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    Srgio Settani GIGLIO e Enrico SPAGGIARI. A produo das cincias humanas sobre futebol no Brasil

    A PROduO dAS cIncIAS HumAnAS SOBRE futEBOL nO BRASIL:

    um PAnORAmA (1990-2009)*

    Srgio Settani GiglioDoutorando em Educao Fsica pela Universidade de So Paulo e

    professor da Universidade Nove de Julho/SP

    Enrico SpaggiariDoutorando em Antropologia Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e

    Cincias Humanas da Universidade de So Paulo e bolsista da Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo

    ResumoEste artigo apresenta um mapeamento da produo brasileira sobre futebol nos ltimos vinte anos, com base em dissertaes e teses, bem como trabalhos em revistas acad-micas que publicaram dossis sobre futebol e/ou esporte. Este levantamento permite inferir que, embora a produo acadmica sobre o tema j seja significativa, falta ainda um maior intercmbio de informaes entre os pesquisadores e universidades para a consolidao deste tema de estudos no Brasil.

    Palavras-chavemapeamento futebol cincias humanas.

    * Agradecemos a leitura atenta de Fernando de Luiz Brito Vianna.

    CorrespondnciaUniversidade de So PauloEscola de Educao Fsica e EsporteDepartamento de Pedagogia do Movimento do Corpo HumanoAv. Prof. Melo de Morais, 65 05508-030 Cidade Universitria So Paulo SPE-mails: [email protected]; [email protected]

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    tHE HumAnItIES PROductIOn ABOut fOOtBALL In BRAzIL: An OvERvIEw

    (1990-2009)*

    Srgio Settani GiglioDoctorate Student in Physical Education, Universidade de

    So Paulo, and Professor at Universidade Nove de Julho/SP

    Enrico SpaggiariDoctorate Student in Social Anthropology at Faculdade de Filosofia,

    Letras e Cincias Humanas of the Universidade de So Paulo and Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo's scholar

    AbstractThis article presents a map of the brazilian production about football over the last twenty years, based on theses and dissertations, and papers in academic journals that have published dossiers about football and/or sport. This survey allows us to infer that while the academic research of the issue has to be meaningful, there is still a greater exchange of information among researchers and universities to further strengthen this subject of study in Brazil.

    Keywordsmap football humanities.

    * We appreciate the careful reading of Fernando de Luiz Brito Vianna.

    ContactUniversidade de So PauloEscola de Educao Fsica e EsporteDepartamento de Pedagogia do Movimento do Corpo HumanoAv. Prof. Melo de Morais, 65 05508-030 Cidade Universitria So Paulo SPE-mails: [email protected]; [email protected]

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    IntroduoMapear algo nunca uma tarefa simples. Definir critrios significa estabelecer

    fronteiras e se mudamos os critrios teremos uma nova fronteira construda. Ao realizarmos o mapeamento da produo bibliogrfica brasileira sobre futebol nos ltimos vinte anos tivemos que estabelecer critrios para comear a busca pelas informaes. Dessa forma, comeamos a montar as nossas fronteiras que foram estabelecidas a partir de dois tipos de materiais: o que foi produzido nos mestrados e nos doutorados das universidades; e a publicao dos artigos aca-dmicos sobre o tema. Contudo, o recorte no foi definido somente pelo perodo selecionado, mas tambm pela importncia dos artigos produzidos a partir de dossis sobre a temtica futebolstica. Tal recorte foi necessrio devido ao espao disponvel para a anlise e a quantidade considervel de artigos sobre futebol nas mais diversas revistas acadmicas brasileiras ligadas s cincias humanas.1

    A apresentao dos dados seguida de um pequeno conjunto de informaes disponveis, com o objetivo de mostrar um panorama do que foi produzido nos ltimos vinte anos sobre futebol, perodo que conta com o maior conjunto de trabalhos. No temos como objetivo realizar uma anlise das obras indicadas, mas, sim, apresentar as principais fontes para futuras pesquisas.

    Entre os trabalhos que serviram como base para o mapeamento das referncias, destacamos os dados levantados pelo Grupo de Estudos sobre Torcidas (Gefut), de Minas Gerais, que produziu um CD com as informaes coletadas; e os dois artigos publicados na BIB - Revista Brasileira de Informao Bibliogrfica em Cincias Sociais, por Luiz Henrique de Toledo (2001) e Pablo Alabarces (2004).2

    Vale salientar, porm, que embora grande parte da produo brasileira tenha se concentrado no perodo entre 1990 e 2009, as primeiras contribuies dentro das cincias humanas para o estudo do futebol datam da dcada de 1940: o en-saio O papel da magia no futebol, de Mrio Miranda Rosa (1944), e a resenha do socilogo Luiz Aguiar Costa Pinto (1947) do livro de Mrio Filho, O negro no futebol brasileiro, ento recm-lanado. Ambos foram publicados na revista Sociologia, primeiro peridico cientfico de cincias sociais no Brasil, editado pela ento Escola Livre de Sociologia e Poltica e So Paulo (atual FESPSP).3 Contudo, a presena do tema em peridicos foi espordica at o final da dcada

    1 Embora a produo de livros tambm tenha crescido nos ltimos anos, optamos, pelos motivos explicitados, por no incluir esse material.

    2 Artigo que foi atualizado como captulo do livro organizado por Luiz Carlos Ribeiro. Ver Ala-barces (2007).

    3 Sobre a importncia da revista nas cincias sociais, ver Limongi (1987).

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    de 1970.4 A produo passa tambm pelas dissertaes e teses defendidas5 neste perodo, assim como pela publicao de dois livros fundamentais: Universo do futebol: esporte e sociedade brasileira, organizado pelo antroplogo Roberto DaMatta (1982a), e Futebol e cultura: coletnea de estudos, organizado por Jos Carlos Sebe Meihy e Jos Sebastio Witter (1982).

    Diversos temas foram pesquisados ao longo dessas duas dcadas: a insero e a participao dos negros no futebol; as relaes entre futebol e identidade nacional; discusses sobre estilos e escolas de futebol, principalmente de um jogar brasileira, mais conhecido como futebol-arte; a circulao de joga-dores brasileiros no futebol internacional; a formao de jovens jogadores em escolinhas de futebol e categorias de base; etc. Dentre os principais temas, as pesquisas sobre torcidas organizadas, muito influenciadas pela proliferao de conflitos e casos de violncia nos estdios no comeo da dcada de 1990, tiveram um impacto decisivo dentro do processo de ampliao do cenrio de estudos sobre esportes no Brasil.

    Muitos desses temas foram germinados nestas em outras formas coletivas de debate e pesquisa. Alm dos congressos, vale lembrar ainda que parte conside-rvel desses trabalhos foi desenvolvida por pesquisadores vinculados a grupos de pesquisa, formados em sua maioria a partir do ano 2000, que tm no esporte seu principal tema de investigao. Dentre os grupos, podemos destacar: Ncleo de Sociologia do Futebol, criado em 1990 na Uerj e coordenado por Maurcio Murad;6 Ncleo de Estudos e Pesquisas sobre Esporte e Sociedade Nepess, fundado em 2005 e coordenado por Marcos Alvito Pereira de Souza; Anima: Lazer, Animao Cultural e Estudos Culturais, criado em 1999 na UFRJ e coor-denado por Victor Andrade de Melo e Fabio de Faria Peres; Sport: Laboratrio de Histria do Esporte e do Lazer, formado em 2006 e tambm coordenado por Victor Andrade de Melo; Esporte e Cultura, criado em 1997 por Ronaldo Helal e Hugo Lovisolo; Ncleo de Estudos e Pesquisas em Sociologia do Futebol,

    4 Algumas destas produes: o ensaio O futebol no Brasil de Anatol Rosenfeld, publicado em 1974 na revista Argumento n 2; o artigo Futebol: pio do povo ou drama de justia social? do antroplogo Roberto DaMatta, publicado na revista Novos Estudos n 4 de 1982b; o texto O futebol no pas do futebol de Waldenyr Caldas, e a entrevista Os cartolas so inevitveis? Entrevista de Walter Casagrande a Waldenyr Caldas, ambos publicados em 1986 pela revista Lua Nova: Revista de Cultura e Poltica n 10.

    5 Com destaque para as elaboradas no Programa de Ps-Graduao em Antropologia do Museu Nacional-UFRJ: O futebol brasileiro: instituio zero. Dissertao de Mestrado que Simoni Gue-des defendeu em 1977, e Os gnios da pelota: um estudo do futebol como profisso. Dissertao defendida por Ricardo Augusto Benzaquen de Araujo em 1980.

    6 O Ncleo de Sociologia do Futebol no existe mais.

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    formado em 2006, vinculado UFPE e coordenado por Josimar Jorge Ventura de Morais e Tlio Velho Barreto;7 Associacin Latinoamericana de Estudios Socioculturales del Deporte Alesde, criada em 2008, conta com Wanderley Marchi Jnior com vice-presidente.

    Portanto, a partir da dcada de 1990, as pesquisas, outrora contingentes, tornaram-se mais sistemticas. Outros espaos decisivos para a consolidao dessa produo so os grupos de trabalho de eventos acadmicos nacionais e latino-americanos, tais como a Associao Brasileira de Antropologia ABA, Reunio de Antropologia do Mercosul RAM, Associao Nacional de Ps-Graduao e Pesquisa em Cincias Sociais Anpocs, Associao Nacional dos Professores Universitrios de Histria Anpuh, Sociedade Brasileira de Sociologia SBS, Associao Latino-Americana de Sociologia Alas e outros. Embora a quantidade e qualidade das pesquisas apresentadas nos fruns possam variar, a permanncia destes ao longo dessa ltima dcada evidencia a importncia das investigaes voltadas ao campo esportivo.

    Assim, a afirmao de que a produo sobre futebol escassa consolidou-se no discurso acadmico como sendo algo inquestionvel, constantemente repetida em diversos meios. O nosso objetivo, ao mapear este quadro da produo sobre futebol nas cincias humanas, foi mostrar que a bibliografia no to insuficiente quanto se pensa. A produo existe. Porm, ainda precisa haver uma maior di-vulgao e intercmbio das informaes, dos trabalhos produzidos e dos grupos consolidados que se propem a discutir e a pesquisar sobre o tema.

    Revistas e peridicosEmbora este mapeamento abarque o perodo de 1990-2009, adotamos como

    ponto de partida o ano de 1994, uma data muito importante para o futebol brasilei-ro e tambm para a produo acadmica brasileira dedicada ao tema futebolstico. Depois de 24 anos, o Brasil voltava a conquistar a Copa do Mundo de Futebol, disputada nos Estados Unidos. Logo aps o trmino do principal evento futebo-lstico do planeta, era publicada uma edio da Revista USP, intitulada Dossi Futebol, que atualmente se encontra esgotada.8 Estes aspectos foram destacados

    7 Para um levantamento mais detido dos grupos de pesquisa voltados ao estudo do esporte, de forma geral, nas cincias humanas, conferir Ferreira (2007), que realizou um outro tipo de mapeamento sobre o que est sendo produzido na sociologia do esporte, um campo acadmico em consolidao, e percebeu o maior espao conferido sociologia do esporte nas revistas de educao fsica do que nas revistas de sociologia.

    8 A verso em PDF da revista pode ser acessada no site: http://www.usp.br/revistausp/22/SUMA-

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    pelo socilogo Jos Carlos Bruni, professor do Departamento de Sociologia da FFLCH-USP e autor do texto de apresentao do dossi, para justificar a publi-cao de um especial sobre a temtica:

    Foi pensando na inegvel importncia do futebol dentro da sociedade brasileira (mas no

    s) que surgiu a ideia de um dossi sobre esse tema. Contribuir para uma interpretao crtica do futebol, alicerada no tipo de conhecimento cultivado no interior da universidade,

    foi o fio condutor dos textos aqui coligidos, aproveitando a oportunidade aberta com a

    Copa do Mundo, quando o fenmeno do futebol torna-se mais visvel, empolgante e rico

    do que ordinariamente (1994, p. 7).

    A produo de dissertaes, artigos e, principalmente, livros aumentara a partir da dcada de 1980, como bem lembrou Bruni ao apontar que (...) como prova o prprio dossi, j possumos ampla bibliografia a respeito (1994, p. 7). Assim, pode-se afirmar que a publicao do dossi na Revista USP em 1994 trouxe uma decisiva visibilidade temtica futebol dentro das cincias sociais. A maioria dos artigos procurou investigar os significados do futebol para a sociedade brasileira por meio de diferentes aspectos: o desenvolvimento histrico do futebol no Brasil, aspectos e leituras artsticas do jogo, torcidas e torcedores de futebol.

    Alguns destes aspectos foram retomados por Roberto DaMatta (1994) em Antropologia do bvio, artigo que se tornou referncia para todos os estudiosos do universo futebolstico dentro das cincias humanas e que deu continuidade a temas trabalhados em seus estudos anteriores. A contribuio antropolgica tambm se faz presente no texto de Jos Srgio Leite Lopes (1994), A vitria do futebol que incorporou a pelada, constantemente citado pelas produes atuais9 e que problematiza aspectos ligados ao amadorismo das primeiras dcadas do sculo XX, ao posterior profissionalismo e ao jornalismo esportivo a partir da obra de Mrio Rodrigues Filho.

    Tais temas ressurgem em outros ensaios voltados dimenso histrica da prtica futebolstica, como no texto Futebol, metrpoles e desatinos do histo-riador Nicolau Sevcenko (1994); Aspectos sociopolticos do futebol brasileiro do socilogo Waldenyr Caldas (1994); e A bola na ponta da caneta do jorna-lista Francisco Costa (1994). O dilogo entre futebol e outros planos estticos, como literatura e artes plsticas, foi explorado no espao reservado a textos do

    RIO-22.htm. Acesso em: 21/11/2009.9 Outro artigo de Leite Lopes que se tornou referncia foi Esporte, emoo e conflito social,

    publicado em 1995 na revista Mana, editada pelo Programa de Ps-Graduao em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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    escritor Decio de Almeida Prado (1994); poemas de Antonio Medina Rodrigues, professor de Lngua e Literatura Grega da FFLCH-USP; e ilustraes do artista plstico Antnio Lizrraga (1994), alternados com poemas de Jlio Plaza e Haroldo de Campos.

    Dois artigos de jovens pesquisadores da USP encerravam o dossi. Pautados por trabalhos recentes e at ento inditos, os textos Transgresso e violncia entre torcedores de futebol do antroplogo Luiz Henrique de Toledo (1994) e O futebol nas fbricas da sociloga Fatima Martin Rodrigues Ferreira Antunes (1994) representaram um novo conjunto de pesquisas que comeavam a ser desen-volvidas na dcada de 1990 e que paulatinamente ganhavam espao nos peridicos das cincias sociais e veculos de mdia impressa.10 Nesse sentido, vale pontuar que a dissertao de mestrado de Luiz Henrique, Torcidas organizadas de futebol, foi premiada pela Anpocs, como a melhor dissertao de cincias sociais de 1994.

    No mesmo ano de publicao da Revista USP Dossi Futebol, mais pre-cisamente no segundo semestre de 1994, foi lanado o nmero zero da revista Pesquisa de Campo, editada pelo Ncleo de Sociologia do Futebol vinculado ao Departamento de Cincias Sociais do Instituto de Filosofia e Cincias Humanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Uerj.

    Fundado em maio de 1990, o Ncleo foi o primeiro centro de investigao latino-americano voltado sociologia do futebol (Murad, 1999a). Idealizado e coordenado pelo socilogo Mauricio Murad, o Ncleo de Sociologia do Futebol possui uma forte vocao transdisciplinar, marcado pelo dilogo entre as cincias sociais e outras reas do conhecimento, como educao fsica e comunicao social, entre outras. Nesses vinte anos de existncia, desenvolveu algumas linhas de pesquisa, bem como procurou organizar um importante acervo documental sobre a temtica do futebol. Outra iniciativa do Ncleo foi a criao, em 1994, de uma disciplina eletiva denominada Sociologia do Futebol, a primeira de outras disciplinas que surgiriam nos anos seguintes em diferentes universidades brasileiras,11 cujo contedo programtico, segundo Murad (1999a), dividia-se

    10 Cabe destacar os artigos: Por que xingam os torcedores de futebol? de Luiz Henrique de Toledo, publicado em 1993 na revista Cadernos de Campo n 03, editada pelos alunos de ps-graduao em Antropologia Social da USP; e Anarquistas e comunistas no futebol de So Paulo de Fati-ma Ferreira Antunes, publicado em 1992 no jornal D. O. Leitura, suplemento cultural do Dirio Oficial do Estado de So Paulo.

    11 No Departamento de Histria da USP, na ps-graduao, oferecida a disciplina Histria So-ciocultural do Futebol: impulso ldico, composio e significaes; na Faculdade de Educao Fsica da Unicamp, a disciplina Sociologia do Esporte; entre outras.

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    em trs unidades: a) o lugar terico da sociologia do futebol; b) histria social brasileira e mundial do futebol ; c) futebol e cultura brasileira.

    Portanto, embora a Revista USP tenha solidificado um espao para o futebol no espao acadmico, preciso destacar a experincia anterior e inovadora do Ncleo de Sociologia do Futebol. Concomitante disciplina e s atividades de pesquisa, o ncleo editou cinco nmeros da revista Pesquisa de Campo, que tinha como foco publicar artigos e outras produes sobre futebol. Como lem-bra Murad (1999a), ex-editor da revista, tratava-se de um espao de reunio e divulgao, exposio e discusso de ideias, trabalhos, propostas e pesquisas de estudiosos e ensastas de formaes diferenciadas.12 Pensado inicialmente para ter periodicidade semestral, o peridico parou de ser editado aps seu quinto nmero por causa da falta de financiamento, mas seu pioneirismo um marco na histria da implantao dos estudos do futebol nos cursos de Cincias Sociais no Brasil (Murad, 2010).13

    Dentre toda a produo publicada no peridico, destaca-se a mesa de debates Homenagem ao Joo Saldanha, realizada em 21 de agosto de 1990, no ms seguinte morte do cronista durante a Copa da Itlia. Publicada no nmero zero da revista, contou com a participao do arquiteto Oscar Niemeyer, do jornalista e escritor Sergio Cabral, do ator Francisco Milani e do jornalista Alberto Lo (Murad, 1994). No nmero seguinte, o destaque foi a publicao de uma entrevista com o antroplogo Roberto DaMatta (1995).

    Vale pontuar, ainda, que alguns temas tiveram destaque nas edies do peri-dico, principalmente artigos sobre as relaes entre futebol e literatura por meio da obra de alguns escritores e cronistas, tanto os que jogavam contra a prtica futebolstica, entre eles Lima Barreto (Rodrigues Filho, 1995; Toledo, 1996) e Graciliano Ramos (Soares; Lovisolo, 1997), como aqueles que jogavam a favor, caso de Jos Lins do Rego (Coutinho, 1994). As relaes de gnero tambm foram observadas, principalmente a partir do futebol feminino (Campos, 1994; Faria Jr., 1995; Pacheco; Cunha Jr., 1997), assim como a recente conquista da Copa do Mundo de 1994, evento transformado em objeto de pesquisa (Guedes, 1995; Rocha, 1995; 1996, Helal; Coelho, 1995). Outros temas que viriam a ser muito estudados nos anos posteriores, tal qual a questo da violncia (Flores, 1995;

    12 Os nmeros publicados tiveram as seguintes temticas: nmero 0, junho de 1994 Futebol: 100 anos de paixo brasileira; nmero 1, 1995 Brasil: futebol tetracampeo do mundo; nmero 2, 1995 Futebol e cultura brasileira; nmero 3/4, 1996 Futebol: sntese da vida brasileira; nmero 5, 1997 Futebol e cidadania.

    13 Conferir entrevista de Mauricio Murad no site www.ludopedio.com.br.

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    Murad, 1996) e da participao dos negros no futebol brasileiro (Gordon Jr., 1995; 1996), dividiam espao com pesquisas de objetos ainda hoje pouco investigados, como a linguagem futebolstica (Feij, 1995; 1997) e os jogos de bola de di-ferentes civilizaes e outros perodos histricos (Lemos, 1995; Tonelli, 1997).

    Portanto, no h dvidas de que existe uma produo anterior publicao do Dossi Futebol, mas ela incipiente e isolada.14 Sobre o isolamento das in-formaes, bastante tempo depois, Pablo Alabarces refora que [...] la escasez de presentaciones colectivas y continentales seala ms las dificultades de la circulacin de los saberes sobre el campo de estudios que su ausencia (2007, p. 174-175).

    Porm, indo na contramo do discurso solidificado na academia de que a produo pequena, Toledo (2001, p. 135) questionou, alguns anos depois, o frequente discurso de que seja difcil de encontrar material a respeito do futebol:

    J h algum tempo que as dissertaes e as teses que tratam da dimenso esportiva no

    fazem mais a ressalva de que o assunto carece de bibliografia consistente. Esta ressalva,

    convertida muitas vezes em falta de cuidado ou despreparo na reviso bibliogrfica, foi pega

    de surpresa na ltima dcada com o boom de trabalhos sobre os esportes no Brasil e a con-solidao no meio acadmico de reas que deram um tratamento menos espordico ao tema.

    Em 1999, a revista Estudos Histricos n 23 dedicou sua edio ao tema esporte e lazer, com contribuies de pesquisadores de diferentes reas do co-nhecimento. Antroplogos, historiadores, gegrafos, socilogos e educadores fsicos produziram um conjunto de doze textos abordando o fenmeno esporti-vo, sendo oito especificamente sobre futebol, em sua maioria pautado por uma perspectiva histrica.

    A seo Pontos de Vista trouxe dois ensaios: um mais terico, Conside-raes em torno das transformaes do profissionalismo no futebol a partir da observao da Copa de 1998, do antroplogo Jos Srgio Leite Lopes (1999); e o relato etnogrfico de Eline Deccache Maia (1999), Esporte e juventude no Borel, sobre as atividades de uma escolinha de futebol em uma favela na cidade do Rio de Janeiro.

    A seo Artigos apresentava textos resultantes de duas pesquisas defendidas em 1998. Em Ah! Eu sou gacho: o nacional e o regional no futebol brasileiro, Arlei Sander Damo (1999) discutia, a partir dos torcedores do clube Grmio de Porto Alegre, algumas questes sobre pertencimento clubstico que investigara em

    14 Lembramos que a internet nos anos 1990 no Brasil era algo muito limitado. Hoje a internet possibilita a troca de informaes de maneira muito mais rpida do que antigamente.

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    sua dissertao de mestrado.15 O segundo artigo, Histria e a inveno das tra-dies no campo de futebol, de Antnio Jorge Soares (1999a), trazia alguns dos principais pontos sobre a temtica racial que analisara em sua tese de doutorado.16

    Alm dos artigos e ensaios, a revista trazia um informe sobre o Ncleo de Sociologia do Futebol UERJ, escrito por Maurcio Murad (1999a), e a resenha Futebol, sonho e decepo..., elaborada por Manoel Luis Lima Salgado Gui-mares (1999), tecia comentrios sobre o livro O Rio corre para o Maracan.

    Contudo, a seo Debates publicada pela revista Estudos Histricos merece destaque dentre as demais sees, pois trouxe uma polmica e acalorada discus-so envolvendo alguns dos principais pesquisadores brasileiros que investigam o universo futebolstico. Em Sociologia, histria e romance na construo da identidade nacional atravs do futebol, Ronaldo Helal e Cesar Gordon Jr. (1999) teceram comentrios e crticas tese de doutorado de Antnio Jorge Soares, pes-quisa que problematiza a histria das relaes raciais no universo futebolstico, principalmente a partir das leituras de alguns pesquisadores da clssica obra O negro no futebol brasileiro, de Mrio Filho, considerada por Soares um romance que, ao misturar fico e realidade, produz uma tradio inventada, ou seja, um discurso sobre o futebol brasileiro centrado na questo racial. A crtica de Helal e Gordon Jr. busca do autor em desconstruir os alicerces terico-metodolgicos sobre o racismo no futebol encontrados em trabalhos recentes que utilizaram o livro de Mrio Filho como base de dados levou publicao, ainda na mesma edio, do texto A modo de resposta de Antonio Jorge Soares (1999b). Neste texto, Soares refora a defesa de seus argumentos, embora reconhea a impor-tncia e qualidade da crtica elaborada por seus colegas pesquisadores.

    Contudo, o debate iniciado pelo texto crtico realizado por Helal (1999) e Gordon Jr., e que colocava no centro da discusso a produo de pesquisadores vinculados ao Ncleo de Sociologia do Futebol, teve continuidade na edio n 24 da Estudos Histricos, lanada no mesmo ano. Em Consideraes possveis de uma resposta necessria, o socilogo Maurcio Murad (1999b), coordenador do Ncleo, retoma o estimulante debate acadmico sobre a questo racial no futebol brasileiro e a formao de uma identidade nacional, abordando alguns aspectos assinalados por Antonio Jorge Soares (1999) no nmero anterior. De

    15 Para o que der e vier: o pertencimento clubstico no futebol brasileiro a partir do Grmio Fute-bol Porto Alegrense e seus torcedores. Tese defendida no Programa de Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS em 1998.

    16 Futebol, raa e nacionalidade no Brasil: releitura da histria oficial. Tese defendida em 1998 na Universidade Gama Filho.

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    modo mais incisivo, Murad critica os questionamentos epistemolgicos, tericos e metodolgicos de Soares sugerindo inclusive um certo etnocentrismo aca-dmico ; ressalta a importncia do livro de Mrio Filho, para Murad (1999b), um clssico no exato sentido do termo; e defende a diversidade de fontes e a consistncia das pesquisas sobre a temtica do negro no futebol brasileiro, apon-tando a qualidade documental do acervo do Ncleo de Sociologia do Futebol.

    Em 2003, dois peridicos publicaram importantes dossis com o tema es-porte. A revista Antropoltica n 14, vinculada ao Programa de Ps-Graduao em Antropologia e Cincia Poltica da UFF, publicou o pequeno dossi Esporte e Modernidade, porm muito valioso, como lembra Simoni Guedes em sua apresentao aos trabalhos:

    Muitos antroplogos, nas duas ltimas dcadas, tm contribudo para a compreenso do

    lugar dos esportes na modernidade, revelando dimenses decisivas dos sistemas sociocul-turais atuais. Mas, sem qualquer sombra de dvida, os trs aqui reunidos neste primeiro

    dossi da Antropoltica vm contribuindo de modo particularmente relevante para o debate internacional sobre o tema (2003, p. 11).

    O primeiro artigo, Em torno da dialtica entre igualdade e hierarquia: notas sobre as imagens e representaes dos Jogos Olmpicos e do futebol no Brasil, traz uma reflexo comparativa de Roberto DaMatta (2003) sobre o espao simblico dos dois eventos na sociedade brasileira, sendo o primeiro menos valorizado no Brasil em comparao s Copas do Mundo de Futebol. No segundo texto, publicado em ingls, o antroplogo argentino Eduardo P. Archetti (falecido em 2005) percorre mais de meio sculo de histria (do final do sculo XIX at a dcada de 1950) para analisar o futebol, bem como outros esportes na Argentina, como o polo, as corridas de carros e o boxe. Por fim, no terceiro e ltimo texto, Futebol e mdia: a retrica televisiva e suas implicaes na identidade nacional, de gnero e religiosa, a antroploga Carmen Slvia Mo-raes Rial (2003) investiga, tendo com base principalmente a Copa do Mundo de 1998, a construo do futebol enquanto um discurso social pela mdia televisiva.

    No segundo semestre de 2003, a revista Histria: Questes & Debates n 39, editada pelo Programa de Ps-Graduao em Histria da UFPR, trouxe o dossi Esporte e Sociedade com cinco artigos, sendo trs internacionais, com destaque para os textos Sobre problemas de identidade e emoes no esporte e no lazer: comentrios crticos e contracrticos sobre as sociologias convencio-nal e configuracional de esporte e lazer do socilogo Eric Dunning (2003) e Globalizao cultural nas fronteiras o caso do futebol escocs do socilogo Richard Giulianotti (2003). Completavam o dossi dois artigos sobre narrativas

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    jornalsticas em contextos diferentes: no primeiro, a antroploga Candice Vidal de Souza (2003) analisa a discusso sobre a modernizao do futebol brasileiro por meio de matrias publicadas no jornal Folha de S.Paulo durante o ano de 1997; no segundo, com base no material de imprensa publicado em Buenos Aires no ano de 1925, Julio D. Frydenberg (2003) investiga questes de identidade e pertencimento nacional na Argentina, tendo como principal objeto o clube Boca Juniors. Para encerrar o dossi, o artigo de Plnio Jos Labriola de Campos Negreiros (2003) procurava analisar as relaes entre o futebol e a construo da identidade nacional no Brasil por meio de dois eventos especiais: Copa do Mundo de 1938 e a inaugurao do Estdio do Pacaembu em 1940.

    Neste novo sculo, foram criadas duas revistas especficas para as produes sobre a temtica do esporte dentro das cincias sociais e humanas. Em 2005, surgiu a revista Esporte e Sociedade, criada por pesquisadores de diferentes re-as e universidades. Coordenada atualmente pelo historiador Bernardo Buarque de Hollanda, a revista trouxe em seu primeiro nmero uma edio quase toda dedicada prtica futebolstica, espao que, nos nmeros seguintes, foi sendo compartilhado com pesquisas sobre outros esportes. Alguns dos artigos das pri-meiras edies, inclusive, tornaram-se referenciais importantes para trabalhos posteriores. Entre eles, Senso de jogo de Arlei Damo, publicado em 2005 no primeiro nmero da revista, que traz alguns dos resultados da tese de doutorado17 do autor, premiada pela Anpocs; e o texto Futebol e sociabilidade: apontamentos sobre as relaes jocosas futebolsticas de Edison Gastaldo,18 publicado no ter-ceiro nmero em 2006b. Nos demais nmeros, outros artigos foram publicados, mas passaram a dividir espaos com trabalhos sobre diversas modalidades, j que a revista trata do esporte de forma geral.

    Em 2008, foi criada a Record Revista de Histria do Esporte, vinculada ao Programa de Ps-Graduao em Histria Comparada da UFRJ, ao grupo

    17 Do dom profisso Uma etnografia do futebol de espetculo a partir da formao de jogadores no Brasil e na Frana. Tese defendida no Programa de Ps-Graduao em Antropologia Social da UFRGS em 2005. Atualmente, Arlei Damo vem focando a circulao de jogadores brasileiros de futebol profissional, ps-de-obra identificados tanto como pessoas e mercadorias s quais so atrelados valores e preos. Para conferir alguns pontos desta discusso, ainda que de forma inicial, conferir artigo de Damo (2008), Dom, amor e dinheiro no futebol de espetculo na Revista Brasileira de Cincias Sociais.

    18 Autor que j se debruou sobre diversos aspectos do universo do futebol e que atualmente in-vestiga a sociabilidade masculina que est ligada aos contextos futebolsticos, principalmente cotidianos, e marcada por relaes de jocosidade. Entre os vrios artigos de Gastaldo, destacam-se as anlises das publicidades durante a Copa do Mundo (2001; 2002), do papel da mdia esportiva (2006a; 2009) e das performances de torcedores em bares durante as partidas (2005).

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    Sport: Laboratrio de Histria do Esporte e do Lazer e que tem Victor Andrade de Melo como editor-responsvel. Voltada aos estudos de prticas corporais institucionalizadas, abarcando desde a dana at a educao fsica, a revista, ainda em seus primeiros nmeros, indica que poder contribuir para o quadro de produes sobre futebol.

    Em 2008, foi lanada a Revista Brasileira de Futebol, fruto do curso de es-pecializao em futebol da Universidade Federal de Viosa (UFV). Esta revista totalmente voltada ao futebol e possui artigos desde sobre treinamento esportivo at os que tratam o futebol como um fenmeno cultural.

    Neste mesmo ano, a Horizontes Antropolgicos, uma revista de grande visi-bilidade dentro do contexto antropolgico, publicou, em seu trigsimo nmero, o dossi Antropologia e Esporte, voltado quase integralmente ao universo futebols-tico. De presente para seus leitores, trouxe uma seo Espao Aberto internacional, composta por uma entrevista com Eric Dunning, Esporte, violncia e civilizao: uma entrevista com Eric Dunning conduzida por dison Gastaldo (2008); um texto indito em lngua portuguesa, As prticas e os espetculos esportivos na perspectiva da etnologia do antroplogo francs Christian Bromberger (2008), precedido por uma apresentao de Arlei Damo; e um texto-homenagem de Pablo Alabarces (2008) ao antroplogo argentino Eduardo Archetti, conhecido por seus trabalhos de cunho comparativo sobre o futebol e outros esportes na Argentina, seguido pela publicao de um artigo de Archetti, El potrero y el pibe: territorio y pertenencia en el imaginario del ftbol argentino.19

    Apesar do ttulo do dossi, todos os textos da seo Artigos discorrem sobre a temtica futebolstica, tendncia que pode ser explicada pelo destaque desta modalidade nos planos espetacularizado e cotidiano quando comparada s demais prticas esportivas no Brasil. Predomnio que se reflete tambm na pro-duo de pesquisas sobre os esportes brasileiros e suas relaes com diversas questes sociais.

    Marcado pelos resultados de investigaes etnogrficas sobre prticas e eventos esportivos, o especial da Horizontes Antropolgicos abria e fechava sua seo de artigos com textos de dois dos mais importantes antroplogos voltados temtica esportiva, respectivamente, Carmen Rial (2008) e Luiz Henrique de Toledo (2008). Em Rodar: a circulao dos jogadores de futebol brasileiros no exterior, Rial pesquisou a transferncia de jogadores brasileiros por diversos pases, principalmente os europeus. Toledo, por seu lado, em Jogo livre: analo-

    19 Publicado originalmente por Archetti (1998) na Revista Nueva Sociedad.

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    gias em torno das 17 regras do futebol, analisa as regras do futebol que possuem lgicas destoantes, com base em trs abordagens antropolgicas clssicas: o estruturalismo, o estrutural-funcionalismo e a configuracional.

    Nos demais textos dessa seo, pesquisadores brasileiros compartilham pginas e temas com estudiosos argentinos em uma edio que trouxe, ainda, artigos transdisciplinares, exemplos da importncia do dilogo de pesquisadores da educao fsica com os aportes terico-metodolgicos das cincias sociais, principalmente sobre a discusso e relao entre dom e futebol. Troca entre dis-ciplinas que tem se mostrado muito produtiva para a consolidao dos estudos sobre futebol no Brasil.

    Vale conferir, ainda, outros dossis que foram publicados neste perodo, como o da Pensar a Prtica (v. 10, n 1), de 2007, revista de educao fsica e cincias do esporte da Universidade Federal de Gois; o dossi Histria e Es-porte da Revista do IHGB n 439, publicado em 2008 pelo Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro; e a revista Organizaes e Sociedade n 48, de 2009, editada pela Escola de Administrao da Universidade Federal da Bahia. Ainda em 2009, seria publicado o dossi Antropologia do Esporte da revista Vibrant (Virtual Brazilian Anthropology), peridico online publicado pela Associao Brasileira de Antropologia ABA.

    Para alm dos dossis e artigos aqui mencionados, muitas outras revistas contriburam para o debate sobre o fenmeno futebolstico nas cincias sociais e para a produo de novas pesquisas, colaborando assim para o fortalecimento da temtica. Trata-se, contudo, de uma produo ainda distante da visibilidade merecida pela importncia deste tema no Brasil. Como lembra Toledo (2001, p. 135), em algumas revistas acadmicas de reconhecida visibilidade no campo cientfico podemos observar um nmero irrisrio de trabalhos que tm como tema os esportes. Isso, de certa forma, reflete um campo ainda em formao e afirmao institucional.

    Cenrio a ser modificado pelos estudos mais recentes, muitos deles marcados pela interdisciplinaridade, que procuram teorizar o campo esportivo e investigar empiricamente as diferentes expresses e prticas futebolsticas.

    teses e dissertaesPara o levantamento de teses e dissertaes, no primeiro momento, buscamos

    as informaes nas pginas de todas as bibliotecas digitais das universidades federais e de algumas estaduais e particulares, especialmente as pontifcias univer-sidades catlicas, devido ao espao que ocupam no cenrio acadmico brasileiro.

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    Durante a busca, acessamos o banco de teses no portal da Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior Capes.20 Por ser um rgo de fomento pesquisa, a base de dados da Capes foi um espao de referncia para atualizar o quadro de dados e explanar algumas dvidas a respeito das informaes coletadas. Porm, vale ressaltar que esse banco de teses e dissertaes apresenta dados referentes produo brasileira at 2008.

    Alm disso, em conjunto com esse levantamento, acessamos e conferimos uma srie de informaes coletadas pelo Grupo de Estudos sobre Futebol e Torci-das (Gefut), que realizou um rigoroso levantamento da produo acadmica acerca do futebol nas cincias humanas e sociais, abarcando o perodo 1980 - 2007.

    O critrio definido para realizar a busca pelas teses e dissertaes foi pela palavra futebol nos resumos dos trabalhos. Embora o nosso foco tenha sido a produo que esteja em dilogo com as cincias humanas e sociais, optamos por apresentar, como dados do levantamento, alguns trabalhos que foram produzidos em outras reas do conhecimento como, por exemplo, trabalhos de engenharia ou arquitetura. Nestas reas, especificamente, algumas temticas estudadas princi-palmente sobre a estrutura, edificao e usos dos estdios de futebol permitem a construo de um importante dilogo com as cincias sociais.

    Na tabela 1 podemos verificar a distribuio dos trabalhos de mestrado e doutorado pelas reas do conhecimento. O item cincias sociais agrupa pesquisas provenientes da antropologia, sociologia e cincia poltica. Devido aos diferentes nomes que os programas de ps-graduao do s reas, optamos por reunir essa diversidade de pesquisas em um nico item. Dessa forma, a histria aparece so-zinha enquanto categoria, pois havia uma uniformidade de informaes quanto a essa rea do conhecimento.

    A educao fsica e as cincias sociais foram as reas que mais alimentaram a produo acadmica. A educao fsica, apenas aparentemente distante desse tipo de discusso, tornou-se referncia em trabalhos amparados pelos referenciais das cincias humanas desde que inmeros cursos de Educao Fsica incorporaram, em suas grades disciplinas para discutir os aspectos sociais de uma prtica que durante muito tempo somente olhava para as questes biolgicas.

    20 Conferir http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/

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    Grfico 1 distribuio por reas (nmero de trabalhos)

    Ao todo, no levantamento, foram catalogadas 27 reas que promoveram estudos sobre o universo futebolstico.21 Abaixo, temos as reas elencadas de acordo com o nmero total de produes:

    21 No grfico 1 acima esto indicados os dados da coluna a esquerda, apresentados em destaque na tabela 1 abaixo.

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    tabela 1 distribuio dos trabalhos de mestrado e doutorado

    sobre futebol por rea - 1990-2009

    reas Total %Educao fsica 83 23,31Cincias sociais 69 19,38Histria 36 10,11Letras 27 7,58Administrao 26 7,30Comunicao social 26 7,30Psicologia 18 5,06Educao 16 4,49Direito 14 3,93Engenharia 7 1,97Arquitetura 5 1,40Comunicao e semitica 4 1,12Multimeios 4 1,12Geografia 3 0,84Religio 3 0,84Cincias contbeis 3 0,84Sade coletiva 2 0,56Cincia da informao 1 0,28Design 1 0,28Economia 1 0,28Epidemiologia 1 0,28Hospitalidade 1 0,28Relaes internacionais 1 0,28Turismo 1 0,28Integrao da Amrica 1 0,28Enfermagem 1 0,28Hebiatria 1 0,28

    De acordo com os dados levantados, duas universidades fomentaram o maior nmero de pesquisas no perodo mapeado: a Universidade de So Paulo (USP) e a Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC-SP), ambas com 37 trabalhos. Vale destacar, porm, uma significativa disperso da produo, visto que os trabalhos sobre futebol esto vinculados a 44 universidades diferentes.

    As cinco primeiras universidades esto localizadas na regio Sudeste. Vale realar, ainda, que no aparece nenhuma universidade do Nordeste entre as 10 primeiras deste levantamento. Certamente, esse quadro ir se modificar nos pr-ximos anos devido atuao do Ncleo de Estudos e Pesquisas em Sociologia do Futebol, criado em Pernambuco.

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    tabela 2 distribuio dos trabalhos de mestrado e doutorado

    sobre futebol por universidades - 1990-2009

    Instituio Total %

    USP 37 10,39PUC-SP 37 10,39Unicamp 33 9,27Universidade Gama Filho 26 7,30UFRJ 24 6,74UFRGS 21 5,90UFMG 18 5,06UNB 16 4,49UFSC 16 4,49UFPR 13 3,65Unesp 10 2,81UFBA 8 2,25Uerj 8 2,25UFPE 8 2,25PUC-RJ 7 1,97PUC-RS 7 1,97UFSM 6 1,69UFC 6 1,69UFF 6 1,69PUC-MG 5 1,40Universidade Metodista de So Paulo 5 1,40Ufscar 5 1,40Universidade Presbiteriana Mackenzie 4 1,12UEPG 3 0,84UFPA 3 0,84Puccamp 2 0,56Unisinos 2 0,56UFG 2 0,56UFPEL 2 0,56USP (Ribeiro Preto) 2 0,56Csper Lbero 1 0,28Escola Superior de Teologia 1 0,28Faculdades Integradas SantAnna 1 0,28Ibmec So Paulo 1 0,28UEM 1 0,28Ufam 1 0,28Ufes 1 0,28UFMT 1 0,28UFRN 1 0,28

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    Instituio Total %

    Universidade Anhembi Morumbi 1 0,28Universidade Catlica de Gois 1 0,28Universidade Catlica de Pernambuco 1 0,28Universidade de Pernambuco 1 0,28Universidade de Sorocaba 1 0,28

    Grfico 2 Produo brasileira sobre futebol por universidade (%)

    Para conferncia, a lista completa (nome da pesquisa, autor, instituio, titulao, orientador e ano da defesa) das 356 pesquisas j concludas22 e listadas acima pelas universidades encontra-se no Anexo 1 Pesquisas concludas, ao final desse artigo.

    Entre os professores das universidades, Antonio Jorge Gonalves Soares lide-ra a lista de orientaes, com doze orientaes na Universidade Gama Filho-RJ e uma na Universidade Federal do Esprito Santo, sendo dez orientaes de mestra-do e trs de doutorado, o que representa 3,65% da produo nos ltimos vinte anos.

    22 Consideramos as dissertaes e teses que foram defendidas at 2009.

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    Logo em seguida, aparece Hugo Rodolfo Lovisolo, com cinco orientaes pela Universidade Gama Filho-RJ e uma pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, sendo quatro orientaes de mestrado e duas de doutorado. Com o mesmo nmero de orientaes de Lovisolo, a antroploga Mrcia Regina da Costa, falecida em 2007, continua a ser uma referncia para pesquisadores da temtica futebolstica. A professora da Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC-SP) orientou trs trabalhos de mestrado e trs de doutorado, todos vinculados ao Ncleo de Cultura Urbana da PUC, do qual era coordenadora.23

    Esse levantamento permite inferir que, embora a USP possua o maior nmero de trabalhos produzidos, eles esto distribudos por vrios orientadores, j que nenhum professor da USP aparece entre os primeiros da lista. Segue o grfico com a quantidade de orientaes dos professores:

    Grfico 3 Orientadores dos trabalhos de mestrado e doutorado sobre futebol

    23 Tambm pela Universidade Gama Filho, Jos Sebastio Votre orientou cinco trabalhos (trs mestrados e dois doutorados), seguido por Elenor Kunz da Universidade Federal de Santa Cata-rina (quatro mestrados); Helosa Helena Baldy dos Reis da Universidade Estadual de Campinas (quatro mestrados) e Luiz Henrique de Toledo da Universidade Federal de So Carlos (quatro mestrados); Dietmar Martin Samulski da Universidade Federal de Minas Gerais (trs mestrados); Joo Batista Freire est atualmente na Universidade do Estado de Santa Catarina, porm realizou as orientaes sobre futebol quando era professor da Universidade Estadual de Campinas (dois mestrados e um doutorado); Luiz Alberto Pilatti, sendo dois mestrados pela Universidade Esta-dual de Ponta Grossa e um mestrado pela Universidade Federal do Paran; Luiz Carlos Ribeiro, com um mestrado e dois doutorados pela Universidade Federal do Paran; Luiz Otvio Linhares Renault da Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais (trs mestrados), Srgio Carvalho da Universidade Federal de Santa Maria (trs mestrados) e Zaki Akel Sobrinho da Universidade Federal do Paran (dois mestrados e um doutorado).

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    Conclui-se, tambm, que a produo concentra-se no mestrado, com 276 pesquisas ao todo. No doutorado, foram defendidas 78 teses. Conseguimos identificar dois trabalhos de livre docncia sobre o fenmeno futebolstico.24 Ao compararmos os dados levantados com os obtidos pelo levantamento do Gefut podemos inferir que, entre 2007 e 2009, houve uma pequena mas significativa alterao, quando analisada a continuidade, por parte dos pesquisadores, dos estudos sobre futebol na passagem do mestrado para o doutorado. Os dados le-vantados pelo grupo revelavam que, em 2007, havia 204 dissertaes de mestrado (79%) e 54 teses de doutorado (21%).

    No foram computados nesses valores os trabalhos produzidos por brasileiros no exterior, j que o nosso objetivo foi mapear o que foi produzido no Brasil. No quadro abaixo esto indicados o nmeros de trabalhos realizados no mestrado e no doutorado nos ltimos 20 anos.

    Grfico 4 trabalhos sobre futebol realizados no mestrado e doutorado ano a ano

    24 No esto computados nesses dados as duas livre docncias, ambas da Unicamp. Conferir: Brunhs (1998) e Reis (2004).

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    Ao traar a produo ano a ano, possvel verificar que, a partir de 1990 a 1995, a produo pequena e basicamente concentrada nas dissertaes de mestrado. Em 1996, a produo triplica em relao ao ano anterior, atingindo, em 1998, a maior produo anual da dcada, com 22 trabalhos (o grfico 4 no mostra os trabalhos de livre-docncia, ver nota 22), nmero que diminuir ao final da dcada, voltando a crescer em 2002, a ponto de alcanar a marca de 34 pesquisas realizadas em 2006. Esta ascenso consolida-se nos anos seguintes. O ano de 2009 representa o perodo de grande queda na produo em relao ao ano anterior.

    tabela 3 Produo brasileira de trabalhos de mestrado e doutorado

    sobre futebol por ano - 1990-2009

    Ano Total Ano Total Ano Total

    1990 5 1997 9 2004 27

    1991 3 1998 22 2005 30

    1992 4 1999 13 2006 34

    1993 1 2000 17 2007 35

    1994 3 2001 16 2008 38

    1995 4 2002 31 2009 24

    1996 12 2003 28

    consideraes finaisAo longo do artigo pudemos apresentar os dados que justificam a nossa

    afirmativa de que a produo sobre futebol no Brasil no to escassa quanto se pensa. Ressaltamos que a produo existe e que a tendncia a abertura de um maior dilogo e intercmbio das informaes, dos trabalhos produzidos e dos grupos consolidados que se propem a discutir e a pesquisar sobre o tema. Tal intercmbio eliminaria algumas das dificuldades encontradas para a realizao deste artigo, como a desatualizao de alguns currculos lattes e a demora na conferncia das informaes coletadas, seja no portal da Capes ou nas bibliotecas das prprias universidades, alm do desencontro de algumas na disponibilizao das informaes, principalmente quanto ao ttulo da pesquisa.

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    possvel perceber, ainda, que a tendncia um crescimento da produo nesta prxima dcada. A lista dos trabalhos em andamento25 (Anexo 2 Pesqui-sas em andamento) indica um aumento da demanda por doutorados, visto que quinze pesquisas de mestrado e dezesseis de doutorado sero defendidas nos prximos anos. Tambm teremos a concluso do ps-doutorado, com Jos Paulo Florenzano, agora pela Universidade de So Paulo (USP).

    Desses trabalhos em andamento, a USP lidera a lista com onze pesquisas.26 A Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC-SP) vem em seguida, com trs trabalhos. Se, num primeiro momento, as pesquisas sobre futebol de-senvolvidas na PUC-SP eram provenientes do ncleo liderado pela professora Mrcia Regina da Costa, atualmente verifica-se que os trabalhos realizados nessa universidade provm de outros orientadores e, portanto, de outros institutos.

    Centros j estabelecidos, como o da Universidade Gama Filho e o da Univer-sidade Federal do Paran, continuam a produzir pesquisas (uma pesquisa cada). Devemos destacar a expanso dos trabalhos realizados pela Universidade Fede-ral de Pernambuco UFPE (dois trabalhos em andamento), pela Universidade Federal Fluminense UFF (quatro trabalhos) e pela entrada da Universidade Federal de So Carlos (Ufscar) no cenrio dos estudos sobre futebol, depois que Luiz Henrique de Toledo tornou-se professor da universidade, com dois trabalhos em andamento. Por fim, destacamos o aumento da produo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que atualmente conta com Slvio Ricardo da Silva em seu quadro docente, coordenador do Grupo de Estudos sobre Torcidas (Gefut) e responsvel pela orientao de trs trabalhos.

    Se a produo existe e se reafirmamos a necessidade de reunir as informa-es e os trabalhos que se encontram dispersos, temos que destacar a preocu-pao das universidades brasileiras em manter bibliotecas digitais com teses e dissertaes na ntegra. Para alm dessas iniciativas institucionais, alguns sites foram estruturados com o objetivo de reunir esse tipo de informao. O pioneiro nesse sentido foi o Centro Esportivo Virtual (CEV),27 criado em 1996, como

    25 Ao todo foram coletadas 36 pesquisas sobre futebol. O levantamento dos trabalhos em anda-mento foi mais difcil de ser realizado e sabemos que alguns pesquisadores podem ter ficado de fora da lista. Isso pode ter acontecido por dois motivos: primeiro, no conseguimos encontrar as informaes pela internet e, segundo, o pesquisador no possua o currculo lattes atualizado no momento da busca realizada por ns.

    26 Pode-se destacar dentre essa produo, a presena do Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Futebol (Gief), fundado em 2006 e que conta com parte significativa desses trabalhos e de outros que ainda sero defendidos na USP nos prximos anos.

    27 O endereo do site : www.cev.org.br.

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    Srgio Settani GIGLIO e Enrico SPAGGIARI. A produo das cincias humanas sobre futebol no Brasil

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    parte do doutorado em Educao Fsica de Larcio Elias Pereira (1998), pela Universidade Estadual de Campinas. O CEV funciona a partir de comunidades temticas no qual os inscritos em cada comunidade postam informaes para compartilhar com os demais membros inscritos. Entre as sees disponveis, existe uma biblioteca em que possvel baixar arquivos voltados ao esporte e educao fsica. Neste site, o futebol uma dentre tantas comunidades disponveis.

    Com foco especfico no futebol, temos o Ncleo de Estudos Futebol e So-ciedade, grupo acadmico de estudos e pesquisas interdisciplinar, organizado a partir da Ps-Graduao em Histria da Universidade Federal do Paran e coordenado por Luiz Carlos Ribeiro. O Ncleo mantm um site, Futebol e Sociedade,28 com o objetivo de reunir uma srie de informaes sobre o futebol. Possui uma biblioteca digital em que possvel encontrar, acessar e imprimir teses, dissertaes e artigos acadmicos.

    O site Ludopdio,29 formado por alguns integrantes do Grupo Interdiscipli-nar de Estudos sobre Futebol (Gief), tambm tem como proposta reunir em um mesmo local diferentes tipos de produes sobre futebol (referncias de livros e filmes, arquivos de teses/dissertaes, artigos, monografias), disponveis para acesso na seo Biblioteca. Assim, tanto o Ludopdio quanto os outros sites acima mencionados facilitaro o desenvolvimento de futuros trabalhos de pesquisa e atualizao dos mapeamentos sobre a produo. Por fim, ao apresentar as in-formaes contidas nesse artigo, deixamos como desafio para os pesquisadores aquilo que consideramos fundamental em um mapeamento: a atualizao das informaes para que assim possam auxiliar os pesquisadores no desenvolvimento de suas investigaes.

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    28 O endereo do site : www.futebolesociedade.com.br.29 O endereo do site : www.ludopedio.com.br.

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    Anex

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    2007

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  • 324

    Srgio Settani GIGLIO e Enrico SPAGGIARI. A produo das cincias humanas sobre futebol no Brasil

    Revista de Histria, So Paulo, n. 163, p. 293-350, jul./dez. 2010

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    RH 163 - 13 - Sergio Giglio e Enrico Spaggiari.indd 324 02/12/2010 20:44:31

  • 325Revista de Histria, So Paulo, n. 163, p. 293-350, jul./dez. 2010

    Srgio Settani GIGLIO e Enrico SPAGGIARI. A produo das cincias humanas sobre futebol no Brasil

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