Há Problema Em Orar No Monte?

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Há Problema em Orar no Monte? Acredito que não há problema algum em alguém orar no monte, no banheiro, no carro, na laje, no alto de um prédio, em um navio, em um helicóptero ou, até mesmo, embaixo d'água. É óbvio que só considero tal prática saudável desde que o indivíduo não atribua a qualquer um desses lugares um poder ou energia especial, de modo que chegue à conclusão de que se orar lá, certamente, terá suas súplicas atendidas. O grande problema é que, a maioria dos frequentadores dos famosos cultos dos montes crê que ir a esses lugares lhes proporciona maior santidade, maior poder e lhes confere muito mais bênçãos. Só que a Bíblia não fala nada a esse respeito. Jesus nunca atribuiu poder a lugares. Isto fica claro em João 4.21, quando o Senhor assevera que o importante não é o lugar, mas sim o Deus ao qual servimos. O próprio Jesus orou nas sinagogas, no templo, na rua e, em dado, momento nos orienta a orarmos no quarto, afirmando que Deus dará ouvidos a essa oração (Mt 6.6). Mas por que será que há tanta ênfase no monte? Acerca disso, cabe salientar que desde os primórdios da humanidade há pessoas cultuando em lugares altos. O motivo para tal prática é o mais óbvio: tais locais estão mais próximos do céu. Mais do que qualquer outro local, o céu, ao longo da História das Religiões, foi extremamente divinizado e sacralizado. Isto porque, naturalmente, expressa características que os primitivos associavam às divindades. Primeiro: o céu é luminoso - a luminosidade sempre foi característica das diversas divindades; segundo: o céu é altíssimo, inalcançável (pelo menos para o homem da antiguidade); terceiro: o céu está em todo lugar, nada lhe escapa (uma espécie de onisciência e onipresença); quarto: o céu, vez ou outra, mostra seu poder através de raios, trovões, meteoritos, etc. Tudo isso sempre fascinou o homem primitivo. Por isso, buscava-se a máxima aproximação do céu (vide a Torre de Babel). É justamente por conta disso que os primitivos de hoje continuam sendo fascinados por esse tipo de prática. Não sei como ainda não apareceu no meio evangélico o culto do carvalho, pois, como falei, os primitivos exaltavam o céu, sendo assim, tudo que era tocado pelo céu tornava-se objeto de adoração ou um local de culto. O carvalho era uma

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Texto pastoral que critica a prática evangélica de orar nos montes.

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Há Problema em Orar no Monte?

Acredito que não há problema algum em alguém orar no monte, no banheiro, no carro, na laje, no alto de um prédio, em um navio, em um helicóptero ou, até mesmo, embaixo d'água. É óbvio que só considero tal prática saudável desde que o indivíduo não atribua a qualquer um desses lugares um poder ou energia especial, de modo que chegue à conclusão de que se orar lá, certamente, terá suas súplicas atendidas.

O grande problema é que, a maioria dos frequentadores dos famosos cultos dos montes crê que ir a esses lugares lhes proporciona maior santidade, maior poder e lhes confere muito mais bênçãos. Só que a Bíblia não fala nada a esse respeito. Jesus nunca atribuiu poder a lugares. Isto fica claro em João 4.21, quando o Senhor assevera que o importante não é o lugar, mas sim o Deus ao qual servimos. O próprio Jesus orou nas sinagogas, no templo, na rua e, em dado, momento nos orienta a orarmos no quarto, afirmando que Deus dará ouvidos a essa oração (Mt 6.6).

Mas por que será que há tanta ênfase no monte? Acerca disso, cabe salientar que desde os primórdios da humanidade há pessoas cultuando em lugares altos. O motivo para tal prática é o mais óbvio: tais locais estão mais próximos do céu. Mais do que qualquer outro local, o céu, ao longo da História das Religiões, foi extremamente divinizado e sacralizado. Isto porque, naturalmente, expressa características que os primitivos associavam às divindades. Primeiro: o céu é luminoso - a luminosidade sempre foi característica das diversas divindades; segundo: o céu é altíssimo, inalcançável (pelo menos para o homem da antiguidade); terceiro: o céu está em todo lugar, nada lhe escapa (uma espécie de onisciência e onipresença); quarto: o céu, vez ou outra, mostra seu poder através de raios, trovões, meteoritos, etc.

Tudo isso sempre fascinou o homem primitivo. Por isso, buscava-se a máxima aproximação do céu (vide a Torre de Babel). É justamente por conta disso que os primitivos de hoje continuam sendo fascinados por esse tipo de prática. Não sei como ainda não apareceu no meio evangélico o culto do carvalho, pois, como falei, os primitivos exaltavam o céu, sendo assim, tudo que era tocado pelo céu tornava-se objeto de adoração ou um local de culto. O carvalho era uma árvore frequentemente atingida por raios. Por isso, na Antiguidade, o culto associado ao carvalho era muito comum. Isto pode ser encontrado até mesmo na Bíblia, no livro do Gênesis. Porquanto, Abraão, embora tenha optado por seguir Yahweh, era originário de um contexto pagão (Js 24.2), no qual associava-se o carvalho à presença de alguma divindade. Por conta disso, assim que Deus o chama, prontamente ele procura o carvalho (Gn 12.6), visto que era lá que as "divindades" se manifestavam. Pensando assim, ele foi morar nos carvalhais de Manre (Gn 13.18). Já pensou se essa moda pega?