GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ - cpra.pr.gov.br · GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ Governador - Carlos...

14

Transcript of GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ - cpra.pr.gov.br · GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ Governador - Carlos...

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁGovernador - Carlos Alberto RichaVice Governadora - Maria Aparecida BorghettiSecretaria da Agricultura e do Abastecimento Secretário de Estado - Norberto Anacleto OrtigaraCentro Paranaense de Referência em Agroecologia – CPRADiretor Presidente: João Carlos ZandonáDiretor Adjunto: Marcio MirandaSecretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino SuperiorSecretário de Estado – João Carlos GomesCordenadoria Geral da UGFCoordenador: Luiz Cézar KawanoAutoria Equipe PPCPO/NÚCLEO CPRACátia HermesEduardo Javier MaroneFabiana Teixeira HoinackiLuã Carlos ColaçoValcir Inácio WilhelmProdução Gráfica e impressão com recursos do Fundo Paraná - Programa Paranaense de Certificação de Produtos Orgânicos/PPCPO – Núcleo CPRADiagramação: Supergraf – Gráfica e editora Ltda.1ª EdiçãoTiragem: 1.000 exemplaresContato: [email protected]

APRESENTAÇÃOO Programa Paranaense de Certificação de Produtos Orgânicos -PPCPO teve início no ano de 2009, parceria entre a Secretaria daCiência, Tecnologia e Ensino Superior - SETI, com o Instituto deTecnologia do Paraná - TECPAR, as Instituições Estaduais de EnsinoSuperior e o Centro Paranaense de Referência em Agroecologia - CPRAe é executado por equipes multidisciplinares de profissionais e estudantesde graduação que compõem os Núcleos de Certificação distribuídosestrategicamente em todo estado do Paraná (Imagem 1). Imagem 1. Núcleos do PPCPO e sua distribuição no estado do Paraná.Fonte: PPCPO/CPRA (2017)O Núcleo PPCPO responsável por atender a região metropolitanade Curitiba, por meio do Termo de Cooperação TC 57/16 UGF-SETI, estásediado no CPRA, autarquia vinculada à Secretaria de Estado daAgricultura e Abastecimento - SEAB, a qual tem como missão''Comunicar, promover e apoiar ações de capacitação, pesquisa, ensino earticulação entre pessoas e organizações, voltadas à produção

agropecuária e ao consumo sustentáveis, baseados nos preceitos daagroecologia.” As ações de assistência técnica e extensão rural, promovidas peloPPCPO/CPRA, buscam adequar as propriedades rurais à conformidadeorgânica, obedecendo aos requisitos da Lei 10.831 de 23 de dezembro de2003, Decreto 6.323 de 27 de dezembro de 2007 e suas InstruçõesNormativas. Durante visitas de diagnóstico e coleta de dados naspropriedades, se observou que os produtores que tem a intenção decertificar a produção vegetal prestam pouca atenção nas questõeshigiênico-sanitárias e no bem estar dos seus animais de subsistência.Outra constatação, é que não há uma evidente preocupação quanto àspráticas de manejo que evitem a contaminação de solo e água pelosresíduos gerados por estes animais, o que afronta diretamente um dosaspectos da conformidade orgânica. Sendo assim, esta cartilha propõeum exemplo de construção na forma de cama sobreposta para criaçãode suínos a fim de minimizar os impactos deletérios desta atividade aomeio ambiente, além de atender os requisitos de bem estar animal.PPCPO/CPRA Situação atualO planeta terra está com 7 bilhões de pessoas, segundo orelatório Perspectivas da População Mundial: Revisão de 2017 [1]. Estaalta população já está precisando repensar seu modo de agir com relaçãoà preservação do meio ambiente e produção de alimentos. Para isto,novas formas de produção menos degradantes e mais sustentáveisprecisam ser desenvolvidas.

O Brasil é o 4o maior produtor e exportador de carne suína domundo [2]. Este fato gerou uma demanda crescente de produção em largaescala nos últimos anos, trazendo problemas nas questões ambientais,sanitárias e de bem estar animal. A preocupação com o grande volume dedejetos líquidos e seu aproveitamento para adubação do solo, acaboucontaminando cursos d'água e lençóis freáticos, principalmente nosestados do sul do Brasil [3][4]. A criação de suínos de subsistência pelaagricultura familiar também contribui na construção deste cenário, poismuitas vezes estes animais são alojados em estruturas precárias, compouco controle de luminosidade e ventilação, com alta densidade animale, o mais grave, inadequado destino dos dejetos por eles gerados(Imagens 2, 3 e 4). Este tipo de sistema, no Estado do Paraná, édesenvolvido por aproximadamente 100 mil criadores [5]. Imagem 2. Instalações: animais confinados Fonte: PPCPO/CPRA (2015)

Imagem 3. Descarte de dejetosFonte: PPCPO/CPRA (2017)Imagem 4. Instalações: animais ao ar livreFonte: PPCPO/CPRA (2015)Sugestão alternativa: Cama SobrepostaA Lei 10.831 de 23 de dezembro de 2003, seu Decreto e suasInstruções Normativas regulamentam a iniciativa da produção orgânicabrasileira. Esta engloba não apenas a perspectiva do consumo de umalimento mais saudável, mas também, o cuidado da natureza e do meioambiente através de um olhar mais holístico das unidades de produçãoagropecuários, como garante a Instrução Normativa 46 em seu capítulo I,

Art. 4º [6]. Estas normativas vão ao encontro da Legislação Ambientalvigente e da legislação de bem estar animal.A produção de suínos através do sistema de cama sobrepostapode vir a ser uma alternativa de produção sustentável e atende àsnormativas citadas. Neste sistema os suínos são criados sobre um pisorígido, forrado com maravalha, serragem, palha seca, casca de arroz,sabugo de milho triturado, entre outros. Este piso pode ser construído deconcreto, solo cimento, pedras e cimento, ou outros materiaisimpermeáveis, que não permitam o escorrimento dos dejetos dos animaispara o solo ou cursos d'água, tampouco permita infiltração dos resíduoslíquidos, podendo ser em nível abaixo da superfície do terreno, para maioreficiência. A intenção é que ao mesmo tempo em que os animais estejamsobre a cama, ocorra uma compostagem [7] (Imagem 5).Imagem 5. Cama sobreposta, creche.Fonte: Ergomix (2017) Vantagens1. Menores custos fixos de investimento e de manejo:

deve-se dar preferência ao reaproveitamento de materiaisexistentes na propriedade, inclusive o bambu.

não há a necessidade de investimentos em pisos de plástico,responsáveis por boa parte dos custos das instalações de crechesconvencionais, as baias podem ser maiores, reduzindo-se o número de divisóriasnas instalações. 2. Maior versatilidade das edificações destinadas à criação desuínos, no mesmo ambiente é possível a criação de outras espéciesanimais com poucas mudanças na estrutura das instalações,3. Maior conforto e bem estar animal, o que melhora odesempenho produtivo do rebanho (Imagem 6),4. Menor impacto ambiental da atividade e atendimento àLegislação Ambiental vigente:

Manejo dos dejetos na forma sólida, por meio do processo decompostagem, com menor geração de gases responsáveispela poluição atmosférica; Redução dos odores desagradáveis; Distribuição dos dejetos na forma sólida, reduzindo-se os riscosde contaminação dos corpos d'água em áreas onde os dejetossão aplicados como fertilizante orgânico.5. Maior aproveitamento agrícola dos dejetos, devido a maiorconcentração de nutrientes no composto obtido,6. Mesmo desempenho zootécnico que o alcançado no sistemaconvencional, com a adoção de manejo adequado dos animais e dacama, 7. Aproveitamento de diferentes resíduos como cama,8. Menor tempo de mão-de-obra na limpeza das instalações e nomanejo dos dejetos, 9. Indicações de menor uso de antibióticos (informações dosprodutores). 10. Menor uso de desinfetantes.

Imagem 6. Cama sobreposta, cria.Fonte: Soldado Felipe Silva/FAYS (2013)Observações NecessáriasEsta cartilha sugere que se utilize como exemplo para cálculo deárea por animal, a legislação orgânica. Esta prevê o espaçamento internode galpão e externo de acordo com o peso dos animais (Tabelas 1 e 2).Sabe-se, e isto também foi uma das constatações da equipe doPPCPO/CPRA, que na pequena propriedade os agricultores costumamter, para consumo próprio, um ou dois suínos, que permanecem namesma instalação desde o desmame até o abate. Neste caso, sugere-seque se utilize uma área de pelo menos 2,5 m²/animal na área interna degalpão em regiões frias e 3 m²/animal, em regiões quentes [8].

Tabela 1. Área de galpão necessária de acordo com o peso do animal.Área de galpãoPESO (kg) ÁREA (m²/animal)Desmame - até 30 0,6Até 50 0,8Até 85 1,1Até 110 1,3Tabela 2. Área externa necessária de acordo com o peso do animal.Área externaPESO (kg) ÁREA (m²/animal)Até 25 2,5De 26 até 50 5De 51 até 85 7,5De 86 até 110 10 Neste sistema existe uma maior necessidade de ventilação nasinstalações para a retirada do vapor d'água produzido no processo decompostagem. Por isto, o pé direito da instalação não deve ser menor que2,8 m se for para um ou dois animais e no mínimo 3 m se o número deanimais for maior [8]. Para não elevar a temperatura da cama, não érecomendado revolvê-la, principalmente no verão. Esta prática aumenta aentrada de ar na cama, proporcionando melhores condições para acompostagem, porém, aumenta sua temperatura, o que pode causardesconforto aos animais. Sugere-se revolvê-la, se necessário na trocaentre lotes ou no inverno [7]. Existe a necessidade de coleta de resíduos para a utilização comocama.

A quantidade de material para a formação da cama deve sersuficiente para preencher a altura de no mínimo 0,50m, a fim dese obter condições adequadas ao desenvolvimento do processode compostagem. O resíduo deve ser de boa qualidade, (livre de materiais tóxicos eestocado em locais adequados, livres de contaminação) [9].

1. RÁDIO DAS ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS. 2017. Disponívelem:http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2017/06/populacao-mundial-atingiu-76-bilhoes-de-habitantes/#.Wcu1QbKGPIU. Acesso em: 30 set. 2017.2. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. 2017. Disponívelem:https://www.embrapa.br/suinos-e-aves/cias/estatisticas/suinos/mundo . Acessoem: 30 set. 2017.3. COSTA, R. H. R.; BAVARESCO, A. S. L.; MEDRI, W.; PHILIPPI, L. S. Tertiarytreatment of piggery waste in water hyacinth ponds. Water Science andTechnology, London, v.42, n.10- 11, p.211-214, 2000.4. DALLA COSTA, O. A. OLIVEIRA, P. A V. de. HOLDEFER, C. LOPES, E. J. C.SANGOI, V. Sistema Alternativo de Criação de Suínos em Cama Sobrepostapara Agricultura Familiar. Comunicado Técnico 146. Embrapa, 2006.5. AGÊNCIA ESTADUAL DE NOTÍCIAS DO ESTADO DO PARANÁ. 2014.Disponível em: http://www.adapar.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=167. Acesso em: 01 out. 2017.6. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. InstruçãoNormativa nº 46, de 6 de outubro de 2011. Brasília, 2011.7. DALLA COSTA, O. A. OLIVEIRA, P. A V. de. HOLDEFER, C. LOPES, E. J. C.SANGOI, V. Sistema Alternativo de Criação de Suínos em Cama Sobrepostapara Agricultura Familiar. Comunicado Técnico 419. ISSN 0100-8862Março/2006 Concórdia-SC.8. OLIVEIRA, P. A. V. de. Produção de Suínos na Fase de Gestação emSistemas de Cama Sobreposta. PNMA II PROJETO SUINOCULTURA SANTACATARINA Convênio N° 2002CV/000002. Embrapa, 2003.9. OLIVEIRA, P. A. V. de. Edificacão para produção de suínos em camasobreposta na fase de creche. PNMA II projeto suinocultura Santa Catarina.Convênio N° 2002CV/000002. Embrapa, 2002.