Gestão de Portfólio Andrade, J. 2010€¦ · Gestão de portfólio : os desafios para melhoria de...
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GESTÃO DE PORTFÓLIO: OS DESAFIOS PARA MELHORIA DE
PROCESSO DE UMA COMPANHIA PETROLÍFERA DE
EXPLORAÇÃO & PRODUÇÃO
JOÃO LADISLAU PEREIRA ANDRADE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE – UENF
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
JUN/2010
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca do CCT / UENF 40/2010
Andrade, João Ladislau Pereira Gestão de portfólio : os desafios para melhoria de processo de uma companhia petrolífera de exploração & produção. – Campos dos Goytacazes, 2010. xiii, 102 f. : il. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) --Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório de Engenharia de Produção. Campos dos Goytacazes, 2010. Orientador: Manuel Antonio Molina Palma. Área de concentração: Gestão de Portfólio/Projetos. Bibliografia: f. 95-98. 1. Gestão de portfólio 2. Gestão de projetos 3. Melhoria de processo 4. Petróleo 5. Produção I. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório de Engenharia de Produção lI. Título.
CDD 332.6
ii
GESTÃO DE PORTFÓLIO: OS DESAFIOS PARA MELHORIA DE
PROCESSO DE UMA COMPANHIA PETROLÍFERA DE
EXPLORAÇÃO & PRODUÇÃO
JOÃO LADISLAU PEREIRA ANDRADE
Dissertação apresentada ao Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do titulo de Mestre em Engenharia de Produção.
Orientador: Prof. Dr. Manuel Antonio Molina Palma
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE – UENF
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
JUN/2010
iii
iv
Dedico esta dissertação à Viviane Andrade Lima, minha mãe, esse trabalho é um pequeno reconhecimento de toda sua dedicação à educação.
v
Agradecimentos
A Deus pela saúde, motivação e garra que me impulsionaram até aqui.
Ao Professor Manuel Antonio Molina Palma, pela orientação competente e paciente.
A Petrobras pelo apoio que possibilitou a concretização desse trabalho.
Aos companheiros de trabalho, chefes e afins pelo apoio, incentivo e
esclarecimentos que permitiram a execução dessa pesquisa.
A meus pais por terem acreditado e investido em minha educação desde meus
primeiros anos.
A minha irmã, Izabelle, pela inspiração e incentivo.
A minha esposa, Danielly, pelo apoio nos momentos difíceis, pela paciência,
estimulo e incentivo ao crescimento pessoal e profissional que me deu força para
concluir esse trabalho.
vi
RESUMO
O principal objetivo desta dissertação foi verificar se o processo de gestão de
portfólio pode ser aprimorado a partir das observações dos melhores projetos
implantados. Nessa linha foi desenvolvido um estudo de caso em uma organização
petrolífera de Exploração e Produção com o intuito de identificar e analisar as
características dos melhores projetos implantados. Além de considerar a
possibilidade de verificação dessas características na fase de planejamento. A
metodologia utilizada combinou técnicas de avaliação quantitativa e qualitativa. Na
avaliação quantitativa foram identificados os melhores projetos a partir de uma
análise global de desempenho que considerou o investimento total, prazo de
implantação, produção, custo operacional e VPL dos projetos implantados. A etapa
seguinte, a avaliação qualitativa, focou no detalhamento das principais
características dos melhores projetos implantados e a possibilidade de identificação
das características relevantes na fase de planejamento através de entrevista semi-
estruturada com os gestores dos projetos. As principais conclusões da pesquisa
foram: interdependência entre os processos de gestão de portfólio e projetos, e,
viabilidade da melhoria do processo de gestão de portfólio através da observação
dos melhores projetos implantados. Os processos de gestão de portfólio e projetos
estão intimamente relacionados e como tal não podem ser analisados
individualmente. Além disso, observou-se que a análise dos melhores projetos
implantados pode aprimorar a gestão de portfólio, pois, essa iniciativa contribui para
ajustar o modelo de gestão de portfólio e dessa maneira colabora para maximizar a
probabilidade de acertos.
Palavras-chave: gestão de portfólio, gestão de projetos, melhoria de processo, petróleo, produção.
vii
ABSTRACT
The main goal of this dissertation was to examine whether the process of portfolio
management can be improved using the best projects implemented as a basis. In
this line was developed a case study in an organization of petroleum exploration and
production in order to identify and analyze the characteristics of the best projects
implemented. In addition to considering the possibility of verification of these
characteristics in the planning phase. The methodology used combined techniques of
quantitative and qualitative assessment. The quantitative assessment identified the
best projects from a global analysis of performance which saw the total investment
(capex), period of deployment, production, operating cost (opex) and NPV of the
projects implemented. The next step, the qualitative assessment, focused on details
of the main features of the best projects implemented and the possibility of
identification of relevant features in the planning phase through semi-structured
interviews with managers of the projects. The main findings of the research were:
interdependence between the processes of portfolio management and projects, and,
feasibility of improving the process of portfolio management through the observation
of the best projects implemented. The processes of project and portfolio
management are closely related and as such can not be analyzed individually.
Furthermore, was observed that the best analysis of the implemented projects can
improve portfolio management, since this initiative helps to adjust the portfolio
management model and thus maximizes the probability of success.
Keywords: portfolio management, project management, process improvement, oil,
production.
viii
LISTA DE SIGLAS DP – Desenvolvimento da Produção
E&P – Exploração e Produção
EAR – Estrutura Analítica de Riscos
EVA – Earned Value Analisys
EXP – Exploração
IS – Infra-estrutura e Suporte
OPEC – Organization of the Petroleum Exporting Countries
PMI – Project Management Institute
PMO – Project Management Office
ROI – Return on Investment
SWOT – Strenghts, Weaknesses, Opportunities, Threats.
TIR – Taxa Interna de Retorno
VFD – Variáveis Fundamentais de Desempenho
VME – Valor Médio Esperado
VPL – Valor Presente Líquido
ix
LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Relação do portfólio, programas e projeto 19
Figura 2 – Atividades da gestão de portfólio 22
Figura 3 – Estratégia organizacional e portfólio 25
Figura 4 – Processo da gestão de portfólio 28
Figura 5 – Esquema do processo de comunicação e revisão 34
Figura 6 – Ciclo de vida de um projeto 36
Figura 7 – Impacto das variáveis conforme evolução do projeto 37
Figura 8 – Exemplo de um cronograma de projeto 40
Figura 9 – Matriz de probabilidade e impacto 44
Figura 10 – Fluxograma do processo de gerenciamento do risco 47
Figura 11 – Portfólio de projetos – Planejamento x Realização 51
Figura 12 – Fluxograma da pesquisa 52
Figura 13 – Modelo proposto para análise 54
Figura 14 – Seleção dos melhores projetos 71
Figura 15 – Esquema proposto para melhoria da gestão de portfólio 92
x
LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Comparação entre portfólio, programas e projeto 19
Quadro 2 – Detalhamento das variáveis fundamentais de desempenho 50
Quadro 3 – Definição das variáveis contribuintes 54
xi
LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Detalhamento do projeto 1 60
Tabela 2 – Detalhamento do projeto 2 60
Tabela 3 – Detalhamento do projeto 3 61
Tabela 4 – Detalhamento do projeto 4 61
Tabela 5 – Detalhamento do projeto 5 61
Tabela 6 – Detalhamento do projeto 6 61
Tabela 7 – Detalhamento do projeto 7 62
Tabela 8 – Detalhamento do projeto 8 62
Tabela 9 – Detalhamento do projeto 9 62
Tabela 10 – Detalhamento do projeto 10 62
Tabela 11 – Detalhamento do projeto 11 63
Tabela 12 – Detalhamento do projeto 12 63
Tabela 13 – Detalhamento do projeto 13 63
Tabela 14 – Análise das variáveis fundamentais de desempenho 64
Tabela 15 – Ordenação das variáveis fundamentais de desempenho 64
Tabela 16 – Avaliação dos projetos (pequeno porte) 65
Tabela 17 – Avaliação dos projetos (médio porte) 66
Tabela 18 – Avaliação dos projetos (grande porte) 66
Tabela 19 – Destaque da variável produção 72
Tabela 20 – Melhor projeto (médio porte) 81
Tabela 21 – Detalhamento do melhor projeto (médio porte) 82
Tabela 22 – Melhor projeto (grande porte) 83
Tabela 23 – Detalhamento do melhor projeto (grande porte) 83
Tabela 24 – Planejamento x Implantação (meses) 85
Tabela 25 – Resumo do tempo de implantação (meses) 87
Tabela 26 – VPL dos melhores projetos (US$ MM) 88
xii
SUMÁRIO
1 Introdução
1.1 Contextualização 14
1.2 Justificativa 15
1.3 Problema de pesquisa 17
1.4 Objetivo geral 17
1.5 Objetivos específicos 17
2 Uma visão geral sobre gestão de portfólio
2.1 Introdução 18
2.2 Aspectos relevantes relacionados à gestão de portfólio 20
2.3 Estratégia organizacional e gestão do portfólio 24
3 Processo de estruturação e controle do portfólio
3.1 Aspectos relevantes sobre modelos 26
3.2 Etapa de identificação 28
3.3 Etapa de categorização 29
3.4 Etapa de avaliação 29
3.5 Etapa de seleção 30
3.6 Etapa de priorização 31
3.7 Etapa de balanceamento do portfólio 31
3.8 Etapa de autorização 32
3.9 Etapa de monitoramento e controle 33
4 Melhores práticas em implantação de projetos
4.1 Relevância do planejamento 35
4.2 Fatores relevantes relacionados ao escopo 38
4.3 Fatores relevantes relacionados ao tempo 39
4.4 Fatores relevantes relacionados ao custo 40
4.5 Fatores relevantes relacionados aos recursos humanos 41
4.6 Fatores relevantes relacionados aos riscos 43
5 Metodologia
5.1 Introdução 48
5.2 Desdobramento da pesquisa 49
5.3 Modelo de pesquisa 53
xiii
5.4 Definição de variáveis 54
5.5 Abrangência 55
5.6 Limitações e contribuições 56
6 Estudo de caso
6.1 Organização pesquisada 57
6.2 Detalhamento do estudo de caso 58
6.3 Levantamento dos projetos 59
6.4 Ordenação das variáveis fundamentais de desempenho 63
6.5 Avaliação dos projetos 65
6.6 Identificação dos melhores projetos 68
7 Apresentação dos resultados e análises dos proces sos/ projetos
7.1 Introdução 70
7.2 Gestão estratégica do portfólio
7.2.1 Alinhamento estratégico 71
7.2.2 Medição de valor 73
7.2.3 Gestão de recursos 74
7.2.4 Governança 75
7.3 Estruturação e controle do portfólio
7.3.1 Modelo utilizado 75
7.3.2 Impacto sobre a estruturação 76
7.3.3 Controle 80
7.4 Melhores práticas em projetos
7.4.1 Avaliação global dos melhores projetos identificados 81
7.4.2 Influência do planejamento 85
7.4.3 Fatores críticos do escopo 86
7.4.4 Gestão do tempo 87
7.4.5 Gestão financeira 87
7.4.6 Gestão de pessoas 88
7.4.7 Gerenciamento de riscos 89
8 Conclusões e recomendações 91
9 Referencial bibliográfico 95
10 Apêndices 99
14
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
A gestão de portfólio, segundo o PMI (2006) é a gestão centralizada de um ou
mais portfólios, incluindo as atividades de identificação, priorização, autorização,
gestão e controle de projetos e programas a fim de alcançar os objetivos
estratégicos organizacionais.
Aparentemente, trata-se de um processo simples, mas levando-se em
consideração a indústria de petróleo off-shore, na qual o uso de tecnologia é
intensivo, os investimentos são altos e o posicionamento de longo prazo é uma
premissa, essa tarefa se torna muito complexa.
O processo de produção do petróleo é desafiador, pois necessita de
investimentos elevados na fase inicial, compreendendo as atividades de descoberta
e avaliação, e, não há nenhuma garantia de retorno comercial, o que se caracteriza
como uma atividade de risco elevado.
Na fase de desenvolvimento, a gestão de um projeto de produção de petróleo
(óleo e/ou gás) torna-se complexa, pois, é preciso gerenciar: uma cadeia logística de
equipamentos, suprimentos, mão-de-obra. Além de disso, deve-se atender a
requisitos legais e metas organizacionais.
15
A atividade petrolífera caracteriza-se como uma tarefa extremamente
dinâmica, pois o produto final trata-se de uma commodity, ou seja, o barril de
petróleo, que é comercializado internacionalmente em bolsas de mercadorias e de
futuros, apresenta um valor de venda que pode oscilar acentuadamente em um curto
espaço de tempo.
Apenas para ilustrar a situação, conforme dados disponibilizados pela OPEC
(2008), o barril de óleo cru variou de U$S 141 para US$ 41 no período
compreendido de 03 de julho a 03 de dezembro de 2008, ou seja, uma redução de
71% em menos de 6 meses.
As grandes variações, normalmente, podem estar associadas às ações da
OPEC que podem influenciar a oferta, crises mundiais que podem reduzir a
demanda, além do movimento especulativo de grandes players nas bolsas de
valores. A variação do valor do barril de petróleo pode impactar significativamente os
resultados de um projeto petrolífero.
Já na fase de desenvolvimento da produção, os desafios estão associados ao
cumprimento de prazo, orçamento, escopo e qualidade que podem impactar os
resultados dos projetos e conseqüentemente os objetivos e metas almejados no
portfólio.
Acrescenta-se a isso que projetos distintos apresentam potenciais de falhas
variados na execução, então há um grande desafio: desenvolver um portfólio de
projetos que atenda às expectativas de resultados da organização e minimize as
possibilidades de insucesso frente a esse ambiente de rápidas mudanças que
demanda um posicionamento pró-ativo para produzir os resultados desejados por
qualquer organização petrolífera.
Na visão de Johnston (2007), atualmente, mais do que em qualquer outra
época, as companhias petrolíferas devem ter o foco em fazer as coisas certas, isto
abrange: reduzir custos de operação, aperfeiçoar os processos produtivos, otimizar
investimentos e sobre tudo maximizar a assertividade na execução de projetos para
aumentar a probabilidade de sucesso frente a esse ambiente turbulento.
1.2 Justificativa
Na visão de Silveira (2006) existem vários fatores que contribuem para
utilização da gestão de portfólio, entre eles: desperdício de recursos por falta de
alinhamento estratégico, limitação de capital (ausência de espaço para erros) e
16
pressão por uma maior transparência e precisão em operações/relatórios financeiros
(ambiente regulatório mais exigente).
Gandra (2006) acrescenta que no Brasil, a produção de petróleo desloca-se
para águas profundas, ocasionando projetos off-shore com maior custo e risco.
Na visão de Luan e Wray (2007), muitos executivos reconhecem que devem
efetuar mudanças na gestão dos projetos devido à falta de previsibilidade nos
maiores projetos de E&P para se evitar os fracassos.
Nesse contexto, a falta de previsibilidade abrange: atraso na finalização dos
projetos, gastos de capital além do previsto e um excesso de otimismo nas
estimativas de recuperação das reservas.
Luan e Wray (2007) destacam que as organizações já perderam muito
dinheiro tentando uma nova maneira de fazer negócios, pois, freqüentemente, elas
enxergam a nova maneira como outra iniciativa qualquer.
A principal causa dessa descrença, segundo os pesquisadores, é que as
pessoas estão acostumadas a desenvolver, planejar e explorar oportunidades de
uma maneira particular, muitas tem medo de mudar.
Além disso, a infra-estrutura organizacional, incluindo a gestão de
informações e os processos contribuem para o planejamento e execução dos
projetos de maneira arcaica.
Dessa forma o maior obstáculo para mudança no processo de gestão de
projetos é a inércia organizacional.
Silveira (2006) destaca que a limitação de orçamento e recursos demanda
uma correta alocação, isto é: mais relevante do que executar projetos corretamente
é executar os projetos certos.
Tendo em vista todas as fragilidades e desafios que envolvem a gestão de
portfólio, a execução desta pesquisa apresenta grande relevância, no sentido de que
os resultados poderão contribuir para o aperfeiçoamento da técnica de gestão de
portfólio de uma forma geral, bem como na melhoria de processo das indústrias
petrolíferas nacionais.
Esse aperfeiçoamento será imprescindível, não só para manutenção, mas
também para alavancar o grau de competitividade da indústria petrolífera nacional,
levando-se em consideração todas as características desafiantes já existentes na
indústria, mas também devido as novas fronteiras da camada pré-sal.
17
1.3 Problema de pesquisa
Como aprimorar o processo de gestão de portfólio, na etapa de planejamento,
a partir da observação dos melhores projetos implantados em uma companhia
petrolífera de E&P?
Definição de termos:
Aprimorar – desenvolver, melhorar;
Processo – conjunto de atividades necessárias para realização de uma tarefa;
Portfólio – conjunto de projetos;
Projetos – compreendem um conjunto de atividades com objetivos, prazos e
resultados esperados;
E&P – Exploração e Produção.
1.4 Objetivo geral
Verificar como o processo de gestão do portfólio, na etapa de planejamento,
pode ser aprimorado a partir da avaliação das características relevantes dos
melhores projetos implantados de desenvolvimento da produção (DP).
1.5 Objetivos específicos
� Identificar através de análise quantitativa, isto é, do cruzamento das informações
de planejamento e realização, o grupo de projetos de DP que produziram os
melhores resultados em termos de investimento total, prazo de implantação,
produção, custo operacional e VPL (Valor Presente Líquido);
� Verificar quais as características relevantes inerentes a esse grupo de projetos
que são comuns a eles;
� Analisar se essas características podem ser verificadas desde a fase de
planejamento contribuindo para melhoria do processo de gestão do portfólio;
18
CAPÍTULO 2
UMA VISÃO GERAL SOBRE GESTÃO DE PORTFÓLIO
2.1 Introdução
Segundo o PMI (2006), um portfólio compreende um conjunto de projetos e
programas com gestão integrada para obter benefícios e controles que não seriam
possíveis de se alcançar com uma gestão individualizada, além do agrupamento de
outros trabalhos que contribuirão para o alcance das estratégias de negócio.
A fim de permitir ao leitor amplo entendimento do assunto abordado, torna-se
pertinente, nessa etapa, um detalhamento sobre os elementos fundamentais do
portfólio, são eles: projetos e programas.
Um projeto representa a fração mínimia de um portfólio e corresponde a uma
atividade com objetivo específico, prazo e escopo determinado. Conforme Ritzman e
Krajewski (2004), um projeto trata-se de um conjunto de atividades relacionadas que
possui marcos de início e fim com um objetivo de produzir um resultado único a
partir de uma alocação específica de recursos.
Além disso, o PMI (2006) destaca que os programas representam um
agrupamento de projetos com características similares gerenciados de forma
coordenada para obtenção de ganhos que não seriam possíveis de uma maneira
individualizada.
19
A relação entre portfólio, programas e projetos pode ser observada na Figura
1, abaixo:
Figura 1: Relação do portfólio, programas e projetos. Fonte: Adaptado de PMI (2006).
A fim de contribuir para um maior esclarecimento sobre o assunto é
apresentada no Quadro 1, uma comparação das principais características entre os
elementos fundamentais e o próprio portfólio.
PORTFÓLIO
PORTFÓLIOS PROJETOS PROGRAMAS
PROGRAMAS PROJETOS PROGRAMAS PROJETOS OUTROS TRAB.
PROJETOS PROJETOS PROJETOS
PROJETO PROGRAMA PORTFOLIO
Apresenta estreito escopo com entregas específicas
Apresenta um largo escopo que pode ser alterado para alcançar
resultados esperados pela organização
Apresenta um escopo de negócios que muda conforme os objetivos
estratégicos organizacionais
Gestor deve minimizar mudanças Gestor tem expectativa da mudançaGestor monitora constantemente mudanças no ambiente externo
Sucesso é mensurado através do alcance do orçamento, entrega no prazo e especificação dos produtos
Sucesso é mensurado através do ROI (Return on Investment), novas
capacidades e entrega de benefícios
Sucesso é mensurado através da performance agregada dos componentes do portfólio
Liderança focada na entrega de tarefas e direcionar para os critérios
de sucesso
Liderança focada na gestão de relacionamento e resolução de
conflitos
Liderança focada em agregar valor para o decisor
Gerenciamento de técnicos e especialistas
Gerenciamento dos gerentes de projetos
Gerenciamento ou coordenação do staff da gestão do portfólio
Lider que motiva através de seu conhecimento e habilidade
Lider que proporciona visão e liderança
Lider que proporciona idéias e sinteses
Gestor conduz um planejamento detalhado para gerir a entrega de
projetos de produtos
Gestor desenvolve planos de alto nível para guiar os projetos
Gestor cria e mantém processos e comunicação necessária para
agregar o portfólioGerente de projeto monitora e
controla atividades para produção de projetos de produtos
Gerente de programas monitora projetos e tarefas em curso através
da estrutura de governança
Gerente de portfólio monitora a performance agregada e indicadores
de valor
Quadro 1: Comparação entre portfólio, programas e projetos. Fonte: Adaptado de PMI (2006).
20
2.2 Aspectos relevantes relacionados à gestão de po rtfólio
Na visão de Miguel (2008), a gestão de portfólio abrange atividades de gestão
aplicadas a um grupo de projetos que apresentam ligação aos objetivos estratégicos
de maneira alinhada aos recursos organizacionais para sua execução, além da
adequada seleção dos projetos que irão apoiar o alcance dos objetivos
organizacionais.
Entretanto, na visão de Leão Júnior (2007), um portfólio representa um
conjunto de projetos que é executado sob a gestão de uma organização e que
concorre por recursos limitados. A atividade de seleção de projetos deve ser uma
tarefa periódica que objetiva escolher aqueles projetos que estão alinhados aos
objetivos organizacionais, sem extrapolar a disponibilidade dos recursos ou violar
outras limitações.
Silveira (2006) acrescenta que a gestão de portfólio contribui para que a
organização estabeleça um processo de priorização que auxilie a identificação dos
projetos mais relevantes, ou seja, daqueles que apresentam maior retorno e de
maior percepção dos riscos envolvidos. Os principais benefícios da gestão de
portfólio segundo o pesquisador são:
- Alteração do foco de custos para investimentos: decisões são apoiadas em função
do valor de retorno do projeto;
- Otimização na aplicação de recursos: concentração dos recursos nos projetos
prioritários;
- Alinhamento estratégico: decisões estão apoiadas em metas e objetivos
organizacionais;
- Maior equilíbrio do trabalho: o desdobramento do portfólio (categorização) permite
a empresa um maior equilíbrio dos investimentos entre as iniciativas priorizadas;
- Integração organizacional: aplicação da gestão de portfólio em toda a organização
incentiva os departamentos a atuarem em conjunto tendo em vista que os objetivos
são organizacionais;
Todavia, segundo Mata Júnior e Duque (2009) para alcançar esses benefícios
uma organização deve desenvolver um modelo de gestão de portfólio que aborde os
seguintes passos:
21
- Valorização da teoria da gestão de portfólio: isto significa que adotar um modelo
eficiente de gestão de portfólio não representa mais um processo do
gerenciamento de projetos, mas sim uma nova filosofia, onde os projetos serão
tratados tal qual uma carteira de investimentos;
- Escolha de uma abordagem adequada: essa abordagem deve levar em
consideração a forma como a organização mede e avalia a geração de valor, tolera
o risco e como trata os projetos de diferentes tipos e tamanhos;
- Obtenção de apoio e suporte da alta gerência: a adoção de modelos de gestão de
portfólio envolve definições estratégicas, medidas de geração de valor, mudanças
culturais e para tanto o apoio da alta gerencia é imprescindível;
- Medição de valor: definir uma maneira clara de medir e estimar o valor dos projetos
com base em fatores qualitativos e quantitativos a fim de se identificar aqueles
projetos que agregam valor (priorizados) e os que destroem o valor da organização
(descontinuados);
- Estabelecer um processo de governança: esse processo deve abordar as
atribuições e responsabilidades de cada ator envolvido desde executivos até
gerentes de projetos;
- Desenvolver um processo de operacionalização da gestão de portfólio: esse
processo deve definir desde as entradas (demandas), políticas, responsabilidades
até a mensuração de valor;
O PMI (2006) destaca que para otimizar os benefícios da gestão de portfólio
um gestor deve ter um aprofundado conhecimento sobre a visão, missão e a
estratégia organizacional.
Em outra vertente, PM Tech (2006) ressalta que a gestão de portfólio
representa uma combinação de arte e ciência que visa à aplicação de técnicas,
conhecimentos, ferramentas e habilidades à carteira de projetos de uma
organização no sentido de atender ou suplantar as expectativas da alta direção na
aplicação estratégica dos investimentos.
Entretanto, torna-se preponderante um equilíbrio entre os critérios da média
gerencia (táticos) e da alta administração (estratégicos) no processo de priorização
de projetos.
22
Laslo (2009) adiciona um requisito a esse processo e destaca que a gestão
de portfólio demanda uma forte disciplina dos processos a fim de manter a agilidade
e evitar o desperdício dos investimentos.
Ainda assim, PM Tech (2006), reforça que um dos principais objetivos da
gestão de portfólio é a maximização de valor dos componentes do portfólio, tal qual
programas e projetos que necessitam ser avaliados no momento de sua inclusão e
que precisam ser excluídos quando não apresentarem alinhamento com os objetivos
estratégicos.
Por isso, o caminho para atender adequadamente as estratégias
organizacionais se fundamenta através dos projetos, mas na prática o processo de
alinhamento acontece através da gestão de portfólio.
Mata Júnior e Duque (2009) acrescentam que a gestão de portfólio tanto
apresenta ao gestor uma visão global do conjunto de projetos quanto permite uma
visão individual de cada projeto da carteira, o que por sua vez proporcionará uma
visão analítica e profunda do portfólio.
Segundo PM Tech (2006), a gestão de portfólio compreende pelo menos três
atividades fundamentais: avaliação, seleção e priorização de projetos. Essa
definição pode ser observada na Figura 2, abaixo:
Figura 2: Atividades da gestão do portfólio. Fonte: PM Tech (2006).
23
Indiscutível contribuição nesse contexto pode ser observado em Cooper et al.
(1998), no qual foi destacado que a gestão de portfólio trata-se de uma atividade
dinâmica, onde um grupo de projetos (novos produtos) são freqüentemente
atualizados e revistos.
Nessa perspectiva, novos projetos são avaliados, selecionados e priorizados.
Além disso, são analisados os projetos estratégicos que deverão ser priorizados
para execução.
Cooper et al. (1998) também destaca que a gestão de portfólio envolve um
conjunto de outras atividades decisórias, o que abrange revisões freqüentes do
portfólio (incluindo todos os projetos) e o confronto entre eles.
Acrescentou ainda a tomada de decisão que envolve continuar/descontinuar
um projeto, além da estratégica alocação dos recursos organizacionais.
Dessa maneira, conforme observado em Cooper et al. (1997 e 2000) a gestão
de portfólio visa a eficácia dos projetos que levarão uma empresa a alcançar seus
objetivos empresariais e nesse contexto existem três aspectos fundamentais:
- Estratégia: identificar um conjunto de projetos que viabilizem a implantação da
estratégia organizacional;
- Alocação: relaciona-se a aplicação de recursos financeiros e humanos (concentrar
os esforços);
- Seleção de projetos: escolher e priorizar projetos que assegurem (potencializem) a
implantação da estratégia e o alcance da metas e objetivos empresariais;
Além disso, Cooper et al. (2001) acrescenta que a gestão de portfólio é a
manifestação da estratégia de negócios e a declaração de onde e como a
organização investirá no futuro.
Na visão do pesquisador os principais objetivos da gestão de portfólio são:
maximização de valor do portfólio, obtenção de retorno dos gastos em pesquisa e
desenvolvimento, efetuação de balanceamento apropriado e desenvolvimento de
uma estratégia de investimento alinhada a toda estratégia de negócios da
organização.
Entretanto, PMI (2006) destaca que a gestão de portfólio deve levar em
consideração tanto aspectos operacionais como de projetos.
Na vertente operacional, a gestão dos processos e operações contribui para
um eficaz planejamento e gestão de alto nível, por outro lado, a gestão de
24
programas e projetos permitem uma maior eficiência do planejamento dos projetos e
de implementação de atividades.
Inclusive, o grande desafio no nível tático é verificar se as operações e a
gestão de projetos estão obtendo bons resultados através da adequada utilização de
recursos e esforços alinhados aos valores organizacionais.
Moeckel e Forcellini (2009) alertam sobre a necessidade de informações de
qualidade que apóiem a tomada de decisão, pois, a incompreensão do contexto,
desatualização e limitação de informações, além da gestão do conhecimento
deficiente pode impactar diretamente os resultados da gestão do portfólio.
2.3 Estratégia organizacional e gestão de portfólio
Segundo PMI (2006) a aplicação da gestão de portfólio permite interconexões
através do compartilhamento dos objetivos e alocação de recursos, apoiada nos
seguintes pontos:
- A intenção estratégica e priorização de projetos proporcionam direcionamento para
determinar a alocação financeira no portfólio;
- A intenção estratégica é mapeada dentro de um conjunto de componentes do
portfólio (projetos e programas). Os componentes são gerenciados conforme os
princípios delineados na gestão de portfólio.
- Cada programa corresponde a um subconjunto de intenções estratégicas;
- Cada projeto é definido através da contribuição à intenção estratégica do portfólio;
PMI (2006) ainda inclui que o papel de um gestor de portfólio envolve um
processo de gestão e monitoramento, abordando:
- Fundamental participação na priorização de projetos, assegurando o
balanceamento entre os componentes e alinhamento com os objetivos
estratégicos;
- Fornecer as partes interessadas oportuna avaliação do portfólio e de componentes
de desempenho, bem como de riscos que podem impactar o desempenho;
- Proporcionar medidas de valor organizacional através de instrumentos financeiros:
ROI (Return on Investment), VPL (Valor Presente Líquido), Payback (recuperação
do investimento), etc;
25
- Assegurar comunicação oportuna e consistente a todas as partes envolvidas sobre
o progresso, impacto e alterações na gestão do portfólio;
A relação entre contexto organizacional e a gestão de portfólio pode ser
observada na Figura 3, abaixo:
Nessa figura as setas representam a relação de influência entre os diversos
elementos da organização.
Terra et al. (2007), destaca que a gestão de portfólio parece ser um processo
óbvio, mas se não executada de maneira organizada e considerando-se questões de
interesse pessoal em projetos específicos e políticas organizacionais pode torna-se
um processo que não conduz a organização aos resultados almejados.
Visão
Missão
Estratégia e objetivos organizacionais
Planejamento e gestão operacional
(alto nível)
Planejamento e gestão de portfólio
Gestão das operações correntes
(produção de valor)
Gestão de projetos e programas autorizados
(incremento da capacidade de produção de valor)
Recursos da Organização
Figura 3: Estratégia organizacional e portfólio. Fonte: Adaptado de PMI (2006).
26
CAPÍTULO 3
PROCESSO DE ESTRUTURAÇÃO E CONTROLE DO PORTFÓLIO
3.1 Aspectos relevantes sobre modelos
Na visão de Craveiro, Severo e Sbragia (2000) existem muitos modelos que
podem ser adotados por uma organização para guiar a estruturação de um portfólio,
entre eles, podem-se citar os modelos: financeiro, estratégico, pontuação e
diagrama de bolhas.
Cada um desses modelos apresenta vantagens e desvantagens, por
exemplo: o modelo econômico-financeiro leva em consideração variáveis
financeiras, tais como: VPL (Valor Presente Líquido), TIR (Taxa Interna de Retorno),
Período de Payback (Recuperação do Investimento), ROI (Retorno sobre
Investimento), margens de lucro, etc.
Ressalta-se que a adoção de atributos financeiros possibilita mensurar o
retorno dos projetos e classificá-los.
Por outro lado, um modelo financeiro apresenta uma dependência da
aquisição de dados de qualidade que por sua vez podem impactar na seleção,
priorização, postergação ou até mesmo em eliminação de projetos de uma carteira.
Frontini et al. (2006) destacam que avaliações financeiras ou qualitativas de
contribuição estratégica são importantes, mas não suficientes para alinhamento do
portfólio aos objetivos estratégicos.
27
Craveiro, Severo e Sbragia (2000) reforçam que é de alta relevância a adoção
de um modelo diversificado e destaca que as organizações, normalmente, adotam
uma combinação de modelos.
Esse caminho é seguido para tentar compensar as desvantagens implícitas
em cada modelo e assim proporcionar à organização uma otimização em seu
portfólio que atenda as suas necessidades e, na prática, proporcione uma gestão
eficiente dos recursos (financeiros, humanos, tempo, etc.) que por sua vez
contribuirão para a eficácia da estratégia (atingir os objetivos).
Dessa maneira, Craveiro, Severo e Sbragia (2000) defendem que não há um
modelo padronizado e perfeito, algo como uma receita de bolo que possa ser
aplicado indistintamente para qualquer organização.
Por outro lado, destaca que a não utilização de um modelo, não só impede
que a organização alcance a melhor combinação de seu conjunto de projetos como
também pode gerar resultados não desejados.
Martino (1995) reforça essa visão e destaca que a falha em selecionar os
melhores projetos pode acarretar em custos desnecessários, são eles: realizar
dispêndios em projetos que não irão deslanchar e o custo de oportunidade por não
lançar no momento certo aqueles projetos que trariam o melhor resultado.
Almeida et al. (2003) destacam a análise multicritério ou AMD (Apoio
Multicritério à Decisão) como uma importante ferramenta de geração de modelos de
avaliação que inclusive já foram aplicadas nas áreas de petróleo e gás para
resolução de problemas conflitantes.
Todavia, PMI (2006) destaca que um processo de estruturação de portfólio é
amplo e abrange várias atividades, entre elas: identificação, categorização,
avaliação, seleção, priorização, balanceamento, autorização de gastos,
monitoramento e controle para um conjunto de projetos.
A Figura 4 mostra uma visão integrada desse processo com o planejamento
estratégico e fatores determinantes.
Segundo o modelo proposto o processo de gestão do portfólio desdobra-se
em duas etapas, a primeira corresponde ao grupo de atividades de alinhamento, o
que corresponde a determinação de como os elementos (projetos/ programas) serão
categorizados, avaliados e selecionados na gestão do portfólio.
28
A segunda etapa corresponde ao conjunto de monitoramento e controle, onde
os indicadores de desempenho são revisados freqüentemente a fim de manter
alinhamento com os objetivos estratégicos.
Cada atividade abordada dentro das etapas destacadas tem uma finalidade
distinta, portanto faz se necessário um aprofundamento em cada uma delas para um
conhecimento consistente do processo.
Figura 4: Processo da gestão do portfólio. Fonte: PMI (2006).
3.2 Etapa de identificação
Segundo PMI (2006), a etapa de identificação tem como principal objetivo
elaborar uma lista atualizada com informações suficientes sobre componentes
existentes e novos componentes que serão administrados através da gestão de
portfólio.
Archibald (2005) acrescenta que desde essa fase devem ser determinados
quais os potenciais projetos passíveis de investimento e execução pela organização.
Além disso, na ótica do PMI (2006) a fase de identificação apresenta um
conjunto de atividades que abrange:
- Comparação entre os componentes atuais e a proposta de novos componentes
com uma definição pré-determinada dos componentes e descrição de atividades-
chave relacionadas;
29
- Rejeição de componentes que não estejam alinhados com a definição pré-
determinada;
- Classificação dos componentes identificados em classes pré-definidas, tais como:
projeto, programa, portfólio e outras atividades.
3.3 Etapa de categorização
A categorização, segundo Archibald (2005) representa uma atividade que visa
identificar um conjunto de itens com características ou propriedades similares.
Conforme PMI (2006), o agrupamento dos projetos em relevantes grupos de
negócios permite um cenário comum de critérios e decisões que poderão ser
utilizadas para avaliar, selecionar, priorizar e balancear os projetos no processo de
gestão do portfólio.
As categorias são definidas com base no plano estratégico e os componentes
em um dado grupo devem apresentar objetivo comum e podem ser avaliados na
mesma base.
Entretanto, Fern (2004) defende que para um sistema de categorização ser
útil, ele deve abranger os seguintes pontos:
- Fornecer uma categoria adequada para qualquer projeto que se pode encontrar;
- Permitir um desdobramento dentro de cada categoria;
- Possibilitar uma diferenciação prática entre projetos de uma categoria e todas as
demais categorias;
- Ser transparente e compreensível;
Dessa forma, segundo o PMI (2006) a fase de categorização apresenta um
conjunto de atividades que abrange:
- Identificação de categorias estratégicas apoiadas no planejamento estratégico;
- Comparação de componentes identificados por critérios de categorização;
- Agrupamento de cada componente em uma única categoria;
3.4 Etapa de avaliação
Segundo PMI (2006), a etapa de avaliação corresponde ao levantamento de
informações pertinentes que serão utilizadas para avaliar e comparar componentes
no sentido de facilitar o processo de seleção. As informações são qualitativas ou
30
quantitativas e podem ser obtidas em várias fontes na organização. Inclusive os
dados obtidos devem ser processados até se obter um nível satisfatório de
acuracidade.
São Paulo (2005) destaca que o processo de avaliação deve acontecer
constantemente durante todo o ciclo de vida de um projeto e isso engloba
verificação dos resultados frente aos objetivos e metas estabelecidos para esse
componente.
O PMI (2006) acrescenta que essa etapa de avaliação apresenta um conjunto
de atividades que abrange:
- Avaliação dos componentes com base em um modelo de desempenho que
considere o peso de critérios-chave;
- Produzir uma representação gráfica a fim de facilitar a tomada de decisão no
processo de seleção;
- Fazer recomendações para apoiar o processo de seleção.
3.5 Etapa de seleção
Cooper et al. (1999) relatam a importância do uso de métodos para seleção
dos projetos e consideram que sem um método formal de seleção, as decisões
podem não ser baseadas em fatos e critérios objetivos, mas em política, opiniões e
emoções ocasionando a execução de muitos projetos com poucos recursos e
conseqüentemente as falhas destes.
Segundo PMI (2006), a etapa de seleção deve produzir uma lista com o valor
de cada componente que será apreciado na fase seguinte (priorização) com base
em critérios de seleção da organização e as recomendações do processo de
avaliação.
Cooper et al. (2001) consideram que vários critérios devem ser requeridos
para selecionar projetos e recomendam para isto a utilização de um modelo de
pontuação (scoring model) com o qual será elaborada uma lista de critérios com
diferentes pesos e diferentes graus de importância.
Estes critérios podem ser usados para construir os objetivos desejados como
uma ferramenta imprescindível no processo de seleção de portfólio e nas tomadas
de decisões de continuar/finalizar projetos.
31
3.6 Etapa de priorização
Segundo PMI (2006), o principal objetivo da etapa de priorização é ordenar os
componentes por categoria estratégica (redução de custos, inovação, operação e
manutenção), apresentar uma visão temporal de investimento (curto, médio e longo
prazo), perfil da relação risco e retorno e foco organizacional (clientes, fornecedores
ou interno) conforme critérios estabelecidos.
Essa fase abrange as seguintes atividades:
- Confirmar a classificação dos componentes, conforme categorias estratégicas pré-
determinadas.
- Atribuir desempenho ou critério de pesos para os componentes ordenados.
- Determinar os componentes com alta prioridade dentro do portfólio.
Oliveira (2005) relata que a concorrência de projetos pode ser negativa para a
organização tendo em vista que o excesso de atividades pode gerar o chamado Bad
Multitasking ou mal compartilhamento de tarefas que ocorre quando a capacidade
operacional, administrativa e/ou de infra-estrutura é suplantada.
Muitas vezes são tantos os projetos iniciados que uns acabam atrapalhando
os outros sendo imprescindível estabelecer um processo de priorização dos projetos
que compõem o portfólio.
3.7 Etapa de balanceamento do portfólio
Segundo PMI (2006), o principal objetivo dessa etapa é fazer uma
combinação dos componentes do portfólio com o maior potencial coletivo para
suportar as iniciativas estratégicas e alcançar os objetivos estratégicos. O
balanceamento da carteira de projetos deve suportar os principais benefícios do
portfólio, isto é, capacidade de planejar e alocar recursos (humanos, financeiros e
bens físicos) alinhados com a direção estratégica e capacidade de maximizar o
retorno frente a um desejável nível de risco.
Oliveira (2005) considera que alguns paradoxos devem ser discutidos e
resolvidos durante o processo de balanceamento de projetos tais como:
- Projetos para desenvolvimento de novos produtos X projetos com foco na
produção;
32
- Projetos de curto prazo X projetos de longo prazo;
- Projetos que se aproveitam de novas oportunidades X projetos com riscos
menores;
Oliveira (2005) também sinaliza que algumas decisões, embora difíceis,
devem ser tomadas para que o portfólio de projetos seja corretamente balanceado.
Dentre estas decisões encontra-se a decisão sobre em quais projetos serão
alocados os ativos mais importantes ou ainda onde utilizar os recursos de maior
valor estratégico para organização.
O PMI (2006) detalha que a atividade do balanceamento implica na revisão
de componentes selecionados e priorizados. Isto pode envolver:
- Adição de novos componentes que foram selecionados e priorizados por
autorização.
- Identificação de componentes que não foram autorizados conforme revisão de
processo.
- Eliminação de componentes suspensos, repriorizados ou finalizados baseado na
revisão de processo.
Em pesquisa realizada por Cooper et al. (2001), constatou-se que empresas
com bons resultados, possuem um portfólio balanceado, alinhado com a estratégia
de alto valor, com número correto de projetos e bom tempo de implantação.
Possuem ainda método padronizado de avaliação dos projetos e contam com
o apoio da alta gerência.
3.8 Etapa de autorização
Segundo o PMI (2006), o principal foco dessa etapa é formalizar a alocação
financeira e dos recursos humanos requeridos para desenvolver os planos de
negócios ou a execução de componentes selecionados, além da comunicação
formal do processo decisório de balanceamento do portfólio.
Isto abrange as seguintes atividades:
- Comunicação das decisões de balanceamento aos stakeholders abrangendo
componentes incluídos ou não no portfólio.
33
- Autorização dos componentes selecionados e inativação ou descontinuação de
outros componentes do portfólio.
- Realocação orçamentária e de outros recursos devido a descontinuação de
componentes.
- Alocação financeira e dos recursos humanos para executar componentes
selecionados do portfólio.
- Comunicação dos resultados esperados, incluindo ciclos de revisão, linha do
tempo com métricas de desempenho e entregas requeridas para cada componente
selecionado.
3.9 Etapa de monitoramento e controle
Comunicação e revisão do portfólio
Segundo o PMI (2006), o principal objetivo dessa fase é concatenar
indicadores de desempenho, fornecer comunicação sobre eles e promover a revisão
do portfólio em uma freqüência pré-determinada a fim de assegurar alinhamento
com a estratégia organizacional e eficiente utilização dos recursos.
Esses ciclos de revisão são executados em uma periodicidade especificada
pela organização e cada ciclo pode conter diferentes focos e distintas profundidades
de análise.
Em última instância a finalidade das revisões é assegurar que o portfólio
contenha apenas componentes que contribuam para o alcance dos objetivos
estratégicos, isso envolve atividades de adicionar, repriorizar e excluir componentes
verificando-se o desempenho e alinhamento desses com a estratégia estabelecida a
fim de proporcionar uma eficaz gestão do portfólio.
Esse processo inclui as seguintes atividades:
- Verificar patrocínio, prestação de contas e apropriação de componentes em
relação aos padrões de governança organizacional.
- Avaliar componentes prioritários, dependências, escopo, retorno esperado, nível de
risco e desempenho financeiro conforme critérios de controle do portfólio e
investimento, além do valor percebido pela organização.
- Verificar impacto esperado das previsões de negócios, utilização de recursos e
restrições de capacidade sobre o desempenho do portfólio.
34
- Determinar a continuidade, a adição ou descontinuação de componentes para
repriorizá-los e alinhá-los aos objetivos estratégicos.
- Propor mudanças na forma como o portfólio é gerido (se necessário);
A Figura 5 apresenta a relação entre planejamento estratégico, gestão de
portfólio, operações e gestão de projetos/programas em um processo de fluxo
integrado.
Mudança de estratégia
Conforme o PMI (2006), o principal objetivo dessa fase é proporcionar que a
gestão de portfólio reaja às mudanças estratégicas. Mudanças sutis no plano
estratégico freqüentemente não demandam alterações no portfólio, por outro lado,
mudanças representativas determinam um novo direcionamento que
conseqüentemente impactará o portfólio.
Planejamento Estratégico
Operações Gestão de Portfólio
Gestão de Programas e
Projetos
Rever desempenho dos Programas e
Projetos
Identificação, categorização,
avaliação, seleção, priorização,
balanceamento e autorização dos componentes do
Portfólio
Rever desempenho do Portfólio
Visão, missão e plano estratégico
Objetivos Estratégicos
Gestão dos processos de Programas/Projetos
Entrega dos Programas/Projetos
para operação
Requisitos projetos e programas
Figura 5: Esquema do processo de comunicação e revisão. Fonte: Adaptado de PMI (2006).
35
CAPÍTULO 4
MELHORES PRÁTICAS DE IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS
4.1 Relevância do planejamento
Conforme Neto (2008) planejar significa definir e refinar os objetivos, além de
estabelecer o melhor caminho para alcançá-los.
Figueiredo (2009) destaca que é preponderante para avaliar um projeto de
negócios antecipar seus resultados e considerá-los conforme potenciais alterações
de cenários.
Silva Filho et al. (2009) reforçam que sem haver sinergia entre os diversos
departamentos de uma organização, o planejamento pode não atender aos
objetivos estratégicos desejados.
Frezzatti (2000) alerta que o planejamento só se realiza quando
acompanhado, monitorado e sobre tudo controlado.
Araújo e Moura (2010) destacam que o gerenciamento de projetos apresenta
na atualidade uma tendência de dedicar cada vez mais tempo ao planejando em
relação ao tempo de execução, além disso, o tempo dedicado ao planejamento
acaba se mostrando um ganho.
Segundo o PMI (2009), um projeto é algo novo que demanda maior
planejamento do que um trabalho rotineiro, dessa maneira, a gestão de projetos
36
representa a aplicação de ferramentas e técnicas, habilidades e conhecimentos às
tarefas do projeto a fim de alcançar seus requisitos.
Essa gestão realiza-se através de 5 grupos de processo: iniciação,
planejamento, execução, monitoramento e controle e encerramento, o que abrange:
- Identificação de requisitos;
- Adequações em relação às expectativas dos stakeholders à medida que o projeto
é planejado e desenvolvido;
- Balanceamento de restrições (escopo, qualidade, cronograma, orçamento,
recursos e riscos;
PMI (2009) destaca que a relação entre esses fatores ocorre de maneira tão
interligada que alterações em um implicam em conseqüências em outros. Por
exemplo, um projeto que tem seu prazo reduzido, provavelmente precisará aumentar
seu orçamento, visando à contratação de mais recursos, para concluir o projeto em
menor prazo.
O ciclo de vida de um projeto independe de seu tamanho e complexidade, por
isso, qualquer projeto apresenta as seguintes fases:
- Início;
- Organização e preparação;
- Execução do trabalho;
- Encerramento;
Esse detalhamento pode ser observado na Figura 6, abaixo:
Figura 6: Ciclo de vida de um projeto. Fonte: PMI (2009).
37
Entretanto, características relevantes desse ciclo devem ser levadas em
consideração:
- Nível de custo e pessoal é baixo no início e cresce à medida que o projeto
amadurece, chegando ao topo na execução até reduzir abruptamente na fase de
encerramento;
- As partes interessadas e as incertezas apresentam maior influência na fase inicial
e tendem a declinar na medida em que o projeto amadurece;
- A capacidade de efetuar mudanças nas características do produto final sem
impactar os custos é observada na fase inicial, entretanto, a medida em que o
projeto amadurece, elas se tornam extremamente onerosas;
Detalhes dessa relação podem ser observados na Figura 7.
PMI (2009) ressalta que a equipe de um projeto bem sucedido deve
perseguir os seguintes pontos:
- Seleção dos processos adequados para alcançar os objetivos almejados;
- Utilização de uma abordagem definitiva para atender os requisitos;
- Cumprimento dos requisitos para atender as expectativas dos stakeholders;
- Obtenção de equilíbrio das demandas correntes de escopo, tempo, custo,
qualidade, recursos e riscos para obter o produto ou serviço determinado;
Figura 7: Impacto das variáveis conforme evolução do projeto. Fonte: PMI (2009).
38
4.2 Fatores relevantes relacionados ao escopo
Segundo o PMI (2009), gerenciar o escopo de um projeto significa definir os
processos que suportarão todo trabalho necessário, somente o necessário, para que
o projeto obtenha êxito. Isso abrange:
- Coletar requisitos;
- Estabelecer o escopo do projeto;
- Criar uma estrutura analítica do projeto;
- Verificar e controlar o escopo;
Pinna e Carvalho (2008) destacam que a adoção de métodos e ferramentas
de planejamento desde as fases iniciais de um projeto podem contribuir para
redução de riscos e incertezas quanto à definição de escopo e requisitos para o
desenvolvimento de projetos.
Araújo e Moura (2010) ressaltam que os principais pontos para adequada
gestão do escopo do projeto, envolvem:
- Administração da relação com os stakeholders (incluindo: identificação, percepção
das expectativas e interação);
- Comunicação clara e periódica para todos os envolvidos com o projeto
(abrangendo: posição atual, desempenho e mudanças relevantes no projeto);
- Formalização dos requisitos identificados, tendo como principais objetivos: criar
uma visão clara da abrangência do projeto e de suas entregas;
Matheus (2002) identificou em sua pesquisa um conjunto de fatores
relevantes que não podem ser negligenciados na estruturação e efetivo controle de
projetos, entre eles destacam-se:
- Definição consistente dos objetivos e metas almejados pelo projeto;
- Estruturação de um planejamento detalhado, visando posterior comparação
com os resultados obtidos;
- Determinação de pontos de verificação (marcos) no projeto para guiar o controle;
- Avaliação preventiva da probabilidade de ocorrência de riscos e impactos
relacionados para direcionar o alvo do controle;
- Definição de metodologias e ferramentas utilizadas para controlar as diferentes
dimensões do projeto (escopo, custo, qualidade, tempo, etc.)
39
- Determinação de indicadores de desempenho apoiados nas 4 perspectivas
propostas pelo Balanced Scorecard (operacional, financeira, do cliente e de
aprendizado e inovação);
- Execução da atividade de controle durante toda a vida útil do projeto;
- Determinação de atribuições e responsabilidades, permitindo maior agilidade ao
processo decisório e ao controle dos resultados;
Além disso, um fator fundamental para estruturação de um projeto é a
elaboração progressiva. Essa técnica enfoca na melhoria continua de estimativas
mais exatas conforme amadurecimento do projeto (PMI, 2009).
4.3 Fatores relevantes relacionados ao tempo
Conforme PMI (2009) a gestão do prazo de implantação foca nos processos
que proporcionarão o término do projeto no prazo correto, isto envolve:
- Definição e seqüenciamento de atividades;
- Previsão de recursos;
- Previsão das durações das atividades;
- Estruturação e controle de um cronograma;
Muniz e Almeida (2006) destacam que a gestão do tempo de projeto não é
uma atividade simples, pois, muitos projetos são implantados com atraso. Entretanto
é possível reduzir a incerteza na estimativa de tarefas na medida em que se adotam
métodos e ferramentas adequadas para executar essa atividade.
Barbi (2010) ressalta que um dos principais pontos que deve ser levado em
consideração na elaboração de estimativa do tempo de execução de uma atividade
é o envolvimento direto dos profissionais escalados para executar as tarefas, pois,
eles são quem mais sabem sobre o tempo necessário e quando envolvidos no
processo acabam se comprometendo com o prazo de execução.
Acrescenta ainda que as tarefas possuem três propriedades extremamente
importantes: duração, interdependência e responsável. A duração corresponde ao
intervalo compreendido entre o início e o fim da tarefa, a interdependência determina
a ordem de prioridade de execução e o responsável direciona a atribuição ou o
papel de cada um no projeto.
40
Segue exemplo de cronograma na Figura 8.
Silveira (2006) ressalta que a utilização de técnicas adequadas, tais como:
re-alocação de recursos e análise do caminho crítico permitem ao gestor corrigir
desvios, o que possibilita reduzir atrasos na implantação do projeto.
Romero et al.(2009) destacam que um dos pontos fundamentais para
alcance das metas na implantação de um projeto é o controle do cronograma, pois,
através dessa tarefa é possível um melhor gerenciamento do tempo de execução de
cada atividade.
4.4 Fatores relevantes relacionados ao custo
Conforme PMI (2009) a gestão dos custos de um projeto abrange os
processos de planejamento, estimativa e determinação do orçamento e controle dos
custos de maneira que o projeto seja concluído dentro dos custos aprovados. Isto
inclui:
- Estimar os custos (prever os recursos monetários para finalizar o projeto);
- Determinar o orçamento (agregar os custos à cada atividade/ pacotes de trabalho
para definir uma linha de base autorizada dos custos);
- Controlar os custos (monitorar o andamento do projeto para atualizar o orçamento
e gerenciar mudanças na linha base de custos);
Figura 8: Exemplo de um cronograma de projeto. Fonte: Barbi (2010).
41
Segundo Hilarião et al. (2009), a avaliação financeira é provavelmente a
etapa mais relevante de um projeto, pois, é a partir dela que se verifica a viabilidade
ou não do mesmo.
Nesse contexto, o principal objetivo da análise financeira é utilizar as
previsões do cash-flow (fluxo de caixa) do projeto para calcular a taxa de
rentabilidade, o tempo de retorno (Payback), valor presente líquido (VPL) e a taxa
interna de retorno (TIR) e dessa maneira verificar a real viabilidade do projeto.
Conforme Barbosa Neto et al. (2009), o controle do fluxo de caixa é
fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento e ele não diz respeito a
lucro, mas a quantidade de dinheiro que entra e saí em um determinado período de
tempo (mês ou semana). A principal finalidade dessa tarefa é garantir quantidade de
dinheiro suficiente para saldar os compromissos nos prazos estipulados sem
recorrer a empréstimos.
Silveira (2006) destaca que a adoção de uma técnica padronizada de análise
de desempenho do tipo EVA (Earned Value Analisys) permite ao gestor do projeto
identificar antecipadamente potenciais áreas de estouro do orçamento e dessa
forma tomar as ações corretivas a tempo.
Barbi (2010) alerta que um dos principais motivos de estouro do orçamento
está relacionado à alteração do escopo do projeto. O risco mais comum a ser
evitado é o que ele relacionou como “scope creep”, isto é, quando o escopo vai
sendo incrementado à medida que o cliente ou o principal interessado vai
entendendo suas necessidades e re-estruturando seus objetivos.
Essa questão é tão importante que não dá para iniciar um projeto sem tomar
as devidas precauções. O primeiro cuidado é negociar como as alterações serão
precificadas: fixa ou variável. Caso seja fixa, o risco das alterações ficará a cargo do
gerente do projeto, se for variável, o cliente ou o principal interessado assume os
custos extras.
4.5 Fatores relevantes relacionados aos recursos hu manos
Segundo PMI (2009) o gerenciamento dos recursos humanos de um projeto
abrange os processos de organização e gestão da equipe, isto se relaciona a
definição dos membros, papéis e responsabilidades que visam à conclusão do
projeto.
42
Em uma visão geral, isto compreende:
- Desenvolver o plano de recursos humanos (identificação dos profissionais,
habilidades requeridas, responsabilidades, documentação de funções e
hierarquia);
- Mobilizar a equipe do projeto (confirmar a disponibilidade e estrutura da equipe);
- Desenvolver a equipe (melhoria das competências e do ambiente da equipe em
prol de melhor desempenho do projeto);
- Gerenciar a equipe do projeto (acompanhar o desempenho dos componentes da
equipe, fornecer feedback e gerir mudanças);
Silveira (2006) destaca importantes pontos em relação à gestão de pessoal,
entre eles:
- Adequada alocação dos profissionais (profissionais devem ser alocados em função
de prioridades estratégicas da organização ao invés de áreas específicas);
- Definição clara de papéis (evita ambigüidades, minimiza os conflitos e auxilia na
seleção e desenvolvimento da equipe);
- Plano de comunicação (é um fator crítico de sucesso para o projeto, pois, contribui
para redução de maus entendimentos, redução de retrabalhos e apóia na
administração de expectativas dos envolvidos no projeto);
Barbi (2010) acrescenta outros pontos extremamente relevantes ao tema que
não devem ser desconsiderados, são eles:
- Conhecimento dos membros da equipe (pessoas têm interesses distintos,
conhecer a equipe permitirá ao gestor verificar se o interesse do componente está
alinhado ao objetivo do projeto, caso contrário, esse componente poderá prejudicar
o andamento do projeto não apenas pelo seu desempenho, mas também pela sua
influência em outros componentes);
- Formação de uma equipe heterogênea (é importante estruturar uma equipe com
competência diversificada e com experiência nas áreas de atuação do projeto, pois
isso contribuirá de maneira fundamental para o sucesso do projeto);
- Nunca resolver nada sozinho (envolver os profissionais escalados para executar as
tarefas proporciona engajamento e comprometimento em prol dos objetivos do
projeto e distribui responsabilidades);
43
4.6 Fatores relevantes relacionados aos riscos
Segundo o PMI (2009), o risco representa uma condição insegura que caso
aconteça pode impactar positivamente ou negativamente algum objetivo do projeto
como tempo, custo, escopo e qualidade.
Conforme Pritchard (2001), os riscos são proporcionais a complexidade do
projeto e o correto gerenciamento dos riscos em projetos impulsiona a organização a
despender esforços a fim de eliminar potenciais riscos negativos dos projetos, além
de aproveitar as oportunidades geradas por riscos positivos.
Nessa direção, Wrona (2008) reforça que um processo consistente de
gerenciamento de riscos associado a boas práticas de gestão de projetos pode
contribuir significativamente para uma redução drástica dos problemas de um
projeto.
O PMI (2009) destaca seis etapas para o processo de gestão de riscos em
projetos: planejamento da gestão dos riscos, identificação dos riscos, análise
quantitativa e qualitativa dos riscos, planejamento de respostas a riscos,
monitoramento e controle de riscos.
Planejamento do gerenciamento de riscos
O plano de gerência de riscos em projetos deve ser feito no início do projeto,
e é definido pelo PMI (2009) como a atividade de decidir a abordagem e o
planejamento das ações de gerenciamento de riscos para um projeto.
Esse plano considera como input fatores ambientais da empresa, ativos dos
processos organizacionais, declaração do escopo do projeto e o plano de
gerenciamento do projeto.
A principal ferramenta utilizada na elaboração do plano é a reunião de
planejamento com as partes envolvidas no projeto.
O plano de gerenciamento de riscos inclui as metodologias que serão usadas
para gerenciar o risco do projeto, a distribuição de papéis e responsabilidades, o
orçamento, o tempo (com que freqüência o processo de gerência de risco será
realizado), a categorização de riscos e as definições de probabilidade e impacto de
riscos.
A definição das categorias de riscos pode ser feita por meio de uma estrutura
analítica dos riscos (EAR) que lista as categorias e subcategorias nas quais os
riscos podem surgir em um projeto típico.
44
Identificação de riscos
Conforme o PMI (2009) a identificação dos riscos envolve determinar quais
riscos podem afetar o projeto e documentar as suas características.
Segundo Kerzner (1998) o primeiro passo para a identificação dos riscos é
detectar as áreas potenciais de falha, e que a eficácia desta identificação resultará
na eficiência do gerenciamento de risco.
Pritchard (2001) afirma que nem todo risco identificado precisa ser
gerenciado. A decisão de qual risco gerenciar e como agir requer análise cuidadosa.
As técnicas e ferramentas mais empregadas nessa etapa são: revisões da
documentação, técnicas de obtenção de informações (sessões de brainstorm,
técnica Delphi, entrevistas, identificação da causa-raiz e matriz SWOT), checklists,
análise de hipóteses, técnicas de diagramação (diagramas de causa e efeito,
fluxogramas de sistemas e diagramas de influência).
Análise qualitativa de riscos
Segundo Carvalho et al. (2006), esta etapa tem como principal objetivo
priorizar os riscos do projeto de acordo com avaliação conjunta da probabilidade de
ocorrência e suas conseqüências nos objetivos do projeto.
Esta fase tem como ferramentas a avaliação de probabilidade de risco e
impacto, a matriz de classificação da probabilidade impacto/risco, avaliação da
qualidade dos dados sobre riscos, a categorização de riscos e a avaliação da
urgência do risco.
A matriz de probabilidade constitui uma forma de determinar se um risco é
considerado baixo, moderado ou alto através da combinação dos dois aspectos de
um risco: sua probabilidade de ocorrência e seu impacto nos objetivos, caso ele
venha acontecer. A Figura 9 ilustra uma matriz de probabilidade e impacto.
Figura 9: Matriz de probabilidade e impacto. Fonte: PMI (2009).
45
Na Figura 9, o tom cinza mais escuro mostra áreas onde o risco deve ser
priorizado, por se tratar de uma forte ameaça contra os objetivos do projeto ou ser
uma oportunidade que deve ser aproveitada.
Os dados obtidos na análise qualitativa devem ser exatos e imparciais para
serem confiáveis.
Análise quantitativa de riscos
É definida pelo PMI (2009) como a análise numérica do efeito dos riscos
identificados nos objetivos gerais do projeto.
Geralmente, esta análise é realizada nos riscos que foram priorizados pela
análise qualitativa, contudo, em algumas situações é executada diretamente após a
identificação dos riscos.
Kerzner (1998) já advertiu que um das tarefas mais importante para
identificação dos riscos é detectar as potenciais áreas de falhas e que a eficácia
desta atividade resultará na eficiência do gerenciamento de risco.
Na visão do pesquisador o objetivo final da gestão de riscos é evitar que
falhas impactem os objetivos do projeto, tais como: tempo, escopo e qualidade.
O processo de análise quantitativa de riscos utiliza técnicas de representação,
coleta de dados e entrevistas que são usadas para quantificar a probabilidade e o
impacto dos riscos nos objetivos do projeto.
Além disso, utiliza-se distribuições de probabilidades para representar a
incerteza de valores como duração de atividades do cronograma e custos dos
componentes do projeto.
A análise quantitativa em si, utiliza como técnicas de modelagem a análise de
sensibilidade, análise de valor monetário esperado (VME), análise da árvore de
decisão e simulação (na maioria dos casos, a Monte Carlo).
Planejamento de resposta a riscos
Conforme o PMI (2009), o planejamento de resposta ao risco é o processo de
desenvolvimento de opções e determinação das ações para melhorar oportunidades
e reduzir ameaças para os objetivos do projeto. Para cada risco deve ser
selecionada a estratégia ou conjunto de estratégias com maior probabilidade de
eficácia.
As estratégias para riscos negativos ou ameaças abrangem a prevenção, a
transferência e a mitigação.
46
A prevenção envolve mudanças no plano de gerenciamento do projeto. A
transferência exige a passagem do impacto negativo de uma ameaça para terceiros,
bem como a propriedade de resposta.
Já a mitigação requer a redução da probabilidade e/ou impacto de um evento
de risco adverso até um limite aceitável.
Para os riscos positivos ou oportunidades são sugeridas também três
respostas: explorar, compartilhar ou melhorar.
A exploração tenta eliminar a incerteza associada a um risco positivo
específico fazendo com que a oportunidade definitivamente aconteça.
O compartilhamento envolve a atribuição da propriedade a terceiros para que
capturem a oportunidade em benefício do projeto.
O melhoramento tem como objetivo modificar o tamanho de uma
oportunidade.
Uma estratégia usada tanto para ameaças quanto para oportunidades é a
aceitação. Esta é adotada quando a equipe do projeto decide não mudar o plano de
gerenciamento do projeto para tratar do risco ou quando não consegue identificar
outra estratégia de resposta adequada.
Por fim, as estratégias para respostas com contingências são projetadas para
uso somente se determinados eventos ocorrerem.
Monitoramento e controle dos riscos
É um trabalho contínuo definido por Carvalho et al. (2006) como o ato de
rastrear, monitorar, identificar novos riscos e executar os planos de resposta aos
riscos e avaliar sua eficácia no ciclo de vida do projeto.
As técnicas utilizadas nessa fase incluem: reavaliação de riscos, auditoria de
riscos, análise das tendências e da variação, medição do desempenho técnico,
análise de reservas e reuniões de andamento.
O monitoramento e controle de riscos geram atualizações nos registros de
riscos, mudanças no plano de gerenciamento do projeto do projeto e
recomendações de ações corretivas ou preventivas.
A Figura 10 fornece uma visão integrada do fluxo do processo de
gerenciamento de riscos.
Nessa figura é possível observar que o processo inicia desde a definição do
escopo do projeto, juntamente, com um levantamento dos fatores ambientais e
ativos de processo da organização, acompanhando toda a fase de desenvolvimento
47
através do controle integrado de mudanças e apenas finalizando no encerramento
do projeto.
Figura 10: Fluxograma de processo do gerenciamento do risco. Fonte: Adaptado de PMI (2009).
48
CAPÍTULO 5
METODOLOGIA DA PESQUISA
5.1 Introdução
A fim de atender ao objetivo proposto na pesquisa foi realizado um estudo de
caso incorporado, ou seja, utilizou-se uma unidade múltipla de análise (projetos)
para se efetuar inferência em uma organização petrolífera de Exploração e
Produção (E&P).
Segundo Yin (2005) uma das vantagens de se adotar essa metodologia é que
ela permite à pesquisa conservar as características holísticas e mais relevantes de
eventos da vida real.
Nesse contexto, os instrumentos de pesquisa utilizados para a realização do
trabalho foram os seguintes: avaliação quantitativa das informações dos projetos,
aplicação de questionário e entrevista semi-estruturada.
A etapa de avaliação quantitativa diz respeito a identificar e confrontar as
informações de planejamento e realização dos projetos implantados que foram
acompanhados na rotina de monitoramento no período de JUL/2008 à DEZ/2009, ou
seja, um período de 18 meses na organização pesquisada.
O principal objetivo dessa etapa foi verificar o comportamento dos projetos
frente a variáveis fundamentais de desempenho (VFD), tais como: investimento,
prazo de implantação, produção, custo operacional e VPL (Valor Presente Líquido).
49
A aplicação do questionário teve como principal objetivo captar a influência de
cada uma das variáveis individualmente na ótica dos gestores de projetos da
organização.
Já a etapa final visou identificar as características dos melhores projetos
através de uma entrevista semi-estruturada com os gestores.
5.2 Desdobramento da pesquisa
Na etapa da avaliação quantitativa, a análise integrada das variáveis:
investimento, prazo de implantação, produção, custo operacional e VPL, permitiu
diferenciar os projetos e identificar aqueles que apresentaram o melhor desempenho
dentro do grupo de projetos observados.
O principal fundamento para seleção da variável investimento é que a partir
dela é possível verificar se o orçamento previsto foi atendido, se a equipe de projeto
está contribuindo para um melhor desempenho financeiro da organização e de um
menor endividamento. O objetivo é manter um fluxo de caixa equilibrado que esteja
alinhado com as possibilidades de desembolso da organização.
O prazo de implantação representa a capacidade da organização em se
articular com os diversos atores, tais como: fornecedores, parceiros, órgãos
ambientais, etc. a fim de alcançar um objetivo almejado.
A implantação de um projeto na data prevista significa acréscimo de valor ao
negócio, principalmente, pelo fato de que uma oportunidade que demandou recursos
significativos durante alguns anos (período de planejamento e execução) passa a
gerar receita.
Além disso, o cumprimento do prazo de implantação também representa a
capacidade da organização em produzir resultados, o que também implica em
incremento da credibilidade e de uma imagem positiva no mercado.
A produção, por sua vez, representa o desdobramento da estratégia nos
projetos, isto é, quanto maior a contribuição da produção de óleo e/ou gás de um
projeto, maior será o grau em que a organização consegue materializar sua
estratégia, o que implica em cumprimento de sua missão, metas e objetivos.
A variável custo operacional foi selecionada por representar um importante
elemento na margem de retorno de um projeto. Custos adequados à realidade de
mercado evidenciam boas práticas de gestão e controle da organização, enquanto,
50
projetos que apresentam custos crescentes refletem fragilidade de controle e gestão
que poderão impactar o desempenho da organização.
Por fim, foi selecionada a variável VPL que representa diretamente o
desempenho financeiro de um projeto, levando-se em consideração os recursos
necessários para implantar um dado projeto (investimento), os recursos para sua
manutenção (custos operacionais) e principalmente seus benefícios que nesse caso
são representadas pela receita de produção de óleo e gás.
Implantar projetos com VPL Positivo significa agregar valor ao negócio,
enquanto por outro lado, projetos com VPL Negativo subtraem o valor do negócio.
Segue abaixo no Quadro 2, uma breve definição e método de medição para
cada uma das variáveis apreciadas na pesquisa.
Variável Definição Medição
Investimento
Representa o montante de
recursos financeiros para
implantar um projeto
Montante financeiro em US$
(Quanto menor melhor)
Prazo Representa o tempo estimado
para concluir um projeto
Nº de meses
(Quanto menor melhor)
Produção
Representa o benefício
esperado, em termos físicos,
com a implantação de um
projeto
Barril de óleo equivalente (boe)
(Quanto maior melhor)
Custo operacional unitário
Representa as despesas de
produção por barril para um
projeto implantado
US$ / boe
(Quanto menor melhor)
VPL
Representa o fluxo de caixa
descontado a valor presente do
projeto
Montante financeiro em US$
(Quanto maior melhor)
A etapa seguinte destinou-se a verificar a relevância de cada uma das variáveis fundamentais de desempenho sobre o resultado do projeto.
Dessa forma foi aplicado um questionário de pesquisa com um grupo de
profissionais envolvidos com a atividade de gerenciamento de projetos para que eles
classificassem em ordem de importância cada uma das variáreis.
Por exemplo, caso a variável fosse de extrema relevância a nota assimilada
era 5, por outro lado, se a variável tinha uma baixa relevância a nota assimilada era
1.
Quadro 2: Detalhamento das variáveis fundamentais de desempenho (VFD). Fonte: Autor.
51
Após aplicação dos questionários, os dados foram consolidados e calculou-se
a média ponderada do conjunto com o intuito de estimar o impacto de cada uma
dessas variáveis (investimento, prazo de implantação, produção, custo operacional e
VPL) sob o desempenho de um projeto, obtendo-se pesos específicos por variável.
Na seqüência efetuou-se um cruzamento desses pesos com o valor da
variação das variáveis fundamentais de desempenho obtidas diretamente dos
projetos.
O principal objetivo foi obter um indicador global de variação do projeto, o
resultado dessa etapa foi uma lista com a ordenação dos projetos em ordem
decrescente, ou seja, do melhor desempenho para o de pior desempenho.
No final, após selecionar os melhores projetos foi aplicada uma entrevista
semi-estruturada com membros da equipe gestora desses projetos apoiada,
principalmente, em dois pilares: gestão de portfólio e as melhores práticas de
projetos.
Triviños (1987) reforça que a entrevista semi-estruturada é uma ferramenta
fundamental para estudar os processos e produtos com uma abordagem qualitativa.
O objetivo final foi verificar características inerentes aos melhores projetos
implantados que podem ser consideradas, desde a etapa de planejamento, isto é,
elementos críticos no processo de gestão de portfólio.
A fim de melhor representar a proposta da pesquisa segue um esquema na
Figura 11 e um fluxograma na Figura 12 que facilitará o entendimento.
Figura 11: Portfólio de projetos – planejamento x realização. Fonte: Autor.
Projetos Postergados ou Descontinuado
D
B
C
A
E
Projetos Priorizados
D
B
C
Visão Pré-Implantação (Planejamento)
Projetos Implantados
Visão Pós-Implantação (Realização)
Período: 1 – 4 anos Quais os melhores projetos?
Quais as principais
características?
Características relevantes podem ser identificadas
no início?
52
As figuras destacadas acima permitem uma ampla visualização da
abrangência e etapas da pesquisa. Na Figura 11 é possível observar uma
abordagem temporal do portfólio, isto é, informações de previsão versus a
realização, além das principais questões de pesquisa.
Além disso, na Figura 12 é possível identificar cada fase da pesquisa, bem
como, cada atividade associada a sua execução, abrangendo desde a etapa inicial
até a conclusão.
Verificar relevância das VFD
Ordenar os projetos em função
do desempenho
Avaliar desempenho dos projetos à luz das
VFD
Entrevistar gestores dos
melhores projetos
Verificar características
similares desempenho
Analisar possibilidade de identificação das características na
fase de planejamento
Aplicação de questionário fechado (1)
Coleta de dados e
avaliação (2)
Classificação dos projetos
(3)
Entrevista semi-
estruturada (4)
Análise dos resultados das entrevistas (5)
Análise da efetiva
melhoria de processo (6)
Elaborar documento com percepção final
Conclusão (7)
Figura 12: Fluxograma da pesquisa. Fonte: Autor.
53
5.3 Modelo de pesquisa
A fim de apoiar a condução da pesquisa foi estruturado, também, um modelo
apoiado na inter-relação entre os principais processos que conduzem à implantação
dos projetos de desenvolvimento da produção.
A avaliação desse conjunto de processos sob a ótica da literatura
contemporânea, abrangendo: gestão estratégica do portfólio, estruturação e controle
do portfólio, melhores práticas de projetos proporcionou aprofundamento do
conhecimento relacionado ao tema e embasamento para elaboração e análises dos
resultados da pesquisa.
É importante destacar que a seleção de cada um desses processos foi fator
preponderante para delineamento e execução da pesquisa, no sentido em que cada
um deles auxiliou no esclarecimento de questões fundamentais de pesquisa, como
por exemplo:
- Como selecionar os melhores projetos? - - -> Gestão estratégica do portfólio e
estruturação do portfólio;
- Quais as características dos melhores projetos? - - -> Melhores práticas em
projetos;
- Como potencializar o alcance dos resultados nos projetos? Melhores práticas em
projetos;
- As características relevantes dos melhores projetos podem ser verificadas na
etapa de planejamento? - - -> Gestão estratégica do portfólio e estruturação do
portfólio;
Além disso, a análise aprofundada de cada um desses processos e a inter-
relação entre eles proporcionou uma melhor compreensão do tema abordado na
pesquisa, bem como, da identificação de lacunas e reconhecimento de aspectos
relevantes que podem contribuir na prática para melhoria do processo de gestão de
portfólio.
Um esquema gráfico que retrata de forma clara o modelo proposto para guiar
as análises do trabalho pode ser observado na Figura 13.
54
5.4 Definição das variáveis
As variáveis de análise representam um ponto-chave para aprofundamento e
alcance dos objetivos da pesquisa.
É através delas que um pesquisador “qualitativo” verifica padrões de
interligação e dessa forma pode obter conclusões consistentes sobre os eventos que
analisa.
O Quadro 3 apresenta as variáveis contribuintes que foram apreciadas no
estudo.
IDENTIFICAÇÃO DEFINIÇÃO
Gestão Estratégica do Portfólio
Alinhamento estratégico Maneira como a gestão de portfólio contribui
para concretização da estratégia
Medição de valor Avaliação da contribuição dos projetos em
termos de objetivos e retorno no portfólio
Gestão de recursos Forma como a organização gerencia recursos
físicos e financeiros para otimizar alocação
Governança Responsabilidades e atribuições no processo
���� Gestão Estratégica do Portfólio - Alinhamento estratégico; - Medição de valor; - Gestão de recursos; - Governança;
���� Estruturação e Controle do Portfólio - Modelo (s) utilizado (s); - Impacto sob a estruturação; - Controle;
���� Melhores Práticas em Projetos - Influência do planejamento; - Fatores críticos do escopo; - Gestão do tempo; - Gestão financeira; - Gestão de pessoas; - Gerenciamento dos riscos;
Maximização de valor do portfólio
- Aumento de VPL no portfólio; - Contribuição dos projetos para alcance das metas e objetivos organizacionais; - Projetos implantados no prazo com cumprimento do orçamento;
Figura 13: Modelo proposto para análise. Fonte: Autor.
55
IDENTIFICAÇÃO DEFINIÇÃO
Estruturação e Controle do Portfólio
Modelo utilizado
Quais variáveis o modelo leva em consideração.
Por exemplo: variáveis financeiras, estratégicas,
etc.
Impacto sobre a estruturação
Forma como o modelo utilizado impacta as
saídas (identificação, categorização, avaliação,
priorização e balanceamento).
Controles Como funciona a etapa de acompanhamento e
controle do portfólio.
Melhores Práticas em Projetos
Influência do planejamento
Maneira como o planejamento contribui para
uma adequada implantação de um projeto.
Fatores críticos do escopo Pontos fundamentais considerados para
elaboração do escopo.
Gestão do tempo Ferramentas e técnicas utilizadas para gerenciar
o prazo de implantação de um projeto
Gestão financeira
Avaliação de viabilidade, elaboração da
estimativa de investimento.
Gestão de pessoas Nível de conhecimento e experiência da equipe.
Gerenciamento dos riscos
Monitoramento, abordagem, ações adotadas
para garantir o alcance dos resultados, conforme
o planejamento inicial
Quadro 3: Definição das variáveis contribuintes. Fonte: Autor.
5.5 Abrangência
A realização dessa pesquisa considerou o grupo dos projetos implantados na
organização nos últimos 18 meses, compreendendo o período de JUL/2008 até
DEZ/2009 na companhia, principalmente, devido a dois fatos relevantes:
- Número limitado de projetos, isto é, o conjunto de projetos é inferior a 20 unidades,
o que possibilitou apreciação de todos;
-Impossibilidade de amostra consistente, pois, caso os projetos fossem selecionados
aleatoriamente, mesmo com estratificação, haveria incerteza quanto à identificação
dos projetos com melhor desempenho.
56
5.6 Limitações e contribuições
Conforme Yin (2005) um estudo de caso, mesmo com unidades múltiplas de
análise, devem conduzir a generalizações analíticas ao invés de generalizações
estatísticas.
Portanto, uma das grandes contribuições dessa pesquisa não está associada
à mensuração de freqüência que determinado evento ocorre, mas sim das reflexões
que o mesmo pode proporcionar a gestores e pesquisadores sobre uma alternativa
para melhoria do processo de gestão de portfólio.
Além disso, o estudo servirá de referência para futuras pesquisas e pode
contribuir diretamente para avaliação e melhoria dos processos da organização
analisada.
57
CAPÍTULO 6
ESTUDO DE CASO
6.1 Organização pesquisada
O estudo de caso foi desenvolvido em unidade de negócios voltada para área
de exploração e produção. A unidade atualmente é responsável por cerca de 30%
da produção total de uma grande companhia de petróleo e possui uma gestão ativa
do portfólio de projetos englobando diversos programas entre eles desenvolvimento
da produção, manutenção da produção, exploração além de infra-estrutura e suporte
(IS).
O portfólio da unidade é composto por projetos já implantados, projetos em
implantação e projetos a implantar. Considerando todo o conjunto de projetos, a
carteira da unidade apresenta mais de 500 projetos, sendo cerca de 200 projetos de
desenvolvimento da produção com um horizonte futuro de atividade que supera o
período de 30 anos.
No portfólio são registradas todas as informações pertinentes relacionadas
aos projetos, ou seja, curvas de investimento (necessidade de recursos para
implantar um projeto), custo operacional (recursos necessários para manter a
oportunidade em atividade após a implantação) e curva de produção (benefício que
será alcançado com a implantação do projeto).
58
Os principais projetos de desenvolvimento da produção, na maioria dos
casos, são gerenciados por uma equipe composta por um gerente de projetos
(geralmente um engenheiro com especialização na área de projetos) e alguns
assistentes (engenheiros, administradores, entre outros profissionais graduados com
especialização, na área de projetos) dedicados a proporcionar a implantação de um
determinado projeto.
Além dessa equipe envolvida diretamente na implantação, há o suporte de
outros especialistas de áreas técnicas relacionadas à atividade, tais como:
reservatório, elevação e escoamento, instalações e superfície, recursos críticos que
completam a maior parte do time organizacional envolvido.
6.2 Detalhamento do estudo de caso
É pertinente antes de se aprofundar no estudo, destacar algumas informações
referentes a essa pesquisa:
- Abrangência: esse estudo concentrou-se nos projetos de desenvolvimento da
produção implantados em um intervalo de 18 meses compreendido entre JUL/2008
e DEZ/2009.
- Foco: a pesquisa concentrou-se em avaliar o impacto da gestão sobre os
resultados dos projetos, por isso, os valores apresentados nessa pesquisa não
consideraram efeitos externos à gestão, tais como: variação do preço de mercado
do barril de petróleo, alteração de cálculo tributário, mudança na metodologia de
avaliação, etc. Na prática as mesmas premissas utilizadas para desenvolver o
planejamento do projeto são conservadas na avaliação final. Em função desse
movimento é pertinente destacar que em uma visão real nenhum dos projetos
apresentou efetivamente VPL final negativo.
- Base de dados: as informações quantitativas que refletem o desempenho dos
projetos foram obtidas em área da organização que registra, acompanha e
armazena os dados dos projetos desde a fase de concepção até a conclusão. Essa
área funciona como uma espécie de PMO (Escritório de projetos) proporcionando
suporte e disseminando as lições aprendidas com a implantação dos projetos.
- Descrição da pesquisa: por motivo de respeito e segurança da informação da
organização abordada, todos os projetos tiveram a identificação alterada.
59
- Escopo das entrevistas: as entrevistas foram compostas de dois blocos, na
primeira etapa o enfoque voltou-se para a disciplina de gestão de portfólio
enquanto na segunda concentrou-se em identificar as características dos melhores
projetos sob a ótica das melhores práticas de implantação.
- Tempo das entrevistas: a duração de cada uma das entrevistas foi de
aproximadamente duas horas.
- Principais entrevistados: os gerentes de projetos forneceram a maior parte das
informações necessárias à pesquisa, ou seja, os dados levantados representam a
visão do líder do projeto, não necessariamente a visão dos demais membros da
equipe de projeto.
6.3 Levantamentos dos projetos
A primeira fase do estudo de caso correspondeu ao levantamento de todos os
projetos de desenvolvimento da produção implantados em um intervalo de 18 meses
compreendendo o período de JUL/2008 até DEZ/2009, juntamente, com todas as
variáveis fundamentais de desempenho, ou seja, investimento total, prazo de
implantação, produção, custo operacional e VPL.
No total foram 16 projetos abordados, sendo 8 considerados de pequeno
porte, 5 de médio porte e 3 de grande porte. A classificação dos projetos baseou-se
no investimento total realizado, conforme realidade da organização como segue
abaixo:
- Pequeno porte: Valor < US$ 50 milhões
- Médio porte: US$ 50 milhões ≤ Valor ≤ US$ 300 milhões
- Grande porte: Valor > US$ 300 milhões
Essa estratificação foi fundamental para uma avaliação equilibrada dos
projetos, tendo em vista que projetos com orçamentos distintos refletem
desdobramentos do próprio processo de gestão de portfólio, seja através dos
recursos humanos e financeiros alocados ao projeto ou até mesmo do próprio
interesse organizacional.
A fim de garantir coerência entre as variações (previsão x realização) das
variáveis abordadas que no final convergem sobre a variação do VPL foi efetuada
uma análise de consistência dos dados obtidos na organização.
60
Por exemplo, um projeto que apresentou aumento de investimento, atraso de
implantação e redução de produção, mas mesmo assim registrou aumento do VPL
não apresentou coerência das informações, pois, com os movimentos destacados
era de se esperar que o VPL reduzisse, por isso, projetos com essa característica
foram descartados.
Essa análise de consistência proporcionou a eliminação de 3 projetos, seja
por apresentar informações incompletas ou por apresentar variações inconsistentes
em relação à variação do VPL.
Ao final da análise de consistência permaneceram 13 projetos, sendo 6
considerados de pequeno porte, 4 de médio porte e 3 de grande porte.
Uma visão detalhada de cada projeto abordado no conjunto final segue nas
Tabelas de 1 a 13 (convencionou-se representar milhões em MM).
Identificação: PR-AAIH
PR-AAIH PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 13,96 19,97 6,01 43,02Período de implantação (meses) 27,00 36,00 9,00 33,33Produção total equiv. (MM boe) 1,79 0,75 -1,04 -58,10Custo unitário (US$/ boe) 14,03 59,32 45,29 322,81VPL (US$ MM) 10,90 -15,69 -26,59 -243,94
Objetivo: perfuração e completação do poço PE-52 da concessão de Pernambuco.
Tabela 1: Detalhamento projeto 1. Fonte: Organização (2010).
Identificação: PR-AAFA
PR-AAFA PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 9,92 29,65 19,73 198,89Período de implantação (meses) 14,00 41,00 27,00 192,86Produção total equiv. (MM boe) 9,03 3,31 -5,72 -63,38Custo unitário (US$/ boe) 4,18 15,93 11,75 281,10VPL (US$ MM) 51,98 -17,65 -69,63 -133,96
Objetivo: perfuração e completação de poço horizontal (PE-50) com instalação de BCS (Bombeio Centrifugo Submerso) na concessão de Pernambuco.
Tabela 2: Detalhamento projeto 2. Fonte: Organização (2010).
61
Tabela 3: Detalhamento projeto 3. Fonte: Organização (2010).
Identificação: PR-ABJE
PR-ABJE PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 15,47 35,77 20,30 131,22Período de implantação (meses) 21,00 33,00 12,00 57,14Produção total equiv. (MM boe) 3,99 1,80 -2,20 -54,96Custo unitário (US$/ boe) 8,62 30,85 22,23 257,89VPL (US$ MM) 4,93 -24,32 -29,25 -593,31
Objetivo: perfuração, completação e interligação do poço PI-49, na concessão de Piauí.
Tabela 5: Detalhamento projeto 5. Fonte: Organização (2010).
Identificação: PR-JJJA
PR-JJJA PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 218,37 259,18 40,81 18,69Período de implantação (meses) 35,00 47,00 12,00 34,29Produção total equiv. (MM boe) 47,99 97,75 49,76 103,68Custo unitário (US$/ boe) 10,96 6,59 -4,37 -39,87VPL (US$ MM) 51,96 477,63 425,67 819,23
Objetivo: perfuração, completação e interligação de 6 poços (4 produtores e 2 injetores) na concessão de Mina Gerais.
Identificação: PR-AFCH
PR-AFCH PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 70,22 74,18 3,96 5,64Período de implantação (meses) 13,00 13,00 0,00 0,00Produção total equiv. (MM boe) 7,55 3,54 -4,01 -53,06Custo unitário (US$/ boe) 23,51 55,43 31,92 135,77VPL (US$ MM) 12,44 -54,07 -66,51 -534,65
Objetivo: perfuração, completação e interligação do poço PB-01 (Piloto), na concessão de Paraíba.
Tabela 4: Detalhamento projeto 4. Fonte: Organização (2010).
Identificação: PR-JJJC
PR-JJJC PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 57,54 41,10 -16,44 -28,57Período de implantação (meses) 10,00 13,00 3,00 30,00Produção total equiv. (MM boe) 25,06 20,58 -4,48 -17,89Custo unitário (US$/ boe) 5,03 4,74 -0,29 -5,77VPL (US$ MM) 163,95 88,73 -75,22 -45,88
Objetivo: perfuração, completação e interligação do poço MG-095, na concessão de Mina Gerais.
Tabela 6: Detalhamento projeto 6. Fonte: Organização (2010).
62
Tabela 7: Detalhamento projeto 7. Fonte: Organização (2010).
Identificação: PR-JJJD
PR-JJJD PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 45,19 34,33 -10,86 -24,03Período de implantação (meses) 25,00 97,00 72,00 288,00Produção total equiv. (MM boe) 35,86 15,33 -20,53 -57,25Custo unitário (US$/ boe) 5,19 9,57 4,38 84,39VPL (US$ MM) 45,45 -133,89 -179,34 -394,59
Objetivo: ampliação da injeção de água no reservatório arraia através da perfuração, completação e interligação de 2 poços na concessão de Rio Grande.
Identificação: PR-JJJB
PR-JJJB PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 29,80 60,79 30,99 103,99Período de implantação (meses) 24,00 95,00 71,00 295,83Produção total equiv. (MM boe) 5,86 4,14 -1,72 -29,33Custo unitário (US$/ boe) 9,11 34,35 25,24 277,06VPL (US$ MM) 3,77 -39,85 -43,62 -1.157,03
Objetivo: aumento de compressão de gás na Plataforma-1 da concessão de Minas Gerais.
Tabela 9: Detalhamento projeto 9. Fonte: Organização (2010).
Identificação: PR-ADCG
PR-ADCG PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 20,71 42,20 21,49 103,77Período de implantação (meses) 23,00 41,00 18,00 78,26Produção total equiv. (MM boe) 3,55 3,41 -0,14 -3,98Custo unitário (US$/ boe) 14,72 34,07 19,35 131,45VPL (US$ MM) 13,19 -15,19 -28,38 -215,16
Objetivo: mudança de zona de produção do poço SE-01 na concessão de Sergipe.
Tabela 8: Detalhamento projeto 8. Fonte: Organização (2010).
Identificação: PR-AHFC
PR-AHFC PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 192,94 160,91 -32,03 -16,60Período de implantação (meses) 23,00 36,00 13,00 56,52Produção total equiv. (MM boe) 14,02 14,93 0,91 6,51Custo unitário (US$/ boe) 22,96 17,68 -5,29 -23,02VPL (US$ MM) 16,33 19,08 2,75 16,83
Objetivo: o aumento da produção de óleo e gás, e o aumento do FR (Fator de Recuperação) do campo de Roraima, através da incorporação de 3 novos poços à plataforma já instalada neste campo.
Tabela 10: Detalhamento projeto 10. Fonte: Organização (2010).
63
6.4 Ordenação das variáveis fundamentais de desempe nho
Conforme descrito na metodologia, a segunda etapa da coleta de dados foi a
aplicação de um questionário envolvendo os profissionais responsáveis pela
implantação de projetos na organização.
Tabela 13: Detalhamento projeto 13. Fonte: Organização (2010).
Identificação: PR-AHFD
PR-AHFD PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 192,94 160,91 -32,03 -16,60Período de implantação (meses) 23,00 36,00 13,00 56,52Produção total equiv. (MM boe) 14,02 14,93 0,91 6,51Custo unitário (US$/ boe) 22,96 17,68 -5,29 -23,02VPL (US$ MM) 16,33 19,08 2,75 16,83
Objetivo: o aumento da produção de óleo e gás, e o aumento do FR (Fator de Recuperação) do campo de Roraima, através da incorporação de 3 novos poços à plataforma já instalada neste campo.
Identificação: PR-JJJE
PR-JJJE PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 878,61 1118,57 239,97 27,31Período de implantação (meses) 26,00 39,00 13,00 50,00Produção total equiv. (MM boe) 165,57 120,35 -45,22 -27,31Custo unitário (US$/ boe) 13,63 22,31 8,68 63,65VPL (US$ MM) 89,44 -406,15 -495,60 -554,08
Objetivo: implantação de Unidade Estacionária de Produção do tipo FPSO, ancorada no Módulo II do Campo de Espiríto Santo com capacidade para produzir até 80 mil bpd.
Tabela 12: Detalhamento projeto 12. Fonte: Organização (2010).
Tabela 11: Detalhamento projeto 11. Fonte: Organização (2010).
Identificação: PR-ABAC
PR-ABAC PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 1.310,68 1.279,12 -31,56 -2,41Período de implantação (meses) 77,00 82,00 5,00 6,49Produção total equiv. (MM boe) 183,64 238,16 54,53 29,69Custo unitário (US$/ boe) 15,01 10,59 -4,42 -29,42VPL (US$ MM) 497,71 1.203,65 705,94 141,84
Objetivo: adensamento de malha, sendo 10 poços (produtores) e 8 poços (injetores d'agua) na concessão do Pará.
64
O principal objetivo dessa etapa foi captar a percepção dos profissionais da
organização em relação à contribuição das variáveis críticas de sucesso, tais como:
investimento, prazo de implantação, produção, custo operacional e VPL para
obtenção de resultado satisfatório na implantação de um projeto.
O questionário foi enviado por e-mail a 15 profissionais, 11 deles
responderam a pesquisa. Esses profissionais foram estimulados a analisar cada
uma das variáveis e em seguida ordená-las por importância para o sucesso de um
projeto de desenvolvimento da produção, o questionário utilizado pode ser
observado na seção de apêndices desse trabalho.
Após esse levantamento foi obtida a Tabela 14 com o registro de todas as
avaliações.
Na seqüência os dados foram avaliados através de média ponderada e as
variáveis fundamentais de desempenho organizadas em ordem decrescente
conforme contribuição para alcance de sucesso de um projeto, na Tabela 15.
Tabela 14: Análise das variáveis fundamentais de desempenho. Fonte: Autor.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
1 Cumprimento do investimento/orçamento total 1 2 3 3 4 3 1 5 2 4 1
2Cumprimento do prazo de implantação (tempo previsto do início ao fim do projeto)
3 1 4 2 2 2 2 4 4 5 2
3Alcance dos resultados de produção (contribuição à estratégia do negócio)
4 4 5 5 5 4 5 3 5 3 3
4Apresentação de baixo custo operacional (impacto sobre a margem de retorno)
2 3 1 1 3 1 3 1 3 2 5
5Obtenção de VPL positivo (agregar valor ao negócio)
5 5 2 4 1 5 4 2 1 1 4
Variáveis fundamentais de desempenhoAvaliadores
Ordem
Tabela 15: Ordenação das variáveis fundamentais de desempenho. Fonte: Autor.
1Alcance dos resultados de produção (contribuição à estratégia do negócio)
46 27,9
2Obtenção de VPL positivo (agregar valor ao negócio)
34 20,6
3Cumprimento do prazo de implantação (tempo previsto do início ao fim do projeto)
31 18,8
4 Cumprimento do investimento/orçamento total 29 17,6
5Apresentação de baixo custo operacional (impacto sobre a margem de retorno)
25 15,2
Total 165 100
Total (%)Ordem Variáveis fundamentais de desempenho
65
6.5 Avaliação dos projetos
Essa etapa final correspondeu ao cruzamento das informações dos projetos
com os pesos obtidos a partir da ordenação das variáveis fundamentais de
desempenho (detalhes seção 6.4), tendo como principal objetivo a identificação do
melhor projeto por faixa de investimento.
Os resultados obtidos seguem nas Tabelas: 16, 17 e 18 (abaixo).
Convencionou-se representar milhões em MM.
PR-AAIH DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) 6,01 43,02 0,18 -7,56 -129,20
Período de implantação (meses) 9,00 33,33 0,19 -6,26
Produção total equiv. (MM boe) -1,04 -58,10 0,28 -16,20
Custo unitário (US$/ boe) 45,29 322,81 0,15 -48,91
VPL (US$ MM) -26,59 -243,94 0,21 -50,27
PR-AAFA DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) 19,73 198,89 0,18 -34,96 -159,05
Período de implantação (meses) 27,00 192,86 0,19 -36,23
Produção total equiv. (MM boe) -5,72 -63,38 0,28 -17,67
Custo unitário (US$/ boe) 11,75 281,10 0,15 -42,59
VPL (US$ MM) -69,63 -133,96 0,21 -27,60
PR-ADCG DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) 21,49 103,77 0,18 -18,24 -98,31
Período de implantação (meses) 18,00 78,26 0,19 -14,70
Produção total equiv. (MM boe) -0,14 -3,98 0,28 -1,11
Custo unitário (US$/ boe) 19,35 131,45 0,15 -19,92
VPL (US$ MM) -28,38 -215,16 0,21 -44,34
PR-ABJE DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) 20,30 131,22 0,18 -23,06 -210,45
Período de implantação (meses) 12,00 57,14 0,19 -10,74
Produção total equiv. (MM boe) -2,20 -54,96 0,28 -15,32
Custo unitário (US$/ boe) 22,23 257,89 0,15 -39,07
VPL (US$ MM) -29,25 -593,31 0,21 -122,26
PR-JJJC DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) -16,44 -28,57 0,18 5,02 -14,18
Período de implantação (meses) 3,00 30,00 0,19 -5,64
Produção total equiv. (MM boe) -4,48 -17,89 0,28 -4,99
Custo unitário (US$/ boe) -0,29 -5,77 0,15 0,87
VPL (US$ MM) -75,22 -45,88 0,21 -9,45
PR-JJJD DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) -10,86 -24,03 0,18 4,22 -159,94
Período de implantação (meses) 72,00 288,00 0,19 -54,11
Produção total equiv. (MM boe) -20,53 -57,25 0,28 -15,96
Custo unitário (US$/ boe) 4,38 84,39 0,15 -12,79
VPL (US$ MM) -179,34 -394,59 0,21 -81,31
Tabela 16: Avaliação dos projetos (pequeno porte). Fonte: Autor.
66
Tabela 17: Avaliação dos projetos (médio porte). Fonte: Autor.
PR-AFCH DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) 3,96 5,64 0,18 -0,99 -146,53
Período de implantação (meses) 0,00 0,00 0,19 0,00
Produção total equiv. (MM boe) -4,01 -53,06 0,28 -14,79
Custo unitário (US$/ boe) 31,92 135,77 0,15 -20,57
VPL (US$ MM) -66,51 -534,65 0,21 -110,17
PR-JJJA DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) 40,81 18,69 0,18 -3,28 194,03
Período de implantação (meses) 12,00 34,29 0,19 -6,44
Produção total equiv. (MM boe) 49,76 103,68 0,28 28,90
Custo unitário (US$/ boe) -4,37 -39,87 0,15 6,04
VPL (US$ MM) 425,67 819,23 0,21 168,81
PR-JJJB DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) 30,99 103,99 0,18 -18,28 -362,43
Período de implantação (meses) 71,00 295,83 0,19 -55,58
Produção total equiv. (MM boe) -1,72 -29,33 0,28 -8,18
Custo unitário (US$/ boe) 25,24 277,06 0,15 -41,98
VPL (US$ MM) -43,62 -1.157,03 0,21 -238,42
VPL (US$ MM) 716,46 431,32 0,21 88,88
PR-AHFC DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) -32,03 -16,60 0,18 2,92 1,07
Período de implantação (meses) 13,00 56,52 0,19 -10,62
Produção total equiv. (MM boe) 0,91 6,51 0,28 1,82
Custo unitário (US$/ boe) -5,29 -23,02 0,15 3,49
VPL (US$ MM) 2,75 16,83 0,21 3,47
Tabela 18: Avaliação dos projetos (grande porte). Fonte: Autor.
PR-ABAC DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) -31,56 -2,41 0,18 0,42 41,17
Período de implantação (meses) 5,00 6,49 0,19 -1,22
Produção total equiv. (MM boe) 54,53 29,69 0,28 8,28
Custo unitário (US$/ boe) -4,42 -29,42 0,15 4,46
VPL (US$ MM) 705,94 141,84 0,21 29,23
PR-JJJE DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) 239,97 27,31 0,18 -4,80 -145,63
Período de implantação (meses) 13,00 50,00 0,19 -9,39
Produção total equiv. (MM boe) -45,22 -27,31 0,28 -7,61
Custo unitário (US$/ boe) 8,68 63,65 0,15 -9,64
VPL (US$ MM) -495,60 -554,08 0,21 -114,17
PR-AHFD DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) -205,53 -31,89 0,18 5,61 25,74
Período de implantação (meses) 3,00 7,89 0,19 -1,48
Produção total equiv. (MM boe) -14,37 -12,33 0,28 -3,44
Custo unitário (US$/ boe) -2,91 -21,56 0,15 3,27
VPL (US$ MM) 127,98 105,74 0,21 21,79
67
Nas tabelas 16, 17 e 18 os títulos apresentados nas colunas têm o seguinte
significado:
- DIF. (Diferença): representa a variação absoluta entre o valor realizado e o previsto
para cada uma das variáveis analisadas;
- VAR. (%): representa a variação percentual entre o valor realizado e o previsto
para cada uma das variáveis analisadas;
- PESO: representa a influência de cada uma variáveis analisadas sobre o resultado
final do projeto.
- $ RELAT. (Valor relativo): valor do desempenho percentual da variável multiplicado
pelo peso específico da variável.
- ∑ (somatório): é a soma do valor relativo ($ RELAT) de todas as variáveis
analisadas refletindo o desempenho global do projeto;
É importante destacar algumas considerações em relação ao cálculo
apresentado nas Tabelas 16, 17 e 18, detalhes abaixo:
- Base de cálculo: considerou as variações percentuais de cada variável analisada
ao invés do valor absoluto. O principal motivo dessa opção foi estruturar uma base
comparativa comum, pois os valores absolutos representavam grandezas distintas
que não poderiam ser somados para se obter um indicador de desempenho global;
- Adoção de pontuação direta e inversa: considerou-se no resultado do valor relativo
($ RELAT.) o reflexo do desempenho obtido pelo projeto. Por exemplo, se o
incremento da variável analisada foi positivo para o projeto ou de redução foi
negativa está foi considerada como pontuação direta, por outro lado, se o
incremento da variável analisada foi negativo para o projeto ou de redução foi
positivo está foi considerada como pontuação inversa. Dessa maneira destaca-se:
� Investimento total (US$ MM): pontuação inversa, ou seja, quando o
orçamento realizado for maior do que o previsto há impacto negativo sobre
o projeto;
� Período de implantação (meses): pontuação inversa, ou seja, quando o
período realizado for maior do que o previsto há impacto negativo sobre o
projeto;
68
� Produção total equivalente (MM boe): pontuação direta, ou seja, quando a
produção realizada for maior do que a prevista há impacto positivo sobre o
projeto;
� Custo unitário (US$/boe): pontuação inversa, ou seja, quando o custo
unitário realizado for maior do que o previsto há impacto negativo sobre o
projeto.
� VPL (US$ MM): pontuação direta, ou seja, quando o VPL realizado for maior
que o previsto há impacto positivo sobre o projeto;
- Determinação de faixa de desempenho mínimo: tendo em vista que o objetivo da
pesquisa é analisar os projetos implantados com bom desempenho, determina-se
que um projeto para ser considerado bom, ou seja, uma referência deve apresentar
desempenho global (∑) igual ou maior que zero. Projetos que apresentaram
resultado global inferiores a zero não atingiram o nível mínimo de desempenho e,
portanto, não são alvos dessa pesquisa;
6.6 Identificação dos melhores projetos
Tendo em vista o somatório do desempenho de cada variável fundamental de
desempenho, foram selecionados os projetos de melhor desempenho por categoria,
como segue abaixo:
- Pequeno porte: PR-JJJC (∑ = -14,18)
- Médio porte: PR-JJJA (∑ = 194,03)
- Grande porte: PR-ABAC (∑ = 41,17)
Entretanto devido a não apresentar desempenho suficiente para ser
considerado como uma referência o projeto de pequeno porte PR-JJJC foi
descartado de uma avaliação mais aprofundada.
Apesar desse fato impactar na redução dos projetos analisados o que por um
lado corrobora para limitar a análise específica da pesquisa, por outro lado, sucinta a
necessidade de um estudo mais aprofundado nessa classe dos projetos de pequeno
porte de um portfólio.
69
Os outros dois projetos destacados acima por apresentarem desempenho
global positivo, ou seja, maior que zero foram selecionados para uma avaliação mais
aprofundada.
O projeto PR-JJJA de médio porte e o PR-ABAC de grande porte foram
avaliados em maior nível de detalhe através de entrevista semi-estruturada a fim de
se identificar aspectos relevantes associados a eles que podem contribuir para
melhoria do processo de gestão de portfólio.
70
CAPÍTULO 7
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANÁLISES DOS
PROCESSOS/PROJETOS
7.1 Introdução
A fim de proporcionar um alinhamento do trabalho, tal qual o modelo de
pesquisa apresentado, esse capítulo foi estruturado em três etapas: gestão
estratégica do portfólio, estruturação e controle do portfólio, além das melhores
práticas de projetos.
As etapas relacionadas ao portfólio representam processos mais amplos que
englobam todos os projetos, por outro lado, a seção direcionada para as melhores
práticas de projetos procurou explorar os projetos individualmente.
Na primeira seção foram avaliados os processos que envolvem questões
estratégicas e a gestão do portfólio.
A seção seguinte relacionou-se com a análise dos processos através dos
principais pontos da estruturação e controle do portfólio.
A última seção abordou uma análise aprofundada dos projetos identificados
com melhor desempenho à luz das melhores práticas de projetos.
71
Supõe-se com essa abordagem que a seleção dos melhores projetos seria
uma combinação da adequada execução do processo de gestão de portfólio
associada à aplicação das melhores práticas de projetos.
Esquematicamente a suposição da seleção/identificação dos melhores
projetos pode ser observada na Figura 14.
7.2 Gestão estratégica do portfólio 7.2.1 Alinhamento estratégico Miguel (2008), Leão Júnior (2007), Silveira (2006) e Cooper et al. (1997 e
2000) apresentam visões similares do tema e de uma maneira geral destacaram que
alinhamento estratégico significa possuir um portfólio composto por projetos que
contribuam para alcance dos objetivos estratégicos organizacionais.
Partindo-se dessa ótica, observou-se que a organização possui um processo
estruturado de gestão de portfólio. Isso inclui uma área dedicada para execução da
atividade, profissionais capacitados e utilização de um banco de dados, onde as
informações são registradas e os projetos são avaliados para compor o portfólio.
Entretanto, as principais evidências de contribuição da atividade para
concretização da estratégia de negócios estão apoiadas nos seguintes pontos:
- Visibilidade das oportunidades: o portfólio concentra todas as novas oportunidades
em um único local, o que possibilita que todas elas sejam apreciadas;
- Requisito para inclusão: o lançamento de novos projetos de desenvolvimento da
produção no portfólio apresenta como premissa a inserção dos investimentos
necessários para sua implantação, mas principalmente de seus benefícios
representados pelas curvas de produção;
Figura 14: Seleção dos melhores projetos. Fonte: Autor.
Adequada execução da gestão de portfólio
Seleção dos melhores projetos
Aplicação das melhores práticas de projetos
72
- Base comparativa equivalente: padronização das grandezas e dos cálculos
utilizados permite uma comparação equilibrada entre oportunidades distintas;
- Desdobramento dos resultados perseguidos: objetivos e metas corporativos são
desdobrados na unidade apoiados na carteira de projetos;
- Atualização freqüente: os coordenadores de projetos são estimulados a
desenvolver novas idéias e inserir projetos que contribuirão para o incremento da
produção;
Observou-se que a maior parte dos pontos destacados encontra respaldo na
literatura contemporânea, entre eles destaca-se: requisito para inclusão, base
comparativa equivalente e desdobramento dos resultados
O requisito para inclusão encontra apoio no trabalho de Laslo (2009) que
destacou que a gestão de portfólio demanda forte disciplina para evitar o desperdício
dos investimentos.
Os pontos que se referem à uma base comparativa equivalente e atualização
freqüente encontram apoio na pesquisa de Cooper et al.(1998), a qual ressaltou que
a gestão de portfólio abrange revisões freqüentes dos projetos e o confronto deles.
Além disso, é importante destacar que a busca por maiores níveis de
produção, ou seja, o desdobramento dos resultados perseguidos já suplantou as
diretrizes da missão e visão de negócio da organização, pois, verificou-se que esse
fundamento está inserido na cultura organizacional.
Essa questão é tão latente que na etapa de ordenação das variáveis
fundamentais de desempenho que visou verificar a relevância de cada variável para
o sucesso de um projeto, a variável produção, isto é, o alcance dos resultados de
produção obteve a primeira colocação, na frente até da obtenção do VPL positivo,
detalhes podem ser observados naTabela19.
Tabela 19: Destaque da variável produção. Fonte: Autor.
1Alcance dos resultados de produção (contribuição à estratégia do negócio)
46 27,9
2Obtenção de VPL positivo (agregar valor ao negócio)
34 20,6
3Cumprimento do prazo de implantação (tempo previsto do início ao fim do projeto)
31 18,8
4 Cumprimento do investimento/orçamento total 29 17,6
5Apresentação de baixo custo operacional (impacto sobre a margem de retorno)
25 15,2
Total 165 100
Total (%)Ordem Variáveis fundamentais de desempenho
73
A interpretação prática desse resultado é que os gestores entrevistados não
consideraram que implantar um projeto com VPL positivo seja em sua totalidade um
sucesso, na visão deles é primordial algo mais, ou seja, implantar um projeto que
contribua para os resultados de produção associados a um VPL positivo.
7.2. 2 Medição de valor
Mata Júnior e Duque (2009) definiram medição de valor, como uma maneira
clara de medir e estimar o valor dos projetos com base em fatores qualitativos e
quantitativos a fim de se identificar aqueles projetos que agregam valor, os que
deverão ser priorizados e os que destroem o valor da organização que deverão ser
descontinuados.
Verificou-se no estudo de caso que a organização possui um processo, em
parte, alinhado a essa realidade, pois, apresenta registro e avaliação quantitativa
dos projetos no portfólio de maneira padronizada, isto como já destacado na seção
anterior, permite que projetos distintos possam ser avaliados de maneira
equivalente.
Acrescenta-se que os projetos para serem aprovados passam por avaliação
financeira, principalmente sob a ótica do VPL, mas também são priorizados de
acordo com as contribuições de produção que estes efetivamente proporcionarão à
organização.
Todavia, as avaliações qualitativas não foram observadas, isso impede que
decisões mais qualificadas sejam tomadas em algumas circunstâncias onde uma
avaliação quantitativa, ou seja, apoiada no desempenho financeiro e de produção é
limitada para se observar todo o potencial de resultado de um determinado projeto.
Por exemplo, a possibilidade de um projeto alavancar conhecimento e
conseqüentemente o resultado de muitos outros projetos não está refletida no VPL.
Por isso uma avaliação qualitativa é relevante, mas é preciso estudar uma
maneira adequada, isto é, que permita uma recuperação ágil das informações
quando se considera um portfólio robusto, isto é, composto por mais de 200 projetos
de desenvolvimento da produção.
Além disso, é importante destacar a dependência da organização em relação
a informações de qualidade, ou seja, os dados registrados nos projetos que
impactam o processo decisório tal qual destacado na pesquisa de Moeckel e
Forcellini (2009).
74
Essa dependência por informações consistentes não é um privilégio da
organização, todavia, a inserção de pontos de verificação associados a métricas do
processo poderia proporcionar identificação e correção imediata das falhas, o que na
prática agregaria maior segurança e qualidade na tomada de decisão.
7.2.3 Gestão de recursos
Silveira (2006) destaca que a gestão de portfólio contribui para que a
organização estabeleça um processo de priorização que auxilie a identificação dos
projetos mais relevantes, ou seja, daqueles que apresentam maior retorno para
organização.
PMI (2006) acrescenta que o papel de um gestor de portfólio envolve um
processo de gestão e monitoramento abrangendo fundamental participação na
priorização de projetos, assegurando um balanceamento entre os componentes e
alinhamento com os objetivos estratégicos.
Levando-se em consideração as pesquisas destacadas, verificou-se no
estudo de caso que uma das principais etapas da gestão de portfólio na organização
compreende o balanceamento dos projetos.
Na prática os recursos financeiros e humanos são limitados, o que força a
organização a priorizar aqueles com maior contribuição ao negócio.
Nessa etapa de balanceamento a organização utiliza um software de
avaliação de desempenho dos projetos com base no VPL e busca obter a melhor
combinação dos projetos que proporcionarão o menor consumo de recursos
financeiros e a maximização de produção, ou seja, que juntos alavancarão o
resultado do portfólio.
Entretanto, essa etapa não é apenas técnica e sofre adequações para
alinhamento às diretrizes estratégicas de acordo com a ótica dos principais
executivos da unidade.
Além disso, foi evidenciado através de um processo de gestão dos
equipamentos de apoio, tal qual, sondas de perfuração e barcos para o
desenvolvimento de novos poços (projetos) que esses recursos são priorizados com
base no grau de contribuição de produção.
75
Considerando-se as informações obtidas na organização e a visualização das
práticas contemporâneas, observou-se que esse processo está bem estruturado e
não se apresenta como um obstáculo para priorização dos melhores projetos.
7.2.4 Governança
Mata Júnior e Duque (2009) destacam que um dos pontos fundamentais da
gestão de portfólio é estabelecer um processo de governança, abrangendo a
definição de atribuições e responsabilidades de cada ator envolvido desde
executivos até gerentes de projetos.
Observou-se que essa etapa é bem estruturada na organização, pois possui
uma clara definição de papéis, entre gestores de projetos, staff e executivos.
Os gestores de projetos são responsáveis por desenvolvê-los, incluindo: forte
interação com as áreas técnicas para estimar os investimentos necessários de
implantação, custos operacionais (recursos necessários para manter os projetos
após implantação) e a produção de óleo/gás.
O staff, por sua vez, é responsável por avaliar tecnicamente os projetos, isso
abrange: consistência das informações apresentadas pelos coordenadores,
avaliação financeira (viabilidade econômica do projeto), contribuição da produção e
cumprimento dos prazos.
Na etapa final os principais atores são os executivos da organização que
compõem o comitê de gestão da unidade.
Os executivos participam do processo através da avaliação de alguns
cenários apresentados pelo staff e determinam a direção a ser seguida a fim de se
obter alinhamento com as diretrizes estratégicas.
Em uma visão geral, observou-se que esse processo também apresenta forte
alinhamento com as práticas contemporâneas da gestão do portfólio.
7.3 Estruturação e controle do portfólio
7.3.1 Modelo utilizado
Segundo Craveiro, Severo e Sbragia (2000) existem muitos modelos que
podem ser adotados por uma organização para guiar a estruturação de um portfólio,
entre eles, pode-se citar: financeiro, estratégico, pontuação e diagrama de bolhas.
76
Entretanto, na visão dos pesquisadores é de alta relevância a adoção de um
modelo diversificado para compensar vantagens e desvantagens implícitas a cada
um e dessa maneira proporcionar a organização uma estruturação do portfólio que
apóie o alcance dos objetivos estratégicos.
Através do detalhamento dos processos organizacionais constatou-se que a
organização utiliza um modelo composto, isto é, uma combinação entre avaliação
financeira e alinhamento estratégico.
A etapa de avaliação financeira é fortemente apoiada no VPL e sobretudo
visa aprovar os projetos de maior potencial de retorno para organização, ao mesmo
tempo em que se reduz ou elimina a aprovação de projetos com VPL negativo.
Essa etapa funciona como uma espécie de filtro, impedido que as partículas
indesejáveis possam seguir a frente.
A etapa de alinhamento estratégico complementa a etapa anterior quando
proporciona uma visão integrada dos projetos associados aos objetivos de produção
e suas eventuais conseqüências.
Por exemplo, maximizar a produção de óleo e gás demanda aumento de
investimentos e por sua vez pode aumentar o endividamento financeiro da
organização.
Esses processos já incorporados pela organização em seu modelo de
estruturação demonstram ser importantes suportes ao processo decisório da gestão
do portfólio.
Entretanto, como se trata de uma atividade extremamente dinâmica e tendo
em vista o desempenho obtido pelos projetos inferiores a US$ 50 milhões, conforme
as informações destacadas no capítulo 6, observa-se uma potencial oportunidade
de melhoria em relação à configuração desse modelo.
7.3.2 Impacto sobre a estruturação
Essa etapa representa o cerne do processo de elaboração de um portfólio e
abrange sub-processos, sendo os principais: identificação, categorização, avaliação,
seleção/priorização e balanceamento.
77
Etapa de identificação
Segundo PMI (2006), a etapa de identificação tem como principal objetivo
elaborar uma lista atualizada com informações suficientes sobre componentes
existentes e novos componentes que serão administrados através da gestão de
portfólio.
Essa etapa é realizada na organização com freqüência semestral através do
levantamento de oportunidades com a área organizacional de produção que é
responsável pela administração dos campos produtores.
O principal objetivo dessa atividade é a elaboração do Plano de Negócios da
organização e, por isso, ela representa a base para atualização do portfólio.
Nesse contexto observa-se que o processo apresenta-se alinhado ao
destacado na literatura contemporânea.
Etapa de categorização
A categorização, segundo Archibald (2005) representa uma atividade que visa
identificar um conjunto de itens com características ou propriedades similares.
Essa atividade é realizada na organização desde o início do processo, ou
seja, no momento da inclusão de um novo projeto no portfólio.
Quando um gestor de projeto da companhia analisada tem uma nova idéia o
primeiro passo é classificar essa idéia em grupo de identidade única em que os
projetos de uma mesma natureza poderão ser comparados.
Na prática a organização classifica os projetos em: EXP (Exploração), DP
(Desenvolvimento da Produção) e IS (Infra-estrutura e Suporte).
Esse procedimento possibilita uma separação bem definida entre projetos
com objetivos diferenciados o que permite a organização uma análise consistente
visando uma adequada alocação de recursos em função dos resultados almejados.
A prática desenvolvida na organização é bem estruturada e não se apresenta
como um obstáculo para priorização dos melhores projetos.
Etapa de avaliação
Segundo PMI (2006), a etapa de avaliação corresponde ao levantamento de
informações (quantitativas e/ou qualitativas) pertinentes que serão utilizadas para
avaliar e comparar os componentes.
78
Conforme avaliação do processo organizacional, observou-se que essa
atividade está associada à avaliação financeira e de contribuição estratégica dos
projetos.
A etapa da avaliação financeira, como já destacado nas seções anteriores é
fortemente apoiada no VPL (Valor Presente Líquido) que considera os recursos
necessários para implantação do projeto (investimento), recursos para manutenção
do projeto após implantação (custo operacional) e as receitas apoiadas nas curvas
de produção de óleo e gás.
A etapa de contribuição estratégica leva em consideração os aspectos
específicos do projeto que proporcionarão alcance aos objetivos estratégicos.
Os dois aspectos mais utilizados na realidade da organização são:
contribuição de produção e a demanda de recursos (físicos e financeiros) do projeto.
Confrontando-se a realidade da organização com a literatura contemporânea
observa-se uma oportunidade de melhoria no processo no que se refere à
abrangência de uma avaliação qualitativa.
Entretanto, esse ponto já foi explorado na seção 7.2.2 (Medição de valor) e
mesmo considerando-se os benefícios de uma avaliação qualitativa em relação ao
enriquecimento de informações do processo decisório da gestão de portfólio, o
grande desafio está associado em como promover essa melhoria em um portfólio
composto por muitos projetos.
Etapa de priorização
Oliveira (2005) destaca que é imprescindível estabelecer um processo de
priorização dos projetos que compõem o portfólio.
A concorrência entre projetos pode ser negativa para a organização tendo em
vista que o excesso de atividades pode gerar o chamado Bad Multitasking ou mal
compartilhamento de tarefas que ocorre quando a capacidade operacional,
administrativa e/ou de infra-estrutura é excedida.
Muitas vezes são tantos os projetos iniciados que uns acabam atrapalhando
os outros.
Efetuando-se analise no processo organizacional, observou-se que essa
etapa de priorização é realizada devido a algumas restrições de recursos:
79
- Financeira (não há disponibilidade de recursos para executar todos os projetos ao
mesmo tempo);
- Equipamentos (não há disponibilidade de sondas e barcos para atender na
simultaneamente a todos os projetos de desenvolvimento da produção);
- Pessoas (restrição de profissionais capacitados para administrar um número
excessivo de projetos);
Na prática as duas primeiras restrições (financeira e equipamentos) são as
maiores responsáveis pela não execução de todos os projetos visualizados pela
organização em um dado momento.
Além das principais causas de restrições, uma importante questão é a forma
como a organização prioriza os projetos mais relevantes. Nesse processo são
consideradas as duas avaliações já destacadas: financeira e contribuição
estratégica.
A avaliação financeira é utilizada como um requisito, ou seja, o projeto para
ser executado deve apresentar VPL positivo até em um cenário pessimista, caso
contrário, o projeto deve ser amadurecido até atingir a condição estabelecida.
Por outro lado, o que mais influência a priorização é a contribuição
estratégica, pois, a organização foca muito em atender as metas de produção.
Dessa forma, os projetos menos atrativos para organização, isto é, aqueles
que apresentam menor contribuição para o alcance das metas de produção, são
postergados para o ano seguinte, onde serão confrontados com novos projetos e
passarão mais uma vez por esse processo.
Em uma visão geral, verificou-se que o processo de priorização é bastante
influenciado pela cultura organizacional, principalmente, no que diz respeito às
principais contribuições para incremento de produção, mas essa prática se equivale
às observadas na literatura contemporânea.
Etapa de balanceamento do portfólio
Segundo PMI (2006), o principal objetivo dessa etapa é fazer uma
combinação dos componentes do portfólio com o maior potencial coletivo para
suportar as iniciativas e alcançar os objetivos estratégicos.
Conforme destacado na seção 7.2.3 (Gestão de recursos) a etapa de
balanceamento tem como principal ferramenta um software de avaliação de
80
desempenho dos projetos com base no VPL e busca obter a melhor combinação dos
projetos que proporcionarão o menor consumo de recursos financeiros e a
maximização de produção, ou seja, que juntos alavancarão o resultado do portfólio.
Entretanto, é relevante destacar que essa etapa apóia-se bastante no estudo
de cenários, pois, existem situações de crescimento ou de crise no cenário
internacional.
Cada uma dessas situações vai influenciar de uma maneira peculiar o
balanceamento, por exemplo, em um cenário de crescimento a demanda por energia
aumenta e há oferta de crédito no mercado, dessa forma a organização busca
maximizar a oferta de óleo e gás.
Em outra perspectiva, um cenário de crise com redução do consumo de
energia e menor oferta de crédito é possível manter uma postura mais
conservadora.
Dessa maneira, observou-se que o processo de balanceamento da
organização é bastante estruturado e equivalente ao observado em Cooper et al.
(2001), ou seja, empresas com bons resultados possuem um portfólio balanceado,
alinhado com a estratégia, com número correto de projetos e bom tempo de
implantação.
7.3.3 Controle
Segundo o PMI (2006), o principal objetivo dessa fase é concatenar
indicadores de desempenho, fornecer comunicação sobre eles e promover a revisão
do portfólio em uma freqüência pré-determinada a fim de assegurar alinhamento
com a estratégia organizacional e eficiente utilização dos recursos.
Através da análise do processo observou-se que essa etapa apresenta
implantação recente na organização e foi adotada, principalmente, para identificar e
corrigir os desvios a fim de garantir o alcance dos resultados do portfólio.
Os principais indicadores acompanhados em nível de projeto são:
cumprimento das metas de produção de óleo e gás, respeito ao orçamento previsto
de investimento e custo operacional.
Segundo a prática adotada na companhia os principais projetos são
monitorados, pelo menos, em quatro oportunidades no ano e dessa forma, desvios
significativos podem ser corrigidos para maximizar a probabilidade de sucesso do
portfólio.
81
Observou-se que a organização adotou mecanismos para garantir o
alinhamento dos projetos com a estratégia organizacional, entretanto, por ser uma
prática recente não é possível, ainda, afirmar se essa prática proporcionou de fato o
alcance dos resultados almejados pela organização.
7.4 Melhores práticas em projetos
A fim de permitir uma seqüência organizada das informações essa seção foi
estruturada com base na avaliação dos melhores projetos, obtida a partir das
entrevistas com os gestores dos projetos, associada a um embasamento nas
melhores práticas de implantação de projetos.
7.4.1 Avaliação global dos melhores projetos identi ficados
Identificou-se entre os projetos de médio porte, ou seja, aqueles que possuem
investimento na faixa de US$ 50 milhões a US$ 300 milhões, o projeto que
apresentou melhor desempenho. O projeto identificado foi o PR-JJJA que pode ser
observado na Tabela 30 (convencionou-se representar milhões em MM).
Trata-se de um projeto tradicional de desenvolvimento da produção que incluí
as atividades de perfuração, completação e interligação.
O escopo abrange 4 poços de produção e 2 de injeção que são utilizados
para pressurizar o reservatório.
Esse projeto apresentou a melhor classificação entre os projetos de médio
porte, pois, o somatório do desempenho das variáveis fundamentais de desempenho
totalizou 194,03 pontos, o maior dessa faixa, detalhes Tabela 31.
Tabela 20: Melhor projeto (médio porte). Fonte: Autor.
Identificação: PR-JJJA
PR-JJJA PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 218,37 259,18 40,81 18,69Período de implantação (meses) 35,00 47,00 12,00 34,29Produção total equiv. (MM boe) 47,99 97,75 49,76 103,68Custo unitário (US$/ boe) 10,96 6,59 -4,37 -39,87VPL (US$ MM) 51,96 477,63 425,67 819,23
Objetivo: perfuração, completação e interligação de 6 poços (4 produtores e 2 injetores) na concessão de Mina Gerais.
82
Em avaliação detalhada dos resultados do projeto PR-JJJA, verificou-se que o
mesmo apresentou algumas fragilidades, tais como: gasto além do esperado no
investimento total (+ US$ 40, 81 milhões) e atraso de 12 meses no período de
implantação.
Por outro lado, o projeto apresentou expressivo aumento na curva de
produção (+ 49,76 milhões de boe), redução do custo unitário (- 4,37 US$/boe) e
forte incremento do VPL (US$ 425, 67 milhões).
Em uma análise de causa e efeito, verificou-se que o principal motivo do
ótimo desempenho do projeto foi o incremento da curva de produção, as outras
variáveis que obtiveram resultado positivo (Custo unitário e VPL) sofreram influência
dessa variação.
Portanto, o principal ponto de investigação para esse projeto foi a variação de
produção.
Na ótica do gestor entrevistado, os principais pilares de sustentação que
proporcionaram o excelente resultado obtido pelo projeto PR-JJJA foram:
- Profundidade e abrangência do estudo de reservatório;
- Conhecimento aprofundado da concessão (histórico consistente), o que permitiu
uma calibragem refinada do simulador de produção;
- Infra-estrutura instalada (campo já possui plataforma);
- Equipe experiente (1 coordenador e 4 profissionais de apoio) em gestão de
projetos, profissionais com pelo menos 10 anos de prática;
- Projeto não sofreu mudança de escopo;
- Suporte e integração gerencial, várias áreas de apoio, tais como: reservatório,
planejamento e controle, poço, elevação e escoamento, instalação e superfície,
instalações submarinas trabalhando com um objetivo comum;
- Objetivo claro do projeto;
- Técnicos especialistas e experientes nas áreas de apoio;
PR-JJJA DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) 40,81 18,69 0,18 -3,28 194,03
Período de implantação (meses) 12,00 34,29 0,19 -6,44
Produção total equiv. (MM boe) 49,76 103,68 0,28 28,90
Custo unitário (US$/ boe) -4,37 -39,87 0,15 6,04
VPL (US$ MM) 425,67 819,23 0,21 168,81
Tabela 21: Detalhamento do melhor projeto (médio porte). Fonte: Autor.
83
- Tempo de estudo e análise adequados de aproximadamente 18 meses (até o início
da implantação), incluído a disciplina de reservatório e gestão do projeto;
Em relação aos projetos de grande porte, ou seja, aqueles que possuem
investimento superior a US$ 300 milhões, o projeto que apresentou melhor
desempenho foi o PR-ABAC.
Detalhes desse projeto em relação às variáveis fundamentais de desempenho
podem ser observados na Tabela 32.
Trata-se de um projeto inovador que teve como principal objetivo ampliar a
capacidade de produção de uma concessão sem a instalação de uma nova
plataforma, recorrendo-se ao desenvolvimento de nova tecnologia.
Apesar do escopo do PR-ABAC parecer tradicional, esse projeto envolveu a
instalação de bombas especiais associadas à atividade tradicional de
desenvolvimento da produção, o que englobou 10 poços produtores de óleo e 8
poços injetores.
Esse projeto apresentou a melhor classificação entre os projetos de grande
porte, pois, o somatório do desempenho das variáveis fundamentais de desempenho
totalizou 41,17 pontos (o melhor nessa faixa), detalhes Tabela 23.
Tabela 22: Melhor projeto (grande porte). Fonte: Autor.
Identificação: PR-ABAC
PR-ABAC PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)Investimento total (US$ MM) 1.310,68 1.279,12 -31,56 -2,41Período de implantação (meses) 77,00 82,00 5,00 6,49Produção total equiv. (MM boe) 183,64 238,16 54,53 29,69Custo unitário (US$/ boe) 15,01 10,59 -4,42 -29,42VPL (US$ MM) 497,71 1.203,65 705,94 141,84
Objetivo: adensamento de malha, sendo 10 poços (produtores) e 8 poços (injetores d'agua) na concessão do Pará.
Tabela 23: Detalhamento do melhor projeto (grande porte). Fonte: Autor.
PR-ABAC DIF. VAR. (%) PESO $ RELAT. ∑
Investimento total (US$ MM) -31,56 -2,41 0,18 0,42 41,17
Período de implantação (meses) 5,00 6,49 0,19 -1,22
Produção total equiv. (MM boe) 54,53 29,69 0,28 8,28
Custo unitário (US$/ boe) -4,42 -29,42 0,15 4,46
VPL (US$ MM) 705,94 141,84 0,21 29,23
84
Em avaliação detalhada dos resultados do projeto verificou-se que o mesmo
registrou uma única fragilidade em relação ao prazo de implantação que apresentou
um atraso de 5 meses.
Por outro lado, o projeto apresentou redução de US$ 31,56 milhões no
investimento total, expressivo aumento na curva de produção (+ 54,53 milhões de
boe), redução do custo unitário (- 4,42 US$/boe) e forte incremento do VPL (US$
705, 94 MM).
Em uma análise de causa e efeito, verificou-se que os principais
impulsionadores do projeto foram: o incremento da curva de produção e a redução
do investimento total.
As outras variáveis que obtiveram resultados positivos (Custo unitário e VPL)
tiveram contribuição do aumento da produção.
Portanto, os principais pontos de investigação para esse projeto foram: o
incremento de produção e a redução do investimento.
Segundo a ótica do gestor do projeto, os principais diferenciais para os
excelentes resultados obtidos foram:
- Premissas básicas bem definidas (metas e objetivos claros);
- Envolvimento e fomento da alta administração organizacional;
- Conhecimento aprofundado da concessão (histórico consistente) e estudo
detalhado do reservatório (permitiu simulações realistas de produção);
- Malha de escoamento existente;
- Estudo de alternativas diferenciadas frente a uma solução trivial;
- Equipe (1 coordenador e 2 profissionais de apoio) com mais de 8 anos de
experiência em gestão de projetos;
- Planejamento financeiro consistente (baseado em projetos similares);
- Integração com áreas de apoio organizacional focando um objetivo comum;
- Suporte técnico para o desenvolvimento de novas tecnologias;
- Evolução gradual do projeto da concepção à implantação;
- Tempo adequado de planejamento (aproximadamente 36 meses) da fase inicial até
início da implantação;
- Gestão de riscos (monitoramento dos resultados e correção dos desvios);
- Escopo do projeto não sofreu alterações;
- Otimização dos resultados em função da análise dos primeiros resultados obtidos e
re-adequações no plano (gestão do conhecimento);
85
7.4.2 Influência do planejamento
Segundo PMI (2009) um projeto é algo novo que demanda maior
planejamento do que um trabalho rotineiro, dessa maneira, a gestão de projetos
representa a aplicação de ferramentas e técnicas, habilidades e conhecimentos às
tarefas do projeto a fim de alcançar seus requisitos.
Conforme observado na avaliação dos projetos PR-JJJA e PR-ABAC um dos
grandes diferencias de sucesso desses projetos foi a etapa de planejamento.
Ambos os projetos dedicaram um tempo relevante ao planejamento, mesmo
com um conhecimento acentuado do reservatório de produção, com uma equipe
experiente gerindo o projeto, uma infra-estrutura de processamento já instalada e o
apoio de outras áreas da organização.
Detalhes da comparação entre o tempo dedicado ao planejamento e o tempo
de implantação do projeto podem ser observados na Tabela 24.
Os dois projetos apresentaram proporções distintas de tempo de dedicação
ao planejamento, tendo obtido o projeto PR-JJJA uma proporção de 38,3% e o PR-
ABAC de 43,9%.
É importante destacar que não se pode afirmar que esse percentual seria o
ideal para desenvolver uma referência para seleção de projetos de sucesso.
Entretanto, é importante destacar que a organização já utiliza uma
metodologia de aprovação de projetos que considera o grau de amadurecimento do
projeto associado ao atendimento de alguns marcos.
Nesse contexto, por exemplo, a organização verifica se um determinado
projeto já obteve a licença ambiental para que ele possa seguir para etapa de
aprovação.
Segundo as informações obtidas no estudo de caso, utilizar uma metodologia
de aprovação dos projetos conforme atendimento a marcos parece contribuir para
identificação dos melhores projetos e aperfeiçoamento da gestão de portfólio.
Tabela 24: Planejamento X Implantação (meses). Fonte: Autor.
ProjetosPlanejamento
(1)Implantação
(2)DIF.
(2) - (1)VAR. (%)(1) / (2)
PR-JJJA 18,00 47,00 29,00 38,30PR-ABAC 36,00 82,00 46,00 43,90
86
Todavia, o grande desafio é verificar se a metodologia está sendo
devidamente aplicada, pois, apenas registros em procedimentos não são suficientes
para aumentar a probabilidade de identificação dos projetos com maior potencial de
desempenho.
7.4.3 Fatores críticos do escopo
Segundo Matheus (2002) alguns fatores relevantes que não podem ser
negligenciados na estruturação de projetos são:
- Definição consistente dos objetivos e metas almejados pelo projeto;
- Estruturação de um planejamento detalhado, visando posterior comparação
com os resultados obtidos;
- Determinação de pontos de verificação (marcos) no projeto para guiar o controle;
- Avaliação preventiva da probabilidade de ocorrência de riscos e impactos
relacionados para direcionar o alvo do controle;
- Definição de metodologias e ferramentas utilizadas para controlar as diferentes
dimensões do projeto (escopo, custo, qualidade, tempo, etc.)
- Execução da atividade de controle durante toda a vida útil do projeto;
- Determinação de atribuições e responsabilidades, permitindo maior agilidade ao
processo decisório e ao controle dos resultados;
Conforme a literatura abordada, são muitos os pontos as serem atendidos,
mas, segundo as informações coletadas na organização, observou-se alguns
pontos comuns aos melhores projetos:
- Objetivos e metas bem definidos;
- Análise técnica consistente (as simulações de produção apontaram para um
resultado mínimo, o que já viabilizava os projetos e no final o resultado foi ainda
melhor);
- Trabalho integrado: equipes trabalhando em prol de um objetivo comum;
- Apoio da alta gerência;
É interessante observar que os pontos destacados parecem ser bem triviais,
tais como: objetivos e metas bem definidos, trabalho integrado e apoio da alta
gerência.
87
Esses assuntos são amplamente conhecidos por gerentes de projetos e
destacados na literatura contemporânea.
Entretanto, mesmo sendo triviais, não devem ser desconsiderados, pois a
observação dos projetos PR-JJJA e PR-ABAC evidenciou que os pontos triviais
devem ser atendidos para se obter sucesso em um projeto.
Esses pontos podem ser incluídos em uma avaliação qualitativa na fase de
planejamento a fim de contribuir para identificação dos projetos com maior
probabilidade de sucesso.
7.4.4 Gestão do tempo
Muniz e Almeida (2006) destacam que a gestão do tempo de projeto não é
uma atividade simples, pois, muitos projetos são implantados com atraso. Entretanto
é possível reduzir a incerteza na estimativa de tarefas na medida em que se adotam
métodos e ferramentas adequadas para executar essa atividade.
Os dados obtidos com as avaliações dos melhores projetos confirmam a visão
de Muniz e Almeida (2006), pois, mesmo os projetos com melhor desempenho
apresentaram fragilidade quanto ao cumprimento dos prazos, detalhes na Tabela 25.
Conforme os resultados obtidos o tempo de implantação não parece
contribuir para identificação dos melhores projetos.
7.4.5 Gestão financeira
Segundo Hilarião et al. (2009), a avaliação financeira é provavelmente a
etapa mais relevante de um projeto, pois, é a partir dela que se verifica a viabilidade
ou não do mesmo.
De acordo com os dados obtidos nos melhores projetos, o VPL (Valor
Presente Líquido) é utilizado como um indicador de viabilidade e potencial de retorno
pela organização para aprovar projetos.
As informações relacionadas ao VPL previsto e o realizado dos melhores
projetos podem ser observadas na Tabela 26.
Tabela 25: Resumo do tempo de implantação (meses). Fonte: Autor.
Projetos PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)PR-JJJA 35,00 47,00 12,00 34,29PR-ABAC 77,00 82,00 5,00 6,49
88
Conforme observado na Tabela 26 essa variável já é levada em
consideração nas análises da organização para apoiar a aprovação de projetos.
Entretanto, um ponto crítico em relação à utilização dessa técnica está
relacionado à dependência de dados com qualidade, ou seja, de nada adiantar
utilizar essa técnica se não há consistência das informações, tal qual, investimento,
produção, custos operacionais que serão consideradas para o cálculo.
Quanto à elaboração das estimativas de recursos para conclusão do projeto,
observou-se que uma alternativa importante utilizada pela organização,
principalmente, observada na avaliação do PR-ABAC é o uso de projetos similares.
Essa técnica permite estruturar orçamentos realistas, evitando-se surpresas
e um provável aumento dos gastos na etapa de execução.
Apesar da utilização de um projeto similar apoiar a elaboração de um
orçamento de um novo projeto é preciso considerar as especificidades de cada
projeto e também as oscilações de mercado.
7.4.6 Gestão de pessoas
Silveira (2006) destaca importantes pontos em relação à gestão de pessoal,
entre eles:
- Adequada alocação dos profissionais (profissionais devem ser alocados em função
de prioridades estratégicas da organização ao invés de áreas específicas);
- Definição clara de papéis (evita ambigüidades, minimiza os conflitos e auxilia na
seleção e desenvolvimento da equipe);
- Plano de comunicação (é um fator crítico de sucesso para o projeto, pois, contribui
para redução de maus entendimentos, redução de retrabalhos e apóia na
administração de expectativas dos envolvidos no projeto);
Todos os pontos destacados por Silveira (2006) são extremamente relevantes
para seleção de projetos e inclusive podem ser verificados desde o início do projeto.
Entretanto, alguns fatores observados nos projetos PR-JJJA e PR-ABAC que
também podem ser verificados desde as primeiras etapas de um projeto, tais como:
experiência e qualificação da equipe, não podem ser desconsiderados.
Projetos PREVISÃO REALIZAÇÃO DIF. VAR. (%)PR-JJJA 51,96 477,63 425,67 819,23PR-ABAC 497,71 1.203,65 705,94 141,84
Tabela 26: VPL dos melhores projetos (US$ MM). Fonte: Autor.
89
Essas características relacionadas a equipe poucas vezes ou nenhuma são
verificadas na seleção de um projeto, mas de fato elas podem fazer diferença e
como tal deveriam também ser consideradas em uma análise qualitativa que
contribuiria para melhoria dos resultados do portfólio.
7.4.7 Gerenciamento de riscos
Segundo Pritchard (2001) os riscos são proporcionais a complexidade do
projeto e o correto gerenciamento dos riscos impulsiona a organização a despender
esforços a fim de eliminar potenciais riscos negativos dos projetos, além de
aproveitar as oportunidades geradas por riscos positivos.
O PMI (2009) acrescenta que existem seis etapas para o processo de gestão
de riscos em projetos: planejamento da gestão dos riscos, identificação dos riscos,
análise quantitativa e qualitativa dos riscos, planejamento de respostas a riscos,
monitoramento e controle de riscos.
Conforme informações obtidas junto à organização essa atividade se
apresenta em uma curva de amadurecimento, pois, nem todas as atividades
abordadas na literatura são executadas em profundidade.
Inclusive observou-se diferentes níveis de abordagens entre os projetos PR-
JJJA e PR-ABAC, o que evidencia não ser um processo similar e padronizado em
sua totalidade para todos os projetos.
As principais ferramentas utilizadas pela organização são: um software de
avaliação para registrar os principais eventos e um banco de dados para recuperar
informações de falhas em projetos anteriores.
O software é destinado ao registro dos principais eventos a fim de se
identificar a probabilidade de ocorrência do risco e suas conseqüências. Dessa
forma os riscos mais significativos podem ser mitigados.
O banco de dados é utilizado para recuperar informações de falhas em
projetos anteriores de maneira que não se cometam as mesmas falhas.
Esses recursos permitem o planejamento de abordagem aos riscos,
identificação dos riscos e um possível tratamento.
Entretanto, a principal arma da organização para identificar e tratar os riscos
dos projetos adequadamente é a experiência da equipe que acompanha os
90
principais marcos e tenta se antecipar as falhas através de reuniões de
acompanhamento mensal.
De uma maneira geral, observou-se que essa atividade é extremamente
importante para garantir que os resultados destacados na etapa de planejamento
sejam alcançados na implantação do projeto, pois, de nada adianta selecionar um
excelente projeto se ele não é acompanhado/ monitorado.
Dessa forma a principal contribuição dessa atividade para seleção dos
melhores projetos na etapa de planejamento está associada a uma avaliação de
risco prévia com base nas características dos projetos e no grau de amadurecimento
dos projetos.
É importante destacar que a organização possui um método de avaliação de
riscos dos projetos que considera características de reservatório e implantação dos
projetos.
Todavia, tal qual, destacado para outros processos é extremamente
importante desenvolver mecanismos de verificação para avaliar se a atividade é
executada adequadamente, pois, essa atividade pode contribuir substancialmente
para o aperfeiçoamento da gestão de portfólio.
91
CAPÍTULO 8
CONCLUSÕES & RECOMENDAÇÕES
O principal problema dessa pesquisa foi de verificar se o processo de gestão
de portfólio na etapa de planejamento pode ser aperfeiçoado a partir da observação
dos melhores projetos implantados.
Nesse contexto com o objetivo de esclarecer essa questão, a pesquisa
abrangeu dois pilares: processo de gestão de portfólio e as características dos
melhores projetos.
Na etapa referente à gestão de portfólio o foco concentrou-se em verificar
como esse processo e seus principais desdobramentos podem direcionar a
organização a executar os melhores projetos.
A etapa seguinte investigou as principais características dos melhores
projetos implantados. Os projetos foram identificados através de uma análise
quantitativa que considerou o desempenho global dos mesmos à luz das variáveis
fundamentais de desempenho (investimento total, prazo de implantação, produção,
custo operacional e VPL).
A primeira constatação foi que um processo de gestão de portfólio não pode
ser analisado isoladamente, sem considerar a sua base fundamental, ou seja, os
projetos. O processo de gestão de portfólio não se trata, apenas, de uma evolução
92
da gestão de projetos, conforme destacou Castro (2008), mas, de processos
distintos que estão intimamente relacionados.
Conforme destacado por PM Tech (2006), a gestão de projetos trata de
executar da melhor forma possível um projeto enquanto a gestão de portfólio
direciona a organização a executar os projetos com maior potencial retorno
(estratégico, financeiro, etc.).
O aperfeiçoamento de um processo pode contribuir para o aperfeiçoamento
do outro, por outro lado, a deficiência também.
Segundo, o processo de gestão de portfólio não apenas pode ser aprimorado
através da observação dos melhores projetos, ele deve levar em consideração essa
avaliação sob pena de impactar seus resultados.
Considerando-se que a gestão de portfólio é fortemente apoiada em um
modelo, conforme destacado por Craveiro, Severo e Sbragia (2000), uma forma
consistente de aprimorar esse modelo é promovendo sua retro-alimentação com
uma freqüência regular (pelo menos uma vez por ano) através da observação das
características dos melhores projetos implantados, pois, dessa maneira pode-se
contribuir para maximizar os acertos.
Detalhes dessa proposta podem ser observados na Figura 15.
Figura 15: Esquema proposto para melhoria da gestão de portfólio. Fonte: Autor.
Projetos Postergados ou Descontinuados
Projetos Priorizados
Visão Pré-Implantação (Planejamento)
Período: 1 – 4 anos
Projetos Implantados
Visão Pós-Implantação (Realização)
D
B
C
A
E
F
D
B
C
F
Identificar os projetos com
melhor desempenho
Verificar as principais
características
Ajustar o modelo utilizado
1
2
3
93
Essa proposta está apoiada nas avaliações efetuadas nos projetos de
desenvolvimento da produção que apresentaram melhor desempenho, pois, além da
avaliação financeira e de contribuição estratégica que normalmente são utilizadas
em um processo de gestão de portfólio, a verificação de outros pontos
extremamente importantes quando levados em consideração podem fazer uma
grande diferença.
Os principais pontos, inclusive observados nos projetos de melhor
desempenho, foram:
- Objetivo e meta bem definidos;
- Conhecimento aprofundado da concessão;
- Profundidade do estudo de reservatório;
- Nível de experiência da equipe;
- Integração gerencial;
- Nível de amadurecimento do projeto (reflexo de um adequado tempo de
planejamento);
O aprimoramento da avaliação qualitativa pode corroborar para melhoria da
gestão de portfólio e conseqüente para direcionar uma organização a executar os
melhores projetos.
É fato que algumas dessas variáveis já são apreciadas, por exemplo, na
avaliação do risco do projeto, entretanto, o que se propõe a partir dessa pesquisa é
utilizá-las com maior profundidade.
Além disso, o aperfeiçoamento da avaliação qualitativa, associada as demais
avaliações existentes pode proporcionar um maior conhecimento dos projetos o que
contribuirá para uma tomada de decisão mais clara e com maior potencial de
eficácia.
Dessa maneira, uma sugestão para trabalhos futuros é efetuar o mesmo tipo
de avaliação, isto é, das características dos projetos implantados, mas sob a ótica
dos projetos com pior desempenho.
Essa pesquisa também contribuiria para aprimorar o processo da gestão de
portfólio, na medida em que as falhas cometidas em determinados projetos ou grupo
de projetos fossem corrigidas.
É relevante destacar que o aprimoramento da gestão de portfólio, seja pela
replicação das características dos melhores projetos ou pela correção dos desvios a
94
partir da observação das falhas cometidas está fortemente relacionado à gestão do
conhecimento, pois, o desenvolvimento incremental e o compartilhamento do
conhecimento representam a base da evolução desse processo.
95
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Apêndices
100
Apêndice 1 – Questionário utilizado para ordenar as
variáveis fundamentais de desempenho (VFD)
1 Baixa contribuição 2 Moderada contribuição 3 Significativa contribuição
4 Muita contribuição 5 Extrema contribuição
Resposta
A. Cumprimento do investimento/orçamento total ( )
B. Cumprimento do prazo de implantação (tempo previsto do início ao fim do projeto) ( )
C. Alcance dos resultados de produção (contribuição à estratégia do negócio) ( )
D. Apresentação de baixo custo operacional (impacto sobre a margem de retorno) ( )
E. Obtenção de VPL positivo (agregar valor ao negócio) ( )
*Sugestão: leia e analise todos os itens antes de assinalar as respostas
Tendo em vista o cenário de desenvolvimento de produção de uma organização off-shore, classifique na sua
visão em ordem decrescente o que mais contribui para o sucesso de um projeto, considere a escala abaixo:
101
Apêndice 2 – Roteiro utilizado nas entrevistas
IDENTIFICAÇÃO DEFINIÇÃO PERGUNTAS
Gestão do Portfólio
Alinhamento estratégico Maneira como a gestão de portfólio
contribui para concretização da estratégia
Na sua visão como a GPP contribui para o alinhamento estratégico
( projetos x objetivos)?
Esse processo pode ser melhorado?
Quais os principais pontos de melhoria?
Medição de valor Avaliação da contribuição dos projetos
em termos de objetivos e retorno no
portfólio
Você considera adequada/justa a atual avaliação dos projetos (objetivo
e retorno do portfólio)? Por que? Existe algo na sua visão que pode ser
feito para aprimorar o processo? A freqüência de avaliação ( 1/ 2 ciclos
por ano) é suficiente?
Gestão de recursos Forma como a organização gerencia
recursos físicos e financeiros para
otimizar alocação
Você considera adequado o processo de alocação física e financeira
dos recursos? Por que?
Caso negativo, quais pontos podem ser melhorados?
Governança Responsabilidades e atribuições no
processo
Você considera que as responsabilidades e atribuições estão bem
distribuídas nesse processo? Existem fragilidades? Quais pontos
podem ser aprimorados?
IDENTIFICAÇÃO DEFINIÇÃO PERGUNTAS
Estruturação do Portfólio Modelo utilizado
Quais variáveis o (s) modelo (s) levam em
consideração. Por exemplo: variáveis
financeiras, estratégicas, etc.
Você conhece as principais variáveis abordadas/ restrições abordadas
por esse modelo? Considera que elas são suficientes? Caso negativo,
quais as outras variáveis que deveriam fazer parte? Quais deveriam ser
eliminadas?
Impacto sobre a estruturação
Forma como o modelo utilizado impacta
as saídas (identificação, categorização,
avaliação e priorização dos projetos)
Você tem conhecimento de como o modelo impacta as saídas?
Concorda com os resultados? Visualiza alguma oportunidade de
melhoria?
102
IDENTIFICAÇÃO DEFINIÇÃO PERGUNTAS
Controles Como funciona a etapa de
acompanhamento e controle dos projetos
Você considera adequada/ correta essa fase? Freqüência é pertinente?
Os resultados são bem utilizados?
Melhores práticas em projetos
Influência do planejamento
Maneira como o planejamento contribui
para uma adequada implantação de um
projeto.
Como o planejamento contribuiu para o sucesso do projeto? Quais os
pontos fundamentais? Há algo que pode ser aprimorado?
Fatores críticos do escopo Pontos fundamentais considerados para
elaboração do escopo.
Quais os pontos críticos para elaboração do escopo? Como eles
contribuíram para o resultado do projeto?
Gestão do tempo Ferramentas e técnicas utilizadas para
gerenciar o prazo de implantação de um
projeto
O projeto foi implantado na data certa? Como as ferramenta e técnicas
utilizadas contribuíram?
Gestão financeira Avaliação de viabilidade, elaboração da
estimativa de investimento.
Como são feitas as avaliações de viabilidade? Quais variáveis são
levadas em consideração? Como são efetuadas as estimativas de
investimentos? São realistas?
Gestão de pessoas Nível de conhecimento e experiência da
equipe.
Qual o grau de conhecimento da equipe? Como um alto nível de
experiência pode contribuir para o sucesso de um projeto?
Gerenciamento dos riscos Monitoramento, abordagem, ações
adotadas para garantir o alcance dos
resultados, conforme o planejamento
inicial
Ferramentas utilizadas na avaliação? Adequadas? Todos têm
conhecimento? Recomenda/ descarta alguma?