Gestão do Valor
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ue atire a primeira pedra a empresa que nunca
passou por uma crise. Todas as companhias
já viveram ou ainda vão enfrentar turbulên-
cias. Porém, quando se trata de pequenas e médias,
difi culdades podem ser fatais. Por isso, é importante
avaliar o tamanho do problema e pedir ajuda enquanto
ainda há tempo.
Para evitar que o pior aconteça, existem compa-
nhias especializadas como a gaúcha Gestão do Valor
(www.gestaodovalor.com.br), do economista Elton
Freitas. Formado pela Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul (PUCRS), Freitas traz na baga-
gem uma carreira de 32 anos em bancos globais como
Citibank, ABN-AMRO Real e Santander – neste último
chegou a ser responsável pela carteira de mais de 4
mil médias empresas em todo o Brasil. O executivo
também foi agraciado, em 2001, com o troféu Desta-
que IBEF-RS, concedido pelo Instituto Brasileiro de
Executivos de Finanças do Rio Grande do Sul.
Com esse extenso currículo, Freitas adquiriu expe-
riência de sobra para ajudar as empresas que passam
por momentos de difi culdade. Além disso, conta com
parceiros de peso, como especialistas em diagnóstico
de problemas, consultores de diversas áreas e, o mais
importante, investidores. Entre eles está Gerson Bidese
e Mauro Fraga que, junto com Freitas, assumem a linha
de frente da empresa.
Segundo o economista, as causas mais comuns
para depreciação de uma empresa são a má gestão do
capital de giro e os confl itos familiares. “Geralmente,
o problema está latente, mas o empresário não quer
ver. Quando percebe, tenta resolver sozinho. Mas a
coragem de admitir que há algo errado é a peça-chave
para o sucesso da recuperação”, garante Elton. Depois
de contratada, a Gestão do Valor fi ca responsável por
realizar o diagnóstico do problema – ouvindo todas as
áreas da empresa –, apresentar um plano de solução
e executá-lo, trazendo investidores para a companhia.
informe especial
Q Exemplos de sucessoA rede de supermercados Boa Vista, de Carazinho
(RS), foi uma companhia que pediu socorro em tempo.
Familiar, a empresa começou em 1994 pelas mãos de
Verno Leonhaedt e sua mãe. Onze anos após a largada, já
tinham duas fi liais, sendo uma em Palmeira das Missões,
a cerca de 80 quilômetros de Carazinho, e investimentos
em postos de combustíveis. Em 2005, nasceu o projeto
de construção de um hipermercado.
O investimento era alto e para tanto Leonhaedt buscou
fi nanciamento junto a um banco. Antes do contrato assi-
nado e de ter o dinheiro em mãos, os empreendedores
tomaram as primeiras medidas para erguer a obra. Porém,
o fi nanciamento atrasou mais de um ano e os proprietá-
rios se viram obrigados a tirar dinheiro do fl uxo de caixa.
Foi então que a empresa começou a se endividar. “Nesse
momento resolvemos procurar ajuda. Tenho convicção
de que se não tivéssemos feito isso teríamos fechado a
empresa, pois a cada mês estávamos destruindo o nosso
patrimônio”, conta Leonhaedt.
A solução encontrada para a Rede Boa Vista foi recor-
rer à recuperação judicial, lei de 2005 que ainda é pouco
conhecida pelo mercado. Em casos como esse, entra em
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Hipermercado da Rede Boa Vista, de Verno Leonhaedt:
“Temos a convicção de que se não tivéssemos feito isso
teríamos que fechar a empresa”
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ção
ação outro importante parceiro da empresa, Fabio Forti,
advogado do escritório Forti e Valdivieso, de Curitiba (PR).
A lei da Recuperação Judicial substitui a antiga lei da
concordata. “Muitas pessoas ainda associam as duas,
mas elas são completamente diferentes. No formato atual,
quem decide se a empresa é viável ou não são os próprios
credores e não um juiz, como era antigamente”, explica
Forti. As empresas que solicitam a recuperação judicial
recebem uma espécie de “blindagem” de 180 dias, nos
quais têm de apresentar um plano de recuperação.
Mas não são todos os casos que necessitam do recur-
so jurídico. “Existem indicadores que sinalizam quando
“A coragem do empresário de admitir que há algo errado é a peça-chave para o sucesso da recuperação”
a ferramenta é necessária, como quando a empresa tem
quatro vezes o endividamento em relação ao faturamento
mensal”, exemplifi ca. Entretanto, de nada adianta a recu-
peração judicial se ela não for trabalhada com um bom
plano. “A estratégia antes da entrada com o pedido de
recuperação representa 70% do sucesso”, calcula Fabio.
Hoje, apenas um ano após o pedido de recupera-
ção, a rede de supermercados Boa Vista saiu da beira
da falência para uma estabilidade fi nanceira. “A medida
deu fôlego para a empresa, contratamos pessoal e hoje
contamos com 220 funcionários. O faturamento cresceu
e houve até um incremento de vendas em pleno ano de
recuperação”, destaca Leonhaedt . O empresário avalia
que o trabalho da consultoria foi decisivo. “Agora, os
funcionários têm orgulho de trabalhar aqui e a sociedade
enxerga o que fi zemos como um projeto arrojado, inteli-
gente, apropriado”, analisa.
O mesmo aconteceu com a Local X, de São José,
em Santa Catarina. A empresa nasceu em 2002, quando
Fabian Teixeira e seu irmão, funcionários de uma distri-
buidora de informática, fi caram desempregados após o
fechamento da companhia. “Pegamos o dinheiro que
tínhamos e montamos a Local X, que vende componentes
de computadores para revendedores. Com o mercado
Elton Freitasproprietário da Gestão do Valor
Tâni
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Fabio Forti, advogado
especialista em Direito
Empresarial: “O
plano de recuperação
representa 70% do
sucesso do processo”
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aral
Os passos da recuperaçãoA Gestão do Valor segue a metodologia criada
por Naomi Sakuma, economista de São Paulo
(SP) que tratou o assunto no seu trabalho de
mestrado, defendido em 2003. Apesar de não
ter lançado livro com o conteúdo, Sakuma
publicou um resumo de sua dissertação na
revista da Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (PUC-SP), o que fez com que
o estudo se espalhasse pelo Brasil e fosse
seguido por diversos consultores.
Segundo o economista, o primeiro trabalho
científi co sobre o tema foi feito em 1976, nos
Estados Unidos. No mesmo ano, Sakuma
começou a sua pesquisa sobre o assunto.
A partir dessa data, ele fez um apanhado
dos seus estudos e desenvolveu um modelo
próprio, o qual denominou de Processo de
Reestruturação. Hoje o consultor, sócio da
empresa CG Group (www.cggroup.com.br)
calcula já ter salvo cerca de 35 empresas com
o método. “O grande segredo é não deixar
a companhia chegar ao fundo do poço. Os
empresários demoram muito para pedir ajuda
e apenas uma de cada quatro companhias em
crise consegue se salvar”, alerta.
renovar as bases de ação”, sugere Jorge Cardoso,
especialista em Recursos Humanos e outro parceiro de
Elton Freitas. Para a companhia que quer dar um salto,
a saída é investir em pessoas.
Segundo Cardoso, após a crise, os funcionários
precisam se sentir parte da solução e, acima de tudo,
saber que novos cenários irão surgir. “Os líderes são
peça-chave neste momento, pois aquele que espera
demais para atuar normalmente demora para se recu-
perar”, argumenta.
em alta, a empresa cresceu rapidamente”, conta.
Em 2009, porém, veio a crise internacional e a deman-
da caiu, os bancos reduziram o crédito e o faturamento da
Local X chegou a cair 80% – de R$ 11 milhões por mês
para R$ 2,2 milhões. “No início de 2010, percebemos que,
sozinhos, não teríamos força para fazer a reestruturação.
Por isso contratamos a consultoria”, relata, confessando
que chegou a passar algumas noites sem dormir. “Depois
que a consultoria entrou, passamos a dividir os problemas
e a pensar em conjunto nas soluções, o que nos deu mais
tranquilidade”, lembra. Hoje a Local X está mês a mês
recuperando o seu faturamento.
Ambos os casos foram coordenados por Aguinaldo
Cordeiro, da empresa AALC Consulting, parceira da Ges-
tão do Valor. “O importante é que o empresário busque
ajuda e tome as decisões necessárias, por mais difícil
que elas sejam”, afi rma.
Depois da crise, hora do crescimentoUma crise também pode ser vista como oportunidade
de crescimento. Muitas empresas que saem da turbulên-
cia não querem estacionar e sim alavancar o crescimento.
“A crise pode ser encarada como uma oportunidade em
vários sentidos como: reinventar, quebrar paradigmas,
informe especial
Jorge Cardoso,
especialista em
Recursos Humanos:
“A crise pode ser
encarada como uma
oportunidade em
vários sentidos” D
ivulgação