Gravidez como e quando investigar
-
Upload
aurea-souto -
Category
Documents
-
view
614 -
download
4
Transcript of Gravidez como e quando investigar
GRAVIDEZ: Um estado de “trombofilia” adquirida temporária fisiológica
Fatores: II, VII, VIII, XII, PAI-1
¯ Proteína S
O risco de TEV está 4 a 5 x aumentado na gravidez e 20 a 80 x no puerpério
50% dos TEV ocorrem nas primeiras 6 semanas de puerpério
O risco absoluto é de 0,6 a 1,3 casos para cada 1000 gestações
Em mulheres com passado de TEV o risco é de 2,4%
Se o TEV foi idiopático ou a mulher é portadora de trombofilia: risco = 6%
TEV é a principal causa de óbito materno nos países desenvolvidos
PUERPÉRIO
Desaparecimento do filtro de fibrina (placenta)
Trauma cirúrgico (cesárea)
Sangramento e hemoconcentração
Imobilidade no leito e posição sentada
TROMBOFILIAS
Desordens que aumentam o risco de eventos trombóticos
HEREDITÁRIAS ADQUIRIDAS
MUTAÇÕES
Fator V de Leiden (FVL)
Mutação da Protrombina (PTM)
Metilenotetrahidrofolatoredutase(MTHFR)
DEFICIÊNCIAS ENZIMÁTICAS
Proteína SProteína CAntitrombina III
SÍNDROMEANTICORPOS
ANTIFOSFOLÍPIDES
Anticoagulante lúpico (LAC)Ac Anticardiolipina (ACL)Ac Antiβ2glicoproteína I (β2GPI)
CRITÉRIOS CLÍNICOS 1. TROMBOSE VASCULAR: arterial, venosa ou de pequenos vasos 2. MORBIDADE GESTACIONAL:
a. 1 ou + mortes inexplicadas de feto morfologicamente normalcom 10 ou mais semanas
b. 1 ou + partos prematuros de neonato morfologicamente normal 34 sem por DHEG ou insuficiência placentária grave.
c. 3 ou + abortos espontâneos consecutivos antes de 10 sem,excluindo causas anatômicas, hormonais e cromossômicas
CRITÉRIOS LABORATORIAIS (2 dosagens com intervalo > 12 sem) 1. ACA IgG ou IgM em título médio ou alto (>40UI) 2. AC anti ß2-Glicoproteína-1 IgG ou IgM superior ao percentil 99. 2. LAC dosado segundo normas da Soc Intern Tromb e Hemostasia
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA SÍNDROME DOS ANTICORPOS ANTIFOSFOLÍPIDES
International Consensus Statement: an update of the Classification Criteria for Definite Antiphospholipid Syndrome. (J Thromb Haemost, 2006)
DEFINIDOS POR TESTES DE COAGULAÇÃOANTICOAGULANTE LÚPICO•TTPA
•Russel’s Viper Venom Test
•Tempo de Coagulação do Kaolin
•Tempo de Inibição da Tromboplastina Tissular
DEFINIDOS POR TESTES IMUNOLÓGICOSANTICORPO ANTICARDIOLIPINA
ANTICORPO ANTI-FOSFATIDILSERINA
ANTICORPO ANTI-FOSFATIDILETANOLAMINA
ANTI-FOSFATIDILINOSITOL
ANTI-FOSFATIDILGLICEROL
ANTI-ÁCIDO FOSFATÍDICO
DIRIGIDOS A PROTEÍNAS LIGADAS AOS FOSFOLÍPIDESANTI-2- GLICOPROTEÍNA I (Apolipoproteina H)
ANTI-ANEXINA v
ANTI-PROTROMBINA
ANTICORPOS ANTIFOSFOLÍPIDES
GRAVIDEZ E ANTIFOSFOLÍPIDES
Estão presentes em 2 % da população obstétrica geral, 30 % das
pacientes com LES e 15 a 20 % das perdas conceptuais recorrentes
Probabilidade de perda conceptual: 70 a 90 % sem tratamento
Maioria das perdas: Período fetal ( > 10 sem)
Perdas pré-embrionárias (< 6 sem) e embrionárias (6-10s): estão associadas aos AAFL em 10 a 20% dos casos
DHEG grave e precoce : 16% associadas aos AAFL
HISTOPATOLOGIA = Vasculopatia decidual necrotizante:Necrose fibrinóide, espessamento da íntima, aterose aguda etrombose intra-luminal das arteríolas espiraladas da placa basal
GRAVIDEZ E ANTIFOSFOLÍPIDESINDICAÇÕES DE RASTREAMENTO
A PARTIR DE QUANTAS PERDAS CONCEPTUAIS INVESTIGAR
Uma perda:
Não há indicação de investigação no abortamento único abaixo de 10 semanasInvestigar óbito inexplicado de feto morfologicamente normal com 10 ou + sem
Duas perdas:The ACOG has recently stated that causes of recurrent losses are similar in women who have suffered two losses when compared with women who have had three losses. “Thus, patients with two or more consecutive spontaneous abortions are candidates for na evaluation to determine the etiology, if any, for their recurrent pregnancy loss.
Carson and Branch, 2001.
Três perdas :Investigar 3 ou + abortos espontâneos consecutivos antes de 10 sem, excluindo causas anatômicas, hormonais e cromossômicas
GRAVIDEZ E ANTIFOSFOLÍPIDESINDICAÇÕES DE RASTREAMENTO
QUAIS ANTECEDENTES CLÍNICOS INDICAM INVESTIGAÇÃO
TROMBOSE VASCULAR: ARTERIAL, VENOSA OU DE PEQUENOS VASOS
DÇAS CORONARIANA,
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
AMAUROSE FUGAZ,
ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO
TROMBOCITOPENIA AUTOIMUNE
GRAVIDEZ E ANTIFOSFOLÍPIDESINDICAÇÕES DE RASTREAMENTO
QUAIS ANTICORPOS INVESTIGAR ?
ANTICOAGULANTE LÚPICO , ANTICARDIOLIPINA E ANTI-2- GLICOPROTEÍNA I
Rastreio bem estabelecido
ANTIFOSFATIDILSERINA: Controverso:. Evidências :
Ac anti-FS injetados em animais levam a absorção dos embriões.
Matsubayashi, Am J Reprod Immunol 2001
Mulheres com abortamento habitual têm mais prevalência de anti-FS e anti-FI (IgG e IgM)
Kwak JYH J Rep Immunol, 1992
GRAVIDEZ E ANTIFOSFOLÍPIDESINDICAÇÕES DE RASTREAMENTO
QUAIS ANTICORPOS INVESTIGAR ?
IgG e IgM
Rastreio bem estabelecido
IgA: Controverso:.
TROMBOFILIA FREQUÊNCIA RISCO DE TEV DIAGNÓSTICO
FVLeiden (heterozigoze) 5 a 9% (40% TEV) 3 a 12 vezes ↑8 / 1000
DNA
FVLeiden (homozigoze) 10 a 120 vezes ↑34 / 1000
DNA
Mutação Protrombinaheterozigoze
2 a 3% (17% TEV) 3 a 18 vezes ↑6 / 1000
DNA
Mutação Protombina homozigoze
2 a 559 vezes ↑26 / 1000
DNA
Defic Antitrombina III 1 0,1 a 0,5 %1% dos TE
4 a 50 vezes ↑ 12 / 1000
ensaio de atividade
Defic Proteína C 1 0,2 a 0,5 % 4 a 15 vezes ↑5 / 1000
ensaio de atividade
Defic Proteína S 1 0,08 % 2 a 7 vezes ↑3 / 1000
ensaio de atividade
Hiperhomocisteinemia(Variante 5-10 MTHFR)
11 % 1 a 4 vezes ↑1 / 1000
dosag plasmáticaDNA (5-10 MTHFR)
TROMBOFILIAS HEREDITÁRIAS NA GRAVIDEZ
Trombofilias de alto risco 1. Fora da gravidez têm risco maior que o FVL ou PTM
TROMBOFILIAS HEREDITÁRIAS E ABORTO HABITUALMetanálises
TROMBOFILIA ROBERTSON 2006
FVL homozigose 1,9 (1.0 a 3.6)287 /2285
FVL heterozigose
PTM heterozigose 2.7 (1.3 a 5.3)78 / 1429
Def iciência ATIII
Deficiência Proteína C
Deficiência Proteína S
MTHFR homozigose 0.8 (0.4 a 1.7)39 / 368
ACA 5.0 (1.8 a 14.0)120 /647
LAC
Hiperhomocisteinemia 4.2 (1.2 a 13.8)16 / 113
TROMBOFILIAS HEREDITÁRIAS E ÓBITO FETALMetanálises
Trombofilia ROBERTSON 2006 ALFIREVIC 2002
FVL homozigose 2.0 (0.4 a 9.7)212 / 118
FVL heterozigose 2.0 (1.1 a 3.8)382 / 1121
6.1(2.8 a 13)
PTM heterozigose 2.6 (1.2 a 5.5)36 / 1134
0.6(0.2 a 2.4)
Def ATIII 7.6 (0.3 a 196)1 / 61
Def ProtC 3.0 (0.2 a 38)234 / 524
1.0(0.1 a 11)
Def Prot S 20 (3.7 a 109)15 / 801
16.2(5.0 a 52)
MTHFR homozigose 1.3 (0.9 a 1.9)323 / 1059
1.4(0.9 a 2.1)
ACA 3.3 (1.6 a 6.7)130 / 1929
5.6(2.6 a 11)
LAC 2.3 (0.8 a 6.9)242 / 730
3.2(1.2 a 9.0)
hiperhomocisteinemia 0.9 (0.1 a 5.5)7 / 55
TROMBOFILIAS HEREDITÁRIAS E PRÉ-ECLÂMPSIAMetanálises
Trombofilia ROBERTSON 2006 ALFIREVIC 2002
FVL homozigose 1.8(0.4 a 7.8)5 / 1143
3.7(0.9 a 15)
FVL heterozigose 2.1 (1.4 a 3.2)249/3637
1.6(1.2 a 2.2)
PTM heterozigose 2.5 (1.5 a 4.2)71/2028
2.4(1.2 a 4.7)
Def ATIII 3.8 (0.1 a 97.1)1 / 131
7.1(0.4 a 117)
Def ProtC 5.1 (0.2 a 102)3 / 104
21.5(1.1 a 414)
Def Prot S 2.8 (0.7 a 10.5)20 / 402
12.7(4.0 a 39)
MTHFR homozigose 1.3 (1.1 a 1.7)481/3205
1.7(1.2 a 2.3)
ACA 2.7 (1.6 a 4.5)217 / 2428
4.0(0.4 a 44)
LAC 1.4 (0.7 a 2.7)89 / 981
0.1(0.0 a 6.8)
hiperhomocisteinemia 3.4 (1.2 a 10.1)41 / 364
2.2(0.9 a 5.2)
TROMBOFILIAS HEREDITÁRIAS E CIURMetanálises
Trombofilia ROBERTSON 2006 ALFIREVIC 2002
FVL homozigose 4.6 (0.1 a 115) 1 / 153
FVL heterozigose 2.6 (0.6 a 12.1) 49 / 1147
0.8(0.3 a 2.3)
PTM heterozigose 2.9 (0.6 a 13.7)44 / 1375
5.7(1.2 a 27)
Def ATIII
Def ProtC Def Prot S 10.2(1.1 a 91)
MTHFR homozigose 1.2 (0.8 a 1.8)121 / 961
5.0(1.8 a 13)
ACA 6.9 (2.7 a 17.6)60 / 800
33.9(1.6 a 735)
LAChiperhomocisteinemia
TROMBOFILIAS HEREDITÁRIAS E DPPNIMetanálises
Trombofilia ROBERTSON 2006 (OR) ALFIREVIC 2002 (OR)
FVL homozigose 8.4 (0.4 a 171)3 / 53
16.9(2 a 141)
FVL heterozigose 4.7 (1.1 a 19.5)28 / 332
6,7(2 a 21)
PTM heterozigose 7.7 (3.0 a 19.7)20 / 400
28.9(3.5 a 236)
Def ATIII 1.1 (0.1 a 18.1)2 / 54
4.1(0.3 a 49)
Def ProtC 5.9 (0.2 a 151)1 / 66
Def Prot S 2.1 (0.4 a 9.3)8 / 59
0.3(0.0 a 70)
MTHFR homozigose 1.4 (0.4 a 5.3)14 / 183
2.2(0.4 a 11.6)
ACA 1.4 (0.4 a 4.7)12 / 111
20.8(2.5 a 175)
LAChiperhomocisteinemia 2.4 (0.3 a 15.8)
42 / 1953.5(1.5 a 8.1)
TROMBOFILIAS HEREDITÁRIAS E COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS
RESUMO
1. Não há evidência definitiva de associação das trombofilias com as complicações obstétricas.
2. A associação das complicações obstétricas com as trombofilias é mostrada em metanálises de estudos caso-controle e coorte, porém não aparece nos estudos de base populacional (Larsen ,Thromb Res 1998; Clark, Thromb Haemost 2001; Volzke, Thromb Haemost 2003; Vossen, J Thromb Haemost 2004 )
3. A maioria das complicações não estão associadas às trombofilias. A associação é mais marcante com a pré-eclâmpsia grave e precoce, com a perda fetal de 2º e 3º trimestres, com o CIUR abaixo do percentil 3.
Kist, Thromb Haemost 2008.
(Revisão sistemática com tratamento estatístico dos fatores de confusão)
TROMBOFILIAS HEREDITÁRIAS E GRAVIDEZINDICAÇÕES DE RASTREAMENTO
INFERTILIDADE
Fertil Steril2010 Jul;94(2):755-7. Inherited thrombophilia in infertile women: implication in unexplained infertility.Casadei L, Puca F, Privitera L, Zamaro V, Emidi E.
AbstractMany studies evaluating a possible relationship between inherited thrombophilia and the etiology of unexplained infertility have been performed recently. No significant difference in the prevalence of three genetic mutations associated with the increased risk of thrombophilia (Factor V Leiden G1691A, prothrombin G20210A, and methylenetetrahydrofolate reductase [MTHFR] C677 T) was found in 100 infertile women with unexplained infertility when compared with 200 control fertile women without an infertility history
TROMBOFILIAS HEREDITÁRIAS E GRAVIDEZINDICAÇÕES DE RASTREAMENTO
1. História pessoal ou familiar de TEV, sem fator desencadeante
2. História pessoal de TEV desencadeado pela gravidez, por esteróide ou por fator de baixo risco
3. Complicações obstétricas graves (PE grave e precoce, óbito fetal inexplicado de segundo ou terceiro trimestre, CIUR grave)
4. Abortamento habitual afastadas causas anatômicas, hormonais e cromossômicas
Obs:5. Não estaria indicado o rastreio em pacientes com história pessoal ou familiar de TEV
desencadeado por um fator de risco maior (grande cirurgia, trauma com imobilização prolongada, câncer )
6. A indicação nas complicações obstétrica s graves é referendada por uma reunião de consenso (Duhl, Am J Obstet Gynecol 2007) recomendado também pelo RGOG,porém não é recomendado pela American College of Chest Physicians ou pela ASRM.