Gestão Contemporânea - Aula i

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GESTÃO CONTEMPORÂNEA AULA I INTRODUÇÃO AO PROBLEMA ECONÔMICO 1 A Escassez A história econômica se resume na luta que as sociedades humanas sempre empreenderam para superar o problema da escassez dos recursos produtivos em face dos crescentes desejos da coletividade. Por esta razão, a economia é conhecida como a “ciência da escassez”. Em todas as sociedades, os recursos patrimoniais são sempre escassos para atender às crescentes exigências de consumo e bem estar. Em contrapartida, enquanto a escassez de recursos produtivos constitui uma limitação à produção de bens e serviços, não há limites para as necessidades e desejos humanos. Ocorrendo, de um lado, a escassez de recursos produtivos, e de outro lado, os ilimitados desejos e necessidades humanas, as sociedades têm que optar e até mesmo decidir sobre a organização da atividade econômica. Para explorar a natureza e retirar dela todos os bens de que necessitam, todas as sociedades sempre se defrontam com limitação de seus recursos patrimoniais. O suprimento desses recursos sempre foi limitado. A

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GESTÃO CONTEMPORÂNEA

AULA I

INTRODUÇÃO AO PROBLEMA ECONÔMICO

1 A Escassez

A história econômica se resume na luta que as sociedades humanas

sempre empreenderam para superar o problema da escassez dos recursos

produtivos em face dos crescentes desejos da coletividade. Por esta razão, a

economia é conhecida como a “ciência da escassez”.

Em todas as sociedades, os recursos patrimoniais são sempre

escassos para atender às crescentes exigências de consumo e bem estar. Em

contrapartida, enquanto a escassez de recursos produtivos constitui uma

limitação à produção de bens e serviços, não há limites para as necessidades

e desejos humanos.

Ocorrendo, de um lado, a escassez de recursos produtivos, e de outro

lado, os ilimitados desejos e necessidades humanas, as sociedades têm que

optar e até mesmo decidir sobre a organização da atividade econômica.

Para explorar a natureza e retirar dela todos os bens de que

necessitam, todas as sociedades sempre se defrontam com limitação de seus

recursos patrimoniais. O suprimento desses recursos sempre foi limitado. A

tecnologia e a capacidade científica fazem parte dessa limitação. A experiência

histórica tem mostrado, inclusive, que à medida que os recursos produtivos se

expandem e aperfeiçoam, os desejos e necessidades humanas crescem mais

que proporcionalmente.

A razão desse aparente paradoxo encontra-se na criação de novos

desejos e necessidades motivado pela perspectiva que se abre a todos os

povos de sempre aumentarem o padrão de vida e o bem estar social.

Na verdade, se os povos primitivos se satisfaziam com choupanas e

habitações precárias, as sociedades modernas desejam melhores condições

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de conforto que não se resume apenas numa habitação satisfatória, mas na

existência de todos os equipamentos urbanos que se tornam cada vez mais

indispensáveis.

A quantidade de bens existentes não consegue suprir todas as

necessidades e, contrariamente, são criados novos desejos. Por estes motivos,

mesmo nas economias altamente desenvolvidas, a saturação dos desejos

humanos está muito longe de ser alcançada.

Logicamente, sendo limitados os recursos, as economias devem

procurar utiliza-los plenamente, não se justificando o desemprego ou o

subemprego de recursos produtivos, ou ainda, a existência de ociosidade na

utilização de recursos patrimoniais. Logo, os recursos produtivos devem ser

combinados adequadamente no processamento da produção.

Estudos das Necessidades

. Definição - Necessidade é a sensação de carência de algo unida ao

desejo de satisfazê-la.

. Classificação das Necessidades

Primárias ou Naturais – São as necessidades de natureza biofisiológicas.

Também são chamadas vitais ou de existência, porque a sua satisfação visa a

preservação da vida humana.

Ex: Comer, para saciar a fome; beber, para saciar a sede; vestir, para proteção

do corpo; ter um lugar para morar, também no sentido de proteção.

As necessidades primárias não são concorrentes, pois a satisfação de uma

não elimina a satisfação da outra (não se elimina a fome com um copo d’água).

Secundárias ou Acidentais – As necessidades secundárias surgem do

relacionamento do indivíduo com a sociedade. Por exemplo, o uso de terno e

gravata. São necessidades sociais ou culturais, pois o seu atendimento visa ao

crescimento do bem-estar da sociedade. As necessidades secundárias são

ilimitadas, pois se multiplicam à medida que se eleva o nível social.

As necessidades secundárias são concorrentes.

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A satisfação de uma necessidade implica na criação de uma outra, visto

que o indivíduo nunca está satisfeito com o que já conquistou, partindo

para conquistas maiores.

Coletivas – Representam uma modalidade das necessidades secundárias.

São coletivas porque afetam grupos de pessoas. Por exemplo, a colocação de

uma rede de esgotos em um determinado bairro. Normalmente, o custo de

atendimento das necessidades coletivas é elevado cabendo ao Estado o

atendimento de tais necessidades.

Estudo Econômico dos Bens

Conceituação

Bem é tudo aquilo que satisfaz uma necessidade. Os bens são

medidos através dos preços. Para que possam ter preço, os bens necessitam

ser úteis e escassos, ou seja, quanto mais útil e escasso for um bem maior

será o seu preço no mercado.

. Classificação dos Bens

.1. Quanto à raridade ou escassez

Nesta classificação, os bens são estudados quanto à quantidade

existente em relação à sua procura.

Bens livres ou não econômicos - São aqueles encontrados na natureza

em quantidade superior à necessidade.

Ex: O ar.

Bens econômicos - São aqueles que existem em quantidade menor que

a procura. Tudo que atende às necessidades, com grau de utilidade e

escassez. Ex: Gasolina, roupas, alimentos, etc.

.2. Quanto à Natureza

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Nesta classificação, os bens são considerados pela forma como se

apresentam.

Bens Materiais _ São os bens tangíveis, ou seja, tudo aquilo que atende a

uma necessidade e que pode ser visto e pegado.

EX: Caneta, sapato, relógio, etc.

Bens Imateriais ou serviços _ São todos os serviços prestados, os bens

imateriais não podem ser vistos ou tocados.

Ex: Uma consulta médica.

.3. Quanto ao Destino

Para que um bem seja classificado quanto ao destino é necessário

conhecer em que ele será utilizado.

Bens de Consumo _ São produzidos com a finalidade de atender

diretamente às necessidades da sociedade.

Ex: Caneta, rádio, remédio, etc.

Bens de Produção ou de Capital _ São aqueles que têm por finalidade

produzir outros bens e serviços.

Ex: Máquinas, equipamentos, carro para transporte de passageiros ou

de cargas.

.4 Quanto à duração

Bens Duráveis - São aqueles que resistem ao primeiro uso, ou seja, que

podem ser usados mais de uma vez.

Ex: Sapatos, roupas, automóveis, etc.

Obs: É evidente que embora classificados como duráveis, a vida útil de cada

um difere da dos demais. A diferença pode ser de dias ou até mesmo de anos.

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Bens não Duráveis - São aqueles que se destroem com o primeiro uso.

Ex: Alimentos, cigarros, produtos descartáveis, etc.

.5 Quanto à Função

Bens intermediários - São aqueles que devem sofrer novas transformações

antes de se converterem em bens de consumo ou de produção.

Ex: Cimento.

Bens Finais - São aqueles que já sofreram as transformações necessárias

para seu uso ou consumo.

Ex: Relógio.

6 Quanto à relação existente entre eles

Bens Complementares - São aqueles em que a demanda de um implica na

demanda do outro.

Ex: Linha x agulha de costura; rádio portátil x pilha.

Bens Substitutos - São aqueles que aos substituírem outros visam

proporcionar o mesmo grau de satisfação.

Ex: manteiga x margarina; açúcar x adoçante.