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GOYTAFONT REPRESENTANDO TIPOGRAFICAMENTE O MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES Campos dos Goytacazes/RJ 2014 ELIZIANE DA SILVA BARBOSA SANTOS JOSÉ ALEXANDRE FERREIRA DE AGUIAR CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN GRÁFICO Orientador: Prof. ALAN RENE LOPES NEVES Trabalho de conclusão de curso apresen- tada ao curso Superior de Design Gráfico do Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos, como requisito parcial para a obtenção do grau de Tecnólogo.

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GOYTAFONTREPRESENTANDO TIPOGRAFICAMENTE

O MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES

Campos dos Goytacazes/RJ2014

ELIZIANE DA SILVA BARBOSA SANTOSJOSÉ ALEXANDRE FERREIRA DE AGUIAR

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN GRÁFICO

Orientador: Prof. ALAN RENE LOPES NEVES

Trabalho de conclusão de curso apresen-tada ao curso Superior de Design Gráfico do Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos, como requisito parcial para a obtenção do grau de Tecnólogo.

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Trabalho de conclusão de curso apresen-tada ao curso Superior de Design Gráfico do Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos, como requisito parcial para a obtenção do grau de Tecnólogo.

ELIZIANE DA SILVA BARBOSA SANTOSJOSÉ ALEXANDRE FERREIRA DE AGUIAR

GOYTAFONTREPRESENTANDO TIPOGRAFICAMENTE

O MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES

Campos dos Goytacazes/RJ2014

____________________________________________________________________________Prof. Alan Rene Lopes Neves – Orientador

Especialista em Gestão Design e Marketing - IFF

____________________________________________________________________________Prof. Leonardo de Vasconcellos Silva

Mestre em Planejamento Regional e Gestão de Cidades - UCAM

____________________________________________________________________________Prof. Leandro do Nascimento Vieira

Mestre em Sistema de Gestão / Marketing e Produto - UFF

BANCA EXAMINADORA

Aprovada em 10 de dezembro de 2014

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Dedico este trabalho a Deus, centro de minha vida e autor de minha fé. A meus pais, Eliziel e Mariane, razão de minha existência. A meus irmãos Elizimar, Elizimara e Eliziel Junior, lindas pedras preciosas que Deus colocou na vida. A meus grandes amigos Josias e Guilherme, que se tornaram irmãos nesta caminhada. A meu noivo Wagner, pelo amor, companheirismo e incentivo.

Eliziane da Silva Barbosa Santos

Dedico este trabalho a Deus, razão suprema da minha existência. A meus pais, José e Elizete, minha fonte de segurança e exemplo de vida. À minha esposa Flávia, por seu amor, carinho e companheirismo. Às minhas filhas, Ana Carolyna e Ana Luysa, minha razão de viver. E a meus familiares e amigos pelo incentivo à busca de novos conhecimentos.

José Alexandre Ferreira de Aguiar

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Ao nosso Professor Orientador Alan Rene Lopes Neves, que com muita paciência se prontificou a nos guiar na formação desta ideia, inves-tindo seu tempo, informações e conhecimentos específicos, a fim de nos ajudar a concluir este trabalho.

Ao Professor Leandro do Nascimento Vieira que muito contribuiu por meio de suas matérias, além de ter fornecido orientações referentes ao projeto.

Ao Professor Leonardo de Vasconcellos Silva, que com muita presteza nos ajudou cedendo fotos e arquivos que serviram de base para este trabalho. Obrigado também por seus ensinamentos em aula.

A todos os professores desta Instituição que durante todo o curso trocaram conheci-mentos, atenção, e tiveram consideração irrestrita, atuando como verdadeiros mestres.

A todos os nossos companheiros de curso que por meio de elogios, críticas e comentários nos ajudaram a crescer profissionalmente.

AGRADECIMENTOS

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Resumo

Este trabalho de conclusão de curso se constitui no estudo e pesquisa da história dos índios goytacazes com o objetivo de criar uma família tipográfica digital, denominada Goytafont. Pro-põe representar por meio da cultura e características dos índios goitacazes, o município de Campos dos Goytacazes. A fonte será composta por maiúsculas, minúsculas, algarismos e sinais de pontuação, podendo ser utilizada tanto para títulos quanto para pequenas colunas de texto. Na metodologia aplicada, houve pesquisa para coleta de elementos referentes à cidade, o que nos levou a figura dos índios goytacazes, o que foi contada por historiadores. Para se chegar ao resultado da sua concepção (forma) até à sua aplicação, a fonte passou por vários testes de leiturabilidade e legibilidade. Este projeto de criação da Goyta-font está inserido num contexto favorável, no qual a tipografia nacional está em ascenção, com projetos tipográficos significa-tivos de vários typedesigners brasileiros, tais como Fábio Haag e Tony de Marco inspirando-nos a realizar este projeto que vem ao encontro de um mercado sedendo de coisas novas.

Palavras Chaves: tipografia, fontes, design de tipos.

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Lista de Figuras.

Figura 1: Índio - Feira de artesanato - Instituto de Artesanato Visconde de Mauá / Bahia.

Figura 2: Painel imagético - Índios brasileiros.

Figura 3: Índio - O artesanato e a culinária indígena.

Figura 4: Caçada indígena - Instituto Historiar.

Figura 5: Índios deitados com seus arcos e flechas caçando pássaros.

Figura 6: Índio em guerra com os invasores, pintura - Rugentas.

Figura 7: Índia enterrada no buraco - Cultura Indígena.

Figura 8: Ato funerário da época – Cultura Indígena.

Figura 9: Pintura de “Momu D’ unchef de Coroados”- Museu de Campos.

Figura10: Achados Arqueológicos – Sítio do Caju / Campos dos Goytacazes.

Figura 11: Pintura da mata virgem de Campos dos Goytacazes – Museu de Campos.

Figura 12: Reprodução do antigo mapa gravado em 1630 por Judocus Hondius.

Figura 13: Belezas naturais – Lagoa de Cima.

Figura 14: Belezas naturais – Cachoeira do Imbé.

Figura 15: Ataques dos Índios – Instituto Historiar.

Figura 16: Pintura feita dos índio e os Europeus se afrontando – Museu de Campos.

Figura 17: Painel Imagético: documentos históricos – primeiras escritas.

Figura 18: Capitalis Romana – Coluna de Trajan.

Figura 19: Sistema Cronológico das Escritas.

Figura 20: Tipografia: Sinopse Histórica (parte 01).

Figura 21: Bíblia de 42 linhas, atribuído a Gutenberg.

Figura 22: Lisboa ou Rio de Janeiro? Oficina de António Isidoroda Fonseca, 1749.

Figura 23: Primeiro impresso feito pela Imprensa Régia no Rio de Janeiro (1808).

Figura 24: Anatomia das letras - demonstrativo.

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Figura 25: Partes estruturais dos tipos.

Figura 26: Variações - Eixo/Serifas/Peso.

Figura 27: Classificação dos tipos - serifas.

Figura 28: Padrões Internacionais - Classificação Vox ATypI.

Figura 29: Cartaz - legibilidade. Figura 30: Espacejamento entre a letra f.

Figura 31: Suposição e junção de letras que precisam de espacejamento.

Figura 32: Gráfico de derivação de arquétipos. Figura 33: Foto do vaso de barro (Igaçaba) - Museu de Campos

Figura 34: Foto de uma unra funerária.

Figura 35: Roughs 01 - do arquétipo.

Figura 36: Roughs 02 - do arquétipo.

Figura 37: Roughs 03 - do arquétipo.

Figura 38: Roughs 04 - do arquétipo.

Figura 39: Base arquétipo - caixa alta.

Figura 40: Base arquétipo - caixa baixa. Figura 41: Gráfico - determinação de altura do arquétipo.

Figura 42: Ilustração do Índio Goytacaz - Eduardo Bueno.

Figura 43: Roughs 01 - das letras.

Figura 44: Embalagem do arroz Sepé.

Figura 45: Roughs 02 - das letras.

Figura 46: Roughs 03 - das letras.

Figura 47: Roughs 04 - das letras.

Figura 48: Gráfico de derivação de arquétipo formado por roughs.

Figura 49: Roughs de evolução - P, b, k, 4.

Figura 50: Roughs de evolução do numeral 5. Figura 47: Diagrama de construção - Goytafont

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Figura 51: Roughs de evolução do numeral S.

Figura 52: Quadro de roughs - minúscula ou caixa baixa.

Figura 53: Quadro de roughs - maiúscula ou caixa alta.

Figura 54: Quadro de roughs - numerais.

Figura 55: Quadro de roughs - símbolos e sinais de pontuação. Figura 56: Diagrama de construção.

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“O tipo é um dos mais eloqüentes meios de expressão em qualquer época e estilo. Ao lado da arquitetura, ele traça o mais carac-terístico retrato de um período e é a mais precisa testemunha do status intelectual de uma Nação.”

Peter Behrens - Arquiteto e designer alemão

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SumárioI-INTRODUÇÃO.

II-O ÍNDIO.2.1-O índio brasileiro. 112.2-O índio goytacá. 14

2.2.1-Cultura índigena goytacá. 172.3-Campos dos índios goytacazes. 21

III-A HISTÓRIA DA ESCRITA.3.1-A origem dos alfabetos. 24

3.2-A evolução nos desenhos dos tipos. 283.2.1-Os tipos móveis de Gutenberg e a prensa gráfica. 29

3.2.2-A tipografia no Brasil. 303.2.3-Tipografia digital. 32

IV-DEFININDO TIPOGRAFIA.4-Tipografia x Tipologia x Caligrafia. 33

V-O TIPO.5.1-Anatomia das letras. 34

5.2-Classificação dos tipos. 375.3-A maior das finalidades: Leiturabilidade e Legibilidade. 39

5.4-A importância do kerning. 405.5-Padrões internacionais. 41

VI-GOYTAFONT: A REPRESENTAÇÃO DE UM POVO.6.1-Derivação dos arquétipos. 42

6.2-Arquétipos. 436.3-Os primeiros esboços (rough). 47

6.4-Digitalização e finalização. 556.5-Apresentando a goytafont. 56

VII-CONCLUSÃO. 57

VIII-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 58

IX-APÊNDICES. 61

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1-Introdução.

Este trabalho de conclusão de curso tem como tema Goytafont: representando tipograficamente o município de Campos dos Goytacazes. A proposta central deste TCC é desenvolver uma família tipográfica digital, com a finalidade de representar as características culturais e históricas do município de Campos dos Goytacazes. No início, o território onde hoje se encontra a cidade era habitado por várias tribos de índios, destacando-se os índios Goytacazes. O café e a cana de açúcar propiciaram momentos marcantes no desenvolvimento do município. Hoje a economia é impulsionada pela produção de petróleo, e o município tornou-se o maior produtor do Brasil. A cidade se destaca também na cultura, por meio do uso da cerâmica, couro, palha e madeira como principais matérias-primas artesanais e, na culinária, com a cachaça, a goiabada cascão, o suspiro e o chuvisco, como seus principais produtos. Por ser uma cidade importante para o Estado do Rio de Janeiro, histórica, cultural e economica-mente, fez-se necessário em nossa concepção representá-la tipograficamente, e não haveria figura mais marcante para tal, ainda que esta ideia esteja fortemente inserida e muito bem aplicada no “sobrenome” da cidade, Campos dos Goytacazes. Os tipos constituem a principal ferramenta de comunicação impressa. As faces (forma ou desenho) de tipos permitem dar expressão ao documento para transmitir instantaneamente o tema, sem precisar necessariamente de ajuda verbal para sua definição. Sendo assim, a Goytafont virá evidenciar, por meio de sua anatomia (estrutura), características que apontam a cultura do índio goytacá. A ideia não é fazer mais uma fonte, mas agregar um valor à fonte criada, sendo necessário um profundo conhecimento da cultura indígena. Este trabalho é único, com a proposta de representar um município brasileiro, ainda que não seja novidade no meio tipográfico, ainda que existam exemplos em outras áreas, assim como homena-gear personalidades, como é o caso da fonte Perplexiva, que Cláudio Rocha criou para assinatura de Millôr Fernandes. É importante ressaltar que a cidade, com toda a sua importância histórica, cultural e econômica, terá mais uma representação do seu “status”, uma fonte especifica com um diferencial particular, que são os traços da cultura indígena goitacá.

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II-O índio.2.1 - O índio brasileiro.

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Os habitantes das Américas foram chamados de índios pelos europeus que aqui chegaram. Uma denominação genérica, provocada pela primeira impressão, uma vez que os europeus achavam que haviam chegado às Índias. Mesmo depois de descobrirem que não estavam na Ásia, e sim num continente até então desconhecido, os europeus ainda continuaram a chamá-los assim, ignorando propositalmente as diferenças linguístico-culturais. Era mais fácil tornar os nativos todos iguais, tra-tando todos da mesma forma, pois o objetivo dos europeus não tinha a ver com a cultura ou costume desse povo e sim com o domínio político, econô-mico e religioso.

Segundo dados do último censo em 2010, no Brasil, a presença humana está documentada no período situado entre 11 e 12 mil anos atrás. Todavia, ainda não se chegou a um consenso acerca do pe-ríodo, mas novas evidências têm sido encontradas na Bahia e no Piauí que comprovariam ser esta a mais antiga ocupação, o que muitos arqueólogos não concordam. Assim, há uma tendência cada vez maior de os pesquisadores reverem essas datas, já que recentes pesquisas indicam datações muito antigas.

Este mesmo censo nos indica que, no Brasil, a população indígena soma aproximadamente 817 mil índios, que representa cerca de 0,4% da população brasileira, com diferentes dialetos que totalizam 180 línguas distintas. Eles estão distri-buídos entre 688 terras Indígenas das quais mais da metade estão localizados nas regiões norte e centro-oeste do Brasil, principalmente na área da Amazônia, enriquecendo cada vez mais a diversidade do Brasil, não só biologicamente, mas também do ponto de vista das tradições culturais, da culinária, do artesanato, do apreço pela pintura corporal, dos adornos nos lóbulos e lábios, e do uso de penas coloridas de aves nativas, que são grandes características comuns na população indí-gena brasileira.

Existem ainda grupos que estão requerendo o reconhecimento de sua condição indígena junto ao órgão federal indigenista. Já outros grupos indígenas, desde a época do descobrimento, man-tiveram-se bem afastados de toda transformação

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ocorrida no país. Isolados do convívio com a sociedade nacional e até de outros grupos indíge-nas, assim eles mantiveram as tradições culturais de seus antepassados e sobreviveram da caça, pesca e agricultura incipiente.

Os índios eram sábios e ótimos guerreiros, defendiam bravamente sua terra, e quando não podiam mais sustentar o enfrentamento com os invasores de seus territórios, recuavam para lugares distantes, na esperança de conseguirem sobrevi-ver. Uma bela característica dos índios - eles não eram covardes, era que eles aceitavam a derrota e migravam para outros lugares. Com isso, a popu-lação só foi crescendo com o passar dos anos. Nas

últimas décadas, a população indígena aumentou consideravelmente. Outra característica marcante dos indígenas era a estreita relação com a nature-za, pois a ‘‘terra-floresta’’ não era um mero espaço de exploração econômica. O que chamamos de natureza, para eles era na verdade uma entida-de viva, de onde vinha todo o sustento para sua sobrevivência. A natureza, ou melhor, a floresta brasileira é riquíssima em todos os âmbitos, seja a flora, a fauna, seus afluentes, seus minérios, enfim, todas as suas diversidades despertaram o interesse dos estrangeiros, que começaram a ex-plorar e se apossar de tudo que viam de valioso.

Os índios eram grandes guardiões da floresta,

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Figura 3

mas não conseguiram deter as astutas ciladas desses exploradores. Enquanto eles tinham o arco e a flecha, os europeus e muitos outros aprovei-tadores tinham armas de fogo, tática de guerra, doenças jamais vistas pelos curandeiros da tribo.

Quanto a sua organização social, cada aldeia geralmente possui um complexo conjunto de crenças a respeito da estrutura do universo, no qual são classificados os seres humanos, os animais e os seres sobrenaturais. Relaciona-dos de maneiras peculiares a cada aldeia, esses elementos muitas vezes servem como ‘‘chaves’’ para antropólogos explicarem as diferenças e se-

melhanças entre os diversos grupos indígenas brasileiros.

Os índios brasileiros deram uma vasta contri-buição para o Brasil, com fortes influências no arte-sanato, na culinária e na cultura de algumas cida-des, que até hoje são bem visíveis. Os índios são grandes marcos históricos que comprovam sua existência mas não nos podemos esquecer do sofrimento deles, pelo qual passaram: aldeias ex-terminadas completamente. Foram massacrados, humilhados, escravizados, tirados de suas terras, eram mortos como se fossem intrusos no seu próprio habitat. Depois de anos, a ganância des-ses aproveitadores continua. Os índios, mediante a todos esses acontecimentos, cansados de fugir, assumem uma posição: querem reconhecimento perante a justiça, exigindo seus direitos diante da sociedade.

A FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e o Estatuto do Índio foram criados num momento histórico em que estabeleciam, ainda, as antigas e equivocadas ideias evolucionistas sobre a humanidade e seu desenvolvimento através de estágios, uma ideologia fortemente etnocêntrica. Por isso, a Constituição do Brasil, da época, estabelecia a figura jurídica da tutela e considerava os índios como “relativamente incapazes”.

Mesmo reconhecendo a diversidade cultural entre as muitas sociedades indígenas, a FUNAI tinha o papel de integrá-las à sociedade nacional. Considerava-se que essas sociedades precisavam “evoluir” rapidamente, até ser integrado à sociedade nacional. A concepção era totalmente contrária à essência indígena; negar a diversidade seria negar sua própria origem, sua identidade; abster-se de todos os ensinamentos, ou melhor, toda a cultura de todos os seus antepassados. A Constitui-ção de 1988 veio mudar as concepções ideológi-cas vigentes, na medida em que reconheceu a permanente diversidade e especificidade cultural do índio. Também legitimou qualquer proces-so judicial movido por eles através do Ministério Público, que está encarregado de defendê-los judicialmente. Essa foi uma grande vitória para os indígenas brasileiros. É claro que não trouxe de volta os índios mortos, mas preservou sua cultura e trouxe a esperança de lutar por suas terras e muitas outras conquistas que a eles são de direito.

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2.2 - O índio goytacá.

Figura 4

É difícil dizer ao certo qual seria a origem dos índios goitacazes, aqui por estas planícies. Ba-seando a pesquisa em livros, artigos e revistas, podemos organizar alguns dados e aconteci-mentos marcantes na história, mas também devemos considerar os ditos populares, as histórias contadas de geração em geração, uma vez que não há uma síntese completa sobre os goitacazes, e sim citações de pessoas que tiveram contato com os índios na época.

Segundo as tradições mais justificadas conta que habitavam as campinas deste Distrito compre-endida entre a Lagoa Feia, de Carapebus e Ponta São Thomé, os Índios Goitacazes, possuindo tam-bém toda a Costa do mar correspondente, até a vizinhança de Macaé. (REIS, 1785, p.145).

Sabe-se que os índios tinham seu habitat vastíssimo, o qual não se limitavam as margens do Rio Paraíba. Eles estavam espalhados por todo o território, hoje considerado Norte e No-roeste Fluminense; os índios foram os que mais colaboraram na formação étnica dos fluminenses. Viviam de forma bem peculiar. Suas moradias

eram diferentes, segundo Silva.Curiosamente eram seus ranchos, ou ninhos,

erguidos e aprumados sobre um só esteio por respeito às águas, uma grande evolução, saber es-tabilizar um poste e fazer com que torne moradia para sua família demostra noção arquitetônica. Era tão baixa a porta que só de gata (bem abaixado) por ela entrava, era pequena, coberta de palha que se chamava tábua ( planta aquática abundante na região). Dentro nem redes nem coisa alguma, apenas um monte de folhas secas para dormir em cima. Esta é a descrição que o inglês Southey faz da casa do goitacaz. (SILVA, 1984, p. 14).

Considera-se que os índios goitacazes eram senhores dessas terras chamadas hoje de Cam-pos dos Goitacazes. Nenhum povo indígena era tão discutido, fascinante e misterioso, cada viajante da época que tentou conhecer um pouco mais sobre eles, descrevem-nos de maneira diferente e listam alguns nomes dados aos indígenas da região.

Segundo Silva (1984), eles eram chamados também de: Guatahar, uetacá, outacá, guaiatacá, aitacaz, itacaz, vaitacá.

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sacrifícios.Os goitacazes tinham a fama de guerreiros,

não admitiam estrangeiros ou vizinhos em seu território. Por isso sempre tinham guerra aberta com outras tribos. Em plena cheia de verão, os índios de outras tribos desciam o Rio Paraíba e outros cursos d’água em busca dos frutos e peixes que se perdiam nos braços dos rios. Podemos idealizar os choques entre os índios que chegavam e os índios ‘‘donos’’ do território.

Os Goitacazes eram guerreiros, como todos os povos primitivos, guerreavam entre si e seus vizinhos. Não faziam escravos e não utilizavam a escravidão como meio de produção. Talvez, em suas guerras, aprisionassem mulheres, que leva-vam suas aldeias. Do feitio de guerrear dos Goi-tacazes fala Gabriel Soares: ‘‘ Não costuma esta gente pelejar em mato, mas em campo descoberto. ’’ Saint-Hilaire escreve que ‘‘ Os Goitacazes eram os mais cruéis e ferozes índios que habitavam a costa’’. (SILVA, 1984, p.12)

Quanto a antropofagia, existem muitas espe-culações, se os índios eram canibais ou não. A verdade sobre o apetite da carne humana é uma pergunta bem interessante, uma vez que os índios goitacazes eram conhecidos como canibais. Essa pergunta se torna cada vez mais interessante, quando a cada pesquisa feita se revelam novas especulações sobre o fato. Mui-tos historiadores e aventureiros afirmam que os

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Segundo o Inglês Southey, (apud, CARVA-LHO, 1984, p. 10), o goitacá é mais claro, alto e robusto que os outros índios do litoral, falan-do diversas línguas. São homens agigantados, membrudos e forçosos; andam nus, e trazem os cabelos compridos até às nádegas, fugindo de todos os padrões existentes nos índios daquela época.

Já o inglês Knivet (apud, CARVALHO, 1984, p. 10) afirma que os índios tinham o porte sujo e asqueroso, com um olhar feroz e uma fisionomia bruta. Essas descrições faziam deles o povo mais abominável da terra. Era tão bravios, que não sabiam viver em paz com os outros, e tinham sempre guerra aberta e contínua, não só com todos os seus vizinhos, mas também com todos os estrangeiros. Como não os podiam vencer nem domar, andavam tão rapidamente a pé, e corriam tanto, que não só deste modo evita-vam o perigo da morte, mas também desenvol-viam o exercício da caça; apanhavam com muita facilidade animais silvestres.

Todas essas habilidades que os índios adquiram eram passadas de geração em gera-ção, e toda a fonte de alimento que eles conseguiam era dividida entre todos: primeiro os mais velhos, depois os homens, até chegar aos mais novos. O goita-cá contava com imensa reserva alimentar. As mulheres partici-pavam ativamente das caçadas. Caçavam todos em bando, pelos campos e matas; na culinária as mulheres não tinham costume de cozinhar os alimentos, apenas tostavam, comendo praticamente crus.

Como a maioria dos índios brasileiros, fa-ziam alguma farinha, que se tornou uma iguaria bem presente, como a tapioca e tantas outras re-ceitas herdadas da culinária indígena.

Todo o sustento do índio fundamentava em um arco. Não bebiam o líquido das lagoas e rios: no beber eram supersticiosos; mesmo tendo la-goas e rios d’agua doce, só bebiam água de cacimbas, que para esse feito, faziam grandes

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índios eram canibais, já outros defendem-nos como tática de guerra tanto para os estranhos in-vasores, quanto para as tribos vizinhas.

Os guerreiros comiam pedaços da carne dos valentes aprisionados e mortos, para ganharem mais combatividade. Na frente de suas casas, o índio monteavam ruma de ossos dos valentes que eram devorados, e se exibiam para os outros mora-dores da tribo. Quanto maior for a ruma de ossos, maior a nobreza do morador. (SILVA, 1984, p.13)

Especula-se que os índios eram dotados de uma condição tão feroz, que eram inclinados a fazer a mais brutal crueldade, de tal sorte que, se qualquer indivíduo de diferente nação caísse em suas mãos, o dilaceravam logo para uso de seus manjares.

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2.2.1 - Cultura indígena goytacá.

Os Índios Goitacazes tinham muitas caracte-rísticas que os qualificavam e também que os banalizavam. Não se tratava de uma simples tribo, como fora dito anteriormente; era uma nação fascinante. Tinham costumes completa-mente diferentes dos outros índios brasileiros, tanto em relação o tipo físico, quanto às suas condutas.

Em meio a tanta pesquisa, observa-se que os índios, por mais que fossem famosos pela sua cultura canibal, pelo modo asqueroso e sel-vagem, tinham grandes qualidades, pois eram amantes da natureza; só caçavam e pescavam o que iriam comer e tudo o que conseguiam era dividido com todos da tribo. Eram grandes guer-

reiros, e grandes artesãos. Aprofundando mais o estudo, podemos observar, em alguns arquivos históricos, um ato que chama a atenção: o ritual de passagem, ou melhor, as formas de como eles viam a morte. Os índios goitacazes preser-vavam esse ato funerário, pois para eles era de extrema importância.

Os goitacazes praticavam duas formas de sepultamento. Em sepulturas abertas, ou me-lhor, valas abertas diretamente no chão onde os índios menos favorecidos e principalmente mulheres (como mostra na figura 07), eram enterrados. Seu corpo era imerso diretamente no buraco aberto, cobrindo a sepultura com bastante terra em forma piramidal.

Figura 7

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Na fig. 08 podemos observar, na pintura, a grande importância que os índios goitacazes davam para à morte; mesmo sendo uma pes-soa comum, todos ficavam ao redor, prestando suas últimas homenagens.

Outra forma de sepultamento praticado pe-los indígenas restringia a um grupo seleto de índios. Quando falecia um cacique ou pesso-as importantes na tribo, em seus rituais funerá-rios, os mesmos tinham seus ossos quebrados e eram colocados em grandes vasos, chamados igaçabas.

Lamego (1945) afirma ainda que as Igaçabas também eram conhecidas como: camocim ou ca-motim, termos usados para designar grandes potes de barro usados para armazenar água ou alimentos, mas que também serviam de urnas funerárias, não tinha ornamento algum, sua forma era lisa, ovoide e cinzenta. Em seus atos funerários os ossos dos mortos eram colo-

Figura 8

cados dentro do vaso.A fig.09 mostra um ilustre morador da tribo

goitacá. Não podemos afirmar se era um cacique, mas com base nas pesquisas feitas, da-se a entender que seria uma pessoa importante da tribo.

Os achados arqueológicos ainda são poucos, não sabemos como eles realmente eram fisi-camente. Porém pelos artigos históricos e dese-nhos feitos da época pelos aventureiros que aqui passaram, podemos chegar a ter uma idéia de como eram fisicamente.

Em meio às obras de ampliação do Cemitério do Caju, na cidade de Campos dos Goitacazes podemos comprovar a história contada pelos aventureiros. Na fig. 10 podemos ver vestígios dos vasos usados como urnas funerárias, ma-chado de pedra e ossadas recolhidas neste sítio arqueológico.

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Figura 9

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Figura 10

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2.3 - Campos dos índios goytacazes.

Figura 11

Uma terra maravilhosa com uma beleza na-tural intocável, Campos dos Goytacazes era elogiada por vários viajantes que por essa planície passaram. Extensa vegetação de mangues, in-calculáveis lagos de água doce, uma bela pla-

nície, com árvores altas, grande variedade de frutas, lindos bichos e fartura de peixes; no céu, aves de grande e pequeno porte, de todas as cores possíveis.

Numa descrição geográfica de Couto Reis, do distrito de Campos diz que:

Entre 21 e 22 graus de latitude austral e os 344 para 345 de longitude, estão situado os Campos dos Goyta-cazes: [Goytacazes], nome dos naturais que possuíam estes campos e com a entrada dos antigos paulistas se destruíram uns aos outros, foram reduzidos a nossa santa fé pelos missionários jesuítas, que os aldearam junto a Cabo Frio, na margem da lagoa de Araruama, no lugar em que existe a freguesia de São Pedro, um dos mais importantes e interessantes Distritos do Rio de Janeiro por sua fertilidade e comércio. (REIS, 1785, p.49).

Figura 12

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Figura 14Figura 13

Segundo Lamego, um distrito riquíssimo, em suas bacias hidrográficas é, talvez, a mais perfeita irrigação natural do mundo. Os grandes rios - Paraíba do Sul, (chamado mãe das águas pelos índios), Ururaí, Itabapoana, Muriaé e Macabu, separados por distâncias relativamente curtas, são grandes afluentes desta planície, sem con-tar com as lagoas com grandes extensões de água. Na época, com aproximadamente 200 km a Lagoa Feia se destacava das demais. Forma-vam ainda esta bacia hidrográfica as lagoas: De Cima, seguida da Piabanha, Açu, Taí Grande, Taí Pequeno, Sequeiros, Bananeiras, Frechei-ras, Salgados, Rosa, Vermelha, Cágado, Jaca-ré, Colomins, Pacheco, Grande, Coelho, Cedro, Brejo Grande e Lagoa das Onças, entre muitas outras.

O mais surpreendente é a quantidade de minérios encontrados naquela redondeza – ouro e prata no Imbé, mármore em Italva, coalim em Muriaé entre outras descobertas que foram surgindo.

‘‘ Uma pequena Finlândia tropical’’ – diz Alberto Ribeiro Lamego. Região paradisíaca, mas incon-quistável, diz Frei Vicente do Salvador. Pois, além da natureza agreste e selvagem, os índios ‘‘Aita-cazes’’ defendiam o seu paraíso contra qualquer estranho invasor.(RODRIGUES, 1988, p.15)

Era assim a floresta campista: uma natureza inquieta e muito bem cuidada pelos índios, pis na lógica deles, o natural era o seu habitante; eles ocupavam a planície, não eram proprietários

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dela, viviam em total comunhão com a natureza, caçavam e pescavam o suficiente para seu sus-tento.

Os goitacazes viviam misturados ao barro, à argila; o brejo não lhe causava danos, nem lesava sua saúde. Eram gigantescos deuses pagãos feitos de barro, vivendo num paraíso selvagem, feito de rios caudalosos, lagoas, bre-jos e matagal espesso.

A terra era bravia e seus moradores também. As cartas de Pero de Góis, expulso do litoral pe-los índios, na primeira tentativa de colonização de sua capitania de São Thomé, datada de 1545, dar-se curta; é a primeira nota da bravura do aborígene.

O rei de Portugal D. João III doou as terras entre o Cabo de São Thomé e Cabo Frio a Pero de Góes, que aqui desembarcou em 1539. A Capitania de São Thomé tinha 30 léguas de costa, e, para colonizá-la, Pero convidou o amigo Martim Garcia, alguns parentes e dez ou vinte colonos. Eles fundaram uma povoação entre os rios Itaba-poana e Paraíba do Sul, na região do atual muni-cípio de São João da Barra, batizando-a de Vila da Rainha, onde plantaram as primeiras mudas de cana-de-açúcar do estado. (apud, CORDEIRO, 2012, p.03)

Com o povoado acostumando-se ao local, cons-truíram uma Vila, e estavam com uma plantação de cana-de-açúcar bem sucedida. No final de dois anos, vieram os índios e atacaram o povoado, durante anos e anos, intercalados por breves tréguas.

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Figura 15

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Pero de Góes, com toda sua gente, não teve força para resistir; a nobreza não suportou a se-quência de ataques e partiu com sua gente para o Espírito Santo. Com o passar do tempo, mui-tas tentativas foram feitas, a desconfiança era de ambas as partes: os portugueses temem ser devorados, os goitacazes são guerreiros, mas temem a escravidão.

Como se vê, tudo o que norteava a atitude arredia dos índios de Campos era a manuten-ção de sua própria soberania e liberdade. Aos portugueses, qualquer ato que impedisse a co-lonização era tido como criminoso, razão pela qual tão facilmente se disseminaram as histórias de canibalismo. Se o índio fosse pego cortando uma cana ou um cacho de banana, ato que para eles eram o costume daquele tempo, seria logo castigado ou escravizado. Sem compreender a punição, os índios, logo que se soltavam, retor-navam à tribo para dar conta da violência que sofreram, despertando o compreensível clamor de vingança entre os seus. Os goitacazes, então, atacavam os telhados dos colonos, feitos de palha, com flechas incendiárias, para depois alvejarem seus moradores.

Os anos foram se passando e novamen-te, com a chegada dos portugueses a região, recomeça a luta com grupos indígenas da etnia goitacá. Em 1627, por ordem da Coroa Portu-guesa, a Capitania de São Tomé foi dividida em glebas, doadas a sete capitães portugueses, alguns deles donos de engenho na região da

Guanabara, efetivando a ocupação. Em 1650 foi implantado o primeiro engenho em solo campista. Visconde d’ Asseca funda a vila de São Salvador dos Campos dos Goitacazes em 1677, dominando a região por quase um século. Neste período há grande expansão pecuária. Em 1750 ocorre a queda dos Assecas e a partir daí a expansão da cana-de-açúcar, possível pela divisão dos grandes latifúndios.

Segundo Hervé Salgado (1988, p.18), o ìndio goitacá não admitia o cativeiro e por isso foi exterminado. Reis de Portugal ordenavam ver-dadeiras caçadas usando até canhões

Era uma luta inglória: o índio nu e armado apenas de arco e flecha, contra o português, de gibão de couro e armado de arcabuzes e de canhão, inclusive. Os índios goitacazes não aceitavam as mudanças que estavam aconte-cendo; a escravidão era pior que a morte. Com isso, os índios foram se afastando e entrando na floresta, fugindo da brutalidade do branco. De vez em quando, iam à forra, destruindo currais e engenhocas e enfrentando paliçadas. Usavam flechas envenenadas e acometiam de surpresa, atacando sonolentas sentinelas nas paliçadas dos currais e dos pequenos engenhos, movidos a água ou por animais. Mas foram vencidos e massacrados, e os portugueses foram importando escravos africanos. O negro era necessário porque o goitacá não se rendia, nem diante da extrema crueldade do branco.

Figura 16

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III-A História da escrita.

3.1 - A origem dos alfabetos.

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É difícil dizer ao certo quando e onde nasceu a escrita. No entanto, sabe-se que o principal fator que determinou a linguagem escrita foi a ordenação linear do pensamento. Depois dela, as representações pictóricas, a fonografia e a ideografia - se sucederam. As civilizações foram expandindo e não havia uma continuidade, pois o que era falado, anos atrás, não era mais lembrado. Então surgiu a escrita que seria uma maneira de solucionar alguns problemas que na época existiam.

A escrita possibilitou o acúmulo de conhecimento humano. Antes dela, tudo o que um homem aprendia durante a vida morria com ele. Depois da invenção da escrita, o conhecimento passou a se acumular e a não se perder, assim, ao nascer, o homem tem a seu dispor toda a experiência e as descobertas de seus antecesso-res. (HORCADES, 2007, p.16)

A escrita é a evolução da necessidade de comunicação, que antes dela era feita sonora e gestualmente – método não durável – e poste-riormente por meio de ilustrações e represen-tações pictográficas; a escrita, aos poucos, foi desenvolvida.

Uma das maiores realizações do homem na terra é a invenção da escrita. Sabemos hoje que os primeiros hominídeos datam de aproximadamente cinco milhões de anos. Mas o homem permaneceu quase tão primi-tivo como na pré-história por praticamente esses mes-mos cinco milhões de anos até pelo menos dez mil anos atrás. Naquela época, os agrupamentos humanos co-meçaram a crescer mais e mais e, com tanta gente nas Vilas, foi preciso organizar a sociedade. Só a palavra falada já não era suficiente. Então o homem inventou a escrita (HORCADES, 2007, p.16).

A ordenação da escrita e dos alfabe-tos possibilitou então uma maior interação entre as sociedades, dada a crescente fa-cilidade na forma de comunicação entre elas. Cada cultura se desenvolveu de uma forma, e com ela a sua escrita.

Durante milênios, as civilizações trabalharam para melhorar o seu principal modo de assegurar a permanência de ideias: o uso da escrita.

Em 2000 a.C, aproximadamente, havia quatro es-critas mais importantes no Oriente Médio: a escrita pic-tográfica dos hititas, os hieróglifos, uma escrita de Mice-nas e a Cuneiforme dos sumérios. (HORCADES, 2007, p.19)

Para melhor entendimento, mediante às pes-quisas, podemos descrever em poucas palavras as características das mais antigas formas de escritas.

A escrita cuneiforme, inventada pelos sumérios, povo estabelecido na Babilônia desde o séc. IV a.C., é uma escrita ao mesmo tempo ideográfica e pictórica. Na origem, cada signo designava um objeto, tendo passado depois a representar o som correspondente a esse objeto, tornando-se assim um simples elemento fonético. Seguida-mente o mesmo signo foi adotado para traduzir ideias muito próximas da ideia primitiva. A escrita evoluiu consideravelmente ao longo do tempo no sentido da simplificação e regularidade. Grandes números de textos hititas e huritas foram igual-mente transcrito através de caracteres cuneiformes.

Já a escrita hieroglífica foi utilizada no Egito desde o séc. V a.C. ao séc. IV da nossa era. Na origem, cada signo reproduzia direta ou indiretamente o objeto evocado, mas os signos adquiriram um valor fonético que se sobrepôs ao valor ideográfico, sem o substituir. Os hie-róglifos serviram tanto as tradições profanas como sagradas tendo sido gravados em baixo ou alto relevo, sobre uma matéria dura (pedra, madeira ou metal). Os signos hieroglíficos foram desenhados em linhas verticais ou horizontais, podendo a leitura ser feita da esquerda para a direita ou vice-versa, sendo o sentido fixado pelos signos figurativos dos homens ou animais, tendo estes a cabeça voltada para o início da linha.

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Figura 17

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A escrita chinesa, cuja existência é provada por textos com quatro mil anos, sofreu nas suas formas gráficas uma longa evolução, particular-mente quando o emprego da pena de escrever deu aos signos um aspecto anguloso. No início, a escrita chinesa era ideográfica, traduzindo ideias e não sons. Entretanto, para traduzir palavras abstratas cuja transcrição gráfica era impossível, os chineses recorreram aos ideogramas de ob-jetos concretos, correspondente na língua a uma palavra com o mesmo som.

Uma grande evolução aconteceu no mundo da

escrita e com isso significativas transformações com os alfabetos, que tinham grande quantidade de caracteres. Já em 1000 a.C. o alfabeto pro-tocanaanita é reduzido para 22 caracteres, uma grande mudança.

Em 700 a.C., aparece o alfabeto latino, que é a base do alfabeto que temos até hoje. Os romanos no inicio de suas conquistas criaram a letra monumental, a Capitalis Romana, muito utilizada na arquitetura de prédios, fachadas e monumentos famosos como a Coluna de Trajan (114 a.C.) em Roma.

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Figura 182326

As letras eram primeiramente pintadas na pedra com um pincel de ponta reta nas partes superiores e inferiores e depois entalhadas. Não havia espa-cejamento entre palavras e nem letras em caixa baixa. (HORCADES,2007, p. 24)

Entre outros acontecimentos, o surgimento das minúsculas, inspirada na Minúscula Carolíngia, datada do século I.

Outras formas de escritas surgiram, como é o caso da capitalis quadratas, termo que designa letras versais cinzeladas em pedra. Mas a qua-drata não foi uma letra exclusivamente lapidar, também foi usada para documentos escritos sobre papiro ou pergaminho. Ocasionalmente, a pomposa capitalis quadrata era combinada com outra forma, e considerada mais torpe, mais rús-tica.

Então, para obter uma substancial economia de espaço, mas sem maior prejuízo para a legibilidade, desenvolveu-se no império Romano uma letra condensada, a capitalis rústica. Era

pintada à mão em cor preta ou vermelha; servia para apregoar nas paredes produtos, serviços, fazer anúncio políticos, etc.

Já a cursiva, “a primeira minúscula”, ou me-lhor, a raiz das letras minúsculas foi usada pelos romanos em documentos comuns. Para acelerar a escrita deste documento, os romanos alonga-ram e comprimiram a forma da quadratas.

Muitas transformações foram feitas nos alfabetos, passando pela Idade Média, com as letras góticas, trazendo toda formalidade da época. A Renascença, período em que se destaca o grande desenhista Leonardo da Vinci (1452-1519).

A escrita é uma descoberta contínua desde os primórdios, existia a necessidade de argumentar, documentar e até ornamentar algo, e a escrita, desde a sua invenção, exerce esse nobre papel: levar a informação, e com isso gerar a comuni-cação entre todos.

Figura 18

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Figura 19

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3.2 - A evolução nos desenhos dos tipos.

Toda a evolução e as transformações no de-senho de tipos, até a pós-modernidade, têm acompanhado os momentos históricos e as expressões artísticas da sociedade. A forma das letras, a manifestação visual da linguagem, es-tão estreitamente ligadas ao espírito de uma determinada época. Os processos estavam intrinsicamente ligados ao desenho dos tipos, e

a cada processo, há possibilidade de novos desenhos e formas.

Podemos citar épocas marcantes na evolução do desenho de tipos, separando-o em momentos – cada um com características particulares. Cada momento de expressão tipográfica anuncia de alguma forma o pensamento artístico e sociocul-tural da época, conforme esquema abaixo.

Figura 20

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3.2.1 - Os tipos móveis de Gutenberg e a prensa gráfica.

Figura 21

Com o passar do tempo a escrita estava se aperfeiçoando. Com as transformações do alfabeto e o acelerado uso, os escribas tinham uma incumbência de duplicar os livros de for-ma mais fiel possível. Mas com os demorados processos, os escribas não atingiam seus ob-jetivos e se deparavam com algumas barreiras, como reproduzir em larga escala de escrita e replicar massivamente textos e livros.

Na Mogúncia, 1445, um jovem inventor alemão ,apaixonado pela leitura, ficou famoso por sua criação, que até hoje é considerada por inúmeros estudiosos uma das maiores invenções da hu-manidade.

Johannes Gensfleischzur Landen Zum Guten-berg, ou simplesmente Gutenberg, criou a prensa gráfica e seus tipos móveis.

Gutenberg adaptou uma prensa de madeira, daquelas utilizadas para moer uvas e preparar vinho, criou tipos metálicos móveis muito mais resistentes e que, assim poderiam ser usados por muito mais tempo (foram desenhados com caracteres em estilo gótico); e modificou a con-sistência da tinta (a deixou mais densa para que

ficasse bem grudada nos tipos).Os tipos eram dispostos um atrás do outro

sobre uma guia de madeira (em linha). As pa-lavras eram separadas por um tipo sem relevo, que nada imprimia. As linhas obtidas eram ordenadas em uma caixa. Depois os tipos eram untados com tinta para posterior prensagem.

Gutenberg imprimiu várias obras, mas sua obra mais famosa foi a Bíblia de 42 linhas, que revolucionou a escrita com os tipos móveis fun-didos em chumbo. O refinamento técnico do impresso era extremamente minucioso, para que sua invenção tivesse valor comercial, os resul-tados deveriam ser tão bons quanto os livros caligráficos. Para isso, Gutenberg fundiu mais de 290 glifos diferentes, consequência de sua experiência como ourives e conhecedor da arte da construção de moldes e da fundição de ouro e prata; por isso conseguia fazer excelentes tipos, valiosos inclusive artisticamente. Tudo isso para buscar sutilezas caligráficas – a relação única entre uma letra e outra obtida manual-mente. Foram impressos aproximadamente 150 Bíblias em papel e trinta em pergaminhos

num período de três anos. Considerado o primeiro livro impresso do mundo, a Bíblia de Gutenberg é compos-ta com letras góticas a qual era muito famosa na época.

Nota: Alguns detalhes como ilustração e Capitulares eram acrescentados à mão após a impressão do texto.

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3.2.2 - A tipografia no Brasil.

É impressionante a rapidez com que o sistema de Gutenberg se espalhou pela Europa. Já no final do século XV, menos de cinquenta anos após a concretização da invenção, a tecnologia já havia chegado a praticamente todos os cantos do velho mundo. Isso se deve primeiramente ao apuro técnico que a invenção já apresentava quando foi divulgada.

Além disso, a rapidez da disseminação da impressão em todo canto da Europa Ociden-tal, antes do final do século XV, era indicativo também do entusiasmo inicial com que as auto-ridades receberam a nova invenção.

A imprensa alcança o território europeu na seguinte ordem: da Alemanha seguiu para a Itá-lia, em 1465, Suíça e França, em 1470, Holanda, em 1471, Bélgica e Hungria, em 1473, Espanha e Polônia, em 1474, Boêmia, em 1475, Inglater-ra, em 1477, Áustria, em 1482, Dinamarca, em 1483 e finalmente Portugal, em 1487.

‘‘Vale lembrar as circunstâncias em que a im-prensa chega a Portugal. Toda essa rápida expansão dava-se pela necessidade ou anseio de monarcas e poderosos em reproduzir obras de seu agrado. Com isso, a impressão em português feita em Lisboa, começou guando quando a rainha Leonor pediu a seu primo, o sacro imperador romano Maximiliano, que lhe mandasse seus dois impressores para pro-duzir a tradução de Bernardo de Alcobaça da Vita Cbristiy de Ludolfo, o saxão, obra do século XIII.’’ (HALLEWELL,2005, P.53).

O invento começa de fato a funcionar no Brasil mais de três séculos e meio depois, já no século XIX. O fato envolvia política e principalmente a relação colonial que se estabelecia na época.

‘‘Muito mais do que a análise que identifica o arraso da introdução da tipografia no Brasil com uma política intencional portuguesa, no sentido de manter a dependência através da ignorância cultural, este fato envolve o próprio sistema colonial portu-guês. O Brasil constitui-se mero produtor daquilo era conveniente e rendoso a Portugal , e assim sendo, não era interessante qualquer empresa ou empreendimento comercial que concorresse com os produtos portugueses.’’ (HALLEWELL, 2005, p.53).

Um fator muito crítico foi a forma com que se deu a dominação cultural de Portugal sobre os nativos brasileiros, bem diferente da dominação impostas pelos espanhóis a suas colônias, prin-cipalmente pelo nível de desenvolvimento dos indígenas. As colônias espanholas da América, México, em 1533/34, Peru, em 1577 e Bolívia, em 1612, já possuíam uma forma de escrita.

Várias tentativas de se instalar a imprensa no Brasil se sucederam desde o seu desco-brimento. A principal, mas no entanto igualmen-te frustrada, pode ter ocorrido com Antonio Isi-

Figura 22

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doro da Fonseca, (entre de 1728 a 1750) – um dos melhores tipógrafos de Lisboa.

Mas com a ausência de trabalhadores qualifi-cados, uma vez que a maioria dos nativos eram analfabeto, com o alto custo das matérias primas, como a tinta e o papel, pequena cliente-la, combinadas com as restrições impostas por Portugal, tornaram a iniciativa de Isidoro da Fon-seca inviável. O mesmo, ao final de um processo de perseguição, teve seus bens confiscados, queimados e foi deportado para Lisboa. Todos estes fatores contribuíram para que de fato a imprensa no Brasil chegasse apenas em 1808, junto com a Corte Portuguesa.

A chegada da corte em 1808 é um dos pon-tos mais significativos na história brasileira. Para abrigar toda a família real e a corte, a cidade do Rio de Janeiro, agora a capital do reino, rapida-mente se transforma. Já na chegada, o Príncipe Regente promove a abertura dos portos para o comércio internacional, e poucos meses depois D. João VI desembarca no Rio de Janeiro tra-zendo consigo todo o aporte necessário para a implantação de uma oficina tipográfica no Brasil.

Redirecionado no Brasil, os prelos e tipos serviriam para a impressão de material oficial da regência do país.

Implantada oficialmente, a Imprensa Nacional foi um grande marco para o Brasil. A história dessa instituição pública, uma das mais antigas do país, confunde-se com a história do Brasil e pontua o desenvolvimento da imprensa brasileira. Sua criação é um dos legados da transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, uma herança que sempre se traduziu em bons serviços à so-ciedade e também em pioneirismo.

Mesmo com a implantação da impressão régia, o fim do monopólio do governo na im-pressão acontece apenas em 1821 – com o final da censura prévia – quando o país recebe outras duas oficinas. Em 1822 já são mais quatro ofici-nas tipográficas extra-governamentais, a maio-ria com publicações pró-independência.

A Empresa Typographica Dous de Dezembro de Francisco de Paula Brito (1809-1861) foi da

maior importância, sendo seu proprietário consi-derado o primeiro verdadeiro editor do Brasil. Começando a vida com tipógrafo, foi impressor da casa imperial, chegando a possuir, além da oficina tipográfica, uma litografia (1852) e uma livraria. A fim de elevar o nível de sua produção, recorreu a artesãos e artistas estrangeiros (SEMERARO, 1979, p,10).

Com as evoluções dos processos de impressão e um mercado cada vez mais crescente, a produção tipográfica no Brasil esteve fortemente ligada à imprensa e à produção livresca. Ultrapassando este cenário, a tipografia brasileira já no século XX é também, como em outros países, reflexo dos movimentos socioculturais e socioeconômicos.

Figura 23

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Chegando de forma avassaladora no final do século XX, as invenções do computador pessoal e das tecnologias de tipografia digital trouxeram facilidade e rapidez para o mundo tipográfico, até então nunca pensado. O computador, com seus programas gráficos, passou a permitir ao designer elaborar o layout, dispor com total liberdade os textos, fazer a composição com os tipos que escolhesse e da forma que arbitrasse, manipular à vontade todos esses elementos gráficos até definir qual é a solução definitiva, visando pre-ciosamente, na própria tela, o resultado o trabalho.

Diferentemente da fotocomposição, a tipo-grafia digital parece ter ainda muito tempo para desenvolver-se. Ainda em constante evolução é possível que muitas sutilezas, perdidas com a mecanização pautada em razões econômicas, possam ser resgatadas retomando-se singula-ridades preciosas.

Tipos digitais em computação seja no formato Adobe Post Script ou outro qualquer são em geral desenhos de tipos que podem ser colocados em escala segundo o tamanho desejado, apesar de a correção ótica ser uma questão ainda não plenamente, resolvida. A composição digital está generalizada e a fotocomposição agoniza, caso já não esteja morta. O tipo digital deixou de uma ferramenta onerosa, restrita e especializada, tornando-se mais uma facilidade disponível na elaboração do designer gráfico. (NIEMEYER, 2010, p.27)

Os tipos são constituídos pelo armazenamento das informações bitmap e outline (os vetoriais), sendo bitmap o registro de todos os pontos de um caractere e outline, sendo o registro de li-nhas curvas e retas que formam o contorno do caractere. Os formatos dos arquivos dos tipos digitais são três:

•Post Script: Criado pelo Adobe este formato gerencia não só tipos, como imagens, e este gerenciamento permite que impressoras que possuem o sistema compatível com Post Script imprimam com maior qualidade;

3.2.3 - Tipografia digital.

•Open Type: Esta é uma criação conjunta das empresas Microsoft e Adobe. Sendo um formato universal, possuem maior versatilidade não só em variedade de caracteres que pode incluir no arquivo tipográfico, mas também pela capacidade de leitura de linguagens dos alfabetos orientais que por vezes não é lido pelos outros formatos.

•True Type: Formato criado pela empresa Apple, sendo um formato de fonte outline, ou seja, este formato faz a leitura de linhas e curvas, facilitando assim que a tipografia possa ser vista na tela e no meio impresso, com o mínimo de diferença possível. É o formato mais complexo encontrado na tipografia digital. O sistema mais recomendado para o uso em telas de computa-dor.

Quanto aos programas de desenvolvimento de tipografia, existe uma grande variedade deles, sendo alguns deles pagos e outros gra-tuitos. Cada um com uma plataforma opera-cional diferente do outro, alguns requerem um conhecimento avançado na construção da tipo-grafia enquanto outros são desenvolvidos exclu-sivamente para estudante de design tipográfico.

Desta forma, é clara a colocação de que a tipografia, por mais que seja usada em formato digital, ainda possui sua característica inicial, que é a forma humana de se comunicar.

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IV-Definindo tipografia.

4 - Tipografia x Tipologia x Caligrafia.TIPOGRAFIA (do grego typos, formas + gra-

phein, escrita). Tipografia também está relacio-nada com a boa apresentação das letras, pa-lavras e texto, porém, refere-se a um processo industrial, impresso por máquinas, mesmo que o desenho dos tipos esteja repleto de expressão artística e manual. Caligrafia (do grego kalli, sig-nificado, belo), a fina arte de escrever á mão e apresentar bem as letras e suas formas.

“Tipografia compreende o desenho e a produção de letras e a adequada distribuição e espacejamento sobre uma superfície (sobretudo o papel e ago-ra o monitor ou tela) para transmitir informação e facilitar a compreensão.(...)Uma outra função importante da tipografia é a de conduzir o leitor à leitura, estimular a sua percepção da estrutu-ra subjacente ao texto, facilitar a compreensão da informação a aprofundar o seu entendimento.” (NIEMEYER, 2010, p.15)

Durante a pesquisa, são apresentados conceitos, definições e ideias, para significar o que é tipografia, mas antes de entendermos a junção de todas essas ideias, precisamos escla-recer uma grande dúvida quanto ao emprego da palavra tipografia (aplicação), do termo tipologia (estudo), onde Niemeyer diz que:

“Tipografia não é sinônimo de tipologia. Nos dicio-nários dignos de credibilidade, tipologia é o processo de classificação ou o estudo de um conjunto, qualquer que seja a natureza dos elementos que compõem, para determinação das categorias em que se distribuem, se-gundo critérios definidos. No que diz respeito a letras, uma tipologia trataria então da classificação das classes de elementos tipográficos, os tipos.” (NIEMEYER, 2010, p.15).

Portanto, fica explícito que é inadequado o uso de tipologia como sinônimo de tipografia, um erro comum até mesmo entre pessoas fami-liarizadas com o tema.

A Tipografia é um ofício que trata dos atri-butos visuais da linguagem escrita. Ela envolve a seleção e a aplicação de tipos, a escolha do formato da página, assim como a composição das letras de um texto, com o objetivo de trans-mitir uma mensagem do modo mais eficiente, gerando no leitor destinatário significações pretendidas pelo destinador.

Numa visão mais ampla, o crescente vo-lume de informações que nos rodeia na era da comunicação de massa, precisa de uma maior seletividade na percepção da informaçã, com isso, entende-se que só é percebida e compre-endida uma tipografia que tenha uma boa legibi-lidade e uma boa leiturabilidade.

Pode-se fazer uma comparação entre o car-ro e a tipografia: o carro tem a função de nos transportar a algum destino, caso contrário seria inútil. Com a tipografia não seria diferente, ela nos induz ao entendimento entre o belo e o útil, fazendo com que a leitura seja agradável e com-preendida.

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V-O Tipo.

5.1 - Anatomia das letras.

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No decorrer do trabalho, fica claro que a tipografia é um elemento fundamental na cons-tituição de qualquer página impressa, e por isso deve ser uma preocupação constante de qualquer designer gráfico. Para isso, faz-se necessário analisar os elementos estruturais que constituem cada um dos tipos, como transição, orientação, largura de composição, altura-x, altura de versal, ascendentes, descendentes e espaçamentos.

Empregar a nomenclatura correta é vital na comunicação, especialmente na comunicação técnica. É necessário construir um vocabulário ti-pográfico, com os termos que identificam as partes das letras. Não são muitos os nomes e a maioria tem significado óbvio; e são eficientes, uma vez que alguns vêm sendo usados desde o século XV. (ROCHA, 2005, p.38).

Na Figura 24, podemos ver a esquematização de linhas para alinhamento dos caracteres e pa-lavras. Cada linha tem a sua importância, com a finalidade de facilitar a leitura.

A linha de base tem a função de repousar as palavras. A linha de caixa alta tem a função de delimitar a altura da maiúscula. A altura de X é o corpo principal da letra minúscula sem as ascendentes e as descendentes. Linha das as-cendentes é a delimitação máxima para a parte da letra que vai além da linha das versais (mai-úsculas). Linha das descendentes é a delimita-ção máxima para a parte da letra que se extende abaixo da linha de base.

Os infográficos a seguir (fig. 25 e 26) mos-tra a variação de eixo, o tipo de serifas, termina-ções e, a variação de pesos e larguras, partes importantes na estrutura dos tipos.

Estes elementos são determinantes para a classificação dos tipos como veremos no próxi-mo capítulo.

Figura 24

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Figura 25

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Figura 26

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5.2 - Classificação dos tipos.

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Apesar de contribuírem na organização do conhecimento, a simples classificação dos tipos não auxilia a compreender profundamente as nuances que diferenciam decisivamente uma fonte de outra.

Já no século XIX, os típógrafos fizeram relação direta com momentos da história da arte para classificá-las, o que muitas vezes, pode ser um trabalho complicado, pois são detalhes que pre-cisam de um bom conhecimento tecnico de de-senho, do estilo e da época que foi criada.

A forma básica para de classificar um tipo é considerar a presença ou ausência de serifas, dividindo-as em dois grandes grupos: serifadas e não-serifadas.

As serifas são pequenas terminações, em formatos variados, presentes em algumas famílias tipográficas. Geralmente as fontes não serifadas são recomendadas para títulos, pois suas linhas regulares estabelecem um campo visual mais homogêneo, por isso, elas contri-buem para a visualização de chamadas (como títulos e subtítulos) e textos que devem ser vistos a longas distâncias.

Em Pensar com Tipos (Lupton, 2006), classifica de forma bem ampla, as variações visuais tipográficas em sete tipos diferentes:

Figura 27

humanistas, transicionais, modernas, egípcias sem serifas, humanistas, sem serifas transicio-nais e sem serifas geométricas – cada uma com características particulares. Já Rocha (2002, p.60) aponta mais de 40 variações estruturais e de estilo que podem ser usadas na classifica-ção das fontes.

Existem vários sistemas de classificação tipográfica, porém, atualmente considerado o mais completo e o mais respeitado é o sistema Vox/ATypl, uma combinação entre o sistema de Maximilien Vox com atualizações feitas pela As-sociation Typographique Inteternacionale, se-gundo Lucy Niemeyer.

(NIEMEYER, 2010, p. 50) a classificação ado-tada pela AssociationTypographiqueInternationale(ATypI) é conhecida como Classificação Tipográfica Vox/ATypI. Ela leva este nome por ter se baseado na classificação feita originalmente por Maximilien Vox, em 1954. (NIEMEYER, 2010, p. 50)

Com o objetivo de facilitar a classificação ti-pografica, a Vox/ATypI dividiu os tipos em sete grandes classes, e subclasses, onde as classes são: Romanos, Lineares (ou Sem serifas), Inci-sos, Manuais, Manuscritos (ou script), Góticos e Não latinos.

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Figura 28

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5.3 - A maior das finalidades: Leiturabilidade e Legibilidade.

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É importante distinguir o termo legibilidade (legibility, em inglês) – relacionando com a per-cepção visual e a decodificação de símbolos – do termo leiturabilidade (readability), relacionando a compreensão da informação, influenciado, inclusive, por fatores culturais. O termo leitu-rabilidade ainda não consta nos dicionários de língua portuguesa, mas por dedução do termo leitura, podemos dizer que refere-se a todos os fatores que podem influenciar a compreensão de um determinado texto. De fato, desta forma, pode-se dizer também que legibilidade é um fator que influencia na leiturabilidade.

Segundo Horcades (2007, p.140), em ter-mos de legibilidade, a economia na impressão não se refere à quantidade de papel gasta ou de horas-máquina. A economia em impressão se realiza quando o texto lido é rapidamente com-preendido, sem ruídos ou confusões.

Seguindo o texto proposto por Horcades (2007, p. 140), os estudos de legibilidade

começaram no século XVIII. Descobriu-se que o olho se movimenta ao longo da linha em arrancões, e não num movimento suave. Esses movimentos são chamados de movimento sacá-dicos. Entre dois movimentos sacádicos efetua-se uma parada chamada de pausa; nas pausas se faz o entendimento do que foi lido.

Cabe ao designer gráfico conseguir que as mensagens visuais se façam entender de forma clara, rápida e precisa, com o compromis-so de nelas incorporar a estética. Portanto, para que o designer alcance êxito em sua missão de produzir mensagem clara e objetiva ao usuário, é necessário o uso de uma boa tipografia, com as seguintes caracteristicas: equilíbrio, beleza, adequação na colocação e distribuição de le-tras, além de outros requisitos, como contexto e relevância com o tema ao qual estará sendo aplicada. Cada elemento tem a sua importância no conjunto, mas tudo isso precisa ter uma boa legibilidade.

Figura 29

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5.4 - A importancia do kerning.

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A qualidade de uma fonte é definida pela legibilidade e pela sua coerência na formação de palavras e textos. A forma das letras, ou seja, a sua parte impressa, deve ser avaliada juntamen-te com as áreas em branco ao seu redor, que caracteriza a sua contra forma. Um dos pontos cruciais do desenvolvimento de uma fonte digital é, sem dúvidas, o espacejamento dos caracte-res, principalmente quando se espera que ela tenha algum valor comercial, ou até mesmo que ela possa ser simplesmente usável na composi-ção de pequenos textos.

“Espacejamento deve ser entendido como o espaço entre caracteres. Problemas específicos devem ser resolvidos com pares de Kerning.” (RO-CHA, 2005, p.44).

Os caracteres não podem ser vistos como letra individual; o espaço ideal entre eles é uma questão de percepção, no meio em que estão aplicados. Varia mediante o desenho do caractere e seu tamanho. Ainda precisam verificar o espaço extremo das letras para avaliar se a palavra ou um texto está adequadamente espacejado.

“O termo Kerning originou-se da palavra corne-ring, ou escantilhamento, que é a remoção da base de chumbo que esta por baixo da letra de forma, de modo que ela possa se sobrepor na base de outra letra para reduzir o espaço entre elas.” (CLAIR e SNYDER, 2009, p. 164).

Kerning está relacionada à parte de uma letra avançada sobre o espaço da outra. Ao lado, um exemplo: a letra f de um tipo de metal mostra kerning (significa carenagem) em ambos os lados. Letras crenadas são mais frequentes em caracteres itálicos.

“Na tipografia digital, as fontes costumam incluir pares de Kerning ‘‘buil-in’’, ou seja, fazem parte do projeto original. Além disso, os recursos nos softwares para o ajuste de Kerning são mais freqüentes. Esse procedimento é fundamental, sobretudo em títulos e textos em corpos maiores, onde as inconsistências são mais visíveis.” (ROCHA, 2005, p.45).

O espacejamento também consiste em árduos processos onde a forma, o peso e o contraste

Figura 30

dos caracteres devem ser levados em conside-ração para se obter um balanço adequado entre os espaços brancos internos e externos.

O mesmo acontece em combinações críticas como as de caracteres com laterais em diagonal como ‘A’, ‘V’ e ‘W’. Nestes casos, é preciso uma atenção especial.

Por fim, é sempre bom ter em vista os inú-meros testes impressos com textos e pares especiais de caracteres. Estes testes devem acompanhar todo o processo para que durante a evolução da construção de todo o conjunto não seja necessário dar passos de volta a etapas já vencidas.

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Figura 31

41

5.5 - Padrões Internacionais.

Ao longo do estudo, podemos constatar que não é fácil criar uma família tipográfica completa, incluindo todas as variações necessárias para que a mesma seja considerada de boa qualida-de. O mínimo para preencher estes requisitos são caixa alta, caixa baixa, numerais, sinais de pontuação e símbolos. Para se chegar no resulta-do final é um longo processo, que começa com a escolha do tema e os primeiros roughs.Com base nos padrões internacionais, é considerada uma boa família tipográfica para uso internacio-nal, cerca de 250 caracteres.

Thimothy Samara em seu livro cita que ‘‘ Um conjunto completo de caracteres, com todos os seus componentes, pode chegar a 250 elementos, incluindo letras de caixa-alta e baixa, números , pontuação, sinais diacríticos (acentos) e símbolos matemáticos’’. (SAMARA, 2011, p. 190)

Por se tratar de um projeto acadêmico, nos limitaremos na construção de uma única varia-ção. Por isso no momento não iremos construir todos os caracteres conforme recomendações internacionais e utilizaremos apenas 140 para atender a nossa língua, o qual julgamos ser o básico para a sua utilização.

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VI-Goytafont: A representação de um povo.

6.1 - Derivação de Arquétipos.

Escolhido o tema do projeto, definimos a base do arquétipo.

Mas antes de entrar no assunto referente a derivação de arquétipos, precisamos defini-lo.

Arquétipo são caracteres que em sua estrutura possibilitam a construção de todas as outras letras, criando com isso a familiaridade necessária para o conjunto.

Segundo a escola suíça, assim que concluímos os caracteres ‘O’, ‘H’, ‘n’ e ‘o’ devemos desenhar os caracteres ‘p’ e ‘h’, pois fornecem parâmetros para todas as ascendentes e descendentes.

“A escola suíça de tipografia tradicionalmente recomenda iniciar o desenho de uma fonte pelos caracteres ‘O’, ‘H’, ‘n’ e ‘o’. Pois eles fornecem os seguintes dados: peso de linha, largura de letras retangulares, largura de letras redondas, altura de caixa baixa e alta, junções de curva com reta e acabamentos com hastes verticais.” (BUGGY, 2007, p. 137-138)

GRÁFICOS DE DERIVAÇÃO DE ARQUÉTIPOS

Figura 32

Após a construção de ‘p’ e ‘h,’ devemos nos preocupar com o desenho das formas das terminais, que também preservam uma unidade. Por último, os caracteres com traços diagonais e caracteres de menor largura irão finalizar o con-junto de informações que nortearão o restante do projeto.

Optamos em utilizar o sistema suíço adapta-do ao sistema de Anne, pois estes caracteres chave facilitam em muito o desenho de letras e números.

“O sistema ‘abcdefg’ concebido por Anne Debra Adams (1989) visa automatizar o processo de criação de uma fonte a partir de uma definição de alguns caracteres-chave ‘o’, ‘h’, ‘p’ e ‘v’) dos quais os outros seriam derivados.” (FARIAS, 2000, p.39)

Vale ressaltar que caracteres que proporcio-nam um desvio natural do padrão inicialmente criado, devem ser interpretados para se adequa-rem ao sistema.

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Neste projeto de criação da Goytafont, tudo culmina no desenho das letras, e com isso várias perguntas foram levantadas para direcionar e ajudar no processo de criação.

O seu desenho terá características de uma época? Retratará uma pessoa de destaque? Ou deverá apontar sua principal fonte econômica?

Estas e outras perguntas foram sendo feitas e quando respondidas na sua essência, deram forma e personalidade à fonte.

Ja tinhamos em mente que os arquétipos re-presentariam a figura do índio. Para que fos-se possível alcançar um bom resultado, foi ne-cessário pensar em um arquétipo contendo tais características, e para isso nos baseamos nos relatos de escritores e estudiosos sobre o as-sunto, onde diziam que o índio era alto, robusto e feroz, sendo ainda excelente corredor e na-dador, e tamanha era a sua crueldade, o que os fez serem chamados por todos da época como comedores de gente.

Por falta de provas concretas sobre a real fi-sionomia do índio, o que temos hoje são apenas desenhos, fez-se necessário pensar em algo material, o que nos levou a pesquisar os achados do sitio arqueológicos. Sendo assim, o trabalho se iniciou através de estudos sobre os artefatos, e sobre os restos encontrados dos índios, ou seja, ossos e restos de artefatos, que estão em exposição no museu de nossa cidade.

Na (figura 9 do cap II) nos deparamos com uma pintura de “Momu D’ unchef de Coroados” (Imagem extraída do Museu de Campos, autor desconhecido), retratando um chefe indígena ou algum membro importante sendo velado, e na figura 33, uma amostra visível do vaso, ou melhor dizendo, uma parte do que se denomi-na igaçaba. Na figura 34, uma urna funerária encontrada ao escavar uma passagem de rede de esgoto em Conceição de Ouros-MG, que na verdade, são o que existe de mais concreto sobre o índio goitacá.

2343

6.2 - Arquétipos.

Figura 33

“as urnas funerárias de barro, lisas, de forma globular assentada em fundo cônico, de paredes grossas de um dedo, sem ornamentação gravada ou pintada, arrumadas e enterradas em linhas pa-ralelas no terreno raso, marcavam, na face do solo, inúmeros círculos.” (Raimundo Morais, País das Pedras Verdes, p.282).

Sendo assim, com o auxílio de fotos e dese-nhos dessas urnas, foi dado início à construção dos arquétipos, onde o objetivo agora é alcançar, por meio do desenho e simples traços a essên-cia de uma cultura.

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Como primeiro passo, foi desenhado o con-torno do vaso da figura 33, para visualização do que mais tarde seria a base da nossa estrutura arquetípica, conforme figura 35.

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Figura34

Figura 38

Ao juntarmos a figura 33 com a figura 9 do cap II, chegamos a um resultado mais detalhado da igaçaba, como mostra a figura 36.

Entendendo que o resultado encontrado na figura 36 não apresenta as qualidades que evi-denciam o índio, chega-se à conclusão de que a estrutura precisa de um refinamento. Vide figura 37.

Refinando ainda mais, e trabalhando o traço a fim de se alcançar uma estrutura arquétipi-ca que condiz com as características do índio, chega-se ao resultado na figura 38.

Figura 35

Figura 36

Figura 37

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A primeira imagem (fig. 35) norteou o de-senho, alcançando o desenho da na figura 38, que resultou na base vetorizada da figura 39.

O arquétipo da caixa alta da goytafont estava pronto, mas uma família tipográfica, para ser completa, precisa de caracteres em caixa baixa. Sendo assim, adaptamos o arquétipo da caixa alta à altura de x, mudando apenas a sua base, que em caixa alta é reta, para em curvas, dando uma forma arredondada à base da minúscula, ou melhor dizendo, da caixa baixa, conforme imagem da figura 40.

A dificuldade de se encontrar resposta para a pergunta ‘‘como se desenha uma fonte?’’ , sem dúvidas é reflexo direto da complexidade do tema, mas principalmente pelo simples fato de que talvez esta resposta não exista. Na in-vestigação mais profunda do tema, nota-se que não há uma fórmula única que contemple todo o desenvolvimento de uma fonte – cada desig-ner parece ter sua própria forma de direcionar seus esforços para a realização deste trabalho. O que realmente existe são algumas sugestões de caminhos que podem ser seguidos (mas que não são obrigatórios), principalmente por aque-les que ainda não têm muita familiaridade com tema.

“Para se desenhar uma fonte é necessária que se de-termine uma relação de proporções entre suas medidas verticais e horizontais. As medidas verticais devem seguir uma estrutura rígida, estabelecida através da definição do corpo do tipo, linha de base, linha média, linha da versal, linha de topo e linha de fundo (apud BUGGY, 2007, p. 103).”

Assim que definimos as medidas, ou seja, a altura de versal, altura de x, linha de base, linha ascendente e linha descendente, partimos para a escolha do miolo/olho de nossa fonte.

Pensando em mais duas evidências relacio-nadas ao índio, observamos, nos relatos de autores e estudiosos, no decorrer destas pá-ginas que, no aspecto físico, o índio goytacaz era careca, pois o mesmo raspava a cabeça em cima, deixando a parte de baixo crescer.

Outra evidência está relacionada com o vaso, pois na parte superior encontra-se a tampa com

Figura 39

Figura 40

2345

uma saliência oval designada como puxador da tampa do vaso. Estas evidências justificam mais um detalhe no arquetípico: um tipo de “cabeça”, conforme a figura 41, em detalhe acima da linha das ascendentes, e da figura 42, na imagem do índio.

Sendo assim, nos mantivemos preocupados em criar um miolo/olho oval partindo da linha ascendente, reforçando uma das características do índio, que é a altura, pois a forma oval ressalta este atributo, sempre atentos em oferecer à fon-te boa legibilidade e leiturabilidade.

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Figura 41

Figura 42

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6.3 - Os primeiros esboços (rough).

Antes de chegarmos a definição arquétipica, foi preciso antes fazer alguns desenhos, que denominamos rough. Este processo, além de ser criativo, é também muito desgastante, per-cebendo-se com isso que o método escolhido para a construção de uma família tipografica a partir de arquétipos facilitou muito nos desenhos dos demais caracteres.

Antes de passar para os roughs, que foram trabalhados dentro da base do arquétipo esco-lhido, vamos verificar o passo a passo, ou seja, a evolução do desenho dos caracteres, antes da metodologia escolhida.

Os primeiros roughs, conforme a figura 43, a ideia era trabalhar em cima da imagem do índio, em particular da cabeça do mesmo, mas não deu certo, lembrou o símbolo do tradicional arroz Sepé, figura 44, além de dar ao caractere um tom infantil, meigo, que não é a caracterís-tica do índio goytacaz, pois o mesmo é feroz e atemorizante.

Os roughs da figura 45 também foram des-cartados, pois passam também um tom infantil, não corrobora em nenhuma característica do ín-dio, e além de tudo isso apresenta o vaso (iga-çaba) de cabeça para baixo, causando descon-forto e desconfiança.

Outros roughs apresentam detalhes diferen-tes do que fora desenhado anteriormente. Co-meçou-se a enfatizar o que estávamos procu-rando, ou seja, as características do índio, com destaque para sua estatura longinea e robus-ta (fig 46). Mas como neste momento estáva-mos convictos de desenvolver nosso trabalho com ênfase no vaso (arquétipo), descartamos tal possibilidade devido a sua semelhança com partes ósseas.

Na figura 47 começa a surgir uma forma que se aproxima do esperado, mas faltam ainda alguns detalhes e ajustes.

Por fim, utilizando a base do arquétipo que fora utilizado, conforme a figura 48, a que jul-gamos ideal, começamos a desenhar os ca-racteres, partindo dos gráficos de derivação, o

Figura 43

Figura 44

Figura 45

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Figura 48

Figura 47

Figura 46

2348

que nos possibilitou chegar ao resultado espe-rado.

A seguir mostraremos a derivação de alguns dos caracteres esboçados (fig. 49). Houve gran-de preocupação para não se perder a estrutura

básica, onde suas características deveriam ser mantidas, levando se em conta a largura das hastes e barras, diâmetro do miolo, a fim de se manter um equilíbrio ótico.

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Figura 49

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Assim que demos início aos roughs, de ime-diato pensamos em colocar algumas diferenças para o reconhecimento dos caracteres em caixa alta, caixa baixa e numerais, a fim de se evitar conflito, ou seja, falta de leiturabilidade.

Para alcançar este diferencial proposto, ti-vemos que modificar o miolo de cada arquétipo, pois em caixa alta, a elipse que forma o miolo é pontiaguda, enquanto que no numeral, a elipse é mais aberta, com suas extremidades retas, e por fim a caixa baixa, com uma elipse mais aberta proporcionando um miolo mais oval.

No caso dos caracteres ‘5’ e ‘S’, houve uma

atenção maior na hora dos roughs, pois ambos os caracteres se assemelham, quando são dese-nhados dentro do arquétipo sugerido.

Diferenciando ambos os caracteres temos o numeral (5) na figura 50 com uma barra hori-zontal superior reta e com suas extremidades arredondadas, base reta e remate reto, e a letra (S) na figura 51 com uma diagonal rasa, um pouco abaixo da linha imaginária de uma barra, ombro arredondado e uma base arredondada com terminal reta.Nas páginas seguintes mostraremos todos os roughs dos caracteres em ordem alfabética.

Figura 50

Figura 51

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Minúscula ou Caixa baixa.

Figura 52

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Maiúscula ou Caixa alta.

Figura 53

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Numerais

Figura 54

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Símbolos e Sinais de pontuação.

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Figura 55

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6.4 - Digitalização e finalização.

De posse dos caracteres já definidos, é feito o escaneamento dos esboços. A seguir, estas imagens são levadas a um software específico de vetorização, no caso, usou-se o Adobe Illus-trator versão CS5. Cada caractere é vetorizado individualmente, é especificado tamanho padrão para que todos os outros possam segui-lo de forma consistente. Para que a vetorização seja feita com padrão faz-se necessário a utilização de um diagrama de construção. Assim que todos os caracteres são vetoriza-dos, são levados ao programa de fonte espe-cífico. Para este projeto, o escolhido foi o Fon-tCreator 6.5; para que sejam feitos os ajustes de kerning necessários, a fim de se alcançar o resultado desejado, que é oferecer ao leitor uma

Figura 56

fonte com boa leiturabilidade e legibilidade.Algumas combinações de letras são feitas,

e assim, fazem-se também os primeiros testes de impressão. Com base nestes testes, levan-do em consideração os objetivos do projeto e a harmonia das formas, algumas destas são per-feitas em relação a outras e quando se julga necessário, outros caracteres são gerados para que o conjunto tenha o máximo de coerência visual possível.

A principal aspiração é mostrar que todo o processo desenvolvido até aqui é um ótimo exercício prático para desmistificar a criação de uma família tipográfica, e que todo o trabalho realizado até aqui já constitui uma fonte tipográ-fica.

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6.5 - Apresentando a goytafont.

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z

a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z

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VII-Conclusão.

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O presente projeto teve como objetivo o desenvolvimento de uma tipografia digital, com a finalidade de representar as caraterísticas culturais da cidade de Campos dos Goytacazes, com destaque para os índios, que aqui viveram.

O projeto fez uma explanação da história dos índios, na qual este estilo se fez mais presente. Ainda foi de grande importância o estudo de legi-bilidade, pois este estudo aborda este tema como sendo um dos principais. Foi de grande valia ter observado a questão da semiótica encontrada na tipografia, pois este recurso foi utilizado na ge-ração de alternativas, tendo em vista a aplicabi-lidade da forma do vaso encontrado na cultura indígena, em rituais funerários (homenageando mortos ilustres da aldeia).

Ao estudar a tipografia, foi possível observar sua importância; os estilos ficam intrínsecos aos textos aplicados. Através da tipografia é possível comunicar além do que o próprio texto diz. É fundamental que o designer estude este tema, pois é ele um dos princípios norteadores do bom designer gráfico.

Quanto as recomendações de uso, fica re-gistrado que esta tipografia foi desenvolvida tendo em vista o uso em rede digital; pode ser impressa ou usada em diferentes meios; não pode ser utilizada como texto em caixa alta, pois

pode comprometer a leiturabilidade. A tipografia tem uma boa legibilidade, uma vez que foram ajustados todos os espacejamentos e Kerning das letras. Os caracteres foram todos testados e aprovados.

A goytafont foi criado, como justifica este pro-jeto, para homenagear a cidade de Campos dos Goytacazes, com a intensão de destacar suas qualidades culturais existentes desde o passa-do, e que procura, através desta família tipo-gráfica, ter sua história destacada.

A cultura indígena é muito presente nesta cidade, o que justifica Campos “dos Goytacazes”.

Por fim, coloca-se aqui a importância de um projeto desta amplitude, tanto profissional como pessoal, pois através deste foi possível ter enriquecimento tanto cultural, quanto técnico, bem como a obtenção de conhecimento com-pleto do projeto de design de alta complexidade, seus meios de desenvolvimento, sua aplicação a um projeto que procure trazer alguma novidade em algum campo de conhecimento humano.

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IX-Apêndices.

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Caracteres da Goytafont.

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Za b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z1 2 3 4 5 6 7 8 9 0Á À Ã Â Ç É È Ê Í Ì Ó Ò Õ Ô Ú Ù Æ æ ₧ ™ №Ñ ñý € Øø ¢ © ® ¼ ½ ¾. , : ; ? ! ... • ´ `~ ^ ‘ ’ - _ “ ” ª ° ¹ ²³ º *+ ± ÷ × # $ % &@ < > =≈ \ | / ( ) { } [ ]

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Goytafont em diferentes tamanhos.

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Goytafont em composição de textos.

Este trabalho de conclusão de curso tem como tema: Goytafont: representando tipografica-mente o município de Campos dos Goytacazes.

A proposta central desta TCC é desenvolver uma família tipográfica digital, com a finalidade de representar as características culturais e históricas do município de Campos dos Goytacazes.

No início, o território onde hoje se encontra esta cidade, era habitado por várias tribos de índios, destacando-se os índios Goytacazes. O café e a cana de açúcar propiciaram momentos marcantes no desenvolvimento do município. Hoje, a economia é impulsionada pela produção de petróleo, e o município tornou-se o maior produtor do Brasil.

A cidade se destaca também na cultura, por meio do uso da cerâmica, couro, palha e madeira como principais matérias-primas artesanais e, na culinária, com a cachaça, goiabada cascão, suspiro e chuvisco, como seus principais produtos.

Por ser uma cidade tão importante para o Estado do Rio de Janeiro, histórica, cultural e eco-nomicamente, fez-se necessário em nossa concepção representá-la tipograficamente, e não haveria figura mais marcante para tal, ainda que esta ideia esteja fortemente inserida e muito bem aplicada no “sobrenome” da cidade, Campos “dos Goytacazez”.

Os tipos constituem a principal ferramenta de comunicação impressa. As faces (forma ou dese-nho) de tipos permitem dar expressão ao documento, para transmitir instantaneamente o tema, sem precisar necessariamente de ajuda verbal para sua definição.

Este trabalho de conclusão de curso tem como tema: Goytafont: representando tipograficamente o município de Campos dos Goytacazes.

A proposta central desta TCC é desenvolver uma família tipográfica digital, com a finalidade de representar as características culturais e históricas do município de Campos dos Goytacazes.

No início, o território, onde hoje se encontra esta cidade, era habita-do por várias tribos de índios, destacando-se os índios Goytacazes. O café e a cana de açúcar propiciaram momentos marcantes no desenvol-vimento do município. Hoje a economia é impulsionada pela produção de petróleo, e o município tornou-se o maior produtor do Brasil.

A cidade se destaca também na cultura, por meio do uso da cerâmica, couro, palha e madeira como principais matérias-primas artesanais e, na culinária, com a cachaça, goiabada cascão, suspiro e chuvisco, como seus principais produtos.

Por ser uma cidade tão importante para o Estado do Rio de Janeiro, histórica, cultural e economicamente, fez-se necessário em nossa concepção, representá-la tipograficamente, e não haveria figura mais marcante para tal, ainda que esta idéia esteja fortemente inserida e muito bem aplicada no “sobrenome” da cidade, Campos “dos Goytacazez”.

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Goytafont em colunas.

Este trabalho de conclusão de curso tem como tema: Goytafont: representando tipo-graficamente o município de Campos dos Goytacazes.

A proposta central desta TCC é desenvolver uma família tipográfica digital, com a finalidade de representar as características culturais e históricas do município de Campos dos Goyta-cazes.

No início, o território, onde hoje se encon-tra esta cidade, era habitado por várias tribos de índios, destacando-se os índios Goytaca-zes. O café e a cana de açúcar propiciaram momentos marcantes no desenvolvimento do município. Hoje a economia é impulsionada pela produção de petróleo, e o município tornou--se o maior produtor do Brasil.

A cidade se destaca também na cultura, por meio do uso da cerâmica, couro, palha e madei-

Corpo 12

Este trabalho de conclusão de curso tem como tema: Goytafont: represen-tando tipograficamente o município de Campos dos Goytacazes.

A proposta central desta TCC é desen-volver uma família tipográfica digital, com a finalidade de representar as características culturais e históricas do município de Campos dos Goytacazes.

No início, o território, onde hoje se encontra esta cidade, era habitado por várias tribos de índios, destacando-se os índios Goytacazes. O café e a cana de açúcar propiciaram momentos mar-cantes no desenvolvimento do município. Hoje, a economia é impulsionada pela produção de petróleo, e o município tornou-se o maior produtor do Brasil.

A cidade se destaca também na cultu-ra, por meio do uso da cerâmica, cou-ro, palha e madeira como principais ma-

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ra, como principais matérias-primas artesanais e, na culinária, com a cachaça, goiabada cascão, suspiro e chuvisco, como seus principais pro-dutos.

Por ser uma cidade tão importante para o Estado do Rio de Janeiro, histórica, cultural e economicamente, fez-se necessário, em nossa concepção, representá-la tipograficamente, e não haveria figura mais marcante para tal, ainda que esta ideia esteja fortemente inse-rida e muito bem aplicada no “sobrenome” da cidade, Campos “dos Goytacazez”.

Os tipos constituem a principal ferramenta de comunicação impressa. As faces (forma ou desenho) de tipos permitem dar expressão ao documento, para transmitir instantaneamente o tema, sem precisar necessariamente de ajuda verbal para sua definição.

Sendo assim, a Goytafont virá evidenciar,

térias-primas artesanais e, na culinária, com a cachaça, goiabada cascão, suspiro e chuvisco, como seus principais pro-dutos.

Por ser uma cidade tão importante para o Estado do Rio de Janeiro, histó-rica, cultural e economicamente, fez--se necessário, em nossa concepção, representá-la tipograficamente, e não haveria figura mais marcante para tal, ainda que esta idéia esteja fortemen-te inserida e muito bem aplicada no “sobrenome” da cidade, Campos “dos Goytacazez”.

Os tipos constituem a principal ferra-menta de comunicação impressa. As faces (forma ou desenho) de tipos permitem dar expressão ao documento, para transmitir instantaneamente o tema, sem precisar necessariamente de ajuda verbal para sua definição.

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Goytafont em texto sem justificação.

Este trabalho de conclusão de curso tem como tema: Goytfont: representando tipograficamente o município de Campos dos Goytacazes. A proposta central desta TCC é desenvolver uma família tipográfica digital, com a finalidade de representar as características culturais e históricas do município de Campos dos Goytacazes. No início, o território, onde hoje se encontra esta cidade, era habitado por várias tribos de índios, destacando-se os índios Goytacazes. O café e a cana de açúcar propiciaram momentos marcantes no desenvolvimento do município. Hoje a economia é impulsionada pela produção de petróleo, e o município tornou-se o maior produtor do Brasil. A cidade se destaca também na cultura, por meio do uso da cerâmica, couro, palha e madeira, como principais matérias-primas artesanais e, na culinária, com a cachaça, goiabada cascão, suspiro e chuvisco, como os principais produtos. Por ser uma cidade tão importante para o Estado do Rio de Janeiro, histórica, cultural e economicamente, fez-se necessário em nossa concepção representá-la tipograficamente, e não haveria figura mais marcante para tal, ainda que esta idéia esteja fortemente inserida e muito bem aplicada no “sobrenome” da cidade, Campos “dos Goytacazez”. Os tipos constituem a principal ferramenta de comunicação impressa. As faces (forma ou desenho) de tipos permitem dar expressão ao documento, para transmitir instantaneamente o tema, sem precisar necessariamente de ajuda verbal para sua definição. Sendo assim, a Goytafont virá evidenciar, por meio de sua anatomia (estrutura tipográfica), características que apontam a cultura do índio goytacá. A ideia não é fazer mais uma fonte, mas agregar um valor à fonte criada, sendo necessário um profundo conhecimento da cultura indígena.

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Goytafont em composição de textos.

Este trabalho de conclusão de curso tem como tema: Goytafont: representando tipograficamente o município de Campos dos Goytacazes.A proposta central desta TCC é desenvolver uma família tipográfica digital, com a finalidade de representar as características culturais e históricas do município de Campos dos Goytacazes.No início, o território, onde hoje se encontra esta cidade era habitado por várias tribos de índios, destacando-se os índios Goytacazes. O café e a cana de açúcar propiciaram momentos

marcantes no desenvolvimento do município. Hoje a economia é impulsionada pela produção de petróleo, e o município tornou-se o maior produtor do Brasil.A cidade se destaca, também, na cultura, por meio do uso da cerâmica, couro, palha e madeira como principais matérias-primas artesanais, e na culinária com a cachaça, goiabada cascão, suspiro e

chuvisco, como os principais produtos.Por ser uma cidade tão importante para o estado do Rio de Janeiro, histórica, cultural e economicamente, fez-se necessário em nossa concepção representá-la tipograficamente, e não have-

ria figura mais marcante para tal, ainda que esta idéia esteja fortemente inserida e muito bem aplicada no “sobrenome” da cidade, Campos “dos Goytacazez”.Os tipos constituem a principal ferramenta de comunicação impressa. As faces (forma ou desenho) de tipos permitem dar expressão ao documento, para transmitir instantaneamente o tema, sem

precisar necessariamente de ajuda verbal para sua definição.

Corpo 06

Este trabalho de conclusão de curso tem como tema: Goytafont: representando tipograficamente o município de Campos dos Goytacazes.A proposta central desta TCC é desenvolver uma família tipográfica digital, com a finalidade de representar as características culturais e históricas do município de

Campos dos Goytacazes.No início, o território, onde hoje se encontra esta cidade, era habitado por varias tribos de índios, destacando-se os índios Goytacazes. O café e a cana de açú-

car propiciaram momentos marcantes no desenvolvimento do município. Hoje a economia é impulsionada pela produção de petróleo, e o município tornou-se o maior produtor do Brasil.

A cidade se destaca também na cultura, por meio do uso da cerâmica, couro, palha e madeira, como principais matérias-primas artesanais, e na culinária com a cachaça, goiabada cascão, suspiro e chuvisco, como os principais produtos.

Por ser uma cidade tão importante para o Estado do Rio de Janeiro, histórica, cultural e economicamente, fez-se necessário em nossa concepção representá-la

Corpo 07

Este trabalho de conclusão de curso tem como tema: Goytafont: representando tipograficamente o município de Campos dos Goytacazes.A proposta central desta TCC é desenvolver uma família tipográfica digital, com a finalidade de representar as características culturais e históri-

cas do município de Campos dos Goytacazes.No início, o território, onde hoje se encontra esta cidade, era habitado por várias tribos de índios, destacando-se os índios Goytacazes. O café

e a cana de açúcar propiciaram momentos marcantes no desenvolvimento do município. Hoje, a economia é impulsionada pela produção de petróleo, e o município tornou-se o maior produtor do Brasil.

A cidade se destaca também na cultura, por meio do uso da cerâmica, couro, palha e madeira, como principais matérias-primas artesanais, e na culinária com a cachaça, goiabada cascão, suspiro e chuvisco, como os principais produtos.

Corpo 08

Este trabalho de conclusão de curso tem como tema: Goytafont: representando tipograficamente o município de Campos dos Goytacazes.

A proposta central desta TCC é desenvolver uma família tipográfica digital, com a finalidade de representar as características culturais e históricas do município de Campos dos Goytacazes.

No início, o território, onde hoje se encontra esta cidade era habitado por várias tribos de índios, destacando-se os índios Goytacazes. O café e a cana de açúcar propiciaram momentos marcantes no desenvolvimento do município. Hoje, a economia é impulsionada pela produção de petróleo, e o município tornou-se o maior produtor do Brasil.

Corpo 09

Este trabalho de conclusão de curso tem como tema: Goytafont: representando tipograficamente o município de Campos dos Goytacazes.

A proposta central desta TCC é desenvolver uma família tipográfica digital, com a finalidade de representar as carac-terísticas culturais e históricas do município de Campos dos Goytacazes.

No início, o território, onde hoje se encontra esta cidade, era habitado por várias tribos de índios, destacando-se os índios Goytacazes. O café e a cana de açúcar propiciaram momentos marcantes no desenvolvimento do município. Hoje, a economia é impulsionada pela produção de petróleo, e o município tornou-se o maior produtor do Brasil.

Corpo 10

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Aplicações.

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