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SEMINÁRIO TEOLÓGICO IBRA SEMINÁRIO TEOLÓGICO IBRA SEMINÁRIO TEOLÓGICO IGREJA BATISTA RAÍZES SETIBRA Pr. Reginaldo Cresencio Igreja Batista Raízes Av.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP. www.batistaraizes.com SEMINÁRIO TEOLÓGICO IGREJA BATISTA RAÍZES HERMENÊUTICA

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO IBRASEMINÁRIO TEOLÓGICO IBRASEMINÁRIO TEOLÓGICOIGREJA BATISTA RAÍZES

SETIBRA

Pr. Reginaldo Cresencio

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.www.batistaraizes.com

SEMINÁRIO TEOLÓGICOIGREJA BATISTA RAÍZES

HERMENÊUTICA

Pr. Reginaldo Cresencio 2013

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.

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Hermenêutica

Introdução

De muitas maneiras os homens se diferem entre si e esse fato, naturalmente, faz com que eles distanciem mentalmente uns dos outros na capacidade intelectual, no gosto estético, na qualidade moral e etc.

Apesar destas divergências entre os homens, Deus tem um plano para os mesmos e este está revelado na Bíblia Sagrada.

Este plano de Deus traça um mesmo caminho para reunir uma grande família em Cristo Jesus, com a unificação dos povos sem distinção de cor, raça, sexo, nacionalidades, condição social e econômica. (Gl 3:28; Cl 3:11)

Diante deste quadro a aplicação da hermenêutica será imprescindível a unificação do conhecimento do Plano da Salvação para com todos os homens.

Definição

A palavra Hermenêutica vem do grego hermeneutikós = interpretar ou a arte de interpretação.

A hermenêutica é a ciência e a arte que estabelece os princípios, leis e métodos de interpretação. Em sua abrangência trata da teoria da interpretação de sinais, símbolos de uma cultura e leis.

Seu objetivo é apresentar regras gerais e específicas de interpretação, que possibilitem o entendimento do verdadeiro sentido transmitido pelos autores sagrados; significado original ou seja, o que texto significava para as pessoas daquela época, e o que o texto significa para os ouvintes hoje.

A Necessidade da hermenêutica

O pecado obscureceu o entendimento do homem e exerce influência perniciosa em sua mente e torna necessário o esforço especial para evitar erros. (ll Pedro 3:16)

A aplicação e a conservação do caráter teológico da hermenêutica estão vinculadas ao recolhimento do princípio da inspiração divina da Bíblia Sagrada.

A hermenêutica é importante porque capacita a pessoa a se movimentar do texto para o contexto, para que o significado inspirado por Deus na Bíblia fale hoje com uma relevância tão nova e dinâmica quanto em seu ambiente original.

‘’Os pregadores ou professores devem anunciar a Palavra de Deus em vez de

suas próprias opiniões religiosas, repletas de subjetividade.’’ 1

1. Grant R. Osborne, A espiral hermenêutica, pag. 27

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2. http://devocionais.amoremcristo.com/artigo/1881/um-ao-outro-ajudou/

Estudos de Casos

Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte. [Isaías 41:6]

Quando a hermenêutica não é feita corretamente, o resultado pode ser completamente diferente ao objetivopara qual o texto foi escrito. Um exemplo amplamente usado para encorajar, incentivar a cooperação dos irmãos dentro da igreja é o de Isaías 41:6, porém é isso mesmo o que o texto diz? Segundo alguns irmãos, sim. Abaixo esta a postagem encontrada na internet da devocional feita por um pastor.

‘’Por inspiração divina, os filhos de Deus constatam a operação do Senhor, olham depois para si mesmos e assumem o papel de colaboradores de Deus Neste ponto, “um ao outro ajudou e ao seu companheiro disse: Esforça-te”. Somos corpo de Cristo. Paulo enfatiza a interdependência dos vários órgãos do corpo. Não importa quão diferentes sejam entre si – eles têm que trabalhar em cooperação. Vivemos na dispensação da graça divina, quando “grandes coisas faz o Senhor por nós”. O separatismo e a competição entre os cristãos não é obra do Espírito. “Um ao outro ajudou”.

Mas como diz o ditado: um texto fora do contexto só serve para pretexto, o fato que nesse caso o contexto deixa bem claro qual a real intenção do autor ao fazer a declaração ‘’Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte.’’ que na verdade se tratava de uma conversa entre dois artesãos que fabricavam objetos para servir de idolatria, era um séria exortação do Senhor ao povo de Israel para que o mesmo fugisse da idolatria, e isso fica evidente no seguinte que diz: ‘’E o artífice animou ao ourives, e o que alisa com o martelo ao que bate na bigorna, dizendo da coisa soldada: Boa é. Então com pregos a firma, para que não venha a mover-se.’’

Disse-me o Senhor: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo, e adúltera, como o Senhor ama os filhos de Israel, embora eles se desviem para outros deuses, e amem passas de uvas. (Oséias 3:1)

Uma casa no bairro de Vila Nova de Colares, na cidade de Serra Grande, em Vitória, virou o centro das atenções. É onde mora um pedreiro que também se diz pastor. A vizinhança desconfia.

Essas coisas significam casos extraconjugais. O pedreiro-pastor é Justino de Oliveira, de 50 anos, que pertence à pequena igreja conhecida como Tabernáculo, e foi na bíblia que o pastor viu que poderia ter outras mulheres.

“Eu gostaria de ter alguém que mostrasse biblicamente onde foi proibido um homem ter mais de uma mulher”, desafia o pedreiro.

Pouca gente freqüenta os cultos do pedreiro, que apresenta como pastor. Umas 12 pessoas, nas contas dele mesmo. E foi na convivência com os fiéis que Justino se viu envolvido em mais um caso extraconjugal.

Aconteceu depois que uma mulher que mora na vizinhança contou a ele uns sonhos que vinha tendo.

Na casa dela, a música evangélica pode ser ouvida de longe. A mulher tem quatro filhos, é casada e prefere não aparecer. Disse que sonhou que teria filhos com o pastor. Uma revelação.

“Deus me levou a fazer isso, não teve pra onde eu correr”, afirma ela. O marido também conversou com o pastor. Aceitou.

“Eu pensei comigo que se fosse da vontade de Deus, seria feito”, diz o marido. “Entramos em oração, pedindo a Deus misericórdia, e foi uma das coisas mais difíceis da minha vida tomar essa decisão de pegar uma mulher com marido”, admite Justino.

Essa dona-de-casa de 24 anos, que mora em Vila Nova de Colares e segue a doutrina da mesma igreja, admitiu

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3. https://www.youtube.com/watch?v=8fqDa8RPt0o

que teve relações sexuais com o pastor. Casada há sete anos e mãe de quatro filhos, ela contou à reportagem de "A Tribuna" que seu marido concordou e o pastor teria mandado duas mulheres para o companheiro dela "não ficar sozinho".

Ela disse que dormiu na mesma cama com o pastor e sua mulher, mas que nos momentos íntimos os dois ficavam sozinhos. "Não senti prazer. Fui tudo pelo espírito. Foi de Deus", disse a dona-de-casa.

Pela cidade, alguns fiéis discordaram da suposta troca de casais e abandonaram a igreja. Um deles foi o porteiro Carlos Robson dos Santos, 46: "Ele dizia que estava tudo na Bíblia. Falava, ainda, que os homens tinham que ter sete mulheres virgens ou viúvas", contou.

O relacionamento do homem com mais de uma mulher aparece em trechos do Velho Testamento. Mas pastores alertam que a interpretação deve levar em conta o contexto histórico e cultural das épocas.

O presidente da Associação de Pastores Evangélicos de Vitória, Abílio Rodrigues, condena a prática. "Quando se fala em sete mulheres para cada homem, no livro de Isaías, é uma profecia específica para o povo de Israel, que iria viver um tempo de guerra, em que não haveria homens para casarem com as mulheres. Não se pode firmar uma doutrina em cima disso. O apóstolo Paulo explica que o pastor tem que ser marido de uma só mulher", afirmou.

O pastor também era casado. Sua mulher o abandonou com toda essa confusão. A origem disso tudo? A bíblia. Oséias, capítulo 3, versículo 1.

O versículo completo é: "E o SENHOR me disse: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo, contudo adúltera, como o SENHOR ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros deuses, e amem os bolos de uvas. Oséias 3:1

PAPEL DO LEITOR NA INTERPRETAÇÃO

Até pouco atrás, a hermenêutica não tinha dado muita atenção ao poder que o leitor exerce na construção do entendimento na construção do entendimento. Todo leitor traz consigo um conjunto de ‘’pré-conhecimentos’’, isto é, crenças e idéias que compõem a herança de seus antecedentes e da comunidade que lhe serve de paradigma. Raramente lemos a Bíblia em busca da verdade: o que mais acontece é queremos harmoniza-la com nosso sistema de crenças e ver seu significado sob a perspectiva de nosso sistema teológico preconcebido (cf. o Cap. 16, Teologia Sistemática). O problema é que nosso pré-conhecimento facilmente se transforma em preconceito, um conjunto de dados ‘’a priori’’ que colocam uma forma sobre a Bíblia e obrigam-na a se moldar a noções preconcebidas. Assim, até certo grau, precisamos colocar essas ideias entre ‘’parentesis’’ e permitir que o texto aprofunde ou, ás vezes, desafie e até mude essas ideias previamente estabelecidas. Na condição de leitores, precisamos nos colocar diante do texto (e permitir que ele se dirija a nós), em vez de ficar por trás dele (forçando-o a ir aonde queremos.)

A Palavra de Deus fala a cada geração, e a relação entre significado e significação resume a tarefa da hermenêutica . Não basta recriar o significado original pretendido de determinada passagem. Precisamos elucidar sua significação para os nossos dias.

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4. https://www.google.com.br/search?q=imagem+do+bin+laden+com+o+escrito+morto+vivo&rlz=1C1CHZL_pt-PTBR686BR686&espv=2&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjV69DD_LTMAhXCVyYKHZmPBloQ_AUIBygB&biw=1366&bih=667#imgrc=sI19qtyy-KDoNM%3A

4Entendes o que vê?

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Métodos da hermenêutica

Métod o é a maneira ordenada de fazer algu ma coisa. É u m procedimento segu id o

passo a passo com o objetivo de alcan çar um resu ltado .

Duran te séculos os erud it os religiosos procu raram todos os métod os possíveis para

desvend ar os tesouros da Bíblia e arquitetar m eios d e descob rir os seus segred os.

1. Método Analítico

É o métod o utilizad o nos estud os p orm enorizad os com anotações de d etalhes, por

insignifican tes que pareçam com a fin alidade de descrevê-los e estud á-los em todas as

suas form as. Os passos básicos deste métod o são:

a) Observação – É o passo q ue n os leva a extrair do texto o qu e realmen te

descreve os fatos, levan do também em conta a imp ortância d as declarações e o

contex to;

b) Interpretação – É o passo que nos leva a buscar a explicação e o significado

(tant o p ara o autor qu an to para o leit or) p ara entend er a mensagem central do

texto lid o. A interp retação deverá ser cond uzid a dentro do contex to tex tual e

hist órico com oração e depend ência tot al do Esp írito San to, an alisand o o

significado d as palavras e frases chaves, avalian do os fatos, in vest igando os

pon tos d ifíceis ou incertos, resumind o a m en sagem do autor a seu s leitores

origin ais e fazer a contextualização (trazer a m ensagem a n ossa época ou ao

nosso contexto);

c) Correlação – É o passo qu e n os leva a comparar narrativas ou m ensagem de

um fato escrito por vários autores, em épocas distintas em que cada u m narra

o fato , em ângulos não co incidentes como p or exemplo a mesma narrativa

decrita em Mc 10 :46 e Lc 18:35, on de o p rimeiro descreve “ saindo d e Jericó” e

o segun do “chegan do em Jericó”;

d) Aplicação – É o p asso que nos leva a buscar mud anç as de atitud es e d e ações

em função da verdade descoberta. É a resposta através d a ação prática daquilo

que se apren deu.

Um exemp lo d e aplicação é o pedir perdão e reconciliar -se com alguém ou

mesmo o d e adoração á Deus.

O mote da reflexão hermenêutica esta na redundância dos fatos, e na exaustividade do pensamento critico

contemporâneo. O método analítico esta diretamente ligado a terceira regra da hermenêutica, e deseja

contribuir com o trabalho do hermeneuta. Trata-se do exame cuidadoso do capítulo ou passagem bíblica em

foco.

Analisar a Bíblia é estudar o objeto do capítulo ou passagem bíblica em seus pormenores, tendo o cuidado

de anotar até os mais minúsculos aspectos, é este o objetivo do estudo analítico da Bíblia, não obstante, ser

datalhista. Com ele procuramos examinar cuidadosa e completamente uma passagem bíblica. O propósito é

compreender o que o hagiógrafo tinha em mente quando escreveu àqueles a quem se dirigia.

Na abordagem analítica se estuda o conteúdo de cada livro. O estudo analítico da Bíblia é o momento

exaustivo do estudo da santa palavra de Deus. É fundamental para o completo conhecimento da palavra de

Deus, permitindo ao discente deparar-se com o porquê o escritor disse o que disse do modo como disse. O

objetivo deste método é reconstruir tão claramente quanto possível o pensamento original do autor. Este

método examina tudo como por um microscópio. Usando a ilustração de uma biblioteca, na abordagem

analítica você estuda o conteúdo de cada livro.

Regras Para Método Analítico

01 – Leia a passagem cuidadosamente (03 vezes) e aplique as quatro regras.

02 – Bombardeia a passagem com perguntas como: Quem? Quê? Onde? Quando? Por quê? Como?

03 – Anote as palavras chave.

04 – Escreva o que não compreende acerca do texto e especifique.

05 – Descubra o pensamento-chave de cada versículo.

06 – Delimite os assuntos que o pensamento chave esta expressando.

07 – Faça um sumário destes assuntos.

08 – Descubra a idéia eixo dos resultados acima.

09 – Destile esta idéia em uma sentença.

10 – Dê um título para o texto.

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2. Método Sintético

É o método utilizado nos estudos que abordam cada livro como uma unidade inteira e

procura o seu sentido como um todo, de forma global. Neste caso determina-se as

ênfases principais do livro ou seja, as palavras repetidas em todo o livro, mesmo em

sinônimo e com isso a palavra-chave desenvolve o tema do livro estudado. Outra

maneira de determinar a ênfase ou característica de um livro é observar o espaço

dedicado a certo assunto. Como por exemplo, o capítulo 11 da Epístola aos Hebreus

enfatiza a fé e em todos os demais capítulos ela enfatiza a palavra SUPERIOR. (de

acordo com versão Almeida Revista e Atualizada – ARA).

SUPERIOR:

a) Aos anjos – 1:4

b) A aliança – 7:22

c) A benção- 7:7

d) A esperança – 7:19

e) A promessa – 8:6

f) Ao sacrifício 9:23

g) Ao patrimônio 10:34

h) A ressurreição 11:35

i) A pátria – 11:16

j) A Moisés – 3:1-4

k) Ao sacerdócio – 5:7

3. Método Temático

É o método utilizado para estudar um livro com um assunto específico, ou seja, no

estudo do livro terá um tema específico definido. Como exemplo temos a FÉ:

a- Salvadora – Ef 2:8;

b- Comum – Tt 1:4

c- Pequena – Mt 14:28-31

d- Grande – Mt 15:21-28

e- Vencedora – 1Jo 5:4

f- Crescente – ll Ts 1:3

3. Método Biográfico de Estudo da Bíblia.

Esta espécie de estudo bíblico é divertida, pois você tem a oportunidade de sondar o

caráter das pessoas que o Espírito Santo colocou na Bíblia, e de aprender de suas

vidas. Paulo, escrevendo aos Coríntios, disse: “ Estas coisas lhes sobrevieram como

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exemplo, e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins

dos séculos tem chegado.” (1Cor. 10:11)

Sobre alguns personagens bíblicos muito foi escrito. Quando você estuda pessoas

como Jesus, Abraão e Moisés, pode precisar restringir o estudo a áreas como, “A vida

de Jesus como nos é revelada no Evangelho de João”, Moisés durante o Êxodo”, ou “

Que diz o Novo Testamento sobre Abraão”. Lute sempre para manter os seus estudos

bíblicos em tamanho manejável.

A- Estudo Biográfico Básico

· Escolha a pessoa que você quer estudar e estabeleça os limites do estudo

(exemplo: “ Vida de Davi, antes de tornar-se rei”). Usando uma concordância

ou um índice enciclopédico, localize as referências que tem relação com a

pessoa do estudo.

· Observações: anote todo e qualquer pormenor que notar sobre essa pessoa.

Quem era? O que fazia? Onde morava? Quando viveu? Por que fez o que fez?

Como levou a efeito? Anote minúcias sobre ela e seu caráter.

· Dificuldades: escreva o que você não entende acerca dessa pessoa e de

acontecimentos de sua vida.

· Aplicações possíveis: Anote várias destas durante o transcurso do seu estudo, e

escreva um “A” na margem. Ao concluir o seu estudo, você voltará a estas

aplicações possíveis e escolherá aquela que o Espírito Santo destacar.

B – Estudo Biográfico Avançado

Os seguintes passos podem ser acrescentados quando você achar que o ajudarão em

seus estudos biográficos. São facultativos e só devem ser incluídos progressivamente,

á medida que você ganhe confiança e prática.

Trace o fundo histórico da pessoa. Use um dicionário bíblico para ampliar este passo

somente quando necessário. As seguintes perguntas haverão de estimular o seu

pensamento.

1. Quando viveu a pessoa? Quais eram as condições políticas, sociais, religiosas e

econômicas da sua época?

2. Onde a pessoa nasceu? Quem foram seus pais? Houve alguma coisa de

incomum em torno de seu nascimento e da sua infância?

3. Qual a sua vocação? Era mestre, agricultor, ou tinha alguma outra ocupação?

Isto influenciou o seu ministério posterior? Como?

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1. Quem foi se cônjuge? Tiveram filhos? Como eram eles? Ajudaram ou

atrapalharam a sua vida e o seu ministério?

2. Faça um gráfico das viagens da pessoa. Onde ela foi? Por que? O que fez?

3. Como a pessoa morreu? Houve alguma coisa extraordinária em sua vida?

1. Método de Estudo Indutivo

a- O método indutivo se baseia na convicção de que o Espírito Santo ilumina a

quem examina as escrituras com sinceridade, e que a maior parte da Bíblia não

é tão complicada que quem saiba ler não possa entende-la. Os judeus da

Beréia foram elogiados por examinarem cada dia as escrituras “ se estas coisas

eram assim” (At 17:10-11)

b- É obvio que obras literárias tem “partes” que se formam no “todo”. Existe uma

ordem crescente de partes, de unidades simples e complexas, até se formarem

na obra completa.

c- A unidade literária menor, que Estudo Bíblico Indutivo (EBI) emprega, é a

palavra. Organizam-se palavras em frases, frases em períodos, períodos em

parágrafos, parágrafos em seções, seções em divisões, e por fim, a obra

completa.

PALAVRA – unidade menor

FRASES – reunião de frases ou orações que formam sentido completo

PARÁGRAFOS – um discurso ou capítulo que forma sentido completo, e

que usualmente se inicia com mudança de linha.

SEÇÃO – parte de um todo, divisão ou subdivisão de uma obra, tratado,

estudo.

1. Interpretação Literal

A interpretação literal associa-se com a convicção segundo a qual não só a

mensagem divina, como também cada uma das palavras que constituem a Bíblia são de

plena inspiração divina. Como crítica á forma extrema desse tipo de hermenêutica,

pode-se dizer que ignora as evidentes diversidades de estilos e vocabulário dos diversos

autores bíblicos. Santo Tomás de Aquino, Martinho Lutero e Calvino foram partidários

da hermenêutica literal. Para Calvino, os princípios de interpretação incluíam o sentido

literal (princípio gramático-histórico), o principio Cristocêntrico, em que ambos, o

Velho e NovoTestamento, apontavam para Cristo, a rejeição do método alegórico e o

testemunho interno do Espírito Santo.

2. Interpretação Moral

A interpretação moral busca estabelecer os princípios exegéticos mediante os

quais se podem extrair as lições éticas da Bíblia. Associa-se, com freqüência, á

alegórica. Assim, por exemplo, a Carta de Barnabé, escrita aproximadamente no ano

100 da era cristã, considerava que a proibição bíblica de comer a carne de certos

animais referia-se principalmente aos vícios simbolicamente representados por eles.

3. Interpretação Alegórica

A interpretação alegórica busca na narração bíblica um segundo nível de

referência, além das pessoas, coisas e acontecimentos explicitamente narrados no texto.

O grande impulsor desse tipo de interpretação foi o teólogo cristão Orígenes (século lll),

que elaborou um sistema teológico e filosófico a partir das palavras da Bíblia.

Com o sentido moral, aprendiam as regras de conduta; com o propósito

alegórico, procuravam ressaltar artigos de fé; e com o sentido anagógico, queriam

aprender as realidades invisíveis do Céu. Por exemplo: todas as vezes que viam o termo

“Jerusalém” nas Escrituras, sempre afirmavam que além de denotar literalmente uma

cidade na Palestina, também se referia, no sentido moral, à sociedade civil;

alegoricamente, à Igreja; e anagogicamente, ao Céu. Apenas esses três sentidos tinham

valor para o estudo teológico dos exegetas medievais. O registro literal não tinha valor,

apenas como um veículo de sentido figurativo.

Como bem define o teólogo britânico James I. Packer, “a exegese medieval foi,

assim, exclusivamente mística. Fatos bíblicos se tornaram apenas uma base de salto

para o terreno dos anseios teológicos; os fatos eram espiritualizados”.

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4 . In te r p r e ta ç ã o A n a g ó g ic a .

E sse a d je tivo ve m d o g re go a n a go go = ” le va r p a ra c im a ” . A p a la v ra a n a gó g ic a

re fe re -se a u m a e sp é c ie d e in te rp re taç ã o a le gó ric a , q u e p ro c u ra d e sc o b rir ve rd a d e s

e sp iritu a is o c u lta s , n o te x to lite ra l d a s E scritu ra s . A in te rp re ta ç ã o a n a gó g ic a o u m ístic a ,

e sse n c ia lm e n te e sp iritu a l, p re te n d e e x p lica r o s a c o n tec im e n to s b íb lic o s c om o s ign o s

p re figu ra d o re s d o s ú ltim o s f in s d a c riaç ã o .

O s a d e p to s d a in te rp re ta ç ã o a n a gó g ic a d a va m -se a o c a p ric h o d e c o n ta r a s

le tra s , o raç õ e s e fra se s d o L iv ro S a n to e m b u sc a d o d e sc o n h ec id o . H o u ve ta n to a b u so

n e sse la b o r, q u e o s ta is h e rm e n e u ta s p a ssa ra m a se r c om p a ra d o s a o s c a b a lis ta s ju de us .

E x e m p lo c a ra c te rís tic o se ria a c a ba l ju da ic a , q u e p ro c ura va d e sc o b rir o

s ign ific a d o m ístic o d a s le tra s e pa la v ra s h e b ra ica s .

5. O método histórico-gramatical

Com a Reforma Protestante no século 16, a importância do sentido literal do texto bíblico é resgatada e

o “misticismo hermenêutico”, deixado de lado. Os reformadores protestaram contra o método alegórico e

enfatizaram que o sentido literal, a intenção do autor, o sentido original de cada passagem das Escrituras, são o

único guia seguro para entender a Palavra de Deus. Com isso, não estavam querendo dizer que esse

“literalismo” não reconhecia as figuras de linguagem empregadas nas Escrituras, mas afirmava que deveria se

fazer distinção clara entre o que era explicitamente figura de linguagem e o que não era.

Uma declaração exemplar da visão coerente dos reformadores é a de William Tyndale: “Tu deverás

compreender, portanto, que as Escrituras têm apenas um sentido, que é o sentido literal; e esse sentido literal é a

raiz e o fundamento de tudo, e a âncora que nunca falha, sem a qual errarás o caminho. E se te afastares um

pouco do sentido literal, deverás ter cuidado para não saíres do caminho. As Escrituras usam provérbios,

similitudes, alegorias, como todos os outros discursos usam, mas o significado do provérbio, similitude ou

alegoria é sempre o sentido literal, que tu tens de buscar diligentemente”.

Outro detalhe é que embora os católicos, como os protestantes, entendam que a Bíblia é a Palavra de

Deus, eles também consideram como fonte de revelação, com o mesmo peso da Bíblia Sagrada, o magistério

eclesiástico católico preservado na tradição oral e os pronunciamentos do papa ex cátedra. Enquanto isso, os

protestantes aceitam apenas a Bíblia como regra de fé e prática.

Ao reconhecerem a Bíblia como Palavra de Deus, os protestantes estão afirmando não que ela foi toda

ditada por Deus (algumas passagens o foram, porém a maioria esmagadora não), mas, sim, que ela é totalmente

inspirada por Deus e, por isso, infalível em sua mensagem e conteúdo. A Bíblia é, portanto, um livro divino,

uma vez que dado por Deus, inspirado totalmente por Deus; mas também é um livro humano, uma vez que

Deus respeitou a humanidade de seus autores – a linguagem, por exemplo. Por isso, para entendê-la, devemos

orar, mas, ao mesmo tempo, estudá-la – e com isso estamos nos referindo ao estudo do seu contexto histórico e

do aspecto gramatical.

Deve-se respeitar a intenção do autor – que só pode ser entendida pelo estudo do contexto histórico e o

aspecto gramatical – e a evolução da revelação. O texto bíblico só pode ter um sentido, não quantos sentidos o

leitor desejar. O sentido verdadeiro é o pretendido pelo autor quando foi inspirado pelo Espírito Santo.

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6. O método histórico-crítico de interpretação

O método histórico-crítico de interpretação é um método de interpretação da Bíblia próprio do liberalismo teológico, que é a sua base ideológica. É também chamado de Alta Crítica.

A gênese do método histórico-crítico está no Iluminismo, quando os homens passaram a achar que a própria razão, a análise crítica e racional, é o suficiente para o homem entender o mundo e resolver os seus problemas. A filosofia predominante era o racionalismo. Essa influência fez surgir o deísmo e, a partir daí, o liberalismo teológico. O liberalismo e o seu método histórico-crítico nasceram originalmente no deísmo, mas hoje é adotado até mesmo por teólogos agnósticos.

No método histórico-crítico, a interpretação da Bíblia deixou de ser uma tarefa para entender o que o autor queria dizer para ser uma tarefa de questionamento da produção do texto. O objetivo era tirar do cânon formal o cânon normativo. O teólogo alemão Johann Salomo Semler (1725-1791) dizia: “A raiz de todos os males (na teologia) é usar os termos ‘Palavra de Deus’ e ‘Escritura’ como se fossem idênticos”. Logo, segundo ele, era preciso distinguir e separar a “Palavra de Deus” da “Escritura”. O que Semler estava querendo dizer com isso é que a Escritura conteria erros e contradições ao lado de palavras que provêm de Deus. Estava implícita também nesta declaração a descrença na possibilidade do sobrenatural na história, devido à influência do racionalismo e do deísmo. Rejeitava-se a infalibilidade e a autoridade das Escrituras. Foi a partir desses pressupostos teológicos que o método histórico-crítico foi construído.

As etapas do método histórico-crítico são:

I – Crítica das Fontes – Partia do princípio de que os textos bíblicos eram edições feitas a partir de várias fontes diferentes, e usavam como pista qualquer aparente diferença de vocabulário ou estilo, repetições de histórias e digressões. A primeira hipótese desse tipo de crítica foi a Hipótese Documentária, que cria nas fontes Eloísta, Javista, Deuteronomista e do Quarto Documento no Antigo Testamento. Segundo os defensores dessa teoria, a Bíblia Hebraica teria sido editada para aglutinar quatro fontes. Tudo começou com um médico francês chamado Jean Astruc, que em 1753 levantou a tese de duas fontes – Eloísta e Javista – em Gênesis.

II – Crítica da Forma – Ainda mais radical. Já que poder-se-ia dizer ainda que as fontes se baseavam em tradição oral, então os liberais partiram para a crítica da forma do texto. Todos os textos tinham uma intenção política e eram manipulados. Bultmann chega a dizer que menos de 10% das falas de Jesus foram realmente proferidas por Ele. Tentam diferenciar o “Jesus da Fé” do “Jesus Histórico”.

III – Crítica da Redação – Objetivava identificar as “edições” na redação do texto bíblico e expurgá-las para extrair o que seria real e historicamente confiável segundo os liberais.

Nas últimas décadas, o método histórico-crítico começou a declinar. Por quê?

a) Caiu-se na real de que, na verdade, nunca fora um método neutro.

b) O subjetivismo inerente aos critérios utilizados para reconhecer a Palavra de Deus dentro do cânon fez com que os resultados fossem completamente diferentes, ao ponto de até hoje não existir um consenso do que seria a Palavra de Deus dentro do cânon reconhecido e aceito pelos próprios críticos.

c) O objetivo era impossível. Uma vez que desacreditava as Escrituras, elas perdiam todo o valor. Então, para que entender Deus pela Bíblia? Cada um passaria a ter uma teologia subjetiva agora. Daí o surgimento da Hermenêutica Pós-moderna

d) As igrejas aceitaram o liberalismo social e murcharam. As passagens contrárias à visão do liberalismo social foram vistas como “cânon formal” e não “cânon normativo”. As igrejas esfriaram, pois os pastores não pregavam mais a Bíblia e não oravam, apenas “meditavam”. As igrejas esvaziaram e morreram na Europa e em outras regiões.

Um detalhe importante é que, apesar de Karl Barth ter a sua importância, a Neo-ortodoxia também adotou o método histórico-crítico e é, em essência, mais relacionada ao liberalismo do que propriamente à ortodoxia.

7. Hermenêutica pós-moderna

Os cristãos emergentes defendem que devemos aceitar interpretações diversificadas da Bíblia. Dizem que a

Igreja é melhor enriquecida e abençoada quando há pluralidade de interpretações (cada uma atendendo a uma

necessidade do momento). Eles desprezam conceitos básicos de Hermenêutica Bíblica, tais como a intenção dos

autores bíblicos, o contexto cultural de cada livro e passagem (isto é, desprezam o princípio de que texto sem

olhar o contexto é pretexto) e a homogeneidade da Bíblia (ou seja, desprezam o princípio de que a Bíblia se

explica pela própria Bíblia). Assim, distorcem o significado de passagens da Bíblia a seu bel prazer para

acomodá-las a seus pontos de vista. É o que se chama também de “Hermenêutica Pós-moderna” ou

“Hermenêutica Generosa”. É desonestidade completa.

Jacques Derrida (1930-2004) pode ser considerado, involuntariamente, o pai da “Hermenêutica Pós-moderna”.

De origem judaica, Derrida nasceu na Argélia, então colônia francesa, e sofreu muito em sua infância por causa

do anti-semitismo. Já na juventude, tornou-se discípulo confesso dos escritos dos ateus Friedrich Nietzsche,

Jean-Jacques Rousseau e Albert Camus. Inspirado nesses seus ídolos, Derrida fundou o desconstrutivismo, tese

que propõe a indeterminação do sentido dos textos. Por descrer em verdade absoluta e ser defensor ferrenho do

relativismo, Derrida ensinava que qualquer texto deve ser lido sem nos preocuparmos em achar qualquer

intenção do autor por trás dele. Para o francês, devemos ser livres na interpretação de um texto, que pode ter

quantos significados sejam necessários, independente do propósito do autor ao escrevê-lo. Caberia a cada leitor,

portanto, dar aos textos o significado que ele mesmo acha que tenham.

Seguindo os pressupostos desconstrutivistas, os teólogos emergentes ensinam que a interpretação de um texto

bíblico pode ter vários significados, não sendo possível determinar um sentido único que seja apresentado como

o verdadeiro. O sentido do texto não estaria dentro do texto, mas fora do texto. Não seria intra-textual, mas

extra-textual. O significado e a interpretação de todos os textos bíblicos seriam, portanto, relativos e caberia a

cada um extrair dos textos bíblicos, sem preocupar-se com regras de hermenêutica, as lições que achar

interessantes, conforme a necessidade do momento.

Por que prefiro o Método Gramático-Histórico de Interpretação ?

Por AUGUSTUS NICODEMUS

Augustus Nicodemus

O motivo principal é a atitude que os aderentes do método gramático-histórico têm para com a Bíblia. Os

que adotam esse método geralmente seguem pressupostos para com as Escrituras, no todo ou em parte, que

estão ligadas ao Cristianismo histórico e à Reforma protestante. Como reformado, por definição me inclino para

esse método. Para os que não estão familiarizados com essa nomenclatura, o método gramático-histórico é o

nome que se dá ao sistema de interpretação oriundo da Reforma, cujos proponentes se caracterizam pelas

seguintes atitudes (entre outras) para com a Bíblia:

1) Recebem-na como Palavra de Deus, inspirada, autoritativa, infalível, suficiente e única regra de fé e prática.

Assim, desejam submeter-se a ela, pois a consideram como estando acima de suas tradições e confissões.

2) Entendem que ela, como texto, tem somente um sentido, que é aquele pretendido pelo autor humano

inspirado. Esse sentido é geralmente o sentido natural e óbvio do texto. E para descobri-lo, acreditam que ela é

a sua melhor intérprete. Por conseguinte, dedicam-se a estudá-la, pois também reconhecem que ela foi escrita

por homens de cultura e língua diferentes vivendo em momento histórico também diferente.

3) Professam que a mensagem central das Escrituras é clara a todos, e que seus pontos essenciais são

suficientemente revelados, de forma que, pelo uso dos meios normais, qualquer pessoa, sob a iluminação do

Espírito, pode ter conhecimento salvador dessa mensagem.

4) Reconhecem que as diferenças doutrinárias que existem entre si próprios são decorrentes, não de erros ou

contradições das Escrituras, mas da incapacidade deles, causada pelo pecado e pelas limitações humanas, de

compreender perfeitamente a revelação perfeita de Deus.

5) Esforçam-se para continuamente rever seus pressupostos teológicos e características denominacionais à luz

das Escrituras. Entretanto, não rejeitam o legado hermenêutico das gerações anteriores.

Essa atitude interpretativa para com a Bíblia tem sido chamada de gramático-histórica porque considera

importante para seu entendimento tanto a pesquisa do sentido das palavras (gramma, em grego) quanto a

compreensão das condições históricas em que foram escritas. Apesar de sua idade avançada e das críticas que

tem recebido, ainda prefiro esse método de interpretação, por várias razões.

Primeira, mais que qualquer outro sistema hermenêutico, ele honra as Escrituras. Ele parte de um alto apreço

pelas Escrituras e seus atributos, como inspiração, autoridade, infalibilidade, coerência e suficiência. As escolas

alegóricas de interpretação sempre consideraram, em alguma medida, irrelevante a historicidade das narrativas

bíblicas, e se interessaram pelo pretenso sentido oculto atrás delas. O método histórico-crítico, surgido ao final

do século 17, partindo de suas pressuposições racionalistas, reduziu a Bíblia ao registro da fé de Israel e dos

primeiros cristãos, negando sua inspiração e infalibilidade. As novas hermenêuticas centradas no leitor, com seu

relativismo, negam a autoridade e infalibilidade das Escrituras e transformam o leitor em autor, pois é ele que

determina o sentido.

A hermenêutica do neo-misticismo evangélico desonra as Escrituras submetendo-a à autoridade dos espirituais

e iluminados.

Pr. Reginaldo Cresencio 2013

Igreja Batista RaízesAv.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP.

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Pr. Reginaldo Cresencio 2013

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Segundo, mantém em equilíbrio a tensão entre oração e labuta no estudo da Bíblia. Os praticantes do método

gramático-histórico sempre procuraram manter em equilíbrio a espiritualidade e a erudição no labor teológico,

especialmente aqueles comprometidos com o método gramático-histórico, adotando o binômio orare et

labutare: Orare, porque a Bíblia é divina, porque somos pecadores, porque Deus é muito diferente de nós. Pela

oração buscamos a iluminação do Espírito. Labutare, porque a Bíblia, como literatura produzida por seres

humanos num determinado contexto, numa outra cultura e numa outra época, é humana, e está distante de nós,

o que provoca a necessidade de estudo. A interpretação alegórica neo-mística descuida do labutare – tudo o que

o intérprete precisa é ser homem de oração, jejuar e aguardar iluminação do Espírito – provocando

interpretações absurdas, cabalísticas e místicas. O método histórico-crítico tende a esquecer o orare – tudo o

que o intérprete precisa é ser um especialista nas diversas críticas literárias – provocando intelectualismo árido

e seco. As novas hermenêuticas tendem a esquecer as duas coisas. Por que orar e estudar, já que a interpretação

é resultado da fusão de horizontes entre o leitor e o texto e se o sentido é determinado inexoravelmente pelas

estruturas da linguagem? Ou, se não há um único sentido, mas muitos e diferentes e todos igualmente válidos?

Terceiro, o método gramático-histórico preserva a objetividade na interpretação. Os seus proponentes, mesmo

admitindo que haja partes difíceis de entender na Bíblia, sempre afirmaram que a sua mensagem central é clara.

Assim, foram capazes de elaborar confissões, credos e teologias. O método gramático-histórico parte do

princípio que Deus se revelou proposicionalmente nas Escrituras e que esta revelação pode ser entendida,

sintetizada e transmitida. Quando digo que Deus se revelou proposicionalmente, refiro-me ao fato de ele nos

fala através de declarações, sentenças, frases. Setores do método histórico-crítico e das novas hermenêuticas

defendem que Deus não se revelou de forma proposicional, mas através de histórias, poesias, experiências. Para

eles, não existe um sistema doutrinário revelado na Bíblia, e conseqüentemente, não se pode sintetizar os

resultados da interpretação – não se pode ter teologia.Toda interpretação é subjetiva, provisória, contextual e

temporária. Nunca se pode afirmar que sabemos a verdade que a Bíblia ensina.

Por último, a escola gramático-histórica de interpretação produziu grandes pregadores e grandes expositores

bíblicos, mais que as outras. O método histórico-crítico, por exemplo, costuma produzir mais professores

acadêmicos do que grandes pregadores. Já o método alegórico e as novas hermenêuticas produzem contadores

de experiências, visto que não lhes interessa o conteúdo teológico, doutrinário e práticos das Escrituras.

Em conclusão, eu diria que um retorno ao uso coerente do método gramático-histórico pode ser crucial para

uma reforma no protestantismo brasileiro, como foi na igreja do século XVI. A ferramenta principal dos

reformadores foi uma postura para com a Bíblia e uma leitura que rompeu com os métodos alegóricos

medievais. Foi esta atitude para com a Bíblia que consolidou a Reforma. Acredito que a crise de identidade que

vive o evangelicalismo brasileiro tem como uma das principais causas a falta de consistência e coerência no

emprego do método de interpretação que sempre acompanhou o Cristianismo histórico.

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PRINCIPAIS LEIS DA HERMENÊUTICA

1. Lei do contexto: A parte que vem antes ou depois do texto. Diz-se que não se

deve interpretar um texto sem o auxilio do contexto, para não se fazer um

pretexto

2. Lei do texto paralelo: Um texto deve ser auxiliado na sua interpretação

utilizando o mesmo assunto que ocorre em outras partes das Escrituras

Sagradas.

3. Lei da autoria do texto: Os diferentes autores da Bíblia viveram em tempos,

culturas, situações sociais e regiões diferentes. Portanto, a forma de

apresentação de um determinado texto para um povo que vivia situações

diferentes, deve ser comparado com outros em tempo ou forma remota.

4. Lei da interpretação do texto: A interpretação do texto é aquilo que a

passagem quer dizer no tempo, no espaço e nas circunstâncias que foram

escritas. O literalismo busca o que o texto quer dizer, o simbolismo busca o que

figura quer dizer (cf. Apocalipse 3:20).

5. Lei da aplicação do texto: Um mesmo texto pode ser aplicado a pessoas ou clãs

vivendo épocas ou situações geográficas diferentes (cf. Mateus 13:24-30).

PONTUAÇÃO: O Mistério da Herança

Um homem rico estava muito mal, agonizando. Dono de uma grande fortuna, não teve tempo de

fazer o seu testamento. Lembrou, nos momentos finais, que precisava fazer isso. Pediu, então,

papel e caneta. Só que, com a ansiedade em que estava para deixar tudo resolvido, acabou

complicando ainda mais a situação, pois deixou um testamento sem nenhuma pontuação.

Escreveu assim:

“DEIXO MEUS BENS A MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO JAMAIS

SERÁ PAGA A CONTA DO PADEIRO NADA DOU AOS POBRES.”

Morreu, antes de fazer a pontuação.

A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro concorrentes: o sobrinho, a irmã, o padeiro e os

pobres. Os herdeiros assim o pontuaram:

1) O SOBRINHO fez a seguinte pontuação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro.

Nada dou aos pobres.

2) A IRMÃ chegou em seguida. Pontuou assim o escrito :

Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada

dou aos pobres.

3) O PADEIRO puxou a brasa pra sardinha dele:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro.

Nada dou aos pobres.

4) Então, chegaram os POBRES da cidade. Espertos, fizeram esta interpretação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro?

Nada! Dou aos pobres.

Texto da Internet - Autor Desconhecido