GUIA DE ESTUDOS - 17minionuagnu2030.files.wordpress.com · Daí surge a Liga das Nações3,...
Transcript of GUIA DE ESTUDOS - 17minionuagnu2030.files.wordpress.com · Daí surge a Liga das Nações3,...
GUIA DE ESTUDOS
AGNU (2030) A Iminência de uma 3° Guerra Mundial Mikael Iago da Cunha Ferreira
Diretor
Maíra Dias de Freitas Diretora Assistente
Pedro Henrique Dias Filho
Diretor Assistente
LISTA DE FÍGURAS
Figura 1 - Maiores Econômias em 2030 (em bilhões de dólares) ....................... 5
Figura 2 - Território onde o Estado Islâmico almeja formar um Califado. ........... 9
Figura 3 - Mapa das Áreas Controladas Pelo Estado Islâmico em 2015 .......... 11
Figura 4 - Mapa dos Conflitos Entre Grupos Étnicos e Religiosos na Síria e no
Iraque .................................................................................................................. 12
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Quantidade de barris de petróleo exportados pela Arábia Saudita
para a China, por dia, a cada cinco anos entre 2015 e 2030 .............................. 7
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE........................................................................ 3
2 APRESENTAÇÃO DO TEMA ........................................................................... 4 2.1 Relações Estados Unidos-Arábia Saudita................................................. 5 2.2 Relação China-Arábia Saudita .................................................................... 7 2.3 O Estado Islâmico......................................................................................... 8 2.3.1 A Trajetória ................................................................................................. 9 2.3.2 Áreas de atuação e membros ................................................................ 10 2.3.3 Armamentos e financiamento ................................................................ 11 2.4 Estados Falidos .......................................................................................... 12 2.5 Armas de Destruição em Massa ............................................................... 13 2.6 Linha do Tempo .......................................................................................... 16
3 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ ..................................................................... 17 3.1 Resolução “Uniting for Peace” ................................................................. 18 4 QUESTÕES RELEVANTES ACERCA DO DEBATE .................................... 19
5 POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES ......................................................... 19 5.1 Estados Unidos da América ...................................................................... 20 5.2 República Popular da China ...................................................................... 20 5.3 Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte ................................... 20 5.4 Federação Russa ........................................................................................ 20 5.5 República Francesa .................................................................................... 21 5.6 Reino da Arábia Saudita ............................................................................ 21 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 22
TABELA DE DEMANDA DE REPRESENTAÇÕES.........................................25
3
1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE
Prezados Delegados,
É com muito prazer que apresentamos a nossa equipe de Diretores da Assembleia
Geral das Nações Unidas (AGNU) que ocorrerá no ano de 2030 para tratar da Iminência de
uma Terceira Guerra Mundial:
Olá, senhores delegados. Meu nome é Mikael Iago da Cunha Ferreira. Estou com 18
anos, e sou aluno do 5º período do curso de Relações Internacionais. Eu serei o Diretor da
AGNU (2030). É a minha terceira participação no Modelo Intercolegial das Nações Unidas
(MINIONU), sendo a minha primeira participação em 2014, como voluntário de logística. A
segunda ocorreu em 2015, como Diretor Assistente da Organização Internacional da Polícia
Criminal (INTERPOL) (2015), e foi de grande importância para determinar a minha
participação nesta 17º edição do MINIONU enquanto um Diretor de Comitê. Todo o nosso
projeto e o nosso trabalho será voltado para que os senhores possuam uma experiência que
seja a mais próxima possível dos problemas futuros que são reflexo da nossa atual
conjuntura internacional. Espero ansiosamente poder conhecê-los e poder viver essa
experiência com vocês. Um grande abraço e que venha o MINIONU!
Olá, senhores! Meu nome é Maíra Freitas, tenho 20 anos e durante o 17º MINIONU
estarei no 5º período do curso de Relações Internacionais. O MINIONU tem uma grande
importância pessoal: decidi ingressar no curso de RI após participar do projeto como
delegada no Ensino Médio. Em 2011, participei do comitê que simulava a Conferência das
Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2009 (COP15), representando o
Zimbábue. Integrei os comitês AGNU 1980 e a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) nos dois anos seguintes, como delegada da
Colômbia e México, respectivamente. Tais oportunidades me proporcionaram um melhor
conhecimento acerca do curso, influenciando meu futuro acadêmico. Em 2015, participei
como voluntária da logística, realizando meu antigo desejo de compor a equipe
organizadora do MINIONU. Espero que minha presença no 17º MINIONU seja a mais
proveitosa e competente possível, proporcionando a vocês, delegados, uma experiência
incrível! Estarei sempre disposta a ajudá-los quando precisarem. Até outubro!
Olá, senhores delegados. É com grande contentamento que eu lhes dou boas vindas
ao comitê AGNU 2030, no qual iremos abordar a Iminência de uma Terceira Guerra
Mundial. Meu nome é Pedro Henrique Dias Filho, e estou no segundo período de Relações
Internacionais. O MINIONU é um excelente projeto de extensão realizado pela PUC MINAS,
reconhecido internacionalmente. Por isso, fiquei muito entusiasmado ao ser aprovado como
voluntário em 2015, e mais ainda agora, como Diretor Assistente, podendo dar continuidade
4
a esse apaixonante programa, aumentando infinitamente minha experiência, aprendendo e
ensinando um pouco mais a cada dia. Nesse intento, aguardo ansiosamente para nos
conhecermos e realizar um magnífico trabalho juntos. Tenham certeza que estamos
preparando tudo com muito carinho e dedicação. Que venha outubro! Que venha o 17º
MINIONU!
E-mail: [email protected]
Blog: 17minionuagnu2030.wordpress.com
Facebook: https://www.facebook.com/17minionuagnu2030
Atenciosamente,
Equipe AGNU 2030
2 APRESENTAÇÃO DO TEMA
O ano de 2030 inicia-se com uma crise entre as principais potências mundiais,
Estados Unidos, Rússia e China, devido a uma série de eventos que escalonou o nível de
tensão entre estes países. Devido a isto, muito questionam se o mundo está à beira de uma
Terceira Guerra Mundial. Para agravar a situação, o Conselho de Segurança das Nações
Unidas (CSNU) está inoperante devido ao veto dos Estados Unidos, da Rússia e da China1.
Sendo assim, faz-se necessário transferir a discussão do problema do CSNU para a AGNU.
No século XX, o mundo viveu duas Grandes Guerras Mundiais. A Primeira Grande
Guerra iniciou-se em 1914 e, nas palavras do historiador Eric Hobsbawn, “[...] envolveu
todas as grandes potências, e na verdade todos os Estados europeus, com exceção da
Espanha, os Países Baixos, os três países da Escandinávia e a Suíça”. (HOBSBAWN, 1994,
p. 31). Com o fim da Primeira Guerra Mundial e suas atrocidades, em 19192, os países se
mobilizaram para criar mecanismos para evitar guerras. Daí surge a Liga das Nações3,
embrião do que hoje é conhecido por Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1939, a
Segunda Guerra já era prevista devido ao clima instável na Europa e no Extremo Oriente.
Este clima se deu principalmente pelas insatisfações da Alemanha, Japão e Itália,
insatisfeitos com o resultado do Tratado de Versalhes. (HOBSBAWN, 1994). Com o fim da
Guerra, em 1945, surgiu a ONU, “organização internacional formada por países que se
reuniram voluntariamente para trabalhar pela paz e o desenvolvimento mundiais”. (NAÇÕES
UNIDAS, 2016, p.1). Depois de 116 anos desde a Primeira Guerra Mundial e 91 desde a
1 Os três são membros permanentes do CSNU, isto significa que possuem poder de veto.
2 Assinatura do Tratado de Versalhes.
3 Propunha a solução pacífica e democrática através de reuniões públicas (para evitar a diplomacia
secreta) de problemas internacionais. (HOBSBAWN, 1994).
5
Segunda Guerra Mundial, o mundo se depara com a iminência de uma Terceira Guerra
Mundial no ano de 2030. A crise entre as potências mundiais se agravou com a descoberta
do governo estadunidense de que algum país transferiu tecnologia de armas químicas e
biológicas para o grupo Estado Islâmico. As evidências apontam para a Arábia Saudita que,
além de ser sunita4, como o Estado Islâmico, tem como atual rei Abdullah um extremista
antiocidental.
As consequências dessa transferência de tecnologia ameaçam a paz e a segurança
internacional, uma vez que o grupo Estado Islâmico vem se expandindo pelo Oriente Médio
e ganhando novos integrantes. Embora tenham ocorrido ações contra o grupo, tais como a
coalizão formada da década de 2010 para combater o grupo, quando o grupo começou sua
expansão para a Síria, essas foram ineficazes, além de terem ficado em segundo plano
devido ao conflito entre China, Estados Unidos e Rússia. Isso propiciou sua a expansão do
Estado Islâmico pelo Oriente Médio, corroborando com a falência de dois Estados da região,
sendo estes a Síria e o Iraque.
4 Uma vertente do Islamismo.
Figura 1 - Maiores Econômias em 2030 (em bilhões de dólares)
Fonte: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, 2030.
6
2.1 Relações Estados Unidos-Arábia Saudita
As relações entre os Estados Unidos e o Reino da Arábia Saudita tiveram início com
o começo do reinado da família al-Saud em 1931 e o reconhecimento do governo por parte
do Estado norte-americano. Os primeiro tratados bilaterais assinados entre ambos os países
tratava de questões relacionadas à exploração e ao comércio do petróleo, definindo o
padrão de acordos que seria seguido por muito tempo. (POLLACK, 2002). Todavia, havia
certa resistência de certos segmentos do governo saudita, principalmente de líderes
religiosos, devido à exposição que o reino estava tendo diante dos interesses ocidentais.
Isso pode ser observado no tratado assinado em 1933, sobre as concessões de petróleo
para a Standart Oil, onde havia uma cláusula que explicitamente rejeitava a intervenção de
qualquer empresa nos aspectos domésticos do Reino. Ainda assim, a relação entre ambos
os países se desenvolveu com base na rica reserva de petróleo na Arábia Saudita.
(POLLACK, 2002).
Durante a Guerra Fria, a relação entre os EUA e a Arábia Saudita foi cercada de
desconfiança por parte saudita, que desejava evitar uma maior influência norte-americana
na região. Ainda assim, com a Revolução Iraniana em 1979, as questões de segurança
entraram nas agendas discussões entre Arábia Saudita e Estados Unidos, visto que o
governo saudita sentia-se ameaçado com o novo governo iraniano, além do
estabelecimento de um governo aliado aos soviéticos no Iemen. (POLLACK, 2002).
O comércio de armas entre ambos os países, desde a década de 1970, se apresenta
como sendo instável. Com o aumento dos preços de petróleo, o governo saudita percebeu
que poderia aproveitar a oportunidade para comprar grandes quantidades de armamentos,
sendo o escolhido para o fornecimento, a China. Devido à urgência do foco na defesa
nacional por conta do contexto da região, com a Revolução Iraniana e a Guerra Irã-Iraque, o
governo saudita decidiu renovar sua força aérea e o governo americano foi escolhido como
fornecedor. Esse fluxo durou até o fim da década de 80, e retomou nos anos 1990 com a
Guerra do Kuwait. (POLLACK, 2002).
Por fim, o rei Abdullah assumiu o trono saudita no início da década de 2020, sendo
claramente opositor à influência ocidental na Arábia Saudita e no Oriente Médio, em certa
medida. Assim, ao longo da primeira década de seu reinado, as relações entre Arábia
Saudita se deterioraram, enquanto as relações com a China se estreitaram, possibilitando
um crescimento do comércio de armas entre ambos os países. (POLLACK, 2002).
7
2.2 Relação China-Arábia Saudita
As relações entre o governo chinês e o governo saudita tiveram início em 1990 e
desenvolveram de forma bastante lenta até o início do século XXI. Todavia, o governo
saudita acreditava que a relação com a China deveria ser mais bem trabalhada e
desenvolvida. Assim, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), as trocas
comerciais entre ambos os países saiu do patamar de US$ 1,28 bilhões em 1990 para US$
74 bilhões em 2012. (PINGHUI, 2016).
O petróleo sempre foi um ponto crucial na relação entre ambos os países, visto que a
Arábia Saudita é o principal exportador de petróleo para a China desde 2005. Nesse
sentido, diversos acordos são fechados objetivando o investimento em refinarias e na
utilização de gás natural por parte do governo saudita. (NAZER, 2015).
Para o governo saudita, a principal vantagem da parceira com o governo chinês em
relação à parceria com o governo americano, é que o primeiro não interfere na política
interna, enquanto o governo americano anualmente divulga relatórios críticos acerca da
situação de minorias religiosas no país5. Além disso, a recíproca é verdadeira, visto que
5 As principais minorias religiosas na Arábia Saudita são os cristão e os hindus.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
2014 2016 2018 2020 2022 2024 2026 2028 2030 2032
Fonte: Elaboração dos autores.
Gráfico 1 - Quantidade de barris de petróleo exportados pela Arábia Saudita
para a China, por dia, a cada cinco anos entre 2015 e 2030
8
raramente o governo saudita crítica ações internas na China contra minorias islâmicas.
(NAZER, 2015).
Na década de 1990, o Oriente Médio era o melhor cliente da China no mercado
internacional de armas. Somente a relação com a Arábia Saudita destinava US$ 800
milhões aos cofres chineses. Embora nos anos 2000 a base de clientes da China tenha se
deslocado para a Ásia, a partir de 2010, a sua de compradores volta a ser no Oriente Médio,
sendo a Arábia Saudita um dos países que mais comprava armas chinesas. (AL-TAMIMI,
2013).
Em relação ao âmbito nuclear, a Arábia Saudita dava sinais desde a década de 1980
de que tinha interesse em desenvolver armamentos nucleares ou adquiri-los. (AL-TAMIMI,
2013). Todavia, nenhum plano ou projeto foi levado em frente até o início da década de
2020, no qual o governo saudita passou a adquirir armamentos nucleares 6 de baixo teor
destrutivo a partir da China.
2.3 O Estado Islâmico
O Estado Islâmico (EI) é um grupo terrorista formado por jihadistas7 muçulmanos
ultraconservadores sunitas, que são conhecidos por defenderem fundamentos radicais do
islamismo. Ele era conhecido como Estado Islâmico da Síria e do Iraque (ISIS), porém, em
2014, o grupo auto declarou califado e passou a se chamar apenas por Estado Islâmico,
pois almeja expandir seu domínio para além dos territórios sírio e iraquiano. Ele tem como
objetivo o estabelecimento de um Califado, que é um único Estado Islâmico baseado na lei
Sharia e cujo líder é chamado de califa. (BRITANI, 2015).
O grupo surgiu após a invasão americana no Iraque em 2003 e em 2011 fortaleceu a
sua atuação no Iraque graças a saída do exército americano do país. Já na Síria, o ano de
2011 também foi favorável para a atuação do Estado Islâmico uma vez que o país entrava
em uma intensa guerra civil. O grupo possui como ideologia o wahabismo, que advém da
corrente salafista que vem do sunismo, uma das vertentes da religião muçulmana. Esta
ideologia é considerada radical no mundo muçulmano, pois são contra qualquer tipo de
adoração a imagens, templos, estátuas, além de considerarem outras vertentes –
principalmente os xiitas - como infiéis e passíveis de morte. (BUNZEL, 2015). A figura a
seguir demonstra quais são os territórios que o Estado Islâmico almeja conquistar para
formar o califado:
6 Ler seção 2.5 sobre Armas de Destruição em Massa.
7 Jihad é um termo árabe que significa “luta”, “esforço”. É utilizado para descrever o dever dos
muçulmanos de disseminar sua fé e seus costumes. Não significa Guerra Santa.
9
2.3.1 A Trajetória
No ano de 2000, Abu Musab al-Zarqawi, jovem de um bairro de classe operária da
cidade de Zarpa, na Jordânia, rejeitou um convite de Osama Bin Laden para ingressar-se na
Al-Qaeda, sob o argumento de não estar preparado para lutar contra inimigos distantes, no
caso os Estados Unidos da América. Por outro lado, al-Zarqawi se empenhou na luta contra
o governo da Jordânia e na fundação de um Estado verdadeiramente islâmico, sentimento
desenvolvido através do Salafismo, doutrina que rejeita totalmente os valores e influencias
do ocidente, durante os cinco anos em que esteve preso. (NAPOLEONI, 2015).
Zarqawi entrou na arena de luta com terroristas suicidas treinados em um centro
operacional em Herat, Afeganistão, perto da fronteira com o Irã. O grupo agia sob o nome
de Tawhid al-Jihad, mas mudou já constantemente de nome. Em 2003, Osama Bin Laden
reconhece al-Zarqawi como chefe da Al-Qaeda no Iraque, mas com a crescente violência
praticada pelo grupo, deixou claro que desaprova a estratégia de divisão entre os xiitas e
sunitas. Em 2006, al-Zarqawi morre num ataque aéreo provocado pelos mesmos. Nesse
momento, o grupo dos jihadistas se vê enfraquecido, até que em 2010 Abu Bakr al-
Baghdadi assume o que restou do braço da Al-Qaeda no Iraque e reconstrói o grupo.
(NAPOLEONI, 2015).
O grupo também está presente na Síria, país que faz fronteira com o Iraque. O
Estado Islâmico começou a expandir seu domínio no país através de alianças com tribos
sunitas. No contexto da guerra civil, o grupo se uniu à rebelião contra o presidente sírio
Bashar al-Assad, junto com a frente Al Nusra8. Apesar da rejeição dos líderes da Al Nusra
devido ao seu radicalismo, o grupo se concentrou no Iraque e aproveitou a divisão política
8 Milícia islâmica – ramo da al-Qaeda na Síria - de orientação sunita e jihadista que opera na Síria.
Figura 2 - Território onde o Estado Islâmico almeja formar um
Califado.
Fonte: Daily Mail, 2014.
10
entre o governo de orientação xiita e a minoria sunita. É importante ressaltar que em 2003 o
governo sunita de Saddam Hussein foi deposto com a invasão americana no Iraque e o
governo passou a ser xiita. No início da segunda década do século XXI, já controlava
dezenas de outras cidades e localidades na Síria e no Iraque. Em 2014 o grupo de auto
proclama califado nos territórios conquistados. (FUJII, 2015).
Atualmente, em 2030, o Estado Islâmico conseguiu dominar quase que
completamente o território do Iraque e também o território da Síria. Isto possibilitou a
invasão do Kuwait, e de uma maior consolidação do controle destes territórios por parte do
grupo, aumentando a ameaça aos países do ocidente.
2.3.2 Áreas de atuação e membros
Em 2014, al-Baghdadi reinstalou exército do EI no local em que estavam as forças
do grupo em 2007. Ao fazer isso, ele conseguiu a incorporação das cidades do Cinturão de
Bagdá – regiões distintas, com bases do ISI para controlar o acesso a Bagdá e canalizar
dinheiro, armas e combatentes, além de obstruir as rotas aéreas utilizadas por helicópteros
americanos – a um novo Estado. Com isso, muitos sunitas iraquianos veem al-Baghdadi e o
EI como uma Fênix Islamista, renascida das cinzas da jihad de Abu Musab al-Zarqawi.
(NAPOLEONI, 2015).
A Primavera Árabe9 facilitou a expansão da atuação do Estado Islâmico em direção à
Síria, país que se encontra em guerra civil desde 2011. O grupo utilizou o acirramento do
conflito entre rebeldes e o governo de Bahar al Assad para juntar os setores de oposição, de
modo a estender o projeto do califado ao país vizinho. Isso resultou não apenas em diversas
mortes, mas também na tomada de territórios no nordeste da Síria, justamente sob o
argumento de que as fronteiras do Oriente Médio, estabelecidas por meio de acordos
internacionais com as potências europeias, deveriam ser dissolvidas. Diante disso, os EUA
e outros países ocidentais, até então críticos do governo sírio, passaram a defender o
combate aos opositores radicais, inclusive com apoio de xiitas iranianos e iraquianos, o que
acaba por fortalecer Assad. (PALLAZZO, 2014).
9 Nome dado à onda de protestos, revoltas e revoluções populares contra governos do mundo árabe
que eclodiu em 2011. A raiz dos protestos é o agravamento da situação dos países, provocado pela
crise econômica e pela falta de democracia. (GUIA DO ESTUDANTE, 2012).
11
Figura 3- Mapa das Áreas Controladas Pelo Estado Islâmico em 2015
Fonte: Sputnik (2015).
Estimativas mostram que o Estado Islâmico tem expandido sua ideologia e tem
conquistado cada vez mais combatentes, com diversas formas de divulgação, principalmente nas
redes sociais. Parte desses membros o faz por pura convicção, como forma de combater o
capitalismo ocidental e de ascender o islamismo novamente, através desse tipo de ativismo.
(BUNZEL, 2015).
2.3.3. Armamentos e financiamento
O financiamento do EI tem sido fundamental para sua expansão. Sua fonte conta
com uma diversidade de fatores, principalmente dentro de seus territórios de controle.
Nessas áreas, existe uma divisão burocrática de trabalho, organizada hierarquicamente,
através do qual o grupo gera recursos nas áreas mais calmas do Iraque para distribuí-los
para outras áreas de domínio. Isso deixou o EI em vantagem na conquista de território Sírio
entre 2013 e 2014. Mas, apesar de conseguirem produzir bens valiosos e muitas vezes ter
dinheiro através de dominação de áreas atacadas, sua expansão ainda depende e muito de
financiamentos externos formais, através de patrocinadores, para aquisição de armamentos
e aparatos militares, segurança, propaganda e um sistema de bem-estar social. (JONSSON,
2015).
Em comparação com outras organizações terroristas insurgentes, o EI é considerado
o mais rico do mundo. Suas principais fontes de financiamento são os impostos cobrados
12
em regiões de seu controle, pilhagem e roubo de propriedades públicas e privadas,
contrabando de gás e petróleo natural, resgate de reféns e vendas de antiguidades
saqueadas. Estimativas do ano de 2015 mostram que o faturamento do EI gira de torno de 2
bilhões de dólares anuais e tem se mantido, uma vez que quando alguma dessas fontes de
financiamento começa a diminuir, como o contrabando de petróleo, por exemplo, o grupo
tem que buscar novas alternativas, pois entre seus muitos de seus gastos, está o
pagamento de salários a seus recrutas. (JONSSON, 2015).
Países do ocidente acreditavam que o EI não seria capaz de se sustentar por muito
tempo, ainda mais almejando se expandir para outros territórios do mundo. Acreditavam que
aos primeiros sinais de tensão financeira, o grupo investiria em ataques paralelos e
desordenados, que seriam responsáveis por sua decadência e ruína. Entretanto, os
financiamentos externos desconhecidos propiciam certa estabilidade, além do fato do grupo
ter em mãos petrolíferas no Iraque e na Síria. Apenas combater os financiamentos do grupo
e tentar cortá-lo drasticamente não será suficiente. (JONSSON, 2015). O combate ao
Estado Islâmico é um jogo de longo prazo no qual um movimento errado pode colocar tudo
a perder, principalmente por se tratar de ameaças a civis inocentes e também a toda
Sociedade Internacional.
Figura 4 - Mapa dos Conflitos Entre Grupos Étnicos e Religiosos na Síria e no Iraque
Fonte: O GLOBO, 2014.
2.4 Estados Falidos
Diversos conceitos foram elaborados como uma tentativa de explicar o colapso ou o
processo de falência dos Estados. Aqui, faremos uso do conceito de Robert Rotberg para
13
definir o que são Estados Falidos. Rotberg (2011) conceitua em linhas gerais que os
“Estados-nação falham devido à sua convulsão causa por violência interna e não pode mais
prover boas políticas para os seus habitantes.” (ROTBERG, 2011, p.1). Além disso,
podemos utilizar o conceito de Estado de Max Weber (1982), no qual um Estado é aquele
que possui o monopólio legitimo da força física em seu território. (WEBER, 1982, p. 98).
Assim, na medida em que um Estado perde a capacidade de manter esse monopólio,
concorrendo com outros agentes não estatais, como em caso de guerra civil, ele acaba
tornando-se um Estado Falido.
Os Estados-nação têm como objetivo prover, de forma descentralizada, políticas e
condições para que os seus cidadãos possam viver dentro de certas fronteiras. Nesse
sentido, Estados considerados fortes conseguem suprir essa demanda de necessidades,
oferecendo segurança, liberdade e um ambiente favorável ao desenvolvimento. Por outro
lado, os Estados considerados fracos não conseguem supre de forma razoável todos esses
aspectos devido a diversas fragilidades, que podem ser causadas por diversos aspectos ,
tais como antagonismos e tensões internas. (ROTBERG, 2011).
Assim, ao contrário dos Estados fortes, os Estados falidos não possuem condições
de controlar suas fronteiras e de prover o mínimo de segurança e liberdade aos seus
cidadãos. Em boa parte dos Estados falidos, as tropas governamentais acabam enfrentando
um ou mais grupos insurgentes, causando um escalonamento de violência e de
instabilidade. (ROTBERG, 2011).
Dessa forma, podemos analisar os processos que levaram à falência estatal síria e
iraquiana até o ano de 2030. Com uma guerra civil que se prolongou por mais de uma
década no território sírio, a situação não mais estava ao alcance governamental, visto que
esse não tinha mais condições de contornar o contexto. Já no Iraque, instável desde a
invasão norte-americana em 2003, o governo deparou-se com insurgências de grupos
ligados ao Estado Islâmico, o que ocasionou no enfraquecimento das instituições
remanescentes e facilitou a expansão do grupo pelo seu território.
2.5 Armas de Destruição em Massa
A proliferação de armas de destruição em massa (ADM) se tornou uma grande
preocupação no cenário internacional. Isso porque, além do uso de tais armamentos – que
possuem extrema capacidade de devastação – pelos Estados, há também o risco do seu
uso por atores não estatais. Um exemplo é o grupo terrorista Estado Islâmico, que, ao fazer
uso de tais armas, aumenta sua capacidade de espalhar o terror e torna ainda mais difícil o
seu combate pelos Estados.
14
As ADM são aquelas capazes de causar grande destruição, tanto de pessoas quanto
do ambiente, em apenas uma única utilização. São usadas para fins militares, em contexto
de grandes conflitos, sendo responsáveis por episódios de grande crueldade, justamente
pelo seu caráter destrutivo. As ADM’s referem-se às armas químicas, biológicas e nucleares
(CULTURA MIX, s.d.). Segundo a Convenção sobre Armas Químicas de 1993, elas podem
ser entendidas como “[...] toda substância química que, por sua ação química sobre os
processos vitais, possa causar morte, incapacidade temporal ou lesões permanentes a
seres humanos ou animais”. (CHEMICAL WEAPONS CONVENTION, 1993, p. 3, tradução
nossa)10.
Apesar de a sua utilização ser associada aos tempos modernos, o uso das armas
químicas já pode ser observado desde a Antiguidade, como, por exemplo, fumaças
contendo arsênio (As) nas guerras da China, em 1000 a.C. (ARCHER, 2011). Mas, foi com
a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que se inaugurou a Guerra Química Moderna, ou
seja, a utilização deste tipo de armamento nos conflitos mais recentes. Relatos da utilização
pelos alemães de gás cloro e mostarda durante o conflito, na Bélgica, resultou no chamado
Protocolo de Genebra, em 1925. (ARCHER, 2011). O Protocolo proibiu o uso de gases
asfixiantes e tóxicos, contribuindo, também, para o surgimento do Direito Internacional
Humanitário, que visa diminuir o sofrimento dos soldados nos campos de batalha, bem
como da sociedade civil, limitando, ao máximo, os efeitos dos conflitos armados. (COMITÊ
INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA, 1998).
Apesar do grande número de mortes na guerra devido às armas, cerca de 90 mil
pessoas, e da sua proibição, pelo protocolo, teve o uso continuado das armas químicas em
conflitos seguintes. Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), por exemplo, um dos
mecanismos de extermínio pelos nazistas era a câmara de gás, que utilizava o gás
cianídrico. Ele interferia na respiração dos indivíduos dentro da câmara, privando-as de
oxigênio, causando uma morte dolorosa. (CABRAL, 2012).
A Guerra do Vietnã (1959-1975) foi palco de uma grande utilização de armas
químicas, principalmente pelos Estados Unidos, que resultaram em aproximadamente
quatro milhões de mortes, além de uma grande poluição ambiental. A corrida armamentista,
já protagonizada entre os EUA e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS),
contribuiu largamente para o incentivo e o desenvolvimento de tecnologias bélicas,
transformando o conflito em um de alta intensidade. O chamado “napalm”, agente químico
que impregnava na pele e gerava muito calor, foi responsável pelo surgimento de câncer,
10
Any chemical which through its chemical act ion on life processes can cause death, temporary
incapacitation or permanent harm to humans or animals.
15
deformação e várias doenças genéticas na população vietnamita e entre os próprios
soldados estadunidenses. (CORYELL, 2002).
As armas biológicas usam de agentes biológicos, para a contaminação de pessoas,
como fungos, bactérias, vírus, etc. Na ocasião da Convenção de Genebra de 1925, o uso de
armas biológicas também foi proibido. Essas haviam sido utilizadas pela Alemanha na
Primeira Guerra Mundial. Apesar da proibição da utilização de tais armas, as pesquisas e a
produção das mesmas continuaram sendo utilizadas em vários conflitos, como na Segunda
Guerra Sino-Japonesa entre os anos 30 e 40 (VALLEY, 2011).
A possível produção de armas químicas e biológicas e a possibilidade do uso das
mesmas durante a Guerra Fria criou um clima de insegurança no cenário internacional, uma
vez que as tecnologias se viam cada vez mais desenvolvidas. Assim, o uso irresponsável de
armas de destruição em massa pelos Estados começou a ser discutido, uma vez que se
trata de um assunto que afeta de forma direta e indireta todos os membros do sistema
internacional (EDUCACIONAL, s.d.).
Em 1972, a Convenção sobre Armas Biológicas (BWC) tratou da proibição do
desenvolvimento e produção de armas biológicas, assim como a proibição de seu
armazenamento (UNITED NATIONS OFFICE FOR DISARMAMENT AFFAIRS, s.d.),
acrescentando e complementando o Protocolo de 1925, que tratava apenas do emprego de
tais armas. (COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA, 2004). Da mesma forma, a
Convenção sobre a Proibição das Armas Químicas e sua Destruição, em 1993, tratou da
extinção definitiva do uso de tais armas, acentuando, também, certos aspectos do Protocolo
de Genebra.
As armas nucleares são consideradas como as mais perigosas, e, por isso, seu
desenvolvimento e sua possível utilização pelos Estados criaram um clima de tensão no
ambiente internacional. A catástrofe gerada pelas bombas de Hiroshima e Nagasaki, no
Japão, pelos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, serve como um alerta acerca da
gravidade deste tipo de armamento, que causa uma destruição no ambiente em que é
utilizado e provoca mortes e sequelas em várias gerações de pessoas. (HISTÓRIA DO
MUNDO, s.d.).
O Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), assinado em 1968, é o
principal mecanismo de proibição das armas nucleares para fins bélicos. Nenhum Estado,
nuclearmente armado ou não, deve produzir ou fornecer tais armamentos. Há, porém, o
chamado P5, compreendido por Estados Unidos, França, China, Reino Unido e Rússia, que
são potências reconhecidas por possuírem algum tipo de armamento nuclear, mas que
estão proibidas de transferirem suas tecnologias acerca do assunto para qualquer outro
Estado. Apesar do TNP, a tensão acerca da produção e do armazenamento de armas
nucleares ainda é grande. Isso porque alguns Estados não assinaram o TNP, tais como
16
Israel, Coreia do Norte, Índia e Paquistão, e os EUA se retiraram do acordo anos mais tarde.
(ESTADÃO INTERNACIONAL, 2010).
2.6 Linha do Tempo
2017: É reafirmada a coalização liderada pelos Estados Unidos e a Rússia visando a
contenção do Estado Islâmico.
2019: Os ataques do Ocidente e da Rússia são ineficientes contra o Estado Islâmico,
acarretando em sua expansão através do território Sírio e Iraquiano. Novos ataques
terroristas são realizados em Londres e Roma, ocasionando na morte de diversos civis.
2020: Chega ao trono na Arábia Saudita o rei Abdullah.
2021: Um novo acordo para desenvolvimento nuclear energético é firmado entre a China e a
Arábia Saudita. Os Estados Unidos ficam em alerta de uma possível nova ameaça.
2022: A Copa do Mundo do Catar é alvo de diversos ataques terroristas por parte do Estado
Islâmico. Esse fato intensifica as preocupações do com as atuações do Estado Islâmico por
parte dos países ocidentais.
2023: O Estado Islâmico avança ainda mais pelo território iraquiano.
2024: O Iraque é oficialmente reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU)
como um Estado Falido11.
2025: A Síria, enfrentando fortes crises políticas e econômicas, além da guerra civil que já
perdura por 14 anos, também é reconhecida como um Estado Falido.
2027: O Estado Islâmico divulga um vídeo afirmando ser capaz de produzir armas químicas
e biológicas. Acusações de que a Arábia Saudita é quem forneceu a tecnologia necessária
para a produção de tais armas são feitas por parte dos Estados Unidos, com base em
imagens de drones, enquanto o governo saudita nega. Além disso, documentos são
vazados no Wikileaks, afirmando que o fornecedor dessas armas de destruição em massa à
Arábia Saudita é a China. O governo chinês se pronuncia repudiando as acusações.
11
Ler seção 3.1 na página 13.
17
2028: Diversas reuniões do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) são
realizadas acerca de sanções contra a Arábia Saudita devido à posse de armas químicas,
biológicas e nucleares de baixo teor destrutivo, e também à China, pelo proliferamento
dessas armas. Nenhuma proposta de resolução ou medida é aprovada devido ao embate
entre Estados Unidos e China. A Rússia também se mostra contrária as resoluções
propostas pelos Estados Unidos.
2029: O Estado Islâmico tenta ocupar o Kuwait, um dos maiores produtores de petróleo do
mundo, o que ocasiona no aumento dos preços de petróleo no mercado internacional,
devido à ocupação de diversos poços por parte do EI. O governo do Kuwait solicita auxilio
das Nações Unidas e à OTAN. Assim, com o aval de ambos os Estados Unidos realiza
bombardeios e manda tropas para tentar evitar a ocupação. Enquanto isso, as reuniões do
Conselho de Segurança acerca de medidas para serem tomadas na questão da Arábia
Saudita continuam. A indefinição da situação no Conselho levanta questões acerca da
inoperância órgão frente ao tema.
2030: Devido ao contínuo embate entre a China e os Estados Unidos, devido às
divergências nas questões que envolvem a Arábia Saudita e o fornecimento de armas de
destruição em massa ao Estado Islâmico, o CSNU encontra-se “paralisado”. Com base na
resolução “Uniting for Peace”12 (Res. 377a/1950) a Assembleia Geral das Nações Unidas
assume as discussões e convoca uma sessão especial de emergência para tratar do tema.
3 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ
A Assembleia Geral das Nações Unidas é o principal órgão deliberativo das Nações
Unidas. Todos os Estados-membros da ONU possuem representação na Assembleia, o que
a faz o único órgão universal da organização, possibilitando a todos levar questões que
achem pertinentes ao órgão sobre diversos temas, tais quais segurança e paz, admissão de
novos membros, e questões orçamentarias. (ONU, s.d.).
A Assembleia Geral, além de ser universal, dá o direito do voto igualitário, sem peso,
além da inexistência de Estados com capacidade de veto. Assim, para alcançar a aprovação
de questões procedimentais, que tratam do funcionamento do comitê, é necessária uma
maioria simples, ou seja, metade dos membros mais um. Já nas questões substanciais , que
lidam com a resolução do comitê, é necessário aquilo que se chama de maioria qualificada,
12
“Unindo pela Paz”.
18
que é referente ao voto favorável de dois terços do quórum presente na reunião. (ONU,
s.d.).
Um dos documentos finais da Assembleia Geral é chamado de resolução, e é o que
será desenvolvido ao final de cada tópico de discussão no nosso comitê. Esse documento
contém as diretrizes e propostas discutidas ao longo da reunião acerca de um tema, e
possui, geralmente, um caráter recomendatório, ou seja, cabe a cada Estado adotar ou não
as medidas propostas pela Assembleia. Esse caráter recomendatório remete à própria
origem do órgão, visto que se acredita que os Estados não desejam delegar tanto poder à
uma organização13. Contudo, historicamente, percebe-se uma grande adesão das
recomendações devido ao seu peso político internacional, sendo reconhecido
internacionalmente como a maior plataforma para discussão multilateral. (ONU, s.d.;
ÖBERG, 2006).
3.1 Resolução “Uniting for Peace”
Em 1950, durante a Guerra da Coreia, diversas medidas foram propostas pelos
Estados Unidos, no âmbito do Conselho de Segurança para proteger a República da Coreia
das ofensivas da Coreia do Norte, todavia, a União Soviética era contrária às propostas e
barrava todas as que eram propostas com esse intuito. Inicialmente, a URSS estava
boicotando as reuniões do conselho, fazendo com que algumas resoluções quase fossem
aprovadas, contudo, os demais membros interpretaram que a ausência de um membro
permanente do conselho invalidava a aprovação das resoluções do Conselho de Segurança.
(ONU, s.d.; TOMUSCHAT, 2008).
Tendo em vista essa situação, a delegação dos Estados Unidos, sob a liderança de
Dean Acheson, conseguiu influenciar a Assembleia Geral a assumir questões de segurança
e paz. Esse processo resultou na resolução 377 A(V) de 1950, chamada de “Uniting for
Peace”. A primeira seção da resolução afirma:
Resolve que se o Conselho de Segurança, por falta de unanimidade de
seus membros permanentes, falha em exercer sua principal responsabilidade de manter a paz e a segurança internacional em caso de surgir qualquer ameaça que ameace a paz, quebra de paz ou ameaça de
agressão, a Assembleia Geral deve tratar do assunto imediatamente visando fazer recomendações apropriadas medidas coletivas, incluindo, em caso de quebra de paz ou ato de agressão, a utilização de forças armadas
13
Por outro lado, o Conselho de Segurança possui um caráter obrigatório pela sua própria natureza
de atuação, que é a Segurança. Assim, a obrigatoriedade da questão faz com que os Estados sejam obrigados a seguir as resoluções no que concerne à segurança, aumentando o constrangimento para não ocorrer conflito. Já em questões de outras áreas, o Estado não sofre
tanto constrangimento.
19
para restaurar a paz e a segurança internacional. (ASSEMBLEIA GERAL
DA ONU, Res. 377 (V), 1950, tradução nossa14
).
Essa seção esclarece a condição para a aplicação da resolução 377 A(V), sendo
uma ocasião extraordinária e emergencial. Esse é o caso do presente comitê, na qual os
membros permanentes se encontram em conflito político, o que impede o andamento do
processo burocrático do Conselho. Portanto há um direcionamento da questão para a
Assembleia Geral, onde os demais membros das Nações Unidas poderão chegar a um
consenso para desenvolver medidas coletivas para a situação sem a presença do poder de
veto. (ONU, s.d.).
4 QUESTÕES RELEVANTES ACERCA DO DEBATE
Nesta seção, desenvolvemos algumas questões que tem como objetivo fazer com
que os delegados reflitam acerca das possíveis “respostas” e utilizem destas para
desenvolver a discussão ao longo do comitê.
1. O Tratado de Não-Proliferação Nuclear, assim como as demais Convenções sobre
Armas Químicas e Biológicas estão sendo eficientes?
2. De que forma as Convenções podem ser modificadas para assegurar seu cumprimento?
3. Que tipo de sanções devem ser aplicadas para aqueles que descumprirem tais normas?
4. Que outras medidas podem ser tomadas para evitar a proliferação das armas de
destruição em massa?
5. Como evitar que grupos não estatais tenham acesso às armas de destruição em massa?
6. Como controlar a expansão do Estado Islâmico?
7. Como os órgãos internacionais devem responder se grupos não estatais tiverem acesso
às armas de destruição em massa?
5 POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES
Nesta seção, serão desenvolvidos breves posicionamentos dos atores que são
centrais para a discussão do comitê. Isso tem como objetivo orientar as representações na
14
Resolves that if the Security Council, because of lack of unanimity of the permanent members, fails to exercise its primary responsibility for the maintenance of internacional peace and security in any where there appears to be a threat to peace, breach of the peace, or act of aggression, the General
Assembly shall consider the matter immediately with a view to making appropriate recommendations to Members for collective measures, including in the case of a breach of the peace or act of aggression the use of armed force when necessary, to maintain or restore international peace and
security.
20
posição de cada país, para que este consiga direcionar a discussão para aquele que foi
objetivado pelos diretores durante o desenvolvimento do comitê.
5.1 Estados Unidos da América
O governo norte-americano condena veementemente a proliferação de armas de
destruição em massa, com o agravante da facilitação do acesso à essas armas pelo que ele
considera como um grupo terrorista. Dessa forma, o governo norte-americano busca
pesadas sanções contra aqueles que facilitarem o acesso às armas e intervenções militares
para evitar o uso dessas armas de destruição em massa, tal como foi visto no caso da
suspeita de desenvolvimento de armas nucleares por parte Irã, no qual desde 1979 pesadas
sanções foram aplicadas por parte dos Estados Unidos. Além disso, luta fortemente contra a
expansão do Estado Islâmico, realizando diversos ataques aéreos contra o grupo.
5.2 República Popular da China
A China busca manter sua influência alcançada no Oriente Médio através da Arábia
Saudita, com o comércio de armas, além de manter as relações comerciais com base neste
trânsito de armamentos, visto que a Arábia Saudita é o seu principal comprador. Dessa
forma, a China é contrária às medidas propostas pelos Estados Unidos com o objetivo de
sancionar a Arábia Saudita e a própria China. Todavia, a China assume uma posição
contrária ao Estado Islâmico, realizando ataques aéreos contra o EI.
5.3 Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte
O Reino Unido mantém uma posição alinhada aos Estados Unidos, mostrando-se
favorável às sanções para aqueles que facilitarem o acesso de armas de destruição em
massa a grupos não estatais. Além disso, participa dos ataques aéreos ao Estado Islâmico e
sempre se mostrou contrário às suas ações, principalmente após o atentado em Londres.
5.4 Federação Russa
A Federação Russa demonstra apoiar a República Popular da China em seu
posicionamento por questões estratégicas. Nesse sentido, devido às divergências históricas
com os Estados Unidos e a maior aproximação na década de 2020 com a China, a
Federação Russa apoia a China, e acredita conseguir pesar o equilíbrio no sistema
21
internacional para o seu lado, favorecendo sua posição no sistema. Em relação ao Estado
Islâmico, a Federação Russa combater firmemente, mas acredita que uma nova forma de
lidar com o grupo é necessária.
5.5 República Francesa
A República Francesa mantém uma posição aliada com os Estados Unidos e os
demais membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), condenando
fortemente o acesso às armas por parte de grupos não estatais, principalmente grupos
terroristas. Nesse sentido, a França apoia as sanções propostas pelos Estados Unidos, e
condena o acesso do Estado Islâmico às armas com maior poder bélico. Assim, a França
age com frequência contra o Estado Islâmico, bombardeando e desarticulando células do
grupo em seu território.
5.6 Reino da Arábia Saudita
O Reino da Arábia Saudita condena as ações e os discursos dos Estados Unidos,
negando veementemente as afirmações de que foram eles os responsáveis pelo acesso do
Estado Islâmico às armas de destruição em massa. Deseja manter a sua relação com a
China, assim como o comércio de armas desenvolvido com o país asiático. Além disso, faz
parte de coalizões que lutam contra o Estado Islâmico, embora, atue de forma bastante
limitada contra o grupo.
22
REFERÊNCIAS
AL-TAMIMI, Naser M. China-Saudi Arabia Relations, 1990-2012: Marriage of Convenience or Strategic Alliance?. [S.l]: Abingdon-on-Thames: Routledge, 2013.
ARCHER, Renato. A Convenção para a proibição de Armas Químicas – CPAQ.
Campinas: 8º seminário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Defesa, out. 2011. Disponível em: <www.defesa.gov.br/arquivos/pdf/ciencia_tecnologia/8_seminario_cti/05_out/1_cpaq.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2016. Áreas Controladas Pelo Estado Islâmico. MAPAS: G1. Disponível em:
<http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/06/estado-islamico-conheca-o-grupo-seus-objetivos-e-suas-estrategias.html> Acesso em: 19 abr. 2016.
BRITANI, Abu Rumaysah al. A Brief Guide to the Islamic State. [S.l.]: 2015.
BUNZEL, C. From paper state to caliphate: The Ideology of the Islamic State. [United States]: The Brookings Project on U.S. Relations with the Islamic World, n. 19, mar. 2015.
CABRAL, Danilo. Como funcionavam as câmaras de gás da 2ª Guerra Mundial? [Brasil]:
Revista Mundo Estranho, edição 125, 2012. Disponível em: <mundoestranho.abril.com.br/materia/como-funcionavam-as-camaras-de-gas-na-2-guerra-mundial>. Acesso em: 17 mar. 2016. CHEMICAL WEAPONS CONVENTION. Convention on the Prohibition of the Development, Production, Stockpiling and Use of Chemical Weapons and on their Destruction: assinada na Convenção Sobre Armas Químicas, The Hague, Holanda, em
1993. Disponível em: <https://www.opcw.org/fileadmin/OPCW/CWC/CWC_en.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2016. COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA. Convenção de 1972 sobre a proibição de armas bacteriológicas e sobre sua destruição. [S.l]: CICV, 24 abr. 2004. Disponível em: <https://www.icrc.org/por/resources/documents/misc/5yblc9.htm>. Acesso em: 17 mar. 2016. COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA. O que é Direito Internacional Humanitário?. [S.l]: CICV, 31 jan. 1998. Disponível em:
<https://www.icrc.org/por/resources/documents/misc/5tndf7.htm>. Acesso em: 17 mar. 2016. Conflitos Entre Grupos Étnicos. MAPAS: O GLOBO. Disponível
em:<http://oglobo.globo.com/mundo/o-avanco-do-grupo-isis-desde-que-as-tropas-dos-eua-deixaram-iraque-12826639>. Acesso em: 19 abr. 2016. CORYELL, Shofield. O napalm ainda mata. [Brasil]: Le Monde Diplomatique Brasil. 01 jan.
2002. Disponível em: <www.diplomatique.org.br/acervo.php?id=530>. Acesso em: 17 mar. 2016. CULTURA MIX. Armas de Destruição em Massa. [S.l]: Cultura Mix, s.d. Disponível em:
<http://www.culturamix.com/noticias/mundo/armas-de-destruicao-em-massa/>. Acesso em: 14 jun. 2016. EDUCACIONAL. Armas Químicas e Biológicas. [S.I]: Educacional, s.d. Disponível em:
<http://www.educacional.com.br/reportagens/armas/massa.asp>. Acesso em: 17 mar. 2016.
23
FUJII, William. O Estado Islâmico e o Xadrez Geopolítico dos Conflitos na Síria
e no Iraque. São Carlos: III Semana de Ciência Política, Universidade Federal de
São Carlos, 2015. Disponível em: < http://www.semacip.ufscar.br/wp-content/uploads/2014/12/William-Fujii.pdf >. Acesso em: 10 jun. 2016. Guia do Estudante. Primavera Árabe. [S.l]: Guia do Estudante, 2016. Disponível
em:http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/atualidades/primavera-arabe-resumo-679427.shtml>. Acesso em: 03.jun.2016 HISTÓRIA DO MUNDO. Hiroshima e Nagasaki, bombas e terror. [S.I]: História do Mundo, s.d.
Disponível em: http://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/hiroshima-e-nagasaki-bombas-e-terror.htm. Acesso em: 14 jun. 2016.
HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: o Breve Século XX: 1914 – 1991. São Paulo: Companhia
das Letras, 1994. JONSSON, Michael. Funding the Islamic State: Sources of Revenue, Financing Requirements
and Long-Term Vulnerabilities to Counter-Measures. Asia Security Briefing, dez. 2015. Disponível em: <www.foi.se/Documents/FOI%20Memo%205525.pdf> Acesso em: 17 jun. 2016.
NAÇÕES UNIDAS. Assembleia Geral da ONU (AGNU). Res. 377 (V). United Nations, 3
nov. 1950. Disponível em: <http://www.un.org/en/sc/repertoire/otherdocs/GAres377A(v).pdf>. Acesso em: 16 mar. 2016.
NAPOLEONI, Loretta. A Fênix Islâmista. O Estado Islâmico e a Reconfiguração do Oriente
Médio. Brasil: Bertrand, 2015. NAZER, Fahad. Saudi Arabia's New Best Friend: China?. [S.l]: The National Interest, 2015. Disponível em: <http://nationalinterest.org/feature/saudi-arabias-new-best-friend-china-13761?page=3>. Acesso em: 20 abr. 2016. ÖBERG, Marko Divac. The Legal Effects of Resolutions of the UN Security Council and General Assembly in the Jurisprudence of the ICJ. The European International Journal,
vol. 16, n.5. 2006. Disponível em: <http://www.ejil.org/pdfs/16/5/329.pdf> Acesso em: 09. Jun. 2016. PALAZZO, Carmen Lícia. A emergência do ISIS/ISIL e as ameaças ao equilíbrio de forças no Oriente Médio. [S.l]: Mundorama, 28 jun. 2014. Disponível em:
<http://mundorama.net/2014/06/28/a-emergencia-do-isisisil-e-as-ameacas-ao-equilibrio-de-forcas-no-oriente-medio-por-carmen-licia-palazzo>. Acesso em: 03 jun. 2016. PINGHUI, Zhuang. Key facts behind China’s warming ties with Saudi Arabia, Iran and Egypt as Xi Jinping signs mega oil deals during his Middle East tour. [China]: South China Morning Post, 2016. Disponível em: <http://www.scmp.com/news/china/diplomacy-defence/article/1903393/key-facts-behind-chinas-warming-ties-saudi-arabia-iran>. Acesso em: 20 abr. 2016. POLLACK, John. Saudi Arabia and The United States, 1931-2002. [S.l]: Middle East
Review of International Affairs, vol. 6, no. 3, 2002. Disponível em: <http://www-personal.umich.edu/~twod/oil-ns/articles/research-07/research-saudi/pollack.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2016.
24
Refinarias de Petróleo. MAPAS: BBC. [S.l]: BBC, 2014. Disponível
em:<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/10/141015_mapas_siria_lab> Acesso em: 19.abr.2016.
ROTBERG, Robert I. Failed States, Collapsed States, Weak States: Causes and
Indicators. [S.l]: Brookings, 2011. Disponível em: <http://www.brookings.edu/press/books/chapter_1/statefailureandstateweaknessinatimeofterror.pdf> Acesso em: 19 abr. 2016. SAIBA MAIS SOBRE o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Estadão Internacional,
2010. Disponível em: <http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,saiba-mais-sobre-o-tratado-de-nao-proliferacao-nuclear-tnp,537169. > Acesso em: 17 mar. 2016. TOMUSCHAT, Christian. Uniting for Peace. United Nations Audiovisual Library of
International Law. [s.l], 2008. Disponível em: <http://legal.un.org/avl/pdf/ha/ufp/ufp_e.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2016. UNITED NATIONS OFFICE FOR DISARMAMENT AFFAIRS. The Biological Weapons Convention. [S.l]: UNODA, s.d. Disponível em: <www.un.org/disarmament/WMD/Bio/>.
Acesso em: 17 mar. 2016. VALLEY, Saulo. GUERRA: Armas biológicas mais usadas a partir de vírus conhecidos. Rio de Janeiro, 28 de março de 2011. Disponível em: <https://saulovalley.wordpress.com/2011/03/28/guerra-armas-biologicas-mais-usadas-a-partir-de-virus-conhecidos-2/.>. Acesso em: 17 mar. 2016. WEBER, Max. A Política Como Vocação. In: GERTH, H. H.; MILLS, C. Wright. Ensaios de Sociologia: Max Weber. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1982. Cap. 5, p. 154-187.
25
TABELA DE DEMANDA DE REPRESENTAÇÕES
A tabela a seguir apresenta a classificação da demanda das delegações do comitê.
Porém, esta tabela não significa que algumas delegações são mais importantes do que as outras
e sim que algumas serão mais demandadas a se pronunciarem. 1 demanda média, 2 demanda
maior, e 3 demanda alta e constante:
República Islâmica do Afeganistão
República da África do Sul
República Federal da Alemanha
Reino da Arábia Saudita
República Argentina
República da Armênia
Comunidade da Austrália
Reino da Bélgica
República da Bielorrússia
República Federativa do Brasil
República da Bulgária
26
Canadá
República do Cazaquistão
República Popular da China
República Popular Democrática da Coreia
República da Coreia
República de Cuba
Reino da Dinamarca
República Áraba do Egito
Reino da Espanha
Estados Unidos da América
República da Finlândia
República Francesa
República Helênica
27
República da Índia
República Islâmica do Irã
República do Iraque
República da Irlanda
Estado de Israel
República Italiana
Japão
Estados Unidos Mexicanos
República Federal da Nigéria
Reino da Noruega
Nova Zelândia
Reinos dos Países Baixos
República Islâmica do Paquistão
28
República Portuguesa
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte
Federação Russa
República Árabe da Síria
Reino da Suécia
Confederação Suíça
República da Turquia
Ucrânia
República Bolivariana da Venezuela
Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA)
Comunidade do Caribe (CARICOM)
Comissão dos Direitos Humanos (CDH)
Conselho de Paz e Segurança da União Africana
(CPSUA)