Seminário Globalização - A Globalização e as Questões Sociais - Parte II
GLOBALIZAÇÃO E DIVERSIDADE: ESTUDO DAS MANIFESTAÇÕES QUE · as consequências da...
-
Upload
truongnguyet -
Category
Documents
-
view
215 -
download
0
Transcript of GLOBALIZAÇÃO E DIVERSIDADE: ESTUDO DAS MANIFESTAÇÕES QUE · as consequências da...
GLOBALIZAÇÃO E DIVERSIDADE: ESTUDO DAS MANIFESTAÇÕES QUE
OCORREM NO ESPAÇO GEOGRÁFICO ATRAVÉS DE LETRAS DE
MÚSICAS DO GENERO HIP-HOP
Autora: Prof.ª Vilma Rosa de Oliveira1
Orientadora: Prof.ª Elaine de Cacia de Lima Frick2
RESUMO
Este artigo é parte integrante da proposta de avaliação do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE da Secretaria de Estado de Educação do Paraná. O mesmo se apresenta como relato das atividades desenvolvidas pela Professora PDE, na implementação do projeto de intervenção pedagógica no Colégio Estadual Unidade Polo em São José dos Pinhais. A prática foi desenvolvida com alunos das 7ª série – 8º ano, tendo como objeto de estudo as manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural. A mesma foi instruída sobre o conhecimento dos alunos quanto à origem do movimento hip hop dando ênfase principalmente na música. Partindo da pesquisa qualitativa, a prática teve como objetivo trabalhar junto com os conteúdos de geografia, as consequências da globalização, através da análise de letras de músicas de gênero hip hop. Ao mesmo tempo em que foi possível detectar se ela transmite ou não uma visão de mundo, e se os alunos identificam nas letras deste gênero musical as consequências da globalização. Concluí-se que a música pode ampliar o entendimento e a atuação dos alunos, diante das questões vitais presentes na sociedade de nossos dias, principalmente o hip-hop que serve ao homem como meio de desentorpecer a mente dos condicionamentos impostos pela classe dominante. Tornando-se assim, um excelente instrumento de aprendizagem e formação de valores e consequentemente colaborando na formação do adolescente que é o objetivo principal da escola.
Palavras-chave: Diversidade cultural, globalização, hip hop, metodologia, visão de mundo.
ABSTRACT This article is part of the proposed evaluation of the Educational Development Program - PDE of the State Secretariat for Education of Parana. The same report shows how the activities undertaken by Professor PDE in the implementation of pedagogical intervention project in the State College of Unit Polo in São José dos Pinhais. The practice was developed with students from grades 7 - 8th period, where the object of study the socio-spatial manifestations of cultural diversity. The same was educated about the students' knowledge about the origin of hip hop movement emphasizing mainly on music. Based on qualitative research, the practice aims to work closely with the contents of geography, the consequences of globalization, through the analysis of lyrics of hip hop genre. At the same time it was possible to detect whether or not it conveys a worldview, and students identify the letters of the genre the consequences
1 Especialista em Metodologia de Ensino de 1º e 2º Graus pelo IBEPX, Licenciada em Ciências Sociais
pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e Professora de Geografia da Rede Pública de Educação do Estado do Paraná. 2 Mestre em Ciências Florestais pela UFPR, Especialista em Análise Ambiental pela UFPR, Licenciada e
Bacharel em Geografia pela UTP e Professora do departamento de Geografia da UFPR ([email protected]).
of globalization. We conclude that music can enhance the understanding and performance of students in front of the vital issues present in society today, especially hip-hop that serves as a means to man arouse mind the constraints imposed by the ruling class. Making it an excellent tool for learning and formation of values and thus collaborating in the formation of a teenager who is the main goal of the school.
Keywords: Cultural diversity, globalization, hip hop, methodology, worldview.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo é parte integrante da proposta de avaliação do Programa de
Desenvolvimento Educacional - PDE da Secretaria de Estado de Educação do
Paraná. O mesmo se apresenta como relato das atividades desenvolvidas pela
Professora PDE, na implantação do projeto de intervenção pedagógica no
Colégio Estadual Unidade Polo em São José dos Pinhais - PR e no GTR
(Grupo de Trabalho em Rede). O GTR - Grupo de Trabalho em Rede
possibilita a integração do Professor PDE com os Professores da Rede, por
meio de encontros virtuais, para a discussão das temáticas de sua área de
formação e/ou atuação. Os participantes desses Grupos poderão estabelecer
relações teórico-práticas em sua área de conhecimento, visando ao
enriquecimento didático-pedagógico, por meio de leituras, reflexões, troca de
idéias e experiências.
A proposta de intervenção foi desenvolvida com alunos da 7ª série E,
atualmente 8º ano, tendo como objeto de estudo as manifestações sócio-
espaciais da diversidade cultural. A prática foi instruída sobre o conhecimento
dos alunos quanto à origem do movimento hip hop dando ênfase
principalmente na música, se ela transmite ou não uma visão de mundo, e se
os alunos identificam nas letras deste gênero musical as consequências da
globalização. A escolha do tema, bem como a proposição da intervenção
pedagógica, surgiram de um fato comum às cidades brasileiras de médio e
grande porte, o inchaço populacional urbano. A cidade de São José dos
Pinhais, por sua localização estratégica teve um considerável aumento
populacional nos últimos vinte anos. Por consequência, a população no entorno
do colégio, local de desenvolvimento desta proposta, também aumentou, e com
ela, a diversidade socioeconômica e cultural dos nossos alunos, impulsionada
pelo processo da globalização. O bairro, Vila Braga, onde o Colégio está
localizado, recebeu famílias de várias localidades do país e com diferentes
condições socioeconômicas. Decorrente, principalmente do período após a
instalação de empresas transnacionais.
Como o estudo da geografia pode oferecer importantes contribuições
para o entendimento do espaço, principalmente em relação à cultura, a
realidade do mundo onde se vive e suas transformações, a implementação
desta proposta pedagógica teve como objetivo principal estabelecer relações
entre o cotidiano dos estudantes da 7ª série, com os processos engendrados
pela globalização e seus reflexos no modo de vida dos mesmos.
Para obtenção dos resultados da prática pedagógica foram realizadas
análises de textos, coleta e sistematização de informações sobre o papel da
música na vida dos estudantes. A opção de escolha do gênero musical hip hop,
deu-se em consequência deste ser muito apreciado pelos jovens de maneira
em geral, em especial, daqueles oriundos de comunidades da periferia da
cidade. Tal fator, aliado a dificuldade dos estudantes em assimilar o conteúdo
de geografia, conduziu a prática a uma metodologia diferenciada, mais atraente
e que oportunizasse atividades mais interessantes pelo fato de estar próximo
da realidade dos estudantes. Para tanto, foi imprescindível abordar questões
culturais, econômicas e sociais influenciadas pelo processo da globalização,
através de análise de letras de músicas do gênero acima citado.
Visando um encaminhamento metodológico que viesse de encontro à
proposta de intervenção, foi adotada pesquisa de campo para verificar o
conhecimento prévio dos alunos sobre o papel da música do gênero hip hop na
vida dos estudantes. Como método de coleta de dados foi utilizado um
questionário. A pesquisa qualitativa teve com finalidade trabalhar conteúdos de
geografia, as consequências da globalização, através da análise de letras de
músicas do gênero citado acima e, dos textos fornecidos aos alunos.
2. EMBASAMENTO TEÓRICO
De modo geral, a forma pela qual a educação pública é estruturada no
capitalismo cumpre objetivos que contemplam condições necessárias à
manutenção e ao desenvolvimento de uma sociedade dividida em classes e
baseada na exploração dos trabalhadores. No contexto da sociedade
burguesa a escola possui funções estratégicas, tanto qualificando
minimamente a mão-de-obra quanto reproduzindo a visão de mundo da classe
dominante. O conhecimento encontra-se fragmentado e a educação
disponível aos filhos da burguesia difere da educação fornecida aos filhos da
classe trabalhadora. Enquanto aqueles possuem acesso a um conhecimento
sistematizado, estes, quando podem, se deparam com uma
educação/capacitação distante da reflexão e com a finalidade de integrá-los à
sociedade como força de trabalho subordinada. Nas palavras de Mészáros
(2005, p.35), significa “[...] fornecer os conhecimentos e o pessoal necessário
à maquinaria produtiva em expansão do sistema capitalista, mas também
gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses
dominantes”.
É possível afirmar que, no âmbito da escola pública brasileira, os
elevados índices de repetência e evasão entre os alunos, o desinteresse
por parte dos próprios estudantes, a precarização das condições do trabalho
docente e o expressivo aumento das situações de violência envolvendo
alunos e professores podem caracterizar um cenário de crise em que o
sentido da escola se esvazia para o jovem. No entanto, uma crise que se
apresenta ao compreendermos a escola como espaço de socialização e
transmissão do conhecimento, pois, na perspectiva do capital, esta escola em
crise prossegue cumprindo seus objetivos político-educacionais de contenção
de classe e divisão do conhecimento (Vieira, 1995).
A face atual dessa divisão do conhecimento, marcada na educação
pública brasileira, iniciado nos anos 90 por um processo de reforma
educacional neoliberal e a consequente precarização das condições de
trabalho dos professores, faz com que por meio de programas e conteúdos
superficializados (visando quase que exclusivamente adaptar o contingente de
jovens às demandas da produção e do consumo) as disciplinas vão sendo
ministradas de modo que a reflexão é suprimida e o que é aprendido, muitas
vezes, parece estar descolado da realidade. Ocorre o que Gramsci define
como perda ou ruptura da unidade entre escola e vida. Para Gramsci (2004,
p.44):
A consciência individual da esmagadora maioria das crianças reflete relações civis e culturais diversas e antagônicas às que são refletidas pelos programas escolares: o “certo” de uma cultura evoluída torna-se “verdadeiro” nos quadros de uma cultura fossilizada e anacrônica, não existe unidade entre escola e vida e, por isso, não existe unidade entre instrução e educação. [...] Antes, pelo menos, os alunos formavam uma certa “bagagem” ou “provisão” (de acordo com os gostos de noções concretas); agora, quando o professor deve ser sobretudo um filósofo e um artista, o aluno negligencia as noções concretas e “enche a cabeça” com fórmulas e palavras que não têm para ele, na maioria dos casos, nenhum sentido, e que são logo esquecidas.
O mundo tem mudado muito. As sociedades tem mudado mais ainda
e nas últimas décadas houve, ainda, o desenvolvimento de novas tecnologias
fazendo com que a sociedade atual se baseie na informação que é cada mais
dinâmica. Todavia, segundo Vieira (1995), a educação permanece
essencialmente inalterada:
... continuamos a confundir um amontoado de fatos com o conhecimento; muitos professores insistindo em permanecer em posição frontal diante de suas classes, transmitindo seus poucos conhecimentos. Essa situação é, provavelmente, uma das principais responsáveis pelo baixo rendimento dos alunos e da falta de interesse destes pelo ensino.
Para reverter tal situação torna-se necessária a utilização de
recursos de ensino que considerem as seguintes funções humanas: fisiológica
(reações nervosas), psicológica (mecanismos sensoriais) e pedagógica
(propriedades sensoriais dos recursos). De acordo com Vieira (1995), “os
recursos de ensino servem para a exposição do professor, para o trabalho
independente do aluno, para a busca, exercitação ou problematização. Servem
ao professor, ao aluno, para aprender ou controlar o aprendido”. Ainda
segundo a mesma autora, “do ponto de vista da teoria da comunicação, os
recursos de ensino são o canal através do qual se transmitem as mensagens
docentes e o sustento material das mensagens no contexto da aula”.
O canal que liga o professor ao aluno ou os recursos de ensino
utilizados pelo professor deve servir “para a exposição do professor, para o
trabalho independente do aluno, para os seminários ou aulas práticas, para a
busca, exercitação ou problematização” (VIEIRA, 1995). No momento em que
este canal não realiza sua função de instrumento para a construção de
conhecimento, ele pode vir a ser um subterfúgio para a desatenção e
desinteresse do aluno.
Uma outra função dos recursos de ensino é a motivação, que pode
ter ótimos resultados quando se utilizam os recursos certos nos momentos
certos, e com uma adequada preparação por parte do professor. Dentre esses
recursos, os visuais podem atingir maior êxito no aproveitamento dos
mecanismos sensoriais, obtendo-se também maior retenção dos
conhecimentos aprendidos, na memória. A junção dos recursos visuais com os
recursos auditivos pode promover um aproveitamento e uma retenção de
conhecimentos ainda maiores. Comênio citado por Vieira (1995), expressava
em seu oitavo fundamento na obra Didática Magna, que “(...) para aprender
tudo com maior facilidade deve utilizar-se quanto mais sentido se possa (...)
Por exemplo: devem ir juntos sempre os ouvidos com a vista e a língua com as
mãos (...)”.
Além das propriedades sensitivas que os recursos audiovisuais,
podem proporcionar, devemos analisar um outro fator: a significação subjetiva
dos estímulos usados como recurso. O estímulo é maior quando está
relacionado às experiências, habilidades, preferências, imagens e sons que
compõem o dia-dia do indivíduo. O aluno se interessará mais pelo que está
costumado a ver, ouvir e sentir, tudo que envolve sua formação cultural dentro
de seu meio social, conforme cita Souza (2001, p.28).
De acordo com Libâneo (2001), citado por Souza (2001), “é
necessário valorizar a escola na sua função mediadora entre o aluno e o
mundo da cultura, integrando racionalmente, o material/formal do ensino aos
movimentos estruturados que visam a transformação da sociedade, com base
na pedagogia crítico-social dos conteúdos culturais”.
Entendendo cultura como “um patrimônio de conhecimentos e de
competências, de instituições, de valores e de símbolos, constituído ao longo
de gerações e característico de uma comunidade humana particular, definida
de modo mais ou menos amplo e mais ou menos exclusivo”, segundo Forquin
(1993) citado por Cavalcante (2002, p.72) e percebendo que o
desenvolvimento desta cultura é condição para a estruturação de uma
sociedade racional e voltada para o crescimento do ser humano, vimos como
importante, a estruturação de uma prática, que utilizando bases teóricas
sólidas, pudesse contribuir para o enriquecimento do ensino de Geografia e a
subsequente formação de seres pensantes e contextualizados.
A geografia tem como seu objeto de estudo o espaço geográfico, onde
ocorrem as relações econômicas, políticas, sociais e culturais. Segundo
Castrogiovanni (2003, p. 16), “cada sociedade produz uma geografia de acordo
com seu objetivo, é importante relacionar os lugares e as sociedades que ali
habitam, sempre tendo em mente a globalização da sociedade mundial, que
cada vez mais se integra”. Portanto, faz se necessário repensar como trabalhar
com os estudantes, para que os mesmos tenham acesso ao conhecimento.
Ainda segundo o autor “se nossos alunos puderem ter na geografia um
instrumento útil de leitura do mundo, estaremos ajudando a construir não só
uma escola como uma sociedade mais crítica e indignada contra toda e
qualquer miséria humana”.
A geografia tem um importante papel para a vida dos estudantes, pois
contribui para refletir, analisar e compreender o espaço geográfico e o papel
desses nas práticas sociais, tanto a nível local quanto global. Segundo
Cavalcanti (2005, p. 11):
A espacialidade em que os alunos vivem na sociedade atual, como cidadãos, é bastante complexa. Seu Espaço, diante do processo de mundialização da sociedade, extrapola o lugar de convívio imediato, sendo traçado por uma figura espacial fluída, sem limites definidos. Em razão dessa complexidade que é crescente, o cidadão não consegue sozinho e espontaneamente compreender seu espaço de modo articulado e mais critico; sua prática diária permite-lhe apenas um conhecimento parcial e frequentemente impreciso do espaço.
Em função das dificuldades enfrentadas pelos estudantes, o professor
deve promover ajuda pedagógica, com práticas intencionais, para que os
mesmos construam o seu próprio raciocínio, pois a construção e reconstrução
do conhecimento geográfico ocorrem além da escola, nas relações sociais, no
espaço geográfico do estudante. Consta nas DCEs - DIRETRIZES
CURRICULARES DE GEOGRAFIA da Secretaria de Estado da Educação do
Paraná (2009, p. 53):
Entende-se que, para a formação de um aluno consciente das relações sócio-espaciais de seu tempo, o ensino da geografia deve assumir o quadro conceitual das abordagens crítica dessa disciplina, que propõem a análise dos conflitos e contradições sociais, econômicas, culturais e políticas, constitutivas de um determinado espaço.
Para Santos (2006, p. 63), o espaço geográfico é formado por um
conjunto indissociável, solidário e contraditório, de sistemas de objetos e de
ações, não considerados isolados, mas como o quadro único no qual a história
se dá. Os objetos naturais, quando a natureza era selvagem, vêm sendo
substituída por objetos técnicos, mecanizados, e cibernéticos, a natureza passa
a funcionar como máquina. O espaço é hoje um sistema de objetos cada vez
mais artificial.
Ainda segundo Santos (2006, p. 238), quando nos referimos às
manifestações geográficas decorrentes dos novos processos, não são mais os
meios técnicos que se trata. Estamos diante da produção de algo novo, a que
chamamos de meio técnico-científico-informacional. Os espaços estão sendo
construídos e reconstruídos, segundo o interesse da economia, da política e da
cultura.
Ainda segundo Santos (2006, p. 239) “O meio técnico-científico-
informacional é a cara geográfica da globalização”. E por isso o meio
geográfico tende a ser universal, assegurando o funcionamento dos processos
encadeados chamados de globalização.
Este fenômeno vem ocorrendo nas últimas décadas do século XX,
causando profundas transformações no espaço geográfico, nas relações
econômicas, políticas sociais e culturais.
Segundo Ianni (2006, p. 119-122) a aldeia global pode ser vista como
uma teoria da cultura mundial, visto como cultura de massa, mercado de bens
culturais. A evolução tecnológica dos meios de comunicação diminui as
distâncias mundiais, idiomas, religiões, regimes políticos, diversidades e
desigualdades socioeconômicas. Na segunda metade do século XX, ocorreu
uma revolução no mundo da cultura. Formou-se uma cultura de massa mundial
por meio da música, cinema, teatro, obras literárias e muitas outras.
Espalharam-se pelos mais variados povos independentemente de suas
particularidades nacionais e culturais. Na aldeia global existe uma tendência de
representação estilizada, uma realidade pasteurizada. No ponto de vista do
autor Ianni (2006, p 243), a globalização tem intensificado as relações sociais
em escala mundial ligando localidades distantes com acontecimentos locais, os
quais são modelados por eventos que ocorrem a milhares de distancias. A
transformação local é parte da globalização quando a extensão lateral das
conexões sociais através do tempo e do espaço.
A análise dos mecanismos da exclusão social faz parte das
preocupações da geografia dependendo do lugar onde se vive, é maior ou
menor o acesso às escolas, postos de saúde, emprego, moradia e outros.
Para Krajewski (2003, p. 270), as grandes áreas urbanas apresentam
espaços segregados, tanto nos países pobres quanto nos países ricos. Os
pobres são os que mais sofrem com as desigualdades socioeconômicas.
A globalização se desenvolveu graças ao desenvolvimento dos meios
de transportes, da interconexão mundial dos meios de comunicações, das
línguas, moedas entre outros. A concentração de capital, o crescente
desemprego aumentou as desigualdades entre ricos e pobres e são os
principais problemas sociais, com efeitos sobre a cultura da humanidade, nos
países pobres estes problemas são mais perceptíveis. Para Santos (2000, p.
69):
Os países subdesenvolvidos conhecem pelo menos três formas de pobreza e, paralelamente, três formas de dívida social, no último século. A primeira [...], pobreza incluída, uma pobreza acidental, às vezes residual ou sazonal, produzida em certos momentos do ano, uma pobreza intersticial e, sobre tudo sem vasos comunicantes. Depois chega outra, reconhecida e estudada como uma doença da civilização. Então chamada de marginalidade, tal pobreza era produzida pelo processo econômico da divisão do trabalho, internacional ou interna. Admitia-se que poderia ser corrigida, o que era buscada pelas mãos dos governos. E agora chegamos ao terceiro tipo à pobreza estrutural, que de um ponto de vista moral e político equivale a uma divida social. Ela é estrutural e não mais local, sendo mesmo nacional; tornou-se globalizada, presente em toda parte do mundo. Há uma disseminação planetária e uma produção globalizada da pobreza ainda que esteja mais presente nos países já pobres. Mas é também uma produção cientifica, portanto voluntaria da divida social, para a qual, na maior parte do planeta não se buscam remédios.
A reorganização estrutural da produção e do mercado envolveu e
afetou os ambientes naturais, as culturas e as relações sócio-espacias em
alguns “espaços da globalização situado em todo continente” (DIRETRIZES
CURRICULARES DE GEOGRAFIA da Secretaria de Estado da Educação do
Paraná. 2010, p. 49).
O Brasil se industrializou após a década de 50, instalando-se aqui
empresas transnacionais. No Estado do Paraná, e mais especificamente no
Município de São José dos Pinhais, local de pesquisa deste trabalho, nos
últimos 20 anos foi às montadoras automobilísticas que chegaram, além de
outras tantas. O espaço geográfico sofreu profundas transformações sócio-
econômicas e culturais. Houve um crescimento populacional, causando
especulação imobiliária, aumento da violência, do consumo de drogas,
prostituição e outros.
Esses problemas estão sendo vivenciados pelos alunos em maior ou
menor grau. Devem ser estudados na sua totalidade, pois nenhum fenômeno
pode ser entendido isoladamente. Porém percebesse uma grande dificuldade
de entender o processo produtivo e suas consequências no espaço geográfico.
Busca-se um meio para contribuir, no que diz respeito á apreensão do
entendimento/conhecimento dos estudantes da 7ª série (8º ano) do ensino
fundamental do Colégio Estadual Unidade Polo na Cidade de São José dos
Pinhais - Paraná, ao analisar as letras de músicas do gênero hip-hop – cultura
de identidade alternativa das comunidades jamaicanas, latinas e afro-
americanas surgidas na década de 70 - por se entender ser uma expressão
sociocultural identificada pelos alunos da escola pública em situações muitas
vezes excludentes.
Segundo Castrogiovanni et. al. (2003, p.17), “as músicas ouvidas
cotidianamente por nós e nossos alunos trazem a questão social/espacial em
suas letras e podemos utilizá-las para trabalhar os conteúdos de maneira mais
atrativa, questionando o conhecimento do aluno e buscando superar visões de
mundo conformistas e de senso comum”.
Os adolescentes e jovens alguns conscientes outros não, dos
problemas socioeconômico-culturais, buscam na música e nos grupos sociais
uma forma de pertencimento, expressando os seus sentimentos, suas
diferenças, numa busca constante de identidade. Para Krajewski; Guimarães e
Ribeiro (2003, p.307):
Num planeta cada vez mais urbanizado, a cultura jovem tornou-se uma das matrizes dessa mudança, profundamente associada ao referente da rebeldia. No mundo mais amplo a cultura jovem é uma invenção moderna. Desde a Revolução Francesa, os jovens foram tornando-se protagonistas de muitos movimentos políticos e artísticos. Envolveram-se no debate sobre os pressupostos da democracia, participaram da formulação de projetos políticos alternativos [...] A heterogeneidade de interesses e expectativas do jovem é enorme. Vivendo a adolescência, muito se apresentam abertos a novas experiências afetivas e emocionais, enfrentando e transgredindo padrões impostos de comportamento. Por isso, a juventude se expressa como agente catalisador e propagador de um estilo moderno e cosmopolita. Os jovens organizaram-se em torno de movimentos culturais e atuam socialmente como difusores de estilos de vida centrados na música, no lazer, e no consumo de produtos identificados com sua cultura. No século XX foi muito frequente a associação entre juventude, música e protesto. A música permitiu expressar o novo e serviu ainda para protestar contra a ordem estabelecida.
Portanto visando ministrar aulas onde a aprendizagem seja significativa,
envolvendo os estudantes com a sua participação, buscando uma reflexão
mais profunda, sobre aquilo que se está aprendendo, levando em consideração
os interesses dos estudantes, seu meio cultural, estilo de vida. Assim sendo,
eles estarão envolvidos com o ensino analisando as letras de músicas que faz
parte do seu dia-a-dia, tornando mais prazeroso estudar.
As atividades desenvolvidas durante a elaboração deste projeto partiram
da reflexão e da prática dos princípios filosóficos e artísticos do Hip Hop. Para
isso o estudo do Hip Hop, o entendimento do seu processo de construção, em
relação ao seu contexto histórico e social, a identificação do jovem com o
movimento no Brasil e em outros países, bem como o movimento na educação
e na mídia foram fundamentais.
O Hip Hop é uma expressão sócio-artística e política do jovem excluído
socialmente nas zonas urbanas. Ele é composto por quatro elementos
artísticos: grafite, break, MC e o DJ – esses dois últimos compõem o estilo
musical RAP. É um movimento de revolução, atitude e protesto, marcado pela
realidade das periferias urbanas e a reivindicação de melhorias de vida.
No ambiente escolar são comuns adolescentes e jovens se
manifestarem por meio das expressões artísticas do Hip Hop. O Hip Hop está
inserido no cotidiano da maioria de nossos alunos. Porém é notável o
distanciamento entre o cotidiano do aluno e sua vida na escola. Isso ocorre
porque “a escola é resistente a este movimento e não o vê como importante
nas questões sociais e educativas, pois provém das camadas periféricas”
(ANDRADE, 1999, p. 10-14).
Com o objetivo de aproximar a escola da realidade dos alunos diversos
projetos pedagógicos – em diferentes áreas do conhecimento – têm sido
desenvolvidos a partir do Hip Hop. Exemplo disso é a coletânea de artigos
organizados por Andrade (1999), que traz reflexões e relatos de experiências
pedagógicas realizadas na escola. De acordo com a autora o Hip Hop tem
“atraído milhares de jovens da periferia urbana e encantado outros tantos
adolescentes de esferas sociais totalmente diferenciadas da sua: é o discursos
do ‘gueto’ sendo reconhecido e admirado pelos meios de comunicação, pela
juventude da classe média e, principalmente, pela escola (com exceções) e
pela pesquisa acadêmica”.
A abordagem deste tema se faz necessário para repensar os conceitos
do que são arte e cultura para a escola, no mundo contemporâneo e seus
objetivos. Cabe aos educadores compreender tais manifestações e abrir
espaço de diálogo e intervenção sócio-educacional por meio de uma linguagem
comum aos estudantes urbanos, sejam do centro ou da periferia.
Justino (1999, p. 201), lembra que a arte é uma forma de conhecimento
e, por meio dela podem-se revelar as contradições da sociedade, “a vida
interior do homem de forma crítica”, da mesma forma ela interfere no processo
criador, levando o indivíduo a transformar o meio em que vive. Nesse sentido o
Hip Hop na escola pode apresentar-se como expressão artística onde os
alunos poderão re-significar sua realidade, valorizando as estéticas urbanas e
as culturas aí implícitas que representam as histórias de vida de nossos
adolescentes e jovens. Trazer o Hip Hop para a escola, é também abrir espaço
para projetos que são desenvolvidos fora do ambiente escolar possam ser
realizado e compartilhado na escola. Dessa forma, este projeto de intervenção
pedagógica pôde abrir uma comunicação entre as atividades cotidianas de
nossos alunos e a produção de conhecimento na escola. Assim, acredita-se
que o Hip Hop pode contribuir para que nossos alunos possam “expressarem-
se e descobrirem valores e conteúdos, que vão configurando suas visões de
mundo e da sociedade em que vivem” (SOUZA, 2007, p.87).
Por meio do Hip Hop os alunos puderam interagir e integrar três
modalidades que fazem parte da metodologia de qualquer disciplina do
currículo escolar, a música, dança e as artes visuais. Nesse sentido, os alunos
apreciaram ouvir e reproduzir os sons da instrumentação do DJ e a mensagem
do MC - formando o estilo RAP –, onde a professora trouxe para o ambiente
escolar a produção, organização e conhecimento do Hip Hop. Além disso, e um
elemento de suma importância, foi considerado o conhecimento que o aluno
traz do seu cotidiano, para a partir dele oportunizar discussões fundamentadas
nos princípios do Hip Hop que possam contribuir na melhor compreensão da
realidade.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA
O Colégio Estadual Unidade Polo – Ensino Fundamental e Médio está
localizado na Rua Joinville, nº 2770, no bairro Vila Braga, na zona urbana de
São José dos Pinhais, no Estado do Paraná (Figuras 1, 2 e 3). Está sob a
jurisdição do Núcleo Regional de Educação da Área Metropolitana Sul e tem
como entidade mantenedora a Secretaria de Estado da Educação do Paraná,
órgão do Governo do Estado do Paraná que administra, mantém e estrutura
toda a oferta de educação pública no Estado.
FIGURA 1: Mapa do Brasil em que aparece em destaque o Estado do Paraná. Fonte: Google Maps.
FIGURA 2: Mapa do Estado do Paraná onde aparece em destaque o Município de São José dos
Pinhais. Fonte: www.sjp.pr.gov.br
FIGURA 3: Mapa da Cidade de São José dos Pinhais, onde aparece em destaque o Bairro Braga ou
Pedro Moro, onde está localizado o Colégio Estadual Unidade Polo. EFM. Fonte: www.sjp.pr.gov.br
3.1.1 SOCIEDADE E ECONOMIA DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS
Durante as primeiras décadas do século XX, o Município de São José
dos Pinhais passou por um lento processo de crescimento na sua economia e
população, a exemplo de todo o Estado, a maioria dos são-joseenses vivia no
espaço rural.
Na década de setenta, surgiram grandes transformações na vida política
e econômica, com a implantação de uma política de industrialização e
metropolização das áreas que circulam as capitais dos Estados brasileiros.
Dessa forma, é oficialmente criada, em 1973 a chamada Região Metropolitana
de Curitiba - RMC, e seus municípios passaram a receber incentivos para a
criação de pequenos pólos industriais, responsáveis pela transformação da
vida urbana.
Em São José dos Pinhais, essas mudanças da política econômica
provocaram um aumento populacional não conhecido até então; o município
teve sua população dobrada em dez anos, com um crescimento quase que
totalmente no espaço urbano. O município tem hoje a sexta maior população
(264 mil habitantes), o terceiro maior Produto Interno Bruto (R$ 10,4 bilhões) e
foi a terceira cidade que mais exportou em 2010 (US$ 1,9 bilhão), segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
A posição geograficamente estratégica, aliada ao processo de
globalização que se fez presente na região a partir de 1990, quando o
Município foi incluído por força de acordos, leis e decretos nacionais e
internacionais na economia mundializada, com a implantação do Complexo
Industrial Automotivo por meio da criação do Distrito Industrial.
Em função destes arranjos produtivos, pôde-se observar que houve uma
nova dinâmica na economia municipal, interagindo com a RMC, com os demais
Estados e com as outras regiões produtoras em escala internacional, pois o
Município passou a importar peças e componentes automotivos, amparando-se
no sistema produtivo drawback 3 para importar bens acabados.
3 Este recurso permite que as empresas exportadoras tenham isenção fiscal para os produtos importados
quando estes forem re-exportados (RATTI, 2002).
Com a criação dos Distritos Industriais, bem como a implementação de
algumas infraestruturas, o Governo do Estado indicou o Município para a
instalação da montadora Renault e posteriormente da Volkswagen-Audi, que
fortalecem o setor automotivo no Estado (GUERRA; CUNHA, 2003). Assim,
Renault e Volkswagen-Audi são consideradas empresas-mãe, pois, atraem
diversas outras empresas de menor porte para servirem suas matérias primas,
dentro das unidades de montagem. Esta região passa a produzir, então, bens
de alto valor agregado para o país e para o resto do mundo. São José dos
Pinhais hoje é considerada uma região que participa do ambiente
mercadológico - arena global (Figura 4).
FIGURA 4: Mapa do Sul Brasil em que aparece em destaque Curitiba e São José dos Pinhais em que
aparece a localização estratégica no Sul do Brasil, no Estado do Paraná e no MERCOSUL. Fonte: Google
Maps.
Para elaborar uma reflexão sobre os possíveis impactos sociais
ocasionados pela implantação do Complexo Industrial Ayrton Senna, faz-se
necessário analisar as repercussões socioeconômicas, bem como entender a
opção do Estado do Paraná em promover o crescimento econômico por força
da industrialização. Durante as décadas de 30 ao final de 80, baseado no
pensamento econômico keynesiano, coube ao Estado criar oportunidades de
empregos e de negócios, sendo ele próprio o Estado-empresário que podia e
devia intervir na economia e na distribuição de renda, de modo a zelar pela
qualidade de vida dos cidadãos, criando empresas estatais e fusões com
empresas estrangeiras, em áreas e em segmentos econômicos em que o
capital privado não se interessava (IBGE, 2002)
A partir da década de 90, este modelo deu lugar ao pensamento
econômico e distributivo do neoliberalismo que determinou um novo papel para
o Estado, também denominado papel do Estado mínimo. A partir de então,
coube à iniciativa privada promover o crescimento econômico e o mercado
volta a ser o regulador dos investimentos necessários para o crescimento
econômico, embora amparado por incentivos governamentais.
As políticas de industrialização saíram da esfera central do Governo
Federal e passaram para a esfera política de cada unidade da Federação. O
crescimento econômico, das regiões, passou a depender das políticas de
investimentos fomentadas pelo próprio Estado Federativo. Desta forma, coube
aos Estados e às regiões criarem oportunidades de atração para o capital
internacional, a fim de participar efetivamente do processo de globalização
(FEIJÓ, 2001, p. 73).
A partir da década de 1990, com a abertura econômica do Brasil, este
processo tomou características regionais diferenciadas, pois os governos
passaram a oferecer oportunidades de incentivos fiscais, creditícios legais e
mercadológicos, enquanto isso, os Estados federativos passaram a competir
entre si para atrair os grandes investimentos tendo como consequência à
guerra fiscal.
O segmento econômico industrial traz consigo a promessa do
desenvolvimento econômico, por conta do crescimento das indústrias de
produtos de massa, consubstanciadas pelos fatores tecnológico, social e
mercadológico, com um discurso de ocorrer melhor distribuição de renda e
melhoria na qualidade de vida a todos os participantes. Assim, a distribuição de
riqueza é feita tanto pelo aumento do número de empregos que a indústria
gera, quanto pelo melhor salário pago. Este resultado é devido ao valor
agregado que é inserido nos bens produzidos pelo processo industrial (IANNI,
2006, p. 34).
Estando inserido neste contexto, o Município de São José dos Pinhais,
foi lançado neste processo de integração econômica e cultural caracterizado
pelo predomínio dos interesses econômicos, pela desregulamentação dos
mercados, pelas privatizações das empresas estatais, e pelo abandono do
estado de bem-estar social, o que se convencionou chamar de globalização.
Ela é responsável pela intensificação da exclusão social, que acarretou em
crescente número de pobres e de desempregados e provocou crises
econômicas sucessivas, arruinando milhares de poupadores e de pequenos
empreendimentos (UNIDADE POLO, 2010, p. 19).
A globalização trouxe a desigualdade social através da má distribuição
de renda, na qual a maior parte fica nas mãos de poucos e pouco na mão de
muitos. Um dos motivos para isso ocorrer, é devido à facilidade de entrada de
produtos de outros países no mercado nacional, o que fragiliza os produtores
nacionais, que não conseguem disputar de igual para igual com os preços
alcançados pelos países desenvolvidos (XAVIER, 2005, p. 51).
Os jovens, principalmente na classe de baixa renda, estão vulneráveis,
pois a exclusão social os torna cada vez mais supérfluos e incapazes de ter
uma vida digna. Muitos deles crescem sem ter estrutura na família devido a
uma série de consequências causadas pela falta de dinheiro sendo: briga entre
pais, discussões diárias, falta de estudo, ambiente familiar precário, educação
precária, más instalações, alimentação ruim, entre outros (PERUZZO, 1993, p.
127).
A desigualdade social tem causado o crescimento de crianças e jovens
sem preparação para a vida e muitos deles não conseguem oportunidades e
acabam se tornando marginais ou desocupados, às vezes não porque querem,
mas sim por não sobrarem alternativas. Outro fator que agrava essa situação é
a violência que cresce a cada dia.
Hoje traficantes dominam algumas grandes cidades brasileiras e
prejudica cidadãos de bem com o intuito de atingir as autoridades. A cada dia
que passa pessoas são mortas, espancadas e abusadas para que alguém
excluído do mundo mostre que alguma coisa ele sabe fazer, mesmo que isso
seja ruim.
Diante desse novo quadro econômico e populacional, houve falta de
vagas nas escolas públicas, principalmente nos novos bairros em franco
desenvolvimento, o que é o caso do bairro onde está localizado o Colégio
Estadual Unidade Polo (UNIDADE POLO, 2010, p.22).
3.1.2 PERFIL DA COMUNIDADE
Os dados que constam neste item foram compilados de uma ampla
pesquisa realizada pela Direção e Equipe Pedagógica do colégio, realizada
junto aos pais e alunos no início do ano de 2011 e que consta do PPP – Projeto
Político Pedagógico do Colégio, homologado pela Secretaria de Estado da
Educação do Paraná, (Figura 5).
A clientela atendida pelo Colégio encontra-se representada em torno de
um mil, quinhentos (1500) alunos, matriculados regularmente nas seguintes
modalidades: Ensino Fundamental – 5ª a 8ª séries (6º ao 9º ano) no período
diurno e Ensino Médio por Blocos de Disciplinas no período noturno.
Procurou-se particularizar a seguir, as principais características da
clientela do Colégio e dos bairros ao entorno do mesmo permitindo apresentar
dados que possibilitassem uma visão concreta da realidade na qual os nossos
alunos estão inseridos.
Como primeira característica, temos famílias que são compostas em sua
maioria por quatro a cinco pessoas. Nestas famílias, a renda mensal varia entre
um e três salários mínimos. Os responsáveis por nossos alunos são em grande
parte os pais, mas fica evidente também que uma considerável parcela está
sob responsabilidade apenas da mãe e/ou avós, caracterizando assim a
mudança na questão das estruturas familiares.
FIGURA 5: Planta do bairro Braga / Pedro Moro com a localização do Colégio Estadual Unidade
Polo e outros pontos de interesse ou referência. Fonte: Google Maps.
Das famílias dos alunos do Colégio, a grande maioria é oriunda do
interior do estado, ou ainda de outros Estados. O nível de escolaridade dos
pais em sua maioria é o Ensino Médio, entretanto, há um número grande de
pais com baixo grau de escolarização, inclusive alguns analfabetos.
Quanto às profissões exercidas pelos pais, estão concentradas em um
número considerável no setor terciário, como a prestação de serviços,
trabalhos domésticos, transportes (motoristas e cobradores), balconistas,
seguranças, pintores, etc.; seguida do setor secundário (indústria e construção
civil), onde se registraram as seguintes atividades: auxiliar de produção,
pedreiros, metalúrgicos, encarregados de obras, etc.
Quanto às residências das famílias, identificou-se um número
significativo de moradias próprias. Porém, devem-se considerar outras
situações como aluguel, financiamentos, moradias cedidas e ocupações.
Pesquisas realizadas pelo colégio junto às famílias demonstram que em
média três pessoas estudam por família. Como leitura essas famílias utilizam
jornais, revistas, livros de religião e escolares. As atividades de lazer em parte
restringem-se a assistir televisão, acessar a internet em casa o na “lan house”,
visita a amigos e familiares ou atividades religiosas.
A necessidade de trabalhar fora faz com que a escola não possa mais
contar com a participação ativa dos pais na vida escolar dos seus filhos. Tanto
que, nos dados apresentados pela pesquisa, uma parcela destes revelou
dificuldades em orientar os filhos nas tarefas escolares, porém fazem um
acompanhamento diário ou muitas vezes semanal às atividades (UNIDADE
POLO, 2010, p. 16 – 18).
Considerando-se todo este contexto de contrastes econômicos e sociais,
e pelo fato de os adolescentes que nele estão inserido permanecerem
diariamente por quatro horas dentro do espaço escolar, propusemos o tema do
projeto: Globalização e Diversidade para pesquisa dentro do PDE.
3.2 MATERIAIS
Tendo em vista o cenário de diversidade cultural onde as manifestações
sociais dos adolescentes e jovens acontece e, considerando a preferência da
grande maioria através de pesquisa, observação e análise, optou-se pelo
gênero musical hip-hop como material propulsor do projeto de implantação
pedagógica.
Para o desenvolvimento desta proposta de intervenção pedagógica junto
aos alunos do Colégio Estadual Unidade Polo de São José dos Pinhais, foram
organizados os seguintes materiais:
a) Questionário investigativo:
O referido questionário teve por finalidade levantar dados sobre o
conhecimento dos alunos a respeito do gênero musical hip hop. O mesmo
continha questões sobre a história do movimento hip hop, manifestações
artísticas que surgiram junto com o movimento, conteúdo das músicas e
relação do conteúdo das músicas com a realidade social dos mesmos.
b) Laboratório de informática para pesquisa na INTERNET:
Espaço utilizado para pesquisas sobre a origem do movimento hip hop,
letras de músicas, as demandas sociais geradas pelo processo de
globalização, bem como a relação destas demandas sociais com a realidade
vivenciada pelos alunos na sua cidade e no seu bairro.
c) Texto 1 - Globalização:
O texto serviu como material de apoio para os estudantes conhecerem
os conceitos, demandas sociais e consequências que a globalização provocou
na sociedade atual.
d) Texto 2 - Globalização Cultural:
Este texto serviu como material de apoio para os alunos conhecerem um
pouco mais sobre a cultura de massa engendrada pelo processo da
globalização cultural.
e) Letras de músicas:
Os alunos foram orientados a buscar em sites letras de músicas do
gênero hip hop que contemplassem temas relacionados à globalização, suas
consequências e análise destas na vida deles.
f) GTR – Grupo de Trabalho em Rede:
O GTR faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE)
da Secretaria de Educação (SEED) que acontece em ambiente virtual. O
mesmo tem por objetivo socializar o projeto de intervenção pedagógica
elaborado pelo professor PDE com os demais professores da rede e oferecer
debate, troca de informações e experiências. O GTR permitiu que os
professores da disciplina de Geografia questionassem e investigassem a
metodologia que foi utilizada no processo de ensino e aprendizado e no projeto
de intervenção pedagógica no Colégio Estadual Unidade Polo em São José
dos Pinhais, incentivando assim o aprofundamento de conhecimento na
disciplina.
3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A implantação do projeto de intervenção pedagógica no Colégio
Estadual Unidade Polo é parte integrante das atividades desenvolvidas pela
professora Vilma Rosa de Oliveira, autora deste artigo. Este é o momento em
que a professora acima citada, vai colocar em prática o seu projeto de pesquisa
dentro do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE da Secretaria de
Estado de Educação do Paraná.
A implementação pedagógica tem como objetivo por em prática as
mudanças voltadas para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem no
contexto educacional das escolas.
O tema proposto neste Projeto foi sobre as manifestações
socioespaciais da diversidade cultural por meio da análise de músicas do
gênero hip hop. Ao constatar a dificuldade dos estudantes de assimilar o
conteúdo de geografia, buscou-se desenvolver uma metodologia diferenciada,
mais atraente, utilizando-se do gênero musical: hip hop, tão apreciado pelos
jovens de maneira em geral. Esta intervenção pedagógica tinha como objetivo
oportunizar uma prática mais interessante, por estar próximo da realidade do
estudante, bem como verificar até que ponto o gênero musical hip hop
transmite uma visão de mundo e em que momento isso é percebido pelos
alunos. Para isso foi fundamental trabalhar as questões culturais, econômicas e
sociais influenciadas pelo processo da globalização, através de análise de
letras de músicas do gênero citado acima.
Foram verificados os conhecimentos prévios dos alunos sobre a origem
do movimento hip hop dando ênfase principalmente na música, se ela transmite
ou não uma visão de mundo, e se os alunos identificam nas letras deste gênero
musical as consequências da globalização.
A implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica começou com
uma pesquisa junto aos alunos para verificar os conhecimentos prévios dos
alunos sobre o papel da música do gênero hip hop na vida dos estudantes da
7ª série – 8º período numa turma de 40 alunos, do Colégio Estadual Unidade
Polo . Como método de coleta de dados foi utilizado um questionário (Ficha
Investigatória). A pesquisa qualitativa teve como finalidade diagnosticar juntos
aos estudantes, o conhecimento sobre o movimento hip hop, bem como
perceber o grau de influência da música na vida dos mesmos.
Na sequência, os alunos foram levados á sala de informática do colégio,
onde sob orientação da professora PDE, realizaram busca em sites de letras
de músicas do gênero hip hop que contemplassem as consequências da
globalização, e analise dos problemas vivenciados na sociedade atual, e seu
cotidiano.
O objetivo desta atividade era de permitir aos alunos identificar a
relações entre a globalização e o movimento hip hop, analisando criticamente
as letras das musicas com vistas à superação de uma visão de mundo
conformista e de senso comum. Este procedimento durou 04 (quatro) aulas.
Após este procedimento, a professora PDE apresentou, leu e discutiu
com os alunos o texto 01, intitulado “Globalização”, o qual propiciou aos alunos
conhecerem os conceitos e as diversidades socioeconômicas e culturais que a
globalização provocou na sociedade contemporânea.Texto este,
exaustivamente discutido e analisado entre a professora e os alunos. A partir
daí, os alunos retornaram suas pesquisas, porém neste momento
acrescentaram os fatos históricos que deram ao movimento hip hop, bem como
os seus objetivos. Em uma segunda visita ao laboratório de informática, os
alunos usaram a internet onde acessaram vários sites de grupos de hip hop
com a finalidade de conhecer o trabalho social desenvolvidos pelos mesmos.
Para este procedimento foram utilizadas duas (02) aulas. Na sequência foi
utilizado o texto 02, intitulado: “Globalização cultural”, o qual serviu como apoio
para os alunos conhecerem um pouco mais sobre a cultura de massa
engendrada pelo processo da globalização cultural. O objetivo deste
procedimento era permitir que os estudantes, por análise e associação,
estabelecessem relações entre o estudo da geografia e as manifestações
culturais que ocorrem no espaço geográfico.
Em seguida foi contatando com um grupo de hip hop do IDDEHA,
Instituto de Defesa dos Direitos Humanos, os quais estiveram no colégio para
apresentação e conversa com os alunos e professores, reforçando assim, na
prática, as pesquisas e estudo por eles realizados anteriormente.
No GTR onde a proposta consiste no fato dos professores que estão em
processo de formação continuada, dialogarem com seus pares, de diferentes
regiões do Estado, sobre os projetos apresentados para ingresso no PDE.
Dessa forma, o trabalho adquire maior legitimidade, pois é potencializado com
as contribuições de outros professores que têm em comum o compromisso
com a produção de subsídios teórico-metodológicos coerentes com a realidade
da escola pública.
Considerando tal propósito, o GTR tutorado pela professora autora deste
artigo, permitiu uma ampla abertura para discussões entre professores de
diferentes regiões do Estado do Paraná, na disciplina de Geografia,
enriquecendo ainda mais as discussões propostas no Grupo, haja vista que
uma das finalidades desta ação é, também, promover a inclusão dos
professores da Rede Pública de Ensino nos estudos, reflexões, discussões e
elaborações dos professores PDE, cujo foco principal é a realidade da escola
pública paranaense.
Considerando as especificidades e normatizações da modalidade de
educação à distância e o processo histórico de sua inserção no contexto
educacional da SEED, as atividades desenvolvidas neste GTR - Grupos de
Trabalho em Rede foram de grande proveito.
Os professores inscritos neste GTR tiveram a oportunidade de conhecer
desde o projeto de intervenção pedagógica na escola, o material didático
produzido pela professora, alguns textos e bibliografias utilizados pela
professora PDE ou professora tutora, por meio de debates, leituras, estudos e
discussões no ambiente virtual.
Nas discussões do GTR, a professora tutora, relatou os contatos
realizados na escola, informou quais atividades foram desenvolvidas com
alunos e/ou professores, o tempo dedicado para efetivar essas ações, além de
discutir os recursos materiais e estratégias pedagógicas utilizadas. A partir daí
houve inúmeras contribuições dos alunos cursistas (professores – GTR), o
envolvimento da equipe pedagógica e direção escolar do Colégio Estadual
Unidade Polo.
Nesse contexto, o GTR com base nos princípios da construção
colaborativa do conhecimento promoveu a integração de diferentes saberes
docentes, contribuindo significativamente tanto na formação da professora PDE
como dos demais professores da rede pública, pois as construções coletivas,
emergentes de uma multiplicidade de intercâmbios, viabilizam subsídios para a
constituição de subjetividades produtivas, desejantes e revolucionárias, em
uma rede simbólica por excelência. (GOMEZ, 2004).
4. RESULTADO E DISCUSSÕES
4.1 Implementação do Projeto
Atualmente as crianças, os adolescentes e os jovens estão nas ruas,
nas praças, nas raves seguindo seus caminhos. Muitas vezes sem os
conhecimentos de seus pais, ou em alguns casos com o consentimento destes.
Estes caminhos fazem parte da sua vivência social. Alguns destes espaços
contribuem para sua formação pessoal, ou seja, colaboram na sua educação.
Outros nem tanto. O fato é que a escola tornou-se um espaço de encontro
deles e independente de ser essa uma convivência espontânea ou forçada,
eles estão ali, juntos.
Várias tribos, de diferentes formas de pensar e agir, tendo que conviver
por pelo menos quatro horas diárias em um mesmo espaço físico. Cada um
destes adolescentes ou jovens trás consigo toda uma gama de conhecimentos,
costumes, referências sociais vividas, mesmo que por pouco tempo em seus
grupos sociais. Logicamente, que por ação da liberdade que hoje lhes é
permitida, eles vão estar sempre manifestando suas identidades sociais, quer
pela roupa, pelo estilo de cabelo, pelos acessórios de indumentária entre
outros. Mas é no estilo musical que esta preferência se sobressai, imprimindo-
lhes inclusive os nomes das tribos ou grupos aos quais pertencem.
A utilização do hip hop como recurso didático para o ensino e
aprendizagem da ciência geográfica deve ser considerado como um embrião
de todas as discussões e possíveis soluções que podem aparecer. Assim, a
sua contribuição é grandiosa, pois possibilita levar os alunos/as a assumirem
posições diante de problemas enfrentados na família, no trabalho, na escola e
nas instituições de que participa ou poderá vir a participar, de forma que
aumente o seu nível de consciência sobre as responsabilidades, os direitos
sociais, a fim de efetivamente ser agentes de mudanças desejáveis para a
sociedade (PONTUSCHKA et. al., 2009, p.26). Uma das grandes dificuldades
de "despertamento" dos nossos alunos para com os conteúdos escolares, em
especial os geográficos, bem como, sua própria vinda ao ambiente escolar é a
motivação. Como motivá-Ios se a sua realidade muitas das vezes não é
percebida? Se nas aulas o recurso didático ainda continua sendo o quadro de
giz, o livro e o ditado? Nossos alunos, por mais que sua realidade econômica
seja baixa, eles têm acesso a muitas informações que são bem mais
interessantes e motivadoras, que possibilitam novos conhecimentos.
Diante deste verdadeiro caldeirão cultural, o senão, fica por conta da
escola, que tem que criar condições e formas de fazer a educação formal se
concretizar. Até porque, o aluno não abandona seus problemas “sócio-
históricos” ao entrar para escola. A maioria dos conflitos vivenciados pelos
alunos fora da escola poderão ser mais bem compreendidos por ele se a
instituição escolar souber posicionar-se diante do mundo do aluno (ANDRADE,
1999).
No que se refere á implementação da pratica pedagógica foram feitas
algumas análises após a implementação do projeto.
O primeiro passo foi verificação dos conhecimentos prévios dos alunos
sobre o papel da música do gênero hip hop na vida dos estudantes. Dos
quarenta (40) alunos da sala, um (01) não respondeu o questionário. Dos
demais, trinta e nove alunos (39), as respostas foram as seguintes:
Questões:
1) Você aprecia música do gênero hip hop?
Dos trinta e nove (39) alunos pesquisados, vinte e dois (22)
responderam que sim e dezessete (17) responderam não.
2) Você conhece a origem do movimento hip hop?
Três (03) responderam que sim e trinta e seis (36) que não.
3) O que a musica do gênero hip hop representa para você?
As respostas foram às seguintes: dois alunos associaram o hip hop à
violência e desigualdade social. Para quatorze (14) alunos o hip hop representa
uma visão de mundo ou da realidade. Cinco (05) alunos veem o hip hop como
um estilo de vida. Um (01) aluno entende o hip hop apenas como uma música.
Dois (02) alunos disseram que não se atém à letra e sete (07) alunos
responderam que não “curtem” o gênero hip hop.
4) No seu bairro os jovens se reúnem para ouvir ou dançar este gênero
musical?
Dez (10) alunos responderam que sim e vinte e nove (29) responderam
que não.
5) Você identifica nas letras das músicas do gênero hip hop, as
consequências da globalização tais com: desemprego, violências e,
desigualdades sociais?
Dos trinta e nove alunos (39), vinte e seis (26) responderam que sim,
quatro (04) responderam que não oito (08) nunca analisaram.
6) Você percebe na música do gênero hip hop contribuição significativa
para a aprendizagem de conteúdos de geografia?
Dos trinta e nove (39) alunos, três (03) responderam que sim e trinta
e seis (36) responderam que não.
7) Você acredita que o movimento hip hop transmite uma visão de
mundo?
Trinta e três (33) alunos responderam que sim e cinco (05)
responderam que não.
8) Na sua opinião, quem gosta do gênero musical hip hop, são jovens
com condições socioeconômica:
Apenas um (01) aluno respondeu que os jovens de classe social e
econômica elevada gostam de hip hop e trinta e sete (37) alunos responderam
que são os jovens de classes sociais econômicas e sociais menos favorecidas.
A referida pesquisa serviu de base para a professora PDE definir os
passos que viriam a seguir. Verificou-se que a participação dos alunos e o
empenho dos mesmos em responder a ficha investigativa foi muito positiva.
Entretanto, notou-se certo desinteresse por parte uns poucos, mas em relação
Ficha Investigatória
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1 2 3 4 5 6
Número das questões
Nú
me
ro d
e a
lun
os
Sim
Não
Nunca analisou
ao grupo que participou com mais interesse concluiu-se que o objetivo
proposto: o de identificar em que medida certas manifestações culturais, como
a música, em particular o Hip-Hop, transmite uma visão de mundo foi
alcançado com êxito. No entanto percebeu-se com a maioria das respostas da
questão 06 que eles não relacionam as letras do hip hop com o conteúdo de
geografia, mesmo quando a maioria responde na questão cinco (05) que a letra
mostra as consequências da globalização na sociedade de hoje, o que
percebe-se aí a importância de cada vez mais os professores de Geografia
utilizarem-se destas letras e de mostrarem que nelas expressam-se vários
conteúdos geográficos.
A grande maioria dos alunos, ao todo trinta e seis (36), responderam na
questão de número três (03) que as músicas do hip-hop abordam temáticas
como: violência física e/ou psicológica, desigualdade social, corrupção e
preconceito.
Os dados estão transcritos no gráfico 01 abaixo para serem mais bem
visualizados.
Gráfico 01 – Ficha Investigatória
Fonte: Tabulação dos dados da pesquisa efetivada junto aos alunos através da Ficha
investigatória. Elaborado pela professora PDE autora deste artigo.
Após a aplicação pesquisa, foram organizadas algumas atividades com
a finalidade de intensificar o conhecimento dos alunos sobre o conteúdo das
músicas do gênero hip-hop, bem como despertar nos mesmos o senso de
análise a respeito dos conteúdos das músicas e a realidade da sociedade em
que vivem.
A atividade desenvolvida na sequência foi desenvolvida no laboratório
de informática e teve a duração de quatro (04) aulas. Nesta atividade a
professora orientou os estudantes a buscar em sites letras de músicas do
gênero hip hop que contemplassem as consequências da globalização,
analisando nelas os problemas vivenciados na sociedade atual, e seu
cotidiano. Durante o transcorrer do trabalho, observou-se que muitos alunos
precisaram pesquisar os conceitos de globalização, antes mesmo de ir às
páginas onde havia as letras das músicas. Isto nos permitiu verificar que eles
necessitavam usar ao mesmo tempo duas ou mais janelas de pesquisa abertas
na tela do monitor. Os alunos que tomaram este caminho conseguiram
facilmente identificar as relações entre globalização e as letras das musicas,
além de mencionarem alguns movimentos e até grupos de hip hop. Esta atitude
logicamente facilitou o estudo das letras de músicas do gênero hip hop. Os
alunos que tomaram esse caminho, logo avisaram seus colegas que tal
procedimento facilitaria muito o trabalho. Demonstraram com isso um forte
espírito colaborativo que muitas vezes não é verificado em sala de aula. Ao
final, ou seja, na última aula nesta atividade eles já conseguiam falar para os
colegas sobre o conteúdo das músicas por eles encontradas, bem como iam
citando através de palavras as questões relacionadas com a globalização e as
manifestações culturais contidas nas mesmas. O trabalho se mostrou
satisfatório uma vez que o objetivo, que era de analisar criticamente as letras
de músicas do gênero hip hop, foi alcançado.
Esta atividade veio de encontro á justificativa geral do projeto de
implementação pedagógica, que se propunha despertar nos alunos a análise
das músicas ouvidas cotidianamente por eles, bem como identificar se as
mesmas trazem a questão social/espacial em suas letras.
Depois, foi trabalhado com os alunos o texto 01, intitulado
“Globalização”, o qual serviu como material de apoio para os estudantes
conhecerem os conceitos e a diversidades que a globalização provocou na
sociedade contemporânea. Tal atividade tinha por objetivos, fazer com que os
alunos analisassem a globalização e suas consequências, bem como identificar
as relações entre globalização e o movimento hip hop.
Na sequência, os alunos reuniram-se em grupos e, a partir da leitura do
texto 01, foi solicitado que elaborassem um conceito de globalização. Citassem
algumas das consequências da globalização cultural, econômica e financeira.
Foi solicitado ainda, que, com base no texto lido e nas musicas pesquisadas,
enumerassem algumas causas das desigualdades sociais, econômicas e
culturais do processo de globalização. O resultado não poderia ter se
apresentado melhor do que foi. Tomados do mesmo espírito colaborativo
verificado na atividade desenvolvida no laboratório de informática, os alunos
conseguiram listar facilmente as questões sócio-culturais contidas nas letras
das músicas. Resultado esse, que nos permitiu acrescentar uma atividade a
mais. De posse das letras de músicas e análise das mesmas nos cadernos, foi
solicitado que eles formassem grupos de até quatro (04) alunos. Cada grupo
recebeu uma folha de papel “flip chart” e alguns canetões, onde eles deveriam
transcrever palavras que indicassem os conceitos sociais e culturais embutidos
nas letras das músicas. No momento das apresentações, a maior parte dos
grupos leu os trechos das músicas e indicou nos cartazes as palavras a eles
relacionadas. Demonstrando assim, que o objetivo fora alcançado.
Na atividade a seguir, foi utilizado o texto 02, que serviu como material
de apoio para os alunos conhecerem um pouco mais sobre a cultura de massa
engendrada pelo processo da globalização cultural. Um dos alunos, com um
grau de esperteza maior, relatou que um dia antes havia visto na televisão,
uma reportagem que mencionava alguns termos do texto apresentado e
solicitou explicação do significado de alguns termos do texto. Apresentados os
significados, os quais a professora pediu que anotassem, foi pedido que os
alunos localizassem nas letras das músicas pesquisadas na internet e as
relacionassem com os conceitos apresentados no texto. Esse trabalho surtiu
um bom resultado, pois em alguns minutos quase todos os alunos haviam
encontrado pelo menos um termos das músicas e relacionado o mesmo com
os conceitos do texto.
Na última atividade, os alunos voltaram ao laboratório de informática
para pesquisar sites de grupos de hip hop conhecidos e que desenvolvem
algum tipo de trabalho de resgate social e de disseminação de práticas de
análise de músicas. Esta atividade teve como objetivo despertar nos alunos o
interesse pelo conteúdo das musicas que ouvem, analisando-as com vistas a
conhecer a realidade em que vivem. A pesquisa foi desenvolvida no laboratório
de informática com o uso da internet vário sites foram consultados. Foram
analisadas e avaliadas as atividades que foram desenvolvidas pelos alunos,
levando em conta os objetivos estabelecidos. Como resultado satisfatório, mais
da metade das duplas de alunos, encontraram sites de grupos de hip hop, bem
como o trabalho social desenvolvidos pelos mesmos. Alguns conhecidos
nacionalmente e outros totalmente anônimos.
Mais uma atividade com objetivos alcançados, uma vez que o empenho
dos alunos, pelo menos da maioria, foi além do esperado.
4.2 GTR – Grupo de Trabalho em Rede.
Com base nesta análise, o GTR - Globalização e Diversidade: Estudo das
Manifestações que Ocorrem no Espaço Geográfico Através de Letras de Músicas do
Gênero Hip Hop, atingiu os objetivos esperados.
No referido GTR estavam inscritos inicialmente 17 (dezessete)
professores, mas 03 (três) não participaram de nenhuma atividade e foram
considerados desistentes. O GTR foi dividido em três módulos nos quais havia
atividades como: Fórum de discussões, chat, para conversas informais sobre o
projeto de implementação pedagógica, biblioteca para consulta dos textos e
bibliografia dão Projeto e da Unidade Didática e Atividades. Além do espaço
para os professores postarem seus textos para avaliação.
Em todas elas a participação dos professores da rede foi satisfatória.
Permitiu aos professores da rede tomar conhecimento do Projeto e da
Implementação Pedagógica sobre Globalização e Diversidade: Estudo das
Manifestações que Ocorrem no Espaço Geográfico Através de Letras de
Músicas do Gênero Hip Hop. Houve ampla discussão, bem como os referidos
professores também puderam implementar o projeto com seus alunos nas
mãos diversas regiões do estado em suas escolas de atuação.
Para os professores da rede, o Projeto de Intervenção Pedagógica,
possibilitou fazer uma análise de como a globalização permitiu o acesso à
informação a todas as camadas sociais. Além disso, provocou profundas
mudanças na forma de pensar, de conhecer e de ver sobre o mundo.
Os professores GTR analisaram o Projeto e a Unidade Didática
pautados em suas práticas pedagógicas do dia a dia de sala de aula. Segundo
os mesmos, pensando em toda riqueza cultural e contextualizada expressada
na música, pode-se usar o hip hop no ensino de Geografia. Uma das
professoras trabalhou a mesma prática com os alunos, onde os mesmos
levando em conta seu conhecimento individual analisaram músicas
conhecidas, correlaciondo-as com conteúdos de geografia. Para finalizar,
alguns compuseram sua própria música, de forma crítica. Inicialmente os
alunos analisaram uma música já conhecida, através de um roteiro de análise
previamente estabelecido. Posteriormente eles deveriam produzir um texto com
base nos conteúdos geográficos. Desses textos é que saíram as letras das
músicas criadas.
Quanto à melodia, segundo a professora, poderia ser conhecida ou
inédita criada pelo aluno, de acordo com suas possibilidades. Nessa atividade
foi avaliada a capacidade de análise, contextualização e cognição. O objetivo
foi fazer com que os alunos pudessem aprender conceitos, desenvolver sua
produção de texto, e entender a necessidade de mudanças de atitudes que são
denunciadas nas músicas, as quais dificultam a sociedade de ser justa.
O resultado da implementação do projeto e da produção didático
pedagógica foi positiva entre os cursistas participantes do GTR, inclusive com
professores reproduzindo a metodologia em suas aulas.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização desse trabalho teve como meta principal levar os alunos a
desenvolverem duas capacidades importantes. A primeira foi a de despertar
nos adolescentes o senso crítico na identificação e análise de temas
geográficos presentes nas músicas do estilo hip hop, ouvidas no seu dia-a-dia.
Essa capacidade teve a função de interligar a disciplina Geografia ao meio
social e cultural do aluno. A segunda buscou a contextualização dos conteúdos
geográficos com as mensagens, fenômenos e relações expostas nas músicas
pesquisadas. Assim, tanto na capacidade de crítica e identificação como na
contextualização há uma interligação da Geografia com o dia-a-dia, porém de
forma mais aprofundada, levando o aluno a identificar e analisar os conceitos e
fenômenos da ciência geográfica. Obviamente, não mais em nível do senso
comum, mas na perspectiva da construção do conhecimento geográfico. Esse
objetivo consistiu na principal meta a ser alcançada. Pretendia-se, a partir dos
conteúdos das letras de músicas e nas teorias geográficas, que os alunos
conseguissem identificar e apontar conceitos, ideologias e atitudes contidas
nas musicas de hip hop, iniciando, assim um ciclo de comunicação que levasse
à produção do ser pensante e atuante na sociedade.
Como vimos anteriormente, as músicas analisadas pelos alunos,
apresentam características que se aproximaram das metas propostas. E, em
muitas das músicas por eles analisadas, esteve presente a consciência e a
capacidade crítica em relação aos problemas vividos pela sociedade, o que nos
leva a concluir que os objetivos do trabalho com a música foram alcançados,
nestes casos, de forma mais completa, promovendo a formação de ouvintes
críticos, a contextualização com o conteúdo geográfico e a conscientização
com relação à função da música, e de todos os veículos de comunicação, de
despertar a mudança de atitude.
Já nos textos lidos e analisados, foram abordados os fenômenos e
conteúdos conceituais de geografia, globalização e cultura. Estes, aliados aos
conteúdos atitudinais, permitiram aos alunos que participaram da
implementação da prática pedagógica a assimilação do conteúdo de geografia.
Podemos concluir que a metodologia de utilização da música, proposta
nesta pesquisa, englobou os 6 (seis) níveis de avaliação: Primeiro foi o de
(re)conhecimento aqui os alunos foram incentivados a identificar as músicas e
suas respectivas mensagens conteúdos relacionados à geografia. A segunda
foi a de compreensão, onde os alunos foram incentivados a descrever,
apresentar características, dar o significado e explicar, conceitos, personagens,
histórias, fenômenos contidos na música analisada. Na terceira, os alunos
analisaram as letras das músicas, examinando as ideologias e conceitos
contidos nas mesmas.
Com base nos objetivos e no que foi realizado, podemos avaliar a
metodologia como satisfatória, principalmente porque houve um planejamento
e tempo suficiente para aplicá-la. O ideal, logicamente, seria sua utilização
durante todo o ano letivo, pois isso possibilitaria o estabelecimento de regras e
procedimentos junto aos alunos, aumentando possivelmente a participação dos
mesmos.
Além desse fator podemos considerar os seguintes pontos positivos: a) o
aumento da motivação dos alunos em desenvolver os trabalhos; b)
possibilidade de fuga da rotina, diminuindo a mentalidade de que geografia se
decora e não se aprende; c) diversificação de metodologias, beneficiando a
prática docente; d) o desenvolvimento de três importantes capacidades, a de
crítica, a de contextualização e produção de conhecimento, além de outras; e)
abordagem de três conteúdos, os conceituais, os procedimentais e os
atitudinais; f) a inserção dos alunos nos processos de construção e difusão do
conhecimento; g) a vantagem da geografia em relação aos temas abordados
nas músicas consideradas conscientes, músicas que expressam algo de
relevância para os alunos e para a sociedade em geral; h) a aproximação das
teorias geográficas com a realidade cotidiana dos alunos; i) a constatação de
que os alunos não estão totalmente alienados em relação às ideologias
implícitas nas músicas que eles ouvem.
Os pontos negativos detectados foram: a) apesar do aumento no
interesse dos alunos muitos ainda tendem a fazer os trabalhos visando apenas
notas e não o conhecimento e o aprendizado; b) talvez por costume, alguns
alunos reclamaram e disseram preferiram as aulas (metodologias) tradicionais.
Além disso, algumas dificuldades foram encontradas no percurso de
implementação da prática pedagógica, quer pela questão de tempo ou de
organização do trabalho, tais como: a) a não execução de uma atividade da
metodologia deixando a avaliação incompleta; c) o uso de apenas duas
músicas, o que impediu a comparação de exemplos, e diversificação de temas.
d) falta de um controle maior sobre a execução de algumas atividades, fazendo
com que respostas erradas ou dúvidas não fossem esclarecidas. Mas apesar
dessas falhas o rendimento surpreendeu, mostrando que, se os alunos são
incentivados e há a vontade de inovar e melhorar pode-se alcançar resultados
excepcionais. O que ocorre com frequência dentro das escolas, e
principalmente por parte de muitos professores, é o pré-julgamento de que não
adianta fazer nada novo por que os alunos não se interessam e não têm
capacidade. Mas qual é a função do professor se não a de extrair dos alunos
as capacidades menos desenvolvidas, de incentivar o crescimento intelectual
tornando-os capazes de construir seu próprio conhecimento? O ponto crítico
pode estar justamente na consciência de cada professor acerca de sua função.
Por isso é cada vez mais necessário que nós professores repensemos a
educação a partir de nós mesmos, por que a mudança só é possível quando
cada um toma pra si a responsabilidade de mudar.
Conclui-se com esta prática pedagógica que o hip hop contribui e muito
no ensino de geografia porque não é composto apenas de um estilo, pois faz
parte dele todo o trabalho de reconhecimento e valorização da cultura a
periferia e assim expressam suas percepções do lugar onde vivem.
E na busca por aproximar o ensino de geografia à realidade do aluno
alguns professores vem utilizando metodologias alternativas como a arte,
música, cinema e literatura. Hoje muitos trabalhos, tal como este, se debruçam
sobre estas alternativas, colocando em cena a relação entre a geografia e a
arte, o que vem abrindo muitas possibilidades de pesquisa e assim buscando
fazer com que os alunos percebam sua participação na construção do espaço
geográfico, pois a geografia se faz no dia a dia, partindo de práticas e de
relações sociais que se materializam no espaço.
Como vimos por meio dos resultados dos trabalhos efetuados junto aos
alunos e os depoimentos dos professores GTR, as letras de música precisam
ser mais e melhor exploradas na sala de aula, com efeito, quando se lança
mão de recursos que são do interesse dos alunos, os progressos com a
aprendizagem são inequívocos. É importante salientar que outros colegas
também aplicaram a Proposta em suas turmas, cujos resultados foram
igualmente satisfatórios, fato esse que pôde ser observado pelos relatos dos
professores participantes do GTR. Sendo assim, é possível o gênero musical
constituir-se num importante recurso para o estudo da cultura de uma
determinada época ou de um determinado lugar, cujas temáticas presentes nas
letras propiciam excelentes debates acerca de aspectos sociais, políticos e
econômicos. Fenômeno este, detectado a partir da problemática levantada no
projeto que pautou esta intervenção. Onde o mesmo conduziu a uma prática de
despertar o senso critico dos adolescentes, para as letras das músicas que
eles ouvem. Surtindo os efeitos esperados, até porque os textos pertencentes a
esse gênero possuem profundas marcas ideológicas. Logo, a partir da análise
das letras, levamos os alunos a grandes reflexões, despertando neles o senso
crítico e, esse é um dos grandes objetivos da escola. Além disso, com esse
trabalho, fica mais fácil para mostrar ao aluno que a língua é dinâmica, o que
pode ser comprovado por meio da seleção lexical de cada época, de cada
espaço geográfico e de cada grupo social.
Esta pratica não se esgota em si. É um trabalho que precisa estar
atrelado aos conteúdos programáticos, assim ele passa a ter mais significado,
além de mostrar a relação dialógica dos textos. Porém, esta relação de cunho
mais técnico, abre com certeza perspectiva de análise para outra pesquisa.
6. REFERÊNCIAS
ANDRADE, Eliane N. Rap e Educação, Rap é Educação. São Paulo: Summus, 1999. ARAUJO, Lidya Berlota, Dança de rua no sul do país. Revista Rap Brasil, São Paulo, Escala Nº. 3, p. 30, 1999. BARRETO, Luciana. A arte do spray. 2004, Disponível em: <http://www.clubecorreio.com.br>. Acesso em: 22/08/2011. BEHRENS, Marilda Aparecida. A Formação pedagógica e os desafios do mundo moderno. CASTROGIOVANNI, et al .Geografia em sala de aula : práticas e reflexões.4ª ed. Porto Alegre. Editora da UFGS/Associação dos Geógrafos Brasileiros, 2003. CAVALCANTI, L. de S. Geografia, Escola e construção de conhecimentos. 8. ed. Campinas São Paulo: Papirus, 2005. FEIJÓ, Ricardo. História do pensamento econômico. São Paulo: Atlas, 2001. FUCHS, Franco Caldas. Por dentro do break. 2008. Disponível em: <www.jornaltiragosto.com/blog>. Acesso em: 20/08/2011. GADOTTI, Moacir. A educação contra a educação. 4a ed. - Rio de Janeiro: Paz e Terra, Olho D’água, 1995. GOMEZ, Margarita Victoria. Educação em rede – Uma visão emancipadora. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2004. (Guia do Escola cidadã; vol. 11). GORCZEVSKI, Desimer. O hip hop (IN) visibilidade no cenário midiático. In: Dissertação (mestrado), Vale do Rio dos Sinos, p. 32, 2002.
IANNI, Octavio. Teorias da globalização. – 13º Ed.- Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. IBGE. São José dos Pinhais. Censo 2002. Disponível em: http://www.ibge.org.br. Acesso em: 12/nov. 2011. KRAJEWSKI, A. C.; GUIMARÃES, R. B.; RIBEIRO, W. C. Geografia: Pesquisa e Ação. 2. Ed. São Paulo. Moderna, 2003. LOURENÇO, Mariane Lemos. Cultura, Arte, Política & o movimento Hip Hop, Chaín, 2002. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Avaliação de Acompanhamento dos Grupos de Trabalho em Rede do ano de 2007. Curitiba, 2008. PENHA, Juliana. Alessandro Buzo inaugura biblioteca comunitária. Revista Rap Brasil, São Paulo, Escala, Nº. 31, p. 20, 2005. _______, Juliana. Arte e cultura como uma alternativa na conscientização. Revista Rap Brasil, São Paulo,Escala, Graffiti, Nº.13, p. 18, 2003. _______, Juliana. Política e atitude. Claudete Alves exemplo de guerreira. Revista Rap Brasil, São Paulo, Escala, Nº. 19, p. 50, 2003. _______, Juliana. O grafite como proposta na educação. Revista Rap Brasil, São Paulo, Escala, graffiti, Nº.13, p. 12, 2003. _______, Juliana. Uma mulher na frente. Revista Rap Brasil, São Paulo, Escala, Nº. 24, Ano. IV, p. 50, 2004. PERUZZO, Cicilia M. Krohling. Relações públicas, movimentos populares e transformação social. Revista Brasileira de Comunicação, v.XVI, n. 2, p.125-133. São Paulo: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 1993. ROCHA, Camilo, A ginga oral que atravessou o atlântico. Coleção para saber mais, Super Interessante, Editora Abril, São Paulo, 2001. SANTOS, M. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo. Razão e Emoção. 4ª ed. São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo, 2006. _______, Por outra Globalização: do pensamento único à consciência universal. 16. Ed. Rio de Janeiro. São Paulo. 2008. SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica para o Ensino de Geografia, SEED, Paraná, Curitiba, 2010.
SCHOBER, Juliana. Hip Hop: das seções policiais para os cadernos culturais dos jornais. Disponível em: <www.cienciaecultura.bvs.br/scielo>. São Paulo, Vol. 56, Acesso em: 16/08/2008, 2004. SOUZA, Jusamara. Vozes da periferia. Revista Movimentos Socioculturais, Especial, O olhar do adolescente, Ediouro, Nº. 4, p. 83, 2007. TELES, Alexandre. A cultura que vem da periferia. Revista Aplauso, Rio Grande do Sul, Editora Paula Ramos, Nº. 32, p. 12, 20. UNIDADE POLO, Colégio Estadual. PPP – Projeto Político Pedagógico 2010. São José dos Pinhais, 2010. VESENTINI, J. WILLIAN. O ensino da geografia no século XXl. Ed. 2. Papirus. São Paulo, 2005. VITA, Marcos, Hip Hop no sertão. 2002. Disponível em: <www.revistaescola.abril.com.br/edicoes/0153>. Acesso em: 22/08/2011. XAVIER, Denise Prates. Repensando a periferia no período popular da História: o uso do território pelo movimento Hip Hop. 2005. Dissertação (Mestrado em Geografia). Instituto de Geociências e Ciências Exatas, UNESP, Rio Claro (SP), 2005.