Fernando Caldeira da Silva

SEMENTES DE

AVIVAMENTO

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DEDICATÓRIA

Dedico este livro a todos os crentes a quem ministrei

durante os meus anos de ministério e a todos

os que vierem a lê-lo, para que vivam no Senhor.

Este livro inclui sementes proféticas para a

transformação da Igreja e para a implementação do plano

eterno de Deus através da história da

humanidade.

2 Crónicas 7:13-15Se eu fechar os céus, e não houver chuva; ou se ordenar

aos gafanhotos que consumam a terra; ou se

enviar a peste entre o meu povo;e se o meu povo, que se

chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a

minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu

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Ficha TécnicaPublicadora: GLOSAT.ORG

Autoria e copyright © Fernando Caldeira da

Silva 2009Redacção do

português por: Dr. Jorge Pinheiro

Capa de: Roberto SilvaImpresso por:

MinuteMan Press ISBN:

978-1-868463-01-5

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Benoni North 1527 Republic of South

AfricaTel. & Fax:

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ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.

Agora estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração....

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ÍNDICE

Pág.

Apresentação 4

Introdução 5

Capítulo Um: Escutar o que Deus diz provoca avivamento 9

Capítulo Dois: A promessa profética de restauração de todas as coisas 43

Capítulo Três: A necessidade de liderança ungida com a mensagem da “chuva serôdia” 69

Conclusão 95

Bibliografia 97

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O Pastor Fernando Caldeira da Silva é Diplomado em Teologia no Instituto Bíblico de Portugal (hoje MEIB); Bacharel em Artes (BA) pelo Continental Bible College da Bélgica (hoje CTS);

cursou ciências políticas e comunicação social na University of South Africa (UNISA), instituição onde mais tarde recebeu o grau de Mestre em Teologia (MTh) na área da história da igreja e se prepara para apresentar a sua tese de Doutoramento (PhD) na mesma área. É ainda membro da Church History Society of Southern Africa (CHSSA) e Fellow da UNISA.

Casado com a Mena, ambos servem o Senhor como pastores desde 1984. Em Portugal: na Assembleia de Deus da Guarda, na Assembleia de Deus de Coimbra, e na Monte Sião Igreja Cristã. E na África do Sul: na Hope of Glory Tabernacle – onde o Pastor Fernando da Silva foi director do Hope of Glory School of Ministry – Presidente da Global Mission, enquanto a Mena apoiava, pastoreando a Igreja Portuguesa que presentemente pastoreiam, a Newsong Ministries.

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"E buscar-me-eis, e me achareis, quando me

buscardes com todo o vosso coração."

(Jeremias 29 : 13)

APRESENTAÇÃO do AUTOR

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas temos lido e ouvido imenso acerca dos sinais dos tempos referentes ao que caracterizará os valores morais e as atitudes da geração da humanidade, que experimentará os acontecimentos relativos à volta de Jesus. Essa sociedade será semelhante à dos tempos de Noé, (Mt 24:37-39). E em relação a este tema existem registos, que evidenciam o desenvolvimento do cumprimento desse aspecto da profecia, concernente aos últimos dias. Por exemplo, o Dr. Grant R. Jeffrey descreve no seu livro Surveillance Society: The Rise of the Antichrist (1) a encruzilhada a que a humanidade chegará no fim dos tempos. Segundo ele, muitas evidências confirmam o que há milhares de anos as Escrituras profetizaram acerca das nações, que se juntariam numa espécie de governo mundial nos últimos dias, rumo ao aparente domínio do Anticristo. Sem dúvida que o estudo desses aspectos proféticos referentes à experiência existencial da sociedade no plano natural e temporal é importante, caso contrário o Senhor Jesus – e também vários profetas – não teriam abordado o assunto.

No entanto, não é meu intento tentar descobrir quais serão as experiências seculares que se viverão nesses últimos tempos. A razão fundamental é a existência de um outro lado do tema, quiçá tão ou mais importante, que não creio estar devidamente explorado. Essa outra parte relativa aos acontecimentos que antecederão a vinda do Senhor e que precisa ser abordada tem dois aspectos fundamentais. O primeiro diz respeito à restauração prometida à Igreja quanto à sua

1(?) Jeffrey, Grant R., Surveillance Society: The Rise of the Antichrist, (Frontier Research Publications, Inc. P. O. Box 129, Station “U”,

Toronto, Ontario M8Z 5M4. Canada. 2000), p.265. 6

maturidade, verdadeira natureza e forma espiritual. E o outro aspecto tem a ver com o destino e as funções que a Igreja desempenhará no avivamento final da história da Igreja na terra, que precederá a vinda do Senhor. Será o cumprimento da promessa da “chuva serôdia”, caracterizada pela manifestação da presença do Senhor, trazendo refrigério espiritual. E o resultado desse avivamento extraordinário será que a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar.

Lendo Actos no capítulo 3 versículos 19 a 21, encontramos a perspectiva profética concernente à Igreja, que estará na terra nos últimos dias que antecederão a vinda do Senhor. O que acontecerá à Igreja e através dela nessa altura será de glória extraordinária, porque o próprio Senhor visitará a Sua Noiva, antes de voltar, para ficar sempre com ela. É Ele Quem trará o refrigério prometido porque antes de voltar visivelmente para as bodas, Jesus visitará a Sua Noiva em privado, com a manifestação da Sua doce presença que provocará avivamento espiritual. No entanto, para que isso aconteça existem linhas-mestras proféticas predefinidas pelo plano eterno de Deus, que devem determinar de forma liminar os acontecimentos. São essas linhas-mestras proféticas que pretendemos humildemente explorar aqui. Como exemplifica a passagem de Actos no capítulo 3 versículos 19 a 21, há várias coisas que os crentes devem fazer para experimentarem o refrigério da presença do Senhor e a Sua vinda:

Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os

vossos pecados e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do

Senhor. E envie Ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado, o qual

convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos

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quais Deus falou pela boca de todos os Seus santos profetas, desde o

princípio. (At 3:19-21).

Por um lado, a restauração prometida não pode referir-se à sociedade mundana, porque essa precisa de ser transformada através da implementação dos princípios do Reino de Deus na terra. Portanto, o que será restaurado deve ser a Igreja. E por isso temos as promessas sobre o derramamento da “chuva serôdia” para a Igreja desses dias gloriosos. Mas, por outro lado, o processo de restauração de todas as coisas só pode acontecer pelos actos do próprio Deus, através da difusão e da implementação dos Seus desígnios nessa geração especial. E isso implica que Deus informará primeiro os Seus profetas que vivam nesse tempo que precede o avivamento, porque o Senhor nada fará sem primeiro revelar os Seus segredos aos Seus servos, os profetas, (Am 3:7; Gn 6:13; Jo 15:15)

Certamente o Senhor JEOVÁ não fará coisa alguma sem ter revelado o

Seu segredo aos Seus servos, os profetas. (Am 3:7).

Neste contexto, com a promessa da restauração de todas as coisas, está registado o que consideramos ser a chave que abrirá as portas para as dimensões desse processo de restauração. Essa chave é a revelação espiritual e cabal dos mistérios e segredos de Deus, escondidos nas Escrituras, inerentes aos desígnios e às acções de Deus, precisamente para os últimos dias. Revelações que devem ser descobertas pelos profetas por inspiração divina e depois pregadas à Igreja, como informação vital para o seu desempenho espiritual, preparatório para o novo mover de Deus na Igreja e na sociedade.

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Porque qualquer revelação pontual e precisa concernente à natureza, aos sentimentos, aos pensamentos, aos desígnios e aos planos eternos de Deus inicia sempre um processo de avivamento, que transformará as consciências dos crentes, os seus valores morais e as suas atitudes. Esse avivamento deve conduzir os intentos, os pensamentos, os sentimentos e todos os actos projectados pelo coração humano. E o resultado será sempre uma maior aproximação dos fluxos históricos das experiências da humanidade à implementação do plano imutável e eterno de Deus. Esse plano é de redenção, (1 Pd 1:17-21; Hb 2:14-15), de reconciliação (1 Co 5:18-19; Ef 2:14-18; Cl 1:17-23) e de restauração, ou restituição (Jr 31:9-12; Cl 1:12-14; Ef 2:1-7; Lc 11:17-22; Is 51:1-14).

Assim, importa conhecer com mais precisão e perspicácia espiritual as linhas mestras dos desígnios e das intenções de Deus para os últimos dias na terra e para o futuro da Igreja. A isso chamamos dimensões proféticas, quando grande parte dos crentes forem cheios do Espírito de Cristo e receberem o coração profético, como era o desejo de Moisés em Números no capítulo 11 versículo 29,

Porém, Moisés lhe disse. Tens tu ciúmes por mim? Tomara que todo o

povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito! (Nm

11:29).

Para isso, devem os crentes escutar a voz do Espírito Santo, que diz:

...quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer,

dar-lhe-ei a comer da árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus.

(Ap 2:7).

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Este livro não tem qualquer pretensão de esgotar o tema, mas tenciona servir como mais um contributo para a sua discussão. É fruto de inúmeras prelecções e participações em conferências e seminários de liderança em muitas cidades de países como a África do Sul, Moçambique, Lesoto, Suazilândia, Malawi, República Democrática do Congo, Malásia, Brasil e Estados Unidos da América. No primeiro capítulo, defenderemos que escutar com atenção todos os pormenores do que Deus diz provoca avivamento espiritual. No segundo capítulo, estudaremos as implicações e possível interpretação da promessa profética da restauração de todas as coisas. E no terceiro capítulo discursaremos sobre a necessidade de liderança ungida com a mensagem da “chuva serôdia”.

Agradeço a todos os que participaram na elaboração deste livro, pelo seu cuidado e conselho. À minha Igreja em Benoni por me ter escutado pregar e ensinar o material deste livro. À minha esposa e filhos por me terem apoiado nas longas horas da sua elaboração. E aos meus colegas e amigos de ministério que criticamente analisaram o manuscrito e que com o seu carinho e gentileza me ajudaram a escrevê-lo melhor. Agradeço ainda ao Dr. Jorge Pinheiro pelo trabalho redactorial excelente e a Marcelo Ribeiro de Oliveira por poder utilizar os seus textos bíblicos digitais, publicados sob o título: Bíblia Sagrada Versão Digital (Freeware) 6.0, (www.blasterbit.com, 2006). Muito obrigado a todos.

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Capítulo 1

ESCUTAR O QUE DEUS DIZ PROVOCA AVIVAMENTO

Uma das formas mais frequentemente usadas por Deus, para se comunicar com os Seus filhos é através da mensagem que encerrou na Bíblia. Mas para entendermos bem a mensagem, temos de aplicar correctamente nela as relevantes regras da hermenêutica. Isto porque o crente tem de aprender a escutar a voz de Deus e compreender as Suas revelações proféticas, que o Espírito Santo lhe vai inspirando no coração e que estavam ocultas em mistério nas Escrituras. E é nestas que podemos – e devemos – buscar os elementos proféticos que nos abrirão as portas do prometido futuro glorioso da Igreja dos últimos dias.

Como afirma Webster (2), a hermenêutica é a ciência da interpretação ou da procura do significado das palavras e das frases do autor e da sua explicação aos outros; particularmente aplicada à interpretação das Escrituras. Nesse processo de aplicação das regras da hermenêutica, pode por vezes parecer que a tarefa é quase impossível mas, como J. W. Wenham argumenta no seu livro The Elements of the New Testament Greek, no caso do Novo Testamento é possível descobrir com precisão extraordinária quais são os seus elementos (3).

Ora o Dr. Kevin J. Conner menciona (4) no seu manual The Tabernacle of David que, antes de se iniciar com mais pormenor o estudo bíblico, é importante, reportarmo-nos aos princípios hermenêuticos de interpretação das Escrituras, 2(?) Conner et al., Kevin J., Ken Malmin, Interpreting the Scriptures: A Textbook on How to Interpret the Bible, (Bible Temple

Publications, 7545 N. E. Glisan Street, Potland, Oregon, 97213. USA. 1983), p.1.

3(?) Wenham, J, W., The Elements of New Testament Greek, (Cambridge University Press. Cambridge. Great Britain. 1976), p.vi.

4(?) Conner, Kevin J., The Tabernacle of David, (Bible Temple – Conner Publications, Portland, Oregon 97213, USA, 1976), p.1.

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porque é através da sua descoberta e do seu uso que a verdade será encontrada. De facto, os crentes – e em particular os pregadores – devem ser estudiosos das Escrituras e devem saber investigar, como nos aconselha Salomão,

A glória de Deus [é] encobrir o negócio mas a glória dos reis é tudo investigar. (Pv 25:2).

Se os crentes são profetas, reis e sacerdotes, então é a sua glória esquadrinhar e pesquisar as Escrituras para descobrirem os segredos envoltos em mistério, os quais Deus encobriu ou codificou gloriosamente desde a fundação do mundo. Esses mistérios estão reservados para serem descobertos pelos filhos de Deus, os profetas, reis e sacerdotes do Altíssimo, quando chegar a sua “estação própria”.

Mas investigar o significado das palavras e das profecias proferidas por Deus é fundamentalmente buscar a presença e a mente do próprio Deus. Portanto, nessa investigação deve existir a reverência e o profundo desejo daqueles que buscam a presença de Deus. Porque, como Tommy Tenney refere (5) no seu livro Os Caçadores de Deus: Minha Alma Te Busca Incansavelmente, Deus aguarda com paciência até ser alcançado pelos Seus filhos, pelos que têm mais fome e mais sede da Sua presença e da Sua glória, do que sejam capazes de controlar. Tenney afirma que esses crentes são como caçadores que tentam apanhar a doce presença de Deus e que não se contentam em apenas seguir os rastos dos Seus passos mas que prosseguem até alcançá-Lo até apreenderem a Sua presença.

Mas para isso é necessário prestar atenção ao que Deus diz, escutá-Lo atentamente e obedecer às Suas ordens. Ou seja, é preciso preparar o coração para compreender bem a revelação dos Seus mistérios, que Ele designou

5(?) Tenney, Tommy, Os Caçadores de Deus: Minha Alma Te Busca Incansavelmente, (Dynamus Editorial, Rua Raul Mendes, 41 –

Conjunto 200 – Floresta. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil – 31.010-030. 2002), pp.7-8.12

especificamente para os dias em que vivemos e para o futuro. E é necessário também ter sempre presente as razões que motivam a necessidade de estudar a Palavra de Deus.

O poder que emana das Escrituras, quando recebido nos corações humanos sob a unção do Espírito Santo, traz conhecimento do pecado e da necessidade de arrependimento e, por fim, a salvação aos que se arrependem. Traz também crescimento espiritual através do seu poder transformador da natureza e do carácter do coração humano (Rm 12:2). A Palavra ajudará e fortalecerá os crentes em tempos de tribulação e de prova e revelará a perspectiva e o propósito de Deus em lidar com os Seus e com toda a criação (Rm 8:28). Mas antes de rever os passos para o estudo pessoal eficaz da Palavra de Deus, será benéfico compreender a PALAVRA a ser discutida.

Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para o meu caminho. (Sl 119:105). (2 Tm 3:16-17; Hb 4:12; Rm 10:9-10).

Procura apresentar-te a Deus aprovado, [como] obreiro que não tem [de que] se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2 Tm 2:15).

A necessidade de escutarmos o que Deus diz, para edificarmos bem

O crente necessita de escutar bem o que Deus diz para edificar solidamente a sua vida espiritual. Mas o processo de escutar envolve três aspectos, que importa considerar neste momento.

Em primeiro lugar, uma das verdades fundamentais relativas ao início do processo da edificação espiritual é o esforço de prestar atenção aos pormenores e a todos os aspectos de cada mensagem de Deus. É o que Jesus nos ensina a fazer em Mateus no capítulo 7 versículos 24 a 29,

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Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva e correram rios e assopraram ventos e combateram aquela casa e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva e correram rios e assopraram ventos e combateram aquela casa e caiu e foi grande a sua queda. E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina, porquanto os ensinava com autoridade e não como os escribas. (Mt 7:24-29).

Notemos que o construtor sábio edificou a sua casa sobre o fundamento de praticar as palavras que escutou de Jesus e, por isso, a sua casa não ruiu quando veio a tempestade. Mas, apesar de o construtor néscio ter também edificado a sua casa com o mesmo material, que é a Palavra de Jesus, ele baseou-se apenas no que ouviu e não praticou. E o resultado foi a desgraça e a destruição da sua casa.

Ora. uma das diferenças fundamentais entre o exercício de escutar e o de ouvir é que, enquanto ouvir não exige concentração, escutar obriga a prestar atenção até se compreender a mensagem, conforme foi enviada pelo emissor. Há assim diferença entre ouvir e escutar. Ouvir não exige muita atenção, enquanto escutar obriga à concentração de energias, de atenção e de compreensão, (Mt 7:24-27; Ap 2:7). Por consequência, o facto de o edifício espiritual do crente ir resistir ou não à tempestade está intrinsecamente ligado à forma inicial, ou seja, se o edificador prestou atenção e seguiu à risca as instruções.

Portanto, o crente deve investigar o sentido perfeito das profecias, descobrir os negócios de Deus e trazê-los para a actualidade (Pv 25:2). O estudante das Escrituras tem de ser capaz de estuda-las com isenção e destreza. A sua capacidade de comunicar com Deus, com os dados do passado, consigo

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mesmo e com os outros é essencial para o seu sucesso. Por isso, deve colocar-se a si mesmo algumas questões a priori, que são: Quais são as suas necessidades e a sua motivação em estudar as Escrituras? Qual é a sua capacidade para descodificar as mensagens proféticas e históricas? Quais são as suas atitudes, crenças e valores fundamentais? Quais são as suas tendências de personalidade? Como é o seu ser enquanto agente emocional livre? E como é o seu ser na dimensão moral e espiritual?

Ao pensar nas perguntas a estas respostas relevantes, o estudante das Escrituras deve avaliar sempre os factores que o influenciam e o alteram, bem como a sua percepção e as suas dissonâncias cognitivas. Deve também ser capaz de descodificar e integrar os dados da memória do passado e depois elaborá-los em esquemas perceptíveis aos outros, evitando a sua própria decepção. No processo de percepção da mensagem proferida por Deus, deve entendê-la no seu contexto de comunicação entre Deus e a humanidade, que passa pelas actividades internas de comunicação intrapessoal no seu espírito e no seu coração, seleccionando, organizando e interpretando correctamente as Escrituras. Porque é que percebe o que percebe? Como é que o percebe? Como é que o comunica? Ou seja, quais são as suas primeiras impressões que recebeu com a mensagem e com que sinais e símbolos está codificada?

Nesse processo cognitivo. a informação terá de ser processada e forçada pelos paradigmas de referência e generalizações, provenientes da sua consciência emocional, equivalente aos seus valores morais, motivos, significados e atitudes, que condicionam o seu modo de sentir, pensar e agir. E por isso, o estudante das Escrituras deve ter cuidado com estereótipos, motivações, predisposição e a sua atracção ao tema que escolheu para estudar. Outra advertência importante

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é a que se relaciona com a comunicação intercultural. Como afirmam (6) Marié van Heerden, Sheila Steinberg e Mpine Qakisa, no seu livro Interpersonal Communication, as diferenças fundamentais na aparência e na vida de duas pessoas de culturas diferentes podem exercer uma influência significativa na forma como se comunicam. Isto é relevante, porque o estudante das Escrituras tenta comunicar-se com os autores da Bíblia, que viveram culturalmente noutras épocas e tenta compreender-lhes o significado. E o estudante deve por fim prestar atenção às outras actividades da comunicação, ilustradas pela seguinte ordem de Deus a Habacuque, para que os seus ouvintes escutem o que Deus quer fazer a seguir:

Então, o SENHOR me respondeu e disse: Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler, o que correndo passa. (Hq 2:2).

Sem dúvida que usar a destreza e as ferramentas essenciais à boa interpretação (7) das Escrituras é fundamental para estas serem compreendidas, assim como desenvolver o bom hábito de estudo bíblico, que é fundamental ao bom manejo da Palavra de Deus e à pregação o que, como Paulo argumenta, deve ser apanágio do obreiro que não quer ser envergonhado:

Procura apresentar-te a Deus aprovado, [como] obreiro que não tem [de que] se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2 Tm 2:15).

Em segundo lugar, a Palavra de Deus deve tornar-se a confissão de fé do estudante das Escrituras (Jo 8:31; Tg 1:22; Rm 10:9; Lc 12:8; Fp 2:11; 1 Jo 1:9; Hb 4:12; 2 Co 10:4-6); e deve ser também fundamental na preparação do coração para se estudar a Lei do Senhor, como aconteceu com Esdras:

6(?) Heerden, Marié van, et al., Sheila Steinberg, Mpine Qakisa, Interpersonal Communication, (University of South Africa. Pretoria.

2000), p.79.

7(?) Bohac, Joseph J., com Stan E. DeKoven, An Introduction to Bible Study, (Vision Christian University, [?]), p.[?].16

Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do SENHOR e para a cumprir e para ensinar em Israel os [seus] estatutos e os [seus] direitos. (Ed 7:10; Sl 46:10).

Por isso, entendo que só se o estudante das Escrituras nascer de novo e da água e do Espírito é que poderá compreender bem as coisas espirituais (2 Co 5:17; Ef 4:26-27; 6:11-12; Hb 2:14; Mt 18:18; 28:18-19; Tg 4:7; 1 Pd 5:8). Porque é o Espírito Santo, que nos ensina e nos guia em toda a Verdade, (Jo 14:7,16, 26; 1 Jo 2:27; Lc 24:44-46). E por isso, é necessário receber a Palavra de Deus com o coração aberto e submisso (Lc 10:39; Rm 12:1-2; Cl 3:10; Hb 13:17; 2 Pd 3:18). É necessário ler e estudar a Palavra de Deus de forma sistemática sob a direcção do Espírito Santo e estar alerta ao que Ele ensina e explica, como base essencial à correcta interpretação das Escrituras.

Em terceiro lugar, há regras básicas para se compreenderem as Escrituras. Uma delas é que é essencialmente com o coração que se pode entender o seu significado (Dt 30:11-14). Ou seja, todo o estudo bíblico que merece confiança começa neste ponto: leitura simples, crer no que se leu e agir de acordo com o que se leu. É que falhar em observar esta regra pode levar a interpretações loucas, incongruentes com o facto de que

Toda palavra de Deus [é] pura; escudo [é] para os que confiam nele. (Pv 30:5).

Outra das regras básicas que devemos seguir é que a Bíblia pode ser compreendida. Por isso, encontramos muitos avisos na Palavra de Deus quanto à sua má utilização e abordagem (2 Tm 2:14-18; Mc 12:24; 2 Pd 3:16).

Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus; antes, falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus. (2 Co 2:17).

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Ainda outra regra básica para a interpretação das Escrituras é que precisamos de ultrapassar o abismo histórico, linguístico, filosófico e cultural que nos separa dos autores sagrados e da época em que escreveram a sua parte das Escrituras Sagradas. Isto porque nem mesmo a sinceridade, a oração ou o jejum providenciam protecção adequada contra o erro, se forem seguidos princípios errados de interpretação. A certificação da verdade da mensagem deve ter muita oração e jejum, mas sem nunca esquecer a verdade intelectual histórica, teológica e sócio-cultural.

A nossa oposição firme à mentira e à falsidade, assim como ao engano das meias verdades ou das verdades semicompreendidas deve ser firme, tal como afirmou Santo Agostinho traduzido para o inglês por Edward B. Pusey no seu livro The Confessions of Saint Augustine: «Foi suficiente para mim, Senhor, opor-me aos enganados enganadores, fala-baratos, visto que a Tua Palavra não soou dentro deles.» (8).

Uma das formas de escutar o que Deus diz é estudar bem a Sua Palavra. Isto leva-nos à necessidade de procurar no Velho Testamento os elementos espirituais e as razões do Novo Testamento. Por exemplo, nos textos chave de Amós no capítulo 9 versículos 8 a 15 e de Actos dos Apóstolos no capítulo 15 versículos 7 a 18, encontramos a afirmação de que Deus restauraria o “Tabernáculo de David”: 2 Sm 6:11-23 (v. 17); 1 Cr 15:1-29; 16:1-43 (15:1; 16:1). A grande questão que se levanta é a de saber se esta expressão se refere à restauração do “Reino de David” ou à “Ordem de Adoração Davídica”.

No seu manual The Tabernacle of David, o Dr. Kevin J. Conner julga (9) que ambos os sentidos estão incorporados. Ou seja, a restauração do “Reino de David” incluirá: a entrada dos

8(?) Pusey, Edward B., Translator, The Confessions of Saint Augustine, (Random House Inc., The Modern Library, New York. 1949),

p.120.

9(?) Conner, Kevin J., The Tabernacle of David, op. cit., p.[?].18

gentios e também a restauração da “Ordem de Adoração Davídica”. Basicamente, os gentios entrariam no “Reino do Filho de David” e depois nele tanto judeus como gentios expressariam o louvor e a adoração nos moldes em que o fez o Rei David no Tabernáculo, que erigira para a Arca do Senhor. Este Tabernáculo foi erigido no Monte Sião, em Jerusalém, que tem também a sua aplicação profética.

Mas se os desígnios de Deus estão envoltos em mistérios e os Seus segredos ocultos nas Escrituras proféticas, quem tem as chaves para abrir essas dimensões difíceis das Escrituras? Decerto que só alguém devidamente qualificado e equipado é que pode abrir os selos das Escrituras proféticas e também do coração do crente para entendê-las. E nesse caso o único capaz de abrir os selos é o Senhor Jesus Cristo, como nos afirma o Apocalipse no capítulo 5 versículo 9,

E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos; porque foste morto e com o Teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo e língua e povo e nação. (Ap 5:9).

Jesus tem as chaves para abrir: as Escrituras, os olhos e o entendimento

Lembremo-nos que a igreja primitiva não tinha ainda escrito o texto do Novo Testamento. Os pregadores eram, portanto, obrigados a pesquisar na mensagem profética os elementos da base da sua nova fé, que os antigos lhes deixaram nos escritos sagrados do Velho Testamento. Mas seria que esses escritos sagrados profetizavam as experiências espirituais dos seus dias? Eram esses os dias do novo concerto supostamente efectuado por Jesus Cristo?

No processo de interpretarem as Escrituras do Velho Testamento, os discípulos compreenderam que Jesus era o centro e a explicação das profecias. E entenderam depois que só Ele é que tem as chaves para abrir as três dimensões

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fundamentais das Escrituras do Antigo Testamento: Moisés, os Salmos e os Profetas. Mas eles compreenderam ainda que era Ele Quem lhes abria também os olhos espirituais e o entendimento e que sem isso lhes seria impossível entender o seu verdadeiro sentido. E, portanto, o seu entendimento era que, para compreenderem as promessas proféticas, tinham de recorrer a Jesus Cristo, cujo Espírito estivera e falara através de todos os Profetas do passado. E se fora o Espírito de Cristo que inspirara os Profetas, seria Ele que poderia revelar as profecias. Corroborativamente, leia-se o que Pedro afirma em 1 Pedro no capítulo 1 versículos 10 a 13,

Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir . Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar. Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo. (1 Pd 1:10-13).

Jesus é Quem tem as chaves para abrir os pensamentos de Deus ocultos em mistério nas Escrituras proféticas, conforme afirma Lucas no capítulo 24 versículos 26 a 53.

Nesta passagem bíblica encontramos o registo da viagem de dois discípulos de Jesus a caminho de Emaús e que, desanimados com o que tinha acontecido em Jerusalém ao seu Mestre, voltavam à sua aldeia, em vez de aguardarem pela promessa do Pai, como lhes tinha ordenado (Lc 24:49; At 1:8). Conversando com tristeza sobre o que abalara Jerusalém, comentavam os trágicos acontecimentos dos últimos dias relativos a Jesus. Entretanto, Jesus começou a acompanhá-los e

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participou da conversa, sem eles O reconheceram de imediato. E a sua história mudou:

Porventura, não convinha que o Cristo padecesse essas [coisas] e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. E chegaram à aldeia para onde iam e ele fez como quem ia para mais longe. E eles o constrangeram, dizendo. Fica connosco, porque já é tarde e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles.

E aconteceu que, estando com eles [à mesa]. tomando o pão, o abençoou e partiu-o e lho deu. Abriram-se-lhes, então, os olhos, e o conheceram e ele desapareceu-lhes. E disseram um para o outro. Porventura, não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava e quando nos abria as Escrituras? E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém e acharam congregados os onze e os que estavam com eles, os quais diziam. Ressuscitou, verdadeiramente, o Senhor e [já] apareceu a Simão.

E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho e como deles foi conhecido no partir do pão. E, falando ele essas [coisas], o mesmo Jesus se apresentou no meio deles e disse-lhes. Paz [seja] convosco. E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito.

E ele lhes disse. Porque estais perturbados e porque sobem [tais] pensamentos ao vosso coração? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, não o crendo eles ainda por causa da alegria e [estando] maravilhados, disse-lhes. Tendes aqui alguma coisa que comer? Então, eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado e um favo de mel, o que ele tomou e comeu diante deles. E disse-lhes: [São] estas as palavras que vos disse estando ainda convosco. convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés e [nos] Profetas e [nos] Salmos. Então, abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras.

E disse-lhes. Assim está escrito e assim convinha que o Cristo padecesse e ao terceiro dia ressuscitasse dos mortos; e, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados em todas as nações, começando por Jerusalém. E dessas [coisas] sois vós testemunhas. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai;

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ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder. E levou-os fora, até Betânia; e, levantando as mãos, os abençoou. E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu. E, adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para Jerusalém. E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a Deus. Ámen! (Lc 24:26-53).

Este texto bíblico afirma, que Jesus lhes abriu três áreas específicas: “Abriu-lhes as Escrituras”; “abriu-lhes os olhos”; “e abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras.” Começando por Moisés e passando pelos Salmos e pelos Profetas, explicou-lhes o seu cumprimento profético em Si mesmo. No Seu discurso Jesus demonstrou-lhes que no “Livro” estava escrito acerca de Si, (Hb 10:5-9; Sl 40:6-8). Expôs-lhes, interpretou-lhes e explicou-lhes as Escrituras, revelando que tinha encarnado para cumprir integralmente a vontade de Seu Pai, planeada desde a fundação do mundo.

E à medida que Jesus prosseguia, explicando as Escrituras, os dois discípulos sentiam “o coração a arder.” Porque andavam perto e de escutarem Jesus, o seu coração ardia sem saberem porquê. Mas depois de O receberem em sua casa, quando Jesus levantou as mãos ao céu, para abençoar o pão, eles O reconheceram. Ou seja, o processo da sua restauração espiritual foi progressivo, à medida que Jesus lhes abria as Escrituras. Foi como se estivesse a desbloqueá-las ou a usar algum tipo de chave, para poderem chegar até ao seu entendimento.

A primeira coisa que lhes aconteceu foi que Jesus lhes apareceu, os acompanhou e lhes abriu as Escrituras; ainda que estivessem a seguir na direcção oposta àquela que lhes tinha ordenado antes da Sua morte: ficarem em Jerusalém até serem revestidos de poder do alto. E à abertura das Escrituras, os seus corações foram avivados e ardiam com a compreensão e a inspiração recebida.

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Porventura, não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava e quando nos abria as Escrituras? (Lc 24.32).

As Escrituras se abriram nos seus ouvidos (v. 32). O que revela que houve um desbloqueio nos seus ouvidos para ficarem atentos às verdades, que até ali estiveram encerradas nas Escrituras. A sua mente carnal ou natural não podia por si mesma compreender as verdades proféticas, porque são verdades profundamente espirituais e de natureza divina e eterna. E por isso, a Bíblia informa-nos que devemos converter os corações e os ouvidos, para escutarmos devidamente, o que o Senhor está de facto a querer dizer. Ou seja, precisamos de escutar devidamente as Palavras de Deus.

A segunda coisa que lhes aconteceu foi que os seus olhos espirituais se abriram (v. 31). Isto revela que foram libertos de certa cegueira espiritual, talvez causada pela religião. Era tal a sua cegueira que não reconheceram Jesus, apesar de ir ali mesmo ao pé deles e a conversar com eles. Revela assim que foram libertos do efeito das trevas e da ignorância espirituais, em que tinham estado até então.

A revelação espiritual é aquilo de que o crente mais necessita para crescer. Isto faz lembrar o que aconteceu a Paulo a caminho de Damasco. Primeiro a LUZ ofuscou-o, mas depois as escamas saíram-lhe dos olhos pelo poder profético do Espírito Santo, manifestado através de Ananias. Como resultado, Paulo fez as duas perguntas fundamentais ao crente que deseja ser bem sucedido ministerialmente. Com a primeira pergunta – “Quem és Senhor?” – o crente determina no seu coração conhecer Quem verdadeiramente é o Senhor, o que sem sombra de dúvida o levará à submissão absoluta e à adoração em espírito e em verdade e a seguí-Lo de todo o seu coração e a todo o custo. E com a segunda pergunta – “Que queres que faça?” – o crente determina serví-Lo abnegadamente até às últimas consequências.

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Mas como Paulo explicou mais tarde, existia um véu colocado sobre a visão espiritual de muitos judeus, que os impedia de “ver” a verdade profética nas Escrituras do Velho Testamento em 2 Coríntios no capítulo 3 versículos 13 a 18:

Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fixar os olhos no rosto de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual se estava desvanecendo, como não será de maior glória o ministério do espírito?

Porque, se o ministério da condenação tinha glória, muito mais excede em glória o ministério da justiça. Pois na verdade, o que foi feito glorioso, não o é em comparação com a glória inexcedível. Porque, se aquilo que se desvanecia era glorioso, muito mais glorioso é o que permanece.

Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar. E não somos como Moisés, que trazia um véu sobre o rosto, para que os filhos de Israel não se desvanecessem; mas o entendimento lhes ficou endurecido. Pois até ao dia de hoje, à leitura do velho pacto, permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele abolido; sim, até o dia de hoje, sempre que Moisés é lido, um véu está posto sobre o coração deles. Contudo, convertendo-se um deles ao Senhor, é-lhe tirado o véu.

Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, reflectindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor. (2 Co 3:13-18).

Moisés punha um véu sobre o seu rosto para o povo não ver a glória de Deus, que se reflectia nele (v. 13; Êx 34:33-35; Rm 10:4). Isto porque os sentidos dos judeus estavam embotados (v. 14; Is 6:10; Mt 13:11, 14; Jo 12:40). Mas quando alguém se converte a Deus, o véu é-lhe retirado (v. 16; Rm 11:23, 26). Isso acontece devido à presença do Espírito do Senhor no seu coração e porque onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade, (v. 17; 1 Co 15:45). Quando temos o

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rosto descoberto, podemos reflectir a glória do Senhor, e assim somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como que pelo Espírito do Senhor (v. 18). A imagem não muda, continuando a mesma, mas a dimensão da glória vai sendo diferente, à medida que o crente avança para estágios mais profundos, onde recebe cada vez mais da glória de Deus.

Mas todo este conhecimento e experiência com a glória de Deus têm os seus limites definidos. Não se trata de conceitos filosóficos, que podem ser alterados com o surgimento doutros pensamentos. E por isso é importante lembrar as palavras do Apóstolo Paulo,

...para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito. (2 Co 3:6).

Obviamente que esta dimensão profética aviva o crente, porque dá visão do futuro e da perfeita vontade de Deus. De facto, Salomão afirma que a profecia preserva da corrupção o povo de Deus que guarda a lei do Senhor:

Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse [é] bem-aventurado. (Pv 29:18).

E a terceira coisa que lhes aconteceu, foi que o seu entendimento se abriu para compreenderem as Escrituras (v. 44-48). Ou seja, a abertura do seu entendimento para compreenderem as Escrituras foi um processo de iluminação espiritual, que lhes veio ao coração devido às duas aberturas prévias.

Em 1 Samuel no capítulo 14 versículos 23 a 30 encontramos um episódio da história de Jónatas, que nos serve de ilustração espiritual. Saul estava em guerra contra os filisteus e o seu filho Jónatas apoiava-o com o arraial em Bete-Àven. Mas o povo estava exausto devido à conjuração do rei de que não comessem até acabar a batalha. Como não tivesse ouvido a conjuração do pai e havendo ali no campo muito mel

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silvestre, Jónatas usou a vara, que estava na sua mão, mergulhou-a no mel e comeu. E os seus olhos se aclararam.

Esta história de Jónatas lembra-nos que a dimensão das promessas de Deus é a terra que mana leite e mel. O leite racional não falsificado é para os crentes, que ainda são meninos no entendimento porque ainda não podem comer comida espiritual sólida. Mas o mel fala de alimento para os soldados de Deus, que são os crentes maduros, porque lhes aclara a visão, que lhes chega da vara, que é a Palavra de Deus: o cânon das Sagradas Escrituras. Quando a Bíblia nos chega à boca, espiritualmente falando, o seu mel delicia-nos e alimenta-nos, abrindo-nos os olhos e aclarando-nos a visão das coisas de Deus.

Outro exemplo é o modo como Paulo explica as Escrituras em Gálatas no capítulo 3 versículos 1 a 14 (Leia-se também At 17:1-3; Lc 24:26, 46). Paulo explicava aos Gálatas o que eram as obras da Lei (v. 2; At 2:38; Ef 1:3; Hb 6:4). Disse-lhes que tinham começado no Espírito, (v. 3; Hb 7:16); o que não era vão (v. 4; Hb 10:35-36; 2 Jo 8); que é Deus Quem nos dá o Espírito (v. 5; 2 Co 3:8); e que, tal como Abraão creu em Deus, (v. 6; Rm 4:3, 9, 21-22); também os da Fé devem crer n’Ele (v. 7; Jo 8:39; Rm 4:11-12, 16). Explicou também que os gentios são justificados pela fé (v. 8; Rm 9:17; At 3:25) e que há maldição em permanecer na Lei (v. 10; Dt 27:26; Jr 11:3). Mas que o justo viverá da fé e que, portanto, não deve recuar (v. 11-12; Hq 2:4; Rm 1:17; Hb 10:38; Rm 10:5; Lv 18:5; Ne 9:29), porque Cristo o resgatou da maldição da Lei (v. 13; Rm 8:3; 2 Co 5:21). E o resgate na cruz aconteceu para que a bênção de Abraão chegasse também aos gentios através de Jesus e para que recebessem igualmente a promessa do Espírito, (v. 14).

Apenas o Cordeiro de Deus, que foi morto e reviveu, é digno de abrir “O Livro”, (grego biblion). Portanto, só Ele é quem pode abrir as Escrituras, para que as compreendamos na 26

sua verdadeira dimensão (Ap 5:1-9). Ele pode abrir as Escrituras a indivíduos como, por exemplo, João na Ilha de Patmos, mas também as abre às Igrejas corporativamente, porque são as Suas comunidades espirituais locais.

De facto, João explica bem que é Jesus Quem tem as chaves para abrir O Livro (Ap 5:1-9; 20:12) e que o Seu testemunho é o espírito de profecia registado em Apocalipse no capítulo 19 versículo 10,

E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia. (Ap 19:10).

Deus não fará nada sem o revelar primeiro aos Seus servos, os profetas

Precisamos que Jesus nos abra: as Escrituras proféticas, os nossos olhos espiritualmente proféticos e o entendimento do nosso “homem interior” para que compreendamos o que é eternamente relevante para os nossos dias, de acordo com os Seus paradigmas. Ora, em Lucas no capítulo 24 versículos 44 a 47, Jesus classificou como sendo três as divisões do Antigo Testamento: a Lei de Moisés; os Profetas e os Salmos:

Depois lhe disse. São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos; e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém. (Lc 24:44-47).

No entanto, estas sagradas divisões das Escrituras seriam um livro selado até que o Senhor ressurrecto lhes abrisse o conteúdo de revelação profética.

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Como já notámos, no caminho de Emaús Jesus foi abrindo a revelação da verdade profetizada anteriormente, até então escondida em mistérios nas três dimensões das Escrituras do Antigo Testamento. Ele fê-lo, apesar de os Seus dois discípulos estarem a desviar-se do centro da vontade de Deus para as suas vidas, a qual era serem baptizados com o Espírito Santo, para depois serem Suas testemunhas, porque Lhe permitiram ir e falar com eles no caminho.

E a necessidade dos crentes hoje não é assim tão diferente, porque ainda precisamos que Jesus nos abra as Escrituras. Só assim encontraremos a revelação da Sua vontade para os nossos dias. Só assim descobriremos a sua verdade profética para a actualidade, ou seja, o modo como pretende mover-Se nos nossos dias nas nossas vidas e nas nossas igrejas. Isto é porque Deus diz que jamais fará algo sem que primeiro o compartilhe com os Seus servos, os Profetas e, por isso, é necessário pedir a Deus que nos ajude a honrar o ministério de ensino profético na Sua Igreja (Ef 3:1-16).

Certamente o Senhor JEOVÁ não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas. (Am 3:7).

Ora, o relacionamento pessoal com Jesus, o estudo profundo das Escrituras e a dependência do Espírito Santo são os recursos para conhecermos os segredos de Deus – as profecias – e, afinal, para desfrutarmos a própria vida e o mover de Deus. Devemos lembrar-nos que Ele enviou-nos o Espírito Santo para nos ensinar e nos fazer lembrar de todas as coisas que comunicou aos Seus discípulos.

Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito (Jo 14:26).

Isto significa que com a presença e a operação do Espírito Santo nas nossas vidas, viveremos a vida abundante da comunhão com Deus. 28

Ora, no entender de Herbert Spencer, referido (10) por Norman Grubb no seu livro Rees Howells Intercessor, vida é correspondência com o meio-ambiente. Ou seja, uma criança nasce com os cinco sentidos e os vários órgãos do seu corpo e cada um destes corresponde-se com algo no seu ambiente: o olho vê objectos, o ouvido ouve sons, os pulmões respiram o ar e assim por diante. A criança tem vida enquanto comunicar com o seu meio-ambiente. Mas se algo acontecer que lhe impeça a comunicação com o meio-ambiente, morre; porque a morte é a falha de correspondência com o meio-ambiente.

O Senhor disse a Adão que no dia em que desobedecesse, certamente morreria. Mas morreu mesmo? Na definição de Spencer, Adão morreu espiritualmente porque, embora continuasse a ter vida natural, perdeu a sua correspondência com Deus e só podia voltar a Ele através de sacrifícios, que eram o caminho aberto através de uma vítima morta em seu lugar.

Somos, portanto, desafiados a corresponder livremente com Deus, participando da Sua vida eterna e abundante. Correspondamos pois activamente com Aquele que tem as chaves para nos abrir as Escrituras e as suas profecias e decerto o Espírito de Cristo também estará em nós como esteve nos Profetas de antigamente e nos revelará o pensamento de Deus sobre o Seu novo movimento na Sua Igreja e na sociedade.

A revelação das verdades ocultas em mistério nas Escrituras é a chave para o futuro avivamento da Igreja

Quando estudamos o processo histórico das definições do credo e das doutrinas cristãs, percebemos que os homens de Deus da Igreja primitiva se esforçaram por compreender o conteúdo das Escrituras. Mas por vezes não sabiam que com

10(?) Grubb, Norman, Rees Howells Intercessor, (Lutterworth Press, London. Printed in Great Britain by W. & J. Mackay & Co., Ltd.,

Chatham. 1956), p.21.

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essa atitude explicavam os mistérios de Deus. Ao escrever sobre os primeiros seis concílios da igreja primitiva, Timothy Ware afirma (11) no seu livro The Ortodox Church que, quando os Bispos delinearam as definições nos Concílios, não imaginavam muitas vezes que tinham explicado o mistério de Deus à igreja e ao mundo. O que lhes importava era apenas excluir os caminhos de pensar falsos – as heresias – acerca dos temas bíblicos em questão, porque eventualmente levavam à apostasia.

No entanto, querendo prevenir a humanidade de se desviar para o erro e para a heresia, edificavam uma muralha à volta dos mistérios proféticos de Deus, que eventualmente impediria a propagação plena da revelação das Escrituras. E isso abriu as portas da Igreja à infiltração de vários pensamentos filosóficos – como os neoplatónicos – bem como a eventuais tendências para aceitar comprometer-se com poderes político-económicos originalmente pagãos, o que veio a tornar-se a armadilha espiritual que extinguiria a manifestação do Espírito.

Mas os Pais da Igreja não pensaram nas eventuais consequências futuras dos seus esforços para responder aos desafios da sociedade pagã contemporânea. Para eles a pesquisa e a discussão era espiritual, como ilustra o processo histórico de explicar a doutrina da encarnação de Jesus. A este respeito, Ware diz que, de acordo com Santo Atanásio, Deus tornou-Se homem para que nós nos tornássemos “deus”. E, portanto, se isso de ser feito “deus” – theosis – era possível, então Cristo devia ser ambos: homem perfeito e Deus perfeito.

Para a Igreja primitiva conhecer as coisas de Deus era a sua maior força. A Igreja verdadeiramente espiritual tinha de conhecer com precisão os pormenores proféticos das Escrituras, porque só assim experimentaria a transformação 11(?) Ware, Timothy, The Orthodox Church, (Penguin Books Ltd., Harmondsworth, Midlesex, England. 1967), p.28.30

traduzida pela ideia de theosis. É que como a Igreja Primitiva também pensava, os crentes não deviam ser apenas espirituais (pneumaticos), mas deviam aprofundar a sua experiência com o Senhor, até se tornarem como que a encarnação das Escrituras Sagradas, experiência espiritual a que chamavam pneumatoforos e que lhes garantia a vitória, tendo Cristo no centro do coração e o Espírito Santo a manifestar-Se livremente nas suas vidas.

Os debates dos Concílios acabaram por normalizar o modo de pensar da Igreja, aperfeiçoando-o nos seus contornos teológicos e desenvolvendo os padrões de conhecimento da fé cristã. Mas por outro lado também lançaram as bases para o afastamento da simplicidade que deve haver em Cristo e que se demonstra na relação íntima dos crentes com as Sagradas Escrituras, com a singela e sincera devoção a Deus e a consequente santidade de vida e testemunho cristão. E o afastamento destes elementos essenciais da vida cristã praticamente manietou o mover e extinguiu as manifestações do Espírito Santo na Igreja, como demonstra a história da Igreja na Idade Média. Portanto, esses elementos essenciais da vida cristã devem assim tornar-se os limites dentro dos quais o pensamento teológico pode desenvolver-se e aprofundar-se, guardando-se simultaneamente da heresia e da apostasia.

Posto isto, devemos agora voltar-nos para o cerne da questão de saber como pode a Igreja voltar a receber avivamento espiritual. E como se pode deduzir da história de todos os avivamentos cristãos, um dos elementos fundamentais que os iniciou foi o estudo e a compreensão das verdades proféticas reveladas pelo entendimento das Escrituras. Deve assim a Igreja estudá-las, desenvolvendo o seu conhecimento das coisas de Deus, de modo a alterar os seus paradigmas, flexibilizando as maneiras tradicionais de pensar, para ajustá-los à aceitação de qualquer modo que o Espírito

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Santo queira usar, para Se manifestar no presente ou no futuro.

Apesar dos esforços da Reforma nota-se, no entanto, que ainda prevalece uma certa atitude dogmática face a algumas verdades teológicas e proféticas pelo modo como têm sido compreendidas em muitos séculos de história eclesiástica. Parece que persiste ainda o véu que encobre a compreensão espiritual das Escrituras proféticas e que provoca fraqueza espiritual e a eventual destruição do povo de Deus.

Mas se a Igreja quer experimentar a vitória sobre os principados e as potestades do ar, desempenhar o seu papel eterno e cumprir os planos de Deus para a sociedade dos seus dias, terá de estudar bem as Escrituras para adquirir o conhecimento dos segredos de Deus. Porque, como explicou o Profeta Oseias da parte de Deus:

O meu povo foi destruído, porque [lhe] faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos. (Os 4:6).

Uma excelente ilustração da importância deste ponto, bem como do processo espiritual que leva à vitória cristã – que tem a ver com a compreensão e a aplicação do modo divino de outorgar avivamento e vitória – encontra-se em Efésios no capítulo 3 versículos 1 a 12:

Primeiro, nesta passagem das Escrituras Paulo começa por afirmar, que tinha recebido a revelação do mistério de Cristo: “como pela revelação me foi manifestado o mistério” (v. 3). Decerto que para recebermos a revelação do pensamento de Deus, temos de consagrar as nossas vidas à santidade, à oração, à adoração, à comunhão profundamente íntima com o Senhor, ao estudo sistemático da Sua Palavra – que deve ser intensa e honestamente despreconceituado – e à obediência

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absoluta e voluntária ao que nela compreendemos que Deus determina.

Segundo, Paulo diz que podemos entender quanto ele compreendia esse mistério: “podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo” (v. 4). Ou seja, Paulo não esconde que o seu estudo profundo das Escrituras lhe tinha dado uma maneira de pensar e de compreender os mistérios nelas escondidos – que se revelavam no Senhor Jesus Cristo – e que estava além do habitualmente ensinado e pregado. Paulo afirmava-se assim como profeta e apóstolo do Novo Testamento, explicando que Cristo é a realização e o cumprimento central das verdades proféticas do Antigo Testamento, cujo sentido profético conseguira compreender e, portanto, explicar. No entanto, como veremos a seguir, ele não considerava que a sua interpretação fosse única e particular, mas que outros apóstolos e profetas pensavam como ele. Ou seja, a sua interpretação particular estava testada e aprovada pelas autoridades apostólicas e proféticas dos seus dias, através da provável comparação de notas, quer em reuniões particulares entre os pares quer em reuniões corporativas da Igreja.

Terceiro, Paulo ousa mesmo afirmar que as revelações que recebera não as tinham recebido os ministros de Deus, que viveram nas gerações passadas: “o qual em outras gerações não foi manifestado aos filhos dos homens, como se revelou agora no Espírito aos Seus santos apóstolos e profetas, (v. 5). Ou seja, ele recebeu revelações novas e frescas, que nunca se tinham ouvido antes, mas com base nas Escrituras.

No versículo 6, Paulo apresenta qual era a revelação, ou seja, quem eram os herdeiros da promessa de Cristo para, nos versículos a seguir, falar da graça de anunciar o evangelho e de demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou. A

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implicação é que Deus tem mistérios ocultos desde a eternidade, que se destinam a determinadas épocas e gerações e que aguardam pelo seu tempo apropriado (kairos), para se cumprirem. E depois Paulo prossegue na descrição daquilo que é o plano de acção de Deus para a Igreja e que esboçaremos a seguir.

Em primeiro lugar, os ministros de Deus devem sondar o coração de Deus pela unção do Espírito Santo e o estudo das Escrituras, aplicando devidamente as regras da hermenêutica, para descobrir a revelação dos segredos ocultos que Deus inspirou aos Seus santos profetas.

Em segundo lugar, aquilo que se descobre e que até então tenha estado escondido ou oculto em mistérios deve ser anunciado à Igreja, como Paulo ousadamente afirma no versículo 8:

A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios as riquezas inescrutáveis de Cristo. (Ef 3:8).

Em terceiro lugar, essas verdades reveladas e anunciadas à Igreja devem ser aplicadas por ela no presente, como indica a expressão: “para que agora” (v. 10). Ou seja, logo que se escutam, as revelações espirituais das Sagradas Escrituras devem ser aplicadas praticamente à vida cristã.

Em quarto lugar, Paulo informa-nos que, depois de incorporadas ao pensamento no coração dos crentes, essas revelações devem ser manifestadas na vida e no testemunho cristão individual e colectivo da Igreja. É como se os crentes devessem organizar manifestações públicas, usando as verdades reveladas como motivo ou “slogan”. E como Paulo afirma, há verdades espirituais que não são para serem manifestadas na individualidade cristã, mas pela acção colectiva da Igreja (v. 10): “seja manifestada, por meio da igreja.” 34

E em quinto lugar, as revelações têm de ser manifestas pela Igreja no tempo em que são recebidas, isto é, agora. Mas a quem? Paulo informa que é “aos principados e às potestades nas regiões celestes” (v. 10). Isto porque as manifestações não são de carácter terreno e temporal mas de natureza espiritual e eterna. E como Paulo também afirma, as manifestações devem ser efectuadas pela Igreja “segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor, no qual temos ousadia e acesso em confiança, pela nossa fé nele” (v. 11-12). E qualquer manifestação da revelação relativa aos desígnios de Deus, que deve ser manifestada pela Igreja – agora – aos principados e às potestades do ar, afirmará a hegemonia desta sobre aqueles, corroborando a sua autoridade e a sua legitimidade para expulsá-los, permitindo a Deus mover-Se na sociedade actual, exactamente como planeou para o presente.

Assim, a revelação é superior à verdade acerca de Deus, registada pela história. Como explica (12) Tenney, enquanto a verdade de Deus é saber o que Ele fez no passado, a revelação é entender o que Ele está a fazer no presente e pretende fazer a seguir. A verdade são os trilhos por onde Deus passou na história, deixando os rastos que nos podem ajudar a encontrá-Lo no Seu mover presente. E a esta actividade Tenney chama caçar Deus, em que os caçadores são verdadeiros detectives espirituais que não se satisfazem em estudar o que Deus já fez, mas querem saber o que Ele está a fazer na actualidade e pretende fazer depois.

Portanto, o estudante das Escrituras deve ter a determinação de David, quando disse: “A minha alma te segue de perto; a tua destra me sustenta,” (Sl 63:8); e também quando afirmou: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?” (Sl 42:2).

12(?) Pusey, Edward B., Translator, The Confessions of Saint Augustine, op. cit., p.8.

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Devemos compreender que as pessoas têm fome e sede do Deus vivo e verdadeiro e que, por isso, colocam cristais ou metais no corpo, gastam dinheiro com gurus, procuram respostas na feitiçaria e sacrificam o melhor a qualquer deus ou demónio. Precisam de escutar palavras encorajadoras que lhes estimulem a fé e experimentar o poder sobrenatural que lhes alivie a carga da sua decadente e frágil condição humana. Mas que palavras serão essas senão a revelação das Sagradas Escrituras na sua plenitude e actualidade e que poder será esse senão o da verdadeira e plena manifestação do Espírito Santo? Provavelmente a razão pela qual as pessoas não procuram a Igreja é porque esta se transformou numa mera difusora de conhecimentos intelectuais bíblicos, sem ligar a condição humana das pessoas ao imenso e extraordinário poder de Deus. E por isso, a fome que corrói a alma das pessoas perdidas leva-as a todos os lados incertos menos à Igreja do Senhor, onde devia encontrar a solução para os seus problemas existenciais.

Como Tenney argumenta (13), não basta à Igreja conhecer e pregar a existência de Deus, levando os crentes a transformarem-se em eruditos bíblicos, mas sem experimentarem as manifestações do Espírito Santo por não conhecerem as revelações das Escrituras Sagradas, que lhes incendiariam o coração com avivamento e fé. E por isso a Palavra de Deus afirma:

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos. (Mt 5:6).

Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas e vós, que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. (Is 55:1).

Eis que vêm dias, diz o Senhor JEOVÁ, em que enviarei fome sobre a terra, não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR. (Am 8:11).

13(?) Pusey, Edward B., Translator, The Confessions of Saint Augustine, Ibid, pp.12-13.36

Jesus respondeu e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede. Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna. (Jo 4:13-14).

E, no último dia, o grande [dia] da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, que venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado. (Jo 7:37-39).

E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida. (Ap 22:17).

Há razões para estudarmos as Escrituras

Talvez uma das razões mais importantes por que devemos estudar as Escrituras prende-se com a necessidade que os seres humanos sentem de ter esperança no futuro. E desta forma estudá-las não é uma opção mas uma ordem divina:

Antes, [tem] o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. (Sl 1:2).

Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam. (Jo 5:39).

Medita nestas [coisas,] ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. (1 Tm 4:15).

A primeira razão para se estudarem as Escrituras é porque elas providenciam constância e consolo, até termos esperança, como Paulo afirma em Romanos no capítulo 15 versículo 4,

Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança. (Rm 15:4).

Outras passagens bíblicas que confirmam esta afirmação são as seguintes (Lc 24:26-27, 44-45; 2 Tm 3:16; Rm 15:4; Mt 5:17-18; 11:13; 1 Pd 1:10-12; 1 Co 10:6,11; Hb 10:7; Sl 40:6-8; 1 Co 15:46-47; Hb 8:5; 9:23-24).

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A segunda razão por que se devem estudar as Escrituras no seu todo é porque a igreja primitiva usava o Velho Testamento para firmar ou fundamentar a sua fé nas Escrituras, porque ainda não possuía as Escrituras do Novo Testamento em formato escrito.

Um primeiro exemplo das raízes proféticas primeiro escondidas e depois reveladas, a partir dos ocultos e misteriosos registos das Escrituras do Velho Testamento, é a passagem de Actos no capítulo 1 versículos 18 a 20, que faz referência ao livro dos Salmos,

...Porquanto no livro dos Salmos está escrito.... (At 1:18-20).

Um segundo caso ilustrativo das raízes proféticas encontra-se na explicação que Pedro deu sobre o fenómeno de todos os que estavam no cenáculo alto no dia de Pentecostes: glorificarem a Deus em línguas estranhas. É que ele afirmou ser o cumprimento da profecia de Joel, do derramamento do Espírito Santo, (At 2:1-4).

Outro caso é aquele em que Pedro e João se defenderam – quando interrogados sobre como curaram o homem coxo de nascença – afirmando que fora em nome de Jesus, de Quem todos os profetas – particularmente Abraão, Moisés, Samuel e David – tinham falado (At 3:1-25). Confira ainda as seguintes passagens bíblicas (At 8:30-35; 10:43; 13:15,38-40; 15;15-18; 17:2-3; 28:23-3).

A terceira razão para se estudarem as Escrituras do Velho Testamento é que os seus livros estão cheios de tipos e de figuras proféticas do que na realidade Cristo havia de fazer e de ser e, por consequência, intrinsecamente relacionadas com a Igreja.

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De acordo com o The New Oxford Illustrated Dictionary (14), editado por Coulson e outros, um tipo pode significar uma pessoa, uma coisa ou um evento, que funcione como ilustração, símbolo ou característica de outra coisa ou classe. É também um evento bíblico, considerado como simbólico ou como uma sombra de algo, que estava no futuro e que é o seu antítipo. Assim, um tipo é uma espécie de negativo fotográfico, que depois de revelado permite que se veja a imagem nele impressa. É como se fosse um protótipo ou uma forma do que encontramos uma ilustração em Hebreus no capítulo 10 versículo 1,

Porque a lei, tendo a sombra dos bens futuros, e não a imagem exacta das coisas, não pode nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem de ano em ano, aperfeiçoar os que se chegam a Deus. (Hb 10:1).

E em Hebreus no capítulo 9 versículos 1 a 12, encontramos mais um exemplo de um tipo com o registo e a explicação sobre o tabernáculo de Moisés e dos sacrifícios nele oferecidos diariamente a Deus e que era um tipo de Cristo.

Outros exemplos de várias figuras – ou tipos – nas Escrituras do Velho Testamento, que se referiam a porções das Escrituras do Novo Testamento, são os seguintes:

O primeiro é o que se encontra em Hebreus no capítulo 11 versículos 17 a 19,

Pela fé Abraão, sendo provado, ofereceu Isaque; sim, ia oferecendo o seu unigénito aquele que recebera as promessas e a quem se havia dito: em Isaque será chamada a tua descendência, julgando que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar; e daí também em figura o recobrou. (Hb 11:17-19).

Isaque tornou-se um tipo de Cristo, ao ser oferecido em sacrifício por seu pai Abraão. E também Abraão tornou-se um

14(?) Coulson, J., Ed., com C. T. Carr, Lucy Hutchinson and Dorothy Eagle, The New Oxford Illustrated Dictionary, (Edited by Bay

Books Pty Ltd. 157 Bayswater Road, Ruschutters Bay, Sydney, [Austrália]. 1st Edition. 1978), p.1810.

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tipo de Deus Pai nesse episódio da sua vida. Tal como Abraão creu que seu filho ressuscitaria de entre os mortos, se fosse sacrificado em obediência a Deus, também o Pai creu que Jesus seria sacrificado e ressuscitaria. Abraão foi um tipo de Deus Pai, ao oferecer o seu filho. Consequentemente, Jesus cumpriu esse tipo profético, tornando-Se-lhe o antítipo, (Hb 11:17; Gn 22:1-18; Jo 3:16).

Outro dos tipos de Cristo apresentado nas Escrituras do Velho Testamento relaciona-se com o Seu triplo ofício de Sumo-sacerdote, Profeta, e Rei.

O primeiro é o caso de Aarão, que foi um tipo de Cristo como Sumo-sacerdote (Êx 28:1-43; 29:1-49; Lv 8:1-36; 9:1-24; 16:1-34; Hb 5:1-5; 7:1-28; 8:1-13; 9:1-28; 10:1-39).

O segundo é o caso de David, a quem Deus tomou e ungiu como Rei sobre Israel, o que o levou a ser um tipo de Cristo, para demonstrar que, tal como David levantou o seu Tabernáculo no Monte Sião, também Cristo, que é o Rei dos reis, edificaria a Sua Igreja numa morada temporária no Monte Sião celestial até chegar o tempo da construção do Templo espiritual, eterno e definitivo, (2 Sm 6:1-17; At 7:45-47).

No que diz respeito à Igreja, encontramos no Antigo Testamento o caso do tipo do Tabernáculo de David, (At 15:13-21; 2 Sm 6:17; 1 Cr 15:1; 16:1; Is 16:5; Am 9:11-15; At 7:44-46; Êx 28:1-43; 29:1-49; Lv 8:1-36; 9:1-24; 16:1-34; Hb 5:1-5; 7:1-28; 8:1-13; 9:1-28; 10:1-39).

Devemos conhecer o Caminho com mais precisão

A história de Apolo é relevante como ilustração para o nosso argumento. Apolo nasceu e cresceu em Alexandria, importante cidade costeira do Egipto (At 18:24; 27:6; 28:11), e que desde os tempos do império helénico fervilhava com negócios e relações internacionais. Era também um centro de 40

pensamento e de educação relevante, devido aos muitos filósofos gregos e também aos muitos judeus devotos e intelectuais que ali viviam. Dessa fusão de pensamento seria natural o aparecimento do neoplatonismo.

Crê-se que Barnabé iniciou ali o trabalho de Deus, depois de se ter separado de Paulo, como é sustentado pela Igreja Copta. E foi também ali que o Velho Testamento foi traduzido, na versão conhecida por Septuaginta e um dos nomes muito respeitados do cristianismo, que ali ministrou foi Clemente de Alexandria.

Apolo era varão eloquente e poderoso nas Escrituras mas, apesar desse facto, não conhecia ou compreendia por completo o caminho de Deus. Precisava de ser devidamente informado para conhecer mais pontualmente o Caminho, que Priscila e Áquila se prontificaram a explicar-lhe,

E chegou a Éfeso [um] certo judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, varão eloquente e poderoso nas Escrituras. Este era instruído no caminho do Senhor; e, fervoroso de espírito, falava e ensinava diligentemente as [coisas] do Senhor, conhecendo somente o baptismo de João. Ele começou a falar ousadamente na sinagoga. Quando o ouviram Priscila e Áquila, levaram-no consigo e declararam-lhe mais pontualmente o caminho de Deus. Querendo ele passar à Acaia, animaram-no os irmãos e escreveram aos discípulos que o recebessem; o qual, tendo chegado, aproveitou muito aos que pela graça criam. (At 18:24-27).

Tal como este episódio da vida de Apolo, o mesmo tipo de ensino e cuidado profético deve ter ocorrido imensas vezes, implicando que havia líderes cristãos devidamente treinados intelectual, espiritual e profeticamente para ensinarem de forma correcta a verdade de Deus. Por isso, a igreja primitiva entrou numa tal dimensão de compreensão das Escrituras, que se tornou verdadeiramente profética e liderante, ao ponto de influenciar e de alterar todo o futuro da raça humana, começando pela sociedade do Império Romano até aos nossos

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dias. Mas o desvio e a apostasia das igrejas institucionais históricas levaram à perda do compromisso com a verdade de Deus, encoberta em mistério nas Escrituras. E por isso Deus instaurou a Reforma.

No entanto, existe hoje um debate em muitos círculos académicos, que questiona se esse processo reformador divino já terminou ou se ainda está em curso. A questão é saber se a Reforma é um evento histórico do passado ou um processo iniciado com os reformadores, mas que continua ainda hoje o seu esforço reformador. Desvios fundamentais da doutrina e da adoração a Deus ocorreram várias vezes através da história cristã. E até J. H. C. Newman, historiador que no final da sua vida se converteu ao catolicismo romano, afirmou (15) no seu livro An Essay on the Development of Christian Doctrine que existem alterações à doutrina e incongruências na adoração no seio do catolicismo romano, capazes de atrair a atenção de quem inquira sobre ele.

Hoje, aceita-se como definitivo que a Reforma não é só protestante, mas essencialmente um processo de retorno à verdade original de Deus, encerrada em mistérios ocultos nas Escrituras. Daí que é necessário Deus levantar novos reformadores, que continuem o processo de restauração da verdade para a devida restauração da Igreja. O processo da Reforma não foi um fim em si mesmo mas sim a expressão de humildade e de reverência profunda pelas Sagradas Escrituras, que leva à admissão do desvio e da posição de heresia instalada pelo dedo humano e à aceitação da necessidade de alterar os padrões de vida cristã, para comportamentos mais consentâneos com a infalível e imutável Palavra de Deus, que são as Sagradas Escrituras.

15(?) Newman, J. H. C., An Essay on the Development of Christian Doctrine, (Longmans, Green and Co. London, 6th Edition. 1888),

p.9.42

O processo de reforma cristã iniciado pelos reformadores do passado requer a firme decisão de pesquisar e de inquirir a verdade histórica. Se o verdadeiro cristianismo foi alterado e adulterado, temos de voltar às suas origens doutrinárias e à antiga experiência de vida cristã individual e comunitária. Com humildade, consagração e devoção, temos de beber de novo dessas fontes primitivas para compreendermos com precisão os planos e os pensamentos de Deus para o destino da humanidade e da criação através da Igreja. Só assim serviremos a Deus, no Seu processo histórico de redenção, reconciliação e de restauração de todas as coisas, até que Jesus venha:

...o qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio. (At 3:21).

Este processo requer verdadeiros historiadores, que sejam simultaneamente também bons teólogos, que continuem a redescobrir tudo o que é essencial à doutrina, à adoração e à prática da vida cristã. Isto significa voltar às fontes da inspiração sagrada e ao devido processo hermenêutico para a sua cabal e precisa interpretação, compreensão, difusão e aplicação à prática cristã. Precisamos, como Apolo, de conhecer mais pontualmente o Caminho.

Muitos cristãos aperceberam-se do facto de que o cristianismo histórico se tinha afastado da essência do Espírito, da natureza divina e da base fundamental das Escrituras Sagradas. Muitos ainda criam em Jesus, mas não de acordo com as Escrituras como Jesus afirmou:

E, no último dia, o grande [dia] da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, que venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado. (Jo 7:37-39).

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Por isso os corações desses cristãos, insatisfeitos pela ausência da Verdade, iniciaram o processo de regresso às origens espirituais e proféticas da antiguidade, que só terminará quanto tudo o que Deus pensou estiver restaurado na Igreja.

E assim se compreende que o processo histórico do movimento da Reforma Protestante tenha dado lugar aos movimentos reformistas e às denominações cristãs, que se seguiram. Também esses movimentos têm sido usados por Deus para escavarem e pesquisarem, até redescobrirem, outras verdades, esquecidas desde os tempos da igreja primitiva, enterradas, ignoradas, subalternizadas e espezinhadas por tradições e interesses humanos. Por certo que estes movimentos são também da iniciativa de Deus para restaurar todas as coisas, porque Ele é o autor do plano eterno da história e dos seus fluxos históricos nas sociedades humanas até culminar nos Seus desígnios finais, visto que tudo está sob o Seu controlo. Porque como Deus diz pelo profeta Isaías:

Ainda antes que [houvesse] dia, eu [sou;] e ninguém [há] que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá? (Is 43:13).

Esse processo de pesquisa das Sagradas Escrituras tem de ser conduzido com uma atitude de verdadeiro profeta de Deus, que trará os seus frutos, porque “Certamente o Senhor JEOVÁ 44

"Semeai para vós em justiça, ceifai

segundo a misericórdia;

lavrai o campo de lavoura; porque é tempo de buscar ao

SENHOR, até que venha e

chova a justiça sobre

vós."

(Oséias 10:12)

não fará coisa alguma sem ter revelado o seu segredo aos Seus servos, os profetas.” (Am 3:7). E as revelações descobertas por esses profetas transformá-los-á em novos reformadores da Igreja, que serão usados por Deus para promoverem novos avivamentos cristãos.

Porém, Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Tomara que todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito! (Nm 11:29).

O estudo das Escrituras provoca avivamento.

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Capítulo 2

A PROMESSA PROFÉTICA DE RESTAURAÇÃO DE TODAS AS COISAS

Deus prometeu que haverá tempos de restauração na história da Igreja, (At 3:19-21). No entanto, quando abordamos a questão do que é que deve ser restaurado, não podemos pensar que Deus se esteja a referir ao mundo. Porque o mundo – que é esse sistema perverso – não tem nada para ser restaurado, porque vive e jaz no maligno, cujo príncipe é o diabo. O sistema mundano deve ser substituído ou essencialmente alterado para ser conforme os princípios do Reino de Deus.

Portanto, temos de atribuir essa restauração à vida e à experiência da igreja e procurar as áreas que. de acordo com as promessas de Deus, devem ser nela restauradas. Consequentemente, a grande tarefa que se nos depara deve estar relacionada com os planos eternos de Deus e de qual deva ser o papel a desempenhar pela Igreja para a execução do Seu plano. E esse papel da Igreja decerto implicará a necessidade de se efectuarem mudanças fundamentais de valores e de paradigmas de referência, de forma a preparar-se para o seu destino glorioso. Aquilo que importa, portanto, é saber primeiro, o que é que se perdeu e que Deus está no processo de voltar a restabelecer e a restaurar à Sua Igreja, nos tempos que antecederão a Sua vinda.

A grande necessidade de avivamento prende-se com o facto de a glória da presença de Deus se ter afastado da terra e de as trevas se terem estabelecido sobre ela. Mas Deus prometeu que reverterá a situação.

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A glória perdeu-se

Quando estudamos como era a experiência da vida de Adão e Eva no Jardim do Éden e de que ali estava o Paraíso da presença de Deus, passamos a abordar a dimensão da própria glória de Deus, assunto que trato mais elaboradamente no meu livro Os Viajantes do Caminho do Oriente (16).

Adão não foi criado como o resto da criação: foi formado pelas próprias mãos de Deus e recebeu a vida do Seu sopro vivificador. Como a Bíblia afirma, “formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida” (Gn 2:7; 1:26-28; 1 Ts 5:23; 1 Co 11:7; 2 Co 3:18; Jo 4:23; 1 Jo 3:1). A imagem e a semelhança de Deus foram impressas no seu espírito e tinha por isso a possibilidade de ver Deus todas as tardes no Jardim (17). O ambiente no Jardim estava conectado com a dimensão incorruptível da glória da presença de Deus, que incluía pessoas, animais e todas as coisas criadas. No entanto, essa dimensão espiritual paradisíaca foi separada da terra, da criação e dos seus habitantes, para a encontrarmos algures aonde Jesus foi depois de morrer, com o ladrão que se arrependeu na cruz. E mais tarde foi provavelmente transportada para outra dimensão da realidade existencial espiritual e eterna, que Paulo descreveu com o seu arrebatamento até ao terceiro céu.

Adão e Eva e toda a criação terrena passaram a experimentar a morte, que resulta da separação de Deus e das Suas dimensões celestiais. Aos poucos, o caminho que se dirigia à árvore da vida, que estava no meio do Jardim, por onde foram expulsos dessa dimensão gloriosa, deixou de ser visível 16(?) Da Silva, Fernando Caldeira, Os Viajantes do Caminho do Oriente, (Primeira edição própria, P. O. Box 25673 Lakeside Mall,

Benoni North 1527, RSA. 2007).

17(?) Gill, A. L. & Joice Gill, Imagem da Nova Criação: Sabendo Quem És em Cristo, (Associação Vida Cristã Vitoriosa, Rua Heróis dos

Dembos, 181, 2685-459 Camarate, Lisboa, Portugal. 1998), p.[?].

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ao olhar humano e mesmo a espada flamejante e os querubins que o guardavam deixaram de ser vistos na terra. Assim, a dimensão paradisíaca da presença gloriosa de Deus afastou-se da terra, conforme nos informa a Bíblia, o que nos é confirmado por várias civilizações antigas, como os Sumérios, que acreditavam que antes da queda o universo era “an-ki”, um composto que significava “céu-terra” (18).

O céu deixou de tocar a terra e perdeu-se a dimensão da glória paradisíaca, que emana da presença viva de Deus. E toda a criação passou a “gemer com dores de parto”, esperando a redenção e a manifestação dos filhos de Deus.

Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não [são] para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só [ela] mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adopção, a saber, a redenção do nosso corpo. (Rm 8:18-23).

Algumas características da glória de Deus

Ao estudarmos as Escrituras, descobrimos um pouco do que são algumas características da dimensão gloriosa de Deus. Mas falar das características da glória de Deus é, portanto, abordar o estudo da visibilidade ou de outras possíveis manifestações e revelações do próprio Deus da Glória, de Quem emana toda a glória.

Ora, a Palavra de Deus declara-nos, que Deus é o Criador de tudo, o que é visível e invisível (Cl 1:16; 1 Co 8:5-6; Hb 1:1-3;

18(?) Kramer, Samuel Hoah, A História Começa na Suméria, (Publicações Europa América, 45, Rua das Flores, Lisboa-2, Portugal),

pp. 106-109, 111-113.48

11:3; Ap 4:11). E em Romanos no capítulo 1 versículos 19 a 25. lemos que o Criador se manifesta e se revela através da criação,

Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas. (Leia-se também Gn 1:1; 1 Co 8:5-6; Hb 1:1-3; 11:3; Ap 4:11).

O Deus da glória apareceu muitas vezes através da história. Manifestou-Se visível, mas marcadamente envolto por uma espécie de transparência, manifesta com a característica de ser semelhante ao fogo, com a cor de âmbar no seu interior. Ao Seu redor pôde ver-se um resplendor semelhante ao arco-íris, aspecto visível da semelhança da glória do SENHOR. Um exemplo das experiências registadas na Bíblia é o encontro que Moisés teve com Deus no deserto junto à sarça ardente:

E apareceu-lhe o Anjo do SENHOR numa chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou e eis que a sarça ardia no fogo e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça se não queima. E, vendo o SENHOR que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse. Moisés! Moisés! E ele disse. Eis-me aqui. E disse. Não te chegues para cá; tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa. Disse mais. Eu [sou] o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacob. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus. (Êx 3.2-6; At 7.2).

Outro registo digno de nota é o da experiência da visão do profeta Ezequiel.

E, por cima do firmamento, que estava por cima da sua cabeça, [havia] uma semelhança de trono como de uma safira; e, sobre a semelhança do trono, havia como que a semelhança de um homem, no alto, sobre ele. E vi como a cor de âmbar, como o aspecto do fogo pelo interior dele, desde a semelhança dos seus lombos e daí para cima; e desde a semelhança dos seus lombos e daí para baixo,

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vi como a semelhança de fogo e um resplendor ao redor dele. Como o aspecto do que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em redor. Este era o aspecto da semelhança da glória do SENHOR; e, vendo isso, caí sobre o meu rosto e ouvi a voz de quem falava. (Ez 1:26-28).

E ainda um terceiro relato bíblico importante da revelação visível da aparência de Deus encontra-se no livro do Apocalipse:

E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; e, no meio dos sete castiçais, [um] semelhante ao Filho do Homem, vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos [eram] brancos como lã branca, como a neve e os olhos, como chama de fogo; e os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivesse sido refinado numa fornalha; e a sua voz, como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto [era] como [o] sol, [quando] na sua força resplandece. E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me. Não temas; eu sou o Primeiro e o Último e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Ámen! E tenho as chaves da morte e do inferno. (Ap 1.12-18).

Na Bíblia, Deus é chamado fogo consumidor: “Porque o SENHOR, teu Deus, [é] um fogo que consome, um Deus zeloso.” (Dt 4:24). (Dt 9:3; Hb 12:28-29). E a justiça é um dos Seus atributos absolutos que requer a retribuição pelos crimes espirituais cometidos pelo ser humano, que se traduzem por pecado, ou seja, errar os alvos propostos por Deus para eles. O Seu fogo consome a “palha” e o “joio” na vida dos pecadores que O rejeitam como demanda a Sua justiça. O fogo de Deus também consome a carnalidade na vida dos crentes que assumem uma atitude leviana relativamente à seriedade espiritual das coisas de Deus. Neste caso, o objectivo é refinar os crentes para serem como “ouro”, que a Bíblia retrata como sendo a natureza divina valiosa, pura e duradoura. Mas de acordo com a experiência neo-testamentária, desde o Dia de 50

Pentecostes o fogo de Deus serve essencialmente para incendiar os crentes com zelo e fervor do Espírito Santo e para enchê-los do poder celestial que lhes outorgará ousadia para confrontarem vitoriosamente o mundo perverso, o maligno, as potestades do ar e as hostes espirituais da maldade nas regiões celestiais. Dele emana toda a glória, tornando-se por vezes visível aos olhos mortais, o que sempre causou espanto.

Quase sempre a manifestação da glória da Deus se pareceu com o fogo. No entanto, o que é intrigante é saber que tipo de fogo é esse que nem sempre consome coisas físicas. Esse fogo especial começou por aparecer na espada flamejante, que guardava a entrada para o Jardim do Éden. Manifestou-se também a Moisés na sarça-ardente. Mais tarde “o SENHOR ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, para que caminhassem de dia e de noite.” (Êx 13:21). Depois, “todo o monte Sinai fumegava, porque o SENHOR descera sobre ele em fogo; e a sua fumaça subia como fumaça de um forno e todo o monte tremia grandemente.” (Êx 19:18). E Moisés declarou que “o aspecto da glória do SENHOR [era] como um fogo consumidor no cume do monte aos olhos dos filhos de Israel.” (Êx 24:17).

Algumas passagens bíblicas que nos servem de exemplo quanto ao que o fogo da glória de Deus pode causar quando Ele Se ira por causa do pecado são as seguintes:

Porque o fogo saiu de diante do SENHOR e consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar; o que vendo todo o povo, jubilou e caiu sobre as suas faces. (Lv 9:24).

E os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário e puseram neles fogo e puseram incenso sobre ele, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR. (Lv 10:1-2).

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E aconteceu que, queixando-se o povo, era mal aos ouvidos do SENHOR; porque o SENHOR ouviu-o, e a sua ira se acendeu e o fogo do SENHOR ardeu entre eles e consumiu [os que estavam] na última parte do arraial. (Nm 11:1).

Então, saiu fogo do SENHOR e consumiu os duzentos e cinquenta homens que ofereciam o incenso. (Nm 16:35).

Outras passagens importantes da manifestação de Deus através de fogo são a experiência de Elias no Monte Carmelo, e a do sacrifício de David:

Então, caiu fogo do SENHOR e consumiu o holocausto e a lenha e as pedras e o pó e [ainda] lambeu a água que [estava] no rego. (1 Rs 18:38).

Então, David edificou ali um altar ao SENHOR e ofereceu nele holocaustos e sacrifícios pacíficos e invocou o SENHOR, o qual lhe respondeu com fogo do céu sobre o altar do holocausto. (1 Cr 21:26).

No entanto, aquela que mais importa hoje à Igreja deve ser a da experiência do Dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre os discípulos de Jesus e foram vistas por todos “línguas como que de fogo” sobre as suas cabeças:

E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. (At 2.3).

A promessa de avivamento: a “chuva temporã” e a “chuva serôdia”

Decerto que os Profetas que profetizaram acerca da efusão do Espírito Santo no futuro sentiam ainda no íntimo as reminiscências dos avivamentos passados. Sem dúvida que ainda ecoava nos seus espíritos o impacte dos ministérios de Samuel, de David, de Elias e de Eliseu. Mas na generalidade os avivamentos registados como tal no Velho Testamento incluem os seguintes: o primeiro na casa de Jacob, (Gn 35:1-15), o segundo com o Rei Asa, (2 Cr 15:1-15), o terceiro com o Rei Jeosafá, (2 Rs 11:1-21; 12:1-21; 2 Cr 23:1-21; 24:1-27), o quarto 52

com o Rei Ezequias, (2 Rs 18:4-7; 2 Cr 29:31), o quinto com o Rei Josias, (2 Rs 22:1-20; 23:1-37; 2 Cr 34:1-33; 35:1-27), e, depois do exílio, houve mais dois avivamentos, um durante o ministério de Zorobabel, (Ed 5:1-17; 6:1-22) e o outro durante o ministério de Neemias (Ne 9:1-38; 12:44-47) (19).

Quando criticamente analisamos cada um desses avivamentos espirituais, descobrimos neles várias características comuns. Primeiro, ocorreram sempre em momentos de trevas morais e de depressão nacional. Segundo, começaram sempre no coração de um servo de Deus consagrado, que se tornou a fonte da força e da energia por trás do avivamento. Deus usou esse vaso para espevitar e guiar a nação de volta à fé e à obediência a Si e à Sua Palavra. Terceiro, todos esses avivamentos basearam-se na Palavra de Deus e quase todos foram o resultado da pregação e da proclamação da Lei de Deus e da profecia. Quarto, todos tiveram o resultado de levar o povo de Deus, de volta à verdadeira adoração ao Senhor. Quinto, todos testemunharam a destruição dos lugares altos, dos ídolos, dos falsos deuses e das falsas religiões. Sexto, em cada um desses avivamentos existiu a separação dos pecados, completa limpeza, santidade, e pureza. Sétimo, em todos os avivamentos o povo exultou no sacrifício de sangue. Oitavo, todos os avivamentos mostram a restauração de um grande gozo e felicidade. E nono, todos os avivamentos foram seguidos dum período de grande prosperidade em toda a nação.

Mas esses avivamentos foram experimentados apenas pela nação de Israel e Deus prometeu através de Profetas como Isaías, Oseias, Joel e Habacuque derramar do Seu Espírito sobre toda a carne. Esse processo incluiria duas fases distintas, conhecidas pelos derramamentos da “chuva temporã” e da

19(?) Smith, Wilbur, Reviving Revival, citado por: David, Jonathan, Catch The Waves of Revival: A Very Comprehensive Manual,

(Jonathan David Ministries, 20, Taman Mas Ria, Jalan Junid, 84000 Muar, Johor, Malaysia. 1995), pp.4-5.

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“chuva serôdia” e que por fim a terra se encheria da glória de Deus, como as águas cobrem o mar. Esta promessa encontra-se em Isaías no capítulo 11 versículo 9 e em Habacuque no capítulo 2 versículo 14, que transcrevemos de seguida:

Não se fará mal nem dano algum em todo o monte da minha santidade, porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar. (Is 11:9).

Porque a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar. (Hq 2:14).

Quanto ao cumprimento da profecia da “chuva temporã”, é comum interpretá-la como sendo o seu início o derramamento do Espírito Santo no Dia de Pentecostes, admitindo o Dr. Pablo A. Deiros (20) no seu livro La Acción del Espíritu Santo en la Historia: Las lluvias tempranas (años 100-550), que continuou até cerca de 550 AD.

A “chuva temporã” desceu sobre a Igreja naquela experiência extraordinária do Dia de Pentecostes e dos primeiros cinco séculos da era cristã. E a história da Igreja relata-nos experiências maravilhosas do mover do Espírito na igreja primitiva. Mas a frieza espiritual quase extinguiu o Espírito da vida da Igreja, até que a fome e a sede de Deus aumentaram e a Reforma abriria os corações para as manifestações frescas do Espírito. E o derramamento da “chuva serôdia” aconteceria a partir do início do século XX, de acordo com os pensadores pentecostais, neopentecostais, carismáticos e apostólico-proféticos da actualidade.

No entanto, a inclinação intelectual e académica nesses círculos cristãos é o de julgar que a promessa da “chuva serôdia” ainda não se cumpriu integralmente, estando a aumentar de intensidade década após década. E aconselham-

20(?) Deiros, Dr. Pablo A., La Acción del Espíritu Santo en la Historia: Las lluvias tempranas (años 100-550), (Editorial Caribe, una

division de Thomas Nelson Publishers, www.editorialcaribe.com, 1998), p.[1].54

nos, portanto, a aguardar com paciência e expectativa de fé maiores dimensões desse avivamento espiritual.

Esse aspecto da promessa profética da efusão do Espírito Santo incluía, portanto, a “chuva serôdia”, conforme é referido em Oseias e em Tiago:

Conheçamos [e] prossigamos em conhecer o SENHOR. como a alva, será a sua saída; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra. (Os 6:3).

Sede, pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. (Tg 5:7).

Deus prometera que enviaria um avivamento espiritual eficaz e poderoso e que desta forma alteraria o curso da história humana, como tinha prometido através de Salomão (Pv 1:23), de Isaías (Is 44:3), de Joel (Jl 2:28-29), de Zacarias (Zc 12:10) e também confirmado por Jesus em Lucas no capítulo 24 versículo 49 e Actos no capítulo 1 versículo 8.

A promessa foi feita de tal forma abrangente, avassaladora e maravilhosa, que é descrita como se fosse o derramamento de águas, que cobrem o mar.

Não se fará mal nem dano algum em todo o monte da minha santidade, porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar. (Is 11:9).

Porque a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar. (Hq 2:14).

Esta promessa de avivamento do fogo de Deus, que baptiza a Igreja no Espírito Santo é o reacender dos corações dormentes e desanimados, com a frescura do poder e da novidade da glória de Deus (Gn 45:27; Jz 15:19; 1 Rs 17:22; 2 Rs 13:22).

O que é o avivamento

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No Velho Testamento encontramos a palavra avivamento, repetidamente usada. O Profeta Habacuque clamou por avivamento nos seus dias, como regista no capítulo 3 versículos 1 a 10. Para ele era necessário que Deus tocasse e transformasse a sociedade do seu tempo com um derramamento do Seu Espírito sobre ela. Habacuque queria que a história do avivamento preenchesse as manchetes de amanhã, falando do extraordinário Deus, a tocar e a usar vidas comuns.

A palavra hebraica que utilizou foi ‘’chayah’’, a mesma usada outras vezes para reavivar, no sentido de ‘’viver’’, ‘’alimentar’’, ‘’preservar vivo’’, ’’restaurar’’, ’’saber a vida’’ ou ’’sarar’’. A palavra fora utilizada por exemplo quando Jacó “reviveu”, por descobrir que José estava vivo e bem de vida; fazendo perceber que a morte que se aproximava devido ao desânimo de Jacó, foi repentinamente transformada em esperança (Gn 45:25-28). Neste exemplo o que provocou o avivamento foi a informação dada a Jacó de que José estava vivo, confirmado pelo facto de ver os carros e os homens, enviados para levá-lo. Isso avivou-o, o seu espírito foi reavivado.

Este exemplo mostra-nos que o avivamento nasce da convicção, mesmo que pequena, de que um dia veremos a glória de Deus e o Seu poder. O avivamento brota da esperança que Deus faz nascer no coração do crente, a esperança de que as Suas promessas não nos desapontarão. Outro exemplo de avivamento na Bíblia é a história de como Deus reavivou Sansão, providenciando-lhe sobrenaturalmente uma fonte (Jz 15:14-20). Os Filisteus vieram contra ele, gritando. Mas o Espírito do Senhor veio sobre ele com poder e defendeu-se com a queixada de um jumento. Quando acabou de lutar, atirou fora a queixada e chamou àquele lugar “a montanha da queixada’’. No entanto, depois da batalha Sansão ficou com 56

tanta de sede que pensava que ia morrer. Então, Deus fendeu a caverna e saiu dela água e ele bebeu. E o seu espírito tornou, pelo que chamou o seu nome: a Fonte do Que Clama. E Sansão julgou Israel durante 20 anos.

O avivamento começa com muita sede do sobrenatural, a qual só pode ser satisfeita por uma fonte sobrenatural. Uma fonte que faz reviver ou voltar o nosso espírito. Avivamento é, portanto, a vida da frescura do céu como provisão sobrenatural de Deus. Outro exemplo é o caso de como Deus respondeu à oração do Profeta e ressuscitou o menino, registado em 1 Reis no capítulo 17 versículos 19 a 24. O menino estava morto e foi levado ao colo pelo Profeta de Deus, que orou fervorosamente ao Senhor para que lhe restituísse a vida. E o menino reviveu miraculosamente.

Este exemplo sublinha o princípio de que o avivamento começa, em resposta à oração. Porque tem muito a ver com a responsabilidade humana, que deve activar o mover sobrenatural de Deus através dela. E outro exemplo de como a palavra foi utilizada é aquele registado em 2 Reis no capítulo 13 versículos 20 e 21. Neste caso, um soldado morto foi atirado à pressa para o sepulcro do Profeta e, quando o seu corpo tocou nos seus ossos, voltou à vida.

Este episódio informa-nos que o avivamento começa baseado no princípio da continuação. Isto significa, que o avivamento começa quando os crentes estão submersos nos ensinos e nas revelações da “velha ordem espiritual” e se deixam baptizar por essa mensagem antiga. A implicação é que precisamos de tocar os “ossos proféticos ressequidos” dos nossos antepassados espirituais, se quisermos passar do “velho avivamento” para o “novo” mover de Deus actual. O avivamento começa quando Deus restaura o coração dos pais aos filhos e o dos filhos aos seus pais e ambos os grupos de

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crentes são destinados a tornarem-se receptores do novo avivamento (Ml 4:4-6).

Duas palavras gregas são também empregues para avivamento no original grego do Novo Testamento. Por um lado aparece a palavra “anézesen” (21), usada para o processo de restauração do filho pródigo (Lc 15:24-32), a ressurreição de Jesus (Rm 14:9), a ressurreição física dos crentes que morreram em Cristo e que acontecerá nos últimos dias (Ap 20:5) e também para os efeitos mortíferos do pecado (Rm 7:9), porque tanto o mal como o bem podem ser avivados. A palavra deriva de “anaseio”, que significa incitar ou acender (22). E por outro lado aparece a palavra “anazopurein” (23), que significa literalmente espevitar ou assoprar o fogo para o reacender ou avivar (2 Tm 1:6; Is 63:10-15; 64:1-3). É um derivado de “anastasis” que significa levantar dos mortos ou ressuscitar (24).

Quando aplicamos estas duas palavras à Igreja, significa que o avivamento transformará a Igreja dormente em Igreja militante.

Os dias anteriores ao avivamento do Dia de Pentecostes foram marcados por uma consagração da vida dos discípulos de Jesus à oração, à devoção e à santidade (At 1:14; 2:1-4). E eles pediam a Deus que lhes enviasse a chuva espiritual prometida (Zc 10:1). E Deus cumpriu, enviando a chuva temporã derramada no Dia de Pentecostes sobre todos os que ali estavam reunidos e este acontecimento extraordinário transformou para sempre o destino da humanidade.

21(?) Berry, George Ricker, Interlinear Greek-English New Testament: With a Greek-English Lexicon and New Testament Synonims,

(Baker Book House, Grand Rapids, Michigan, USA. Eighth printing. 1897), pp.206, 430, 663.

22(?) Gingrich, F. Wilbur et al., Léxico do Novo Testamento Grego-Português, (Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, Rua António

Carlos Tacconi, 75, 04810 São Paulo, SP, [Brazil]. 1ª Edição em português. 1984), p.21.

23(?) Berry, George Ricker, Interlinear Greek-English New Testament: With a Greek-English Lexicon and New Testament Synonims,

op. cit., p.[548].

24(?) Gingrich, F. Wilbur et al., Léxico do Novo Testamento Grego-Português, op. cit., p.22.58

Mas a profecia bíblica do derramamento da “chuva serôdia” está hoje a aconteceu em várias partes do mundo e a alastrar e a aumentar de intensidade (Os 6:3; Tg 5:7; At 2:16-21; 38-39). E Deus diz que essa água maravilhosa do Espírito é para os que tem sede e buscam a Sua presença.

Porque derramarei água sobre o sedento e rios, sobre a [terra] seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes. (Is 44:3).

E no último dia, o grande [dia] da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo. Se alguém tem sede, que venha a mim e beba. (Jo 7:37).

Só Jesus transformará a água da Palavra no vinho da unção (Jo 2:1-11), satisfará os cansados e os fugitivos da sociedade, como fez com a mulher samaritana junto ao poço de Jacob (Jo 4:14) e fará jorrar do interior dos que crêem n’Ele, os rios de água viva do Espírito Santo. Fá-lo-á não conforme as suas tradições ou opiniões, mas de acordo com o que as Escrituras dizem que Ele é (Jo 7:37-39). E por isso o Espírito Santo e a Igreja convidam:

O Espírito e a esposa dizem. Vem! E quem ouve diga. Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida. (Ap 22:17).

Características dos avivamentos actuais

Se estudarmos os avivamentos da actualidade, devemos esperar acontecer algo que tenha características semelhantes às dos avivamentos passados. Ou seja, as características desse último grande avivamento deverão incluir: Em primeiro lugar, que acontecerá no tempo ou estação apropriada de Deus “kairos ou kairoi” (25) (Lc 21:24; At 2:1); porque Deus move-Se no tempo e o tempo certo é a chave para a colheita do avivamento (Zc 10:1). Em segundo lugar, que acontecerá, quando a Igreja estiver espiritualmente preparada para recebê-25(?) Gingrich, F. Wilbur et al., Léxico do Novo Testamento Grego-Português, op. cit., p.106.

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lo (At 1:14; 2:1). E a implicação desta afirmação é que o avivamento é também essencialmente da responsabilidade do povo de Deus e que existe portanto uma responsabilidade individual e colectiva conducente ao avivamento.

Em terceiro lugar, que o avivamento deverá ser como um transbordar da medida do Espírito Santo, derramado nos discípulos de Jesus que, apesar de estarem à espera de receber algo especial, ainda assim foram apanhados de surpresa pelos fenómenos que aconteceram. É como se Deus quisesse que os seres humanos vulneráveis se apercebam da Sua natureza, do Seu poder, da Sua majestade e da Sua glória, (Is 42:9; 48:3).

Em quarto lugar, outra característica do avivamento dos últimos dias é que o Espírito Santo terá liberdade para guiar e dirigir o Seu povo, como queira. No Dia de Pentecostes o povo de Deus tornou-se tão sensível e disponível ao Espírito Santo que Lhe permitiu mover-Se em qualquer direcção e o Seu trabalho espontâneo espalhou-se muito rapidamente de coração para coração e de pessoa para pessoa. O que Deus queria fazer desde a eternidade ganhou momento espiritual naquele ajuntamento do Dia de Pentecostes, porque os corações estavam sensíveis e obedientes a Ele.

Em quinto lugar, ainda outra característica desse último avivamento terá necessariamente de ser a manifesta presença do Deus vivo, que convencerá os homens (At 2:37, 43). Ele tornar-Se-á espiritual e experiencialmente presente, mas também audível entre o Seu povo. Em sexto lugar, outra característica será a transformação do povo de Deus em vasos de bênção e de unção do Espírito Santo (At 2:4). Deus tomará vidas normais e operará através delas obras extraordinárias na sociedade humana.

Em sétimo lugar, outra característica do avivamento dos últimos dias será a manifestação dos dons espirituais através

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das vidas dos crentes cheios do Espírito Santo, em dimensões nunca antes vistas na história. Em oitavo lugar, será o impacto espiritual, que a experiência desse derramamento do Espírito trará à Igreja e à humanidade em geral, porque o verdadeiro avivamento resulta em impacte e influência espiritual, sentidos ou experimentados na sociedade.

Por fim, há ainda mais duas características desse avivamento maravilhoso, que começa a acontecer. Uma delas – a nona – será o surgimento de ministérios espirituais, que nascerão no avivamento. A sua tarefa será a de consolidar as experiências obtidas com o Espírito Santo, estabelecer correctamente as estruturas da Igreja e providenciar a sensibilidade e a sabedoria espirituais para que a Igreja funcione perfeitamente de acordo com os desígnios e a vontade de Deus. Isto implicará a restauração de verdadeiros ministérios apostólicos, proféticos e de ensino nos últimos dias.

E em décimo lugar, a outra característica terá a ver com as estratégias espirituais reveladas pelo Espírito Santo à Igreja por meio da sua liderança verdadeiramente espiritual. Essas estratégias envolverão armas espirituais específicas para atingir e penetrar dimensões difíceis na sociedade, porque só Ele conhece os pontos fracos da influência do inimigo nela operante. O avivamento levará os crentes à acção espiritual e evangelística, porque a única forma que têm de fechar as portas do inferno é serem capazes de abrir as portas e as janelas do céu.

De onde jorrarão as águas do avivamento da “chuva serôdia”

Como está profetizado em Isaías no capítulo 51 versículo 10, Jesus é Quem secou e fez um caminho no fundo do mar espiritual para que por ele passem os remidos do Senhor.

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Não és tu aquele que secou o mar, as águas do grande abismo? E que fez o caminho no fundo do mar, para que passassem os remidos? (Is 51:10).

Por isso, o escritor da carta aos Hebreus afirma que Jesus Cristo inaugurou um novo e vivo caminho, através do véu que é a Sua carne para que os remidos entrem com ousadia até ao trono da graça,

Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, [pela] sua carne e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa, retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu. (Hb 10:19-23).

O Senhor Jesus também nos informa que Ele é o caminho da vida eterna e a porta do caminho que leva ao Pai: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14:6). E quando nos fala mais especificamente por onde podemos iniciar esse percurso de viagem até ao trono do Pai, Jesus afirma:

Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará e sairá, e achará pastagens. (Jo 10:9).

Assim, qualquer que em fé entrar pela porta: primeiro, será salvo, perdoado, remido das garras do diabo e do poder do pecado; segundo, poderá entrar cada vez mais profundamente nas dimensões da adoração e intimidade com Deus, até chegar ao trono da graça; depois, sairá dessa dimensão celestial e encontrará deste lado de cá da realidade, aquilo que precisa de Deus. Não recebe na presença de Deus, recebe depois da experiência de ter estado em intimidade com Ele. E desta maneira as águas do avivamento eventualmente fluirão como um rio desde a presença de Deus pelo novo e vivo caminho que Jesus inaugurou e que os crentes utilizam, quando se chegam à presença do trono de Deus. 62

Depois disso, me fez voltar à entrada da casa, e eis que saíam umas águas de

debaixo do umbral da casa, para o oriente; porque a face da casa [olhava para] o

oriente, e as águas vinham de baixo, desde

a banda direita da casa, da banda do sul do altar. E

ele me tirou [pelo] caminho da porta do norte e me fez dar uma volta [pelo]

caminho de fora, até à porta exterior, pelo caminho que olha para o oriente; e eis que corriam umas águas

desde a banda direita. Saiu aquele homem para o

oriente, tendo na mão um cordel de medir; e

mediu mil côvados e me fez passar pelas águas, águas [que] me davam pelos

tornozelos. E mediu mais mil e me fez passar pelas

águas, águas que me davam pelos joelhos; e mediu [mais] mil e me

fez passar pelas águas, águas que me davam pelos

lombos. E mediu [mais] mil [e era um] ribeiro, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, ribeiro pelo qual não se podia passar. (Ez 47:1-5).

Deus é a fonte do avivamento que se

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Arrependei-vos, pois, e convertei-

vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os

tempos do refrigério pela presença do SENHOR,

E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi

pregado.O qual convém que o céu contenha até

aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela

boca de todos os seus santos

profetas, desde o princípio.

Actos 3:19-21

manifesta através da pedra espiritual que é o Senhor Jesus Cristo como diz em João no capítulo 7 versículos 37 a 39,

E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado. (Jo 7:37-39).

Portanto, devem os crentes chegar-se a Ele, buscando-O com determinação. No entanto, Jeremias afirma no capítulo 2 versículos 12 e 13, que mesmo sendo Deus o manancial de águas vivas, o Seu povo escolhe por vezes cavar para si cisternas rotas, onde tentam beber a água estagnada em vez de beberem da fonte da água viva. E afinal acabam por não beber nada, porque são cisternas rotas, que não retêm águas,

Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o SENHOR. Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas. (Jr 2:12-13).

Mas por outro lado o conselho de Deus continua a ser, que prestemos atenção ao que o Espírito Santo diz às Igrejas e que ultrapassemos todos os obstáculos que o inimigo nos coloca no caminho e bebamos do Seu Espírito:

Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus. (Ap 2:7).

O avivamento como derramamento da “chuva serôdia”

Como já mencionámos, a promessa que Deus fez de derramar sobre a terra o que chamou de “chuva serôdia” começou já a cumprir-se de acordo com muitos teólogos e historiadores actuais e relaciona-se com o derramamento do 64

Espírito Santo neste último século. De acordo com a promessa profética o Espírito Santo seria derramado como chuva, para dessedentar os que têm sede de Deus, como afirmaram David e Zacarias:

Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, porquanto me dizem constantemente: Onde [está] o teu Deus? Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão; fui com eles à Casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava. Por que estás abatida, ó minha alma e [porque] te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvação da sua presença. Ó meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida; portanto, lembro-me de ti desde a terra do Jordão e desde o Hermon e desde o pequeno monte. (Sl 42:1-6).

Pedi ao SENHOR chuva no tempo da chuva serôdia; o SENHOR, que faz os relâmpagos, lhes dará chuveiro de água e erva no campo a cada um. (Zc 10:1).

Por um lado, David revela o seu desejo da presença de Deus e afirma que há algumas coisas que os crentes devem fazer para experimentarem um avivamento. Primeiro, a sua alma tem de suspirar por Deus com sede e desejo da Sua presença. Segundo, o crente deve entrar e apresentar-se perante a face do Senhor com as lágrimas do coração contrito e arrependido dos erros passados. Terceiro, deve depois derreter-se e derramar-se, procurando compreender e determinar onde Ele Se manifesta e Se move na actualidade. Quarto, tem de frequentar a casa de Deus e interagir juntamente com os seus irmãos em multidão, festejando e louvando com voz de alegria. Quinto, não deve deixar abater a sua alma, incentivando-se a si mesmo com fé nas promessas do Senhor. E sexto, deve lembrar-se do Senhor referenciando a sua memória nas diversas manifestações de Deus do passado.

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E por outro lado, o contributo profético de Zacarias implica também duas coisas relevantes, que devem ser feitas pelos crentes. Primeiramente, os crentes devem ser capazes de determinar quando é o cumprimento da profecia ou “o tempo da chuva serôdia”. E Zacarias menciona os elementos proféticos que devem servir de indicador a este evento espiritual e que são os “relâmpagos” que vêm do Senhor, o “chuveiro de água” dada por Ele e a “erva no campo” dada a cada um. E por certo que o estudo das implicações destes pormenores viabilizará a outra coisa que deve ser feita pelos crentes e que é “pedir ao Senhor chuva” nesse “tempo de chuva” celestial.

Como afirmámos, os historiadores do cristianismo moderno acreditam que Deus começou a cumprir esta profecia há pouco mais de 100 anos. E que os diversos movimentos que fluíram do derramamento da “chuva serôdia”, estão aí, marcando as nossas vidas e a preparação da Igreja para os últimos eventos maravilhosos que a aguardam. Uma das manifestações do Espírito Santo neste presente movimento de Deus foi o baptismo no Espírito Santo, com a evidência de se falar outras línguas, tal como tinha sido profetizado por Isaías:

Pelo que, por lábios estranhos e por outra língua, falará a este povo, ao qual disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; mas não quiseram ouvir. (Is 28:11-12).

O baptismo no Espírito Santo com a evidência de falar outras línguas é para todos os que crêem. São diversas as profecias relativas a esta promessa, a que Jesus chama “Promessa do Pai”.

E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder. (Lc 24:49).

E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura. Quem crer e for baptizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu

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nome, expulsarão demónios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com [eles] o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amem! (Mc 16:15-20).

Ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, varões irmãos? E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar.” (At 2:37-39).

A “Promessa do Pai” é para os que tem sede de Deus, (Sl 42:1; Is 28:11-12; 55:1; Jo 7:37). Porque Ele prometeu o derramamento da Sua “chuva serôdia” aos que tem sede do Deus vivo e verdadeiro (Zc 10:1). Isto significa que o derramamento da chuva serôdia deve incluir o seguinte:

Em primeiro lugar, a “chuva serôdia” será um grande derramamento do Espírito Santo, que alterará as condições da terra e dos seus habitantes, afectando dramaticamente a Igreja de Jesus e o mundo. A “chuva serôdia” fará prosperar, e frutificar todos os crentes (Zc 10:1) e regará a terra seca por causa da falta de Deus (Os 6:3). A “chuva serôdia” será abundante (Joel 2:23) e manifestar-se-á como um grande derramamento do Espírito de Deus sobre os crentes na terra, os que tenham coração de carne (Jl 2:28-29). A “chuva serôdia” produzirá muito fruto precioso quanto cair na terra, (Tg 5:7-8) e será talvez mais abundante do que fora a chuva temporã (Jl 2:28-29; At 2:1-4).

Em segundo lugar, coloca-se a questão, de saber o que fará cair a “chuva serôdia” na terra. A resposta deve ser que precisamos de conhecer e prosseguir em conhecer o Senhor (Os 6:3), até Deus derramar o Seu Espírito como avivamento da

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“chuva serôdia” num grau ainda mais evidente. É necessário também alegrarmo-nos e regozijarmo-nos no Senhor nosso Deus como filhos de Sião (Jl 2:23), porque Ele jamais inviabilizará ou faltará ao cumprimento das Suas promessas (Jo 2:28-29; Lc 24:49). E é necessário, sermos pacientes, fortalecendo os nossos corações até à vinda do Senhor, tal como os lavradores à espera da colheita, (Tg 5:7-8).

E em terceiro lugar, devemos pedir ao Senhor que derrame a chuva do avivamento no tempo da “chuva serôdia”. De acordo com as Escrituras, é necessário pedir ao Senhor que envie a chuva no seu tempo próprio, como nos ordena em Zacarias no capítulo 10 versículo 1:

Pedi ao SENHOR chuva no tempo da chuva serôdia; o SENHOR, que faz os relâmpagos, lhes dará chuveiro de água e erva no campo a cada um. (Zc 10:1).

Coloca-se então a questão, de saber quando é que devemos esperar que o derramamento da “chuva serôdia” aconteça com maior impacte sobre a Igreja e a humanidade, porque será um derramamento do Espírito Santo sobre todos os crentes disponíveis e expectantes (Jl 2:28-29), como no Dia de Pentecostes (At 2:1-4). Portanto, são necessárias duas coisas: primeiro, que os filhos de Deus sejam profeticamente inclinados para identificarem com segurança quando é o tempo da “chuva serôdia”; e segundo, que se envolvam em oração, pedindo especificamente um derramamento extraordinário de chuva nesse tempo da “chuva serôdia”. Ou seja, devemos pedir que Ele avive ainda mais o que já está em avivamento ou que Ele aumente a intensidade do avivamento, que já alastra na igreja. Oremos, pois, para que o Senhor nos visite com essa grande chuvada do Seu Espírito em proporções ainda maiores do que jamais aconteceu na história dos avivamentos.

A sociedade está cada vez mais materialista e insensível ao mover de Deus e precisa do toque divino para reviver. E só o 68

avivamento sarará a sociedade doente e embriagada no pecado e também toda a terra e a criação, como nos afirma 2 Crónicas no capítulo 7 versículos 13 a 16:

Se eu fechar os céus e não houver chuva; ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra; ou se enviar a peste entre o meu povo; e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus e perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra. Agora estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração deste lugar. Porque agora escolhi e santifiquei esta casa, para que o meu nome esteja nela perpetuamente; e nela estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias. (2 Cr 7:13-16).

Ora, Deus prometeu avivar o Seu povo e trazer-lhe os dias do refrigério pela presença do Senhor. Ele quer visitar a Sua noiva e namorá-la antes do casamento. Enquanto os céus contiverem o Filho de Deus até à restauração de todas as coisas, o Senhor Jesus quer trazer refrigério à Sua Igreja, através da Sua doce e bendita presença. Mas o Seu povo terá de se arrepender dos seus pecados, transgressões, e iniquidades e converter-se genuinamente a Deus. E só então cumprirá a promessa, como nos afirma em Actos no capítulo 3 versículos 19 a 21,

Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados e venham assim os tempos do refrigério pela presença do SENHOR. E envie ele Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio. (At 3:19-21).

Como profetizou Salomão, em Cantares no capítulo 2 versículos 14 a 17 e no capítulo 3 versículos 1 a 6, a Igreja deve amar a pomba que é o Espírito Santo, que anda nas fendas das penhas e no oculto das ladeiras, sem mostrar a Sua face. Que o Espírito Santo faça ouvir a Sua voz doce e faça resplandecer a face de Deus sobre nós outra vez. Mas como é que pode a

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pomba descer à vinha do Senhor se andarem por ali as raposinhas demoníacas e carnais da iniquidade, da transgressão e do pecado? Elas fazem mal às vinhas espirituais, que devem ser as igrejas locais. Mas o dia da Sua presença refrescará e então as sombras da dúvida e do medo fugirão. Oxalá nestes dias de trevas espirituais no mundo a Igreja se dedique a buscar Aquele a quem ama a sua alma, até O achar. Que a Sua Igreja suba do deserto espiritual, avivada, manifestando a presença do fogo do Senhor pelas imensas colunas de fumaça, que saem da sua vida. E que adquira os ingredientes espirituais com determinação através da consagração, da oração e da devoção, com que deve perfumar-se para o seu Senhor Jesus Cristo e se apresente a Ele, perfumada de mirra, de incenso e de todos os pós dos mercadores.

Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce e a tua face graciosa. Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor. O meu amado é meu e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios. Até que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu; faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter. De noite, em minha cama, busquei aquele a quem ama a minha alma; busquei-o, e não o achei. Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças buscarei aquele a quem ama a minha alma; busquei-o e não o achei. Acharam-me os guardas, que rondavam pela cidade; eu lhes perguntei: Vistes aquele a quem ama a minha alma? Apartando-me eu um pouco deles, logo achei aquele a quem ama a minha alma; agarrei-me a ele, e não o larguei, até que o introduzi em casa de minha mãe, na câmara daquela que me gerou. Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, que não acordeis, nem desperteis o meu amor, até que queira. Quem é esta que sobe do deserto, como colunas de fumaça, perfumada de mirra, de incenso, e de todos os pós dos mercadores? (Ct 2.14-17).

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"Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós.

Alimpai as mãos,

pecadores; e, vós de duplo

ânimo, purificai os corações." (Tiago 4:8)

Capítulo 3

A NECESSIDADE DE LIDERANÇA UNGIDA COM A MENSAGEM DA “CHUVA SERÔDIA”

O avivamento espiritual e moral começa sempre no coração de alguém incomodado no íntimo com a condição degradada do povo de Deus e da sociedade. E por isso é necessário abordar o tema da restauração de liderança ungida com o Espírito e a mensagem apropriada ao avivamento da “chuva serôdia”.

A restauração de liderança ungida pelo Espírito Santo, para promover o avivamento da “chuva serôdia”

Nos tempos do Rei Saul, o Senhor podia contar com o Profeta Samuel para liderar profeticamente Israel, o que não acontecera na geração anterior dos dias do Sacerdote Eli, em que a Palavra do Senhor era rara naqueles dias. A oração profética da mãe de Samuel produziu resultados inimagináveis para si e para seu marido, porque o Senhor apossou-se do coração e da vida de Samuel, transformando-o num verdadeiro reformador da vida espiritual da nação. Nos seus dias, todos sabiam, que havia Deus em Israel e, no entanto, o povo queria um rei, que veio a ser Saul, uma figura espiritualmente menor.

Mas por influência de Samuel, a sua escola de profetas produzira uma nova vaga de líderes profeticamente acutilantes e ungidos pelo Espírito de Deus. E a acção espiritual era contagiante, a ponto de até o espiritualmente fraco Rei Saul ser transformado em outro homem num dado momento de contacto com esses profetas (1 Sm 10:5-13). No entanto, a unção que veio sobre ele foi meramente o resultado do contágio pelo contacto presencial e não porque tivesse 72

crescido lentamente no seu espírito, afectando assim a sua mente e os seus hábitos de vida. E assim, Saul deixou que a sua mente pervertida pela glória efémera da sua posição política lhe ofuscasse a visão espiritual dos destinos e dos planos eternos de Deus para a nação.

Mas com David foi diferente. A sua unção nasceu da sua íntima ligação a Deus e foi crescendo em graça de Deus e do povo, aperfeiçoando-se cada vez mais. A sua unção baseava-se na sua devoção a Deus e desenvolvia-se ano após ano através das actividades espirituais a que se devotava ao Senhor, orando, cantando, salmodiando e regozijando-se na Sua presença e no Seu Espírito (Sl 51:1-6). Por isso, quando Samuel o ungiu rei sobre Israel, a posição não o impressionou levianamente. Pelo contrário, passou a pesar-lhe no coração, com a responsabilidade espiritual de guiar o povo de Deus aos destinos eternos, ainda mais bem definidos do que conseguira Samuel. E inspirado na vida ministerial ungida e espiritualmente sábia de Samuel, deixou-se levar pelos ventos do Espírito a alturas mais elevadas de liderança espiritual. E revelou maturidade de liderança espiritual, comparada a Melquisedeque, sendo um tipo do ministério tríplice de Jesus Cristo: Profeta, Sacerdote e Rei.

Tanto Samuel como David faziam parte de um novo grupo de líderes inteligentes e práticos, espiritualmente dependentes do mover do Espírito Santo nos seus corações e absolutamente comprometidos apenas com os interesses de Deus e não os seus. E isto tornou-os utilizáveis nas mãos de Deus, para avivar o Seu povo e determinar definitivamente o futuro profético de todos os crentes no mundo, muitas gerações depois. A sua consagração aos desígnios proféticos escondidos nas Escrituras, que lhes revelava o Espírito, foi determinante para o avivamento que daí resultou e um modelo espiritual a seguir ainda nos nossos dias. E a sua vida devocional revelada pelo

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modo intenso como operava nas dimensões do Espírito produziu escritos ainda hoje influentes e inspirados, como o livro Salmos. Foram duas vidas com impacte duradouro e eternamente relevante e frutífero, que tem tocado profundamente indivíduos, comunidades e sociedades em geral, até aos nossos dias. Por isso, a história de Sião é tão extraordinária ainda hoje; tanto para Judeus historicamente devotos, como para cristãos profeticamente zelosos.

Os exemplos de Samuel, David e Elias

Samuel, David e Elias foram três profetas de Deus que marcaram as suas gerações e as futuras (1 Sm 10:6; Jo 16:13-15). Saul procurava os burros de seu pai (1 Sm 9) e o seu criado dirigiu-o até ao Profeta Samuel, para que recebesse uma resposta divina acerca do seu paradeiro. E do seu encontro com o Profeta, Saul foi escolhido para ser o Rei de Israel, como fora informado a Samuel (1 Sm 10:1-6). Mas o verdadeiro guia de Israel era o Profeta Samuel, cuja unção era marcadamente liderante e do mesmo tipo da ordem de Melquisedeque, que espiritualmente o precedera.

Ana reconheceu que o estado espiritual da nação era dramaticamente frio, porque a Palavra de Deus era rara naqueles dias. O sacerdócio aarónico confiava agora mais na sua prerrogativa genealógica do que na dependência do Deus Altíssimo. E por isso, a glória de Deus afastou-se da nação e as trevas espirituais cobriram-na, trazendo opróbrio ao povo de Deus pela falta da Arca do Concerto no Tabernáculo de Moisés. Mas apesar de quase todos os Israelitas não se importarem com a situação, incluindo Eli e os seus filhos sacerdotes, a vergonha era demais para alguns crentes, como Ana mulher estéril de Penuel.

Por isso, determinou no seu coração pedir a Deus um filho varão, porque compreendia a necessidade que Israel tinha de

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um líder verdadeiramente espiritual, que guiasse Israel de volta a Deus. No seu desespero, Ana não apenas pedia um milagre, que lhe restaurasse à dignidade feminina de mãe, porque fazia parte do remanescente que aguardava um avivamento espiritual nos seus dias. Para ela, a situação tinha solução, mesmo que isso implicasse que Deus não respeitasse mais o padrão do ministério sacerdotal genealógico, visto que era da tribo de Efraim. A sua visão espiritual apegava-se determinantemente ao modelo de Melquisedeque, de que lhe tinham falado os seus pais espirituais. E creu que era possível o seu filho eframita tornar-se o homem de Deus para reformar Israel. E a sua oração intercessória gerou uma revolução espiritual sem precedentes na história, que prepararia os futuros avivamentos.

Samuel aprendeu a escutar Deus, porque vivia perto d’Ele, e dormia ali mesmo na Sua casa, ao contrário de muitos que, apesar de ainda viverem na Sua casa, não O escutam frequentemente, como o Sacerdote Eli. A sua unção de liderança profética e apostólica cresceu à medida que crescia como homem. E ocupou o seu lugar ministerial sobre toda a nação, rompendo as tradições e renovando o pensamento e o coração espiritual do seu tempo e das gerações futuras através de David. No seu caso, Samuel iniciou um processo de reforma espiritual, que viria a ser concluído por David, porque o desejo de Deus é que cada geração faça o que deve ser feito para Deus se mover nela,

E não fossem como seus pais, geração contumaz e rebelde, geração que não regeu o seu coração e cujo espírito não foi fiel a Deus. (Sl 78:8).

Porque, na verdade, tendo David no seu tempo – [na sua geração] – servido conforme a vontade de Deus, dormiu, foi posto junto de seus pais e viu a corrupção. (Actos 13:36).

Por seu turno David começou o seu treino espiritual tocando música e adorando Deus, enquanto guardava as

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ovelhas do seu pai. Ninguém reparava nele a princípio, por ser diferente do que era habitual e costumeiro. Mas esse “selvagem” sem modos aprendeu a tocar o coração de Deus de tal maneira, que Lhe chamou “um homem segundo o Meu coração”. E à medida que crescia em intimidade com Deus, crescia também o seu entendimento espiritual e a sua fé no poder do Deus de Israel. Por isso, quando o leão e o urso atacaram o rebanho, ele defendeu-o e matou-os, demonstrando uma coragem inusitada. E quando chegou o momento de derrotar Golias à vista dos melhores soldados de Israel, ele fê-lo com humilde naturalidade, baseado na sua confiança no Senhor. E a sua vida mudou.

Teve de aceitar o convite para servir o rei no palácio, porque o pai assim o determinou. Mas cedo ficou claro que era detestado pelo rei, que apenas o mantinha ali para o controlar, e manipular à sua vontade, enquanto isso lhe era astutamente sábio e politicamente correcto aos olhos do povo. Mas depressa acabou por persegui-lo com o intuito de eliminá-lo, por lhe parecer uma séria ameaça política. E parece que na sua fuga, David acabou por ir viver uns bons dez anos com Samuel, provavelmente estudando na sua escola de profetas, aprendendo com maior precisão os conceitos teológicos da velha ordem de Melquisedeque. Ele era da tribo de Judá, mas isso não o impediria de usar o éfode e de servir como sacerdote do Deus Altíssimo. E é com este tipo de mentalidade e o coração renovados que acaba ungido e escolhido para substituir Saul como Rei de Israel.

Se Samuel tinha sido um reformador apostolicamente acutilante e espiritualmente relevante – revelado como monárquico, profético e sacerdotal – David ampliou essa unção de liderança em todas as áreas, para dimensões muito mais esclarecedoras da vontade de Deus para os povos. E finalmente restaura a glória de Deus em Israel, trazendo vitoriosamente a 76

Arca do Concerto para o Tabernáculo, que o Senhor lhe ordenou que erigisse no Monte Sião, que conquistou. E tornou-se assim o precursor de Cristo reformando até ao lugar onde a Arca do Concerto ficaria durante alguns anos até à construção to Templo de Salomão. E com a decisão de não levar a Arca do Concerto de volta ao Tabernáculo de Moisés – cujo ministério ainda operava em Gibeom (1 Cr 21:29) – mas de levá-la ao novo Tabernáculo que erigira no Monte Sião, David reformou definitivamente o pensamento teológico e religioso em Israel, com impacte até aos nossos dias. O percurso da Arca do Concerto – simbólica da presença de Cristo entre o Seu povo – funciona como um barómetro que indica o grau espiritual da presença de Deus entre o povo de Israel e é descrito por Estêvão em Actos no capítulo 7 versículos 44 a 47:

Estava entre nossos pais no deserto o tabernáculo do testemunho, como ordenara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto. O qual, nossos pais, recebendo-o também, o levaram com Josué quando entraram na posse das nações que Deus lançou para fora da presença de nossos pais, até aos dias de David, que achou graça diante de Deus e pediu que pudesse achar tabernáculo para o Deus de Jacó. E Salomão lhe edificou casa.... (At 7:44-47).

Mas o fogo da presença de Deus em Israel esfriou até aos dias do Rei Acabe. Este Rei deixou-se influenciar por um espírito maligno, que lhe foi transferido pela sua mulher Jezabel, acovardando-se a ela. E esses dois espíritos quase apagaram o resto do fogo de Deus entre os Israelitas, atirando-os para as trevas espirituais, morais, económicas e políticas. Mas do remanescente de Deus ainda restavam profetas, que do anonimato de Gileade como Elias haviam de destronar esses principados espirituais, que maquiavelicamente controlavam a nação na sua geração.

Do anonimato da oração e da intercessão fervorosas que decerto animava, as reuniões dos habitantes de Gileade, Elias

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cresceu acima da marca estereotipada que lhe lançava a classe alta da nobreza. E por ter estado tanto tempo com Deus, aprendeu a ser capaz de ultrapassar os obstáculos protocolares, se tinha de falar em nome de Deus e: “Então Elias, dos moradores de Gileade, disse a Acabe....” Elias não apenas falou em nome de Deus, mas afirmou com ousadia que não choveria senão segundo a sua palavra. Porque, apesar de ser um homem segundo as mesmas paixões de todos os outros, ele tinha intimidade com Deus, a ponto de saber exactamente o que Ele Lhe tinha ordenado. Portanto, Elias sabia que era o representante de Deus em Israel e que Deus o apoiaria, enquanto fizesse o que Lhe mandava. E assim desafiou e matou os profetas de Baal no Monte Carmelo e atraiu finalmente a ira de vingança de Jezabel sobre si.

Mas o fogo que desceu do céu, à vista de Israel, não os fez decidir voltar-se para Deus. Por isso, condenado à morte, Elias foge de Jezabel, é alimentado por corvos, bebe do ribeiro e finalmente recebe instruções claras sobre a estratégia que deveria utilizar para libertar o povo de Deus do jugo do espírito de Jezabel. A estratégia era simples, o que ele sozinho não conseguira fazer com as demonstrações dos sinais sobrenaturais de Deus, Deus o faria pela distribuição colectiva da tarefa entre os homens de Deus por Si escolhidos para tal. Devia ungir Eliseu como Profeta em seu lugar, ungir Jeú como Rei sobre Israel e ungir Hazael como Rei sobre a Síria. Fez assim Elias, agindo como verdadeiro pai apostólico, profético por natureza e revolucionariamente dominando as vontades e ordenando o futuro acima dos reis e dos políticos das duas nações. Mas note-se que ele somente ungiu Eliseu e que este também só ungiu Hazael, porque Jeú foi ungido por um dos filhos dos profetas, enviado por Eliseu para tal. Em todo o caso, o que é relevante é o facto de que o que Deus ordenara ter sido levado a cabo por um grupo de homens de Deus. Portanto,

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o que Elias não conseguiu fazer sozinho para Deus, a equipa ministerial escolhida pelo Senhor foi bem sucedida, Jezabel foi vergonhosamente destronada e o avivamento veio finalmente entre o povo de Deus.

Para enviar o Seu fogo de avivamento, Deus precisa de vasos disponíveis que trabalhem em conjunto no Seu propósito para o kairos do momento. É que Deus sempre procura um homem que tape as brechas espirituais e morais, que fragilizam o povo de Deus e a sociedade, como afirma em Ezequiel no capítulo 22 versículo 30,

E busquei de entre eles um homem que estivesse tapando o muro e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém, a ninguém achei. (Ez 22:30).

Decerto Deus tinha muitos dos Seus fiéis espalhados ao redor do mundo, muitos que criam e confiavam n’Ele, mas que ainda eram espiritualmente meninos no entendimento e que ainda só se alimentavam do leite racional da Palavra de Deus. No entanto, Ele não pode usar crentes espiritualmente imaturos, porque não conseguirão vencer as forças tenebrosas do inimigo. Deus não envia crianças ou adolescentes para a guerra contra as potestades do ar. Por isso, Ele procura homens e mulheres espiritualmente maduros, por terem sido formados por Ele.

Precisam-se de líderes cheios de fé e do Espírito Santo e com a mensagem de Deus para promover o

derramamento da “chuva serôdia”

Deus usou muitos líderes cujos feitos estão inscritos na Bíblia como José, Gideão e Joel (Gn 41:38; Jz 6:34; Jl 2:28-29). Mas o maior líder de todos é Jesus, que foi homem cheio de fé e do Espírito Santo (Lc 3:21-22; At 10:38; Cl 2:9-10; Ef 3:19). E Ele abriu o coração com os Seus discípulos para entenderem acerca do Espírito Santo (Jo 16:5-7), explicou-lhes quem era o Espírito Santo (Jo 14:15-17) e que o Espírito Santo era um

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Espírito, não podendo, portanto, ser visível. O Espírito Santo seria o Director da Igreja, a quem ensinaria e guiaria em toda a verdade (Jo 16:7-8, 13-15). E o Espírito Santo proveria a linha de comunicação entre os crentes e o Senhor Jesus e o Pai e vice-versa. Por isso, precisamos que o Senhor nos visite com o Seu Espírito Santo de forma abundante e poderosa.

Mas isso só acontecerá se houver homens prontos a pagar o preço do avivamento, porque o Pentecostes significa dor, privação e prisão. E esses homens e mulheres de Deus são raros, sendo a tendência mais no sentido de uma vivência egocêntrica, que procura mais o que se pode obter de Deus do que saber e querer obedecer àquilo que Ele quer que seja feito e dito à sociedade. É por isso que Leonard Ravenhill afirma no seu livro Revival Praying (26) que os maiores espólios de fé ainda estão por conseguir.

A fé é básica a tudo o que somos em Deus e a tudo o que podemos fazer para Ele. Mas a admoestação de Pedro foi que devemos acrescentar à fé a virtude e à virtude o conhecimento. Notemos que ele não inverteu a ordem, afirmando que devamos acrescentar a fé ao conhecimento. Ora, a fé é o músculo, pelo qual levantamos o peso do Senhor, a moeda que se usa para comprar no reino espiritual e é também a visão dos olhos espirituais do crente. Por isso, quando o crente perde a fé deixa de orar e assim deixa de viver e, se deixa de orar, a sua fé deixa de existir. Assim, a oração é essencial à fé do crente. Pela oração, o crente humilha-se perante Deus, fala com Ele sobre a Sua vontade e aprende a “ver”, recebendo a santificação e o fogo de Deus para incendiar a sua alma. A oração é a lâmpada da alma e a unção do Espírito Santo é a energia celestial, que a alimenta, enquanto a fé liga as duas partes.

26(?) Ravenhill, Leonard, Revival Praying, (Bethany House Publishers, Minneapolis, Minnesota, a division of Baker Publishing

Group, Grand Rapids, Michigan, USA. 2005), p.33.80

São precisos homens e mulheres cheios de fé e do Espírito Santo para a obra de Deus ser feita na terra. A sociedade está com fome e sede do Deus vivo e verdadeiro e para Deus Se mover neste caos são precisos tais tipos de crentes. Mas a alternativa não deverá ser o Espírito Santo ou o caos, mas sim o Espírito Santo e o caos, porque o avivamento altera sempre radicalmente as coisas na sociedade. É que no processo do avivamento, este trará o julgamento de Deus à sociedade, como nos dias dos Actos dos Apóstolos. E como Sadraque, Mesaque e Abednego, os avivalistas devem estar certos da capacidade de Deus operar livramento, mesmo que não compreendam bem qual seja o Seu plano de acção. Por isso, devem ter a mesma fé desafiante, que enfrenta o status quo da operação infernal na sociedade, com coragem e determinação. E eventualmente o fogo da oposição espiritual não os queimará.

Os verdadeiros avivalistas lideram-se a si mesmos e depois a igreja colectivamente num processo rumo ao avivamento. Primeiro, renunciando a todo o pecado, que conheçam nas suas vidas; segundo, confessando contritamente por terem ofendido a Deus, falhado os Seus desígnios e terem estado satisfeitos e acomodados ao status quo de vida espiritual moribunda da sociedade; terceiro, começam a buscar a face de Deus com ardente zelo e determinação; e quarto, estudam a Bíblia, para encontrarem nela o que Deus deseja que seja realizado através deles e dos seus ouvintes nos tempos de desespero social em geral e no estado de apatia espiritual e decadência moral na igreja.

E os verdadeiros avivalistas serão crentes, cujos corações estarão sempre disponíveis para fazerem só a vontade de Deus e nunca a sua própria. Porque comunicam com Deus na linguagem do Espírito com gemidos inexprimíveis e lágrimas de sangue, que lhes brotam do coração contrito e quebrantado.

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Porque os avivalistas oram até sentirem as dores de parto do avivamento, carregando o peso do Senhor nas entranhas profundas dos seus espíritos, de onde começa a brotar a renovação espiritual e o fogo do avivamento em intensidade crescente. Em oração e intercessão, derretem-se até às lágrimas, que lhes saem da alma amarga, por causa da terrível condição espiritual na sociedade e na igreja. Às vezes, usam palavras, mas outra vezes elas faltam-lhes e só saem os gemidos da linguagem do Espírito Santo, inarticuláveis, porque ultrapassam da sua natureza física para as profundezas de Deus na eternidade. Acontece então uma metamorfose híbrida, misturando o humano com o divino no coração dos avivalistas, enquanto Deus vai derramando gotas da Sua vontade nos seus corações quebrantados e contritos. E é nesta simbiose espiritual que Deus vai gerando a unção e enchendo com ela os reservatórios, com que alimentará as ondas do avivamento futuro.

Os avivalistas são essencialmente santos e por isso são moralmente ousados para desafiar os pecados e os desvios da sociedade e da igreja, alcançando a mente do Espírito Santo e sentindo os horrores das consequências do pecado, (1 Co 2:11). Por isso, também deixam-se ser treinados por Deus através da oração e da intercessão genuínas (Is 41:14). Então, derramam o seu coração perante o Senhor, pedindo misericórdia e compaixão pelos perdidos, desviados e espiritualmente frios na sociedade e na igreja, “forçando” desta maneira Deus a agir em favor deles. Mas depois, saem dos seus lugares secretos de oração e descomprometidamente derramam a mensagem de Deus sobre os seus ouvintes, que se convertem ao Senhor e O seguem de coração. E então, como Deus promete em 2 Crónicas no capítulo 7 versículos 13 e 14:

Se eu fechar os céus e não houver chuva; ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra; ou se enviar a peste entre o meu povo; e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar

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e orar e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus e perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra. (2 Cr 7:13-14).

Não se julgue, no entanto, serem os avivalistas apenas pregadores da Palavra de Deus, mas que podem muito bem ser como Ana, mulher de Penuel e mãe do Profeta Samuel. Crentes que sejam simplesmente fiéis e que busquem intensamente a face de Deus, pedindo-Lhe que intervenha na sociedade e na igreja.

Oxalá os homens e as mulheres de Deus do presente sejam capazes de inquirir e de tratar diligentemente, como os profetas de antigamente e também de serem destros na ciência dos tempos, para saberem o que o Povo de Deus deva fazer e para que todos os seus irmãos lhes sigam as ordens, como foram os filhos de Issacar:

Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar. (1 Pd 1:10-12).

E dos filhos de Issacar, duzentos de seus chefes, destros na ciência dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer e todos os seus irmãos seguiam suas ordens. (1 Cr 12.32).

Como afirma o Dr. Jonathan David (27), a liderança que Deus está a levantar é claramente profética em visão e revelação e apostólica em autoridade, sabedoria e estratégia. Como os filhos de Issacar, estes líderes aplicarão os padrões celestiais sem comprometimentos, os que percebem serem 27(?) David, Dr. Jonathan, Apostolic Strategies Affecting Nations, (4 Taman Mas Ria, Jalan Junid, 84000 Muar, Johor, Malaysia.

Second Edition. 1999), p.[5].

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para o momento actual; adoptando os estilos, os modelos, as estratégias e os paradigmas dos padrões de pensamento e das atitudes, que prepararão a Igreja de amanhã. Estes líderes deverão, portanto, ter percepção profética do que Deus quer fazer no futuro próximo, ao mesmo tempo que serão capazes de interpretar correctamente os Seus movimentos no passado. Estes líderes serão eles mesmos uma dádiva do avivamento, um dos produtos do derramamento do Espírito Santo dos últimos dias.

Haverá, portanto, uma mudança de paradigmas de liderança na Igreja e os líderes relevantes do avivamento serão em parte diferentes dos do passado. Porque nunca fizeram o que vão fazer, porque o calor do avivamento vai aumentar de intensidade e porque a batalha da Igreja contra as trevas requererá muito mais força por causa das novas ondas de feitiçaria, de decepção e de manipulação infiltradas na Igreja. E estes líderes abolirão a competição mesquinha e espiritualmente infantil para cooperarem uns com os outros numa atitude de interdependência, rede comum e relacionamentos sãos e maduros, substituindo a independência e o individualismo a nível ministerial.

Vivemos por isso num tempo específico de separação e de julgamento da própria Igreja, mas prestes a experimentar novas ondas do poder sobrenatural do Espírito Santo num avivamento sem precedentes na história. E os fenómenos sobrenaturais acontecerão surpreendentemente na Igreja em dimensões e quantidades extraordinárias, como manifestação inequívoca da gloriosa presença de Deus entre o Seu povo.

Pré-condições bíblicas para o derramamento da “chuva serôdia”

Muitos ainda pensam que literalmente Deus vai limitar-se a encher espiritualmente a boca daqueles que a abrirem bem

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(Sl 81:10). Mas ao estudarmos as pré-condições para Ele derramar o avivamento, prescritas nas Escrituras, descobrimos que não é bem assim.

Por Pedro ter afirmado que o derramamento do Espírito Santo do Dia de Pentecostes foi o cumprimento da profecia de Joel no capítulo 2 versículos 28 e 29, conclui-se simplistamente que Deus cumprirá a promessa do derramamento da “chuva serôdia” quando achar por bem e sem qualquer pré-requisito.

E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito. (Jl 2:28-29).

Mas como Ravenhill argumenta (28), este texto tem de ser interpretado à luz do seu contexto, que começa mais atrás no versículo 12, onde o profeta inicia uma lista de pré-condições para o avivamento.

Em primeiro lugar, Joel afirma que para Deus enviar um avivamento é necessário que os crentes se convertam de todo o coração ao Senhor:

Ainda assim, agora mesmo diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. (Jl 2:2).

Decerto Joel tentava responder à causa da calamidade e da destruição, que assolavam Israel com as suas pragas de gafanhotos, pulgões e incêndios. Para ele, isso devia-se ao facto de, apesar de o povo de Deus ainda acreditar n’Ele, não se converter de todo o seu coração ao Senhor, como fizeram muitos dos seus antepassados. É que no pensamento de Deus não havia lugar para o Seu povo O seguir com o coração dividido entre a lealdade a Ele e a adoração a outros deuses. E que mesmo que o Seu povo viesse buscá-Lo uma vez por

28(?) Ravenhill, Leonard, Revival Praying, op. cit., pp.110-118.

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semana, isso não era suficiente para Ele Se mover sobrenaturalmente entre eles. Conclui-se, portanto, que o avivamento só virá quando o povo de Deus se converter de todo o coração ao Senhor, assumindo a culpa de Ele não se mover maravilhosamente, devido ao seu desleixo e indiferença espirituais. Portanto, os crentes devem ficar preocupados diariamente pelo facto de o Senhor não estar a mover-Se com maior intensidade e visibilidade na sua igreja e na sua sociedade.

Notemos, no entanto, que Joel descreve ainda no versículo 12, como é que os crentes se devem converter ao Senhor para receberem um avivamento. Segundo o profeta, o modo como os crentes se devem converter, para serem aceites pelo Senhor, é com jejuns, choro e pranto. Obviamente que ele não se refere a que o crente deva fazer isso na carne, de uma forma religiosa e de aparência exterior, mas que de forma sincera e de todo o coração perante Deus.

Às vezes questionamo-nos porque é que Deus não Se move maravilhosamente entre o Seu povo, enquanto Ele Se pergunta porque é que o Seu povo, não se chega para buscá-Lo com o coração quebrantadamente humilde e obediente. Desejamos que Deus Se curve para nos tocar, enquanto Ele deseja que nos quebrantemos até ao pó, para nos poder avivar com o Seu Espírito. Porque começamos no Espírito e acabamos na carne, precisamos de avivamento espiritual que nos encha dos desejos e dos ventos do Espírito. E por isso, precisamos de voltar a Ele para recebermos perdão, purificação e libertação do poder das nossas iniquidades, dos nossos pecados e das nossas transgressões.

Em segundo lugar, Joel adianta no versículo 13, que os crentes devem também rasgar o seu coração e não a sua roupa.

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E rasgai o vosso coração e não as vossas vestes e convertei-vos ao SENHOR vosso Deus; porque Ele é misericordioso e compassivo e tardio em irar-se e grande em benignidade e se arrepende do mal (Jl 2:13).

A ideia expressa o costume das gentes orientais de mostrarem exteriormente, o que lhes vai na alma e no coração quebrantado, devido à profunda dor, à indignação, ou à penitência, como em Génesis no capítulo 37 versículo 29. Muitas vezes Deus adverte o Seu povo para se vestir de saco e de cinza, jejuando e humilhando-se perante Ele de coração pelos pecados e desvios do povo e da sociedade. É como se os crentes dissessem a Deus que chegaram ao fim de si mesmos, que não querem mais confiar em si próprios, mas que precisam desesperadamente da compaixão e da misericórdia de Deus.

Que situação espiritual terrível é, quando o povo do Senhor se reúne semanalmente para ouvir um sermão rotineiro, em vez de encontrar-se transformadoramente com o seu Deus vivo e verdadeiro. Mas só quando os crentes considerarem os seus corações através do auto-exame, para serem conformes à piedade divina é que mudam de atitude. E isto só acontece pela convicção do Espírito Santo; pelo reconhecimento da falta de oração; pela confissão de que temos mais apetite das coisas materiais do que de Deus; porque gostamos mais da companhia dos seres humanos do que da companhia de Deus; e por nos aborrecermos a nós mesmos por gastarmos mais tempo com entretenimento, do que a orar e a buscar a Deus. E talvez isso aconteça porque o povo do Senhor não escuta e vê os seus pregadores a chorar pelos pecados, pelas transgressões e pelas iniquidades da sua igreja e da sua sociedade. Nem os vê com o coração quebrantado pela dureza e insensibilidade do povo de Deus em relação ao seu Senhor, ao Seu Espírito e à Sua Palavra.

Em terceiro lugar, a instrução seguinte de Joel no capítulo 2 versículo 15 é que os líderes precisavam de tocar a trombeta

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em Sião, convocando o povo do Senhor para a santificação, para a consagração, para a entrega a Deus e para o compromisso sério com Ele.

Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembleia solene (Jl 2:15).

Isto porque Deus não enviará o avivamento apenas com o esforço de uma pessoa. Ele sempre quer a assembleia dos Seus filhos reunida com o mesmo propósito, tal como aconteceu no Dia de Pentecostes com os cento e vinte seguidores de Jesus. De acordo com o Strong Dictionary inserido na e-Sword (29), tocar a trombeta era para o povo de Israel sinónimo de chamada para assembleia com propósito comunitário. O propósito podia ser um festival, uma guerra ou um ajuntamento para adorar a Deus. Normalmente, era efectuado pelo tocar de um chifre de um animal, preparado para o efeito. Supostamente, o povo devia congregar-se de imediato, deixando tudo o que estavam a fazer para atender às necessidades colectivas, que assim ganhavam maior relevância comparativamente às da vida pessoal.

No caso da profecia de Joel, este afirma que, primeiro, os líderes devem tocar a trombeta em Sião. Ora, tanto a trombeta como Sião são aspectos proféticos importantes no contexto bíblico. A trombeta está relacionada com a palavra e a dimensão profética, especialmente porque o animal tinha morrido – em sacrifício (?) – para prover o chifre; e a sua utilização tinha a função de chamar a atenção do povo de Deus para se reunirem. E Sião está relacionado profeticamente devido à sua posição elevada em Jerusalém, que aponta para a dimensão mais próxima de Deus nas regiões celestiais como em Hebreus no capítulo 12 versículos 22 e 23,

29(?) Meyers, Rick, e-Sword: Version 7.9.8, with Strong Dictionary, (5902 Parham Road, Franklin, TN 37064, USA. www.e-sword.net.

2008), p.[?]. 88

Mas chegastes ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial e aos muitos milhares de anjos; à universal assembleia e igreja dos primogénitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; e a Jesus, o Mediador de uma nova aliança e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel. (Hb 12:22-23).

Assim, tocar a trombeta em Sião aponta para a importância de pregar mensagens ungidas profeticamente, para despertar o povo de Deus, chamando-o de volta ao Senhor.

Em Joel no capítulo 2 versículos 15 e 16, encontramos depois que os líderes precisavam de santificar um jejum, chamando todos de entre o povo, para se unirem colectivamente. Todo o povo era convocado à penitência, ao arrependimento, ao quebrantamento e à santificação. E por fim, os líderes precisam de convocar o povo do Senhor para uma assembleia solene. E é este unir dos corações do povo de Deus que prepara o caminho para o Espírito Santo Se mover, avivando a Sua Igreja e tocando a sociedade com a frescura do Seu poder.

Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembleia solene. Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai as crianças e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara e a noiva do seu aposento. (Jl 2:15-16).

E em quarto lugar, os ministros e sacerdotes do Senhor deviam chorar entre o alpendre e o altar, conforme lemos no versículo 17 do capítulo 2 de Joel,

Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR, entre o alpendre e o altar e digam: Poupa o teu povo, ó SENHOR, e não entregues a Tua herança ao opróbrio, para que os gentios o dominem; porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus? (Jl 2:17).

Por um lado, os sacerdotes a chorar entre o alpendre e o altar era um arranjo divino e uma ordem Sua aquando da calamidade e da desgraça. Eles deviam começar por meditar na

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calamidade assim que entrassem para irem à presença de Deus, até que os seus corações ficassem totalmente quebrantados ao chegarem ao altar perante o Senhor. E desta forma eles liderariam o povo em arrependimento. Deviam liderar com lágrimas e com choro. Não deviam esconder-se mas ficar ali entre o alpendre e o altar, chorando por si e pelo povo do Senhor, devido às transgressões, aos pecados e às iniquidades colectivas. E por outro lado, os sacerdotes deviam orar para que O Senhor fosse misericordioso com o Seu povo, e que os visitasse de novo com O Seu Espírito. É que sem oração verdadeira, as lágrimas não valem de nada e sem lágrimas, a oração também pouco serve. Os crentes nascem de novo com a consciência de que são os guardadores e os responsáveis pelos seus irmãos no Senhor e é por isso que devem orar e interceder por eles.

Conclusivamente, Joel afirma nos versículos 18 a 30 do capítulo 2, que então o Senhor ouvirá as orações do Seu povo e o visitará com o vento do avivamento do Seu Espírito. Neles se revela a multiforme misericórdia, graça, amor e compaixão de Deus pelo Seu povo e pelas almas perdidas da sociedade. Portanto, oxalá possamos orar como David orou em Salmos no capítulo 144 versículo 5,

Abaixa, ó SENHOR, os Teus céus e desce; toca os montes e fumegarão. (Sl 144:5).

Que possamos identificar a calamidade na sociedade dos nossos tempos, perceber que já estamos a viver no tempo da “chuva serôdia”, e que, portanto, precisamos de pedir ao Senhor que nos dê da Sua chuva. E então podemos confiar nas Promessas do Senhor registadas nas seguintes passagens bíblicas:

Então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhais o vosso grão e o vosso mosto e o vosso azeite. (Dt 11:14).

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Então conheçamos, e prossigamos em conhecer o SENHOR; a sua saída, como a alva, é certa; e Ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra. (Os 6:3).

E vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos no SENHOR vosso Deus, porque Ele vos dará em justa medida a chuva temporã; fará descer a chuva no primeiro mês, a temporã e a serôdia. (Jl 2:23).

Pedi ao SENHOR chuva no tempo da chuva serôdia, sim, ao SENHOR que faz relâmpagos; e lhes dará chuvas abundantes e a cada um erva no campo. (Zc 10:1).

Sede, pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. (Tg 5:7).

Oxalá escolhamos a melhor parte como Maria que escolheu a comunhão, ao contrário de Marta que escolheu o trabalho ou serviço (Lc 10:38-42). Um dos perigos que os crentes correm hoje é procurarem demais a árvore do conhecimento através de estudos bíblicos, quase esquecendo a árvore da vida pelo relacionamento íntimo e profundo com o Pai celestial. E como argumenta Roxanne Brant (30) no seu livro Ministering to the Lord: A Vision, A Search, A Discovery, parece que ficamos satisfeitos com o conhecimento, que recebemos das palavras de homens de Deus, mas quase nos esquecemos da profunda necessidade que temos da vida de Deus, que nos vem pelas palavras vivas do Senhor, inspiradas pelo Seu Espírito.

Ministrar ao Senhor activa o avivamento

Resta-nos tecer algumas considerações acerca do papel do serviço que os crentes devem render ao Senhor, como definitivo para activar o avivamento nos seus corações. Nunca uma verdade é tão ardente nos corações de quem crê em Deus como o facto de que o seu ministério mais importante é para o

30(?) Brant, Roxanne, Ministering to the Lord: A Vision, A Search, A Discovery, (Roxanne Brant Ministries, Box 1000, O’Brien, Florida

32071, USA. 1980), p.18.

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seu Senhor e não para os seus semelhantes. E assim devemos abordar este aspecto nas suas diversas vertentes.

Em primeiro lugar, a Bíblia informa que há várias maneiras de o crente servir ou ministrar ao Senhor. Pode ser através do seu ministério aos outros, como em Mateus no capítulo 25 versículos 35 a 40:

Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome e destes-me de comer; tive sede e destes-me de beber; era estrangeiro e hospedastes-me; estava nu e vestistes-me; adoeci e visitastes-me; estive na prisão e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro e te hospedamos? ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. (Mt 25:35-40).

O crente pode também servir o Senhor apresentando-Lhe os seus dízimos e as suas ofertas alçadas, como nos informa Malaquias no capítulo 3 versículos 6 a 12,

Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos. Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes; tornai-vos para mim e eu me tornarei para vós, diz o SENHOR dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos. E todas as nações vos chamarão bem-aventurados;

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porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o SENHOR dos Exércitos. (Ml 3:6-12).

Mas a forma mais elevada de servir o Senhor é através do louvor, da comunhão e da adoração verdadeira, como nos ordena em Deuteronómio no capítulo 10 versículos 8 e 9:

No mesmo tempo o SENHOR separou a tribo de Levi, para levar a arca da aliança do SENHOR, para estar diante do SENHOR, para o servir e para abençoar em seu nome até ao dia de hoje. Por isso Levi não tem parte nem herança com seus irmãos; o SENHOR é a sua herança, como o SENHOR teu Deus lhe tem falado. (Dt 10:8-9)

Não se julgue no entanto que o desejo de Deus era só que a tribo de Levi fosse separada para O Servir, porque o facto é que estes foram escolhidos depois de um primeiro pensamento do Senhor, registado em Êxodo no capítulo 19 versículos 3 a 6 e em Números no capítulo 11 versículo 29,

E subiu Moisés a Deus e o SENHOR o chamou do monte, dizendo: Assim falarás à casa de Jacó e anunciarás aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias e vos trouxe a mim; agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel. (Êx 19:3-6).

Porém, Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Quem dera que todo o povo do SENHOR fosse profeta e que o SENHOR pusesse o seu espírito sobre ele! (Nm 11:29).

O pensamento original de Deus era que todo o Seu povo fosse uma nação de sacerdotes e de profetas, ministrando ao Senhor perpetuamente com zelo e com alegria. Mas como Israel prevaricou, Levi foi escolhido para substituí-lo nos louvores, na comunhão e na adoração a Deus. Mas a ideia original de Deus nunca foi abolida. Na Sua mente, Ele aguardava por verdadeiros adoradores de todas as raças, tribos e línguas, que tivessem verdadeira comunhão com Ele e O louvassem por todas as maravilhas que faz. E por isso, quando

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Samuel da tribo de Efraim ministrou ao Senhor como sacerdote, não morreu nem foi rejeitado por Ele. E o mesmo aconteceu também com David da tribo de Judá, que vestiu o éfode e serviu como sacerdote ao Senhor. E ainda o próprio Senhor Jesus é o Sumo-sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque, apesar de ser da tribo de Judá.

É que o objectivo de Deus era simplesmente o de que em Cristo todos os Seus filhos fossem sacerdotes, profetas e reis (Ap 1:5-7), uma nação especial e santa composta por sacerdotes, que ofereçam sacrifícios aceitáveis ao Senhor, como nos afirma 1 Pedro no capítulo 2 versículos 5 a 9,

E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; E quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina e uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados. Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. (1 Pd 2:5-9).

O propósito de Deus ainda antes da criação já era que os seres humanos fossem formados para a Sua glória, para o Seu prazer e para Si, como nos lembra Colossenses no capítulo 1 versículos 16 e 17; Isaías no capítulo 43 versículos 7 e 21; e ainda Romanos no capítulo 8 versículo 29:

Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas e todas as coisas subsistem por ele. (Cl 1:16-17).

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A todos os que são chamados pelo meu nome e os que criei para a minha glória, os formei e também os fiz... A esse povo que formei para mim; o meu louvor relatarão. (Is 43:7, 21).

Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogénito entre muitos irmãos. (Rm 8:29).

O propósito inicial e eterno de Deus é assim realizado em Cristo, quando os crentes louvam, têm comunhão e adoram o Senhor de todo o seu coração, dando-Lhe o que Lhe é devido sempre, por ser o seu Deus. E isto deve ser o fruto dos lábios que confessam o Seu nome bendito, como argumenta Hebreus no capítulo 13 versículos 12 a 16:

E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta. Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério. Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura. Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome. E não vos esqueçais da beneficência e comunicação, porque com tais sacrifícios Deus se agrada. (Hb 13:12-16).

Se desejamos avivamento, é portanto necessário que os crentes correspondam ao apelo de Deus, que procura verdadeiros adoradores, que adorem o Pai em espírito e em verdade, como nos revelou Jesus em João no capítulo 4 versículos 23 e 24:

Mas a hora vem e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura tais que assim o adorem. Deus é Espírito e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em verdade. (Jo 4:23-24).

Mas não nos esqueçamos que quando a glória de Deus desceu sobre os sacerdotes, aquando da dedicação do Templo de Salomão, Ele não Se manifestou, enquanto o templo era construído. Nem se manifestou quando os sacerdotes ofereceram sacrifícios. Mas manifestou-Se em glória, quando os sacerdotes se consagraram, se uniram como um só homem

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e louvaram e comungaram e adoraram o Senhor, ministrando perante Ele de todo o coração, como lemos em 2 Crónicas no capítulo 5 versículos 6, 7, e 11 a 14:

Então o rei Salomão e toda a congregação de Israel, que se tinha reunido com ele diante da arca, sacrificaram carneiros e bois, que não se podiam contar, nem numerar, por causa da sua abundância. Assim trouxeram os sacerdotes a arca da aliança do SENHOR ao seu lugar, ao oráculo da casa, ao lugar santíssimo, até debaixo das asas dos querubins... E sucedeu que, saindo os sacerdotes do santuário (porque todos os sacerdotes, que ali se acharam, se santificaram, sem respeitarem as suas turmas, e os levitas, que eram cantores, todos eles, de Asafe, de Hemã, de Jedutum, de seus filhos e de seus irmãos, vestidos de linho fino, com címbalos, com saltérios e com harpas, estavam em pé para o oriente do altar; e com eles até cento e vinte sacerdotes, que tocavam as trombetas). E aconteceu que, quando eles uniformemente tocavam as trombetas, e cantavam, para fazerem ouvir uma só voz, bendizendo e louvando ao SENHOR; e levantando eles a voz com trombetas, címbalos, e outros instrumentos musicais e louvando ao SENHOR, dizendo: Porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre, então a casa se encheu de uma nuvem, a saber, a casa do SENHOR; e os sacerdotes não podiam permanecer em pé, para ministrar, por causa da nuvem; porque a glória do SENHOR encheu a casa de Deus. (2 Cr 5:6-7, 11-14).

E obviamente quando a Igreja ministra e serve o Senhor com adoração, com jejuns, com orações, com vigílias, com clamores, com prantos e com louvores, como aconteceu em Actos no capítulo 13 versículos 1 a 5, o Espírito Santo guiará os filhos de Deus à implantação da Sua vontade na terra, fazendo florescer a Sua Igreja:

E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger e Lúcio, cireneu e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca e Saulo. E, servindo eles o Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando e pondo sobre eles as mãos, os despediram. E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. E, chegados a Salamina, anunciavam a

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"Se eu fechar os céus, e não houver chuva; ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra; ou se enviar a

peste entre o meu povo; e se o meu povo, que se chama pelo

meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados,

e sararei a sua terra."

(2 Crónicas 7:13-14)

palavra de Deus nas sinagogas dos judeus; e tinham também a João como cooperador. (At 13:1-5).

Mas como opina Vinícius de Moraes no poema “O Incriado” da sua Antologia Poética, de nada vale ao ser humano compreender bem todas as coisas, se estiver amarrado por “algemas que o impedem de levantar os braços para o alto” (31). Por isso, devemos orar para que o Espírito Santo nos unja os olhos espirituais e nos liberte, para voarmos como águias nas correntes dos Seus ventos eternos. E seremos guiados com os Seus olhos, para as

profundezas do avivamento.

31(?) Moraes, Marcus Vinicius de Melo, Antologia Poética, Edições Sabiá, Livraria José Olympio Editora S.A., [?], Rio de Janeiro,

[Brazil]. Décima Edição. 1960), p.18.

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CONCLUSÃO

Analisando o nosso quotidiano, a sociedade perde-se sem respostas, percebendo-se o desespero, a frustração, a tensão e o desânimo. Quem poderá ajudar nesta hora, a resolver os problemas sociais e morais da sociedade, senão uma intervenção radical de Deus na terra? Ou seja, do que o mundo actual precisa é de um avivamento como intervenção fundamental do Espírito Santo na sociedade através da Sua Igreja.

Oxalá Deus use profeticamente este livro, para animar os crentes a buscarem a Sua face, rogando-Lhe que Se mova de novo na terra nos nossos dias e que o Seu Espírito seja derramado como “chuva serôdia” abundante, manifestando-Se sobrenaturalmente entre nós. E que esse derramamento do Espírito seja notoriamente visível na sociedade, transformando-a e moldando-a, para receber a vontade de Deus e o Seu Reino.

Oxalá também Deus levante homens e mulheres verdadeiramente ungidos pelo Seu Espírito, formados por Cristo e com ousadia e fogo do Senhor, para entregarem as mensagens próprias para o avivamento dos últimos dias. E que toda a Igreja de Jesus obedeça ao desafio do Profeta Zacarias no capítulo 10 versículo 1:

Pedi ao SENHOR chuva no tempo da chuva serôdia, sim, ao SENHOR que faz relâmpagos; e lhes dará chuvas abundantes, e a cada um erva no campo. (Zc 10.1).

Porque penso que estamos a viver já os dias do derramamento da “chuva serôdia”, devemos orar ao Senhor para que envie ainda mais chuva nos nossos dias. Aceitemos o desafio, contagiando-nos mutuamente para buscarmos Deus até O acharmos na nossa geração e Ele derramar mais

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abundantemente do Seu Espírito sobre a Igreja dos nossos dias e de forma visível na sociedade. E que o derramamento do Espírito encha afinal a terra como as águas cobrem o mar, como prometeu.

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Pedi ao Senhor chuva no tempo da chuva serôdia, sim, ao SENHOR que faz relâmpagos; e lhes

dará chuvas abundantes, e a cada um erva no

campo."

(Zacarias 10:1)

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