GOVERNO DO PARANÁ - Operação de migração para … · Esse tipo de atividade tem por ... e da...

23

Transcript of GOVERNO DO PARANÁ - Operação de migração para … · Esse tipo de atividade tem por ... e da...

GOVERNO DO PARANÁSECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃOPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – CAMPUS FAFIPAR

VALDENILSE DO NASCIMENTO MARTINS

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

O APRENDIZADO ATRAVÉS DA LEITURA

A COMPREENSÃO DA LEITURA DE FÁBULAS

PARANAGUÁ

2012

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO UNESPAR – CAMPUS FAFIPARPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Área: Língua Portuguesa

NOME DO PROFESSOR PDE: Valdenilse do Nascimento Martins

NOME DO ORIENTADOR: Profa.Dra. Cátia Toledo Mendonça

SÉRIE: 6° ano do Ensino Fundamental

DURAÇÃO: 03 meses (04 aulas semanais: duas para cada turma); fevereiro, março, abril / 2013.

Paranaguá 2012

Ficha para Identificação da Produção Didático-pedagógica

Título: A Compreensão da leitura de fábulas

Autor: Valdenilse do Nascimento Martins

Disciplina/Área (ingresso no PDE): Língua Portuguesa

Escola de Implementação do Projeto e sua localização: Colégio Estadual Cidália Rebello Gomes – E.F.M. Ilha dos Valadares - Paranaguá/PR

Município da escola : Paranaguá

Núcleo Regional de Educação: Paranaguá

Professor Orientador: Profa.Dra. Cátia Toledo Mendonça

Instituição de Ensino Superior: FAFIPAR

Resumo: Considerando que alguns alunos advindos do 5° ano para iniciar as séries finais do Ensino Fundamental têm apresentado dificuldade na escrita e na leitura, surgiu a ideia de trabalhar com o gênero literário fábula, por ser uma leitura de fácil compreensão dos alunos. Trata-se de uma leitura que oferece ao aluno um modelo de raciocínio, que reduz uma situação a uma clara relação de fundamento da vida, cujos níveis de resultados são alcançados a partir das ações/reações dos animais, os quais falam e transacionam como seres humanos. A metodologia a ser empregada consistirá em apresentar o texto, falar qual era a intenção de se escrever fábulas em épocas remotas da história, contar a história da criação da fábula, dizer a intenção do autor e confrontar as ideias com o mundo contemporâneo.

Para cada aula ou fábula há um contexto que deve ser direcionado pelo educador levando à reflexão. O professor deve estar sempre direcionando a leitura e, principalmente, não dar as respostas, mas fazendo o aluno questionar, refletir, interpretar e, finalmente, produzir seu próprio texto.

Palavras-chave: leitura, fábula, compreensão

Formato do Material Didático: Sequência Básica do letramento literário (fábula)

Público Alvo: Alunos do 6º ano do Ensino Fundamental

Apresentação

O trabalho com sequência didática é um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito, permitindo a elaboração de contexto de produção de forma precisa, por meio de atividades e exercícios múltiplos e variados. Esse tipo de atividade tem por finalidade oferecer aos alunos práticas de linguagens e instrumentos que desenvolvam suas capacidades de expressão oral e escrita em diversas situações de comunicação (DOLZ, 2004 ).

Como a proposta aqui apresentada contemplará alunos de sexto ano do ensino fundamental, para essa sequência foi selecionado o gênero fábulas por se tratar de uma tipologia ainda presente na vida das crianças e por se pressupor que o contato delas com esse gênero seja ainda bem próximo.

Preparou-se, então, uma sequência de atividades planejadas a partir da estratégia presente no livro Letramento literário: teoria e prática, de Rildo Cosson (2006). A estratégia de Cosson compõe-se de duas sequências: a básica e a expandida. A primeira volta-se ao ensino fundamental, e a segunda, ao médio. Ambas são baseadas em três perspectivas: a da técnica da oficina, devido à sua ludicidade e caráter de aprender fazendo; a da técnica do andaime, que seria uma metáfora sobre a ideia da troca de conhecimentos entre docente e aluno; e por último, a de técnica do portfolio, já que essa prática permite o registro e o encadeamento das atividades.

Apenas a sequência básica será enfocada na exposição da metodologia, por se tratar de turmas de 6º ano do Ensino Fundamental.

Tendo em vista a possibilidade que a sequência básica abre para um enfoqueintertextual, ela será aplicada a partir do texto “A cigarra e a formiga”e suas variadas revisitações, com destaque especial para os livros “Fábulas”, de Lobato, o primeiro a revitalizar o discurso moralista comumente presente nesse gênero e “Formigarra Cigamiga” de Glória Kirinus, além de outras fábulas e suas variadas versões. A abordagem aprimora o olhar crítico do aluno, ao ler textos considerados clássicos, em contraponto com as releituras que os autores modernos fazem desses temas, inclusive com o uso de gêneros variados e de ilustrações.

A escolha do gênero fábulas deu-se porque este geralmente faz parte do repertório de leitura deles, o que deverá estimular mais a participação e a curiosidade pelos textos levados para a sala de aula. As etapas e a aplicação ficarão definidas da maneira especificada a seguir.

1ª ETAPA - MOTIVAÇÃO: PREPARAR O ALUNOPARA A LEITURA DO TEXTO

Para a primeira etapa, optar-se-á pela motivação por meio do tema. Será selecionada uma ilustração da fábula “A cigarra e a formiga”, do artista francês Gustave Doré, retirada da internet. Os alunos receberão a reprodução da obra, sendo avisados de que se trata de ilustração sobre um texto muito conhecido e que deverão atentar para os objetos da cena, fazendo a ligação com a história original. Depois serão informados sobre o texto que representa e questionados sobre o porquê de aparecerem pessoas e não bichos Aproveitar-se-á o momento para se retomar os elementos que constituem a fábula e relembrar, em especial, a da cigarra e da formiga, e os primeiros que a escreveram: Esopo e La Fontaine. Em seguida

assistirão a um vídeo retirado da internet, sobre a mesma fábula. Outras fábulas serão lidas; para aproveitar e detectar a opinião dos alunos em relação à moral abordada.

2ª ETAPA - INTRODUÇÃO: APRESENTAÇÃO DOS AUTORES E DAS FÁBULAS

- informações básicas sobre os autores, ligadas aos textos a serem lidos;- apresentação das fábulas e sua importância, justificando a escolha;- optar ou não por antecipar parte do enredo (estratégia para despertar a curiosidade do leitor);- apresentação física das fábulas e exploração dos elementos paratextuais;- levantamento de hipóteses sobre a leitura feita.

Serão relembradas e discutidas as versões dos dois antigos fabulistas, bem como as de Monteiro Lobato e outras adaptações.

O ensejo será aproveitado para discutir sobre o valor inquestionável de textos como as fábulas, que mesmo após alguns séculos permanecem no tempo. Os alunos devem entender que apesar das modernizações, a essência das histórias e as personagens continuam atuais. Compreender que as fabulas são pequenas narrativas em que animais são os personagens protagonistas e que nessas histórias o comportamento humano é criticado através de atitudes de animais: que poderiam ser bons, maus, inteligentes, não muito espertos, vingativos, inocentes, gulosos, ardilosos, entre outros. Geralmente esses animais são representados por raposas, pavões, lobos, ovelha, formigas, cegonha, cigarra. Sendo que cada um deles representa/apresenta características tipicamente humanas. Por exemplo: o leão representa força e poder, cordeiro representa a ingenuidade, a raposa simboliza a esperteza, a formiga, previdência e trabalho...

3ª ETAPA - LEITURA: ACOMPANHAMENTO DA LEITURA- leitura de texto curto (em sala de aula) ou leitura de texto extenso (extraclasse);- acompanhamento sem policiamento, a fim de auxiliar os alunos em suas dificuldades;- aplicação de intervalos (no máximo três) para apresentação dos resultados das leituras dos alunos;- caracterização dos intervalos: leitura de textos menores que tenham ligação com texto maior; - atividades do intervalo: período destinado a perceber dificuldades de leitura (vocabulário, estrutura composicional, interação com o texto, ritmo de leitura).

Após a apresentação e a conversa, serão entregues fotocópias do texto “A cigarra e as formigas”, de Lobato, para que a leitura seja feita individualmente. Em seguida, questionar-se-á sobre os vocábulos desconhecidos, estimulando-os a compreendê-los pelo contexto. Alertá-los quanto ao fato de se tratar de duas histórias: a da “Formiga Boa” e a da “Formiga Má”, levando-os a discutir e/ou questionar sobre a moral apresentada.

Os alunos serão convidados a ler a poesia “Sem barra”, José Paulo Paes, “A formiguinha e a cigarra” (nova versão) retirada da internet, de autoria desconhecida, uma história em quadrinhos com a turma do Menino Maluquinho, de Ziraldo, além da leitura da obra da escritora Glória Kirinus “Formigarra Cigamiga”. Tais textos possibilitarão um amplo debate, por exemplo, em relação à circulação de textos na internet sem identificação de autoria, à mudança realizada por Ziraldo na conhecida

fábula através do jeito “maluco” do Maluquinho, oportunizando, dessa forma, muitas outras reflexões, permitindo a apreciação da beleza da poesia, além da visão apresentada pela Glória Kirinus, em seu livro.

Todas essas leituras contribuirão para que os alunos percebam como um único tema pode ser desenvolvido de diversas maneiras, demonstrando, desta forma, pontos de vista diferenciados e enriquecendo o trabalho com a linguagem.

4ª ETAPA - INTERPRETAÇÃO: CONSTRUÇÃO DO SENTIDO DO TEXTO

- construir o sentido do texto, por meio de inferências: partir do entretecimento dos enunciados;- interpretação interior: leitura das palavras, parágrafos, moral, até chegar à apreensão global da fábula;- interpretação exterior: concretização da interpretação como ato de construção de sentido;- compartilhamento das interpretações dos alunos: reflexão e externalização das interpretações;

− registro das interpretações: com produções através de desenho, resenha, leituras dramatizadas, colagens, maquetes, produção literária, que revelem o entendimento do aluno em relação aos textos lidos.

TEXTO 1 A cigarra e a formiga (ESOPO)

No inverno, as formigas estavam fazendo secar o grão molhado, quando uma cigarra, faminta, lhes pediu algo para comer. As formigas lhe disseram: “Por que, no verão, não reservaste também o teu alimento?”. A cigarra respondeu: “Não tinha tempo, pois cantava melodiosamente”. E as formigas, rindo, disseram: “Pois bem, se cantavas no verão, dança agora no inverno”.

A fábula mostra que não se deve negligenciar em nenhum trabalho, para evitar tristezas e perigos.

Esopo era um escravo que viveu na Grécia por volta do ano 600 a.C. Tornou-se famoso pelas suas pequenas histórias de animais dotados do dom da palavra. “A lebre e a tartaruga” , “A raposa e as uvas” , são das mais conhecidas. Cada uma delas com um sentido, um ensinamento que mostram como proceder com inteligência.

TEXTO 2 A cigarra e a formiga (versão de LA FONTAINE)

Depois de haver cantado durante todo o verão, quando se aproximava o inverno a cigarra se encontrou em extrema penúria, por falta de provisões. Como nada lhe restasse, nem um pequeno verme ou algum resto de mosca, e estando faminta, foi à procura da amiga, sua vizinha. Pediu-lhe que lhe emprestasse alguns grãos, a fim de manter-se até que voltasse o estio. __Eu lhe prometo, minha amiga __ disse a cigarra__ sob palavra, a pagar-lhe tudo, com juros, antes do mês de agosto. A formiga, que nunca empresta nada a ninguém e, por isso, consegue amealhar, perguntou à suplicante: __Que fazias durante o verão? __Passava cantando os dias e as noites __ respondeu a cigarra. __Pois muito bem __ concluiu a formiga. Cantava? Pois dance agora! LA FONTAINE, Jean de. Fábulas de La Fontaine. Rio de Janeiro: Matos Peixoto, 1965.

Jean de La Fontaine (1621 – 1695) De origem francesa, publicou sua primeira

coletânea de fábulas em 1668, sucedidas de mais 11, lançadas até 1694. No prefácio dessa coletânea, deixa bem claro suas intenções: “Sirvo-me de animais para instruir os homens”. Utilizava as fábulas para denunciar as misérias e as injustiças da sociedade em que vivia. O autor não só tornou mais atuais as fábulas de Esopo, como também criou suas próprias.

TEXTO 3 A cigarra e a formiga (versão adaptada por Ruth Rocha)

A cigarra passou todo o verão cantando, enquanto a formiga juntava grãos. Quando chegou o inverno, a cigarra veio à casa da formiga para pedir que lhe desse o que comer. A formiga então perguntou a ela: __E o que é que você fez durante todo o verão? __Durante o verão eu cantei __ disse a cigarra. E a formiga respondeu: __Muito bem, pois agora dance!

ROCHA, Ruth (Adap.). Fábulas de Esopo. São Paulo: Melhoramentos, 1986.

1) Comparando os três textos lidos, marque X na(s) alternativa(s) abaixo que melhor os definam:a) ( ) Tratam do mesmo conteúdo, ou seja, a história narrada é a mesma; b) ( ) Há mudanças com relação à atitude das personagens; c) ( ) A forma de organização de cada texto é diferente, embora tenham o mesmo tema.

2) Qual a intenção das três versões lidas? Assinale:a) ( ) Fazer com que as pessoas achassem um desperdício cantar e dançar; b) ( ) Levar as pessoas a se preocuparem com o trabalho, o sustento próprio, para não se verem em apuros mais tarde; c) ( ) Promover a solidariedade entre os animais.

3) Observamos que as diferenças apontadas nas três versões se referem basicamente quanto à extensão do texto e quanto à escolha das palavras empregadas. Tomando apenas esses dois aspectos, o que podemos perceber na adaptação de Ruth Rocha? Assinale as alternativas corretas:

a) ( ) O texto quis deturpar o conteúdo original da fábula, transformando a cigarra em uma vítima.b) ( ) O objetivo principal foi facilitar a leitura do texto.c) ( )Essa versão procurou enriquecer o texto original oferecendo-lhe mais detalhes.d) ( ) Mesmo optando por uma forma mais simples e sintética, foi mantido o sentido original da fábula.

4) Em qual versão a linguagem empregada se distancia mais do jeito de falar atual? Dê exemplos de palavras e descubra um sinônimo para elas.

5) Segundo o texto de La Fontaine, a formiga consegue ter provisões para o inverno por dois motivos. Quais são eles?6) Qual sua opinião a respeito da atitude da formiga?

O poeta José Paulo Paes também escreveu uma versão para a fábula “A cigarra e a formiga”. Veja como ficou.

Texto 4 SEM BARRA (versão poética de José Paulo Paes)

Enquanto a formiga Carrega a comida Para o formigueiro, A cigarra canta, Canta o dia inteiro.

A formiga é só trabalho. A cigarra é só cantiga.

Mas sem a cantiga Da cigarra Que distrai da fadiga, Seria uma barra O trabalho da formiga!

PAES, José Paulo. Poemas para brincar. São Paulo: Ática, 1989.

1) O autor reescreveu a fábula a seu modo, criando o seu jeito de contar. Que tipo de texto ele produziu? Que características observadas no texto, justificam sua resposta. 2) O que se pode entender sobre a história da cigarra e da formiga, na versão de José Paulo Paes é que :a)( )a cigarra é muito preguiçosa e não ajuda em nada a formiga.b)( )A formiga é tão preguiçosa quanto a cigarra.c)( )a cigarra cantando ajuda no trabalho da formiga, pois a distrai com sua música.d)( )a cigarra só atrapalha a formiga.

4) No poema de José Paulo Paes, o canto da cigarra completa o trabalho da formiga; nas versões tradicionais lidas antes, o canto da cigarra é oposto ao trabalho da formiga. Assinale a resposta correta: A - A partir da comparação, podemos concluir que na versão do poeta: a) ( ) O trabalho do artista é menos importante que os demais trabalhos; b) ( ) O trabalho do artista é tão importante quanto qualquer outro trabalho.

B - Nas versões tradicionais: a) ( ) O trabalho do artista também é importante; b) ( ) Só o trabalho que produz bens materiais é importante.

5)No poema, a palavra que rima com formigueiro é:( )comida.( )inteiro.( )fadiga.( )trabalho.Pudemos constatar que as fábulas contadas por Esopo e por La Fontaine são

bem mais antigas do que as reescritas por Ruth Rocha e por José Paulo Paes.

Tanto Esopo quanto La Fontaine usavam suas fábulas como ensinamentos para as pessoas de seu tempo. Utilizando-se de animais como personagens, buscavam representar atitudes humanas e, assim, tentar aconselhar e até mesmo convencer do que se deveria ou poderia fazer. Esses ensinamentos, chamados de MORAL DA HISTÓRIA, tinham, portanto a intenção de apresentar os valores de uma época, ou seja, aquilo que as pessoas acreditavam ser o melhor modo de agir para viver em sociedade. Porém, conforme o tempo passa, a sociedade muda e surgem novas formas de pensar, novos valores nos quais acreditar. Não diríamos nem melhores, nem piores, simplesmente diferentes.

Assim vimos a versão em poema de José Paulo Paes e conheceremos agora outras versões da fábula “A cigarra e a formiga”, de autoria de Monteiro Lobato, fabulista brasileiro, que além de recontar as fábulas de Esopo e La Fontaine, criou as suas próprias com a turma do Sítio, como mostra o seu livro “Fábulas”. O escritor brasileiro usou fábulas para criticar e denunciar as injustiças, tiranias, mostrando às crianças a vida como ela é. Em suas fábulas, alerta que o melhor é ser esperto (inteligente) porque o forte sempre vence e que o único meio de derrotar a força é a astúcia.

TEXTO 5 A cigarra e a formiga (A formiga boa)

Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.

Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas, Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.

A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.

Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu – tique, tique, tique...

Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.- Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a

tossir.- Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...

A formiga olhou-a de alto a baixo.− E que fez durante o bom tempo que não construiu a sua casa?

A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse.− Eu cantava, bem sabe.− Ah!... exclamou a formiga recordando-se. Era você então que cantava

nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?− Isso mesmo, era eu...− Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua

cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.

Os artistas – poetas, pintores, músicos – são as cigarras da humanidade.

Do livro Fábulas, Monteiro Lobato, 1994.

Texto 6 A formiga má

Já houve, entretanto, uma formiga má que não soube compreender a cigarra e com dureza a repeliu de sua porta.

Foi isso na Europa, em pleno inverno, quando a neve recobria o mundo com seu cruel manto de gelo. A cigarra, como de costume, havia cantado sem parar o estio inteiro e o inverno veio encontrá-la desprovida de tudo, sem casa onde abrigar-se nem folhinha que comesse. Desesperada, bateu à porta da formiga e implorou emprestado, notem! - uns miseráveis restos de comida. Pagaria com juros altos aquela comida de empréstimo, logo que o tempo o permitisse.

Mas a formiga era uma usurária sem entranhas. Além disso, invejosa. Como não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la querida de todos os seres.

- Que fazia você durante o bom tempo?- Eu... eu cantava!...- Cantava? Pois dance agora, vagabunda! - e fechou-lhe a porta no nariz. Resultado: a cigarra ali morreu estanguidinha; e quando voltou a primavera o

mundo apresentava um aspecto mais triste. É que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra, morta por causa da avareza da formiga. Mas se a usurária morresse, quem daria pela falta dela?

Os artistas – poetas, pintores, músicos – são as cigarras da humanidade.

Monteiro Lobato

1 - Após analisar o texto “A formiga boa” , escreva F quando a afirmativa referir-se à formiga e C quando referir-se à cigarra:( ) Vive a chiar ao pé de um formigueiro.( ) Abasteceu suas tulhas.( ) Não constrói a sua casa.( ) Acolhe a amiga até o mau tempo passar.( ) Não abasteceu as tulhas para os dias chuvosos.( ) Sensível e solidária.( ) Sai em busca de abrigo.( ) Sabe valorizar o chiar da cigarra.

2 - Analisando o texto 6: “A formiga má” , conclui-se que a formiga foi:

( ) má e egoísta; ( ) compreensiva e solidária;( ) recalcada e intolerante;( ) amiga e prestativa.

3 – Pense e responda, relacionando, agora, as ideias do texto com seu conhecimento de mundo:a) Com quem você relacionaria a formiga hoje:

- no texto 5 ?- no texto 6 ?

b) E a cigarra?

c) Você acha importante o trabalho da formiga?

d) Você considera o canto da cigarra como uma forma de trabalho? Por quê?

e) Como você explica a moral da história de cada texto?

f) Você concorda com as formigas ao negar ajuda à cigarra? Por quê?

g) Na época em que foi escrita a primeira versão de “A cigarra e a formiga”, o trabalho artístico não era visto como profissão, e sim, como sinônimo de “vagabundagem”, ou seja, ficar à toa. Você considera que hoje as pessoas mudaram sua opinião? Comente.

h) Que profissão você considera mais desvalorizada hoje ? Por quê?

i) Das profissões que você conhece, qual é a mais valorizada pela sociedade? Justifique sua resposta.

4) Use as seguintes cores para destacar os discursos presentes nos textos:(Sendo que o primeiro texto, a professora fará juntamente com os alunos, questionando de quem é aquela fala para juntos encontrarem a cor e pintar. O próximo texto farão sozinhos).- Narrador: cor vermelha- Falas da cigarra: cor verde- Falas da formiga: cor amarela

5) Organizados em grupo de três, farão a leitura dramatizada, sendo um o narrador, outro a cigarra e outro a formiga.

Para finalizar as leituras da fábula “A cigarra e a formiga” , em suas variadas versões, a professora fará a leitura do livro ”Formigarra Cigamiga” , de Glória Kirinus. Em seguida, discutir-se-á o porquê do título do livro e o que se pode concluir dele. Também será solicitado que os alunos reproduzam e/ou ilustrem a obra lida.

Sendo a fábula um gênero discursivo com valor literário para os alunos, com elementos de comédia e drama, em que os atores são na maioria animais, que se comportam como seres humanos e representam hábitos e vícios de sua classe, por meio dela, os alunos poderão reconhecer ensinamentos e lições de moral, refletindo sobre vícios e virtudes humanas. Dessa forma, será solicitado que cada aluno faça a pesquisa de uma fábula, provérbio e qualidades que são atribuídas aos animais (simbologia). Esclarecer que os dados coletados por eles serão utilizados na próxima aula.

Promover a leitura silenciosa e oral da fábula “A lebre e a tartaruga” junto com os alunos, ajudando-os a perceber as características que compõe este gênero:

personagens (animais com comportamentos, qualidades e características, as quais são frequentemente comparadas às dos homens); vício ou defeito de caráter e virtude que a fábula aborda; local (espaço) da história, moral e mensagem que ela traz;

Exercícios 1 e 2 seriam resultados da pesquisa sobre a simbologia dos animais e provérbios para confecção de painel.

Como se pode perceber, após pesquisa realizada, cada bicho tem um jeito de ser, possui comportamentos e “humores” distintos um do outro. O professor organizará, junto com os alunos, uma lista de animais, caracterizando-os de acordo com a natureza própria de cada um. Depois, cada aluno escolherá os bichos que farão parte de uma história, cuidando para representá-los de acordo com suas características, ou invertendo-as para obter um efeito de humor. A moral deve ser acrescentada ao final. O professor organizará a produção dos alunos em um livro.OBSERVAÇÃO: Com isso, os alunos estarão compreendendo que a fábula só “funciona” a partir de uma imagem plana e estereotipada do comportamento das personagens.

Lista de alguns animais e o que representam:

1- Águia: força, argúcia, inteligência 2- Boi: retidão, paciência, laboriosidade 3- Burro: estupidez, ingenuidade 4- Cão: fidelidade, proteção, amizade 5- Cavalo: inteligência, fidelidade 6- Cobra: periculosidade, maldade, solércia 7- Cordeiro: ingenuidade, inocência 8- Formiga: operosidade, trabalhadora, organização 9- Galo: vigilância 10- Gato: agilidade 11- Leão: força, majestade, prepotência 12- Lebre: rapidez . autoconfiança13- Lobo: maldade, prepotência, ferocidade, traição. 14- Macaco: caretice, agilidade 15- Ovelha: bondade, paciência 16- Pavão: vaidade, empatia 17- Raposa: astúcia, esperteza, inteligência 18- Tartaruga: persistência , humildade

2 – Coleta dos provérbios pesquisados e o que se pode depreender deles.

“A linha moral, colocada no final da fábula, geralmente reproduz um provérbio ou um ditado popular. Através destas frases, a fábula revela sua filiação à tradição oral, principalmente por conservar um aspecto marcante dessa cultura, que é o anonimato. Os provérbios, como quaisquer outras criações da cultura orais, só são assim tão facilmente repetidas e eternizadas porque apresenta uma construção

verbal totalmente favorável à memorização. Sua estrutura se assemelha a uma poesia mínima, capaz de se fixar na memória e nela ficar ecoando como uma canção que ouvimos e, mesmo sem saber cantá-la direito, não conseguimos tirar da cabeça. O provérbio, embora seja expressão corrente na linguagem popular, é uma forma literária que encerra uma experiência. Se o aspecto literário procede do arranjo verbal, sonoro e figurado, o conteúdo moral é fruto de uma vivência particular. Este é um aspecto fundamental da cultura popular”.

3 - Que experiência ou mensagem pode-se encontrar nestes provérbios? (Espera-se que o aluno interprete o provérbio dado)

a) A cavalo dado não se olham os dentes.

Não devemos ser exigentes com os presentes que recebemos.

b) A fome é o melhor tempero.

Quando se tem fome, qualquer comida parece saborosa.

c) Amor com amor se paga.

Um ato amoroso deve ser retribuído da mesma forma.

d) Antes prevenir do que remediar.

É melhor evitar o mal do que sofrer suas consequências.

e) Antes só do que mal acompanhado.

É melhor estar sozinho do que em companhia de uma pessoa indesejada.

f) Antes tarde do que nunca.

É melhor realizar algo tardiamente do que deixar de realizar.

g) Após a tempestade vem a bonança.

Após momentos difíceis vem a tranquilidade.

h) As paredes têm ouvidos.

Em assuntos secretos devemos duvidar de tudo e de todos.

i) Cada um por si e Deus por todos.

Cada um deve fazer a sua parte, enquanto Deus cuida de todos.

j) Cão que ladra não morde.

Quem faz muitas ameaças costuma não cumpri-las.

k) Quem não tem cão caça com gato.

Cada um deve usar o recurso de que dispõe.

l) Nunca diga: desta água não beberei.

As circunstâncias podem nos levar a fazer coisas que antes condenávamos.

m) Nem tudo que reluz é ouro.

Não devemos julgar as coisas apenas pela aparência.

n) O sol nasce para todos.

Em princípio, todos possuem as mesmas oportunidades.

Atividades com a fábula: A lebre e a tartaruga

Certo dia uma lebre topou com uma tartaruga e, ao ver como ela andavadevagar, caiu na risada e fez muita troça.

― Como você é lenta e desajeitada ― disse a lebre. ― É tão desengonçada,andando com essa sua concha pesada, que até admira que consiga chegar a algumlugar. A tartaruga deteve-se na estrada poeirenta, levantou a cabeça, virou-se para a lebre e sorriu.

― Então vamos apostar uma corrida ― disse ela.― Na hora que você escolher. Aposto dez moedas por dez quilômetros.

A lebre se pôs a dar pulos toda animada.― O quê! Dez moedas? Podemos começar agora mesmo? Só dez

quilômetros? E sem esperar pela resposta da tartaruga, disparou pela estrada.A tartaruga saiu atrás, com toda a lentidão. Sem olhar para trás nem pra os lados, foi seguindo a passo firme e regular pela estrada. Num instante, a grande velocidade da lebre deu-lhe uma grande dianteira, e ela, rindo consigo, virou-se para ver a que distância se encontrava a tartaruga. Não conseguiu avistá-la, e, como estava um pouco cansada e achou que um descanso seria muito agradável, acomodou-se ao lado de uma placa da estrada, para tirar uma soneca.

― Vou dormir um pouco ― disse ela. ― Tenho muito tempo, e se a minha vagarosa amiga passar por aqui enquanto eu estiver dormindo, eu acordo, alcanço-a, e ainda assim venço a corrida com facilidade.

A tartaruga, enquanto isso, ia avançando, e depois de muito, mas muito tempo,chegou à placa da estrada, embaixo da qual a lebre roncava sonoramente. A tartaruga não parou. Sem hesitar, foi em frente, levando às costas o seu grande

casco, rumo ao distante marco de chegada.A lebre, muito confiante na própria vitória, dormiu um sono solto ao sol.

Quando finalmente acordou, já era quase noite: ela tinha dormido demais! Piscou, pôs-se de pé com um pulo, olhou de um lado e de outro e saiu em disparada. Embora corresse mais rápido do que o vento, não conseguiu alcançar a tartaruga. Quando atingiu o marco de chegada, a tartaruga já estava lá, sorrindo calmamente consigo mesma.

Devagar se vai ao longe.

Mathias, R. Fábulas de Esopo.São Paulo: Círculo do livro, 1983

1.Na sua opinião, por que a lebre aceitou o desafio da tartaruga?

2- Você é capaz de identificar pelo comportamento qual o tipo de personalidade de cada um dos personagens da trama? 3- O que aconteceu depois que os dois competidores partiram do ponto inicial?

4 -Você consegue relatar alguma situação da vida real que se assemelhe ao exemplo da fábula? 5-Você seria capaz de descrever, com suas palavras, o significado da Moral da Fábula? (Não se deve subestimar a capacidade dos outros. Não se deve ser orgulhoso. A persistência ultrapassa os dons naturais quando estes são negligenciados. )…

Questões de Interpretação e Compreensão:

1) Quem conta a história? Assinale a resposta correta:

( ) A tartaruga ( ) A lebre ( ) O narrador

Justifique a sua resposta:

2) Por que a lebre estava certa que iria ganhar a corrida?

3) O que fez a lebre perder a corrida?

4) Qual foi a primeira atitude da lebre após o desafio feito pela tartaruga?

5) Por que a tartaruga venceu a competição, mesmo sendo tão lenta?

6) O que você pensa sobre quem tem atitudes como a da lebre?

Fábula: A lebre e o leão.

A lebre resolveu convocar uma assembleia para discutir sobre o poder do leão. Será que ele ainda era o rei da floresta? Ele precisaria provar isto. Veremos o que aconteceu.

Quem tem razão? A lebre ou o leão?

Naquela floresta calma e tranquila alguma coisa diferente estava acontecendo. Ouvia-se o som de vozes numa conversa animada como se fosse uma boa discussão.

_ Eu não concordo com o título de que o leão é o rei dos animais _ reclamava a lebre muito nervosa. Isso me deixa muito contrariada porque, afinal ele já leva a fama há tanto tempo e nunca mais alguém propôs uma discussão sobre o assunto. Que tal convocarmos uma assembleia? - Seria uma ótima oportunidade de encontrarmos os colegas e discutirmos o assunto.

_ Mas... assembleia? _ disse o macaco. _ Eu nem sei o que é isso._ É uma reunião onde todos os participantes falam e expressam suas ideias

de uma maneira organizada e bem educada, isto é, sem ofensas e brigas, _ explicou a lebre.

_ Tudo bem _ concordaram os demais _ mas, quando?_ Talvez depois de amanhã, para que haja tempo de avisarmos todos os

animais, _ concluiu a lebre._ Ok, está combinado: sábado, embaixo da mangueira e neste mesmo

horário, ao nascer do sol, _ responderam os elefantes._ Até lá meus amigos! _ continuou a lebre, agora mais satisfeita.O burburinho era geral, pois embora o macaco, o tatu, a cotia, a zebra e o

papagaio e muitos outros animais tivessem gostado da ideia, eles ainda não sabiam muito bem o que iria acontecer. Mesmo assim os convites prosseguiram. Era tatu avisando minhoca e papagaio na casa da arara, todos ajudando a lebre a organizar a tal assembleia. E a cada convite surgia novamente a dúvida. Mas o que será que vamos discutir? Eles não conseguiam saber o que a lebre iria dizer ao leão.

Bem, chegando o dia e a hora todos estavam curiosos e agitados.Para dar início à reunião a lebre, como é pequenininha, pediu ajuda à girafa

para poder explicar sua proposta lá do alto._ Eu, lebre da floresta, tenho uma proposta para vocês. Gostaria de discutir o

título dado ao leão como “Rei dos Animais”. Este título já foi dado a ele há muito tempo atrás e precisamos voltar a discuti-lo, afinal, os tempos mudaram. Vocês concordam com a minha ideia ?

Os animais se olharam e mesmo meio apavorados demonstraram concordar balançando afirmativamente as cabeças.

Assim que os animais se manifestaram, o leão soltou um rugido daqueles tão fortes que mais da metade da bicharada saiu correndo de medo. Os outros animais ficaram olhando surpresos para a lebre, esperando o que ela iria dizer. Ela não teve dúvidas.

_ Sr. Leão, o senhor acha mesmo que com esse rugido vai assustar todo mundo e continuar a ser o rei? Pois então vamos lá!

Chamou de volta todos os animais que tinham fugido e garantiu a eles que ficassem sossegados, pois a conversa estava apenas começando.

_ Já que o senhor tem uma voz tão forte, por que não promovemos um concurso de canto? Quem se candidata? _ continuou a lebre.

Imediatamente um pássaro se apresentou e iniciou a cantoria. Os animais da plateia não paravam de elogiá-lo. Foi um sucesso!

_ Agora é a sua vez, Sr. Leão.Ele rugiu tão alto e desafinado como se fosse um disco riscado tocando no

máximo volume. Desta vez a plateia não gostou, mas ficou imóvel de medo._Então, meus amigos _ disse a lebre _ se o rei dos animais fosse escolhido

pelo canto, segundo as reações de vocês, o pássaro seria o vencedor._ Apoiado, Sra. Lebre _ disseram os animais, agora mais satisfeitos e

tranquilos._ Então vamos a outra prova: “Tamanho não é documento” - propôs a

organizadora._ Essa eu não tenho dúvida que vencerei – falou o leão. _ Quem me

enfrentará? Mesmo que seja um elefante grandão e pesado eu o derrubo em um só golpe, vamos ver.

_ Espere, Sr. Leão, disse a lebre.E, para espanto de todos, a lebre convidou uma formiga para participar da

prova.Vocês têm ideia do que aconteceu?A formiguinha subiu na juba do leão e começou a passear tão de levinho que

ele sentiu cócegas e se “derreteu” todo, chegando a deitar-se no chão para curtir o carinho da formiguinha.

_ E, então, Sr. Leão, vamos continuar?_ Acho que já entendi sua ideia, Sra. Lebre. A senhora quis mostrar aos

animais dessa floresta que não devemos achar que somos os melhores em tudo, porque isso não existe. Cada um pode ser bom em alguma coisa, depende do ponto de vista. Certo? _ disse o leão.

Os animais ficaram surpresos e contentes com a fala do leão. Acharam que a lebre foi muito esperta nessa assembleia.

_ Mas, Sra. Lebre, só para terminar eu gostaria de lhe fazer uma perguntinha._ Pois não, Sr. Leão._ Como é mesmo aquela história da corrida entre a lebre e a tartaruga?

(Estadinho, 11/11/95)

Prática de leitura:

1) A que história o Sr. Leão se referiu ao fazer a pergunta final à lebre? Anote-a com suas próprias palavras.

2) Quais as características do leão e da lebre nesta fábula?

3) Dê a sua opinião sobre a moral desta fábula.

Conheça mais uma fábula, cuja leitura será feita pela professora. Em seguida , responda às questões de compreensão do texto:

O ratinho, o gato e o galo

Certa manhã, um ratinho saiu do buraco pela primeira vez. Queria conhecer o mundo e travar relações com tanta coisa bonita de que falavam seus amigos. Admirou a luz do sol, o verdor das árvores, a correnteza dos ribeirões, a habitação dos homens. E acabou penetrando no quintal duma casa da roça.— Sim senhor! É interessante isto! Examinou tudo minuciosamente, farejou a tulha de milho e a estrebaria. Em seguida, notou no terreiro um certo animal de belo pelo, que dormia sossegado ao sol. Aproximou-se dele e farejou-o, sem receio nenhum. Nisto, aparece um galo, que bate as asas e canta. O ratinho, por um triz, não morreu de susto. Arrepiou-se todo e disparou como um raio para a toca. Lá contou à mamãe as aventuras do passeio. — Observei muita coisa interessante — disse ele.— Mas nada me impressionou tanto como dois animais que vi no terreiro. Um de pelo macio e ar bondoso, seduziu-me logo. Devia ser um desses bons amigos da nossa gente, e lamentei que estivesse a dormir impedindo-me de cumprimentá-lo. O outro… Ai, que ainda me bate o coração! O outro era um bicho feroz, de penas amarelas, bico pontudo, crista vermelha e aspecto ameaçador. Bateu as asas barulhentamente, abriu o bico e soltou um có-ri-có-có tamanho, que quase caí de costas. Fugi. Fugi com quantas pernas tinha, percebendo que devia ser o famoso gato, que tamanha destruição faz no nosso povo. A mamãe rata assustou-se e disse:— Como te enganas, meu filho! O bicho de pelo macio e ar bondoso é que é o terrível gato. O outro, barulhento e espaventado, de olhar feroz e crista rubra, filhinho, é o galo, uma ave que nunca nos fez mal. As aparências enganam. Aproveita, pois, a lição e fica sabendo que - ….............................................................

(Monteiro Lobato, Fábulas. 29.ed.São Paulo , Brasiliense,1981.p.57)

1) Com que finalidade o ratinho saiu do buraco?2) Que animais o ratinho encontrou e o que sentiu em relação a cada um deles?3) Por que a mãe do ratinho ficou assustada com o que le contou?4) Qual dos provérbios abaixo pode ser aplicado ao texto?a) ( ) “Nem tudo que brilha é ouro”.b) ( ) “Quem vê cara não vê coração”.c) ( ) “Quem tudo quer tudo perde”.

Na aula seguinte, os alunos assistirão a um vídeo do youtube sobre a fábula: O leão e o ratinho. Depois irão comparar a versão do vídeo com as de Esopo e Monteiro Lobato. Em seguida, em dupla, produzirão a sua versão da fábula.

O leão e o ratinho-

Ao sair do buraco viu-se um ratinho entre as patas de um leão. Estacou, de pelos em pé, paralisado pelo terror. O leão, porém, não lhe fez mal nenhum.

– Segue em paz, ratinho; não tenhas medo do teu rei.

Dias depois o leão caiu numa rede. Urrou desesperadamente, debateu-se, mas quanto mais se agitava mais preso no laço ficava.

Atraído pelos urros, apareceu o ratinho.

− Amor com amor se paga – disse ele lá consigo e pôs-se a roer as cordas. Num instante conseguiu romper uma das malhas. E como a rede era das tais que rompida a primeira malha as outras se afrouxam, pode o leão deslindar-se e fugir.

-Mais vale paciência pequenina do que arrancos de leão.

(Monteiro Lobato)-

O leão e o ratinho

Um leão estava dormindo e acordou com as cócegas que um ratinho lhe fazia ao correr no seu focinho. Com terrível rugido, o leão agarrou o importuno e ia devorá-lo, quando o ratinho disse:

_ Por favor, poupe minha vida! Eu saberei retribuir a sua generosidade!O rei dos animais achou graça da pretensão do insignificante ratinho. Como é que um camundongo tão pequeno poderia fazer alguma coisa em favor de uma fera tão poderosa? Achou tanta graça que soltou o infeliz.

Tempos depois, o leão caiu numa rede armada pelos caçadores e ali se debatia quando chegou o ratinho, atraído pelos rugidos.

_ Espere um pouco! – disse o ratinho.E, roendo as malhas da rede, libertou o leão.

MORAL: “Na hora do perigo, os fracos podem ajudar os fortes”

Fábulas de Esopo.

Conheça, agora, outra fábula envolvendo as mesmas personagens, porém em outra situação:

O leão e o rato

Diz que um leão enorme ia andando chateado, não muito rei dos animais, porque tinha acabado de brigar com a mulher, e esta lhe dissera poucas e boas. Eis que, subitamente, o leão defronta com um pequeno rato, o ratinho menor que ele já tinha visto. Pisou-lhe a cauda e, enquanto o rato forçava inutilmente para fugir, o leão gritava:

- “Miserável criatura, estúpida, ínfima, vil, torpe: não conheço na criação nada mais insignificante e nojento. Vou te deixar com vida apenas para que você possa sofrer toda a humilhação do que lhe disse, você, desgraçado, inferior, mesquinho, rato!”. E soltou-o.

O rato correu mais que pôde, mas, quando já estava a salvo, gritou pro leão:- “Será que V. Excelência poderia escrever isso pra mim? Vou me encontrar

com uma lesma que eu conheço e quero repetir isso pra ela com as mesmas palavras!”.

Moral: Afinal, ninguém é tão inferior assim.

Submoral: Nem tão superior, por falar nisso.

(Fernandes, Millôr. Fábulas Fabulosas. 4.ed. Rio de Janeiro,1976,p.123)

Compreensão da fábula:

1) Qual o sentido da expressão “não muito rei dos animais”?a) ( ) Muito abatido b) ( ) Muito preocupado c) ( ) Muito enraivecido

2) O sentido da frase: “A mulher lhe dissera poucas e boas” é:a) ( ) A leoa se recusou a conversar com o leão.b) ( ) A leoa falou pouco mas foi carinhosa.c) ( ) A leoa falou muito e ofendeu o leão.

3) O leão subitamente se defrontou com um pequeno rato.Qual o sentido da expressão sublinhada?a) ( ) Brigou violentamenteb) ( ) Falou bruscamentec) ( ) Encontrou-se de repente.

4) Por que o leão não quis matar o ratinho?a) ( ) Porque o ratinho era insignificante demais para a grandeza do leão.b) ( ) Por que o leão julgava que a morte seria melhor do que ouvir tantas ofensas.c) ( ) Porque o leão teve nojo do ratinho.

5) Procure no texto todas as palavras que o leão usou para ofender o ratinho.

6) Por que o rato queria dizer as mesmas coisas à lesma?a) ( ) Porque, como o leão, queria desabafar e passar as ofensas para frente.b) ( ) Porque a lesma era uma criatura ainda mais miserável que o rato.c) ( ) Porque o rato nunca tinha ouvido tanto desaforo de uma só vez.

6) Qual é a afirmação que melhor expressaria a lição da fábula?a) ( ) Os poderosos nem sempre são justos.b) ( ) Existe sempre alguém pior do que nós.c) ( ) A raiva e a covardia vêm sempre juntas.

7) Imagine o encontro do rato com a lesma e crie sua própria fábula. Não se esqueça da moral.

Com todas essas atividades, espera – se que os alunos possam identificar as características composicionais do gênero e reconhecê-los em outras circunstâncias.

A produção final consistirá na compilação de todos os textos produzidos, os quais serão digitados, com um espaço para que cada aluno ilustre sua fábula. Posteriormente serão encadernados e alguns alunos passarão nas salas fazendo a divulgação do trabalho e informando que o “livro” estará na biblioteca à disposição de outros leitores.

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

Além de todas as orientações já expostas ao longo desta Produção, convém salientar que as possibilidades em se trabalhar com a sequência básica do letramento literário na escola são diversificadas e dependem da turma, dos textos escolhidos e dos objetivos do professor. Essas particularidades devem ser sempre levadas em consideração no planejamento da sequência, bem como as características de cada etapa, conforme já descritas. Ao seguir as etapas, o professor sistematiza seu trabalho, oferecendo ao aluno um processo coerente de letramento literário. Dentro dos objetivos desse letramento, é possível misturar, por exemplo, a leitura com a interpretação, a motivação com a introdução, sempre de acordo com as necessidades e características dos alunos, do professor e da escola.

O importante é que a ideia de conjunto ou ordenamento necessários em qualquer método não se perca de vista e que o professor perceba que quaisquer atividades desenvolvidas são possibilidades que só adquirem força educacional quando inseridas em um objetivo claro sobre o que ensinar e por que fazê-lo desta ou daquela maneira. Ou seja, as atividades devem estar integradas em um todo significativo, fornecendo a cada aluno e ao conjunto deles uma maneira própria de ver e viver o mundo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e prática. Ed. 2. São Paulo: Contexto, 2011.

DOLZ, Joaquim et al. Gêneros orais e escritos na escola/tradução e organização Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004

FERNANDES, Millôr. Fábulas Fabulosas. 4.ed. Rio de Janeiro,1976, p.123.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1975.

GREGOLIN GUINDASTE, Reny Maria. Português. Ed. 7. Colômbia, Editora Módulo, 1996 .

KIRINUS, Glória. Formigarra Cigamiga. Ed.3. Curitiba: Editora Braga,1998.

LA FONTAINE, Jean de. Fábulas de La Fontaine. (Trad, De Milton Amado e Eugenia Amado) Belo Horizonte: Itatiaia, 1989 (Grandes obras da cultura universal, V.11)

LA FONTAINE, Jean de. Fábulas de La Fontaine. Rio de Janeiro: Matos Peixoto, 1965.

LOBATO, Monteiro. Fábulas. São Paulo, Editora Brasiliense/Editora Pallotti, 1994.

PAES, José Paulo, Poemas para Brincar. São Paulo: Ática, 1989.

PONGETTI, Henrique. Fábulas e Contra-Fábulas. 1969

ROCHA, Ruth. Fábulas de Esopo. São Paulo: Melhoramentos, 1986.