GESTÃO DA QUALIDADE APLICADA AO PROCESSO DE...

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1 GESTÃO DA QUALIDADE APLICADA AO PROCESSO DE MANUTENÇÃO, REFORMA E RETROFIT DE EDIFICAÇÕES: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA HOLDING DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Guilherme Miranda de Almeida Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Jorge dos Santos Rio de Janeiro Fevereiro 2017

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GESTÃO DA QUALIDADE APLICADA AO PROCESSO DE

MANUTENÇÃO, REFORMA E RETROFIT DE EDIFICAÇÕES:

ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA HOLDING DE

EDUCAÇÃO BÁSICA.

Guilherme Miranda de Almeida

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Engenheiro.

Orientador:

Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

Fevereiro 2017

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GESTÃO DA QUALIDADE APLICADA AO PROCESSO DE

MANUTENÇÃO, REFORMA E RETROFIT DE EDIFICAÇÕES:

ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA HOLDING DE

EDUCAÇÃO BÁSICA.

Guilherme Miranda de Almeida

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO

DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO

GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

_____________________________________

Prof. Jorge Santos, D. Sc.

_____________________________________

Profa. Ana Catarina Jorge Evangelista

_____________________________________

Profa. Isabeth Mello

_____________________________________

Prof. Willy Weisshuhn

_____________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

FEVEREIRO DE 2017

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Almeida, Guilherme Miranda de

Gestão da qualidade, aplicada aos processos de

manutenção, reforma e retrofit de edificações: estudo de

caso em uma empresa holding de educação básica /

Guilherme Miranda de Almeida. – Rio de Janeiro: UFRJ/

Escola Politécnica, 2017.

X, 80 p.: il.;29,7 cm

Orientador: Jorge dos Santos

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Engenharia Civil,

2017.

Referências Bibliográficas: p. 89 – 92.

1. Introdução. 2. Contextualização: manutenção, reforma e

retrofit de edificações. 3. Modelos de conformidade da

gestão da qualidade. 4. Práticas da gestão da qualidade 5.

Estudo de Caso: apresentação da empresa estudada 6.

Sistemática do desenvolvimento e implantação do sistema

de gestão da qualidade 7. Análise do SGQ da Empresa. 8.

Considerações finais ao estudo de caso. 9. Conclusões e

Sugestões I. Jorge Santos. II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia Civil. III. Título.

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AGRADECIMENTOS

Neste espaço, gostaria de agradecer a todos que contribuíram, de forma direta ou

indireta, à minha formação acadêmica e pessoal.

Gostaria de agradecer, em especial, a meus pais, não só por me apoiarem e

encorajarem, mas também por propiciarem um ambiente em que fosse possível eu poder

concentrar esforços nos meus estudos. Meu amor por vocês é incondicional.

A todos os professores com quem cruzei ao longo da minha trajetória. Acredito muito

no poder do conhecimento para a transformação da nossa sociedade. A disseminação de

conhecimento é, a meu ver, um dos mais nobres trabalhos que um ser-humano pode

exercer.

Aos meus amigos que conheci ao longo da faculdade. Com certeza as longas horas

de estudo, noites viradas e os trabalhos maçantes seriam insuportáveis sem a companhia

deles. Também aos amigos que tenho o prazer de conviver desde os primeiros anos de

vida, no Colégio de São Bento, cuja amizade é o que eu preservo de mais precioso na vida.

À minha linda namorada. Nos últimos anos ela esteve ao meu lado me dando o

suporte necessário para encarar todos obstáculos desta trajetória. Sem dúvida, é uma das

melhores pessoas que já conheci, tanto como indivíduo, quanto como a profissional

brilhante que é. Tenho muita sorte de tê-la do meu lado.

Aos amigos citados acima e à minha namorada, vocês são a família que eu tive o

privilégio de poder escolher. Muito obrigado.

Por fim, não menos importante, ao professor Jorge Santos, pela atenção e paciência

prestada ao longo do desenvolvimento deste trabalho.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

GESTÃO DA QUALIDADE APLICADA AO PROCESSO DE

MANUTENÇÃO, REFORMA E RETROFIT DE EDIFICAÇÕES:

ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA HOLDING DE

EDUCAÇÃO BÁSICA.

Guilherme Miranda de Almeida

Fevereiro/2017

Orientador: Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

As empresas de educação básica vivem o desafio de sobreviver num mercado mais exigente e competitivo decorrente de mudanças no contexto social, econômico, político e tecnológico. Cada vez mais o cliente exige qualificações das escolas em que colocarão seus filhos, para que estes estejam bem preparados para a inserção no ensino superior e mercado de trabalho. Dentro desse contexto, para se sobressair nesse mercado, as empresas buscam mudanças sobre inovação tecnológica, lucro, custo, prazo de desenvolvimento, gestão de recursos humanos e gestão de seus projetos, de forma a se tornarem mais eficazes. Nesse sentido, implementação de um sistema de gestão da qualidade pode ser uma ferramenta para as empresas atenderem as necessidades do mercado. Esta monografia objetivou a realização de um estudo teórico-empírico sobre a implementação de um sistema de gestão da qualidade no departamento de infraestrutura, responsável por obras de reforma, retrofit e manutenção predial, de uma empresa holding em educação básica, com atuação em âmbito nacional.

Palavras-chaves: Reforma; Retrofit; Manutenção Predial; Gestão da qualidade.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

QUALITY MANAGEMENT APPLIED TO THE PROCESS OF

MAINTENANCE, REFORM AND RETROFIT OF BUILDINDS:

CASE IN A HOLDING COMPANY OF BASIC EDUCATION

Guilherme Miranda de Almeida

Fevereiro/2017

Advisor: Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

Basic education companies face the challenge of surviving in a more demanding and competitive market due to changes in the social, economic, political and technological context. Increasingly, the clients demand school qualifications, seeking for a better education, so that they are well prepared for insertion in higher level and the job market. Within this context, to excel in this market, companies seek changes in technological innovations, profits, cost, development period, human resources and project management, in order to improve their efficiency. This way, implementation of a quality management system can be a tool for companies to meet market needs. This Monograph aimed to carry out a theoretical-empirical study on the implementation of a quality management system in the infrastructure department, responsible por renovations, retrofit and building maintenance, of a holding company in basic education, acting at national level.

Keywords: renovations buildings, retrofit, maintenance, quality management

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LISTA DE FIGURAS E TABELAS

FIGURA 1: FAMÍLIA ISO 9000 – FONTE ADAPTADA PELO AUTOR38

FIGURA 2 - GRUPOS DE PROCESSOS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS (PMBOK, 2014) ........................................... 42

FIGURA 3 - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA MANUTENÇÃO CENTRALIZADA62

FIGURA 4 - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA MANUTENÇÃO DESCENTRALIZADA63

FIGURA 5 - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA MANUTENÇÃO MISTA63

FIGURA 6 - MODELO DE FLUXO DE GESTÃO DE REFORMAS70

FIGURA 7 - EXEMPLO CURVA S. .................................................................................................................................... 17

FIGURA 8 - OS CINCO PILARES FUNDAMENTAIS79

FIGURA 9 – REPRESENTAÇÃO DA ESTRUTURA DA NBT 9001:2015, NO CLICLO PDCA. NOTA: NÚMEROS ENTRE PARENTENSES SE

REFEREM ÀS SEÇÕES DESSA NORMA.86

TABELA 1 -OBJETIVOS DA MANUTENÇÃO PREVENTIVA20

TABELA 2 - COMPARAÇÃO VERSÕES ISO – PRINCÍPIOS DA QUALIDADE – FONTE ADAPTADA PELO AUTOR40

TABELA 3 - PROCESSOS RELACIONADOS AO GERENCIAMENTO DA INTEGRAÇÃO. (PMBOK, 2014)44

TABELA 4 – ESTRUTURA DE REQUISITOS DA PARTE 1 DA NORMA ABNT NBR 15575:201350

TABELA 5 - ESTRUTURA DE REQUISITOS DA PARTE 2 DA NORMA ABNT NBR 15575:2013 ..................................... 51

TABELA 6 - ESTRUTURA DE REQUISITOS DA PARTE 3 DA NORMA ABNT NBR 15575:2013 ..................................... 52

TABELA 7 - ESTRUTURA DE REQUISITOS DA PARTE 3 DA NORMA ABNT NBR 15575:201353

TABELA 8 - ESTRUTURA DE REQUISITOS DA PARTE 3 DA NORMA ABNT NBR 15575:201353

TABELA 9 - ESTRUTURA DE REQUISITOS DA PARTE 3 DA NORMA ABNT NBR 15575:201354

TABELA 10 - FERRAMENTAS UTILIZADAS PARA PROMOVER A QUALIDADE66

8

SUMÁRIO

Sumário

Sumário ...................................................................................................................... 8

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13

1.1. A importância do Tema ....................................................................... 13

1.2. Objetivos ............................................................................................. 14

1.3. Justificativa da Escolha do Tema ........................................................ 14

1.4. Metodologia Aplicada .......................................................................... 15

1.5. Estrutura da Monografia ...................................................................... 15

2. CONTEXTUALIZAÇÃO: MANUTENÇÃO, REFORMA E RETROFIT DE

EDIFICAÇÕES .......................................................................................................... 17

2.1. Manutenção Predial ............................................................................ 17

2.1.1. Aspectos Históricos ............................................................................. 17

2.1.2. Conceituação ...................................................................................... 17

2.1.3. Classificação da Manutenção Predial ................................................. 18

2.1.4. Gestão de Manutenção ....................................................................... 21

2.1.5. Terceirização da Manutenção e modalidades de terceirização ........... 22

2.1.6. Ferramentas, técnicas e metodologias da Manutenção ...................... 24

2.1.7. Fatores que facilitam e dificultam a manutenção ................................ 25

2.2. Reforma e Retrofit ............................................................................... 26

2.2.1. Aspectos Históricos ............................................................................. 27

2.2.2. - Conceituação .................................................................................... 28

2.2.3. Como as empresas se estruturam para gerenciar e executar estas

atividades em suas instalações .................................................................... 28

2.2.4. Gestão de Reforma e Retrofit ............................................................. 29

9

2.2.5. Ferramentas, técnicas e metodologias utilizadas pelas empresas ..... 30

2.2.6. Fatores que facilitam e dificultam obras de reforma e retrofit .............. 32

3. MODELOS DE CONFORMIDADE DE GESTÃO DA QUALIDADE ................... 34

3.1. A Qualidade ........................................................................................ 34

3.2. O Sistema de Gestão da Qualidade .................................................... 37

3.3. Norma NBR ISO 9001 Versão 2015.................................................... 38

3.3.1. Introdução e Principais Mudanças em Relação à Versão Anterior ..... 38

3.3.2. Princípios da Qualidade ...................................................................... 41

3.4. PMBOK - PMI ...................................................................................... 42

3.4.1. Integração do Projeto .......................................................................... 43

3.4.2. Escopo do Projeto ............................................................................... 44

3.4.3. Tempo ................................................................................................. 44

3.4.4. Custos ................................................................................................. 45

3.4.5. Qualidade ............................................................................................ 45

3.4.6. Recursos Humanos ............................................................................. 46

3.4.7. Comunicação ...................................................................................... 46

3.4.8. Riscos ................................................................................................. 46

3.4.9. Aquisições ........................................................................................... 47

3.4.10. Partes Interessadas (Stakeholders) .............................................. 47

3.5. Norma Brasileira de Desempenho – ABNT NBR 15575:2013 ............ 48

3.5.1. Parte 1 – Requisitos Gerais ................................................................ 49

3.5.2. Parte 2 – Requisitos para os Sistemas Estruturais ............................. 50

3.5.3. Parte 3 – Requisitos para os Sistemas de Piso .................................. 51

3.5.4. Parte 4 – Requisitos para os Sistemas de Vedações Verticais Internas e

Externas ........................................................................................................ 52

3.5.5. Parte 5 – Requisitos para os Sistemas de Cobertura ......................... 53

10

3.5.6. Parte 6 – Requisitos para os Sistemas de Hidrossanitários ................ 54

3.6. Sistema de Gestão da Qualidade nos Processos de Manutenção, Reforma e

Retrofit de Edificações .................................................................................. 54

3.6.1.1. SiAC - PBQP-H ............................................................................. 55

4. PRÁTICAS DE GESTÃO DA QUALIDADE NOS PROCESSOS DE

MANUTENÇÃO, REFORMA E RETROFIT DE EDIFICAÇÕES. .............................. 57

4.1. Aspectos gerais ............................................................................................. 57

4.2 Manutenção Produtiva Total (TPM) ................................................................. 58

4.3 Manutenção Concentrada em Confiabilidade (RCM) ..................................... 60

4.4 Estrutura Organizacional da Manutenção ................................................... 62

4.5 Qualidade na Manutenção ............................................................................ 64

4.6 Indicadores da Manutenção ......................................................................... 67

4.7 Gestão de Reformas e Retrofit ..................................................................... 68

4.8 Qualidade nas Obras de Reforma e Retrofit ............................................... 72

4.8.1 PDCA ........................................................................................................... 72

4.8.2 Curva S ........................................................................................................ 73

4.8.3 Cronogramas Físicos ................................................................................. 73

4.8.4 Cronogramas Físico-Financeiros ............................................................. 74

4.8.5 5S ................................................................................................................. 75

4.4.1 Six Sigma .................................................................................................... 75

5. ESTUDO DE CASO: APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ESTUDADA ................ 77

5.1 A Eleva Educação .......................................................................................... 77

11

5.2 Missão, Visão e Valores ................................................................................ 78

5.3 A Plataforma de Ensino ................................................................................ 78

5.4 Escolas Próprias e Estruturação da Empresa ............................................ 80

5.4.1 Pensi Colégio e Curso ............................................................................... 80

5.4.2 Sistema Elite de Ensino ............................................................................. 80

5.4.3 Coleguium Rede de Ensino ....................................................................... 80

5.4.4 Colégio Alfa ................................................................................................ 81

5.4.5 Escola Eleva ............................................................................................... 81

5.5 Particularidades ............................................................................................. 81

6 ESTUDO DE CASO: SISTEMÁTICA DO DESENVOLVIMENTO E

IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DA QUALIDADE ..................................................... 86

6.1 Aspectos Gerais ............................................................................................ 86

6.2 Etapas para o Desenvolvimento e Implantação do Sistema de Gestão da

Qualidade ................................................................................................................. 89

6.2.1 Ações Iniciais: Cronograma de Trabalho e Diagnósticos ...................... 89

6.2.2 Envolvimento da Direção .......................................................................... 90

6.2.3 Estrutura para Coordenação do SGQ ....................................................... 91

6.2.4 Definição da Política e Objetivos da Qualidade ...................................... 91

6.2.5 Sensibilização e Motivação da Equipe ..................................................... 92

6.2.6 Formação de Grupos da Qualidade .......................................................... 93

6.2.7 Identificação dos Processos, Elaboração de Procedimentos e Manual

da Qualidade ............................................................................................................ 93

12

6.2.8 Auditoria Interna......................................................................................... 95

6.2.9 Auditoria de Certificação ........................................................................... 96

6.2.10 Auditorias de Manutenção ..................................................................... 96

6.2.11 Recertificação ......................................................................................... 97

6.3 ESTUDO DE CASO: RESULTADOS ESPERADOS .......................................... 98

6.3.1 Aspectos Positivos do SGQ na Empresa ..................................................... 99

6.3.2 Aspectos Negativos do SGQ na Empresa .................................................... 99

7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES ........................................................................ 101

13

1. INTRODUÇÃO

1.1. A importância do Tema

As empresas vivem o desafio de sobreviver em um mercado mais exigente e

competitivo decorrente de mudanças sociais, econômicas, políticas e tecnológicas. Assim, a

palavra competitividade tornou-se o novo paradigma e a ela pode ser atribuído todo o tipo

de mudança sobre inovação tecnológica, lucro, custo, prazo de desenvolvimento e gestão

de recursos.

Dentro desse cenário, existem empresas cujo produto final não se refere à

construção civil, mas que precisam manter sua infraestrutura predial em condições

adequadas de funcionamento para o pleno desenvolvimento de suas atividades produtivas.

Dessa forma estão interessadas em obter a eficácia no gerenciamento de seus bens

imóveis. Com isso, procuram desenvolver e manter um setor interno responsável pela

gestão de sua infraestrutura predial o mais enxuto e eficaz possível.

Um dos caminhos para atingir bons resultados e conseguir sobreviver nesse

panorama tem sido a implementação de um conjunto de práticas, que, adequadamente

empregadas, proporcionam o aumento da competitividade e satisfação do cliente. Tal

conjunto de condutas, conhecido como sistema de gestão da qualidade ou simplesmente

SGQ, tem por objetivo aprimorar a capacidade da empresa de atender aos requisitos do

cliente e aos requisitos regulamentares, o que, por consequência, traz benefícios para a

empresa que o implementa.

Entretanto, via de regra, as empresas concentram suas ações no âmbito do sistema

de gestão da qualidade nas atividades fins, realizadas para a consecução de seus produtos,

dando pouca ou nenhuma ênfase as suas atividades de apoio.

Conforme a NBR ISO 9000 (2015) processo é "conjunto de atividades inter-

relacionadas ou interativas que utilizam entradas para entregar um resultado pretendido".

Ainda, a NBR ISO 9000 (2015) declara que "resultados consistentes e previsíveis são

alcançados de forma mais eficaz e eficiente quando as atividades são compreendidas e

gerenciadas como processos inter-relacionados que funcionam como um sistema coerente".

Ante o exposto, esse trabalho visa abordar o estudo das vantagens e melhorias

obtidas com a implementação de um sistema de gestão da qualidade nas atividades de

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manutenção, reforma e retrofit predial desenvolvidas pelas gerências de infraestrutura

predial das empresas.

Para permitir melhor entendimento da teoria estudada e melhor avaliação de seus

benefícios um estudo de caso desenvolvido em uma empresa holding de um grupo de

empresas de educação básica é desenvolvido especificamente em sua gerência de

infraestrutura predial, sendo estudado o desenvolvimento do sistema de gestão da

qualidade, a sua implantação e avaliação dos resultados obtidos.

O grupo de empresas de educação básica é constituído por diversas marcas de

escolas e também por uma plataforma de ensino, que atingem classes sociais distintas por

todo o país. No Rio de Janeiro, possui as marcas Pensi, Elite e Escola Eleva, enquanto que

em Minas possui o Coleguium e no Paraná, o Alfa. Atualmente, existem cerca de trinta e

cinco mil alunos estudando em escolas da rede e mais de cento e cinquenta mil utilizando a

plataforma de ensino em escolas parceiras.

A Eleva Educação encontra-se em plena expansão, seja por aquisição de novas

marcas ou por crescimento orgânico. Assim sendo, suas instalações prediais são de

fundamental importância para o bom desempenho de suas atividades fim, eis que, segundo

soares (2006), reconhece-se na literatura educacional que um dos fatores que determinam o

desempenho cognitivo do aluno é a estrutura escolar.

1.2. Objetivos

O presente trabalho tem por objetivo identificar e demonstrar os ganhos na eficácia

da gestão e da execução da manutenção, reforma e retrofit predial nas edificações nas

quais são desenvolvidas as atividades fins das empresas, a partir da implantação do

sistema de gestão da qualidade. A eficácia estudada diz respeito a qualidade e a

produtividade das atividades que integram a manutenção da infraestrutura na qual são

desenvolvidas as atividades produtivas das empresas.

Visa, ainda, disponibilizar uma revisão bibliográfica disseminando mais

esclarecimentos sobre o assunto e realizar um estudo de caso em uma holding de um grupo

de empresas de educação básica brasileira, demonstrando a importância do tema tanto para

a saúde financeira da empresa quanto para os indicadores educacionais.

1.3. Justificativa da Escolha do Tema

A gestão de infraestrutura em uma empresa com atuação em todo o cenário nacional

requer um grande conhecimento técnico.

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O impacto de um mal gerenciamento dos processos de manutenção das escolas

afeta não só os custos, colocando em risco a saúde financeira de determinada unidade, mas

também o desempenho acadêmico. Já em obras de reforma, retrofit ou construções, a

gestão vai influenciar diretamente no prazo da obra, assim como no custo.

Diante disso, é imprescindível a implantação de um sistema de gestão da qualidade

que auxilie essas atividades e que garanta a eficácia dos processos.

Portanto, por se tratar de um assunto complexo e que impacta recorrentemente os

trabalhos gerenciais do setor da construção civil, houve motivação por parte do autor para

execução desse trabalho.

O estudo de caso realizado na gerência de infraestrutura predial de uma holding de

um grupo de empresas de educação básica se deu em função da atuação do autor nesse

setor nos últimos meses. Outra motivação se deveu ao fato do segmento educacional ter em

suas instalações prediais fator de elevada importância na satisfação de seus clientes

tornando-se assim indispensável a qualidade de suas atividades.

1.4. Metodologia Aplicada

A metodologia aplicada foi desenvolvida a partir da revisão bibliográfica, com coleta

de dados e busca por conceitos associados ao tema do trabalho e também estudo de caso

da empresa em que o autor trabalha.

Foram realizados levantamentos bibliográficos referentes aos temas de gestão da

qualidade e processos de manutenção, reforma, retrofit e construção de edificações,

preferencialmente voltadas para o setor educacional. Tais levantamentos se deram tanto em

artigos científicos como em trabalhos acadêmicos e livros, possibilitando um

desenvolvimento teórico do trabalho.

Após uma fundamentação teórica com base nessas pesquisas, foi realizado um

estudo de caso em uma empresa holding de educação básica, para a análise prática da

situação em questão.

1.5. Estrutura da Monografia

A monografia será estruturada em oito capítulos, conforme descrito a seguir:

No primeiro capítulo, é apresentada a introdução ao tema proposto, identificando os

objetivos do trabalho, a importância do tema em questão e a metodologia aplicada.

No segundo capítulo, é realizada uma contextualização das atividades de

manutenção, reforma e retrofit de edificações, através de levantamento bibliográfico,

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conceitualização, aspectos históricos, estruturação das empresas terceirizadas,

administração de contatos, gestão dos processos, ferramentas, técnicas e metodologias

utilizadas.

No terceiro capítulo, são analisados os modelos de conformidade de gestão da

qualidade, oportunidade em que é realizado um levantamento bibliográfico e se disserta

sobre suas aplicações. É apresentada a ISO-9001, a SIAC-PBQP-H, o Pmbok-PMI e a

NBR-15575 (norma de desempenho), sendo abordadas as funções de cada modelo, assim

como os requisitos e diretrizes que interferem nas atividades de manutenção, reforma,

retrofit e construção de edificações.

No quarto capítulo, é realizado um estudo a respeito das práticas da gestão da

qualidade na manutenção, reforma e retrofit de edificações. Esse estudo se dá na forma de

revisão bibliográfica e abordando como as empresas se estruturam para essas práticas, os

procedimentos adotados, os indicadores de qualidade, os resultados aferidos e as

dificuldades na implantação dos procedimentos e na manutenção dos mesmos.

No quinto capítulo, o foco é o estudo de caso. Nesse momento, é apresentada a

holding e as empresas que fazem parte dela, suas respectivas missões, visões e valores.

Também é descrito o aspecto relacionado aos tipos de edificações que a empresa costuma

adquirir e como a empresa lida com os processos de manutenção, reforma, e retrofit de

suas unidades, apontando vantagens e desvantagens.

No sexto capítulo, o estudo de caso se estende à sistemática de desenvolvimento e

implementação da gestão da qualidade, descrevendo as etapas, as ferramentas e os

métodos para desenvolvimento considerando os requisitos da ISO 9001:2015.

No sétimo capítulo, são apresentadas as conclusões a respeito do estudo de caso.

No oitavo capitulo, são apresentadas as considerações finais, sugestões para

próximos trabalhos e referências bibliográficas, concluindo, assim, o estudo.

17

2. CONTEXTUALIZAÇÃO: MANUTENÇÃO, REFORMA E

RETROFIT DE EDIFICAÇÕES

2.1. Manutenção Predial

2.1.1. Aspectos Históricos

Os estudos sobre manutenção predial começaram a ser realizados, de forma

bastante sucinta, por alguns países europeus no final da década de 50. Contudo, somente

em 1965 a importância de estudos focados neste assunto foi devidamente reconhecida pelo

Ministério de Construções e Serviços Públicos do Governo Britânico, através da criação do

Comitê de Manutenção das Construções (SEELEY, 1987).

A partir de então, os estudos sobre manutenção predial ganharam bastante destaque

em caráter mundial, levando, em 1979, à fundação do grupo de trabalho W70 do CIB

(International Council for Research and Innovation in Building and Construction), o qual se

firmou como uma das mais importantes fontes de pesquisa na área.

No Brasil, o assunto começou a ser estudado através da criação da NBR 5674

(Manutenção de edifícios), em 1977, a qual, segundo Neto (2012) apud Villanueva (2015),

foi sendo aprimorada ao longo dos anos e proporciona hoje uma melhoria significativa na

abordagem do assunto e evolui ao esclarecer e conduzir a metodologia de implantação além

de abranger aspectos diversos associados à gestão do programa de manutenção.

Segundo Castro (2007), ainda que passando por processos de melhorias, a NBR

5674 estimulou a elaboração de diversos trabalhos técnicos na área de manutenção no final

da década de 1980, apresentando, essencialmente, estudos sobre durabilidade de materiais

e componentes, bem como, manifestações patológicas com suas respectivas causas.

Outro passo importante para a regularização e melhoria da Manutenção predial no

Brasil foi a aprovação da NBR 14037, em 1998, a qual estabelece as diretrizes para a

elaboração do Manual de Uso e Operações das Edificações, sendo sua última atualização

realizada em 2011.

2.1.2. Conceituação

Via de regra, uma peculiaridade que torna diferente uma edificação de outros bens é

sua vida útil ser consideravelmente grande. Para que essa característica seja, de fato,

alcançada, torna-se fundamental a prática da manutenção. De acordo com a NBR 5674/99

(Manutenção de edifícios), manutenção predial é “o conjunto de atividades a serem

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realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas

partes constituintes para atender as necessidades e segurança de seus usuários”.

Segundo Gomide et al. (2006), manutenção predial pode ser descrita como “o

conjunto de atividades e recursos que garanta o melhor desempenho da edificação para

atender às necessidades dos usuários, com confiabilidade e disponibilidade, ao menor custo

possível”. O autor também reforça que o objetivo principal da manutenção predial não é a

execução de reformas e/ou alterações de sistemas em resposta às anomalias de

concepção, projeto ou execução dos empreendimentos.

A prática de atividades de manutenção pode ser então considerada como a

renovação de níveis de desempenho perdidos, visando manter as condições de uso e tendo

como efeito imediato à estratégia de manutenção aplicada, o prolongamento da vida útil do

edifício (VILLANUEVA, 2015).

Contudo, por ser tratar de assunto muito amplo, que reúne diversos conceitos (vida

útil, desempenho, durabilidade etc.), a manutenção predial pode ser classificada de diversas

formas. Gomide et al. (2006) sugere tipologias de classificação da manutenção, quanto à

viabilidade dos serviços de manutenção (técnica, uso e operacional e administrativa ou de

custos e responsabilidades), quanto às falhas e anomalias existentes, quanto à estratégia

da manutenção adotada, ou seja, quais são as atividades que constituem o plano de

manutenção, quanto ao tipo de intervenção feita pela manutenção (conservação, reparação,

restauração e modernização) e quanto à periodicidade de realização das atividades ou

rotinas estabelecidas no plano de manutenção.

2.1.3. Classificação da Manutenção Predial

Existem diferentes tipos de manutenção predial, os quais oferecem estratégias e

metodologias de aplicação para cada objetivo desejado. Além de visar atender a uma

finalidade específica, é necessário avaliar o custo-benefício de cada tipo de manutenção,

para que o projeto como um todo seja bem-sucedido.

Dentre os tipos existente de manutenção, destacam-se a Manutenção Detectiva, a

Manutenção Produtiva Total (TPM), a Manutenção Centrada na Confiabilidade (RCM), a

Manutenção Just-in-Time (MJIT), a Manutenção Preditiva, a Manutenção Preventiva e a

Manutenção Corretiva.

a) Manutenção Detectiva: é adotada em sistemas de proteção quando o processo

possui subconjuntos nos quais é impraticável a detecção de falhas antes que estas ocorram,

visando eliminar falhas ocultas por meio de testes periódicos no sistema. A identificação de

falhas ocultas é de extrema importância para garantir a confiabilidade do sistema. Em

19

sistemas complexos a aplicação desta fermenta deve ser realizada por pessoal da área de

manutenção, com treinamento e habilitação para tal, assessorado pelo pessoal de

operação.

b) Manutenção Produtiva Total (TPM - Total Productive Maintence): pode ser

entendida como o esforço feito para manter o funcionamento do sistema sem nenhum tipo

de surpresa, tornando-se obrigatoriamente de caráter preventivo. Trata-se do

desenvolvimento e implementação de uma estrutura com o objetivo de integrar produção e

manutenção, integrar todos os níveis da organização desde a diretoria até o pessoal

operacional, maximizar o rendimento do sistema produtivo e de toda a empresa, com

melhoria da qualidade, alcançar a quebra/falha zero, bem como alcançar acidente zero e

poluição zero (SILVA, 2015).

c) Manutenção Centrada na Confiabilidade (RCM): sustentada pela política de

preservar a função do sistema, começa identificando a funcionalidade ou desempenho

requerido pelo equipamento no seu contexto operacional, identifica os modos de falha e as

causas prováveis e então detalha os efeitos e consequências da falha. Isso permite avaliar a

criticidade das falhas e onde pode-se identificar consequências significantes que afetam a

segurança, a disponibilidade ou custo. A metodologia permite selecionar as tarefas

adequadas de manutenção direcionadas para os modos de falha identificados (BARBOSA,

2009).

d) Manutenção Just-in-Time (MJIT): consiste em um sistema integrado de

monitoramento de fenômenos físicos do sistema, através de sensores internos capazes de

identificar e alertar imediatamente futuras ocorrências e falhas. Com esta ferramenta é

possível constatar antecipadamente eventos negativos e, assim, providenciar ações

necessárias para o reparo do problema (SILVA, 2015).

e) Manutenção Preditiva: usa a condição operacional real de equipamentos e

sistemas para otimizar a operação total do projeto em questão. Visa, como principal foco,

prevenir falhas através do acompanhamento de diferentes parâmetros do sistema, até que o

grau de degradação se aproxime e, então, medidas de intervenção são aplicadas

(VILLANUEVA, 2015)

Os objetivos da manutenção preditiva, segundo Velarde-Suarez; S., 2006 são

mostrados no Quadro 1.

20

Tabela 1 -Objetivos da Manutenção Preventiva

Pode-se entender, portanto, que em termos de edificações, a manutenção preditiva

tem aplicação prática principal em equipamentos utilizados nos diferentes sistemas, tais

como bombas de recalque e sucção, geradores de energia elétrica, entre outros.

Mais recentemente, a manutenção preditiva tem liderado o caminho para economias

adicionais em relação à manutenção preventiva, inclusive, sendo implantadas juntamente, e

objetiva tanto os sinais de alerta de falha iminente como o reconhecimento de falhas

pequenas que iniciam a reação em cadeia que leva às falhas grandes (isto é, controle de

danos).

f) Manutenção Preventiva: é a manutenção propriamente dita, ou seja, baseia-se

em manutenções previstas no programa básico de utilização do equipamento ou do sistema.

Esse tipo de manutenção estabelece paradas periódicas com o propósito de permitir

substituição de peças desgastadas por novas peças, antes mesmo que a vida útil destas

seja esgotada, evitando assim falhas no funcionamento do equipamento por um período pré-

estabelecido.

As trocas de peças ocorrem em períodos baseados em informações a respeito da

edificação, sendo alimentada por dados dos fabricantes, históricos de manutenção e

avaliações das instalações através de atividades rotineiras e de vistorias de inspeção predial

(BEZZERA, 2000).

21

g) Manutenção Corretiva: consiste no reparo dos equipamentos, ou do sistema,

apenas após a ocorrência da falha, exigindo, assim, a paralisação total ou parcial de um

sistema. É o tipo de manutenção com maiores custos de execução devido à ausência de um

planejamento prévio. Ainda que de elevado custo, é impraticável eliminar completamente

este tipo de manutenção, pois não se pode prever em muitos casos o momento exato em

que se verificará um defeito que obrigará a uma manutenção corretiva de emergência.

De um ponto de vista mais técnico, a NBR 5674:2012 define que a Manutenção

Corretiva é caracterizada por serviços que demandam ação ou intervenção imediata a fim

de permitir a continuidade do uso dos sistemas, elementos ou componentes de edificações,

ou evitar graves riscos ou prejuízos pessoais e/ou patrimoniais aos seus usuários ou

proprietários.

A Manutenção Corretiva pode ser classificada de duas formas distintas, de acordo com a

estratégia adotada, sendo estas a manutenção corretiva planejada e não planejada. Se

distinguem pelo fato da manutenção corretiva planejada ocorrer em função de um

acompanhamento preditivo, detectivo ou até pela decisão gerencial de se operar até a falha,

ao passo que a manutenção corretiva não planejada ser aplicada de maneira aleatória, ou

seja, é a manutenção atuando de forma impulsiva (SILVA, 2015).

2.1.4. Gestão de Manutenção

A gestão da manutenção de edifícios consiste em todas as atividades necessárias para

a realização bem-sucedida do serviço de manutenção em si, desde objetivos, estratégias,

ferramentas e responsabilidades. O gerenciamento da manutenção predial foi criado para

que os objetivos impostos sejam cumpridos de forma eficaz e para isso é essencial o

planejamento e avaliação dos procedimentos, redução de custos e cumprimento de prazos.

A NBR 5674:2012 estabelece uma série de parâmetros e medidas para gestão de

manutenção, abordando a tipologia da edificação, o uso efetivo desta, tamanho e

complexidade do espaço utilizado, incluindo questões relacionadas à localização e

implicações do entorno. Além disso, a norma ainda assinala que na organização da gestão

dos sistemas de manutenção devem estar previstas informações quanto à infraestrutura

material, financeira, técnica e de recursos humanos, apta a atender diferentes tipos de

manutenção necessários.

Outros requisitos exigidos pela NBR 5674:2012, nesta questão, competem em preservar

as características originais da edificação e prevenir a perda de desempenho decorrente da

degradação de seus sistemas, elementos ou componentes.

22

Várias são as ferramentas gerenciais disponíveis ao gestor de manutenção, entretanto é

importante notar que se tratam de simples estratégias e orientações, o que não são

sinônimos de resultados. A boa aplicação destas ferramentas podem levar a excelentes

efeitos, contudo, nem sempre as próprias empresas estão habilitadas e capacitadas para

exercer tais funções, recorrendo, assim, a outros meios de gestão (VILLANUEVA, 2015).

2.1.5. Terceirização da Manutenção e modalidades de terceirização

A manutenção de edifícios engloba todas as atividades necessárias para o perfeito e

contínuo funcionamento dos seus equipamentos e instalações, com segurança, higiene,

conforto e baixo custo. Segundo Perez (1985), a manutenção dos edifícios compreende

todas as atividades que se realizam nos seus equipamentos, elementos, componentes ou

instalações, com a finalidade de assegurar-lhes condições satisfatórias de segurança,

habitabilidade, eficiência e outros, para o cumprimento das funções para as quais foram

fabricados ou construídos”.

Além disso, a manutenção das edificações engloba, também, conhecimentos técnicos e

procedimentos administrativos que devem ser operados por especialistas do ramo para que

todo trabalho seja realizado de forma eficaz e segura.

Assim, a necessidade de constante adaptação às mutantes exigências do mercado,

sem, de alguma forma, comprometer o nível de qualidade do produto ou do serviço, torna

necessário terceirizar atividades que não fazem parte da rotina da empresa, de modo a

permitir a focalização dos recursos das organizações.

De acordo com Lara (2010), a manutenção predial no Brasil vem passando por algumas

transformações desde a década de 1980, quando era predominantemente desenvolvida

pelas próprias empresas, ocorrendo uma transição para os serviços terceirizados. No

entanto, somente na década de 1990 que essa fase de transição passou a ser uma

realidade, acompanhado da chegada de um novo conceito de gerenciamento de facilidades

trazido por empresas norte-americanas e, então, a terceirização com empresas

especialistas ganhou espaço.

Com o objetivo de orientar o gestor de manutenção predial, com relação ao contrato de

terceirização, a NBR 5674:2012, recomenda avaliar os seguintes pontos na avaliação das

propostas das empresas terceirizadas:

a) qualificação da empresa ou profissional em termos de capacidade

técnica, recursos humanos e equipamentos necessários ao

desenvolvimento dos serviços;

23

b) experiência da empresa ou profissional na área, incluindo a menção

de outros serviços em andamento ou já concluídos, e o eventual

fornecimento de acervo técnico;

c) referências de outros clientes;

d) proposta técnica apresentada, incluindo atendimento às normas

aplicáveis e legislação;

e) habilitação jurídica, regularidade fiscal, idoneidade e capacidade

financeira da empresa ou profissional, avaliadas em relação ao porte

de serviço contratado; e

f) prazo para a execução, preço, condições de pagamento, cronograma

físico-financeiro com base no contrato.

Ainda segundo Lara (2010), existem outras formas de se avaliar o tipo de serviço

terceirizado a ser contratado. A terceirização pode ser abordada por diferentes estratégias e

necessidades, sendo as principais por contratação de mão de obra, por serviço ou por

desempenho/ resultado.

A contratação por mão de obra é, atualmente, o método mais adotado no setor de

manutenção no Brasil e o principal motivo está na sua facilidade de adoção, uma vez que

não exige uma elaboração contratual muito complexa por se tratar diretamente com um

profissional, cabendo ao contratante supervisionar o trabalho, além de menor custo. Por

outro lado, este tipo de contratação possui baixa produtividade, já que o ônus é exclusivo do

contratante, não tendo a parte contratada interesse em aumenta essa produtividade, uma

vez que isso exige maior utilização de recursos técnicos e materiais.

No caso da contratação por serviço é necessário que a parte contratante estabeleça

os serviços de manutenção necessários e defina um escopo de atividades específicas, para

que então a empresa prestadora dos serviços seja contratada. Este tipo de contratação

permite minimizar os riscos trabalhistas, uma vez que há a contratação de um serviço e não

de um só profissional, sendo os serviços coordenados por uma liderança do contratado.

Outra vantagem deste tipo de terceirização está na capacitação mais qualificada dos

empregados da equipe e, assim, redução significativa de retrabalhos.

Por fim, segundo Elias (2007), a contratação por desempenho/resultado consiste na

parceria da empresa contratante com a contratada na obtenção de avanços de desempenho

dos equipamento e sistemas, medidos através de indicadores negociados previamente.

Quanto melhores forem os resultados, maiores serão os ganhos financeiros para ambas as

empresas. Ou seja, nesse tipo de contrato o objetivo estratégico não é contratar os serviços

24

de manutenção e, sim, contratar soluções de manutenção. Para que este tipo de contrato

funcione, deve-se, inicialmente, estabelecer os parâmetros de disponibilidade mínima dos

equipamentos e um teto dos recursos contratados e, com base nestes indicadores, a

contratada é remunerada.

A terceirização, portanto, proporciona instrumentos de gestão capazes de melhorar o

desempenho das organizações e, na maior parte das vezes, promove melhoramentos na

qualidade com diversidade, redução de custos, flexibilidade organizacional e melhor

administração de tempo do negócio.

2.1.6. Ferramentas, técnicas e metodologias da Manutenção

Com o intuito de avaliar o desempenho de um projeto, algumas ferramentas são

utilizadas por gestores e profissionais durante todo o desenvolvimento do empreendimento.

Os indicadores de qualidade são as principais ferramentas de gestão utilizadas por qualquer

empresa, seja na área da construção civil ou não, pois ajudam a identificar os processos

falhos e possibilitam uma mudança estratégica para que a meta proposta seja alcançada.

Segundo Branco Filho (2006), os indicadores de manutenção são dados estatísticos

relativos a um ou diversos processos de manutenção que devem ser controlados. Somente

os indicadores permitem a quantificação e o acompanhamento dos processos, controlando a

participação da subjetividade do gestor e proporcionando as correções necessárias.

Contudo, cabe ressaltar que a criação destes indicadores varia de acordo com a atividade a

ser realizada e devem ser desenvolvidos a partir das necessidades de cada

empreendimento.

Na expectativa da manutenção, os indicadores devem retratar aspectos importantes

ocorridos nos processos, sendo estes aspectos relacionados ao que pessoas ou máquinas

estão executando, como estão executando e se estão de acordo com o planejado, além de

apontar quais as áreas que necessitam de melhorias. Assim, é de extrema importância a

geração de bancos de dados que possibilitem apresentar relatórios de forma específica, tais

como de performance, disponibilidade, tempos de manutenção, entre outros (VIANA, 2012).

De acordo com Almeida e Vidal (2008), um dos relatórios mais simples e eficazes de

verificação é o de não conformidade, obtido a partir de ordens de serviços emitidas pela

parte gestora. São indicadores desses relatórios a quantidade prevista e executada de

manutenções, as reprogramadas e as canceladas. A partir das informações registradas

nestes relatórios é possível identificar como está o desenvolvimento das atividades e se há

divergências entre o programado e o executado e, assim, serão analisadas as deficiências

internas à administração da edificação, seja por mão de obra ou instrumentos técnicos.

25

A avaliação do tempo necessário para a execução do serviço é outro indicador

utilizado por profissionais do ramo, denominado backlog. Esse tipo de análise é de extrema

importância em projetos de manutenção predial, colaborando para o cumprimento do

cronograma proposto e evitando atrasos. Essas informações são calculadas pela relação

entre a taxa de chegada e a de atendimento, fixada a unidade padrão em dia.

Villanueva (2015) destaca ainda outros aspectos que podem ser abordados como

indicadores de qualidade de manutenção, tais como confiabilidade, segurança, tempo médio

entre falhas (TMEF), tempo médio para reparo (TMPR), custos, satisfação do cliente e

retrabalho. Segundo a autora, são ferramentas capazes de mensurar a eficácia dos

processos de manutenção e imprescindíveis para a execução de um projeto bem-sucedido.

Portanto, as medidas de desempenho devem ser utilizadas para indicar os pontos

fracos e identificar os possíveis erros que estão causando resultados não desejados. Um

bom monitoramento do índice de desempenho do setor de manutenção é um ponto

importante no gerenciamento das organizações. Os indicadores de desempenho permitem

gerenciar a manutenção de modo eficaz sintonizados com os objetivos estratégicos da

empresa.

2.1.7. Fatores que facilitam e dificultam a manutenção

A manutenção de edifícios engloba todas as atividades técnicas e procedimentos

administrativos necessários para o perfeito e contínuo funcionamento dos seus

equipamentos e instalações, com segurança, higiene, conforto e baixo custo. Para que

essas atividades sejam realizadas com sucesso é necessário o comprometimento de todos

profissionais envolvidos, desde a participação direta da equipe gestora, incentivando e

inspecionando a rotina de trabalho, aos funcionários de campo.

Bezerra e Tubino (2000) destacam alguns fatores que podem elevar a eficiência da

manutenção, sendo estes: manutenção de equipamentos, elaboração de uma estrutura de

controle de recursos, tanto interna quanto externa, capacitação dos funcionários por parte

da organização, investimento em materiais e instrumentos de qualidade, aprimorar as

atividades rotineiras, registrando informações dos operadores, segurança e higiene do

espaço de trabalho e acompanhamento constante do gestor.

Basicamente, manutenção de edificações, seja qual for a metodologia empregada, deve

ser feita por especialistas, os quais naturalmente deverão ser bem treinados e equipados,

seguindo rotas e verificações pré-determinadas, contribuindo, assim, para o bom

desenvolvimento do projeto.

26

Contudo, algumas situações podem prejudicar as atividades de manutenção, as quais

devem ser evitadas a partir de ferramentas de controle de desempenho, manutenções e

fiscalizações rotineiras. Dentre as principais atividades que dificultam serviços de

manutenção pode-se citar: falta de mão de obra qualificada, material e equipamentos

entregues com atraso, má qualidade destes recursos, orçamento reduzido, retrabalho,

disponibilidade de acesso ao local sem afetar a estrutura e condições do local, divergência

entre o executado e o solicitado pelo cliente e mau gerenciamento do serviço (SILVA, 2015).

É fato que qualquer empresa que não possua um sistema de gerenciamento mínimo

sobre seus processos está completamente exposta às variáveis negativas de um mercado

de trabalho competitivo. As empresas prestadoras de serviços de manutenção, e mesmo de

construção civil em geral, estão atualmente em um ritmo acelerado de realização de

empreendimentos e o número de falhas em seus trabalhos vêm aumentando cada vez mais.

Destaque mesmo terá empresas conceituadas pelos resultados positivos no que tange

aplicação eficiente de recursos materiais e financeiros, prazos respeitados, qualidade nos

produtos entregues, entre outros.

Portanto, as ferramentas disponíveis devem ser utilizadas, incentivando uma cultura

voltada a Gerenciamento de Projetos que possa contribuir para a melhoria do quadro atual

das empresas de construção civil. Novas tecnologias adotadas na construção civil estão

sendo criadas, com benefícios para construtoras, trabalhadores e consumidores e devem

ser utilizadas visando otimizar a gestão como um todo.

As inovações abrangem de técnicas construtivas a sistemas de Gestão de Projetos,

máquinas que aumentam a segurança dos operários ao reaproveitamento de materiais

reciclados. Para as empresas, as vantagens incluem a redução nos custos e prazos de

entrega, a valorização dos empreendimentos e o aumento da competitividade no mercado.

2.2. Reforma e Retrofit

Quando as edificações já não atendem mais as necessidades e os usos para os

quais são destinadas, encontra-se na reforma uma solução imediata para aprimorar a

edificação e adequá-la novamente às exigências do usuário. Contudo, existem situações

particulares onde a reforma torna-se inviável exigindo, assim, uma nova ferramenta de ação.

Neste sentido, o termo retrofit vem sendo empregado no ramo da construção civil com

grande frequência.

Apesar de possuírem uma essência comum, os termos retrofit e reforma apresentam

conceitos diferentes. A reforma visa a realização de melhorias, sem compromisso com as

características anteriores. Já o retrofit refere-se a prática segundo a qual edifícios recebem

27

uma modernização de suas instalações e equipamentos, enquanto suas características

arquitetônicas históricas são preservadas (MORAES et al, 2007).

Neste sentido, os tópicos a seguir tratarão dos principais conceitos e ferramentas de

retrofit, destacando seus avanços tecnológicos e metodológicos em relação à reforma.

2.2.1. Aspectos Históricos

O cenário atual das grandes cidades para a construção de novos edifícios é de

poucos terrenos livres. Uma das soluções para as demandas do mercado é a renovação de

edifícios, onde estes ganham uma nova vida e podem atingir altos padrões tecnológicos e

de qualidade. Interesses do empreendedor em substituição de sistemas prediais

ineficientes, mudança de uso do imóvel, revitalização de prédios abandonados ou estruturas

inacabadas, constituem o amplo campo de aplicação do retrofit (SOUZA, 2014).

Inicialmente o termo retrofit começou a ser utilizado na indústria aeronáutica, quando

se referia à atualização de aeronaves, adaptando-as aos novos e modernos equipamentos

disponíveis no mercado. Com o passar do tempo, o termo e seu conceito começou a ser

empregado em outras indústrias, inclusive na construção civil. A prática do processo do

retrofit surgiu no final da década de 90 na Europa e Estados Unidos, onde a legislação não

permitiu que o rico acervo arquitetônico fosse substituído, levando ao surgimento deste

conceito e possibilitando um novo campo de atuação a todos os profissionais envolvidos.

Assim, o patrimônio histórico, o partido arquitetônico e estrutural é preservado, permitindo a

utilização adequada do imóvel (MORAES et al, 2007).

Alguns países europeus têm intensificado tais práticas de reabilitação em edificações

residenciais, comerciais e industriais, visando valorizar antigas edificações, aumentando,

assim, a sua vida útil através da incorporação de avanços tecnológicos e da utilização de

materiais e processos modernos, além de ser uma prática mais econômica e eficiente do

que a demolição.

No Brasil, de acordo com dados do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e

Artístico Nacional) a demanda para o retrofit vem aumentado nos últimos anos não apenas

por causa da preocupação crescente com o patrimônio histórico em áreas de potencial

construtivo esgotado, como em regiões centrais de grandes metrópoles, mas também pela

sustentabilidade.

Com as devidas precauções e cuidados, o retrofit tende a se encaminhar a um longo

e promissor caminho a percorrer no Brasil, sendo um modelo ideal para o desenvolvimento

imobiliário nos grandes centros urbanos brasileiros.

28

2.2.2. - Conceituação

De acordo com Mendonça (2012), etimologicamente a palavra retrofit se origina da

seguinte maneira: retro, prefixo do latim que significa "para trás" e fit, verbo inglês que

significa "ficar bem, adaptar". Portanto, retrofit significa readaptar, reabilitar ou requalificar,

em quaisquer dos seus aspectos. Logo, na construção civil, conclui-se que diz respeito à

modificação de uma edificação para adaptá-la às novas necessidades e tendências. Mais do

que uma simples reforma, ele envolve uma série de ações de modernização, readequação e

instalações.

Os termos "retrofit" e "reforma" são comumente confundidos entre si. Esses

conceitos possuem ideias similares, porém há diferenças substanciais entre eles. A reforma

objetiva a realização de melhorias do edifício, sem necessariamente manter as

características anteriores. Já no retrofit o objetivo é conciliar ambos conceitos, renovação e

manutenção, pois ao mesmo tempo em que se deve manter características originais da

edificação é preciso modernizá-la, segundo Vale (2006).

A principal causa é revitalizar antigas edificações, aumentando sua vida útil usando

tecnologias avançadas em sistemas prediais e materiais modernos, compatibilizando-os

com as restrições urbanas e ocupacionais atuais, sem falar da preservação do patrimônio

histórico, sobretudo o arquitetônico.

Não se limitando somente a edificações antigas, a reabilitação de edifícios também

se aplica segundo Croitor (2009), quando há interesse do empreendedor pela substituição

de sistemas prediais ineficientes e/ou inadequados, pela mudança de uso do imóvel ou,

também, quando as edificações se encontram inacabadas e abandonadas. Ou seja, há um

amplo campo de aplicação de empreendimentos dessa natureza, que se traduz em

oportunidades de negócios para as empresas e profissionais do setor da construção civil.

2.2.3. Como as empresas se estruturam para gerenciar e executar estas

atividades em suas instalações

Em projetos de retrofit, não só o arquiteto, mas também o engenheiro responsável pelas

obras deve ter amplo conhecimento de como usar não só as técnicas modernas, mas

também as antigas, da época da construção do edifício original. É preciso conhecer também

a parte histórica e social relacionada ao edifício, ao seu uso e ao valor que ele tem para a

cidade e para a comunidade local. Além de todo o conhecimento histórico e técnico, muitos

projetos de retrofit envolvem novas tecnologias que visam um melhor desempenho

ambiental do edifício, envolvendo em seus trabalhos, novos conceitos e métodos

sustentáveis. Neste sentido, poucos são os profissionais hábeis para atuar neste tipo de

29

projeto havendo, assim, a necessidade de contratação de serviços terceirizados, os quais

contam com equipes especializadas por profissionais de diferentes áreas.

Ainda que não sendo o executor direto do trabalho, o engenheiro civil responsável pela

contratação da empresa terceirizada deve ter grande participação na execução de toda a

obra de retrofit, capaz de fiscalizar e gerenciar todo o processo. Quando se planeja uma

obra, o planejador deve dominar de maneira segura e global todo o empreendimento,

incluindo um alto grau de conhecimento do projeto, para maior eficiência dos trabalhos. Para

tanto, é importante que cargo de planejamento seja ocupado por um profissional capacitado

nas áreas de projeto, recursos financeiros e construção, devido ao entrelaçamento dos três

setores durante o planejamento. (Rocha e Castro, 2016).

Em casos de subcontratação deve ser definida a modalidade contratual a ser utilizada,

sendo as mais comuns a “empreitada global” e “construção por administração”.

No caso da empreitada global, o contratado executará a obra dentro de um prazo

determinado e por um preço global ou total fixo, por ele calculado e será remunerado

conforme: o progresso na execução dos serviços da obra (parcelas iguais), etapas de

serviços determinadas, serviços previstos em cronograma físico, projeto executivo completo

e detalhado, especificações técnicas completas e cronogramas físico e financeiro definidos

(DARE, 2014).

Já na construção por administração, o contratado executará a obra pelo valor que se

apurar efetivamente e será remunerado pelo serviço prestado conforme um percentual

previamente acordado e fixado em contrato. Dentre seus requisitos constam: ter ou não os

projetos, especificações técnicas e cronogramas definidos, fornece um orçamento

aproximado ou estimado do valor da obra, propondo também um prazo total de execução,

fornece uma previsão de gastos no início de cada mês (materiais, mão de obra, encargos

sociais, equipamento, ferramentas, taxa de administração e remuneração do contratado, o

contratante desembolsa o valor financeiro previsto, com administração do contratado

(DARE, 2014).

2.2.4. Gestão de Reforma e Retrofit

A gestão do processo de retrofit envolve uma série de estudos da edificação de

interesse, avaliações do projeto e etapas de planejamento.

De acordo com Barrientos (2004), compreender o estágio de degradação de uma

construção é de extrema importância para que sua requalificação seja capaz de suportar os

acréscimos de cargas produzidas por futuras mudanças no layout, com incorporação de

automatismos, e novos partidos de atualização praticáveis. Dentre as diversas etapas de um

30

empreendimento de retrofit, o diagnóstico e estudo de viabilidade se destacam pela

importância e por estar diretamente relacionados ao sucesso do empreendimento. Assim,

alguns cuidados devem ser observados nos edifícios antes de sua revitalização:

a) realizar um levantamento preciso e estudo dos sistemas e equipamentos já instalados,

dando atenção ao caminho físico percorrido na época da construção e propor as soluções

dos possíveis novos caminhos;

b) definir os subsistemas a serem implantados obedecendo aos padrões nacionais usados

nos empreendimentos do mesmo porte;

c) proceder o aproveitamento de equipamentos e funções antigas, interligando-os ao novo

sistema, evitando assim o desperdício de materiais e recursos;

d) documentar em um memorial descritivo todos os procedimentos de modificações

ocorridas. Através de uma listagem, descrever a interligação dos sistemas antigos aos

novos tais como os sistemas de segurança e incêndio;

É necessário que se realize um levantamento de dados para obter qualquer

informação relacionada ao seu histórico: levantamento métrico da edificação, (traduzido em

plantas originais, cortes e fachadas), levantamentos cadastrais das instalações existentes

(elétrica, hidráulica e sanitária), e no caso de um bem histórico, realizar também o

levantamento dos elementos artísticos móveis e integrados pertencentes àquela edificação,

pois faz parte de seu acervo e de sua história (MORAES e QUELHAS, 2011).

Cabe aos gestores da construção civil, em particular aos que irão embrenhar-se na

recuperação, manutenção e restauração de edifícios, considerarem que os aspectos

ambientais de uma construção são tão relevantes quanto os aspectos técnicos e

econômicos, considerando que mesmo um retrofit causaria impacto no meio natural. Assim

adotarem uma postura técnica que contribua para minimizar tais impactos utilizando

tecnologia limpa e não poluente, que segundo Adam (2004), utilizadas em pequena ou

grande escala possua a possibilidade de ser absorvida pela sociedade como um todo.

2.2.5. Ferramentas, técnicas e metodologias utilizadas pelas empresas

O planejamento, controle de obras e gerenciamento de projetos englobam diversas

áreas diferentes de atuação por parte do gestor que deve se envolver em todos os setores

do empreendimento, buscando compreender como o sistema funciona através das

interdependências das atividades, sejam essas administrativas ou operacionais.

Segundo Nunes (2011), a metodologia do retrofit envolve sete etapas:

31

a) Análise mercadológica e financeira, incluindo valores, estudo vocacional e viabilidade

comercial;

b) Definição do conceito do projeto, o que envolve análise das possibilidades de expansão

de área;

c) Legislação - plano jurídico;

d) Critérios de reaproveitamento de materiais e sistemas;

e) Diagnóstico - etapa que considera elementos como a história da edificação; estudo de

arquitetura e eficiência da laje; análise das condições de sistemas e equipamentos;

f) Propostas de implementação, incluindo vários cenários, entre eles, da arquitetura, elétrica,

dados, voz, elevador e fachada. (O cronograma de implantação e a análise financeira

correm paralelos a todas essas análises);

g) Comercialização.

Para um adequado e bem-sucedido gerenciamento da obra, são utilizadas algumas

ferramentas que auxiliam os profissionais a agrupar informações antes do projeto se iniciar e

não as deixar se perderem com o tempo. Também ajudam a obter outras informações

valiosas conforme o projeto vai se desenvolvendo. Essas ferramentas podem ser divididas

entre as que focam no aspecto estratégico e tático da empresa e nas operacionais, mais

diretamente envolvidas com as obras no campo.

Tais instrumentos são mais comumente utilizados na fase inicial de projeto ou pela alta

gerência. No entanto, também podem ser usados no dia a dia das obras nos setores de

segurança, qualidade e organização, que podem afetar de forma direta a produtividade do

empreendimento, tanto positivamente, caso seja corretamente posta em prática, quanto

negativamente, caso seja esquecida ou ignorada, ou simplesmente utilizada incorretamente.

As principais ferramentas utilizadas no gerenciamento de obras são:

a) Indicadores de desempenho: utilizados tanto em projetos de retrofit quanto em de

manutenção, estão focados em como a tarefa é realizada, medindo seu

desempenho e se estão conseguindo atingir os objetivos determinados.

b) PDCA (Plan, Do, Check, Act – Planejamento, Execução, Checagem, Ação):

ferramenta que visa o aperfeiçoamento dos processos de uma empresa,

identificando as causas de seus problemas e implementando soluções para os

mesmos;

32

c) Cronogramas de atividades e Cronograma Físico-Financeiro: ferramentas de análise

gráfica que auxiliam a gestão do prazo, custo e tempo de forma a otimizar a

produção;

d) Curva S: mede o custo do empreendimento em relação ao tempo ou avanço físico da

obra. Possui esse nome devido a sua forma semelhante à letra “S”. Isso se deve ao

fato de normalmente uma obra ser constituída de um início com baixo custo, devido

à fase de projetos e planejamentos, entrar numa fase intermediária (a mais longa)

com gastos muito altos, assim como seu avanço físico, uma vez que começa-se a

mobilização da obra, contratação de funcionários, aluguel de equipamentos e

compra de materiais, e por último entrar numa fase final em que se inicia a redução

de mão de obra, passa-se a apenas fazer retoques e check-list’s, quase não

havendo mais aquisições. (Zoppa, 2016).

e) 5S ou Programa 5S: conjunto de cinco conceitos simples que, ao serem praticados,

são capazes de modificar o ambiente de trabalho e a maneira de se conduzir as

atividades. Atualmente, outros quatro conceitos já foram acrescidos, tendo-se,

portanto, conhecimento da existência de 9 S, embora o nome do método permaneça

o mesmo. Todos eles podem ser expressos pelas seguintes palavras: utilização,

ordenação, limpeza, asseio, autodisciplina, firmeza, dedicação, relato com ênfase,

ação simultânea. (Lapa, 1998)

f) Six Sigma: tendo origem na fábrica da Motorola, é um conjunto de práticas

desenvolvidas para maximizar o desempenho dos processos dentro da empresa,

eliminando os seus defeitos e as não conformidades de acordo com as

especificações necessárias.

Além das ferramentas citadas, existem os princípios rotineiros presentes em qualquer

tipo de projeto de engenharia civil, tais como as etapas de planejamento, orçamento,

execução, monitoramento e controle e encerramento da obra.

2.2.6. Fatores que facilitam e dificultam obras de reforma e retrofit

De acordo com Schmidt (2010), um dos fatores que pode inviabilizar ou dificultar a

implantação do retrofit, e até mesmo da reforma, é o custo inicial. Quanto mais antiga a

edificação, mais cara e crítica se torna a obra, chegando ao ponto de ser inviável e a

demolição e nova construção ser mais barata e eficiente.

Em particular ao retrofit, um fator que dificulta a execução é a mão de obra não

qualificada. Por ser tratar de uma metodologia relativamente nova, muitos profissionais da

área acabam gerando divergências entre o solicitado pelo cliente e o executado por falta de

33

capacitação. Além disso, assim como na manutenção de edifícios, problemas com atrasos

de entrega de materiais, pouco investimento em recursos e equipamentos, falta de

inspeções e monitoramentos, entre outros fatores, podem dificultar a boa execução de

retrofit.

Em particular às obras de reforma, a maior dificuldade encontrada é a informalidade

com que são tratadas. É comum não avaliar o projeto original ou mesmo definir algum

projeto, de forma a orientar a execução. Além disso, em um grande número de reformas,

não há a figura do engenheiro civil ou arquiteto para dar diretrizes seguras ao projeto.

Desde que entrou em vigor, a norma ABNT NBR 16280:2014, cujo título é ‘Reforma

em edificações – Sistema de gestão de reformas – Requisitos”, obriga a designação de um

responsável técnico a qualquer obra de reforma. Tal norma exige um estudo que garanta a

segurança da edificação e dos usuários, durante e após a execução da obra, assim como

apresentação de projetos, desenhos e escopo dos serviços a serem realizados. Esses e

todos os outros requisitos da norma combatem o problema da informalidade e facilitam a

inserção do engenheiro em obras de reforma, garantindo a maior segurança das mesmas.

Um edifício "retrofitado" ou reformado, deve propiciar mais conforto e qualidade de

vida para os seus clientes, incorporando conceitos e atendendo a todo e qualquer usuário,

em qualquer fase de sua vida, de forma eficaz.

34

3. MODELOS DE CONFORMIDADE DE GESTÃO DA QUALIDADE

3.1. A Qualidade

Existem várias formas de se definir qualidade. Abaixo estão algumas das definições.

Segundo Feigenbaum (1994), qualidade é a correção dos problemas e de suas

causas ao longo de toda a série de fatores relacionados com marketing, projetos,

engenharia, produção e manutenção, que exercem influência sobre a satisfação do usuário.

Para o autor, a qualidade está presente em todos os estágios, desde o marketing até os

serviços associados, resultando assim em um sistema de controle total da qualidade que

deve conter os seguintes subsistemas:

a) Avaliação da qualidade na pré-produção;

b) Planejamento da qualidade do produto e do processo;

c) Avaliação e controle da qualidade dos materiais comprados;

d) Avaliação e controle da qualidade dos produtos e dos processos;

e) Sistema de informação da qualidade;

f) Mecânica da informação da qualidade;

g) Desenvolvimento do pessoal, motivação e treinamento para a qualidade;

h) Qualidade pós-venda;

i) Administração da função controle da qualidade.

Já outro autor, Juran (1992), diz que qualidade é ausência de deficiências. Isto é,

quanto menos defeitos, melhor a qualidade. Ele ainda considera que a qualidade do produto

é o resultado de um conjunto de atividades realizadas pela empresa.

Outro conceito importante introduzido por Juran (1992) é a questão da melhoria

contínua, onde três processos básicos caracterizam tal conceito:

a) Planejamento da qualidade: atividade de desenvolvimento de produtos

que atendam às necessidades do cliente. Envolvem várias etapas como

determinação de quem são os clientes, quais suas necessidades,

desenvolvimento das características para que o produto atenda às

necessidades do cliente, desenvolvimento de processos capazes de produzir

a características do produto e a transferência do resultado do planejamento

para os grupos operativos;

b) Controle da qualidade: é o processo usado pelos grupos operacionais

como auxílio para atender aos objetivos do processo e do produto; baseia-se

no ciclo do controle e consiste nas seguintes etapas: avaliar o desempenho

35

operacional real, comparar o desempenho real com os objetivos e agir com

base na diferença;

c) Melhoria da qualidade: o objetivo é atingir níveis de desempenho sem

precedente - níveis significativamente melhores do que qualquer outro no

passado.

De acordo com Crosby (1992), qualidade é a conformidade do produto às suas

especificações. As necessidades devem ser especificadas, e a qualidade é possível quando

essas especificações são obedecidas sem ocorrência de defeito. O autor introduz um novo

elemento para que a qualidade seja alcançada, enfatiza a importância da motivação para a

qualidade. Segundo sua visão, é obrigação da alta administração organizar campanhas para

conseguir espírito receptivo para assuntos relacionados com a qualidade em todos os níveis

da empresa.

O autor salienta a questão da prevenção, ou seja, um sistema somente gerará

qualidade se for voltado à prevenção, eliminando erros antes da sua ocorrência. Assim o

autor lança o conceito do "Zero Defeitos": fazer certo na primeira vez evitando retrabalho e

custos de não-conformidades. Daí a importância das "Medidas da Qualidade". Segundo o

autor a qualidade deve ser medida, calculando-se o custo de cometer erros: retrabalho,

revisões, esperas, tempos mortos, serviços de assistência técnica, etc.

Deming (1993) diz que qualidade é tudo aquilo que melhora o produto do ponto de

vista do cliente. Baseado nas diferenças encontradas entre a indústria norte-americana e a

indústria japonesa, o autor estruturou sua filosofia sobre a importância da qualidade como

fator de aumento da competitividade de uma empresa. As diferenças mais marcantes

encontradas, sob o ponto de vista da indústria norte-americana, foram:

a) Falta de envolvimento da administração com os problemas da produção;

b) qualidade era encarada como tarefa e responsabilidade exclusiva da

produção;

c) Treinamento do pessoal completamente inadequado para tratar com os

problemas relacionados com a qualidade;

d) Dependência da inspeção 100% para a Garantia da Qualidade.

Com base nestas diferenças, Deming (1993) estabeleceu um conjunto de 14 pontos

que serviriam de base para o estabelecimento de um Programa de Qualidade:

I). Estabeleça constância de propósitos para a melhoria do produto e do

serviço, objetivando tornar-se competitivo, manter-se em atividade e gerar

empregos;

36

II). A administração deve acordar para o desafio, conscientizar-se de suas

responsabilidades e assumir a liderança na transformação. Não é possível

conviver com altos níveis de atraso, erros e defeitos dos materiais;

III). Termine com a dependência da inspeção em massa;

IV). Considere a qualidade como prioridade ao selecionar fornecedores de

produtos e serviços;

V). Antecipe-se às consequências da falta da qualidade, identifique

problemas, descubra suas causas e trate de eliminá-las;

VI). Institua treinamento local de trabalho;

VII). Adote e institua a liderança;

VIII). Elimine o medo para que todos trabalhem de modo eficaz;

IX). Elimine as barreiras entre os departamentos;

X). Elimine metas numéricas, cartazes e rótulos que apenas pedem maiores

níveis de produtividade para os trabalhadores, sem indicar métodos ou ideias

para atingi-los;

XI). Os administradores devem substituir os padrões de trabalho por liderança

baseada no conhecimento das tarefas;

XII). Institua um programa de educação e treinamento para todos, a fim de

afastar o medo e as barreiras que impedem que as pessoas se sintam

responsáveis pelo seu trabalho;

XIII). Mantenha sua equipe atualizada;

XIV). Crie uma estrutura para que todos na empresa realizem os treze

princípios anteriores.

Ishikawa (1993) diz que qualidade é desenvolver, projetar, produzir e comercializar

um produto de qualidade que é mais econômico, mais útil e sempre satisfatório para o

consumidor. Ainda para o autor, a qualidade implica em participação de todos,

principalmente na participação de grupos de trabalho, o que levou à criação dos círculos de

controle da qualidade.

Segundo a ABNT (NBR ISO 9000, 2015):

Uma organização focada em qualidade promove uma cultura que

resulta em comportamentos, atitudes, atividades e processos que

agregam valor através da satisfação das necessidades e expectativas

dos clientes e de outras partes interessadas pertinentes. A qualidade

dos produtos e serviços de uma organização é determinada pela

capacidade de satisfazer os clientes e pelo impacto pretendido e não

pretendido nas partes interessadas pertinentes.

37

A qualidade dos produtos e serviços inclui não apenas sua função e desempenho

pretendidos, mas também seu valor percebido e o benefício para o cliente.

Essas definições de qualidade, embora tenham variações, giram sempre em torno

dos conceitos de controle da qualidade, melhoria da qualidade, prevenção de defeitos,

atendimento às necessidades dos clientes, liderança e motivação.

3.2. O Sistema de Gestão da Qualidade

Para definir sistema de gestão da qualidade, é necessário, primeiramente, definir os

termos sistema, gestão e qualidade. Como já foi apresentado o termo qualidade, destaca-

se, então, a definição de Sistema e Gestão.

Como definição: sistema é um tipo de grupo ou de trabalho com atividades

interativas homem e/ou máquina que opera e/ou orienta material, informação, energia e/ou

homens, ou seja, um fenômeno ou ideia de uma interação de componentes elementares

interdependentes que formam um conjunto especial a fim de atingir propósito ou objetivo

específico comum (FEIGENBAUM, 1994).

Já a NBR ISO 9000 apresenta a seguinte definição: “ sistema é o conjunto de

elementos inter-relacionados ou interativos”.

Gestão, segundo Sinha e Wilborn (1985), é o planejamento, organização, iniciação e

controle de operações como uma força de tomada de decisão, ou seja, uma parte ou função

essencial de qualquer organização.

Por sistema de qualidade, Feigenbaum (1994) define como sendo a combinação da

estrutura operacional ampla documentada, segundo procedimentos técnicos e gerenciais

integrados e efetivos, guiando ações coordenadas de pessoas, máquinas e dados da

empresa através de meios mais práticos e adequados e assegurando ao cliente satisfação

quanto à qualidade e seus custos.

Karapetrovic (1999), por sua vez, define sistema da qualidade como um

estabelecimento de processos que funciona harmoniosamente utilizando vários recursos

para executar objetivos da qualidade, isto é, uma interação de recursos, materiais e

informação.

Para auxiliar as organizações na implementação eficaz de um sistema de gestão da

qualidade, foram estabelecidas Normas e criadas ferramentas referentes à gestão da

qualidade. Uma das principais Normas hoje buscadas pelas empresas são as da série ISO

9000, devido à grande exigência do mercado consumidor quanto à qualidade no produto ou

serviço oferecido.

38

3.3. Norma NBR ISO 9001 Versão 2015

3.3.1. Introdução e Principais Mudanças em Relação à Versão Anterior

A série ISO 9000 é composta por um conjunto de Normas elaboradas por uma

federação mundial (International Organization for Standardization, ISO, ou Organização

Internacional para Normalização) composta por 148 países-membros incluindo o Brasil. A

Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT é o representante oficial do Brasil na

ISO.

A ABNT NBR ISO 9001 se relaciona com as normas ABNT NBR ISO 9000 e ABNT

NBR ISO 9004 como a seguir:

— A ABNT NBR ISO 9000, Sistemas de gestão da qualidade - Fundamentos e

vocabulário provê a base essencial para o entendimento e a implementação apropriados da

ABNT NBR ISO 9001

— A ABNT NBR ISO 9004, Gestão para o sucesso sustentado de uma

organização - Uma abordagem da gestão da qualidade provê diretrizes para organizações

que escolhem progredir além dos requisitos da ABNT NBR IS0 9001.

— A ABNT NBR ISO 9001, Sistema de Gestão da Qualidade – Requisitos

especifica requisitos para um Sistema de Gestão da Qualidade, onde uma organização

precisa demonstrar sua capacidade para fornecer produtos que atendam aos requisitos do

cliente e aos requisitos regulamentares aplicáveis, e objetiva aumentar a satisfação do

cliente.

Figura 1: Família ISSO 9000 – Fonte adaptada pelo autor

A versão 2015 da ISO 9001 possui uma abordagem mais modernizada, se comparada

às suas versões anteriores, 2000 e 2008, incluindo:

39

a) maior ênfase na geração de valor para a organização e para seus clientes. A nova

versão é voltada a geração de resultados e a melhoria dos mesmos.

b) maior ênfase na avaliação dos riscos. Em sua versão anterior a mentalidade de

riscos era implícita nas ações preventivas. A abordagem da nova versão traz explicitamente

a mentalidade de riscos logo na introdução, item 0.3.3 - Mentalidade de riscos.

c) solicita que as organizações levem em consideração o feedback de todas as

partes interessadas e de todos os processos envolvidos (não apenas os feedback dos seus

clientes).

d) maior envolvimento da alta direção.

e) exclusão do RD (representante da direção), as responsabilidades das áreas

aumentam, assim como seu engajamento. Com isso, maior participação das lideranças.

f) Maior facilidade na aplicação dos requisitos às empresas de "serviços". A nova

versão não trata mais todas as saídas como produto esta edição utiliza "produtos e

serviços";

g) maior flexibilidade nas exigências sobre procedimentos documentados. Por

exemplo, a adoção de um manual de qualidade não é mais obrigatória. O Manual continua

sendo de extrema importância para concentrar o conhecimento acumulado da empresa no

desenvolvimento de uma política de qualidade mais eficaz, contudo, aquelas empresas que

não sentirem a necessidade do documento, poderão abrir mão dele para tonar os processos

e decisões mais ágeis e menos burocráticos.

h) redução de 8 para 7 princípios da qualidade, deixando os mais claros e

abrangentes. Os princípios 4 e 5 passam a fazer parte de um único item, conforme tabela

abaixo:

40

Tabela 2 - Comparação versões ISO – Princípios da Qualidade – Fonte adaptada pelo autor

i) substituição do termo “Treinamento” por “Conhecimento”: Os treinamentos

recorrentes devem continuar para garantir a perfeita execução do SGQ, contudo, passam a

fazer parte de uma estratégia ainda maior, que é a gestão do conhecimento da empresa, o

que garante a sustentabilidade do negócio ao longo do tempo.

j) registro e tratamento de reclamações: todas as reclamações de partes

interessadas (não apenas clientes, mas também fornecedores, funcionários, etc) deverão

ser registradas e tratadas adequadamente desde que estejam dentro do escopo do SGQ.

k) plano de Comunicação: Dessa forma, a empresa deverá manter um plano

de comunicação interna e externa, definindo papéis, responsabilidades e normas de

conduta, com o objetivo de disseminar valores e cultura do SGQ.

Com as principais mudanças da ISO 9001:2015 relatadas acima, é possível dar

continuidade no trabalho considerando-se que o que não foi citado permanece válido.

Em resumo, segundo Maranhão (2001), a Norma NBR ISO 9000:2000 pode ser

considerada o ponto de partida na implementação de um Sistema de Gestão de Qualidade,

uma vez que apresenta os fundamentos e terminologias que são utilizados nas demais

Normas. Logo em seguida, a empresa passa para a implementação da Norma NBR ISO

9001:2015 se o objetivo for certificação ou para a Norma NBR ISO 9004:2000 se tem como

escopo somente a melhoria dos processos.

41

É interessante destacar que o mesmo autor considera ideal para organizações que

objetivam a certificação a implementação simultânea dessas Normas, uma vez que a Norma

NBR ISO 9004:2000 contempla os requisitos da Norma NBR ISO 9001:2015.

3.3.2. Princípios da Qualidade

Como já falado, a Série de Normas NBR ISO 9000:2015 baseia-se em sete

princípios que, aplicados em conjunto com um sistema da qualidade, aumentarão a

capacidade de uma organização de gerir a qualidade.

a) Foco no cliente – Por dependerem de seus clientes, é necessário que as

organizações entendam as necessidades atuais e futuras dos mesmos. Com isso, é

possível atender aos requisitos e buscar exceder as expectativas dos consumidores.

b) Liderança – É objetivo dos líderes estabelecer o propósito e rumo da

organização. É fundamental a criação e manutenção de um ambiente interno no qual as

pessoas possam estar totalmente envolvidas no propósito de atingir os objetivos da

organização.

c) Competência e comprometimento das pessoas – A essência de uma

organização é o grupo de pessoas, de todos os níveis. O total envolvimento das mesmas

possibilita que as suas habilidades sejam usadas para o benefício da organização.

d) Melhoria – Convém que a melhoria contínua do desempenho global da

organização seja seu objetivo permanente.

e) Abordagem de Processo - Envolve a definição e a gestão sistemáticas de

processos e suas interações para alcançar os resultados pretendidos de acordo com a

política da qualidade e com o direcionamento estratégico da organização. A gestão dos

processos e do sistema como um todo pode ser conseguida usando o ciclo PDCA com um

foco geral na mentalidade de risco, visando tirar proveito das oportunidades e prevenir

resultados indesejáveis.

Ainda segundo a Norma, a vantagem da abordagem de processos é o controle

contínuo que ela permite sobre a ligação entre os processos, bem como sua combinação e

interação.

f) Gestão de Relacionamento – Uma organização e seus fornecedores são

interdependentes e uma relação de benefícios mútuos aumenta a capacidade de ambos em

agregar valor.

g) Decisão baseada em informação – Decisões eficazes são baseadas na análise

de dados e de informações.

42

Segundo a ABNT (NBR ISO 9000, 2015), “esses princípios foram desenvolvidos para

serem utilizados pela Alta Direção para dirigir a organização à melhoria de desempenho”.

Ainda de acordo com a NBR ISO 9000: “O uso com sucesso dos sete princípios de gestão

por uma organização resultará em benefícios para as partes interessadas, tais como

melhoria no retorno financeiro, criação de valor e aumento de estabilidade”, ou seja, de nada

adianta implantar um programa de qualidade total se seus princípios básicos não forem

seguidos com disciplina, comprometimento e num esforço crescente. Este é o ponto chave

para o sucesso empresarial.

3.4. PMBOK - PMI

Dentre diversos conteúdos existentes a respeito de gerenciamento de projetos, pode-se

destacar o PMI (Project Management Institute)

Foi criado em 1969 na forma de uma associação profissional sem fins lucrativos, sendo

o primeiro órgão que agrupou e consolidou em um só documento, diversos conceitos,

técnicas e ferramentas de gestão de projetos.

As diretrizes abordadas pelo PMI já eram utilizadas por profissionais de maneira

informal, às vezes inconsciente, e não estruturada. Este documento, mais conhecido como

PMBOK (Project Management Body of Knowledge), é divulgado pelo PMI desde 1987 até a

última versão, a de 2014 (5ª edição).

O conteúdo do PMBOK abrange diversas áreas de conhecimento em gerenciamento de

projetos e apresenta as habilidades, ferramentas e técnicas que aumentam a chance de

sucesso de um projeto, para cada processo em questão.

O guia PMBOK (2014) pode ser subdividido em três partes:

Parte 1: Introdução ao guia PMBOK, definições de projetos e o gerenciamento dos

mesmos, assim como as influências organizacionais, a equipe e o ciclo de vida de cada

projeto. Oferecem uma base para que as diretrizes de gerenciamento de projetos possam

ser abordadas, além de demonstrar comparativamente a diferença entre o gerenciamento

de projetos, de programas e de portfólios. Outro ponto importante é a seção onde são

definidas as competências e habilidades necessárias para o gerente de projeto.

Parte 2: Apresenta os processos de gerenciamento de projetos, como pode ser visto na figura abaixo, além de apresentar a importância das áreas de conhecimento.

43

Parte 3: Relata as áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos, listando os

processos envolvidos, as entradas, as ferramentas, as técnicas e as saídas de cada área. O

guia mapeia 47 processos de gerenciamento de projetos nos 5 grupos de processos de

gerenciamento e cada capítulo é abordada uma das 10 áreas de conhecimento abaixo:

1) Integração do projeto; 2) Escopo do projeto; 3) Tempo; 4) Custos; 5) Qualidade; 6) Recursos humanos; 7) Comunicações; 8) Riscos; 9) Aquisições; 10) Partes interessadas

3.4.1. Integração do Projeto

A gestão da integração do projeto aborda procedimentos e atividades para identificar,

definir, combinar, unificar e coordenar atividades dentro dos grupos de processos

gerenciais. Também inclui características de unificação, consolidação, comunicação e ações

integradoras que são essenciais para a execução controlada do projeto até a sua conclusão,

a fim de gerenciar com sucesso as expectativas das partes interessadas, e atender aos

requisitos.

De acordo com Oliveira (2003) de todas as áreas, esta é talvez a que mais exige uma

visão sistêmica e global por parte do gerente de projetos. E também é a que mais exige

qualidades diplomáticas e de estrategista, uma vez que para um bom resultado, será

necessário angariar a confiança e a cooperação de todos e com o mínimo de conflitos. É a

integração que faz com que todas as partes distintas do projeto formem um conjunto único e

evoluam uniformemente rumo a um objetivo comum. De um modo geral, quanto maior o

projeto, mais pessoas envolvidas e maior é a necessidade e a importância de uma boa

integração. Os processos de gerenciamento da integração podem ser vistos no quadro

abaixo (PMBOK, 2014):

Figura 2 - Grupos de processos de gerenciamento de projetos (PMBOK, 2014)

44

Tabela 3 - Processos relacionados ao gerenciamento da Integração. (PMBOK, 2014)

3.4.2. Escopo do Projeto

O gerenciamento do escopo do projeto inclui os processos necessários para

assegurar que o projeto inclui todo o trabalho necessário, e apenas o necessário, para

terminar o projeto com sucesso. Está relacionado com a definição e controle do que está e

do que não está incluso no projeto. Os processos de gerenciamento do escopo do projeto

incluem (PMBOK, 2014):

a) Planejar o gerenciamento do escopo, que documenta como tal escopo será

definido, validado e controlado.

b) Coletar os requisitos, que determina, documenta e gerencia os requisitos

impostos pelas partes interessadas, a fim de atender aos objetivos;

c) Definir o escopo, que desenvolve e descreve detalhadamente o projeto e o

produto;

d) Criar a Estrutura Analítica do Projeto, EAP (processo de subdivisão das

entregas do projeto, para facilitar a gestão – entregas intermediárias);

e) Validar o escopo, que se entende por formalizar a aceitação das entregas

concluídas do projeto;

f) Controlar o escopo, que monitora o andamento do escopo definido e gerencia

as mudanças ocorridas.

3.4.3. Tempo

O gerenciamento do tempo engloba os processos necessários para gerenciar o

término pontual do projeto. Trata-se do planejamento e monitoramento das ações a serem

tomadas ao longo do projeto. Como, em alguns mercados, tempo e prazo de entrega são

prioritários sobre qualquer outra característica do projeto, esta é uma área que vem se

tornando cada vez mais vital no Gerenciamento de Projetos.

Para Oliveira (2003), o gerenciamento de tempo se inicia junto à confecção da EAP,

onde as atividades e entregas a serem efetuadas recebem períodos de duração

45

(estimados). Para a estimativa de duração de cada atividade da EAP existem vários

métodos: dados históricos, estatísticos simulações e julgamentos especializados.

Os processos de gerenciamento do tempo incluem (PMBOK, 2014):

a) Planejar o gerenciamento do cronograma;

b) Definir as atividades;

c) Sequenciar as atividades;

d) Estimar os recursos das atividades;

e) Estimar as durações das atividades;

f) Desenvolver o cronograma;

g) Controlar o cronograma.

3.4.4. Custos

O gerenciamento dos custos do projeto inclui os processos envolvidos em

planejamento, estimativas, orçamentos, financiamentos, gerenciamento e controle, de modo

que o projeto possa ser terminado dentro do orçamento aprovado. Os processos de

gerenciamento de custos incluem (PMBOK, 2014):

a) Planejar o gerenciamento dos custos;

b) Estimar os custos;

c) Determinar o orçamento;

d) Controlar os custos.

De acordo com VARGAS (2005) as maiores causas de falhas no gerenciamento de

custos podem ser atribuídas a elementos externos ao processo isolado de custos. São elas:

interpretação errada, por parte dos executores, do trabalho a ser realizado; omissão na

definição do escopo do trabalho; cronograma pobremente definido ou excessivamente

otimista; fracasso na avaliação de riscos; estrutura analítica do projeto (EAP) mal definida;

parâmetros de qualidade mal estabelecidos; fracasso na estimativa dos custos indiretos e

administrativos do projeto.

3.4.5. Qualidade

O gerenciamento da qualidade do projeto inclui os processos e as atividades da

organização executora que determinam as políticas de qualidade, os objetivos e as

responsabilidades, de modo que o projeto satisfaça às necessidades para as quais foi

empreendido. O gerenciamento da qualidade do projeto trabalha para garantir que os

requisitos do projeto, incluindo os requisitos do produto, sejam cumpridos e validados.

46

Estão no escopo do gerenciamento da qualidade as seguintes atividades (PMBOK,

2014):

a) Planejar o gerenciamento da qualidade. Identificar os requisitos e padrões de

qualidade do projeto, além de documentar como o projeto demonstrará a

conformidade com o acordado;

b) Realizar a garantia da qualidade. São processo de auditoria dos requisitos de

qualidade e dos resultados das medições do controle de qualidade;

c) Controlar a qualidade. Monitoramento e registro dos resultados da execução

para avaliar o desempenho e recomendar as mudanças necessárias.

3.4.6. Recursos Humanos

O gerenciamento dos recursos humanos do projeto considera os processos que

organizam, gerenciam e guiam a equipe do projeto. A equipe do projeto consiste das

pessoas com papéis e responsabilidades designadas para completar o projeto.

Os processos de gerenciamento de recursos humanos incluem (PMBOK, 2014).

a) Planejar o gerenciamento dos recursos humanos;

b) Mobilizar a equipe do projeto;

c) Desenvolver a equipe do projeto, com melhoria de competências e interação

da equipe;

d) Gerenciar a equipe do projeto, fornecendo feedback e acompanhando o

desempenho dos membros, buscando otimizar o desempenho do projeto.

3.4.7. Comunicação

O gerenciamento da comunicação diz respeito aos processos necessários para

assegurar que as informações do projeto sejam planejadas, coletadas, criadas, distribuídas,

armazenadas, recuperadas, gerenciadas, controladas, monitoradas e finalmente, dispostas

de maneira oportuna e apropriada.

Os processos de gerenciamento das comunicações incluem (PMBOK – 2014):

a) Planejar o gerenciamento das comunicações;

b) Gerenciar as comunicações;

c) Controlar as comunicações.

3.4.8. Riscos

O Gerenciamento dos riscos do projeto inclui os processos de planejamento,

identificação, análise e controle de riscos de um projeto. Os objetivos do gerenciamento dos

47

riscos do projeto são aumentar a probabilidade e o impacto dos eventos positivos e reduzir a

probabilidade e o impacto dos eventos negativos no projeto. Os processos de

gerenciamento dos riscos incluem (PMBOK, 2014):

a) Planejar o gerenciamento dos riscos;

b) Identificar os riscos;

c) Realizar a análise qualitativa dos riscos;

d) Realizar a análise quantitativa dos riscos;

e) Planejas as respostas aos riscos, com desenvolvimento de opções e ações

para reduzir as ameaças;

f) Controlar os riscos, com a implementação de planos de respostas,

acompanhamento e monitoramento dos riscos.

Os riscos podem ser mensurados através da matriz de análise de risco, na qual é

feita a relação da probabilidade de ocorrência e custo inerente à consequência do

sinistro.

3.4.9. Aquisições

O gerenciamento das aquisições do projeto inclui os processos necessários para

comprar ou adquirir produtos, serviços ou resultados externos à equipe do projeto.

Os seguintes itens fazem parte do escopo do gerenciamento das aquisições

(PMBOK, 2014):

a) Planejar o gerenciamento das aquisições;

b) Conduzir as aquisições;

c) Controlar as aquisições;

d) Encerrar as aquisições.

É recomendável que haja uma boa relação entre a contratada e a contratante a fim

de garantir uma parceria com maior longevidade e reduzir as falhas de contratação de

empresas apenas pelo menor preço que possam não atender aos requisitos de

documentação, qualidade e prazo

3.4.10. Partes Interessadas (Stakeholders)

O gerenciamento das partes interessadas do projeto inclui os processos exigidos

para identificar todas as pessoas, grupos ou organizações que podem impactar ou serem

impactados pelo projeto. Com isso, analisar as expectativas das partes interessadas e seu

impacto no projeto, para, com isso, desenvolver estratégias de gerenciamento apropriadas

para o engajamento eficaz das partes interessadas nas decisões e execução do projeto.

48

Além disso, também se concentra na comunicação contínua com as partes

interessadas para entender suas necessidades e expectativas, abordando as questões

conforme elas ocorrem, gerenciando os interesses conflitantes e incentivando o

engajamento das partes interessadas com as decisões e atividades do projeto.

A satisfação das partes interessadas deve ser gerenciada como um objetivo

essencial do projeto.

Os processos de gerenciamento das partes interessadas incluem (PMBOK, 2014):

a) Identificar as partes interessadas;

b) Planejar o gerenciamento das partes interessadas;

c) Gerenciar o engajamento das partes interessadas;

d) Controlar o engajamento das partes interessadas.

3.5. Norma Brasileira de Desempenho – ABNT NBR

15575:2013

A norma de desempenho é estabelecida com o objetivo de atender às exigências dos

usuários que compõem as edificações habitacionais. A norma é fundada com base nas

exigências dos usuários para edifícios habitacionais e seus sistemas, em relação ao seu

comportamento em uso e não na prescrição de como os sistemas são construídos.

Os critérios e requisitos estabelecidos nessa norma são baseados em três temas

distintos: segurança, habitabilidade e sustentabilidade.

As exigências de segurança tratam dos requisitos que tem a função de manter a

integridade física da edificação e do usuário. São expressas pelos fatores: segurança

estrutural; segurança contrafogo; segurança no uso e na operação.

As exigências de habitabilidade demonstram os requisitos relacionados ao bem-estar

dos usuários. São evidenciadas pelos fatores: estanqueidade; desempenho térmico;

desempenho acústico; desempenho luminoso; saúde, higiene e qualidade do ar;

funcionalidade e acessibilidade; conforto tátil e antropodinâmico.

Por fim, as exigências de sustentabilidade prezam pela manutenção do ambiente

construído e os seus entornos. São destacadas pelos fatores: durabilidade;

manutenibilidade e impacto ambiental.

O modo de estabelecimento do desempenho é comum e internacionalmente

elaborado por meio do estabelecimento de requisitos qualitativos, critérios quantitativos e

49

métodos de avaliação, os quais permitem a mensuração de seu cumprimento. Com isso, as

normas assim elaboradas visam incentivar e balizar o desenvolvimento tecnológico, e ao

mesmo tempo, orientar a avaliação da eficiência técnica e econômica das inovações

tecnológicas.

A ABNT NBR 15575:2013 é dividida em seis partes, cada uma estabelecendo

requisitos para um sistema diferente. Estes capítulos são divididos em:

a) ABNT NBR 15575-1 – Parte 1: Requisitos Gerais;

b) ABNT NBR 15575-2 – Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais;

c) ABNT NBR 15575-3 – Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos;

d) ABNT NBR 15575-4 – Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais

internas e externas;

e) ABNT NBR 15575-5 – Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas;

f) ABNT NBR 15575-6 – Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários.

3.5.1. Parte 1 – Requisitos Gerais

A primeira parte dessa norma possui um caráter mais geral. Funciona como um

índice de referência apontando, sempre que possível, às partes específicas relatadas nos

outros capítulos da norma. Ela também inclui aspectos de natureza geral e critérios que

envolvem a norma como um todo.

O conceito mais detalhado nesta parte do texto é o de desempenho, que até o

lançamento desta norma, não era utilizado nas normas de prescrição. Estas estabeleciam

uma maneira de se fazer as coisas, o que acabava restringindo a inovação. No caso da

norma de desempenho, não importa a forma de construção do prédio, desde que o

desempenho mínimo seja atendido. Isso contribui para o uso de novos sistemas e materiais,

desde que eles garantam o desempenho exigido (SACHS e NAKAMURA, 2013).

Ainda, a norma elimina a subjetividade que existe em outras normas no quesito de

avaliação do resultado. Além da definição dos resultados esperados, também é explicado

como deve ser feita a avaliação do desempenho, fornecendo uma maior segurança para

todos os elos da cadeia produtiva.

Os requisitos contidos na primeira parte da norma podem ser vistos na tabela abaixo.

50

Tabela 4 – Estrutura de Requisitos da Parte 1 da Norma ABNT NBR 15575:2013

3.5.2. Parte 2 – Requisitos para os Sistemas Estruturais

Na segunda parte da norma, são determinados os requisitos e critérios de

desempenho que se aplicam ao sistema estrutural da edificação habitacional. São definidos

critérios e verificações relacionados aos estados limites últimos e de serviço, de maneira

que não ocorra o comprometimento da estrutura e nem de seus sistemas estruturais, como

por exemplo o mau funcionamento de janelas e portas.

Segundo Nakamura (2013), não foram apresentadas grandes mudanças na maneira

de se projetar estruturas com a introdução da norma. As diretrizes continuam sendo as

normas estruturais existentes, porém alguns requisitos foram adicionados.

51

Na tabela abaixo é apresentada a estruturação dos requisitos contidos na segunda

parte da norma.

3.5.3. Parte 3 – Requisitos para os Sistemas de Piso

Na terceira parte o foco é o desempenho do sistema de pisos, considerando os

elementos e componentes, para as áreas de uso comum e para áreas de uso privativo, em

áreas externas e internas na edificação. Também é feita uma definição para sistema de

piso, apresentada como "sistema horizontal ou inclinado composto por um conjunto parcial

ou total de camadas destinado a cumprir a função de estrutura, vedação e tráfego" (ABNT,

2013).

Tabela 5 - Estrutura de Requisitos da Parte 2 da Norma ABNT NBR 15575:2013

52

Na tabela abaixo é apresentada a estruturação dos requisitos contidos na terceira

parte da norma.

3.5.4. Parte 4 – Requisitos para os Sistemas de Vedações Verticais Internas e

Externas

Nesta parte são estabelecidos os requisitos de desempenho para sistemas de

vedação interna e externa em edificações habitacionais. Caso o sistema de vedação

apresente também uma função estrutural, devem também ser atendidos os critérios da parte

dois da norma, voltada para sistemas estruturais.

Novamente, é apresentada, na tabela abaixo, a estruturação dos requisitos contidos

na quarta parte da norma.

Tabela 6 - Estrutura de Requisitos da Parte 3 da Norma ABNT NBR 15575:2013

53

Tabela 7 - Estrutura de Requisitos da Parte 3 da Norma ABNT NBR 15575:2013

3.5.5. Parte 5 – Requisitos para os Sistemas de Cobertura

Na quinta parte, são definidos os requisitos mínimos de desempenho para o sistema

de cobertura das edificações, que devem se integrar com os demais sistemas e também

proteger o ambiente interior contra as condições atmosféricas adversas.

Na tabela abaixo, é possível ver os requisitos contidos nessa parte da norma.

Tabela 8 - Estrutura de Requisitos da Parte 3 da Norma ABNT NBR 15575:2013

54

3.5.6. Parte 6 – Requisitos para os Sistemas de Hidrossanitários

Por fim, na última parte são definidos os requisitos mínimos de desempenho para as

instalações hidrossanitárias nas edificações residenciais.

Os subsistemas abordados na NBR 15575-6 são:

a) Sistema predial de água fria e água quente;

b) Sistema predial de esgotamento sanitário e ventilação;

c) Sistema predial de águas pluviais.

Na tabela abaixo, é possível ver os requisitos contidos nessa parte da norma.

Tabela 9 - Estrutura de Requisitos da Parte 3 da Norma ABNT NBR 15575:2013

3.6. Sistema de Gestão da Qualidade nos Processos de

Manutenção, Reforma e Retrofit de Edificações

Para implementar um SGQ aos processos citados é importante considerar que a

construção civil possui algumas particularidades. que são citadas por Silva (1985):

problemas identificados durante a produção; o cliente é conhecido e interfere de forma ativa

na concepção e execução do empreendimento; os projetos e as obras são feitos

separadamente; o trabalho é artesanal (baixo nível de automatização); há alta rotatividade e

baixa escolaridade da mão-de-obra (dificultando treinamentos); o planejamento está sujeito

a elevados graus de incertezas e pouco "feedback" das avaliações pós-ocupação; múltiplos

55

relacionamentos entre os agentes e com grande dispersão de responsabilidades e baixo

grau de integração entre os agentes.

Frente à problemática apresentada, nos anos 90, foram implementadas algumas

ações que visaram, entre outros fins, adaptar os requisitos genéricos normalizados à

realidade das exigências específicas desse setor no Brasil, por meio de Programas da

Qualidade com enfoque em obras.

Assim, a elaboração dos Programas da Qualidade na construção no Brasil de forma

evolutiva surgiu para adequar das Normas NBR ISO 9000 às particularidades da indústria

da construção civil.

3.6.1.1. SiAC - PBQP-H

O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP) foi criado em 1991,

com a finalidade de difundir conceitos de qualidade, gestão e organização da produção.

A partir do PBQP, surgiu o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na

Construção Habitacional (PBQP-H), o qual foi instituído em 18 de dezembro de 1998 com a

assinatura da Portaria n. 134, do então Ministério do Planejamento e Orçamento.

O PBQP-H tem como objetivo organizar o setor da construção civil em torno da

melhoria da qualidade e da modernização produtiva, gerando um ambiente de isonomia

competitiva. Para tal, o Programa conta com a participação ativa dos segmentos da cadeia

produtiva, agregando esforços na busca de soluções com maior qualidade e menor custo

para redução do déficit habitacional no país.

No ano 2000 foi estabelecida a necessidade de uma ampliação do escopo do

Programa, que passou a integrar o Plano Plurianual (PPA) e a partir de então englobou

também as áreas de Saneamento e Infraestrutura Urbana. Assim, o "H" do assumiu o

significado de habitat e o Programa passou a se chamar Programa Brasileiro da Qualidade e

Produtividade do Habitat incluindo não somente obras de edificações, mas também obras de

infraestrutura.

O Sistema busca contribuir para a evolução dos patamares de qualidade do setor,

envolvendo as seguintes especialidades técnicas:

a) execução de obras;

b) serviços especializados de execução de obras, por exemplo: terraplanagem,

fundações, estrutura metálica, impermeabilização, instalações de sistemas prediais e

revestimentos especiais

c) gerenciamento de obras e de empreendimentos;

56

d) elaboração de projetos;

e) outras especialidades técnicas, definidas pela Comissão Nacional.

O PBQP-H foi estruturado em projetos que buscam solucionar um problema

específico na área da qualidade da construção civil.

Os principais projetos são:

a) Sistema de Avaliação da Conformidade de Serviços e Obras da Construção Civil -

SiAC

b) Qualificação de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos - SiMaC

c) Indicadores de Desempenho

d) Sistema Nacional de Avaliações Técnicas - SINAT

e) Sistema de Formação e Requalificação de Mão-de-obra

f) Assistência Técnica a Autogestão

g) Capacitação Laboratorial

h) Sistema Nacional de Comunicação e Troca de Informação

i) Cooperação internacional

Do projeto sob o título de “Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e

Obras (SiQ)”, resultou na formulação do sistema que leva à certificação dos Sistemas de

Gestão da Qualidade das empresas que trabalham na execução de obras ou prestam

serviços, como as construtoras, os projetistas e as gerenciadoras. Quando particularizado

para as construtoras, o SiQ-Construtoras exige que as mesmas implementem

procedimentos de execução e de inspeção para os serviços presentes nas obras ditos

‘controlados’.

Através da Portaria n° 118, de 15 de março de 2005, foi aprovado o novo Regimento

do SiAC (Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da

Construção Civil), em substituição ao SiQ – Sistema de Qualificação de Empresas de

Serviços e Obras. No caso das construtoras, o seu sistema específico passou a ser

denominado SiAC – Execução de Obras

O SiAC é um sistema único, definido por um Regimento Geral, Regimentos

Específicos e Referenciais Normativos, adaptados às diferentes especialidades técnicas e

sub-setores da construção civil envolvidos na produção do habitat e possui caráter evolutivo,

ou seja, o regimento estabelece níveis de avaliação da conformidade progressivos, segundo

os quais, os sistemas de gestão da qualidade das empresas são avaliados e classificados.

57

4. PRÁTICAS DE GESTÃO DA QUALIDADE NOS PROCESSOS

DE MANUTENÇÃO, REFORMA E RETROFIT DE EDIFICAÇÕES.

4.1. Aspectos gerais

Com o aumento de competitividade entre as empresas, além das grandes mudanças

ocorridas nos setores tecnológico e de produção nos últimos anos, com complexidade cada

vez maior dos equipamentos e, ao mesmo tempo, grande exigência de produtividade e

qualidade, a função manutenção tem assumido grandes responsabilidades no sentido de

garantir confiabilidade e disponibilidade, fatores refletidos diretamente no desempenho

operacional da organização. (NUNES & VALLADARES, 2008).

O sistema de gestão deve equacionar tudo o que for necessário para que a

manutenção predial seja realizada de maneira eficiente: planejamento, definição de

responsabilidades, organização de equipes, contratações terceirizadas, previsão

orçamentária, forma de registro de inspeções e manutenções realizadas.

A norma que atribui responsabilidades do sistema gestão é a norma NBR 5674, que

é direcionada aos proprietários e síndicos e dispõe os requisitos para a gestão do sistema

de manutenção de edificações e para prevenir a perda de desempenho decorrente da

degradação dos seus sistemas, elementos ou componentes.

Também existe a norma NBR 14037 que é direcionada aos construtores e

incorporadores e dispõe sobre os requisitos mínimos para elaboração e apresentação dos

conteúdos a serem incluídos no manual de uso, operação e manutenção das edificações, a

ser entregue aos proprietários/usuários.

De acordo com NUNES & VALLADARES (2008, p. 4), a função manutenção deve

garantir atendimento a três clientes, sendo eles:

a). Os proprietários dos ativos físicos, ou seja, os empresários, que esperam que

estes gerem o retorno financeiro do investimento;

b). Os usuários dos ativos, que esperam que eles mantenham um padrão esperado

de desempenho;

c). A sociedade, que demanda por padrões de qualidade dos produtos, ao mesmo

tempo, em que espera que os ativos não falhem, garantindo segurança e um

cenário de riscos reduzidos para o meio ambiente.

58

De acordo com SOUZA (2008, p.66), a gestão da manutenção se inicia na definição

da concepção: “(...) a gestão deve estar relacionada a todo conjunto de ações, decisões e

definições sobre tudo o que se tem que realizar, possuir, utilizar, coordenar e controlar para

gerir os recursos fornecidos para a função manutenção e fornecer assim os serviços que

são aguardados pela função manutenção”.

Diversas práticas atuais estão voltadas para a Engenharia de Manutenção, que

busca aumentar confiabilidade ao mesmo tempo em que garante disponibilidade. Para isso,

concentra-se na busca das causas, na melhoria dos padrões e sistemáticas, na modificação

de situações permanentes de mau desempenho, no desenvolvimento da manutenabilidade,

na intervenção das compras e projetos (ARAÚJO & SANTOS, 2008, apud NETTO, 2008).

De acordo com SOUZA (2008, p.66), a gestão da manutenção se inicia na definição

da concepção: “(...) a gestão deve estar relacionada a todo conjunto de ações, decisões e

definições sobre tudo o que se tem que realizar, possuir, utilizar, coordenar e controlar para

gerir os recursos fornecidos para a função manutenção e fornecer assim os serviços que

são aguardados pela função manutenção”.

Para desenvolver e implantar sistemas de gestão da qualidade em suas atividades

de manutenção, as empresas construtoras buscam apoio não só em técnicas e ferramentas

utilizadas pelas empresas dos demais segmentos, mas também de algumas específicas,

mais adequadas às suas atividades. Estas técnicas, tais como TPM (Total Productive

Maintenance) ou Manutenção Produtiva Total e o RCM (Reliability-Centered Maintenance)

ou Manutenção Centrada em Confiabilidade, são descritas nos itens 4.2 e 4.3.

4.2 Manutenção Produtiva Total (TPM)

A Manutenção Produtiva Total (Total Productive Maintenance) teve sua origem no

Japão, no início dos anos 60, e tinha como objetivo principal melhorar a confiabilidade dos

equipamentos e aumentar a qualidade dos processos, viabilizando assim o sistema Just in

Time (NETTO, 2008).

As características marcantes do TMP são o reconhecimento da manutenção como

atividade geradora de lucros para a organização, em vez da antiga visão que se tinha de ser

um custo não previsto; A integração e otimização das políticas de manutenção existentes e

utilizadas na organização, melhorando a eficiência global dos equipamentos; E a promoção

e incentivo à cultura do envolvimento dos operadores com a manutenção (manutenção

espontânea), adquirindo novas capacidades e se dedicando aos projetos de

aperfeiçoamento de diagnóstico e do equipamento. (MORAES, 2004)

59

A metodologia do TPM fornece alguns princípios apontados por MORAES (2004, p.

40) dentre eles:

a) Melhoria Focada ou Específica: atuação nas perdas crônicas relacionadas aos

equipamentos (foco corretivo);

b) Manutenção Autônoma: relacionada, principalmente, às atividades que envolvem os

operadores e seus equipamentos, despertando neles a vontade de cuidar e manter

seus instrumentos de trabalho em boas condições de uso. Baseia-se também no

espírito de trabalho em equipe para melhoria contínua das rotinas de manutenção e

produção;

c) Manutenção Planejada: foco preventivo, com rotinas de inspeção baseadas no

tempo ou na condição do equipamento, visando aumento de confiabilidade e

disponibilidade e redução dos custos;

d) Treinamento e educação: refere-se à aplicação de treinamentos técnicos e

comportamentais para desenvolvimento das equipes, principalmente nos quesitos

liderança, flexibilidade e autonomia;

e) Gestão Antecipada: todos os históricos anteriores de equipamentos e seus similares

são analisados quando do projeto de um novo equipamento, a fim de que se

construam equipamentos mais adequados aos índices de confiabilidade desejados;

f) Manutenção da qualidade: refere-se à interação existente entre qualidade dos

produtos e capacidade de atendimento à demanda e confiabilidade dos

equipamentos e da manutenção;

g) Segurança, Saúde e Meio Ambiente: como sugere o próprio nome, tem foco na

melhoria contínua das condições citadas, reduzindo os riscos acerca de falhas;

h) Melhoria dos Processos Administrativos: baseia-se em organizar e eliminar

desperdícios nas rotinas administrativas, evitando que as mesmas interfiram na

eficiência dentro do "chão de fábrica".

Esses oito pilares definem e norteiam a filosofia do TPM, cujo foco é a “Falha Zero”,

ou seja, tem como um de seus objetivos principais a eliminação de grandes perdas. As

organizações que adotam o TPM devem procurar concentrar seus esforços em eliminar as

principais causas relacionadas a elas, de maneira a atingir a eficiência global do

equipamento.

60

O J.I.P.M1, originalmente, classificou as seis perdas de equipamentos em (NETTO,

2008):

a) Perda por parada devido à quebra/falha: mais significativa segundo o J.I.P.M., sendo

originada da não manutenção ou intervenção incorreta no equipamento. Deve ser

eliminada;

b) Perda por mudança de linha e regulagens: causa a parada de produção, deve ser

minimizada ao máximo;

c) Perda por operação em vazio e pequenas paradas: motivada por pequenas

inatividades de produção (o equipamento para porque houve um pequeno problema

durante sua utilização);

d) Perda por queda de velocidade: quando há uma diminuição da velocidade de

produção, por queda no bom funcionamento e/ou confiabilidade do equipamento;

e) Perda por defeitos gerados no processo de produção: perda gerada por repetições

de processos defeituosos e/ou retrabalho;

f) Perda no início da operação e por queda de rendimento: perda gasta para

estabilização do processo, demandando tempo e estudo.

4.3 Manutenção Concentrada em Confiabilidade (RCM)

A Manutenção Centrada em Confiabilidade (Reliability-Centered Maintenance) foi

documentada na publicação de Stan Nowlan e Howard Heap em 1978, a partir da análise da

política de manutenção no setor de transporte aéreo, e demonstrou, dentre outros aspectos,

que não havia forte correlação entre idade de equipamento e taxa de falhas (FERREIRA,

2009).

O RCM é uma metodologia que busca direcionar e replanejar a manutenção de uma

área/equipamento específico ou da empresa como um todo, e é a própria empresa que vai

dizer qual o nível de serviço que deseja ou que considera aceitável para seus

equipamentos, de acordo com especificações de projeto, custo x benefício, custo e impacto

de falhas, entre outros. Busca ainda identificar quais as práticas mais indicadas, dentro de

uma operação, para a preservação das funções nela existentes. Ou seja, identifica e

mensura a confiabilidade de um sistema (equipamentos, máquinas e processos) e, de

1 Japan Institute of Plant Maintenance, "Instituto Japonês de Manutenção de Fábrica",

responsável pelo desenvolvimento e registro da metodologia TPM.

61

maneira científica, propõe meios para aumentar essa confiabilidade (MARCORIN & LIMA,

2003).

KRONER (1999) apud SOUZA & LIMA (2003), define sete passos para implantação

da metodologia RCM, os quais serão descritos a seguir:

Passo 1 - Seleção de equipamento/área onde será realizada a manutenção: onde os

investimentos forem justificáveis, deve-se planejar os detalhes da manutenção, como

análises (quando e onde), auditorias e treinamento;

Passo 2 - Determinação do desempenho desejado e capacidade real tecnológica do

ativo: conciliar a manutenção de maneira que o equipamento tenha sempre condições de

executar o que ele foi projetado para executar (“capabilidade intrínseca”) e também o que se

deseja que ele execute (“desempenho desejado”), da maneira correta;

Passo 3 - Análise das falhas do ativo: realizar registro e análise de falhas funcionais

(perda de função) de acordo com as consequências para o desempenho operacional do

ativo, classificando-as em falhas parciais e totais, falhas limites inferiores e superiores e

falhas contexto operacional. Isso permitirá à função manutenção maior conhecimento e

controle sob seus equipamentos;

Passo 4 – Estudar as causas das falhas, seus efeitos e possíveis consequências:

usualmente, é utilizado o FMEA - Análise de Modos de Falha e seus Efeitos – para conduzir

as investigações sobre as falhas, gerando informações que justifiquem tomada de decisão

para eliminar/amenizar a causa/efeito da falha. Para tal, o método realiza uma análise das

possíveis falhas que podem ocorrer em componentes e os efeitos gerados sobre todo o

conjunto. Assim, são analisadas as falhas potenciais e propostas ações de melhoria para o

desenvolvimento do produto ou do processo. O FMEA faz uso, portanto, da prevenção, ao

detectar falhas antes mesmo que elas ocorram.

Passo 5 – Selecionar o tipo de manutenção mais adequada, de acordo com a

seguinte classificação: tempo (preventiva), condição (preditiva) e teste (detectiva). Isso

permitirá uma alta confiabilidade operacional do equipamento e, onde for aplicável, alta

longevidade do mesmo com a manutenção preditiva, baixando os custos de manutenção;

Passo 6 – Formular e Implementar o Plano de Manutenção: é importante que as

recomendações no novo plano de manutenção sejam comparadas às já existentes, de

maneira a decidir se devem ser propostas novas atividades, mudar as já existentes ou, até

mesmo, eliminar algumas.

Passo 7 – Melhoria Contínua: melhoria contínua baseada no Kaisen, através de

constantes revisões, para adaptação às novas tecnologias, aos novos problemas e às novas

62

condições do ambiente. O autor destaca a importância do envolvimento de todos os setores

e colaboradores, para que as novas melhorias atinjam a empresa como um todo e

apresentem, de fato, resultados significativos.

O RCM visa a utilização máxima dos recursos disponíveis, desde que viáveis, para

garantir a confiabilidade de operação. Além disso, pelo alto nível de informações que gera,

permite a empresa melhorar seu desempenho operacional, aumentar a vida útil dos

equipamentos, melhorar a tomada de decisão a respeito das manutenções (quando, onde, o

que e por que fazer). Depois de levantados os riscos de falhas, a empresa poderá dirigir

seus esforços para as máquinas que, caso falhem, possam vir a gerar algum agravante para

o ambiente e/ou seus próprios colaboradores. Melhora, portanto, a segurança (SOUZA &

LIMA, 2003).

4.4 Estrutura Organizacional da Manutenção

A estruturação pode variar de empresa para empresa, no entanto, sua filosofia

básica é a mesma e algumas relações estruturais ou organizacionais são muito

semelhantes. Podem-se distinguir três importantes tipos de organização: centralizada,

descentralizada e mista. (KARDEC & NASCIF, 2009).

A manutenção centralizada é composta por um único órgão de manutenção, com o

mesmo nível dos órgãos operativos, atendendo a qualquer tipo de necessidade de

intervenção, em qualquer setor demandado (SOUZA, 2008), conforme figura abaixo.

Figura 3 - Estrutura organizacional da Manutenção Centralizada

Fonte: SOUZA, 2008.

63

A manutenção descentralizada, conforme figura a seguir, é caracterizada por uma

equipe própria de manutenção para cada área de processo, sendo esta responsável tanto

pela execução quanto pelo planejamento e controle (SOUZA, 2008).

Figura 4 - Estrutura organizacional da Manutenção Descentralizada Fonte: SOUZA, 2008.

Por último, a estrutura mista, conforme figura abaixo, oferece autonomia a cada área

de processo para realizações cotidianas e, ao mesmo tempo, é gerida por um único órgão

onde são disponibilizados os métodos e processos de controle padronizados (SOUZA,

2008)

Figura 5 - Estrutura organizacional da Manutenção Mista

Fonte: SOUZA, 2008.

64

KARDEC & NASCIF (2009, p.72) ainda citam uma quarta forma de organização da

manutenção como sendo a atual tendência de formação de equipes multifuncionais para

realização de pronto atendimento. Essa forma já é aplicada em algumas poucas empresas

brasileiras de alta competitividade e com excelentes resultados.

Em relação ao fator subordinação, KARDEC & NASCIF (2009, p.70) afirmam que

esta varia de acordo com o tamanho da empresa, sua política organizacional e o impacto

das atividades de manutenção nos resultados. Nas empresas pequenas, por exemplo, as

funções técnicas de manutenção, engenharia, inspeção e serviços gerais estão geralmente

reunidas. Na maioria das empresas, no entanto, a tendência predominante dos últimos 20

anos, foi a consolidação da manutenção em nível gerencial, estando o gerente de

manutenção ligado ao primeiro escalão gerencial.

É importante destacar que, independentemente do segmento em que atuam, não só

existem empresas que possuem departamentos específicos para a realização da

manutenção predial (gestão e execução), mas também há outras que fazem apenas a

gestão e a execução é terceirizada. Além disso, há outras que terceirizam tanto a gestão

quanto a execução.

4.5 Qualidade na Manutenção

Segundo KARDEC & NASCIF (2009, p.163), de modo geral, a Gestão pela

Qualidade Total ou Total Quality Management2 (TQM) busca melhoria contínua dos

processos e zero defeito, de maneira a obter a satisfação do cliente e aumentar a

competitividade empresarial.

É importante destacar que, independentemente do segmento em que atuam, não só

existem empresas que possuem departamentos específicos para a realização da

manutenção predial (gestão e execução), mas também há outras que fazem apenas a

gestão e a execução é terceirizada. Além disso, há outras que terceirizam tanto a gestão

quanto a execução.

2 Gestão da Qualidade Total refere-se a uma estratégia de administração orientada a

criar consciência da qualidade em todos os processos organizacionais. Envolve, inclusive,

distribuidores e demais parceiros de negócios. Um desenvolvimento posterior do conceito é

o Six Sigma.

65

O processo de qualidade deve conseguir alcançar a organização de maneira

sistêmica, e não só o setor de manutenção. Exemplos de problemas como sobressalentes

inadequados, instrumentos não aferidos e não calibrados, documentação técnica incorreta,

só serão facilmente e corretamente detectados se o sistema de qualidade for capaz de

apontar e prevenir a ocorrência de falhas sistêmicas. E ainda, se o sistema funcionar

plenamente, será possível conseguir sensíveis aumentos de produção sem necessidade de

novos investimentos, apenas com novos métodos de trabalho (KARDEC & NASCIF, 2009).

Alguns fatores são críticos para a qualidade, e podem ser citados como melhores

práticas para adoção em qualquer empresa (KARDEC & NASCIF, 2009), são eles:

a) A gestão deve ser baseada em itens de controle definidos pela gerência

(disponibilidade, custos, confiabilidade, etc.), com análise crítica periódica;

b) Eliminação das falhas, ocorridas e potenciais, através da análise da causa raiz,

atuando de forma integrada com a operação e a engenharia na busca de

soluções;

c) Procedimentos escritos para os principais trabalhos;

d) Aplicação de auditorias, internas e externas, com verificações de tendências de

resultado;

e) Adoção da multiespecialização ou polivalência;

f) Treinamento e capacitação dos funcionários, tornando-os autossuficientes e

preparados para executar a manutenção autônoma;

g) Trabalho em equipe;

h) Comprometimento da alta gerência;

i) Implantação de uma cultura de mudanças.

É válido mencionar que o relatório de não conformidade é uma notificação de que

uma determinada característica do seu produto não está dentro das especificações. Dessa

maneira, é possível a tomada das devidas ações imediatas para conter o problema e

posteriormente uma ação corretiva para que os mesmos não venham a reincidir.

Outra metodologia comumente utilizada por empresas é a do ciclo PDCA (Plan-Do-

Check-Act). Entretanto, muitas realizam esse ciclo de maneira incompleta, concentrando-se

apenas na fase “Do”, principalmente quando se trata da manutenção, onde se deseja

realizar o melhor reparo. No entanto, deve-se percorrer o ciclo completo, para que se atue

na causa raiz, buscando soluções definitivas para problemas repetitivos. A manutenção

deve ser eficaz, e não apenas eficiente.

A tabela retirada do Documento Nacional “A situação da Manutenção no Brasil”

realizada em 2009 pela ABRAMAN – Associação Brasileira da Manutenção – mostra uma

66

relação das ferramentas de qualidade mais utilizadas nas empresas brasileiras na área de

manutenção:

Tabela 10 - Ferramentas Utilizadas para Promover a Qualidade Fonte: Abraman (Associação Brasileira de Manutenção), 2009.

A tabela mostra que o RCM (MCC) e o TPM são bem utilizados pelas empresas,

bem como as ferramentas de análise de falha (RCFA e FMEA).

O Six Sigma, ficou atrás por ser uma metodologia mais difícil de ser aplicada, já que,

diferentemente de outras formas de gerenciamento de processos produtivos ou

administrativos, tem como prioridade a obtenção de resultados de forma clara e planejada,

tanto no que diz respeito aos aspectos de qualidade quanto aos financeiros. O Six Sigma

tem como princípio fundamental reduzir, de forma contínua, a variação nos processos,

eliminando defeitos ou falhas nos produtos ou serviços.

O modelo 5S, talvez muito em função de sua simplicidade e aplicabilidade nos mais

diversos ambientes, é a ferramenta mais amplamente utilizada, o que demonstra que as

empresas buscam, no mínimo, se organizar e manter um ambiente de trabalho mais seguro,

limpo e enxuto. Sua filosofia de trabalho promove a disciplina por meio de consciência e

responsabilidade de todos com o objetivo de tornar o ambiente de trabalho agradável,

67

produtivo e seguro. Se baseia em cinco palavras de origem japonesa adaptadas para o

português que buscam a mudança no comportamento e nos hábitos das pessoas.

Esses números demonstram que as empresas brasileiras estão preocupadas em

eliminar as falhas e melhorar seus processos, e estão investindo em ferramentas para tal.

Um incremento nessas estatísticas será importante caso, no futuro, as empresas desejem

aumentar substancialmente sua participação no mercado, reduzir os custos e otimizar suas

operações.

O que todos os métodos possuem em comum é a procura de qualidade com bom

custo x benefício como resultado final. Tendo em vista que por um lado, serviços de má

qualidade levam a retrabalhos e consequentemente elevam o custo, e por outro, um serviço

supervalorizado, mesmo que de boa qualidade, também gera custos elevados.

É importante também que haja um controle da eficiência dos métodos e ferramentas

utilizadas no processo de manutenção. Para isso, se faz útil a medição do tempo médio

entre falhas (TMEF) e o tempo médio para reparo (TMPR). Sendo o primeiro, a relação

entre o total de operação da máquina e o número de falhas detectadas e o segundo a

relação entre o total de horas de intervenção corretiva e o número de falhas identificadas em

um período observado. Dessa forma, o TMEF é o tempo médio que um serviço fica

disponível sem interrupção e o TMPR é o tempo medido a partir de quando o serviço falha

até que ele seja reparado. Ambos devem ser minimizados o quanto for possível para um

resultado favorável

4.6 Indicadores da Manutenção

Os indicadores são medidas usadas para traduzir quantitativamente um conceito

abstrato e informar algo sobre determinado aspecto da realidade. São utilizados para

comparações de determinadas características ao longo do tempo, orientando a empresa

rumo às metas e objetivos estabelecidos. A decisão sobre quais indicadores utilizar, no

entanto, deve ser orientada sempre para informações que possam agregar valor à empresa.

A ABNT NBR 5674 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1999, p.

6), ressalta que a avaliação do sistema de manutenção deve ser contínua, visando a

eficiência das suas atividades. Essa estrutura prioriza alguns aspectos, tais como: satisfação

do usuário, medida por meio de pesquisas de opinião e taxa de sucesso das intervenções,

medida pela incidência de retrabalho necessário.

Para Almeida e Vidal (2008, p. 117), a primeira etapa a ser desenvolvida é o

cadastro dos grupos disponíveis, como: equipamentos, instalações e dependências do

68

complexo predial. Eles devem ser caracterizados quanto a sua localização, além da

referência quanto a aspectos técnicos. Também, devem ser observados quanto a sua

importância dentro do processo produtivo, verificando o desempenho e a interferência de

acordo com as necessidades da empresa.

De acordo com os mesmos autores, um dos relatórios mais simples e fáceis de

veriricação é o de não conformidade, obtidos das ordens de serviço emitidas. Para eles, a

emissão poderá ser em períodos mensais, trimestrais, semestrais ou em função da

necessidade de informações requeridas pelo gerente de manutenção. São indicadores

desses relatórios a quantidade prevista e executada de manutenção, as reprogramadas e as

canceladas.

Os dados gerados pelos relatórios mostrarão aos gerentes como está o

desenvolvimento das atividades de manutenção, se há divergências entre a programação e

a execução dos serviços.

Para a verificação de não conformidade dos serviços, seja por cancelamento, seja

por reprogramação, serão analisadas as deficiências internas à empresa: falta de mão de

obra, ferramentas ou instrumentos. Já as deficiências externas à gerencia serão: erros de

projeto, condições atmosféricas adversas, indisponibilidade de mão de obra qualificada e/ou

equipamentos. Todas as providencias relativas à correção dessas distorções serão tomadas

a partir da análise desses indicadores. (ALMEIDA, VIDAL, 2008, p.118)

Outra sugestão levantada é o inter-relacionamento dos arquivos de manutenção com

os diversos desenhos técnicos, manuais, catálogos e demais informações relativas à gestão

de infraestrutura do complexo predial. Esses dados possibilitarão desenvolver índices como

a incidência de manutenções corretivas, ocorrências de mesma natureza, indecência de

manutenções corretivas entre preventivas. (ALMEIDA, VIDAL, 2008, p.119)

Outro indicador utilizado pelos mesmos autores é denominado backlog, que

representa o tempo necessário para que a equipe de manutenção trabalhe, a fim de

executar os serviços pendentes, supondo que novos pedidos não cheguem. Essas

informações são calculadas pela relação entre taxa de chegada e atendimento, fixada a

unidade padrão em dia.

4.7 Gestão de Reformas e Retrofit

Segundo a Norma NBR 16280:2014, o envelhecimento das obras construídas impõe

determinados processos, por segurança, perda de função ou qualidade que devem ser

conduzidas com base em requisitos bem definidos. Mudanças econômicas e culturais

69

trazem necessidades que podem levar a processos de alteração das construções. Contudo,

estas transformações devem preservar a segurança das edificações, seus usuários e o

entorno por ela impactados. Obviamente, em toda atividade existe a presença do elemento

“risco” que, nas análises de gestão, deve ser tratado adequadamente.

Os serviços de reformas e retrofit devem atender a um plano de gestão formal de

diretrizes que contemple:

a) /Preservação de sistemas de segurança

b) Apresentação de modificações à construtora/incorporadora e ao projetista

c) Apresentação de modificações ao responsável legal

d) Meios de proteção aos usuários e à vizinhança

e) Descrição dos processos para realização das obras

f) Apresentação nos órgãos competentes

g) Definição de responsáveis e suas atribuições nas diversas etapas

h) Previsão de recursos para atender interferências, prevenir ou mitigar riscos

i) Garantia da continuidade da manutenção pós reforma

O plano deve atender às seguintes condições:

a) Apresentação de projetos e escopo dos serviços

b) Apresentação de cronograma

c) Identificação de empresas e responsáveis técnicos

d) Identificação de profissionais envolvidos na execução dos serviços

e) Atendimento às legislações vigentes e normas técnicas aplicáveis

f) Estudo sobre segurança durante a realização dos serviços

g) Identificação de impactos na edificação e no entorno durante e após a reforma

(ruídos, materiais perigosos, sobrecargas, alterações de sistemas, etc.)

h) Definição de horários de trabalho

i) Definição de procedimentos para entrada, circulação e armazenamento de insumos

j) Definição de procedimentos para circulação, armazenamento e descarte de resíduos

k) Identificação de alterações no manual de uso, operação e manutenção

l) Identificação de interferências em planos ou procedimentos de manutenção.

Algumas empresas adotam o modelo de fluxo de gestão de reformas e retrofit de

edificações como segue a figura abaixo. Deve ser feito uma definição prévia apresentar um

escopo da reforma, que deve ser acompanhado de justificativas técnicas ou administrativas.

Ocorre então a fase de obra, e ao término desta, deve ser tudo documentado e registrado

por empresas especializadas, apontando os técnicos e responsáveis. (NBR 16280:2014)

70

Figura 6 - modelo de fluxo de gestão de reformas Fonte: Norma NBR 16280:2014, adaptado pelo autor.

Cabe aos gestores da construção civil, em particular aos que irão embrenhar-se na

recuperação, manutenção e restauração de edifícios, considerarem que os aspectos

ambientais de uma construção são tão relevantes quanto os aspectos técnicos e

econômicos, considerando que mesmo um retrofit causaria impacto no meio natural.

N

S

S

N

N

S

OK

JUSTIFICATIVA

TÉCNICA OU

ADMINISTRATIVA

ORGANIZAÇÃO

(PLANO FORMAL)

OK

JUSTIFICATIVA

TÉCNICA OU

ADMINISTRATIVA

CORRIGIR

INADEQUAÇÃO

DOCUMENTAÇÃO

FIM

OK

LIBERAÇÃO PARA

INÍCIO DA OBRA

REALIZAÇÃO DA

REFORMA E

INCUMBÊNCIAS

INÍCIO

DEFINIÇÃO E

APRESENTAÇÃO

ESCOPO DA

REFORMA

APRESENTAÇÃO

DOS REQUISITOS

71

Assim, devem adotar uma postura técnica que contribua para minimizar tais impactos

utilizando tecnologia limpa e não poluente, que segundo Adam (2004), utilizadas em

pequena ou grande escala, possua a possibilidade de ser absorvida pela sociedade como

um todo. Um edifício que sofre suas alterações por meio de um retrofit deve servir de

modelo e assim utilizar materiais ambientalmente corretos atendendo, na medida do

possível, as recomendações de Araújo (2004), que são:

a) Ser renovável ou não esgotar os recursos naturais;

b) Não agredir o meio ambiente e contribuir para a sua melhoria, retirando dele

resíduos que comprometem o uso do solo, lençol freático, atmosfera, vida útil de aterros

sanitários e condições de saúde das comunidades;

c) Ser benéfico à saúde dos seres vivos e do ecossistema;

d) Não contaminar o ar, água, terra no processo produtivo e pós-uso;

e) Não gerar resíduos na produção ou uso;

f) Ser de matéria-prima natural, reciclada ou reciclável; • Ser fabricado

industrialmente, devendo atender a demandas crescentes;

g) Conter insumos que contribuam para um elevado desempenho ambiental do

produto;

h) Não consumir grandes quantidades de energia para a sua extração, produção

e/ou funcionamento ou utilizar fontes de energia renovável;

i) Conter especificações técnicas constando diferencial ambiental e desempenho

ambiental;

j) Conter menor quantidade possível de embalagens, de preferência recicladas e

biodegradáveis. Em último caso, recicláveis;

k) Ter custo competitivo, sendo uma alternativa aos similares convencionais de

mercado;

l) Atingir a população dos grandes centros urbanos, sem necessidade de ser usado

apenas em áreas rurais ou com área verde disponível;

m) Contribuir para a consolidação do eco negócio e do mercado verde;

n) Contribuir para o desenvolvimento de um modelo sócio econômico sustentável; •

Contribuir para a educação ambiental dos usuários e vizinhos;

72

4.8 Qualidade nas Obras de Reforma e Retrofit

4.8.1 PDCA

O ciclo PDCA é definido como um checklist de quatro etapas. Do inglês, são elas:

Plan, Do, Check e Act. A natureza repetida e cíclica da melhoria contínua pode ser resumida

no ciclo do PDCA, definido como uma sequência de atividades que são percorridas de

maneira cíclica para melhoria das atividades” (SLACK, 1996). Isto permite que os processos

sejam aproveitados de maneira efetiva, reduzindo o valor dos custos e aumentando a

produtividade. (NASCIMENTO, 2011).

PLAN (planejar) é a primeira etapa do método PDCA. É considerado o módulo mais

importante por dar início ao ciclo. Em suma, a eficácia futura do ciclo estará baseada num

bom planejamento, o qual proverá dados e informações às etapas restantes do método

(BADIRU, 1993).

Na etapa DO (do inglês, executar) deverão ser postos em prática, de acordo com a

filosofia de trabalho de cada organização, todos os objetivos e metas traçadas na etapa

anterior que já devem estar devidamente formalizadas em um plano de ação.

Uma vez amplamente divulgado e ciente da compreensão de todos os participantes,

o plano de ação poderá ser colocado em prática. Durante esta etapa devem-se efetuar

verificações periódicas no setor em que as ações estão sendo efetuadas, visando manter o

controle e dirimir possíveis dúvidas que possam ocorrer ao longo da execução. Todas as

ações tomadas e os resultados obtidos, sejam eles bons ou ruins, devem ser registrados e

datados para que alimentem a próxima etapa do ciclo PDCA (etapa CHECK) (ANDRADE,

2003).

O módulo CHECK (do inglês, verificar) do ciclo PDCA é definido por aquele que

objetiva a fase de verificação das ações executadas na etapa anterior (DO). Para que a

verificação dos resultados na fase em questão seja realizada da maneira mais eficaz

possível, os resultados obtidos das ações procedentes à fase de planejamento devem ser

devidamente monitorados e formalizados.

73

4.8.2 Curva S

O desempenho das atividades que compõem o projeto ou empreendimento não

ocorre de forma linear. Muitos são os fatores que contribuem para estes aspectos. São eles:

o objetivo do projeto; o contexto no qual o projeto está sendo desenvolvido; a quantidade de

recursos; tempo, dinheiro e o próprio planejamento.

O trabalho executado, distribuído em um espaço de tempo, via de regra, aumenta

gradativamente até atingir um máximo (que na maioria das vezes acontece entre 50% e

60% deste período), tornando a baixar gradativamente, até o término do empreendimento. O

modelo matemático que melhor representa estes fatos é a curva de Gauss. A forma gráfica

do somatório destas parcelas (o valor acumulado), possui um traçado semelhante a um “S”

(daí o nome: curva “S”).

Como é possível perceber, a curva começa de forma deitada, considerando a inércia

inicial do empreendimento, aumentando sua inclinação gradativamente até atingir a

inclinação máxima em um ponto específico (geralmente entre 50% e 60%)

4.8.3 Cronogramas Físicos

Pode-se afirmar que um cronograma feito de maneira eficaz pode ir muito além de

atender aos prazos. Essa etapa pode mexer também com outros fatores, como mão de

obra, financeiro, compras e qualidade do projeto.

Figura 7 - Exemplo Curva S. Fonte: Google

74

É importante definir quais atividades da obra devem ser abordadas no cronograma,

pensando principalmente na importância que elas terão para o resultado final.

Nessa etapa, deve-se que observar alguns fatores que serão determinantes para

escolha do “software”, como a tipologia do projeto, se vertical ou horizontal, se repetitivo ou

assimétrico, a periodicidade de controle, e desta forma terá mais informações para indicar o

melhor “programa” que lhe atenderá.

Outra etapa fundamental é que algumas atividades dependem de outras para serem

feitas. Nesta etapa é importantíssimo o estudo de mão de obra para programação das

possíveis quantidades de frentes de trabalho.

Depois de hierarquizar todas as atividades, deve-se calcular quanto tempo a obra

demandará. Porém, o planejador precisa ter em mente que as etapas são inúmeras e que

possivelmente o seu cronograma nunca atenderá todas as frentes necessárias, sendo

assim, deverá ser criado mecanismos auxiliares para buscar atender os pontos fora da

curva e obter o pleno atendimento.

4.8.4 Cronogramas Físico-Financeiros

Quando se inicia uma obra, o ideal é saber exatamente quanto tempo os trabalhos

vão durar e, consequentemente, quando vão acabar. Por isso, antes de colocar a mão na

massa, é importante planejar com detalhes os serviços que serão executados em todas as

fases de execução do projeto.

O resultado desse planejamento, como mostrado anteriormente, é o cronograma da

obra. Quando ele mostra, também, os valores que serão gastos, ao longo do tempo e em

cada uma dessas atividades, ele recebe o nome de cronograma físico-financeiro.

No cronograma físico-financeiro, as despesas com a execução dos serviços são

detalhadas semanal ou mensalmente, dependendo do tipo de construção. Isso permite que

os administradores do caixa da obra saibam exatamente quanto vão gastar e quando isso

vai acontecer, evitando despesas e empréstimos imprevistos.

Além disso, são fundamentais para financiamentos, já que quando fazem

empréstimos para obras, bancos exigem que o construtor apresente o cronograma físico-

financeiro junto com os projetos, a planilha orçamentária e o memorial descritivo da obra.

Portanto, a elaboração de um cronograma físico-financeiro realista exige a

participação de várias pessoas diretamente envolvidas com a obra - proprietário ou

incorporador, engenheiro, mestre de obras, orçamentistas e compradores, entre outros

75

gestores. Uma vez que o cronograma está pronto, as possibilidades de alterações são

mínimas.

4.8.5 5S

O 5S é um conjunto de cinco conceitos simples que, ao serem praticados, são

capazes de modificar o seu humor, o seu ambiente de trabalho, a maneira de conduzir suas

atividades rotineiras e as suas atitudes. O termo 5S é derivado de cinco palavras japonesas,

todas iniciadas com a letra S. Na interpretação dos ideogramas que representam essas

palavras, do japonês para o inglês, conseguiu-se encontrar palavras que iniciavam com a

letra S e que tinham um significado aproximado do original em japonês. Porém, o mesmo

não ocorreu com a tradução para o português. A melhor forma encontrada para expressar a

abrangência e profundidade do significado desses ideogramas foi acrescentar o termo

"Senso de" antes de cada palavra em português que mais se aproximava do significado

original. Assim, o termo original 5S ficou mantido, mesmo na língua portuguesa.

Há quem diga que praticar o 5S é praticar "Bons Hábitos" ou "Bom Senso". Apesar

da simplicidade dos conceitos e da facilidade de aplicação na prática, a sua implantação

efetiva não constitui uma tarefa simples. Isto porque a essência dos conceitos é a promoção

de mudança de atitudes e hábitos das pessoas. Hábitos e atitudes essas, construídos e

incorporados pela convivência e experiência dessas pessoas ao longo de suas vidas.

A prática destes conceitos de maneira forçada, pode promover uma mudança

apenas aparente, existente até que cesse a força que o impeliu a adotar aquela atitude de

falsa mudança. Portanto, a Implantação do Programa 5 S precisa ser sistematizada e

planejada em todos os passos, se quisermos garantir a longevidade da mudança

incorporada pela adoção daqueles conceitos simples. Quanto maior e mais complexa a

organização, maior será a necessidade desta estruturação e mais detalhada ela dever ser.

4.4.1 Six Sigma

O objetivo do Six Sigma não está puramente em adquirir qualidade em seu sentido

tradicional, mas sim em ajudar a organização a ganhar mais dinheiro, aumentando o valor e

eficiência de seus produtos e processos.

Para haver uma interligação deste objetivo com qualidade de produto, deve-se

pensar em uma nova definição de qualidade. Para fins de Six Sigma, a qualidade se refere

ao valor agregado por um esforço produtivo e pode vir em duas vertentes: potencial de

76

qualidade e qualidade real. A diferença entre o potencial de qualidade e a qualidade real é o

desperdício.

A Six Sigma se concentra na melhoria da qualidade, ou seja, na redução do

desperdício, ao ajudar as organizações a produzirem produtos e serviços melhores, mais

rápidos e mais baratos.

Há uma correspondência direta entre os níveis de qualidade e “níveis sigma” de

desempenho. Por exemplo, um processo operando em Six Sigma irá deixar de atender uma

média de 3 requisitos por milhão de transações. Empresas típicas operam em cerca de

quatro sigma, o que significa que eles produzem cerca de 6.210 falhas por milhão de

transações. O Six Sigma se concentra nas necessidades dos clientes, na prevenção de

defeitos, redução de tempo e redução de custos. Então, ele ataca diretamente o foco do

problema e, ao contrário dos programas de redução de custos irracionais, que também

reduzem valor e qualidade e sim, identifica e elimina os custos que oferecem nenhum valor

para os clientes, os custos de resíduos.

Assim, dentro deste conceito, a ideia central por trás de Six Sigma é: se for possível

medir quantos “defeitos” existem em um processo, também é possível otimizá-los e, chegar

o mais próximo possível a “zero defeitos”. Uma implementação bem-sucedida de Six Sigma

associa o conhecimento estatístico ao conhecimento técnico da gestão de processos, para

estabelecer onde e como utilizar os métodos.

77

5. ESTUDO DE CASO: APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ESTUDADA

5.1 A Eleva Educação

A Eleva Educação é uma holding de educação básica3, nascida em 2013, fruto de

um investimento do Gera Venture Capital4, que está construindo uma rede de escolas de

alta qualidade acadêmica, suportada por uma plataforma pedagógica inovadora de alto

impacto.

Até 2016, a Eleva reunia cinco grandes redes de escolas próprias em Minas Gerais,

Paraná e Rio de Janeiro, com um total de 45 mil alunos e 3000 colaboradores. Além disso,

conta com uma rede de cerca de 150 escolas parceiras que fazem uso de sua plataforma

pedagógica de ensino por todo o Brasil.

O foco da empresa, em todas as suas marcas, ainda é o resultado e a preparação

para os vestibulares e ENEM desde as séries iniciais. Com isso, garante-se o sucesso de

seus alunos na entrada para a faculdade, que ainda é um dos principais objetivos dos pais e

educadores de todo o país.

Entretanto, as demandas do aluno atual vão muito além dessa tradição de conteúdo

e resultado. Ele deve ser motivado a entender por que deve estudar cada assunto e

desenvolver habilidades que permitam solucionar problemas inéditos que aparecem ao

longo da vida. Essa cultura de aprendizagem é fundamental para que o aluno obtenha

sucesso pessoal e profissional e, indubitavelmente, é uma componente-chave para o

sucesso da escola moderna.

3 Educação básica: do ensino infantil ao médio e pré-vestibular.

4 Gera Venture Capital é um fundo focado 100% em educação com duplo mandato:

impacto educacional e resultado financeiro. Estuda inovações no setor da educação no

mundo todo. Seu principal investimento é a Eleva Educação, seguido pela Cultura Inglesa.

O Gera Venture possui forte atuação do Jorge Paulo Lemann. Outros conselheiros: Rafaela

Vilella, Luiz Moura, Sydney Breyer e Carlos Filgueiras. Este último, faleceu em janeiro de

2017 no acidente de avião envolvendo o ministro Teori Zavascki.

78

5.2 Missão, Visão e Valores

A missão da Eleva Educação é ser a melhor solução em educação para todos

com aspirações extraordinárias, transformando vidas e o Brasil.

Para tornar isso realidade, a empresa busca operar escolas privadas de excelência e

desenvolver novas tecnologias que podem atingir muitos alunos por meio da plataforma de

ensino. Esses dois pilares levam à visão da empresa que é ser o melhor grupo de educação

básica do Brasil e servir de modelo financeiro e educacional para o setor público e privado.

A empresa cultiva cinco valores que fundamentam as condutas individuais e

organizacionais de forma a atender seus objetivos empresariais. São eles:

a) Foco no Aluno: prioriza-se o desenvolvimento dos alunos, adotando soluções que

maximizem o aprendizado, a satisfação e a motivação dos alunos;

b) Trabalho Em Equipe: cultiva-se um ambiente de trabalho equilibrado com postura

ética e comunicação transparente;

c) Entusiasmo: os colaboradores devem ter paixão, bom humor e brilho nos olhos. É

essencial gostar de desafios e ser feliz com o legado que a empresa está

construindo;

d) Postura de Dono: usar os recursos com responsabilidade, com foco em

resultados e trabalhar de forma positiva;

e) Reconhecimento: prioriza-se a excelência e meritocracia. Oportunidades de

crescimento e valorização por meio dos resultados obtidos.

5.3 A Plataforma de Ensino

A Eleva Educação entende que as demandas da educacional moderna se

transformaram. Os alunos, em um mundo com múltiplas alternativas para passar o tempo,

exigem entender o porquê de se estudar cada assunto para se motivarem. Além disso,

almejam um tratamento individual, que atenda a diferentes estilos e velocidades de

aprendizado. O mercado de trabalho, em constante mudança, pede pessoas com

habilidades para resolver problemas novos e que saibam trabalhar e grupo e lidar com

situações adversas.

Os professores, por sua vez, esperam que a facilidade de comunicação e o acesso à

informação resultem em oportunidades para o crescimento profissional e a troca de ideias. E

os gestores, num cenário cada vez mais competitivo, precisam conciliar o objetivo

pedagógico com a necessidade de sustentabilidade econômica nas suas escolas.

79

Ante exposto, a Plataforma de Ensino Eleva está ancorada em cinco pilares

fundamentais conforme ilustrado na figura 8.

Figura 8 - os cinco pilares fundamentais Fonte: http://elevaeducacao.com.br/parcerias-com-escolas/

a) Material contextualizado: insere-se contextualização do aprendizado no dia a dia

do aluno. Foi desenvolvida uma metodologia que motiva o aluno a aprender,

ajudando-o a internalizar o conteúdo.

b) Tecnologia Individualizada: a tecnologia está cada vez mais presente na vida de

todos e deve ser utilizada na educação para resolver dificuldades reais do

aprendizado. Com isso, a Eleva desenvolveu uma tecnologia de estudo

adaptativa, com planos de estudos individuais, jogos educacionais e monitoria

on-line.

c) Inteligência de Vida: A empresa acredita que conhecimentos de vida não bastam

para ter sucesso na vida. É preciso saber-se comunicar bem, conseguir trabalhar

em equipe e ter iniciativa, dentre outros diversos fatores fundamentais. Esse pilar

trabalha seis habilidades socioemocionais, dentro da sala de aula, que

contribuem para o sucesso pessoal e profissional dos alunos. São elas:

pensamento crítico, proatividade, perseverança, curiosidade, colaboração e

comunicação.

d) Comunidade de Educadores: acredita-se que para o sucesso deve-se contar com

educadores extremamente qualificados e, para isso, estimula a troca de ideias,

critica e sugestões sobre a plataforma de ensino, em um canal próprio para os

mesmos.

80

e) Consultoria Escolar: quando uma escola adota a Plataforma Eleva, ela recebe o

suporte e consultores pedagógicos e operacionais para garantir a excelência do

ensino.

5.4 Escolas Próprias e Estruturação da Empresa

A Eleva Educação possui cinco grandes marcas de escolas pelo país. São elas:

Colégio Alfa, no Paraná, Coleguium Rede de Ensino, em Minas Gerais, e Pensi Colégio e

Curso, Sistema Elite de Ensino e Escola Eleva, no Rio de Janeiro.

5.4.1 Pensi Colégio e Curso

O PENSI começou como um curso de aulas particulares no Rio de Janeiro, em 1987.

Conforme foi crescendo, os sócios da instituição resolveram investir na criação de um curso

preparatório para escolas militares – com destaque para IME e ITA.

Os resultados obtidos, logo nos primeiros, foram fantásticos. O êxito impulsionou o

colégio a desenvolver um projeto educacional mais amplo com metodologia própria. Aos

poucos os professores que se destacavam foram encorajados pelos fundados a abrirem as

próprias unidades. Hoje, o Pensi possui 20 escolas, entre o estado do Rio de Janeiro, com

turmas que vão do Educação Infantil ao Pré-Vestibular.

5.4.2 Sistema Elite de Ensino

Iniciado em 1999, o ELITE surgiu quando um grupo de jovens recém-formados pelo

ITA – e que já atuavam na área de ensino em diferentes partes do país -, decidiu se reunir

para formar a instituição. Atualmente a rede conta com 19 escolas espalhadas pelo estado

do Rio de Janeiro, também atuando desde o ensino infantil até o pré-vestibular.

5.4.3 Coleguium Rede de Ensino

O Coleguium, de Minas Gerais, tem atuação desde 1987. Está entre as 10 melhores

escolas do Brasil, a partir dos resultados obtidos no ENEM. Hoje, a rede conta com 15

unidades localizadas nas cidades de Belo Horizonte, Conceição do Mato Dentro, Lagoa

Santa e Nova Lima.

81

5.4.4 Colégio Alfa

Com uma filosofia de ensino bem estruturada, o Alfa se destaca ano após ano pela

quantidade enorme de aprovações em Medicina tanto via vestibular tradicional quanto via

Sisu (ENEM), tornando-se referência no Brasil. Dois projetos ganham destaque devido ao

grande impacto acadêmico: o integral e o bilíngue. No projeto integral, os alunos

desenvolvem o hábito de estudo diário em ambientes da escola. No projeto bilíngue, os

alunos desde o ensino infantil já vivenciam aulas em inglês e, no futuro, garantem

certificações internacionais de proficiência (Cambridge/Michigan).

5.4.5 Escola Eleva

A Escola Eleva, localizada no bairro de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, onde

anteriormente havia a Casa Daros, é uma escola bilíngue em tempo integral com uma

proposta pedagógica única, que terá seu primeiro ano de atuação em 2017.

O ensino é pautado em três pilares: excelência acadêmica, habilidades de vida e

cidadania global. A intenção é formar indivíduos conscientes, capazes de compreender e

influenciar o mundo ao redor, tornando-o economicamente menos desigual, ambientalmente

mais equilibrado e socialmente mais justo.

O projeto movimentou cerca de 16 milhões de reais e envolveu investidores direto

como o Jorge Paulo Lemann. A iniciativa visa tornar a escola uma instituição de referência

gerando retorno financeiro e fortalecimento da marca Eleva, suas escolas e sua própria

plataforma pedagógica de ensino.

5.5 Particularidades

Devido ao crescimento orgânico exponencial das marcas, as expansões de

infraestrutura realizadas pelas mesmas beiravam a informalidade. As edificações cresciam

na forma de "puxadinhos"5, sem maiores preocupações estruturais.

Com a aquisição das marcas pelo grupo Eleva Educação, o primeiro desafio foi obter

a legalização de todos os projetos e implantar a cultura do alto nível de serviço e qualidade

desejável.

5 Construção irregular (sem aprovação legal nos órgãos públicos), que se apresenta

como uma extensão ou anexo em um imóvel.

82

A Eleva conta com uma Central de Serviços Integrados, responsável pela gestão

centralizada e suporte às escolas de todo o país. A central realiza todos os tipos de serviços

que uma empresa possui, tais como, jurídico, financeiro, setor de compras, setor de contas

a pagar, operações, infraestrutura, gente e gestão, marketing dentro outros muitos. A sede

fica localizada no Rio de Janeiro. Também conta com uma editora própria da rede para

elaboração de todo seu material didático e distribuição por todo o país.

Tanto os processos de manutenção, quanto de obras e qualquer questão de

infraestrutura são centralizados no departamento de infraestrutura da própria Eleva

Educação, com sede no Rio de Janeiro.

Atualmente, a grande maioria dos terrenos e imóveis são alugados. Adota-se dois

tipos de construção para as escolas: construção convencional em concreto armado e

construções modulares. Esta última tem se mostrado uma opção cada vez mais utilizada no

setor da educação devido à facilidade construtiva, à flexibilidade em realizar modificações

de layouts interno em apenas alguns dias, ao gasto inicial reduzido se comparado à

construção convencional, o que possibilita arriscar em expansões com riscos minimizados e

pela padronização das dimensões das salas de aula, que facilita o estudo da maximização

de alunos por sala de aula, de forma a aumentar a margem de receita.

Busca-se evitar o uso de alvenaria estrutural para a construção das escolas devido

às constantes reformas anuais para redimensionamentos de salas de aulas de acordo com

as demandas.

Quanto às obras tanto de reforma, retrofit ou de novas edificações, contrata-se

construtoras parceiras para a execução enquanto o setor de infraestrutura da Eleva

Educação fica responsável pelo gerenciamento da obra em questões de custo, prazo,

escopo e conformidade. Tais empresas, devem atender ao manual de identificação de cada

marca, assim como especificações de material, segurança e acabamento que são passados

pelo departamento de infraestrutura.

As duas maiores dificuldades encontradas na empresa para gerenciar as obras são:

a) o atendimento ao prazo, tendo em vista que as escolas possuem uma janela de

férias muito curta para a execução de obras mais complexas. O desafio se torna

mais complexo quando a gestão deve ser feita à distância, por todo o país,

contando apenas com fiscais de obra para auxiliar na gestão de perto.

b) a grande quantidade de projetos de obra e reforma que são realizados. Como

exemplo, somente em janeiro de 2017, foram executados aproximadamente 250

projetos de infraestrutura em todas as escolas do país, em todas as marcas da

empresa. Para isso, o departamento responsável conta com o auxílio dos

83

diretores de cada colégio e dos diretores regionais das escolas para a

contratação e acompanhamento dos serviços.

As manutenções prediais são realizadas com equipe interna de mantenedores da

seguinte forma: o setor de infraestrutura coordena, da central, supervisores regionais de

manutenção que, por sua vez gerenciam mantenedores e os enviam para as unidades de

acordo com a necessidade. As unidades, ao precisarem de algum serviço da central, abrem

um chamado em um sistema online que a empresa possui. Com isso, é possível que os

supervisores de manutenção vejam os chamados e façam a agenda da equipe de

mantenedores.

A partir desse sistema, chamado de OTRS, pode-se extrair relatórios e indicadores

que avaliam a produtividade, os chamados atendidos dentro do prazo e as não

conformidades ou falhas das equipes. Cabe aos gestores de infraestrutura utilizarem esses

indicadores e ferramentas para gerencias os supervisores e mantenedores da equipe,

também entendendo a necessidade dos mesmos, buscando melhorar a qualidade do

serviço.

Para manutenção de ar condicionado, a empresa conta com terceirizadas parceiras

por todo o país, que também têm acesso aos chamados do OTRS e devem manter o nível

de serviço de acordo com o contratado.

As maiores dificuldades encontradas na questão de manutenção são: o prazo para

atendimento bem curto para algumas questões, como ar condicionado; a dificuldade em

encontrar mão de obra de qualidade para manutenções prediais; dificuldade em encontrar

empresas que consigam atender em zonas remotas, tendo em vista que se possui unidades

muito distantes uma das outras; e, a dificuldade gerencial envolvida em realizar a

manutenção de unidades por uma faixa territorial tão extensa.

Fazendo uma breve análise da metodologia PMI frente ao SGQ da Eleva Educação é

possível destacar os seguintes aspectos:

a) A gestão do escopo do gerenciamento de obras é realizada dentro do

departamento de infraestrutura da empresa. Nesse departamento, todas as especificações

de projeto são bem definidas e detalhadas, tais como identidade visual das marcas,

especificações de acabamento, materiais a serem utilizados, especificação de mobiliário,

aparelhos de ar condicionado, e todos os projetos necessários para iniciar a execução das

obras. Geralmente adotam-se apenas projetos arquitetônicos para obras de reforma e

retrofit. Já para obras de novas edificações são adotados projeto estrutural, arquitetônico e

complementar de refrigeração e exaustão.

84

Também é realizada uma análise crítica do edital de concorrência, e avaliação das

propostas apresentadas, encontrando a empresa vencedora.

O departamento de infraestrutura da empresa sempre busca uma estrutura analítica

de projeto, de forma a subdividir as suas entregas, para melhorar a estimativa de custo,

tempo e recursos e controle do desempenho bem como para facilitar uma atribuição clara

das responsabilidades.

b) A gestão do prazo e do custo, num primeiro instante, é desenvolvida no processo

de planejamento da execução do contrato. É importante destacar que o custo para o projeto

em questão sempre deve estar dentro do orçamento já aprovado pelos departamentos

Financeiro, Infraestrutura e, no caso de novas edificações, Expansões. Qualquer estouro

deve ser relatado aos diretores e aprovado ou não pelos mesmos.

Dentro deste processo, além da reunião data-zero e do plano da qualidade, é

desenvolvido o planejamento do contrato onde é utilizado o programa MS Office Excel que

possibilita a realização de um cronograma físico financeiro.

Devido ao grande volume de projetos de reforma e construção de novas escolas que

a empresa tem, todas as planilhas de controle se encontram na nuvem do Google Drive, de

forma a facilitar o acesso e a atualização dos dados por toda equipe de infraestrutura que

tem acesso às mesmas.

A principal ferramenta de gestão de prazo e de custo que é utilizada no caminhar dos

projetos é uma planilha em MS Office Excel que se encontra na nuvem Google drive com os

seguintes campos: marca, unidade, local, descrição dos serviços, linha orçamentária, início

da execução, fim da execução, status, custo real, custo orçado, empresa contratada,

entregas intermediárias e comentários. Com isso, têm-se uma planilha em forma de banco

de dados que é de extrema importância para garantir os prazos e orçamentos ao longo do

ano.

A gestão do prazo e do custo também faz parte do processo de execução do

contrato, pois a gerencia de infraestrutura realiza os relatórios com base nas avaliações do

cumprimento do prazo e do custo da obra.

c) A gestão da qualidade da obra é realizada por meio da elaboração do plano da

qualidade que é desenvolvido dentro do processo de planejamento do contrato.

Além disso, o SGQ da empresa possui um processo da qualidade onde são

dispostos procedimentos para tratamento de não-conformidades, auditoria interna e controle

de registros e documentos.

85

d) A gestão de suprimentos é tratada no SGQ dentro do processo de aquisição que

dispõe de um procedimento para compras e contratações.

e) A gestão de recursos humanos é tratada no SGQ dentro processo de recursos

humanos. Cabe destacar que o sistema não apresenta procedimentos documentados para

controle das condições do ambiente de trabalho e da segurança, mas a elaboração de

procedimentos específicos para segurança do trabalho está nos planos da empresa.

f) A gestão da comunicação é realizada de uma forma bem ampla dentro do SGQ

como foi apontado neste capítulo.

g) Não houve evidências do tratamento da gestão de riscos.

h) A gestão de integração é tratada dentro do plano da qualidade.

Durante a elaboração deste estudo, o autor identificou que a empresa tem como

concorrentes diretos empresas de educação que também não possuem certificado ISO

9001, e não aplicam a metodologia PMI.

86

6 ESTUDO DE CASO: SISTEMÁTICA DO

DESENVOLVIMENTO E IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DA

QUALIDADE

6.1 Aspectos Gerais

A série ISO 9000:2015 traz um modelo para o desenvolvimento, implementação e

melhoria contínua de um sistema de gestão da qualidade. Tal modelo, ilustrado na figura 9,

mostra como o SGQ possibilita que a organização identifique requisitos e então gerencie os

processos, tanto de manutenção quanto de obras, e promover a satisfação por atender

aos requisitos, associando cada seção da Norma a uma etapa do ciclo PDCA.

Figura 9 – Representação da Estrutura da NBT 9001:2015, no Cliclo PDCA. Nota: números entre parentenses se referem às seções dessa Norma.

Tal modelo, encontrado na ABNT NBR ISO 9001:2015, aponta para as seguintes

seções:

Contexto da Organização (seção 4): estabelece o entendimento das necessidades

e expectativas das partes interessadas, determinando o escopo do sistema de gestão da

qualidade e os requisitos gerais do mesmo.

Pode-se destacar as seguintes condições que a organização deve cumprir:

a) Determinar questões externas e internas pertinentes ao propósito da empresa,

assim como os direcionamentos estratégicos da mesma;

87

b) As partes Interessadas, e seus requisitos, devem ser pertinentes ao sistema de

gestão da qualidade que será implementado;

c) Determinar os limites e aplicabilidades do SGQ, de forma a estabelecer o seu

escopo, considerando os itens: questões internas, externas, requisitos das partes

interessadas e produto e serviços que a organização realiza;

d) Determinar os processos necessários para o SGQ e sua aplicação na empresa;

e) Determinar as entradas requeridas e saídas esperadas desse processo;

f) Determinar a sequência e interação desse processo;

g) Determinar e aplicar critérios e métodos, como medições e indicadores de

desempenho, necessários para assegurar a operação e o controle eficaz desses

processos;

h) Determinar os recursos necessários e assegurar sua disponibilidade;

i) Atribuir as responsabilidades e autoridades para esses processos;

j) Avaliar processos e implementar quaisquer mudanças necessárias para

assegurar que esses processos alcancem seus resultados pretendidos;

k) Monitorar e analisar criticamente todas as informações.

Liderança (seção 5): define a liderança, compromissos e generalidades, assim

como as responsabilidades da direção e autoridades correlatas. Nessa seção, a Norma

exige que seja estabelecido e demonstrado o compromisso da alta direção com o Sistema

de Gestão da Qualidade implantado, além de estabelecer o foco no cliente, a disseminação

da política da qualidade, a importância da comunicação interna, as análises críticas sobre o

sistema implantado e definir as responsabilidades e autoridades organizacionais.

Planejamento (seção 6): ela trata de ações para abordar riscos e oportunidades do

SGQ, assim como a determinação dos objetivos da qualidade e planejamento para alcança-

los. Também aborda o planejamento de mudanças, que devem ser realizadas de maneira

planejada e sistemática.

Os objetivos da qualidade devem:

a) Ser coerentes com a política da qualidade;

b) Ser mensuráveis;

c) Ser monitorados;

d) Ser comunicados;

e) Ser atualizados conforme a necessidade.

88

O planejamento para alcançar os objetivos deve determinar:

a) O que será feito;

b) Quais recursos serão requeridos;

c) Quem será o responsável;

d) Quando será concluído;

e) Como os resultados serão avaliados.

Recursos (seção 7): trata da determinação e provimento dos recursos necessários

para o estabelecimento, implementação, manutenção e melhoria contínua da gestão da

qualidade, de forma que os objetivos sejam alcançados. Os recursos são separados em

quatro grandes grupos: pessoas, infraestrutura, ambiente para operação dos processos e

recursos de monitoramento e medição.

Operação (seção 8): essa seção contém sete grandes divisões: planejamento e

controle operacional; requisitos para produtos e serviços; projeto e desenvolvimento de

produtos e serviços; controle de produtos, processos e serviços providos externamente;

produção e fornecimento de serviço; liberação de produtos e serviços; e, controle de saídas.

Avaliação de Desempenho (seção 9): trata-se do monitoramento, medição, análise

e avaliação do desempenho e eficácia do sistema de gestão da qualidade. Deve-se focar na

satisfação dos clientes, análise e avaliação dos dados, auditorias internas e uma análise

crítica das informações pela direção

A organização deve determinar:

a) O que precisa ser monitorado e medido;

b) Os métodos para monitoramento, medição, análise e avaliação necessários para

assegurar os resultados válidos;

c) Quando o monitoramento e a medição devem ser realizados;

d) Quando os resultados do monitoramento devem ser analisados e avaliados;

Deve-se focar na satisfação dos clientes, análise e avaliação dos dados, auditorias

internas e uma análise crítica das informações pela direção.

Melhoria (seção 10): a organização deve determinar e selecionar oportunidades

para melhoria e implementar quaisquer ações necessárias para atender a requisitos do

cliente e aumentar a satisfação do mesmo.

Essas ações devem incluir:

89

a) Melhorar produtos e serviços para atender a requisitos assim como para abordar

futuras necessidades e expectativas;

b) Corrigir, prevenir ou redizir efeitos indesejados;

c) Melhorar o desempenho e a eficácia do sistema de gestão da qualidade;

Trata, também, das ações corretivas para as não conformidades e do processo de

melhoria contínua.

De acordo com Maranhão (2001), a implementação da norma é como a construção

de uma empresa. Inicia-se pela direção definindo os rumos (missão, visão, valores, política),

em seguida a estrutura, a responsabilidade e autoridade. Depois de identificados os líderes

definem os objetivos, os recursos para alcançá-los, constrói-se os processos, realiza-se os

produtos, realiza-se as medições e as análises e por fim implementa-se as melhorias que a

análise indicar. O sucesso da implantação poderá ser bastante facilitado se for trabalhado

com qualidade, fazendo girar continuamente o ciclo P-D-C-A, associando cada seção da

Norma a uma etapa do ciclo, conforme foi visto na figura 9.

6.2 Etapas para o Desenvolvimento e Implantação do

Sistema de Gestão da Qualidade

Ante exposto na seção 6.1 desse trabalho, as principais metodologias que podem ser

adotadas no departamento de infraestrutura da Eleva Educação, serão descritas a seguir.

6.2.1 Ações Iniciais: Cronograma de Trabalho e Diagnósticos

A implantação de um sistema de gestão da qualidade requer da empresa

interessada, da sua diretoria e da equipe de colaboradores esforços adicionais as tarefas do

seu dia a dia, e, portanto, grande grau de comprometimento com os objetivos estabelecidos.

Desta forma, é indispensável que seja desenvolvido um plano de ação com as etapas a

serem observadas para a sequência de desenvolvimento e implantação do sistema de

gestão da qualidade.

O sucesso no dimensionamento do sistema de gestão da qualidade está diretamente

relacionado ao grau de entendimento dos requisitos da norma e a manutenção e ou

adaptação e melhoria das práticas desenvolvidas pela empresa. Isso garante que os novos

90

procedimentos a serem implantados serão adequados à cultura organizacional da empresa

interessada.

Para tanto, inicialmente deve ser realizado um diagnóstico para avaliar a situação da

empresa e de suas unidades de negócio em relação ao atendimento aos requisitos da

norma NBR ISO 9001:2015.

Na etapa de diagnóstico, deve ser avaliado se a documentação, os métodos e a

cultura existente necessitam de ajustes para se adequar a NBR ISO 9001:2015.

Nesta fase são definidos todos os processos, suas entradas, saídas, necessidades

de especificações, procedimentos, registros, recursos necessários para que estes se

realizem existindo inter-relação entre os mesmos.

O consultor elabora um checklist em que constará todos os documentos a serem

criados bem como os responsáveis pela sua elaboração e prazos para sua realização.

Feito o diagnóstico e identificados os gaps em relação aos requisitos, deve ser

traçado então o plano de ação que deve conter além das etapas a serem desenvolvidas, os

recursos necessários, os prazos e os responsáveis.

O plano de ação será a ferramenta de gestão para monitorar a implantação do

sistema de gestão da qualidade na empresa.

Um cronograma de atividades se faz necessário porque, principalmente projetos de

obras de reforma e retrofit, são complexos e envolvem todas as pessoas da organização.

Segundo Maranhão (2001), a elaboração do cronograma vai depender de inúmeras

variáveis que no todo será diferente para cada empresa, porém as atividades básicas são

comuns a qualquer projeto.

6.2.2 Envolvimento da Direção

A adoção de um sistema de gestão da qualidade provoca muitas mudanças na

cultura da empresa e em todos os níveis da organização, começando na Alta Direção e

chegando até o colaborador que recém foi contratado, como relata Maranhão (2001). Os

principais executivos da empresa devem demonstrar que o SGQ é uma prioridade da

organização e ele deve ser parte integrante da gestão do negócio, deve interagir com os

demais sistemas, como por exemplo, com a gestão financeira.

A Alta Direção deve estar consciente que vai precisar trabalhar muito e participar do

projeto, envolvendo o Coordenador da Qualidade nas reuniões com as gerências para

91

discutir assuntos do dia-a-dia que interagem com o Sistema ISO 9000. As compras de

novos equipamentos, novas expansões, as mudanças deverão ser documentadas pelo

Coordenador da Qualidade, que registra os motivos pelas quais as mesmas foram

promovidas. Portanto, a direção da empresa deve se mostrar convencida, engajada e

compromissada com a implantação do sistema de gestão, possibilitando assim, o sucesso

do projeto.

6.2.3 Estrutura para Coordenação do SGQ

Conforme ressalta Mello (2002), caso a empresa não tenha um Coordenador da

Qualidade qualificado, ela poderá como solução imediata, contratar uma consultoria que

conduzirá a implementação do SGQ.

A consultoria inicia o trabalho através da elaboração de um diagnóstico onde são

analisados os documentos internos já desenvolvidos pela empresa de forma a considerar

sua cultura interna e todos os trabalhos realizados anteriormente.

Além de acompanhar todas as etapas da implementação, desde o diagnóstico e

elaboração do SGQ, o consultor poderá verificar sua adequação com os requisitos da

norma, até sua total implementação e assimilação por todos os usuários do mesmo.

A empresa poderá também utilizar processo misto, no qual utilize os serviços de

consultoria para orientar a sua equipe de coordenação do sistema de gestão da qualidade.

Esta alternativa traz vantagens para a empresa no que diz respeito ao maior grau de

personalização do SGQ a ser desenvolvido, uma vez que os procedimentos e práticas

adotados serão criados ou adequados pelas equipes da própria empresa.

Uma terceira alternativa é quando a empresa pode contar com um profissional ou

uma equipe habilitada com conhecimento pleno dos requisitos da norma NBR ISO

9001:2015. Neste caso, esta equipe atuará na coordenação do desenvolvimento do SGQ,

na multiplicação e disseminação da filosofia de gestão da qualidade e na facilitação junto

aos diversos setores e colaboradores durante a implantação.

6.2.4 Definição da Política e Objetivos da Qualidade

Os principais executivos devem estabelecer e manter uma política da qualidade, bem

como estabelecer as formas para a divulgação desta política aos diversos níveis da

organização, além de estabelecer os objetivos da qualidade para os diversos níveis e

funções pertinentes da organização, com base em sua política da qualidade e em seus

processos.

92

A política da qualidade a ser definida pela empresa pressupõe melhorar

continuamente todas as atividades e conhecer antecipadamente as necessidades e

expectativas dos clientes, tendo comprometimento com o crescimento dos funcionários e

parceiros.

Os meios utilizados para a divulgação da política da qualidade são: Mural da

qualidade; apresentação da política da qualidade na abertura (log on) dos computadores da

empresa e nas reuniões com os colaboradores.

Já os objetivos da qualidade são: garantir a competitividade da empresa; manter os

principais clientes bem como conquistar novos clientes; garantir e antecipar a capacitação

técnica dos funcionários e colaboradores e garantir o reconhecimento e satisfação dos

parceiros internos e externos.

O acompanhamento dos objetivos da qualidade é realizado através de indicadores.

Para cada indicador são estabelecidas metas a serem atingidas pela empresa.

Para o monitoramento destes indicadores, o sistema pode prever uma coleta

periodicidade de dados que servirá para o acompanhamento da evolução contínua da

empresa em relação aos seus objetivos.

6.2.5 Sensibilização e Motivação da Equipe

Nesta etapa, conforme considerado por Maranhão (2001), a empresa precisa

esclarecer a todos os níveis da organização sobre a intenção da implementação da NBR

ISO 9001:2015, a importância da certificação para a empresa e seus colaboradores,

enfocando a necessidade da participação de todos.

Quando todos são informados de maneira adequada, cria-se uma expectativa

favorável às mudanças, tornando os colaboradores, muitas vezes, aliados em vez de

adversários.

Como sugestão para implantação, a empresa deve estimular a participação de todos

no desenvolvimento dos procedimentos para estimular o envolvimento de todos.

Outra ação interessante seria o oferecimento de curso de auditor interno da

qualidade para o maior número possível de pessoas dentro da empresa, pois, acredita-se

que vai fornecer um maior conhecimento para as pessoas e ajudar a disseminar a cultura.

93

6.2.6 Formação de Grupos da Qualidade

Recomenda-se que a empresa forme um grupo de coordenação e grupos de trabalho

sem ser necessário definir um Representante de Direção. Tal figura foi retirada da Norma na

atualização de 2015.

Para Mello (2002), devem participar do grupo de coordenação as pessoas chave da

empresa. É a forma mais natural e eficaz de engajá-las no processo.

Os grupos de trabalho devem estar vinculados às grandes atividades ou processos,

como por exemplo, recursos humanos, comercial, planejamento, manutenções, bem como

execução do gerenciamento das obras, que em última análise, vão determinar os processos.

Definida a equipe de trabalho, o consultor poderá fornecer um plano de ação para

cada grupo, contendo as tarefas inicialmente estruturadas de forma simples e objetiva de

modo que cada equipe possa elaborar os documentos do Sistema de Qualidade.

Como sugestão, a empresa deve criar um comitê da qualidade, um círculo de

controle e um comitê 5”S”.

O comitê da qualidade seria composto por um membro administrativo, um membro

comercial e dois membros da área técnica.

O comitê da qualidade, junto com a diretoria, deve ser responsável pela

comunicação e disseminação do sistema de gestão da qualidade para todas as pessoas que

trabalham na empresa.

Já os círculos de controle da qualidade funcionariam como grupos de apoio ao

comitê da qualidade compostos pelas equipes de trabalho, ou seja, cada área da empresa

possui um círculo de controle da qualidade.

Sua principal responsabilidade é a atividade de reflexão, de discussão e de

aperfeiçoamento das práticas e padrões de trabalho.

O comitê 5”S” é responsável pela disseminação da conscientização da organização

no trabalho.

6.2.7 Identificação dos Processos, Elaboração de Procedimentos e Manual da

Qualidade

A norma NBR ISO 9001: 2015 promove a adoção de uma abordagem de processo

para implementação de um sistema de gestão da qualidade. Para tanto, é necessário

identificar e gerenciar diversas atividades interligadas. Uma atividade que usa recursos e

que é gerenciada de forma a possibilitar a transformação de entradas em saídas pode ser

94

considerada um processo. Frequentemente a saída de um processo é a entrada para o

processo seguinte.

De acordo com a mesma norma, uma vantagem da abordagem de processo é o

controle contínuo que ela permite sobre a ligação entre os processos individuais dentro do

macroprocesso, bem como sua combinação e interação.

Os procedimentos são elaborados com base no mapeamento dos processos, na

interpretação dos requisitos da NBR ISO 9001 e observações sobre o desenvolvimento das

atividades na empresa.

A nova atualização da Norma, de 2015, não torna mais obrigatório a elaboração de

um Manual da Qualidade. Entretanto, é bastante recomendado.

Conforme ressalta Mello (2002), o manual descreve de que maneira a organização

está atendendo os requisitos da norma, quais os itens excluídos, o escopo de fornecimento,

a política da qualidade, a interação dos processos, os documentos do sistema, entre outras

informações pertinentes. A discussão do manual pode partir de um texto-base apresentado

pela consultoria, que representa sempre um bom começo, tornando o trabalho mais

produtivo.

Os principais processos do SGQ que o setor de infraestrutura da empresa irá atuar

são de planejamento e desenvolvimento e execução de contratos.

O processo de planejamento e desenvolvimento contempla obrigatoriamente em

seguintes atividades:

a) análise crítica do contrato;

b) reunião data zero que acontece após a assinatura do contrato com o cliente;

c) planejamento do contrato que é realizado através da definição das atividades que

possam acontecer;

d) plano da qualidade que é realizado antes da entrega do primeiro relatório. O Plano

de trabalho contém: apresentação da empresa, dados da obra, escopo do serviço e

atividades que serão realizadas

O plano de projeto indica também o prazo da validade do plano, a definição da

equipe incluindo as responsabilidades, a definição dos recursos de infra-estrutura, a

definição dos critérios e métodos necessários para assegurar a operação e o controle dos

documentos e registros.

O planejamento da execução do contrato, os coordenadores de contrato controlam o

andamento dos serviços a partir da relação de prioridades, utilizando a “guia de emissão e

95

verificação de documentos” para programar, distribuir e controlar os serviços das equipes de

trabalho.

O processo de execução do contrato contempla obrigatoriamente em suas

atividades:

a) Planejamento da execução mensal: O planejamento da execução mensal tem

como objetivo programar as atividades que serão executadas no mês contemplando:

- Os serviços ou atividades previstas para o período (detalhadas conforme a

necessidade da obra, em função das especificações do cronograma);

b) Elaboração de relatórios: Os relatórios são decorrentes das avaliações e medições

de serviços que a equipe faz na obra.

A verificação dos requisitos do relatório é efetuada pelo coordenador do contrato que

deve estar atento à verificação da adequação do desenvolvimento do serviço de

gerenciamento aos requisitos estabelecidos no contrato.

O departamento de infraestrutura somente considera como validados os seus

produtos, a partir do momento em que eles são aceitos pelos diretores de marca das

escolas.

6.2.8 Auditoria Interna

As auditorias internas, também conhecidas como auditorias de primeira parte, têm

como objetivo determinar o grau de conformidade do SGQ da organização com os requisitos

da NBR ISO 9001. A auditoria interna é executada de acordo com procedimento que cobre

os requisitos da NBR ISO 9001:2015.

Conforme Maranhão (2001), para realizar a auditoria interna a empresa depende da

qualificação de auditores internos ou da contratação de uma empresa que atue com

auditorias do Sistema de Gestão da Qualidade.

As auditorias externas incluem normalmente as auditorias de segunda parte e

terceira parte.

Auditorias de segunda parte são executadas pelos clientes ou por outras pessoas em

seu nome.

Auditorias de terceira parte são conduzidas por organizações externas, tais como

organismos certificadores, fornecendo certificado de conformidade com os requisitos da

norma ISO 9001.

96

6.2.9 Auditoria de Certificação

O SGQ de uma organização pode receber uma certificação de conformidade aos

requisitos da NBR ISO 9001:2015. Esta certificação é voluntária, ou seja, não é obrigatória,

mas é recomendada por constituir uma decisão estratégica da empresa.

Gotzamani & Tisiotras (2002) afirmam que as empresas que buscam a certificação

apenas por propósitos de mercado, tanto quanto aquelas que são forçadas pelos clientes,

podem não alcançar resultados satisfatórios por causa do seu foco estreito em vantagens

competitivas em curto prazo que a certificação pode trazer. Por outro lado, as empresas que

buscam a certificação focada no desenvolvimento de um sistema de gestão da qualidade

sólido para melhorar a qualidade do produto e aumentar a satisfação dos clientes, podem ter

benefícios significativos da implementação das Normas e adicionar real valor nas suas

operações.

Na auditoria de certificação determina-se o nível e a eficácia da implementação do

sistema da qualidade na organização. Parte das evidências requeridas são os resultados de

pelo menos um ciclo completo de auditorias internas e de uma análise crítica pela direção.

A equipe de auditores discute na reunião final os eventuais pontos fracos

constatados. Estes são relacionados em relatórios de não-conformidades. Os relatórios de

não-conformidades são entregues no final da auditoria. Com base neles a organização deve

definir ações corretivas adequadas e os prazos para implementação. Caso não existam não-

conformidades maiores abertas, ou não-conformidades menores que não comprometam o

funcionamento efetivo do sistema da qualidade da empresa, os auditores recomendam a

certificação à comissão de certificação.

Se forem identificadas não-conformidades maiores, ou seja, ausência ou total falha

em um procedimento do sistema da qualidade da empresa, a certificação é adiada até que

as ações corretivas sejam realizadas. Nesse caso, é necessária uma segunda visita para

verificar a área em que a não-conformidade foi detectada.

6.2.10 Auditorias de Manutenção

As auditorias de manutenção são feitas semestral ou anualmente, conforme

estipulado em contrato com o organismo certificador. Cada auditoria reexamina parte do

sistema, de tal forma que seja completada uma avaliação total, dentro de cada ciclo de três

anos. Porém, cada auditoria de sistemas de gestão inclui os requisitos em relação à

responsabilidade da direção, bem como a verificação de reclamações sobre o sistema e do

97

uso do certificado pelo cliente. Com essa avaliação, a certificadora recomenda a

manutenção do certificado da empresa.

6.2.11 Recertificação

Os certificados têm validade de três anos. Próximo ao seu término, a empresa

precisa se recertificar. Para este processo, é realizada uma auditoria completa no sistema

da qualidade da empresa, que analisa sua adequação e conformidade à norma de

referência.

A equipe de auditoria verifica as evidências de conformidade e não-conformidade do

sistema da qualidade e elabora um relatório. Esta equipe recomenda a aprovação ou não da

recertificação para a comissão de certificação.

98

6.3 ESTUDO DE CASO: RESULTADOS ESPERADOS

Com o intuito de monitorar o sistema de gestão da qualidade da organização, são

propostos alguns indicadores que atendem a filosofia da empresa apresentada. Os

indicadores têm como objetivo medir atributos voltados para a qualidade, prazo, custo e

quantidade. Todos com unidade de medida definida, assim como o sensor utilizado.

Os Indicadores de Desempenho são o subsídio para que se possa avaliar o grau de

evolução na implantação do Sistema da Qualidade. São usados também para demonstrar a

efetiva melhoria contínua durante e após a implantação do sistema da qualidade.

Os principais benefícios da implantação de indicadores de qualidade são: promover e

manter a mobilização para o sistema da qualidade; estabelecer o efetivo gerenciamento do

processo e promover a melhoria na comunicação

A escolha dos indicadores é baseada nos processos que são mais críticos para o

sistema de gestão da qualidade que envolvem os projetos de reforma, retrofit e manutenção.

Os seguintes indicadores podem ser aplicados ao setor de infraestrutura da

empresa, com o objetivo de manter um melhor controle e gerenciamento dos processos de

obra e manutenção já destacados nesse trabalho:

a) CAPEX6 anual (R$/ano);

b) backlog de manutenção das unidades (realizados dentro do prazo/ atendimentos

existentes);

c) lucro líquido (R$/ano);

d) percentual de sucesso em prazo dos projetos de obra (%/semana). Por se

tratarem de escolas, o atraso gera transtorno para os pais, prejuízo para a escola e

problemas com a adaptação do calendário de aula em atendimento ao MEC. Com

isso a meta estipulada para esse indicador é de 90%.

e) relatórios entregues no prazo (90%/ano);

f) média de revisões dos relatórios (≤ 1);

g) relatórios de fornecedores entregues no prazo (%/mês)

h) média de revisões dos relatórios dos fornecedores (≤ 1);

6 CAPEX é a sigla da expressão inglesa capital expenditure (em português, despesas de capital

ou investimento em bens de capital) e que designa o montante de dinheiro despendido na aquisição (ou

introdução de melhorias) de bens de capital de uma determinada empresa.

99

i) número de não conformidades identificadas em auditoria.

j) consumo mensal de energia e água das unidades;

l) percentual de entregas intermediárias de obras dentro do prazo (%/semana);

m) nota alta no relatório de auditoria interna, no quesito infraestrutura (notas

atribuídas de 0 a 100; meta:>800/1000).

n) Custo previsto x Custo realizado;

6.3.1 Aspectos Positivos do SGQ na Empresa

Com a implantação do SGQ, a empresa terá ganhos, tais como:

a) Melhoria na organização e operação interna. A comunicação interna e externa

sendo feitas por meio do esclarecimento da definição de responsabilidades e deveres.

b) Melhoria no comportamento dos funcionários com relação aos assuntos da

qualidade.

c) Redução das variações das características do processo, do produto e o custo

relativo da qualidade.

d) Aumento da satisfação das unidades das escolas e dos clientes diretos, que são

os alunos;

e) Aumento da confiança da empresa pela melhoria da conformidade dos serviços;

f) Auxílio à empresa na mudança do foco de detecção de defeitos para processo e

prevenção de erros;

g) Contribuição para a melhoria contínua por meio do sistema de documentação e

padronização. A documentação oferece uma boa oportunidade para as empresas avaliarem

e melhorarem seus processos;

h) Contribuição para a disseminação da cultura da qualidade por toda a empresa.

6.3.2 Aspectos Negativos do SGQ na Empresa

Ao implementar o SGQ a empresa poderá encontrar como obstáculos:

a) Aumento da burocracia e redução da flexibilidade nos processos e procedimentos

b) Resistência por parte de alguns colaboradores.

100

c) Implementação do SGQ necessita de longo prazo. Em um primeiro momento, os

auditores checariam a existência dos procedimentos necessários para assegurar a

conformidade com a Norma, mas a verificação da eficácia desses procedimentos demanda

tempo. O motivo é o fato de que primeiro deve-se implementar os processos e ter dados

suficientes do sistema trabalhando por um período de tempo para se começar a estudar os

resultados e a eficácia dos mesmos.

d) O SGQ não apresenta critérios para inspeção dos serviços, critérios para

aceitação de materiais, julgamento de preços e resultados de controle tecnológico.

101

7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

7.1 Considerações Finais

O objetivo geral deste trabalho consistiu em fornecer aspectos conceituais e

características para implementação de um sistema de gestão da qualidade no setor de

infraestrutura de uma empresa que atua no setor de Educação. Para tal, foram

apresentados conceitos sobre sistema de gestão da qualidade, obras de reforma, retrofit e

manutenção predial, assim como seus gerenciamentos, contribuindo com informações

relevantes que auxiliem na concepção e implementação de seus Sistemas de Gestão da

Qualidade.

A inclusão das metodologias de conformidade e gestão de projetos na empresa, a

tornará pioneira dentro do mercado de Educação Básica. Para os sistemas sejam

implementados com sucesso, é necessária adaptação e conscientização por parte dos

colaboradores.

No estudo de caso não foi possível fazer análises quantitativas, pelo fato da empresa

ainda não ter implementando um sistema de gestão da qualidade. Entretanto, o

desenvolvimento desse estudo torna mais fácil e dá as diretrizes necessárias para um

estudo mais aprofundado que possibilite uma implementação do SGQ na Eleva Educação.

Em entrevista com o Coordenador de Qualidade do setor de Operações da empresa,

o mesmo citou que o enfoque no planejamento pode facilitar a aceitação dos colaboradores,

que são essenciais para a implementação do sistema de gestão da qualidade. Porém, para

chegar a esse ponto é necessário o comprometimento da alta direção.

Ainda segundo o Coordenador de Qualidade, se for utilizado mais recurso na etapa

do planejamento, para melhores definições de metas, identificação de processos e análise

de projetos, evita-se problemas com burocratização e a implementação ocorrerá de forma

mais natural.

Uma limitação do trabalho é não ter trazido exemplos de elementos tangíveis da

empresa estudada. Isso ocorreu pelo fato de que a empresa limitou a divulgação das

informações.

Com base no exposto em todo o trabalho apresentado, pode-se considerar que o

objetivo foi atendido, pois foram apresentadas diversas informações, teóricas e práticas, que

102

proporcionam conhecimentos essenciais, fornecendo diretrizes que guiam a implementação

de um sistema de gestão da qualidade na empresa holding de educação básica.

7.2 Sugestões para Trabalhos Futuros

Durante a pesquisa foram identificados outros assuntos relacionados à SGQ que

podem ser considerados relevantes para o setor. Apesar disso, estes assuntos não faziam

parte do contexto e fugiam dos objetivos definidos para este trabalho.

Entretanto, para poder contribuir para a melhoria do sistema de gestão de empresas,

são sugeridos alguns temas para o desenvolvimento de trabalhos futuros:

a) desenvolvimento e implementação de Sistema de Gestão Integrado – SGI

(Qualidade, Segurança do Trabalho e Gestão Ambiental) em empresas;

b) avaliação da contribuição do SGQ na produtividade e na qualidade final de obras;

c) Estudo de causa raiz das deficiências da implantação de um sistema de gestão da

qualidade;

103

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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