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CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS
ndice
O Conselho de Informaes sobre Biotecnologia
(www.cib.org.br) uma organizao no gover-namental e umaassociao civil sem fins lucrativos
e sem nenhuma conotao poltico-partidria ou
ideolgica. Seu objetivo bsico divulgar informa-
es tcnico-cientficas sobre a Biotecnologia e seus
benefcios, aumentando a familiaridade de todos os
setores da sociedade com o tema.
EXPEDIENTECoordenadora-Geral: Alda LerayerEditor Executivo: Antonio Celso Vi llar iRedao: Dbora MarquesConsultores Tcnicos: Eduardo Romano Embrapa
Edgar Gomes Ferreira de Beauclair Esalq/USPJesus Ferro Unesp JaboticabalMarcelo Menossi UnicampSizuo Matsuoka Engenheiro Agrnomo e consultor
Apoio Operacional: Jacqueline AmbrosioJoo Paulo Mendes
Pro jeto Grf ico: Srg io Bri toFotos: Arqui vo CIB, Srgi o Andrade e Unica/Tadeu Fessel
Um pouco de histria
Chegada ao Brasil 4
Cenrio atual 4
Domesticao 5
Distribuio geogrfica 5
Gentica
Ciclo de vida 6
Melhoramento convencional 7
Biotecnologia 8
Aplicaes
Produtos e subprodutos 9
Potencial econmico
Brasil no mercado internacional 14
Mitos e fatos
Principais questes sobre a produo de cana 15
A cana e a natureza 16
A cana e o etanol 18
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Avano cientfico beneficia o Pas
O potencial de produo e o papel fundamental da cana-de-a-
car e de seus subprodutos acar, etanol e energia eltrica, en-
tre outros , tanto na agricultura quanto na indstria, fazem dessa
cultura uma das mais importantes atividades da agroindstria na-
cional. O Guia da Cana foi desenvolvido para servir de fonte de
informaes sobre esse cultivo, abordando sua origem histrica,sua uti lizao atual e os mais recentes avanos cientf icos na rea.
O Brasil hoje o maior produtor mundial de cana, com 563 mi-
lhes de toneladas na safra 2008/2009, em uma rea de 8,1 mi-
lhes de hectares, o que representa apenas 2,3% da rea agrcola
do Pas (Conab, Mapa). Os bons nmeros e o aprimoramento
tecnolgico permitem que o Pas seja tambm o maior exportador
mundial de acar, respondendo sozinho por 45% de todo o pro-
duto comercializado no mundo. Na fabricao de etanol, que uti-
liza aproximadamente 1% da rea agricultvel do Pas e 57% darea plantada com cana, o Brasil tambm ocupa liderana nas
exportaes e compartilha, com os Estados Unidos (EUA), a posi-
o de maior produtor mundial. Na prtica, os dois pases so
responsveis por 70% de toda a fabricao desse combustvel no
mundo.
A cana-de-acar sempre teve um papel importante na economia
brasileira, desde o perodo dos engenhos coloniais. No de hoje
que especialistas vm buscando maneiras de aprimorar o cultivo
da planta, tornando-a mais produtiva e resistente, entre outrasvantagens agronmicas. Com o xito do mapeamento de seu
genoma, abrem-se as portas para uma infinidade de possibilida-
des, entre elas, o melhoramento gentico assistido por marcadores
moleculares e a biotecnologia aplicada cana-de-acar.
Esperamos que, com que este guia, voc possa saber mais sobre a
cana-de-acar e descubra curiosidades sobre uma das culturas
agrcolas mais antigas e relevantes do Brasil.
Boa leitura!
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Um pouco de histria
A importncia da cultura da cana-de-acar tem razes antigas
na economia brasileira. As primeiras mudas da planta chegaram
ao Brasil por volta de 1515, vindas da Ilha da Madeira (Portugal),
tendo sido o primeiro engenho de acar construdo em 1532, nacapitania de So Vicente. Mas foi no Nordeste, especialmente nas
capitanias de Pernambuco e da Bahia, que os engenhos de a-
car se multiplicaram. No sculo seguinte, j ramos o maior pro-
dutor e fornecedor mundial de acar, posio mantida at o fim
do sculo XVII. Historicamente, a cana-de-acar sempre foi um
dos principais produtos agrcolas do Brasil e, hoje, o Pas tem no-
vamente a primeira posio no rankingmundial da cultura.
As variedades comerciais de cana-de-acar cultivadas atual-
mente se originam de cruzamentos realizados no incio do sculoXX, na Ilha de Java. quela poca, algumas variedades da esp-
cie Saccharum officinarum rica em acar, mas muito suscetvel
a doenas foram cruzadas com outra espcie, a Saccharum
spontaneum, que pobre em acar e muito rstica, ou seja,
mais resistente aos problemas do campo. Os hbridos obtidos ti-
nham maior capacidade de armazenamento de sacarose, resis-
tncia a doenas, vigor, rusticidade e tolerncia a fatores climti-
cos. Apesar de S. off icinarume S. spontaneumterem sido as esp-
cies que mais contriburam para a obteno das atuais varieda-
des comerciais de cana-de-acar, outras espcies, a exemplo deS. sinense, S. barberie S. robustum, ainda que em menor propor-
o, tambm foram importantes para a composio gentica das
variedades modernas de cana.
CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS
Em razo do potencial do mercado sucroalcooleiro no Bra-
sil, a cana-de-acar no tratada apenas como mais um
produto agrcola nacional, mas como a mais importante fon-
te de biomassa energtica. O setor sucroalcooleiro respondepor cerca de 1 milho de empregos, dos quais 511 mil dire-
tamente envolvidos na produo de cana-de-acar e o res-
tante distribudo na cadeia de processamento de acar e
etanol. Isso representa 6% dos empregos
na agroindstria nacional.
De acordo com a Empresa de Pesquisa
Energtica (EPE), o etanol ultrapassou a
energia proveniente das hidreltricas em
2007 e j a segunda fonte primria deenergia do Brasil. Na safra 2008/2009,
segundo dados do Ministrio da Agricul-
tura, Pecuria e Abastecimento (Mapa), a
produo de etanol aumentou 22% , tot alizando 27,3 bilhes
de litros. Em 2008, de acordo com informaes da Agncia
Nacional do Petrleo (ANP), o consumo de lcool hidratado
carburante usado como combustvel de automveis su-
biu 41,9%, somando 13,3 bilhes de litros. No mesmo ano,
mais 6,3 bilhes de litros de etanol foram misturados ga-
solina vendida no Pas, proporo de 25% . Esta, ao mesmotempo, perdeu espao entre os combustveis, com reduo
de 3,9% em seu consumo.
Chegada ao Brasil Cenrio atual
Linha do tempo
Cana no Brasil
As primeiras mudas decana-de-acar chegamao Brasil, vindas da Ilhada Madeira
Produo
O primeiro engenhode acar foiconstrudo no Brasil
Melhoramento
A cana-de-acarplantada atualmenteno Brasil umrefinamento decruzamentos realizadosno fim do sculo XIX
Genes
Incio do Projeto Genomada Cana (Fapesp), o qualidentificou 50 mil genesligados a caractersticascomo desenvolvimento,produo e teor de acar
1515 1532 Fim do sc. XIX 1999
Biotecnologia
1999-presente
Testes de insero degenes na cana paraaumento de sacarose,melhoria do porte,resistncia a doenas epragas, entre outros
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Um pouco de histria
As espcies que originaram as cultivares
atuais de cana-de-acar so oriundas do
Sudeste Asitico. A origem de S. officinarum,
por exemplo, est intimamente associada atividade humana, pois ela tem sido cul-
Domesticao
O cultivo da cana-de-acar existe em todas as regies tropicais esubtropicais do mundo e se estende ao Norte e ao Sul do Equador, seguindoa distribuio das palmeiras (Palm Tree Line, ou linhas que delimitam azona de crescimento das palmeiras e que caracterizam a zona tropical).
Como a cana-de-acar se adapta facilmente e capaz de crescer em uma vasta
faixa de hbitats e altitudes, tanto nos trpicos quanto em regies temperadas, ela
est atualmente dispersa em todos os continentes, como mostra o mapa.
Distribuio geogrfica
Principais pases produtores da cultura em 2007% da produo mundial
Brasil34,56%
Outros18,00%
ndia22,35%
China 6,69%
Tailndia 4,05%
Paquisto 3,44%
Mxico 3,27%
Austrlia 2,29%
Colmbia 2,01%Estados Unidos 1,74%
Guatemala 1,60%
Palm Tree Linerea de cultivo de cana-de-acar
Fonte: FAO-2007.
tivada desde a Pr-Histria. Acredita-se que
o centro de origem de S. officinarumseja a
Melansia (Oceania), onde ela foi domesti-
cada e depois disseminada pelo homem portodo o Sudeste Asitico. A regio tornou-
se centro de diversidade, tendo, como n-
cleo, Papua Nova Guin e Java (Indonsia),
regies em que a maior parte das espcies
foi coletada a partir do fim de 1800.
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Gentica
CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS
Ciclo de vida A cana-de-acar perene na sua forma natural, mas
semiperene no cultivo extensivo. necessrio um novo plan-
tio, realizado geralmente entre a quinta e a stima colhei-
ta. Isso ocorre porque o pisoteio por mquinas e veculosno cultivo e, principalmente, na colheita, no apenas pre-
judica diretamente a planta, como tambm compacta o
solo. Alm disso, h um progressivo acmulo de doenas
no canavial. Consequentemente, ocorre uma diminuio
natural do nmero de plantas e o crescimento reduzido
das remanescentes com o avano dos ciclos, ocasionando
queda de produo, que atinge nveis economicamente
inviveis, exigindo a substit uio por novo plantio.
Existem dois ciclos de produo da cana-de-acar: oque se inicia com o plantio da muda e se encerra com o
primeiro corte chamado de cana-planta; os demais, que
comeam aps o primeiro corte, so denominados ciclos
da soqueira, ou canas-socas. O ciclo da cana-soca dura
geralmente de 12 a 13 meses, enquanto o da cana-planta
varia conforme a poca de plantio das mudas. Nas condi-
es climticas do Centro-Sul do Pas, se as mudas forem
plantadas no incio da estao chuvosa (de setembro a
novembro), o ciclo apresenta durao mdia de 12 meses
(cana-de-ano); se o plantio for feito na segunda estao(de janeiro a abril), o ciclo pode variar de 14 a 18 meses
(cana de ano-e-meio).
A durao do ciclo da cana pode variar tambm de acor-
do com a cultivar utilizada.
Ciclo de produo da
cana pode ser de 12 a
21 meses, dependendo
da poca do plantio
Para manter a
produtividade, a cana
replantada a cada
quatro colheitas
Normalmente, os cruzamentos entre as variedades
de cana-de-acar so realizados em ambientes pro-
tegidos, como estufas e campnulas de conteno, ge-
ralmente dispostos em interiores de mata ou galpes
cobertos para evitar a contaminao indesejada por
plen oriundo de outros genitores. Aps o perodo de
hibridao, as hastes da planta so coletadas e
mantidas em um galpo por uma semana para
maturar. Passado esse perodo, as flores protegidas
por um saco so separadas das hastes, colhidas e co-
locadas em uma cmara aquecida para a retirada da
umidade das sementes.
Saiba mais
As espcies cultivadas
no Brasil so originr iasdo Sudeste Asitico
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Melhoramento convencional
Gentica
Diante da importncia da cana-de-a-
car para a sociedade, a melhoria de sua
prtica de cultivo foi um processo natural,cujas bases so histricas. Ao longo de v-
rias dcadas, especialistas e pesquisadores
foram aprimorando a qualidade da planta,
apesar de sua complexa composio gen-
tica. No Brasil, trs grandes programas de
melhoramento da cana-de-acar tm sido
realizados nas ltimas dcadas: o da Rede
Interuniversitria de Desenvolvimento do
Setor Sucroalcooleiro (Ridesa), antigo Pro-
grama Nacional de Melhoramento da Cana-de-Acar, o do Centro de Tecnologia Cana-
vieira (CTC), antigo Centro de Tecnologia
da Copersucar, e o programa do Instituto
Agronmico de Campinas (IAC). As varie-
Brasil desenvolveu variedades de cana com produtividade at 50% maior nos ltimos 30 anos
Para que haja cruzamento ent re duas variedades, ou hbridos,
de cana, necessrio que elas floresam, o que s ocorre em
circunstncias especficas de fotoperodo (iluminao) e tempe-ratura diurna e noturna. O ambiente ideal encontrado apenas
entre 5 e 15 de latitude, razo pela qual todos os programas
de melhoramento brasileiro tm suas estaes de cruzamento
no Nordeste (Alagoas e Bahia). Alm da dificuldade de flores-
cimento, o plen da cana perde rapidamente a viabilidade em
condies naturais, com algumas variedades apresentando ain-
da baixa fertilidade do plen.
Uma vez que tais dificuldades sejam superadas e ocorra o
cruzamento, a semente formada tem que ser adequadamentearmazenada para que mantenha uma taxa de germinao ca-
paz de permitir a obteno de plntulas, que, por sua vez, pas-
sam por uma avaliao em um programa de seleo de novas
variedades comerciais. As novas variedades so selecionadas
contra florescimento, uma vez que este consome energia da
planta, levando diminuio da produtividade. Todas as exi-
gncias e dificuldades tornam improvvel a ocorrncia de cru-
zamentos entre variedades convencionais ou transgnicas.
Saiba mais
dades desenvolvidas por esses projetos res-
pondem hoje por quase todas as varieda-
des de cana-de-acar usadas para produ-zir acar e etanol no Brasil. Graas a eles,
o Pas conseguiu aumentar a produtivida-
de da cana em mais de 50% nos ltimos
30 anos.
Recentemente, novos programas de me-
lhoramento de cana surgiram em empre-
sas da iniciativa privada, o que deve au-
mentar as variedades disponveis para os
produtores nos prximos anos.
As espcies que deram origem s varie-
dades comerciais de cana no so nativas
do Brasil. Elas permanecem em bancos de
germoplasma das estaes de cruzamento
brasileiras para possibil itar sua util izao no
melhoramento da cana. somente nas con-
dies dessas estaes que essas espcies
podem ser cruzadas com sucesso com asvariedades convencionais ou geneticamente
modificadas.
A probabilidade de ocorrer cruzamento
gentico, em circunstncias naturais, entre
os hbridos comerciais e espcies desses g-
neros extremamente baixa, sobretudo de-
vido falta de condies ambientais prop-
cias para tal fim.
Apesar de a maior parte da cana planta-da comercialmente no mundo ser hoje fru-
to do cruzamento entre S. officinarume S.
spontaneum, as anlises de DNA mostram
preponderncia da carga gentica da pri-
meira.
O cultivo comercial de cana-de-acar ocorre por propagao
vegetativa, e no por sementes, ou seja, um canavial obtido
pelo plantio de colmos da variedade de cana desejada, com as
plantas-filhas tendo a mesma gentica da planta-me so
clones. Assim, mesmo que haja cruzamento, as plantas no mu-
dam suas caractersticas. Isso ocorreria apenas nas variedades
originadas do plantio de sementes, o que no feito pelos agri-
cultores.
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Gentica
CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS
O melhoramento da cana-de-acar com
a uti lizao da biotecnologia teve incio no
comeo da dcada de 90, com os primei-ros mapas genticos e a obteno das pri-
meiras plantas modificadas geneticamen-
te, em diversas instituies do mundo, in-
cluindo, poca, o Centro de Tecnologia
da Copersucar (CTC). No fim dos anos 90,
a Fundao de Amparo Pesquisa do Esta-
do de So Paulo (Fapesp) comeou o pro-
jeto Genoma da Cana (Sucest), no qual fo-
ram identificados 50 mil genes da planta.
A iniciativa possibilitou a identificao dosgenes envolvidos no processo de crescimen-
to, no teor de acar e na resistncia a di-
versos tipos de estresses, entre outras ca-
ractersticas importantes para aumentar a
produtividade comercial da cultura. Os
genes identificados pelo Sucest tambm
tm permitido o desenvolvimento de
marcadores moleculares que esto associ-
ados a atributos relevantes e desejveis nas
novas variedades. O sequenciamento com-pleto do genoma da cana, que est sendo
realizado por um consrcio internacional no
qual o Brasil um dos lderes, dever ace-
lerar a determinao dos genes respons-
veis por cada caracterstica desejvel na
planta. O uso dessa informao permitir,
no futuro, o desenvolvimento mais rpido
de novas variedades por meio do processo
denominado seleo assistida por mar-
cadores.
Vrios genes vm sendo introduzidos no
genoma da cana-de-acar por meio de
tcnicas de transformao gentica. Esses
genes conferem caractersticas a exemplo
de tolerncia a herbicidas, resistncia a
doenas e pragas, aumento do teor de
sacarose, tolerncia seca e at melhoria
do porte da cana para facilitar a colheita
BiotecnologiaCanas geneticamente modificadas devem estar no mercado nos prximos anos
mecanizada. Tambm esto sendo pesqui-
sados genes que podem ajudar a melhorara produo de acar e outros para que a
planta possa ser utilizada como uma
biofbrica, capaz de gerar produtos de alto
valor agregado, como os bioplsticos.
Ciente do grande potencial de contribui-
o que a engenharia gentica pode trazer
cultura da cana-de-acar, h cerca de
trs anos a Embrapa investe em projetos
de desenvolvimento de cana-de-acar
transgnica. As caractersticas que seroincorporadas planta visam principalmen-
te a atender s demandas do Nordeste. A
escolha dessa regio tem por objetivo a re-
duo das diferenas tecnolgicas hoje exis-
tentes entre o Sudeste e o Nordeste. As varie-
dades em desenvolvimento sero mais tole-
rantes seca e mais resistentes broca gi-
gante (principal praga da Regio Nordeste),
o que garantir maior produtividade.
At o momento, no h no mundo ne-
nhuma variedade transgnica comercial decana-de-acar. No entanto, testes de cam-
po j foram feitos ou esto em andamento
na frica do Sul, Argentina, Colmbia, Aus-
trl ia, nos Estados Unidos, em Cuba e, prin-
cipalmente, no Brasil. Tal fato indica que
vrios grupos tm interesse em melhorar
essa cultura no sentido de produzir, por
meio da biotecnologia, variedades mais efi-
cientes do que as que temos hoje, de for-
ma a trazer benefcios para todo o setorsucroalcooleiro, para a economia brasilei-
ra, para os consumidores e para o meio
ambiente.
Como no existem, no Brasil, espcies na-
tivas sexualmente compat veis com a cana-
de-acar, no se espera que ocorra esca-
pe gnico no caso de liberao comercial
de variedades transgnicas de cana-de-a-
car.
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Aplicaes
Produtos e subprodutos
Acar
A sacarose, proveniente da cana-de-acar ou da
beterraba, utilizada no mundo todo como adoante
e energtico. O acar cristal obtido da cana-de-a-
car possui 99,8% de sacarose e 0,2% de impurezas
em sua composio (umidade 0,04%; sais mine-
rais 0,07%; acar invertido 0,07%; material
insolvel 0,02%). J o refinado provm da disso-
luo dos cristais de acar e da remoo do mate-
rial insolvel e dos corantes naturais por processos
fsicos.
Rapadura, acar mascavo e melado
A rapadura, o acar mascavo e o melado so os
principais produtos do segmento artesanal do siste-
ma produtivo da cana-de-acar. O processamento
realizado principalmente em pequenas proprieda-
des rurais, caracterizadas pelo baixo nvel tecnolgico
e uso intensivo de mo de obra. H pouca integraocom o mercado, de forma que a produo comer-
cializada em mercados locais e o processamento
simplificado.
A rapadura o doce resultante do caldo da cana-
de-acar concentrado. um produto integral, sem
refino, puro e passvel de utilizao como acar. A
produo do mascavo envolve um procedimento se-
melhante ao da rapadura, sendo o diferencial ape-
nas o ponto de concentrao, que mais alto. Esse
A cana-de-acar uma planta que apresenta um longo histrico
de uso seguro para a alimentao humana e animal. Seu plantio
comercial no Brasil visa principalmente obteno do acar
(sacarose), que usamos todos os dias na nossa alimentao, e doetanol, que abastece nossos carros. Entre seus subprodutos,
derivados da moagem da planta, esto o melado, usado como
componente de raes para ruminantes e como substituto do
acar na alimentao humana, e o bagao, que, como fonte de
fibras, pode ser utilizado para alimentao animal mas
principalmente empregado para a gerao de energia em usinas,
por meio de sua queima. Outro importante derivado da cana a
cachaa, obtida da fermentao e da destilao do caldo (garapa).
O acar mascavo
e a rapadura so
produtos que tm papel
importante na
alimentao em algumas
regies brasileiras, sendo
uma excelente fonte de
energia e de sais minerais
de baixo custo
tipo de acar era mais utilizado at o surgimento
do acar branco, cuja cor se tornou mais atrativa
para consumo, levando o produto marrom a perder
mercado. Tanto o acar mascavo como a rapadura
possuem uma quantidade expressiva de minerais e
protenas.
J o melado, conhecido no Nordeste como mel de
engenho, consiste numa substncia obtida pela con-
centrao do caldo da cana-de-acar. chamado
de rapadura lquida , em virtude da semelhana
entre os dois produtos, que se estabelece por meio
do processo produtivo, das propriedades sensoriais,
do valor nutritivo e do perfil do consumidor. Tais ca-
ractersticas favorecem o processamento da rapadura
e do melado numa mesma unidade produtiva.
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Bagao pode ser queimado para gerar energia
Bagao e palha
Existem algumas tcnicas capazes de pro-duzir etanol com base no bagao da cana
e de outros materiais vegetais. A maioria
desses processos ainda est em fase de
desenvolvimento da viabilidade tcnica em
escala comercial, sendo ainda pouco com-
petitiva economicamente.
O mtodo, que ficou popularmente co-
nhecido como etanol celulsico, usa enzi-mas (rota enzimtica) ou cidos (rota qu-
mica) para decompor as longas molculas
da celulose em molculas menores de a-
cares. A partir desse ponto, o bagao in-
tegrado ao ciclo normal de produo de
etanol pela fermentao do acar por le-
veduras.
Outra tcnica disponvel para o aprovei-
tamento do bagao e da palha a gasei-ficao. Nesse processo, o material vegetal
queimado na ausncia de oxignio para
produzir o gs de sntese. Este, ento, pode
ser transformado em combustveis e em
outros produtos qumicos.
Cortesia Unica / Foto Tadeu Fessel
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Aplicaes
CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS
Produtos e subprodutosBiomassa
Normalmente, as plantas convertem me-
nos de 1% da luz solar em energia qumi-ca, mas a cana-de-acar capaz de con-
verter cerca de 2% da radiao incidente
em acares, dos quais dois teros esto
na forma de lignina e de celulose, que so
insolveis, e um tero corresponde
sacarose presente no caldo. Essa eficincia
a coloca como a principal planta quando
se pensa em biomassa. O bagao da cana-
de-acar, constitudo por lignina e celulo-
se, representa um tero da biomassa dacana, enquanto outro tero formado pe-
las folhas e pelo ponteiro, que ficam no
campo aps a colheita. A quantidade de
bagao obtida varia de 240 kg a 280 kg
por tonelada de cana processada.
Em usinas de acar e etanol, comum o
uso do bagao como fonte energtica para
alimentar caldeiras, resultando na gerao
simultnea de energia trmica e mecnica
a partir do vapor (cogerao). A energiatrmica utilizada no processo de fabrica-
o do acar e do etanol e a energia me-
cnica entra na moagem da cana ou se
transforma em bioeletricidade por meio de
um gerador, seja para uso na prpria usina,seja para venda do excedente para as con-
cessionrias de energia eltrica.
O bagao da cana-de-acar pode servir
tambm como matria-prima na produo
de etanol, porm essa tecnologia ainda est
em desenvolvimento.
Torta de filtro
A torta de filtro um subproduto doprocessamento industrial da cana e vem
dos filtros rotativos aps a extrao da
sacarose residual da borra. De modo geral,
um resduo rico em minerais (nitrognio,
fsforo, potssio, clcio, magnsio e enxo-
fre) e matria orgnica, principalmente pro-
tenas e lipdios. Por apresentar altos teo-
res de protenas, a torta de filtro pode ser
utilizada para a alimentao de animais ou,
ainda, como adubo.
Energia eltrica
Segundo dados da Agncia Nacional de
Energia Eltrica (Aneel), o Brasil dispe hoje
de 266 usinas que produzem eletricidade
proveniente da queima do bagao de cana-
de-acar. Essas empresas tm capacidade
de gerao de 3.682 MW, o equivalente a
3,5% do total do parque gerador brasilei-
ro, ou 16% da energia produzida por fon-tes termeltricas no Pas.
O potencial eltrico do setor ainda est
longe de ser completamente ut ilizado. Exis-
tem, no Brasil, mais de 400 usinas, o que
significa que 33% delas ainda no esto
outorgadas pela Aneel para produzir ele-
tricidade. E mesmo entre as que j geram
energia eltrica, a modernizao do siste-
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As unidades de produo da cachaa recebem vrias denominaes, de acordo com
a escala de produo e a regio produtiva: as cachaas industriais so fabricadas em
destilarias; as cachaas artesanais nordestinas saem dos engenhos, herana do Brasil
colonial; e as cachaas artesanais das Regies Sul e Sudeste vm de alambiques, em
aluso ao equipamento no qual se realiza a destilao.
Curiosidade
Cachaa
A produo da cachaa, ou aguardente,
no Brasil teve incio no perodo colonial econtinua at os dias de hoje, artesanal ou
industrialmente. A bebida obtida por meio
da destilao do caldo de cana fermenta-
do, contendo de 38% a 54% de lcool em
volume a 20C. A cachaa, depois da cer-
veja, a bebida alcolica mais consumida
no Pas, totalizando sete litros per capita
por ano. Em termos mundiais, a terceira
bebida destilada mais tomada no planeta,
ficando atrs apenas da vodca e do shoju(bebida destilada coreana). Estima-se que
sua produo alcance 1,5 bilho de litros,
o que seria, em princpio, o tamanho do
mercado interno, j que as exportaes re-
presentam aproximadamente 1% do total
produzido.
Uma das bebidas alcoli cas mais
consumidas no Brasil, a cachaa feita da
de forma artesanal e industrial
ma de caldeira e turbina possibilitar um con-
sidervel aumento da potncia instalada.
Alm disso, a palha da cana tambm poder
ser usada como combustvel quando a co-
lheita mecanizada estiver plenamente imple-
mentada. No caso de So Paulo, maior pro-
dutor do Pas, a queima da palha antes da
colheita ser eliminada em 2017.
O potencial de produo de energia eltri-
ca no Brasil em 2012 de 5.300 MW, usan-
do-se apenas 75% do bagao produzido,
segundo a Unio da Indstria de Cana-de-
Acar (Unica). Adicionando-se apenas 50%
da palha de cana, a capacidade de gerao
pode ser ampliada para 10.100 MW, potn-
cia um pouco maior do que a da usina hidre-
ltrica de Itaipu.
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Potencial econmico
CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS
Brasil no mercado internacional O Brasil o maior exportador de acar, respon-
dendo sozinho por 45% de todo o produto
comercializado no mundo. J em relao ao etanol,
o Pas divide com os EUA o papel de maior produtormundial juntos, os dois pases so responsveis
por 70% de todo o etanol produzido no planeta. No
entanto, o produto norte-americano exclusivamente
derivado do milho e voltado para seu mercado inter-
no. Assim, o Brasil tambm, no caso do etanol, o
maior exportador mundial, respondendo por 54%
desse mercado. Em 2008, as vendas de acar e
etanol para o exterior renderam aproximadamente
7,8 bilhes de dlares em divisas para o Pas, levan-
do esse setor a ocupar o quarto lugar no ranking
das exportaes brasileiras.
Crescimento da demanda
O setor passa por um momento de crescimento do
mercado interno e externo em razo da tendncia
da procura de outras fontes de energia para substi-
tuir o petrleo, do menor custo de produo de etanol
do mundo, do aumento da frota de veculos flex-fuel
e do efeito do Protocolo de Kyoto como resultado
da preocupao mundial com a preservaoambiental e a consequente busca por alternativas
de energia renovvel.
Esse cenrio positivo vem gerando interesse glo-
bal sobre o bem-sucedido programa brasileiro do
lcool combustvel e seu potencial para atender a
uma parte da demanda mundial, que passaria a us-
lo em substit uio ao petrleo. A alternativa refletiu
em substancial aumento da produo brasileira de
cana-de-acar nos ltimos anos, com 12% de in-cremento da rea plantada em 2007 e perspectiva
de elevao desse nvel nas prximas dcadas.
No Brasil, a produo est concentrada na
Regio Sudeste, responsvel por
aproximadamente 70% da produo nacional.
O Nordeste, tradicional produtor, responde por
12% , enquanto o Centro- Oeste, considerado uma
regio de avano da cultura, representa 10%
Brasil o maior
produtor mundial de
acar e o segundo
maior de etanol
O Programa Nacional do lcool, ou Prolcool,
foi criado em 14 de novembro de 1975 pelo
Decreto n 76.593, com o objetivo de estimular
a produo de etanol, para atender s necessi-dades do mercado interno e externo e polti-
ca de combustveis automotivos. Trinta anos de-
pois do incio do Prolcool, o Brasil vive uma
nova expanso dos canaviais com o propsito
de oferecer, em grande escala, o combustvel
alternativo. Neste contexto, variedades trans-
gnicas de cana com maior produtivi-
dade possibilitaro o aumento da pro-
duo de acar e etanol, sem a ne-
cessidade do avano da cultura em ou-tras reas agrcolas. A nova escalada
no um movimento comandado pelo
governo, como a ocorrida no fim da d-
cada de 70, quando o Brasil encontrou
no etanol a soluo para enfrentar o
aumento abrupto dos preos do petr-
leo que importava. A corrida para am-
pliar unidades e construir novas usinas
movida por decises da iniciativa privada, con-
victa de que o etanol ter, a partir de agora, umpapel cada vez mais importante como combus-
tvel, no Brasil e no mundo.
Programa Nacional do lcool
Produo da cana-de-acar nas diferentes regies do Brasil
(em mil ha)
Norte
20 21
Nordeste
1.123 1.138
Centro-Oeste
605 699
Sudeste
3.9284.165
Sul
487 598
Safra 06/07
Safra 07/08
Fonte: Conab.
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Mitos e fatos
verdade que a cana-de-acar degenera o solo?
No, no verdade. Tal mito no tem nenhum embasamento
tcnico ou cientfico. Antes de tudo, bom que se esclarea que
qualquer atividade agrcola degrada o solo se as tcnicas agron-
micas corretas no forem aplicadas. Entre as principais culturas
agrcolas, a cana a que apresenta uma das mais baixas taxas de
deteriorao do solo, prxima do milho.
Graas s suas caractersticas botnicas, a cana uma planta
que tem alto poder de conservao do solo por possuir um siste-
ma radicular em cabeleira, bastante profundo, propicia a forma-
o de um emaranhado de razes no solo que auxilia a penetrao
e a disperso da gua das chuvas, assim como a agregao dosolo. Esse conjunto de fatores diminui a eroso, a grande respon-
svel pela degenerao das reas plantadas.
Principais questes sobre a produo de cana
Alm disso, utilizam-se as melhores prticas de controle da ero-
so exatamente no cultivo da cana. Tanto que as lavouras so
permanentes em um determinado local, isto , uma vez instaladauma usina, ela ali fica por sculos, ao contrrio de algumas cultu-
ras anuais, que so itinerantes justamente por degradarem o solo
aps alguns anos de cultivo.
O aumento do cultivo da cana-de-acar no mundo,
e especialmente no Brasil, no diminuir a rea
destinada plantao de alimentos?
No. Todos os estudos, tanto de rgos oficiais quanto de em-
presas, mostram que a cana no compete com a produo de
alimentos. Tomem-se, como exemplo, os dados de projeo para asafra 2018/2019 do Brasil. At l, de acordo com o Ministrio da
Agricultura, Pecuria e Abastecimento, a cana se expandir para
13 milhes de hectares, enquanto os gros (milho, soja, trigo, ar-
roz e feijo), ocuparo 54,55 milhes de hectares. As pastagens, a
seu turno, passaro dos atuais 172 milhes para 162 milhes de
hectares.
Para compensar as reas de pastagens perdidas, a pecuria est
melhorando sua eficincia tcnica, ou seja, aprimorando o cultivo
de pastagens para abrigar maior nmero de cabeas de gado porrea. Em termos mundiais, a expanso da cana se dar em poucas
regies, devido s condies climticas. Apenas a Amrica do Sul
e a frica podem obter significativa ampliao do plantio. Nesses
continentes, convm mencionar que tambm a eficincia agron-
mica dever ser melhorada para se produzir tanto gros como
carne.
Alm do mais, como j foi dito, com o uso da biotecnologia
possvel aumentar a produo na mesma rea hoje destinada
cana.
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Mitos e fatos
CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS
O cultivo de cana na Amaznia pode
aumentar a devastao da floresta?
Segundo levantamento da Companhia Brasi-leira de Abastecimento (Conab), a rea de cana
cultivada no Amazonas e no Par de 15 mil
hectares, o que representa apenas 0,05% do
total de rea desses dois Estados somados.
Como a legislao brasileira no permite no-
vos cultivos da planta nesses Estados e a gran-
de expanso da cana ocorre nas Regies Cen-
tro-Oeste, Sudeste e Sul ou nos Estados de
Tocantins e Maranho, em local distante da Flo-
resta Amaznica , no correta a afirmaode que a cana aumentar a devastao da
Amaznia (vide mapa).
Vale ressaltar que as condies do solo e do
clima na regio amaznica no so propcias
para o plantio da cultura da cana.
A aplicao da biotecnologia na cana poder
aumentar a produtividade do cultivo numa
mesma rea, o que permitir reduzir a presso
pela expanso das fronteiras do cultivo.
A queima da cana uma ao certamente
menos poluente que a queima de combus-
tvel fssil pela frota de automveis do Pas.
Estudos mostram que um hectare queima-
do de cana libera o equivalente a menos
de uma tonelada de CO2, enquanto a
fotossntese efetuada pela prpria cana
durante todo o seu ciclo de crescimentoretira 15 toneladas do gs do meio ambi-
ente, o que d um balano altamente posi-
tivo. Ainda assim, todo o esforo est sen-
do feito para a eliminao dessa prtica.
Gradualmente, o setor sucroalcooleiro, em
consonncia com as legislaes ambientais,
vem trabalhando nesse sentido. A Unica,
representando a indstria paulista produ-
tora de acar, etanol e bioeletricidade, e o
A cana e a natureza
Pantanal
Floresta Amaznica
Cana-de-acar
Mata Atlntica
Governo do Estado de So Paulo, assina-
ram, no dia 4 de junho de 2007, o Protoco-
lo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro.
Esse protocolo, de adeso voluntria, esta-
beleceu uma srie de princpios e diretivas
tcnicas, de natureza ambiental, a serem
observadas pelas indstrias da cana-de-
acar. O acordo prev que, em 2010, 70%
da cana seja colhida sem queima, at che-
gar a 100% em 2014. Com a iniciativa, mais
de 20% da rea colhida no Estado de So
Paulo na safra de 2008 j passou por pro-
cessos que no envolvem a queima.
A queima da cana no uma ao altamente poluidora?
FONTE: MPE-Unicamp, IBGE e CTC.
rea mecanizvel onde no se pode efetuar a queima da cana-de-acar
Ano Porcentagem de eliminao
2010 70% da queima eliminada
2014 Eliminao total da queima
rea no mecanizvel, declividade superior a 12% e/ou com queima menor que 150 ha
2010 30% da queima eliminada
2017 Eliminao total da queima
Cronograma de eliminao da queima da cana-de-acarno Estado de So Paulo, segundo o Protocolo Agroambiental
Fonte: Protocolo Agroambiental, 200 7.
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O mercado comprador dos
produtos gerados pela cana pode ser
resistente ao produto transgnico?
Dificilmente teramos um mercado de
etanol combustvel com resistncia ao pro-
duto transgnico. No h justificativas
ambientais nem econmicas que sustentem
uma posio contrria produo de cana
transgnica para tal fim.
Em relao ao acar, tanto aquele origi-
nado de planta convencional quanto o pro-
veniente de plantas transgnicas vo apre-
sentar composio idntica, uma vez que oprocesso industrial degrada a protena, at
mesmo a que diferencia a planta transg-
nica da no transgnica. Vale lembrar que
assim como os outros produtos genetica-
mente modificados, a cana transgnica s
contar com aprovao para comerciali-
zao aps preencher os requisitos de se-
gurana ambiental e alimentar da Comis-
so Tcnica Nacional de Biossegurana
(CTNBio).
Quais as vantagens
da cana transgnica?
A aplicao da engenharia gentica nas
culturas pelo menos nos produtos de pri-
meira gerao tem o objetivo de buscar
um aumento da produtividade, direta ou
indiretamente, que proporcione incremen-
to na renda de toda a cadeia, a comearpelo produtor.
Vantagens especficas da cana transg-
nica dependem da caracterstica incorpo-
rada geneticamente planta. Por exemplo,
um gene que confere resistncia broca
da cana-de-acar e a outras lagartas ofe-
recer ao produtor uma planta com menor
necessidade de medidas de controle des-
sas pragas, sejam biolgicas, sejam qumi-
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Mitos e fatos
CANA-DE-ACAR AVANO CIENTFICO BENEFICIA O PAS
A cana e o etanol
cas, o que, por consequncia, trar um
ganho monetrio muito significativo, alm
de benefcios ambientais muito grandes.
Uma cana com maior teor de acar per-
mitir a produo de maior quantidade de
acar e etanol nas mesmas reas em que,tradicionalmente, a cultura plantada.
J uma cana tolerante seca poderia ser
plantada em reas de restrio hdrica, pos-
sibilitando o uso de locais hoje marginali-
zados. Ao mesmo tempo, permitiria melhor
aproveitamento da gua nas regies em
que plantada atualmente.
Quais os perigos da polinizao(cruzamento) de cana transgnica
para a convencional?
Nas condies de cult ivo da cana no Bra-
sil, a polinizao natural rarssima, em ra-
zo da inexistncia de condies climti-
cas favorveis para tanto. Mais importante
do que a possibilidade de polinizao a
de produo de sementes e, depois, de sua
germinao para o desenvolvimento de
uma nova planta. Isso porque a cana ge-rada pela multiplicao das gemas dos
colmos, e no das sementes (que so origi-
nadas do plen). Contudo, mesmo nesses
casos, as condies climticas so al tamen-
te desfavorveis.
Tambm em tais casos as condies cli-
mticas so altamente desfavorveis. Tan-
to que no existem relatos de que uma
nova variedade de cana tenha sido encon-
trada no campo como resultado desse pro-
cesso. Ademais, os produtores procuram
evitar o florescimento da planta, pois, quan-
do isso ocorre, o teor de acar na cana
ndice que serve de referncia para a remu-
nerao do agricultor cai.
A cana natural do Brasil?
No, a cana uma planta extica oriun-
da de outra regio do planeta, assim como
outras importantes culturas para o setor
agrcola brasileiro, a exemplo do milho, da
laranja e do arroz. A planta vem do Sudes-
te Asitico e foi introduzida no Pas pelos
portugueses, algum tempo aps o desco-
brimento, da mesma forma como ocorreu
em todo o continente americano e em mui-tos outros pases tropicais.
O crescimento da produo de etanol
no tem sido exagerado?
No, at porque todo produto s pro-
duzido se existe demanda. Assim tem sido
com o etanol, em razo da demanda inter-
na. A fabricao dos carros flex-fuel foi, sem
dvida, um grande avano, beneficiando os
usurios, que, democraticamente, podem
escolher o combustvel que mais convm
economicamente. Quanto mais etanol for
produzido, mais barato ele ficar para o
consumidor e, consequentemente, maior
ser sua vantagem em relao gasolina.
Tanto que, no ano de 2008, a venda de
etanol j suplantou em volume a de gaso-
lina.
O etanol polui menos
do que a gasolina?
Sem dvida. A gasolina uma das gran-
des contribuidoras para o aumento dos ga-
ses de efeito estufa porque libera na at-
mosfera o carbono que estava armazena-
do no subsolo. Um estudo realizado em
2009 pela Embrapa Agrobiologia mostrou
que a substituio de gasolina por etanolreduz em 73% as emisses de CO
2. que
cada hectare de cana diminui em 12 tone-
ladas o volume de CO2 na atmosfera.
Isso sem considerar todas as vantagens
ambientais adicionais do uso do bagao na
gerao de energia eltrica. Hoje, com o
grande boom que houve no consumo de
etanol devido introduo dos carros flex,
o benefcio certamente muito maior.
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A cultura da cana-de-acar traz van-
tagens para o meio ambiente?
Sim, e por diversas razes. Uma delas que as pesquisas realizadas sobre a emis-
so de gases de efeito estufa (GEE) indi-
cam que o volume de carbono sequestrado
da atmosfera e incorporado ao solo pelo
sistema radicular da cana da ordem de 3
a 5 toneladas de carbono por hectare ao
ano.
Alm disso, a substituio paulatina de
uma atividade (queima de combustveis
fsseis) por outra menos poluente (amplia-o de cultivo de cana-de-acar e uso de
etanol como combustvel) gera um cenrio
ambientalmente mais atrativo, o que resul-
ta na reduo do efeito estufa.
Como j explicado anteriormente, o
etanol muito menos poluidor do que a
gasolina. Alm disso, o produto provenien-
te da cana-de-acar ambientalmente
melhor do que o etanol produzido, por
exemplo, com base no milho. A maior van-
tagem ambiental da cana-de-acar em
relao ao milho ocorre pelo balano
energtico das duas culturas, o qual
corresponde razo entre a energia libera-
da pela queima do etanol e a energia ne-
cessria para produzi-lo. Ou seja, para fa-
bricar etanol proveniente do milho ne-
cessrio gastar muito mais energia, at
mesmo energia fssil poluidora do ambi-
ente, do que para produzir etanol com o
uso da cana-de-acar. Portanto, a contri-buio do etanol de cana no combate ao
efeito estufa muito superior opo de
milho. Esse resultado ambiental positivo
amplamente conhecido, o que garantiu vi-
sibilidade internacional ao programa de
etanol brasileiro.
O acar e o etanol obtidos
de cana-de-acar transgnica
oferecem perigo? No. O acar e o etanol de cana trans-
gnica so idnticos aos produtos proveni-
entes da cana convencional. Tanto o a-
car quanto o etanol so substncias puras
e, portanto, independentemente da sua ori-
gem, apresentaro as mesmas caractersti-
cas fsico-qumicas, os mesmos riscos e os
mesmos benefcios. Por exemplo, o acar
que utilizamos no dia a dia uma impor-
tante fonte de energia, mas se sabe queseu uso em excesso est relacionado a pro-
blemas de sade. Esses riscos, assim como
os benefcios, so inerentes ao acar, in-
dependentemente dele ter sido originado
de cana-de-acar transgnica ou da con-
vencional. Ou seja: no h nenhum risco
adicional em consumir acar ou utilizar
etanol obtido de cana transgnica.
Alm do fato de o acar e o etanol ex-
trados de cana transgnica serem to se-
guros quantos os j existentes, as varieda-
des de cana transgnica em si tambm s
sero liberadas aps a comprovao cien-
tfica dessa segurana. Todas as variedadestransgnicas, antes de serem autorizadas
para comercializao, passam por rgidos
testes de avaliao de segurana, que se-
guem padres internacionais. Somente
aps a comprovao da segurana alimen-
tar e ambiental que a nova variedade re-
cebe a autorizao para ser comercializada.
importante ressaltar que as principais so-
ciedades cientficas do mundo declaram que
os transgnicos j comercializados hoje emdia so to seguros quanto seus equiva-
lentes convencionais. Esse o entendimen-
to de renomadas instituies cientficas, tais
como a OMS, a FAO, a Academia de Cinci-
as do Brasil, do Mxico, do Terceiro Mundo
e dos Estados Unidos, entre outras
(Consensus Document, 2004; FAO, 2004;
ICSU, 2003; The National Academy of
Sciences, 2000; WHO, 2002).
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Agncia Internacional de Energia (IEA)http://www.iea.org
Agncia Nacional de Energia Eltrica (Aneel)www.aneel.gov.br
Agncia Nacional do Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis (ANP)http://www.anp.gov.br
Biocombwww.biocomb.com.br
Centro Nacional de Referncia em Biomassahttp://cenbio.iee.usp.br
Centro de Tecnologia Canavieira (CTC)www.ctc.com.br
Centro de Estudos Avanados em Economia Aplicada (Cepea)www.cepea.esalq.usp.br
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)www.conab.gov.br
Conselho de Informaes sobre Biotecnologia (CIB)www.cib.org.br
Embrapawww.embrapa.br
Embrapa Agrobiologia
www.cnpab.embrapa.brEmpresa de Pesquisa Energticawww.epe.gov.br
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP)www.esalq.usp.br
Etanol Verdewww.etanolverde.com.br
Food and Agriculture Organization (FAO)www.fao.org
Genoma da Cana (Fapesp)http://sucest.lad.dcc.unicamp.br/en
Inovao Unicamp Etanolwww.inovacao.unicamp.br/etanol
Instituto Agronmico de Campinas (IAC)www.iac.sp.gov.br
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE)www.ibge.gov.br
Instituto de Economia Agrcolawww.iea.sp.gov.br
Ministrio da Agricultura (Mapa)www.agricultura.gov.br
Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT)www.mct.gov.br
Ministrio das Minas e Energia (MME)www.mme.gov.br
Nacional Academy of Scienceswww.nasonline.org
Ncleo de Biotecnologia da Univ. Federal do Esprito Santo (Ufes)www.prppg.ufes.br/biotecnologia
Organizao dos Plantadores de Cana da Regio Centro-Sul do Brasil(Orplana)www.orplana.com.br
Programa Etanol Verdewww.ambiente.sp.gov.br/etanolverde
Rede Interuniversitria para Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleirowww.ridesa.com.br
Unio da Indstria de Cana-de-Acar (Unica)www.unica.com.br
Unio dos Produtores de Bioenergiawww.udop.com.br
Unesp Universidade Estadual Paulistawww.unesp.br
Unesp Jaboticabalwww.fcav.unesp.br
Universidade de Campinas (Unicamp)
www.unicamp.brWHO World Health Organizationwww.who.int
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