Hamburgo - A Jerusalm Do Norte

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Hamburgo - A Jerusalm do Norte"Nao portuguesa", "gente da nao" ou "homens de nao" era assim que os mercadores judaico-portugueses fugidos da Inquisio e da perseguio racista se designavam a si mesmos. Estes mercadores que se estabeleceram nas costas atlntica e mediterrnea, nos sculos XVI e XVII, trouxeram consigo a lngua, a literatura e as Hamburgo em chamas: tradies portuguesas; mas tambm o orgulho a sinagoga portuguesa foi destruda em fidalgo e os valores gastro-nmicos de 5 de Maio de 1842. Portugal. A maior parte destas famlias era cosmopolita e tinha parentes instalados em todos os grandes centros urbanos, que se correspondiam na mesma lngua e viviam numa grande "network" familiar. Por isso, ir de Amesterdo para Hamburgo, ou de Hamburgo para Livorno era algo que essas pessoas faziam sem sentir uma grande expatriao. A "nao" dos portugueses des-terrados significava uma comunidade e possua o conceito de "corpo eclesistico". A grande sada dos judeus de Portugal deu-se depois de Em 1937 Frank Luria foi eleito membro da instalada a Inquisio, ou seja, a partir de 1536. direco da Comunidade JudaicoContudo, pode-mos considerar que 1580 foi o Portuguesa. ano do incio real da grande emigrao para o norte da Europa. Dos 5000 portugueses desterrados fixaram-se, durante o sculo XVII, em Hamburgo, cerca de 1.200. Muitos destes portugueses j antes se tin-ham instalado no Brazil, no norte de frica, em Itlia (Veneza e Ferrara) e nos Balcs (Salnica e Emirna). Aos judeus portugueses desterrados, juntaram-se os judeus espanhis que abandonaram a sua ptria depois de terem sido expulsos em 1492. A prspera comunidade judaica de Hamburgo tornou-se posto avanado do sistema comercial Leo com as tabuas dos dez da nao portuguesa. A sua importncia mandamentos (1736), cemitrio assentava num comrcio florescente com portugus na Knigstrae. Portugal, Espanha e ndias Espanholas, Curaau, Surinam e as Carabas. As relaes comerciais estendiam-se ainda a Veneza, Bordus e Bayonne, mas tambm com os portos Blticos tais como Danzig, e ao interior da Alemanha. O apogeu deste sistema comercial verificou-se entre 1660 e 1780.

Festa de Pesah: iluminura de Josef Ben David Leipnik Altona, 1738.

Peitoral (placa decorativa de prata), encomendado pela comunidade portuguesa de Hamburgo, executido pelo ouri ves de perata Tobias Folsch (finais do sculo XVII).

medida que a perseguio activa e a emigrao de Portugal termina-ram, as comunidades judaico-portugueses foram-se integrando e fixando nos pases de emigrao. No entanto, estas comunidades no se dedicavam exclusivamente ao comrcio. Havia tambm muitos mdicos (a Medicina judaicoislmica era famosa na Pennsula Ibrica, naquela altura), poetas, literatos importantes, fillo-gos, rabinos, cantores e sbios. a estes intelectuais da lngua e da cultura que Hamburgo deve o florescimento dos estudos portugueses na Alemanha. Actualmente, existem cerca de cinco milhes de portugueses espalhados por todo o mundo. Entre estes, ainda possvel encontrar algumas comunidades judaico-portuguesas, tal como em Amesterdo, Londres ou Nova Iorque. Na cidade hansetica de Hamburgo, a histria de quatro sculos da presena de judeus portugueses terminou com o holocausto. E quem, hoje, procurar os testemunhos visveis da presena judaica-portuguesa em Hamburgo, vai encontrar apenas os trs cemitrios portugueses, que so, em muitos aspectos, um espelho fiel da sua presena nesta cidade. Michael Studemund-Halvy

Pedra decorativa da Sinagoga "Neve Salom" de Altona, demolida em 1940.

Hamburgo torna-se judeu e portugus(Zur Vergrerung auf das Bild klicken)

Entre 1580 e 1600, cerca de 5000 judeus portugueses (sefarditas) emigram para os quatro cantos do mundo. Cerca de 250 radicam-se no Norte da Alemanha, especialmente em Hamburgo. Trazem a lngua e a cultura portuguesas e desempenham um papel importante no comrcio internacional e na vida econmica e financeira desta regio. Com a imigrao de judeus sefarditas vindos do Imprio Otomano, do Norte de frica, do Novo Mundo e, nomeadamente, de Amesterdo, Hamburgo transformou-se rapidamente na "Jerusalm do Norte". Sefardische Juden in Hamburg und Altona: Judeus sefarditas em Hamburgo e Altona: 1600 150 1640 600 1652 1.250 1700 450 1800 375 1900 275 1933 250 1938 85

A idade de ouro ...(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Depois da conquista da Pennsula Ibrica (711) pelos rabes, inicia-se para os judeus portugueses e espanhis a chamada "Idade de Ouro". Eles formam a comunidade judaica mais poderosa, rica, cultural e politicamente influente no Velho Mundo. Os judeus so conselheiros de reis e prncipes em questes polticas e econmicas. Em Espanha nascem a mstica judaica, os estudos de poesia e a gramtica hebraica.Comunidades Judaicas na Pennsula Ibrica antes da expulso e do baptismo forado.

A ltima escola de iluminuras hebraicas na Pennsula Ibrica situava-se em Lisboa no final do sculo XV: Pgina da Bblia de Lisboa de 1482.

Monumento ao filsofo Moses Maimonides (1135-1204) em Crdoba.

... e o seu fim sangrento(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Relato contemporneo do pogrom sangrento de 1507 em Lisboa.

Depois da vitria sobre os mouros (1492), os Reis Catlicos Fernando e Isabel de Castela expulsam os judeus de Espanha. Mais de 100.000 sefarditas fogem em direco ao Norte de frica e ao Imprio Otomano, onde estabeleceram novas comunidades. Cerca de 10.000 judeus espanhis vo para Portugal. Cinco anos mais tarde so forados, juntamente com os judeus portugueses a converterem-se. Passaram a ser chamados "cristos-novos". No espao de uma gerao ascendem aristocracia e ao clero portugueses.

O rei portugus D. Manuel I ordena a converso forada dos judeus e proibe-os de emigrar. Gravura a buril, sculo XVII.

O decreto da converso geral ordenada por D. Manuel I em 1497.

1537: Entre a fogueira e o Baptismo(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Devido sua origem judia, milhares de pessoas morrem queimadas nos Autosda f, encenados teatralmente.

A Inquisio Portuguesa, introduzida em 1537, persegue, segundo critrios racistas, os judeus convertidos ao cristianismo. Livros hebraicos so queimados publicamente, sermes impressos apelam participao dos crentes na perseguio aos judeus e denncia dos seus vizinhos Inquisio. Procurando fugir ao terror da Igreja, muitos cristos-novos, nas regies fronteirias, procuram manter a sua fidelidade f judaica enquanto Marranos (criptojudeus). Quem pode abandonar Portugal f-lo em direco a Anturpia, Ferrara, Veneza ou Salnica.

Amrica, terra de esperana(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Portugueses e espanhis conquistam, no sculo XVI, o mundo desde a sia Amrica do Sul. Judeus e cristos-novos desempenharam um papel significativo nas grandes viagens dos descobrimentos e na colonizao: foram cartgrafos, marinheiros, comerciantes, tradutores, agricultores, fazendeiros, mas tambm colectores de impostos e negreiros.

Acompanhando os conquistadores ingleses, chegaram Jamaica os primeiros portugueses: sinagoga de Kingston (1750).

A Sinagoga de Amesterdo serviu de modelo sinagoga de Touro em Newport (1763)

Maqueta da sinagoga de Curaau (1732).

O interior da sinagoga "Neve Salom" em Paramaribo (Suriname) apresenta a particularidade especial de ter o cho em areia (1737).

Sob a meia-lua(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Os judeus recm-chegados da Pennsula Ibrica vieram reforar antigas estruturas comerciais e culturais no mundo islmico. Jerusalm, Edirne, Salnica, Izmir e Istambul transformam-se em centros de sabedoria judaica. Por toda a parte fundam-se tipografias hebraicas. Mdicos e banqueiros judeus aconselham sultes e vesires. Depois do desmoronar do Imprio Otomano inicia-se o J no sculo XVII vivem judeus regresso dos judeus "turcos" em direco ao marroquinos em Hamburgo: Ocidente, nomeadamente para Frana e para rabino Benjamin Cohen de Meknes e o seu neto, o Dr. Benjamin Cohen, nascido os Estados Unidos da Amrica. Depois de 1914 numerosos judeus turcos radicam-se em Berlim em Altona em 1895. e Hamburgo.

Perspectiva de Tiberades e do lago Genezaret. O diplomata judeu Jos Nassi (c. 1524-1579) obtivra dos turcos uma vasta concesso para ali instalar colonos judeus.

Tipos de judeus do Imprio Otomano. Os judeus eram facilmente reconhecidos atravs do seu vesturio.

Oraes para as vtimas da inquisio(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Os judeus ibricos recordam, at aos nossos dias, os seus irmos torturados nas masmorras da Inquisio e queimados nas fogueiras. Oraes especiais, cantos de comovida tristeza e lamentaes, assim como livros de lembrana, recordam a coragem e a fidelidade dos mrtires que sofreram aos milhares a morte pelo fogo na "terra da idolatria".

Em 1687 publicado em Amesterdo o livro Mea Berachot, com uma orao pronunciada nas sinagogas pelas almas dos que foram queimados na fogueira. O texto foi impresso em hebraico, com uma traduo em espanhol

Um desconhecido portugus de Hamburgo dedica um soneto memria do mrtir Isaac de Castro Tartas, queimado na fogueira em 23 de Dezembro de 1645 em Lisboa.

Paul de Pina torna-se Reuel Jessurun(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Depois da anexao de Portugal por Espanha (1580) numerosos cristos-nosvos deixam Portugal para se exilar nas cidades protestantes do Norte da Europa, onde aderem abertamente ao judasmo. Apesar de algumas restries conseguem, graas sua formao cultural, aos conhecimentos de lnguas e nomeadamente s suas relaes internacionais, uma rpida ascenso econmica. Atravs dos judeus sefarditas, os protestantes de Hamburgo, cidade anti-catlica e anti-judaica, conhecem pela primeira vez o mundo judeu.Festa de Sukkot na sinagoga Portuguesa de Amesterdo, registada numa gravura de Bernard Picart (1724).

Paul de Pina regressa ao judasmo duranta a sua pere-grinao a Roma. Sob o nome de Reuel Jessurun torna-se membro da comunidade portuguesa de Hamburgo, onde morre em 1634.

Pedra tumular do famoso mdico Eliau Montalto que, presumivelmente, contribuiu para a reconverso de Paul de Pina ao judasmo. Cemitrio portugus de Ouderkerk (1616).

Em 1624 apresentado o "Dilogo dos Montes" de Reuel Jessurun, na sinagoga portuguesa de Amesterdo.

Betahaim - Casa da vida(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Em 1625 viveram cerca de 1.200 portugueses em Hamburgo. Inicialmente, enterravam os seus mortos em Altona e nos cemitrios dos luteranos em Hamburgo. Em 1611 compraram um grande terreno na Knigstrae, em Altona, para um cemitrio, ao qual se realizaram cerca de 2500 funerais at ao encerramento do mesmo em 1869. Devido sua excepcional arte sepulcral, o O cemitrio portugus na Knigstrasse cemitrio judaico mais antigo de Hamburgo o cemitrio judaico mais antigo de um dos mais importantes testeHamburgo (1611-1869). munhos da histria e da cultura. judaicas nesta cidade.

As sepulturas com cenas do Velho Testamento evocam amide o nome do defunto: "Rahel com as ovelhas" ou "O sonho de Jacob com a escadote do cu".

Enterro no cemitrio portugus de Ouderkerk (Amesterdo). Gravura de Bernard Picart (1723).

vontade em trs lnguas ...(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Os imigrantes judeus cultos e poliglotas influenciam durante muito tempo a cultura hamburguesa. O portugus a lngua quotidiana entre os membros da comunidade; em lngua espanhola so publicadas obras poticas e cientficas; o hebraico a lngua da liturgia e dos textos religiosos. At meados do sculo XIX o portugus fica a lngua de comunicao quotidiana de todos os portugueses em Hamburgo, Amesterdo e Curaau.

... mas oram em portugus(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Em Hamburgo no existe uma oficina sefardita, pelo que osportugueses importam os seus livros principalmente de Amesterdo, Izmir, Salnica e, mais tarde de Viena. Apesar de os seus rabinos e cantores serem originrios do Norte de frica e da Itlia ou, mais tarde, de Amesterdo, na esnoga (sinagoga) prega-se em lngua portuguesa. Os sermes de rabinos famosos so muitas vezes publicados.

Tmulo em forma de prisma assentando numa plataforma, decorado com inscries em duas lnguas nos lados mais largos e com smbolos da morte nos lados triangulares mais estreitos: Pedra tumular do rabino Abraham Cohen Pimentel (1697).

Com coches e escravos negros(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Os hamburgueses espantam-se quando assistem sada de homens e mulheres ricamente vestidos, a quem criados africanos abrem as portas dos coches parados em frente a luxuosas casas. Os portugueses, com sucesso no comrcio de produtos e de dinheiro, conduzem os seus negcios atravs de associaes familiares internacionais. Dominam o comrcio do acar, das especiarias e da prata, cooperam na fundao do Banco de Hamburgo e so corretores na Enquanto proibido aos judeus alemes Bolsa.comprarem imveis, os portugueses podem comprar casas. Pao luxuoso da famlia Curiel em Amesterdo. Gravura de Romeyn de Hooghe (Amesterdo, cerca de 1700).

Memento mori com um portugus e o seu escravo africano, assim como diversos textos sobre a morte. Desenho de Benjamin Senior Godines (Amesterdo 1681).

Os portugueses enobrecidos em Portugal e Espanha mostram orgulhosamente o seu braso nas pedras tumulares, amide decoradas faustosamente com cenas bblicas.

Todo o ouro do mundo(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Em 1608 Jacob Curiel compra esta preciosa bblia medieval ilustrada (Marrocos, sc. XVI).

Os grandes comerciantes portugueses, desempenhando funes na Bolsa, no mercado financeiro e nos seguros, so frequentemente diplomatas e agentes ao servio dos reis de Portugal e de Espanha. As famlias dos comerciantes Senior Teixeira e Curiel, radicadas em Hamburgo e Amesterdo, fazem de Hamburgo um dos mais poderosos centros econmicos para o comrcio com a Pennsula Ibrica, o Novo Mundo e o Bltico. Nas suasfaustosas casas, na cidade e no campo, recebem enviados das cortes europeias.

Tmulos de Abraham Senior Teixeira (1666) e de sua mulher, Sara (1693), cemitrio portugus na Knigstrae em Hamburgo.

Precioso contrato de casamento entre Isaac Senior Teixeira e Rahel de Mattos (Hamburgo 1648). Manto de orao com o braso da famlia Curiel.

Mdicos de comerciantes luteranos ...(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Rodrigo de Castro alis David Namias, autor de obras sobre a peste e as doenas das mulheres, um dos mdicos judeus mais famosos, a cujas consultas recorrem tambm cristos. Os luteranos acompanham, desconfiados, os bons contactos entre os portugueses cultos e os cristos. Quando o clero inicia uma campanha contra os mdicos portugueses, o clebre mdico Zacutus Lusitanus (1575-1642) exige a Benedictus (Baruch), filho de Rodrigo de Castro, que os defenda.

Os filhos de Rodrigo de Castro frequentam o Akademische Gymnasium (Liceu Acadmico), e os seus netos o liceu humanistico Johanneum.

Zacutus Lusitanus segundo uma gravura de Claude Audran le Vieux (1642).

A primeira mulher de Rodrigo de Castro enterrada segundo o ritual catlico no cemitrio da Igreja Maria Madalena, em 1602. Em 1628, os seus restos mortais so exumados e enterrados no cemitrio portugus na Knigstrasse.

... e cnsules de senhores catlicos(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Enquanto residentes reais, as poderosas famlias portuguesas de Hamburgo Teixeira, Curiel, Rosales e Mussaphia apoiavam ora o lado portugus, ora o lado espanhol. Atravs dos seus profundos conhecimentos sobre comrcio e empresas, sobre negcios de expedies, comisses e trocas, tinham Portugueses desempenham um papel conscincia do seu poder e procuravam utilizimportante como corretores da bolsa. A lo em favor da sua comunidade e dos seus Antiga Bolsa cerca de 1770. Litografia de irmos na f.Peter Suhr.

Depois da coroao do Duque de Bragana (1640), vrios judeus portugueses entram no servio do o rei D. Joo IV. Ilustrao de Antnio de Sousa Macedo (1645).

"Sinais do Amor". Poema nupcial de Jacob Teixeira e Sara Ximenes (Amesterdo 1748).

1619: Refgio real em Glckstadt(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

O rei dinamarqus Christian IV ofereceu, em 1619, aos comerciantes portugueses, no s liberdade de religio e de pagamento de impostos, mas tambm liberdade de comrcio no seu reino. Um ano mais tarde, emigram os primeiros portugueses de Hamburgo e Amesterdo para Glckstadt. No sc. XVIII inicia-se o declnio da comunidade de Glckstadt, que em 1860 passa a depender do rabinato dos judeus alemes de Altona.

O palcio real em Copenhaga para o ilustrador de livros Uri Feibusch Segal exemplo da "Jerusalm Celestial": Pgina da Haggada de Pesah, AltonaHamburgo 1739.

S o cemitrio judeu de Glckstadt recorda o esforo do rei dinamarqus de, com a ajuda dos portugueses, fazer concorrncia a Hamburgo.

Para o sbio judeu Yoseph Shlomo Delmedigo (1591-1655), Glckstadt nem era uma cidade, nem oferecia felicidade.

Um salmo para David(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Ferno lvaro Melo nasce em 1569 em Fronteira. Depois de ter sido vrias vezes acusado e preso pela Inquisio de vora, deixa Lisboa em 1613 e radica-se em Amesterdo, onde se converte ao judasmo. adoptando o nome de David Abenatar. Em 1617 financia a publicao de um livro de oraes para os dias de festa mais importantes. Em 1624 encontra-se em Glckstadt e em 1625 fixa-se em Hamburgo. Em 1626 publica em Frankfurt (Hamburgo?) a sua traduo dos salmos em espanhol.A representao do rei David com a Harpa decora frequentemente pedras tumulares e livros: Sepultura de David Namias, cemitrio portugus na Knigstrae (1702).

Braso da Inquisio no Pao Inquisitorial e antiga judiaria de vora.

Uma vida rica em livros: Semuel Abas(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Na bagagem do exlio, os portugueses transportaram as obras no s da literatura greco-latina, mas tambm da literatura contempornea espanhola, portuguesa, italiana e francesa, sendo alguns possuidores de centenas de livros. O sbio, tradutor e reconhecido dirigente da comunidade portuguesa de Hamburgo Semuel Abas deixa, em 1691, ano da sua morte, uma grande biblioteca com mais de 1.100 livros, leiloados em 1693.

O livro aberto sob uma coroa simboliza a sabedoria do defunto: pedra tumular de Semuel Abas, cemitrio portugus na Knigstrae (1691).

Rabinos venezianos ...(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Rabinos e cantores venezianos ajudam na construo da comunidade portuguesa de Hamburgo. Em questes importantes, o conselho do rabino Leone da Modena solicitado frequentemente. Devido sua f e a o seu assinalvel conhecimento, o veneziano Isaac Jessurun escolhido para ser rabino, em 1656, sendo o primeiro portugus a quem atribuida essa funo. Em 1663 publica em Hamburgo um livro sobre a providncia divina em lngua portuguesa.A Scuola Spagnola, sinagoga dos judeus espanhis e portugueses depois da renovao em 1894. Leone da Modena (1571-1648), um dos mais famosos rabinos do sc. XVII.

Ghetto Nuovo de Veneza: os 5.000 judeus vindos de Espanha e de Portugal, do Imprio Otomano e da Alemanha constroem sinagogas profusamente decoradas.

Sepultura piramidal de Isaac Jessurun (1665), cemitrio portugus na Knigstrae.

... e mulheres am Amesterdo(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Por proposta do comerciante hamburgus Jacob Coronel, vinte comerciantes portugueses de Amesterdo, Pernambuco, Florena e Hamburgo fundam a associao caritativa "Dotar", seguindo o modelo catlico, com o objectivo de apoiar exclusivamente casamentos entre portugueses e de dotar rfs e donzelas pobres, para assim reforar as relaes familiares e econmicas.

Contrato de casamento de Semuel Senior de Mattos e Rahel Senior de Mattos (Hamburg 1690). Tinta, aguarela e tempera sobre pergaminho.

A grande sinagoga de Amesterdo (1675), com os seus tijolos castanhoavermelhados, smbolo da prosperidade dos judeus portugueses, uma das sinagogas mais imponentes da Europa.

Lista das rfas e donzelas pobres, que se apresentam para a lotaria de dotes, em Amesterdo. A qualidade de scio na

herda-se de pai para filho.

Bom exemplo da riqueza das alfaias litrgicas: Bacia sacerdotal de ablues, em prata portuguesa (Portugal, c. 1580), propriedade do clebre cabalista Abraham Cohen de Herrera, que viveu em Hamburgo de 1616 a 1620.

Inquisio rabnica(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Os portugueses que fugiram da intolerncia e do dio racista na sua ptria, conhecem em Hamburgo a intolerncia dos seus rabinos. Estes no conheceram pessoalmente o exlio e mostraram-se pouco compreensveis em relao aqueles elementos da comunidade que recusavam a autoridade rabnica. Os filsofos Uriel da Costa (1590-1640) e Baruch Spinoza (1632-1677) foram as vtimas mais proeminentes da Inquisio rabnica.

Filsofos como Baruch Spinoza e Uriel da Costa recusam a ideia do povo eleito e desejam um judasmo no confessional. Gravura annima, c. 1680.

O mdico Semuel da Silva (1570-1631) um dos oposidores mais ferozes do filsofo Uriel da Costa.

Inquisio luterana(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Os luteranos acompanhavam com desconfiana a vida religiosa e social dos judeus. Vigiavam de forma mesquinha o cumprimento do contrato existente entre os portugueses e o senado. Provocavam regularmente do seu plpito os ouvintes cristos contra os judeus e impediam, atravs de peties, a construo de sinagogas e a compra de imveis.

No seu dio contra os judeus os luteranos de Hamburgo baseavam-se em Martinho Lutero. Pintura a leo de Lucas Cranach (1532).

O mdico e fillogo Benjamin Mussaphia (c. 1606-1674), genro de Semuel da Silva, teve que abandonar Hamburgo em 1649 por causa dos seus textos anticristos.

O rabino e fillogo David Cohen de Lara

um conceituado companheiro de discusso do telogo hamburgus Johannes Mller. Pedra tumular, cemitrio portugus na Knigstrae (1674).

O livro "Judasmo" do telogo hamburgus Johannes Mller uma imensa difamao da tradio judaica.

Saudades de Sio(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

"No prximo ano em Jerusalm" A Terra Santa ocupou sempre o centro do pensamento e da saudade judaica. Acreditando que a redeno estava para breve, assim como a chegada do "rei ungido", os judeus tinham o desejo de esperar pelo Messias na Terra Santa. Portugueses piedosos de Hamburgo, Reconstruo do templo de Salomo por Amesterdo e Veneza fundam organizaes de Jacob Jehuda Leon (1603-1675), beneficncia e financiam escolas e hospitais temporariamente rabino em Hamburgo em Jerusalm e Safed.(Middelburg, 1642).

Orao para a reconstruo do templo, Hamburgo c. 1750.

O modelo hamburgus do Templo de Salomo de Gerhard Schott (1692) no Museu da Cidade de Hamburgo.

Um messias feminino(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

O desejo de redeno aproxima judeus, catlicos e protestantes. Esperando a chegada do Messias, o padre jesuta portugus Antnio Vieira procura o dilogo com os portugueses de Amesterdo, e o rabino Menasse ben Israel estabelece o contacto com os cristos messinicos em Inglaterra. Os portugueses de Hamburgo concedem rainha Cristina da Sucia, hspede nas casas de Abraham e Isaac Senior, Jacob Curiel e Benedictus de Castro, as honras de um "messias feminino".

Pintura a leo da Rainha Cristina da Sucia pelo pintor da corte Sebastien Bourdon (1652-1654).

A pedra tumular suportada por anjos de Abraham Cohen Lobatto tem como objectivo, segundo uma perspectiva cabalstica, facilitar a ressureio dos mortos porque a pedra no se encontra sobre a terra. Cemitrio portugus na Knigstrae (1703).

Menasse ben Israel (1604-1657), rabino, impressor e intelectual, tal como foi desenhado pelo seu amigo Rembrandt van Rijn. Gravura, Amesterdo 1636.

1666: O movimento messinico(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

As notcias da chegada prxima do Messias espalharam-se na dispora marrana velocidade-relmpago. Em 1666, as comunidades portuguesas de Amesterdo e Hamburgo sofrem graves perturbaes quando cartas, jornais e folhetos, emissrios e viajantes relatam que na Terra Santa apareceu o Shabtai Zvi, "o rei ungido". Em poucos meses o movimento sabatasta transforma-se num movimento de massas.

O Gro-rabino Jacob Sasportas (16101698), nascido em Oro, grande opositor do movimento messinico, foi rabino em Londres, Livorno, Hamburgo e Amesterdo. Gravura colorida por P. van Gunst (Amesterdo, 1688).

Folhetos e relatrios de viajantes informam os portugueses de Hamburgo sobre a chegada do Shabtai Zvi, "o rei ungido".

O rabino e fillogo Mose Abudiente (1610-1688) publicou, em 1666, a coleco de sermes messinicos Fin de los Dias.

Os ternos cantores em Israel(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Muitos rabinos e cantores dos portugueses de Hamburgo e Altona so originrios de Amesterdo ou receberam l a sua formao. At dissoluo violenta da comunidade pelos nacional-socialistas em 1941, os portugueses cumprem o "Livro das Tradies", escrito em lngua portuguesa e hebraica pelo cantor Jacob Cohen Belinfante em 1753.

Em 1753 Jacob Cohen Belinfante termina o seu Livro das Tradies. O manuscrito encontra-se hoje em Jerusalm.

Benjamin Duque, cantor em Hamburgo de 1912 a 1922

Pedra tumular de Jacob Cohen Belinfante, cemitrio portugus na Knigstrae (1761).

1703: Portugueses em Altona(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Treze portugueses abandonam Hamburgo em litgio e fundam uma nova comunidade na cidade vizinha de Altona. Em 1771 conseguem finalmente, com a ajuda da comunidade portuguesa no estrangeiro, inaugurar a sua sinagoga. Depois da dissoluo da comunidade de Altona (1882), o seu patrimnio doado a uma fundao, que, depois do encerramento do cemitrio na Knigstrae, compra um novo terreno no Bornkampsweg. Em 1940 demolida a sinagoga.A sinagoga na Bckerstrae foi inaugurada com uma festa pblica em 1771 com a presena de polticos, do Presidente e Magistrado, um acontecimento impensvel em Hamburgo. Pintura a leo de Martin Georg Feddersen (1649-1730), sem data.

Cemitrio portugus no Bornkampsweg: s descendentes dos portugueses de Altona podiam ser aqui sepultados.

Pedra tumular do Dr. Moritz Piza (18521902), filho do cantor Joseph Piza, cemitrio no Bornkampsweg.

Sbditos agradecidos: discurso do notrio e tradutor Abraham Meldola ao rei Christian VII. da Dinamarca.

1755: O terramoto de Lisboa(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Embora os portugueses de Hamburgo se orgulhem da sua origem ibrica, da sua lngua e da sua cultura, recusam sempre a ideia de regressar a sua velha ptria. Os seus parentes que vivem como cristos-novos, em Portugal, informam-nos regularmente sobre a situao poltica do pas. O grande terramoto de 1755 que devastou a cidade de Lisboa, foi visto por muitos portugueses de Hamburgo como um castigo de Deus.No dia 1 de Novembro, um terramoto violento destri Lisboa e outras regies de Portugal.

O Marqus de Pombal (1699-1782) organizou a reconstruo de Lisboa e das restantes regies devastadas pelo terramoto. Nessa altura, ele decide reduzir o poder da aristocracia e da igreja.

Para o rabino Jacob Bassan (1704-1769), o terramoto de Lisboa um castigo de Deus.

Judeus alemes e sefarditas(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Por consequncia dos pogromes na Polnia e na Ucrnia, muitos judeus fixaram-se, depois de 1648, em Altona, Hamburgo e Wandsbek. No fim do sculo XVII, as famlias portuguesas mais ricas e influentes deixam Hamburgo devido ao movimento anti-judaico do Senado e da igreja. Assim acaba o "sculo portugus" em Hamburgo.

Zvi Ashkenazi (1660-1718), pai de Jacob Emden, fez os seus estudos com os sefarditas em Salnica e Belgrado. Depois de ter cumprido funes como Gro-rabino em Sarajevo estabeleceu-se em Altona e Amesterdo, onde aceita o posto de rabino.

Nesta casa na Breite Strae, em Altona, viveu o rabino Jacob Emden. Em 1745 editou em Altona este livro de oraes.

Jacob Emden acusa o Gro-rabino Jonathan Eybeschtz (1690-1764) de heresa. Gravura de Dr. S. (Elimelekh Pilse Rofe).

Um portugus alemo ...(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

O pedagogo reformista Naftali Hirz Wessely (1725-1805), aluno do filsofo Moses Mendelssohn, estuda em Hamburgo na escola religiosa do rabino Jonathan Eybe-schtz. Em Amesterdo descobre a cultura sefardita. Nas suas obras tenta juntar a cultura tradicional com a cultura mais secular dos sefarditas. Quando morreu em 1805 em Hamburgo, foi enterrado no cemitrio na Knigstrae, o que representou uma grande honra para este alemo "portugus".

Os sefarditas de Londres ofereceram a Wessely o cargo de Gro-rabino.

Moses Mendelssohn traduz, em 1782, a obra "Salvao dos Judeus" (1656) do rabino portugus Menasse ben Israel.

Para David Friedlnder, aluno de Moses Mendelssohn, os rabinos ortodoxos representam um grande obstculo para a modernizao da sociedade judaica.

... um tabelio imperial(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Abraham Meldola (1754-1826), descendente duma importante famlia de rabinos italiana, cantor, tradutor e tabelio imperial em Hamburgo e Altona. Em 1784 publica uma gramtica da lngua portuguesa, uma das primeiras escritas em lngua alem. Em 1824, devido a grandes dificuldades econmicas, estabelece-se na sua cidade natal, Amesterdo, onde morre em 1826.

Depois da dissoluo da comunidade de Altona, a sinagoga portuguesa foi usada pela comunidade judaico-alem apenas no inverno. Esta sinagoga foi demolida em 1940.

Abraham Meldola escreveu, em 1777, um calendrio perptuo em portugus, o qual dedicou ao seu pai e mestre, o rabino David Meldola, de Amesterdo. Coleco privada.

Para um sermo fnebre, Abraham Meldola traduz em hebraico, um soneto do poeta Lus de Cames.

1888: No templo canta-se em portugus(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Em 1818, alguns judeus abastados, membros da comunidade judaico-alem, fundaram uma comunidade nova e mais liberal, o "Tempelverband". Elegeram como cantor o portugus David Meldola. Este ensina-lhes a pronncia sefardita do hebraico, o rito e as melodias da comunidade portuguesa de Amesterdo, segundo o "Livro das Tradies" (1753), escrito pelo cantor Jacob Cohen Belinfante.

O templo israelita na Poolstrae. Litografia de H. Jessen (Hamburgo 1844).

O "portugus" Herbert Pardo, sobrinho do deputado Dr. Herbert Pardo, celebra o seu barmitzva na sinagoga do Tempelverband, na Oberstrae.

Os cantores Joseph Piza e David Meldola cantam, no Templo, as melodias portuguesas.

Entre o tabaco e a literatura(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Fundadora da cultura de salo berlinense: Henriette Herz (1764-1847). Pintura a leo de Anna Dorothea Lisiewski (1778). Dr. Benjamin de Lemos, o pai de Henriette, nomeado director do hospital judaico em Berlim. Pintura a leo de Anton Graff (1755).

A famlia de Castro, radicada desde quatro sculos em Hamburgo e Altona, fica conhecida, no s pelos seus mdicos clebres, mas tambm pelos seus comerciantes bem sucedidos e tabaqueiros em Hamburgo e Magdeburg. Rahel de Castro (1793-1871), filha de Abraham Namias de Castro, aficionada da literatura, corresponde-se regularmente com Rahel Varnhagen e Bettina von Arnim. No seu salo em Berlim, Henriette Herz, filha do mdico Benjamin de Lemos, nascido em Hamburgo, recebeu intelectuais e literatos.

Servio de caf da famlia de Castro com motivos da Ilha St. Thomas. Fim do sculo XVIII.

Abraham Namias de Castro (1751-1818) possui uma tabaqueira, em Altona.

1856: Uma sinagoga erguida(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

No sculo XIX, apenas cerca de 300 portugueses vivem em Hamburgo e Altona e dependem economicamente da comunidade judaico-alem. Contudo, alguns criptojudeus dos Aores e judeus de Amesterdo e Salnica instalam-se, por volta de 1820 nestas cidades, contribuindo assim para o alargamento da comunidade. A sinagoga e os arquivos da comunidade foram destrudos pelo incndio de 1842. A solidariedade de vrias comunidades portuguesas contribui para a reconstruo da nova sinagoga.No dia 6 de Setembro 1856 solenemente inaugurada a sinagoga portuguesa, na Markusstrae (arquitecto: Albert Rosengarten).

Os criptojudeus em Portugal(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Criptojudeus de Belmonte celebram a festa de Pesah (c. 1925).

No fim do sculo XIX, viajantes relatam que no Norte de Portugal existem alguns criptojudeus, ainda fiis sua antiga f. O seu lider carismtico o capito Artur Carlos de Barros Basto, organizador da "Obra do Resgate". Este conseguiu entusiasmar as comunidades de Amesterdo e Londres para apoiarem financeiramente o regresso dos criptojudeus ao judasmo. Em 1929, o jovem estudante de lnguas romnicas Alfonso Cassuto (19101990) fundou um comit de apoio e angariou fundos para a construo duma sinagoga no Porto. Depois de ter emigrado em 1933, Alfonso Cassuto nomeado director da escola religiosa no Porto.

Depois do fracasso do movimento marrnico, apenas nas grandes festas religiosas a sinagoga enche-se com os derradeiros membros da comunidade.

O regresso(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Com a subida dos nacional-socialistas ao poder e com o boicote dos alemes aos negcios judeus, as famlias portuguesas mais abastadas deixam Hamburgo, no dia 1 de Abril de 1933. Alguns membros das famlias Jessurun, Delmonte e Cassuto estabeleceram-se em Lisboa e no Porto. Depois de 1940, Portugal "Porto de Liberdade" para os fugidos ao nazismo. Portugal torna-se num porto de entrada e sada da Europa em guerra. Ainda durante a guerra, muitos judeus viajam, via Lisboa, para a Palestina, Inglaterra e os Estados Unidos. Walter Delmonte, nascido em Hamburgoem 1903, deixa a capital portuguesa no navio Nyassa.

Antes de emigrar necessrio ultrapassar muitos obstculos burocrticos.

Membros da famlia Delmonte so enterrados no cemitrio judaico em Lisboa.

1933: De Hamburgo ao Porto(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

A famlia Cassuto, oriunda de Amesterdo, vai viver para Hamburgo no incio do sculo XIX. De 1829 a 1893, Jehuda Cassuto cantor da comunidade. O seu filho Isaac traduz textos importantes do "Livro da Nao"; o seu bisneto historigrafo da comunidade de Hamburgo. No dia 1 de Abril de 1933, os Cassutos abandonam Hamburgo e, via Amesterdo, encontram refgio primeiro no Porto e, mais tarde, em Lisboa.

O que restou: Localidades com memrias judaicas em Portugal.

Isaac Cassuto (1848-1923) traduz textos importantes do "Livro da Nao".

Em Portugal, Alfonso Cassuto (19101990) prolonga os seus estudos sobre os judeus portugueses. Pedra tumular, cemitrio judaico em Lisboa.

O casal Jehuda Leon e Rosy Cassuto fixa-se no Porto em 1933.

Caminhos de fuga para a Palestina(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Apenas poucos dos portugueses de Hamburgo aderem ao sionismo. S as famlias Pardo e Sealtiel decidem emigrar para a Palestina. O advogado e deputado social-democrata, Dr. Herbert Pardo (1887-1974) fixa-se com a sua famlia em Haifa. O comerciante Joseph Sealtiel (1877-1936), ex-presidente da comunidade, fixa-se com a mulher e os filhos em Tel Aviv.

Hamburgo 1930: Paula Aronson, nascida Sealtiel (1908-1999). Ao fundo v-se a grande sinagoga de Bornplatz, demolida em 1939.

Tel Aviv 1935: Joseph Sealtiel, com a mulher Elsa, nascida Frank, e a filha Paula.

Sdot Yam: 1984: Benjamin Pardo, filho de Herbert Pardo e a sua mulher Levana.

Hamburgo 1933: Depois do boicote aos judeus no dia 1 de Abril, os Cassutos e os Pardos abandonam Hamburgo.

1935: Uma sinagoga sob a vigilncia da Gestapo(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

De 1935 a 1939 a sinagoga na Innocentiastrae o centro da vida da comunidade, agora reduzida pela emigrao.

Sob a vigilncia da Gestapo, os portugueses instalaram a sua ltima sinagoga numa casa privada na Innocentia-strae, onde o ltimo Gro-rabino de Hamburgo, Joseph Carlebach, faz o discurso inaugural. Ali comemoram tambm o 850o aniversrio do grande filsofo Moses Maimonides. No final de 1939, so forados a abandonar a sinagoga, e passam a realizar os seus servios religiosos na sinagoga na Benekestrae.

Selomo Rodrigues Pereira (1887-1969), rabino na Haia, inaugura a ltima sinagoga dos portugueses.

O congresso sefardita de Amesterdo em 1938(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

1938: No Segundo Congresso Mundial das Comunidades Sefarditas em Amesterdo, Joseph Sealtiel procura salvar os portugueses de Hamburgo.

Em 1926, foi fundada, em Viena, a Unio Mundial das Comunidades Sefarditas para reforar os laos entre os seus membros. No segundo congresso organizado em Amesterdo, Joseph Sealtiel, ltimo presidente da comunidade portuguesa de Hamburgo, fez um apelo de urgncia, aos participantes. A emigrao planeada e aprovada para uma colnia holandesa foi impedida pela Segunda Guerra Mundial.

Londres 1935: No Congresso Mundial das Comunidades Sefarditas ningum se interessa pelas ameaadas comunidades sefarditas de Hamburgo e Berlim.

1941: At a sua deportao para Riga, o Gro-rabino Joseph Carlebach sente-se responsvel pela comunidade portuguesa.

Livre e aptrida(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Nem todos os portugueses que querem emigrar conseguem deixar Hamburgo atempadamente. Ao farmacutico Manfried Pardo permitido deixar a cidade, apesar dos obstculos burocrticos nazis. Antes do rebentar da guerra, ele parte primeiro para Londres, e depois para Nova Iorque. Pardo no consegue integrar-se na sua nova ptria, acabando por cometer suicdio.

Na nova ptria: Manfried Pardo com a sua mulher Frieda.

Burocraticamente correcto: O Consulado Geral da Alemanha em Chicago confirma que Manfried Pardo permanece agora em Nova Iorque.

A famlia Pardo(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Dos portugueses emigrados, apenas o Dr. Herbert Pardo regressa temporariamente a Hamburgo, onde trabalha como advogado, sobretudo para fazer valer em Tribunal direitos de restituio. Em 1948 promove uma campanha notvel contra Veit Harlan, realizador do filme anti-semita "Jud S". As suas irms Angela e Gertrud regressam em 1938 da Palestina para Hamburgo. Em 1941 Dias felizes em Hamburgo: so ambas deportadas e assassinadas num Os irmos Herbert e Manfried Pardo com campo de extermnio.as suas esposas e a sua irm Gertrud.

Na nova ptria: Herbert Pardo com a sua famlia em Haifa.

Placa de rua em memria de Gertrud Pardo, assassinada em 1941 no campo de extermnio de Lodz.

At ao fim - Joseph Sealtiel(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

O corretor de bolsa Joseph Sealtiel, que durante muito tempo recusou a emigrao, procura salvar os membros da sua comunidade, depois de ter sido eleito seu presidente, em 1937. Esta tentativa de salvao falha por causa da guerra. Em 1944, Joseph Sealtiel deportado com a mulher e a filha de Theresienstadt para Auschwitz, e mais tarde, para o campo de concentrao de Dachau, onde morre no fim de Maro 1945.1931: Jovem e bem sucedido: Joseph Sealtiel.

1942: Um ltimo sinal de vida.

Uma luta por Sio(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

1948: David Sealtiel (1903-1969) um dos fundadores de Israel.

David Sealtiel, ex-legionrio de uma famlia ultra- religiosa, passa trs anos nas mos da Gestapo. Depois da sua libertao, em 1939, vai marcar a histria de Israel como Chefe dos Servios Secretos e comandante de Haifa. Em 1948, na Guerra da Independncia defende o seu pas como General. Mais tarde, assume os cargos de embaixador de Israel na Holanda, no Brasil e no Mxico. Nesses pases investiga a genealogia da sua famlia oriunda de Amesterdo e Hamburgo.

1918: Aluno rebelde. David Sealtiel no suporta a disciplina escolar.

1936: Aprender para sobreviver. Na priso terrvel de Hamburg-Fuhlsbttel David Sealtiel estuda uma pgina da gramtica hebraica por dia.

Quem judeu, decido eu(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Em meados do sculo XIX, alguns portugueses deixam a comunidade ou convertem-se ao cristianismo. Quando as leis racistas declaram que estes cristos so judeus, comea uma luta desesperada contra a burocracia nazi. Karl Pardo de Leygonie, descendente de judeus que viveram em Hamburgo desde 1655 e mais tarde se fixaram na Venezuela, procura em vo Karl Pardo de Leygonie, sobrevivente da convencer os nazis da sua origem crist.perseguio nazi abriu, depois da guerra, uma agncia de viagens num carro elctrico em frente a Cmara. Municipal.

A Repartio dos Servios Genealgicos em Berlim decide: Karl Pardo de Leygonie judeu.

O patrimmio exterminado(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

O cemitrio na Knigsstrae depois do bombardeamento, em 1943.

Depois de 1945 no havia mais comunidade judaico-portuguesa. Cerca de 80 portugueses de Hamburgo e Altona foram vtimas do racismo dos nazis. Hoje quase no h vestgios da cultura luso-judaica que fez de Hamburgo "A Jerusalm do Norte". As sinagogas foram demolidas, os cemitrios foram vandalizados e bombardeados. O cemitrio na Knigstrae, que milagrosamente sobreviveu aos bombardeamentos foi depois da guerra muitas vezes vandalizado.

A sinagoga na Innocentiastrae hoje um casa privada.

Regresso s origens: Em 1997 encontraram-se cerca de 150 membros da famlia Sealtiel em Salnica.

Rolo da Tora recuperado: Uma vez por ano os portugueses de Amesterdo recordam, com ela, a comunidade destruida de Hamburgo.

Carta aberta a um amigo desaparecido(Zur Vergrerung auf die Bilder klicken)

Abarbanel, de Castro, Coutinho, uma antiga sinagoga, trs cemitrios, algumas ruas com nomes de judaico-portugueses e numerosos documentos so os testemunhos que restam dos quatro sculos de convivncia entre judeus portugueses e alemes. Actualmente vivem cerca de 10.000 portugueses em Hamburgo, juntamente com os alemes, deveriam orgulhar-se do passado luso-judaico da "Jerusalm do Norte".A grande disperso : Os descendentes das famlias portuguesas de Hamburgo vivem hoje nos quatro cantos do mundo.

O Dr. Jorge Sampaio, presidente da Repblica de Portugal, descendente da famlia sefardita Hassiboni oriunda de Marrocos, na sua visita a Hamburgo, em 1998.

Na sua carta aberta a "um amigo desparecido", publicada no jornal "Stuttgarter Zeitung", Vera Rdiger

procura informar-se acerca do paradeiro do seu amigo Dr. Arno Coutinho.

Membros da famlia Coutinho, exterminados em cmeras de gases mort feros.