Green Hospitals

download Green Hospitals

of 48

description

2020 Challenge for Hospitals

Transcript of Green Hospitals

  • Uma agenda abrangente de sade ambiental para hospitais e sistemas

    de sade em todo o mundo

    AGENDA GLOBAL HOSPITAISVERDES e SAUDVEIS

    www.saudesemdano.org

    www.hospitaisverdes.net

  • SOBRE ESTA AGENDAA Agenda Global para Hospitais Verdes e Saudveis se prope a oferecer apoio a iniciativas em todo o

    mundo, visando promover maior sustentabilidade e sade ambiental no setor sade e assim fortalecer os

    sistemas de sade em nvel global.

    Este documento oferece um referencial abrangente aos hospitais e sistemas de sade em todo o mundo

    para que possam funcionar de um modo mais sustentvel, contribuindo para melhorar a sade pblica e

    ambiental.

    Dez objetivos interligados integram este referencial. Cada um contm uma srie de aes que podem ser

    implementadas tanto por hospitais quanto por sistemas de sade. Ferramentas e recursos de suporte

    implementao dessas aes esto disponveis no site www.hospitaisverdes.net. A maioria dos hospitais

    pode comear com dois ou trs objetivos, definindo os passos especficos para realiz-los e planejando as

    estratgias para as etapas subsequentes.

    Construindo uma Rede MundialA Agenda Global para Hospitais Verdes e Saudveis constitui a base da Rede Global de Hospitais Verdes

    e Saudveis (http://www.hospitaisverdes.net/). Apoiando esta agenda e se comprometendo em iniciar

    a implementao de, ao menos, dois dos objetivos nela estabelecidos, hospitais e sistemas de sade

    automaticamente se incorporam rede (sem nenhum custo), melhorando seu desempenho ambiental e

    dando sua contribuio para a sade ambiental ano aps ano.

    A Rede Global de Hospitais Verdes e Saudveis um projeto de Sade Sem Dano (SSD) e servir como

    uma comunidade virtual para os hospitais e os sistemas de sade que se propuserem a implementar e

    desenvolver a Agenda, registrando seu avano por meio de resultados mensurveis enquanto compartil-

    ham as melhores prticas e encontram solues para desafios comuns.

    Os hospitais e os sistemas de sade que contam com recursos financeiros (embora isso no seja exigido)

    so encorajados a contriburem, como parte de sua afiliao rede, para o Fundo Global dos Hospitais

    Verdes e Saudveis de SSD que destinado a prestar ajuda a hospitais e sistemas de sade com menos

    recursos, como parte do seu esforo para implementar esta agenda.

    Para apoiar esta agenda e se incorporar Rede Global de Hospitais Verdes e Saudveis, obter a lista de membros existentes e tambm conhecer mais sobre o Fundo Global de Hospitais Verdes e Saudveis, visite o site www.hospitaisverdes.net.

    AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS

  • PERSPECTIVA PARA O FUTURO: Rumo a uma Assistncia Mdica Regenerativa

    GLOSSRIO

    NOTAS

    LIDERANA...........................................................................................................................Priorizar a Sade Ambiental

    SUBSTNCIAS QUMICAS................................................................................................. Substituir Substncias Perigosas por Alternativas mais Seguras

    RESDUOS..............................................................................................................................Reduzir, Tratar e Dispor de Forma Segura os Resduos de Servios de Sade

    ENERGIA.................................................................................................................................Implementar Eficincia Energtica e Gerao de Energia Limpa Renovvel

    GUA...................................................................................................................................................Reduzir o Consumo de gua e Fornecer gua Potvel

    TRANSPORTE.....................................................................................................................................Melhorar as Estratgias de Transporte para Pacientes e Funcionrios

    ALIMENTOS.......................................................................................................................................Comprar e Oferecer Alimentos Saudveis e Cultivados de Forma Sustentvel

    PRODUTOS FARMACUTICOS.....................................................................................................Prescrio Apropriada, Administrao Segura e Destinao Correta

    EDIFCIOS............................................................................................................................................Apoiar Projetos e Construes de Hospitais Verdes e Saudveis

    COMPRAS...........................................................................................................................................Comprar Produtos e Materiais mais Seguros e Sustentveis

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    OS DEZ OBJETIVOS

    SUMRIOSOBRE ESTA AGENDA

    INTRODUO 2

    8

    10

    12

    16

    20

    24

    26

    30

    32

    36

    38

    41

    42

    Uma Crise de Sade Pblica e Ambiental

    O Papel e a Responsabilidade do Setor Sade

    Rumo a uma Agenda para Hospitais Verdes e Saudveis

  • INTRODUOVivemos um momento em que duas crises, da sade

    pblica e do meio ambiente, esto convergindo, e

    essa confluncia amplia o poder destrutivo de cada

    uma. A medida em que incidem simultaneamente,

    os vetores de doena e deteriorao ecolgica se

    fortalecem mutuamente tornando-se foras cada vez

    mais turbulentas e nocivas que corroem a estrutura

    das nossas sociedades.

    Os efeitos combinados da mudana climtica, da

    contaminao qumica e do uso no sustentvel dos

    recursos agravam os problemas de sade em todo o

    mundo. Esses problemas de sade ambiental fazem

    aumentar a presso sobre os sistemas de sade com-

    prometendo a sua j to escassa capacidade.

    Ao mesmo tempo, e paradoxalmente, o prprio setor

    sade contribui para agravar estes problemas de

    sade ambiental, ainda que esteja tentando resolver

    seus impactos. Por causa dos produtos e tecnolo-

    gias que emprega, dos recursos que consome, dos

    resduos que gera e dos edifcios que constri e

    utiliza, o setor sade constitui uma fonte significativa

    de poluio em todo o mundo e, por conseguinte,

    contribui de forma no intencional para agravar as

    tendncias que ameaam a sade pblica.

    J o oposto tambm verdadeiro. Apesar de existir

    uma confluncia de crises, observa-se tambm uma

    crescente convergncia de solues que promovem

    tanto a sade pblica como a sustentabilidade am-

    biental, apontando o caminho para um futuro mais

    verde e mais saudvel.

    Mdicos, enfermagem, hospitais, sistemas de sade

    e ministrios da sade esto cada vez mais no centro

    das solues desempenhando papis de liderana

    e conduzindo a transformao de suas prprias

    instituies, tornando-se defensores de polticas e

    prticas que promovem a sade ambiental pblica e

    ao mesmo tempo economizando recursos financei-

    ros escassos.

    Estes lderes do setor sade expandiram o preceito

    do juramento hipocrtico antes de tudo, no causar

    dano para alm do relacionamento entre mdico

    e paciente, incorporando uma perspectiva mais

    global de sade e de sustentabilidade. Trabalhando

    para substituir substncias qumicas perigosas por

    alternativas mais seguras, reduzindo a pegada de

    carbono dos hospitais ou eliminando a exposio

    da populao aos resduos da rea de sade, esses

    pioneiros reconhecem que no podemos ter pessoas

    sadias em um planeta doente, e esto colocando os

    hospitais e o setor sade na vanguarda de um movi-

    mento global pela sade ambiental.

    A Agenda Global para Hospitais Verdes e Saudveis

    constitui um esforo para contribuir com esse mag-

    nfico trabalho que acontece em todo o mundo e

    dar origem a uma abordagem de sustentabilidade

    e sade que possa ser replicada por milhares de

    hospitais e sistemas de sade em diversos pases e

    diferentes contextos de assistncia sade.

    2

    As duas crises da sade pblica e do meio ambiente esto reforando mutuamente seu poder destrutivo...

    No entanto, h tambm uma cres-cente convergncia de solues.

  • De acordo com a Avaliao Ecossistmica do Milnio,

    realizada sob o patrocnio da Organizao das Naes

    Unidas na segunda metade do sculo XX, os seres

    humanos modificaram os ecossistemas com maior

    rapidez e de forma mais extensa do que em qualquer

    outro perodo comparvel na histria da humanidade.

    Essa transformao foi realizada, em grande parte,

    para satisfazer a rapidamente a crescente demanda

    por alimentos, gua potvel, madeira, fibras e com-

    bustvel, contribuindo com vantagens substanciais

    para o bem-estar dos seres humanos.

    No entanto, estes ganhos foram alcanados mediante

    custos crescentes na forma de degradao ambiental,

    resultando em uma perda substancial e, em grande

    medida, irreversvel da diversidade da vida na Terra,

    danos crescentes ao bem-estar dos seres humanos,

    agravamento da pobreza para certos grupos de pes-

    soas e maiores riscos de mudanas no lineares. De

    fato, dadas as atuais tendncias, a degradao dos

    servios ecossistmicos poder ser significativamente

    acentuada durante a primeira metade deste sculo e

    constituir uma barreira para o xito dos Objetivos de

    Desenvolvimento do Milnio1.

    Atualmente, cerca de um quarto de todas as doenas

    e mortes que ocorrem no mundo pode ser atribudo

    ao que a Organizao Mundial da Sade (OMS) define,

    em termos gerais, como fatores ambientais. Esse con-

    ceito inclui gua imprpria para consumo, saneamen-

    to e higiene deficientes, poluio do ar em espaos

    abertos e fechados, riscos ocupacionais, acidentes

    industriais, acidentes automobilsticos, mudana

    climtica, ms prticas de uso do solo e de gesto

    dos recursos naturais2.

    No caso das crianas, a taxa de mortalidade devido

    s condies ambientais chega a 36%. Os fatores de

    sade ambiental desempenham um papel significati-

    vamente mais importante nos pases em desenvolvi-

    mento, onde a condio da gua e saneamento, bem

    como a poluio atmosfrica em espaos abertos e

    fechados, so as mais importantes causas de morta-

    lidade3.

    A contribuio dos fatores ambientais para a carga de

    doenas ser ampliada e reforada pelos crescentes

    impactos das mudanas climticas relacionados

    com a sade. Esses impactos incluem: mudanas nos

    padres de doenas, insegurana hdrica e alimentar,

    vulnerabilidade habitacional e dos assentamentos

    humanos, eventos climticos extremos, doenas

    relacionadas com o aumento de temperatura e

    migraes populacionais. A magnitude dessas crises

    levou a revista The Lancet a afirmar em 2009 que, a

    mudana climtica a maior ameaa global sade

    do sculo XXI e que implicar em maior risco para a

    vida e o bem-estar de bilhes de pessoas.4

    3

    Uma Crise de Sade Pblica e Ambiental

  • 25% do total de emisses do setor pblico

    8 milhes de tonela-das de CO2

    por ano

    NHS na Inglaterra Setor Sade do Brasil

    10% do total do consumo de energia co-mercial do pas

    4

    O Papel e a Responsabilidade do Setor SadeA misso do setor sade prevenir e curar as doenas.

    Contudo, a assistncia sade principalmente nos

    hospitais muitas vezes contribui inadvertidamente

    para o problema. A assistncia hospitalar gera signifi-

    cativos impactos sade e ao meio ambiente, tanto

    nas etapas prvias como durante e aps a prestao

    da assistncia sade, por meio do consumo de

    recursos naturais e de produtos, bem como dos re-

    sduos que geram.

    At h pouco tempo, a determinao da escala desses

    problemas era limitada, mas dados recentes confir-

    mam a importncia dos impactos ambientais causa-

    dos pelo setor sade. Por exemplo, o Servio Nacional

    de Sade (NHS, sigla em ingls) da Inglaterra calculou

    que sua pegada de carbono de mais de 18 milhes

    de toneladas de CO2 por ano, o que equivale a 25%

    do total das emisses do setor pblico5. Os hospitais

    brasileiros utilizam enormes quantidades de energia

    que representam mais de 10% do total do consumo

    energtico comercial do pas6. Nos Estados Unidos,

    o setor sade o principal usurio de substncias

    qumicas, muitas das quais tm um conhecido

    efeito cancergeno. Na China, o gasto do setor

    sade em construes supera US$ 10 bilhes ao

    ano, e est crescendo 20% anualmente, consumin-

    do quantidades significativas de recursos naturais7.

    Muitos outros exemplos poderiam ser enumerados.

    O impacto sade ambiental causado pelos hospi-

    tais no surpreende, visto o enorme peso do setor

    sade na economia. Em 2007, os gastos mundiais

    com sade totalizaram US$ 5,3 trilhes, ou US$ 639

    por pessoa/ano, o que equivale aproximadamente

    de 8% a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) global8.

    A participao do setor sade no PIB, bem como

    o gasto total per capita com assistncia mdica,

    varia bastante de um pas para outro, tambm com

    significativos desequilbrios dentro de cada pas.

    De fato, as implicaes para a sade ambiental so

    de todo tipo e magnitude, desde o lanamento de

    resduos biolgicos nos fundos de uma clnica rural

    durante uma campanha de vacinao, at a

  • Setor Sade dos EUA China

    MAIOR consumidor de substncias qumicas carcinognicas

    $10 BILHES de dlares por ano gastos com construes relaciona-das com assistncia mdica

    Lderes do setor sade expandiram o preceito do juramento hipocrtico que estabelece antes de tudo,

    no causar dano para alm do imediatismo da relao mdico-paciente, incorporando uma perspectiva mais

    global de sade ambiental.

    AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS 5

    poluio do ar gerada pelo consumo de energia de

    um estabelecimento de assistncia mdica terciria

    de alta tecnologia, situado em uma grande cidade.

    O setor sade est apenas comeando a entender

    o impacto que problemas ambientais, tais como

    as mudanas climticas, tero sobre os servios de

    sade. Com o aumento das mdias de tempera-

    tura, o impacto das ilhas de calor em reas urba-

    nas densamente povoadas agravaro as doenas

    respiratrias crnicas de crianas e idosos. Aumento

    de eventos climticos extremos furaces e

    tufes nas zonas costeiras, tornados e inundaes,

    incndios e secas exigiro uma infraestrutura

    de resposta a emergncias mais resiliente, capaz

    de proporcionar gua potvel e tambm servios

    de assistncia de sade. Mesmo em pases desen-

    volvidos como os Estados Unidos, onde comum

    encontrarmos uma infraestrutura de assistncia

    sanitria de apoio a emergncias com alto consumo

    energtico, a inerente falta de resilincia dos edif-

    cios hermticos e dependentes da rede eltrica tem

    demonstrado incapacidade de manter a continui-

    dade das operaes durante eventos climticos ex-

    tremos. A necessidade de adaptar-se a essa realidade

    est aumentando a cada dia.

    No entanto, hospitais e sistemas de sade em todo o

    mundo tm o potencial, no apenas de se adaptarem

    aos flagelos das mudanas climticas, mas tambm,

    ao faz-lo, de promoverem a sustentabilidade, a

    equidade na sade e a sade ambiental, mediante o

    investimento em edifcios mais saudveis, compras

    verdes e a implementao de operaes susten-

    tveis. Hospitais e sistemas de sade podem alavan-

    car sua situao econmica e sua reputao moral

    perante a comunidade, contribuindo para a reali-

    zao dos Objetivos de Desenvolvimento do Milnio

    relacionados com a sade e a sustentabilidade, en-

    quanto, ao mesmo tempo, ajudam a promover uma

    economia verde9. De fato, hospitais e trabalhadores

    do setor sade podem liderar a promoo da sade

    ambiental ao tornarem-se modelos de prticas sus-

    tentveis, em termos ambientais e econmicos, para

    toda a sociedade e a comunidade global.

  • Rumo a uma Agenda para Hospitais Verdes e SaudveisNo existe um padro mundial que defina o que ou o que deve ser um hospital verde e saudvel.

    Mas, em essncia, ele pode ser definido da seguinte maneira:

    Um hospital verde e saudvel aquele que promove a sade pblica reduzindo continuamente seus impactos ambientais e eliminando, em ltima instncia, sua contribuio para a carga de doenas. Um hospital verde e saudvel reconhece a relao entre a sade humana e o meio ambiente e demonstra esse entendimento por meio de sua governana, estratgia e operaes. Ele conecta necessidades locais com suas aes ambientais e pratica preveno primria envolvendo-se ativamente nos esforos da comunidade para promover a sade ambiental, a equidade em sade e uma economia verde.

    Embora no haja um modelo nico de hospital verde e saudvel, muitos hospitais e sistemas de sade em

    todo o mundo esto tomando medidas para reduzir sua pegada ambiental, contribuir para melhorar a

    sade pblica e economizar dinheiro, tudo isso ao mesmo tempo. Por exemplo:

    O programa de hospitais VERDES e LIMPOS da

    Tailndia, administrado pelo Departamento de

    Promoo da Sade, fixa uma srie de parmetros

    de referncia para centenas de estabelecimentos

    de sade, abordando, entre outros aspectos, a

    forma como usam energia, o consumo de sub-

    stncias qumicas, o uso dos alimentos, a gerao

    de resduos e outros10.

    Recentemente, o Ministrio do Meio Ambiente da

    Indonsia incorporou os hospitais ao seu pro-

    grama de adequao denominado PROPER, um

    sistema de classificao do desempenho ambien-

    tal introduzido pelo mesmo ministrio na dcada

    de 90 para melhorar o desempenho ambiental da

    indstria.

    O Servio Nacional de Sade da Inglaterra criou

    um Roteiro para tornar seus hospitais mais

    ecolgicos11.

    A Rede de Hospitais Promotores da Sade,

    originada na Europa com apoio da Organizao

    Mundial da Sade (OMS), est elaborando um

    conjunto de critrios de sustentabilidade.

    Nos Estados Unidos, a ONG Practice Green-

    health conta com mais de 1.000 hospitais

    membros que esto trabalhando para di-

    minuir sua pegada ambiental.

    A OMS est promovendo uma iniciativa cham-

    ada A Sade na Economia Verde, que inclui

    o foco na reduo da pegada de carbono no

    setor sade12.

    Vrias corporaes globais esto competindo

    para construir e operar hospitais verdes em

    todo o mundo.

    Iniciativas e conferncias promovendo o

    desempenho ambiental do setor sade esto

    surgindo em pases to distintos como Argen-

    tina, Brasil, China, ndia, Filipinas, frica do Sul

    e Sucia para mencionar alguns exemplos.

    6

  • Ao mesmo tempo, sete sistemas de sade lderes

    nos Estados Unidos, que abrangem mais de 370

    hospitais, esto trabalhando junto ao Sade Sem

    Dano, Practice Greenhealth e Center for Health

    Design, com a finalidade de lanar uma Iniciativa

    de Hospitais Saudveis. Esse esforo visa assegu-

    rar o compromisso das lideranas de hospitais e

    sistemas de sade dos Estados Unidos com medi-

    das especficas que promovam sustentabilidade e

    sade ambiental. Estas entidades criaram a Agenda

    dos Hospitais Mais Saudveis (Healthier Hospitals

    Agenda - baseada em um conjunto de objetivos

    similares aos desta agenda global) para planejar

    o caminho em direo a um sistema de sade mais

    sadio, sustentvel e econmico13.

    A Agenda Global para Hospitais Verdes e Saudveis

    se prope a apoiar as iniciativas existentes no

    mundo para promover maior sustentabilidade e

    sade ambiental no setor sade e assim fortalecer

    os sistemas de sade em nvel mundial. Tambm

    est planejada para se desenvolver em paralelo

    com a Agenda dos Hospitais Mais Saudveis norte-

    americana, bem como com vrias das outras

    iniciativas j mencionadas.

    Muitos hospitais e sistemas de sade em todo o mundo esto reduzindo sua pegada ambiental, contribuindo para a sade pblica e economizando dinheiro.

    AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS 7

  • LIDERANAPriorizar a sade ambiental como um imperativo estratgico

    PROPSITO DA AGENDA Manifestar apoio da liderana aos hospitais verdes e saudveis a fim de: criar uma mudana de cultura organizacional em longo prazo; alcanar uma ampla participao dos trabalhadores do setor sade e da comunidade; e fomentar polticas pblicas que promovam a sade ambiental.

    1Para impulsionar os hospitais verdes e saudveis, a liderana essencial em todos os nveis. Isto significa fazer com que a sade ambiental, a segurana e a sustentabilidade se tornem prioridades organizacionais. Este objetivo pode ser alcanado atravs da educao, estabelecimento de metas, transparncia e prestao de contas na gesto e incorporao dessas prioridades a todas as formas de comunicaes e relaes externas. Trata-se de uma mudana importante na cultura da organizao, seja esta um hospital, um sistema de sade ou um ministrio da sade.

    As quatro reas principais de liderana so as seguintes:

    Constituir um grupo de trabalho: Promover a criao de um grupo de trabalho interdisci-plinar em sustentabilidade, seja num nico hospital ou integrado por representantes de todo o sistema que, com respaldo da direo, contribua para garantir que os objetivos de sade ambiental e sustentabilidade sejam implementados em todo o estabelecimento ou sistema e sejam aplicados em todos os departamentos. A designao de um membro da equipe com dedi-cao exclusiva (se possvel), tambm contribuir para a concretizao de muitas das aes descritas neste documento.

    Promover a pesquisa: Apoiar a pesquisa em sade ambiental permitir iden-tificar com maior clareza os vnculos entre a sustentabi-lidade ambiental e os efeitos sobre a sade. A pesquisa tambm pode nos indicar quais aes podem acelerar a adoo de novas prticas e procedimentos.

    Envolver a comunidade: Educar e trabalhar sobre os temas chaves de sade ambiental, tanto com os profissionais da sade como

    com a comunidade qual o hospital ou o sistema de sade pertencem, pode contribuir para a preveno de doenas e a promoo da sade. Fomentar o conhecimento em sade ambiental entre os fun-cionrios do hospital e os membros da comunidade essencial para a proteo da sade pblica. Esses stakeholders podem se constituir em importantes aliados no momento de identificar os riscos de sade ambiental aos quais esto expostas as populaes atendidas por um hospital ou sistema de sade. As comunidades tambm podem seguir o exemplo das prticas de promoo da sade ambiental adota-das por um hospital, tais como reduzir as exposies s substncias qumicas perigosas ou gerenciar os resduos de forma segura. Em alguns casos, os hospitais e os sistemas de sade tambm podem proporcionar servios essenciais de sade para uma comunidade, por exemplo, o fornecimento de gua potvel em situaes em que no haja nenhuma outra fonte de gua limpa. Defender polticas relacionadas com sade ambiental: Em muitos pases e instituies as polticas de pro-moo da sade ambiental no existem, so insu-ficientes, so descumpridas ou carecem do finan-ciamento para sua implementao. Muitas polticas pblicas em sade ambiental e sustentabilidade esto desatualizadas e no levam em considerao os resultados de novos estudos e pesquisas cientfi-cas.

    Os hospitais, os sistemas de sade e os profissionais da sade podem desempenhar um papel impor-tante na promoo de polticas pblicas apropriadas e bem implementadas em nvel local, nacional e internacional. As agncias governamentais, rgos legislativos, agncias de ajuda multilaterais e bi-

    8

  • laterais, instituies que financiam a construo no setor sade, bem como aquelas que credenciam hospitais devem ser encorajadas a criar polticas que promovam hospitais verdes e saudveis, assim como a sade ambiental em toda a comunidade.

    Ao defender a sade ambiental, os servios de sade devem tambm buscar a priorizao do atendimento primrio de sade e a promoo de estratgias de preveno de doen-as a fim de diminuir as necessidades futuras de tratamen-tos e o correspondente uso intensivo de recursos. Isso pode reduzir os custos e a pegada ambiental do setor sade, as-sim como a carga de doenas para a qual contribuem, inad-vertidamente, as atividades do setor. Neste documento h numerosos exemplos de medidas deste tipo. Por exemplo, uma prioridade importante nas grandes reas urbanas dos pases em desenvolvimento o melhoramento da infraes-trutura de sade pblica bsica tais como aterros sanitrios, tratamento e distribuio de gua e coleta e tratamento de esgotos sanitrios. Os hospitais podem desempenhar um papel de liderana na defesa dos servios de saneamento bsico, que no s reduzem a carga de doenas, mas tam-bm beneficiam as operaes dos prprios hospitais.

    Aes Concretas

    Elaborar e se comprometer com uma poltica de hospitais verdes e saudveis para todo o sistema.

    Criar um grupo de trabalho dentro da organizao integrado por representantes dos diversos departamentos e categorias profissionais para orientar e auxiliar na implementao dos esforos.

    Alocar recursos humanos nos nveis operacional e de direo para lidar com as questes de sade ambiental em toda a organizao ou sistema.

    Investir em pesquisa para eliminar os obstculos inovao.

    Assegurar que os planos e oramentos estratgicos e operacionais reflitam no compromisso com a meta de um hospital verde e saudvel.Oferecer aos profissionais e comunidade oportuni-dades de aprendizado sobre fatores ambientais que contribuem para a carga de doenas e sobre a relao entre sade ambiental e preveno de doenas. Junto com a comunidade local, participar de dilogos, debates e iniciativas ligadas preveno de doenas e sade ambiental.

    Colaborar com outros stakeholders na identificao de riscos em sade ambiental e na vigilncia de doenas associadas ou potencialmente associadas aos fatores ambientais.

    Construir ou participar de redes locais de hospitais e/ou grupos de servios de sade comprometidos com a defesa de polticas de sade ambiental.

    Defender a preveno de doenas e a sade ambiental como componentes centrais das estratgias de sade no futuro.

    Encorajar as agncias multilaterais ou bilaterais que financiam o setor sade e a construo de hospitais para que colaborem com parceiros do setor pblico e privado, assegurando que esses financiamentos promovam o desenvolvimento e a operao de uni-dades de sade ambientalmente sustentveis e que favoream a sade ambiental da comunidade.

    Instruir as organizaes de acreditao sobre a in-terseo entre a sustentabilidade ambiental, a sade humana e os padres de sade. Identificar maneiras de incorporar as prticas de sustentabilidade aos padres de acreditao.

    Para acessar ferramentas e recursos de implementao deste objetivo, visite o site www.hospitaisverdes.net.

    AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS 9

  • SUBSTNCIAS QUMICAS Substituir Substncias Qumicas Perigosas Por Alternativas Mais Seguras

    PROPSITO DA AGENDAMelhorar a sade e a segurana dos pacientes, dos trabalhadores, das comunidades e do meio ambiente utilizando substncias qumicas, materiais, produtos e processos mais seguros, indo alm das exigncias de conformidade ambiental.

    2O problema global

    A exposio s substncias qumicas txicas comea

    antes do nascimento e prolonga-se durante toda

    nossa vida. Muitas dessas substncias tm sido rela-

    cionadas a doenas graves, como asma, infertilidade,

    dificuldades de aprendizagem, doena de Parkinson

    e cncer14. Estas substncias qumicas tambm so

    uma importante fonte de poluio do ar nos ambi-

    entes internos. Algumas delas, como o mercrio e

    as dioxinas, tm sido identificadas como substn-

    cias qumicas preocupantes em pelos governos do

    mundo, por contriburem para os problemas globais

    de sade ambiental.

    Uma porcentagem substancial dos casos de cncer

    atribuvel exposio ambiental e ocupacional15.

    Mulheres grvidas, fetos, bebs, crianas e traba-

    lhadores so especialmente vulnerveis. A cada ano,

    doze milhes de casos de cncer so diagnosticados

    no mundo e mais de sete milhes de pessoas mor-

    rem por causa dessa doena. A maior parte dos casos

    de cncer ocorre em pases de renda baixa e mdia,

    e esta proporo est aumentando16. A OMS calcula

    que cerca de um dcimo de todas as mortes evitveis

    em 2004 foram causados por substncias txicas17.

    A indstria global de substncias qumicas dever

    crescer de forma constante at o ano 2030, com

    crescimento contnuo do uso de substncias qumi-

    cas e sua produo em pases em desenvolvimento.

    Paralelamente a esta tendncia, quase certo que os

    impactos causados pelos produtos qumicos continu-

    aro a aumentar.

    Solues hospitalares

    Produtos qumicos so onipresentes no ambiente hospi-

    talar. Nos Estados Unidos, por exemplo, o setor sade o

    maior usurio nico de produtos qumicos, gastando mais

    que o dobro do realizado pelo segundo setor de maior

    consumo. Em muitos outros pases, o setor sade tam-

    bm consome quantidades significativas de substncias

    qumicas. Como indica a Abordagem Estratgica para a

    Gesto Internacional de Substncias Qumicas (SAICM, na

    sigla em ingls) das Naes Unidas:

    O setor sade um dos principais consumidores de sub-

    stncias qumicas, incluindo aquelas que causam graves e

    amplamente documentados impactos sobre a sade e o

    meio ambiente. Assim, um setor cuja misso proteger a

    sade humana est contribuindo para a carga de doen-

    as. As substncias qumicas usadas na assistncia afetam

    a sade humana ao longo de todo o ciclo de vida dos

    produtos - isto , durante sua produo, uso e descarte.

    Entre as populaes vulnerveis esto pacientes, traba-

    lhadores da sade que sofrem exposio diria a essas

    substncias, trabalhadores industriais que manufaturam

    os produtos, trabalhadores de unidades de disposio

    de resduos e pessoas que residem nas proximidades de

    fbricas de produtos qumicos ou dos locais de disposio

    de resduos18.

    Pesquisas recentes mostram que os trabalhadores do

    setor sade estariam mais ameaados pelas substncias

    qumicas utilizadas em seus locais de trabalho do que

    o pblico em geral. Por exemplo, os trabalhadores do

    setor sade apresentam taxa mais alta de asma do adulto

    quando comparados com todos os outros principais

    grupos de trabalhadores e tm maior risco de contrair

    doenas respiratrias crnicas19. 10

  • Muitas substncias qumicas so utilizadas para fins especficos, exclusivos do setor sade,

    por exemplo, quimioterpicos para tratamento de cncer ou desinfetantes para esterili-

    zao. Porm, um nmero crescente de hospitais est substituindo algumas das substn-

    cias mais perigosas por alternativas mais seguras, sem sacrificar a qualidade do atendi-

    mento a paciente. Ao abordar a exposio s substncias qumicas no contexto de sade, o

    setor sade pode no s proteger a sade de pacientes e trabalhadores, como tambm

    demonstrar ativamente que adota uma gesto segura de substncias qumicas e, dessa

    maneira, servir como exemplo20.

    Aes Concretas

    Elaborar guias e protocolos sobre substncias qumicas e produtos em toda a

    instituio, visando resguardar a sade dos pacientes, dos trabalhadores e da

    comunidade e proteger o meio ambiente enquanto incentiva toda a sociedade a

    exigir alternativas.

    Implementar um plano de ao sobre as substncias qumicas especfico para cada uni-

    dade, incluindo parmetros de referncia e cronogramas.

    Participar da Iniciativa Global de Sade Sem Mercrio da OMS-SSD (Organizao Mun-

    dial da Sade e Sade Sem Dano), substituindo todos os termmetros e medidores de

    presso arterial que contenham mercrio por alternativas seguras, precisas e economica-

    mente acessveis.

    Enfrentar o problema do uso de substncias qumicas preocupantes incluindo, por exem-

    plo, glutaraldedo, retardantes de chama halogenados, PVC [policloreto de vinil], DEHP

    [di(2-etilhexil) ftalato] e BPA [bisfenol A], e buscar alternativas e substitutos mais seguros.

    Adotar polticas que requeiram a divulgao dos componentes qumicos que integram

    os produtos e materiais, e que busquem assegurar que todos os ingredientes tenham

    sido submetidos no mnimo a um teste bsico de toxicidade.

    Quando produtos e materiais contiverem substncias extremamente preocupantes

    isto , identificadas como carcinognicas, mutagnicas ou txicas para a reproduo,

    ou que sejam persistentes e bioacumulativas, ou que ensejem preocupao similar os

    hospitais devem classific-los como de alta prioridade para substituio por alternativas

    mais seguras21.

    Para acessar Ferramentas e Recursos para implementao deste objetivo, visite o site www.hospitaisverdes.net.

    11

  • RESDUOS Reduzir, Tratar e Dispor de Forma Segura os Resduos de Servios de sade

    PROPSITO DA AGENDAProteger a sade pblica reduzindo o volume e a toxicidade dos resduos produzidos pelo setor sade, implementando ao mesmo tempo as opes ambientalmente mais apropriadas de gesto e destinao dos resduos.

    3Diferente do que ocorre com muitos outros re-

    sduos perigosos, atualmente no existe nenhuma

    conveno internacional que cubra diretamente a

    gesto dos resduos de servios de sade, de modo

    que a sua classificao varia de um pas para outro.

    Entretanto, o resduo usualmente classificado de

    acordo com o risco que apresenta. A maior parte dos

    resduos de sade 75% a 85% aproximadamente

    similar aos resduos municipais comuns e tem

    um baixo risco, a menos que sejam incinerados.

    A segunda categoria em quantidade a de resduos

    infectantes ou biolgicos (aproximadamente entre

    5% e 25% da totalidade dos resduos). Os resduos

    infectantes podem ser subdivididos em resduos

    infectantes gerais, perfurantes e cortantes (1% do

    total), resduos altamente infectantes, anatmicos e

    patolgicos (1%).

    Os resduos qumicos e radioativos produtos

    farmacuticos, substncias qumicas laboratoriais,

    produtos de limpeza, metais txicos como o mer-

    crio dos termmetros quebrados e os pesticidas

    que causam diversos impactos sade e ao meio

    ambiente constituem cerca de 3% do total dos

    resduos de sade.

    Resduos infectantes podem represen-tar menos de

    5% do total

    At 85% do resduo de servio de sade similar ao resduo comum

    O problema global

    A OMS publicou uma srie de princpios bsicos que

    descrevem a gesto segura e sustentvel dos resduos de

    servios de sade como uma exigncia de sade pblica

    convocando todas as entidades relacionadas a apoi-la e

    financi-la adequadamente22. Os governos de todo o mun-

    do, atravs da Assembleia Mundial da Sade, fizeram um

    chamado para uma ao mais enftica frente aos resduos

    de servios de sade23. O Relator Especial da Comisso de

    Direitos Humanos das Naes Unidas pediu pelo desen-

    volvimento de um amplo marco legal internacional focado

    na proteo da sade humana e do meio ambiente contra

    os efeitos adversos da gesto e destinao inadequada de

    resduos perigosos de servios de sade24.

    Infelizmente, a gesto dos resduos de sade ainda es-

    cassamente financiada e implementada. As propriedades

    txicas e infectantes combinadas dos resduos servios de

    sade representam uma ameaa para a sade pblica e

    meio ambiente que tem sido subestimada. Uma reviso

    recente da bibliografia sobre o tema chegou concluso

    que mais da metade da populao mundial encontra-se

    em situao de risco devido aos impactos desses resduos

    sobre a sade25.

    12

  • Se gerenciados apropriadamente, os resduos de sade no causam impactos adversos sade

    humana ou ao meio ambiente.

    Somente 3% dos resduos de servios de sade so classificados como perigosos

    3% dos resduos so biolgicos, alta-mente infectantes e perfurocortantes

    13

    As guas residuais hospitalares costumam ser exclu-

    das da lista de resduos de servios de sade, mas

    tambm merecem ateno. Os efluentes dos esta-

    belecimentos de sade contm maior quantidade

    de patgenos resistentes a medicamentos, maior

    variedade de substncias qumicas e maior volume de

    materiais perigosos do que os efluentes domiciliares26.

    A incinerao de resduos de sade gera diversos

    gases e compostos perigosos, entre eles, cido clo-

    rdrico, dioxinas & furanos e os metais txicos chumbo,

    cdmio e mercrio. A disposio de resduos slidos

    produz emisses de gases de efeito estufa, includo

    o metano, um gs de efeito estufa vinte e uma vezes

    mais potente do que o dixido de carbono.

    Solues hospitalares

    Os resduos de sade, se devidamente gerenciados,

    no deveriam causar nenhum impacto adverso

    sade humana nem ao meio ambiente. A gesto dos

    resduos mdicos complexa e seu xito depende, em

    grande medida, da mudana de hbitos do pessoal

    do hospital.

    Neste sentido, a reduo de resduos e sua adequada

    segregao so essenciais. Ao reduzir e classificar

    apropriadamente os resduos, os hospitais no s evi-

    tam os custos de destinao e os riscos ambientais,

    como podem reciclar uma grande parte, reduzindo

    a quantidade de matrias primas, energia e proces-

    samentos requeridos para repor os produtos que

    usam. Por outro lado, quando os resduos perigosos

    so misturados com resduos no perigosos (que

    poderiam ser reciclados), os hospitais acabam incor-

    rendo em custos adicionais para destinar maiores

    volumes de resduos perigosos, que pode superar

    muitas vezes o custo da destinao de resduos no

    perigosos.

    Os estabelecimentos de sade podem cortar a

    gerao de resduos e as emisses de gases de efeito

    estufa por meio da compostagem, reciclagem (inclu-

    sive gases de anestsicos), melhorando as compras

  • 14

    Para proteger os direitos humanos

    fundamentais, vrias entidades das

    Naes Unidas recomendam mudar para

    tratamentos alternativos incinerao

  • Aes Concretas

    Implementar critrios ambientais de prefern-

    cia nas compras e evitar materiais txicos tais

    como mercrio, PVC e produtos descartveis

    desnecessrios.

    Para acessar Ferramentas e Recursos para implementao deste objetivo, visite o site www.hospitaisverdes.net.

    AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS 15

    (minimizando embalagens, comprando produtos reuti-

    lizveis ao invs de descartveis e comprando produtos

    reciclados) e minimizando o transporte de resduos

    (mediante seu tratamento e disposio em nvel local)27.

    A pequena parcela dos resduos de sade potencial-

    mente infectantes contm alta proporo de plsti-

    cos que podem ser reciclados ou vertidos em aterros

    sanitrios aps sua desinfeco, em lugar de serem

    incinerados, visto que a incinerao de plsticos pro-

    duz altas quantidades de gases de efeito estufa, alm

    de poluentes txicos tais como dioxinas e furanos28 29.

    Autoridades das Naes Unidas tm recomendado o

    uso de alternativas incinerao e a disponibilidade

    de financiamento para esta transio, medidas que

    consideram essenciais para proteger o direito sade e

    outros direitos humanos fundamentais30. A Conveno

    de Estocolmo sobre Poluentes Orgnicos Persistentes31

    e a OMS tambm aconselham que se apliquem as

    alternativas incinerao para reduzir a contaminao

    global com dioxinas e furanos32.

    Existem diversas tecnologias alternativas incinerao

    que permitem a desinfeco, a neutralizao ou a con-

    teno dos resduos de forma segura para disposio

    em aterros sanitrios. Informaes sobre tecnologias

    alternativas de tratamento e gesto de resduos esto

    amplamente disponveis33. Autoclaves so econmicas,

    fabricadas em uma ampla gama de opes que aten-

    dem a maioria das situaes e so bem conhecidas

    pelos sistemas de sade, que rotineiramente as utili-

    zam para a esterilizao de material cirrgico e outros

    produtos mdicos.

    Criar uma comisso de gerenciamento e alo-

    car um oramento especfico para a gesto de

    resduos.

    Implementar um programa amplo de reduo

    de resduos que inclua, quando possvel, evitar

    medicao injetvel quando os tratamentos por

    via oral tiverem a mesma eficcia.

    Separar os resduos na origem e iniciar a reci-

    clagem dos resduos no perigosos.

    Implementar um programa amplo de treina-

    mento de gerenciamento de resduos que inclua

    a segurana das injees e da manipulao de

    objetos perfurocortantes, assim como de outras

    categorias de resduos.

    Assegurar que as pessoas que manuseiam os

    resduos sejam treinadas, vacinadas e usem equi-

    pamento de proteo individual.

    Introduzir tecnologia de tratamento de resduos

    que no implique em incinerao para garantir

    que os resduos que no possam ser evitados

    sejam tratados e destinados de uma maneira se-

    gura, econmica e ambientalmente sustentvel.

    Interceder junto s autoridades pblicas para que

    construam e operem aterros sanitrios seguros

    para disposio de resduos no reciclveis.

    Apoiar e participar na elaborao e implemen-

    tao de polticas de lixo zero visando reduzir

    significativamente a quantidade de resduos ger-

    ados em nvel hospitalar, municipal e nacional34.

  • ENERGIA

    PROPSITO DA AGENDAReduzir o uso de energia proveniente de combustveis fsseis como forma de melhorar e proteger a sade pblica; promover a eficincia energtica, bem como o uso de fontes renovveis, visando, em longo prazo, obter 100% das necessidades de energia obtidas de fontes renovveis geradas no hospital ou na comunidade.

    4O problema global

    A maior parte do dano sade e ao meio ambiente

    causado pelo consumo de energia vem da queima de

    combustveis fsseis, tais como petrleo, carvo e gs.

    As emisses geradas pela queima de combustveis fs-

    seis so um dos principais contribuintes das mudanas

    climticas globais e dos problemas de sade em nvel

    local. Em 2007, os combustveis fsseis responderam por

    mais de 86% do consumo mundial de energia primria

    global liberando para a atmosfera quase 30 bilhes de

    toneladas de poluio por carbono35.

    Maior eficincia energtica e a transio para o uso de

    fontes de energias limpas renovveis por exemplo,

    a energia elica e solar podem reduzir significativa-

    mente as emisses de gases de efeito estufa e proteger

    a sade pblica das inumerveis consequncias da mu-

    dana climtica, entre elas, o aumento da incidncia de

    doenas relacionadas com o calor, a expanso de doen-

    as transmitidas por vetores, a acentuao das secas e

    da escassez de gua em algumas regies e as tempesta-

    des e inundaes em outras36. O abandono do uso de

    combustveis fsseis traz tambm um co-benefcio para

    a sade e para a economia pela reduo do nmero de

    Implementar Eficincia Energtica e Gerao de Energias Limpas Renovveis

    A queima de combustveis fsseis

    representa 86% do consumo total global de energia

    internaes hospitalares e tratamentos de doenas

    crnicas, tais como asma e afeces pulmonares e

    cardacas causadas pela poluio gerada a partir

    dos processos de extrao, refino e combusto de

    carvo, gs e petrleo37.

    Solues hospitalares

    Tanto no mundo industrializado como em um

    nmero crescente de pases em desenvolvimento, o

    setor sade consome enormes quantidades de en-

    ergia proveniente de combustveis fsseis, embora,

    na maioria pases, no existam valores precisos de

    consumo. H uma carncia em medio sistemtica

    e avaliao comparativa do consumo de energia do

    setor sade e as correspondentes emisses de gases

    de efeito estufa (GEE) em todo o mundo38. Porm, al-

    gumas evidncias circunstanciais j existem. Os hos-

    pitais ocupam a segunda posio na lista de edifcios

    com maior consumo de energia nos Estados Unidos,

    com o setor sade gastando cerca de US$ 6.5 bilhes

    em energia ao ano, e este nmero est aumentan-

    do39 40. medida que o setor sade se expande em

    muitos pases em desenvolvimento, tambm cresce

    seu consumo de energia. No Brasil, por exemplo,

    16

  • Consumo energtico dos hospitais mais efi-cientes do norte da Europa, em comparao com hospitais norte americanos:

    35% AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS 17

    os hospitais representam 10,6% do consumo total

    de energia comercial do pas41. Ao mesmo tempo, o

    acesso energia eltrica e o consumo de eletricidade

    na maioria dos hospitais em regies como o sul da

    sia e a frica subsaariana, refletem taxas de consumo

    muito menores, enquanto que centenas de milhares

    de hospitais e clnicas de sade em todo o mundo

    carecem de abastecimento confivel de eletricidade

    ou no tm acesso a ela42.

    Na maioria dos hospitais de grande porte do ocidente

    os padres operacionais requerem um consumo de

    energia significativo para aquecimento de gua,

    controles de temperatura e umidade do ar em am-

    biente interno, iluminao, ventilao e numerosos

    processos clnicos implicando grandes custos

    financeiros e emisses de gases de efeito estufa. No

    entanto, pode-se ganhar eficincia energtica sem

    sacrificar a qualidade da assistncia mdica. Por

    exemplo, nas naes industrializadas o uso de energia

    no setor sade varia enormemente. Os hospitais mais

    eficientes do norte de Europa consomem, aproximada-

    mente, 35% da energia usada pela mdia dos hospitais

    norte-americanos (320kWh/m2 comparado com 820

    kWh/m2), e proporcionam servios de sade similares.

    Um estudo que est sendo realizado pelo Built Environ-

    ment Lab, da Universidade de Washington, indica que

    os hospitais americanos podem reduzir seu consumo

    de energia em at 60% adotando estratgias mais

    eficientes para seus sistemas43. Hospitais de pases que

    variam desde o Mxico e Brasil at a ndia, Austrlia

    e Polnia demonstraram que podem tomar medidas

    bsicas para economizar dinheiro, fortalecer a resilin-

    cia das unidades e aumentar sua eficincia energtica

    entre 20% e 30%44.

    Os estabelecimentos de sade tambm podem reduzir

    progressiva e significativamente suas emisses de

    gases de efeito estufa e seus custos energticos utili-

    zando formas alternativas de energia limpa e renovvel

    tais como energia solar, energia elica e biocom-

    bustveis - desde que no afetem a produo local de

    Tanto nos pases industrializados como

    naqueles em desenvolvimento, o setor sade

    consome grandes quantidades de energia

    proveniente de combustveis fsseis.

  • Maior eficincia energtica e a tran-

    sio para o uso de fontes de energias

    limpas renovveis por exemplo, a

    energia elica ou solar podem

    reduzir significativamente as emisses

    de gases de efeito estufa enquanto

    protegem a sade pblica

    18

  • Para acessar Ferramentas e Recursos para implementao deste objetivo, visite o site www.hospitaisverdes.net.

    AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS 19

    alimentos nem a posse da terra pela comunidade.

    As fontes alternativas de energia podem ser usadas

    para iluminao, gerao de calor, bombeamento e

    aquecimento da gua. Essas fontes podem ser des-

    tinadas para uso interno ou podem estar integradas

    a instalaes de distribuio de energia renovvel

    para toda a comunidade.

    As energias alternativas limpas e renovveis fazem

    sentido tanto do ponto de vista ambiental como

    econmico, principalmente quando existem

    mecanismos financeiros estruturados para apoiar

    essa transio. Por sua vez, dada a sua formidvel

    demanda de energia, os investimentos do setor

    sade podem desempenhar um papel importante

    no processo de transio proporcionando econo-

    mias de escala, tornando as energias alternativas

    economicamente mais viveis para todos.

    Em regies sem acesso eletricidade, as fontes de

    energia alternativa podem abastecer estabeleci-

    mentos de atendimento primrio de sade, inclu-

    sive aqueles situados nos lugares mais remotos. Em

    locais que carecem de energia podem ser utiliza-

    dos dispositivos mdicos que demandem baixos

    nveis de energia ou mesmo nenhuma energia,

    bem como o uso de fontes de energias renovveis

    visando melhorar o acesso aos servios bsicos de

    sade45. Finalmente, as fontes de energias alter-

    nativas oferecem aos estabelecimentos de sade

    uma vantagem em termos de sua capacidade de

    preparao para catstrofes, visto que estas fontes

    so menos vulnerveis do que os sistemas tradicio-

    nais baseados em combustveis fsseis46.

    Aes Concretas

    Para edifcios existentes, implementar um pro-

    grama de conservao e eficincia energtica

    que reduza o consumo de energia ao menos em

    10% no prazo de um ano, e continue produz-

    indo economia de energia na ordem de 2% ao

    ano, o que resultar em uma reduo de 10%

    para cada perodo de 5 anos. No caso de edifci-

    os novos, projet-los de modo a alcanar metas

    de desempenho energtico de 320 kWh/m2 ou

    ainda menores.

    Realizar auditorias peridicas no consumo de

    energia e aplicar os resultados na elaborao de

    programas de conscientizao e atualizao.

    Uma vez implementadas as medidas de eficin-

    cia energtica, indagar sobre a possibilidade

    de adquirir energia limpa e renovvel e, se

    esta for disponvel, comprar ao menos 5% na

    primeira oportunidade que surgir. Em unidades

    existentes, passar a utilizar combustveis mais

    limpos para caldeiras.

    Pesquisar sobre as fontes de energias limpas

    renovveis que possam ser instaladas in situ,

    e incluir sua gerao em todos os projetos de

    novas edificaes.

    Identificar os potenciais co-benefcios dos

    esforos de mitigao da mudana climtica que

    reduzam as emisses de gases de efeito estufa e

    as ameaas locais sade, enquanto economi-

    zam recursos financeiros.

    Integrar os programas de educao e conscien-

    tizao dos ocupantes visando reduzir o con-

    sumo de energia relacionado ocupao das

    instalaes. Nos espaos climatizados, diminuir

    os termostatos alguns graus no inverno ou em

    climas frios, e aument-los no vero ou em

    climas quentes. Mesmo uma leve alterao no

    termostato pode gerar uma economia significa-

    tiva de energia.

  • GUAReduzir o Consumo de gua e fornecer gua Potvel

    PROPSITO DA AGENDA Implementar uma srie de medidas de conservao, reciclagem e tratamento que reduzam o consumo de gua dos hospitais e a poluio por guas residuais. Estabelecer a relao entre a disponibilidade de gua potvel e a resilincia dos servios de sade para suportar problemas fsicos, naturais, econmicos e sociais. Promover a sade pblica e ambiental fornecendo gua potvel para a comunidade.

    5O problema global

    Em muitas partes do mundo a gua potvel um

    recurso escasso apresentando um significativo desafio

    para a sade ambiental em escala mundial. Mais de

    um bilho de pessoas no tm acesso a um sistema de

    fornecimento de gua potvel, enquanto muitos mais

    bebem gua seriamente contaminada47.

    Quatro bilhes de casos de diarreia ocorrem anual-

    mente, dos quais 88% so atribuveis gua no im-

    prpria para consumo e ms condies sanitrias e de

    higiene. Quase dois milhes de pessoas morrem a cada

    ano de doenas diarreicas; a vasta maioria so crianas

    de menos de cinco anos. A OMS estima que 94% dos

    casos de diarreia podem ser prevenidos por meio de

    intervenes que incrementem a disponibilidade de

    gua limpa e que melhorem as condies sanitrias e

    de higiene48. As mudanas climticas, com seus impac-

    tos associados como secas, derretimento das geleiras e

    esgotamento de aquferos, exacerbar estes problemas

    e agravar, ao mesmo tempo, a escassez geral de gua.

    20

    Solues hospitalares

    A prestao de assistncia sade nos pases em de-

    senvolvimento feita, em grande medida, em lugares

    onde os servios municipais de tratamento e de for-

    necimento de gua so inadequados ou inexistentes.

    A falta de gua e de infraestrutura sanitria esto

    entre os principais problemas que afetam diretamente

    os hospitais e os sistemas de sade - seja porque os

    sobrecarregam devido maior incidncia de doenas

    na populao ou porque os impedem de contar com

    servios bsicos de fornecimento de gua, tratamento

    de esgoto e destinao de resduos para que possam

    cumprir sua misso, ou por ambas as razes.

    Idealmente, o esgoto de um hospital deve ser tratado

    por um sistema municipal planejado para proteger a

    sade pblica como um todo. Contudo, isso nem sem-

    pre possvel, como por exemplo, nas reas rurais, em

    lugares onde no existe nenhum servio disponvel

    ou em cidades onde se exige que o tratamento seja

    feito in situ. Para estas situaes, existe uma gama de

    tecnologias economicamente acessveis para o trata-

    mento . Por exemplo, os esgotos podem ser tratados

    por sistema de biodigesto que gera gs metano, o

    qual pode ser utilizado como combustvel dentro do

    estabelecimento. Esta tecnologia simples pode ser ap-

    ropriada para unidades de sade de pequeno e mdio

    porte em pases em desenvolvimento.

    O resultado, se estes sistemas funcionarem e forem

    bem mantidos, uma assistncia sade mais re-

    siliente, e hospitais com a possibilidade de oferecer

    para as suas comunidades, alm de servios de sade,

    tambm gua potvel49. Ao fornecerem gua potvel

    comunidade do entorno, os hospitais podem gerar

    um importante beneficio para a sade pblica, seja

    prevenindo doenas como tambm reduzindo o

    consumo dos recursos naturais e mdicos necessrios

    para o tratamento dessas doenas50.

  • 21

    Quando h ampla disponibilidade de gua, os hospitais costumam ser vorazes consumi-

    dores em vrios aspectos de suas operaes. Nos Estados Unidos, por exemplo, at 70%

    de consumo hospitalar de gua destina-se a processos que vo dos relacionados com

    equipamentos mecnicos at com o transporte do esgoto; utilizam-se cerca de 30% para

    beber, preparar alimentos, tomar banho e lavar as mos51. Em geral, existem poucas refer-

    ncias globais confiveis em relao ao consumo de gua do setor sade.

    Geralmente, os estabelecimentos de sade podem conservar os recursos hdricos medin-

    do cuidadosamente o consumo, instalando dispositivos e tecnologias que permitam o

    uso eficiente da gua, cultivando plantaes resistentes s secas e assegurando-se que os

    vazamentos sejam rapidamente reparados.

    Com o objetivo de alcanar um impacto maior no consumo total, hospitais de muitos

    pases esto coletando gua de chuva. Outros reciclam a gua para determinados usos.

    Na Austrlia, por exemplo, os hospitais esto comeando a implementar sistemas de

    tratamento de guas negras in situ visando a reciclagem de esgoto.

    Nas reas onde h gua potvel de boa qualidade, os estabelecimentos de sade podem

    causar um enorme e positivo impacto ambiental eliminando a compra e venda de gua

    engarrafada. Dados recentes produzidos pelo Pacific Institute, na Califrnia, estimam que

    para produzir gua engarrafada nos Estados Unidos em 2007 gastam-se 2.000 vezes mais

    energia do que a necessria para produzir gua encanada; uma quantidade de energia

    que equivale de 32 a 54 milhes de barris de petrleo. Os autores do relatrio estimam

    que a quantidade de energia necessria para satisfazer a demanda global de gua engar-

    rafada foi trs vezes maior52.

    Mais de um bilho de pessoas no

    tem acesso a gua potvel, enquanto

    muitas mais consomem gua

    seriamente contaminada.

  • Os estabelecimentos de sade so

    grandes consumidores de gua

    e podem conservar os recursos

    hdricos de diversas formas.

    22

  • Aes Concretas

    Estabelecer um plano que aspire a um consumo final de gua igual a zero dentro de

    um sistema hospitalar.

    Implementar estratgias de conservao de gua como: instalar torneiras e vasos sani-

    trios eficientes, verificar rotineiramente os encanamentos para prevenir vazamentos,

    eliminar o selo dgua e a gua de refrigerao nas bombas de vcuo e de compres-

    sores de ar medicinal e modernizar os sistemas de refrigerao.

    Substituir os equipamentos radiolgicos que utilizam filme e consomem grandes

    quantidades de gua, por sistemas digitais que no usam gua nem substncias qumi-

    cas radiolgicas poluentes.

    Planejar o paisagismo usando plantas resistentes s secas para minimizar o consumo

    de gua.

    Considerar a possibilidade de coletar gua de chuva e/ou reciclar a gua para usos em

    distintos processos.

    Eliminar a gua engarrafada em todo o estabelecimento se puder contar com gua

    potvel de boa qualidade.

    Analisar periodicamente a qualidade da gua.

    Se o estabelecimento de sade tiver acesso gua potvel, mas a comunidade no

    puder obt-la facilmente, desenvolver programas que forneam gua potvel comu-

    nidade como um servio de sade pblica.

    Implementar tecnologias de tratamento local de esgoto quando no existir um servio

    municipal.

    Desenvolver projetos conjuntos com a comunidade para melhorar e proteger o abas-

    tecimento de gua; apoiar iniciativas que melhorem a qualidade da gua em sistemas

    pblicos de abastecimento, bem como os sistemas de tratamento de esgoto para toda

    a populao.

    Para acessar Ferramentas e Recursos para implementao deste objetivo,

    visite o site www.hospitaisverdes.net.

    23AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS

  • TRANSPORTEMelhorar as Estratgias de Transporte Para Pacientes e Funcionrios

    PROPSITO DA AGENDADesenvolver estratgias de transporte e de assistncia sade que reduzam a pegada de carbono dos hospitais e sua parcela de contribuio para a poluio local.

    6O problema global

    O transporte uma fonte importante de poluio do ar

    em todo o mundo, causando impactos significativos

    sade, especialmente nas reas urbanas. A exposio ao

    monxido de carbono, dixido de enxofre e dixido de

    nitrognio pode causar doenas respiratrias e alterar os

    sistemas de defesa dos pulmes53. Vrios estudos esta-

    belecem uma conexo entre o aumento dos atendimen-

    tos nos servios de emergncia e nveis de oznio mais

    elevados na comunidade54. A presena de oznio ao nvel

    do solo tambm se relaciona com o aumento das

    temperaturas nas reas urbanas e o agravamento dos

    impactos das ilhas de calor.

    A poluio do ar causada pelo transporte um impor-

    tante problema de sade que afeta principalmente as

    megacidades dos pases em desenvolvimento. Em Deli,

    o setor transporte responsvel por mais de 70% da

    poluio do ar. Um estudo do Banco Mundial revela que

    o custo social total da poluio do ar nas cidades de

    Mumbai, Xangai, Manila, Bangcoc, Cracvia e Santiago

    alcanava a cifra de US$ 2.6 bilhes55.

    Por outro lado, o transporte por rodovia representa 18%

    do total mundial das emisses de CO2 geradas pelo uso

    de combustveis. Calcula-se que por volta do ano de 2030,

    as emisses de CO2 originadas do transporte aumentaro

    60%. A maior parte deste aumento acontecer em regies

    em desenvolvimento, especialmente na China, ndia e no

    sudeste da sia56.

    Solues hospitalares

    A assistncia sade, com suas frotas de ambulncias,

    veculos hospitalares, veculos para entregas e meios de 24

    transporte para pacientes e funcionrios, envolve o

    uso intensivo de transporte. Os impactos do setor

    sade na poluio do ar se concentram no entorno

    das instalaes hospitalares de grande porte.

    Estimativas do Servio Nacional de Sade (NHS em

    ingls) do Reino Unido mostram que as emisses

    de CO2 provenientes do transporte de funcionrios

    e pacientes a centros de atendimento mdico equi-

    valem, aproximadamente, a 18% de suas emisses

    totais de carbono57. Esta importante descoberta

    levou o NHS a considerar a possibilidade de locar

    suas unidades de sade prximas infraestrutura

    de transporte pblico ou dentro das comunidades,

    reduzindo amplamente as distncias percorridas em

    veculos pelos pacientes.

    Telemedicina outra estratgia para a reduo de

    emisses relacionadas com o transporte. Segundo a

    OMS, os programas de sade a distncia podem ()

    reduzir a pegada de carbono relacionada ao trans-

    porte para atendimento mdico, alm de melhorar

    o acesso e os efeitos para os grupos mais vulnerveis.

    Em muitos pases em desenvolvimento, aplicaes

    simples de telefonia mvel no apoio assistncia

    emergencial e consultas mdicas a distncia em

    reas remotas esto sendo usadas com bons

    resultados58.

    A transio para tecnologias hbridas, veculos total-

    mente eltricos e combustveis alternativos, como o

    gs natural comprimido e alguns biocombustveis,

    permite reduzir as emisses das frotas de veculos

    tais como ambulncias e caminhonetes. Encorajar os

    funcionrios e os pacientes a se deslocarem de bici-

    cleta, por meio do transporte pblico ou de caronas

  • Aes Concretas

    25

    Oferecer atendimento mdico em locais acessveis para pacientes, equipe hospitalar e visi-

    tantes, evitando que percorram distncias desnecessrias. Avaliar opes de atendimento

    comunitrio bsico, atendimento domiciliar e servios mdicos em instalaes compartilhadas

    com os correspondentes servios sociais ou programas comunitrios.

    Desenvolver estratgias de telemedicina, comunicao por e-mail, e demais alternativas que

    no exijam reunies presenciais entre profissionais da sade e pacientes.

    Estimular a equipe de sade, pacientes e visitantes a caminharem ou utilizarem carona

    solidria, transporte pblico ou bicicletas sempre que possvel. Instalar chuveiros, armrios com

    chave e sistemas de guarda de bicicletas para estimular a equipe do hospital a adotar modos

    saudveis de transporte.

    Negociar descontos em transporte pblico para incentivar o seu uso.

    Otimizar a eficincia energtica das frotas veiculares dos hospitais mediante o uso de veculos

    hbridos, eltricos ou que consumam biocombustveis adequados.

    Comprar de fornecedores locais e/ou que transportem produtos de forma eficiente.

    Destinar os resduos para reas prximas ao local de gerao.

    Defender polticas a favor do uso progressivo do transporte pblico no interesse da sade

    ambiental.

    solidrias tambm pode ajudar a reduzir as emisses de poluio do ar relacionadas aos

    servios de sade.

    Os impactos do transporte na cadeia de abastecimento tambm so significativos. O Sistema

    Nacional de Sade do Reino Unido (NHS) calcula que 60% da sua pegada de carbono esto

    relacionados com as decises da cadeia de abastecimento. Compras feitas de fornecedores locais

    e/ou de fornecedores que utilizam transporte de consumo eficiente de combustvel podem gerar

    impactos positivos. Os resduos tambm devem ser tratados ou destinados em local mais perto

    possvel de onde so gerados59.

    Em resumo, as escolhas relativas ao transporte podem gerar um enorme impacto nas comuni-

    dades do entorno dos hospitais. O aumento do trfego de veculos, pouca disponibilidade

    para estacionamento, rudo, falta de espaos verdes ou de acesso para pedestre e baixo nvel

    de segurana so questes que podem ser evitadas dando-se ateno localizao e

    integrao comunitria dos centros de atendimento mdico para que sejam apropriadamente

    dimensionados e acessveis dentro das vizinhanas de uso misto.

  • ALIMENTOSComprar e Oferecer Alimentos Saudveis e Cultivados de Forma Sustentvel

    PROPSITO DA AGENDAReduzir a pegada ambiental dos hospitais estimulando ao mesmo tempo hbitos ali-mentares saudveis entre os pacientes e funcionrios. Favorecer o acesso a alimentos produzidos localmente e de forma sustentvel na comunidade.

    7O problema global

    A globalizao dos hbitos alimentares ocidentais

    baseados no consumo excessivo de gorduras satu-

    radas, carboidratos refinados e alimentos proces-

    sados, juntamente com o aumento progressivo do

    sedentarismo, esto contribuindo para o desen-

    volvimento de epidemias de obesidade, diabetes

    e doenas cardiovasculares em muitos pases. Em

    paralelo a esta tendncia, ocorre uma progressiva

    globalizao da medicina industrial ocidental para

    o tratamento dessas doenas.

    Do ponto de vista global, o ndice de obesidade

    em todo o mundo mais do que dobrou desde 1980,

    com 65% da populao mundial vivendo em pases

    nos quais o excesso de peso e a obesidade matam

    mais pessoas do que a desnutrio. Segundo a

    OMS, muitos pases de renda baixa e mdia esto

    agora enfrentando uma dupla carga de doenas.

    Enquanto seguem lidando com problemas de des-

    nutrio e doenas infecciosas, experimentam um

    rpido aumento dos fatores de risco de doenas

    no contagiosas, como a obesidade e o excesso de

    peso, especialmente em zonas urbanas60.

    Esta tendncia de aumento da obesidade, diabetes

    e doenas cardiovasculares causa o aumento da

    demanda global por terapias mais complexas que

    exigem o uso intensivo de recursos aumentando,

    portanto, os custos do atendimento mdico e a

    pegada ambiental do setor sade, uma vez que

    mais energia e recursos precisam ser gastos para os

    tratamentos dessas afeces61.

    Enquanto isso, a produo industrial de alimentos

    est contribuindo em grande escala para a mu-

    dana climtica e degradao ambiental. Em nvel

    global, a Organizao das Naes Unidas para a

    Agricultura e a Alimentao (FAO) estima que a

    atividade da pecuria para produo de carne e

    lacticnios gera aproximadamente 18% das emis-

    ses totais de gases de efeito estufa62. Os resduos

    provenientes dos estabelecimentos pecurios e

    dos campos fertilizados so escoados pela gua de

    chuva e contaminam os corpos de gua de todo

    o mundo. Os agrotxicos envenenam os traba-

    lhadores e contaminam os campos e os alimentos.

    Os antibiticos adicionados alimentao do gado

    contribuem para o aumento da resistncia aos

    antibiticos no meio ambiente. Alm do mais, os

    resduos de alimentos constituem uma parte im-

    portante do fluxo de resduos, representando 12%

    do fluxo total de resduos slidos municipais nos

    Estados Unidos63.

    26

  • 27

    Solues hospitalares

    Em muitos pases, as unidades de sade so grandes consumidoras

    de alimentos e podem, portanto, servir de exemplo e promover a

    sade e a sustentabilidade por meio de suas escolhas alimentares.

    Cada vez mais servios de sade nos pases desenvolvidos ou em

    desenvolvimento, que compram e distribuem alimentos a seus

    pacientes e funcionrios, esto reduzindo sua pegada ambiental e

    melhorando a sade destas pessoas mediante mudanas nos card-

    pios e prticas hospitalares. Isso inclui limitar a quantidade de carne

    das refeies, eliminar alimentos sem valor nutricional e de preparo

    rpido, compostagem de resduos alimentares e compra de ingredi-

    entes produzidos localmente e de forma sustentvel promovendo,

    portanto, a produo sustentvel, produzindo sua prpria comida

    no local, e apoiando o mercado de alimentos saudveis para que os

    produtores locais possam vender alimentos comunidade.

    Ao promover e apoiar a produo localizada e sustentvel de ali-

    mentos nutritivos, os hospitais podem, alm de reduzir de imediato

    suas prprias pegadas, apoiar o acesso aos alimentos, promovendo

    a preveno de doenas, reduzindo os impactos de sade ambiental

    do setor sade e contribuindo para uma reduo, no longo prazo,

    das necessidades da populao em relao assistncia mdica.

    Essa abordagem tambm pode ajudar a criar e expandir mercados

    estveis para os alimentos produzidos localmente e de forma susten-

    tvel fora do setor assistncia mdica.

    O centros hospitalares so grandes

    consumidores de alimentos e, como

    tal, podem promover prticas

    saudveis e sustentveis atravs de

    suas escolhas nutricionais.

  • Algumas medidas incluem: reduzir a

    quantidade de carne na alimentao,

    eliminar comidas rpidas (fast-food) e de

    baixa qualidade, compostar os resduos e

    comprar produtos de fornecedores locais

    sustentveis.

    28

  • Modificar cardpios e processos hospitalares para estimular os mercados de alimentos

    mais saudveis, mediante a aquisio de produtos orgnicos produzidos localmente.

    Transformar o hospital em uma zona livre de fast-food; eliminar os refrigerantes a base

    de acar das cafeterias e mquinas de vendas dos hospitais.

    Trabalhar com agricultores locais, organizaes comunitrias e fornecedores de alimentos

    para aumentar a oferta de alimentos produzidos localmente e de maneira sustentvel.

    Estimular os distribuidores e/ou companhias de alimentos para que forneam alimentos

    produzidos sem agrotxicos sintticos e hormnios ou antibiticos usados nos animais na

    ausncia de doena diagnosticada, a fim de promover a sade e o bem-estar dos produ-

    tores e dos trabalhadores rurais, como tambm promover uma agricultura ecologica-

    mente restaurativa e protetiva.

    Implementar um programa passo-a-passo para identificar e adotar a aquisio de alimen-

    tos sustentveis. Para isto, pode-se comear por setores com barreiras mnimas que per-

    mitam a adoo imediata de medidas como, por exemplo, a introduo de frutas frescas

    orgnicas na cafeteria.

    Comunicar e conscientizar dentro do hospital ou do sistema de assistncia mdica, bem

    como para os pacientes e a comunidade, sobre as prticas e procedimentos alimentares

    socialmente justos e ecologicamente sustentveis.

    Minimizar e reusar de forma benfica os resduos alimentares. Por exemplo, fazer a

    compostagem de resduos alimentares ou us-los como rao animal. Converter o leo

    comestvel usado em biocombustvel.

    Transformar o hospital em um centro que promova a nutrio e o consumo de alimentos

    saudveis, utilizando o terreno do hospital para cultivo de hortas comunitrias e como

    um mercado de produtores locais para a comunidade.

    Para acessar Ferramentas e Recursos para implementao deste objetivo, visite o site www.hospitaisverdes.net.

    Aes Concretas

    29

  • PRODUTOS FARMACUTICOSPrescrio Apropriada, Administrao Segura e Destinao Correta

    PROPSITO DA AGENDAReduzir a poluio por produtos farmacuticos diminuindo as prescries desnecessrias, minimizando a destinao inadequada de resduos farmacuticos, promovendo sua devoluo aos fabricantes e pondo fim ao dumping medicamentos na forma de ajuda catstrofes.

    8O problema global

    Os resduos farmacuticos podem ser encontrados

    em quantidades mnimas no solo e nas guas subter-

    rneas em todo o mundo. Estes resduos provm de

    uma diversidade de fontes, inclusive de hospitais. Nos

    Estados Unidos, por exemplo, as farmcias dos hos-

    pitais podem armazenar entre 2.000 e 4.000 produ-

    tos distintos64. provvel que os nveis de frmacos

    encontrados no ambiente aumentem nos prximos

    anos, medida que a demanda mundial de produtos

    farmacuticos cresce.

    Ao mesmo tempo, a vigilncia governamental em

    muitos pases no acompanha o ritmo da crescente

    dependncia da sociedade moderna aos frmacos. As

    regulamentaes sobre destinao de resduos far-

    macuticos, em muitos casos, esto desatualizadas ou

    so contraditrias. Em vrios pases pode-se comprar

    quase qualquer medicamento sem receita.

    Solues hospitalares

    Nos pases e hospitais onde existe abundncia de

    frmacos, os sistemas de sade podem desempe-

    nhar um papel fundamental na reduo dos resduos

    farmacuticos, limitando a quantidade de remdios

    receitados e solucionando o problema dos resduos

    nas suas prprias instalaes e contribuindo para as

    polticas locais. Na Sucia, por exemplo, foi imple-

    mentado um sistema que classifica os frmacos de

    acordo com o seu impacto ambiental65. Isto permite

    que os mdicos selecionem os medicamentos menos

    prejudiciais para o meio ambiente quando existirem

    opes para um determinado tratamento de sade.

    30

    Pases de menor renda podem ser afetados por doaes

    de produtos farmacuticos inadequados. Um exemplo

    disto o caso de Bsnia e Herzegovina que de 1992 a

    1996 recebeu cerca de 17.000 toneladas de produtos far-

    macuticos inteis. O custo de destinao desses resdu-

    os foi estimado em US$ 34 milhes66. Aps o tsunami no

    Oceano ndico em 2004, vrias centenas de toneladas de

    medicamentos vencidos doados para a Indonsia foram

    armazenados em condies precrias. Essa situao

    trouxe o risco de que medicamentos fora dos padres

    fossem vendidos de forma ilegal e consumidos por pa-

    cientes desavisados, alm da possvel poluio ambiental

    por vazamentos ou destinao inadequada67.

    Os estabelecimentos de sade deveriam gerir um con-

    trole estrito dos estoques (por exemplo, utilizar primeiro

    os medicamentos mais antigos), evitar aquisies excessi-

    vas e s distribuir as quantidades requeridas, para reduzir

    a gerao de resduos farmacuticos. Os hospitais e as

    farmcias tambm podem receber de volta os produtos

    farmacuticos que os pacientes no tiverem usado, que

    de outro modo terminariam no esgoto ou em uma lixeira

    comum. Talvez seja mais eficiente centralizar os sistemas

    de coleta de resduos farmacuticos em nvel regional ou

    nacional, para garantir que sejam tratados e dispostos de

    maneira ambientalmente responsvel.

    No existe nenhum mtodo universalmente aceito para

    destinar os resduos farmacuticos. Em muitos pases,

    a legislao exige sua incinerao, mas isto pode ser

    extremamente poluente, ainda mais em pases de menor

    renda onde so usados incineradores ou fornos de

    cimento pouco controlados. As plulas costumam ser em-

    baladas em blisters de plstico feito de PVC que ao serem

    incinerados produzem dioxinas.

  • Prescrever quantidades iniciais pequenas para novas receitas.

    No oferecer amostras de medicamentos aos pacientes, j

    que estas acabam virando resduos (outra opo desen-

    volver um programa que reduza o resduo proveniente de

    amostras grtis).

    Informar os consumidores sobre os mtodos de disposio

    segura de medicamentos vencidos ou no utilizados.

    Estimular as companhias farmacuticas a desenvolverem

    sistemas mais eficazes de administrao de frmacos, de ma-

    neira que estes sejam absorvidos pelo organismo de forma

    mais eficiente e que a excreo de substncias qumicas seja

    minimizada.

    Desenvolver programas de treinamento para mdicos com o

    fim de otimizar suas prticas de prescrio de medicamentos.

    Adotar um plano de aquisio e distribuio centralizada de

    medicamentos que permita controlar as quantidades que os

    pacientes recebem e limitar a quantidade de resduos que

    so gerados.

    Na medida do possvel, celebrar contratos que garantam a

    devoluo dos excedentes de frmacos ao fabricante.

    Assegurar que os resduos farmacuticos sejam tratados e

    dispostos conforme as orientaes do pas e/ou da OMS que

    forem apropriados. Assegurar que os frmacos sejam doados

    somente quando forem solicitados e que todas as doaes

    estejam de acordo com as orientaes da OMS e do pas de

    destino.

    Iniciar ou tornar pblico os programas de devoluo ao

    fabricante de medicamentos no utilizados, para oferecer

    aos pacientes uma alternativa adequada de destinao de

    remdios no usados.

    31

    As opes de tratamentos de resduos que no

    envolvem destruio trmica tambm variam

    conforme o frmaco em questo. Medicamentos

    de alta toxicidade, como os frmacos citostticos

    contra o cncer, bem como as substncias con-

    troladas tais como analgsicos, precisam de uma

    gesto cuidadosa. Alguns frmacos podem ser

    neutralizados por meio de reaes qumicas,

    mas esta no uma prtica muito comum.

    As tecnologias de destruio por substncias

    qumicas desenvolvidas para outras cadeias de

    resduos que poderiam ser usadas para disposio

    de produtos farmacuticos no conseguem

    entrar nos mercados onde a legislao exige a

    incinerao.

    Em geral, conforme recomendam a OMS e

    outras organizaes, a melhor opo seria que

    os resduos farmacuticos fossem devolvidos aos

    seus fabricantes68. Nas Filipinas, os hospitais

    negociaram esta medida como parte do contrato

    de compras69. Os fabricantes conhecem bem a

    composio qumica de seus produtos e esto

    mais bem equipados para destin-los de forma

    segura.

    Os mtodos que devem ser evitados incluem

    a incinerao a mdia e baixa temperatura, a

    utilizao de aterros sanitrios sem controle

    adequado e a descarga no sistema de esgoto,

    particularmente no caso dos medicamentos anti-

    neoplsicos. Nas regies de baixa renda, a encap-

    sulamento ou inertizao (mistura com concreto)

    antes da disposio em aterros sanitrios so

    alternativas eficazes e econmicas.

    Aes Concretas

    Para acessar Ferramentas e Recursos para implementao deste objetivo, visite o site www.hospitaisverdes.net.

  • EDIFCIOS Apoiar Projetos e Construes de Hospitais Verdes e Saudveis

    PROPSITO DA AGENDAReduzir a pegada ambiental do setor sade e transformar os hospitais em um local mais saudvel para funcionrios, pacientes e visitantes mediante a incorporao de prticas e princpios de edifcios ecolgicos no projeto e na construo de unidades de sade.

    9O problema global O ambiente construdo influencia a sade. No sculo

    XIX, o princpio da urbanizao trouxe a propagao

    desenfreada de doenas infecciosas: varola, tuber-

    culose, febre tifoide e rubola. Em grande medida,

    essas doenas puderam ser controladas por meio

    de intervenes de sade pblica disseminadas por

    regulamentos de zoneamento urbano e cdigo de

    edificao. Sistemas de saneamento, servios pblicos

    de abastecimento de gua e exigncias de ventilao

    e luz natural nas moradias so exemplos das respostas

    do ambiente construdo aos impactos sade trazidos

    pelo desenvolvimento.

    Atualmente, uma grande quantidade de problemas de

    sade ambiental (mudana climtica, contaminao

    txica, perda de biodiversidade e outros) est relacio-

    nada com a produo e a manuteno do ambiente

    construdo. medida que o desenvolvimento se

    acelera em muitas regies, a produo de edifcios se

    torna cada vez mais intensiva em recursos, pressio-

    nando o fornecimento de materiais de construo

    locais e nativos alm de suas capacidades sustentveis.

    De fato, os edifcios tm um enorme impacto na sade

    ambiental. Conforme as estimativas do Programa das

    Naes Unidas para o Meio ambiente (PNUMA), as

    atividades relacionadas com a construo podem ser

    responsveis entre 30% a 40% das emisses de dixi-

    do de carbono em todo o mundo70. A organizao sem

    fins lucrativos Architecture 2030 estima que quando

    envolvem o transporte de materiais essas atividades

    globais superam 48%71. Apesar das emisses industri-

    ais de CO2 estarem se estabilizando, elas continuam

    aumentando no setor da construo. Achim Steiner,

    diretor executivo do PNUMA, sugeriu que a imple-

    mentao de uma poltica internacional de eficincia

    energtica mais agressiva poderia atingir a reduo

    de emisses em mais de dois bilhes de toneladas,

    ou um valor prximo ao triplo da quantidade pre-

    vista para reduo pelo Protocolo de Kyoto72.

    As atividades de construo de edifcios so respon-

    sveis por 40% da gerao total de pedra bruta, brita

    e ao, e consomem 25% da madeira virgem de todo

    o mundo. A construo e a demolio de edifcios

    geram cerca de 50% dos resduos slidos municipais.

    Os edifcios prejudicam ainda mais a camada de

    oznio estratosfrico ao utilizarem fludos refrige-

    rantes e produtos elaborados com compostos que

    destroem o oznio, incluindo os materiais isolan-

    tes73. Os edifcios utilizam mais de 75% da produo

    mundial de cloreto de polivinil (PVC). A produo

    de cloro, um ingrediente bsico do PVC, um dos

    processos industriais que mais energia consome

    em todo o mundo (cerca de 1% de toda a produo

    mundial de eletricidade)74.

    Atualmente, em muitos lugares, as pessoas passam

    at 90% de sua vida em espaos fechados. Estima-

    tivas sugerem que o nvel de poluentes em locais

    fechados chega a ser cinco vezes maior que o nvel

    de poluentes ao ar livre75. Investigaes mais rigoro-

    32

  • O impacto dos hospitais sobre o meio ambiente e a sade deu lugar criao e adoo de ferramentas

    para hospitais verdes.

    AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS 33

    sas das fontes poluidoras em espaos fechados, que vo

    desde poeira at formaldedo, plastificantes com ftala-

    tos e produtos de limpeza, tm contribudo com novos

    dados sobre a necessidade de materiais de construo

    mais seguros e saudveis.

    Por sua vez, a construo no setor sade est em pleno

    auge em muitas regies do mundo, com um dinamismo

    particular em vrios pases em desenvolvimento. Em

    2009, o mercado global da construo de edifcios de

    sade foi avaliado em US$ 129 bilhes. Prev-se que em

    2014 este mercado superar US$ 180 bilhes. Em geral,

    o setor sade compreende mais de um tero do mer-

    cado mundial da construo de edifcios institucionais76.

    Solues hospitalares

    O setor sade tem o potencial, atravs de seu poder

    de mercado, de influenciar a indstria da construo

    a desenvolver produtos e sistemas construtivos mais

    seguros, resilientes, ecolgicos e saudveis. Em algumas

    regies, os sistemas de sade substituram o setor

    manufatureiro como a principal fonte empregadora

    local. Mesmo em regies onde a urbanizao e o

    desenvolvimento residencial predominam, o setor

    sade pode ser um exemplo de melhores prticas

    na construo sustentvel77.

    Os edifcios destinados a servios de sade so to

    diversos quanto os sistemas operacionais que lhes do

    forma. As instalaes variam enormemente entre os

    diferentes pases e dentro de um mesmo pas. Com-

    preendem desde pequenas clnicas de atendimento

    ambulatorial comunidade at grandes hospitais de

    tratamentos tercirios mantidos por uma igualmente

    grande variedade de proprietrios, incluindo organis-

    mos governamentais, organizaes filantrpicas sem

    fins lucrativos e corporaes. Isto inclui as instalaes

    comunitrias que funcionam diariamente, 24 horas

    por dia e devem servir de refgios em situaes de

    desastres naturais.

    Os impactos significativos ao meio ambiente e

    sade associados aos edifcios hospitalares tm

    estimulado a criao e a adoo de uma ampla

    variedade de ferramentas e recursos de construo

    verde direcionados ao setor sade. Em nvel mun-

    dial diversas ferramentas e recursos para edifcios

    verdes foram customizados para o setor sade e

    zonas ou regies climticas especficas. Alguns exem-

    plos de ferramentas de classificao de construo

    verde que servem de parmetro para a construo

    de instalaes de sade so os seguintes sistemas

    de certificao: LEED para o setor sade (LEED for

    Healthcare) do Conselho de Edifcios Verdes dos

    Estados Unidos; Estrela Verde para o Setor Sade

    (Green Star for Health) da Austrlia; Estidama (sus-

    tentabilidade, em rabe) dos Emirados rabes

    Unidos; BREEAM (Building Research Establishment

    Environmental Assessment Method, ou Mtodo de

  • 30

    Avaliao de Desempenho Ambiental de Edifcios) e NEAT, do Reino Unido. Todas estas

    ferramentas compartilham um mesmo conceito: os princpios de edifcios verdes levam em

    conta fatores tais como implantao e uso da terra, consumo de gua e energia, prticas de

    aquisio de materiais de construo e qualidade ambiental dos espaos internos.

    Da implantao de hospitais em lugares prximos s rotas de transporte pblico e o uso de

    materiais de construo locais e regionais, at o plantio de rvores no local e a incorporao

    de componentes de projeto como luz do sol, ventilao natural, energias alternativas e

    tetos verdes, so muitas as medidas que permitem s instalaes sanitrias j existentes di-

    minuir sua pegada ambiental e seu impacto sobre as comunidades locais, enquanto que os

    novos edifcios podem ser planejados para utilizar muito menos recursos78 79. Isto se aplica a

    todo tipo de edifcio hospitalar, sejam instalaes de grande porte, hospitais centralizados

    ou pequenas clnicas comunitrias.

    As pesquisas tambm sugerem a existncia de uma relao direta entre o ambiente

    construdo e a resposta teraputica; o desenho de um hospital pode influir de maneira

    positiva na sade do paciente, bem como tambm no desempenho e na satisfao dos

    profissionais que o atendem.

    Por exemplo, a ventilao natural pode constituir tanto uma estratgia efetiva de economia

    de energia como uma medida de controle de infeces80. O Centro Universitrio Carnegie

    Mellon para Desempenho de Edifcios e Diagnstico identificou dezessete estudos inter-

    nacionais que documentam a relao entre a melhora da qualidade do ar nos espaos

    internos com o impacto sanitrio positivo sobre as doenas, inclusive asma, gripe, sndrome

    do edifcio doente, problemas respiratrios e dores de cabea; as melhorias variaram entre

    13,5% e 87%81.

    A construo de edifcios verdes e saudveis tambm exige que se observe alm do custo

    do investimento inicial, focando-se no custo total de propriedade ao longo de todo o ciclo

    de vida til da estrutura. Esses custos de ciclo de vida incluem os custos operacionais, por

    exemplo, de servios e manuteno de sistema, necessrios para equilibrar os investimen-

    tos iniciais na infraestrutura de energia e gua com retornos prove