Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

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Pró-Reitoria de Graduação Curso de Comunicação Social Habilitação em Publicidade e Propaganda Trabalho de Conclusão de Curso GRUPO DE PLANEJAMENTO DE BRASÍLIA: DIAGNÓSTICO DO MERCADO E POTENCIAIS DIRETRIZES DE ATUAÇÃO Autora: Danielle Katrine Lima da Costa Orientadora: Profa. MSc. Valesca Ottoni Teatini de Andrade Lobo Brasília - DF 2014

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Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em Junho de 2014 na Universidade Católica de Brasília.

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Pró-Reitoria de Graduação

Curso de Comunicação Social

Habilitação em Publicidade e Propaganda

Trabalho de Conclusão de Curso

GRUPO DE PLANEJAMENTO DE BRASÍLIA: DIAGNÓSTICO

DO MERCADO E POTENCIAIS DIRETRIZES DE ATUAÇÃO

Autora: Danielle Katrine Lima da Costa

Orientadora: Profa. MSc. Valesca Ottoni

Teatini de Andrade Lobo

Brasília - DF

2014

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DANIELLE KATRINE LIMA DA COSTA

GRUPO DE PLANEJAMENTO DE BRASÍLIA: DIAGNÓSTICO DO

MERCADO E POTENCIAIS DIRETRIZES DE ATUAÇÃO

Monografia apresentada ao curso de graduação

em Comunicação Social pela Universidade

Católica de Brasília, como requisito parcial

para obtenção do título de Bacharel em

Publicidade e Propaganda.

Orientadora: Profa. MSc. Valesca Ottoni

Teatini de Andrade Lobo

Brasília – DF

2014

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Memorial descritivo do Trabalho de Conclusão de Curso de autoria de Danielle

Katrine Lima da Costa, intitulado “GRUPO DE PLANEJAMENTO DE BRASÍLIA:

DIAGNÓSTICO DO MERCADO E POTENCIAIS DIRETRIZES DE ATUAÇÃO”,

apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Publicidade e

Propaganda da Universidade Católica de Brasília, em 16 de Junho de 2014, defendido e

aprovado pela banca examinadora abaixo assinada:

___________________________________________________

Prof. MSc. Valesca Ottoni Teatini de Andrade Lobo

Comunicação Social – UCB

Orientadora

___________________________________________________

Prof. MSc. Suelen Brandes Marques Valente

Comunicação Social – UnB

___________________________________________________

Prof. Bruno Scartozzoni

Comunicação Social – USP e ESPM

Brasília – DF

2014

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Dedico este trabalho aos atuais e futuros Planejadores de Brasília,

independente do nível de atuação.

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AGRADECIMENTOS

Sou grata a Deus, que certamente acalmou meu coração aflito todas as vezes que

entrei em desespero. Agradeço à minha família, que o tempo inteiro apoiou o embrião

acadêmico e profissional do projeto, mesmo não entendendo sobre o que se tratava.

Especialmente minha mãe, Fátima Lima, minha irmã, Bruna Lima, meu pai, José Mário

Costa, minha avó, Bernarda Lima, e também meu padrasto, Luiz César Miranda.

À Matriz Comunicação, especialmente meus então colegas de departamento: Dannyllo

Silveira, Rafael Leão, Layanne Ribeiro, Gustavo Almeida, Amanda Abreu e Déborah de

Andrade, com quem vivi na prática os conceitos de união e companheirismo, e Ronaldo

Carvalho, que sempre foi nosso maior motivador. Novamente, ao Rafael, com quem a ideia

do Grupo começou a germinar, e, mais uma vez, ao Dannyllo, que sempre foi um grande

amigo pessoal e profissional. Ao Lucas Husni, por incentivar e cooperar ativamente com a

ideia do projeto desde o início. À minha orientadora Valesca Lobo, por ter abraçado o desafio

comigo e vibrado a cada conquista obtida durante toda a trajetória. À Eduarda Szochalewicz e

Luiz Felipe Nascimento, pela revisão textual do trabalho. À Suelen Valente e Bruno

Scartozzoni, por aceitarem fazer parte da comissão examinadora.

Agradeço ao Ricardo Bauab, que além de encorajar a realização do projeto, foi um

ótimo conselheiro. Seus puxões de orelha ajudaram para que a formatação da ideia entrasse

nos eixos. Ao Janu Schwab, com quem aprendi e ainda aprendo sobre a vida e sobre

Planejamento. “Sentar o braço no job” passou a ser um combustível diário que me incentiva a

fazer entregas cada vez melhores. Ao Lucas Mansur, que me ensinou a transformar dados em

conhecimento, e cobrança pessoal em responsabilidade. Vocês três foram essenciais.

Agradeço também a todos que aceitaram ser entrevistados: mais uma vez, Janu Schwab,

Ricardo Bauab e Lucas Mansur, Amanda Agapito, Bruna Pétalla, Bruno Lobo, Diego

Arelano, Emanuel Spyer, Guilherme Godinho e Mila Rocha. Aos que voluntariamente

responderam ao questionário utilizado para o projeto. À Carla Link e Cícero Rohr, que do

Sudeste e Sul do país me receberem via e-mail, Skype e me colocaram em contato com outras

fontes de informação. A todos que apoiaram e compareceram aos encontros realizados

paralelamente à trajetória deste trabalho.

Muito obrigada a todos vocês por contribuírem, mesmo que indiretamente, não apenas

com o desenvolvimento do trabalho e do Grupo, mas com o estofo da minha vida.

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“Sem conflito em uma história, não há movimento para frente. E não é

isso que os Planejadores mais querem – criar movimentos para

frente?” Adam Morgan

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RESUMO

No âmbito publicitário de Brasília, existe a percepção de que o mercado de

Planejamento é escasso e pouco experiente. A partir disso, foi acordada a ideia de criar o

Grupo de Planejamento de Brasília com o intuito de ajudar a desenvolver a profissão e

disciplina na cidade a partir das necessidades locais. Levando em consideração que houve

uma primeira tentativa de erguer o Grupo, sem sucesso, este trabalho visa identificar o

panorama da profissão na cidade e as reais necessidades do mercado no que diz respeito à

atuação de um Planejador dentro das agências de Publicidade, isto é, um diagnóstico para

nortear futuras ações para que o Grupo de Planejamento de Brasília possa cooperar tanto com

o profissional da área quanto com o mercado.

Palavras-chave: Comunicação, Publicidade, Planejamento, Brasília.

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ABSTRACT

In the Brasília's sphere of advertising, there is the perception of a scarce and

inexperienced Planning market. The creation of the Account Planning Group Brasília came

from this idea, to develop and aid this profession based on the local necessities. Taking in

consideration that there was an unsuccessful first attempt to create the Group, this project

pretends to identify the Planners perspective and real necessities regarding their role inside

Advertising Agencies. That is to create a diagnose guiding the Account Planning future

actions, cooperating with the Planner and the market necessities.

Keywords: Communication, Advertising, Account Planning, Brasília.

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LISTA DE QUADROS

Capítulo 2

Quadro 1 – Classificação técnica dos níveis profissionais, p. 34

Capítulo 3

Quadro 2 – Participantes por cargo, p. 38

Quadro 3 – Participantes por tipos de companhia, p. 38

Quadro 4 – Participantes por tamanho da companhia, p. 39

Quadro 5 – Participantes fora dos Estados Unidos, p. 40

Capítulo 6

Quadro 6 - A mostra de agências de Publicidade locadas em Brasília, p.58

Capítulo 7

Quadro 7 - Quais tipos de serviço a agência que você trabalha oferece?, p. 61

Quadro 8 - Atualmente, quais segmentos de mercado ela atende?, p. 62

Quadro 9 - Vocês possuem departamento de Planejamento em Brasília,

mesmo que conte com uma única pessoa?, p. 62

Quadro 10 - Se sim, por quantas pessoas ele é composto?, p. 63

Quadro 11 - Com relação ao gênero, quantos integrantes são do sexo feminino e quantos são

do sexo masculino?, p. 64

Quadro 12 - Por quais cargos eles(as) estão distribuídos(as)? (Se não tiver o departamento

em Brasília, pule esta questão.), p. 64

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Quadro 13 - Alguma(s) pessoa(s) do departamento veio(vieram) de outro estado

exclusivamente para trabalhar nessa agência, mesmo que esta pessoa seja você? (Se não tiver

o departamento, pule esta questão.), p. 65

Quadro 14- Se sim, qual cargo ela(s) ocupa(m)? (Se nenhuma pessoa for de outro estado ou se

a agência não tiver o departamento, pule esta questão.), p. 65

Quadro 15 - Caso a agência que você trabalha não conte com um departamento de

Planejamento, existe a intenção de adicioná-lo no período de até 1 (um) ano? (Se tiver o

departamento, pule esta questão e obrigada por participar.), p. 65

Quadro 16 - Agências que têm Planejadores locados em Brasília e os serviços que elas

oferecem, p. 67

Quadro 17 - Agências que têm Planejadores locados em Brasília e os segmentos de cliente

que elas atendem, p. 68

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 14

Problematização........................................................................................................................ 15

Objetivos ................................................................................................................................... 17

Justificativa ............................................................................................................................... 17

Metodologia .............................................................................................................................. 18

1. A ORIGEM DO PLANEJAMENTO NAS AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE ................... 20

1.1. Configurações no mercado de Marketing e Publicidade na década de 1950 .................... 21

1.2. Reino Unido: o berço do Planejamento ............................................................................. 22

1.3. A chegada do Planejamento nos Estados Unidos .............................................................. 23

1.4. A chegada do Planejamento no Brasil ............................................................................... 24

2. QUAL O PAPEL DO PLANEJAMENTO? ......................................................................... 26

2.1. Uma reflexão sobre o desenvolvimento da área ................................................................ 26

2.2. Áreas de conhecimento que a disciplina abrange .............................................................. 27

2.3. Definição técnica do profissional Júnior, Pleno e Sênior .................................................. 33

3. O DESENVOLVIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE PLANEJAMENTO .................... 35

3.1. A busca do mercado por Planejadores experientes e talentosos ........................................ 35

3.2.Planner Survey: uma amostra da comunidade de Planejamento do mundo inteiro ........... 37

4. MERCADO PUBLICITÁRIO DE BRASÍLIA .................................................................... 41

4.1. Breve resumo: como as contas de Governo chegaram às agências da Capital Federal..... 41

5. PLANEJAMENTO EM BRASÍLIA .................................................................................... 44

5.1. Os segmentos de cliente de acordo com a percepção de alguns profissionais .................. 44

5.2. O movimento do mercado de Planejamento em Brasília .................................................. 47

5.3. Vagas e níveis de atuação: como anda esse cenário? ....................................................... 53

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6. UMA AMOSTRA DOS DEPARTAMENTOS SITUADOS NAS AGÊNCIAS DE

PUBLICIDADE LOCADAS EM BRASÍLIA ......................................................................... 57

6.1. Metodologia utilizada ........................................................................................................ 57

6.2. Resultados: 46,9% do mercado já conta com departamentos de Planejamento ................ 58

7. PESQUISA QUANTITATIVA: RELAÇÃO DAS AGÊNCIAS LOCADAS EM

BRASÍLIA COM O DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO ......................................... 60

7.1. Metodologia utilizada ........................................................................................................ 60

7.2. Resultados obtidos: o cenário está em voga ...................................................................... 60

7.3. Principais insights da pesquisa quantitativa ...................................................................... 66

8. COMO OS PROFISSIONAIS ACREDITAM QUE UM GRUPO DE PLANEJAMENTO

PODE CONTRIBUIR COM O PLANEJADOR EM BRASÍLIA ........................................... 69

8.1. Primeiras impressões: união dos Planejadores e democratização da disciplina ................ 69

8.2. Faculdade x Mercado: outra urgente aproximação ............................................................ 71

8.3. Outras possíveis esferas de atuação ................................................................................... 74

9 – REFERÊNCIAS: GRUPO DE PLANEJAMENTO DO RIO GRANDE DO SUL E

GRUPO DE PLANEJAMENTO E ATENDIMENTO DO PARANÁ .................................... 76

9.1. Metodologia utilizada ....................................................................................................... 76

9.2. Surgimento e objetivos ...................................................................................................... 76

9.3. Atividades .......................................................................................................................... 77

9.4. Definições estatuárias ........................................................................................................ 79

10. GRUPO DE PLANEJAMENTO DE BRASÍLIA .............................................................. 86

10.1. Afinal, quem é o público-alvo? ...................................................................................... 86

10.2. Em suma, as principais descobertas da pesquisa ............................................................. 89

10.3. Potenciais diretrizes de atuação do Grupo ....................................................................... 93

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11. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 95

12. DIÁRIO DE BORDO ......................................................................................................... 98

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 102

Apêndice A: Questionário quantitativo .................................................................................. 106

Apêndice B: Roteiro das entrevistas qualitativas ................................................................... 110

Anexo A: Relação de agências e departamentos do Distrito Federal (LACOMBE, 2013) ... 111

Anexo B: Estatuto do GPRS ................................................................................................... 117

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INTRODUÇÃO

Planejamento é uma área que, mesmo tendo surgido em 1967 no Reino Unido e

disseminado-se para vários outros países, ainda carrega dúvidas sobre a melhor forma

de se desempenhar a função dentro de uma agência de Publicidade. No final da década

de 70 já haviam tentativas para se preencher essa lacuna, exemplo disso foi a criação do

Account Planning Group UK1, atuante até hoje, que teve (e ainda tem) como principal

objetivo ajudar a promover e desenvolver a profissão e disciplina de Planejamento. Essa

iniciativa estimulou a criação de Grupos de Planejamento em vários locais do mundo, e,

em 2002, o Grupo de Planejamento deu seus primeiros passos em São Paulo. Apesar do

Grupo ser destinado a todos os interessados pela profissão e disciplina de Planejamento,

algumas regiões criaram seus próprios Grupos, ajustando-os às particularidades de

mercado que cada uma possui.

Brasília é o terceiro maior pólo de publicidade do Brasil - fica atrás apenas do

eixo Rio-São Paulo - devido às contas governamentais que imperam na cartela de

clientes de algumas agências que tem estrutura na cidade2. No entanto, o

amadurecimento dos profissionais na Capital é bastante restrito: existem poucos

insumos que contribuam diretamente com Publicidade, menos ainda com Planejamento.

Grosso modo, existe a percepção de que Brasília tem um mercado pouco maduro, em

especial para a profissão e disciplina de Planejamento. Agora, com o mercado em

crescimento, a demanda por profissionais da área tem aumentado, mas a oferta de mão-

de-obra qualificada ainda é baixa. Visto este cenário, algumas agências recorrem a

profissionais de mercados mais maduros, como São Paulo, para confiar vagas de

Planejadores, que mesmo assim passam por embaraços devido a peculiaridade do

mercado brasiliense.

Tendo em vista a particularidade desse cenário, foi acordada a ideia de criar o

Grupo de Planejamento de Brasília, que já tentou ser desenvolvido pela autora deste

trabalho, sem sucesso, mas que agora busca ser devidamente efetivado ancorado pelo

1 Grupo de Planejamento do Reino Unido.

2 Disponível em: http://portaldacomunicacao.uol.com.br/graficas-livros/19/artigo201137-1.asp Acesso

em: 19 de Set. 2013

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estudo aqui presente. O Grupo tem como principal proposta unir os profissionais do

mercado local e buscar amadurecimento para a área, e pode ser um lugar comum para

troca de ferramentas e conhecimento, desenvolvimento profissional e relações

interpessoais, ou seja, um benefício tanto para iniciantes quanto para profissionais

Seniores. Portanto, este trabalho visa diagnosticar o mercado de Planejamento

brasiliense e suas necessidades, bem como potencias diretrizes para o Grupo; depois,

essa pesquisa será utilizada em prol do desenvolvimento do Grupo de Planejamento de

Brasília para que suas futuras ações sejam assertivas no mercado da cidade.

PROBLEMATIZAÇÃO

De acordo com profissionais do mercado publicitário de Brasília, existem duas

percepções sobre Planejamento na cidade: 1) a área é pouco desenvolvida; 2) grande

parte de seus profissionais são Juniores. Esse entendimento geral é pautado no que é

visto dentro das agências locadas na Capital, o que de fato é preocupante, tendo em

vista as fundamentações que um Planejador deve ter em essência. Segundo Loyola,

O setor de Planejamento, nas agências de publicidade, deveria ser composto

pelos profissionais mais experientes e que reúnam a maior vivência prática e

teórica em todas essas áreas de concentração. O profissional de planejamento

é a pessoa que vai, com base em estudos de mercado, traçar as estratégias de

comunicação para um cliente, a pequeno, médio e longo prazo. Podendo,

rever e propor, inclusive, o seu posicionamento. [...] A estratégia criativa

desenvolvida pelo profissional de planejamento tem o poder de aumentar do

recall de uma empresa, como anular completamente a sua ação no mercado.

Por isso a importância de pessoas com grande bagagem profissional para

desempenhar esta função. (LOYOLA, 2002, p.3)

O Planejamento é uma área que, além de trabalhar em conjunto com o

Atendimento, Criação e Mídia, tem influência direta no negócio do cliente, uma vez que

é ele quem faz os apontamentos estratégicos e criativos a serem seguidos pela marca nas

campanhas. Portanto, um mercado profissional envolvido em aspectos tão delicados e,

ainda, com poucas pessoas de fato experientes, necessita de um meio para conseguir se

desenvolver em teoria e prática, o que traz para o Grupo de Planejamento questões

fundamentais como: Qual é a função ideal dos Planejadores de Brasília? Por que há

pouco insumo para esses profissionais? O que pode ser feito para ajudar a amadurecê-

los enquanto Planejadores? São esses questionamentos e observações que originam a

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proposta deste trabalho, levando em consideração, também, a importância dos Grupos

de Planejamento na formação dos profissionais da área.

De acordo com pesquisa realizada pela autora deste trabalho, diversos Grupos de

Planejamento do mundo e do Brasil3 seguem a mesma premissa: são entidades sem fins

lucrativos, criadas com o intuito de ajudar a desenvolver a profissão e disciplina de

Planejamento em sua conjuntura local. Por exemplo, o Grupo de Planejamento que atua

em São Paulo tem como principais objetivos4:

Ajudar a desenvolver a compreensão do papel e perfil do planejamento, assim

como seu valor percebido;

Ampliar o círculo de talentos atraídos pela e para a disciplina;

Promover treinamento e estímulo para os profissionais envolvidos no processo

de planejar;

Encorajar a definição de best practices e novas abordagens no mercado;

Incentivar um amplo fórum de discussão, alimentação e troca de ideias;

Inspirar a manter a “chama acesa”.

Como dito anteriormente, devido ao fato de Brasília possuir um mercado de

Planejamento diferenciado dos demais, tanto por ser relativamente jovem, quanto pelo

forte segmento governamental, o intuito é oferecer, por meio do Grupo de Planejamento

de Brasília, um lugar comum de encontro entre esses profissionais e formas para ajudá-

los em termos de formação, sendo eles iniciantes ou experientes. Acredita-se que dessa

forma, o Grupo estará cooperando com o desenvolvimento dos profissionais de

Planejamento e, em consequência, com o mercado na cidade.

Portanto, levando em consideração tantos questionamentos, busca-se

desenvolver este trabalho para responder a seguinte pergunta-problema: Quais

necessidades o mercado planejador brasiliense possui que o Grupo de Planejamento de

Brasília pode ajudar a solucionar?

3 Tais como: Account Planning Group UK, Account Planning Group Australia, Grupo de Planejamento

São Paulo.

4 Disponível em: < http://grupodeplanejamento.com.br/_2010/quem-somos/> Acesso em: 23 de Abr.

2013.

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OBJETIVOS

Geral:

Elaborar um diagnóstico do mercado planejador de Brasília com o intuito de

subsidiar futuras ações do Grupo de Planejamento de Brasília.

Específicos:

Analisar o cenário em que o Planejamento se encontra na cidade;

Identificar as necessidades que o mercado possui e apontar em quais direções o

Grupo pode ajudá-lo;

Cooperar com o amadurecimento do profissional de Planejamento, bem como o

mercado planejador de Brasília.

JUSTIFICATIVA

Planejamento é uma área do ramo publicitário que surgiu em 1967 na J. Walter

Thompson Londres, e que, no Brasil, chegou por volta da mesma época em São Paulo

por meio de agência homônima.

Por até então ser uma novidade dentro do ambiente publicitário, sem

profissionais direcionados à área enquanto disciplina ou departamento, a necessidade de

criar um grupo para colaborar com o desenvolvimento de tais profissionais logo surgiu.

Em razão disso, no ano de 1979 surgiu o primeiro Grupo de Planejamento, em Londres.

O Account Planning Group UK foi virando referência, despertou em outros países o

desejo de também criar seus próprios Grupos e, em 2002, nasceu o Grupo de

Planejamento em São Paulo. Apesar de ser o maior do Brasil, existem Grupos de

Planejamento regionais, que geralmente contam com focos que diferem de acordo com

a particularidade de cada mercado local.

Contextualizando esse cenário geral com o brasiliense, é possível observar que o

mercado planejador de Brasília vive uma realidade diferente dos outros estados. As

contas do Governo, por exemplo, que imperam parte da cartela de clientes das agências

da Capital, há algum tempo, pouco demandavam o trabalho de um planejador,

provavelmente pelo fato de suas campanhas apresentarem bastante pontualidade. Por

isso, diversas agências preferiam acionar suas equipes de Planejamento da matriz – mais

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comumente, São Paulo – para atender eventuais demandas. No entanto, há cerca de um

ou dois anos até o presente momento, a procura por Planejadores em Brasília cresceu e

o quadro inverteu: se antes a procura por um profissional da área era quase que

inexistente, agora a oferta de Planejadores qualificados para preencher as vagas

disponíveis é escassa. Aparentemente, o mercado anseia por profissionais em Brasília, e

na falta deles, a alternativa é trazer profissionais de São Paulo e outros estados para

ocupar tais cargos. Portanto, para o desenvolvimento de um Grupo de Planejamento na

capital é fundamental conhecer a fundo o mercado brasiliense e identificar suas reais

necessidades, para que assim o Grupo tome as decisões necessárias e contribua com o

desempenho dessa mão de obra.

O tema proposto é relevante para todos que estudam ou trabalham com

Publicidade e Propaganda, sobretudo para os Planejadores e em especial para aqueles

que pretendem seguir com a área de Planejamento em agências de Publicidade em

Brasília. Além disso, este projeto traduz-se na tentativa de entender a atual realidade do

mercado planejador de Brasília, que está em processo de crescimento, e com o futuro

dele.

METODOLOGIA

Uma vez que o objetivo deste trabalho é elaborar um diagnóstico que auxilie as

futuras ações do Grupo de Planejamento de Brasília no processo de apoio à formação

dos Planejadores e do mercado de Planejamento da cidade, trata-se de uma pesquisa de

caráter exploratório, que “tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e

modificar conceitos, com vistas à formulação de problemas ou hipóteses pesquisáveis”

(GIL, 1991 apud CAVALCANTI, 2013).

Primeiramente, foi feito um levantamento bibliográfico sobre a história,

desenvolvimento e papel do Planejamento utilizando livros como A Arte do

Planejamento, de Jon Steel, Advertising Account Planning: Planning and Managing an

IMC Campaign, de Larry Kelley e Donald Jugenheimer, a pesquisa Planner Survey

2012/2013 dentre outros diversos materiais de leitura. Entender a história, conceitos e

como o Planejamento se desenvolveu foi basicamente a primeira etapa do projeto.

Feito isso, foi realizada uma pesquisa quantitativa, por meio de questionário

fechado, aplicada a uma amostra de noventa e oito agências com escritório na Capital

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19

para identificar o panorama da área de Planejamento na cidade e quantificar agências

que possuem o departamento. Foram quantificadas também as que não possuem tal

departamento, as que pretendem contar com ele no período de até um ano e, para

aquelas que não visam ter este departamento, foi levantado o porquê desta escolha. Este

questionário foi aplicado por meio da ferramenta Survey Monkey, disponível na Internet,

no período de Março a Maio de 2014.

No entanto, o maior pilar do trabalho foi a pesquisa qualitativa, que contou com

entrevistas individuais feitas com os seguintes grupos:

1) Planejadores Seniores das agências que possuem o departamento em Brasília, onde o

intuito foi entender seus desafios e anseios em relação ao mercado (cliente,

contratações, relacionamento com os demais departamentos), e como acreditam que um

Grupo de Planejamento poderia cooperar com o mercado da cidade;

2) Um Estagiário e uma Assistente de Planejamento, com o intuito de entender a

percepção deles, que são iniciantes, sobre a área na cidade;

4) Uma Diretora de Atendimento com mais de 15 anos atuando em Brasília, onde o

objetivo foi saber o panorama da área nos anos 2000, como ela julga o Planejamento e

diante de quais necessidades procura por um profissional com essa expertise;

5) Uma das fundadoras do Grupo de Planejamento do Rio Grande do Sul e o atual

Presidente do Grupo de Planejamento e Atendimento do Paraná, com o objetivo de

entender os formatos dos Grupos regionais: como surgiram, como foram realizadas as

parcerias com outras entidades, as atividades realizadas, dentre outros, para, por fim,

tentar entender como o Grupo de Planejamento de Brasília funcionaria na prática e

também burocraticamente.

Todas as entrevistas deram suporte para o melhor entendimento dos anseios do

mercado-agência e do mercado-cliente em relação à disciplina de Planejamento (sendo

ela presente ou atuante à distância), e, por consequência, as principais necessidades a

serem supridas em Brasília.

Acredita-se que após a coleta e análise de todos esses itens metodológicos, o

Grupo de Planejamento de Brasília percorrerá bons caminhos para ajudar o Planejador,

o mercado de Planejamento, e consequentemente o mercado publicitário de Brasília a

desenvolver-se em teoria e prática.

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1. A ORIGEM DO PLANEJAMENTO NAS AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE

Antes do introito, é importante esclarecer a utilização de dois conceitos neste

trabalho para evitar conflitos de entendimento durante a leitura. São eles: profissão e

disciplina, uma vez que são citados constantemente como as esferas que o Grupo de

Planejamento de Brasília pretende ajudar a desenvolver.

O termo “disciplina” tem significado ambíguo e pode ser utilizado em duas

diferentes condições:

1) De disciplina da matriz curricular de uma escola ou universidade;

2) De ensino, instrução e educação5, que não são provenientes necessariamente de

uma escola ou universidade.

No caso, o Grupo de Planejamento de Brasília atua utilizando a segunda

condição, uma vez que pretende ser um plus6 na carreira dos atuais e futuros

profissionais de Planejamento. Portanto, todas as vezes em que o texto citar o termo

“disciplina”, o mesmo faz referência ao ensino, instrução e educação a respeito do

Planejamento além do campo acadêmico. Quando “disciplina” for mencionada

referindo-se àquela de matriz curricular, haverá a especificidade no trecho.

O termo "profissão" tem como uma de suas definições no Dicionário de

Português Online Michaelis a "ocupação, emprego que requer conhecimentos especiais

e geralmente preparação longa e intensiva; ofício"7, portanto é empregado neste

trabalho como o exercício da disciplina de Planejamento. Em suma, o Grupo de

Planejamento de Brasília tem como objetivo colaborar com o desenvolvimento da

profissão de Planejamento por meio de sua disciplina.

5Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-

portugues&palavra=disciplina Acesso em: 28 de Set. 2013

6 Distinção, relevo, destaque.

7Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-

portugues&palavra=profiss%E3o Acesso em: 28 de Set. 2013

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1.1. Configurações no mercado de Marketing e Publicidade na década de 1950

A origem do departamento de Planejamento dentro das agências deu-se por

conta de várias transformações que aconteciam no âmbito publicitário por volta da

década de 1950.

Nessa época, as agências de publicidade eram pioneiras em pesquisa de

mercado: quando elas mesmas não exerciam a função de pesquisar o contexto de

atuação da marca, assim como os hábitos de consumo do público-alvo, delegavam o

trabalho para empresas subsidiárias. Portanto, de uma forma ou de outra, as informações

sobre o cenário em que a marca do cliente estava inserida eram fornecidas pela agência

de Publicidade contratada. Ou seja, as agências eram portadoras de dados e informações

sobre o consumidor, assim como tinham conhecimento de informações mais genéricas

do mercado e das tendências do ambiente em que a marca do cliente estava inserida

(KELLEY; JUGENHEIMER, 2011, p.4, tradução nossa). A relação entre cliente e

agência começou a mudar a partir do momento em que os clientes começaram a aderir

seus próprios gerentes de marca para cuidar de busines8s específicos de mercado. Assim

sendo, os clientes não mais precisariam das agências de Publicidade para entender o

próprio negócio, uma vez que eles já contavam com um gestor interno para atender a

essa demanda (Ibidem).

Na década de 1960 as agências passaram a cuidar especificamente da

Publicidade de seus clientes, enquanto os chamados “Gerentes de marca” atendiam às

estratégias de marketing. As agências de Publicidade, então, passaram a ter um papel

um pouco mais limitado frente seus clientes, cuidando especificamente da comunicação

e atribuindo, desta forma, uma nova realidade de desempenho às agências de

Publicidade (Ibidem). Essa nova realidade de mercado fez com que os papéis exercidos

dentro das agências fossem repensados, ou melhor, fez com que os processos fossem

reavaliados, e foi a partir do pulsar desse novo cenário que o Planejamento começou a

surgir enquanto departamento.

8 Negócios.

Page 22: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

22

1.2. Reino Unido: o berço do Planejamento

Ao explorar o livro Advertising Account Planning: Planning and Managing an

IMC Campaign, de Kelley e Jugenheimer (2011), é possível afirmar que, ainda no final

da década de 1960, as agências inglesas J. Walter Thompson (JWT) e Boase Massimi

Pollit (BMP) perceberam a necessidade de integrar o Planejamento dentro de suas

respectivas equipes, não apenas como um processo de trabalho, mas como

departamento. Mesmo que ambas tenham partido dos mesmos pressupostos para a

implementação do departamento dentro de suas agências, cada uma seguiu um caminho

diferente no que diz respeito ao papel da seção de Planejamento.

Ainda de acordo com os autores, a BMP delegou ao Planejamento a função da

pesquisa. Essa função é uma espécie de background9 realizada antes de ser enviada para

as demais áreas, o que indica, a partir de seus dados e conclusões, qual melhor caminho

a ser seguido. De acordo com a cultura de Planejamento criada primordialmente pela

BMP, o Planejador realizava a pesquisa e, posteriormente, passava-a para o Gerente de

Contas. Nos moldes processuais criados pela agência, era dever deste profissional

analisar e interpretar os dados coletados na pesquisa feita pelo Planejador. No entanto, a

BMP percebeu falhas nessa forma de trabalho, primeiro porque não era necessariamente

competência do Gerente de Contas a expertise em analisar e interpretar dados; depois,

porque ele era muito próximo ao negócio do cliente, o que dificultava uma percepção

mais objetiva sobre o que consumidor quer, pensa ou espera da marca; e por último,

ficaria a cargo do Gerente de Contas tanto a preocupação com a satisfação do cliente em

relação a todo o trabalho da agência quanto o direcionamento criativo. Pensando nisso,

a BMP desenvolveu o departamento de Planejamento de forma que ele ficasse em

igualdade com o departamento de contas e o Criativo da agência. Quer dizer, a BMP

trouxe a pesquisa para a frente do processo, de forma a auxiliar o Gerente de Contas a

orientar o cliente, e de igual modo, utilizou do mesmo artifício direcionando-a à

Criação, para que a mesma pudesse desenvolver mensagens para influenciar o

consumidor. No desempenho deste papel, Stanley Pollitt, um dos sócios da BMP, previu

o que chamaram de “account man’s conscience”10

, alguém que ajudaria no

9 Contexto, base de informações.

10 Consciência da conta.

Page 23: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

23

direcionamento da estratégia criativa determinando a mensuração da campanha. Em

contrapartida, a JWT via que o departamento de Planejamento precisava de uma função

mais holística do que a determinada, a priori, pela BMP:

No modelo BMP, o Planejador seria um Estrategista Criativo trabalhando

com o Gerente de Contas e o departamento criativo e, finalmente, a

mensuração da campanha. [...] Na JWT, o Planejador teria um papel

importante na estratégia completa de Publicidade, desde a definição do papel

que a mesma desempenha em uma conta para o target11

, estratégia de mídia,

e posicionamento de marca, bem como a estratégia e desenvolvimento

criativo. (Ibidem, p. 5, 6)

1.3. A chegada do Planejamento nos Estados Unidos

Depois de estabelecido pela BMP e JWT, o Planejamento passou a tomar forma

na década de 1970 em várias outras agências de Publicidade no Reino Unido afora. A

partir da adesão e desenvolvimento do departamento e disciplina utilizando várias

práticas e critérios, foi criado, em 1979, o Account Planning Group – ou apenas Grupo

de Planejamento. A criação do Grupo permitiu o rompimento da disciplina de

Planejamento, levando cada vez mais agências a aderirem e clientes a acreditarem no

potencial do Planejamento para a rentabilidade de seus negócios. (Staveley, 1999 apud

HABBERSTAD, p. 9, 10, tradução nossa).

A configuração do Planejamento mudou na transição da Inglaterra para os

Estados Unidos. Segundo Habberstad relata, a Chiat / Day (atual TBWA / Chiat / Day)

foi a pioneira americana a adotar o Planejamento como departamento dentro de sua

agência: "Jay Chiat era um grande admirador da Publicidade britânica e sentia que a

razão para que ela fosse mais bem sucedida do que a publicidade dos EUA era por causa

do uso do Planejamento de Contas" (O’MALLEY, 1999 apud HABBERSTAD, p. 10,

tradução nossa). Chiat contratou Jane Newman, Planejadora britânica que começou sua

carreira na BMP de Londres, para começar a montar o primeiro departamento de

Planejamento da agência. A partir de sua contratação, Jane captou outros Planejadores

do Reino Unido para formar uma equipe. Durante a década de 1980, a Chiat/Day foi

uma das agências americanas mais premiadas, chegando a ser nomeada Agência do Ano

pelo renomada Advertising Age12

. A agência ganhou diversos Leões do Festival

11 Público-alvo.

12 Conceituada revista americana sobre notícias e pesquisas do universo da propaganda e marketing. Em:

http://adage.com/ Acesso em: 21 de Nov. 2013

Page 24: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

24

Internacional de Criatividade de Cannes13

, além do Grand Effie, que premia a eficácia

da propaganda. A partir do perceptível sucesso adquirido pela Chiat/Day,

provavelmente pelo investimento em um departamento de Planejamento, outras diversas

agências americanas passaram a utilizar a disciplina dentro de seus escritórios,

contratando Planejadores da Chiat/Day ou importando profissionais do Reino Unido

(O’MALLEY, 1999 apud HABBERSTAD, p. 10, tradução nossa).

Ainda de acordo com O’Malley (1999) citado por Habberstad, a disciplina de

Planejamento, mesmo com seu notável sucesso, tinha dificuldade em ser implementada

nas agências dos EUA especialmente pelo fato de o mercado publicitário americano ser

muito maior do que o mercado publicitário britânico; dificuldades enquanto mercado

com cultura empresarial quantitativa, agências com modelos burocráticos, clientes

estruturados e, talvez um dos pontos cruciais, a falta de Planejadores qualificados para o

exercício da área.

Portanto, é possível perceber de imediato que o Planejamento atua de diferentes

formas de acordo com a cultura do país em que a disciplina é exercida, assim como a

cultura da própria agência onde a mesma é inserida. Este trabalho está pautado

exatamente nas distinções das esferas culturais que permitem, ou não, o Planejamento

ser concebido como área. Mais adiante, veremos como a disciplina aplica-se ao mercado

Publicitário do Brasil e de Brasília.

1.4. A chegada do Planejamento no Brasil

Como dito anteriormente, enquanto o Planejamento desenvolvia-se no Reino

Unido em meados da década de 1960, outros países também adotavam a disciplina

como método e departamento de trabalho. No Brasil, é possível dizer que Hélio Silveira

da Motta foi precursor da disciplina quando ainda trabalhava na J. Walter Thompson de

São Paulo, por volta de 1958, época em que a disciplina estava consolidando-se como

departamento na cultura empresarial da agência14

. Logo após sair da JWT, Hélio

trabalhou como Planejador na Denison e, posteriormente, na Almap - antiga Alcântara

13 Maior premiação mundial de criatividade em Publicidade e Propaganda.

14 Disponível em: http://unplanned.com.br/coluna/conexoes/helio-silveira-da-motta-o-primeiro-planner-

do-brasil-2/ Acesso em: 22 de Set. 2013

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25

Machado Propaganda -, onde foi Diretor de Planejamento durante 10 anos (ABREU,

2007). Por esses lugares onde passou, Hélio teve a oportunidade não apenas de formar

novos profissionais que hoje são reconhecidos no mercado (como Julio Ribeiro) mas

também de firmar as funções delegadas a um Planejador; inclusive, criou os 10

mandamentos do Planejamento15

. Hélio, portanto, é considerado o primeiro Planejador

do Brasil, responsável pelo começo da disseminação da área no país.

15 Disponível em: http://www.umacoisaeoutra.com.br/marketing/IMAGES/helio6.png Acesso em: 22 Set.

de 2013.

Page 26: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

26

2. QUAL O PAPEL DO PLANEJAMENTO?

2.1. Uma reflexão sobre o desenvolvimento da área

Antes do Planejamento surgir enquanto departamento, alguns Criativos já

planejavam. De acordo com Jurandir Craveiro, ex Head of Planning da JWT América

Latina e atual Head of Planning da agência Colmeia,

O criativo não precisa, em princípio, de um Planejador. Mas isso não

significa que não possa receber contribuições fundamentais. E acredito que

ele ou ela nunca tenha precisado tanto de um Planejador ao seu lado como no

atual mundo “beta”, em mudança constante e acelerada. (CRAVEIRO, 2011)

Claramente, qualquer pessoa dentro de uma agência é capaz de planejar, embora

nem todas exerçam o ato com maestria. Por exemplo, de praxe, um Redator precisa ter

conhecimentos técnicos de texto além de uma boa bagagem de referências para criar

títulos, slogan16

s e outros escritos criativos. Atentar-se a outras esferas de conhecimento

como profundo entendimento do negócio do cliente, tendências de consumo ou até

mesmo uma análise da concorrência demandaria um esforço que essencialmente deve

vir do trabalho do Planejador. Não que um Redator não possa ou não deva ter ciência

desses conhecimentos, mas a visão dele sobre a marca ou campanha do cliente

comumente tem viés criativo, enquanto a do Planejador é estratégica. E é aí que está a

importância de ter profissionais para exercer o papel de Planejamento, uma vez que

essa, além de abraçar diversas esferas de conhecimento, é ancorada pelo pensamento

estratégico. E ainda assim, não é uma tarefa simples executar o trabalho de

Planejamento. Ainda de acordo com Jurandir,

A cada dia surgem novos canais, meios e contextos, cujo funcionamento

apenas começamos a compreender e que se modificam o tempo todo. São

novos comportamentos, atitudes, hábitos e aspirações que se formam, se

avolumam e se modificam de novo, mais rapidamente do que podemos

acompanhar. O maior desafio atual é fundir os valores do Planejamento

publicitário e do Planejamento de marca ao planejamento dessas novas

formas de comunicação e conexão. E encaixar esses valores na “caixa-ainda

preta” do processo criativo multiplataforma. Ibidem

De fato, a resposta sobre qual é o papel do Planejamento parece estar em

constante mutação, uma vez que as tarefas atribuídas diversificam de acordo com a

16 Frase de fácil memorização que resume as características de um produto, serviço ou até pessoa.

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27

instantaneidade da vida moderna e das necessidades humanas. Além disso, entende-se

que quanto mais o tempo passa e a função do Planejamento se diversifica, mais cresce a

parcela de pessoas que se interessam pelo exercício da área.

Mas há outras questões, decorrentes da explosão do Planejamento nos

últimos dez ou quinze anos, que refletem as dores do crescimento. Uma nova

geração de Planejadores está bombando no mercado. Se há escassez de

recursos experientes, sobram ideias e paixões nesses jovens supermotivados,

antenados e sem vícios, com muita sede de aprender, experimentando e

praticando. A experiência do passado tem um valor enorme (não serei eu a

dizer o contrário). Mas o conhecimento do agora vale cada vez mais: o que

está rolando no mundo e na vida das pessoas é uma nova forma de saber, que

se torna cada vez mais essencial. Ibidem

Isto é, mesmo com uma demanda frequente, a oferta nem sempre a atende, e

muitas vezes isso é fruto do entendimento que os clientes (e até mesmo os donos e

Diretores de agências) têm sobre o que é Planejamento e como o mesmo deve estar ou

se comportar dentro do processo de trabalho. Ese questionamento será discutido em um

tópico mais adiante.

2.2. Áreas de conhecimento que a disciplina abrange

Mesmo com profissionais de Planejamento atuantes no mercado publicitário

desde a década de 1960, ainda existe uma pergunta que perdura na mente de

profissionais de outros departamentos, donos de agências e até mesmo dos próprios

Planejadores: afinal, qual o papel do Planejamento? Como foi possível ler nos

parágrafos anteriores, o Planejador, mesmo com funções delegadas desde a fundação da

profissão, é uma figura orgânica que transita pelo ambiente em que a marca está

inserida, pelos anseios e necessidades do consumidor, sempre em busca das melhores

informações e insights17

para tornar a propaganda mais eficiente e, claro, pelas demais

áreas da agência. Em entrevista ao blog Unplanned18

, Laura Chiavone, sócia da

17 1. O poder de discernimento e compreensão das coisas. 2. Conhecimento intuitivo para a solução de

um problema. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?palavra=insight

Acesso em: 21 de Nov. 2013

18 Blog brasileiro focado em assuntos sobre e relacionados a Planejamento. Disponível em:

<http://unplanned.com.br/> Acesso em: 28 de Out. 2013

Page 28: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

28

consultoria especializada em Planejamento Limo Inc. e Vice-Presidente de

Planejamento da DM9BBDO, sinaliza a contribuição da área à Comunicação19

:

O Planejamento é uma ferramenta que auxilia na eficiência e robustez da

construção de marcas a partir da análise de diversos fatores, do uso de um

repertório amplo e da responsabilidade de tomar decisões estratégicas de

comunicação em diversos canais. (CHIAVONE, 2009 apud VILELA, 2009)

E quais são as funções que a disciplina, em sua essência, deve cumprir? De

acordo com o Account Planning Group (2001, p. 4, tradução nossa), o papel que o

Planejamento deve desempenhar corresponde a uma compilação de itens20

. São eles:

Pesquisa de Mercado

Muitos Planejadores surgiram a partir da pesquisa de mercado feita pela agência.

Jane Newman, inclusive, dizia que o Planejador era um subordinado da pesquisa

de mercado. A pesquisa, afinal, é o componente principal da espinha dorsal

deste profissional e não é um elemento isolado; é importante destacar, por

exemplo, que o desenho de um questionário, assim como a forma em que as

perguntas são formuladas dentro dele, faz toda a diferença no trabalho do

Planejador; modelos pré-prontos podem desviar o objetivo final. Planejadores,

portanto, precisam ter sensibilidade para conceber, ignorar, desafiar ou explorar

itens da pesquisa a partir de uma compreensão sobre o assunto em questão.

Análise de Dados

O Planejamento também é responsável por toda a análise de dados relevantes

para a marca. As decisões tomadas são avaliadas por meio de dados de pesquisas

demográficas, tendências e até vendas. O APG (2001) diz que "saber interrogar

os dados e encontrar uma história através deles ao invés de se sentir intimidado é

o desafio. Bom senso, intuição e clareza no pensamento também ajudam." O

Grupo ainda ressalta que é importante pensar em si mesmo como um detetive.

Moderação de Grupos Focais Qualitativos

A pesquisa qualitativa tem assumido um dos papéis mais importantes. Estar

nessa proximidade com o target faz com que o Planejador consiga enxergar o

19 Disponível em: <http://unplanned.com.br/coluna/conexoes/laura-chiavone-planejar-e-um-oficio-que-se-

aprende-com-o-tempo-estudo-pratica-e-maturidade/> Acesso em: 28 de Out. 2013

20 O número de itens no documento original do APG é 16, no entanto, aqui são apresentados apenas 13,

uma vez que foi observada a real relevância de cada um para este trabalho.

Page 29: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

29

mundo sob a mesma perspectiva do consumidor, e isso faz com que o Planejador

haja tanto como um psicólogo quanto como um intérprete. O fato de conversar

diretamente com o público da marca, inclusive, faz com que haja maior

confiança por parte do Planejador para tomar decisões.

Centro de Informação

O conhecimento é o ponto de partida do Planejamento; saber para onde ir para

encontrar o que precisa. Entretanto, os deadlines21

curtos limitam o tempo

disponível para a busca pelo material e, por isso, é importante que os

Planejadores sempre estejam com suas mentes bem alimentadas com o que está

acontecendo ao seu redor.

Facilitador de Brainstorming22

O Planejador é uma espécie de "guardião da marca." Portanto, fazer com que

todos estejam em sintonia com o propósito dela, desde o Diretor de Contas até o

Diretor de Criação, é uma função crucial, e muitas vezes, fazer isso contempla

debater com a criatividade desenfreada da equipe em questão, caso esta desvie

da direção que a marca está seguindo.

Representante do Target23

/ Voz do Consumidor

Esta é uma das funções mais ortodoxas do papel do Planejador, uma vez que

precisa garantir que a compreensão das atitudes e comportamentos dos

consumidores é exercida em todas as fases de desenvolvimento da comunicação.

Essa constatação é verificada por meio do envolvimento contínuo do Planejador

no processo da campanha ou branding24

.

"Futurologista"

Essa função diz respeito às tendências, sejam elas de mercado, comportamento

ou consumo. É importante que o Planejamento tenha sensibilidade para

antecipar tendências de forma a ajudar a dar mais consistência ao crescimento

21 Prazo final para a entrega de um trabalho.

22 Literalmente, tempestade cerebral ou tempestade de ideias.

23 Público-alvo.

24 Gestão ou trabalho de marca.

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30

das marcas, bem como encontrar gaps25

relevantes e fazer com que o cliente

acredite neles, mesmo que não aposte.

Planejamento de Comunicação & Mídia

Na época em que este documento foi elaborado pelo Account Planning Group,

em 2001, muitos acreditavam que essa seria uma fase evolutiva do

Planejamento: a junção com o conhecimento de mídia. Dessa forma, o

Planejador não se delimitaria a apenas entender o consumidor, mas também os

meios de comunicação que usam para saber como utilizá-los da forma mais

relevante.

Pensamento Estratégico / Desenvolvedor de Estratégia

De acordo com o APG, “se o briefing criativo é o resultado tangível do

Planejador, o desenvolvimento da estratégia de comunicação é tarefa

precursora”. Na estratégia, o Planejador identifica a questão fundamental e

determina o papel da comunicação; ela ajuda a fazer uma comunicação direta e a

chegar ao objetivo de marketing.

Escritor do Briefing26

Criativo

Este é considerado o produto mais importante advindo do Planejamento para o

desenvolvimento criativo. De acordo com o APG, existe um mito que rodeia o

documento: este não passa de jargões de marketing escritos de forma mais

simplificada para os criativos (APG, 2001). Jon Steel sintetiza a definição de um

brief criativo:

Em termos mais simples, o briefing de criação é a ponte entre o pensamento

estratégico inteligente e a propaganda genial (propaganda que envolva

consumidores nos níveis emocional e racional e seja capaz de criar uma

mudança tanto em seus pensamentos quanto no comportamento) e é a

ferramenta-chave com a qual os Planejadores e seus colegas de Atendimento

podem desbloquear o talento e a imaginação dos profissionais de Criação da

sua agência. (STEEL, 2011, p. 136)

25 Lacuna, abertura, intervalo.

26 Documento com instruções para o trabalho a ser realizado.

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31

Antropólogo Social

Este ponto pode parecer um pouco embaraçoso a princípio, mas para o

Planejamento é de extrema importância que se consiga compreender o homem –

no caso, consumidor – dentro de uma determinada cultura – o ambiente em que

vive. Para o Planejador, monitorar as tendências culturais alimenta de maneira

positiva o desenvolvimento do trabalho da marca assim como o trabalho

criativo. É importante ressaltar que no trabalho do Planejador está embutida a

sensibilidade para saber diferenciar o que “está na moda” e o que é tendência

genuína; os mesmos devem ser capazes de dizer por que aquela tendência é

relevante para a marca.

Minerador de Insights

Esta é não apenas uma função, mas uma habilidade intransferível ao ponto de

vista de qualquer Planejador. Trata-se de percepções relevantes acerca do

negócio do cliente em qualquer uma de suas esferas. Desde que contribua com o

papel da comunicação, essas percepções podem vir:

- Do consumidor;

- Da cultura do cliente;

- Do mercado / categoria;

- Da concorrência;

- Dos valores da marca (passado, presente, futuro);

- Da qualidade do produto;

- Da Publicidade e Comunicação provenientes da categoria.

A observação dessas áreas, a partir da visão geral sobre o negócio, pretende

buscar uma percepção chave que possa transformar a comunicação do cliente.

Jon Steel, um dos profissionais de Planejamento mais respeitados do mundo

atualmente, começou sua carreira na BMP. Em 1984, pouco depois de chegar na

agência para a entrevista com pleito de um cargo - a princípio Atendimento, mas após

uma breve conversa, o então Diretor o recomendou para o Planejamento -, Steel teve a

oportunidade de conversar com um dos Diretores de Planejamento, chamado Chris

Cowpe. Por falta de compreensão das atividades que a área executava, a primeira

pergunta feita foi "Mas então, o que é exatamente Planejamento de Propaganda?". De

acordo com Steel (2011), Cowpe respondeu que "Planejamento é a área que traz o

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32

consumidor para o processo de desenvolvimento da Publicidade. Para ser realmente

eficaz, a propaganda tem de ser diferenciada e relevante, e o Planejamento ajuda nas

duas coisas." Steel, segundo ele mesmo, ficou surpreso com a resposta, especialmente

no que dizia respeito sobre diferenciar a propaganda. Afinal, não era esse o trabalho da

Criação? Jon Steel diz:

Ele concordou, mas salientou que era tarefa do Planejador questionar os

dados e o consumidor até conseguir um insight que ajudasse no trabalho das

pessoas de Criação. Ele também acrescentou que, quando os Planejadores

testavam esboços de ideias criativas (todo e qualquer comercial de televisão

produzido pela agência era pré-testado mediante debates estimulados em

discussões de grupo), eles tinham a incumbência de descobrir como deixar a

ideia "melhor" e, dessa forma, ainda mais diferenciada. (Ibidem, p. 42).

É de extrema importância trazer à tona qual seria o papel fundamental do

Planejamento de acordo com Stephen King27

. Craveiro (2011) afirma que o perfil do

profissional foi criado para cumprir quatro papéis fundamentais28

:

1) Pesquisar e entender as pessoas, para alimentar o processo criativo com insights

humanos, sociais e culturais;

2) Estudar e analisar o mercado e o negócio, para entender a ambição da marca e criar

uma estratégia efetiva diante da concorrência, incluindo o posicionamento;

3) Consolidar e resumir as descobertas e os insights de todas as áreas de competência da

agência em um brief interno coerente, e depois juntar as recomendações em um plano

integrado, de modo a contar uma história estimulante e convincente para o cliente;

4) Utilizar as melhores ferramentas de aferição dos resultados para mensurar e analisar a

efetividade da comunicação, e disseminar os aprendizados para elevar a qualidade das

próximas ações.

Portanto, é possível perceber que o Planejamento tem uma vasta contribuição

estratégica no negócio do cliente, e independente do país de atuação, suas funções são

essencialmente as mesmas, apenas se distribuem de formas diferentes dependendo da

cultura da agência, além da cultura regional.

27 Criador e desenvolvedor do departamento de Planejamento da JWT Londres na década de 60.

28 Disponível em: <http://unplanned.com.br/opiniao-do-mercado/1-uma-historia-conhecida/> Acesso em:

15 de Nov. de 2013.

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33

2.3. Definição técnica do profissional Júnior, Pleno e Sênior

Em diversos capítulos deste trabalho os profissionais de Planejamento são

citados de acordo com o seu nível de atuação, isto é, Júnior, Pleno e Sênior. A definição

técnica destes termos é de grande importância, pois além de referenciar o tipo de

profissional que está sendo falado, ajuda a entender melhor a fertilidade do mercado

devido ao número de profissionais que atuam em cada um destes níveis.

Mesmo que as habilidades listadas no tópico anterior deste capítulo sejam

inerentes a qualquer Planejador, elas só se consolidam na prática e com algum tempo de

trabalho. Por isso, existem diversos níveis de atuação na carreira do profissional de

Planejamento, e cada um deles exige habilidades e técnicas mais ou menos

aprofundadas. Apesar de as empresas terem seus próprios critérios para categorizar seus

empregados, existem padrões universais que determinam as responsabilidades que o

profissional de cada categoria deve exercer (INFOMONEY, 2012 apud

ADMINISTRADORES, 2012).

A classificação é feita de acordo com o tempo de experiência que cada um

possui, mas como dito no parágrafo anterior, varia de acordo com critérios da empresa

em questão. Por exemplo, um profissional que numa empresa de médio ou grande porte

corresponde ao nível Júnior, numa empresa de pequeno porte pode ser o equivalente a

um profissional de nível Pleno. A tabela abaixo classifica os níveis e detalha as funções

básicas de cada um deles.

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34

Quadro 1: Classificação dos níveis profissionais

Fonte: Pozzebon, 2011

O nível Estagiário não se encontra na tabela acima, provavelmente porque

contam como profissionais apenas aqueles que são efetivamente contratados, e portanto,

se enquadram em algum dos cargos citados acima. Outro ponto válido a ser ressaltado é

quanto ao último nível, que enquanto na tabela acima é nomeado "Master" pode ter

diferentes especificações dentro das empresas, tais como Diretor, CEO, Presidente,

entre outros. É válido destacar, também, que neste trabalho serão referenciados os níveis

Júnior, Pleno e Sênior, e será perceptível que em nem todos os casos o tempo de

experiência é equivalente ao cargo. Esta pode ser uma caractérística do mercado de

Publicidade e Propaganda.

Page 35: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

35

3. O DESENVOLVIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE PLANEJAMENTO

3.1. A busca do mercado por Planejadores experientes e talentosos

Assim como mencionado no início deste trabalho, o Planejamento é uma das

áreas mais novas dentro do âmbito publicitário, e surgiu a partir da necessidade

percebida pelas agências de um profissional que tivesse habilidade em entender tanto do

consumidor quanto sobre pesquisa. Com o passar dos anos, não apenas o nível, mas

também o número de habilidades necessárias a um Planejador segue aumentando, e nos

dias de hoje, quanto mais bagagem teórica e prática um profissional deste ramo tiver,

maiores serão suas vantagens num mercado competitivo. Entretanto, no Brasil29

existe

uma escassez de profissionais imbuídos de tais habilidades ou com poucas técnicas para

utilizá-las.

Carlos Henrique Vilela, fundador do blog Unplanned, destacou em um post30

que “é unanimidade entre os Diretores de Planejamento (pelos menos os que sempre

converso): profissionais experientes e talentosos estão em falta. É cada vez mais difícil

encontrar gente boa, disponível e pronta pra fazer a diferença.” (VILELA, 2010). Na

mesma postagem, onde o autor fala da busca do mundo inteiro por bons Planejadores,

ele destaca um post de outro periódico cujo tema é “O Planejador Perfeito”. Nele, Gary

Stolkin, CEO global da The Talent Business, fala sobre as habilidades que um

Planejador precisa ter ou fazer para ser perfeito, e ressalta o possível fator que faz com

que os Planejadores do Brasil ainda sejam pouco exportados enquanto profissionais:

Talvez porque a presença do Planejamento nas agências brasileiras e sua

importância seja relativamente recente. Há pouco mais de 10 anos, a maioria

das agências não tinha departamento de Planejamento. Então existe toda uma

geração de Planejadores que encontrou um terreno fértil no Brasil para

crescer e estabelecer seu nome. (STOLKIN, 2010 apud VILELA, 2010)

Isto é, o fato da área ainda ser pouco desenvolvida no país faz com que diversos

interessados invistam sem medo em seu exercício. Essa escolha não diz respeito apenas

a status31

profissional, mas também leva em consideração o quesito salário, afinal, como

29 Existem reclames sobre o cenário global de planejadores, mas como o objetivo deste trabalho é tratar

do planejamento de forma regional, tentou-se filtrar o máximo de conteúdo possível.

30 Postagem, publicação.

31 Estado, condição, posição.

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36

afirma o próprio Stolkin, as agências que buscam por esses profissionais têm procurado

pelos melhores.

Outro fator determinante é que os Planejadores estão cada vez mais

valorizados. São o centro estratégico da agência. E a procura pelos melhores

tem sido grande. É justamente essa combinação – valorização e

oportunidades de crescimento – que está satisfazendo estes profissionais e faz

com que eles não busquem outro mercado no momento. Ibidem

Mesmo que o Planejamento tenha surgido no Brasil por volta da década de 1960

na JWT, é perceptível que o exercício da área foi mais bem acolhido algumas décadas

depois. Por isso, assim como citado nos trechos anteriores, o fato de a profissão de

Planejador ser pouco explorada no Brasil pode ser reflexo da sua quase-recente-

chegada-definitiva às agências brasileiras. O próprio Grupo de Planejamento São Paulo

começou suas atividades em 2002 e, desde então, traz cursos para os profissionais da

área. Claro que existe a possibilidade de que anteriormente à chegada do Grupo, já

houvessem insumos direcionado aos Planejadores brasileiros, embora seja possível

considerar o Grupo de Planejamento como o precursor oficial de abastecimento tanto

para a profissão quanto para a disciplina de Planejamento.

A necessidade de desenvolvimento do Planejamento é percebida pelo mundo

inteiro. Existem diversos projetos regionais e globais que visam a melhor interação e

troca de conhecimento entre profissionais da área, uma vez que não apenas o

Planejamento mas a Publicidade em si tem diversos aspectos comportamentais e

culturais que podem diferenciar a propaganda. É possível citar organizações como

Account Planning School of the Web32

, que publica desafios periodicamente e, aqueles

que resolvem e enviam uma proposta de solução recebem feedback33

da delegação de

profissionais escolhida pela Escola; outro exemplo são os inúmeros grupos do Facebook

que tem como objetivo fazer networking34

, anunciar vagas, trocar referências e até

mesmo feedbacks. Em Brasília existe o Planners BSB, atualmente com 133 membros e

32 Disponível em: http://planningschool-web.com.br/ Acesso em: 14 de Nov. 2013

33 Comentários e informações sobre algo que já foi feito com o objetivo de avaliação. Disponível em:

http://michaelis.uol.com.br/moderno/ingles/definicao/ingles-portugues/feedback%20_448979.html

Acesso em: 21 de Nov. 2013

34 Rede de contatos.

Page 37: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

37

administrado pelo Planejador Ricardo Bauab35

. As iniciativas citadas são apenas

exemplos de que, na ausência de cursos ou ferramentas oficiais para profissionalizar-se

na área, uma das formas mais urgentes de buscar algum aperfeiçoamento é por meio de

projetos e grupos de discussão via internet.

3.2. Planner Survey: uma amostra da comunidade de Planejamento do mundo

inteiro

O Planner Survey foi criado em 2005 por Heather LeFevre, atualmente Diretora

de Planejamento na agência Crispin Porter + Bogusky. O projeto, além de levantar uma

pesquisa sobre quem são os Planejadores do mundo inteiro (gênero, idade, cargo,

localidade, satisfação, campo de atuação, entre outros), estimula a troca de experiência e

contato entre profissionais do ramo, desde Juniores à CEOs. Para participar, os

interessados efetuam inscrição e, após a seleção, cada qual conversa com um Planejador

de outro país, além de responder às perguntas da pesquisa36

. O Planner Survey traz à

tona um retrato do cenário planejador do mundo inteiro, ano a ano, e por isso é possível

utilizar seus dados para entender cientificamente a atmosfera que cerca o mercado de

Planejamento como um todo.

O quadro abaixo, resultado do Planner Survey 2012/2013, mostra em que nível

estão os Planejadores que procuraram pelo projeto durante o período citado acima. É

possível observar que as três maiores porcentagens pertencem aos cargos de Planejador

Pleno (24%), Planejador Sênior (23%) e Diretor de Planejamento (19%). Ou seja, a

maior procura é proveniente de cargos médios, se comparados aos outros níveis de

atuação levados em consideração na pesquisa.

35 Disponível em: https://www.facebook.com/groups/287970567886873/ Acesso em: 16 de Nov. 2013

36 Disponível em: <http://www.slideshare.net/hklefevre/the-planner-survey-20122013> Acesso em: 28 de

Out. 2013

Page 38: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

38

Quadro 2: Participantes por cargo (2012/2013)

Fonte: Planner Survey, 2012/2013

O quadro a seguir mostra os tipos de companhia que mais procuram pelo

projeto. É perceptível que mais da metade (58%) é composta por agências de

propaganda full-service37

, isto é, que abrigam vários serviços relacionados à publicidade

e propaganda, tais como digital, promocional, consultoria, entre outros.

Quadro 3: Participantes por tipos de companhia

Fonte: Planner Survey, 2012/2013

O próximo quadro traz dados acerca do tamanho das companhias onde os

participantes da pesquisa trabalham. Uma surpresa é o fato da procura ser, em maior

porcentagem, de companhias de grande porte (40%) e não de pequeno (34%) ou micro

porte (5%). Esse fato pode apontar para a hipótese de que os Planejadores das empresas

consideradas “grandes” buscam por mais especializações por sentirem a necessidade de

aprimorar seus departamentos e até mesmo formas de planejar, em contraponto às

menores que, em outra hipótese, além de contarem com menos Planejadores, ainda

37 Serviço completo.

Page 39: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

39

estão em processo de entendimento da área de Planejamento e, provavelmente, não

possuem essa característica de fomento à área.

Quadro 4: Participantes por tamanho da companhia

Fonte: Planner Survey, 2012/2013

Os dados dos quadros anteriores oferecem uma amostra de Planejadores à

procura do conhecimento, mesmo que menos formal, sobre a área de Planejamento do

mundo inteiro. Como foi possível constatar no quadro 1, a fatia de Planejadores que

mais participou do Planner Survey no período entre 2012 e 2013, é composta por

Planejadores Plenos até Diretores de Planejamento. Esse dado pode indicar que não são

necessariamente os profissionais iniciantes (Juniores e Assistentes) que procuram

dialogar sobre a área e seu desenvolvimento, mas ao que parece, aqueles que têm um

pouco mais de bagagem são os que buscam entender em qual contexto a profissão e

disciplina de Planejamento se encontram, ou que rumo têm tomado. Outro dado que

reforça essa hipótese é a porcentagem do nível Diretor Geral de Planejamento, que com

15% figura em quarto lugar no ranking38

dos participantes do último Planner Survey.

Outros dados instigantes são os contidos no quadro 3, que mostram que a maior procura

é proveniente de profissionais de empresas de grande porte, o que cria uma distância

com o senso comum de que as empresas de menor porte são as que estão na constante

busca de saber como o trabalho de um profissional de Planejamento se encaixa ou

funciona dentro dos seus processos. Portanto, aparentemente Planejadores com mais

tempo de carreira são os que mais buscam por aperfeiçoamento profissional,

entendimento da área em outras agências e culturas diversas, em busca de serem cada

vez melhores e mais afiados, independente do nível de atuação.

Visto o título dos participantes que mais procuraram pelo Planner Survey

2012/2013, outro dado diz respeito a localização desses profissionais. No quadro abaixo

38 Posição.

Page 40: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

40

é possível ver de quais países são os Planejadores que participaram do Planner Survey

2012/2013 – só não consta nesta tabela os Estados Unidos39

. Como podemos observar, o

Brasil lidera a lista seguido do Reino Unido e Austrália.

Quadro 5: Participantes fora dos Estados Unidos

Fonte: Planner Survey, 2012/2013

Portanto, os três países que mais procuraram pelo Planner Survey 2012/2013

são, respectivamente, Estados Unidos (45%), Brasil (20%) e Reino Unido (19%).

Observe que o Brasil figura entre duas grandes potências da Publicidade; como foi visto

anteriormente, precursoras do Planejamento enquanto departamento de agência. É

importante questionar para quais caminhos este dado pode apontar: significa que o

cenário de Planejamento no Brasil está em ascensão? Que os profissionais atuantes no

país são mais carentes no que diz respeito a insumo? Qual outra hipótese é possível

levantar diante deste dado? No entanto, é válido lembrar que esta é apenas uma amostra

da comunidade mundial de Planejamento, para ser mais exata, uma análise com base

nas respostas de 1.764 Planejadores em diversos níveis de atuação no mundo inteiro.

39 De acordo com a pesquisa, 45% dos participantes são dos Estados Unidos. Pode ser que por esse

motivo, esta parcela foi analisada separadamente, por cidades, provavelmente por ser o país com maior

número de participantes.

Page 41: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

41

4. MERCADO PUBLICITÁRIO DE BRASÍLIA

4.1. Breve resumo: Como as contas de Governo chegaram às agências da Capital

Federal

Em Brasília, existe uma percepção muito aguçada no que diz respeito à cartela

de clientes que as agências atendem. Isto é, vê-se que o mercado é dominado por contas

do Governo, estas, como dito anteriormente, que carregam milionárias verbas. No

entanto, essa cartela de clientes não pertence a este mercado desde sempre. Aliás, foi

necessário fazer várias reinvidicações para que o Governo trouxesse suas contas para as

agências atuantes em Brasília.

Fernando Vasconcelos é um dos pioneiros do mercado publicitário brasiliense.

Por nove anos foi Presidente do Sindicato dos Publicitários, onde firmou o acordo

salarial da categoria e participou de diversas manifestações e denúncias sobre fatos

ocorridos no âmbito publicitário de Brasília (TABORDA; MÉLO, 2012). Além disso,

foi professor do Centro Universitário UniCEUB, idealizador do Prêmio Colunistas

Brasília e mantém um blog40

onde publica novidades sobre o mercado publicitário

brasiliense. Fernando ressalta que quando as atividades publicitárias começaram a

acontecer de fato em Brasília, por volta dos anos 80, o trabalho criativo era muito

“plástico”, resultado de um âmbito que mesmo cheio de vontade e com potencial, era

pouco experiente. Na opinião dele, daquela época até os dias de hoje não mudou muita

coisa, as campanhas são muito iguais ao que eram antigamente, só mudaram alguns

aspectos por questões tecnológicas, o que reforça o senso comum de que o Governo tem

uma visão muito limitada sobre Publicidade. No entanto, ainda de acordo com

Fernando, naquele tempo o mercado era muito politizado, isto é, existia uma grande

proximidade com o Sindicato, além de que agência, anunciante e veículo participavam

das decisões uns dos outros. Também destaca que “Brasília naquela época tinha uma

atividade publicitária intensa, muito varejo, pouca coisa de Governo, pois o Governo

anunciava diretamente e aí nós fomos brigando até que colocamos para funcionar a lei

40 Disponível em: <www.fernandovasconcelos.com> Acesso em: 23 de Out. 2013.

Page 42: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

42

4.68041

” (VASCONCELOS apud TABORDA; MÉLO, 2012), ou seja, quando os

publicitários brasilienses começaram a colocar em voga a vontade de que Brasília

atendesse contas governamentais. Mesmo que a cidade tivesse uma parcela de clientes

do segmento varejista, estes eram pequenos. Brasília nunca teve indústrias nem grandes

empresas, o que restringia - e convenhamos, restringe até hoje - a atividade publicitária

local (Ibidem).

A pedido dos próprios Publicitários brasilienses, as contas de Governo

começaram a ser atendidas por volta da década de 1980, quando estes fizeram um apelo

ao então Governador Aimé Lamaison42

. Os profissionais atuantes na época fizeram um

manifesto onde alegavam que o estacionamento do mercado de Publicidade brasiliense

devia-se ao fato de ser uma cidade com poucas e pequenas empresas, o que limitava a

atuação dos profissionais (VASCONCELOS, 1980). Os argumentos diziam que as

agências de Brasília tinham o direito de atender a desafios maiores provenientes do

Governo, ou em outras palavras, as próprias contas governamentais. O manifesto, feito

pelo Grupo Jovem Publicidade43

e direcionado ao então Governador do Distrito Federal,

segue abaixo:

O mercado publicitário de Brasília está atravessando uma fase importante,

com a fixação de profissionais, expansão e criação de novas agências,

gerando maior conscientização de classe. Tudo isto é importante na medida

em que permite a todos os órgãos públicos e grandes empresas utilizarem

trabalhos que normalmente seriam executados em outros Estados. Contudo,

não é exatamente o que vem ocorrendo. Apesar de contarem com um certo

incentivo dos responsáveis pela comunicação governamental, as agências de

publicidade de Brasília sofrem um processo de semi-marginalização. O que

não é justo.

Não é justo porque elas pagam impostos aqui, contribuindo para o progresso

da cidade; não é justo porque elas criam mercado, aumentando o nível de

empregos para profissionais da área; não é justo porque elas realizam

trabalhos comparáveis a qualquer outro centro nacional. E para que isso seja

possível, investem com ousadia e grandeza, compondo estruturas e aplicando

experiências de trabalho. Diante deste fato, as agências de Publicidade de

Brasília exigem a participação em todos os problemas criativos surgidos

nesta cidade. Exigem porque elas têm a solução de quem sabe onde está

41 Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4680.htm> Acesso em: 01 de Junho de

2014.

42 Três anos antes, os mesmos fizeram o pedido ao Governador da época, chamado Elmo Serejo, sem

sucesso.

43 Uma das agências pioneiras no mercado publicitário brasiliense.

Page 43: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

43

pisando, por conhecer ou amar esta cidade. E exigem grandes desafios

porque os pequenos já foram todos vencidos.

Senhor Governador, disponha do que nós temos de maior: o nosso talento.

(VASCONCELOS, 1980, 2013)

Antes, o Governo anunciava diretamente por meio da Empresa Brasileira de

Notícias (EBC), que veiculava toda a propaganda oficial dos órgãos públicos, mas a

partir desta reinvidicação e através da Coordenação de Comunicação Social, o então

Governador Aimé Laimason autorizou a realização de uma concorrência para entregar a

conta do Governo do Distrito Federal (VASCONCELOS, 1980). Este foi o primeiro

passo para que Brasília se tornasse solo fértil para a habitação de contas

governamentais.

Page 44: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

44

5. PLANEJAMENTO EM BRASÍLIA

5.1. Os segmentos de cliente de acordo com a percepção de alguns profissionais

Como dito no capítulo 1, o Planejamento chegou ao Brasil na década de 60, e

desde então foi utilizado de maneira diferente dentro das agências. Enquanto algumas o

utilizavam como verdadeiros ‘institutos de pesquisa’, outras adicionaram a ele funções

de marketing. De uma forma ou de outra, a responsabilidade do posicionamento da

marca na comunicação é, desde então, o motivo pelo qual o Planejamento se move

dentro da agência, sempre ancorado pelos anseios e necessidades do público-alvo

(CAMPOS apud STEEL, 2006, p. 5).

Tendo em vista que o papel do Planejador tomou direções diferentes nas

agências de publicidade onde foi aplicado, logicamente tomaria diferentes proporções

nos mercados regionais em que atua. Em diversos lugares os Planejadores são

desafiados a desbancar a concorrência de grandes marcas e produtos, e apesar desse tipo

de trabalho também existir em Brasília, o que predomina na Capital é o setor Governo,

onde os Planners recebem briefings para comunicar campanhas de utilidade pública ou

venda de crédito a todo instante.

Com segmentos de conta divididos entre Governo e Varejo, Brasília é o terceiro

maior polo de Publicidade do Brasil. Mesmo que seja um mercado pequeno e com uma

amostra miúda se comparado a grandes mercados como São Paulo e Rio de Janeiro, os

anunciantes governamentais chamam a atenção de diversas agências por causa de suas

contas milionárias. Uma única conta de Governo tem faturamento muito maior do que

de diversas contas varejistas juntas, e esse fator também altera diretamente a

estruturação das equipes.

O varejo é muito pequeno, [...] a verba não é grande, as agências que

atendem contas locais são agências que tem uma estrutura pequena. [...] são

poucas agências locais que tem tamanho suficiente pra manter uma estrutura

básica, ainda mais de Planejamento. ROCHA, 2013

Por isso, muitas estruturas são montadas em Brasília apenas para atender a um

ou dois clientes da esfera pública (Ibidem), isto é, o segmento Governo impera na

cartela de clientes das agências de Publicidade de Brasília ou no desejo de muitas

Page 45: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

45

daquelas que ainda não tem. As demandas exigidas por essa clientela são muito

pontuais e precisam comunicar com toda a população, independente da idade, classe

social ou nível de escolaridade. Ou seja, o papel de profissionais de Criação, Mídia e

Atendimento é importante em qualquer uma dessas etapas, pois são serviços muito

específicos que muitas vezes chegam pré-formatados. O pouco emprego do pensamento

estratégico nesses trabalhos faz com que a figura do profissional de Planejamento seja

pouco utilizada ou justificável dentro de uma estrutura em Brasília (Ibidem). Esse fato

contribui para que as agências optem por um destes três caminhos, caso haja a

necessidade de um serviço de Planejamento: contratar um freela44

, direcionar o serviço

para um funcionário da agência quem tenha expertise com estratégia (geralmente o

Atendimento ou o Diretor de Criação), demandar o serviço para o Planejamento da

agência matriz que muitas vezes é localizada em São Paulo (Ibidem).

No entanto, de um ano para cá, esse cenário mudou significativamente. Muitas

agências têm começado a contratar Planejadores para se instalarem em Brasília, ora por

sentirem alguma necessidade de ter um Planner dentro da estrutura, ora por causa da

exigência dos editais de licitação do Governo (BAUAB, 2014). Pétalla (2014),

Supervisora de Planejamento da Lew’Lara\TBWA, acredita que isso vem acontecendo

porque o Governo tem começado a exigir comunicação digital nas campanhas, e por

isso até as agências tradicionais têm procurado por Planejadores com esse

conhecimento. Mas mesmo com essa crescente demanda por parte do cliente – ou da

própria agência – os Planejadores passam por dificuldades que serão discutidas mais

adiante.

Dentro desse contexto, é possível notar que as percepções de diferentes

profissionais caminham para o mesmo cenário. No que diz respeito à esfera pública,

Bauab (2014) diz que o terreno é muito restrito, pois o fato de não haver concorrência

restringe o raciocínio da marca, observação que Pétalla (2014) complementa quando

afirma que conhecer a concorrência ajuda a conhecer melhor o produto. Outro ponto

que Schwab (2014) observa é que o Governo entende o Planejamento de forma literal e

ainda não coloca o público-alvo num alto nível de prioridade. Além disso, destaca que

44 Termo aportuguesado do inglês ‘freelancer’. Isto é, profissional autônomo empregado em diferentes

empresas para fazer serviços ocasionais, de forma independente.

Page 46: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

46

existem outras questões políticas que são levantadas no momento de aplicar o

Planejamento à campanha em questão, o que muitas vezes delimita o trabalho do

Planejador. No entanto, Schwab é otimista e vê que esse cenário está começando a

mudar.

O Poder Público encara o Planejamento de uma forma literal, então eu vou

planejar, eu vou fazer e às vezes não dá certo por conta das ingerências

políticas, ideológicas, partidárias, isso aí a gente sabe que move o Poder

Público. E isso faz com que o foco principal do Planejamento, que é o

público, fique de lado. Então o Planejamento como uma disciplina que coleta

as informações, vai a campo, concentra ferramentas pra poder reunir essas

informações e traduz isso num projeto assertivo, ele ainda é muito incipiente

porque o mercado é assim, ele ignora o público. Então se o Governo Federal

quer lançar um programa do Ministério X, ele vai lançar esse programa

porque pra ele vai dar um tipo de visibilidade da gestão, etc e tal. Lógico que

ele tá preocupado com a reação do público, mas isso não tá num nível de

prioridade elevado. Mas isso tá mudando, porque a disciplina tá mudando. A

evidência, a demanda do Planejamento de agora como um facilitador de

processos e da assertividade em relação a essa dobradinha marca-público, tá

mudando. SCHWAB, 2014

Na citação acima, no ponto que diz que o Governo entende o Planejamento de

forma literal, Bauab (2014) discorda e defende que esse tipo de entendimento não

acontece apenas com o cliente-Governo, pois depende do perfil da pessoa que recebe e

aprova o trabalho, sendo ela da esfera pública ou privada. Segundo ele, existem clientes

de segmentos similares que conferem extrema importância ao Planejamento e dedicam

horas conversando sobre, enquanto outros preferem ir direto para as peças criativas. No

entanto, Bauab e Pétalla (2014) concordam que a disciplina tem começado a ser

valorizada. Spyer também assente essa valorização, e ainda comenta:

É um mercado que tá em ascensão muito forte dos dois lados. Eu vejo de um

lado as pessoas com interesse, e também os clientes cada vez mais pedindo

apoio. Pelo menos aqui [onde trabalho atualmente] eu sinto muito isso, né?

Posso falar mais daqui, onde existe muita demanda de Planejamento dentro

de todos os trabalhos. Então quer dizer, é enxergada a relevância, tem sido

visto valor no Planejamento. Antes o Planejamento acabava entrando mais

como se fosse um custo; se você não enxerga valor no Planejamento da sua

agência ele é um custo operacional, que não vai te rentabilizar na entrega.

Existe um valor na nossa entrega, você vira um valor essencial da turbina e

realmente você vê nas entregas que existe um braço do Planejamento, elas

são muito mais concretas, muito mais embasadas, elas são muito mais, sabe?

Então você consegue defender muito melhor a ideia, você consegue ter uma

razão pr’aquilo existir, ou você consegue ter um insight muito melhor pra

Criação, então você consegue fazer o drive45

da Criação ser muito melhor. E

vai tentando, você tem que conquistar vários públicos; vai conquistando o

público interno da agência pra Criação te ver como relevante, pro

45 Caminho, percurso.

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47

Atendimento ter mais respeito, pro próprio cliente te ver como peça

fundamental, e daí vai. SPYER, 2014

No cenário do Varejo, com contas de menor faturamento, Mansur (2014) afirma

que o cliente costuma querer saber mais do Planejamento: quem é o público, o que ele

pensa sobre a marca, o que a concorrência está fazendo. Aqui, encontramos uma grande

diferença entre os segmentos: enquanto o Governo impõe algumas limitações na

formatação do trabalho do Planejador (possivelmente por causa do tipo de serviço que é

oferecido à sociedade), o Varejo pode ser mais receptível à disciplina provavelmente

porque a atuação do Planejamento tem o poder de alavancar o negócio do cliente,

afirmação destacada pelo autor Loyola (2002, p.3).

De modo geral, os objetivos de cada segmento são diferentes e isso interfere no

trabalho do Planejador, mas fica claro que existe a possibilidade do mesmo trabalhar

tanto com Governo quanto com Varejo em Brasília. Contudo, pelo menos até o presente

momento, as agências que têm maiores estruturas e contam com maiores departamentos

de Planejamento costumam atender contas governamentais, como mostra o resultado da

pesquisa presente no capítulo 6. Essa tem sido a atual realidade do mercado de

Planejamento em Brasília e provavelmente continuará sendo por um bom tempo.

5.2. O movimento do mercado de Planejamento em Brasília

Para traçar o panorama do mercado em Brasília, foram feitas entrevistas com

sete profissionais de Planejamento distribuídos entre os níveis Pleno e Sênior, dois

iniciantes na área – sendo um Estagiário e outro Assistente – e um Diretor de

Atendimento de Brasília. As entrevistas foram feitas no período de Novembro de 2013 a

Março de 2014, pessoalmente, nos locais de trabalho de cada um, exceto o Estagiário e

a Assistente, que foram entrevistados via e-mail. O critério para a escolha destes

profissionais foi a bagagem profissional de cada um. Bruna Pétalla, 23 anos, então

Supervisora de Planejamento da Lew’Lara\TBWA, começou e consolidou sua carreira

no mercado brasiliense. Passou pelo mercado Promocional, Digital, e agora atua com

Planejamento Tradicional; Janu Schwab, 33 anos, Diretor de Planejamento da Fermento

Promo, foi Redator e Diretor de Arte antes de se tornar Planejador, e foi convidado a

voltar para Brasília para desenvolver e dirigir o departamento de Planejamento da então

agência. Bruno Lobo, 29 anos, Analista Sênior de Planejamento da AgênciaClick

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48

Isobar, também iniciou e consolidou sua carreira como Planejador em Brasília, onde

começou com Planejamento Promocional e agora segue com Planejamento Digital.

Emanuel Spyer, 31 anos, Diretor de Planejamento também da AgênciaClick Isobar,

exerce a profissão de Planejador desde a época da faculdade, e veio de São Paulo

especificamente para o cargo que ocupa atualmente. Lucas Mansur, 24 anos, e Diego

Arelano, 27 anos, sócios e Planejadores da Agência Table, atendem diversas contas

Varejistas e apostam no Planejamento desde a existência incipiente da agência. Ricardo

Bauab, 30 anos, Gerente de Planejamento da NovaSB, é um dos Planejadores mais

conhecidos da cidade; começou em Brasília, trabalhou alguns anos em São Paulo e

depois retornou à Capital. Amanda Agapito, 22 anos, Assistente de Planejamento da

Artplan, começou trabalhando em marketing na Embratur, passou por agências

Promocionais até chegar onde está. Guilherme Godinho, 22 anos, Estagiário de

Planejamento da AgênciaClick desde Janeiro deste ano, teve passagem por agência

júnior onde atuava na mesma área. E por fim, Mila Rocha, 39 anos, Diretora Regional

de Atendimento da Calia|Y2, que trabalhou sua vida inteira na área de Atendimento (e

eventualmente faz trabalhos de Planejamento na própria agência), também foi

professora de Planejamento na Funyl46

, e tem vasto conhecimento do mercado de

Brasília por conta do tempo em que atua nele – pouco mais de quinze anos.

As entrevistas tiveram como foco três esferas: 1) conhecer a percepção dos

entrevistados sobre o mercado de Planejamento de Brasília; 2) como é a visão deles

sobre os profissionais atuantes e aspirantes à área; 3) como um Grupo de Planejamento

poderia cooperar com o profissional e o mercado. Para a melhor compreensão do leitor

sobre as percepções dos entrevistados, optou-se por desenvolver o texto dividindo-o

nessas mesmas esferas. É válido ressaltar que houve a gravação e transcrição literal dos

áudios para que nenhuma palavra passasse despercebida47

.

A primeira entrevistada foi Mila Rocha, que atua há pouco mais de quinze anos

no mercado publicitário de Brasília. Começou sua carreira em Atendimento no ano de

46 Empresa brasiliense que ministra oficinas de aperfeiçoamento em diversas áreas de uma agência de

comunicação.

47 Todas as entrevistas, na íntegra, foram disponibilizadas apenas para a comissão examinadora deste

trabalho.

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49

1998, na Ogilvy, e desde então não parou mais. Desde o início da sua carreira, teve

poucas oportunidades de trabalhar com um profissional de Planejamento locado dentro

da estrutura da mesma agência; segundo ela, na maioria das vezes o Planejamento vinha

da matriz ou eventualmente era contratado um freela para responder às demandas

necessárias. E às vezes acontecia – e ainda acontece – dela mesma fazer os

Planejamentos.

Eu fui ter contato pela primeira vez com Planejamento, trabalhar com o

Planejamento, quando eu tava na Fischer. [...] que foi quando eu conheci a

Elsa Ivo, [...] Mas naquela época, a situação era aquela: não tinha

Planejamento em Brasília. Não existiam Planners em Brasília, eram todos na

matriz. ROCHA, 2013

Ainda de acordo com Mila, essa realidade perdurou até os anos 2000 e só muito

recentemente começou a mudar. Ela afirma que fez diversos cursos na área de

Planejamento porque se interessava pela disciplina; inclusive, diz que na época que

dava aula de Planejamento na Funyl era ciente e também conscientizava os alunos de

que conseguir trabalho em Brasília na área era realmente muito difícil, e que por isso o

objetivo deles ali deveria ser aprender mais sobre a disciplina para aplicá-la em suas

áreas de atuação, sem tanta expectativa de exercê-la num momento próximo.

Ricardo Bauab formou-se em 2006 pela Universidade Católica de Brasília.

Depois de alguns empregos, veio a definitiva decisão de seguir carreira como

Planejador. Para tanto, foi para São Paulo, em 2007, onde fez Bootcamp de

Planejamento48

e começou sua estrada de fato. Em 2009, voltou para Brasília para uma

oportunidade de trabalhar na área, mesmo que o cenário ainda não fosse tão promissor.

É uma conversa que eu tinha com a galera lá atrás: “Então, eu sou

Planejamento, trabalho na Fulana e é a minha única chance em Brasília.” Eu

fui o único entrevistado porque não tinha mais ninguém, então não era muito

incomum ser o único entrevistado. BAUAB, 2014

Ele conta que passou por diversas adversidades por causa da escassez de

emprego na área em Brasília. Mas sua ex-diretora, de uma agência que trabalhou em

São Paulo, disse que o cenário brasiliense era o mesmo que ela tinha vivido na capital

48 Um curso desenvolvido pela Miami Ad School, em Miami, e importado e adaptado ao Brasil em 2002,

pela Miami Ad School/ESPM. Segundo eles mesmos se definem, é o curso prático-teórico de

Planejamento mais completo da América Latina.

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50

paulista nos anos 90, o que indica que o Planejamento poderia vir a se desenvolver

muito breve em Brasília.

Já Bruno Lobo conseguiu entrar no mercado quando estava prestes a se formar

na universidade. Em um evento realizado na mesma, chamado Abertura do Semestre,

um dos palestrantes era Frank Engelbert, então Planejador da extinta Casa Nova. Bruno

relata que teve certa resistência em chamá-lo para conversar, mas tendo em vista a

dificuldade do mercado na época aliada à vontade de se tornar um Planejador, tentou

falar com Frank utilizando a seguinte abordagem:

“Cara [sic], é o seguinte. Você é Planejador, já trabalhou no Sul, já trabalhou

fora, já trabalhou em São Paulo, já fez tudo, [...] é o Planejador da cidade

agora e não tem mercado, não tem com quem eu falar e eu quero aprender

com você.” LOBO, 2014

Bruno diz que após este episódio, conseguiu manter contato com Frank até que,

quando surgiu uma vaga na agência, participou do processo seletivo e foi eleito o novo

Estagiário da Casa Nova. Seis meses depois, quando a agência passaria a se chamar

Monumenta, foi contratado.

Esses dois relatos são um belo retrato do Planejamento em Brasília há cerca de

cinco anos, isto é, de fato não existiam vagas e, consequentemente, haviam poucos

profissionais. Bauab (2014) diz que quando precisou montar uma equipe na agência que

trabalhava há cerca de dois anos, sentiu como se tivesse 'secado' o mercado, tamanha

escassez da época. Ele conta que “chegaram os Juniores primeiro e depois chegaram as

vagas”, mas mesmo que estes Juniores tenham chegado antes, muitos deles estavam

pouco preparados. Há pouco mais de um ano a cultura de Planejamento começou a ser

criada em Brasília, embora o fato de antes existirem restritas oportunidades na área

tenha feito com que poucos profissionais conseguissem se desenvolver e estabelecer

suas carreiras na Capital. Quando estava montando equipe, Bauab ainda diz que

contratou um profissional de outra área como Analista Sênior. "Se você não tem, você

pega um cara que tem referência, que tem raciocínio estratégico e traz ele pra dentro do

Planejamento. [...] Falta? Falta. Então você pega alguém que vem de fora e trabalha,

ensina um pouquinho" (Ibidem).

Tendo em vista esse cenário, somado à necessidade de contratar Diretores,

Gerentes ou Supervisores de Planejamento, diversas agências não encontraram pessoas

Page 51: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

51

com experiência suficiente para ocupar tais cargos. Por isso, várias contrataram

Planejadores Seniores de outros estados, especialmente de São Paulo, para exercer

funções que exigem maior conhecimento e exercício na área (LOBO, 2014). Outro

ponto que Bauab destaca refere-se aos profissionais que vem de fora, de mercados mais

maduros, e sentem dificuldade em encontrar Planejadores consistentes em Brasília. Ele

diz que existe falta de maturidade no mercado da cidade em relação à Publicidade antes

de não ter profissionais maduros de Planejamento, e que é necessário que os de fora

entendam isso: "Acho que tem a ver com geração, com contexto Brasília. Falta Redator,

falta Diretor de Arte, falta Atendimento. Ninguém tem quem indicar para vaga

nenhuma" (BAUAB, 2014).

É importante salientar que diversas agências começaram a aderir o Planejamento

enquanto departamento há pouco tempo, e por isso, mesmo com a importação de

profissionais os mesmos passam por grandes desafios, não apenas para montar uma

equipe, mas também porque a agência em si pouco entende como deve funcionar o

Planejamento em sua estrutura local49

.

Você não consegue tornar plausível, palpável, sólido, o que um Planejador

faz pra um cliente que ignora o Planejamento. Não é que ele não precisa, não

é que eu precise mostrar pra ele que ele precisa, mas eu posso facilitar meu

processo aqui dentro sem o cliente precisar ou reconhecer que precisa. Então

o que eu percebo, porque eu tenho reconhecimento de causa porque eu sofri

muito com isso quando eu vim, não porque a agência não tinha pré-

disposição, a agência tinha; a agência onde eu estou hoje tinha tanto pré-

disposição, por isso me convidou, mas também porque ela me deu liberdade

pra poder formatar, reformatar, reconfigurar, reaplicar, tentar mais uma vez,

levando em conta a dificuldade do mercado que não tem isso, dificuldade do

entendimento dos clientes, dificuldade de precificação da disciplina, do

serviço de Planejamento, e dificuldade do interno, dos profissionais dos

departamentos. SCHWAB, 2014

Os Seniores ainda comentam que por causa da incipiente cultura do

Planejamento na cidade, além da dificuldade em encontrar profissionais qualificados,

existe a resistência ou falta de costume dos demais departamentos da agência em

trabalhar diretamente com Planejadores, o que às vezes dificulta os processos. Isso sem

contar que, muitas vezes, os próprios Planejadores ainda estão se situando com a

disciplina, especialmente os iniciantes na área.

49 As agências que importam Planejadores têm estruturas maiores, e por isso, geralmente precisam não de

uma única pessoa, mas de uma equipe para atender à demanda.

Page 52: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

52

Bauab fala sobre como se sentiu quando chegou em São Paulo, onde o

entendimento da disciplina é mais amplo do que em Brasília, cidade em que começou

sua trajetória.

[Em São Paulo] Você pega um moleque [sic] que tá no sétimo semestre e ele

já estagiou na Almap, na DM9 e na Grey, entendeu? É exatamente como eu

me sentia quando eu cheguei em São Paulo pra trabalhar. A trainee50

que

tava abaixo de mim no cargo, quando eu abri o currículo dela eu disse

“nossa!”. Ela já sabia como funcionava, Planejamento era uma coisa normal

pra ela, e eu “c..., o que tá acontecendo?”, ainda estava vendo o que era o

negócio. BAUAB, 2014

Já Schwab, por ter passado pela experiência contrária – isto é, saiu de São Paulo

para ser Planejador em Brasília –, destaca sua percepção quanto a planejar na cidade.

É bem sofrido, às vezes é até desesperador não porque: “Ah, eu sou rejeitado,

ninguém valoriza”, não, é porque as pessoas não entendem mesmo, acho que

às vezes a gente não consegue se fazer entender. [A agência] quer uma

configuração, mas não sabe explicar como essa configuração pode ser útil.

SCHWAB, 2014

Em meio a este cenário da recorrente falta de entendimento da disciplina em

Brasília, Bauab (2014) diz que não é mais fácil ou mais difícil do que em mercados

mais maduros, apenas diferente. Segundo ele, existem pessoas com décadas de mercado

que nunca trabalharam com Planejamento na Capital.

Outro ponto importante a ser destacado é quanto à adesão do departamento de

Planejamento nas agências da cidade. Schwab (2014) acredita que muitas utilizam

Planejadores não pelo papel que ele precisa exercer de fato, mas pelo status de contar

com Planejamento dentro da estrutura. Bauab (2014) concorda com o entrevistado

quando diz que não faz sentido contratar um Planejador iniciante em um lugar que não é

fértil, pois é difícil que ele consiga definir uma estratégia sendo a pessoa mais Júnior da

agência. Ainda salienta que por trás desse tipo de ação existe o discurso “tenho aqui sim

Planejamento, não resolve nada mas está aqui” (Ibidem). Já Pétalla (2014) acredita que

especialmente em agências pequenas o Planejamento é considerado uma vaidade, e por

isso quem acaba exercendo o seu papel é um profissional de outra área, e que estes

geralmente defendem uma ideia criativa em vez de um caminho estratégico, que é o

ideal em um Planejador. Na opinião de Rocha (2013) esse discurso é ainda mais amplo,

50 Funcionário em formação ou recém-formado que participa de um programa estruturado de treinamento

para que, em um curto período de tempo, ocupe uma posição de liderança dentro da empresa.

Page 53: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

53

pois, segundo ela, mesmo uma agência que atende grandes contas e recebe muitas

demandas, nem todas são de Planejamento, e esse fato não justifica ter um Planejador

dentro da estrutura local. Por isso, é mais compensador contratar um freelancer ou

delegar a tarefa para algum profissional da agência, mesmo que seja de outra área, do

que ter um Planejador dentro da estrutura para atender a eventuais demandas.

5.3. Vagas e níveis de atuação: como anda este cenário?

Tem muita vaga pra Júnior, mas tem pouquíssimas vagas [e pessoas] de

Pleno pra cima. Tanto que qual o fenômeno que Brasília está sofrendo?

Brasília está importando Planejadores pros cargos mais altos. LOBO, 2014

Como dito anteriormente, em Brasília a cultura de Planejamento está começando

a ser criada. Agora, diversas vagas estão começando a aparecer ou porque as agências

querem que o Planejamento faça parte do posicionamento/estrutura da agência, ou

porque as licitações governamentais exigem um profissional da área locado em Brasília.

Isso mostra algumas problemáticas no mercado: a urgência dos anunciantes em

contar com profissionais de Planejamento, a baixa oferta de Planejadores Plenos e

Seniores e a falta de habilidades bem treinadas de diversos Juniores. Além disso, o

grande gap entre Juniores que normalmente possuem recente – ou quase nenhuma –

bagagem em Brasília devido a escassez da área tempos atrás, e Seniores que muitas

vezes contam com vasta experiência com outro tipo de anunciante, mas agora são

extremamente desafiados a trabalhar com Governo, pois "vender tênis é diferente de

vender crédito” (Ibidem). Mesmo que o trabalho de um Planejador seja o mesmo, em

essência, o terreno de estudo e a abordagem para cada segmento de anunciante é

diferente. Portanto, é diferente ser Sênior em São Paulo e ser Sênior em Brasília

(BAUAB, 2014). Em volta dessa problemática, existem outras questões que não devem

ser desprezadas, como o desejo que todos têm em conhecer outras pessoas do mesmo

ramo de atuação, seja para trocar referências ou para conversar sobre qualquer outro

assunto, além da necessidade de sempre se reciclarem enquanto Planejadores

(PÉTALLA, 2014).

Hoje, também existe certa dificuldade em encontrar profissionais Juniores no

mercado para executar tarefas básicas (Ibidem). Pode ser que este fato ocorra

Page 54: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

54

justamente pelas oportunidades que antes o próprio mercado pouco proporcionava, com

contadas vagas para Estagiários e Juniores.

Segundo a Nova Cartilha da Lei do Estagiário, fornecida pelo Ministério do

Trabalho e Educação (MTE) no artigo número 1,

Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de

trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que

estejam freqüentando o ensino regular em instituições de educação superior,

de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos

finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de

jovens e adultos.

1º O estágio faz parte do projeto pedagógico do curso, além de integrar o

itinerário formativo do educando.

2º O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade

profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento

do educando para a vida cidadã e para o trabalho. MTE, 2010

Portanto, mesmo que o Estágio seja um dos primeiros passos da vida

profissional, é um item que faz grande diferença, já que auxilia na formação do

estudante não apenas com a técnica aplicada aos conhecimentos obtidos na instituição

de ensino, mas também no comportamento e relacionamento interpessoal dentro de um

ambiente de trabalho.

A anterior falta de oportunidade em Estágios na área de Planejamento, sendo

remunerados ou não, pode ter prejudicado os que são – ou poderiam ser – Juniores hoje,

pois existem casos em que Juniores pouco sabem fazer tarefas básicas da função que

poderiam ter sido aprendidas se tivessem feito Estágio na área. E ainda existe o caso de

pessoas que gostariam de ser Planejadoras, mas começaram em outras áreas devido a

falta de oportunidade, além daquelas que simplesmente decidiram mudar de área.

Por mais que a gente queira alguém Júnior é importante entender que um

Júnior é diferente de um Estagiário. O Estagiário não sabe nada, ele tá ali pra

aprender, o Júnior tem que saber o básico, e o que é o básico que a gente

espera num Planejamento hoje? Muita análise de comunicação e

benchmarking, sabe? Esses são dois pontos de muita importância pra um

Planejamento. [...] você precisa ter uma visão analítica das coisas, e aí é isso

que é difícil encontrar em quem é Júnior. PÉTALLA, 2014

Lobo (2014) vai além da afirmação de Pétalla e diz que os Juniores também tem

passado por desafios em relação às suas incipientes habilidades, como mencionado no

início deste capítulo. Segundo ele, muitas dessas vagas exigem competências além por

dois motivos: 1) a agência precisa de um trabalho de Planejamento maduro, no entanto

não tem verba suficiente para contratar um Pleno ou Sênior, então contrata um Júnior;

Page 55: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

55

2) em muitos lugares existe o movimento de experimentar o que ou como seria ter um

Planejador dentro da estrutura da agência, e neste caso, é de maior compensação pagar

menos por um profissional iniciante. Isso acaba fazendo o mercado tomar decisões

como contratar Juniores que já tenham potencial de Plenos e que consigam crescer

muito rápido ou contratar pessoas que são inexperientes para serem dirigidas por um

profissional de Atendimento ou Criação, mas que por serem as únicas Planejadoras,

acabam tendo que fazer todo o trabalho.

Ela [a agência] quer um Júnior que faça o ppt51

, que faça a defesa, que

apresente, defenda a ideia, esteja com o criativo... Pô [sic], você quer um

Pleno. [...] Então tem muito isso no mercado, você tem uma vaga, você quer

milhões de skills52

, porque como gestor da agência você não quer pagar

muito, aí acaba jogando essa necessidade num Júnior, porque é a vaga que

você consegue pagar. [...] E outro caso que muitas agências, infelizmente,

simplesmente perdem a noção das coisas e precisam de um trabalho de um

Sênior, de um Pleno, e pedem isso pra um Júnior. Só que os Juniores são

pessoas que estão se lançando no mercado, e é injusto você cobrar isso deles.

Então tem cadeira que nunca preenche, porque você não vai achar um Júnior

com essas skills. E esse é até um motivo que muito Júnior não dá certo em

algumas agências, mas você não deixou ele crescer e evoluir na velocidade

dele, você queria que ele se tornasse o fabuloso em três meses? Tenha

paciência. Ibidem

Mesmo que nem sempre exista a habilidade técnica nesses iniciantes, sobra força

de vontade. Segundo Spyer (2014), "tem interesse, mas existe a falta de como preencher

esse interesse das pessoas, dos alunos, de quem é Júnior." Literatura de Planejamento

tem livre acesso em livrarias e na internet. Saber o que um Planejador faz é

teoricamente fácil, mas desenvolver esse conhecimento dentro dos trabalhos exige a

prática contínua, seja fazendo cursos ou trabalhando, pois "esse é um exercício difícil

que você vai conseguir só na prática, no dia-a-dia, e com muitas horas de trabalho"

(PÉTALLA, 2014).

Como há relativa quantidade de potenciais Juniores se lançando no mercado, e

oportunidades têm sido abertas, a disputa entre eles é acirrada, enquanto que para os

níveis mais altos a concorrência é escassa: mesmo que tenham vagas, a oferta de

profissionais locados em Brasília é baixa. Logo, é possível dizer que existe uma certa

distância entre profissionais Juniores e Seniores: os primeiros são de Brasília, enquanto

51 Sigla da palavra PowerPoint, programa para criação e edição de apresentações licenciado pela

Microsoft.

52 Habilidade, proficiência.

Page 56: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

56

boa parte dos segundos comumente são importados de outros estados – ou derivados de

outras áreas. Contudo, nem todos enxergam este fato como grave, como é o caso do

Bauab, que acredita que isso é uma questão de tempo: "Pra mim não é gap, pra mim é

timeline53

. 2014, antes não tinha nenhum e agora tem. Daqui uns cinco anos já vai estar

tudo preenchido e [muita gente] brigando em cima dessas vagas de Coordenação, de

Direção, de Gerência" (BAUAB, 2014)

Querendo ou não, o mercado precisa esperar que os profissionais que hoje estão

atuando nele amadureçam. Enquanto isso, ao que parece, a melhor alternativa é fazer o

que já está sendo feito: contratar os iniciantes, investir na capacidade deles e importar os

mais experientes de outros estados. A soma de todos esses problemas – que também são

grandes oportunidades – apontam para a hipótese de que a proposta do Grupo de

Planejamento de Brasília pode ser um triunfo, desde que atue em cima dessas

necessidades.

53 Cronograma, linha do tempo.

Page 57: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

57

6. UMA AMOSTRA DOS DEPARTAMENTOS SITUADOS NAS AGÊNCIAS DE

PUBLICIDADE LOCADAS EM BRASÍLIA

6.1. Metodologia utilizada

Com o objetivo de entender melhor a relação agências x departamentos da

cidade, foi feita uma busca das agências de Publicidade atuantes em Brasília. O estudo

utilizado foi feito por Marina Lacombe, então aluna do UniCEUB, e o levantamento fez

parte do produto que ela entregou como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Lacombe (2013) listou um número de agências com estrutura em Brasília encontradas

no Sinapro/DF e internet e ligou para cada uma delas. Conseguiu entrar em contato com

apenas cento e vinte, as que fazem parte da amostra. De cada uma dessas listou

endereço, telefone, e-mail, diretor, departamentos, número de funcionários, site,

Facebook, Twitter, sede, filiais, tempo de atuação e clientes atendidos. Para ter ciência

dessas informações, Lacombe perguntou cada item ao setor responsável na

oportunidade da ligação54

.

Para a elaboração deste trabalho, foram escolhidas oitenta e oito agências da

amostra total feita por Lacombe. A escolha destas foi baseada em um único critério: a

agência precisava ter no mínimo cinco funcionários. As únicas que não seguiram este

parâmetro foram a DPZ (que conta com apenas dois funcionários em Brasília) pelo fato

de ser uma agência multinacional, e a Avocado Design (que conta com apenas três

funcionários), por possuir um profissional de Planejamento. Outras dez agências foram

acrescentadas à pesquisa exclusivamente para a elaboração deste trabalho: Look'n Feel,

Terruá, Avocado Design, Digaí Comunicação, Fermento Promo, Flap, Latin Promo,

Table, Bertoni Design e Adverbox; as oito primeiras, por contarem com profissionais de

Planejamento locados em Brasília, e as duas últimas, pelo simples fato de serem

agências da cidade que não estavam dentro da amostra. No total, utilizou-se uma

amostra de noventa e oito agências de Publicidade com estrutura em Brasília.

54 A amostra completa das agências está no final do trabalho, na aba "anexos".

Page 58: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

58

6.2 Resultados: 46,9% do mercado já conta com departamentos de Planejamento

De acordo com a pesquisa elaborada por Lacombe (2013), Criação e

Atendimento são os departamentos que mais figuram nas agências da cidade, seguidos

por Mídia, Produção e Planejamento. É importante destacar que na pesquisa nem todos

consideraram o Administrativo/Financeiro como um departamento da agência, e

provavelmente por isso a porcentagem relacionada a ele é baixa. É válido ressaltar

também que dentro da amostra colhida, departamentos como Recepção, Diagramação,

Arte Final, Estúdio, Tráfego, Checking, Novos Negócios, entre outros foram

considerados como "Outros" porque além de fazerem parte de uma minúscula parcela

de toda a amostra, geralmente estão incluídos dentro dos principais departamentos de

agências de Publicidade: Atendimento, Criação, Produção, Mídia e Planejamento

(BRITO, 2008)55

.

Quadro 6: Amostra de agências de Publicidade locadas em Brasília

Fonte: Lacombe, 2013

55 É essencial pontuar que nos dias de hoje diversas agências não seguem um modelo rígido de

departamentalização. Com o passar do tempo, cada uma desenvolveu sua própria forma de trabalho que

pode ser tanto por departamentos separados quanto por meio de times de trabalho com uma pessoa de

cada área, por exemplo. No entanto, é válido destacar que as expertises dos profissionais correspondem à

própria área de atuação, independente do modelo de gestão da agência em questão (Ibidem). O Tráfego,

que Brito considera em seu artigo como um departamento separado, é uma área quase extinta nos dias de

hoje. Segundo Rocha (2013), atualmente são poucas agências que contam com este tipo de profissional,

além de que ele foi pouco mencionado na pesquisa.

Page 59: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

59

É perceptível que Atendimento e Criação ainda imperam nas agências de

Publicidade de Brasília, provavelmente pelo fato de tanto agências Tradicionais,

Promocionais e Digitais contarem com esses departamentos em suas estruturas. Mídia e

Produção podem estar em menor escala por não fazerem parte de agências que são

especificamente digitais, pois são áreas que trabalham com material e mídia offline.

Por mais que o Planejamento seja o departamento em menor escala se

comparado aos demais, a sua porcentagem é significativa se levarmos em consideração

o cenário da área na cidade há cerca de cinco ou dois anos, e que o mesmo costuma ser

utilizado em agências Tradicionais, Promocionais e Digitais, como não é o caso da

Produção e Mídia, por exemplo. É necessário destacar que, na pesquisa, o Planejamento

pode ter sido considerado, não necessariamente como departamento, mas também nos

casos em que outro profissional exerce a função, como, por exemplo, um profissional de

Atendimento que também cumpre o papel de Planejador. Contudo, o ritmo da pesquisa

pode ser favorável para área, pois mesmo que a agência ainda não tenha um

departamento de Planejamento consolidado, só o fato dela considerá-lo em sua estrutura

indica que a mesma conta com a área. Isso pode ocasionar futuras vagas e, por

consequência, fertilizar ainda mais a cultura de Planejamento que está sendo criada na

cidade.

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60

7. PESQUISA QUANTITATIVA: RELAÇÃO DAS AGÊNCIAS LOCADAS EM

BRASÍLIA COM O DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO

7.1. Metodologia utilizada

Com o objetivo de constatar todos os dados coletados durante este estudo, tais

como as percepções dos profissionais de Brasília e também a pesquisa quantitativa do

capítulo anterior (onde diz que praticamente metade do mercado já conta com

departamentos de Planejamento), a autora deste trabalho criou e direcionou um

questionário de método quantitativo fechado para todas as noventa e oito agências

escolhidas para a amostra. Ele foi elaborado com o propósito de entender os tipos de

serviço que cada agência oferece, segmentos de mercado atendidos por ela, se existe o

departamento de Planejamento na estrutura locada em Brasília - mesmo que conte com

uma única pessoa -, por quantos membros ele é composto, o gênero dos ocupantes, por

quais cargos estão distribuídos, se alguém veio de outro estado exclusivamente para

preencher um desses cargos e, no caso da agência não contar com um departamento de

Planejamento, se ela pretende contar com a área no período de até um ano e o porquê56

.

Das noventa e oito agências, cinquenta e uma responderam ao questionário, o que

corresponde a um pouco mais da metade da amostra. Portanto, a pesquisa elaborada

conta com o universo de cinquenta e uma agências locadas em Brasília.

7.2. Resultados obtidos: o cenário está em voga

Para melhor compreensão da leitura, neste subcapítulo serão analisadas as

respostas de cada questão isolada. Quando necessário, as respostas individuais dos

questionados serão comentadas e, no final do subcapítulo, um cruzamento de dados para

deter os principais insights.

De acordo com as respostas, os serviços mais oferecidos em Brasília são Offline

e Digital em iguais proporções, seguido de Redes Sociais, Full Service e Promocional.

Neste tópico, é importante destacar que algumas agências que afirmam fornecer

56 Todo o questionário está no final do trabalho, na aba "Apêndices".

Page 61: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

61

diversos serviços delegam parte dele para agências parceiras. Por exemplo, nem todas as

agências que contam com Digital oferecem serviços em Redes Sociais, como é o caso

da TV1 e Arcos Brasil, e nem todas que oferecem Redes Sociais oferecem Digital,

como é o caso da Matriz Comunicação e Princípio Ativo Comunicação57

.

Quadro 7: Quais tipos de serviço a agência que você trabalha oferece?

Fonte: Pesquisa/2014

Além disso, notou-se algumas agências que a princípio acreditava-se serem

Promocionais, mas na verdade têm estrutura full service, como é o caso da Fermento

Promo e Monumenta. Outra que merece destaque é a Avocado Design, que afirma

utilizar metodologias de design thinking58

em seus processos de trabalho, o que poderia

ser outra categoria dentro dos serviços oferecidos, no entanto, foi a única que alegou

oferecer este método para seus clientes.

Como mostra o próximo gráfico, a maior parte das agências atende tanto

Governo quanto Varejo (49,02%), seguidas de apenas Varejo (35,29%) e apenas

Governo (17,65%). No entanto, é válido retomar o tópico anterior no que diz respeito à

parceria comumente feita entre as agências, onde a conta é de fato de uma, mas um

serviço específico, como de Redes Sociais, por exemplo, é delegado para outra. Vale

destacar que essas parcerias ajudam a expandir o mercado. Caso essas contas ficassem

apenas nas agências que as atendem de fato, haveria uma concentração de mercado

muito maior.

57 Esta informação tem como base a pesquisa elaborada por Lacombe, onde estão destacados os

departamentos que cada agência possui. Foram consideradas as áreas das cinquenta e uma agências que

responderam ao questionário.

58 Termo cunhado por Tim Brown. É uma metodologia derivada dos processos de design, onde o

profissional migra do processo tático e operacional para uma abordagem mais estratégica e participativa.

Page 62: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

62

Quadro 8: Atualmente, quais segmentos de mercado ela atende?

Fonte: Pesquisa/2014

As respostas também confirmam a hipótese de que no mercado brasiliense de

Planejamento, o segmento Governo predomina. Se somados os itens 'Governo' e 'As

duas opções anteriores', temos um número representativo, onde quase 70% do mercado

presta serviços de Publicidade para o Governo.

Como mostra o quadro abaixo, dentro do universo de agências que responderam

ao questionário, 70,59% já contam com departamento de Planejamento na cidade. Esse

resultado derruba uma das hipóteses levantadas no início deste trabalho, que diz que

existiam poucas vagas e oportunidades na área em Brasília. Quanto a porcentagem de

21,57% que corresponde às agências que não contam com departamento de

Planejamento, alguns entrevistados mencionaram que mesmo que não exista a área de

fato, outro profissional faz a tarefa do Planejamento quando necessário, no caso,

Atendimento ou Diretor de Criação.

Quadro 9: Vocês possuem departamento de Planejamento

em Brasília, mesmo que conte com uma única pessoa?

Fonte: Pesquisa/2014

Os Planejamentos que vêm de outros estados também são poucos, apenas 7,84%.

Não se sabe se essa porcentagem diminuiu com o pulsar da área em Brasília ou se

sempre correspondeu a uma parcela pequena, mas atualmente a realidade é de que a

maior parte dos Planejamentos são feitos na própria cidade.

Como mostra o próximo gráfico, 29,41% das agências contam com um único

profissional de Planejamento em sua estrutura local. A mesma porcentagem de 13,73%

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63

conta com dois profissionais ou não conta com departamento de Planejamento,

respectivamente. Já a porcentagem de 11,76% conta com três profissionais ou o

Planejamento vem de outro estado, também respectivamente.

Quadro 10: Se sim, por quantas pessoas ele é composto?

Fonte: Pesquisa/2014

Nota-se que a porcentagem relacionada às agências em que o Planejamento vem

de outro estado é um pouco maior neste tópico, com 11,76%, isto é, uma diferença de

3,92% se comparada ao item de mesmo aspecto do tópico anterior. O que pode

responder essa diferença é se o questionado tiver respondido que a agência conta com

departamento de Planejamento, mas não que ele está locado em outro estado. Percebe-se

também que no tópico anterior, o item que contabiliza a resposta ‘não conto com

departamento em Brasília, mesmo que conte com uma única pessoa’, corresponde a

21,57% e neste tópico corresponde a 13,73%. No entanto, se somarmos o item ‘outro

profissional exerce esta função’ e ‘não conto com profissional de Planejamento’, que

neste caso podem ser um conjunto porque esta questão busca saber a porcentagem de

profissionais que exercem a disciplina e não se existe o departamento, veremos que a

porcentagem é um pouco mais aproximada, ou seja, 19,61%. Estes 1,96% restantes

podem ser uma margem de erro ou discrepância entre as respostas de algum

questionado.

De acordo com as respostas, o gênero que predomina o mercado de

Planejamento em Brasília é o masculino. Mas a diferença entre ele e o feminino não é

muito distante, corresponde a apenas 16,4%, como mostra o quadro abaixo.

Page 64: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

64

Quadro 11: Com relação ao gênero, quantos integrantes são do sexo

feminino e quantos são do sexo masculino?

Fonte: Pesquisa/2014

De acordo com o próximo gráfico, maior parte dos profissionais de

Planejamento de Brasília são Diretores com 24,59%, seguidos de Gerentes com 18,03%

e Coordenadores/Supervisores de Planejamento com 16,39%. Esses dados mostram que

maior parte do mercado é composta por Plenos e Seniores, e não Juniores, como era o

senso comum.

Quadro 12: Por quais cargos eles(as) estão distribuídos(as)? (Se não tiver o departamento em Brasília,

pule esta questão.)

Fonte: Pesquisa/2014

No entanto, é importante destacar mais uma vez que é possível que na pesquisa

tenham sido considerados profissionais que exerçam mais de uma função dentro da

agência. Por exemplo: caso o Diretor de Criação faça Planejamento, também é

considerado Diretor da área.

Em 25% dos casos, profissionais de outros estados foram chamados para exercer

um cargo de Planejamento em Brasília, dado que reforça a fala de alguns entrevistados

de que vários profissionais são importados para exercer Planejamento em Brasília,

como mostra o gráfico abaixo.

Page 65: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

65

Quadro 13: Alguma(s) pessoa(s) do departamento veio(vieram) de outro estado exclusivamente para

trabalhar nessa agência, mesmo que esta pessoa seja você? (Se não tiver o departamento, pule esta

questão.)

Fonte: Pesquisa/2014

Como apontam os dados do próximo gráfico, 35,71% dos Planejadores que

vieram de outros estados são Diretores, seguidos dos cargos de Coordenador/Supervisor

e Gerente de Planejamento.

Quadro 14: Se sim, qual cargo ela(s) ocupa(m)? (Se nenhuma pessoa for de outro estado ou se a agência

não tiver o departamento, pule esta questão.)

Fonte: Pesquisa /2014

Essa segmentação afirma que Brasília costuma importar profissionais Seniores

para cargos mais altos, como alguns entrevistados também mencionaram, e no caso, o

cargo de Diretor é o mais representativo.

Como podemos observar neste último gráfico, 58,33% das agências, segundo as

respostas, pretende contratar um Planejador no período de até um ano, e alguns

questionados disseram o porquê dessa afirmativa. Dentre os motivos estão a entrada em

breve de uma conta do Governo na agência, a crescente demanda pelo trabalho de

Planejamento e até mesmo a percepção de que ter um profissional de Planejamento para

trabalhar dentro da mesma estrutura é sempre bom.

Quadro 15: Caso a agência que você trabalha não conte com um departamento de Planejamento, existe a

intenção de adicioná-lo no período de até 1 (um) ano? (Se tiver o departamento, pule esta questão e

obrigada por participar.)

Fonte: Pesquisa/2014

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66

Alguns que negaram a adição de um Planejador para a estrutura de Brasília

dentro do período de até um ano, também justificaram. Dentre as respostas, têm

justificativas como: a constante vinda do Gerente ou Diretor de Planejamento de outro

estado até a agência locada em Brasília supre as demandas necessárias; o serviço só é

requisitado em grandes campanhas, portanto a agência prefere contratar freelas nessas

ocasiões; a estrutura de Brasília existe para atender apenas duas contas, por isso, quando

tem alguma campanha maior, o Planejamento é feito na matriz e o contato é por e-mail

ou teleconferência; e por fim, foi citada até mesmo a indisposição da agência em passar

por grandes mudanças.

7.3. Principais insights da pesquisa quantitativa

O resultado da pesquisa afirma algumas percepções e derruba outras sobre o

mercado de Planejamento de Brasília. Que os segmentos Offline e Digital predominam

não chega a ser uma surpresa, nem que cerca de 66% do mercado atende Governo. Mas

outros dados afirmam que a mudança no cenário do mercado tem sido geral, e que

muitas pessoas possuem o departamento ou acreditam que tê-lo por perto é importante.

Considerando que 70,59% do mercado conta com departamentos de

Planejamento onde em 29,41% dos casos existe ao menos um único profissional da

área, nota-se que o cenário é promissor, principalmente porque mais de 40% das

agências que responderam a entrevista contam com departamentos maiores, com duas

até sete pessoas. Se esse dado for comparado com os 13,73% das agências que não

contam com o departamento e também com os comentários de alguns dos funcionários,

que consideram o Planejamento como uma peça importante, fica claro que o

Planejamento está em maior evidência no mercado e ganhando relevância aos poucos, o

que também foi mencionado pelos entrevistados.

Outro dado que merece destaque é referente aos níveis dos Planejadores da

cidade. A maior parcela dos profissionais ocupam cargos de Direção,

Supervisão/Coordenação e Gerência. Ou seja, o dado indica que no mercado não

predominam os Juniores, e sim os Plenos e Seniores que possivelmente estão em busca

de Juniores. Além disso, é importante mencionar que 25% do total dos Planejadores que

atuam na cidade, vieram de outros estados exclusivamente para trabalhar nas agências

Page 67: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

67

que estão atualmente. Este número é alto especialmente se pensarmos que eles vieram

para cá não porque o mercado é maduro e oportuno, como o caso de São Paulo, mas por

necessidade da cidade: Brasília precisa de Planejadores, mas tem poucos disponíveis ou

adequados às vagas.

Por fim, foi feito o cruzamento de dados entre as agências que têm Planejadores

locados em Brasília e os serviços que elas prestam, e as agências que têm Planejadores

locados em Brasília e qual segmento de mercado atendem. O objetivo foi identificar

quais tipos de agência mais contam com Planejadores e para quais segmentos de cliente

o trabalho dos mesmos é mais direcionado na cidade.

Como mostra a tabela abaixo, o Planejamento é utilizado em agências que

oferecem os mais diversos serviços. O Promocional é o que conta com menor

porcentagem, no entanto é válido registrar que algumas agências que também contam

com serviços promocionais consideram-se Full Service devido às demandas de trabalho.

Quadro 16: Agências que têm Planejadores locados em Brasília e os serviços que elas oferecem

Fonte: Pesquisa/2014

Portanto, os Planejadores estão bem distribuídos entre as agências de

Publicidade de Brasília. Esse tipo de profissional não é mais designado para um

fragmento do mercado do que para outro, quer dizer, em todos ele atua em similares

proporções.

De acordo com as respostas coletadas, 66% do mercado atende contas do

Governo. Esse número ainda é um pouco maior se forem isolados e cruzados os dados

de agências que possuem o departamento de Planejamento com agências que atendem

contas governamentais. Como mostra o gráfico abaixo, 71,42% dos Planejadores atuam

em agências que atendem contas de Governo (somando os itens 'Governo' e 'As duas

Page 68: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

68

opções anteriores'), o que indica que provavelmente eles também tenham demandas do

Governo. Este dado prova, mais uma vez, a percepção de que em Brasília predomina o

segmento governamental.

Quadro 17: Agências que têm Planejadores locados em Brasília e os segmentos de cliente que elas

atendem

Fonte: Pesquisa quantitativa autoral/2014

Como dito nos parágrafos anteriores, é possível que em algumas respostas os

questionados tenham considerado os profissionais de outras áreas que exercem a função

de Planejamento como Planejadores de fato. No entanto, mesmo esses profissionais que

possivelmente exercem mais de uma função dentro de suas agências são um público

importante para o Grupo, pois mesmo que eles não sejam apenas Planejadores no cargo,

fazem Planejamento.

Page 69: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

69

8. COMO OS PROFISSIONAIS ACREDITAM QUE UM GRUPO DE

PLANEJAMENTO PODE CONTRIBUIR COM O PLANEJADOR EM

BRASÍLIA

8.1. Primeiras impressões: união dos Planejadores e democratização da disciplina

Como referenciado no início deste trabalho, em 1979 surgiu o Account Planning

Group no Reino Unido com o objetivo de ajudar a promover e desenvolver a profissão e

disciplina de Planejamento. Depois dele, foram criados grupos de Planejamento em

diversos lugares do mundo, até que em 2002 o Grupo de Planejamento surgiu no Brasil,

em São Paulo. Este é referência na área para o país inteiro, mesmo que algumas regiões

tenham optado por criar seus próprios Grupos devido suas particularidades de mercado,

com a proposta de ajudar a amadurecer os profissionais junto ao mercado local, que

nem sempre tem as mesmas necessidades de São Paulo.

Tendo como base a existência incipiente do Grupo de Planejamento de Brasília,

os entrevistados comentaram sobre formas potenciais para que ele venha atuar,

considerando percepções sobre o movimento dos profissionais e do mercado.

Bauab (2014) acredita que o Grupo tem como primeira estância ser um

catalisador social, colocando as pessoas em contato: "É técnico isso, a gente precisa se

conhecer pra ver se começa a amadurecer alguma coisa" (Ibidem). A fala de Bauab

indica que os Planejadores de Brasília não se conhecem - ou que poucos se conhecem -,

e Lobo concorda com ele quando diz que "falta muito a interação ou integração dos

Planners" (LOBO, 2014). Essa percepção foi detectada em quase todas as entrevistas.

Eu não sei o que o Fulano tá fazendo. Eu sei o que a Sicrana tá fazendo na

Click porque ela é minha amiga, trabalhou comigo e é uma pessoa que foi pra

outro lugar. Eu sei o que a Beltrana tá fazendo na Propeg porque ela

trabalhou comigo e a gente se fala, mas eu não sei o que outros profissionais

andam fazendo de bom. Eu não sei o que o Fulano tá fazendo, que veio de

São Paulo pra ser Diretor de Planejamento, não sei o que o Beltrano tá

fazendo na Flap, sei que tem vaga, abriu uma vaga, etc e tal. Ninguém sabe o

que eu to fazendo a não ser ler aqueles textos que eu escrevo e postam na

página da agência. SCHWAB, 2014

Os entrevistados percebem certa distância entre os Planejadores da cidade e

anseiam pela união dos mesmos. Nem todos os Planejadores se conhecem, só sabem às

iscas quem está em que lugar ou fazendo o quê por ouvir falar, mas não sabem quem de

Page 70: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

70

fato são ou o que estão fazendo. Essa falta de união e integração dos Planejadores, antes

de ser uma problemática, pode ser uma oportunidade para o Grupo começar a agir, já

que os próprios profissionais se mostram disponíveis para efetivar essa união.

Outro ponto destacado é quanto a forma do Grupo começar a se mostrar de fato.

Lobo (2014) vê a criação de um Grupo de Planejamento como algo democrático, para

ser construído junto, onde todos possam opinar e fazer parte. Ele acredita que se a

intenção é fazer algo para o mercado, é necessário gritar a iniciativa primeiramente para

ele, e depois para os demais, ponto de vista que Pétalla (2014) concorda quando diz:

"Acho que o Grupo de Planejamento começa de uma coisa pequena, primeiro tentando

organizar essas pessoas que já estão no mercado, para aí sim começar a abrir pra quem

tá de fora, quem tá chegando, para aí sim a gente entender como trabalhar o Grupo

mesmo". Lobo (2014) também destaca que para grande parte dos Planejadores, há o

interesse de que um Grupo exista, pois valoriza o profissional e mostra que a área está

crescendo regionalmente. No entanto, reforça que é necessário que a causa se torne

pública e democrática para que todos sintam-se convidados a participar e

principalmente lutar por ela.

Mesmo que o cara [sic] não vire participante ativo, ele, quando for falar ou

contratar alguém, é um embaixador da causa, comprou o movimento. Aí você

tem um Planner, tá ali trabalhando, e ele é um embaixador do Grupo? Da

causa. E quem representa a causa? O Grupo. LOBO, 2014

A partir do momento que um Grupo de Planejamento é democrático, o acesso à

disciplina também passa a ser. Considerando a dificuldade do mercado em entender o

que é e como funciona o Planejamento, e ao mesmo tempo o interesse em conhecê-lo

melhor, criar um Grupo democrático parece ser o melhor caminho. Schwab utiliza o

Grupo de Planejamento de São Paulo como exemplo e reforça a fala de Lobo.

É democratização do acesso à disciplina. Eles podem não te contratar pra

trabalhar com eles porque não é assim que funciona, mas os caras [sic] fazem

curso, fazem palestra gratuita, investem tempo num site especializado como o

Unplanned, trocam ideia, trocam ferramenta, te recebem pra conversar.

SCHWAB, 2014

Nota-se que os entrevistados se interessam e acreditam que um Grupo seria

essencial desde que seja um lugar para interesses em comum e acessível a todos. Até

mesmo Spyer, que está na cidade há cerca de oito meses, percebe essa disposição por

parte dos profissionais e dos que ainda estão ingressando no mercado: "Pelo menos pelo

Page 71: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

71

pouco tempo que eu cheguei eu percebi que todo mundo tá disposto a [sic], só falta

alguém jogar a faísca ali pra [sic]" (SPYER, 2014).

8.2. Faculdade x Mercado: outra urgente aproximação

Segundo Vasconcelos (apud TABORDA, MÉLO, 2012), diversas mudanças

aconteceram ao longo do tempo no mercado. Dentre elas, a participação de veículos na

atividade publicitária e o suporte que as agências concediam ao próprio Ministério da

Educação (MEC) quanto a matriz curricular das faculdades e universidades da Capital:

Nós estamos ausentes, mas isso é hoje, mas antes nós participávamos de

debates, de discussões, eu fiz parte da comissão de reforma de currículo do

estudo de Comunicação, do MEC, imagina? Eu não tô falando porque eu fiz

parte, eu tô dizendo que o mercado participou da reforma do currículo, fui

debater com o dono da indústria de ensino, “Vamos fazer isso, a matéria é

essa e essa, laboratório e tal”. IBIDEM

É possível notar que, considerando o início da atividade publicitária em Brasília

até os dias de hoje, muita coisa mudou, desde a politização de todo o mercado até o

fluxograma das agências.

Tinha agência de publicidade, mas não tinha essas atribuições e funções que

tem hoje. Eu fui professor no UniCEUB e dei aula de Planejamento de

Campanha e PP3, onde a gente atribuía as funções de uma agência de

Publicidade aos alunos e isso a gente fez muito com as agências. Antes,

quando as pessoas abriam uma agência, elas nos procuravam e a gente

ensinava. Não tinha estrutura, mas tinha vontade de montar e crescer uma

agência, de aprender. Antes tinha um corporativismo que hoje, infelizmente,

não tem. IBIDEM

O fato de atualmente as universidades chamarem profissionais para conversar

com os alunos em sala de aula e até mesmo para opinar nas matérias de ensino, mostra

como os papéis se inverteram e, enquanto o mercado local de agências cresceu, as

instituições de ensino permaneceram com as metodologias de anos atrás. Além disso, as

universidades pouco mostram nos exercícios elaborados nas turmas o que é o mercado

publicitário de Brasília, muito se vê as referências de São Paulo (TABORDA, MÉLO,

2012). A soma dessas ocorrências acaba causando certa distância entre os estudantes e o

Page 72: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

72

mercado, que é um dos fatores que pode prejudicar aqueles que estão se formando e

tentando engrenar a vida profissional nos dias de hoje.

Considerando as falas de Bauab (2014) sobre os idos de 2006, a percepção era a

mesma, de que não existiam ou eram raras as vagas na área em Brasília. Mas vê-se que

hoje, oito anos depois, o cenário mudou mas a percepção de escassez permanece, o que

dificulta estudantes e iniciantes a persistirem em ingressar na área.

Amanda Agapito, atual Assistente de Planejamento da Artplan, e com bagagem

pela Embratur, Fermento e Monumenta, quando perguntada se existe dificuldade para se

inserir na área em Brasília, ela diz: “acho que existe uma dificuldade por ter poucas

vagas e por ser uma área relativamente nova em Brasília” (AGAPITO, 2014), mas

afirma ter tido sorte por causa dos estágios que fez. Já Guilherme Godinho, atual

Estagiário de Planejamento da AgênciaClick Isobar e com passagem pela Matriz

Comunicação, agência júnior de Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de

Brasília, relata: “Quando comecei havia um medo generalizado de não existir vaga, me

diziam que era muito arriscado fazer Planejamento” (GODINHO, 2014). Portanto,

existe tanto a distância natural entre os que são estudantes e o mercado, quanto a

percepção equivocada de que as vagas ainda são poucas, que as oportunidades são

mínimas. E os entrevistados veem que o Grupo de Planejamento de Brasília também

pode colaborar aproximando mercado e estudante, e assim ajudar a minimizar este

ruído.

O mercado de Planejamento em Brasília está tendo oportunidade, está tendo

vaga sim, mas estamos tendo um gap gigantesco que é isso aí, uma distância

muito grande dos estudantes pra quem tá no mercado, que aí a proposta do

Grupo de Planejamento pode solucionar isso. PÉTALLA, 2014

Bauab (2014) reforça que tem cada vez mais pessoas querendo trabalhar na área.

Lobo vai um pouco mais fundo na discussão e diz que na época que ainda estudava,

percebia que entrar no mercado era visto como uma coroação da vida, e não um

processo natural. Por isso, destaca o receio que existe entre os estudantes de falar com

profissionais que já são atuantes, sentimento percebido ao ministrar palestras ou

conversar com turmas nas faculdades.

Acho que um Grupo de Planejamento ajuda nisso, de dar coragem, promover

um encontro onde ele vai ter um lugar propício pra chegar e falar que ele

quer trabalhar, quer ajuda, quer aprender. Um lugar comum igual a Abertura

do Semestre que foi um lugar comum pra eu conhecer o Frank, sabe? Que foi

Page 73: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

73

o meu primeiro mentor, que abriu um laptop59

e passou Planejamento, me

indicou os livros mais maneiros [sic] que eu já li sobre a área. Se não tivesse

o lugar comum, eu ia ter muito receio de bater na porta de uma agência,

porque é muito mais difícil. Então é muito mais legal pra dar tanto

conhecimento como um acesso ao próprio mercado. LOBO, 2014

Spyer (2014) ainda ressalta que é perceptível o interesse dos alunos e Juniores na

disciplina de Planejamento, o anseio em aprender mais sobre, especialmente porque

com o passar do tempo a mesma ficou em evidência. No entanto, nota que existe uma

lacuna onde deveria conter oferta de aprendizagem.

Uma iniciativa importante para pontuar ainda neste tópico é o Caça-Fermentos,

processo seletivo realizado pela Fermento Promo para contratar seus novos Estagiários.

Segundo Carlos Grillo, Sócio-Diretor da agência, em entrevista ao canal do Blog

Fernando Vasconcelos, em 2014 o processo teve sua terceira edição e contou com três

etapas: online, presencial e entrevista com uma consultoria contratada de Recursos

Humanos60

. Nesta última edição, os candidatos deveriam criar um blog e, ao passo que

eram lançados os desafios na página do Facebook da agência, eles deveriam publicar

suas respostas nos blogs criados, e, depois, adicionar o link delas na caixa de

comentários do desafio correspondente na página do Facebook da agência. Passadas

todas as etapas (online e presencial com a equipe Fermento e empresa de RH), e

contratados os novos Estagiários, a agência publicou um post fazendo referência à

experiência do processo realizado este ano, adicionando também as métricas alcançadas

durante o período.

Oportunidade é a palavra que melhor resume o Caça-Fermentos, nosso

programa de estágios. Um projeto inovador, que nasceu para mudar a lógica

da leitura de portfólios, prática comum na contratação de profissionais, mas

duvidosa quando aplicada para estudantes, que buscam uma primeira chance

no mercado. Para nós, o 'Caça' é a oportunidade de crescer, de contribuir com

a formação de novos talentos e interagir com mais de 9 mil pessoas. A

chance de alcançar, em pouco mais de dois meses, 560 mil visualizações em

nossa fanpage e encontrar 113 jovens promessas dispostos a batalhar para

ocupar uma estação de trabalho aqui na agência. Para os 14 selecionados, é a

oportunidade de ter suas ideias curtidas por mais de 3 mil pessoas e elogiadas

em cerca de 900 comentários. A chance de estar em um lugar onde a vontade

de fazer é tão importante quanto a experiência. O momento de dar os passos

iniciais de uma carreira, que acreditamos será brilhante. Agradecemos a todos

que participaram e acompanharam esse processo. Aos novos Fermentos,

59 Computador portátil.

60 Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=HlImRJKpOVI> Acesso em: 25 de Maio de 2014.

Page 74: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

74

desejamos boa sorte e muita inspiração. Que essa caminhada repleta de

oportunidades seja recompensadora para todos nós. FERMENTO, 2014

Ou seja, por meio do processo seletivo, onde maior parte é feita pelas redes

sociais, a agência cria um espaço para que os Estudantes possam concorrer à vagas no

mercado. Sabemos que, mesmo que os Estudantes não tenham necessariamente contato

com profissionais durante o processo, para eles, o Caça-Fermentos é uma oportunidade

de fácil acesso para entrar no mercado. É de grande importância também destacar que

no processo de 2014, duas das quatorze vagas disponíveis eram para o departamento de

Planejamento. O programa tem duração de seis meses com acompanhamento da

empresa de Recursos Humanos.

8.3. Outras possíveis esferas de atuação

Como citado no capítulo 5 e afirmado no capítulo 7 deste trabalho, Brasília

possui um mercado bastante particular pelo fato do Governo predominar a lista de

clientes das agências de Publicidade. Essa particularidade faz com que os desafios

sejam medidos não apenas na atuação prática do Planejador, mas também na dificuldade

em encontrar insumos que os capacitem para exercer a área na cidade. Mesmo que o

profissional vá buscar capacitação em outros estados, a realidade de mercado costuma

ser distinta. A título de exemplo, Pétalla comenta sobre a escassez de insumos

profissionais em Brasília e a incompatibilidade do que é oferecido em mercados mais

maduros, como São Paulo, com a realidade brasiliense.

O mercado de Brasília é carente de cursos, eventos, é carente de tudo isso, e

as pessoas aqui pagam um absurdo pra ir pra São Paulo, e ao chegar em São

Paulo veem coisas sensacionais, só que “cara, isso é sensacional pra Nike,

pra Adidas, só que eu trabalho pro Banco do Brasil, trabalho pro Sebrae,

trabalho pro Ministério da Saúde”... Então fica uma diferença que às vezes

você não sabe como usar aquilo pro seu cliente aqui. PÉTALLA, 2014

Como também referenciado nos capítulos anteriores, mais especificamente na

Introdução deste trabalho, Grupos de Planejamento costumam agir em prol da formação

do profissional e do mercado de Planejamento, e essas ações se realizam por diversos

meios, desde que sirvam de fomento à área e disciplina de Planejamento.

Lobo (2014) acredita que em Brasília um Grupo de Planejamento funciona para

dar voz aos Planejadores, valorizá-los, e também para ser um meio de troca de

Page 75: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

75

ferramentas utilizadas na área, um lugar comum onde os Planejadores possam se

encontrar, se conhecer e se reciclar enquanto profissionais. Quanto àqueles que ainda

estão entrando no mercado, acredita que o Grupo pode ter um papel de coach61

, de

ensinar, de explicar e de fazer networking. Schwab (2014) acredita que o Grupo é útil se

investir em formação, capacitação e projeção consequente das duas anteriores. Ele crê

que desta forma o Grupo estaria fazendo bom uso da evidência que o Planejamento está

tendo agora, e ainda ressalta:

Não é comprar a ideia do Grupo, é comprar ideia de que você precisa

melhorar como Planejamento. Não basta querer ser Planejamento, estar no

Planejamento, fazer parte do Planejamento, ter o Planejamento como objeto

da sua carreira, se você não comprar a ideia de que você precisa melhorar

[sempre]. IBIDEM

Bauab vai mais fundo nessa discussão e diz que um dos pilares do Grupo deveria

focar na comunicação governamental, mesmo que muitas vezes isso envolva assuntos

que só interessam aos Planejadores.

Eu acho que um GP seria bem legal mesmo aqui, e devia chegar lá na esfera

de ser um fomentador da discussão da comunicação pública. Trazer os

clientes pra discutir como o Governo vê isso, ninguém vai fazer isso. [...]

Discutir a pauta pública como um todo, o que tá envolvido nesse processo,

por que é difícil fazer comunicação aqui em Brasília, por que é diferente

comunicação do Governo e do Privado, discutir o assunto de uma forma mais

macro, eu acho que as únicas pessoas que vão estar afim de discutir isso são

do Planejamento. Eu digo até por experiência interna, de gestões que às vezes

eu faço e o Criativo pergunta: “Mas qual o objetivo se não vai virar uma

campanha no final?” “Discutir, conversar, saber sobre o assunto” “Não, mas

não interessa pra mim.” BAUAB, 2014

Ele ainda endossa a afirmação de Pétalla sobre a diferença do que é estudado em

São Paulo e o que é útil de fato para Brasília: “O que a gente poderia trazer de legal pra

cá? Trazer os caras de São Paulo? Não, não é a mesma coisa... Vamos trazer um

cientista político, vamos trazer um cara que tenha mais a ver com o que a gente faz aqui

no dia-a-dia” (Ibidem). Já Schwab (2014) diz que não é interessante ignorar São Paulo,

pois por mais que o mercado seja diferente, o Grupo de Planejamento faz coisas legais e

pertinentes ao público de interesse dele. Lobo (2014) reafirma que em Brasília falta a

união dos Planejadores, uma escola de estratégia e de fato, um Grupo de Planejamento –

o que poderia ajudar a solucionar as diversas esferas citadas anteriormente.

61 Treinador, instrutor.

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76

9. REFERÊNCIAS: GRUPO DE PLANEJAMENTO DO RIO GRANDE DO SUL

E GRUPO DE PLANEJAMENTO E ATENDIMENTO DO PARANÁ

9.1. Metodologia utilizada

Com o objetivo de buscar referências de Grupos de Planejamento regionais, foi

feita uma entrevista via e-mail utilizando questionário aberto com Carla Link, atual

Gerente de Projetos da LiveWork Studio e co-fundadora do Grupo de Planejamento do

Rio Grande do Sul. Foi feita uma busca na Internet para encontrar informações sobre o

Grupo de Planejamento e Atendimento do Paraná, e também foi utilizada uma entrevista

que Cícero Rohr, atual Diretor de Atendimento da Agência Master (sede Curitiba) e

Presidente do Grupo de Planejamento e Atendimento do Paraná, cedeu ao site da

Rednews62

.

Os demais materiais de apoio para dar mais robustez à este tópico também foram

buscados na Internet, especialmente no SlideShare63

do Grupo de Planejamento e

Atendimento do Paraná.

9.2. Surgimento e objetivos

Desde já, é importante destacar que os dois Grupos surgiram sem dependência

alguma do Grupo de Planejamento São Paulo. Segundo Link (2014), na região sul-rio-

grandense, havia uma pré-disposição de Planejadores de algumas agências em fomentar

o mercado local, então em 2005 começou a surgir o Grupo de Planejamento do Rio

Grande do Sul, mas não com esse nome formalizado. Ela comenta que eram feitos

encontros mensais de inspiração, onde a cada mês uma agência da cidade colocava sua

sede à disposição para apresentações diversas que eram organizadas pelo Planejador da

62 A autora deste trabalho também conversou com Cícero Rohr via Skype, mas como não foi possível

gravar a teleconferência, foram consideradas no texto apenas as falas da entrevista cedida ao site

Rednews. No entanto, a conversa informal ficou como estofo para futuras atividades do Grupo de

Planejamento de Brasília.

63 Rede social para compartilhamento de apresentações e documentos diversos.

Page 77: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

77

mesma. Todos esses encontros começaram a surgir com o objetivo de aproximar

profissionais para compartilhar seus aprendizados e experiências.

O fundador do GPAPR, Tiago Stachon, diz que o Grupo começou de maneira

informal e assim seguiu por algum tempo, também atuando frente aos interesses dos

Planejadores e Atendimentos de Curitiba e entorno, até que o mercado reconhecesse e

legitimasse o Grupo como tal (DO POVO, 2011). Ainda de acordo com ele, o objetivo

do Grupo é “gerar e reunir conteúdo relevante, que possa contribuir com a formação

profissional de Atendimento e Planejamento das agências de Curitiba e também do

interior do Estado” (Ibidem). Ou seja, é perceptível que normalmente Grupos regionais

surgem informalmente e assim permanecem até serem relevantes e estarem mais

consolidados com o apoio do mercado.

9.3. Atividades

Link comenta que quando os encontros começaram a ganhar mais solidez, foi

decidido criar uma associação que viria a ser o GPRS de fato.

Foi realizada uma chamada geral das agências, nesses primeiros

encontros,onde havia uma grande adesão. Até que chegou-se a decisão de

“legalizar” o grupo, tornando-o uma associação. Nesse momento, um grupo

de gestores foi criado (pela exigência legal) de forma voluntária – isto é,

quem tinha interesse em se envolver na organização dos eventos e do Grupo.

E criamos uma lista de interessados em participar das atividades, que

envolviam diversos profissionais de Planejamento, de outras áreas (Criação,

Atendimento, Mídia), fornecedores de Pesquisa e Promoção, Estudantes,

Acadêmicos, etc. LINK, 2014

Ela ainda diz que nessa época que o Grupo começou a ser formalizado, os

encontros foram reduzidos apenas aos gestores, pois apesar de serem abertos, poucos

tinham interesse em se envolver na organização das atividades do Grupo. Segundo ela,

esse momento foi bastante crítico e afastou muita gente, mas algum tempo depois,

quando o Grupo já estava efetivamente criado, foi possível reunir mais pessoas

novamente. Então o GPRS começou a fazer diversas atividades, inclusive levar

palestras nacionais e internacionais para o estado. “Eu lembro que na época, até foi feito

um questionário – daqueles em formato de caderno, como as crianças costumavam

fazer, que circulou por todas as agências. Dessa forma, era possível conhecer melhor os

outros profissionais” (Ibidem, 2014), completa.

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78

Stachon afirma que a partir do momento em que o GPAPR foi oficializado, eles

puderam receber patrocínios, cobrar pelas afiliações e realizar maiores eventos (DO

POVO, 2011). Atualmente, o GPAPR segue com as mesmas atividades definidas desde

a criação do Grupo. São elas:

Mais Mercado – com palestras e discussões sobre temas relevantes e nem sempre

relacionados especificamente às áreas de Atendimento e Planejamento;

GPA Universitário – palestras ministradas pelos integrantes do Grupo em eventos

promovidos pelas instituições de ensino ou por eles próprios também nas instituições de

ensino. Agora, o Grupo também escolhe um cliente periodicamente e lança desafios

para os universitários fazerem projetos de Planejamento ou Atendimento em dupla. Os

vencedores ganham premiações como cursos, estágio em agências do estado, entre

outros;

Grande Encontro – acontece por volta do segundo semestre de todo ano, e nele sempre

são levados palestrantes internacionais. O último realizado, em Outubro de 2013,

contou com Fernando Machado, profissional que atualmente trabalha em Londres e foi

premiado em Cannes com a campanha Real Beauty Sketches, da Dove.

O GPAPR também atua com parcerias como outras instituições de educação

(tais como Aldeia Coworking e Perestroika) além de entidades como o Grupo de Mídia

e o Clube de Criação do estado. Além destes, eles também estão buscando se aproximar

do Grupo de Atendimento e Grupo de Planejamento de São Paulo tanto para levá-los até

Curitiba para ministrar cursos e eventos quanto para oferecer vantagens aos associados

nos eventos realizados por eles.

Outro projeto que Rohr, atual Presidente do Grupo, destaca é o Censo

Profissional, que coletou dados dos profissionais do mercado do estado com a finalidade

de entender mais do público do GPAPR. Segundo ele, os resultados, que foram

revelados em Abril de 201464

, foram bons norteadores para a sequência de atuação do

Grupo (REDNEWS, 2014).

64 Disponível em: http://pt.slideshare.net/gpaparana/censo-20132014-de-profissionais-de-planejamento-e-

atendimento-de-comunicao-do-parana Acesso em: 25 de Maio 2014

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79

9.4. Definições estatuárias

Os estatutos tanto do GPAPR quanto do GPRS seguem premissas básicas

similares, mas em alguns quesitos são completamente diferentes. De qualquer forma,

para que não haja discrepância entre as definições particulares de cada um, eles serão

comentados separadamente.

GPAPR

De acordo com o estatuto redigido pelo GPAPR, os associados são divididos em

quatro categorias:

“Sócio fundador”: são considerados aqueles que participaram da Assembleia Geral de

constituição do GPA-PR. Estes precisam ser profissionais de Planejamento ou

Atendimento e possuem voz ativa, têm direito a voto e candidatura nas eleições;

“Sócio efetivo”: são profissionais de Planejamento ou Atendimento e têm direito a voz

ativa, voto e candidatura nas eleições;

“Sócio mercado”: são profissionais de outras áreas, mas que se interessam pelas

disciplinas de Planejamento e/ou Atendimento. Estes têm direito a voz ativa e voto, mas

não à candidatura nas eleições. Podem participar e usufruir de todas as atividades e

iniciativas realizadas pelo GPAPR;

“Sócio estudante”: são os que ainda estão em processo de formação em instituições de

ensino, mas se interessam pelas disciplinas de Planejamento e/ou Atendimento. Estes

têm direito a voz ativa, mas não a voto ou candidatura em algum dos cargos das

eleições. Podem participar e usufruir de todas as atividades e iniciativas realizadas pelo

GPAPR.

Todos os associados, sem restrições, podem exercer não apenas as tarefas citadas

acima, mas também precisam comparecer às assembleias quando convocados, além de

fazer valer todas as obrigações que o GPAPR define no estatuto.

O Grupo também é administrado por três órgãos sociais, sendo eles:

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Assembleia Geral: este é o órgão soberano, e é constituído pelos associados e

seus direitos estatuários. Suas deliberações dizem respeito a todos, estando ou

não presentes. Compete à Assembleia Geral tarefas como eleição e posse da

Diretoria e Conselho Fiscal, deliberar sobre a reforma do estatuto, escolher

membros do Comitê Eleitoral, entre outras questões que lhe forem submetidas.

Dentro da Assembleia Geral, há a Assembleia Ordinária e Assembleia

Extraordinária. Enquanto a primeira deve ser realizada uma vez por ano para

prestação de contas da Diretoria e Conselho Fiscal, e a cada dois anos para a

eleição da nova Diretoria, Conselho Fiscal e Comitê Eleitoral, a segunda deve

ser realizada apenas quando necessário para tratar de assuntos gerais e com a

pauta livre para participação dos associados.

Diretoria: este órgão é composto por doze membros65

distribuídos em diferentes

funções. Compete à Diretoria Administrar e cumprir as disposições definidas no

estatuto e deliberações das Assembleias, criar departamentos e nomear entre os

associados os respectivos coordenadores de cada seção, elaborar regulamentos

quando necessário, definir linhas de conduta no âmbito administrativo do Grupo,

apresentar um balanço geral do tempo em que foi gestora (isso, no final do

mandato), dentre outras tarefas. Os cargos e funções definidos pelo estatuto do

GPAPR são:

Presidente: tem como dever cumprir as delimitações do estatuto, representar o Grupo

ativa e passivamente, dirigir e orientar todas as atividades do Grupo de forma que

venham a atender às necessidades e anseios do mesmo, convocar e presidir as

Assembleias Gerais e reuniões de diretoria, entre outros;

Vice Presidente: substituir o Presidente em todos os quesitos na falta dele, assumir o

mandato caso o Presidente desocupe a função, e ser colaborador junto ao Presidente;

65 Diferente da composição do Grupo de Planejamento de São Paulo, por exemplo, onde a Diretoria, pelo

menos como consta no estatuto, é equiparada por apenas três pessoas em diferentes funções.

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Secretário: redigir atas das reuniões de Assembleia e Diretoria, substituir o Vice-

Presidente em sua falta, manter atualizado o registro de cadastro e frequência dos

membros do GPAPR, entre outros;

Suplente de Secretário: colaborar com a Diretoria em suas funções no cargo que for

designado, e substituir o Secretário em caso de impedimento ou desocupação da função

até o término do mandato;

Tesoureiro: dirigir e superintender todo o serviço da Tesouraria como assinar cheques e

toda documentação necessária junto ao Presidente ou Vice-Presidente, organizar

mensalmente o balancete do caixa, organizar anualmente o balanço financeiro e

patrimonial assim como a ata do Conselho Fiscal, registrar quaisquer bens do GPAPR,

elaborar um relatório mensal dos associados adimplentes, inadimplentes e isentos, entre

outros;

Suplente de Tesoureiro: colaborar com a Diretoria em suas funções no cargo que for

designado, e substituir o Tesoureiro em caso de impedimento ou desocupação da função

até o término do mandato;

Diretor de Eventos: promover e dirigir eventos do GPAPR, tais como palestras debates,

seminários e até mesmo festas, inserir o GPAPR em eventos de outras instituições do

Paraná e de fora do estado caso seja pertinente;

Diretor de Divulgação: divulgar junto aos associados e meios de comunicação as

atividades do GPAPR, organizar os endereços eletrônicos do Grupo na internet,

promover campanhas para a filiação de novos associados;

Diretor Comercial: responsabilidade de todas as atividades relacionadas à

comercialização de produtos ou espaços do GPAPR, assim como prospecção de

patrocínios e parceiros;

Diretor de Formação e Aprimoramento Pessoal: manter e firmar parcerias com

instituições de ensino superior para que o GPAPR possa levar conhecimento para os

estudantes, sejam eles associados ou não, e promover cursos e oficinas direcionados aos

sócios efetivos e sócios estudantes.

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Conselho fiscal: compete a este órgão examinar os livros de escrituração da

entidade, examinar o balanço apresentado pelo Tesoureiro opinando sobre,

emitir parecer sobre as contas anuais e enviar à Assembleia Geral, entre outros.

Este órgão se reúne anualmente ordinariamente e extraordinariamente quando

necessário.

Comitê Eleitoral: este é escolhido pela Assembleia Geral de acordo com o

calendário eleitoral. Este comitê deve ser composto por um a quatro membros

associados presentes na reunião, e compete a ele respeitar o calendário eleitoral

e as regras estabelecidas no Estatuto. Para ter o direito de votar, o membro deve

ser maior de dezoito anos, estar regulamente associado na categoria “fundador”,

“efetivo” ou “mercado” e estar em dia com a Tesouraria. Para concorrer a algum

dos cargos, o membro deve ser maior de dezoito anos, estar regulamente

associado na categoria “fundador” ou “efetivo” e estar em dia com a Tesouraria.

A eleição para a nova Diretoria e Conselho Fiscal, é feita com antecedência

máxima de noventa dias e mínima de trinta dias do término da gestão anterior. A

convocação da Assembleia é feita pelo Presidente ainda em exercício, e o prazo para

registro das chapas é de até quinze dias contados a partir da data de publicação do edital

de convocação da Assembleia. O registro das chapas deve ser feito na Secretaria por

meio de requerimento do Presidente ainda em exercício. Cada chapa é numerada

seguindo a ordem do registro, e para votar, o associado deve assinalar o número da

chapa escolhida e assinar o livro de presença apresentando seu documento de

identidade. A mesa coletora dos votos é constituída pelo atual Presidente, Secretário e

um Escrutinador (estes são nomeados pelo próprio Presidente quinze dias antes da

eleição, escolhidos pelo associados que não participam das chapas, nem algum

parentesco próximo com algum dos candidatos). A apuração é feita imediatamente após

o encerramento da votação, e a chapa vencedora é mencionada e empossada pelo até

então Presidente.

Este Estatuto está em vigor no GPAPR, mas é válido destacar que como eles

afirmam no capítulo VIII do documento, é possível mudar as diretrizes do mesmo

mediante deliberação da Assembleia Geral. Cada gestão tem validade de dois anos, mas

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pode se estender por no máximo dois mandatos consecutivos e sem limite de mandatos

se forem em biênios alternados.

GPRS

De acordo com o estatuto redigido pelo GPRS, os associados são divididos em

três categorias:

“Associado efetivo”: são profissionais de Planejamento e têm direito a voz ativa, voto e

candidatura nas eleições;

“Associado simpatizante”: são profissionais de outras áreas, mas que se interessam pela

disciplina de Planejamento em Comunicação. Estes têm direito a voz ativa e voto, mas

não à candidatura nas eleições. Podem participar e usufruir de todas as atividades e

iniciativas realizadas pelo GPRS;

“Associado estudante”: são os que ainda estão em processo de formação em instituições

de ensino, mas se interessam pela disciplina de Planejamento em Comunicação. Estes

têm direito a voz ativa, mas não a voto ou candidatura em algum dos cargos das

eleições. Podem participar e usufruir de todas as atividades e iniciativas realizadas pelo

GPRS.

Apenas os "Associados efetivos" e "Associados simpatizantes" podem

comparecer às assembleias quando convocados, com direito a voz e voto. E no caso das

reuniões de Diretoria Executiva, têm direito apenas à voz. Fora isso, todos os associados

têm direitos de participar das atividades, além de fazer valer todas as demais obrigações

que o GPRS define no estatuto.

O Grupo também é regido por três órgãos sociais, sendo eles:

Assembleia Geral: este é o órgão soberano, e é constituído pelos associados e

seus direitos estatuários. Suas deliberações dizem respeito a todos, mesmo que

ausentes ou discordantes. Compete à Assembleia Geral tarefas como eleição e

posse da Diretoria e Conselho Fiscal, deliberar sobre a reforma do estatuto,

escolher membros do Comitê Eleitoral, entre outras questões que lhe forem

submetidas. Dentro da Assembleia Geral, há a Assembleia Ordinária e

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Assembleia Extraordinária. A primeira deve ser realizada a cada dois anos para

prestação de contas da Diretoria e Conselho Fiscal e para a eleição da nova

Diretoria, Conselho Fiscal e Comitê Eleitoral. Já a segunda deve ser realizada

apenas quando necessário para tratar de assuntos gerais e com a pauta livre para

participação dos associados. Elas deverão ser realizadas por convocação da

Diretoria Executiva ou de pelo menos 1/5 dos associados.

Diretoria: este órgão é composto por seis membros66

distribuídos em diferentes

funções. Compete à Diretoria Administrar e cumprir as disposições definidas no

estatuto e deliberações das Assembleias, criar departamentos e nomear entre os

associados os respectivos coordenadores de cada seção, elaborar regulamentos

quando necessário, definir linhas de conduta no âmbito administrativo do Grupo,

apresentar um balanço geral do tempo em que foi gestora (isso, no final do

mandato), dentre outras tarefas. Os cargos e funções definidos pelo estatuto do

GPRS são:

Diretor Presidente: tem como dever cumprir as delimitações do estatuto, representar o

Grupo ativa e passivamente, dirigir e orientar todas as atividades do Grupo de forma

que venham a atender às necessidades e anseios do mesmo, convocar e presidir as

Assembleias Gerais e reuniões de Diretoria, entre outros;

Diretor Vice-Presidente: substituir o Diretor Presidente em todos os quesitos na falta

dele, assumir o mandato caso o Diretor Presidente desocupe a função, e ser colaborador

junto a ele;

Secretário: redigir atas das reuniões de Assembleia e Diretoria, substituir o Diretor

Vice-Presidente em sua falta, manter atualizado o registro de cadastro e frequência dos

membros do GPRS, organizar relatórios exigidos, entre outros;

66 Diferente da composição do Grupo de Planejamento de São Paulo e do Paraná, onde no caso do

primeiro a Diretoria é composta por apenas três pessoas, e no caso do segundo, por doze pessoas, segundo

o estatuto de cada um.

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Suplente de Secretário: colaborar com a Diretoria em suas funções no cargo que for

designados, e substituir o Secretário em caso de impedimento ou desocupação da função

até o término do mandato;

Tesoureiro: dirigir e superintender todo o serviço da Tesouraria como assinar cheques e

toda documentação necessária junto ao Diretor Presidente ou Diretor Vice-Presidente,

organizar mensalmente o balancete do caixa, organizar anualmente o balanço financeiro

e patrimonial assim como a ata do Conselho Fiscal, registrar quaisquer bens do GPRS,

elaborar um relatório mensal dos associados adimplentes, inadimplentes e isentos, entre

outros;

Suplente de Tesoureiro: colaborar com a Diretoria em suas funções no cargo que for

designados, e substituir o Tesoureiro em caso de impedimento ou desocupação da

função até o término do mandato.

Conselho fiscal: é composto por três associados efetivos e respectivos suplentes

eleitos pela Assembleia Geral. Compete a este órgão examinar os livros de

escrituração da entidade, examinar o balanço apresentado pelo Tesoureiro

opinando a respeito, emitir parecer sobre as contas anuais e enviar à Assembleia

Geral, entre outros. Este órgão se reúne anualmente ordinariamente e

extraordinariamente quando necessário.

Comitê Eleitoral: este é escolhido pela Assembleia Geral de acordo com o

calendário eleitoral. Este comitê deve ser composto por um a quatro membros

associados presentes na reunião, e compete a ele respeitar o calendário eleitoral

e as regras estabelecidas no Estatuto.

Para votar, o associado deve assinalar o número da chapa escolhida e assinar o

livro de presença apresentando seu documento de identidade. A apuração é feita

imediatamente após o encerramento da votação, e a chapa vencedora é mencionada e

empossada pelo até então Diretor Presidente. Vale destacar que este é o primeiro

Estatuto do GPRS e ainda segue em vigor, e como eles afirmam no capítulo VII do

documento, é possível mudar as diretrizes do mesmo mediante deliberação da

Assembleia Geral. Cada mandato tem validade de dois anos.

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10. GRUPO DE PLANEJAMENTO DE BRASÍLIA

10.1. Afinal, quem é o público-alvo?

Existem diversos tipos de Planejadores: alguns têm perfil analítico, outros

criativo, outros são mais atrelados ao comportamento do público, mas a curiosidade

aguçada, alto intelecto, habilidade para pensar com os lados direito e esquerdo do

cérebro, além da alta capacidade de comunicação verbal e escrita são características

inerentes a todos os Planejadores, independente do perfil (STEEL, 2006, p. 53).

Mesmo que em Brasília a cultura de Planejamento ainda esteja sendo criada, é

importante destacar que em essência o Planejador faz a mesma entrega: análise de

cenários, diagnóstico, estratégia de comunicação, além da responsabilidade de ser um

catalisador de informações para as demais áreas da agência, uma vez que ele entende –

ou precisa entender – de todo o universo do cliente (Ibidem). Por isso, no local de

trabalho o Planejador tem um papel orgânico, pois transita por todas as áreas

acompanhando o movimento do cliente junto ao Atendimento, levando insights

relevantes para o brainstorming da Criação, e ajudando eventualmente os outros

departamentos, sempre com o objetivo de melhorar os processos e tornar a comunicação

do cliente mais efetiva e diferenciada. Por causa deste papel orgânico, os Planejadores

normalmente têm habilidade em conversar com todos os colegas de trabalho

transformando todo tipo de informação em conhecimento (Ibidem, p. 54 e 56).

O Planner está sempre em busca de dados, tendências e referências diversas que

possam contribuir com o seu trabalho, isto é, com a realidade do cliente e com as ideias

dos demais componentes da equipe. Este último é um ponto muito importante, uma vez

que é essencial que o profissional da área seja desprovido de vaidades, pois “o trabalho

de um Planejador é fazer as ideias acontecerem e não necessariamente ‘ter’ as ideias”

(Ibidem, p. 54). Pelo fato de precisarem entender muito profundamente o público-alvo,

costumam gostar de conversar com pessoas, ou de pelo menos observar seus

comportamentos (PÉTALLA, 2014). Para conseguir todos esses insumos, fazem cursos

e utilizam a internet e redes sociais, além de que estão sempre atentos a ideologias,

metodologias, novas ferramentas de trabalho e referências diversas (LOBO, 2014).

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Vale ressaltar que em Brasília, pelo fato da área estar começando a ser

empregada, muitas pessoas de outros departamentos não conseguem entender a função

do Planner, talvez pelo fato do mesmo ter um papel tão orgânico. Portanto, ainda existe

o desafio de fazer com que as demais áreas entendam como e o quanto um

Planejamento dentro da equipe funciona (Ibidem). Ainda na Capital, são poucas as

agências que têm uma equipe grande e consolidada de Planejamento, pois a maioria

conta com apenas um ou dois profissionais do ramo em suas estruturas. Então, pode-se

dizer que um dos maiores desafios dos Planejadores em Brasília tem sido mostrar a

importância do seu trabalho dentro da agência, e além disso, fazer-se necessário dentro

do processo e para os demais departamentos (SCHWAB, 2014).

Definição

Público primário: Planejadores Seniores, Plenos e Juniores. Pelo fato dessas pessoas

estarem em diferentes fases da vida – algumas são gestoras de equipes enquanto outras

ainda estão no começo da carreira –, a idade, anseios, necessidades e aspirações de cada

uma são diferentes.

Seniores e Plenos: Podem ser denominados Diretores, Gerentes, Supervisores,

Coordenadores ou apenas Plenos de Planejamento. Essas pessoas já possuem

vivência com a disciplina e geralmente são gestoras da equipe em questão –

quando existe uma –, dos jobs67

a serem distribuídos no departamento ou pelo

menos têm um pouco mais de autonomia nos trabalhos realizados. Importante

destacar que, como dito nos parágrafos anteriores, alguns destes vieram de

outros estados para ocupar tais cargos, mas de uma forma ou de outra, dentre os

seus desafios estão: 1) trabalhar com o cliente Governo, que muitas vezes tem

raso entendimento sobre Comunicação, tampouco de Planejamento (PÉTALLA,

2014); 2) lidar com departamentos que muitas vezes não entendem como o

Planejamento funciona ali dentro. Até acreditam que a área é importante, mas

pelo fato de não terem o hábito ou a cultura de trabalhar com um Planejador ao

lado (até porque só agora que esse movimento começa a aparecer), têm

67 Trabalhos. Este termo é muito utilizado em agências de Publicidade.

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dificuldade em saber como ou até onde ele atua no processo de trabalho

(BAUAB, 2014); 3) encontrar Planejadores na cidade para estruturar suas

equipes (SPYER, 2014), pois a maioria disponível tem os níveis Júnior ou

Estagiário, são poucos Plenos e menos ainda Seniores. Portanto, na hora de

contratar alguém, estes profissionais percebem certo gap entre os mais novos,

que são muitos, e os mais velhos, que não são tantos (Ibidem), mas como

precisam do profissional, muitas vezes contratam uma pessoa pouco experiente

– ou até mesmo de outra área –, e investem na aceleração profissional dela

(BAUAB, 2014), ou convidam um profissional de outro estado para atuar na

cidade. Um sentimento percebido em relação a esses Planejadores, também por

meio das entrevistas, é a vontade de estarem mais próximos dos demais colegas

de área e de se reciclarem enquanto profissionais.

Juniores: Recém-formados ou chegados de outras áreas, estão se lançando no

mercado e, devido a evidência que a área tem tomado, têm alta concorrência. Por

isso, convivem com o desafio de estar “acima da média” para conseguir

conquistar uma vaga e quando já têm lugar no mercado, são desafiados a

aprender rápido para crescer logo e atender aos anseios da agência (LOBO,

2014). Geralmente são jovens – podem ter entre 22 e 28 anos – e estão

começando a carreira, por isso gostam de procurar e fazer cursos para aprimorar

conhecimento.

Público secundário: Profissionais de outros departamentos que se interessam pela

disciplina de Planejamento e Estudantes Universitários que queiram exercer essa

função.

Simpatizantes: Não querem ser necessariamente Planejadores, mas gostam de

estudar ou entender sobre a disciplina porque são curiosos, portanto têm genuíno

interesse em se aprofundar no conhecimento sobre Planejamento ou

simplesmente porque querem ter melhores noções de como o mesmo coopera

com os processos. Importante destacar que muitos deles sabem o que é de fato

Planejamento, e simplesmente querem aprender mais sobre a área ou apenas

cooperar com o Grupo.

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Aspirantes: Alguns são recém-formados, outros ainda estão na universidade;

dizem gostar de Planejamento mas nem sempre tiveram contato com a área, ou

mesmo que tenham tido, muitas vezes não sabem como é trabalhar com a

disciplina no cotidiano (SCHWAB, 2014). Têm anseio pelo conhecimento,

querem conquistar um espaço no mercado e para tanto, procuram por cursos e

profissionais que possam dar dicas ou olhar seus trabalhos, mas também há

casos em que não procuram por um ou outro por receio de não serem recebidos

pelos profissionais (LOBO, 2014). Como já escolheram uma área de atuação,

podem estar entre o 4º semestre da faculdade e formação recente, e pode ser que

tenham entre 19 e 24 anos. É válido dizer que parte destes aspirantes já

participou da agência júnior da universidade, e por terem mais noção do que é

trabalhar em uma agência do que os demais colegas que nunca tiveram qualquer

contato com uma, podem ter um diferencial competitivo no momento de uma

entrevista de estágio ou vaga fixa. Neste tópico, mais uma vez é importante

destacar que o mercado publicitário de Brasília ainda é distante da Universidade

e, muitas vezes, se não houver a iniciativa dos alunos em procurá-lo, a troca de

experiências não acontece.

Público consequente: Profissionais de marketing e profissionais diversos da esfera

pública ou privada (Governo ou Varejo). Isto é, o cliente que muitas vezes tem o intuito

de saber como a disciplina coopera com o trabalho que é entregue a ele ou

simplesmente por querer reciclar seus conhecimentos.

10.2. Em suma, as principais descobertas da pesquisa

De acordo com as pesquisas realizadas, o mercado de Planejamento de Brasília

passa por diversos embaraços que, ainda assim, podem ser boas oportunidades para que

o Grupo de Planejamento possa vir a atuar. Portanto, de acordo com toda a pesquisa até

aqui realizada, as principais dificuldades encontradas que o Grupo pode ajudar a

desmistificar ou solucionar, são:

Em Brasília tem Planejamento sim: como a pesquisa quantitativa em parceria com as

entrevistas qualitativas puderam denunciar, o senso comum de que em Brasília não

existem oportunidades para trabalhar com Planejamento precisa acabar, pois o cenário

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já é outro. De acordo com a pesquisa realizada, 70,5% do mercado já conta com

departamentos de Planejamento. Independente da natureza destes Planejadores, é bom

atentar para o fato de que o cenário mudou radicalmente se comparado ao que era há

cerca de cinco ou dois anos.

O cliente-Governo predomina no segmento de clientes: segundo a pesquisa quantitativa,

71,42% das agências que contam com Planejadores em suas estruturas locais atendem

contas do Governo. Este dado por si só reafirma uma potencial esfera para maturação

profissional na cidade.

Existem mais profissionais Seniores do que Juniores no mercado: também de acordo

com a pesquisa quantitativa, 59% dos profissionais de Planejamento atuantes no

mercado são Plenos e Seniores, enquanto 41% correspondem à parcela de Juniores

(neste caso, contando os Estagiários). No entanto, é válido destacar que aparentemente,

em algumas agências o mesmo profissional Sênior de Atendimento ou Criação é

também o responsável pelo Planejamento, sendo que estes não são apenas Planejadores.

Além disso, segundo alguns entrevistados, muitas vagas para Juniores estão surgindo, o

que pode vir a equilibrar o cenário.

Demanda das agências tem sido maior que a oferta de profissionais qualificados: como

afirmaram diversos profissionais, no mercado há vagas, especialmente para Juniores -

também para Seniores, mas em menor proporção. No entanto, no caso da busca por

profissionais Juniores, a dificuldade é encontrar quem tenha o mínimo que um Júnior

precisa ter para assumir uma vaga, como raciocínio analítico bem estruturado para que

consiga crescer rápido dentro da agência (LOBO, 2014). Isso geralmente é resultado de

duas situações: 1) pelo trabalho, o que a agência precisa é de um Pleno ou Sênior, mas

na falta de verba e alto índice de jobs, busca pelo perfil de um Júnior que tenha

potencial para crescer muito rápido (Ibidem), ou até mesmo de um profissional que seja

de outra área, mas tenha bom raciocínio estratégico (BAUAB, 2014). Outra situação é

quando 2) existe a intenção da agência em experimentar o Planejador dentro de sua

estrutura. Neste caso, é menos arriscado - e menos caro também - contratar um Júnior

do que um profissional com mais bagagem (LOBO, 2014). Encontrar profissionais

Seniores também tem sido uma dificuldade do mercado, ocasionada pela anterior falta

de oportunidade ou até mesmo falta de interesse de alguma das últimas gerações de

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Publicitários brasilienses na área de Planejamento. Este caso ficará mais claro nos

próximos parágrafos.

Falta cultura de Planejamento na gestão da agência, nos outros departamentos e no

próprio cliente: as entrevistas também reforçaram que falta a cultura de Planejamento

em todas as vertentes no mercado brasiliense. Muitas vezes, a agência quer o

departamento, diz considerá-lo importante, mas não sabe como inseri-lo dentro do

processo de trabalho. Em grande parte dos casos, os demais departamentos não sabem

como trabalhar com um Planejador dentro da equipe: não entendem o trabalho do

profissional, nem até onde ele deve ir ou recuar dentro dos processos (SCHWAB,

2014), afinal, são acostumadas a contar com Planejadores à distância (freelas ou

eventuais visitas do Planner da agência matriz, geralmente locada em São Paulo), com

um Planejamento já inserido dentro do trabalho de outro profissional (como no caso dos

profissionais de outros departamentos que exercem a função) ou nunca trabalharam com

um Planejador locado na cidade. Já o cliente muitas vezes tem visão limitada sobre

Publicidade, e tratando de Planejamento a restrição é maior ainda. Além disso, segundo

relatos, quando o cliente não entende o Planejamento de forma literal, potencializa o

trabalho criativo como se o mesmo não fosse fruto de uma verve planejadora.

Muitas agências têm Planejadores apenas por exigência do edital: vários entrevistados

tocaram neste ponto, que a exigência de Planejadores locados em Brasília têm sido

constante pedido dos editais de licitação (BAUAB, PÉTALLA, SPYER, 2014), além de

que trabalhos com demandas de Planejamento têm sido cada vez mais constantes. Isso

mostra que mesmo com os contratempos, a disciplina tem ficado em maior evidência e

tem sido valorizada pelo cliente.

Gap de mercado entre os profissionais Juniores e Seniores: ao que parece, uma das

últimas gerações de publicitários brasilienses não quiseram ou não se interessaram por

Planejamento (BAUAB, LOBO, 2014). Essa hipótese somada ao baixo número de

oportunidades na área há cerca de cinco ou dois anos, como comentado nos parágrafos

anteriores, cooperou para que o gap entre Juniores e Seniores hoje seja ainda maior.

Tem muitos Juniores e candidatos a Juniores, pois como são pessoas que ainda estão se

lançando no mercado, naturalmente podem se encaixar em uma vaga deste nível. Já os

Plenos e Seniores correspondem a uma realidade diferente. Mesmo que de acordo com a

pesquisa quantitativa eles correspondam a um maior número em relação aos Juniores, é

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importante destacar que além de serem poucos no mercado, pois existem esses e apenas

esses, muitos exercem mais de uma função (por exemplo, são Diretores de

Planejamento e de Criação). Ou seja, se compararmos um nível ao outro, enquanto

diversos Juniores estão chegando e se lançando, tendo vários concorrentes, os cargos

mais altos contam com poucos profissionais com bagagem profissional suficiente, e

destes, menos ainda estão disponíveis. Esse fato provavelmente ocasionou o fenômeno

do item a seguir.

Parte dos Seniores vem de outros Estados: por Brasília ter poucos Planejadores

Seniores, as agências recorreram a outros Estados para importar seus profissionais. Esse

dado foi encontrado tanto na pesquisa quantitativa, na qual a porcentagem de

profissionais vindos de outro Estado corresponde a 25% do todo – todos Seniores -, e

também nas falas dos entrevistados.

Universidade distante do mercado: grande parte dos profissionais entrevistados percebe

que a distância entre os estudantes e o mercado ainda é grande. Mesmo que o interesse

dos universitários seja perceptível, ainda falta a aproximação entre essas duas categorias

para preencher tal estima (SPYER, 2014). Os estudantes de agências juniores das

faculdades geralmente conseguem alcançar o mercado um pouco mais rápido por causa

dos seus antecessores, que muitas vezes conseguiram se inserir no mercado e, por terem

participado da agência júnior, têm um vínculo mais aproximado com os que estão nela

atualmente.

Pouco insumo direcionado à área: em Brasília, existem poucas oportunidades para

fomentar a área de Publicidade, tampouco Planejamento. Por isso, profissionais da área

recorrem a cursos de outros Estados, mas deparam com a diferença do tipo de cliente.

Os cursos e especializações oferecidos em grande parte do Brasil são direcionados a

produto, às vezes Varejo. No entanto, Brasília tem forte segmento governamental, o que

dificulta fazer com que determinados conteúdos contribuam com a realidade do trabalho

feito na cidade (PÉTALLA, 2014). Mesmo os cursos oferecidos em Brasília, e muitas

vezes nas próprias Universidades, têm conteúdo direcionado para mercados como São

Paulo, e nem sempre têm a ver com a realidade brasiliense.

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10.3. Potenciais diretrizes de atuação do Grupo

Levando em consideração as principais descobertas desta pesquisa, foram

encontradas as principais diretrizes onde o Grupo de Planejamento possivelmente virá a

atuar. É válido levar em conta que os formatos que essas diretrizes vão tomar não cabem

a este trabalho, mas todos os indicativos apontados pelo diagnóstico aqui presente

podem ser a força motriz para as futuras ações do Grupo de Planejamento de Brasília.

União dos Planejadores: mesmo que este seja um indicativo mais etéreo, por meio da

pesquisa notou-se a necessidade de aproximação entre os Planejadores, tanto para que

eles possam se conhecer quanto para trocar ferramentas e fazer networking. Inclusive,

essa vontade foi percebida nas falas de todos os que foram entrevistados para este

trabalho.

Democratização do acesso à disciplina de Planejamento: por diversos profissionais não

entenderem muito bem a disciplina, assim como ainda existir uma lacuna de interesse

dos estudantes e profissionais iniciantes a ser preenchida, dar acesso livre àqueles que

desejam ou precisam conhecer mais sobre Planejamento também figura como uma das

tarefas a serem executadas pelo Grupo. E essa tarefa é importante tanto pelo papel

orgânico que o Planejamento exerce dentro das agências (com os departamentos, com o

cliente e com o consumidor final), quanto pela necessidade de ser um catalisador de

diversas áreas de conhecimento.

Ajuda com a formação e reciclagem dos profissionais: Brasília tem um terreno restrito

por diversos fatores, todos já citados neste trabalho, tais como o início da cultura de

Planejamento na cidade (o que inclui a pouco abastada mão de obra qualificada), o forte

segmento em cliente-Governo e o baixo insumo direcionado à área. Portanto, formação

e atualização profissionais são vertentes que caminham juntas em prol do Planejador, o

que acaba cooperando com outras esferas do mercado pelo fato de o Planejamento ter

um papel orgânico.

Fomento da discussão em Comunicação Pública: pelo fato de as agências de

Publicidade locadas em Brasília contarem com maior número de clientes da esfera

pública, fomentar essa discussão pode vir a ser uma tarefa essencial para o Grupo de

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Planejamento de Brasília. Apesar de entender o cliente e o seu negócio serem expertises

inerentes aos Planejadores, a abertura dessas discussões para os demais interessados,

aproximando ainda mais a perspectiva do cliente às agências e vice-versa, podem ser

um bom acelero para que o mercado brasiliense seja mais engajado e assertivo.

Aproximação entre o mercado e as universidades: ainda não há um meio efetivo para

intermediar esse relacionamento, que é uma necessidade mútua. Portanto, a

aproximação é vital porque além de ajudar a preencher o interesse dos alunos em

conhecer o mercado e vice-versa, pode possibilitar ocasionais contratações para Estágio

e também para vagas fixas.

Percebe-se que maior parte das diretrizes a serem utilizadas pelo Grupo também

são encontradas em outros Grupos de Planejamento. Isso reforça o comentário feito no

início deste subcapítulo, de que todas as associações seguem as mesmas premissas,

mudando apenas os conteúdos e os formatos em que são executadas. No caso do Grupo

de Planejamento de Brasília, a contribuição com a formação dos profissionais,

entendimento da disciplina por parte dos próprios Planejadores, demais departamentos e

cliente, e o fomento à Comunicação Pública são os itens de maior destaque. Portanto,

estes três itens possivelmente serão os principais pilares de atuação do Grupo de

Planejamento de Brasília, com o objetivo de contribuir, em primeira estância, com os

Planejadores da cidade e em consequência, com todo o mercado de Publicidade

brasiliense. Em suma, todas as descobertas e diretrizes aqui citadas elegem o Grupo

como um representante da categoria dos Planejadores brasilienses.

Page 95: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

95

11. CONCLUSÃO

De acordo com o diagnóstico apresentado neste trabalho, mesmo que a área de

Planejamento tenha suas dificuldades no mundo inteiro, é possível dizer que Brasília

conta com uma realidade particular: os anunciantes que imperam no mercado são do

segmento governamental, o que resulta em algumas limitações de raciocínio estratégico,

pois o ambiente para trabalhar com Governo chega a ser menos amplo se comparado

aos demais segmentos de cliente. Sem contar que, como dito nos primeiros parágrafos,

o mercado de Planejamento de Brasília é incipiente, agora que a cultura está sendo

criada, então o cenário ainda é embrionário.

Contudo, houve uma explosão de vagas por exigência das licitações em ter um

Planejador na equipe em Brasília, além disso, o Planejamento passou a fazer parte do

posicionamento de algumas agências que querem crescer com essa estrutura, pois veem

que com ele a oportunidade de fazer trabalhos mais assertivos aumenta. No entanto, o

mercado se abriu de repente e antes de ter profissionais o suficiente para ocupar as

vagas disponíveis. Existiam poucos Planejadores na cidade porque até cinco ou dois

anos atrás eram poucas as oportunidades encontradas para que os interessados pudessem

exercer a área em Brasília, e esse fato fez com que hoje o mercado, naturalmente,

fizesse dois movimentos: 1) contratar Planejadores com pouca bagagem, mas com

potencial de crescer rapidamente dentro da agência; 2) importar Planejadores de

mercados mais maduros, como São Paulo e Rio de Janeiro, para ocupar as vagas

Seniores. Mesmo que o mercado tenha tomado essas atitudes, ainda existem outras

questões que desafiam os atuais Planejadores da cidade: 1) trabalhar com um segmento

de cliente que geralmente entende pouco de Publicidade, e menos ainda de

Planejamento e 2) estar inserido em departamentos com pessoas que, por não serem

habituadas a trabalhar lado a lado com um Planejador, não compreendem ao certo qual

o papel dele dentro do processo, bem como a própria gestão da agência, que por mais

que tenha para si a ideia de que Planejamento é importante para o trabalho, não sabe

como ele pode funcionar dentro da estrutura.

Outra questão importante que vale ser mencionada é referente à velocidade com

o que o mercado tem se movimentado. A título de exemplo, durante a trajetória deste

Page 96: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

96

trabalho, vagas surgiram e algumas pessoas entraram no mercado e outras trocaram de

agência, inclusive dois participantes das entrevistas qualitativas aqui presentes. Esse

fato reafirma que o mercado está acelerado, o que reforça a urgência em resolver as

questões consideradas neste trabalho, todas resumidas no capítulo 10.

Esses apontamentos, normalmente indicados como problemas, são vistos como

questões que o Grupo de Planejamento de Brasília pode ajudar a solucionar, Grupo este

que há pouco mais de um ano teve sua ideia concebida, e viu que poderia começar a

tomar forma por meio deste trabalho de conclusão de curso.

Todo o trabalho aqui presente foi essencial para que, em paralelo ao seu

desenvolvimento, as primeiras ações para que o Grupo de Planejamento de Brasília

começasse a de fato existir fossem realizadas. Isto é, durante a elaboração deste

trabalho, foi possível realizar alguns movimentos em prol do Grupo. O primeiro passo

se deu com a criação de um grupo no WhatsApp, no dia 7 de Abril de 2014, para reunir

os Planejadores da cidade com o objetivo de marcar um happy hour68

para que, desde

que se interessassem, os integrantes pudessem se conhecer – necessidade apontada pelas

entrevistas realizadas. Um foi adicionando o outro e, é importante dizer, todos eles

ficaram empolgados e impressionados com a quantidade de Planejadores atuantes na

cidade, uma vez que poucos se conheciam. Feito isso, o encontro foi marcado e no dia

22 de Abril de 2014, vinte Planejadores dos trinta e oito até então adicionados estiveram

presentes. Assim como o previsto, poucos se conheciam, mas não perderam a

oportunidade de conversar e saber um pouco mais da rotina, desafios e

responsabilidades uns dos outros. Uma semana após o encontro, a autora deste trabalho

mencionou dentro do grupo do WhatsApp que existia a iniciativa de criar um Grupo de

Planejamento para a cidade, de forma que ele atendesse às necessidades específicas que

Brasília possui, e que o projeto seria apresentado nos próximos dias junto aos principais

pontos encontrados no diagnóstico elaborado como TCC – no caso, o deste trabalho. De

igual forma, todos que se manifestaram ficaram animados e afirmaram presença no dia a

ser marcado. Esta reunião foi publicada na fanpag69

e do Grupo, com o objetivo de ser

68 Período após o expediente de trabalho, em que as pessoas se reúnem em locais informais para beber,

comer, descontrair.

69 Uma página específica dentro do Facebook direcionada para qualquer organização, com ou sem fins

lucrativos, que deseje interagir com seus clientes dentro da rede social.

Page 97: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

97

mais aberta, e em 27 de Maio de 2014 aconteceu o segundo encontro, onde vinte e três

pessoas estiveram presentes – desta vez, além de Planejadores, alguns entusiastas. Neste

mesmo dia, já com a colaboração de todos, por decisão da maioria foi determinado

marcar mais um dia de reunião para que cada um pudesse elencar seus objetivos em

relação ao Grupo para determinar em conjunto qual causa deve ser abraçada primeiro e

assim investir fortemente nela. Essa reunião ficou marcada para o dia 10 de Junho de

2014 e no momento, todo o seu roteiro está sendo feito.

Isto é, antes mesmo da entrega deste trabalho foi possível ver oportunidades e

resultados notáveis que, sem a pesquisa, provavelmente seria difícil conseguir enxergar.

Agora, o mercado de Planejamento de Brasília começa a se movimentar para que a sua

classe venha a ser fortalecida da melhor maneira possível, desde já abrindo espaço para

aqueles que mesmo não exercendo necessariamente a profissão, têm interesse em

contribuir com o Grupo porque querem migrar de área ou simplesmente porque

acreditam que a disciplina é útil, portanto vale a pena conhecê-la e entendê-la melhor.

Após concluir todo este estudo, foi possível perceber que outras pesquisas

podem vir a contribuir ainda mais com o Grupo de Planejamento de Brasília, que afinal,

é a razão deste trabalho existir. Uma delas seria a elaboração do perfil profissiográfico

dos Planejadores de Brasília, porque agora que essa classe começa a crescer na cidade, é

interessante entender com mais afinco onde estão suas maiores forças e maiores

fraquezas. Portanto, mapear as necessidades dos Planejadores de Brasília é uma tarefa

contínua a ser executada, senão pela autora deste trabalho, por aqueles que quiserem

contribuir ativamente com o Grupo de Planejamento de Brasília e suas futuras ações.

Page 98: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

98

12. DÍARIO DE BORDO

Em Projeto I, fiz uma imersão em toda a história do Planejamento: quando

surgiu, em que lugar, devido a qual necessidade, como foi a adoção da disciplina por

outros países. Essa etapa foi excelente, pois além de adquirir conhecimento mais

consistente sobre o panorama da área no mundo, pude entender que o Planejamento

passa por dificuldades a nível global, inclusive, semelhantes às que existem no Brasil:

falta de entendimento da disciplina, de integração com as demais áreas, a insistência em

mostrar para os demais departamentos que o Planejamento é importante nos processos

de trabalho, dentre outras. Pude encontrar artigos que diziam que Planejamento não é

importante, criativos que abominam Planejadores porque acreditam que eles "truncam"

a criatividade, e até mesmo um projeto que tem como manifesto unir Planejadores do

mundo inteiro, via internet, em virtude da solidão percebida na classe e intenção de criar

proximidade para troca de ferramentas, aprendizados e até mesmo desabafos.

Não sei se senti alívio ou incômodo em saber que essa problematização tem

abrangência bem maior, inclusive em mercados mais desenvolvidos, mas cada

descoberta desta primeira etapa foi combustível para que eu quisesse seguir firme e

forte com a proposta, que antes de se tornar, em parte, um trabalho acadêmico, sempre

teve cunho profissional, quase pessoal.

Quando ainda estava concluindo Projeto I, iniciei as entrevistas qualitativas,

visto que o tempo para realizá-las seria curto. A primeira entrevistada foi Mila Rocha,

Diretora Regional de Atendimento da Calia|Y2; a conversa aconteceu no dia 11 de

Novembro de 2013, no próprio escritório da agência, localizado no edifício Brasil 21,

em Brasília. Conversar primeiro com uma profissional que não é diretamente da área de

Planejamento, especialmente pelo fato dela ter quase vinte anos de carreira na cidade,

foi fundamental para entender o panorama da área na Capital nos início dos anos 2000,

bem como enriquecedor ouvir a percepção de uma profissional de outra área sobre a

profissão e disciplina de Planejamento. Depois dessa entrevista, aguardei o início

efetivo do próximo semestre para validar as considerações feitas pela Banca de

Qualificação, que inclusive me aconselhou focar no diagnóstico do mercado, em vez de

tentar posicionar a marca Grupo de Planejamento de Brasília - eu pretendia fazer os dois

Page 99: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

99

ao mesmo tempo. O conselho foi muito feliz, e acredito que não poderia ter seguido

melhor caminho.

Logo após alinhar todos os procedimentos metodológicos com minha

orientadora, Valesca Lobo, continuei a procurar pelos materiais na internet, até que

encontrei uma chamada no Blog do Fernando Vasconcelos que citava o trabalho de

conclusão de curso de Marina Lacombe. Segundo a matéria, Marina estava estudando o

panorama das agências de Publicidade em Brasília, portanto procurou Fernando para

auxiliá-la. Imediatamente, busquei por Marina no Facebook e, assim que a encontrei,

enviei uma mensagem perguntando sobre o seu trabalho e se nós poderíamos nos

encontrar para que eu pudesse ter acesso a maiores detalhes. Então, nos encontramos no

dia 4 de Novembro de 2013, na lanchonete do UniCEUB. Marina me contou sobre o

que seria seu trabalho, que incluía uma pesquisa das atuais agências de Publicidades de

Brasília, e me disse que para ter acesso à pesquisa, deveria pedir autorização à sua

orientadora, Joana Bicalho. Procurei por Joana via e-mail e, no dia 11 de Março de

2014, consegui o que precisava: a relação das agências de Publicidade de Brasília, seus

departamentos, dentre outras informações.

No dia 5 de Março de 2014 realizei a segunda entrevista qualitativa com Bruna

Pétalla, então Supervisora de Planejamento da Lew'Lara\TBWA, também no escritório

da agência, localizado no edifício VARIG, em Brasília. A entrevista com Bruna foi

definitivamente uma norteadora do diagnóstico, pois foi quando comecei a perceber o

atual cenário do Planejamento na cidade, bem como os anseios dos profissionais em

relação ao mercado, além de que ela me indicou outros profissionais para conversar e se

mostrou interessada no projeto do Grupo. Em 13 de Março entrevistei Janu Schwab,

então Diretor de Planejamento da Fermento Promo, no escritório da agência, no edifício

Victória Office Tower, Brasília. Conversar com Janu também foi excelente pelo fato

dele já ter sido Criativo e também porque é um profissional que tem estrada em outros

estados, como Acre e São Paulo. Além disso, ele falou bastante sobre o cliente-Governo

e o relacionamento do Planejamento com as demais áreas, o que abriu mais ainda a

minha visão sobre o cenário. No mesmo dia, conversei com Bruno Lobo, Analista

Sênior de Planejamento da AgênciaClick Isobar, que tem escritório localizado no

edifício VARIG, Brasília. Bruno, por assim como Bruna planejar há quase quatro anos

no mercado brasiliense, contribuiu com uma excelente visão holística sobre mercado

Page 100: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

100

local. Em 14 de Março, pude conversar com Lucas Mansur e Diego Arelano, sócios e

responsáveis pela área de Planejamento na Agência Table. A conversa aconteceu no

Cobogó – Mercado de Objetos, que fica no solo superior de onde a agência está

localizada, na 705 Norte, Brasília. Como eles atendem o segmento varejista, a visão

sobre o cliente foi um pouco diferente, pois eles afirmaram que o mesmo normalmente

tem grande interesse pelo Planejamento. Dia 18 de Março de 2014 foi a vez do Emanuel

Spyer, Diretor de Planejamento da AgênciaClick Isobar, ser entrevistado. Conversamos

no escritório da própria agência (já mencionado acima), e o fato de Emanuel ser de São

Paulo e estar em Brasília há pouco mais de oito meses, me fez entender de forma ainda

mais direta o cenário de formação de profissionais da cidade. Ele focou bastante no

quesito ‘capacitação’, e contou alguns planos em relação a isso. O último entrevistado

foi Ricardo Bauab, Gerente de Planejamento da NovaS/B Comunicação. Também

conversamos no escritório da agência, localizado no edifício Corporate Financial

Center, e o nosso diálogo foi o martelo para começar a fazer valer todo o esforço do

trabalho em relação ao Grupo de Planejamento de Brasília. Conversando com ele que a

ideia do grupo no WhatsApp – mencionado na Conclusão – surgiu, bem como poderiam

ser os próximos movimentos estratégicos para que o Grupo pudesse começar a se erguer

de fato.

Percebi que todas as conversas tinham diversos pontos similares, e tentei

compilá-los ao máximo para conseguir direcionar os principais problemas, ou melhor,

principais oportunidades do mercado. Honestamente, essa foi a etapa que mais gostei, as

descobertas foram fantásticas. Se eu tivesse mais tempo, teria entrevistado mais

pessoas, mesmo que tivesse que transcrever mais 15 ou 20 páginas de áudio de cada

conversa.

Paralelo às entrevistas, apliquei o questionário quantitativo à amostra de 98

agências escolhidas. Colhi e-mails de todas elas por meio do documento elaborado por

Marina Lacombe e, no caso em que eu conhecia alguém que trabalhava em alguma das

agências listadas, pedia informalmente para responder ao questionário por meio de

mensagem via Facebook ou e-mail. O questionário começou a ser respondido dia 26 de

Março de 2014 e teve sua última resposta em 9 de Maio de 2014. O resultado me

surpreendeu muito, pois jamais imaginaria que, dentro do universo de respostas, mais de

70% do mercado brasiliense já conta com departamentos de Planejamento. Ao final,

Page 101: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

101

interpretar os dados e relacioná-los foi a parte mais difícil, mas com algum esforço e

mais um bocado de concentração, consegui concluir o raciocínio.

O aprendizado adquirido durante a elaboração deste projeto é imensurável. Cada

descoberta feita por meio das metodologias aplicadas e especialmente o resultado final,

fizeram valer todo o esforço em desenvolvê-lo. Inclusive, descobri que fazer TCC é

semelhante a elaborar um Planejamento Estratégico de Comunicação: quem fala não é

você, e sim os dados. Escrever todo o trabalho também foi muito prazeroso, pois a cada

página via um pouco da conclusão do TCC e só o começo do que poderia vir a ser o

Grupo de Planejamento de Brasília. Confesso que os encontros e reuniões que

aconteceram em paralelo – citados na Conclusão – também foram combustível para que

eu pudesse seguir mais enérgica e determinada. Ver o que eu sonho há mais de um ano

finalmente saindo do papel, tem trazido uma sensação de missão-quase-cumprida – e sei

que está só começando.

Page 102: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

102

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D. Katrine. Brasília: VARIG – DF, 2014.

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Page 106: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

106

APÊNDICE A: Questionário quantitativo

1. Qual o nome da agência que você trabalha?

2. Qual(is) tipo(s) de serviço ela oferece?

( ) Offline

( ) Digital

( ) Redes sociais

( ) Promo

( ) Full Service

( ) Outro (especifique): _____________________________________________

3. Atualmente, quais segmentos de mercado ela atende?

( ) Governo

( ) Varejo

( ) As duas opções anteriores

4. Vocês possuem departamento de Planejamento em Brasília, mesmo que conte com

uma única pessoa?

( ) Sim

( ) Não

( ) O Planejamento vem de outro estado

Page 107: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

107

5. Se sim, por quantas pessoas ele é composto?

( ) 1

( ) 2

( ) 3

( ) 4

( )5

( ) 6

( ) 7

( ) 8

( ) 9

( ) 10

( ) Outro profissional exerce esta função

( ) O Planejamento vem de outro estado

( ) Não conto com departamento de Planejamento

6. Com relação ao gênero, quantos integrantes do departamento são do sexo masculino e

quantos são do sexo feminino? (Se não tiver o departamento em Brasília, pule esta

questão).

7. Por quais cargos eles(as) estão distribuídos(as)? (Se não tiver o departamento em

Brasília, pule esta questão).

( ) Estagiário(a)

( ) Assistente de Planejamento

Page 108: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

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( ) Planejamento Jr.

( ) Coordenador/Supervisor de Planejamento

( ) Gerente de Planejamento

( ) Diretor de Planejamento

( ) Outro (especifique): _____________________________________________

8. Alguma(s) pessoa(s) do departamento veio(vieram) de outro estado exclusivamente

para trabalhar nessa agência, mesmo que esta pessoa seja você? (Se não tiver o

departamento, pule esta questão.)

( ) Sim

( ) Não

9. Se sim, qual cargo ela(s) ocupa(m)? (Se nenhuma pessoa for de outro estado ou se a

agência não tiver o departamento, pule esta questão.)

( ) Estagiário(a)

( ) Assistente de Planejamento

( ) Planejamento Jr.

( ) Coordenador/Supervisor de Planejamento

( ) Gerente de Planejamento

( ) Diretor de Planejamento

( ) Outro (especifique): _____________________________________________

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109

10. Caso a agência que você trabalha não conte com um departamento de Planejamento,

existe a intenção de adicioná-lo no período de até 1 (um) ano? (Se tiver o departamento,

pule esta questão e obrigada por participar.)

( ) Sim. Justifique. ______________________________________________________

( ) Não. Justifique. ______________________________________________________

Page 110: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

110

APÊNDICE B: Roteiro das entrevistas qualitativas

1. Faça um breve resumo da sua carreira.

2. Quem foi seu primeiro mentor ou primeiros mentores de Planejamento?

3. Qual sua visão sobre o mercado de Planejamento de Brasília?

4. Como você vê o segmento Governo? Como o Planejamento serve para ele?

5. Quais tarefas o Planejamento costuma executar dentro da sua agência?

6. Como o mesmo se relaciona com as demais áreas?

7. Quanto as concorrências e licitações, como é o tempo? O que o Planejamento

elabora?

8. Você acha que o Mensalão colaborou com a demora da chegada definitiva do

Planejamento em contas governamentais?

9. Quais atributos você julga necessários em um Planner, tendo em vista o mercado

brasiliense?

10. Quais tendências acha que o mercado daqui tem seguido, em termos de

Planejamento?

Page 111: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

111

ANEXO A: Relação de agências e departamentos do Distrito Federal (LACOMBE,

2013)

AGÊNCIA DEPARTAMENTOS

100 % Magneto Atendimento, Planejamento, Criação, Mídia, Produção

2MD Criação, Redes Sociais, Administração

ACM Criação, Produção, Mídia, Atendimento

Agência Look'n'Feel

Novos negócios, Atendimento, Planejamento, Mídia Online, Redes

Sociais e Programação

Agência Terruá

Criação, Planejamento, Produção, Atendimento, Financeiro,

Administrativo

AgênciaClick Isobar

Criação, Planejamento, Administrativo/Financeiro, Atendimento, Redes

Sociais

Agnelo Pacheco

Administrativo/Financeiro, Checking /Faturamento, Mídia,

Atendimento, Planejamento, Produção e Estúdio, Criação

Arcos Propaganda Mídia, Criação, Produção, Atendimento, Executivo de Contas

Adverbox Mídia, Atendimento, Redes Sociais, Criação

Arte Propaganda Criação, Produção, Atendimento, Mídia, Administração

Artmix Administrativo/Financeiro, Criação, Planejamento, Atendimento

Artplan

Administrativo/ Financeiro, Atendimento, Produção, Mídia, Criação,

Multimeios (Planejamento)

Athena Administrativo, Produção, Assessoria, Mídia, Criação, Atendimento

Atitude Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia

Page 112: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

112

Atual Mídia, Criação, Planejamento, Atendimento, Administrativo

AV Comunicação Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia

Avocado Design Design, Planejamento

Bees Publicidade Criação, Atendimento, Mídia, Produção, Financeiro

Bertoni Design Atendimento, Criação, Mídia, Produção, Design

Blaster Criação, Mídia, Produção, Atendimento

Borghi/Lowe

Criação, Produção, Financeiro, Checking, Mídia, Atendimento,

Planejamento

Borogodó Criação, Mídia, Produção, Atendimento

Calya|Y2 Administrativo/Financeiro, Criação, Produção, Mídia, Atendimento

Cherry Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia

Chico Jardim

Comunicação Mídia, Produção, Atendimento, Criação

Comunica Criação, Assessoria de Imprensa, Redes Sociais, Aplicativos

Comunicata Criação, Administração, Atendimento, Produção, Midia

CT Comunicação Criação, Marketing Digital, Atendimento, Produção

DeBrito Propaganda Criação, Atendimento, Produção, Financeiro, Mídia, Administrativo

Diferença que vende Criação, Atendimento, Mídia, Produção, Recepção

Digaí Comunicação

Criação, Atendimento, Planejamento, Produção, Negócios, Gerência de

Operações, Mídia, Financeiro

DigitalGroup Administrativo/Financeiro, Atendimento, Mídia, Criação

DM9DDB Criação, Atendimento, Arte Finalista

Doisnovemeia Planejamento off/web, Mídia, Atendimento, Produção, Criação

Page 113: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

113

DPZ Criação, Atendimento

Engenho Novo Criação, Estúdio, Atendimento, Mídia, Produção

Faro Brasil Criação, Atendimento, Planejamento, Mídia, Produção

Fermento Promo

Criação, Atendimento, Planejamento, Produção, Financeiro/RH, Redes

sociais

Fértil Comunicação Atendimento, Criação, Mídia, Produção, Administração

Fields Comunicação Criação, Mídia, Atendimento, Financeiro, Produção, Financeiro, RH

Flap Promoções e

Conteúdo

Criação, Atendimento, Planejamento, Produção, Tráfego,

Financeiro/RH

FSB Comunicação Administrativo/Financeiro, Mídia

Full Design Criação, Mídia, Atendimento, Planejamento, Financeiro/Administrativo

G3 Comunicação Criação, Mídia, Financeiro, Produção, Atendimento

Gabinete C Criação, Produção, Atendimento, Mídia

Giacometti

& Associados Criação, Mídia, Atendimento, Produção

GNP Atendimento, Planejamento, Criação, Mídia, Produção

Grupo RBS Financeiro, Atendimento, Planejamento

I-Comunicação Criação, Mídia, Produção, Atendimento

Idea Propaganda

Planejamento, Criação, Web, Mídia, Produção, Atendimento,

Administrativo

Idélibe Criação, Atendimento, Mídia, Produção, Assessoria de Imprensa

Interact Box Criação, Mídia, Produção gráfica, Atendimento

Interseção Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia

Page 114: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

114

Ítalo Propaganda Criação, Mídia, Atendimento, Planejamento, Financeiro

Klimt Publicidade

Administrativo/Financeiro, Criação, Mídia, Atendimento,

Planejamento, Web

Latin Promo Financeiro, Criação, Produção, Planejamento e Atendimento.

Leo Burnett Criação, Mídia, Atendimento, Produção, Planejamento

Lew'Lara\TBWA

Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia,

Planejamento

Liberdade de

Expressão Criação, Atendimento, Produção, Planejamento, Mídia

Link Propaganda Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia

Maraat Mídia, Criação, Atendimento, Produção, Planejamento

Master Publicidade

Administrativo/Financeiro, Criação, Mídia, Atendimento,

Planejamento, Produção

Matriz Comunicação

Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia,

Planejamento

Meio e Mídia

Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia,

Planejamento

Mídia e Design Financeiro, Mídia, Criação, Atendimento, Planejamento

Monumenta

Administrativo/Financeiro, Criação, Atendimento, Planejamento,

Produção, Mídia

Moringa Digital Criação, Atendimento, Planejamento, Produção, Mídia

Mr. Brain Criação, Mídia, Planejamento, Atendimento, Produção

NBS Comunicação Atendimento, Criação, TI, Mídia, Produção

NovaSB Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia,

Page 115: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

115

Planejamento

Pepper Interativa Mídia Online

Plá Criação, Produção, Financeiro, Mídia, Revisão e Atendimento

Prime Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia

Princípio Ativo Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia

Proativa Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia

Propeg

Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia,

Planejamento

Prospecting Financeiro, Atendimento, Produção, Mídia, Criação, Planejamento

Radiola Design &

Publicidade

Criação, Mídia, Atendimento, Produção, Financeiro, Diagramação,

Planejamento

Sabah Publicidade

(Sisters) Eventos, Marketing, Criação

Sabiá Publicidade Criação, Atendimento, Mídia

SetteGraal

Criação, Web Design, Estúdio, Produção, Atendimento, Planejamento,

Mídia

SLA Propaganda Criação, Produção, Mídia, Atendimento

Solos Comunicação Mídia, Assessoria de Imprensa, Criação, Atendimento

Strauss

Comunicação Criação, Mídia, Produção, Atendimento, Planejamento

Table - Escritório

Midiático

Atendimento, Planejamento, Redes Sociais, RH/Financeiro, Novos

negócios

Talk Interativa Criação, Atendimento, Mídia, Planejamento, Gestão de Projetos

Tekan Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção

Page 116: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

116

TODA Adminstrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia

Tempo

Comunicação Criação, Atendimento, Mídia, Produção, Planejamento

Times UP Criação, Atendimento, Planejamento, Produção, Mídia

TODA Administrativo/Financeiro, Atendimento, Criação, Produção, Mídia

Tool Interativa Atendimento, Criação, Mídia

TV1 Comunicação Criação, Atendimento, Planejamento, Redes Sociais

Um quarto Criação, Atendimento, Web

Vento Bravo Atendimento/Financeiro, Criação, Atendimento, Mídia, Produção

Vincere Criação, Comercial, Administrativo

W2 Multiagência Criação, Mídia, Atendimento, Produção, Financeiro, Comercial

WM Comunicações Produção, Mídia, Criação

Page 117: Grupo de Planejamento de Brasília: Diagnóstico do mercado e potenciais diretrizes de atuação

117

ANEXO B: Estatuto do GPRS

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