estrutural da empresa, bem como implementação de cultura de eliminação de

desperdícios, que contribuem também com a preservação do nosso meio ambiente.

No capitulo 2 será abordado de uma forma geral os conceitos e as principais

ferramentas e ações associadas na área de gerenciamento e conservação de energia em

sistemas industriais.

No capítulo 3 será detalhada a sistemática adotada na empresa, os recursos, as

ferramentas e os instrumentos utilizados para obtenção da redução e racionalização do uso de

energia elétrica.

No capitulo 4 será reservado para se apresentar a análise dos resultados, onde serão

elaborados alguns comentários sobre as principais diretrizes adotadas para se analisar os

dados adquiridos.

No capitulo final “conclusões” será abordado o impacto dos resultados alcançados na

empresa com as ações realizadas na área de gerenciamento e conservação, bem como uma

visão das próximas ações futuras.

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CAPITULO 2. A CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM

SISTEMAS INDUSTRIAIS.

Em 1995, o consumo de energia do Brasil encontrava-se na casa dos 374 TWh e a

demanda de 47.000 MW médio.

Deste total 83,92% eram obtidos através de usinas hidrelétricas.

O sistema elétrico brasileiro apresenta como particularidades grandes extensões de

linhas de transmissão e um parque produtor de geração predominante hidráulica.

Hoje, em 2006, o mercado de energia elétrica no Brasil experimenta um crescimento

da ordem de 4,5% ao ano, devendo ultrapassar a casa dos 618TWh em 2015, exigindo

incrementos de 2.500 a 3.000 MW médio/ano, em requisitos de energia. [10]

O planejamento governamental prevê a necessidade de investimentos valiosos na

ordem de R$ 6 a 7 bilhões/ano para expansão da matriz energética brasileira, em atendimento

aos incrementos acima.

O mercado consumidor brasileiro em 2006 (47,2 milhões de unidades) concentra-se

nas regiões sul e sudeste, mais industrializadas. A região norte é atendida de forma intensiva

por pequenas centrais geradoras, a maioria termoelétrica a óleo diesel.

Ao longo das últimas duas décadas, o consumo de energia elétrica no Brasil

apresentou índices de expansão bem superiores ao produto interno bruto (PIB), fruto do

crescimento populacional concentrado nas zonas urbanas, do esforço de aumento da oferta de

energia e da modernização da economia. [11]

O consumo crescente da energia elétrica leva a exploração irracional dos recursos

naturais.

Isso significa que, conservar energia elétrica ou combater seu desperdício é o

equivalente a uma nova fonte de produção ,onde a energia conservada, por exemplo, na

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iluminação eficiente ou no motor bem dimensionado, pode ser utilizada para iluminar uma

escola ou atender um hospital, sem necessidade de investimento e recurso natural extra.

É muito importante compreender o conceito de conservação de energia elétrica.

Conservar energia elétrica significa melhorar a maneira de utilizar a energia, sem abrir

mão do conforto e vantagens que ela nos proporciona. Significa diminuir o consumo,

reduzindo custos, sem perder em momento algum, a eficiência e qualidade dos serviços.

De fato, nunca se falou tanto de energia e de como conservá-la como agora.

Há anos engenheiros, economistas e executivos envolvidos com sistemas energéticos

têm sido freqüentemente conclamados a conservar energia elétrica e reduzir desperdícios nos

mais variados níveis de produção e consumo.

Usar bem a energia é uma forma inteligente de gerir adequadamente as demandas e

melhorar a produtividade em qualquer contexto, com benefícios ambientais e econômicos. A

difusão da importância da sustentabilidade dos sistemas energéticos e, sobretudo com a

elevação dos preços relativos dos combustíveis em meados da década de setenta, surgiu a

necessidade do uso racional da energia.

De fato, a energia consumida em perdas pode vir a ser utilizada para algum fim útil,

com vantagens imediatas. Por exemplo, diversas medidas de redução do consumo de energia

elétrica, como a substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes e a adequação dos

motores de indução às cargas acionadas, requer investimento da ordem de 5 a 15 US$/MWh,

custo muito inferior ao requerido para se gerar esta energia a partir dos sistemas

convencionais , estimados em termos marginais acima de 60 US$/MWh [12]. Ou seja, liberar

um MWh reduzindo o desperdício custa neste caso quatro vezes menos do que produzir um

MWh adicional.

Desde o período onde o foco das atenções era a redução do consumo energético

importado, destacaram-se as implementações do Conserve, programa de conservação de

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energia do setor industrial e a formação compulsória das CICE’s (comissões internas de

conservação de energia – portaria CNP/DIPLAN 255/81). [12]

A seguir comenta-se os principais itens associados aos procedimentos e controles da

conservação na INDÚSTRIA, bem como as regulamentações do setor.

2.1 - REGULAMENTAÇÕES DO SETOR

Atualmente, o principal instrumento regulatório que estabelece e consolida as

Condições gerais de Fornecimento de Energia Elétrica é a Resolução ANEEL nº 456, de 29

de novembro de 2000. Além deste, serve como base legal o disposto no Decreto nº 24.643, de

10 de julho de 1934 - Código de Águas, no Decreto nº 41.019, de 26 de fevereiro de 1957 –

Regulamento dos Serviços de Energia Elétrica, nas Leis nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995

– Regimes de Concessão e Permissão da Prestação dos Serviços Públicos, nº 9.074, de 7 de

julho de 1995 – Normas para Outorga e Prorrogação das Concessões e Permissões de

Serviços Públicos, nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996 – Instituição da Agência Nacional de

Energia Elétrica – ANEEL, no Decreto nº 2.335, de 6 de outubro de 1997 – Constituição da

Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, e no Decreto nº5. 249, de 20 de outubro de

2004 – Regulamenta a comercialização de energia elétrica, o processo de outorga de

concessões e de autorizações de geração de energia elétrica. [12]

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2.2 - OTIMIZAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA

2.2.1 - Introdução

Transcreve-se abaixo as principais técnicas utilizadas no complexo industrial, que é

um consumidor em alta tensão categoria A2 tarifa azul, para gerenciar a energia elétrica e

com isto reduzir o custo estrutural e os impactos ambientais.

2.2.2 - Otimização da demanda de potência

As análises da demanda têm por objetivos a sua adequação as reais necessidades da

unidade consumidora. São analisadas as demandas de potência contratada, medidas e as

efetivamente faturadas. A premissa básica é a de procurar reduzir ou mesmo eliminar as

ociosidades e ultrapassagens de demanda.

Assim, a unidade consumidora estará trabalhando adequadamente quando os valores

de demanda de potência registrados, contratados e faturados tiverem o mesmo valor, ou, pelo

menos apresentarem valores próximos, pois desta forma estará pagando por aquilo que

realmente necessitar.

Para manter este controle foi instalado um controlador de demanda, que limita a

valores contratados, a demanda utilizada pela fábrica. Esta limitação é feita promovendo o

desligamento seletivo de cargas toda vez que a demanda tender a ultrapassar a demanda

contratada nos períodos de ponta e fora de ponta. Este controle é feito por um controlador

lógico programável – PLC.

A demanda da fábrica é controlada pela contagem de número de pulsos que

representam energia em forma de kWh, num intervalo padrão de 15 minutos.

Page 23: Gerenciamento de energia eletrica

23

Os sets points do controlador são calculados da seguinte forma: Toma-se as demanda

fora e na ponta a ser controlada, expressas em kW. A seguir as mesmas são divididas pela

constante 204,8 (constante do medidor da concessionária, na qual um pulso representa 204,8

kWh), resultando em números de pulsos que servirão de parâmetros de set point para a

programação do controlador.

O sinal ou pulso é colhido a partir do medidor da concessionária via acoplamento

óptico e é enviado a uma placa eletrônica, que os envia para uma unidade remota e ao PLC

controlador de demanda.

O programa é feito para mensurar a demanda durante um tempo padrão de 15 minutos,

promovendo desligamentos de cargas a fim de limitar a demanda aos valores contratos em

ambas as situações, fora e na ponta.

Exemplo:- Programar o controlador para 80.000 kW.

80.000 dividido por 204.8 = 390.62 pulsos.

Demanda 1 ou fora de ponta = 390 pulsos

Off Set = 50 pulsos. (em torno de 13% da demanda programada).

Dispõe-se também de um supervisório dedicado ao gerenciamento de energia, na qual

tem-se disponível on-line toda monitoração de todo processo de fornecimento de energia pelo

parque fabril, desde a entrada principal 88kV / 13,2kV até a distribuição para mais cinqüenta

subestações distribuidoras 13,2kV/440 V.

Além da possibilidade de leitura e monitoração de toda energia, no supervisório está

disponível gráficos, relatórios, análise, rateio, diagramas, alarmes, log das tensões, correntes,

potência ativa, potência reativa, fator de potência, freqüência, harmônicas, energia total,

energia/fases, tabelas, potência requerida, simulações, etc.

Page 24: Gerenciamento de energia eletrica

24

2.2.3 - Correção do fator de potência

O controle do fator de potência na planta é feito através de bancos de capacitores na

média tensão de 13,2kV. O mesmo é continuamente monitorado através do sistema

supervisório com alarmes de fator de potência indutivo e capacitivo, objetivando manter

sempre acima de 0,92 para evitar pagamento de multas.

2.2.4 - Análise da opção tarifária

A estrutura tarifária brasileira atual oferece várias modalidades de tarifas, as quais, em

função das características do consumo de cada empresa, apresentam maiores ou menores

vantagens, em termos de redução de despesas com energia.

A otimização tarifária é a escolha da tarifa mais conveniente para a unidade

consumidora, considerando-se o seu regime de funcionamento, as características do seu

processo de trabalho,

bem como a oportunidade de se fazer modulação de carga.

Pode-se confirmar se a tarifa utilizada é a mais conveniente através de simulação que

se realizada com os dados obtidos nas contas de energia elétrica da empresa e usando as

opções de tarifas, utilizando a legislação tarifária em vigor.

Não se podem fixar regras, no entanto é possível dizer que as tarifas horo-sazonais

apresentam maiores possibilidades para gerenciamento das despesas com energia, permitindo

obter menores custos, desde que se possam minimizar, ou mesmo evitar, o consumo e a

demanda nos horários de ponta.

A opção por tornar-se cliente livre, conforme explanado a seguir, tem demonstrado ser

extremamente vantajosa, pois nesses últimos anos o custo total do insumo energia elétrica na

empresa tem ficado na ordem de 25 a 30% mais baixo se comparado ao mercado cativo.

Page 25: Gerenciamento de energia eletrica

25

2.2.5 - O Ambiente de Comercialização de Energia

2.2.5.1 - Histórico

• A Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro

Para a compreensão do que está acontecendo hoje no Setor de Energia Elétrica

Brasileiro, é preciso retroceder um pouco na história e fazer um breve retrato deste mercado

que começou a se reestruturar a partir de 1993, mas que somente dois anos mais tarde, com a

aprovação da lei que trata da concessão dos serviços públicos, obteve as condições

necessárias para se organizar de forma competitiva.

Os anos 90 reuniram todos os fatores que poderiam contribuir para o agravamento de

uma crise no Setor Elétrico: o esgotamento da capacidade de geração de energia elétrica das

hidrelétricas existentes, o aquecimento da economia provocado pelo Plano Real, a

necessidade de

novos investimentos e a escassez de recursos do Governo para atender a esta necessidade

diante de outras prioridades.

Fazia-se necessário, portanto, encontrar alternativas que viabilizassem uma reforma e

expansão do setor, com capitais privados e a entrada de novos Agentes, onde o governo

assumisse o papel de agente orientador e fiscalizador dos serviços de energia elétrica.

Em 1996, através do Projeto RE-SEB (Projeto de Reestruturação do Setor Elétrico

Brasileiro), iniciou-se a fase de concepção do novo modelo, sob a coordenação da Secretaria

Nacional de Energia do Ministério de Minas e Energia, chegando-se à conclusão de que era

preciso criar uma Agência Reguladora (ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica), um

operador para o sistema (ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico) e um ambiente

(MAE - Mercado Atacadista de Energia Elétrica), através de uma operadora (ASMAE -

Administradora de Serviços do Mercado Atacadista de Energia Elétrica), onde fossem

Page 26: Gerenciamento de energia eletrica

26

transacionadas as compras e vendas de energia elétrica. O Projeto RE-SEB foi concluído em

agosto de 1998, com toda a concepção do novo arcabouço setorial definida.

Tabela 2.1 – Modelo antigo x modelo novo

O Setor Elétrico Hoje - Quadro Comparativo

Modelo Antigo Modelo Novo

Financiamento através de recursos públicos

Financiamento através de recursos públicos (BNDES) e privados

Empresas estatais verticalizadas Concessionárias divididas por atividade: geração, transmissão, distribuição e comercialização.

Maioria de empresas estatais. Abertura para empresas privadas

Monopólios com competição inexistente Competição na geração e comercialização

Consumidores cativos Consumidores Livres e Cativos

Tarifas reguladas. Preços livremente negociados na Geração e Comercialização.

Em 2001 o Brasil enfrentou uma crise no abastecimento de energia levando o país a

uma situação de racionamento.

Com a necessidade de rápidas providências para enfrentar a escassez de energia, o

Governo Federal criou a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica.

Esta Câmara teve como objetivo propor e implementar medidas de natureza

emergencial, decorrentes da situação hidrológica crítica para compatibilizar a demanda e a

oferta de energia elétrica, de forma a evitar interrupções intempestivas ou imprevistas do

suprimento de energia elétrica. Mediante um processo de aprimoramento do novo modelo do

Setor Elétrico Brasileiro, a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica GCE, através da

Resolução nº 18, de 22 de junho de 2001, criou o Comitê de Revitalização do Modelo do

Setor Elétrico com a missão de encaminhar propostas para corrigir as disfunções correntes e

propor aperfeiçoamentos para o referido modelo.

A instalação do Comitê ocorreu em 27 de junho 2001. Na ocasião ficou acordado que

os trabalhos desenvolvidos pelo Comitê deveriam pautar-se na busca de soluções que

Page 27: Gerenciamento de energia eletrica

27

preservassem os pilares básicos de funcionamento do modelo do setor, a saber, competição

nos segmentos de geração e comercialização de energia elétrica, expansão dos investimentos

necessários com base em aportes do setor privado e regulação dos segmentos que são

monopólios naturais - transmissão e distribuição de energia elétrica - para garantir a qualidade

dos serviços e o suprimento de energia elétrica de forma compatível com as necessidades de

desenvolvimento do país.

2.2.5.2 - A Nova Estrutura

A reforma do Setor provocou o surgimento de novas funções e modificou o conteúdo

e a forma de outras atividades. O que tornou necessária a criação de novas entidades com

papéis bem definidos:

2.2.5.3 - ANEEL

A mudança de papel do Estado no Mercado de Energia, deixando de ser

fundamentalmente executor para se tornar basicamente regulador, exigiu a criação de um

órgão altamente capacitado para normatizar e fiscalizar as atividades do Setor Elétrico.

Assim, foi criada a ANEEL, autarquia vinculada ao Ministério das Minas e Energia,

que tem por finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e

comercialização de energia elétrica, zelando pela qualidade dos serviços prestados, pela

universalidade de atendimento aos consumidores e pelo estabelecimento das tarifas para os

consumidores finais, preservando, sempre, a viabilidade econômica e financeira dos Agentes

e da indústria para compatibilizar interesses. [5]

Page 28: Gerenciamento de energia eletrica

28

2.2.5.4-ONS

O ONS foi criado para operar, supervisionar e controlar a geração e transmissão de

energia elétrica no Brasil, com o objetivo de otimizar custos e garantir a confiabilidade do

Sistema, definindo ainda as condições de acesso à malha de transmissão em alta-tensão do

país.

2.2.5.5-MAE

Foi também instituído o Mercado Atacadista de Energia Elétrica - MAE, ambiente

virtual (sem personalidade jurídica), auto-regulado - instituído através da assinatura de um

contrato de adesão multilateral, o Acordo de Mercado, para ser o ambiente onde se processam

a contabilização e a liquidação centralizada no mercado de curto prazo.

A ASMAE era administradora de Serviços do Mercado Atacadista de Energia Elétrica,

uma sociedade civil de direito privado, braço operacional do MAE, empresa autorizada da

ANEEL.

O MAE da forma como estava constituído, apresentava conflitos de interesses,

resultando em paralisia do Mercado e falta de credibilidade. Além disso, não estava

desempenhando as atribuições esperadas, comprometendo, assim a expansão da oferta de

energia elétrica.

Desta forma o Comitê de Revitalização do Modelo do Setor Elétrico Brasileiro, dentre

as 18 medidas elaboradas, propôs a reestruturação do MAE através do seu Relatório de

Progresso Nº1.

Assim, com a publicação da Lei n° 10.433, de 24 de abril de 2002, foi autorizada a

criação do MAE como pessoa jurídica de direito privado, submetido à regulamentação

por parte da ANEEL.

Page 29: Gerenciamento de energia eletrica

29

2.2.5.6 - CCEE

É uma organização civil, de direito privado, sem fins lucrativos, que congrega agentes

de geração, distribuição e comercialização de energia elétrica. A entidade tem por finalidade

viabilizar a comercialização de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional, nos

ambientes regulado e livre, além da contabilização e da liquidação financeira das operações

realizadas no mercado de curto prazo, as quais são auditadas externamente, nos termos da

Convenção de Comercialização.

Toda comercialização de energia é realizada através de contratos bilaterais firmados entre o

consumidor livre e um agente comercializador ou gerador. A liquidação destes contratos

ocorreu no ambiente da CCEE - Câmara de Comercialização de Energia Elétrica –,

organização que a partir da Lei 10.848/04, do Decreto nº 5.177/2004 e da Convenção de

Comercialização instituída pela Resolução Normativa ANEEL nº 109/2004, sucede ao

Mercado Atacadista de Energia Elétrica MAE. [5]

As regras e os procedimentos de comercialização que regulam as atividades realizadas

na CCEE são determinados pela ANEEL.

Os agentes da CCEE são divididos em três categorias:

� Geração: composta pelas classes de agentes geradores concessionários de serviço

público, agentes produtores independentes e agentes autoprodutores.

� Distribuição: composta pela classe dos agentes de distribuição.

� Comercialização: composta pelas classes de agentes importadores, agentes

exportadores, agentes comercializadores e agentes consumidores livres.

Page 30: Gerenciamento de energia eletrica

30

Entre outras funções da CCEE, uma é garantir, no ambiente regulado, a contratação

conjunta de todos os distribuidores através de leilões, visando permitir economias de escala

na compra de energia e a distribuição equilibrada dos riscos e benefícios da contratação. Os

contratos, bem como os dados de medição dos pontos de consumo e geração, são registrados

na CCEE pelos agentes. Isto permite à CCEE contabilizar as diferenças entre o que foi

produzido ou consumido e o que foi contratado. Essa diferença é liquidada, ao Preço de

Liquidação de Diferenças (PLD),para cada submercado (Norte, Sul, Sudeste e Nordeste) e

para cada patamar (Leve, Médio e Pesado), mensalmente. É o chamado mercado de curto

prazo ou "spot",

Figura 2.1 - Balanço energia na CCEE

As relações comerciais entre os agentes participantes da CCEE são regidas

predominantemente por contratos de compra e venda de energia, sendo que a liquidação

financeira destes contratos é realizada diretamente entre as partes contratantes.

2.2.5.7 - SINERCOM

O SINERCOM é o Sistema Computacional, desenvolvido com base nas Regras de

Mercado, que suporta as transações comerciais da CCEE, facilitando o funcionamento dos

principais processos de comercialização de energia elétrica.

Page 31: Gerenciamento de energia eletrica

31

a) Características Funcionais

A partir da inserção de Dados de Ofertas, Medição e Contratos pelos próprios

Agentes, o SINERCOM processará os resultados da Contabilização e Pré-fatura além de

disponibilizar os resultados em relatórios, necessários à tomada de decisão dos Agentes.

b ) Componentes do Sistema

Medição e Contratos: É através deste componente que os agentes da CCEE

informam os dados dos seus pontos de medição e efetuam os registros dos contratos firmados.

Agentes e Sistema Elétrico: contêm dados cadastrais de cada Agente e de seus ativos.

Contabilização: este módulo é responsável pelos cálculos dos pagamentos e

recebimentos de cada agente relativos à energia transacionada no mercado de curto prazo.

Precificação: utiliza modelos de otimização do Sistema para calcular os preços da

CCEE. O resultado é automaticamente inserido na contabilização e disponibilizado para o

mercado através da seção "preços" do site.

Pré-Faturamento: demonstrativo dos pagamentos ou recebimentos de cada Agente.

Esta solução de e-business suporta os processos da CCEE, trazendo benefícios e

acompanhando as mudanças do Mercado, abrangendo as funcionalidades necessárias para o

sucesso das transações de energia elétrica na CCEE.

Page 32: Gerenciamento de energia eletrica

32

c ) Membros da CCEE

São membros obrigatórios da CCEE:

• Titulares de concessão ou autorização para exploração de serviços de geração que

possuam central geradora com capacidade instalada igual ou superior a 50 MW;

• Titulares de concessão, permissão ou autorização para exercício de atividades de

comercialização de energia elétrica com mercado igual ou superior a 300

GWh/ano;

• Titulares de autorização para importação ou exportação de energia elétrica em

montante igual ou superior a 50 MW.

Será facultativa a participação na CCEE aos titulares de autorização para

autoprodução e cogeração com central geradora de capacidade instalada igual ou superior a

50 MW, desde que suas instalações de geração estejam diretamente conectadas às instalações

de consumo e não sejam

despachadas centralizadamente pelo ONS, por não terem influência significativa no processo

de otimização energética dos sistemas interligados.

Será também facultativa a participação na CCEE aos demais titulares de concessão ou

autorização para exploração de serviços de geração; para exercício de atividades de

comercialização de energia elétrica; para importação e exportação de energia elétrica e

consumidores livres.

Os Agentes de Transmissão não participam da CCEE.

Page 33: Gerenciamento de energia eletrica

33

2.2.5.8 - MAE

a ) O que é Preço MAE?

O preço MAE é o preço utilizado para valorar a compra e venda de energia no

mercado de curto prazo, cujos créditos e débitos decorrentes serão liquidados entre os

Agentes de forma centralizada pelo MAE.

b ) Como o Preço MAE é calculado?

A formação do preço da energia negociada no MAE ( Preço do MAE) se faz pela

inter-relação dos dados utilizados pelo ONS para otimização da operação do Sistema e os

dados informados pelos Agentes. Os referidos dados são então processados através de

modelos de otimização para obtenção do custo marginal de operação (CMO). São utilizados

praticamente os mesmos modelos adotados pelo ONS para determinação da programação e

despacho de geração do sistema, com as adaptações necessárias para refletir as condições de

formação de preços no MAE. A responsabilidade pelo cálculo dos preços é do MAE.

O preço do MAE será determinado para cada um dos submercados, estes

caracterizados como regiões geoelétricas que não apresentam significativas restrições de

transmissão, fazendo com que o preço seja único dentro de cada uma dessas regiões.

c ) Como é o funcionamento do modelo?

O modelo computacional utilizado hoje para determinação do Preço MAE é o

Newave, um software desenvolvido pelo Cepel especialmente para a realidade do mercado

energético brasileiro.

O NEWAVE [5] é um modelo de otimização para o planejamento de médio prazo

(até 5 anos), com discretização mensal e representação a sistemas equivalentes. Seu objetivo é

Page 34: Gerenciamento de energia eletrica

34

determinar a estratégia de geração hidráulica e térmica em cada estágio, que minimiza o valor

esperado do custo de operação para todo o período de planejamento.

Um dos principais resultados desse modelo são as funções de custo futuro, que

traduzem para os modelos de outras etapas (de mais curto prazo) o impacto da utilização da

água armazenada nos reservatórios. Nesse modelo, faz-se a representação da carga em

patamares, e a consideração dos limites de interligação entre os subsistemas.

No NEWAVE [5] existe um módulo que consulta as funções de custo futuro geradas

pela otimização, até maio de 2002 o modelo utilizado nesta consulta era o NEWDESP, a

partir deste mês o MAE passou a se utilizar o modelo DECOMP (otimizado para definição do

preço semanal). Com base nos valores de energia armazenada no início de um mês e valores

realizados e prevista de energias afluentes, o modelo obtém o despacho ótimo para o período

em estudo, definindo a geração hidráulica equivalente e o despacho das usinas térmicas para

cada subsistema. Como resultados desse processo são obtidos os Preços MAE para o período

estudado, em cada patamar de carga considerado e para cada submercado. [ 5 ]

d) Agregação dos Dados de Medição

A medição é o processo de apuração das quantidades de produção e consumo de

energia elétrica, que são agrupadas e ajustadas para possibilitar a contabilização da energia

comercializada pelos agentes do MAE.

No atendimento da geração ao consumo, que se efetiva pelo sistema de transmissão,

ocorrem perdas de energia que são rateadas entre os agentes pela aplicação de fatores de

perdas. Estes fatores serão calculados de forma a dividir igualmente entre a produção e o

consumo às perdas verificadas em todo o sistema interligado. O rateio das perdas entre os

geradores e as cargas será feito baseado nos valores verificados destas grandezas[ 5 ].

Page 35: Gerenciamento de energia eletrica

35

Desta forma, nesta etapa os fatores de perdas da geração e da carga serão calculados

sem o efeito locacional da rede de transmissão, encontrando fatores que serão aplicados

igualmente entre os Agentes de produção que estejam no mesmo submercado, e o mesmo

ocorrerá para os Agentes de consumo. Para cada período de comercialização, os registros de

geração e de consumo serão ajustados já considerando o efeito das perdas. [5]

Desta forma, na etapa atual de implantação, os fatores de perdas da geração e da carga

serão calculados sem o efeito locacional da rede de transmissão, encontrando fatores que

serão aplicados igualmente entre os Agentes de produção e consumo. Para cada período de

comercialização, os registros de geração e de consumo serão ajustados já considerando o

efeito das perdas.

Após o ajuste dos valores medidos, para cada ponto de medição, se determina o

consumo líquido ou a geração líquida. No caso de um gerador, o consumo interno de sua

usina e gerações embutidas de outros agentes são deduzidos do valor total medido e

consumos embutidos são adicionados ao valor total medido, para que o nível real de geração

corrigido possa ser determinado.

Um processo análogo de obtenção de valor líquido é realizado para os medidores de

consumo, somando as gerações embutidas e deduzindo as cargas embutidas de outros agentes.

[5]

Os totais de geração e consumo de cada Agente em cada submercado são então

calculados, para serem usados em seguida no processo de contabilização.

Page 36: Gerenciamento de energia eletrica

36

2.2.5.9 - MRE - Mecanismo de Realocação de Energia

a ) O que é o MRE?

O MRE, mecanismo de realocação de energia, é um mecanismo financeiro de

compartilhamento do risco hidrológico que está associado a otimização do sistema

hidrotérmico realizada através de um despacho centralizado, realizado pelo ONS.

b ) Quem pode participar?

Apenas as usinas hidroelétricas e as termoelétricas que participam da CCC (Conta de

Consumo de Combustível) podem optar pela participação do MRE.

c ) Como funciona o mecanismo?

Em primeiro lugar, toda a geração das usinas participantes de todo o país é comparada

com as energias asseguradas (atribuídas às usinas anualmente pela ANEEL) do sistema

elétrico. [ 5 ]

Toda a geração que excede à assegurada é "transferida", para efeito apenas de

contabilização, às usinas que tiveram os seus despachos definidos pelo ONS como sendo

abaixo do seu nível assegurado.

Desta forma, o MRE procura garantir a energia assegurada de cada usina participante,

para efeito de contratação bilateral. A ANEEL estabelece que nenhuma empresa geradora

possa vender mais energia que o nível assegurado. Essa regra, de certa forma, protege os

Agentes Geradores contra exposições ao Preço MAE, caso não exista energia suficiente no

sistema para atender todas as asseguradas. [ 5 ]

Muito Importante: Caso o total de geração das usinas participantes do mecanismo não

seja suficiente para atender o repasse de energia até o nível de assegurada de todas as usinas,

o sistema realiza um reajuste proporcional nas energias asseguradas de todas as usinas

Page 37: Gerenciamento de energia eletrica

37

participantes do mecanismo. Pode-se dizer então que o MRE NÃO garante que as usinas

participantes sempre poderão dispor da energia assegurada para efeito de contratação

bilateral.

Do ponto de vista de cada usina, aquelas unidades que geraram acima de suas

asseguradas, no processo de contabilização do MAE, estarão "vendendo" essa diferença para

o sistema ao custo mínimo estabelecido para a água (hoje, R$ 5,79 para cada MWh).

Analogamente, a usina que "recebe" essa energia estará pagando ao sistema os

mesmos R$ 5,79 / MWh. Esses valores são apresentados na fatura emitida pelo MAE para

liquidação ao final de cada período contabilizado.

2.2.5.10 - Energia Secundária

A Energia Secundária é toda a energia que sobra, acima da assegurada do

sistema, após o processo de realocação de energia. Essa energia secundária será repartida,

proporcionalmente às asseguradas, ao preço dos mesmos R$ 5,79 por MWh, para as usinas

participantes do MRE.

a ) O que é Modulação?

O processo de contabilização do MAE considera valores horários, hoje agregado nos

patamares leve, médio e pesado (conforme os dados disponibilizados mensalmente pelo

ONS), para efeito de cálculo.

Valores como: Energia Assegurada, Energia da Usina de Itaipu, Contratos Iniciais e

todos os valores que existem em base mensal e anual devem ser modulados, ou seja,

transformados em valores horários para o processo de contabilização no MAE.

O capítulo 12 das regras de mercado descreve o processo realizado pelo sistema para a

referida modulação dos valores utilizados no MAE, para cada caso descrito acima.

Page 38: Gerenciamento de energia eletrica

38

Em linhas gerais, as fórmulas utilizadas no processo de modulação, de contratos

iniciais, energia assegurada, etc... Realizam uma distribuição dos valores mensais e anuais

balizados pela curva de consumo, procurando, da melhor maneira possível, lastrear o

consumo previsto para o período a ser contabilizado.

b ) Preços

O preço do MAE é determinado em base semanal, considerando três patamares de

carga, para cada submercado do sistema elétrico brasileiro.

A definição dos submercados é responsabilidade do ONS e contempla a seguinte

divisão do sistema elétrico brasileiro: Norte, Nordeste, Sudeste/Centro-Oeste e Sul.

O preço do MAE será calculado em base ex-ante (considerando informações previstas

de disponibilidade e carga) para as semanas que se iniciam aos sábados e terminam na sexta –

feira, podendo conter dias de dois meses adjacentes. O preço servirá para a liquidação de toda

a energia não contratada entre os agentes.

A determinação dos Preços MAE foi baseada na Resolução nº109 da GCE de

25/01/2002 e na Resolução nº 686 da ANEEL de 24/12/2003.

c ) Contratos Bilaterais

Contratos de compra e venda de energia negociada livremente entre dois agentes de

Mercado sem a interferência do MAE, sendo divididos em duas subcategorias de acordo com

o prazo de duração do Contrato: Longo Prazo (igual ou superior a seis meses de duração

sendo necessário o protocolo de registro de contrato na ANEEL) e Curto Prazo (inferior a seis

meses de fornecimento).

Page 39: Gerenciamento de energia eletrica

39

O registro de contratos no MAE não contem informações de preços negociados,

apenas os montantes contratados em MWh entre as empresas, que serão contabilizados em

base horária e modulados por patamar de carga sem validações, ou seja, os dados não

precisam ser iguais para um mesmo período.

O contrato bilateral é registrado pelo agente vendedor e validado pelo agente

comprador diretamente no sistema

Contratos não validados pelo comprador não serão contabilizados assim como os

Contratos entre Agentes do MAE e terceiros não integrantes do mercado atacadista.

d ) Os Contratos Bilaterais dividem-se em:

• Contratos Bilaterais de Curto Prazo Contratos com prazo de validade menor que 06 meses.

• Contratos Bilaterais de Longo Prazo Contratos com prazo de validade maior ou igual a 06 meses.

• Contratos Bilaterais com Direitos Especiais

Contratos Bilaterais que se encontra em situação de exceção, como partes compradora e

vendedora localizada em submercados diferentes, cujo direito ao excedente financeiro é

concedido pela Aneel.

O risco de registrar contratos bilaterais entre submercados é de responsabilidade do

agente, portanto, a caracterização do contrato como direito especial e o direito ao

excedente, apenas é concedido com a autorização da Aneel.

Page 40: Gerenciamento de energia eletrica

40

• Contratos Bilaterais de Auto Produção

Define-se como Auto Produtor de Energia Elétrica, a pessoa física ou jurídica ou

empresas reunidas em consórcio que recebam concessão ou autorização para produzir

energia elétrica destinada ao seu uso exclusivo.

Para os autoprodutores que se tornem agentes do MAE, os acordos serão cadastrados

como contratos bilaterais.

• Contratos de Leilão

São os Contratos de compra e venda de energia elétrica, decorrentes de leilão público

de lotes de energia.

• Contrato de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado (CCEAR)

CCEAR é um Contrato Bilateral de compra e venda de energia elétrica e respectiva

Potências Associadas, celebradas entre Agente Vendedor e Agente de Distribuição no âmbito

do Ambiente de Contratação Regulada (ACR).

Os contratos CCEAR´s são definidos e regidos por Leis e Decretos federais.

• Energia Assegurada

A Energia Assegurada de cada usina hidrelétrica será a fração a ela alocada da Energia

Assegurada do sistema que constituirá o limite de contratação, determinada pela ANEEL,

para os geradores hidrelétricos do sistema.

Page 41: Gerenciamento de energia eletrica

41

• Modulação de Contratos Iniciais

Modulação é o processo pelo qual os volumes de energia mensais dos Contratos

Iniciais são distribuídos em volumes de energia nos períodos de comercialização

(horário·Tipos de Modulação):

• Ex-post - modulação realizada pelo Sinercom. A modulação ex-post é realizada com base

nos valores verificados de geração e consumo.

• Ex-ante - Modulação realizada pelo agente, com base nos valores previstos de geração e

consumo.

Figura 2.2 - Modulação e Sazonalização da Energia 2.2.6 - “Cliente Livre” ·

A tarifa residencial de energia no Brasil é uma das maiores do mundo. Ela embute um

subsídio para a tarifa industrial, que por essa razão é bem mais baixa que a residencial. No

setor elétrico, esse subsídio é chamado de "subsídio cruzado".

Há alguns anos, o governo vem trabalhando fortemente para extinção do “subsídio

cruzado”. Com a redução gradativa deste subsídio (até sua eliminação), o aumento tarifário

Page 42: Gerenciamento de energia eletrica

42

do consumidor conectado em alta tensão (grupo A) tem sido muito superior ao aumento

impetrado ao consumidor residencial, preservando a tarifa do pequeno consumidor (cidadão)

em detrimento da tarifa do grande consumidor (empresa).

Esta nova realidade está acelerando o processo de migração dos grandes consumidores

para o mercado livre de energia elétrica, onde estes poderão exercer o seu “livre arbítrio” e

negociar livremente seus contratos de energia diretamente junto a outros agentes do setor

(geradores e comercializadores), dentro dos temos e condições (preço, prazo e flexibilidade)

que melhor lhes convier, cabendo ao governo estipular as tarifas de transporte (“fio”)

suficientes para garantir a remuneração dos ativos das distribuidoras e permitir o investimento

contínuo na ampliação da capacidade do sistema elétrico.

Considerando que os consumidores livres conseguem obter uma redução de 15% a

25% em seu custo de energia em função da atual sobra contratual de energia disponível no

mercado, torna-se uma necessidade a análise dos benefícios e riscos de uma eventual

migração para o mercado livre.

“Clientes Livres“ são os consumidores de energia que podem não apenas escolher sua

empresa fornecedora de energia, como também gerenciar suas necessidades da maneira que

lhes

parecer melhor, levando em conta vantagens em preços, produtos e serviços. Os

consumidores que não optam por se tornarem ”clientes livres” são chamados de ”clientes

cativos“.

Qualquer consumidora com demanda contratada igual ou superior a 500 kW, em

qualquer segmento horo-sazonal pode optar por ser um cliente livre. No entanto, podem

comprar energia de qualquer fornecedor apenas os consumidores com demanda igual ou

superior a 3 MW, e atendidos em tensão igual ou superior a 69 kV. No caso de consumidores

ligados após 08 de julho de 1995 (os chamados "clientes novos"), não existe a restrição da

Page 43: Gerenciamento de energia eletrica

43

tensão de atendimento. Ou seja: basta que tenham demanda igual ou superior a 3 MW para

poderem comprar energia de qualquer fornecedor.

Os consumidores que não se enquadram nas restrições acima podem comprar energia

apenas de titular de autorização ou concessão de aproveitamento hidráulico com

características de pequena central hidrelétrica (PCH) ou fonte alternativa (fonte eólica,

biomassa ou solar). No jargão do mercado, esses consumidores podem apenas comprar

energia de "fontes alternativas".

Além dos consumidores previstos acima, o governo dá sinais claros de que os limites

necessários para que o consumidor possa participar do Mercado Livre de Energia será

ampliado em médio prazo.

O preço cobrado do consumidor final de energia é resultado não apenas do preço da

energia livremente negociada. Além do custo da energia propriamente dita, também são

cobrados do consumidor:

� TUST – Tarifa de uso do sistema de transmissão: tarifa paga pelo uso da rede básica

de transmissão e o custo das conexões entrem a empresa produtora e a rede básica e,

desta, com a rede local da empresa consumidora.

� TUSD – Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição: tarifa onde estão incorporadas as

tarifas de demanda (em ponta e fora de ponta) e as tarifas de excedentes reativos.

� CC – Custo de conexão: taxas que visam cobrir despesas com conexão e implantação

de sistemas de medição.

� Perdas técnicas: cálculo das perdas na transmissão de energia.

A tarifa de uso da rede básica é estabelecida pela ANEEL, com base nos custos de

investimentos no sistema de transmissão e da localização dos pontos de produção e consumo

de energia.

Page 44: Gerenciamento de energia eletrica

44

Figura 2.3 -Tarifa incidentes no consumidor livre

Assim, enquanto um “consumidor cativo” recebe apenas uma conta de energia, o

“consumidor livre” pode receber várias. Normalmente, o “consumidor livre” recebe as

seguintes contas de energia:

� Conta referente à parcela cativa (se houver), emitida pela concessionária local.

� Conta referente ao Uso da Rede de Distribuição, emitida pela concessionária local.

� Conta(s) referente(s) ao fornecimento de energia. Um único “consumidor livre” pode

comprar energia de quantos fornecedores diferentes desejar. Assim, este item pode ser

dividido em inúmeras contas diferentes.

É importante esclarecer que um “consumidor livre” não deixa de ser cliente de sua

concessionária local. Esta continuará a receber pela transmissão e distribuição de toda a

energia que o consumidor vier a comprar no mercado livre. Ou seja: mesmo para os “clientes

livres”, a concessionária local continua a ser um importante fornecedor, e, portanto continua

Page 45: Gerenciamento de energia eletrica

45

sendo obrigada a respeitar as portarias de atendimento ao consumidor estabelecido pela

ANEEL.

Há ainda a possibilidade de se tornar “consumidor livre” sem deixar de ser

“consumidor cativo”. Conforme descrita acima, uma das suas contas pode ser referente à

parcela cativa que tiver sido mantida com a concessionária local.

Resumindo, as grandes diferenças entre ser cativo e livre são as seguintes:

Tabela - Diferença entre Cliente Livrex Cativo

CLIENTE LIVRE CLIENTE CATIVO

VALOR

ENERGIA

Negocia livremente com o(s)

fornecedor (es)

Paga tarifa que for estabelecida pela

ANEEL para a sua concessionária

local**

REAJUSTE Negocia livremente com o(s)

fornecedor (es)

Paga reajuste que sua concessionária

conseguir aprovar junto à ANEEL**

RISCO DE

ATENDIMENTO

Risco mínimo do cliente

ficar sem energia

Não há risco do cliente ficar sem

energia

RISCO DO

VALOR DA

ENERGIA

Administrado pelo

consumidor, em função do(s)

contrato(s) firmado(s) com

o(s) fornecedor(es)

Administrado pela ANEEL, com

pequena influência do consumidor**.

� **Observação: As tarifas praticadas por cada concessionária do país são reajustadas

anualmente pela ANEEL. Nestas ocasiões, a ANEEL pode (ou não) repassar eventuais

perdas (ou ganhos) de rentabilidade que a concessionária tiver tido no período anterior.

Page 46: Gerenciamento de energia eletrica

46

Ou seja, o reajuste anual das tarifas de clientes cativos não se dá apenas em função da

inflação medida no país.

Assim, a opção de se tornar consumidor livre é seguramente muito tentadora. Os

únicos inconvenientes são as necessidades de ferramentas modernas de

monitoramento/análise, e de apoio consultivo técnico/jurídico. Mas, normalmente, tudo isto

tem custo muito inferior aos ganhos alcançados.

2.2.7 - Gerenciamento dos Contratos Energia Elétrica

Com a abertura do mercado de energia elétrica no Brasil, cada vez mais surgem novas

oportunidades de investimento para concessionárias de energia de energia e seus clientes.

A partir da implantação do novo modelo de fornecimento e consumo de energia, os

preços começaram a refletir as reais variações dos custos das concessionárias e obedecer às

leis de oferta e procura.

Para os consumidores são muitos os benefícios, não só em relação aos valores como

também à qualidade de produtos e serviços adicionais oferecidos pelas empresas geradoras,

distribuidoras e comercializadoras de energia.

Agora, os ganhos potenciais para os consumidores finais passaram a estar diretamente

associado ao gerenciamento de sua demanda e de seus contratos de energia elétrica, ou seja,

eles vão depender da habilidade do cliente em compatibilizar necessidades energéticas com as

variações nos preços da energia.

Com isso, fica evidente que o sucesso na redução das despesas com energia elétrica

vai depender fundamentalmente de um novo insumo: A Informação.

Page 47: Gerenciamento de energia eletrica

47

Os interesses de consumidores livres podem ser representados por agentes geradores,

comercializadores "puros" ou pelas distribuidoras que, tradicionalmente, os atendiam.

De acordo com as flutuações no mercado, o cliente pode se deparar com períodos

onde o custo da energia pode ser superior àquele compatível esperado por ele. Por isso, é

fundamental para a empresa em momentos como este, a necessidade em se manter o ritmo da

produção pode significar aumento desproporcional nas despesas com energia.

Para se proteger desse risco, o Cliente Livre tem basicamente duas opções. A primeira

seria considerar que ele detém informações suficientes para enfrentar a flutuação do preço

através do gerenciamento de seu consumo e/ou contratação diretas de mecanismos

financeiros, conhecidos como Derivativos, para "estabilizar" esse preço.

Outra alternativa seria encontrar no mercado, alguma empresa que assumisse os riscos

no lugar do cliente e oferecesse contratos que mantivessem o preço da energia elétrica em

patamares razoáveis para o comprador.

Seja qual for a estratégia adotada, será essencial para o cliente poder contar com um

amplo leque de informações quanto ao comportamento dos preços de energia, tendo sempre

em vista o horizonte de tempo considerado.

Os comercializadores de energia são obrigados a contratar 95% da energia vendida,

logo estas precisarão dimensionar o volume de energia total a ser contratado para atender os

seus clientes, e para tanto os consumidores livres devem determinar, anualmente, o volume de

energia que irão consumir (em MWh).

Como a previsão de consumo de energia não é uma ciência exata, fatalmente poderão

ocorrer diferenças entre o valor contratado junto ao comercializador de energia e o valor

efetivamente consumido. Tais diferenças são apuradas mensalmente e tratadas de acordo com

Page 48: Gerenciamento de energia eletrica

48

o definido em cada contrato de fornecimento. Em geral, os contratos abordam este assunto da

seguinte forma:

� Se o volume consumido for maior que o contratado, o consumidor pagará ao

comercializador o maior valor entre o Valor Normativo (definido pela ANEEL) e o preço

SPOT (definido pela CCEE).

� Se o volume consumido for menor que o previsto, o consumidor pagará pelo volume

total contratado junto ao comercializador, recebendo da comercializadora, referente à

sobra de energia, o menor valor entre o Valor Normativo e o preço SPOT da CCEE.

O consumidor livre pode gerir plenamente o “insumo” energia elétrica, da mesma

forma como administra outros itens relacionados à sua atividade produtiva (mão-de-obra e

matérias primas em geral). Note que:

� O cliente livre poderá dispor de contratos de fornecimento com flexibilidade no

consumo da energia contratada, sendo assim possível “sazonalizar”, para mais ou para

menos, os volumes de energia contratada, adequando desta forma seu contrato às

oscilações naturais de consumo de energia decorrentes de seu ramo de atividade.

� Eventuais diferenças entrem a energia contratada e a energia consumida, para mais ou

para menos, podem ser comercializadas livremente pelo consumidor, a preços de

mercado, sendo possível efetuar antecipadamente uma operação de compra adicional de

energia ou venda de excedente, meses antes do fato consumado, livrando assim o

consumidor da exposição à volatilidade dos preços SPOT. Da mesma forma, pode-se

estruturar derivativos visando o gerenciamento da posição de energia da empresa, tais

como operações de swap (trocas de energia) e opções de compra/venda (direito, mas não

obrigação, de comprar/vender energia a preços previamente acordados).

Page 49: Gerenciamento de energia eletrica

49

O consumidor que possuir mais de uma unidade industrial pode adquirir um único

bloco de energia para todas as suas unidades, gerenciando as diferenças individuais de

consumo de forma consolidada, ou seja, se sobrou energia numa unidade, esse montante pode

ser alocado para sua(s) outra(s) unidade(s).

2.2.8 - Programas e política de conservação energia

2.2.8.1 - CICE Comissão interna conservação energia

Para a coordenação do programa interno de utilização racional de energia torna-se

mais fácil à implantação de uma Comissão Interna de Conservação de Energia, doravante

denominada CICE.Esta comissão terá o encargo de propor, implementar e

acompanhar medidas efetivas de utilização racional de energia, bem como controlar e

divulgar as informações mais relevantes.

Nos próximos capítulos 3 e 4 mostrar-se as ações na área de contratação, conservação,

bem como na racionalização e eliminação de desperdícios da energia elétrica, que

contribuíram positivamente na redução do custo estrutural da nossa empresa, e contribuíram

também com a preservação do nosso meio ambiente.

Page 50: Gerenciamento de energia eletrica

50

CAPITULO 3 - LEVANTAMENTO DOS DADOS

O presente capítulo tem o objetivo de mostrar a sistemática adotada, sua metodologia

e os recursos necessários para a obtenção dos dados em duas frentes de atuação na empresa:

�Estratégias adotadas no âmbito da contratação da energia elétrica no Mercado Livre;

�Sistemática adotada no âmbito interno da empresa visando eliminação de

desperdícios.

3.1 - CONTRATAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA NO MERCADO LIVRE

A seguir estão os principais passos dados para uma contratação segura, eficiente, com

grandes ganhos para a empresa, pois se tratava de grandes quantidades de energia / dinheiro

envolvido.

3.1.1 - Levantamento das necessidades anuais de energia por planta

Foram tomadas como premissas básicas os seguintes dados abaixo para fazermos uma

previsão bastante assertiva:

� Histórico de um ano de consumo de cada área da empresa segmentado por: dias úteis

de produção, sábados com e sem produção; domingos e feriados;

� Calendário futuro de produção;

� Volume a ser produzido mês a mês e ano a ano;

Com isto foi preparado um planejamento da energia elétrica a ser consumida por dia,

mês e ano na empresa.

Page 51: Gerenciamento de energia eletrica

51

3.1.2 - Conveniência de juntarmos plantas

De posse das necessidades de energia por planta, foi-se avaliar a conveniência de

juntarmos as mesmas. Foram feitos gráficos do perfil de carga de cada planta individualmente

e em conjunto, assim como gráficos com os montantes de energia mensais individuais por

planta e em conjunto das mesmas. Observou-se que ao agruparmos o perfil de carga tornou-se

mais “flat”, com menos altos e baixos no perfil de carga e no consumo mensal. Esta estratégia

foi importante, pois:

� No âmbito do mercado livre foi possível comprarmos energia para diversas plantas

através de um contrato. Podemos registrar nossa empresa, com diversas plantas no

território nacional como uma única perante o MAE.Opção esta, que se torna mais

atrativa quando as plantas estão dentro do mesmo submercado, que no caso é o

Sudeste;

� Comprar-se energia em lotes maiores tornou-se uma vantagem a mais para se

conseguir preços menores;

� A energia “flat” com menor flexibilidade era mais barata.

3.1.3 - Comparação Livre x Cativo

Através duma consultoria externa a algumas renomadas firmas comercializadoras de

energia, permitiu-se avaliar os preços da energia livre e cativo nos cenários do passado

recente, presente e futuro. Para projetar os cenários futuros os seguintes parâmetros são

levados em consideração:

� Análise Regulatória

� Planejamento tarifário

� Análise e Previsão de Mercado

� Balanço Energético

Page 52: Gerenciamento de energia eletrica

52

� Acompanhamento de Sinalização de Mercado

� Projeções Mensais segundo ONS

� Evolução de Preços no Mercado Livre

� Evolução da Matriz Energética Brasileira

� Precificação de Diferentes Produtos de Energia

� Análise Fundamentalista

� Cenários Hidrológicos

� Curva de Preços Futuros

Ilustra-se abaixo que em 2002 a energia no mercado livre era bem mais barata do que a

cativa.

S:/Administ/GK/Accomplishments/mascara2001.ppt

2

63,13

102,29

65,59

107,65

56,36

68,36

52,00

78,00

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

Planta 1 - Cativo ( simulação) Planta 2 - Cativo ( simulação)

Planta 1- Livre Planta 2- Livre

R$/MWh

Variação do Custo kWh “Livre x Cativo (simulação)”Ano 2002

Fev/00 Jun/02

Figura 3.2 - Variação do custo KWh “Livre x Cativo” ano 2002

Page 53: Gerenciamento de energia eletrica

53

Tarifa cativa média industrial - Sudeste

87103

122145

190 197

0

50

100

150

200

250

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Ano

Val

or e

m R

$/M

Wh

Figura 3.3 – Evolução da tarifa cativa média setor industrial

3.1.4 - Construção dos Requisitos

A energia elétrica comumente é vendida na unidade de MW médio/mês ao ano.

Isto significa que se comprarmos um lote de 20 MW médio/mês estaremos

comprando, por exemplo, para o mês de 30 dias:

20 MW x 24 horas x 30 dias = 14.400 MWh/mês

Normalmente a energia adquirida de curto prazo, no mercado SPOT, é uma energia

“FLAT”, que não permite flexibilidade na modulação da mesma perante CCEE.

Ao passo, que os MW médios adquiridos através de leilões ou de contratos bilaterais

permitem uma certa flexibilidade.

Page 54: Gerenciamento de energia eletrica

54

A flexibilidade em sazonalização em contratos de leilões não é negociável e

normalmente se restringem a ± 10% do volume contratado.

Já em contratos bilaterais as flexibilidades em modulação e sazonalização, são

livremente negociadas entre as partes, com a ressalva de quanto maiores as mesmas, maior

será o preço desta energia.

Portanto tornou-se de suma importância analisar quais os requisitos que eram

necessários para o contrato.

Tais requisitos se referem:

� Flexibilidade, tanto em sazonalização, como em modulação, de energia para

atender a necessidade da planta.

�Perfil de carga da planta, ou das plantas (perfil combinado)

� Montantes anuais de energia

3.1.5 - Definição do Período de Contratação

O mercado permitia contratações de curto-prazo (1ano) até de longo prazo (8 a 10

anos).

Esta era uma decisão estratégica da empresa, onde vários fatores contribuíram para a

tomada de decisão do período a ser contratado:

� Projeção de Consumo para os anos vindouros;

� Preço atual de energia e projeção de futuro;

� Orientações e projeções do mercado;

� Estratégia da própria empresa em se garantir ou ficar a descoberta.

Page 55: Gerenciamento de energia eletrica

55

Normalmente as contratações de longo prazo, têm preço maior que a de curto prazo,

pois ao assegurar uma energia futura as Geradoras/Distribuidoras embutem o fator risco.

Após as

considerações acima optamos por comprar energia para dois e quatro anos, conforme cenário

1 a seguir.

Figura 3.4 – Opções de compra de energia em longo prazo

3.1.6 - Escolhas das Empresas Fornecedoras de Energia

No mercado livre podemos tanto comprar energia das comercializadoras,

distribuidoras, como das geradoras.

Optou-se por não adquirir das comercializadoras, a fim de evitarmos intermediários.

A premissa básica para a pré-seleção destas empresas é que tenham, capacidade de

assegurar a energia contratada, transparência, reputação, bom relacionamento com clientes e

nos atendesse em todos os requisitos mencionados nos itens 3.1.5 e 3.1.6.

Page 56: Gerenciamento de energia eletrica

56

3.2 - SISTEMÁTICA ADOTADA NO ÂMBITO INTERNO DE EMPRESA

VISANDO ELIMINAÇÃO DE DESPERDÍCIO

3.2.1 - Criação da C.I.C.E.

No inicio de 2005 foi reativada a Comissão Interna de Conservação de Energia,

doravante denominada de CICE. Esta comissão teve o encargo de propor, implementar e

acompanhar medidas efetivas de utilização racional de energia, bem como controlar e

divulgar as informações mais relevantes. Foram consideradas, para implementar e gerenciar a

CICE, as seguintes atribuições básicas:

� Analisar as potencialidades de redução de consumo de energia e demanda;

� Em função dessa análise, estabelecer metas de redução;

� Acompanhar o faturamento de energia elétrica e divulgar os resultados alcançados, em

função das metas que forem estabelecidas;

� Gerenciar o fator de potência indutivo e capacitivo da instalação de forma que o

mesmo resulte acima de 0,92.;

� Estabelecer gráficos e relatórios gerenciais visando subsidiar o acompanhamento do

programa e tomada de decisões.

Com as atribuições supracitadas, a CICE empreendeu as seguintes ações:

� Controle do consumo específico de energia por setores e/ou sistemas;

� Análise dos resultados, visando a melhoria das eficiências;

Page 57: Gerenciamento de energia eletrica

57

� Realização de cursos específicos para o treinamento e capacitação do pessoal;

� Avaliação anual dos resultados e proposição de programa para o ano subseqüente;

� Promover alterações nos sistemas utilizadores de energia visando adequar seu

consumo;

� Divulgação dos resultados e ajustes das metas e objetivos. CO

MIT

Ê IN

TERN

O CON

SERVA

ÇÃO

ENERGIA

Time Operacional

Time de Apoio

Time Coordenadores Conservação de Energia

Complexo Industrial de SJC

Figura 3.5 – Estrutura da CICE

3.2.2 - Levantamento dos Desperdícios

A cada membro da CICE nas suas respectivas áreas foi dada a atribuição de

levantarem as oportunidades de eliminação os desperdícios, bem como sistematizar planos de

ação, de tal forma que para cada atividade que foi desenvolvida haveria um responsável para

garantir que tal atividade fosse duradoura. Por exemplo, uma simples atividade como apagar e

acender as luzes nos intervalos de almoço ou jantar fosse executado não só apenas nas

primeiras semanas, mas transforma-se numa rotina para os anos vindouros.

Page 58: Gerenciamento de energia eletrica

58

Foi então utilizado o formulário a seguir, os quais foram preenchidos e executados por

todas as áreas.

Tabela 3.1- Mapeamento de oportunidade redução de custo

PLANO DE RACIONALIZAÇÃO DE ENERGIA Data: ___/___/ 05

Planta: Fábrica: Área:

Gerente da Área: Time de Apoio - Membro: Time Conservação de Energia - Membro:

Oportunidades para Economizar

Localização Responsável (nome)

Desligamento

Horário Desligamento

Responsável (nome)

Religamento

Horário Religamento

Monitoramento Anual Economia

3.2.3 - Rede de Medição Utilizados e seus Protocolos

Para que se pudésse fazer um correto gerenciamento das atividades de redução do

consumo de energia elétrica da empresa, houve a necessidade de se instalar uma rede de

medição precisa em todos os pontos importantes, nas diversas áreas da empresa.

Optou-se por instalar uma rede de medição do fabricante CCK, com transdutores de

medição digitais.A seguir mostra-se detalhes da mesma:

Page 59: Gerenciamento de energia eletrica

59

5

SUPERVISÓRIO CCK

MEDIDOR BANDEIRANTES

MEDIDOR BANDIRANTE

SISTEMA DE MEDIÇÃO CCK EM BLOCOS

REMOTA - 3CUBÍCULO

100-K 29 LD

DIS

JUN

TO

R

NO BREAKPAINÉL DEMANDA

SALA DE COMANDO

RTU: 1 100-K 17

TR-5

RTU: 2 100-K 19A

303-S02

RTU: 3 100-K 19B

302-S01

RTU: 4 100-K 20A

304-S05

RTU: 5 100-K20B

304-S07

RTU: 7 100-K 21B

112-S02

RTU: 10 100-K 23A

102-S01

RTU: 14 100-K 28A

121-S07

RTU: 15 100-K 28B

122-S02

RTU:16 100-K 30

TR-3

RTU: 18 100-K 32B

120-S 11

RTU: 19 100-K 33A

121-S03

CONVERSOR 232 / 485

RÉGUA DE BORNES 100 -K35 - INF.

FUTURO FUTURO FUTURO

FUTURO

FUTURO

FUTUROFUTURO

FUTURO

RETORNO RS 485

COMUNICAÇÃO MODBUS

SAÍDA RS 232

ALIMENTAÇÃO 110V

LEGENDA

MODBUS

RS 485

RS 232

SALA DOS DISJUNTORES - SE 100

SALA DE COMANDO

Figura 3.6 – Sistema de Medição CCK em Blocos [Cortesia CCK]

3.2.3.1 - Rede de Medição CCK

Na figura abaixo está representado um sistema completo de gerenciamento de energia elétrica, com as seguintes funções disponíveis:

� Medição global de energia;

� Controle de demanda e consumo de energia elétrica;

� Controle de fator de potência;

� Qualidade de energia;

� Medição setorial de energia para fins de rateio;

Medição setorial de energia com verificação de índices de qualidade;

Page 60: Gerenciamento de energia eletrica

60

Figura 3.7 – Arquitetura da Rede [Cortesia CCK]

3.2.3.2 - Arquitetura Básica

Na implantação de um sistema com estas funções, são utilizados equipamentos do

tipo:

� GERENCIADOR DE ENERGIA CCK 6000: integra funções como aquisição e

registro em memória de informações de consumo de energia proveniente de medidores de

energia e funções de controle de demanda e consumo de energia elétrica e fator de

potência;

� CCK 4100: monitor de tensão para qualidade de energia, com alta velocidade de

aquisição de sinais elétricos (130 amostras por ciclo de tensão) para acompanhamento da

energia fornecida pela distribuidora;

Page 61: Gerenciamento de energia eletrica

61

� CCK 6500: registrador de dados com capacidade de armazenar 40 campos de medição

de qualquer tipo de grandeza em médias integradas de 5 minutos;

� CCK 4200: transdutor para medição setorial de energia, totalmente compatível com o

Sistema CCK de Gerenciamento de Energia;

� CCK 600: unidade de verificação do estado (aberto/fechado) de pontos de contato

seco que permitem o acompanhamento da operação do circuito elétrico, inclusive com a

emissão de alarmes;

Como apresentado na figura, todos os equipamentos utilizados para estas funções são

interligados a um microcomputador (ou rede corporativa de microcomputadores) da qual é

possível, a partir do software SW CCK PC 6000, o gerenciamento total do sistema.

Pode-se ressaltar ainda que, como característica intrínseca neste tipo de sistema, sua

implantação dá-se por função, de forma modular, não exigindo desta forma grandes

investimentos iniciais para obtenção de resultados significativos.

A seguir, apresenta-se um exemplo de implantação deste tipo de sistema em um

consumidor horosazonal enquadrado na modalidade tarifária VERDE ou AZUL.

3.2.3.3 - Medição Global de Energia

Para os consumidores que estamos tratando, as distribuidoras de energia utilizam um

medidor de energia denominado medidor THS, específico para a modalidade tarifária

horosazonal.

Uma das características deste medidor é possuir uma saída denominada SAÍDA DO

USUÁRIO, que é uma saída serial de dados que segue uma norma ABNT onde são

Page 62: Gerenciamento de energia eletrica

62

disponibilizadas as informações de consumo de energia ativa e reativa para o intervalo de 15

minutos corrente (tempo de medição utilizado para faturamento) separado por posto horário

(PONTA e FORA DE PONTA INDUTIVO e FORA DE PONTA CAPACITIVO).

É nesta saída onde, através de isolador ótico (também chamado de tomada ótica), pode

ser conectado o GERENCIADOR DE ENERGIA CCK 6000 com funções armazenamento de

dados e controle, como veremos adiante.

TOMADA ÓTICA

Figura 3.8 – Comunicação Óptica

O GERENCIADOR DE ENERGIA CCK 6000 dispõe de meios automáticos de

controle para intervir, quando da tendência de inadequações dos valores de demanda e fator

de potência, mantendo-os nos limites fixados nos contratos firmados com as concessionárias

de energia.

O controle de demanda realizado pelo GERENCIADOR DE ENERGIA CCK 6000 é um

sistema de controle de malha fechada com um grau de histerese definido pelo usuário.

Além da SAÍDA DO USUÁRIO do medidor de energia da concessionária, também

deverão estar conectadas ao GERENCIADOR DE ENERGIA CCK 6000, cargas previamente

selecionadas e que possam ser comutadas (ligadas/desligadas).

A partir das informações disponibilizadas na SAIDA DO USUÁRIO do medidor de

energia o GERENCIADOR DE ENERGIA CCK 6000 estará, através de algoritmos

Page 63: Gerenciamento de energia eletrica

63

apropriados, projetando a DEMANDA de energia elétrica para o final do intervalo de 15

minutos e realizando as ações de controle conforme tabela a seguir:

Tabela 3.2 – Atuação do Gerenciamento de Demanda

Resultado do algoritmo Ação do GERENCIADOR DE ENERGIA

CCK 6000

Ultrapassagem da DEMANDA CONTRATADA

Desligamento de cargas

Nível normal de utilização de DEMANDA CONTRATADA

Repouso

Mau aproveitamento da DEMANDA CONTRATADA

Religamento de cargas

A esta operação de desligamento/religamento de cargas denominamos

MODULAÇÃO e tem como objetivo utilizar o máximo da DEMANDA CONTRATADA

pelo consumidor junto a distribuidora de energia.

Deve ser observado que todas as operações de modulação de cargas ocorrem dentro de

uma janela de tempo de 15 minutos, que é o período de tempo utilizado pela distribuidora de

energia para faturamento. Em um mês, ocorrem quase 3.000 intervalos de 15 minutos e, em

nenhum destes intervalos, poderá haver ultrapassagem da demanda contratada, pois, para

faturamento, será cobrado o maior valor verificado entre todos os intervalos de 15 minutos do

mês, tanto para o posto horário de PONTA como para o posto horário FORA DE PONTA.

Para o sucesso da implantação do controle de demanda, deve se procurar a seleção de

cargas que:

� Ao sofrerem este tipo de atuação não irão interferir no processo produtivo;

� Que garantam, quando desligadas, a redução de consumo necessário para evitar a

ultrapassagem de DEMANDA CONTRATADA;

Page 64: Gerenciamento de energia eletrica

64

O mesmo critério de controle é utilizado para o controle do consumo de energia

elétrica sendo que, para este caso, o período analisado não é de 15 minutos e sim de 30 dias.

3.2.3.4 - Controle de Fator de Potência

Esta função possui duas formas de implantação:

� Através de controladores de fator de potência discreto (CFP), instalados em pontos

estratégicos da instalação elétrica;

� Através do GERENCIADOR DE ENERGIA CCK 6000;

� Conjunta;

Para o GERENCIADOR DE ENERGIA CCK 6000, este controle é, na sua forma de

operação, análogo ao controle de demanda, sendo que todos os acionamentos são realizados

sobre cargas reativas, mais comumente, sobre bancos de capacitores.

Da mesma forma que no controle de demanda, o GERENCIADOR DE ENERGIA

CCK 6000, a partir das informações obtidas junto a SAÍDA DO USUÁRIO do medidor

global de energia, estará calculando o fator de potência GLOBAL da instalação elétrica e,

com base nestes cálculos, estará tomando as seguintes ações:

Tabela 3.3 – Atuação do Gerenciamento do Fator de Potência

Resultado do algoritmo Ação do GERENCIADOR DE ENERGIA

CCK 6000

FATOR DE POTÊNCIA abaixo do valor permitido

Ligamento de bancos de capacitores

FATOR DE POTÊNCIA normal Repouso

FATOR DE POTÊNCIA acima do valor permitido

Desligamento de bancos de capacitores

Page 65: Gerenciamento de energia eletrica

65

Para o FATOR DE POTÊNCIA, a distribuidora estará observando que, entre 6:00 hs e

24:00 hs (posto horário INDUTIVO FORA DE PONTA e INDUTIVO PONTA), a média

horária do fator de potência não poderá ser inferior a 0,92 indutivo enquanto que, no período

entre 0:00 hs e 6:00 hs (posto horário CAPACITIVO FORA DE PONTA), a média horária do

fator de potência não poderá ser superior a 0,92 capacitivo. Em caso de não cumprimento

destas faixas, o consumidor será penalizado com multas por fator de potência.

O sucesso do controle de fator de potência depende basicamente de:

� Utilização da quantidade de KVAR's necessários para correção do fator de potência,

dividido em diversos estágios de bancos de capacitores;

� Dimensionamento correto dos diversos de estágios destes bancos de capacitores para,

quando ocorrem acionamentos, não ocorrem variações bruscas no valor do fator de

potência, o que poderá ocasionar um número de acionamentos elevado nos bancos de

capacitores;

Figura 3.9 – Gráfico do Fator de potência

Page 66: Gerenciamento de energia eletrica

66

Quando utilizado controle fator de potência instalado em pontos estratégicos da

instalação elétrica, estes operam da seguinte forma:

� Normalmente atuam sobre 12 estágios de banco de capacitores;

� São monofásicos (ligados a um sinal de tensão e um de corrente) e partem do

princípio que os circuitos elétricos são balanceados;

� Calcula-se o fator de potência com base no atraso entre o sinal de tensão e corrente;

Neste tipo de controle, normalmente dissociado do SISTEMA CCK DE

GERENCIAMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA, poderá ocorrer:

� Com a proliferação do uso deste tipo de equipamento em diversos pontos, poderá

ocorrer a instalação de um número de KVAR's mais elevado que o necessário para

correção do fator de potência;

� Nos pontos onde são utilizados os CFP's, poderá ocorrer um número de elevado de

atuações sobre bancos de capacitores, uma vez que estes instrumentos trabalham com o

valor instantâneo de fator de potência;

3.2.3.5 - Gerenciamento Através de Microcomputador

O software de gerenciamento de energia SW CCK PC 6000, parte integrante do

SISTEMA CCK DE GERENCIAMENTO DE ENERGIA foi elaborado de forma a emitir

uma gama de relatórios e gráficos analíticos de utilização de energia elétrica, que permitirão

ao usuário uma visão geral do uso de energia elétrica. A partir da comunicação serial RS 485 ,

as memórias de massa dos equipamentos CCK são transferidas para o microcomputador e

Page 67: Gerenciamento de energia eletrica

67

gravadas em disco, formando um banco de dados de utilização de energia elétrica e utilidades

a partir do qual são emitidos gráficos e relatórios analíticos.

O SW CCK PC 6000 tem em sua funcionalidade a emissão do relatório certo para

pessoa certa, como por exemplo:

� Emissão de contas de energia para a contabilidade;

� Previsão de gastos com energia para os controladores;

� Gráficos analíticos tais como demanda fator de potência, etc para a engenharia;

Este programa, disponível para o Sistema Operacional Windows 95/98/NT e 2000,

com recursos de utilização através de rede de microcomputadores, é uma poderosa ferramenta

para o gerenciamento do consumo de energia elétrica e utilidades, onde, além da capacidade

de aquisição, armazenamento e processamento dos dados medidos pelos equipamentos CCK.

Figura 3.10 – Tabela do Gerenciador de energia

Page 68: Gerenciamento de energia eletrica

68

O SW CCK PC 6000 forma ainda um banco de dados de utilização de energia elétrica

que permitirá ao seu usuário, por exemplo, uma análise do contrato de fornecimento de

energia com otimização da demanda através do estudo do perfil registrado.

O programa alia a segurança do processamento em tempo real com a utilização de

uma poderosa interface gráfica, possibilitando que os dados coletados nos equipamentos CCK

sejam compartilhados, através de interface DDE, por diversos aplicativos e supervisórios tais

como EXCEL, ACCESS, LOTUS, FIX THE MAX, INTOUCH, etc. Permite a obtenção

exata da relação CUSTO/CONSUMO/PRODUÇÃO, com emissão de relatórios precisos e

objetivos de todo o gerenciamento de energia e utilidades, de forma global ou por centro de

custo.

Figura 3.11 – Telas do Gerenciador de Energia

3.2.3.6 - Monitoração em tempo real

O programa SW CCK PC permite ainda o acompanhamento em tempo real das

diversas variáveis que estão sendo monitoradas pelo sistema CCK.

Page 69: Gerenciamento de energia eletrica

69

Telas do Gerenciador de Energia

Figura 3.12 (A) - Medição instantânea Figura 3.12 (B) - Medição de vazão

3.2.3.7 – Rateio de Custos

Emite contas de energia elétrica e utilidades para entrada geral e para cada processo de

fabricação ou centro de custo, permitindo a obtenção da relação produção/custo de energia.

Rateio do Centro de Custo

Figura 3.13(A) –Forma Tubular Figura 3.13(B) –Forma Gráfica

3.2.3.8 – Qualidade de Energia

Através de seu gerenciador avançado de energia, o CCK 4500, o SISTEMA CCK

introduz um novo conceito de Gerenciamento de Energia, pois associa aos padrões

convencionais de informação quantitativa a possibilidade de análise qualitativa, trazendo ao

usuário dados precisos, em tempo real, sobre a qualidade da energia utilizada, permitindo a

verificação de índices como:

Page 70: Gerenciamento de energia eletrica

70

� Interrupções no fornecimento de energia.

� Harmônicas de tensão e corrente

� Níveis e tensão e corrente

Figura 3.14 - Forma de Onda Tensão e Harmônica

3.2.3.9 - Customização

Através de um poderoso editor de tela, dá total flexibilidade ao usuário na criação de

suas próprias telas de monitoração.

Editor de Telas

Figura 3.15(A) - Comando Figura 3.15(B) - Distribuição

Page 71: Gerenciamento de energia eletrica

71

Figura 3.16 – Gráfico da Demanda

3.2.3.10 - Demanda Diária de Energia Elétrica e Fator de Potência

Figura 3.17 – Gráfico do Consumo totalizado

Page 72: Gerenciamento de energia eletrica

72

3.2.3.11 - Consumo Mensal de Energia Elétrica

Tendo por objetivo às reais necessidades da unidade consumidora, estas

informações são analisadas de maneira a eliminar as ocorrências de ultrapassagens e

ociosidades, considerando-se grandezas como:

� Demanda Contratada

� Demanda Medida

� Demanda Faturada

Figura 3.18 – Gráfico da Demanda

3.2.3.12 - Análise do Perfil de Demanda de Energia Elétrica

Ainda com base nos históricos, o SW CCK PC 6000 poderá simular eventos

futuros tais como impactos no consumo de energia e demanda ocasionado por ampliações

(ex: instalação de novos equipamentos, etc), desativações, etc, permitindo ainda ao

usuário tomar medidas corretivas, tais como a correção do fator de potência.

Page 73: Gerenciamento de energia eletrica

73

3.2.3.13 - Medição Setorial de Energia

Medição de energia é uma das principais ferramentas do SISTEMA CCK DE

GERENCIAMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA e uma das chaves do sucesso na

implantação de plano de eficiência energética através da verificação de índices

energéticos.

As medições setoriais através dos transdutores CCK 4200 irão possibilitar a

obtenção da relação KWh/unidade de produção, onde a otimização deste índice poderá

implicar muitas vezes em uma eficientização também, no processo produtivo, permitindo

um acompanhamento total das ações a serem implementadas, e ainda adoções de medidas

corretivas tais como:

� Dimensionamento de motores (a potência de acordo com a operação);

� Dimensionamento de transformadores e cabos elétricos;

Em alguns pontos chaves da instalação (ex: transformadora, motores muito

grandes, etc), poderá ser implantada medições de energia não só quantitativas (KWh),

como também qualitativas através do medidor CCK 4500, onde outros parâmetros

elétricos tais como variações de tensão, corrente de partida de um motor, nível de

harmônicas, etc. devem ser conhecidos para garantir o correto funcionamento de

determinados equipamentos.

Page 74: Gerenciamento de energia eletrica

74

Figura 3.19 – Gráfico da Qualidade de Energia

3.2.3.14 - Registro do Nível de Corrente Segundo a Segundo

As medições setoriais permitem ainda a obtenção de chaves de rateio de consumo,

atribuindo a parcela correta de consumo de energia para cada centro de custo, permitindo

ainda que estes dados venham a ser utilizado em outras áreas como:

� Controle de mão-de-obra;

Figura 3.20 – Distribuição de Consumo

Page 75: Gerenciamento de energia eletrica

75

3.2.3.15 – Rateio do Consumo de Energia por Centro de Custo

A conectividade do SISTEMA CCK DE GERENCIAMENTO DE ENERGIA

permite ainda que as informações registradas venham a ser compartilhadas com outros

sistemas.

3.2.3.16 - Arquitetura da Instalação

a ) Medição junta á concessionária

O sistema CCK possui equipamentos que recebem diretamente o sinal de medição

(paralelo ou serial) proveniente do medidor da concessionária de energia elétrica.

Figura 3.21 – Comunicação com medidores da Concessionária

Pode ser conectada diretamente a unidade CCK 6000 até 7 medidores as

concessionárias de energia elétrica.

b ) Medição de Energia e Utilidades

O SISTEMA CCK, através de seus equipamentos, dispõe de diversos tipos de

entradas (pulsos, analógicas 4 a 20 mA, serial RS 485 com protocolo MODBUS RTU ou

Page 76: Gerenciamento de energia eletrica

76

qualquer instrumento com saída serial e protocolo aberto) para a aquisição de sinais que

permitem a obtenção do consumo de energia elétrica, gás, ar comprimido, vapor,

temperatura, etc.

Figura 3.22 – Medição das unidades

c ) Armazenamento de Dados

Todos os equipamentos CCK contam com memória de massa, protegida por

bateria para o caso de falha de energia, formada por intervalos de médias integradas de 5

minutos e armazenadas por 35 dias contínuos. Na chegada do 36o. dia, o primeiro é

apagado.

d ) Comunicação

Todos os equipamentos CCK são interligados através de par trançado blindado,

fibra ótica, modem rádio e conectados a um microcomputador, que pode estar conectado

em rede corporativa, através da unidade conversora CCK CONV 485.

A partir de qualquer microcomputador da rede é possível a monitoração em tempo real de

todas grandezas monitoradas pelo SISTEMA CCK.

Page 77: Gerenciamento de energia eletrica

77

e ) Integração e Flexibilidade

Integrado com diversos instrumentos com interface de comunicação RS485,

protocolo MODBUS (ex: SIEMENS, ABB, YOKOHAMA, etc.) e com diversos

SUPERVISÓRIOS ( ex.: FIX THE MAX, WIZCON, INTOUCH, ELIPSE, FACTORY

LINK, etc. ).

f ) Solução de Ponta a Ponta

A CCK AUTOMAÇÃO possuir um corpo técnico que permite a instalação

completa do SISTEMA CCK (montagem e instalação de painéis especiais, instalação de

cabos de comunicação em par trançado e fibra ótica, instalação de medidores de energia e

etc...).

g ) Módulos de Comunicação

Módulos de comunicação destacáveis para as unidades CCK 6000, CCK 6500 e CCK 4500.

Nas versões RS 485 e RS 232.

h) Características técnicas:

� Isolação: 2 KV

� Dimensões: 57 x 82 mm

� Alimentação totalmente isolada

Page 78: Gerenciamento de energia eletrica

78

Figura 3.23 – Módulo de Comunicação

i ) Isolin

Elemento protetor para linhas de comunicação RS 485 que elimina a maioria dos

problemas decorrentes de descargas atmosféricas. Seu projeto foi executado com atuação em

série de diversos dispositivos de proteção.

Figura 3.24 - Filtro de Linha

Page 79: Gerenciamento de energia eletrica

79 j ) CCK 6000

Controlador de demanda e fator de potência CCK 6000 com atuação em até 128 pontos

Figura 3.25 - Controlador CCK 6000

(A) - Modelo Painel B)- Modelo fundo de Painel

Incorpora teclado e display para programação e consulta no local e 8 relés para

controle de cargas. Pode sr ampliado, através de módulos de 8, para até 128 relés. Conta com

diversos algoritmos de controle de demanda e consumo de energia elétrica que garantem a

não intervenção no processo produtivo, permitindo ainda ao usuário, o recurso de atuação

sobre cargas por programação horária, com a possibilidade de programação de feriados. No

controle de fator de potência, permite a programação de 10 valores diferentes de fator de

potência nas faixas indutivas e capacitivas.

� Entradas para medidores de energia, do tipo normalmente utilizado pelas

concessionárias de energia elétrica, que disponham de saída serial de sinal..

Figura 3.26 – Comunicação com Medidores da Concessionária

Page 80: Gerenciamento de energia eletrica

80

� 15 entradas de pulsos que podem ser utilizadas para receber pulsos proporcionais ao

consumo de energia elétrica, vazão, _pressão, temperatura, etc.

Figura 3.27- I /O’s

� Possui 8 relés já incorporados para o controle de demanda, fator de potência e

programação horária com possibilidade de _expansão para 128 através de saída serial RS

485.

� Teclado e display que permitem a programação e visualização local de parâmetros.

� Além de 15 canais de entrada de pulsos, a unidade CCK 6000 possui uma saída serial

RS 485 onde podem ser conectados instrumentos eletrônicos com protocolo de

comunicação MODBUS RTU.

Figura 3.28 - Ligação c/ instrumentos eletrônicos

Dispõe de campos de memória de massa onde são armazenadas médias integradas de 5

minutos das grandezas que são _associadas aos instrumentos de medição conectados ao CCK

Page 81: Gerenciamento de energia eletrica

81

6000 (medidor da concessionária, instrumentos de medição _com saída de pulsos,

instrumentos de medição cm saída serial RS 485, protocolo de comunicação MODBUS-RTU,

etc) protegidos por SUPERCAP para o caso de falhas de energia.

� 1 saída serial RS 485 COM PC para comunicação com o microcomputador, podendo

ser conectado vários equipamentos através de par trançado ou fibra ótica.

Figura 3.29 – Controladores em rede

Características técnicas:

� Alimentação de 80 VAC até 240 VAC com seleção automática de voltagem e 125 VCC.

� Carga de programa através de INTERNET.

� Disponível nas versões FRENTE e FUNDO DE PAINEL.

� Montagem com tecnologia SMD.

� Temperatura de operação: 0 a 50 ºC.

Page 82: Gerenciamento de energia eletrica

82

Figura 3.30 - Controlador CCK 6000

3.2.4 - Parâmetros, grandezas, segmentos observados.

A eliminação de desperdício teve como foco principal a redução do consumo de

energia elétrica, com conseqüente redução de demanda. Isto traria redução nas contas de

energia elétrica dos contratos das empresas fornecedoras de energia como também na conta da

empresa distribuidora local responsável pela tarifa “FIO” Portanto o foco principal do

trabalho era reduzir o consumo de energia elétrica, expresso em MWh e KWh, de cada área

produtiva ou não, da empresa. Estes consumos foram detalhados em dias úteis de produção,

normalmente de segunda a sexta-feira, sábados de produção ou não, domingos e feriados e

dias ponte.

3.2.5 - Principais Pontos de Medição

A empresa possuía uma estrutura organizacional dividida em diversas áreas.

Esta estrutura foi mantida na elaboração do rateio do consumo de energia pelas áreas,

de tal forma que cada gerente de área e seu respectivo membro da CICE, pudessem gerenciar

e manter sobre controle seu consumo de energia elétrica. Algumas áreas receberam, de acordo

com a necessidade, um detalhadamento maior, visando explicitar melhor o consumo de seus

Page 83: Gerenciamento de energia eletrica

83 segmentos. Com isto foram instalados, tantos transdutores quanto necessários, para permitir

este nível de detalhamento.

3.2.6 - Software de Gerenciamento

Para possibilitar e realizar o gerenciamento completo das atividades da CICE, criou-se

um software de gerenciamento de energia.

Este Software incluía:

� Coleta das medições dos transdutores

Abaixo uma amostragem desta coleta do medidor da linha 2 de entrada

Tabela - Dados medidos na entrada de energia

IDENTIFIC. 31-ago 1-set 2-set 3-set 4-set

QUA QUI SEX SAB DOM

REAL REAL REAL REAL REAL

L-OPERANDO 2 2 2 2

BANDERANTE LINHA Nº 1 MEDIDOR Nº 10194602 NOME DO DIGITADOR

NIVEL 24 8.339 8.339 8.339 8.339 8.339

NIVEL 3 35.690 35.690 35.690 35.690 35.690

NIVEL 4 355.501 355.501 355.501 355.501 355.501

NIVEL 6 6.676 6.676 6.676 6.676 6.676

NIVEL 8 25.458 25.458 25.458 25.458 25.458

NIVEL 10

NIVEL 12 0 0 0 0 0

NIVEL 14 0 0 0 0 0

NIVEL 25 83.434 83.434 83.434 83.434 83.434

NIVEL 27 682 682 682 682 682

NIVEL 29 6.822 6.822 6.822 6.822 6.822

Page 84: Gerenciamento de energia eletrica

84 � Checagem para verificar se as medições estão corretas

Diariamente as medições eram confrontadas para certificar que estavam corretas.

Para isto foram comparadas medições entre medidores.

Tabela – Comparação entre as medições dos cubículos dentro da empresa

1-set 2-set 3-set 4-set 5-set

QUI SEX SAB DOM SEG

REAL REAL REAL REAL REAL

1 2 3 4 5

LINHA QUE ESTA OPERANDO 2 2 2 2 2

KVh KVh KVh KVh KVh

BANDEIRANTE X (S. BANDEIRANTE) 1.421 -3.955 3.840 0 -576

BANDEIRANTE X (S. TRS). 4.450 10.220 5.040 2.720 6.980

BANDEIRANTE X (S. CUBICULOS) 980 3.538 2.142 -2.990 2.940

(S. TRS) X (S. CUBICULOS) -3.470 -6.682 -2.898 -5.710 -4.040

(TR1 E TR5) X S. CUBICULOS. -2.180 -3.661 -2.149 -2.500 -2.950

TR1 X S. DOS CUBICULOS. -1.730 -1.442 -52.538 -1.120 -1.480

� Alocação destas medições por área da empresa;

Foram criadas medições setoriais em todos os pontos importantes

Tabela 3.4 – Medição Setorial de Consumo

1-set 10-set 11-set 12-set 13-set 14-set

QUI SAB DOM SEG TER QUA REAL REAL REAL REAL REAL REAL

Área (kWh) (kWh) (kWh) (kWh) (kWh) (kWh)

Planta 1 105.914 75.489 100.154 101.849 107.553 Planta 2 22.173 7.811 26.279 28.102 28.102 Planta 3 28.861 17.315 78.465 73.187 73.476 Planta 4 42.306 14.893 50.143 53.621 53.622 Outros 3.248 2.439 4.064 4.366 4.292 Total 202.503 117.946 259.104 261.125 267.045

Planta 1 76.538 67.277 240.131 221.282 225.278 Planta 2 29.819 27.015 125.315 120.669 120.937 Planta 3 42.342 29.707 55.809 58.318 60.353 Planta 4 46.350 28.994 55.945 54.929 57.330 Planta 5 18.909 17.806 28.573 25.183 23.132 Planta 6 460 451 208 23 0 Planta 7 18.753 10.974 27.250 27.950 28.521 Planta 8 6.436 10.737 30.678 35.092 38.122 Planta 9 145.025 116.025 183.731 193.696 196.421 Planta 10 4.119 1.852 5.530 5.795 6.072 Planta 11 3.947 1.295 5.325 5.857 5.910 Total 392.697 312.134 758.496 748.795 762.075

Total do Dia 595.200 430.080 1.017.600 1.009.920 1.029.120

Page 85: Gerenciamento de energia eletrica

85 � Estabelecimento de objetivos mensais de consumo para cada área da empresa;

Os objetivos de consumo por área da empresa obedeceram as seguintes premissas:

� Histórico de Consumo x Produção;

� Forecast de Produção;

� Mudanças eventuais como desativação ou ampliação da área;

� Análise de desperdícios, através de Auditorias;

� Estabelecimento de objetivos desafiadores.

Abaixo exemplo de objetivo de consumo traçado para um mês

Tabela 3.5 – Objetivo Setorial de Consumo

OBJETIVO SAB

Área REAL

SABADO DOM /

FER PONTE

SABADO C/ PRODUÇAO

DOM POS SAB C/

PRODUÇAO VARIAVEL

OBJETIVO DO MÊS

(kWh) kWh kWh kWh kWh kWh kWh Planta 1 64.000 45.823 103.611 76.609 107.435 3.012.588 Planta 2 15.000 8.096 23.371 17.019 27.463 723.067 Planta 3 35.653 21.978 71.303 35.000 83.494 1.983.566 Planta 4 30.000 15.437 44.592 32.468 52.403 1.364.577 Outros 2.700 2.203 3.254 3.200 4.281 115.216 Total 147.353 93.536 246.131 164.296 275.078 7.199.014

Planta 1 87.294 69.113 200.000 122.251 86.113 5.629.741 Planta 2 31.000 27.000 25.209 26.000 106.000 2.646.209 Planta 3 24.000 23.585 43.615 34.419 44.017 1.510.985 Planta 4 14.000 17.126 45.755 33.854 17.495 1.507.652 Planta 5 8.000 10.000 23.200 23.200 23.200 743.200 Planta 6 5.000 8.000 0 0 0 266.000 Planta 7 14.500 11.254 18.347 20.000 18.000 702.271 Planta 8 8.792 8.614 14.000 13.000 7.800 792.239 Planta 9 143.133 118.360 152.947 167.473 154.579 5.222.294 Planta 10 3.190 1.643 3.700 6.126 5.638 146.979 Planta 11 2.803 1.121 4.223 3.088 3.994 148.454 Total 341.713 295.818 530.995 449.411 466.835 19.316.023 Total do Dia 489.066 389.353 777.126 613.707 741.913

Total do Mês 26.515.037

Page 86: Gerenciamento de energia eletrica

86 � Acompanhamento gráfico diário do consumo real x objetivo para área

Ex: Planta 1 – Objetivo dias úteis = 110 MWh

0

20

40

60

80

100

120

140

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

DIAS

MW

h

CONSUMO REAL OBJETIVO

Figura 3.33 – Consumo Real x objetivo da Planta 1

Abaixo gráfico de tendência objetivo mensal x acumulado no mês de uma área.

Ex: Planta 1

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

CONSUMO REAL - TENDENCIA OBJETIVO

Figura 3.34 - Consumo totalizado x Objetivo mensal –Planta 1

OBJETIVO

3.013

TENDÊNCIA

3.014

Page 87: Gerenciamento de energia eletrica

87 3.2.7 - Acompanhamento das Metas

O resultado de consumo de cada área foi acompanhado diariamente, sendo os resultados

divulgados eletronicamente através de gráficos para cada área, bem como discutidos em

reuniões diárias na empresa. Com isto eventuais distorções de consumo foram corrigidas de

imediato, otimizando a eliminação dos desperdícios.

Page 88: Gerenciamento de energia eletrica

88 CAPÍTULO 4–ANÁLISES DOS RESULTADOS

Neste capítulo apresentam-se resultados alcançados em termos de custo e eficiência

energética tanto no âmbito externo da contratação de energia, como no âmbito interno no plano de

racionalização da energia elétrica.

4.1 - NO ÂMBITO DA CONTRATAÇÃO DA ENERGIA

4.1.1-Objetivos e metas planejadas inicialmente

Tinha-se como objetivo fazer a renovação do contrato de energia elétrica para a

empresa para os anos vindouros, pois o existente, findava em Janeiro de 2003.

No segundo semestre de 2002, a energia no mercado cativo (sem a tarifa FIO) sinalizava no

patamar de R$ 75,00/MWh.

Era a oportunidade de se continuar no mercado livre, fazer um bom negócio e comprar com o

melhor preço.

Page 89: Gerenciamento de energia eletrica

89 Panorâmica da situação de oferta de energia no mercado:

PR

OS

DE

RE

FE

NC

IA

(R$/

MW

h)

Minimo preço esperado

Condição atual - rejeitada59

70

75

81

86 VN (valor normativo)

Cemig

Enertrade

Tarifa regulada

55

No No mercadomercado (Set (Set ‘‘02)02)Na Na empresaempresa

81

92

97

103

108

77

68

73

65

60

FAIXAS DE ATUAÇÃO

4 4 anosanos

2 2 anosanos

90

95

87

82

73

MKT

BILATERAL atual

7799

95

Tractebel (2 anos )

Preço estimado para o bilateral

Figura 4.1 – Preço do MWh em Setembro de 2002

Foi então feito o levantamento das nossas necessidades de energia e suas

flexibilizações, o qual resultou em considerar os dois cenários abaixo, onde no primeiro

comprar-se-ia energia por 4 anos em três contratos (dois de 4 anos e outro de 2 anos), e o

segundo em dois contratos de 2 anos.

Adotou-se a estratégia de juntar-se a necessidade de energia das duas maiores plantas da

empresa e comprar 60% do montante no leilão de energia das hidroelétricas federais, que

ocorreu em setembro 2002 e o restante através de contrato bilateral.

Page 90: Gerenciamento de energia eletrica

90 A seguir detalhes do leilão:

Figura 4.2 - Cenários para aquisição da energia

Projetou-se que o preço da energia do leilão para 4 anos seria em torno de 1,07 x da energia de 2 anos.

cenário 1

cenário 2

Preços para 4 anos

Preçospara 2 anos

limite 7%

Limites

Figura 4.3 - Limite de decisão Cenário 1 x Cenário 2

Page 91: Gerenciamento de energia eletrica

91 Abaixo os preços iniciais das energias de 2 e 4 anos no leilão

Figura 4.4 – Preços iniciais MWh Leilão setembro 2002

Durante os leilões eletrônicos, que ocorreu em um único dia, tiveram-se as seguintes

situações:

� Evolução

• Pouca oferta para contratos de 2 anos

• Muita oferta para contrato de 4 anos

• Confirmação de excesso de energia no curto prazo e,

• Energia firme com baixo preço para 4 anos

� Recomendação do grupo

• Continuar no cenário 1 até o preço de 4 anos atingir R$70,00 / MWh , o que

equivaleria aos preços dos contratos vigentes.

Page 92: Gerenciamento de energia eletrica

92 Abaixo posição de fechamento, onde se fechou no cenário um, com dois contratos de

energia, um para 2 anos e outro para 4 anos.

Figura 4.5 – Preços finais do leilão de setembro-2002

Figura 4.6 – Preço do MWh na aquisição no leilão de setembro de 2002

Page 93: Gerenciamento de energia eletrica

93 Abaixo os valores contratados, tendo como referência Janeiro 2003, que era a data

inicio dos contratos.

Figura 4.7 – Preço do MWh da energia adquirida (base janeiro 2003)

Figura 4.8 – Preço médio da energia adquirida no período de 2003 a 2006

Page 94: Gerenciamento de energia eletrica

94 Pode-se observar que foi contratado a energia futura para os próximos 4 anos por

um preço inferior ( R$ 65,00/MWh ) que estava sendo paga no contrato vigente ( R$

70,00/MWh ) e em condições bem melhores da energia no mercado cativo ( R$ 75,00/MWh ).

O volume contratado para as duas plantas pelo período de 4 anos foi de 1.500.000

MWh,portanto a economia estimada alcançada com a estratégia adotada foi de (R$ 75,00 –

R$ 65,00) * 1.500.000 MWh = R$ 15.000.000,00

4.1.2-Recomendações no curto e médio prazo

O mercado livre veio para ficar, e está atingindo sua maturidade.

Hoje temos quantidade e qualidade das empresas já livres

Figura 4.9 – Evolução dos Clientes livre

Os benefícios proporcionados pelo mercado livre simplesmente não podem ser

ignorados pelos setores industriais, devidos redução de custo: média entre 15% - 25% para

consumidores de energia convencional e entre 10% - 20% para consumidores de energia de

fontes alternativas.

Com relação ao poder de gestão, é natural e lógico que o governo amplie o mercado

livre possibilitando que um número maior de empresas possa usufruir seus benefícios,

2

800

1998 2006

No. de consumidores livres

Page 95: Gerenciamento de energia eletrica

95 eliminando a necessidade de conexão em tensão igual ou superior a 69kV na modalidade de

energia convencional e redução dos 3MW de demanda mínima necessária para a migração na

modalidade de energia convencional.

Os preços futuros de energia apresentam uma clara tendência de alta, devido ao

desaparecimento do excedente de “energia velha” pelos megaleilões e contratação de energia

pelos consumidores livres.

Como efeito do início de suprimento da “energia nova” proveniente de

empreendimentos a serem construídos terá nova realidade de preços. A alta de preços vai

afetar diretamente as tarifas cativas, provocando repasse de custos automático, pelas

distribuidoras, ao consumidor final.

Adicionalmente, haverá o repasse dos “custos represados” do racionamento.

Com isto o setor industrial será ainda mais penalizado, com conseqüente eliminação

do “subsídio cruzado”.

Mais importante que a questão “preço”, a garantia de abastecimento de energia

depende do sucesso do governo em viabilizar os novos empreendimentos de geração, pois o

investimento exclusivamente estatal é insuficiente e haverá necessidade de atração de

investimento privado.

Caso este processo não seja bem-sucedido, o país corre o risco de enfrentar um novo

“apagão”.[11]

Sugestão para o consumidor potencialmente livre é a contratação imediata de energia

no mercado livre, pois ainda há energia disponível para contratação a preços competitivos.

Alguns geradores têm preferência a comercializar sua energia junto ao setor industrial

(risco de crédito e relacionamento comercial)

Page 96: Gerenciamento de energia eletrica

96

4.2 - NO ÂMBITO DA RACIONALIZAÇÃO ENERGIA ELÉTRICA

4.2.1-Resultado das ações da CICE

A CICE em conjunto com a diretoria da empresa estabeleceu um objetivo de redução

de 5% no consumo de energia elétrica da empresa, visando reduzir o custo estrutural na área

de utilidades.

Estabeleceram-se então as seguintes atividades a serem desenvolvidas e monitoradas,

visando primordialmente à eliminação dos desperdícios:

� Iluminação

Manter acesas somente as luminárias necessárias ao desenvolvimento do trabalho.

Ligar a iluminação somente nos horários de expediente de trabalho.Mantê-la desligada

nos horários de almoço, jantar e finais de semana.

Desplugar as luminárias a serem mantidas constantemente desligadas.

� Ar condicionado

Manter os equipamentos ligados somente no período de expediente de trabalho.A

temperatura deverá ser regulada em 24º C.

� Equipamentos de escritórios (computadores, copiadoras, impressoras, etc).

Manter equipamentos desligados fora do horário de expediente de trabalho.

� Iluminação externa

Avaliar e promover desligamentos que não afetem a produção e a segurança.

� Equipamentos de produção

Otimizar o ligamento e desligamento das máquinas produtivas.

Page 97: Gerenciamento de energia eletrica

97 A seguir apresenta-se vários gráficos de acompanhamento diário do consumo de

energia das diversas áreas da empresa no mês de Setembro de 2005, onde se pode observar

que as mesmas estavam atendendo os objetivos traçados.

847

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

DIAS

MW

h

CONSUMO REAL OBJETIVO

OBJETIVO

CONSUMO ENERGIA ELÉTRICA TOTAL SETEMBRO 05

OBJETIVO OBJETIVO

763 749

Figura 4.10- Consumo empresa x Objetivo

19.25919.316

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

CONSUMO REAL - TENDENCIA OBJETIVO

CONSUMO ENERGIA ELÉTRICA TENDÊNCIA SETEMBRO 05

OBJETIVO TENDENCIA

Page 98: Gerenciamento de energia eletrica

98 Figura 4.11 – Consumo totalizado x Objetivo da empresa

CONSUMO ENERGIA ELÉTRICA PLANTA 1 setembro-05

0

20

40

60

80

100

120

140

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

DIAS

MW

h

CONSUMO REAL OBJETIVO

Figura 4.12 – Consumo x Objetivo -Planta 1

CONSUMO ENERGIA ELÉTRICA PLANTA 1 setembro-05

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

CONSUMO REAL - TENDENCIA OBJETIVO

Figura 4.13 – Consumo totalizado x Objetivo – Planta 1

Page 99: Gerenciamento de energia eletrica

99 CONSUMO ENERGIA ELÉTRICA PLANTA 2 setembro-05

0

5

10

15

20

25

30

35

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

DIAS

MW

h

CONSUMO REAL OBJETIVO

Figura 4.14 - Consumo x Objetivo -Planta 2

CONSUMO ENERGIA ELÉTRICA PLANTA 2 setembro-05

0

100

200

300

400

500

600

700

800

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

CONSUMO REAL - TENDENCIA OBJETIVO

Figura 4.15 - Consumo totalizado x Objetivo – Planta 2

Page 100: Gerenciamento de energia eletrica

100 CONSUMO ENERGIA ELÉTRICA PLANTA 3 setembro-05

0

20

40

60

80

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

DIAS

MW

h

CONSUMO REAL OBJETIVO

Figura 4.16 - Consumo x Objetivo - Planta 3

CONSUMO ENERGIA ELÉTRICA PLANTA 3 setembro-05

TENDÊNCIA

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

CONSUMO REAL - TENDENCIA OBJETIVO

Figura 4.17 - Consumo totalizado x Objetivo – Planta 3

Page 101: Gerenciamento de energia eletrica

101 CONSUMO ENERGIA ELÉTRICA PLANTA 4 setembro-05

0

10

20

30

40

50

60

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

DIAS

MW

h

CONSUMO REAL OBJETIVO

Figura 4.18 - Consumo x Objetivo - Planta 4

CONSUMO ENERGIA ELÉTRICA PLANTA 4 setembro-05

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

CONSUMO REAL - TENDENCIA OBJETIVO

Figura 4.19 - Consumo totalizado x Objetivo – Planta 4

Page 102: Gerenciamento de energia eletrica

102 CONSUMO ENERGIA ELÉTRICA PLANTA 12 setembro-05

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

DIAS

MW

h

CONSUMO REAL OBJETIVO

Figura 4.20- Consumo x Objetivo - Planta 12

CONSUMO ENERGIA ELÉTRICA PLANTA 12 setembro-05

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

CONSUMO REAL - TENDENCIA OBJETIVO

Figura 4.21 - Consumo totalizado x Objetivo – Planta 12

Page 103: Gerenciamento de energia eletrica

103 No gráfico abaixo mostra-se a diminuição bastante significativa de 24,46% no

consumo diário entre o inicio das ações da CICE em março e alguns meses depois em

setembro.

CONSUMO DIARIO DE ENERGIA DO COMPLEXO MENOS FORNOS

969

948

997

1.01

4

1.05

6

1.22

2

1.23

3

1.25

9

1.25

5

1.25

2

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1º S 2º S 3º S 4º S 5º S 1º S 2º S

M ARÇO 2005 SETEM BRO 2005

1 255

- 22,79 %

MWH

-20,56 %

3º S 4º S

- 24,46 % %

5ª S

Figura 4.22 – Evolução da economia de energia na empresa em 2005

As ações de racionalização traduziram em economia de consumo e conseqüente

economia de custo nas contas de energia.

Abaixo gráfico de consumo da empresa, mostrando que a diferença entre o consumo

real e forecast (previsão) ajustado,para um mesmo volume de produção, representa a

economia de energia mensal.

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET

FORECAST 2005 FORECAST AJUSTADO CONSUMO REAL - CICE

ENERGIA ELÉTRICA 2005

Figura 4.23 – Economia mensal de energia na empresa

Page 104: Gerenciamento de energia eletrica

104

Economia de energia alcançada

ENERGIA ELETRICA COMPLEXO - MWh

35.981 36.40633.730 33.588

30.022

40.91737.39240.516

33.23532.75134.61430.405 30.639

26.373

3.3253.1713.2302.778401 2.949 3.649

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000

50.000

MARCO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO

MW

h

FORECAST AJUSTADO CONSUMO REAL ECONOMIA ALCANCADA

Figura 4.24 – Economia mensal de energia na empresa

Que traduzida em valor proporcionaram uma economia média anual de R$

2.000.000,00.

4.2.2-Recomendações no curto e médio prazo

• Como se pode observar as ações tomadas de eliminação de desperdício de energia contribui

para diminuir o custo estrutural duma empresa.

• Como próximas ações, pretendem-se atacar não somente os desperdícios, mas também a

eficientização energética dos equipamentos, estrutura e sistemas.

• No curto e médio prazo deve-se atuar na substituição de sistemas de iluminação e motores

elétricos mais eficientes, através de Contratos de Performance com uma empresa ESCO.

• Em um Contrato de Performance ou Contrato de Desempenho, uma empresa ESCO (Energy

Saving Company) busca o ganho de economia como resultado do aumento de eficiência

energética calculada nos diagnósticos. O valor economizado automaticamente amortizará o

financiamento obtido para o empreendimento.

• O cliente não precisará utilizar nenhum recurso extra para a implantação das novas medidas.

Page 105: Gerenciamento de energia eletrica

105 A responsabilidade pela performance esperada é da ESCO, a qual responderá pela

obtenção dos resultados que garantirão o retorno dos investimentos em eficiência energética

O suporte plenamente capacitado que estas empresas oferecem trarão ganhos de

competitividade em custos para a empresa, que poderá direcioná-la para melhorar o

desempenho dos negócios.

Page 106: Gerenciamento de energia eletrica

106 CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES

As necessidades de redução do custo com o insumo da empresa levaram a várias ações

no âmbito interno e externo.

No âmbito interno foi fundamental a criação da CICE, para o gerenciamento do

processo de uso racional de energia elétrica, bem como o comprometimento de toda a

organização, inclusive a diretoria.

A eficiência na metodologia adotada resultou em ganhos significativos em aspectos

energéticos e econômicos, inclusive em alívio no sistema elétrico da empresa.

No âmbito externo a criação de um grupo de gestão energética, onde se procurou

melhor aproveitamento às oportunidades do mercado livre de energia, proporcionaram

também ganhos econômicos significativos.

A contratação de uma acessória especializada na área de energia também é importante

pelo conhecimento do mercado, onde pode gerar cenários, alternativas e oportunidades que

ajudarão no momento da contratação de energia, neste dinâmico mercado.

O resultado econômico / financeiro das medidas adotadas alcançou a ordem de R$ 5,8

milhões por ano.

Todo o resultado apresentado significa o inicio de um trabalho que terá desdobramento

em ações de racionalização das demais utilidades, como ar comprimido, gás natural, vapor e

GLP.

Novas oportunidades de negócio também serão perseguidas no mercado para todas

estas utilidades.

Page 107: Gerenciamento de energia eletrica

107 CAPÍTULO 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Referências: [ 1 ] AES ELETROPAULO - “Tarifas de energia “ – publicação na internet htpp: // www.eletropaulo.com.br, acessado em 02 de março de 2006. [ 2 ] AES INFOENERGY - “Mercado de energia” –publicado na internet htpp // www.aesinfoenergy.com.br,acessado em 04 de setembro de 2005. [ 3 ] ANEEL – “Tarifa média de energia para consumidores industriais da região sudeste” – publicado na Internet http:// www.aneel.gov.br,acessado em 25 de maio de 2006. [ 4 ] BANDEIRANTE ENERGIA . “TARIFA PARA O FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA” publicado na internet htpp : // www.bandeirante.com.br. [ 5 ] CCEE. “CONHEÇA O MERCADO” publicado na internet htpp : // www.ccee.org.br,acessado em 18 de abril 2006. [ 6 ] CCK AUTOMAÇÃO “PRODUTOS” publicado na internet htpp : // www.cck.com.br, acessado em 08 de fevereiro de 2006 . [ 7 ] CPFL BRASIL “MERCADO LIVRE “ htpp : // www.cpfl.com.br / new / brasil / mercado livre . asp , acessado em 04 de setembro de 2005. [ 8 ] ENGECOMP TECNOLOGIA EM AUTOMAÇÃO E COMTROLE LTDA “BOLETIM ENGECOMP” publicado na internet, htpp : // www.engecomp.com.br, acessado em 04 de setembro de 2005. [ 9 ] EVA KATHLINE FABIANO,MARTELLO – “GERENCIAMENTO DE ENERGIA “ Trabalho de graduação na Universidade de Taubaté,2005. [ 10 ] MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA – “PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA “ publicado na Internet ,http ;// www.mme.gov.br,acessado em 18 abril de 2006. [ 11 ] PARODI , MARCELO “ ENERGIA EM EVOLUÇÃO “ : o mercado livre de energia no Brasil e a trajetória da COMERC” , São Paulo , SP, 2005. [ 12 ] VÁRIOS AUTORES, “CONSERVAÇÃO DE ENERGIA : EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS “ , Itajubá , MG, FUPAI, 2001. [ 13 ] VILLA VERDE,V. S. - ‘ A CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO NOVO MODELO INSTITUCIONAL DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO” , dissertação de mestrado , Universidade federal do Rio de Janeiro , COPPE ,2000.

APÊNDICE – A

Page 108: Gerenciamento de energia eletrica

108

DIRETRIZES DO SISTEMA TARIFÁRIO, MEDIÇÕES E FATURAS.

Compreender a estrutura tarifária e como são calculados os valores expressos nas

notas fiscais de energia elétrica é um parâmetro importante para a correta tomada de decisão

quanto ao uso eficiente da energia. A conta de energia é uma síntese dos parâmetros de

consumo, refletindo a forma como a mesma é utilizada. Nesse sentido, o estudo e

acompanhamento das contas de energia tornam-se ferramentas importantes para a execução

de um gerenciamento energético em instalações. Além disto, o resultado da análise permite

que o instrumento contratual entre a concessionária e o consumidor torne-se adequado ás

necessidades deste, podendo implicar em redução de despesas com a eletricidade.

O sistema de tarifação horo-sazonal, ANEEL nº. 456 permitiu a diferenciação na

cobrança de energia elétrica de acordo com os períodos do dia (horários de ponta e fora de

ponta) e com os períodos do ano (seco e úmido).Tal forma de tarifação trouxe vantagens para

o sistema elétrico, pois levou a uma utilização mais racional da energia. Os consumidores por

sua vez passaram a ter alternativas de deslocamento do seu consumo para períodos em que o

custo é mais baixo, reduzindo gastos.

Apresentam-se a seguir algumas a algumas definições e conceitos, que serão úteis no

entendimento da estrutura tarifária:

- Energia Elétrica Ativa

É o uso da potência ativa durante qualquer intervalo de tempo, sua unidade usual é o

quilowatt-hora (kWh).Uma outra definição é “energia elétrica que pode ser convertida em

outra forma de energia”.

Page 109: Gerenciamento de energia eletrica

109 - Energia Elétrica Reativa

É a energia elétrica que circula continuamente entre os diversos campos elétricos e

magnéticos de um sistema de corrente alternada, sem produzir trabalho, expressa em

quilovolt-ampère-reativo-hora (Kvarh).

- Demanda

É a medida das potências elétricas ativas ou reativas, solicitadas ao sistema elétrico

pela parcela da carga instalada em operação na unidade consumidora, durante um intervalo de

tempo especificado. Assim, esta potência média, expressa em quilowatts (kW), pode ser

calculada dividindo-se a energia elétrica absorvida pela carga de um intervalo de tempo ∆t,

por este intervalo de tempo ∆t. Os medidores instalados no Brasil operam com o intervalo de

tempo ∆t = 15 minutos (Decreto n° 62.724 de 17 de maio de 1968).

- Demanda máxima

É a demanda verificada durante um determinado período (diário, mensal, anual etc.)

- Demanda média

É a relação entre a quantidade de energia elétrica (kWh) consumida durante um

determinado período de tempo e o numero de horas desse período.

- Demanda medida

É a maior demanda de potência ativa, verificada por medição, integrada no intervalo

de 15 (quinze) minutos durante o período de faturamento, expressa em quilowatts (kW).

Page 110: Gerenciamento de energia eletrica

110 Considerando um ciclo de faturamento de 30 dias, tem-se 720 horas e 2880 intervalos de

15 min.

- Demanda contratada

É a demanda de potência ativa a ser obrigatória e continuamente disponibilizada pela

concessionária, no ponto de entrega, conforme valor e período de vigência fixados no contrato

de fornecimento e que deverá ser integralmente paga, seja ou não utilizada, durante o período

de faturamento, expressa em quilowatts (kW).

- Demanda Faturável

É o valor da demanda de potência ativa, identificada de acordo com os critérios

estabelecidos e considerada para fins de faturamento, com aplicação da respectiva tarifa,

expressa em quilowatts (kW).

- Horários de ponta e fora de ponta

O Horário de Ponta (P) é o período definido pela concessionária e composto por 3

(três) horas diárias consecutivas, exceção feita aos sábados, domingos, terça-feira de carnaval,

sexta-feira de Paixão, “Corpus Christi”, dia de finados e os demais feriados definidos por lei

federal, considerando as características de seu sistema elétrico. O horário fora de ponta (F) é o

período composto pelo conjunto das horas diárias consecutivas e complementares àquelas

definidas no horário de ponta.

Estes horários são definidos pela concessionária em virtude, principalmente, da

capacidade de fornecimento que a mesma apresenta.

Page 111: Gerenciamento de energia eletrica

111 - Período seco e úmido

Estes períodos guardam, normalmente, uma relação direta com os períodos onde

ocorrem às variações de cheias dos reservatórios de água utilizados para a geração de energia

elétrica.

O período seco (S) corresponde ao período de sete meses consecutivos iniciando-se

em maio e finalizando em novembro de cada ano; é geralmente, o período com pouca chuva.

O período Úmido corresponde ao período de 5 (cinco) meses consecutivos,

compreendendo os fornecimentos abrangidos pelas leituras de dezembro de um ano a abril do

ano seguinte, é, geralmente, o período com mais chuva.

- Consumidor

Pessoa física ou jurídica, ou comunhão de fato ou de direito, legalmente representada,

que solicitar a concessionária o fornecimento de energia elétrica e assumir a responsabilidade

pelo pagamento das faturas e pelas demais obrigações fixadas em normas e regulamentos da

ANEEL, assim vinculando-se aos contratos de fornecimento, de uso e de conexão ou de

adesão, conforme cada caso.

- Unidade consumidora

Conjunto de instalações e equipamentos elétricos caracterizado pelo recebimento de

energia elétrica em um só ponto de entrega, com medição individualizada e correspondente a

um único consumidor.

Page 112: Gerenciamento de energia eletrica

112 - Tensão de fornecimento

As condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica são estabelecidas pela

Resolução ANEEL n°456. Neste documento, as unidades consumidoras são divididas em

grupos, distinguindo-se uns dos outros pelo nível de tensão de fornecimento, apresentando

cada um deles valores definidos de tarifa. Este nível de tensão está relacionado com a carga

instalada na unidade consumidora. Competirá a concessionária estabelecer e informar ao

interessado a tensão de fornecimento para a unidade consumidora ,com observância dos

seguintes limites :

I – Tensão secundária de distribuição: quando a instalada na unidade consumidora for

igual ou inferior a 75 kW;

II – Tensão primária de distribuição inferior a 69 kV; quando a carga instalada ou

estimada pelo interessado, para o fornecimento, for igual ou inferior a 2500 kW;

III – Tensão primária de distribuição igual ou superior a 69 kV: quando a demanda

contratada ou estimada pelo interessado, para o fornecimento, for superior a 2500 kW.

A empresa concessionária prestadora de serviço público de energia elétrica poderá

estabelecer a tensão do fornecimento sem observar os limites apresentados anteriormente,

quando a unidade consumidora incluir-se em um dos seguintes casos:

I – For atendível, em princípio, em tensão primária de distribuição, mas situar-se em

prédio de múltiplas unidades consumidoras predominantes passíveis de inclusão no critério de

fornecimento em tensão secundária de distribuição, conforme o item I, e não oferecer

condições para ser atendida nesta tensão;

II – Estiver localizada em área servida por sistema subterrâneo de distribuição, ou

prevista para ser atendida pelo referido sistema de acordo com o plano já configurado no

Programa de Obras da concessionária;

III – Estiver localizada fora de perímetro urbano;

Page 113: Gerenciamento de energia eletrica

113 IV – Tiver equipamento que, pelas suas características de funcionamento a outros

consumidores e

V – Havendo conveniência técnica e econômica para o sistema elétrico da

concessionária não acarretar prejuízo ao interessado.

O responsável por uma unidade consumidora atendível, a princípios, em tensão

primária de distribuição, segundo os limites apresentados acima, poderá optar por tensão de

fornecimento diferente daquela estabelecida pela concessionária, desde que, havendo

viabilidade técnica do sistema elétrico, assuma os investimentos adicionais necessários ao

atendimento no nível de tensão pretendido.

Para fins de faturamento, as unidades consumidoras são agrupadas em dois grupos

tarifários, definidos, principalmente, em função da tensão de fornecimento e também, como

conseqüência, em função da demanda. Se a concessionária fornece energia em tensão inferior

a 2300 Volts, o consumidor é classificado como sendo do ″Grupo B″ (baixa tensão); se a

tensão de fornecimento for maior ou igual a 2300 Volts, será consumidor do ″Grupo A″(alta

tensão).

Grupo A

Grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em tensão igual ou

superior a 2,3 kV, ou, ainda, atendidas em tensão inferior a 2,3 KV partir de sistema

subterrânea de distribuição e faturada neste Grupo, em caráter opcional, nos termos definidos

na Resolução ANEEL n°456, caracterizado pela estruturação tarifária binômia e subdividido

nos subgrupos A1, A2, A3, A3a, A4 e AS.

A tabela seguinte apresenta esses grupos.

Page 114: Gerenciamento de energia eletrica

114 Tabela 4.1 - Subgrupos

SUBGRUPO TENSÃO DE

FORNECIMENTO

A1 ≥ 230 KV

A2 88 KV A 138 KV

A3 69 KV

A3a 30 KV A 44Kv

A4 2,3 kV a 25 kV

AS subterrâneo

Grupo B

Grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em tensão

inferior a 2,3 kV, ou, ainda, atendidas em tensão superior a 2,3 kV e faturamento neste Grupo,

nos termos definidos na Resolução ANEEL n° 456, caracterizado pela estruturação tarifária

monômia e subdividido nos seguintes subgrupos:

a) Subgrupo B1 – residencial;

b) Subgrupo B1 – residencial baixa renda;

c) Subgrupo B2 – rural;

d) Subgrupo B2 – cooperativo de eletrificação rural;

e) Subgrupo B2 – serviço público de irritação;

f) Subgrupo B3 – demais classes;

g) Subgrupo B4 – iluminação pública.

Page 115: Gerenciamento de energia eletrica

115 - Estrutura Tarifária

A estrutura tarifária é um conjunto de tarifas aplicáveis aos componentes de consumo

de energia elétrica e / ou á demanda de potência ativa, de acordo com a modalidade de

fornecimento de energia elétrica.

� Convencional

Esta estrutura é caracterizada pela aplicação de tarifas de consumo de energia elétrica

e / ou demanda de potência, independentemente, das horas de utilização do dia e dos períodos

do ano.

� Horo-sazonal

Esta estrutura tarifária se caracteriza pela aplicação de tarifas diferenciadas de

consumo de energia elétrica e de demanda de acordo com as horas de utilização do dia e dos

períodos do ano, conforme especificação a seguir:

Tarifa Azul: modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferenciadas de

consumo de energia elétrica de acordo com as horas de utilização do dia e os períodos do ano,

bem como de tarifas diferenciadas de demanda de potência de acordo com as horas de

utilização do dia.

Tarifa Verde: modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferenciadas de

consumo de energia elétrica de acordo com as horas de utilização do dia e os períodos do ano,

bem como de uma única tarifa de demanda de potência.

Page 116: Gerenciamento de energia eletrica

116 Os critérios de inclusão na tarifa convencional ou horo-sazonal aplicam-se ás

unidades consumidoras do tipo “A”, estabelecidas na Resolução ANEEL nº 456.

- Faturamento

A fatura de energia elétrica é a nota fiscal que apresenta a quantia total que deve ser

paga pela prestação do serviço público de energia elétrica, referente a um período

especificado, discriminando as parcelas correspondentes. O valor liquido da fatura é o valor

em moeda corrente, resultante da aplicação das respectivas tarifas de fornecimento, sem

incidência de imposto, sobre os componentes de consumo de energia ativa, de demanda de

potência ativa, de uso do sistema, de consumo de energia elétrica e demanda de potência

reativas excedentes. O fator de potência das instalações da unidade consumidora, para efeito

de faturamento, deverá ser verificado pela concessionária por meio de medição apropriada,

observados os seguintes critérios:

I - De forma obrigatória e permanente para as unidades consumidoras do Grupo “A”

II - De forma facultativa, sendo admitida a medição transitória, desde que por um

período mínimo de sete dias consecutivos.

- Fator de potência ou energia reativa excedente

As mudanças ocorridas com o Fator de Potência tiveram início na Portaria DNAEE nº

1569, de 23/12/1993 e, atualmente, estão consolidadas na Resolução ANEEL nº 456, de 29 de

novembro de 2000. O fator de potência (FP) é um índice que reflete como a energia está

sendo utilizada, mostrando a relação entre a energia real útil (ativa - W) e a energia total

(aparente -VA), fornecida pelo sistema elétrico.

A resolução fixa o fator de potência de referência “fr”, indutivo ou capacitivo, em 0,92

o limite mínimo permitido para as instalações elétricas das unidades consumidoras. Para as

unidades consumidoras do Grupo A, a medição do fator FP é obrigatória e permanente.