Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da...

46
Grupo 6 Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In literatura” In Teoria da Teoria da literatura literatura : uma introdução. : uma introdução. 4a.ed. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 1-22. 2001, p. 1-22. CHIAPPINI, Ligia. Literatura CHIAPPINI, Ligia. Literatura de comos e porquês in de comos e porquês in Reinvenção da catedral: Reinvenção da catedral: língua, língua, literatura, comunicação, literatura, comunicação,

Transcript of Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da...

Page 1: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

Grupo 6Grupo 6Cláudia Mafra e Denise BrazCláudia Mafra e Denise Braz

EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literaturaTeoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. : uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 1-22.São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 1-22.

CHIAPPINI, Ligia. Literatura de comos e CHIAPPINI, Ligia. Literatura de comos e porquês in porquês in Reinvenção da catedral: Reinvenção da catedral: língua, língua, literatura, comunicação, novas tecnologias e literatura, comunicação, novas tecnologias e políticas de ensino. São Paulo: Cortez, 2005, políticas de ensino. São Paulo: Cortez, 2005, p.220-260.p.220-260.

Page 2: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

Terry Eagleton nasceu em Salford, Inglaterra no dia Terry Eagleton nasceu em Salford, Inglaterra no dia 22 de fevereiro de 1943. Terry é filósofo e crítico 22 de fevereiro de 1943. Terry é filósofo e crítico literárioliterário. Concluiu d. Concluiu doutorado com apenas 24 anos de outorado com apenas 24 anos de idade, começou sua carreira estudando a literatura dos idade, começou sua carreira estudando a literatura dos séculos XIX e XX, até chegar a teoria literária séculos XIX e XX, até chegar a teoria literária marxista. Eagletonmarxista. Eagleton já escreveu mais de quarenta livros, já escreveu mais de quarenta livros, incluindo incluindo Teoria da Literatura: Uma IntroduçãoTeoria da Literatura: Uma Introdução (1983); (1983); A Ideologia da EstéticaA Ideologia da Estética (1990) e (1990) e As Ilusões do As Ilusões do Pós-ModernismoPós-Modernismo (1996). (1996).

Page 3: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

O que é literatura? In Teoria da literatura: uma O que é literatura? In Teoria da literatura: uma introdução 4ª Ed. São Paulo. Martins Fontes, 2001.introdução 4ª Ed. São Paulo. Martins Fontes, 2001.

– Distinção entre “fato” e “ficção” Distinção entre “fato” e “ficção”

É possível, por exemplo, defini-la como escrita É possível, por exemplo, defini-la como escrita “imaginativa”, no sentido de ficção – escrita esta “imaginativa”, no sentido de ficção – escrita esta que não é literalmente verídica Mas se refletirmos que não é literalmente verídica Mas se refletirmos veremos que tal definição não procede. veremos que tal definição não procede.

– A distinção entre “fato” e “ficção”, portanto não nos A distinção entre “fato” e “ficção”, portanto não nos parece ser muito útil, e uma das razões é a de que a parece ser muito útil, e uma das razões é a de que a própria distinção é muitas vezes questionávelprópria distinção é muitas vezes questionável. .

Page 4: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

• Verdade “histórica” e verdade “artística”Verdade “histórica” e verdade “artística”• Exemplo 1:Exemplo 1: Gibbon (historiador inglês autor de “ Gibbon (historiador inglês autor de “A A

História do Declínio e Queda do Império Romano”História do Declínio e Queda do Império Romano”) ) achava que escrevia a verdade histórica, porém, tal achava que escrevia a verdade histórica, porém, tal obra hoje é lida como “fato” por alguns e como obra hoje é lida como “fato” por alguns e como “ficção” por outros. “ficção” por outros.

• Exemplo 2:Exemplo 2: Newman (Teólogo e Bispo- sec. XVII) Newman (Teólogo e Bispo- sec. XVII) sem dúvida achava que suas meditações teológicas sem dúvida achava que suas meditações teológicas eram verdadeiras, mas hoje, muitos leitores as eram verdadeiras, mas hoje, muitos leitores as consideram “literatura”consideram “literatura”

• Exemplo 3:Exemplo 3: As histórias em quadrinhos e os As histórias em quadrinhos e os romances de Mills Boon são ficção mas isso não faz romances de Mills Boon são ficção mas isso não faz com que sejam considerados como literatura. com que sejam considerados como literatura.

Page 5: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

A forma da literaturaA forma da literatura• Talvez a literatura seja definível não pelo fato Talvez a literatura seja definível não pelo fato

de ser ficcional ou “imaginativa”, mas porque de ser ficcional ou “imaginativa”, mas porque emprega a linguagem de forma peculiar.emprega a linguagem de forma peculiar.

• ““A literatura transforma e intensifica a A literatura transforma e intensifica a linguagem comum, afastando-se linguagem comum, afastando-se sistematicamente da fala cotidiana”.sistematicamente da fala cotidiana”.

• Uma linguagem que chama a atenção sobre si Uma linguagem que chama a atenção sobre si mesma e exibe sua existência material. mesma e exibe sua existência material. Definição formalista. Definição formalista.

Page 6: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

• O Conteúdo como motivador da formaO Conteúdo como motivador da forma• Os formalistas não consideravam a forma Os formalistas não consideravam a forma

como expressão do conteúdo. Para esse grupo como expressão do conteúdo. Para esse grupo o conteúdo era a “motivação” da forma. o conteúdo era a “motivação” da forma.

• Exemplo 1:Exemplo 1: Dom QuixoteDom Quixote..• Exemplo 2:Exemplo 2: A revolução dos bichosA revolução dos bichos..

Page 7: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

• Os formalistasOs formalistas• Os formalistas surgiram na Rússia antes da revolução Os formalistas surgiram na Rússia antes da revolução

bolchevista de 1917.bolchevista de 1917.• Eles rejeitavam as doutrinas simbolistas que, até então, Eles rejeitavam as doutrinas simbolistas que, até então,

influenciava a crítica literária da época. influenciava a crítica literária da época. • Os formalistas preocupavam-se com a realidade Os formalistas preocupavam-se com a realidade

material do texto literário, com a maneira que os material do texto literário, com a maneira que os textos funcionavam na prática.textos funcionavam na prática.

• Para os formalistas a obra literária não era um veículo Para os formalistas a obra literária não era um veículo de idéias, nem uma reflexão sobre a realidade social. de idéias, nem uma reflexão sobre a realidade social. Era um fato material. O texto era feito de palavras, não Era um fato material. O texto era feito de palavras, não de objetos ou sentimentos, sendo um erro considerá-la de objetos ou sentimentos, sendo um erro considerá-la como expressão do pensamento de um autor. como expressão do pensamento de um autor.

Page 8: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

• O funcionamento da obra literária podia ser O funcionamento da obra literária podia ser analisado mais ou menos como se examina analisado mais ou menos como se examina uma máquina. uma máquina.

• O formalismo foi a aplicação da lingüística ao O formalismo foi a aplicação da lingüística ao estudo da literatura. E a lingüística em estudo da literatura. E a lingüística em questão era do tipo forma, preocupada com a questão era do tipo forma, preocupada com a estrutura da linguagem e não com o que de estrutura da linguagem e não com o que de fato poderia dizer. fato poderia dizer.

Page 9: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

• Os artifícios e seus efeitos de “estranhamento”Os artifícios e seus efeitos de “estranhamento”• Os artifícios incluíam som, imagens, ritmo, sintaxe, Os artifícios incluíam som, imagens, ritmo, sintaxe,

métrica, rima, técnicas narrativas, enfim, incluíam métrica, rima, técnicas narrativas, enfim, incluíam todos os elementos literários formais. todos os elementos literários formais.

• Esses elementos tinham em comum era o efeito de “ Esses elementos tinham em comum era o efeito de “ estranhamento” ou de desfamiliarização”.estranhamento” ou de desfamiliarização”.

• Uma linguagem que se “tornará estranha”. Todo o Uma linguagem que se “tornará estranha”. Todo o mundo cotidiano transformava-se subitamente em mundo cotidiano transformava-se subitamente em algo não familiar. algo não familiar.

• O discurso literário torna estranha a fala comum e O discurso literário torna estranha a fala comum e paradoxalmente nos leva a vivenciar a experiência de paradoxalmente nos leva a vivenciar a experiência de maneira mais íntima e mais intensa.maneira mais íntima e mais intensa.

• A história, como diriam os formalistas, usa artifícios A história, como diriam os formalistas, usa artifícios que funcionam como “ entraves” ou “retardamentos” que funcionam como “ entraves” ou “retardamentos” para nos manter atentos – O clímax.para nos manter atentos – O clímax.

Page 10: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

• Desvio da normaDesvio da norma• Para se identificar um desvio é necessário que se Para se identificar um desvio é necessário que se

possa identificar a norma da qual ela se afasta. possa identificar a norma da qual ela se afasta. • Os formalistas consideravam a linguagem como um Os formalistas consideravam a linguagem como um

conjunto de desvio da norma, uma espécie de conjunto de desvio da norma, uma espécie de violência lingüística. violência lingüística.

• A idéia de que existe uma única linguagem A idéia de que existe uma única linguagem “normal”, uma espécie de moeda corrente usada por “normal”, uma espécie de moeda corrente usada por todos os membros da sociedade, é ilusão. todos os membros da sociedade, é ilusão.

• Nem todos os desvios da norma são poéticos, a gíria Nem todos os desvios da norma são poéticos, a gíria é um exemplo.é um exemplo.

• Os formalistas não queriam definir “literatura”, mas Os formalistas não queriam definir “literatura”, mas a “literatuidade”.a “literatuidade”.

Page 11: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

• Literatura: Texto não-pragmáticoLiteratura: Texto não-pragmático• ““O discurso não-pragmático é parte do que se entende O discurso não-pragmático é parte do que se entende

por “literatura”, segue-se dessa “definição” o fato de por “literatura”, segue-se dessa “definição” o fato de a literatura não poder ser, de fato, definida a literatura não poder ser, de fato, definida “objetivamente”.“objetivamente”.

• A literatura é um discurso “não-pragmático”; ao A literatura é um discurso “não-pragmático”; ao contrário dos manuais de biologia e recados deixados contrário dos manuais de biologia e recados deixados para o leiteiro. (...) para o leiteiro. (...)

Page 12: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

• Exemplos1: Exemplos1: “Cachorros devem ser carregados na “Cachorros devem ser carregados na escada rolante”escada rolante”

• Exemplo 2:Exemplo 2: “Coloque o lixo no cesto” “Coloque o lixo no cesto”• Exemplo 3: Exemplo 3: Quando o poeta diz: “que seu amor é Quando o poeta diz: “que seu amor é

uma rosa vermelha”uma rosa vermelha”• ““A definição de literatura fica dependendo da maneira A definição de literatura fica dependendo da maneira

pela qual alguém resolve ler, e não da natureza pela qual alguém resolve ler, e não da natureza daquilo que é lido” daquilo que é lido”

• Esse enfoque na maneira de falar, e não na realidade Esse enfoque na maneira de falar, e não na realidade daquilo de que se fala, é por vezes considerado como daquilo de que se fala, é por vezes considerado como uma indicação do que entendemos por literatura. uma indicação do que entendemos por literatura.

• O que importa pode não ser a origem do texto, mas o O que importa pode não ser a origem do texto, mas o modo pelo qual as pessoas o consideram, se modo pelo qual as pessoas o consideram, se decidirem que será literatura, então, esse o será, decidirem que será literatura, então, esse o será, mesmo contrariando o autor. mesmo contrariando o autor.

Page 13: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

• Não existe uma “essência” da literaturaNão existe uma “essência” da literatura

• Qualquer fragmento de escrita pode ser lido “não - Qualquer fragmento de escrita pode ser lido “não - pragmaticamente”pragmaticamente”

• ““Literatura” é, nesse sentido, uma definição Literatura” é, nesse sentido, uma definição puramente formal, vazia.puramente formal, vazia.

• ““As pessoas consideram como “literatura” a escrita As pessoas consideram como “literatura” a escrita que lhes parece bonita”que lhes parece bonita”

• (...) podemos abandonar a idéia de que a categoria (...) podemos abandonar a idéia de que a categoria “literatura” é “objetiva” no sentido de ser eterna e “literatura” é “objetiva” no sentido de ser eterna e imutável. Qualquer coisa pode ser literatura (...). imutável. Qualquer coisa pode ser literatura (...).

Page 14: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

• O valor da obra literária O valor da obra literária

• ““O fato de sempre interpretarmos as obras literárias, O fato de sempre interpretarmos as obras literárias, até certo ponto, à luz de nossos próprios interesses – e até certo ponto, à luz de nossos próprios interesses – e o fato de, na verdade, sermos incapazes de, num certo o fato de, na verdade, sermos incapazes de, num certo sentido, interpretá-las de outra maneira – poderia ser sentido, interpretá-las de outra maneira – poderia ser uma das razões pelas quais certas obras literárias uma das razões pelas quais certas obras literárias parecem conservar seu valor através dos séculos”.parecem conservar seu valor através dos séculos”.

• Todas as obras literárias, (...) são “reescritas” mesmo Todas as obras literárias, (...) são “reescritas” mesmo que inconscientemente, pelas sociedades que as que inconscientemente, pelas sociedades que as

lêem (..).lêem (..).• Os fatos são públicos e indiscutíveis, os valores são Os fatos são públicos e indiscutíveis, os valores são

privados e gratuitos.privados e gratuitos.

Page 15: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

Ligia Chiappini Moraes Leite possui graduação em Letras pela Ligia Chiappini Moraes Leite possui graduação em Letras pela Universidade de São Paulo (1968), mestrado em Letras (Teoria Universidade de São Paulo (1968), mestrado em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo (1970) e doutorado em Letras (Teoria Literária e Literatura Paulo (1970) e doutorado em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) também pela Universidade de São Paulo (1974). Comparada) também pela Universidade de São Paulo (1974). Atualmente ocupa a cátedra de Literatura Brasileira na Atualmente ocupa a cátedra de Literatura Brasileira na Universidade Livre de Berlim. Dentre suas várias obras Universidade Livre de Berlim. Dentre suas várias obras destacam-se destacam-se Invasão da catedral: literatura e ensino em debateInvasão da catedral: literatura e ensino em debate, , publicada em 1983 e publicada em 1983 e Reinvenção da Catedral, Reinvenção da Catedral, publicada em publicada em 2005. 2005.

Page 16: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

“ “A leitura na verdade é uma arte em processo. A leitura na verdade é uma arte em processo. (...) ler é questionar e buscar respostas na (...) ler é questionar e buscar respostas na página impressa para nossos questionamentos, página impressa para nossos questionamentos, buscar satisfação na nossa curiosidade. Ler é buscar satisfação na nossa curiosidade. Ler é sobretudo desejar” (CHIAPPINI, 2005, p. sobretudo desejar” (CHIAPPINI, 2005, p. 193). 193). 

Page 17: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

Em 1968 - havia certa perplexidade causada Em 1968 - havia certa perplexidade causada pelo desprestígio dos estudos pelo desprestígio dos estudos

humanísticos no mundo contemporâneo, humanísticos no mundo contemporâneo,

dominado pela tecnicismo.dominado pela tecnicismo.

Teoria da literatura e ensino da Teoria da literatura e ensino da literatura: o caso brasileiroliteratura: o caso brasileiro

Page 18: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

1968 – Intensa discussão sobre o ensino da literatura:1968 – Intensa discussão sobre o ensino da literatura: - Para que serve a literatura?- Para que serve a literatura? - Qual ou quais as funções sociais do letrado?- Qual ou quais as funções sociais do letrado? - Quais os objetivos de um curso de Letras?- Quais os objetivos de um curso de Letras?

Ao final, muita discussão e pouca mudança. Ao final, muita discussão e pouca mudança.

Page 19: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

1968 – Ditadura Militar 1968 – Ditadura Militar ... Maior obscurantismo que atravessamos.(p.221)... Maior obscurantismo que atravessamos.(p.221)

1970 - Osman Lins, escritor e teórico da literatura, 1970 - Osman Lins, escritor e teórico da literatura, tentou utilizar a experiência didática na teoria tentou utilizar a experiência didática na teoria literária. literária. ‘‘Para Lins o problema era teórico: o que é, para que serve, qual a Para Lins o problema era teórico: o que é, para que serve, qual a

importância, hoje, de se estudar literatura?importância, hoje, de se estudar literatura?O problema era também pedagógico: como ensinar literatura? O problema era também pedagógico: como ensinar literatura? O problema era político: o que fazer com os textos, numa escola que O problema era político: o que fazer com os textos, numa escola que

entendeu democracia como nivelamento para baixo? E que limitou entendeu democracia como nivelamento para baixo? E que limitou ao máximo, dentro dela, o espaço das humanidades, com a ao máximo, dentro dela, o espaço das humanidades, com a eliminação da filosofia e a diluição da história?’eliminação da filosofia e a diluição da história?’

Page 20: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

Osman Lins, apesar de idealista ao atribuir à literatura uma função Osman Lins, apesar de idealista ao atribuir à literatura uma função revolucionária: revolucionária:

- identifica e denuncia mecanismos de alienação da escola seletiva identifica e denuncia mecanismos de alienação da escola seletiva e distanciada do concreto;e distanciada do concreto;

- realiza análises pioneiras dos manuais didáticos denunciando a realiza análises pioneiras dos manuais didáticos denunciando a manipulação de textos para seduzir, envolver e persuadir os manipulação de textos para seduzir, envolver e persuadir os leitores, com a finalidade de impedi-los de ler criticamente;leitores, com a finalidade de impedi-los de ler criticamente;

- evidencia a adequação do discursos dos manuais ao discurso dos evidencia a adequação do discursos dos manuais ao discurso dos mass mediamass media para subestimar e embrutecer a capacidade para subestimar e embrutecer a capacidade linguístico-discursiva do aluno a quem se pretende ensinar o uso linguístico-discursiva do aluno a quem se pretende ensinar o uso culto da língua;culto da língua;

- denuncia a utilização do livro didático como uma forma de denuncia a utilização do livro didático como uma forma de reduzir o professor a mero agente comercial da máquina editorial. reduzir o professor a mero agente comercial da máquina editorial.

Page 21: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

Na Faculdade de Marília, Osman Lins tenta corrigir Na Faculdade de Marília, Osman Lins tenta corrigir um problema dessa época com suas práticas um problema dessa época com suas práticas antiacadêmicas: a literatura, apesar de ter seu antiacadêmicas: a literatura, apesar de ter seu potencial transformador e humanizador reconhecido potencial transformador e humanizador reconhecido pelos professores universitários, não era utilizada pelos professores universitários, não era utilizada para levar à reflexão sobre o uso dos textos nas para levar à reflexão sobre o uso dos textos nas escolas, muito menos, diminuir a distância entre as escolas, muito menos, diminuir a distância entre as universidades e as escolas de 1º e 2º graus. universidades e as escolas de 1º e 2º graus.

Page 22: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

Em 1974, surgem novas propostas para o ensino de Em 1974, surgem novas propostas para o ensino de literatura:literatura:

Luiz Costa Lima – método inspirado na psicanálise;Luiz Costa Lima – método inspirado na psicanálise; Afrânio Coutinho – defendia a prioridade do texto e a Afrânio Coutinho – defendia a prioridade do texto e a

literalidade;literalidade; Affonso Romano Sant’Anna – reivindicava a relativização Affonso Romano Sant’Anna – reivindicava a relativização

do conceito de literatura e propunha um estudo de texto do conceito de literatura e propunha um estudo de texto mais amplo e genérico ( incluindo não apenas os textos mais amplo e genérico ( incluindo não apenas os textos considerados ‘literários’ mas também os das histórias em considerados ‘literários’ mas também os das histórias em quadrinhos, de jornal, humor, etc.). Sua proposta era quadrinhos, de jornal, humor, etc.). Sua proposta era expandir o conceito de literatura para interpretação, criação, expandir o conceito de literatura para interpretação, criação, incluindo no curso de Letras, além da teoria, a práxis incluindo no curso de Letras, além da teoria, a práxis Literária.Literária.

Page 23: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

1975 – Polêmica travada entre Luiz Costa Lima e alunos da 1975 – Polêmica travada entre Luiz Costa Lima e alunos da Universidade Federal através do Jornal do Brasil levanta Universidade Federal através do Jornal do Brasil levanta questões ligadas ao ensino e à teoria literária. Essa polêmica questões ligadas ao ensino e à teoria literária. Essa polêmica fez com que a reflexão se articulasse com a prática ‘... fez com que a reflexão se articulasse com a prática ‘... descendo ao chão do dia-a-dia universitário ...’. E, da descendo ao chão do dia-a-dia universitário ...’. E, da discussão, surgiram questões como: a aplicação acrítica de discussão, surgiram questões como: a aplicação acrítica de teorias importadas que encobria a dimensão política de toda teorias importadas que encobria a dimensão política de toda teoria e dos problemas concretos da universidade e da teoria e dos problemas concretos da universidade e da sociedade brasileira; a irresponsabilidade com que, nos cursos sociedade brasileira; a irresponsabilidade com que, nos cursos de Letras, se vinha encarando o problema da formação dos de Letras, se vinha encarando o problema da formação dos professores para o secundário; a relação dos centros de decisão professores para o secundário; a relação dos centros de decisão econômica com a produção do saber sobre a literatura.’ econômica com a produção do saber sobre a literatura.’

Page 24: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

TEORIA, FILOSOFIA E HISTÓRIATEORIA, FILOSOFIA E HISTÓRIA A polêmica do Rio de Janeiro evidenciava uma nova A polêmica do Rio de Janeiro evidenciava uma nova

disciplina dentro da universidade brasileira: a teoria disciplina dentro da universidade brasileira: a teoria da Literatura.da Literatura.

Criada como disciplina autônoma na década de 1950, Criada como disciplina autônoma na década de 1950, através de um projeto apresentado por Afrânio através de um projeto apresentado por Afrânio Coutinho à UFRJ, expandiu-se às universidade de Coutinho à UFRJ, expandiu-se às universidade de São Paulo, Rio Grande dos Sul, Bahia e Brasília, São Paulo, Rio Grande dos Sul, Bahia e Brasília, generalizando-se na década de 1970.generalizando-se na década de 1970.

Page 25: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

A disciplina Teoria da Literatura tinha como objetivo A disciplina Teoria da Literatura tinha como objetivo fornecer fundamentação teórica necessária ao estudo fornecer fundamentação teórica necessária ao estudo das obras literárias, entretanto surgiram diferentes das obras literárias, entretanto surgiram diferentes programas em função da ênfase dada aos estudos programas em função da ênfase dada aos estudos literários em cada universidade. Afrânio Coutinho e literários em cada universidade. Afrânio Coutinho e Antônio Candido, das universidades de São Paulo e Antônio Candido, das universidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, inspiraram os programas da do Rio de Janeiro, inspiraram os programas da disciplina de outras universidades do Brasil.disciplina de outras universidades do Brasil.

Page 26: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

‘ ‘O programa proposto por Afrânio Coutinho O programa proposto por Afrânio Coutinho (...) tem pretensões científicas e enciclopédicas: (...) tem pretensões científicas e enciclopédicas: (...)’ (...)’

‘ ‘Não parecem preocupá-lo as relações entre a Não parecem preocupá-lo as relações entre a teoria e a prática de leitura dos textos; sua teoria e a prática de leitura dos textos; sua tendência é trabalhar com a generalidade.tendência é trabalhar com a generalidade.

Já para Antônio Candido, a ênfase recai no Já para Antônio Candido, a ênfase recai no estudo concreto das várias literaturas, cabendo à estudo concreto das várias literaturas, cabendo à teoria literária um papel posterior de teoria literária um papel posterior de sistematização (...)’sistematização (...)’

Page 27: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

‘ ‘A partir da segunda metade de 1960, o ensino A partir da segunda metade de 1960, o ensino de teoria literária volta-se para a assimilação de teoria literária volta-se para a assimilação das bases linguísticas e semiológicas, das bases linguísticas e semiológicas, privilegiando os métodos estruturais e privilegiando os métodos estruturais e abordagem dos textos e a busca da abordagem dos textos e a busca da literariedade e de uma teoria que vise explicitar literariedade e de uma teoria que vise explicitar a natureza do discurso estético.’ a natureza do discurso estético.’

Page 28: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

“ “A grande expansão numérica do ensino A grande expansão numérica do ensino superior, com superpopulação nos cursos de superior, com superpopulação nos cursos de humanas e proliferação de faculdades humanas e proliferação de faculdades particulares no país. Em plena repressão particulares no país. Em plena repressão militar, avessa ao debate e à critica, o país militar, avessa ao debate e à critica, o país torna-se um lugar propício à penetração do torna-se um lugar propício à penetração do Estruturalismo, ‘transformado, para além de Estruturalismo, ‘transformado, para além de suas próprias limitações, em paródia de si suas próprias limitações, em paródia de si mesmo, em jargão, lugar-comum, em fórmulas mesmo, em jargão, lugar-comum, em fórmulas fáceis de ensino’.”fáceis de ensino’.”

Page 29: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

“ “ Nos anos de 1976 e 1977, surge um processo Nos anos de 1976 e 1977, surge um processo de crítica e autocrítica da especificidade do de crítica e autocrítica da especificidade do texto literário e começam a ser repensadas as texto literário e começam a ser repensadas as relações entre literatura e sociedade, história, relações entre literatura e sociedade, história, cultura, bem como a função do ensino da cultura, bem como a função do ensino da própria teoria literária depois da ‘onda’ própria teoria literária depois da ‘onda’ estruturalista.estruturalista.

E Antônio Candido e Afrânio Coutinho E Antônio Candido e Afrânio Coutinho voltam a definir o que entendem por teoria voltam a definir o que entendem por teoria literária e por ensino de literatura.” literária e por ensino de literatura.”

Page 30: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

“ “Afrânio Coutinho insiste no primado do Afrânio Coutinho insiste no primado do texto e da literariedade e reafirma sua opção texto e da literariedade e reafirma sua opção pelo estudo dos gêneros e obras em oposição pelo estudo dos gêneros e obras em oposição à história literária. Todavia, privilegia a à história literária. Todavia, privilegia a aquisição de um método de trabalho em aquisição de um método de trabalho em detrimento as informações, as quais detrimento as informações, as quais privilegiava anteriormente.”privilegiava anteriormente.”

“ “Antônio Candido parece acreditar que é Antônio Candido parece acreditar que é preciso pensar a literatura brasileira, mesmo preciso pensar a literatura brasileira, mesmo que, para isso, seja preciso fugir do que lá que, para isso, seja preciso fugir do que lá fora se concebe como teoria literária.” fora se concebe como teoria literária.”

Page 31: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

““(...) a partir dos anos 70, os teóricos, (...) a partir dos anos 70, os teóricos, cansados de correr atrás da miragem da cansados de correr atrás da miragem da ‘literariedade’, se voltam para a história das ‘literariedade’, se voltam para a história das literaturas. Sob orientação e Hans Robert literaturas. Sob orientação e Hans Robert Jaus, divulgando princípios de uma estética Jaus, divulgando princípios de uma estética da recepção que começa a fazer ‘furor’ no da recepção que começa a fazer ‘furor’ no Brasil , mas que tem pouco de novo a Brasil , mas que tem pouco de novo a oferecer. oferecer.

Page 32: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

““Os teóricos brasileiros acabam tocando em Os teóricos brasileiros acabam tocando em muitos pontos (...) discutidos pelos franceses muitos pontos (...) discutidos pelos franceses (...) Mas não se chega a discutir o problema (...) Mas não se chega a discutir o problema que Roland Barthes localizava central em que Roland Barthes localizava central em 1969: a ‘transmissão de saber’ e de sua 1969: a ‘transmissão de saber’ e de sua ‘produção’.”‘produção’.”

Page 33: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

“ “Problematizar o objeto e os métodos da teoria Problematizar o objeto e os métodos da teoria literária deveria levar também a problematizar literária deveria levar também a problematizar seu ensino, não só no plano dos conteúdos, mas seu ensino, não só no plano dos conteúdos, mas formalmente, enquanto processo”formalmente, enquanto processo”

“ “Se quisermos ser coerentes com a própria Se quisermos ser coerentes com a própria concepção de teoria literária (...) não basta (...) concepção de teoria literária (...) não basta (...) transmitir aos alunos seus princípios, mas transmitir aos alunos seus princípios, mas trabalhar com eles para construir, trabalhar com eles para construir, quotidianamente, esse saber sobre literatura, quotidianamente, esse saber sobre literatura, repropondo de forma problemática seu objeto.”repropondo de forma problemática seu objeto.”

Page 34: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

“ “5. Entre o culto e a banalização da literatura: 5. Entre o culto e a banalização da literatura: a conquista de uma nova aura.a conquista de uma nova aura.

Se simplesmente cultuarmos, na Academia, as Se simplesmente cultuarmos, na Academia, as grandes obras da literatura brasileira e grandes obras da literatura brasileira e universal, exorcizando desse espaço sagrado universal, exorcizando desse espaço sagrado as impurezas da baixa cultura de massas (...), as impurezas da baixa cultura de massas (...), estaremos cumprindo a função que no delegou estaremos cumprindo a função que no delegou a Universidade Tecnocrática, herdeira da a Universidade Tecnocrática, herdeira da Universidade da Comunhão Paulista.”Universidade da Comunhão Paulista.”

Page 35: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

“ “O projeto da universidade da comunhão O projeto da universidade da comunhão paulista é funcional, redirecionado pela paulista é funcional, redirecionado pela universidade tecnocrática e empresarial. Aí é universidade tecnocrática e empresarial. Aí é importante ler e escrever sobre as obras importante ler e escrever sobre as obras aparentemente etéreas e inúteis da arte. Mas, aparentemente etéreas e inúteis da arte. Mas, cada vez mais, no ritmo que comanda a cada vez mais, no ritmo que comanda a universidade empresarial e empresariada, sob o universidade empresarial e empresariada, sob o rígido controle da produtividade (...)”rígido controle da produtividade (...)”

Page 36: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

“ “Essa é a face da nova universidade, que leva a Essa é a face da nova universidade, que leva a obliterar a leitura-consumo e o livro-obliterar a leitura-consumo e o livro-mercadoria, os quais, no entanto, reinam nas mercadoria, os quais, no entanto, reinam nas mídias e dos quais não estão a salvo os mídias e dos quais não estão a salvo os universitários – alunos ou professores – como universitários – alunos ou professores – como até pode pensar, devotados que estão à “cultura até pode pensar, devotados que estão à “cultura desinteressada”, entre muros ainda desinteressada”, entre muros ainda aristocráticos, mas bolsões úteis perfeitamente aristocráticos, mas bolsões úteis perfeitamente assimilados pela universidade burguesa.”assimilados pela universidade burguesa.”

Page 37: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

“ “É difícil introduzir na universidade, dividida e É difícil introduzir na universidade, dividida e fragmentada como o saber que aí circula, mas fragmentada como o saber que aí circula, mas sempre iludida em sua pretensa capacidade de sempre iludida em sua pretensa capacidade de trabalhar o todo, questões como essas, teóricas, trabalhar o todo, questões como essas, teóricas, pedagógicas e políticas (...) simplificadas num pedagógicas e políticas (...) simplificadas num só rótulo. (...) perpetuam uma separação radical só rótulo. (...) perpetuam uma separação radical entre escola e vida, entre pensamento, trabalho e entre escola e vida, entre pensamento, trabalho e diversão: não ‘curtirdiversão: não ‘curtir quando se pensa, não quando se pensa, não pensar quando se ‘curte’ (...)”pensar quando se ‘curte’ (...)”

Page 38: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

“ “ Literatura: Como? Porquê? Para quê?Literatura: Como? Porquê? Para quê?

1. Perguntar é preciso.1. Perguntar é preciso.

‘ ‘Penso na pergunta como manifestação do aluno Penso na pergunta como manifestação do aluno ou da aluna que escuta ativamente uma aula e que ou da aluna que escuta ativamente uma aula e que quer entender o que está ouvindo ou ir além, (...) quer entender o que está ouvindo ou ir além, (...) estabelecendo suas próprias relações e estabelecendo suas próprias relações e identificando suas próprias perplexidades, já identificando suas próprias perplexidades, já mergulhado na aventura do conhecimento se mergulhado na aventura do conhecimento se fazendo.”fazendo.”

Page 39: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

“ “2.Texto e Contexto2.Texto e Contexto

Podemos definir literatura como tudo o que é Podemos definir literatura como tudo o que é escrito, (...) na concepção ampla do conceito. escrito, (...) na concepção ampla do conceito. Mas poderíamos delimitar mais e conceber Mas poderíamos delimitar mais e conceber literatura como: (...) textos concebidos com literatura como: (...) textos concebidos com intenção artística (...) uma instituição nacional intenção artística (...) uma instituição nacional (...) uma instituição regional (...) uma disciplina (...) uma instituição regional (...) uma disciplina escolar (...) um evento e uma eventualidade (...) a escolar (...) um evento e uma eventualidade (...) a verdade suspeita.”verdade suspeita.”

Page 40: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

Um esquema através do qual Antônio Candido explicou, de forma simples e magistral, os princípios da Semanálise de Júlia Kristeva.

Page 41: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

3. Teoria e prática: a posição do educador3. Teoria e prática: a posição do educador

“ “A alternativa que prefiro é uma terceira entre A alternativa que prefiro é uma terceira entre esses dois extremos que não quer ser esses dois extremos que não quer ser anacrônica nem modernosa, mas apenas anacrônica nem modernosa, mas apenas sensata e democrática, reconhecendo que às sensata e democrática, reconhecendo que às vezes nos é preciso ser um pouco arcaicos vezes nos é preciso ser um pouco arcaicos para trazer alguma inovação.”para trazer alguma inovação.”

Page 42: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

4. Em defesa do esteticamente correto4. Em defesa do esteticamente correto

“ “Se hoje, achamos que o conceito de literatura Se hoje, achamos que o conceito de literatura não pode mais ser o mesmo do século XIX, é não pode mais ser o mesmo do século XIX, é preciso, para superá-lo, analisá-lo, incorporá-preciso, para superá-lo, analisá-lo, incorporá-lo, ampliá-lo, passar por dentro dele. Ou lo, ampliá-lo, passar por dentro dele. Ou caímos na negação superficial, que não caímos na negação superficial, que não supera, mas apenas contorna o problema de supera, mas apenas contorna o problema de modo simplista e até mesmo condescendente, modo simplista e até mesmo condescendente, populista, discriminando quando se quer lutar populista, discriminando quando se quer lutar contra a discriminação.”contra a discriminação.”

Page 43: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

5. O direito à forma5. O direito à forma

“ “Não se pode, em nome da defesa das Não se pode, em nome da defesa das chamadas culturas indígena, negra, feminina, chamadas culturas indígena, negra, feminina, etc... Das chamadas minorias, que em muitos etc... Das chamadas minorias, que em muitos casos são maiorias, demonizar a literatura casos são maiorias, demonizar a literatura dita tradicional ou culta, mesmo porque ela dita tradicional ou culta, mesmo porque ela hoje também está ameaçada.” hoje também está ameaçada.”

“ “ Ela não corrompe nem edifica (...), mas Ela não corrompe nem edifica (...), mas trazendo livremente em si o que chamamos o trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver.”sentido profundo, porque faz viver.”

Page 44: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

6. Ler e reler ou caçar borboletas6. Ler e reler ou caçar borboletas

Improviso Improviso

(Manuel Bandeira)(Manuel Bandeira)

  

Cecília, és libérrima e exata Cecília, és libérrima e exata

Como a concha. Como a concha.

Mas a concha é excessiva matéria,Mas a concha é excessiva matéria,

E a matéria mata.E a matéria mata.

  

Cecília, és tão forte e tão frágilCecília, és tão forte e tão frágil

Como a onda ao termo da luta. Como a onda ao termo da luta.

Mas a onda é água afoga: Mas a onda é água afoga:

Tu, não, és enxuta.Tu, não, és enxuta.  

Cecília, és, como o ar,Cecília, és, como o ar,

Diáfana, diáfana.Diáfana, diáfana.

Mas o ar tem limites:Mas o ar tem limites:

Tu, quem te pode limitar? Tu, quem te pode limitar?

  

Definição:Definição:

  

Concha, mas de orelha;Concha, mas de orelha;

Água, mas de lágrimas:Água, mas de lágrimas:

Ar com sentimento. Ar com sentimento.

‑ ‑ Brisa, viração Brisa, viração

Da asa de uma abelha. Da asa de uma abelha.

(7 out, 1945)(7 out, 1945)

Page 45: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

""Definir = traçar os limites de..." (Dicionário Aurélio)Definir = traçar os limites de..." (Dicionário Aurélio)

  

"Uma definição é sorte. É pegar borboletas no ar, é"Uma definição é sorte. É pegar borboletas no ar, é

capturar. É ter um lado poético e um lado prosaico,capturar. É ter um lado poético e um lado prosaico,

duro. E a satisfação quando se vê aquilo cristalizado.”duro. E a satisfação quando se vê aquilo cristalizado.”

  

Aurélio Buarque de Hollanda Aurélio Buarque de Hollanda

Page 46: Grupo 6 Cláudia Mafra e Denise Braz EAGLETON, Terry. “O que é literatura” In Teoria da literatura: uma introdução. 4a.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001,

“ “Impossível definir literatura, porque definir, Impossível definir literatura, porque definir, já sabia o velho Aurélio, é traçar limites. Mas já sabia o velho Aurélio, é traçar limites. Mas ao mesmo tempo ela exige de nós uma busca ao mesmo tempo ela exige de nós uma busca constante, na tentativa sempre recomeçada por constante, na tentativa sempre recomeçada por uma definição essa que nos foge a cada vez uma definição essa que nos foge a cada vez com a asa de uma abelha ou como borboletas com a asa de uma abelha ou como borboletas no ar.” no ar.”