GTRA - Comunidade da Construção · parte do mercado imobiliário brasileiro e suas ações...

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2012 Caderno de Ativos GTRA Ciclo PROGRIDE Programa de Indicadores de Desempenho Levantamento da Produtividade da Mão de Obra em Revestimento de Argamassa em Fachadas BELO HORIZONTE

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Cadernode Ativos

GTRA5ºCicloPROGRIDE

Programa de Indicadores de Desempenho

Levantamento da Produtividade da Mão de Obra em Revestimento de Argamassa em Fachadas

BELO HORIZONTE

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Gestão Nacional da Comunidade da Construção Glécia Vieira

Gerência Regional ABCP MG Lincoln Raydan

Coordenação da Comunidade da Construção de Belo Horizonte Patricia Tozzini Ribeiro

Coordenação do GTRA Fabiana Andrade Ribeiro

Estagiária Pólo BH Amanda Diniz

Assessoria de Comunicação Márcia Amaral

Projeto Gráfico e Editorial A2B Comunicação

Administrativo ABCP MG Rose Marie Schettino

Sinduscon/MG Roberto Matozinhos

Sumário

Ficha Técnica:

43 4 56 8 9 1316 17 18

Introdução Comunidade da Construção

Sistema de Revestimento de Argamassa

GTRA Grupo de Trabalho de Revestimento em Argamassa

PROGRIDE Programa de Indicadores de

Desempenho

Caracterização das Obras Participantes

Produtividade da Mão de Obra Resultados

A Visão dos Especialistas Considerações Finais Referências Bibliográficas

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A estimativa de se ter nos próximos anos oito milhões de novos postos de trabalho, sendo o setor da construção civil o segundo maior gerador destes postos (PINI, 2012), indica um momento que a necessidade de crescimento da produção na construção civil é vigente haja vista a escassez e o custo da mão de obra qualificada serem críticos.

Pode-se indicar, assim, como principal desafio para sustentar o crescimento da construção civil, o aumento da produtividade da mão de obra dos serviços com alta incidência deste recurso, como é o caso do Sistema de Revestimento de Fachadas. Para isto, dois meios se fazem necessários:

Industrialização dos processos construtivos: adoção de tecnologias que reduzem a dependência da mão de obra.

Racionalização da tecnologia adotada: utilização otimizada dos recursos combinada com a logística de canteiro mais adequada.

Muitos especialistas têm sinalizado que mudanças nas premissas técnicas e de gestão podem levar a novos patamares de produtividade, da ordem de 20-40 hh/m², contra os atuais 40-70 hh/m². Sendo assim, urge a necessidade de capacitação das construtoras no uso de ferramentas que as auxiliem na gestão deste recurso cada vez mais escasso que é a mão de obra.

Sintonizada com esta realidade a Comunidade da Construção implantou, durante o 5º ciclo de atividades o Programa de Indicadores de Desempenho – PROGRIDE dentro das ações do Grupo de Trabalho em Revestimento de Argamassa – GTRA. Durante o trabalho foram monitoradas obras de construtoras participantes do grupo com o objetivo de determinar os pontos que comprometeram a eficiência da mão de obra, identificando-se oportunidades de melhorias no processo de execução de fachadas argamassadas.

A expectativa da Comunidade da Construção com este trabalho é que seus indicadores promovam a análise consistente do nível de produtividade nas obras, e que o resultado dessa análise atue como catalisador para a implantação de novos processos pelas construtoras.

Introdução

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A Comunidade da Construção é um projeto desenvolvido pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) em parceria com entidades do setor de edificações, que busca a integração da cadeia produtiva para aumento da competitividade dos sistemas construtivos à base de cimento. Lançada em 2002, a Comunidade surgiu como um programa voltado para melhorias em desempenho técnico e econômico, em benefício das construtoras.

A Comunidade da Construção atua hoje em 16 cidades e reúne construtoras que representam boa parte do mercado imobiliário brasileiro e suas ações proporcionam melhoria em processos construtivos, sob um modelo que preza a busca de resultados concretos e o compartilhamento de experiências.

Criado em maio de 2002, o polo Belo Horizonte congrega importantes empresas e entidades mineiras. Em dez anos de existência, aproximadamente 100 empresas fizeram parte da Comunidade de BH, dentre elas, construtoras, entidades associativas, projetistas e mais de 400 profissionais foram envolvidos nos trabalhos dos cinco ciclos realizados.

Os temas tratados nos ciclos de trabalho foram escolhidos pelo mercado, de acordo com suas necessidades. Assim, as ações promovem maior interação dos participantes, possibilitando a troca de experiências e a parceria dentro do grupo. O resultado é mais conhecimento e desenvolvimento para profissionais e para o mercado de edificações mineiro.

Outra atividade coordenada pelo GTRA foi a realização do III Fórum Mineiro de Revestimento em Argamassa, no dia 22 de maio. O evento contou com 7 palestras referentes ao tema e teve a participação

de 150 profissionais da área.

A partir do cenário apresentado, a Comunidade da Construção de Belo Horizonte, se motivou a

implantar o PROGRIDE - Programa de Indicadores de Desempenho, com enfoque no levantamento

de Indicadores de Produtividade da Mão de Obra em Revestimento de Argamassa em Fachadas, sob

coordenação das Engª MSc Fabiana Andrade Ribeiro e da Engª Dra Kelly Paiva Inouye dentro do Grupo

de Trabalho de Revestimento em Argamassa, o GTRA. O grupo foi formado por 12 construtoras,

11 fornecedores, 1 escritório de projeto, 1 laboratório e representantes da prefeitura de Belo Horizonte.

Comunidade da Construção

GTRA Grupo de Trabalho de Revestimento em Argamassa

Construtoras participantes do GTRA

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Levantamento de Indicadores de Produtividade da Mão de Obra em Revestimento de Argamassa em Fachadas

Traçar um diagnóstico da produtividade de revestimentos de argamassa em

fachadas de edifícios de Belo Horizonte;

Difundir os métodos e a prática do levantamento de indicadores, análise e

uso destes indicadores entre as construtoras de Belo Horizonte;

Detectar possibilidades de melhoria no processo produtivo que impacte no

aumento da produtividade e da qualidade do revestimento.

O Programa de Indicadores de Desempenho, desenvolvido pela Comunidade da Construção, tem como objetivos principais a criação e implantação de metodologias de levantamento de indicadores como meio para aumento da QUALIDADE e da PRODUTIVIDADE das construtoras participantes e com isto a disseminação das boas práticas construtivas.

Em 2012, o PROGRIDE esteve presente em 4 pólos da Comunidade da Construção, Belo Horizonte, Goiânia, Recife e Salvador; e focou nos sistemas construtivos: Alvenaria Estrutural com Blocos de Concreto, Estruturas de Concreto e Revestimento com Argamassa.

Na Comunidade da Construção de Belo Horizonte, o PROGRIDE focou o levantamento de produtividade da mão de obra em revestimento de argamassa em fachadas, tendo como objetivos principais:

O programa foi realizado em nove meses, no período de março a novembro de 2012. Incluiu aulas teóricas sobre o sistema de revestimento de argamassa e capacitação do corpo técnico das construtoras para coleta das informações da etapa revestimento, intercaladas com visitas técnicas orientadas às obras participantes do programa.

Participaram deste estudo de produtividade sete obras na execução de fachadas revestidas com argamassa produzida em obra e com argamassa industrializada, ambas aplicadas manualmente.

Quadro 1: tempo de duração do programa e períodos de coleta de dados.

PROGRIDE Programa de Indicadores de Desempenho

Período de atuação do GTRA

Período de coleta de dados5GTRA Caderno de Ativos | 5ºCiclo

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Camadas do revestimento

Sistema de Revestimento de Argamassa

Com a finalidade de dar suporte aos resultados relativos à implantação, apresenta-se a seguir alguns conceitos

básicos sobre o Sistema e Produção do Revestimento de Argamassa para nivelamento das informações.

A argamassa é uma “mistura homogênea de agregados miúdos, aglomerantes inorgânicos e água, contendo

ou não aditivos, com propriedade de aderência e endurecimento, podendo ser dosada em obra ou em

instalação própria” (NBR 13281). Dependendo das proporções entre os constituintes e a técnica de aplicação,

as camadas de revestimento de argamassa adquirem diferentes funções e recebe nomes característicos.

Base: não é parte integrante do sistema de revestimento, mas possui

características que interferem diretamente no desempenho deste. A

movimentação da base e suas características de absorção determinam também

quais os cuidados, procedimentos e detalhes construtivos deverão ser adotados

na produção do revestimento.

Chapisco: tem a função de regularizar a capacidade de absorção da base e

aumentar a capacidade de aderência. O chapisco pode ser classificado segundo

três tipos: tradicional, industrializado e rolado. O chapisco tradicional é uma

mistura de cimento e areia produzida em obra, para aplicação em alvenaria e

em estrutura, nesse último caso deve ser aditivado. O chapisco industrializado

é uma argamassa aditivada, aplicada com desempenadeira dentada sobre a

estrutura de concreto. Finalmente, o chapisco rolado é uma argamassa plástica,

aplicada em rolo, entretanto seu uso não é recomendado em fachadas.

Emboço: camada de revestimento com a função de regularizar a superfície

com ou sem chapisco. Além de distribuir e absorver tensões oriundas das

movimentações da base, contribui também para a estanqueidade da vedação.

Acabamento: camada final de pintura, textura, placas cerâmicas ou

outros materiais que devem ser dotados de características e propriedades que

permitam ao sistema cumprir suas funções estéticas e de durabilidade.

O sistema de revestimento de fachadas é composto por camadas de argamassas

sobrepostas, aplicadas sobre uma base. Algumas particularidades deste sistema:

Figura 1: Camadas do sistema de revestimento

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Etapas do Processo Executivo

A fim de cumprir as funções determinadas, a decisão de como se vai executar os revestimentos de argamassa

passa por um conjunto de fatores combináveis e intercambiáveis entre si. O Quadro 2 ilustra os fatores

constituintes de cada etapa de decisão.

Quadro 2: etapas do processo executivo de revestimento de argamassa

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Os levantamentos de dados em campo foram realizados em 7 obras, pertencentes a 7 diferentes construtoras

sediadas em Belo Horizonte. Durante o trabalho, foram aplicados diversos formulários, que objetivavam caracterizar

as obras em estudo, possibilitando um melhor entendimento do seu respectivo processo executivo e de gestão.

A Tabela 1 mostra, de forma sucinta, algumas características das obras onde foram realizados os estudos de caso.

Caracterização das Obras Participantes

Tabela 1: Características das obras analisadas.

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Produtividade da Mão de Obra

Partindo dessa

classificação, para se

influenciar o processo

de produção deve-se

interferir no conteúdo,

no contexto ou nas

anormalidades que a

ele estão associados.

O Quadro 3 exemplifica

fatores influenciadores

no processo de

revestimento de

argamassa:

Quadro 3: Fatores influenciadores da

produtividade

A construção civil é uma importante impulsionadora da economia, do emprego e da renda. Porém, está limitada principalmente pela escassez de mão de obra qualificada. Pode-se indicar, assim, como principal desafio para sustentar o crescimento da construção civil o aumento da produtividade da mão de obra com foco nos serviços com alta incidência deste recurso. O processo de revestimento de argamassa é um exemplo de serviço com uso intensivo da mão de obra, onde são perceptíveis lacunas quanto à determinação de atividades racionalizadas no que se refere à sua organização, gerando desperdício da mesma.

Nesse contexto, destaca-se a importância do conhecimento dos indicadores de produtividade:

Sempre que se fala em produtividade em revestimento de fachadas, é necessário entender os fatores que a influenciarão:

Conceitos

Facilita a comparação entre os índices da construtora e dos praticados no mercado, subsidiando decisões estratégicas;

Subsídio para programação dos serviços (cronograma físico e dimensionamento de equipes);

Controle da produtividade da mão de obra;

Permite o conhecimento da equipe, auxiliando na política de remuneração de operários e subcontratados.

As características do produto influenciam a eficiência na utilização dos recursos físicos. Assim, o revestimento de fachadas muito recortadas tem um maior consumo de mão de obra por m2 devido à execução de espalas, por exemplo.

Diversos contextos resultam em diferentes eficiências, mesmo em se tratando de um mesmo produto. Dias muito úmidos retardam a pega da argamassa de revestimento, enquanto em dias muito secos o puxamento ocorre em um período menor, por exemplo.

Associadas ao conteúdo e ao contexto do processo, as anormalidades geram perdas pontuais à eficiência do serviço. Por exemplo, embora o abastecimento de argamassa seja feito diariamente, o atraso em um dia de trabalho pode interferir no avanço de diversas frentes de trabalho, retardando o processo.

C O N T E Ú D O : C O N T E X TO : A N O R M A L I D A D E S :

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É importante salientar que, para o cálculo das horas trabalhadas:

Hora/prêmio NÃO é hora trabalhada (ex.: o encarregado “dá” uma hora a mais por dia durante uma semana para que a equipe finalize um determinado pavimento);

Hora de almoço NÃO é hora trabalhada;

Hora extra efetivamente trabalhada É hora trabalhada.

A coleta dos homens-hora consiste em medir a quantidade direta de operários (pedreiros e serventes) que se dedicaram ao serviço de execução de revestimento de argamassa externo e por quanto tempo eles se dedicaram. Por ‘horas trabalhadas’ deve-se considerar as horas efetivamente trabalhadas pelos operários. Este valor pode ser obtido, diariamente, por meio de informações do encarregado do serviço ou mestre de obras.

Produtividade da Mão de Obra

Método de Coleta dos Indicadores

Para mensurar a produtividade da mão de obra foi utilizado o indicador “Razão Unitária de Produção” (RUP), razão entre esforço humano e quantidade de serviço realizado.

No Quadro 4, explicita-se a folha de coleta do tempo trabalhado na execução do revestimento de fachada durante

um dia, considerando o tempo efetivamente dedicado a este serviço:

Quadro 4: Folha de coleta do tempo trabalhado na execução do revestimento de fachada durante um dia

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Onde: RUP = Razão Unitária de Produtividade (HH/m²)Hh = Total de Homem hora (Hh)QS = Quantidade de Serviço(m²)

RUP = HhQS

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A) Espessuras superiores a 5cm;

B) Falta de materiais;

C) Falta de ferramentas;

D) Falta de água ou energia elétrica;

E) Chuva;

F) Vento forte;

G) Problemas com equipamentos;

H) Parada de balancim;

I) Rotatividade de operários;

J) Espera excessiva do tempo de puxamento ( >30min).

Foram fornecidos materiais de apoio para a coleta da quantidade de serviço realizado, contendo vistas das fachadas e quadro para registro das condições climáticas e anormalidades ocorridas durante a execução do serviço, destacando-se a importância de se anotar o tipo de anormalidade e o tempo de paralisação ou atraso devido à anormalidade ocorrida.

Na Figura 2, apresenta-se um esquema do material de coleta em obra da quantidade de serviço:

Figura 2 – Exemplo de uma folha de coleta de quantidade de serviço executado.

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Produtividade da Mão de Obra

Indicadores para Análise da Produtividade

Para a análise da produtividade da mão de obra foram utilizados os seguintes indicadores de “Razão Unitária

de Produção” (RUP): RUPs diárias, cumulativa da obra, cumulativa dos “panos” e potencial, além da perda de

produtividade. Na Figura 3, explicitam-se, brevemente, a importância de cada um destes indicadores.

Figura 3: Ilustração das RUPs de uma obra fictícia

RUP cumulativa-obra (RUPcum-obra): neste caso, refere-se ao período total de coleta para a obra em questão, ou seja, ao total de homens-hora e área total de fachada considerada para a análise da obra. Esta RUP representa a produtividade que efetivamente ocorreu para a execução do emboço, pois, não inclui a ponderação1 referente à etapa que está sendo executada . Além disso, inclui as anormalidades.

RUP cumulativa-pano (RUPcum-pano): refere-se ao período de um ciclo (trecho) de trabalho para o emboço. Esta RUP auxilia o melhor entendimento dos fatores de conteúdo (características da fachada, tais como, quantidade de quinas, cantos e requadros, espessura do emboço etc.) e de contexto (forma de contratação e remuneração dos operários que trabalharam naquele trecho, quebra de equipamento de transporte da argamassa, quantidade de serventes por pedreiro etc.) que fizeram a produtividade variar.

RUP diária-máxima: RUP do dia em que se teve a pior produtividade. No caso do emboço, esta RUP inclui a ponderação referente à etapa que está sendo executada (taliscamento, colocação de tela, emboço propriamente dito ou espala).

RUP diária-mínima: RUP do dia em que se teve a melhor produtividade. No caso do emboço, segue-se a mesma orientação anterior.

RUP diária-mediana: RUP mediana da obra. Inclui aqueles dias muito bons e muito ruins. No caso do emboço, segue-se a mesma orientação anterior.

RUP potencial: RUP que indica uma boa produtividade alcançável com as condições de gestão, conteúdo e contexto em que a obra está inserida. Esta RUP elimina aqueles dias ruins atípicos, ou seja, dias que fugiram da curva de produtividade que a obra estava apresentando como tendência (pontos acima da curva da RUP cumulativa).

Esses indicadores poderão ser obtidos a partir da planilha de ‘Produtividade da MDO Revestimento Externo’, que pode ser encontrada no CD CCBH 5º Ciclo 2012 ou no site www.comunidadedaconstrucao.com.br . Nesta planilha há um tutorial de como a construtora poderá realizar o levantamento da produtividade na execução de revestimento em argamassa.

1 – Esta ponderação está inserida no tutorial. Tal ponderação é necessária para o caso do emboço, pois sua execução envolve várias etapas, tais como taliscamento, fixação de telas, execução de requadros (espalas), frisos e juntas, para uma mesma área de fachada revestida.

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Figura 4: RUPs para as obras estudadas

Os valores das RUPs apresentadas na Figura 4 referem-se às RUPcum-obra. O valor mínimo apresentado para RUP de Belo Horizonte indica a obra de edifício em alvenaria estrutural, que adotou a produção do emboço com terminalidade em uma única fase (abertura de juntas e frisos com argamassa fresca, execução de espalas concomitante ao emboço), espessura do revestimento menor que 3 cm, fachadas sem dificuldades

construtivas, baixa incidência de anormalidades, maior proporção de ajudantes por oficial, mão de obra própria, além de política de remuneração diferenciada conforme produção do profissional. O valor máximo refere- se à obra com fachada com alta incidência de requadros (espalas), baixa relação de Ajudantes/ Oficiais, acabamento feltrado e opção pela produção do emboço deixando a execução da espala para etapa posterior.

Em função do grande número de variáveis envolvidas neste estudo, as obras foram classificadas como Simples, Média e Complexa, considerando-se o fator que se mostrou mais relevante neste estudo, qual seja: Perímetro/Área; como também, o tipo de base (alvenaria estrutural ou alvenaria em blocos cerâmicos).

Assim, aquelas consideradas “Simples” dizem respeito às obras executadas em alvenaria estrutural (que, potencialmente, têm uma base regular), com arquitetura da fachada simples (sem muitos recortes, por exemplo). As obras consideradas como de “Média” complexidade foram aquelas em estrutura de concreto, alvenaria em blocos cerâmicos, e com incidência mediana de corte, quinas e requadros. As obras classificadas como “Complexas” foram as com alvenaria em blocos cerâmicos e que apresentaram maiores índice Perímetro/Área, ou seja, maior número de requadrações de vãos de caixilhos, cantos e quinas.

Resultados

Com a finalidade de comparar os índices de produtividade de revestimentos de argamassa em fachadas de edifícios

de Belo Horizonte, com aquele apresentado na TCPO 13a edição (PINI, 2009) para o nível nacional, ilustram-se, na

Figura 4, os resultados obtidos através deste trabalho.

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Resultados

Gráfico 1: Perda de produtividade da mão de obra

Tabela 3: Cálculo das RUP diária, cumulativa e potencial

A diferença percentual entre a RUPcum e a RUPpot indica a perda de produtividade da mão de obra.O gráfico 1 apresenta os resultados das obras analisadas .

A perda de produtividade variou de 12,83% a 52,47%, com mediana igual a 26,18%. Sendo a mão de obra o recurso com a maior participação no custo de execução do serviço de revestimento, torna-se evidente a necessidade de racionalização desse processo.

A Tabela 3 apresenta um resumo das RUPs calculadas para as 7 obras participantes do PROGRIDE BH.

Conforme explicitado na Figura 4, concluí-se que foram verificados valores para RUPBH mínima, mediana e máxima próximos dos apresentados para RUPTCPO. É necessário comentar, no entanto, que tal resultado não indica uma situação de produtividade satisfatória, haja vista, as várias oportunidades de melhorias indicadas, mais adiante, nas considerações finais, mas que, as produtividades apresentadas pelo grupo participante do estudo estão dentro dos patamares nacionais.

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Figura 5: Relatório Individual

Como etapa de conclusão e retorno do trabalho às empresas participantes, foram produzidos relatórios individuais, por obra. O mesmo era constituído por uma breve abordagem da metodologia empregada, caracterização da produção de revestimentos de fachada da obra em questão, apresentação das RUPs calculadas e uma análise das mesmas no contexto estudado. Na Figura 5 é apresentado o modelo do relatório individual.

COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO DE BELO HORIZONTE

GRUPO DE TRABALHO DE REVESTIMENTO DE ARGAMASSA

ABCP - Comunidade da Construção de Belo Horizonte GTRA - 5º Ciclo 1/5 Construtora Direcional - Obra Gran Felicitá

Construtora: Direcional

Empreendimento: Gran Felicitá Endereço: Avenida Tancredo Neves, 3230 - Paquetá

1. OBJETIVO

Este relatório tem por objetivo apresentar os resultados da produtividade da mão de obra em revestimentos de argamassas em fachadas - chapisco e emboço. Estes resultados foram obtidos através do grupo de trabalho de Revestimento de Argamassa da Comunidade da Construção BH. Explicitam-se aqui os métodos de coleta e cálculo para esta análise. Tais métodos poderão ser incorporados na gestão destes serviços nas diversas obras da construtora.

2. CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO DOS REVESTIMENTOS DE FACHADAS

o Chapisco: chapisco produzido em obra. Pedreiro executa o chapisco. Aplicação manual, tradicional. o Telas: colocadas durante o processo de chapiscamento o Emboço: argamassa produzida em obra. Aplicação manual. Acabamento sarrafeado e desempenado.

Espessura média 2,0 a 3,0cm. o Espalas: feitas juntamente com o emboço, como norma da construtora. o Frisos e juntas: aberturas feitas com emboço fresco. o Plataforma de trabalho: balancim leve manual.

3. RUPs DA OBRA

RUP cumulativa-obra (RUPcum-obra): neste caso, refere-se ao período total de coleta para a obra em questão, ou seja, ao total de homens-hora e área total de fachada considerada para a análise da obra. Esta RUP representa a produtividade que efetivamente ocorreu. Inclui as anormalidades e todos os serviços executados para a produção do emboço ou do chapisco.

RUP diária-máxima: RUP do dia em que se teve a pior produtividade. No caso do emboço, essa RUP inclui a ponderação referente à etapa que está sendo executada (taliscamento, colocação de tela, emboço propriamente dito ou espala).

RUP diária-mínima: RUP do dia em que se teve a melhor produtividade.

RUP diária-mediana: RUP mediana da obra. Inclui aqueles dias muito bons e muito ruins.

RUP potencial: RUP que indica uma boa produtividade alcançável com as condições de gestão, conteúdo e contexto em que a obra está inserida. Esta RUP elimina aqueles dias atípicos, ou seja, dias que fugiram da curva de produtividade que a obra estava apresentando como tendência.

Perda da produtividade: indica a diferença entre a produtividade efetivamente ocorrida e a que poderia ter sido alcançada. Reflete o ônus por falta de gestão, incidência de anormalidades etc.

Tipo de RUPEmboço

Valor da RUP

% em relação à RUP potencial

Perda da Produtividade

Diária – mínimo 0,284 -30,19%Diária – mediana 0,484 19,09%Diária – potencial 0,407 0,00%Diária – máxima 0,681 67,43%Cumulativa 0,459 12,83%Diária – mínimo 0,155 -Diária – mediana 0,366 -Diária – potencial - -Diária – máxima 0,605 -Cumulativa 0,351 -

Serv

ente

-

Pedr

eiro

12,83%

Tipo de RUPChapisco

Valor da RUP

% em relação à RUP potencial

Perda da Produtividade

Diária – mínimo 0,037 -54,07%Diária – mediana 0,100 22,53%Diária – potencial 0,081 0,00%Diária – máxima 0,196 140,75%Cumulativa 0,094 14,92%Diária – mínimo 0,037 -Diária – mediana 0,082 -Diária – potencial - -Diária – máxima 0,196 -Cumulativa 0,078 -

Pedr

eiro

Serv

ente

-

14,92%

COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO DE BELO HORIZONTE

GRUPO DE TRABALHO DE REVESTIMENTO DE ARGAMASSA

ABCP - Comunidade da Construção de Belo Horizonte GTRA - 5º Ciclo 2/5 Construtora Direcional - Obra Gran Felicitá

4. COMPARATIVO: BASE PINI (TCPO 13) x BASE OBRA x BASE GRUPO

5. GRÁFICO DA RUP PARA OS DIFERENTES PANOS

A seguir, apresentam-se os resultados para os panos que indicaram RUPcum-pano mínima, mediana e máxima. Ao se observar os croquis, pode-se avaliar que o pano mais estreito (balancim 2), com maior incidência de quinas e cantos apresenta maior RUPcum-pano e que o pano com maior relação extensão / área (balancim 27) apresentou menor RUPcum-pano. Esta variação de produtividade entre balancins pode estar relacionada também à experiência do profissional que está trabalhando em cada pano. Tais resultados explicitam a necessidade da consideração destes aspectos quando do planejamento e gestão da obra, ou mesmo,

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

RUP

Dia

RUP diária, cumulativa e potencial (emboço/pedreiro)

RUP cum

RUP pot

RUP diária

1,71Hh/m20,28Hh/m2

2,60Hh/m20,79Hh/m20,40Hh/m2TCPO 13 (Rev. Básico)

Obra Direcional

20m2/dia/homem

10m2/dia/homem

3m2/dia/homem

28,6m2/dia/homem

4,7m2/dia/homem

0,51Hh/m2

15,7m2/dia/homem

2,47Hh/m20,46 Hh/m2Belo Horizonte

17,4m2/dia/homem

3,2m2/dia/homem

11,4m2/dia/homem

0,70Hh/m2

Produtividade Pedreiro - Emboço

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“Motivada inicialmente pela vontade de me reaproximar da comunidade desta minha cidade natal, este trabalho trouxe-me muito além disto. Ficou clara a visão de uma perspectiva vencedora, no que diz respeito às grandes oportunidades de aperfeiçoamento e de crescimento na produção de edifícios em Belo Horizonte.  Esta visão foi percebida sobretudo pelo interesse conjunto dos membros envolvidos no grupo. Foi possível sentir nas construtoras participantes a busca inicial por novas tecnologias, novos conhecimentos. Entretanto, no decorrer do trabalho, fez-se claro para todos o entendimento de que mesmo as mais avançadas tecnologias não se sustentam sem a gestão eficiente dos recursos, sobretudo de mão de obra.

Conseguimos ver juntos, a importância do uso da ferramenta de coleta e análise da produtividade como forma de intervenção na produção, como forma de tomada de decisões de projeto e como direcionadora para otimização deste importante recurso mão de obra. Enfim, uma semente foi plantada e espero que muitos frutos sejam colhidos por todos. “

“Através deste trabalho, a ABCP-BH conseguiu reunir várias construtoras e outros agentes envolvidos na produção de revestimento em argamassa e despertá-los para a grande importância, na atual conjuntura, da questão da racionalização do uso da mão-obra e da melhoria da forma de se planejar e gerenciar a produção. Além disso, capacitou-os no uso das ferramentas desenvolvidas para auxiliá-los nestas questões.

Esses passos preparam o caminho para uma discussão muito maior que é a viabilização de meios mais sustentáveis de se produzir a habitação em Belo Horizonte.

Este trabalho, portanto, não pode, ou melhor, não deve acabar aqui, mas é apenas o começo de um longo e próspero caminho a ser percorrido”.

Engª MSc. Fabiana Andrade RibeiroCoordenadora Grupo de Trabalho de Revestimentos de Argamassa

Engenheira Civil pela Universidade FUMEC-MG e Mestre em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP, Especialista em alvenarias e revestimentos de fachadas, sócia da FCH Consultoria e Projetos de Engenharia, empresa sediada em São Paulo com atuação nacional em consultorias e projetos para a produção de alvenarias e revestimentos. Autora do livro Juntas de Movimentações em Revestimentos Cerâmicos de Fachadas (Ed. Pini -2010).

Engª Drª Kelly Paiva InouyeInstrutora do módulo de projeto

Engenheira Civil pela Escola de Engenharia de São Carlos da USP, Mestre e Doutora em Engenharia Civil e Urbana pela Escola Politécnica da USP. Especialista nos temas: produtividade, custos de urbanização de conjuntos habitacionais, indicadores, cadeia produtiva da construção habitacional. Sócia da Totvvs Tvvs Engenharia, empresa sediada em São Paulo com atuação nacional.

A Visão dos Especialistas

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17GTRA Caderno de Ativos | 5ºCiclo 17GTRA Caderno de Ativos | 5ºCiclo

Considerações Finais

Em relação aos resultados obtidos em Belo Horizonte, as obras apresentaram produtividade dentro das faixas de referência nacional da TCPO13 (PINI, 2010). No entanto, podem ser citados pontos que influenciaram na perda de produtividade. São eles:

• Desvios de prumos da base: os desvios de prumo da estrutura originaram espessuras excessivas do revestimento (>5cm). A execução destes trechos de fachadas, em duas camadas, fez com que a produtividade fosse visivelmente reduzida.

• Alocação incorreta da mão de obra especializada: a alocação de dois pedreiros em um mesmo balancim em trechos estreitos de fachada ou a alocação de pedreiros para a realização de atividades que poderiam ser realizadas por serventes, ou mesmo a alocação de pedreiros sem o auxílio de ajudantes, são apontados como problemas de gestão que reduziram a produtividade. A relação ajudantes/oficiais se mostrou, em todas as obras, proporcional ao resultado da produtividade.

• Variações nos procedimentos executivos na obra: em uma mesma obra, constataram-se diferentes procedimentos executivos entre as diversas equipes. Tal situação é apontada como dificultadora da gestão e da logística.

• Alta variação da produtividade individual: em algumas obras, para trechos de mesmo conteúdo verificou-se alta defasagem entre a produtividade de um oficial e outro.

• Falta da terminalidade do serviço: a opção pela produção do emboço deixando as requadrações (espalas) para outra etapa reduziu efetivamente a produtividade em alguns casos e em outros não demonstrou ganhos de produtividade, como era esperado pelas construtoras. A execução concomitante de emboço e espala mostra-se, assim, mais viável, tanto em relação à produtividade, quanto ao desempenho do revestimento de fachadas.

• Falta de projeto de revestimentos: a ausência de um projeto de revestimento pode ser apontada como um dos fatores redutores da produtividade, pois, em algumas obras, foram identificados detalhes construtivos (telas) sendo utilizados sem necessidade. Além disso, o projeto de revestimentos racionaliza o processo de produção pela organização do trabalho e eliminação das decisões de última hora na obra, tais como layout de balancins, planejamento de subidas e descida dos balancins, dimensionamento de equipes e as formas de controle da qualidade, otimizando também a produtividade.

• Falta de coordenação entre projeto para a produção e projeto arquitetônico: constatou-se, claramente, as perdas de produtividade em trechos de fachadas onde houve não houve a compatibilização da sua largura com a largura máxima do balancim por pequenas dimensões. Estas pequenas diferenças de dimensões não teriam impacto significativo no ambiente construído (qualidade da circulação interna, ventilação, iluminação etc.), mas, teriam grande impacto na produtividade apresentada.

Apesar de, ao se explicitar os pontos que influenciaram na perda de produtividade, os que influenciaram os ganhos ficarem implícitos, pode-se frisar que:

• execução das espalas, frisos e juntas durante a execução do emboço, com a argamassa ainda fresca, mostrou-se, mais viável tanto em relação à produtividade, quanto ao desempenho do revestimento de fachadas;

• conforme os resultados apresentados para as RUPcum-pano mínima, mediana e máxima pelas obras analisadas, confirmou-se que aqueles panos mais largos, com menor incidência de vãos, quinas e cantos apresentam menores RUPcum-pano e, portanto, melhor produtividade. Tais resultados explicitam a necessidade da consideração destes aspectos quando do planejamento e gestão da obra, ou mesmo, quando do projeto arquitetônico.

Além dos aspectos que influenciam a produtividade, através deste trabalho, puderam-se constatar alguns procedimentos técnicos adotados pelas construtoras que merecem atenção, por não serem as práticas recomendadas e, e por isto, tratarem-se de praticas que podem comprometer a qualidade do sistema de revestimento:

• adoção de betoneira para mistura de argamassa;

• utilização de chapisco comum e rolado em elementos estruturais;

• a não utilização de juntas de movimentação do revestimento;

• o corte posterior da junta, não indicado por introduzir tensões na camada de emboço.

Quanto às ferramentas de monitoramento e análise da produtividade aqui apresentadas, espera-se que sejam utilizados nas demais obras das construtoras participantes. As mesmas poderão ser utilizadas durante todo o período de produção das fachadas ou em etapas mais representativas, a depender dos objetivos que se pretende alcançar. Recomenda-se contudo que sejam coletados apenas os dados para pavimento Tipo.

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Referências Bibliográficas

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ABCP. Manual de Revestimento de Argamassa. 104 pg. São Paulo, 2002.

ABNT. Argamassa para assentamento de paredes e revestimento de paredes e tetos – Especificação. NBR 13281. Rio de Janeiro, 1995.

NAKAKURA, E. et al. Revestimentos de Argamassas: Boas práticas em projetos, execução e avaliação. ABCP. São Paulo, 2005.

PINI. TCPO 2010: Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos. 13. ed. Editora PINI. São Paulo, 2009.

RIBEIRO, F. A.; BARROS, M. M. S.. Juntas de Movimentação em Revestimentos Cerâmicos de Fachadas. 142pg. Editora PINI, São Paulo, 2010.

SILVA, L. L. R. Método de intervenção para a melhoria da eficiência na execução de revestimentos de argamassa de fachada. Dissertação. EPUSP. São Paulo, 2002.

SOUZA, U. E. L. Como medir a produtividade da mão de obra na Construção Civil. In: ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 8., 1 CD-ROM. Salvador, 2000. Anais... Salvador, 2000.

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