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    SETEMBRO/2009

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    CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS

    ndice

    O Conselho de Informaes sobre Biotecnologia

    (www.cib.org.br) uma organizao no gover-namental e umaassociao civil sem fins lucrativos

    e sem nenhuma conotao poltico-partidria ou

    ideolgica. Seu objetivo bsico divulgar informa-

    es tcnico-cientficas sobre a Biotecnologia e seus

    benefcios, aumentando a familiaridade de todos os

    setores da sociedade com o tema.

    EXPEDIENTECoordenadora-Geral: Alda LerayerEditor Executivo: Antonio Celso Vi llar iRedao: Dbora MarquesConsultores Tcnicos: Eduardo Romano Embrapa

    Edgar Gomes Ferreira de Beauclair Esalq/USPJesus Ferro Unesp JaboticabalMarcelo Menossi UnicampSizuo Matsuoka Engenheiro Agrnomo e consultor

    Apoio Operacional: Jacqueline AmbrosioJoo Paulo Mendes

    Pro jeto Grf ico: Srg io Bri toFotos: Arqui vo CIB, Srgi o Andrade e Unica/Tadeu Fessel

    Um pouco de histria

    Chegada ao Brasil 4

    Cenrio atual 4

    Domesticao 5

    Distribuio geogrfica 5

    Gentica

    Ciclo de vida 6

    Melhoramento convencional 7

    Biotecnologia 8

    Aplicaes

    Produtos e subprodutos 9

    Potencial econmico

    Brasil no mercado internacional 14

    Mitos e fatos

    Principais questes sobre a produo de cana 15

    A cana e a natureza 16

    A cana e o etanol 18

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    Avano cientfico beneficia o Pas

    O potencial de produo e o papel fundamental da cana-de-a-

    car e de seus subprodutos acar, etanol e energia eltrica, en-

    tre outros , tanto na agricultura quanto na indstria, fazem dessa

    cultura uma das mais importantes atividades da agroindstria na-

    cional. O Guia da Cana foi desenvolvido para servir de fonte de

    informaes sobre esse cultivo, abordando sua origem histrica,sua uti lizao atual e os mais recentes avanos cientf icos na rea.

    O Brasil hoje o maior produtor mundial de cana, com 563 mi-

    lhes de toneladas na safra 2008/2009, em uma rea de 8,1 mi-

    lhes de hectares, o que representa apenas 2,3% da rea agrcola

    do Pas (Conab, Mapa). Os bons nmeros e o aprimoramento

    tecnolgico permitem que o Pas seja tambm o maior exportador

    mundial de acar, respondendo sozinho por 45% de todo o pro-

    duto comercializado no mundo. Na fabricao de etanol, que uti-

    liza aproximadamente 1% da rea agricultvel do Pas e 57% darea plantada com cana, o Brasil tambm ocupa liderana nas

    exportaes e compartilha, com os Estados Unidos (EUA), a posi-

    o de maior produtor mundial. Na prtica, os dois pases so

    responsveis por 70% de toda a fabricao desse combustvel no

    mundo.

    A cana-de-acar sempre teve um papel importante na economia

    brasileira, desde o perodo dos engenhos coloniais. No de hoje

    que especialistas vm buscando maneiras de aprimorar o cultivo

    da planta, tornando-a mais produtiva e resistente, entre outrasvantagens agronmicas. Com o xito do mapeamento de seu

    genoma, abrem-se as portas para uma infinidade de possibilida-

    des, entre elas, o melhoramento gentico assistido por marcadores

    moleculares e a biotecnologia aplicada cana-de-acar.

    Esperamos que, com que este guia, voc possa saber mais sobre a

    cana-de-acar e descubra curiosidades sobre uma das culturas

    agrcolas mais antigas e relevantes do Brasil.

    Boa leitura!

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    Um pouco de histria

    A importncia da cultura da cana-de-acar tem razes antigas

    na economia brasileira. As primeiras mudas da planta chegaram

    ao Brasil por volta de 1515, vindas da Ilha da Madeira (Portugal),

    tendo sido o primeiro engenho de acar construdo em 1532, nacapitania de So Vicente. Mas foi no Nordeste, especialmente nas

    capitanias de Pernambuco e da Bahia, que os engenhos de a-

    car se multiplicaram. No sculo seguinte, j ramos o maior pro-

    dutor e fornecedor mundial de acar, posio mantida at o fim

    do sculo XVII. Historicamente, a cana-de-acar sempre foi um

    dos principais produtos agrcolas do Brasil e, hoje, o Pas tem no-

    vamente a primeira posio no rankingmundial da cultura.

    As variedades comerciais de cana-de-acar cultivadas atual-

    mente se originam de cruzamentos realizados no incio do sculoXX, na Ilha de Java. quela poca, algumas variedades da esp-

    cie Saccharum officinarum rica em acar, mas muito suscetvel

    a doenas foram cruzadas com outra espcie, a Saccharum

    spontaneum, que pobre em acar e muito rstica, ou seja,

    mais resistente aos problemas do campo. Os hbridos obtidos ti-

    nham maior capacidade de armazenamento de sacarose, resis-

    tncia a doenas, vigor, rusticidade e tolerncia a fatores climti-

    cos. Apesar de S. off icinarume S. spontaneumterem sido as esp-

    cies que mais contriburam para a obteno das atuais varieda-

    des comerciais de cana-de-acar, outras espcies, a exemplo deS. sinense, S. barberie S. robustum, ainda que em menor propor-

    o, tambm foram importantes para a composio gentica das

    variedades modernas de cana.

    CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS

    Em razo do potencial do mercado sucroalcooleiro no Bra-

    sil, a cana-de-acar no tratada apenas como mais um

    produto agrcola nacional, mas como a mais importante fon-

    te de biomassa energtica. O setor sucroalcooleiro respondepor cerca de 1 milho de empregos, dos quais 511 mil dire-

    tamente envolvidos na produo de cana-de-acar e o res-

    tante distribudo na cadeia de processamento de acar e

    etanol. Isso representa 6% dos empregos

    na agroindstria nacional.

    De acordo com a Empresa de Pesquisa

    Energtica (EPE), o etanol ultrapassou a

    energia proveniente das hidreltricas em

    2007 e j a segunda fonte primria deenergia do Brasil. Na safra 2008/2009,

    segundo dados do Ministrio da Agricul-

    tura, Pecuria e Abastecimento (Mapa), a

    produo de etanol aumentou 22% , tot alizando 27,3 bilhes

    de litros. Em 2008, de acordo com informaes da Agncia

    Nacional do Petrleo (ANP), o consumo de lcool hidratado

    carburante usado como combustvel de automveis su-

    biu 41,9%, somando 13,3 bilhes de litros. No mesmo ano,

    mais 6,3 bilhes de litros de etanol foram misturados ga-

    solina vendida no Pas, proporo de 25% . Esta, ao mesmotempo, perdeu espao entre os combustveis, com reduo

    de 3,9% em seu consumo.

    Chegada ao Brasil Cenrio atual

    Linha do tempo

    Cana no Brasil

    As primeiras mudas decana-de-acar chegamao Brasil, vindas da Ilhada Madeira

    Produo

    O primeiro engenhode acar foiconstrudo no Brasil

    Melhoramento

    A cana-de-acarplantada atualmenteno Brasil umrefinamento decruzamentos realizadosno fim do sculo XIX

    Genes

    Incio do Projeto Genomada Cana (Fapesp), o qualidentificou 50 mil genesligados a caractersticascomo desenvolvimento,produo e teor de acar

    1515 1532 Fim do sc. XIX 1999

    Biotecnologia

    1999-presente

    Testes de insero degenes na cana paraaumento de sacarose,melhoria do porte,resistncia a doenas epragas, entre outros

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    Um pouco de histria

    As espcies que originaram as cultivares

    atuais de cana-de-acar so oriundas do

    Sudeste Asitico. A origem de S. officinarum,

    por exemplo, est intimamente associada atividade humana, pois ela tem sido cul-

    Domesticao

    O cultivo da cana-de-acar existe em todas as regies tropicais esubtropicais do mundo e se estende ao Norte e ao Sul do Equador, seguindoa distribuio das palmeiras (Palm Tree Line, ou linhas que delimitam azona de crescimento das palmeiras e que caracterizam a zona tropical).

    Como a cana-de-acar se adapta facilmente e capaz de crescer em uma vasta

    faixa de hbitats e altitudes, tanto nos trpicos quanto em regies temperadas, ela

    est atualmente dispersa em todos os continentes, como mostra o mapa.

    Distribuio geogrfica

    Principais pases produtores da cultura em 2007% da produo mundial

    Brasil34,56%

    Outros18,00%

    ndia22,35%

    China 6,69%

    Tailndia 4,05%

    Paquisto 3,44%

    Mxico 3,27%

    Austrlia 2,29%

    Colmbia 2,01%Estados Unidos 1,74%

    Guatemala 1,60%

    Palm Tree Linerea de cultivo de cana-de-acar

    Fonte: FAO-2007.

    tivada desde a Pr-Histria. Acredita-se que

    o centro de origem de S. officinarumseja a

    Melansia (Oceania), onde ela foi domesti-

    cada e depois disseminada pelo homem portodo o Sudeste Asitico. A regio tornou-

    se centro de diversidade, tendo, como n-

    cleo, Papua Nova Guin e Java (Indonsia),

    regies em que a maior parte das espcies

    foi coletada a partir do fim de 1800.

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    Gentica

    CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS

    Ciclo de vida A cana-de-acar perene na sua forma natural, mas

    semiperene no cultivo extensivo. necessrio um novo plan-

    tio, realizado geralmente entre a quinta e a stima colhei-

    ta. Isso ocorre porque o pisoteio por mquinas e veculosno cultivo e, principalmente, na colheita, no apenas pre-

    judica diretamente a planta, como tambm compacta o

    solo. Alm disso, h um progressivo acmulo de doenas

    no canavial. Consequentemente, ocorre uma diminuio

    natural do nmero de plantas e o crescimento reduzido

    das remanescentes com o avano dos ciclos, ocasionando

    queda de produo, que atinge nveis economicamente

    inviveis, exigindo a substit uio por novo plantio.

    Existem dois ciclos de produo da cana-de-acar: oque se inicia com o plantio da muda e se encerra com o

    primeiro corte chamado de cana-planta; os demais, que

    comeam aps o primeiro corte, so denominados ciclos

    da soqueira, ou canas-socas. O ciclo da cana-soca dura

    geralmente de 12 a 13 meses, enquanto o da cana-planta

    varia conforme a poca de plantio das mudas. Nas condi-

    es climticas do Centro-Sul do Pas, se as mudas forem

    plantadas no incio da estao chuvosa (de setembro a

    novembro), o ciclo apresenta durao mdia de 12 meses

    (cana-de-ano); se o plantio for feito na segunda estao(de janeiro a abril), o ciclo pode variar de 14 a 18 meses

    (cana de ano-e-meio).

    A durao do ciclo da cana pode variar tambm de acor-

    do com a cultivar utilizada.

    Ciclo de produo da

    cana pode ser de 12 a

    21 meses, dependendo

    da poca do plantio

    Para manter a

    produtividade, a cana

    replantada a cada

    quatro colheitas

    Normalmente, os cruzamentos entre as variedades

    de cana-de-acar so realizados em ambientes pro-

    tegidos, como estufas e campnulas de conteno, ge-

    ralmente dispostos em interiores de mata ou galpes

    cobertos para evitar a contaminao indesejada por

    plen oriundo de outros genitores. Aps o perodo de

    hibridao, as hastes da planta so coletadas e

    mantidas em um galpo por uma semana para

    maturar. Passado esse perodo, as flores protegidas

    por um saco so separadas das hastes, colhidas e co-

    locadas em uma cmara aquecida para a retirada da

    umidade das sementes.

    Saiba mais

    As espcies cultivadas

    no Brasil so originr iasdo Sudeste Asitico

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    Melhoramento convencional

    Gentica

    Diante da importncia da cana-de-a-

    car para a sociedade, a melhoria de sua

    prtica de cultivo foi um processo natural,cujas bases so histricas. Ao longo de v-

    rias dcadas, especialistas e pesquisadores

    foram aprimorando a qualidade da planta,

    apesar de sua complexa composio gen-

    tica. No Brasil, trs grandes programas de

    melhoramento da cana-de-acar tm sido

    realizados nas ltimas dcadas: o da Rede

    Interuniversitria de Desenvolvimento do

    Setor Sucroalcooleiro (Ridesa), antigo Pro-

    grama Nacional de Melhoramento da Cana-de-Acar, o do Centro de Tecnologia Cana-

    vieira (CTC), antigo Centro de Tecnologia

    da Copersucar, e o programa do Instituto

    Agronmico de Campinas (IAC). As varie-

    Brasil desenvolveu variedades de cana com produtividade at 50% maior nos ltimos 30 anos

    Para que haja cruzamento ent re duas variedades, ou hbridos,

    de cana, necessrio que elas floresam, o que s ocorre em

    circunstncias especficas de fotoperodo (iluminao) e tempe-ratura diurna e noturna. O ambiente ideal encontrado apenas

    entre 5 e 15 de latitude, razo pela qual todos os programas

    de melhoramento brasileiro tm suas estaes de cruzamento

    no Nordeste (Alagoas e Bahia). Alm da dificuldade de flores-

    cimento, o plen da cana perde rapidamente a viabilidade em

    condies naturais, com algumas variedades apresentando ain-

    da baixa fertilidade do plen.

    Uma vez que tais dificuldades sejam superadas e ocorra o

    cruzamento, a semente formada tem que ser adequadamentearmazenada para que mantenha uma taxa de germinao ca-

    paz de permitir a obteno de plntulas, que, por sua vez, pas-

    sam por uma avaliao em um programa de seleo de novas

    variedades comerciais. As novas variedades so selecionadas

    contra florescimento, uma vez que este consome energia da

    planta, levando diminuio da produtividade. Todas as exi-

    gncias e dificuldades tornam improvvel a ocorrncia de cru-

    zamentos entre variedades convencionais ou transgnicas.

    Saiba mais

    dades desenvolvidas por esses projetos res-

    pondem hoje por quase todas as varieda-

    des de cana-de-acar usadas para produ-zir acar e etanol no Brasil. Graas a eles,

    o Pas conseguiu aumentar a produtivida-

    de da cana em mais de 50% nos ltimos

    30 anos.

    Recentemente, novos programas de me-

    lhoramento de cana surgiram em empre-

    sas da iniciativa privada, o que deve au-

    mentar as variedades disponveis para os

    produtores nos prximos anos.

    As espcies que deram origem s varie-

    dades comerciais de cana no so nativas

    do Brasil. Elas permanecem em bancos de

    germoplasma das estaes de cruzamento

    brasileiras para possibil itar sua util izao no

    melhoramento da cana. somente nas con-

    dies dessas estaes que essas espcies

    podem ser cruzadas com sucesso com asvariedades convencionais ou geneticamente

    modificadas.

    A probabilidade de ocorrer cruzamento

    gentico, em circunstncias naturais, entre

    os hbridos comerciais e espcies desses g-

    neros extremamente baixa, sobretudo de-

    vido falta de condies ambientais prop-

    cias para tal fim.

    Apesar de a maior parte da cana planta-da comercialmente no mundo ser hoje fru-

    to do cruzamento entre S. officinarume S.

    spontaneum, as anlises de DNA mostram

    preponderncia da carga gentica da pri-

    meira.

    O cultivo comercial de cana-de-acar ocorre por propagao

    vegetativa, e no por sementes, ou seja, um canavial obtido

    pelo plantio de colmos da variedade de cana desejada, com as

    plantas-filhas tendo a mesma gentica da planta-me so

    clones. Assim, mesmo que haja cruzamento, as plantas no mu-

    dam suas caractersticas. Isso ocorreria apenas nas variedades

    originadas do plantio de sementes, o que no feito pelos agri-

    cultores.

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    Gentica

    CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS

    O melhoramento da cana-de-acar com

    a uti lizao da biotecnologia teve incio no

    comeo da dcada de 90, com os primei-ros mapas genticos e a obteno das pri-

    meiras plantas modificadas geneticamen-

    te, em diversas instituies do mundo, in-

    cluindo, poca, o Centro de Tecnologia

    da Copersucar (CTC). No fim dos anos 90,

    a Fundao de Amparo Pesquisa do Esta-

    do de So Paulo (Fapesp) comeou o pro-

    jeto Genoma da Cana (Sucest), no qual fo-

    ram identificados 50 mil genes da planta.

    A iniciativa possibilitou a identificao dosgenes envolvidos no processo de crescimen-

    to, no teor de acar e na resistncia a di-

    versos tipos de estresses, entre outras ca-

    ractersticas importantes para aumentar a

    produtividade comercial da cultura. Os

    genes identificados pelo Sucest tambm

    tm permitido o desenvolvimento de

    marcadores moleculares que esto associ-

    ados a atributos relevantes e desejveis nas

    novas variedades. O sequenciamento com-pleto do genoma da cana, que est sendo

    realizado por um consrcio internacional no

    qual o Brasil um dos lderes, dever ace-

    lerar a determinao dos genes respons-

    veis por cada caracterstica desejvel na

    planta. O uso dessa informao permitir,

    no futuro, o desenvolvimento mais rpido

    de novas variedades por meio do processo

    denominado seleo assistida por mar-

    cadores.

    Vrios genes vm sendo introduzidos no

    genoma da cana-de-acar por meio de

    tcnicas de transformao gentica. Esses

    genes conferem caractersticas a exemplo

    de tolerncia a herbicidas, resistncia a

    doenas e pragas, aumento do teor de

    sacarose, tolerncia seca e at melhoria

    do porte da cana para facilitar a colheita

    BiotecnologiaCanas geneticamente modificadas devem estar no mercado nos prximos anos

    mecanizada. Tambm esto sendo pesqui-

    sados genes que podem ajudar a melhorara produo de acar e outros para que a

    planta possa ser utilizada como uma

    biofbrica, capaz de gerar produtos de alto

    valor agregado, como os bioplsticos.

    Ciente do grande potencial de contribui-

    o que a engenharia gentica pode trazer

    cultura da cana-de-acar, h cerca de

    trs anos a Embrapa investe em projetos

    de desenvolvimento de cana-de-acar

    transgnica. As caractersticas que seroincorporadas planta visam principalmen-

    te a atender s demandas do Nordeste. A

    escolha dessa regio tem por objetivo a re-

    duo das diferenas tecnolgicas hoje exis-

    tentes entre o Sudeste e o Nordeste. As varie-

    dades em desenvolvimento sero mais tole-

    rantes seca e mais resistentes broca gi-

    gante (principal praga da Regio Nordeste),

    o que garantir maior produtividade.

    At o momento, no h no mundo ne-

    nhuma variedade transgnica comercial decana-de-acar. No entanto, testes de cam-

    po j foram feitos ou esto em andamento

    na frica do Sul, Argentina, Colmbia, Aus-

    trl ia, nos Estados Unidos, em Cuba e, prin-

    cipalmente, no Brasil. Tal fato indica que

    vrios grupos tm interesse em melhorar

    essa cultura no sentido de produzir, por

    meio da biotecnologia, variedades mais efi-

    cientes do que as que temos hoje, de for-

    ma a trazer benefcios para todo o setorsucroalcooleiro, para a economia brasilei-

    ra, para os consumidores e para o meio

    ambiente.

    Como no existem, no Brasil, espcies na-

    tivas sexualmente compat veis com a cana-

    de-acar, no se espera que ocorra esca-

    pe gnico no caso de liberao comercial

    de variedades transgnicas de cana-de-a-

    car.

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    Aplicaes

    Produtos e subprodutos

    Acar

    A sacarose, proveniente da cana-de-acar ou da

    beterraba, utilizada no mundo todo como adoante

    e energtico. O acar cristal obtido da cana-de-a-

    car possui 99,8% de sacarose e 0,2% de impurezas

    em sua composio (umidade 0,04%; sais mine-

    rais 0,07%; acar invertido 0,07%; material

    insolvel 0,02%). J o refinado provm da disso-

    luo dos cristais de acar e da remoo do mate-

    rial insolvel e dos corantes naturais por processos

    fsicos.

    Rapadura, acar mascavo e melado

    A rapadura, o acar mascavo e o melado so os

    principais produtos do segmento artesanal do siste-

    ma produtivo da cana-de-acar. O processamento

    realizado principalmente em pequenas proprieda-

    des rurais, caracterizadas pelo baixo nvel tecnolgico

    e uso intensivo de mo de obra. H pouca integraocom o mercado, de forma que a produo comer-

    cializada em mercados locais e o processamento

    simplificado.

    A rapadura o doce resultante do caldo da cana-

    de-acar concentrado. um produto integral, sem

    refino, puro e passvel de utilizao como acar. A

    produo do mascavo envolve um procedimento se-

    melhante ao da rapadura, sendo o diferencial ape-

    nas o ponto de concentrao, que mais alto. Esse

    A cana-de-acar uma planta que apresenta um longo histrico

    de uso seguro para a alimentao humana e animal. Seu plantio

    comercial no Brasil visa principalmente obteno do acar

    (sacarose), que usamos todos os dias na nossa alimentao, e doetanol, que abastece nossos carros. Entre seus subprodutos,

    derivados da moagem da planta, esto o melado, usado como

    componente de raes para ruminantes e como substituto do

    acar na alimentao humana, e o bagao, que, como fonte de

    fibras, pode ser utilizado para alimentao animal mas

    principalmente empregado para a gerao de energia em usinas,

    por meio de sua queima. Outro importante derivado da cana a

    cachaa, obtida da fermentao e da destilao do caldo (garapa).

    O acar mascavo

    e a rapadura so

    produtos que tm papel

    importante na

    alimentao em algumas

    regies brasileiras, sendo

    uma excelente fonte de

    energia e de sais minerais

    de baixo custo

    tipo de acar era mais utilizado at o surgimento

    do acar branco, cuja cor se tornou mais atrativa

    para consumo, levando o produto marrom a perder

    mercado. Tanto o acar mascavo como a rapadura

    possuem uma quantidade expressiva de minerais e

    protenas.

    J o melado, conhecido no Nordeste como mel de

    engenho, consiste numa substncia obtida pela con-

    centrao do caldo da cana-de-acar. chamado

    de rapadura lquida , em virtude da semelhana

    entre os dois produtos, que se estabelece por meio

    do processo produtivo, das propriedades sensoriais,

    do valor nutritivo e do perfil do consumidor. Tais ca-

    ractersticas favorecem o processamento da rapadura

    e do melado numa mesma unidade produtiva.

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    Bagao pode ser queimado para gerar energia

    Bagao e palha

    Existem algumas tcnicas capazes de pro-duzir etanol com base no bagao da cana

    e de outros materiais vegetais. A maioria

    desses processos ainda est em fase de

    desenvolvimento da viabilidade tcnica em

    escala comercial, sendo ainda pouco com-

    petitiva economicamente.

    O mtodo, que ficou popularmente co-

    nhecido como etanol celulsico, usa enzi-mas (rota enzimtica) ou cidos (rota qu-

    mica) para decompor as longas molculas

    da celulose em molculas menores de a-

    cares. A partir desse ponto, o bagao in-

    tegrado ao ciclo normal de produo de

    etanol pela fermentao do acar por le-

    veduras.

    Outra tcnica disponvel para o aprovei-

    tamento do bagao e da palha a gasei-ficao. Nesse processo, o material vegetal

    queimado na ausncia de oxignio para

    produzir o gs de sntese. Este, ento, pode

    ser transformado em combustveis e em

    outros produtos qumicos.

    Cortesia Unica / Foto Tadeu Fessel

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    Aplicaes

    CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS

    Produtos e subprodutosBiomassa

    Normalmente, as plantas convertem me-

    nos de 1% da luz solar em energia qumi-ca, mas a cana-de-acar capaz de con-

    verter cerca de 2% da radiao incidente

    em acares, dos quais dois teros esto

    na forma de lignina e de celulose, que so

    insolveis, e um tero corresponde

    sacarose presente no caldo. Essa eficincia

    a coloca como a principal planta quando

    se pensa em biomassa. O bagao da cana-

    de-acar, constitudo por lignina e celulo-

    se, representa um tero da biomassa dacana, enquanto outro tero formado pe-

    las folhas e pelo ponteiro, que ficam no

    campo aps a colheita. A quantidade de

    bagao obtida varia de 240 kg a 280 kg

    por tonelada de cana processada.

    Em usinas de acar e etanol, comum o

    uso do bagao como fonte energtica para

    alimentar caldeiras, resultando na gerao

    simultnea de energia trmica e mecnica

    a partir do vapor (cogerao). A energiatrmica utilizada no processo de fabrica-

    o do acar e do etanol e a energia me-

    cnica entra na moagem da cana ou se

    transforma em bioeletricidade por meio de

    um gerador, seja para uso na prpria usina,seja para venda do excedente para as con-

    cessionrias de energia eltrica.

    O bagao da cana-de-acar pode servir

    tambm como matria-prima na produo

    de etanol, porm essa tecnologia ainda est

    em desenvolvimento.

    Torta de filtro

    A torta de filtro um subproduto doprocessamento industrial da cana e vem

    dos filtros rotativos aps a extrao da

    sacarose residual da borra. De modo geral,

    um resduo rico em minerais (nitrognio,

    fsforo, potssio, clcio, magnsio e enxo-

    fre) e matria orgnica, principalmente pro-

    tenas e lipdios. Por apresentar altos teo-

    res de protenas, a torta de filtro pode ser

    utilizada para a alimentao de animais ou,

    ainda, como adubo.

    Energia eltrica

    Segundo dados da Agncia Nacional de

    Energia Eltrica (Aneel), o Brasil dispe hoje

    de 266 usinas que produzem eletricidade

    proveniente da queima do bagao de cana-

    de-acar. Essas empresas tm capacidade

    de gerao de 3.682 MW, o equivalente a

    3,5% do total do parque gerador brasilei-

    ro, ou 16% da energia produzida por fon-tes termeltricas no Pas.

    O potencial eltrico do setor ainda est

    longe de ser completamente ut ilizado. Exis-

    tem, no Brasil, mais de 400 usinas, o que

    significa que 33% delas ainda no esto

    outorgadas pela Aneel para produzir ele-

    tricidade. E mesmo entre as que j geram

    energia eltrica, a modernizao do siste-

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    As unidades de produo da cachaa recebem vrias denominaes, de acordo com

    a escala de produo e a regio produtiva: as cachaas industriais so fabricadas em

    destilarias; as cachaas artesanais nordestinas saem dos engenhos, herana do Brasil

    colonial; e as cachaas artesanais das Regies Sul e Sudeste vm de alambiques, em

    aluso ao equipamento no qual se realiza a destilao.

    Curiosidade

    Cachaa

    A produo da cachaa, ou aguardente,

    no Brasil teve incio no perodo colonial econtinua at os dias de hoje, artesanal ou

    industrialmente. A bebida obtida por meio

    da destilao do caldo de cana fermenta-

    do, contendo de 38% a 54% de lcool em

    volume a 20C. A cachaa, depois da cer-

    veja, a bebida alcolica mais consumida

    no Pas, totalizando sete litros per capita

    por ano. Em termos mundiais, a terceira

    bebida destilada mais tomada no planeta,

    ficando atrs apenas da vodca e do shoju(bebida destilada coreana). Estima-se que

    sua produo alcance 1,5 bilho de litros,

    o que seria, em princpio, o tamanho do

    mercado interno, j que as exportaes re-

    presentam aproximadamente 1% do total

    produzido.

    Uma das bebidas alcoli cas mais

    consumidas no Brasil, a cachaa feita da

    de forma artesanal e industrial

    ma de caldeira e turbina possibilitar um con-

    sidervel aumento da potncia instalada.

    Alm disso, a palha da cana tambm poder

    ser usada como combustvel quando a co-

    lheita mecanizada estiver plenamente imple-

    mentada. No caso de So Paulo, maior pro-

    dutor do Pas, a queima da palha antes da

    colheita ser eliminada em 2017.

    O potencial de produo de energia eltri-

    ca no Brasil em 2012 de 5.300 MW, usan-

    do-se apenas 75% do bagao produzido,

    segundo a Unio da Indstria de Cana-de-

    Acar (Unica). Adicionando-se apenas 50%

    da palha de cana, a capacidade de gerao

    pode ser ampliada para 10.100 MW, potn-

    cia um pouco maior do que a da usina hidre-

    ltrica de Itaipu.

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    Potencial econmico

    CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS

    Brasil no mercado internacional O Brasil o maior exportador de acar, respon-

    dendo sozinho por 45% de todo o produto

    comercializado no mundo. J em relao ao etanol,

    o Pas divide com os EUA o papel de maior produtormundial juntos, os dois pases so responsveis

    por 70% de todo o etanol produzido no planeta. No

    entanto, o produto norte-americano exclusivamente

    derivado do milho e voltado para seu mercado inter-

    no. Assim, o Brasil tambm, no caso do etanol, o

    maior exportador mundial, respondendo por 54%

    desse mercado. Em 2008, as vendas de acar e

    etanol para o exterior renderam aproximadamente

    7,8 bilhes de dlares em divisas para o Pas, levan-

    do esse setor a ocupar o quarto lugar no ranking

    das exportaes brasileiras.

    Crescimento da demanda

    O setor passa por um momento de crescimento do

    mercado interno e externo em razo da tendncia

    da procura de outras fontes de energia para substi-

    tuir o petrleo, do menor custo de produo de etanol

    do mundo, do aumento da frota de veculos flex-fuel

    e do efeito do Protocolo de Kyoto como resultado

    da preocupao mundial com a preservaoambiental e a consequente busca por alternativas

    de energia renovvel.

    Esse cenrio positivo vem gerando interesse glo-

    bal sobre o bem-sucedido programa brasileiro do

    lcool combustvel e seu potencial para atender a

    uma parte da demanda mundial, que passaria a us-

    lo em substit uio ao petrleo. A alternativa refletiu

    em substancial aumento da produo brasileira de

    cana-de-acar nos ltimos anos, com 12% de in-cremento da rea plantada em 2007 e perspectiva

    de elevao desse nvel nas prximas dcadas.

    No Brasil, a produo est concentrada na

    Regio Sudeste, responsvel por

    aproximadamente 70% da produo nacional.

    O Nordeste, tradicional produtor, responde por

    12% , enquanto o Centro- Oeste, considerado uma

    regio de avano da cultura, representa 10%

    Brasil o maior

    produtor mundial de

    acar e o segundo

    maior de etanol

    O Programa Nacional do lcool, ou Prolcool,

    foi criado em 14 de novembro de 1975 pelo

    Decreto n 76.593, com o objetivo de estimular

    a produo de etanol, para atender s necessi-dades do mercado interno e externo e polti-

    ca de combustveis automotivos. Trinta anos de-

    pois do incio do Prolcool, o Brasil vive uma

    nova expanso dos canaviais com o propsito

    de oferecer, em grande escala, o combustvel

    alternativo. Neste contexto, variedades trans-

    gnicas de cana com maior produtivi-

    dade possibilitaro o aumento da pro-

    duo de acar e etanol, sem a ne-

    cessidade do avano da cultura em ou-tras reas agrcolas. A nova escalada

    no um movimento comandado pelo

    governo, como a ocorrida no fim da d-

    cada de 70, quando o Brasil encontrou

    no etanol a soluo para enfrentar o

    aumento abrupto dos preos do petr-

    leo que importava. A corrida para am-

    pliar unidades e construir novas usinas

    movida por decises da iniciativa privada, con-

    victa de que o etanol ter, a partir de agora, umpapel cada vez mais importante como combus-

    tvel, no Brasil e no mundo.

    Programa Nacional do lcool

    Produo da cana-de-acar nas diferentes regies do Brasil

    (em mil ha)

    Norte

    20 21

    Nordeste

    1.123 1.138

    Centro-Oeste

    605 699

    Sudeste

    3.9284.165

    Sul

    487 598

    Safra 06/07

    Safra 07/08

    Fonte: Conab.

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    Mitos e fatos

    verdade que a cana-de-acar degenera o solo?

    No, no verdade. Tal mito no tem nenhum embasamento

    tcnico ou cientfico. Antes de tudo, bom que se esclarea que

    qualquer atividade agrcola degrada o solo se as tcnicas agron-

    micas corretas no forem aplicadas. Entre as principais culturas

    agrcolas, a cana a que apresenta uma das mais baixas taxas de

    deteriorao do solo, prxima do milho.

    Graas s suas caractersticas botnicas, a cana uma planta

    que tem alto poder de conservao do solo por possuir um siste-

    ma radicular em cabeleira, bastante profundo, propicia a forma-

    o de um emaranhado de razes no solo que auxilia a penetrao

    e a disperso da gua das chuvas, assim como a agregao dosolo. Esse conjunto de fatores diminui a eroso, a grande respon-

    svel pela degenerao das reas plantadas.

    Principais questes sobre a produo de cana

    Alm disso, utilizam-se as melhores prticas de controle da ero-

    so exatamente no cultivo da cana. Tanto que as lavouras so

    permanentes em um determinado local, isto , uma vez instaladauma usina, ela ali fica por sculos, ao contrrio de algumas cultu-

    ras anuais, que so itinerantes justamente por degradarem o solo

    aps alguns anos de cultivo.

    O aumento do cultivo da cana-de-acar no mundo,

    e especialmente no Brasil, no diminuir a rea

    destinada plantao de alimentos?

    No. Todos os estudos, tanto de rgos oficiais quanto de em-

    presas, mostram que a cana no compete com a produo de

    alimentos. Tomem-se, como exemplo, os dados de projeo para asafra 2018/2019 do Brasil. At l, de acordo com o Ministrio da

    Agricultura, Pecuria e Abastecimento, a cana se expandir para

    13 milhes de hectares, enquanto os gros (milho, soja, trigo, ar-

    roz e feijo), ocuparo 54,55 milhes de hectares. As pastagens, a

    seu turno, passaro dos atuais 172 milhes para 162 milhes de

    hectares.

    Para compensar as reas de pastagens perdidas, a pecuria est

    melhorando sua eficincia tcnica, ou seja, aprimorando o cultivo

    de pastagens para abrigar maior nmero de cabeas de gado porrea. Em termos mundiais, a expanso da cana se dar em poucas

    regies, devido s condies climticas. Apenas a Amrica do Sul

    e a frica podem obter significativa ampliao do plantio. Nesses

    continentes, convm mencionar que tambm a eficincia agron-

    mica dever ser melhorada para se produzir tanto gros como

    carne.

    Alm do mais, como j foi dito, com o uso da biotecnologia

    possvel aumentar a produo na mesma rea hoje destinada

    cana.

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    Mitos e fatos

    CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS

    O cultivo de cana na Amaznia pode

    aumentar a devastao da floresta?

    Segundo levantamento da Companhia Brasi-leira de Abastecimento (Conab), a rea de cana

    cultivada no Amazonas e no Par de 15 mil

    hectares, o que representa apenas 0,05% do

    total de rea desses dois Estados somados.

    Como a legislao brasileira no permite no-

    vos cultivos da planta nesses Estados e a gran-

    de expanso da cana ocorre nas Regies Cen-

    tro-Oeste, Sudeste e Sul ou nos Estados de

    Tocantins e Maranho, em local distante da Flo-

    resta Amaznica , no correta a afirmaode que a cana aumentar a devastao da

    Amaznia (vide mapa).

    Vale ressaltar que as condies do solo e do

    clima na regio amaznica no so propcias

    para o plantio da cultura da cana.

    A aplicao da biotecnologia na cana poder

    aumentar a produtividade do cultivo numa

    mesma rea, o que permitir reduzir a presso

    pela expanso das fronteiras do cultivo.

    A queima da cana uma ao certamente

    menos poluente que a queima de combus-

    tvel fssil pela frota de automveis do Pas.

    Estudos mostram que um hectare queima-

    do de cana libera o equivalente a menos

    de uma tonelada de CO2, enquanto a

    fotossntese efetuada pela prpria cana

    durante todo o seu ciclo de crescimentoretira 15 toneladas do gs do meio ambi-

    ente, o que d um balano altamente posi-

    tivo. Ainda assim, todo o esforo est sen-

    do feito para a eliminao dessa prtica.

    Gradualmente, o setor sucroalcooleiro, em

    consonncia com as legislaes ambientais,

    vem trabalhando nesse sentido. A Unica,

    representando a indstria paulista produ-

    tora de acar, etanol e bioeletricidade, e o

    A cana e a natureza

    Pantanal

    Floresta Amaznica

    Cana-de-acar

    Mata Atlntica

    Governo do Estado de So Paulo, assina-

    ram, no dia 4 de junho de 2007, o Protoco-

    lo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro.

    Esse protocolo, de adeso voluntria, esta-

    beleceu uma srie de princpios e diretivas

    tcnicas, de natureza ambiental, a serem

    observadas pelas indstrias da cana-de-

    acar. O acordo prev que, em 2010, 70%

    da cana seja colhida sem queima, at che-

    gar a 100% em 2014. Com a iniciativa, mais

    de 20% da rea colhida no Estado de So

    Paulo na safra de 2008 j passou por pro-

    cessos que no envolvem a queima.

    A queima da cana no uma ao altamente poluidora?

    FONTE: MPE-Unicamp, IBGE e CTC.

    rea mecanizvel onde no se pode efetuar a queima da cana-de-acar

    Ano Porcentagem de eliminao

    2010 70% da queima eliminada

    2014 Eliminao total da queima

    rea no mecanizvel, declividade superior a 12% e/ou com queima menor que 150 ha

    2010 30% da queima eliminada

    2017 Eliminao total da queima

    Cronograma de eliminao da queima da cana-de-acarno Estado de So Paulo, segundo o Protocolo Agroambiental

    Fonte: Protocolo Agroambiental, 200 7.

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    O mercado comprador dos

    produtos gerados pela cana pode ser

    resistente ao produto transgnico?

    Dificilmente teramos um mercado de

    etanol combustvel com resistncia ao pro-

    duto transgnico. No h justificativas

    ambientais nem econmicas que sustentem

    uma posio contrria produo de cana

    transgnica para tal fim.

    Em relao ao acar, tanto aquele origi-

    nado de planta convencional quanto o pro-

    veniente de plantas transgnicas vo apre-

    sentar composio idntica, uma vez que oprocesso industrial degrada a protena, at

    mesmo a que diferencia a planta transg-

    nica da no transgnica. Vale lembrar que

    assim como os outros produtos genetica-

    mente modificados, a cana transgnica s

    contar com aprovao para comerciali-

    zao aps preencher os requisitos de se-

    gurana ambiental e alimentar da Comis-

    so Tcnica Nacional de Biossegurana

    (CTNBio).

    Quais as vantagens

    da cana transgnica?

    A aplicao da engenharia gentica nas

    culturas pelo menos nos produtos de pri-

    meira gerao tem o objetivo de buscar

    um aumento da produtividade, direta ou

    indiretamente, que proporcione incremen-

    to na renda de toda a cadeia, a comearpelo produtor.

    Vantagens especficas da cana transg-

    nica dependem da caracterstica incorpo-

    rada geneticamente planta. Por exemplo,

    um gene que confere resistncia broca

    da cana-de-acar e a outras lagartas ofe-

    recer ao produtor uma planta com menor

    necessidade de medidas de controle des-

    sas pragas, sejam biolgicas, sejam qumi-

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    Mitos e fatos

    CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS

    A cana e o etanol

    cas, o que, por consequncia, trar um

    ganho monetrio muito significativo, alm

    de benefcios ambientais muito grandes.

    Uma cana com maior teor de acar per-

    mitir a produo de maior quantidade de

    acar e etanol nas mesmas reas em que,tradicionalmente, a cultura plantada.

    J uma cana tolerante seca poderia ser

    plantada em reas de restrio hdrica, pos-

    sibilitando o uso de locais hoje marginali-

    zados. Ao mesmo tempo, permitiria melhor

    aproveitamento da gua nas regies em

    que plantada atualmente.

    Quais os perigos da polinizao(cruzamento) de cana transgnica

    para a convencional?

    Nas condies de cult ivo da cana no Bra-

    sil, a polinizao natural rarssima, em ra-

    zo da inexistncia de condies climti-

    cas favorveis para tanto. Mais importante

    do que a possibilidade de polinizao a

    de produo de sementes e, depois, de sua

    germinao para o desenvolvimento de

    uma nova planta. Isso porque a cana ge-rada pela multiplicao das gemas dos

    colmos, e no das sementes (que so origi-

    nadas do plen). Contudo, mesmo nesses

    casos, as condies climticas so al tamen-

    te desfavorveis.

    Tambm em tais casos as condies cli-

    mticas so altamente desfavorveis. Tan-

    to que no existem relatos de que uma

    nova variedade de cana tenha sido encon-

    trada no campo como resultado desse pro-

    cesso. Ademais, os produtores procuram

    evitar o florescimento da planta, pois, quan-

    do isso ocorre, o teor de acar na cana

    ndice que serve de referncia para a remu-

    nerao do agricultor cai.

    A cana natural do Brasil?

    No, a cana uma planta extica oriun-

    da de outra regio do planeta, assim como

    outras importantes culturas para o setor

    agrcola brasileiro, a exemplo do milho, da

    laranja e do arroz. A planta vem do Sudes-

    te Asitico e foi introduzida no Pas pelos

    portugueses, algum tempo aps o desco-

    brimento, da mesma forma como ocorreu

    em todo o continente americano e em mui-tos outros pases tropicais.

    O crescimento da produo de etanol

    no tem sido exagerado?

    No, at porque todo produto s pro-

    duzido se existe demanda. Assim tem sido

    com o etanol, em razo da demanda inter-

    na. A fabricao dos carros flex-fuel foi, sem

    dvida, um grande avano, beneficiando os

    usurios, que, democraticamente, podem

    escolher o combustvel que mais convm

    economicamente. Quanto mais etanol for

    produzido, mais barato ele ficar para o

    consumidor e, consequentemente, maior

    ser sua vantagem em relao gasolina.

    Tanto que, no ano de 2008, a venda de

    etanol j suplantou em volume a de gaso-

    lina.

    O etanol polui menos

    do que a gasolina?

    Sem dvida. A gasolina uma das gran-

    des contribuidoras para o aumento dos ga-

    ses de efeito estufa porque libera na at-

    mosfera o carbono que estava armazena-

    do no subsolo. Um estudo realizado em

    2009 pela Embrapa Agrobiologia mostrou

    que a substituio de gasolina por etanolreduz em 73% as emisses de CO

    2. que

    cada hectare de cana diminui em 12 tone-

    ladas o volume de CO2 na atmosfera.

    Isso sem considerar todas as vantagens

    ambientais adicionais do uso do bagao na

    gerao de energia eltrica. Hoje, com o

    grande boom que houve no consumo de

    etanol devido introduo dos carros flex,

    o benefcio certamente muito maior.

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    A cultura da cana-de-acar traz van-

    tagens para o meio ambiente?

    Sim, e por diversas razes. Uma delas que as pesquisas realizadas sobre a emis-

    so de gases de efeito estufa (GEE) indi-

    cam que o volume de carbono sequestrado

    da atmosfera e incorporado ao solo pelo

    sistema radicular da cana da ordem de 3

    a 5 toneladas de carbono por hectare ao

    ano.

    Alm disso, a substituio paulatina de

    uma atividade (queima de combustveis

    fsseis) por outra menos poluente (amplia-o de cultivo de cana-de-acar e uso de

    etanol como combustvel) gera um cenrio

    ambientalmente mais atrativo, o que resul-

    ta na reduo do efeito estufa.

    Como j explicado anteriormente, o

    etanol muito menos poluidor do que a

    gasolina. Alm disso, o produto provenien-

    te da cana-de-acar ambientalmente

    melhor do que o etanol produzido, por

    exemplo, com base no milho. A maior van-

    tagem ambiental da cana-de-acar em

    relao ao milho ocorre pelo balano

    energtico das duas culturas, o qual

    corresponde razo entre a energia libera-

    da pela queima do etanol e a energia ne-

    cessria para produzi-lo. Ou seja, para fa-

    bricar etanol proveniente do milho ne-

    cessrio gastar muito mais energia, at

    mesmo energia fssil poluidora do ambi-

    ente, do que para produzir etanol com o

    uso da cana-de-acar. Portanto, a contri-buio do etanol de cana no combate ao

    efeito estufa muito superior opo de

    milho. Esse resultado ambiental positivo

    amplamente conhecido, o que garantiu vi-

    sibilidade internacional ao programa de

    etanol brasileiro.

    O acar e o etanol obtidos

    de cana-de-acar transgnica

    oferecem perigo? No. O acar e o etanol de cana trans-

    gnica so idnticos aos produtos proveni-

    entes da cana convencional. Tanto o a-

    car quanto o etanol so substncias puras

    e, portanto, independentemente da sua ori-

    gem, apresentaro as mesmas caractersti-

    cas fsico-qumicas, os mesmos riscos e os

    mesmos benefcios. Por exemplo, o acar

    que utilizamos no dia a dia uma impor-

    tante fonte de energia, mas se sabe queseu uso em excesso est relacionado a pro-

    blemas de sade. Esses riscos, assim como

    os benefcios, so inerentes ao acar, in-

    dependentemente dele ter sido originado

    de cana-de-acar transgnica ou da con-

    vencional. Ou seja: no h nenhum risco

    adicional em consumir acar ou utilizar

    etanol obtido de cana transgnica.

    Alm do fato de o acar e o etanol ex-

    trados de cana transgnica serem to se-

    guros quantos os j existentes, as varieda-

    des de cana transgnica em si tambm s

    sero liberadas aps a comprovao cien-

    tfica dessa segurana. Todas as variedadestransgnicas, antes de serem autorizadas

    para comercializao, passam por rgidos

    testes de avaliao de segurana, que se-

    guem padres internacionais. Somente

    aps a comprovao da segurana alimen-

    tar e ambiental que a nova variedade re-

    cebe a autorizao para ser comercializada.

    importante ressaltar que as principais so-

    ciedades cientficas do mundo declaram que

    os transgnicos j comercializados hoje emdia so to seguros quanto seus equiva-

    lentes convencionais. Esse o entendimen-

    to de renomadas instituies cientficas, tais

    como a OMS, a FAO, a Academia de Cinci-

    as do Brasil, do Mxico, do Terceiro Mundo

    e dos Estados Unidos, entre outras

    (Consensus Document, 2004; FAO, 2004;

    ICSU, 2003; The National Academy of

    Sciences, 2000; WHO, 2002).

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    Agncia Internacional de Energia (IEA)http://www.iea.org

    Agncia Nacional de Energia Eltrica (Aneel)www.aneel.gov.br

    Agncia Nacional do Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis (ANP)http://www.anp.gov.br

    Biocombwww.biocomb.com.br

    Centro Nacional de Referncia em Biomassahttp://cenbio.iee.usp.br

    Centro de Tecnologia Canavieira (CTC)www.ctc.com.br

    Centro de Estudos Avanados em Economia Aplicada (Cepea)www.cepea.esalq.usp.br

    Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)www.conab.gov.br

    Conselho de Informaes sobre Biotecnologia (CIB)www.cib.org.br

    Embrapawww.embrapa.br

    Embrapa Agrobiologia

    www.cnpab.embrapa.brEmpresa de Pesquisa Energticawww.epe.gov.br

    Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP)www.esalq.usp.br

    Etanol Verdewww.etanolverde.com.br

    Food and Agriculture Organization (FAO)www.fao.org

    Genoma da Cana (Fapesp)http://sucest.lad.dcc.unicamp.br/en

    Inovao Unicamp Etanolwww.inovacao.unicamp.br/etanol

    Instituto Agronmico de Campinas (IAC)www.iac.sp.gov.br

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE)www.ibge.gov.br

    Instituto de Economia Agrcolawww.iea.sp.gov.br

    Ministrio da Agricultura (Mapa)www.agricultura.gov.br

    Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT)www.mct.gov.br

    Ministrio das Minas e Energia (MME)www.mme.gov.br

    Nacional Academy of Scienceswww.nasonline.org

    Ncleo de Biotecnologia da Univ. Federal do Esprito Santo (Ufes)www.prppg.ufes.br/biotecnologia

    Organizao dos Plantadores de Cana da Regio Centro-Sul do Brasil(Orplana)www.orplana.com.br

    Programa Etanol Verdewww.ambiente.sp.gov.br/etanolverde

    Rede Interuniversitria para Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleirowww.ridesa.com.br

    Unio da Indstria de Cana-de-Acar (Unica)www.unica.com.br

    Unio dos Produtores de Bioenergiawww.udop.com.br

    Unesp Universidade Estadual Paulistawww.unesp.br

    Unesp Jaboticabalwww.fcav.unesp.br

    Universidade de Campinas (Unicamp)

    www.unicamp.brWHO World Health Organizationwww.who.int

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