Beauty therapy - Terapia Rotacional com Tratamento Customizado
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gradiente, divergência e rotacional (revisitados)
2010
Prof. Carlos R. Paiva
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[GRADIENTE, DIVERGÊNCIA E ROTACIONAL
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Página 1
NOTA PRÉVIA
Os apontamentos que se seguem não são um texto matemático: não se procura, aqui, o
rigor de uma formulação matemática. O que se procura, nestas notas abreviadas sobre
os três operadores diferenciais – gradiente, divergência e rotacional – é, antes de mais,
a formação de uma intuição. O objectivo é o de, deste modo, fazer com que as equações
de Maxwell – que são escritas em termos de rotacional e divergência – possam ser mais
do que fórmulas com uma pura existência formal, evitando-se assim que o seu conteúdo
físico permaneça vago e nebuloso.
Apesar de uma interpretação em termos mecânicos poder ser considerada
filosoficamente ambígua – no sentido em que o campo electromagnético não deve ser
interpretado, e.g., como um fluido (como, de resto, o próprio Maxwell o fez amiúde) –
não resta qualquer dúvida de que uma tal interpretação física ajuda a construir uma
intuição útil – desde que esta precisão filosófica fique clara desde o início.
Assim, no caso da divergência, os conceitos de «fonte» e de «sorvedouro» são
fundamentais para se entender, em electrostática, o papel das cargas eléctricas positivas
e negativas, respectivamente. No caso do rotacional, a ideia de colocar um torniquete
(constituído por uma espécie de roda com pás) – em que o movimento rotativo depende
do momento angular transmitido ao dispositivo – parece, também, fundamental para
distinguir, e.g., o campo eléctrico conservativo em regime estacionário (onde 0 E )
do campo eléctrico em regime não-estacionário (regulado pela equação de Maxwell-
Faraday, t E B ). No caso do gradiente, a ideia de um declive associado a
um conjunto de curvas de nível, é também fundamental – de forma a entender que este
operador diferencial nos informa, e.g., sobre qual a encosta de uma montanha que é
mais íngreme (e, portanto, menos recomendável para uma subida mais acessível).
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Comecemos por recordar a definição dos operadores diferenciais gradiente, divergência
e rotacional num sistema de coordenadas cartesianas rectangulares. Para tal
consideremos a base ortonormada 1 2 3, , e e e , i.e., tem-se
1,
0,m n mn
m n
m n
e e
e, nesta base do espaço vectorial 3, definamos o operador nabla tal que
1 2 1x y z
e e e .
Sejam , ,x y z um campo escalar 3: e , ,x y zF F um campo
vectorial 3 3: F tal que
1 2 3, , , , , , , ,x y z x y zF F F F x y z F x y z F x y z F e e e .
Definem-se, então, os operadores diferenciais:
1 2 3
1 2 3
gradiente ,
divergência ,
rotacional .
yx z
y yx xz z
x y z
FF F
x y z
F FF FF F
y z z x x y
e e e
F
F e e e
Como mnemónica usa-se, ainda, a definição alternativa de rotacional em termos do
«determinante» formal
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1 2 3
11 1 12 2 13 3
x y z
x y z
F F F
e e e
F e e e
em que
11
12
13
,
,
.
yz
x z
y x
FF
y z
F F
z x
F F
x y
Definições
Um campo vectorial F diz-se conservativo quando existe um campo escalar tal
que F . Diz-se, neste caso, que é o potencial associado a F .
Um campo vectorial F diz-se solenoidal quando 0 F .
Um campo vectorial F diz-se irrotacional quando 0 F .
Facilmente se verificam as seguintes identidades:
0,
0.
F
Por exemplo,
2 22 22 2
0
y yx xz z
y yx xz z
F FF FF F
x y z y z x z x y
F FF FF F
x y y x y z z y z x x z
F
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uma vez que
2 2
2 2
2 2
,
,
.
z z
x x
y y
F F
x y y x
F F
y z z y
F F
z x x z
Assim, se um campo F é solenoidal, existe um campo vectorial A tal que F A .
Por outro lado, se o campo F é irrotacional, então é conservativo. Ou seja,
0 ,
0 .
F F A
F F
Também de define o operador laplaciano 2 . Tem-se,
2 2 22
2 2 2
2 2 2 2
1 2 3
,
.x y z
x y z
F F F
F e e e
Demonstra-se que
2 F F F .
Vejamos, agora, a definição de derivada direccional do campo escalar , ,x y z ao
longo de uma dada direcção. Seja, então, 1 2 3x y zu u u u e e e um vector constante que
caracteriza a direcção em causa. O correspondente vector unitário u (em que ˆ 1u ) é
dado por
1 2 3
1 2 32 2 2
ˆ x y z
x y z
x y z
u u ua a a
u u u
e e euu e e e
u,
em que
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2 2 2 2 2 2 2 2 2, ,
yx zx y z
x y x y x y
uu ua a a
u u u u u u u u u
.
Seja agora dado um ponto 0 0 0 0, ,P x y z e seja , ,P x y z um ponto tal que
0
0
0
x
y
z
x x s a
y y s a
z z s a
em que 0s é um parâmetro que mede a distância entre o ponto P e o ponto 0P ,
tendo-se (note-se que 0 0P P P P ) portanto
0 0 0 1 0 2 0 3 1 2 3ˆ
x y zP P P P x x y y z z s a a a s e e e e e e u .
Nestas condições, a derivada direccional de ao longo da direcção u é
x y z
d d x d y d za a a
d s x d s y d s z d s x y z
ˆd
d s
u .
Por exemplo: se 2x y x z e 1 2 32 2 u e e e , vem 1 2 3ˆ 2 2 3 u e e e e ainda
2
1 2 32 xy z x x e e e , de forma que
24 2 2ˆ
3
d x y z x x
d s
u
a que corresponde, e.g., um valor 5 3d ds para o ponto 1, 2, 1 . Em geral,
notando que se tem
cosd
d s
,
onde é o ângulo entre o vector e o vector unitário u , infere-se que a derivada
direccional d ds é a projecção do gradiente ao longo da direcção u . O valor
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máximo da derivada direccional obtém-se quando 0 , i.e., quando a direcção de u
coincide com a direcção de . O gradiente dá-nos, portanto, o valor máximo da
derivada direccional do campo no ponto em causa. Fazendo, ainda, ˆd dsr u vem
d d r .
Quando se considera um deslocamento dr sobre uma superfície de nível
0, ,x y z , é 0d pelo que 0d r , donde se tira que d r : a
direcção dada por é, assim, ortogonal à superfície de nível 0 . No caso
específico em que ,x y , as linhas de força do campo vectorial são as
trajectórias ortogonais das curvas de nível 0 .
EXEMPLO 1
Consideremos o campo de temperaturas absolutas (i.e., medidas em graus Kelvin)
2 2, , 273T x y z x y xyz . Vejamos, então, qual a direcção em que a temperatura
cresce mais rapidamente quando se considera o ponto 1, 2, 3 . Tem-se
1 2 32 2T x y z y x z x y e e e
e, no ponto em questão, obtém-se 1 2 34 7 2T e e e , a que corresponde a direcção
de máximo crescimento da temperatura. Com efeito,
2 2 24 7 2 69d
d s
dá-nos precisamente a taxa desse crescimento máximo. Note-se, porém, que a
transferência de calor se dá na direcção T q , i.e., das temperaturas mais altas para
as temperaturas mais baixas. Em electrostática, por razões análogas, escreve-se
E , i.e., as linhas de força do campo eléctrico dirigem-se dos potenciais mais
altos para os potenciais mais baixos.
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EXEMPLO 2
Consideremos, agora, a superfície 3 2 1x y z . Comecemos por determinar o vector
unitário n correspondente à respectiva normal no ponto 0 1, 2, 3P . Como a direcção
da normal é determinada por (dado que o gradiente é perpendicular às superfícies
0, ,x y z ), tem-se
2 2 3 3 2
1 2 33 2x y z x y z x y e e e ,
1 2 3 1 2 3 1 2 3
2 2 2 2 2 2
36 12 4 9 3 9 3
9136 12 4 9 3 1
e e e e e e e e en .
A equação da linha recta normal à superfície no ponto 0r é (com v n )
0 1 2 3, 9 3t t r r v v e e e .
Logo, fazendo
1 2 3
0 0 0 0 0
0 0 1 0 2 0 3
, ,x y z
P x y zx y z
r e e er
r e e e
a equação da normal será
0
0
0
1 2 3
9 3 1
x
y
z
x x v tx y z
y y v t
z z v t
.
O plano tangente, por sua vez, é o lugar geométrico dos vectores
0 0 0 1 0 2 0 3P P P P x x y y z z u e e e
que são perpendiculares ao vector 1 2 391 9 3 v n e e e , i.e., tais que
0 0 00 9 3 0x x y y z z u v
pelo que a respectiva equação será
9 1 3 2 3 0x y z .
EXEMPLO 3
Consideremos as equações de Maxwell.
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0homogéneas
0
não-homogéneas
t
t
BE
B
DH J
D
Em regime estacionário é 0t t B D pelo que o campo eléctrico é
conservativo (pois 0 E e, consequentemente, E ) e a densidade de
corrente eléctrica J é solenoidal (pois H J e, consequentemente, 0 J ). Note-
se que – apenas em regime estacionário – é que, em rigor, se podem definir tensão e
corrente eléctricas pois, apenas neste caso, quer a lei das malhas quer a lei dos nós (dos
circuitos) são válidas. No vácuo, sem fontes do campo (i.e, 0 e 0J ), tem-se
0
0
0
0
D E E
B H H
de forma que
2 2
0
2
0 0 0 0 20
t
t t tt
HE E E E E
H EE E H
H
22
2 2
10
c t
EE .
Esta última equação é a equação (de d’Alembert) de propagação das ondas
electromagnéticas no vácuo. Com efeito, a velocidade da luz no vácuo é
1299 792 458 msc (valor exacto, por definição) e é dada por
0 0
1c
onde 7 1
0 4 10 Hm , de modo que
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Página 9
12 1
0 2
0
18.854187817 10 Fm
c
.
Analogamente, vem
2 2
2
0 0 0 0 2t t t
H H H H
E HH E
22
2 2
10
c t
HH .
Ou seja, no vácuo verifica-se sempre
22
2 2
10
c t
E
H.
Introduzindo o operador dalembertiano
22 2
2 2
1
c t
a equação de d’Alembert escreve-se, então, nas duas formas alternativas
2
2
0,
0.
E
H
EXEMPLO 4
Consideremos o campo vectorial
1 2
2 2, , 0, 0
y xx y
x y
e eF .
A intensidade deste campo é constante e dada por
2 2
2 21, , 0, 0
x yx y
x y
F .
Facilmente se verifica que se trata de um campo solenoidal pois
32 2
32 2
0.
x
yx
y
F x y
xx y FF
F x yx y
yx y
F
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Porém, este campo que não é conservativo:
1 2 3
32 2 2 2
0x y
x y
x y z x yx y x y
F F
e e e
F e
32 2
1
x y
F e .
O laplaciano deste campo vectorial é dado por
2 2 2
1 2x yF F F e e
de forma que
2 22 2 22
2 2 5 5 32 2 2 2 2 2
2 22 2 22
2 2 5 5 32 2 2 2 2 2
2 3
23
x xx
y y
y
y y xF F x y yF
x yx y x y x y
x x yF F x y xF
x yx y x y x y
2 1 2
32 2
y x
x y
e eF .
Note-se que, como 0 F , se tem
1 2 3
2 1 2
32 2
2 2
10 0
y x
x y zx y
x y
e e e
e eF F
o que, naturalmente, confirma o resultado anteriormente obtido. Num campo solenoidal
as linhas de força são fechadas. Isto significa que não existem pontos que sejam
«fontes» ou «sorvedouros» do campo. Num campo vectorial ,x yF uma curva
y y x diz-se uma linha de força se, em cada ponto 0 0,x y , o vector 0 0,x yF é
tangente à curva. Assim, num campo vectorial
1 2, , ,x yx y F x y F x y F e e ,
as linhas de força respectivas satisfazem a equação diferencial
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Página 11
,
,
y
x
F x yd y
d x F x y .
No exemplo em análise, vem então
2 21 1
2 2
d y xy d y x d x y x k
d x y ,
onde 0k é uma constante de integração. Logo, fazendo 2 2c k , obtém-se
2 2 2x y c .
Isto mostra que as linhas de força são circunferências centradas na origem.
EXEMPLO 5
Consideremos, agora, o campo vectorial
1 2
2 2, , 0, 0
x yx y
x y
e eF .
Trata-se, tal como o exemplo anterior, de um campo vectorial de amplitude constante,
com 1F . Notemos, para começar, que se trata de um campo irrotacional:
1 2 3
2 2 2 2
3 32 2 2 2
0
0 .
x y
y x
x y z x yx y x y
F F
x y x y
x y x y
e e e
F
Isto significa que este campo vectorial é conservativo: existe um potencial ,x y tal
que F , i.e.,
2 2
2 2
02 2
,
0
x
y
xF x y x y y
x x y
y dF y
y d yx y
2 2
0,x y x y .
Admitindo então que 0, 0 0 , infere-se que 0 0 e, portanto,
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Página 12
2 2,x y x y .
Este campo não é solenoidal:
2 2
3 3 2 22 2 2 2
1yxFF y x
x y x yx y x y
F .
Note-se que
2 0 F .
Logo, como o campo não é solenoidal, as linhas de forças são abertas. Com efeito, estas
satisfazem a equação diferencial
ln ln ln kd y y d y d x yy x k k y e x
d x x y x x
em que k é uma constante de integração. Mas então, introduzindo kc e , infere-se que
as linhas de força são as rectas que passam pela origem, i.e.,
y c x .
Com efeito, as equipotenciais serão as circunferências , 0x y a , i.e., tais que
2 2 2x y a .
Como o campo é irrotacional, tem-se
2 2
2 2
10
x y
F F F F F
2 1 21 2
2 2 2 2 32 2
1 1 x y
x yx y x y x y
e eF e e .
A origem , 0, 0x y é o ponto onde se localiza a fonte do campo. Se, em vez deste
campo, se tiver o campo
1 2
2 2, , 0, 0
x yx y
x y
e eG F ,
a origem corresponderia, então, a um sorvedouro de G pois
2 2
1
x y
G .
Consideremos, agora, um vector constante u , tal que
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Página 13
1 2
1 22 2
ˆ x y
x y
x y
u uu u
u u
e euu e e u
u.
A derivada direccional de ao longo do vector u é então dada por
1 21 2
2 2 2 2 2 2 2 2
ˆ ˆ x y x y
x y x y
u u xu yux yd
d s x y u u x y u u
e ee eu F u
um que s é a coordenada medida ao longo do eixo correspondente a u . Por exemplo, se
1 2 u e e é 1 2ˆ 2 u e e e, consequentemente,
2 22
d x y
d s x y
.
Assim, e.g., no ponto , 1,1x y obtém-se
1,1 1d
d s
.
O valor máximo da derivada direccional é precisamente e corresponde a 1F
em qualquer ponto. Já a derivada direccional ao longo de u , calculada no ponto
, 1, 0x y , assume o valor
1
1, 02
d
d s
.
EXEMPLO 6
Vamos agora comparar o rotacional dos seguintes campos vectoriais:
1 2
2
0 22
2
0 22
, ,
exp ,
exp .
a
b
c
x y y x
yy v
b
xx v
a
v e e
v e
v e
Tem-se
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Página 14
3
2
0 32 2
2 ,
0,
2exp .
a
b
c
x xv
a a
v e
v
v e
O primeiro campo vectorial, av , tem um rotacional que é dirigido segundo o eixo z :
podemos imaginar que se trata de um fluido, em movimento, em que cada ponto tem,
em função do tempo, as coordenadas
cos ,
sin .
x t a t
y t a t
Assim, o campo vectorial da velocidade é, efectivamente, dado por
1 2 1 2 1 2, sin cosa
d x d yx y a t t y x
dt dt v e e e e e e .
Note-se que a intensidade deste campo de velocidades é constante e dada por
2 2, , sin cosa av x y x y a t t a v .
As linhas de força deste campo av são tais que
2 21 1
2 2
d y xy d y x d x y x k
d x y
2 2 2 22k c x y c .
Um torniquete, formado por uma roda hidráulica com pás (i.e., um roda de palhetas),
colocado em qualquer ponto do fluido irá rodar sempre com a mesma velocidade
angular . Já no caso do campo de velocidades b yv , em nenhum ponto o torniquete
irá rodar: em qualquer ponto a velocidade do fluido dirige-se, sempre, segundo y , i.e.,
as linhas de força são as rectas
00
bvd yd x x c
d x .
Finalmente, no terceiro caso, em que se considera o campo de velocidades c xv , o
torniquete roda com uma velocidade angular que depende da coordenada x : apesar de a
velocidade linear estar sempre orientada ao longo do eixo y , o fluido exerce um
momento angular que não é nulo e, assim, provoca a rotação de uma roda de palhetas
(excepto quando 0x , caso em que o momento angular se anula).
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EXEMPLO 7
Consideremos o campo vectorial
1 1 2 2 3 4 33x c z c x z x c y c z F e e e .
Determinemos as constantes 1 2 3 4, , ec c c c de forma que este campo vectorial seja
simultaneamente irrotacional (e, portanto, conservativo) e solenoidal. Como,
1 2 3
1 2 3
y yx xz z
x y z
F FF FF F
x y z y z z x x y
F F F
e e e
F e e e
3 1 2
13 0
yz x
y z x
FF Fc c c
y z x
F F F
xz y
3 1 1 2 2 33 1 0c c c e e e .
Logo, se o campo é irrotacional, deverá ter-se
1
2 1 2 4 3
3
1
0 3 3
3
c
c x z z x y c z
c
F e e e
de modo que o campo será ainda solenoidal desde que
4 41 0 0 1yx z
FF Fc c
x y z
F .
Ou seja, deverá ter-se:
1 2 33 3x z z x y z F e e e .
Admitamos, agora, que o respectivo potencial é tal que F . Nestas condições,
vem
2
2
1,
2
13 3 3
2
3 3 3
x
y
x
F x z x x z y zx
F z z x x z y z zy y
dF x y z x y x y z
z z d z
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2
0
1
2
dz z
d z
.
Portanto, deve ter-se
2 2
0
1 13
2 2x x z y z z .
Admitindo, então, que o potencial é nulo em 0, 0, 0 , infere-se por fim que
2 21, , 3
2x y z z x z y x .
EXEMPLO 8
Um campo vectorial , ,x y zF F diz-se um campo de Beltrami se existir uma
constante real 0 tal que
F F .
Isto significa que um campo de Beltrami é paralelo ao seu próprio rotacional. Para um
certo valor próprio , um campo de Beltrami é o campo próprio do operador
rotacional. Uma definição alternativa para um campo F de Beltrami é a seguinte:
0, F F
uma vez que 0 F F . Note-se que, em rigor, não é necessário que seja uma
constante para que F seja um campo de Beltrami: o que é necessário, apenas, é que
F F , i.e., que se tenha 0 F F . Comecemos por verificar que um campo
de Beltrami é necessariamente solenoidal. Com efeito, no caso em que é uma
constante, vem
0 F F .
Portanto, as linhas de força de um campo de Beltrami são fechadas. Consideremos, a
título de exemplo, o campo
1 2x yz F z F z F e e .
Facilmente se verifica que
1 2 3
1 20 0
0
y x
x y
d F d Fd
d z d z d z
F F
e e e
F e e
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pelo que, para ser um campo de Beltrami, terá de verificar as condições
2
2 2
2
2 2
0 cos sin
cos sin0
y x x
xx
x y yy y
d F d F F z zFF
d zd z
d F d F F z zF F
d z d z
1 2cos sin cos sinz z z z
F e e .
Note-se que um campo de Beltrami tem um rotacional que também é um campo de
Beltrami. De facto, seja G F em que F é um campo de Beltrami. Então,
1 1
F F G G F G G G
o que prova a afirmação.
EXEMPLO 9
São exemplos importantes de campos de Beltrami as ondas electromagnéticas com
polarizações circulares ortogonais. Para uma onda (no vácuo) com PCD (polarização
circular direita) o campo eléctrico escreve-se
01 2 0
, exp
exp2
x y
z t i t
Ez i i k z E z E z
E E
E e e
de forma que
1 2 3
01 2 0 1 2 00 0 exp
2
y x
x y z
d E d E Edk i i k z
d z d z d z
E E E
e e e
E e e e e
0PCD k E E
o que prova que, efectivamente, se trata de um campo de Beltrami. Analogamente, para
uma onda com PCE (polarização circular esquerda), vem
01 2 0
, exp
exp2
x y
z t i t
Ez i i k z E z E z
E E
E e e
e, consequentemente,
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1 2 3
01 2 0 1 2 00 0 exp
2
y x
x y z
d E d E Edk i i k z
d z d z d z
E E E
e e e
E e e e e
0PCE k E E .
EXEMPLO 10
Consideremos, agora, o campo de Beltrami
1 2
21
z
z
e eF .
Comecemos por notar que
1 2 3
1 21 2 2 2
10 0
1 1
0
y x
x y
d F d F zd
d z d z d z z z
F F
e e e
e eF e e
2
1
1 z
F F .
Portanto, neste caso, trata-se de um campo de Beltrami F F em que não é
uma constante pois
21 z .
A definição geral de um campo de Beltrami F é, portanto, a de que se deve ter
0 F F
o que se verifica neste exemplo. O campo é, ainda neste caso, solenoidal. Com efeito,
tem-se
0yx z
FF F
x y z
F
e as linhas de força do campo satisfazem, no plano 0z z , a equação diferencial
0
0 0 0
1 1y
x
F zd yy x x c
d x F z z z .
No plano 0z as linhas de força correspondem a 0d x , i.e., às rectas x c .
Notemos que, em geral, se tem
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G G G .
Assim, no caso geral em que , ,x y z , obtém-se
1 2 3x y z
e e e .
No caso concreto deste exemplo, em que 21 z , vem simplesmente
3 32d
zd z
e e .
Assim, neste caso,
2
2
11
11
0
zz
G F FG G F
G F
1 2 32
12 0
1x yF F z
z
G e e e .
Este resultado coincide, como não podia deixar de ser, com o facto de se ter
0yx
FF
x y
F F G F G .
EXEMPLO 11
Consideremos, agora, a questão seguinte: em que condições é que a forma diferencial
d d F r
corresponde a uma forma diferencial exacta? Por definição, uma forma diferencial (ou
simplesmente uma diferencial) é exacta desde que F , i.e., desde que o campo
vectorial , ,x y zF seja irrotacional ou conservativo:
1 2 3x y z
F e e e .
Logo, em geral, para se ter uma diferencial exacta
, , , , , ,x y zd d F x y z d x F x y z d y F x y z d z F r
é necessário que
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yxx
x zy
y zz
FFF
y xx
F FF
y z x
F FF
z z y
uma vez que se tem
2 2
2 2
2 2
,
,
.
y x x y
z x x z
z y y z
Isto é equivalente a dizer que 0 F . Consideremos, a título de exemplo, a forma
diferencial
3 2 22 3 1d x y z d x x d y x z d z .
Notando que, neste caso, se tem
1 2 3
2 2 2
2 3 2
3 2 2
3 3 2 2 6
2 3 1
z z x x zx y z
x y z x x z
e e e
F e e e ,
infere-se que F não é conservativo e, consequentemente, a diferencial em causa não é
exacta. Já a forma diferencial
3 2 22 3 1d x y z d x x d y x z d z ,
em que se tem
1 2 3
2 2
2 3
3 2 2
3 3 2 2 0
2 3 1
z z x xx y z
x y z x x z
e e e
F e e ,
é uma forma diferencial exacta. Para determinar o potencial , ,x y z neste caso, tem
de verificar-se então
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Página 21
3
2 3
2 2 2
2 2 3 2 2
2,
,
3 1 3 3 1
x y zx x y x z y z
x x x y z zy y
dx z x y x z z x z x z
z d z
01d
zd z
.
Conclui-se, deste modo, que o potencial procurado é dado por
2 3
0, ,x y z x y x z z .
Por vezes, na literatura, uma diferencial exacta é também designada por forma
diferencial de Pfaff – em memória do matemático Johann Friedrich Pfaff (1765-1825).