Green Hospitals
-
Upload
eileen-rose-winther-sambo -
Category
Documents
-
view
251 -
download
0
description
Transcript of Green Hospitals
-
Uma agenda abrangente de sade ambiental para hospitais e sistemas
de sade em todo o mundo
AGENDA GLOBAL HOSPITAISVERDES e SAUDVEIS
www.saudesemdano.org
www.hospitaisverdes.net
-
SOBRE ESTA AGENDAA Agenda Global para Hospitais Verdes e Saudveis se prope a oferecer apoio a iniciativas em todo o
mundo, visando promover maior sustentabilidade e sade ambiental no setor sade e assim fortalecer os
sistemas de sade em nvel global.
Este documento oferece um referencial abrangente aos hospitais e sistemas de sade em todo o mundo
para que possam funcionar de um modo mais sustentvel, contribuindo para melhorar a sade pblica e
ambiental.
Dez objetivos interligados integram este referencial. Cada um contm uma srie de aes que podem ser
implementadas tanto por hospitais quanto por sistemas de sade. Ferramentas e recursos de suporte
implementao dessas aes esto disponveis no site www.hospitaisverdes.net. A maioria dos hospitais
pode comear com dois ou trs objetivos, definindo os passos especficos para realiz-los e planejando as
estratgias para as etapas subsequentes.
Construindo uma Rede MundialA Agenda Global para Hospitais Verdes e Saudveis constitui a base da Rede Global de Hospitais Verdes
e Saudveis (http://www.hospitaisverdes.net/). Apoiando esta agenda e se comprometendo em iniciar
a implementao de, ao menos, dois dos objetivos nela estabelecidos, hospitais e sistemas de sade
automaticamente se incorporam rede (sem nenhum custo), melhorando seu desempenho ambiental e
dando sua contribuio para a sade ambiental ano aps ano.
A Rede Global de Hospitais Verdes e Saudveis um projeto de Sade Sem Dano (SSD) e servir como
uma comunidade virtual para os hospitais e os sistemas de sade que se propuserem a implementar e
desenvolver a Agenda, registrando seu avano por meio de resultados mensurveis enquanto compartil-
ham as melhores prticas e encontram solues para desafios comuns.
Os hospitais e os sistemas de sade que contam com recursos financeiros (embora isso no seja exigido)
so encorajados a contriburem, como parte de sua afiliao rede, para o Fundo Global dos Hospitais
Verdes e Saudveis de SSD que destinado a prestar ajuda a hospitais e sistemas de sade com menos
recursos, como parte do seu esforo para implementar esta agenda.
Para apoiar esta agenda e se incorporar Rede Global de Hospitais Verdes e Saudveis, obter a lista de membros existentes e tambm conhecer mais sobre o Fundo Global de Hospitais Verdes e Saudveis, visite o site www.hospitaisverdes.net.
AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS
-
PERSPECTIVA PARA O FUTURO: Rumo a uma Assistncia Mdica Regenerativa
GLOSSRIO
NOTAS
LIDERANA...........................................................................................................................Priorizar a Sade Ambiental
SUBSTNCIAS QUMICAS................................................................................................. Substituir Substncias Perigosas por Alternativas mais Seguras
RESDUOS..............................................................................................................................Reduzir, Tratar e Dispor de Forma Segura os Resduos de Servios de Sade
ENERGIA.................................................................................................................................Implementar Eficincia Energtica e Gerao de Energia Limpa Renovvel
GUA...................................................................................................................................................Reduzir o Consumo de gua e Fornecer gua Potvel
TRANSPORTE.....................................................................................................................................Melhorar as Estratgias de Transporte para Pacientes e Funcionrios
ALIMENTOS.......................................................................................................................................Comprar e Oferecer Alimentos Saudveis e Cultivados de Forma Sustentvel
PRODUTOS FARMACUTICOS.....................................................................................................Prescrio Apropriada, Administrao Segura e Destinao Correta
EDIFCIOS............................................................................................................................................Apoiar Projetos e Construes de Hospitais Verdes e Saudveis
COMPRAS...........................................................................................................................................Comprar Produtos e Materiais mais Seguros e Sustentveis
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
OS DEZ OBJETIVOS
SUMRIOSOBRE ESTA AGENDA
INTRODUO 2
8
10
12
16
20
24
26
30
32
36
38
41
42
Uma Crise de Sade Pblica e Ambiental
O Papel e a Responsabilidade do Setor Sade
Rumo a uma Agenda para Hospitais Verdes e Saudveis
-
INTRODUOVivemos um momento em que duas crises, da sade
pblica e do meio ambiente, esto convergindo, e
essa confluncia amplia o poder destrutivo de cada
uma. A medida em que incidem simultaneamente,
os vetores de doena e deteriorao ecolgica se
fortalecem mutuamente tornando-se foras cada vez
mais turbulentas e nocivas que corroem a estrutura
das nossas sociedades.
Os efeitos combinados da mudana climtica, da
contaminao qumica e do uso no sustentvel dos
recursos agravam os problemas de sade em todo o
mundo. Esses problemas de sade ambiental fazem
aumentar a presso sobre os sistemas de sade com-
prometendo a sua j to escassa capacidade.
Ao mesmo tempo, e paradoxalmente, o prprio setor
sade contribui para agravar estes problemas de
sade ambiental, ainda que esteja tentando resolver
seus impactos. Por causa dos produtos e tecnolo-
gias que emprega, dos recursos que consome, dos
resduos que gera e dos edifcios que constri e
utiliza, o setor sade constitui uma fonte significativa
de poluio em todo o mundo e, por conseguinte,
contribui de forma no intencional para agravar as
tendncias que ameaam a sade pblica.
J o oposto tambm verdadeiro. Apesar de existir
uma confluncia de crises, observa-se tambm uma
crescente convergncia de solues que promovem
tanto a sade pblica como a sustentabilidade am-
biental, apontando o caminho para um futuro mais
verde e mais saudvel.
Mdicos, enfermagem, hospitais, sistemas de sade
e ministrios da sade esto cada vez mais no centro
das solues desempenhando papis de liderana
e conduzindo a transformao de suas prprias
instituies, tornando-se defensores de polticas e
prticas que promovem a sade ambiental pblica e
ao mesmo tempo economizando recursos financei-
ros escassos.
Estes lderes do setor sade expandiram o preceito
do juramento hipocrtico antes de tudo, no causar
dano para alm do relacionamento entre mdico
e paciente, incorporando uma perspectiva mais
global de sade e de sustentabilidade. Trabalhando
para substituir substncias qumicas perigosas por
alternativas mais seguras, reduzindo a pegada de
carbono dos hospitais ou eliminando a exposio
da populao aos resduos da rea de sade, esses
pioneiros reconhecem que no podemos ter pessoas
sadias em um planeta doente, e esto colocando os
hospitais e o setor sade na vanguarda de um movi-
mento global pela sade ambiental.
A Agenda Global para Hospitais Verdes e Saudveis
constitui um esforo para contribuir com esse mag-
nfico trabalho que acontece em todo o mundo e
dar origem a uma abordagem de sustentabilidade
e sade que possa ser replicada por milhares de
hospitais e sistemas de sade em diversos pases e
diferentes contextos de assistncia sade.
2
As duas crises da sade pblica e do meio ambiente esto reforando mutuamente seu poder destrutivo...
No entanto, h tambm uma cres-cente convergncia de solues.
-
De acordo com a Avaliao Ecossistmica do Milnio,
realizada sob o patrocnio da Organizao das Naes
Unidas na segunda metade do sculo XX, os seres
humanos modificaram os ecossistemas com maior
rapidez e de forma mais extensa do que em qualquer
outro perodo comparvel na histria da humanidade.
Essa transformao foi realizada, em grande parte,
para satisfazer a rapidamente a crescente demanda
por alimentos, gua potvel, madeira, fibras e com-
bustvel, contribuindo com vantagens substanciais
para o bem-estar dos seres humanos.
No entanto, estes ganhos foram alcanados mediante
custos crescentes na forma de degradao ambiental,
resultando em uma perda substancial e, em grande
medida, irreversvel da diversidade da vida na Terra,
danos crescentes ao bem-estar dos seres humanos,
agravamento da pobreza para certos grupos de pes-
soas e maiores riscos de mudanas no lineares. De
fato, dadas as atuais tendncias, a degradao dos
servios ecossistmicos poder ser significativamente
acentuada durante a primeira metade deste sculo e
constituir uma barreira para o xito dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milnio1.
Atualmente, cerca de um quarto de todas as doenas
e mortes que ocorrem no mundo pode ser atribudo
ao que a Organizao Mundial da Sade (OMS) define,
em termos gerais, como fatores ambientais. Esse con-
ceito inclui gua imprpria para consumo, saneamen-
to e higiene deficientes, poluio do ar em espaos
abertos e fechados, riscos ocupacionais, acidentes
industriais, acidentes automobilsticos, mudana
climtica, ms prticas de uso do solo e de gesto
dos recursos naturais2.
No caso das crianas, a taxa de mortalidade devido
s condies ambientais chega a 36%. Os fatores de
sade ambiental desempenham um papel significati-
vamente mais importante nos pases em desenvolvi-
mento, onde a condio da gua e saneamento, bem
como a poluio atmosfrica em espaos abertos e
fechados, so as mais importantes causas de morta-
lidade3.
A contribuio dos fatores ambientais para a carga de
doenas ser ampliada e reforada pelos crescentes
impactos das mudanas climticas relacionados
com a sade. Esses impactos incluem: mudanas nos
padres de doenas, insegurana hdrica e alimentar,
vulnerabilidade habitacional e dos assentamentos
humanos, eventos climticos extremos, doenas
relacionadas com o aumento de temperatura e
migraes populacionais. A magnitude dessas crises
levou a revista The Lancet a afirmar em 2009 que, a
mudana climtica a maior ameaa global sade
do sculo XXI e que implicar em maior risco para a
vida e o bem-estar de bilhes de pessoas.4
3
Uma Crise de Sade Pblica e Ambiental
-
25% do total de emisses do setor pblico
8 milhes de tonela-das de CO2
por ano
NHS na Inglaterra Setor Sade do Brasil
10% do total do consumo de energia co-mercial do pas
4
O Papel e a Responsabilidade do Setor SadeA misso do setor sade prevenir e curar as doenas.
Contudo, a assistncia sade principalmente nos
hospitais muitas vezes contribui inadvertidamente
para o problema. A assistncia hospitalar gera signifi-
cativos impactos sade e ao meio ambiente, tanto
nas etapas prvias como durante e aps a prestao
da assistncia sade, por meio do consumo de
recursos naturais e de produtos, bem como dos re-
sduos que geram.
At h pouco tempo, a determinao da escala desses
problemas era limitada, mas dados recentes confir-
mam a importncia dos impactos ambientais causa-
dos pelo setor sade. Por exemplo, o Servio Nacional
de Sade (NHS, sigla em ingls) da Inglaterra calculou
que sua pegada de carbono de mais de 18 milhes
de toneladas de CO2 por ano, o que equivale a 25%
do total das emisses do setor pblico5. Os hospitais
brasileiros utilizam enormes quantidades de energia
que representam mais de 10% do total do consumo
energtico comercial do pas6. Nos Estados Unidos,
o setor sade o principal usurio de substncias
qumicas, muitas das quais tm um conhecido
efeito cancergeno. Na China, o gasto do setor
sade em construes supera US$ 10 bilhes ao
ano, e est crescendo 20% anualmente, consumin-
do quantidades significativas de recursos naturais7.
Muitos outros exemplos poderiam ser enumerados.
O impacto sade ambiental causado pelos hospi-
tais no surpreende, visto o enorme peso do setor
sade na economia. Em 2007, os gastos mundiais
com sade totalizaram US$ 5,3 trilhes, ou US$ 639
por pessoa/ano, o que equivale aproximadamente
de 8% a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) global8.
A participao do setor sade no PIB, bem como
o gasto total per capita com assistncia mdica,
varia bastante de um pas para outro, tambm com
significativos desequilbrios dentro de cada pas.
De fato, as implicaes para a sade ambiental so
de todo tipo e magnitude, desde o lanamento de
resduos biolgicos nos fundos de uma clnica rural
durante uma campanha de vacinao, at a
-
Setor Sade dos EUA China
MAIOR consumidor de substncias qumicas carcinognicas
$10 BILHES de dlares por ano gastos com construes relaciona-das com assistncia mdica
Lderes do setor sade expandiram o preceito do juramento hipocrtico que estabelece antes de tudo,
no causar dano para alm do imediatismo da relao mdico-paciente, incorporando uma perspectiva mais
global de sade ambiental.
AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS 5
poluio do ar gerada pelo consumo de energia de
um estabelecimento de assistncia mdica terciria
de alta tecnologia, situado em uma grande cidade.
O setor sade est apenas comeando a entender
o impacto que problemas ambientais, tais como
as mudanas climticas, tero sobre os servios de
sade. Com o aumento das mdias de tempera-
tura, o impacto das ilhas de calor em reas urba-
nas densamente povoadas agravaro as doenas
respiratrias crnicas de crianas e idosos. Aumento
de eventos climticos extremos furaces e
tufes nas zonas costeiras, tornados e inundaes,
incndios e secas exigiro uma infraestrutura
de resposta a emergncias mais resiliente, capaz
de proporcionar gua potvel e tambm servios
de assistncia de sade. Mesmo em pases desen-
volvidos como os Estados Unidos, onde comum
encontrarmos uma infraestrutura de assistncia
sanitria de apoio a emergncias com alto consumo
energtico, a inerente falta de resilincia dos edif-
cios hermticos e dependentes da rede eltrica tem
demonstrado incapacidade de manter a continui-
dade das operaes durante eventos climticos ex-
tremos. A necessidade de adaptar-se a essa realidade
est aumentando a cada dia.
No entanto, hospitais e sistemas de sade em todo o
mundo tm o potencial, no apenas de se adaptarem
aos flagelos das mudanas climticas, mas tambm,
ao faz-lo, de promoverem a sustentabilidade, a
equidade na sade e a sade ambiental, mediante o
investimento em edifcios mais saudveis, compras
verdes e a implementao de operaes susten-
tveis. Hospitais e sistemas de sade podem alavan-
car sua situao econmica e sua reputao moral
perante a comunidade, contribuindo para a reali-
zao dos Objetivos de Desenvolvimento do Milnio
relacionados com a sade e a sustentabilidade, en-
quanto, ao mesmo tempo, ajudam a promover uma
economia verde9. De fato, hospitais e trabalhadores
do setor sade podem liderar a promoo da sade
ambiental ao tornarem-se modelos de prticas sus-
tentveis, em termos ambientais e econmicos, para
toda a sociedade e a comunidade global.
-
Rumo a uma Agenda para Hospitais Verdes e SaudveisNo existe um padro mundial que defina o que ou o que deve ser um hospital verde e saudvel.
Mas, em essncia, ele pode ser definido da seguinte maneira:
Um hospital verde e saudvel aquele que promove a sade pblica reduzindo continuamente seus impactos ambientais e eliminando, em ltima instncia, sua contribuio para a carga de doenas. Um hospital verde e saudvel reconhece a relao entre a sade humana e o meio ambiente e demonstra esse entendimento por meio de sua governana, estratgia e operaes. Ele conecta necessidades locais com suas aes ambientais e pratica preveno primria envolvendo-se ativamente nos esforos da comunidade para promover a sade ambiental, a equidade em sade e uma economia verde.
Embora no haja um modelo nico de hospital verde e saudvel, muitos hospitais e sistemas de sade em
todo o mundo esto tomando medidas para reduzir sua pegada ambiental, contribuir para melhorar a
sade pblica e economizar dinheiro, tudo isso ao mesmo tempo. Por exemplo:
O programa de hospitais VERDES e LIMPOS da
Tailndia, administrado pelo Departamento de
Promoo da Sade, fixa uma srie de parmetros
de referncia para centenas de estabelecimentos
de sade, abordando, entre outros aspectos, a
forma como usam energia, o consumo de sub-
stncias qumicas, o uso dos alimentos, a gerao
de resduos e outros10.
Recentemente, o Ministrio do Meio Ambiente da
Indonsia incorporou os hospitais ao seu pro-
grama de adequao denominado PROPER, um
sistema de classificao do desempenho ambien-
tal introduzido pelo mesmo ministrio na dcada
de 90 para melhorar o desempenho ambiental da
indstria.
O Servio Nacional de Sade da Inglaterra criou
um Roteiro para tornar seus hospitais mais
ecolgicos11.
A Rede de Hospitais Promotores da Sade,
originada na Europa com apoio da Organizao
Mundial da Sade (OMS), est elaborando um
conjunto de critrios de sustentabilidade.
Nos Estados Unidos, a ONG Practice Green-
health conta com mais de 1.000 hospitais
membros que esto trabalhando para di-
minuir sua pegada ambiental.
A OMS est promovendo uma iniciativa cham-
ada A Sade na Economia Verde, que inclui
o foco na reduo da pegada de carbono no
setor sade12.
Vrias corporaes globais esto competindo
para construir e operar hospitais verdes em
todo o mundo.
Iniciativas e conferncias promovendo o
desempenho ambiental do setor sade esto
surgindo em pases to distintos como Argen-
tina, Brasil, China, ndia, Filipinas, frica do Sul
e Sucia para mencionar alguns exemplos.
6
-
Ao mesmo tempo, sete sistemas de sade lderes
nos Estados Unidos, que abrangem mais de 370
hospitais, esto trabalhando junto ao Sade Sem
Dano, Practice Greenhealth e Center for Health
Design, com a finalidade de lanar uma Iniciativa
de Hospitais Saudveis. Esse esforo visa assegu-
rar o compromisso das lideranas de hospitais e
sistemas de sade dos Estados Unidos com medi-
das especficas que promovam sustentabilidade e
sade ambiental. Estas entidades criaram a Agenda
dos Hospitais Mais Saudveis (Healthier Hospitals
Agenda - baseada em um conjunto de objetivos
similares aos desta agenda global) para planejar
o caminho em direo a um sistema de sade mais
sadio, sustentvel e econmico13.
A Agenda Global para Hospitais Verdes e Saudveis
se prope a apoiar as iniciativas existentes no
mundo para promover maior sustentabilidade e
sade ambiental no setor sade e assim fortalecer
os sistemas de sade em nvel mundial. Tambm
est planejada para se desenvolver em paralelo
com a Agenda dos Hospitais Mais Saudveis norte-
americana, bem como com vrias das outras
iniciativas j mencionadas.
Muitos hospitais e sistemas de sade em todo o mundo esto reduzindo sua pegada ambiental, contribuindo para a sade pblica e economizando dinheiro.
AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS 7
-
LIDERANAPriorizar a sade ambiental como um imperativo estratgico
PROPSITO DA AGENDA Manifestar apoio da liderana aos hospitais verdes e saudveis a fim de: criar uma mudana de cultura organizacional em longo prazo; alcanar uma ampla participao dos trabalhadores do setor sade e da comunidade; e fomentar polticas pblicas que promovam a sade ambiental.
1Para impulsionar os hospitais verdes e saudveis, a liderana essencial em todos os nveis. Isto significa fazer com que a sade ambiental, a segurana e a sustentabilidade se tornem prioridades organizacionais. Este objetivo pode ser alcanado atravs da educao, estabelecimento de metas, transparncia e prestao de contas na gesto e incorporao dessas prioridades a todas as formas de comunicaes e relaes externas. Trata-se de uma mudana importante na cultura da organizao, seja esta um hospital, um sistema de sade ou um ministrio da sade.
As quatro reas principais de liderana so as seguintes:
Constituir um grupo de trabalho: Promover a criao de um grupo de trabalho interdisci-plinar em sustentabilidade, seja num nico hospital ou integrado por representantes de todo o sistema que, com respaldo da direo, contribua para garantir que os objetivos de sade ambiental e sustentabilidade sejam implementados em todo o estabelecimento ou sistema e sejam aplicados em todos os departamentos. A designao de um membro da equipe com dedi-cao exclusiva (se possvel), tambm contribuir para a concretizao de muitas das aes descritas neste documento.
Promover a pesquisa: Apoiar a pesquisa em sade ambiental permitir iden-tificar com maior clareza os vnculos entre a sustentabi-lidade ambiental e os efeitos sobre a sade. A pesquisa tambm pode nos indicar quais aes podem acelerar a adoo de novas prticas e procedimentos.
Envolver a comunidade: Educar e trabalhar sobre os temas chaves de sade ambiental, tanto com os profissionais da sade como
com a comunidade qual o hospital ou o sistema de sade pertencem, pode contribuir para a preveno de doenas e a promoo da sade. Fomentar o conhecimento em sade ambiental entre os fun-cionrios do hospital e os membros da comunidade essencial para a proteo da sade pblica. Esses stakeholders podem se constituir em importantes aliados no momento de identificar os riscos de sade ambiental aos quais esto expostas as populaes atendidas por um hospital ou sistema de sade. As comunidades tambm podem seguir o exemplo das prticas de promoo da sade ambiental adota-das por um hospital, tais como reduzir as exposies s substncias qumicas perigosas ou gerenciar os resduos de forma segura. Em alguns casos, os hospitais e os sistemas de sade tambm podem proporcionar servios essenciais de sade para uma comunidade, por exemplo, o fornecimento de gua potvel em situaes em que no haja nenhuma outra fonte de gua limpa. Defender polticas relacionadas com sade ambiental: Em muitos pases e instituies as polticas de pro-moo da sade ambiental no existem, so insu-ficientes, so descumpridas ou carecem do finan-ciamento para sua implementao. Muitas polticas pblicas em sade ambiental e sustentabilidade esto desatualizadas e no levam em considerao os resultados de novos estudos e pesquisas cientfi-cas.
Os hospitais, os sistemas de sade e os profissionais da sade podem desempenhar um papel impor-tante na promoo de polticas pblicas apropriadas e bem implementadas em nvel local, nacional e internacional. As agncias governamentais, rgos legislativos, agncias de ajuda multilaterais e bi-
8
-
laterais, instituies que financiam a construo no setor sade, bem como aquelas que credenciam hospitais devem ser encorajadas a criar polticas que promovam hospitais verdes e saudveis, assim como a sade ambiental em toda a comunidade.
Ao defender a sade ambiental, os servios de sade devem tambm buscar a priorizao do atendimento primrio de sade e a promoo de estratgias de preveno de doen-as a fim de diminuir as necessidades futuras de tratamen-tos e o correspondente uso intensivo de recursos. Isso pode reduzir os custos e a pegada ambiental do setor sade, as-sim como a carga de doenas para a qual contribuem, inad-vertidamente, as atividades do setor. Neste documento h numerosos exemplos de medidas deste tipo. Por exemplo, uma prioridade importante nas grandes reas urbanas dos pases em desenvolvimento o melhoramento da infraes-trutura de sade pblica bsica tais como aterros sanitrios, tratamento e distribuio de gua e coleta e tratamento de esgotos sanitrios. Os hospitais podem desempenhar um papel de liderana na defesa dos servios de saneamento bsico, que no s reduzem a carga de doenas, mas tam-bm beneficiam as operaes dos prprios hospitais.
Aes Concretas
Elaborar e se comprometer com uma poltica de hospitais verdes e saudveis para todo o sistema.
Criar um grupo de trabalho dentro da organizao integrado por representantes dos diversos departamentos e categorias profissionais para orientar e auxiliar na implementao dos esforos.
Alocar recursos humanos nos nveis operacional e de direo para lidar com as questes de sade ambiental em toda a organizao ou sistema.
Investir em pesquisa para eliminar os obstculos inovao.
Assegurar que os planos e oramentos estratgicos e operacionais reflitam no compromisso com a meta de um hospital verde e saudvel.Oferecer aos profissionais e comunidade oportuni-dades de aprendizado sobre fatores ambientais que contribuem para a carga de doenas e sobre a relao entre sade ambiental e preveno de doenas. Junto com a comunidade local, participar de dilogos, debates e iniciativas ligadas preveno de doenas e sade ambiental.
Colaborar com outros stakeholders na identificao de riscos em sade ambiental e na vigilncia de doenas associadas ou potencialmente associadas aos fatores ambientais.
Construir ou participar de redes locais de hospitais e/ou grupos de servios de sade comprometidos com a defesa de polticas de sade ambiental.
Defender a preveno de doenas e a sade ambiental como componentes centrais das estratgias de sade no futuro.
Encorajar as agncias multilaterais ou bilaterais que financiam o setor sade e a construo de hospitais para que colaborem com parceiros do setor pblico e privado, assegurando que esses financiamentos promovam o desenvolvimento e a operao de uni-dades de sade ambientalmente sustentveis e que favoream a sade ambiental da comunidade.
Instruir as organizaes de acreditao sobre a in-terseo entre a sustentabilidade ambiental, a sade humana e os padres de sade. Identificar maneiras de incorporar as prticas de sustentabilidade aos padres de acreditao.
Para acessar ferramentas e recursos de implementao deste objetivo, visite o site www.hospitaisverdes.net.
AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS 9
-
SUBSTNCIAS QUMICAS Substituir Substncias Qumicas Perigosas Por Alternativas Mais Seguras
PROPSITO DA AGENDAMelhorar a sade e a segurana dos pacientes, dos trabalhadores, das comunidades e do meio ambiente utilizando substncias qumicas, materiais, produtos e processos mais seguros, indo alm das exigncias de conformidade ambiental.
2O problema global
A exposio s substncias qumicas txicas comea
antes do nascimento e prolonga-se durante toda
nossa vida. Muitas dessas substncias tm sido rela-
cionadas a doenas graves, como asma, infertilidade,
dificuldades de aprendizagem, doena de Parkinson
e cncer14. Estas substncias qumicas tambm so
uma importante fonte de poluio do ar nos ambi-
entes internos. Algumas delas, como o mercrio e
as dioxinas, tm sido identificadas como substn-
cias qumicas preocupantes em pelos governos do
mundo, por contriburem para os problemas globais
de sade ambiental.
Uma porcentagem substancial dos casos de cncer
atribuvel exposio ambiental e ocupacional15.
Mulheres grvidas, fetos, bebs, crianas e traba-
lhadores so especialmente vulnerveis. A cada ano,
doze milhes de casos de cncer so diagnosticados
no mundo e mais de sete milhes de pessoas mor-
rem por causa dessa doena. A maior parte dos casos
de cncer ocorre em pases de renda baixa e mdia,
e esta proporo est aumentando16. A OMS calcula
que cerca de um dcimo de todas as mortes evitveis
em 2004 foram causados por substncias txicas17.
A indstria global de substncias qumicas dever
crescer de forma constante at o ano 2030, com
crescimento contnuo do uso de substncias qumi-
cas e sua produo em pases em desenvolvimento.
Paralelamente a esta tendncia, quase certo que os
impactos causados pelos produtos qumicos continu-
aro a aumentar.
Solues hospitalares
Produtos qumicos so onipresentes no ambiente hospi-
talar. Nos Estados Unidos, por exemplo, o setor sade o
maior usurio nico de produtos qumicos, gastando mais
que o dobro do realizado pelo segundo setor de maior
consumo. Em muitos outros pases, o setor sade tam-
bm consome quantidades significativas de substncias
qumicas. Como indica a Abordagem Estratgica para a
Gesto Internacional de Substncias Qumicas (SAICM, na
sigla em ingls) das Naes Unidas:
O setor sade um dos principais consumidores de sub-
stncias qumicas, incluindo aquelas que causam graves e
amplamente documentados impactos sobre a sade e o
meio ambiente. Assim, um setor cuja misso proteger a
sade humana est contribuindo para a carga de doen-
as. As substncias qumicas usadas na assistncia afetam
a sade humana ao longo de todo o ciclo de vida dos
produtos - isto , durante sua produo, uso e descarte.
Entre as populaes vulnerveis esto pacientes, traba-
lhadores da sade que sofrem exposio diria a essas
substncias, trabalhadores industriais que manufaturam
os produtos, trabalhadores de unidades de disposio
de resduos e pessoas que residem nas proximidades de
fbricas de produtos qumicos ou dos locais de disposio
de resduos18.
Pesquisas recentes mostram que os trabalhadores do
setor sade estariam mais ameaados pelas substncias
qumicas utilizadas em seus locais de trabalho do que
o pblico em geral. Por exemplo, os trabalhadores do
setor sade apresentam taxa mais alta de asma do adulto
quando comparados com todos os outros principais
grupos de trabalhadores e tm maior risco de contrair
doenas respiratrias crnicas19. 10
-
Muitas substncias qumicas so utilizadas para fins especficos, exclusivos do setor sade,
por exemplo, quimioterpicos para tratamento de cncer ou desinfetantes para esterili-
zao. Porm, um nmero crescente de hospitais est substituindo algumas das substn-
cias mais perigosas por alternativas mais seguras, sem sacrificar a qualidade do atendi-
mento a paciente. Ao abordar a exposio s substncias qumicas no contexto de sade, o
setor sade pode no s proteger a sade de pacientes e trabalhadores, como tambm
demonstrar ativamente que adota uma gesto segura de substncias qumicas e, dessa
maneira, servir como exemplo20.
Aes Concretas
Elaborar guias e protocolos sobre substncias qumicas e produtos em toda a
instituio, visando resguardar a sade dos pacientes, dos trabalhadores e da
comunidade e proteger o meio ambiente enquanto incentiva toda a sociedade a
exigir alternativas.
Implementar um plano de ao sobre as substncias qumicas especfico para cada uni-
dade, incluindo parmetros de referncia e cronogramas.
Participar da Iniciativa Global de Sade Sem Mercrio da OMS-SSD (Organizao Mun-
dial da Sade e Sade Sem Dano), substituindo todos os termmetros e medidores de
presso arterial que contenham mercrio por alternativas seguras, precisas e economica-
mente acessveis.
Enfrentar o problema do uso de substncias qumicas preocupantes incluindo, por exem-
plo, glutaraldedo, retardantes de chama halogenados, PVC [policloreto de vinil], DEHP
[di(2-etilhexil) ftalato] e BPA [bisfenol A], e buscar alternativas e substitutos mais seguros.
Adotar polticas que requeiram a divulgao dos componentes qumicos que integram
os produtos e materiais, e que busquem assegurar que todos os ingredientes tenham
sido submetidos no mnimo a um teste bsico de toxicidade.
Quando produtos e materiais contiverem substncias extremamente preocupantes
isto , identificadas como carcinognicas, mutagnicas ou txicas para a reproduo,
ou que sejam persistentes e bioacumulativas, ou que ensejem preocupao similar os
hospitais devem classific-los como de alta prioridade para substituio por alternativas
mais seguras21.
Para acessar Ferramentas e Recursos para implementao deste objetivo, visite o site www.hospitaisverdes.net.
11
-
RESDUOS Reduzir, Tratar e Dispor de Forma Segura os Resduos de Servios de sade
PROPSITO DA AGENDAProteger a sade pblica reduzindo o volume e a toxicidade dos resduos produzidos pelo setor sade, implementando ao mesmo tempo as opes ambientalmente mais apropriadas de gesto e destinao dos resduos.
3Diferente do que ocorre com muitos outros re-
sduos perigosos, atualmente no existe nenhuma
conveno internacional que cubra diretamente a
gesto dos resduos de servios de sade, de modo
que a sua classificao varia de um pas para outro.
Entretanto, o resduo usualmente classificado de
acordo com o risco que apresenta. A maior parte dos
resduos de sade 75% a 85% aproximadamente
similar aos resduos municipais comuns e tem
um baixo risco, a menos que sejam incinerados.
A segunda categoria em quantidade a de resduos
infectantes ou biolgicos (aproximadamente entre
5% e 25% da totalidade dos resduos). Os resduos
infectantes podem ser subdivididos em resduos
infectantes gerais, perfurantes e cortantes (1% do
total), resduos altamente infectantes, anatmicos e
patolgicos (1%).
Os resduos qumicos e radioativos produtos
farmacuticos, substncias qumicas laboratoriais,
produtos de limpeza, metais txicos como o mer-
crio dos termmetros quebrados e os pesticidas
que causam diversos impactos sade e ao meio
ambiente constituem cerca de 3% do total dos
resduos de sade.
Resduos infectantes podem represen-tar menos de
5% do total
At 85% do resduo de servio de sade similar ao resduo comum
O problema global
A OMS publicou uma srie de princpios bsicos que
descrevem a gesto segura e sustentvel dos resduos de
servios de sade como uma exigncia de sade pblica
convocando todas as entidades relacionadas a apoi-la e
financi-la adequadamente22. Os governos de todo o mun-
do, atravs da Assembleia Mundial da Sade, fizeram um
chamado para uma ao mais enftica frente aos resduos
de servios de sade23. O Relator Especial da Comisso de
Direitos Humanos das Naes Unidas pediu pelo desen-
volvimento de um amplo marco legal internacional focado
na proteo da sade humana e do meio ambiente contra
os efeitos adversos da gesto e destinao inadequada de
resduos perigosos de servios de sade24.
Infelizmente, a gesto dos resduos de sade ainda es-
cassamente financiada e implementada. As propriedades
txicas e infectantes combinadas dos resduos servios de
sade representam uma ameaa para a sade pblica e
meio ambiente que tem sido subestimada. Uma reviso
recente da bibliografia sobre o tema chegou concluso
que mais da metade da populao mundial encontra-se
em situao de risco devido aos impactos desses resduos
sobre a sade25.
12
-
Se gerenciados apropriadamente, os resduos de sade no causam impactos adversos sade
humana ou ao meio ambiente.
Somente 3% dos resduos de servios de sade so classificados como perigosos
3% dos resduos so biolgicos, alta-mente infectantes e perfurocortantes
13
As guas residuais hospitalares costumam ser exclu-
das da lista de resduos de servios de sade, mas
tambm merecem ateno. Os efluentes dos esta-
belecimentos de sade contm maior quantidade
de patgenos resistentes a medicamentos, maior
variedade de substncias qumicas e maior volume de
materiais perigosos do que os efluentes domiciliares26.
A incinerao de resduos de sade gera diversos
gases e compostos perigosos, entre eles, cido clo-
rdrico, dioxinas & furanos e os metais txicos chumbo,
cdmio e mercrio. A disposio de resduos slidos
produz emisses de gases de efeito estufa, includo
o metano, um gs de efeito estufa vinte e uma vezes
mais potente do que o dixido de carbono.
Solues hospitalares
Os resduos de sade, se devidamente gerenciados,
no deveriam causar nenhum impacto adverso
sade humana nem ao meio ambiente. A gesto dos
resduos mdicos complexa e seu xito depende, em
grande medida, da mudana de hbitos do pessoal
do hospital.
Neste sentido, a reduo de resduos e sua adequada
segregao so essenciais. Ao reduzir e classificar
apropriadamente os resduos, os hospitais no s evi-
tam os custos de destinao e os riscos ambientais,
como podem reciclar uma grande parte, reduzindo
a quantidade de matrias primas, energia e proces-
samentos requeridos para repor os produtos que
usam. Por outro lado, quando os resduos perigosos
so misturados com resduos no perigosos (que
poderiam ser reciclados), os hospitais acabam incor-
rendo em custos adicionais para destinar maiores
volumes de resduos perigosos, que pode superar
muitas vezes o custo da destinao de resduos no
perigosos.
Os estabelecimentos de sade podem cortar a
gerao de resduos e as emisses de gases de efeito
estufa por meio da compostagem, reciclagem (inclu-
sive gases de anestsicos), melhorando as compras
-
14
Para proteger os direitos humanos
fundamentais, vrias entidades das
Naes Unidas recomendam mudar para
tratamentos alternativos incinerao
-
Aes Concretas
Implementar critrios ambientais de prefern-
cia nas compras e evitar materiais txicos tais
como mercrio, PVC e produtos descartveis
desnecessrios.
Para acessar Ferramentas e Recursos para implementao deste objetivo, visite o site www.hospitaisverdes.net.
AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS 15
(minimizando embalagens, comprando produtos reuti-
lizveis ao invs de descartveis e comprando produtos
reciclados) e minimizando o transporte de resduos
(mediante seu tratamento e disposio em nvel local)27.
A pequena parcela dos resduos de sade potencial-
mente infectantes contm alta proporo de plsti-
cos que podem ser reciclados ou vertidos em aterros
sanitrios aps sua desinfeco, em lugar de serem
incinerados, visto que a incinerao de plsticos pro-
duz altas quantidades de gases de efeito estufa, alm
de poluentes txicos tais como dioxinas e furanos28 29.
Autoridades das Naes Unidas tm recomendado o
uso de alternativas incinerao e a disponibilidade
de financiamento para esta transio, medidas que
consideram essenciais para proteger o direito sade e
outros direitos humanos fundamentais30. A Conveno
de Estocolmo sobre Poluentes Orgnicos Persistentes31
e a OMS tambm aconselham que se apliquem as
alternativas incinerao para reduzir a contaminao
global com dioxinas e furanos32.
Existem diversas tecnologias alternativas incinerao
que permitem a desinfeco, a neutralizao ou a con-
teno dos resduos de forma segura para disposio
em aterros sanitrios. Informaes sobre tecnologias
alternativas de tratamento e gesto de resduos esto
amplamente disponveis33. Autoclaves so econmicas,
fabricadas em uma ampla gama de opes que aten-
dem a maioria das situaes e so bem conhecidas
pelos sistemas de sade, que rotineiramente as utili-
zam para a esterilizao de material cirrgico e outros
produtos mdicos.
Criar uma comisso de gerenciamento e alo-
car um oramento especfico para a gesto de
resduos.
Implementar um programa amplo de reduo
de resduos que inclua, quando possvel, evitar
medicao injetvel quando os tratamentos por
via oral tiverem a mesma eficcia.
Separar os resduos na origem e iniciar a reci-
clagem dos resduos no perigosos.
Implementar um programa amplo de treina-
mento de gerenciamento de resduos que inclua
a segurana das injees e da manipulao de
objetos perfurocortantes, assim como de outras
categorias de resduos.
Assegurar que as pessoas que manuseiam os
resduos sejam treinadas, vacinadas e usem equi-
pamento de proteo individual.
Introduzir tecnologia de tratamento de resduos
que no implique em incinerao para garantir
que os resduos que no possam ser evitados
sejam tratados e destinados de uma maneira se-
gura, econmica e ambientalmente sustentvel.
Interceder junto s autoridades pblicas para que
construam e operem aterros sanitrios seguros
para disposio de resduos no reciclveis.
Apoiar e participar na elaborao e implemen-
tao de polticas de lixo zero visando reduzir
significativamente a quantidade de resduos ger-
ados em nvel hospitalar, municipal e nacional34.
-
ENERGIA
PROPSITO DA AGENDAReduzir o uso de energia proveniente de combustveis fsseis como forma de melhorar e proteger a sade pblica; promover a eficincia energtica, bem como o uso de fontes renovveis, visando, em longo prazo, obter 100% das necessidades de energia obtidas de fontes renovveis geradas no hospital ou na comunidade.
4O problema global
A maior parte do dano sade e ao meio ambiente
causado pelo consumo de energia vem da queima de
combustveis fsseis, tais como petrleo, carvo e gs.
As emisses geradas pela queima de combustveis fs-
seis so um dos principais contribuintes das mudanas
climticas globais e dos problemas de sade em nvel
local. Em 2007, os combustveis fsseis responderam por
mais de 86% do consumo mundial de energia primria
global liberando para a atmosfera quase 30 bilhes de
toneladas de poluio por carbono35.
Maior eficincia energtica e a transio para o uso de
fontes de energias limpas renovveis por exemplo,
a energia elica e solar podem reduzir significativa-
mente as emisses de gases de efeito estufa e proteger
a sade pblica das inumerveis consequncias da mu-
dana climtica, entre elas, o aumento da incidncia de
doenas relacionadas com o calor, a expanso de doen-
as transmitidas por vetores, a acentuao das secas e
da escassez de gua em algumas regies e as tempesta-
des e inundaes em outras36. O abandono do uso de
combustveis fsseis traz tambm um co-benefcio para
a sade e para a economia pela reduo do nmero de
Implementar Eficincia Energtica e Gerao de Energias Limpas Renovveis
A queima de combustveis fsseis
representa 86% do consumo total global de energia
internaes hospitalares e tratamentos de doenas
crnicas, tais como asma e afeces pulmonares e
cardacas causadas pela poluio gerada a partir
dos processos de extrao, refino e combusto de
carvo, gs e petrleo37.
Solues hospitalares
Tanto no mundo industrializado como em um
nmero crescente de pases em desenvolvimento, o
setor sade consome enormes quantidades de en-
ergia proveniente de combustveis fsseis, embora,
na maioria pases, no existam valores precisos de
consumo. H uma carncia em medio sistemtica
e avaliao comparativa do consumo de energia do
setor sade e as correspondentes emisses de gases
de efeito estufa (GEE) em todo o mundo38. Porm, al-
gumas evidncias circunstanciais j existem. Os hos-
pitais ocupam a segunda posio na lista de edifcios
com maior consumo de energia nos Estados Unidos,
com o setor sade gastando cerca de US$ 6.5 bilhes
em energia ao ano, e este nmero est aumentan-
do39 40. medida que o setor sade se expande em
muitos pases em desenvolvimento, tambm cresce
seu consumo de energia. No Brasil, por exemplo,
16
-
Consumo energtico dos hospitais mais efi-cientes do norte da Europa, em comparao com hospitais norte americanos:
35% AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS 17
os hospitais representam 10,6% do consumo total
de energia comercial do pas41. Ao mesmo tempo, o
acesso energia eltrica e o consumo de eletricidade
na maioria dos hospitais em regies como o sul da
sia e a frica subsaariana, refletem taxas de consumo
muito menores, enquanto que centenas de milhares
de hospitais e clnicas de sade em todo o mundo
carecem de abastecimento confivel de eletricidade
ou no tm acesso a ela42.
Na maioria dos hospitais de grande porte do ocidente
os padres operacionais requerem um consumo de
energia significativo para aquecimento de gua,
controles de temperatura e umidade do ar em am-
biente interno, iluminao, ventilao e numerosos
processos clnicos implicando grandes custos
financeiros e emisses de gases de efeito estufa. No
entanto, pode-se ganhar eficincia energtica sem
sacrificar a qualidade da assistncia mdica. Por
exemplo, nas naes industrializadas o uso de energia
no setor sade varia enormemente. Os hospitais mais
eficientes do norte de Europa consomem, aproximada-
mente, 35% da energia usada pela mdia dos hospitais
norte-americanos (320kWh/m2 comparado com 820
kWh/m2), e proporcionam servios de sade similares.
Um estudo que est sendo realizado pelo Built Environ-
ment Lab, da Universidade de Washington, indica que
os hospitais americanos podem reduzir seu consumo
de energia em at 60% adotando estratgias mais
eficientes para seus sistemas43. Hospitais de pases que
variam desde o Mxico e Brasil at a ndia, Austrlia
e Polnia demonstraram que podem tomar medidas
bsicas para economizar dinheiro, fortalecer a resilin-
cia das unidades e aumentar sua eficincia energtica
entre 20% e 30%44.
Os estabelecimentos de sade tambm podem reduzir
progressiva e significativamente suas emisses de
gases de efeito estufa e seus custos energticos utili-
zando formas alternativas de energia limpa e renovvel
tais como energia solar, energia elica e biocom-
bustveis - desde que no afetem a produo local de
Tanto nos pases industrializados como
naqueles em desenvolvimento, o setor sade
consome grandes quantidades de energia
proveniente de combustveis fsseis.
-
Maior eficincia energtica e a tran-
sio para o uso de fontes de energias
limpas renovveis por exemplo, a
energia elica ou solar podem
reduzir significativamente as emisses
de gases de efeito estufa enquanto
protegem a sade pblica
18
-
Para acessar Ferramentas e Recursos para implementao deste objetivo, visite o site www.hospitaisverdes.net.
AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS 19
alimentos nem a posse da terra pela comunidade.
As fontes alternativas de energia podem ser usadas
para iluminao, gerao de calor, bombeamento e
aquecimento da gua. Essas fontes podem ser des-
tinadas para uso interno ou podem estar integradas
a instalaes de distribuio de energia renovvel
para toda a comunidade.
As energias alternativas limpas e renovveis fazem
sentido tanto do ponto de vista ambiental como
econmico, principalmente quando existem
mecanismos financeiros estruturados para apoiar
essa transio. Por sua vez, dada a sua formidvel
demanda de energia, os investimentos do setor
sade podem desempenhar um papel importante
no processo de transio proporcionando econo-
mias de escala, tornando as energias alternativas
economicamente mais viveis para todos.
Em regies sem acesso eletricidade, as fontes de
energia alternativa podem abastecer estabeleci-
mentos de atendimento primrio de sade, inclu-
sive aqueles situados nos lugares mais remotos. Em
locais que carecem de energia podem ser utiliza-
dos dispositivos mdicos que demandem baixos
nveis de energia ou mesmo nenhuma energia,
bem como o uso de fontes de energias renovveis
visando melhorar o acesso aos servios bsicos de
sade45. Finalmente, as fontes de energias alter-
nativas oferecem aos estabelecimentos de sade
uma vantagem em termos de sua capacidade de
preparao para catstrofes, visto que estas fontes
so menos vulnerveis do que os sistemas tradicio-
nais baseados em combustveis fsseis46.
Aes Concretas
Para edifcios existentes, implementar um pro-
grama de conservao e eficincia energtica
que reduza o consumo de energia ao menos em
10% no prazo de um ano, e continue produz-
indo economia de energia na ordem de 2% ao
ano, o que resultar em uma reduo de 10%
para cada perodo de 5 anos. No caso de edifci-
os novos, projet-los de modo a alcanar metas
de desempenho energtico de 320 kWh/m2 ou
ainda menores.
Realizar auditorias peridicas no consumo de
energia e aplicar os resultados na elaborao de
programas de conscientizao e atualizao.
Uma vez implementadas as medidas de eficin-
cia energtica, indagar sobre a possibilidade
de adquirir energia limpa e renovvel e, se
esta for disponvel, comprar ao menos 5% na
primeira oportunidade que surgir. Em unidades
existentes, passar a utilizar combustveis mais
limpos para caldeiras.
Pesquisar sobre as fontes de energias limpas
renovveis que possam ser instaladas in situ,
e incluir sua gerao em todos os projetos de
novas edificaes.
Identificar os potenciais co-benefcios dos
esforos de mitigao da mudana climtica que
reduzam as emisses de gases de efeito estufa e
as ameaas locais sade, enquanto economi-
zam recursos financeiros.
Integrar os programas de educao e conscien-
tizao dos ocupantes visando reduzir o con-
sumo de energia relacionado ocupao das
instalaes. Nos espaos climatizados, diminuir
os termostatos alguns graus no inverno ou em
climas frios, e aument-los no vero ou em
climas quentes. Mesmo uma leve alterao no
termostato pode gerar uma economia significa-
tiva de energia.
-
GUAReduzir o Consumo de gua e fornecer gua Potvel
PROPSITO DA AGENDA Implementar uma srie de medidas de conservao, reciclagem e tratamento que reduzam o consumo de gua dos hospitais e a poluio por guas residuais. Estabelecer a relao entre a disponibilidade de gua potvel e a resilincia dos servios de sade para suportar problemas fsicos, naturais, econmicos e sociais. Promover a sade pblica e ambiental fornecendo gua potvel para a comunidade.
5O problema global
Em muitas partes do mundo a gua potvel um
recurso escasso apresentando um significativo desafio
para a sade ambiental em escala mundial. Mais de
um bilho de pessoas no tm acesso a um sistema de
fornecimento de gua potvel, enquanto muitos mais
bebem gua seriamente contaminada47.
Quatro bilhes de casos de diarreia ocorrem anual-
mente, dos quais 88% so atribuveis gua no im-
prpria para consumo e ms condies sanitrias e de
higiene. Quase dois milhes de pessoas morrem a cada
ano de doenas diarreicas; a vasta maioria so crianas
de menos de cinco anos. A OMS estima que 94% dos
casos de diarreia podem ser prevenidos por meio de
intervenes que incrementem a disponibilidade de
gua limpa e que melhorem as condies sanitrias e
de higiene48. As mudanas climticas, com seus impac-
tos associados como secas, derretimento das geleiras e
esgotamento de aquferos, exacerbar estes problemas
e agravar, ao mesmo tempo, a escassez geral de gua.
20
Solues hospitalares
A prestao de assistncia sade nos pases em de-
senvolvimento feita, em grande medida, em lugares
onde os servios municipais de tratamento e de for-
necimento de gua so inadequados ou inexistentes.
A falta de gua e de infraestrutura sanitria esto
entre os principais problemas que afetam diretamente
os hospitais e os sistemas de sade - seja porque os
sobrecarregam devido maior incidncia de doenas
na populao ou porque os impedem de contar com
servios bsicos de fornecimento de gua, tratamento
de esgoto e destinao de resduos para que possam
cumprir sua misso, ou por ambas as razes.
Idealmente, o esgoto de um hospital deve ser tratado
por um sistema municipal planejado para proteger a
sade pblica como um todo. Contudo, isso nem sem-
pre possvel, como por exemplo, nas reas rurais, em
lugares onde no existe nenhum servio disponvel
ou em cidades onde se exige que o tratamento seja
feito in situ. Para estas situaes, existe uma gama de
tecnologias economicamente acessveis para o trata-
mento . Por exemplo, os esgotos podem ser tratados
por sistema de biodigesto que gera gs metano, o
qual pode ser utilizado como combustvel dentro do
estabelecimento. Esta tecnologia simples pode ser ap-
ropriada para unidades de sade de pequeno e mdio
porte em pases em desenvolvimento.
O resultado, se estes sistemas funcionarem e forem
bem mantidos, uma assistncia sade mais re-
siliente, e hospitais com a possibilidade de oferecer
para as suas comunidades, alm de servios de sade,
tambm gua potvel49. Ao fornecerem gua potvel
comunidade do entorno, os hospitais podem gerar
um importante beneficio para a sade pblica, seja
prevenindo doenas como tambm reduzindo o
consumo dos recursos naturais e mdicos necessrios
para o tratamento dessas doenas50.
-
21
Quando h ampla disponibilidade de gua, os hospitais costumam ser vorazes consumi-
dores em vrios aspectos de suas operaes. Nos Estados Unidos, por exemplo, at 70%
de consumo hospitalar de gua destina-se a processos que vo dos relacionados com
equipamentos mecnicos at com o transporte do esgoto; utilizam-se cerca de 30% para
beber, preparar alimentos, tomar banho e lavar as mos51. Em geral, existem poucas refer-
ncias globais confiveis em relao ao consumo de gua do setor sade.
Geralmente, os estabelecimentos de sade podem conservar os recursos hdricos medin-
do cuidadosamente o consumo, instalando dispositivos e tecnologias que permitam o
uso eficiente da gua, cultivando plantaes resistentes s secas e assegurando-se que os
vazamentos sejam rapidamente reparados.
Com o objetivo de alcanar um impacto maior no consumo total, hospitais de muitos
pases esto coletando gua de chuva. Outros reciclam a gua para determinados usos.
Na Austrlia, por exemplo, os hospitais esto comeando a implementar sistemas de
tratamento de guas negras in situ visando a reciclagem de esgoto.
Nas reas onde h gua potvel de boa qualidade, os estabelecimentos de sade podem
causar um enorme e positivo impacto ambiental eliminando a compra e venda de gua
engarrafada. Dados recentes produzidos pelo Pacific Institute, na Califrnia, estimam que
para produzir gua engarrafada nos Estados Unidos em 2007 gastam-se 2.000 vezes mais
energia do que a necessria para produzir gua encanada; uma quantidade de energia
que equivale de 32 a 54 milhes de barris de petrleo. Os autores do relatrio estimam
que a quantidade de energia necessria para satisfazer a demanda global de gua engar-
rafada foi trs vezes maior52.
Mais de um bilho de pessoas no
tem acesso a gua potvel, enquanto
muitas mais consomem gua
seriamente contaminada.
-
Os estabelecimentos de sade so
grandes consumidores de gua
e podem conservar os recursos
hdricos de diversas formas.
22
-
Aes Concretas
Estabelecer um plano que aspire a um consumo final de gua igual a zero dentro de
um sistema hospitalar.
Implementar estratgias de conservao de gua como: instalar torneiras e vasos sani-
trios eficientes, verificar rotineiramente os encanamentos para prevenir vazamentos,
eliminar o selo dgua e a gua de refrigerao nas bombas de vcuo e de compres-
sores de ar medicinal e modernizar os sistemas de refrigerao.
Substituir os equipamentos radiolgicos que utilizam filme e consomem grandes
quantidades de gua, por sistemas digitais que no usam gua nem substncias qumi-
cas radiolgicas poluentes.
Planejar o paisagismo usando plantas resistentes s secas para minimizar o consumo
de gua.
Considerar a possibilidade de coletar gua de chuva e/ou reciclar a gua para usos em
distintos processos.
Eliminar a gua engarrafada em todo o estabelecimento se puder contar com gua
potvel de boa qualidade.
Analisar periodicamente a qualidade da gua.
Se o estabelecimento de sade tiver acesso gua potvel, mas a comunidade no
puder obt-la facilmente, desenvolver programas que forneam gua potvel comu-
nidade como um servio de sade pblica.
Implementar tecnologias de tratamento local de esgoto quando no existir um servio
municipal.
Desenvolver projetos conjuntos com a comunidade para melhorar e proteger o abas-
tecimento de gua; apoiar iniciativas que melhorem a qualidade da gua em sistemas
pblicos de abastecimento, bem como os sistemas de tratamento de esgoto para toda
a populao.
Para acessar Ferramentas e Recursos para implementao deste objetivo,
visite o site www.hospitaisverdes.net.
23AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS
-
TRANSPORTEMelhorar as Estratgias de Transporte Para Pacientes e Funcionrios
PROPSITO DA AGENDADesenvolver estratgias de transporte e de assistncia sade que reduzam a pegada de carbono dos hospitais e sua parcela de contribuio para a poluio local.
6O problema global
O transporte uma fonte importante de poluio do ar
em todo o mundo, causando impactos significativos
sade, especialmente nas reas urbanas. A exposio ao
monxido de carbono, dixido de enxofre e dixido de
nitrognio pode causar doenas respiratrias e alterar os
sistemas de defesa dos pulmes53. Vrios estudos esta-
belecem uma conexo entre o aumento dos atendimen-
tos nos servios de emergncia e nveis de oznio mais
elevados na comunidade54. A presena de oznio ao nvel
do solo tambm se relaciona com o aumento das
temperaturas nas reas urbanas e o agravamento dos
impactos das ilhas de calor.
A poluio do ar causada pelo transporte um impor-
tante problema de sade que afeta principalmente as
megacidades dos pases em desenvolvimento. Em Deli,
o setor transporte responsvel por mais de 70% da
poluio do ar. Um estudo do Banco Mundial revela que
o custo social total da poluio do ar nas cidades de
Mumbai, Xangai, Manila, Bangcoc, Cracvia e Santiago
alcanava a cifra de US$ 2.6 bilhes55.
Por outro lado, o transporte por rodovia representa 18%
do total mundial das emisses de CO2 geradas pelo uso
de combustveis. Calcula-se que por volta do ano de 2030,
as emisses de CO2 originadas do transporte aumentaro
60%. A maior parte deste aumento acontecer em regies
em desenvolvimento, especialmente na China, ndia e no
sudeste da sia56.
Solues hospitalares
A assistncia sade, com suas frotas de ambulncias,
veculos hospitalares, veculos para entregas e meios de 24
transporte para pacientes e funcionrios, envolve o
uso intensivo de transporte. Os impactos do setor
sade na poluio do ar se concentram no entorno
das instalaes hospitalares de grande porte.
Estimativas do Servio Nacional de Sade (NHS em
ingls) do Reino Unido mostram que as emisses
de CO2 provenientes do transporte de funcionrios
e pacientes a centros de atendimento mdico equi-
valem, aproximadamente, a 18% de suas emisses
totais de carbono57. Esta importante descoberta
levou o NHS a considerar a possibilidade de locar
suas unidades de sade prximas infraestrutura
de transporte pblico ou dentro das comunidades,
reduzindo amplamente as distncias percorridas em
veculos pelos pacientes.
Telemedicina outra estratgia para a reduo de
emisses relacionadas com o transporte. Segundo a
OMS, os programas de sade a distncia podem ()
reduzir a pegada de carbono relacionada ao trans-
porte para atendimento mdico, alm de melhorar
o acesso e os efeitos para os grupos mais vulnerveis.
Em muitos pases em desenvolvimento, aplicaes
simples de telefonia mvel no apoio assistncia
emergencial e consultas mdicas a distncia em
reas remotas esto sendo usadas com bons
resultados58.
A transio para tecnologias hbridas, veculos total-
mente eltricos e combustveis alternativos, como o
gs natural comprimido e alguns biocombustveis,
permite reduzir as emisses das frotas de veculos
tais como ambulncias e caminhonetes. Encorajar os
funcionrios e os pacientes a se deslocarem de bici-
cleta, por meio do transporte pblico ou de caronas
-
Aes Concretas
25
Oferecer atendimento mdico em locais acessveis para pacientes, equipe hospitalar e visi-
tantes, evitando que percorram distncias desnecessrias. Avaliar opes de atendimento
comunitrio bsico, atendimento domiciliar e servios mdicos em instalaes compartilhadas
com os correspondentes servios sociais ou programas comunitrios.
Desenvolver estratgias de telemedicina, comunicao por e-mail, e demais alternativas que
no exijam reunies presenciais entre profissionais da sade e pacientes.
Estimular a equipe de sade, pacientes e visitantes a caminharem ou utilizarem carona
solidria, transporte pblico ou bicicletas sempre que possvel. Instalar chuveiros, armrios com
chave e sistemas de guarda de bicicletas para estimular a equipe do hospital a adotar modos
saudveis de transporte.
Negociar descontos em transporte pblico para incentivar o seu uso.
Otimizar a eficincia energtica das frotas veiculares dos hospitais mediante o uso de veculos
hbridos, eltricos ou que consumam biocombustveis adequados.
Comprar de fornecedores locais e/ou que transportem produtos de forma eficiente.
Destinar os resduos para reas prximas ao local de gerao.
Defender polticas a favor do uso progressivo do transporte pblico no interesse da sade
ambiental.
solidrias tambm pode ajudar a reduzir as emisses de poluio do ar relacionadas aos
servios de sade.
Os impactos do transporte na cadeia de abastecimento tambm so significativos. O Sistema
Nacional de Sade do Reino Unido (NHS) calcula que 60% da sua pegada de carbono esto
relacionados com as decises da cadeia de abastecimento. Compras feitas de fornecedores locais
e/ou de fornecedores que utilizam transporte de consumo eficiente de combustvel podem gerar
impactos positivos. Os resduos tambm devem ser tratados ou destinados em local mais perto
possvel de onde so gerados59.
Em resumo, as escolhas relativas ao transporte podem gerar um enorme impacto nas comuni-
dades do entorno dos hospitais. O aumento do trfego de veculos, pouca disponibilidade
para estacionamento, rudo, falta de espaos verdes ou de acesso para pedestre e baixo nvel
de segurana so questes que podem ser evitadas dando-se ateno localizao e
integrao comunitria dos centros de atendimento mdico para que sejam apropriadamente
dimensionados e acessveis dentro das vizinhanas de uso misto.
-
ALIMENTOSComprar e Oferecer Alimentos Saudveis e Cultivados de Forma Sustentvel
PROPSITO DA AGENDAReduzir a pegada ambiental dos hospitais estimulando ao mesmo tempo hbitos ali-mentares saudveis entre os pacientes e funcionrios. Favorecer o acesso a alimentos produzidos localmente e de forma sustentvel na comunidade.
7O problema global
A globalizao dos hbitos alimentares ocidentais
baseados no consumo excessivo de gorduras satu-
radas, carboidratos refinados e alimentos proces-
sados, juntamente com o aumento progressivo do
sedentarismo, esto contribuindo para o desen-
volvimento de epidemias de obesidade, diabetes
e doenas cardiovasculares em muitos pases. Em
paralelo a esta tendncia, ocorre uma progressiva
globalizao da medicina industrial ocidental para
o tratamento dessas doenas.
Do ponto de vista global, o ndice de obesidade
em todo o mundo mais do que dobrou desde 1980,
com 65% da populao mundial vivendo em pases
nos quais o excesso de peso e a obesidade matam
mais pessoas do que a desnutrio. Segundo a
OMS, muitos pases de renda baixa e mdia esto
agora enfrentando uma dupla carga de doenas.
Enquanto seguem lidando com problemas de des-
nutrio e doenas infecciosas, experimentam um
rpido aumento dos fatores de risco de doenas
no contagiosas, como a obesidade e o excesso de
peso, especialmente em zonas urbanas60.
Esta tendncia de aumento da obesidade, diabetes
e doenas cardiovasculares causa o aumento da
demanda global por terapias mais complexas que
exigem o uso intensivo de recursos aumentando,
portanto, os custos do atendimento mdico e a
pegada ambiental do setor sade, uma vez que
mais energia e recursos precisam ser gastos para os
tratamentos dessas afeces61.
Enquanto isso, a produo industrial de alimentos
est contribuindo em grande escala para a mu-
dana climtica e degradao ambiental. Em nvel
global, a Organizao das Naes Unidas para a
Agricultura e a Alimentao (FAO) estima que a
atividade da pecuria para produo de carne e
lacticnios gera aproximadamente 18% das emis-
ses totais de gases de efeito estufa62. Os resduos
provenientes dos estabelecimentos pecurios e
dos campos fertilizados so escoados pela gua de
chuva e contaminam os corpos de gua de todo
o mundo. Os agrotxicos envenenam os traba-
lhadores e contaminam os campos e os alimentos.
Os antibiticos adicionados alimentao do gado
contribuem para o aumento da resistncia aos
antibiticos no meio ambiente. Alm do mais, os
resduos de alimentos constituem uma parte im-
portante do fluxo de resduos, representando 12%
do fluxo total de resduos slidos municipais nos
Estados Unidos63.
26
-
27
Solues hospitalares
Em muitos pases, as unidades de sade so grandes consumidoras
de alimentos e podem, portanto, servir de exemplo e promover a
sade e a sustentabilidade por meio de suas escolhas alimentares.
Cada vez mais servios de sade nos pases desenvolvidos ou em
desenvolvimento, que compram e distribuem alimentos a seus
pacientes e funcionrios, esto reduzindo sua pegada ambiental e
melhorando a sade destas pessoas mediante mudanas nos card-
pios e prticas hospitalares. Isso inclui limitar a quantidade de carne
das refeies, eliminar alimentos sem valor nutricional e de preparo
rpido, compostagem de resduos alimentares e compra de ingredi-
entes produzidos localmente e de forma sustentvel promovendo,
portanto, a produo sustentvel, produzindo sua prpria comida
no local, e apoiando o mercado de alimentos saudveis para que os
produtores locais possam vender alimentos comunidade.
Ao promover e apoiar a produo localizada e sustentvel de ali-
mentos nutritivos, os hospitais podem, alm de reduzir de imediato
suas prprias pegadas, apoiar o acesso aos alimentos, promovendo
a preveno de doenas, reduzindo os impactos de sade ambiental
do setor sade e contribuindo para uma reduo, no longo prazo,
das necessidades da populao em relao assistncia mdica.
Essa abordagem tambm pode ajudar a criar e expandir mercados
estveis para os alimentos produzidos localmente e de forma susten-
tvel fora do setor assistncia mdica.
O centros hospitalares so grandes
consumidores de alimentos e, como
tal, podem promover prticas
saudveis e sustentveis atravs de
suas escolhas nutricionais.
-
Algumas medidas incluem: reduzir a
quantidade de carne na alimentao,
eliminar comidas rpidas (fast-food) e de
baixa qualidade, compostar os resduos e
comprar produtos de fornecedores locais
sustentveis.
28
-
Modificar cardpios e processos hospitalares para estimular os mercados de alimentos
mais saudveis, mediante a aquisio de produtos orgnicos produzidos localmente.
Transformar o hospital em uma zona livre de fast-food; eliminar os refrigerantes a base
de acar das cafeterias e mquinas de vendas dos hospitais.
Trabalhar com agricultores locais, organizaes comunitrias e fornecedores de alimentos
para aumentar a oferta de alimentos produzidos localmente e de maneira sustentvel.
Estimular os distribuidores e/ou companhias de alimentos para que forneam alimentos
produzidos sem agrotxicos sintticos e hormnios ou antibiticos usados nos animais na
ausncia de doena diagnosticada, a fim de promover a sade e o bem-estar dos produ-
tores e dos trabalhadores rurais, como tambm promover uma agricultura ecologica-
mente restaurativa e protetiva.
Implementar um programa passo-a-passo para identificar e adotar a aquisio de alimen-
tos sustentveis. Para isto, pode-se comear por setores com barreiras mnimas que per-
mitam a adoo imediata de medidas como, por exemplo, a introduo de frutas frescas
orgnicas na cafeteria.
Comunicar e conscientizar dentro do hospital ou do sistema de assistncia mdica, bem
como para os pacientes e a comunidade, sobre as prticas e procedimentos alimentares
socialmente justos e ecologicamente sustentveis.
Minimizar e reusar de forma benfica os resduos alimentares. Por exemplo, fazer a
compostagem de resduos alimentares ou us-los como rao animal. Converter o leo
comestvel usado em biocombustvel.
Transformar o hospital em um centro que promova a nutrio e o consumo de alimentos
saudveis, utilizando o terreno do hospital para cultivo de hortas comunitrias e como
um mercado de produtores locais para a comunidade.
Para acessar Ferramentas e Recursos para implementao deste objetivo, visite o site www.hospitaisverdes.net.
Aes Concretas
29
-
PRODUTOS FARMACUTICOSPrescrio Apropriada, Administrao Segura e Destinao Correta
PROPSITO DA AGENDAReduzir a poluio por produtos farmacuticos diminuindo as prescries desnecessrias, minimizando a destinao inadequada de resduos farmacuticos, promovendo sua devoluo aos fabricantes e pondo fim ao dumping medicamentos na forma de ajuda catstrofes.
8O problema global
Os resduos farmacuticos podem ser encontrados
em quantidades mnimas no solo e nas guas subter-
rneas em todo o mundo. Estes resduos provm de
uma diversidade de fontes, inclusive de hospitais. Nos
Estados Unidos, por exemplo, as farmcias dos hos-
pitais podem armazenar entre 2.000 e 4.000 produ-
tos distintos64. provvel que os nveis de frmacos
encontrados no ambiente aumentem nos prximos
anos, medida que a demanda mundial de produtos
farmacuticos cresce.
Ao mesmo tempo, a vigilncia governamental em
muitos pases no acompanha o ritmo da crescente
dependncia da sociedade moderna aos frmacos. As
regulamentaes sobre destinao de resduos far-
macuticos, em muitos casos, esto desatualizadas ou
so contraditrias. Em vrios pases pode-se comprar
quase qualquer medicamento sem receita.
Solues hospitalares
Nos pases e hospitais onde existe abundncia de
frmacos, os sistemas de sade podem desempe-
nhar um papel fundamental na reduo dos resduos
farmacuticos, limitando a quantidade de remdios
receitados e solucionando o problema dos resduos
nas suas prprias instalaes e contribuindo para as
polticas locais. Na Sucia, por exemplo, foi imple-
mentado um sistema que classifica os frmacos de
acordo com o seu impacto ambiental65. Isto permite
que os mdicos selecionem os medicamentos menos
prejudiciais para o meio ambiente quando existirem
opes para um determinado tratamento de sade.
30
Pases de menor renda podem ser afetados por doaes
de produtos farmacuticos inadequados. Um exemplo
disto o caso de Bsnia e Herzegovina que de 1992 a
1996 recebeu cerca de 17.000 toneladas de produtos far-
macuticos inteis. O custo de destinao desses resdu-
os foi estimado em US$ 34 milhes66. Aps o tsunami no
Oceano ndico em 2004, vrias centenas de toneladas de
medicamentos vencidos doados para a Indonsia foram
armazenados em condies precrias. Essa situao
trouxe o risco de que medicamentos fora dos padres
fossem vendidos de forma ilegal e consumidos por pa-
cientes desavisados, alm da possvel poluio ambiental
por vazamentos ou destinao inadequada67.
Os estabelecimentos de sade deveriam gerir um con-
trole estrito dos estoques (por exemplo, utilizar primeiro
os medicamentos mais antigos), evitar aquisies excessi-
vas e s distribuir as quantidades requeridas, para reduzir
a gerao de resduos farmacuticos. Os hospitais e as
farmcias tambm podem receber de volta os produtos
farmacuticos que os pacientes no tiverem usado, que
de outro modo terminariam no esgoto ou em uma lixeira
comum. Talvez seja mais eficiente centralizar os sistemas
de coleta de resduos farmacuticos em nvel regional ou
nacional, para garantir que sejam tratados e dispostos de
maneira ambientalmente responsvel.
No existe nenhum mtodo universalmente aceito para
destinar os resduos farmacuticos. Em muitos pases,
a legislao exige sua incinerao, mas isto pode ser
extremamente poluente, ainda mais em pases de menor
renda onde so usados incineradores ou fornos de
cimento pouco controlados. As plulas costumam ser em-
baladas em blisters de plstico feito de PVC que ao serem
incinerados produzem dioxinas.
-
Prescrever quantidades iniciais pequenas para novas receitas.
No oferecer amostras de medicamentos aos pacientes, j
que estas acabam virando resduos (outra opo desen-
volver um programa que reduza o resduo proveniente de
amostras grtis).
Informar os consumidores sobre os mtodos de disposio
segura de medicamentos vencidos ou no utilizados.
Estimular as companhias farmacuticas a desenvolverem
sistemas mais eficazes de administrao de frmacos, de ma-
neira que estes sejam absorvidos pelo organismo de forma
mais eficiente e que a excreo de substncias qumicas seja
minimizada.
Desenvolver programas de treinamento para mdicos com o
fim de otimizar suas prticas de prescrio de medicamentos.
Adotar um plano de aquisio e distribuio centralizada de
medicamentos que permita controlar as quantidades que os
pacientes recebem e limitar a quantidade de resduos que
so gerados.
Na medida do possvel, celebrar contratos que garantam a
devoluo dos excedentes de frmacos ao fabricante.
Assegurar que os resduos farmacuticos sejam tratados e
dispostos conforme as orientaes do pas e/ou da OMS que
forem apropriados. Assegurar que os frmacos sejam doados
somente quando forem solicitados e que todas as doaes
estejam de acordo com as orientaes da OMS e do pas de
destino.
Iniciar ou tornar pblico os programas de devoluo ao
fabricante de medicamentos no utilizados, para oferecer
aos pacientes uma alternativa adequada de destinao de
remdios no usados.
31
As opes de tratamentos de resduos que no
envolvem destruio trmica tambm variam
conforme o frmaco em questo. Medicamentos
de alta toxicidade, como os frmacos citostticos
contra o cncer, bem como as substncias con-
troladas tais como analgsicos, precisam de uma
gesto cuidadosa. Alguns frmacos podem ser
neutralizados por meio de reaes qumicas,
mas esta no uma prtica muito comum.
As tecnologias de destruio por substncias
qumicas desenvolvidas para outras cadeias de
resduos que poderiam ser usadas para disposio
de produtos farmacuticos no conseguem
entrar nos mercados onde a legislao exige a
incinerao.
Em geral, conforme recomendam a OMS e
outras organizaes, a melhor opo seria que
os resduos farmacuticos fossem devolvidos aos
seus fabricantes68. Nas Filipinas, os hospitais
negociaram esta medida como parte do contrato
de compras69. Os fabricantes conhecem bem a
composio qumica de seus produtos e esto
mais bem equipados para destin-los de forma
segura.
Os mtodos que devem ser evitados incluem
a incinerao a mdia e baixa temperatura, a
utilizao de aterros sanitrios sem controle
adequado e a descarga no sistema de esgoto,
particularmente no caso dos medicamentos anti-
neoplsicos. Nas regies de baixa renda, a encap-
sulamento ou inertizao (mistura com concreto)
antes da disposio em aterros sanitrios so
alternativas eficazes e econmicas.
Aes Concretas
Para acessar Ferramentas e Recursos para implementao deste objetivo, visite o site www.hospitaisverdes.net.
-
EDIFCIOS Apoiar Projetos e Construes de Hospitais Verdes e Saudveis
PROPSITO DA AGENDAReduzir a pegada ambiental do setor sade e transformar os hospitais em um local mais saudvel para funcionrios, pacientes e visitantes mediante a incorporao de prticas e princpios de edifcios ecolgicos no projeto e na construo de unidades de sade.
9O problema global O ambiente construdo influencia a sade. No sculo
XIX, o princpio da urbanizao trouxe a propagao
desenfreada de doenas infecciosas: varola, tuber-
culose, febre tifoide e rubola. Em grande medida,
essas doenas puderam ser controladas por meio
de intervenes de sade pblica disseminadas por
regulamentos de zoneamento urbano e cdigo de
edificao. Sistemas de saneamento, servios pblicos
de abastecimento de gua e exigncias de ventilao
e luz natural nas moradias so exemplos das respostas
do ambiente construdo aos impactos sade trazidos
pelo desenvolvimento.
Atualmente, uma grande quantidade de problemas de
sade ambiental (mudana climtica, contaminao
txica, perda de biodiversidade e outros) est relacio-
nada com a produo e a manuteno do ambiente
construdo. medida que o desenvolvimento se
acelera em muitas regies, a produo de edifcios se
torna cada vez mais intensiva em recursos, pressio-
nando o fornecimento de materiais de construo
locais e nativos alm de suas capacidades sustentveis.
De fato, os edifcios tm um enorme impacto na sade
ambiental. Conforme as estimativas do Programa das
Naes Unidas para o Meio ambiente (PNUMA), as
atividades relacionadas com a construo podem ser
responsveis entre 30% a 40% das emisses de dixi-
do de carbono em todo o mundo70. A organizao sem
fins lucrativos Architecture 2030 estima que quando
envolvem o transporte de materiais essas atividades
globais superam 48%71. Apesar das emisses industri-
ais de CO2 estarem se estabilizando, elas continuam
aumentando no setor da construo. Achim Steiner,
diretor executivo do PNUMA, sugeriu que a imple-
mentao de uma poltica internacional de eficincia
energtica mais agressiva poderia atingir a reduo
de emisses em mais de dois bilhes de toneladas,
ou um valor prximo ao triplo da quantidade pre-
vista para reduo pelo Protocolo de Kyoto72.
As atividades de construo de edifcios so respon-
sveis por 40% da gerao total de pedra bruta, brita
e ao, e consomem 25% da madeira virgem de todo
o mundo. A construo e a demolio de edifcios
geram cerca de 50% dos resduos slidos municipais.
Os edifcios prejudicam ainda mais a camada de
oznio estratosfrico ao utilizarem fludos refrige-
rantes e produtos elaborados com compostos que
destroem o oznio, incluindo os materiais isolan-
tes73. Os edifcios utilizam mais de 75% da produo
mundial de cloreto de polivinil (PVC). A produo
de cloro, um ingrediente bsico do PVC, um dos
processos industriais que mais energia consome
em todo o mundo (cerca de 1% de toda a produo
mundial de eletricidade)74.
Atualmente, em muitos lugares, as pessoas passam
at 90% de sua vida em espaos fechados. Estima-
tivas sugerem que o nvel de poluentes em locais
fechados chega a ser cinco vezes maior que o nvel
de poluentes ao ar livre75. Investigaes mais rigoro-
32
-
O impacto dos hospitais sobre o meio ambiente e a sade deu lugar criao e adoo de ferramentas
para hospitais verdes.
AGENDA GLOBAL PARA HOSPITAIS VERDES E SAUDVEIS 33
sas das fontes poluidoras em espaos fechados, que vo
desde poeira at formaldedo, plastificantes com ftala-
tos e produtos de limpeza, tm contribudo com novos
dados sobre a necessidade de materiais de construo
mais seguros e saudveis.
Por sua vez, a construo no setor sade est em pleno
auge em muitas regies do mundo, com um dinamismo
particular em vrios pases em desenvolvimento. Em
2009, o mercado global da construo de edifcios de
sade foi avaliado em US$ 129 bilhes. Prev-se que em
2014 este mercado superar US$ 180 bilhes. Em geral,
o setor sade compreende mais de um tero do mer-
cado mundial da construo de edifcios institucionais76.
Solues hospitalares
O setor sade tem o potencial, atravs de seu poder
de mercado, de influenciar a indstria da construo
a desenvolver produtos e sistemas construtivos mais
seguros, resilientes, ecolgicos e saudveis. Em algumas
regies, os sistemas de sade substituram o setor
manufatureiro como a principal fonte empregadora
local. Mesmo em regies onde a urbanizao e o
desenvolvimento residencial predominam, o setor
sade pode ser um exemplo de melhores prticas
na construo sustentvel77.
Os edifcios destinados a servios de sade so to
diversos quanto os sistemas operacionais que lhes do
forma. As instalaes variam enormemente entre os
diferentes pases e dentro de um mesmo pas. Com-
preendem desde pequenas clnicas de atendimento
ambulatorial comunidade at grandes hospitais de
tratamentos tercirios mantidos por uma igualmente
grande variedade de proprietrios, incluindo organis-
mos governamentais, organizaes filantrpicas sem
fins lucrativos e corporaes. Isto inclui as instalaes
comunitrias que funcionam diariamente, 24 horas
por dia e devem servir de refgios em situaes de
desastres naturais.
Os impactos significativos ao meio ambiente e
sade associados aos edifcios hospitalares tm
estimulado a criao e a adoo de uma ampla
variedade de ferramentas e recursos de construo
verde direcionados ao setor sade. Em nvel mun-
dial diversas ferramentas e recursos para edifcios
verdes foram customizados para o setor sade e
zonas ou regies climticas especficas. Alguns exem-
plos de ferramentas de classificao de construo
verde que servem de parmetro para a construo
de instalaes de sade so os seguintes sistemas
de certificao: LEED para o setor sade (LEED for
Healthcare) do Conselho de Edifcios Verdes dos
Estados Unidos; Estrela Verde para o Setor Sade
(Green Star for Health) da Austrlia; Estidama (sus-
tentabilidade, em rabe) dos Emirados rabes
Unidos; BREEAM (Building Research Establishment
Environmental Assessment Method, ou Mtodo de
-
30
Avaliao de Desempenho Ambiental de Edifcios) e NEAT, do Reino Unido. Todas estas
ferramentas compartilham um mesmo conceito: os princpios de edifcios verdes levam em
conta fatores tais como implantao e uso da terra, consumo de gua e energia, prticas de
aquisio de materiais de construo e qualidade ambiental dos espaos internos.
Da implantao de hospitais em lugares prximos s rotas de transporte pblico e o uso de
materiais de construo locais e regionais, at o plantio de rvores no local e a incorporao
de componentes de projeto como luz do sol, ventilao natural, energias alternativas e
tetos verdes, so muitas as medidas que permitem s instalaes sanitrias j existentes di-
minuir sua pegada ambiental e seu impacto sobre as comunidades locais, enquanto que os
novos edifcios podem ser planejados para utilizar muito menos recursos78 79. Isto se aplica a
todo tipo de edifcio hospitalar, sejam instalaes de grande porte, hospitais centralizados
ou pequenas clnicas comunitrias.
As pesquisas tambm sugerem a existncia de uma relao direta entre o ambiente
construdo e a resposta teraputica; o desenho de um hospital pode influir de maneira
positiva na sade do paciente, bem como tambm no desempenho e na satisfao dos
profissionais que o atendem.
Por exemplo, a ventilao natural pode constituir tanto uma estratgia efetiva de economia
de energia como uma medida de controle de infeces80. O Centro Universitrio Carnegie
Mellon para Desempenho de Edifcios e Diagnstico identificou dezessete estudos inter-
nacionais que documentam a relao entre a melhora da qualidade do ar nos espaos
internos com o impacto sanitrio positivo sobre as doenas, inclusive asma, gripe, sndrome
do edifcio doente, problemas respiratrios e dores de cabea; as melhorias variaram entre
13,5% e 87%81.
A construo de edifcios verdes e saudveis tambm exige que se observe alm do custo
do investimento inicial, focando-se no custo total de propriedade ao longo de todo o ciclo
de vida til da estrutura. Esses custos de ciclo de vida incluem os custos operacionais, por
exemplo, de servios e manuteno de sistema, necessrios para equilibrar os investimen-
tos iniciais na infraestrutura de energia e gua com retornos prove