Hipocampo no Neuromarketing
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Mestrado em Marketing Relacional ‐ 2010
UC: Psicologia do Consumidor
Trabalho 1
“O HIPOCAMPO”
Trabalho realizado pelo discente
Jorge Duarte da Silva
Aluno nº 2101508
14 De Novembro de 2010
Mestrado em Marketing Relacional – 2010 UC: Psicologia do consumidor
Jorge Duarte da Silva – 2101508 Página 2 de 7
Introdução
Este trabalho está a ser realizado na unidade curricular de Psicologia do Consumidor,
que eu prefiro de chamar de neuromarketing.
Quando falamos desta unidade curricular, é importante perceber como se comporta o
consumidor, como funciona o seu processo de tomada de decisão. O Processo de
tomada de decisão passa impreterivelmente pelo cérebro e consequentemente pelos
vários componentes do mesmo. Assim é importante que conheçamos os mesmos e
como funcionam, para perceber de que forma poderemos ser mais eficazes na
passagem da mensagem em marketing.
O tema em estudo refere‐se ao hipocampo (“Lago das Memórias”), neste estudo vamos
tentar explicar o que é o hipocampo, as suas funções principais e tentar perceber a
ligação do mesmo aos comportamentos do consumidor.
Hipocampo ‐ Revisão bibliográfica
O hipocampo (Figura2), faz parte do sistema Límbico. O Sistema límbico está subjacente
ao corpo caloso, sendo a área que permite a ligação e comunicação dos dois
hemisférios cerebrais. O hipocampo está muito ligado è representação espacial e à
memória (Figura1). (Rittner et al, 2004)
Figura 1 Figura 2
Figura 1 ‐ http://esclerosemultipla.wordpress.com/2006/11/09/estudo‐revela‐a‐base‐quimica‐da‐memoria/
Figura 2 ‐ Imagem retirada de: http://www.psicoactiva.com/atlas/hipocamp.htm
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O hipocampo e a memória
Aprendizagem e memória são processos neurobiológicos intimamente ligados, é o
processo pelo qual a informação apreendida se transforma em conhecimento na nossa
memória. Somos o que somos pelo que aprendemos e recordamos. O hipocampo, está
muito ligado ao sistema de aprendizagem e memória, recebe informação das diversas
vias sensoriais fazendo a selecção da informação que deve ou não ser armazenada, é
como se fosse posto de comando, à medida que os neurónios do córtex recebem
informação sensorial, transmitem‐na ao hipocampo, só depois da resposta deste é que
se começam a ser guardadas, sem a sua “autorização” a experiencia perde‐se e não
fica guardada. (Solís et al, 2009). Em termos esquemáticos simplificado temos:
Estímulos> memoria de curto prazo> análise do hipocampo> memória de longo prazo.
(Oliveira, 2000). O hipocampo tem a ver com a recuperação da memória propriamente
dita, como recordar o nome de uma pessoa; no entanto as emoções dessa memória
passam pela amígdala, o gostar ou não gostar, as boas e más recordações. (Seeley,
2003).
A Memória declarativa ou explícita permite a comunicação verbal e não verbal, e pode
referir‐se a um acontecimento, recordando experiencias anteriores, objectos, rostos,
nomes, conceitos, factos, …, podendo ser mais episódica ou semântica. A memória
declarativa é a que usamos no dia‐a‐dia. O limite desta não é conhecido, mas é muito
elevado. O funcionamento da memória episódica depende da integridade do
hipocampo, giro dentado, amígdala e núcleos do tálamo. Memória não declarativa,
implícita ou de procedimento constrói‐se lentamente através da experiência, como
andar de bicicleta, está directamente relacionada com as coisas que a pessoa faz, as
suas habilidades, como faz as coisas. O acesso a elas é inconsciente e está relacionado
com o hipocampo, gânglios basais entre outros. (Solís et al, 2009). A título de exemplo,
num jogo de ténis, o hipocampo não está relacionado com o bater da bola, mas está
relacionado com a memória das jogadas e do ponto onde bate a bola para saber como
fazer a próxima jogada. (Kandel, 2000).
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O hipocampo direito e esquerdo
Relativamente ao hipocampo direito e esquerdo estes desempenham funções
distintas, o hipocampo direito está relacionado com a memória de representação
espacial, ao passo que o lado esquerdo está mais relacionado com a memória para
palavras, objectos e pessoas. Uma lesão no lado direito provoca problemas com a
orientação espacial (espaço e lugar), lesão no hipocampo esquerdo provoca falhas na
memória das palavras. (Solís et al, 2009).
Curiosidade para o futuro
Num artigo da BBC, cientistas dos Estados Unidos procuram construir um modelo
matemático do funcionamento do hipocampo, tendo em vista a criação de um micro‐
chip que possa substituir esta região em caso de dano neurológico. (In
http://news.bbc.co.uk/2/hi/health/2843099.stm)
Evidências do Hipocampo no neuromarketing
As marcas desempenham um papel importante no processo de compra, pois
desencadeiam um leque de associações e ideias que relacionam para valores e
emoções, quando o consumidor a conhece e tem opinião positiva, activa o hipocampo
e o córtex pré‐frontal. Na análise muito conhecida da Pepsi‐chalange, quando não é
conhecida a marca, a escolha está dependente do gosto e outras sensações; a partir do
momento que a marca é conhecida, entra na decisão as memórias existentes e
associações à marca, que mudam as escolhas, aqui está o papel do hipocampo a
funcionar na prática. (Romero e tal, 2010)
Outro autor afirma que o hipocampo participa no controlo da alimentação, tem
funções na motivação para consumo de alimentos, o controlo da alimentação depende
da capacidade de codificar e representar na memória uma variedade de informações
sobre as experiências com os alimentos. (CAMBRAIA, 2004)
Falemos agora do do “bombardeamento” das expressões sensoriais que são registadas
a cada momento pelos sentidos do consumidor, através de todos os meios de
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publicidade com os quais se cruza, a quais ele vai prestar atenção? A decisão de
prestar atenção ou não e de guardar essa informação é tomada pelo hipocampo. Vai
ainda mais longe ao dizer que presta mais atenção naquilo que é vibrante e saliente
em detrimento daquilo que é comum, cores mais vivas. Como vibrante ou saliente é
aquilo que se destaca do restante, por vezes, em ambientes barulhentos os tons
suaves podem ser mais notados. Ficamos ainda a saber o hipocampo prefere
informações relacionadas com aquilo que ele já sabe, usa as experiencias anteriores
para captar as novas informações. (Schmitt, 2000).
Os bolbos olfactivos são parte do sistema límbico e ligados directamente às estruturas
que processam emoção (Amígdala) e também fortemente relacionados com
aprendizagem associativa (o hipocampo) (Herz, 2002). O olfacto é um dos sentidos que
não podemos dispensar, mesmo que não tenhamos consciência disso ele está
directamente ligado à nossa memória e emoções. Foi observado que os aromas são
capazes de invocar respostas ainda antes de o consumidor sentir a sua presença. Uma
pesquisa confirmou que o olfacto é o sentido mais forte em relação à memória,
achando que é 100 vezes mais propensos a lembrar de algo que sentimos o cheiro do
que algo que vemos. (Kevin, 2009).
Conclusão – Análise Critica
Depois de resumida a literatura sobre este componente do nosso cérebro, chegamos a
à conclusão mais importante relativamente ao hipocampo, este faz parte do nosso
sistema de aprendizagem e armazenamento de conhecimento, as memórias. Sem ele
as pessoas perdem a capacidade de aprender e adquirir novos conhecimentos.
Está dependente deste a escolha da informação que nós guardamos. Através de todos
os nossos sentidos somos a cada momento sujeitos a novas informações ou repetições
de informações, toda essa informação através do seu percurso normal chega ao
hipocampo, quando ali chega está sujeita a um processo de selecção e classificação
para ser armazenada, ou associada a informações já anteriormente retidas.
Como somos constantemente submetidos a experiencias sensoriais de publicidade, é o
hipocampo, que nos ajuda a decidir se devemos ou não prestar atenção e se devemos
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ou não guardar essa informação, penso que ao chegarmos a este ponto podemos ver a
importância do hipocampo no neuromarketing, ou seja, se a informação que é passada
consegue captar a atenção e é armazenada na memória, depois quando o consumidor
se cruzar com o produto, recebendo novas informações, vai fazer a associação com a
informação já armazenada e estará muito mais apto a tomar uma decisão, salientemos
aqui que a decisão não depende do hipocampo, este só está presente para recordar o
que tem armazenado em memória. Voltando ao exemplo do Pepsi‐chalange, a
informação retida na memória faz toda a diferença na escolha do produto, quando a
marca está visível. Isto acontece porque, associado à marca, estão guardadas na
memórias diversas associações com a mesma, mais uma vez o hipocampo mostra aqui
o seu papel, dada a informação armazenada tem influencia na tomada de decisões
futuras.
Outro ponto muito importante tem a ver com o olfacto e a sua capacidade cerca de
100 vezes superior, relativamente ao que vemos, para nos lembrarmos de algo que foi
memorizado com a intervenção do hipocampo. Assim é muito importante no nosso
marketing, sempre que possível passar uma mensagem com aromas associados, pois
vale a pena, e aqui relembro um tema muito falado nas aulas, o cheiro a carro novo.
Ainda falando do mesmo assunto, e no seguimento dos estudos analisados, vimos que
os consumidores já estão a tomar decisões com base no aroma ainda antes de terem
consciência da sua presença.
É preciso termos consciência em marketing, que todas as mensagens que passamos
para o consumidor, as experiências com os produtos e toda a informação relacionada
com eles, vai sendo armazenada na nossa memória, quer ela seja positiva ou negativa,
e quando estivermos a ponderar adquirir o mesmo, o nosso sistema vai procurar todo
o armazenamento de dados feito e fazer associações, que vão certamente interferir
com o processo de tomada de decisão!
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Bibliografia:
CAMBRAIA, R. Aspectos Psicobiológicos do Comportamento Alimentar. Campinas: Revista de Nutrição vol. 17 no. 2. Apr./ June 2004
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