História da arquitetura - habitação no pós-guerra - IBA

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    MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

    GRADUAÇÃO: ARQUITETURA E URBANISMO

    HISTÓRIA E TEORIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO IV

    [Disciplina do DEC/CCET para a graduação em Arquitetura e Urbanismo] 

    Profa. ELUIZA BORTOLOTTO GHIZZI

    [Texto de apoio didático]

    CAMPO GRANDE  – MS

    [Elaborada em 2005; última revisão concluída em setembro de 2011]

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    CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIAGRADUAÇÃO: ARQUITETURA E URBANISMO

    DISCIPLINA: HISTÓRIA E TEORIA DA ARQUITETURA E URBANISMO II/DEC/CCETPROFESSOR: ELUIZA BORTOLOTTO GHIZZI/DAC/CCHS

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    APRESENTAÇÃO

    O conjunto de textos contido nesta apostila tem por objetivo servir de apoio didático a apenas

     parte do conteúdo da disciplina  História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo IV . Em síntese,

    contempla, principalmente, os movimentos na área da edificação e os aspectos históricos. Para outros

    eventos na área do urbanismo e para o desenvolvimento dos aspectos teóricos do período, utilizam-se

    os textos indicados na bibliografia do Plano de Ensino da disciplina e desenvolvidos nos seminários de

     pesquisa. As orientações gerais sobre como preparar as fichas de leitura dos textos e, também, sobre

    como preparar o seminário, estão disponíveis nos anexos no final deste texto.

    Tomaram-se por referências os títulos indicados no item Bibliografia (ao final do texto). Os

    resumos aqui apresentados não substituem os textos que lhes servem de referência; podem apenas,

     pela sua forma resumida, introduzir o estudante de história e teoria da arquitetura e do urbanismo nos

    assuntos dos quais trata. Propõe-se que o acadêmico recorra aos textos originais sempre que a

    curiosidade ou a necessidade de mais informações se apresente.

    Este texto contém, também, apenas uma parte das imagens da história da arquitetura e do

    urbanismo do período tratado; motivo pelo qual seu conteúdo deve ser complementado com o dasaulas  –   amplamente ilustradas com imagens  –   bem como com o dos livros que lhes servem de

    referência e/ou outras fontes de pesquisa de que disponha o acadêmico. Cabe frisar que conhecer essas

    imagens é tão importante para o acadêmico de arquitetura quanto compreender os fatos e conceitos

    trabalhados nos textos.

    Em resumo, o conjunto de textos aqui reunidos só poderá introduzir - de fato - o acadêmico

    nos assuntos dos quais trata se complementado pelas aulas ministradas na disciplina História e Teoria

    da Arquitetura e do Urbanismo IV durante o semestre letivo, bem como pelos demais textos indicados

     para leitura.

    Profa. Eluiza Bortolotto Ghizzi

    CCHS/UFMS

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    SUMÁRIO

    O PERÍODO IMEDIATAMENTE PÓS-GUERRAS ................................................................ 4 A Reconstrução das Cidades Européias ................................................................................. 4 

     Novas Cidades: o Movimento Moderno Além da Europa ..................................................... 9 

    AS DÉCADAS DE 1960 A 1980 ............................................................................................. 12 Experiências na área de habitação multifamiliar: França, Alemanha e outros países .......... 12

     

    Robert Venturi, Charles Moore, Michel Graves e Philip Johnson nos EUA ....................... 29 Uma pluralidade de movimentos divide a cena urbana ........................................................ 36 Brutalismo ............................................................................................................................ 36

     

    High Tech ............................................................................................................................. 39 

    Minimalismo ......................................................................................................................... 45 

    Expressionismo ..................................................................................................................... 51 Metabolistas .......................................................................................................................... 57 De(s)construtivismo ............................................................................................................. 61 

    DA DÉCADA DE 1990 EM DIANTE..................................................................................... 66 Arquitetura e Revolução Digital ........................................................................................... 66 Arquitetura Genética............................................................................................................. 78 

    Bibliografia ............................................................................................................................... 81 

    Anexos ...................................................................................................................................... 85 Como Preparar uma Ficha de Leitura ................................................................................... 85

     

     NBR 10520:2001 Informação e documentação - apresentação de citações em documentos.............................................................................................................................................. 88

     

     NBR 6023:2000 Informação e documentação- Referências- Elaboração ............................ 89 O que é (e o que não é) um seminário .................................................................................. 91 

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    O PERÍODO IMEDIATAMENTE PÓS-GUERRAS

    A Reconstrução das Cidades Européias

    O segundo pós-guerra na Europa foi caracterizado pelas reconstruções. Algumas cidades perderam completamente áreas imensas com alojamentos, edifícios públicos e comércio.

    Até então os princípios da nova arquitetura haviam sido experimentados em alguns poucoslugares e os do novo urbanismo haviam sido elaborados apenas teoricamente.

    URSS

    Os princípios teóricos elaborados anteriormente na URSS são citados por BENEVOLO(1994:658-670) e se resumem em:

    1. A quantidade de população de uma cidade deve ser prevista anteriormente e o crescimentodas grandes cidades limitado;

    2. A distribuição das edificações deve ser planificada juntamente com a de todos os serviços edos aparelhamentos públicos;

    3. As diferenças entre cidades grandes e pequenas deve ser eliminada, a comunicação entre elasfacilitada e deve-se descartar a solução de cidades-satélite;

    4. Os planos urbanísticos devem chegar a delimitar até os projetos arquitetônicos e o estilo das

    construções;

    5. A unidade de partida para as zonas residenciais deve ser o superbloco ( kvartal ) deaproximadamente 6.000 habitantes, dotado de escola, creche, lojas, campos de jogo, agência decorreios, restaurante.

    6. Cada cidade deve ser planificada com critérios próprios e respeito para com suascaracterísticas individuais;

    7. Devem ser respeitados os estilos tradicionais da arquitetura russa, harmonizando-os com astécnicas e comodidades modernas;

    8. A construção residencial e suas exigências têm precedência sobre o resto;

    9. O urbanismo e a arquitetura devem seguir os princípios do urbanismo socialista.A realidade dos primeiros anos pós-guerra leva a se construir um pouco ao acaso, nassituações mais emergenciais. A qualidade das construções é ruim, o que é constantemente

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    verificado. A partir de 1948 a construção civil é padronizada e a Academia de Arquitetura é

    encarregada dos projetos. Resultam desse trabalho projetos-“tipo” para moradia e edifícios públicos, levando-se em conta as diferenças climáticas, de hábitos e recursos técnicos de 5zonas principais. A adaptação dos estilos às novas técnicas acaba se mostrando inadequada e énotado, entre outras coisas, o gasto com materiais destinados a elementos decorativos. Isso

     provoca revisões e, em 1958, na Mostra Universal de Bruxelas, já se pode verificar o novocurso da arquitetura russa: embora muitas características tradicionais permaneçam, nasresidências desaparecem as ordens arquitetônicas, as decorações, os entalhes.

    Fig. 1. Moscou, construção do período stalinista ecasa pré-fabricada desenhada pela Academia de Arquitetura da URSS.

    Fig. 2. Modelos de novas construções soviéticas apresentadas na Exposição Universal de 1858.

    ITÁLIA

    Até 1947 a Itália se volta principalmente para o domínio das técnicas de construção modernase não, ainda, das formas modernas. Em 1945 se busca uma formulação teórica para a novaarquitetura. Bruno Zevi publica “Verso um’ architettura organica”, fazendo referência a

    Wright e propondo uma revisão da herança cultural anterior à guerra. Zevi concebe umadefinição própria e bastante ampla de arquitetura orgânica. Para ele “arquitetura orgânica”equivale a uma “arquitetura humana”. A arquitetura moderna é alinhada juntamente com osdemais estilos históricos e passa a ser vista como mais um estilo, o qual é identificado com oracionalismo, o funcionalismo e a ideia de uma arquitetura Standard  e internacional. Nessecontexto nasce na Itália a oposição entre racionalistas e orgânicos.

    Em 1949 é instituído o INA-casa –  financiado por uma contribuição retida do salário de todosos trabalhadores. Os primeiros bairros construídos evidenciam os contrastes entre tendênciasas formais, dada a liberdade concedida aos arquitetos e a ausência de uma unidade pré-determinada na planificação.

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    Fig. 3. Bairro INA-Casa, Tiburtino, Roma eRoma, bairro INA –  Casa, Tuscolano. Em primeiro plano a unidade de habitação horizontal. Além das unidades

    habitacionais eram construídos edifícios públicos (creches, escolas, ... e praças. 

    FRANÇA

    Tendo em torno de 5% das habitações destruídas pela guerra, instituiu-se, em 1944, oMinistério da Reconstrução e Planificação Urbanística.

    Os trabalhos mais significativos desse período são os de Auguste Perret (Le Havre e Amiens)- embora esse ainda tendesse para um neoclássico  –  e os de Le Corbusier, com a Unidade deHabitação em Marselha. Após anos de desenvolvimento teórico, Corbusier tem agora aoportunidade de colocar em prática seus planos, baseados na Unidade de Habitação como

    célula padrão de um novo modelo de cidade. Ele, contudo, tem oportunidade apenas deimplantar seu modelo de Unidade de Habitação de forma isolada, primeiramente em Marselhae, depois, em Nantes, Berlim (Interbau, 1957) Briey-em-Forrêt e Firminy. Como tal, ficamcomo partes de um urbanismo que não foi de fato realizado por inteiro. Isso prejudica, porexemplo, o modelo de serviços incorporados aos edifícios, especialmente na parte alta desses,como no caso da Unidade de Marselha. Em uma condição na qual diversas Unidades deHabitação coexistiriam, os moradores não deveriam ser obrigados a consumir dos serviçoslocalizados no seu edifício, mas poderiam escolher livremente entre os diferentes serviçoslocalizados em outros edifícios, além do seu.

     Nas demais Unidades, diferentemente da de Marselha, L-C experimenta alterações na

    concepção do projeto. Em Briey-em-Forrêt são introduzidos apartamentos grandes (49unidades) e pequenos (200 unidades) além dos médios (360 unidades) e os serviços (lojas,creches, etc.) são colocados em um edifício térreo, construído à parte, o que os desvinculamais das habitações e, ao mesmo tempo, favorece o acesso de moradores de diferenteslugares. Nas Unidades de Nantes e Berlim os serviços comuns são suprimidos.

    As Unidades de habitação de Le Corbusier foram, de acordo com Benevolo, uma das maiorescontribuições ao urbanismo contemporâneo. Suas variações vão desde bairros até assuperquadras de Brasília e os kvartal  soviéticos.

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    Fig. 4. Auguste Perret, edifício em Amiens e Le Corbusier, Unidade de Habitação em Marselha, 1946. 

    ALEMANHA

     Na Alemanha o número de danos é maior do que em qualquer outro país. Quase 50% dasconstruções foram danificadas e, dessas, quase 50% foram totalmente destruídas. Algumascidades computaram 75% de destruição. Além disso, a capital, Berlim, teve seu centro

     bastante destruído e foi dividida em duas (leste e oeste). Registrou-se o fenômeno do êxododas grandes cidades e aproximadamente 10.000.000 de pessoas migraram da Alemanhaoriental para a ocidental. Tudo isso resultou em grandes mudanças na distribuição da

     população no território.

    De 1949 a 1950 aproximadamente 100.000 de alojamentos foram construídos com a ajuda

    americana. Em 1950, por meio de uma lei, o estado se propõe a construir, em 6 anos,1.800.000 alojamentos. Desde então a Alemanha segue no seu plano de reconstrução eampliação da moradia e da cidade.

    Muitas construções são reconstruídas tal como eram. Os alemães se mostram muitohabilidosos nessa recuperação desde as estruturas até os acabamentos das construçõesseculares. Paralelamente desenvolve-se a tendência de uma arquitetura altamenteindustrializada, por influência tanto das empresas americanas instaladas na Alemanha porocasião da reconstrução quanto da proximidade com a Suíça, onde continuaram sendodesenvolvidas exposições com o design alemão iniciado anteriormente à guerra na escolaBauhaus.

    Após a Segunda Grande Guerra a Alemanha tenta recuperar as pesquisas com a arquitetura eo design.  Em 1950 é instituída em Ulm, por I. Aicher_Scoll, uma nova escola, aGeschwister-Scholl-Stiftung (Escola Superior da Forma ou Escola de Ulm). A escola éinaugurada em 1955 por Walter Gropius e dirigida inicialmente por Max Bill (substituído 2anos depois por T. Maldonado). No discurso inaugural Gropius reforça a proposta que buscouencaminhar na Bauhaus de “não recorrer a um estilo, mas sim manter -se em perene pesquisaexperimental de expressões novas e de verdades novas” (BENEVOLO, 1994:692). 

    Em 1957 tem início a Interbau (instituída pelo Senado de Berlim em 1953) que estabelecia areconstrução de Hansaviertel, um bairro oitocentista e de localização central. A reconstrução

    deveria ser ligada a uma experiência interna de arquitetura moderna. A Interbau oferece aarquitetos, institutos científicos e indústrias a oportunidade de experimentarem as maismodernas soluções para os problemas do núcleo urbano. Realiza-se um concurso para o

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    arranjo urbanístico, vencido por G. Jobst e W. Breuer, que propõem edifícios altos e isolados

    no verde. 476 projetistas são convidados a construir. Os edifícios resultam díspares, o quedifere da unidade formal pretendida no planejamento. Especialmente, verifica-se que não háunidade de concepção entre projetistas nacionais e estrangeiros. Talvez apenas uma unidadena técnica tenha sido alcançada.

    Fig. 5. O novo bairro Hansa, Interbau, Berlim. 1957. 

    HOLANDA

    Trata-se de um caso exemplar de equilíbrio entre arquitetura e urbanismo. Roterdã, porexemplo, teve todo o seu centro destruído em um único dia (14 de julho de 1940),desabrigando 78.000 pessoas. No mesmo dia o exército se rende e, ainda no mesmo mês, aadministração se apropria dos terrenos e edifícios restantes no centro e começa a pensar na

    reconstrução. Em 18 de julho fica pronto o primeiro esquema. Parte da população é deslocada para a periferia e pequenas municipalidades circundantes são anexadas ao plano, para umamelhor distribuição da população.

    Fig. 6. O Novo Centro, Roterdã. 1955. 

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    Novas Cidades: o Movimento Moderno Além da Europa

    O movimento moderno produziu seus efeitos em todos os países do mundo e, em algunscasos, segundo Benevolo (1984:711), os resultados são capazes de estimular tanto asexperiências na Europa quanto nos Estados Unidos.

    Le Corbusier na Índia

    “Em 1950, Le Corbusier entra em contato com o governo indiano e recebe o encargo desuperintendente da construção de Chandigarh, nova capital do Punjab, em substituição aLahore, que ficou em território paquistanês” (BENEVOLO, 1984:720). 

    A construção da cidade foi prevista em duas etapas: a primeira para abrigar 150.0000 pessoase a segunda elevando a população para 500.000 habitantes (dos quais aproximadamente 1/3são empregados de órgãos administrativos).

    Conforme BOESIGER (1994:200), “o programa no qual se baseia a edificação de Chandigarh

    foi estabelecido por altos funcionários que fizeram seus estudos em Oxford, conhecedores egeralmente admiradores da civilização inglesa. Chandigarh é uma cidade horizontal. O

     programa oxfordiano compreendia treze categorias de habitações individuais, desde a dostrabalhadores braçais até a dos ministros”. 

    Le Corbusier foi encarregado de dirigir o estudo de urbanização da futura cidade. De acordocom BENEVOLO (1984:720), esse arquiteto, juntamente com os ingleses Maxwell-Fry e JaneDrew e seu primo Pierre Janneret traçaram o plano urbanístico em seis semanas do ano de1951 e os trabalhos viários começaram no ano seguinte.

    Aplicando a teoria das sete vias, Le Corbusier imagina uma rede de vias expressas de

    importâncias diversas (vias 1, 2 e 3), que se cortam ortogonalmente, individuando um xadrez degrandes setores retangulares, cada um com cerca de cem hectares. Cada setor está dividido entreas treze classes sociais que compõem a população da cidade, alojadas em treze diversascategorias de habitações e agrupadas em diversas porções do setor, fruindo dos mesmos serviços públicos; Le Corbusier pode, assim, verificar de modo rigoroso sua teoria dos setores mistos,onde as diversas zonas residenciais estão diferenciadas segundo a densidade. Os setores sãoatravessados em um sentido pelas vias 4 (comerciais), das quais partem as vias 5 e 6, que levamaté a porta das casas, e no sentido ortogonal pelas vias 7, que se entrelaçam no verde e ligam asinstalações escolares e recreativas. Os edifícios administrativos  –  o Palácio do governador, oParlamento, a Secretaria (onde estão reunidos todos os ministérios) e a Corte da Justiça  –  estãoagrupados fora da cidade, sobre uma planície artificial, movimentada por desníveis, espelhos deágua, plantações e figuras simbólicas. (BENEVOLO,1984: 720-722)

    O conceito de brise soleil  estende-se à fachada inteira e até à própria estrutura do edifício, afim de solucionar o problema da sombra, considerado fundamental devido ao clima local. Em

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    Chandigarh, ainda, Le Corbusier experimenta uma arquitetura de formas expressivas, que

    explora a maleabilidade do concreto –  como no caso dos palácios da Assembléia, da Justiça edo Governador - e as cores e texturas dos materiais - como no caso dos tijolos marrom-avermelhados propostos para os edifícios das escolas e museus. Tanto nas soluçõesconstrutivas quanto nos materiais e nas formas pode-se dizer, também, que o arquitetoexplorou características locais, consideradas em complementaridade às internacionais

     propostas pelo modernismo.

    1. Capitólio;2. Centro comercial;3. Hotéis; restaurantes;4. Museu, estádio;5. Universidade;

    6. Mercado;7. Áreas verdes nos setores;8. Rua comercial ou v4 dos setores;9. Vale do lazer;10. Indústria e estações; 

    Fig. 7. Plano para Chandigarh, Índia. Le Corbusier, 1951.

    Brasília no Brasil [Lúcio Costa e Oscar Niemeyer]

    Aspectos do Modernismo no Brasil

    Depois da Revolução de 1930 (de Getúlio Vargas) Lúcio Costa é nomeado para a direção daEscola de Belas Artes do Rio de Janeiro e propõe uma renovação no ensino tradicional,convidando inclusive professores que pretendiam realizar no Brasil o que as vanguardasrealizavam na Europa (G. Warchavchik: Manifesto da Arquitetura Funcional /1925 e primeiracasa “modernista” no Brasil/1928). L. Costa obtém o apoio dos estudantes, mas, é obrigado aabandonar o posto um ano depois, devido às reações que provoca.

    1935  –   institui-se o concurso para o Ministério da Educação e Saúde, do qual participamsem sucesso os melhores arquitetos modernos. O concurso, cujo projeto vencedor  –  em estilomarajoara  –   era de Archimedes Memória, foi anulado e o Ministro G. Capanema convidaLúcio Costa pra criar um projeto segundo novas orientações. Este, por sua vez, convidaCarlos Leão, Jorge Machado Moreira e Affonso Eduardo Reidy para integrarem a equipe,mais tarde acrescida por Oscar Niemeyer e Ernani Vasconcelos. Costa propõe, em 1936, queLe Corbusier seja chamado como consultor. O projeto é visto como uma oportunidade derealizar no Brasil os cinco pontos da arquitetura de Le Corbusier. A fachada, realizada naforma curtain wall , ou pan de verre, viria a tornar-se, mais tarde, o protótipo dos arranha-céusque caracterizam a prosperidade americana na segunda metade do séc. XX, e que apenas serealizaria em N.Y. em 1952 (Edifício Lever). O projeto se prolonga por vários anos e, em

    1939, Lúcio Costa propõe que Oscar Niemeyer assuma a coordenação.

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    1943  –   exposição “Brazil Builds” no Museu de Arte Moderna de Nova York, marca o

    reconhecimento das realizações e da autonomia estética da arquitetura brasileira.1955  –  Juscelino Kubitschek, antes governador do estado de Minas Gerais, é eleito presidente.Até então um dos adeptos do movimento moderno no Brasil, juntamente com G. Capanema eoutros, dá novo impulso ao planejamento urbano. São iniciadas obras já previstasanteriormente para o Rio de Janeiro, as quais incluem instalação de equipamentos em áreaslivres na orla e construção de grandes aterros de traçados curvilíneos e amplos.

    Decisão de construir Brasília.  Uma comissão é designada para a escolha do local. Entrecinco alternativas possíveis, se elege um planalto levemente ondulado no estado de Goiás. Oórgão executivo é instituído –  Novacap - e Niemeyer é nomeado diretor do Departamento deArquitetura e Urbanismo e encarregado de projetar os dois primeiros edifícios (residênciaoficial e hotel para hóspedes oficiais). Niemeyer recomenda o concurso público para o planourbanístico, o qual é instituído em setembro de 1956, disponibilizando amplo material de

     pesquisa aos concorrentes e duas diretrizes: traçado básico em escala 1:25.000 e relatório justificativo.

    Projeto de Lúcio Costa:  está entre os que se limitaram a delinear a forma da cidade,fundamentando-a com princípios de ordem geral. Apresentado em cinco laudas,compreendendo o relatório justificativo e os desenhos, todos feitos à mão livre. Segundo oarquiteto,

     Nasceu do gesto primário de quem assinala o lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-seem ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz. Procurou-se, depois, a adaptação à topografialocal, ao escoamento natural das águas, à melhor orientação, adequando-se a um dos eixos a fimde conte-lo no triângulo eqüilátero que define a área urbanizada.

    Brasília

    O projeto para a nova capital do Brasil pode ser resumido como o encontro de dois eixos, comdois terraplenos e uma plataforma central, a estação rodoviária. Com o arqueamento de um doseixos define-se uma área urbanizável triangular, forma que se rebate no desenho da Praça dosTrês Poderes. Um eixo é chamado de monumental, abrigando as funções cívicas e políticas dacidade. O outro é chamado de rodoviário-residencial, pois concentra as áreas de moradia ecirculação motorizada. Ao longo dele estão as superquadras, conjuntos de quatro quadras de300m de lado envolvidas por densa vegetação, e ocupadas por edifícios lineares de seis pavimentos sobre pilotis, formando uma ‘vizinhança’ servida de infra-estrutura de serviços ecomércio para comunidade. (WISNIK, 2001:101)

    Fig. 8. Planta e Superquadras. Brasília. Lucio Costa, 1951 (Plano Piloto). 

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    AS DÉCADAS DE 1960 A 1980

    Experiências na área de habitação multifamiliar: França,Alemanha e outros países1 

    Dois experimentos importantes ocorreram durante a década de 70 e 80 do século passado,abrangendo o campo da habitação multifamiliar. Um deles foi na França, especialmente nacidade de Paris, e o outro na Alemanha, em Berlim.

    O experimento francês

    Apesar de no passado existirem algumas iniciativas que visavam a construção em massa dehabitações multifamiliares, este campo era ainda, no início dos anos setenta, bastanteconservador no que concerne aos experimentos arquitetônicos. Esta carência de pesquisasmais abrangentes na área, associada à necessidade (em grande parte decorrente dos prejuízosda Segunda Grande Guerra) de suprir carências habitacionais, levou o governo francês a

     promover, no começo desta década, vários concursos, coordenados através dos ministérios deCultura e de Construção. Esses buscavam propostas com soluções inovadoras e alternativasaos corriqueiros blocos monótonos de apartamentos. Destinavam-se, em sua maioria, àconstrução de novos bairros residenciais nos subúrbios de Paris, sobretudo para as pessoas derenda média e baixa. Os projetos deveriam estar em sintonia com o estilo de vidacontemporâneo, apresentando soluções que refletissem uma “nova sensibilidade”, agregando

    novos valores espaciais e estéticos à tipologia da habitação multifamiliar.

    Todos os arquitetos que contribuíram com propostas tiveram que trabalhar sob pré-requisitos bastante rígidos. Existiam várias restrições de ordem técnica e os orçamentos eram exíguos, o

    1 Texto embasado na tradução livre da revista GA Houses, edição 23 (1988). Todas as citações sem referência no texto, pertencem a esta publicação.

    As imagens foram digitalizadas da revista GA Houses, edição 23 e do livro Arquitetura contemporânea: uma história concisade Diane Yvonne Ghirardo (2002).

    A tradução e a redação-síntese do texto são de Janir Rodrigues da Silva. A inserção das imagens é de responsabilidade deThalita Galbieri. As ativividades de tradução, redação-síntese do texto e inserção de imagens foram desenvolvidas como

     parte das atividades de monitoria na disciplina Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo II, oferecida para agraduação em Arquitetura e Urbanismo da UFMS, pela professora Eluiza Bortolotto Ghizzi, do Departamento deComunicação e Artes/CCHS/UFMS. A orientação das monitorias, bem como a supervisão e revisão da redação e damontagem do texto é de responsabilidade da professora da disciplina, Eluiza Bortolotto Ghizzi. Texto concluído em setembrode 2007. 

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    que exigiu bastante criatividade dos profissionais que tiveram que produzir projetos de alta

    qualidade com custos fixados.

    O contextualismo, uma metodologia de projeto que toma forma nessa época, exerceu grandeinfluência nos projetistas que participaram destes concursos. Para esta corrente, a cidade é“como um grande texto baseado na continuidade histórica e na vida diária das pessoas; elatenta estabelecer um novo modo de ver a arquitetura através da leitura, interpretação e análisedo contexto onde se encontra.” Isto era significativo sobretudo para o contexto europeu, cujascidades são ricas de um emaranhado histórico, o que possibilitou a criação de um novovocabulário formal, a partir do estudo dos signos urbanos e seus significados, apreendidos

     pelos arquitetos. Entre outras coisas, isto também sensibilizou os arquitetos quanto à interaçãoentre os novos espaços construídos e o seu entorno imediato.

    Fig. 9. Le Nouveau Quartier des Halles. Leon Krier, 1979.

    Entretanto, cada participante trabalhou estas ideias de maneira muito diversa da dos demais, oque resultou em uma grande variedade formal entre os projetos. Além disso, nem todos os

     profissionais que participaram das competições na época tinham uma abordagem estritamente“contextualista”. Alguns como Chemetov e Ciriani, por exemplo, basearam seus projetos nomodernismo ortodoxo, enquanto outros, como Portzamparc, tinham uma forma mais poética (e pessoal) de desenho.

    Fig. 10. Fachada norte e sul. Evry II, Evry, França. Henri Ciriani, 1981-85.

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    Muitos profissionais, em especial os mais jovens, participaram com projetos, estimulados

     pelos concursos. E, mesmo quando não construídos, esses foram muito importantes paratrazer novas ideias e critérios de desenho ao campo das residências multifamiliares.

    Em aproximadamente dez anos, foram edificados vários conjuntos habitacionais,revitalizadas algumas áreas e a criados novos planos urbanísticos para as regiõescontempladas. Desta forma, as discussões promovidas pelos projetos foram importantes nacriação de novos paradigmas dentro do campo da habitação multifamiliar   e noaprofundamento da visão dos arquitetos quanto aos problemas urbanos.

    Os projetos executados na França estão em sua maioria situados em Paris e seus subúrbios;alguns poucos estão em outras grandes cidades francesas. Novas cidades também foram

    criadas durante os anos 70 e muitos projetos arquitetônicos estavam lado a lado na promoçãodos programas governamentais relacionados com a sua criação.

    A nova cidade de Marne-la-Vallée, entre as construções que recebeu, conta com pelo menosdois edifícios importantes. Um deles é o chamado Les Arènes de Picasso (1980-84), doarquiteto Manolo Nuñez-Yanowsky, que possui 540 moradias. “O tema da competição parao projeto desse edifício era o de desenhar uma quadra residencial com um caráter urbano forteao redor de um jardim central”, informa o arquiteto. Inspirado nas arquiteturas fantásticas deoutras épocas, o complexo possui duas formas circulares de tamanho gigantesco rodeando um

     pátio que, junto com as formas dos pilares e luminárias, dá ao conjunto uma feição de sonho eestranhamento. Para a construção foram utilizadas peças pré-fabricadas de concreto –  4700 no

    total –  projetadas com a ajuda de programas de computador.

    Fig. 11. Les Arènes de Picasso, Marne-la-Valée, França. Manolo Nunes-Yanowsky, 1980-84.

    Diferentemente, o outro projeto, chamado Lognes (1983-86), do arquiteto Henri Ciriani,teve como partido a forma curva do terreno onde seria construída a edificação. Tratava-se deuma curva fechada, formando um crescente, intersectada por uma rua ao meio. Como afirma oarquiteto, isto lhe deu ideia de uma construção em três níveis paralelos: o primeiro, umagrelha, adapta-se ao perímetro da rua, e funciona como uma arcada à área comercial do térreo;

    o segundo, mais curto, atrás desse, delimita a área dos apartamentos, que possuem balcõesligando-os ao primeiro; o terceiro, mais alto, ocupa os dois níveis superiores e tem uma curva

     pronunciada que, segundo o arquiteto, “visa “esticar” a composição, ancorando os espaços no

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    centro”. Apesar da forma dinâmica das fachadas que dão para a rua, as fachadas posteriores

    têm uma forma mais maciça, com o intuito de demonstrar o caráter monumental daconstrução que pode ser vista a uma grande distância. Nesta parte foram utilizados outrosmateriais, além das placas de concreto brancas da fachada frontal  –   que medem 5,60m nagrelha –  como azulejos e variações da cor branca.

    Fig. 12. Lognes, Marne-la-Valée, França. Henri E. Ciriani, 1983-86.

    A variedade e liberdade de uso são as principais características buscadas no edifícioNemausus I (Nîmes, 1985-87), do arquiteto Jean Nouvel. Há 114 unidades de três tipos  –  simplex, duplex e triplex –  totalizando 17 tipologias diferentes. Cada unidade tem suas facesviradas para o Norte e Sul e é flanqueada por um balcão de 3m de largura, sendo que o do

     Norte é utilizado para circulação e do Sul é um terraço. Os interiores são amplos, pois não hádivisórias entre a sala de jantar e a cozinha. Os materiais utilizados são o aço e o concretoaparente, além de plástico cinza na finalização dos pisos, produzindo um espaço  sui generis,

     bastante diferente das habitações convencionais.

    Fig. 13. Nemausus I, Nimes, França. Jean Nouvel e Associados, 1985-87.

    Por sua vez, no projeto de habitações em Maurepas (Saint-Quentin-en-Yvelines, 1975-81),o arquiteto Henri Gaudin cria as formas arquitetônicas a partir do diálogo dos volumes: “oaspecto essencial aqui é o afunilamento que elas (as fachadas) formam e o diálogo mantidoentre os volumes e a longa faixa de frontões”. Através de formas curvas, faceando um as àsoutras, são criadas pequenas praças internas, além de pequenos jardins, cercados pelas paredes

    ondulantes das escadas.

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    Fig. 14. Saint-Quentin-em-Yvelines, França. Henri Gaudin, 1957-81.

    Christian de Portzamparc  é o autor do complexo conhecido Rue des Hautes-Formes(Paris, 1975-79), que abriga um total de 210 moradias em um terreno difícil, medindo 50mdo lado da rua. O nome do local se deve ao artifício do arquiteto de utilizar arcadas queinterligam as construções e espaços abertos, criando um micro-espaço urbano, resultandonuma “genuína paisagem interior calma e luminosa”. Isso se deve ainda às relaçõesestabelecidas entre os espaços exteriores e interiores, num jogo de perto e longe, onde “cadalocal faz convergirem tanto a intimidade da urbanidade local e a moradia quanto a suasituação como um espaço público, formando uma parte integral da cidade”, informa oarquiteto.

    Fig. 15. La rue dês Hautes Formes, Paris, França, Christian Portzamparc, 1975-79

    Trabalhando também com uma situação urbana semelhante, numa área adensada, o projeto dePaul Chemetov, chamado Paul Doumer-Ruban Bleu (Reims, 1978-83), abriga um total de300 apartamentos. O complexo é composto por dois conjuntos de edifícios; um de quatroandares e outro de sete, interligados por uma escada. No primeiro, alguns elementos dodesenho das fachadas, como as chaminés, remetem  –  numa leitura contextualista - a temasfabris, relembrando o fato de o local ter sido um distrito industrial. No segundo, o diálogocom a cidade é realizado através de um grande pórtico que remete à silhueta da cidade com acatedral.

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    Fig. 16. Paul Chemetov e Gerard Liucci, Paul Doumer-Ruban Bleu, Reims, França, 1978-83IBA  – 

    Internationale Bauausstellung, Berlin - Alemanha

    Anteriormente à IBA (Exposição Internacional da Construção, iniciada em 1977), outrasexposições semelhantes ocorreram na Alemanha. Entre as mais conhecidas está a Interbau,ocorrida em 1957, na então Berlim Ocidental. Contou com projetos de famosos modernistas,como Gropius e Aalto, e tinha um caráter eminentemente ideológico, acrescentando status

     político ao então país reconstituído.

    Ao contrário desta última, a IBA tomava partido em situações deveras diversas. Concebidacomo uma exposição permanente de arquitetura, desta vez não havia nenhum fundoideológico óbvio. Assim como as intervenções parisienses, esta também tinha como foco o

    campo habitacional, uma área em déficit por causa dos bombardeios da Segunda Guerra, quehavia destruído aproximadamente cinqüenta por cento das moradias. Outros problemas comoa deterioração do ambiente doméstico e a segregação social, em parte provocada pelo grandefluxo de trabalhadores estrangeiros, também foram pautas que influíram na tomada dedecisões por parte dos planejadores.

    Para a promoção de uma intervenção tão ambiciosa, o setor público reuniu verbas de váriosoutros setores, inclusive da iniciativa privada. Também teve a participação ativa da

     população, que opinou em todas as fases dos projetos.

    A IBA constituiu-se de dois programas. A Neubau (“novas construções”), a qual promoveu a

    construção de novas habitações, e a Altbau  (“reuso de velhos edifícios”), que tratou doredesenvolvimento e preservação de edifícios deteriorados e do seu entorno. A chefia geralficou a cargo de Josef Paul Kleihues e de Hardt-Waltherr Hamer, que coordenou a Altbau. Ohistoriador de arquitetura Vittorio Magnano Lampugnani também teve um papel importantecomo consultor.

    Aqui também as ideias contextualistas, defendidas sobretudo por Kleihues, tiveram caráterdeterminante. Os trabalhos incluíram o remodelamento de fábricas e a posterior inserção deunidades habitacionais, além de construção de vários blocos novos; creches, escolas, centrosculturais e locais para o atendimento de pessoas portadoras de necessidades especiais tambémforam construídos, na área da Altbau. O resultado foi um conjunto bastante diferente do

    apresentado pela exposição da Interbau, pois, enquanto esta era uma exposição separada dacidade, as intervenções ocorridas nos anos 70 abrangeram o tecido urbano como um todo.

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    A participação de arquitetos estrangeiros, sensíveis aos problemas urbanos contemporâneos,

    foi largamente buscada. Nomes conhecidos como Aldo Rossi, Einsenman e Arata Isozaki participaram, resultando numa amostra heterogênea do exercício projetual da época. Aqualidade da arquitetura foi crucial numa exposição com projetos tão diversos, evitando que oconjunto se tornasse um mero pastiche.

    Hoje em dia, com os avanços ocorridos através das pesquisas das últimas décadas, o projetode habitações multifamiliares não é visto simplesmente como um meio de suprir unidadesnovas. Muito além disso, sabe-se que eles influem na vivência do espaço urbano e na formaque eles adquirem, forçando novas políticas tanto no campo da arquitetura quanto do

     planejamento urbano.

    O contextualismo, associado ao pós-modernismo, foi uma corrente forte dentro dos edifíciosconstruídos para a IBA. O tema da exposição alemã, que era “a cidade como uma exibição”,

     já oferecia a oportunidade à tendência pós-moderna de arquitetura como espetáculo. Osarquitetos –  muitos estrangeiros –  se empenharam em fazer uma leitura dos tipos construtivoslocais, da história e da morfologia urbana, materializando suas ideias nos edifícios, segundo alógica, em grande parte, da colagem de elementos de origem diversa.

    Tendo como tema inicial o lema da exposição, Arata Isozaki projetou um pequeno edifíciode habitações em Friedrichstadt do Sul  (1982-86), num local central da cidade, cheio dereferências históricas. Desenvolveu seu projeto com uma elevação tripartida numa alusão auma construção antiga adjacente. As fachadas do primeiro e segundo piso são rusticadas,

    seguido de uma estrutura cúbica do terceiro ao quinto, formando uma moldura, terminando nosexto em maisonettes encimadas por abóbadas. Além de fazer uso de elementos que ecoam asarquiteturas vizinhas, de inspiração clássica, o arquiteto preservou um portal que havia nolocal, colocando-o na entrada que é acessada pelo jardim.

    Fig. 17. Residencial, Friedrichstadt sul, Berlin, Arata Izozaki & Associados, 1982-6Um tema constante daarquitetura berlinense é o do pátio tradicional. Dois arquitetos pelo menos tiveram quetrabalhar num contexto urbano delicado, onde o uso desta tipologia se mostrou como umasolução adequada: Wilhelm Holzbauer, na construção de um  conjunto habitacional emReichembergerstrasse Kreuzberg (1979-84) e Herman Hertzberger, também com umconjunto de habitações em Lindenstrasse, Friedrichstadt do Sul (1982-86).

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    Fig. 18. Residencial, Reichembergerstrasse Kreusberg, Berlin, Wilhelm Holzbauer, 1979-84.Segundo

    Holzbauer, o seu projeto foi a tentativa de provar a validade de um conceito urbano earquitetônico de um esquema habitacional anterior, o complexo “Wohnen Morgen”,finalizado em Viena em 1979. O contexto urbano em que o arquiteto trabalhou em Berlimincluía edifícios variados, desde os datados do pré-guerra até os de tendências relacionadascom o pós-modernismo, apresentando-se com um caráter urbano forte. Levando emconsideração esta situação local, desenvolveu-se um edifício de planta em L, integrando aoconjunto dois edifícios adjacentes. Assim como o projeto de Viena, aqui também há umagrande diversidade de apartamentos, tanto em tamanho quanto em tipo. Todos também estãodotados de pequenos jardins ou varandas e têm uma face virada para a rua e outra para o

     pátio. O tratamento da fachada externa é feito em tijolos vermelhos tradicionais, e tijolosazuis vitrificados, compondo desenhos geométricos, fazendo menção a um costume daconstrução tradicional da cidade. As fachadas internas, por motivos econômicos, são acabadascom reboco, em parte colorido de branco e em parte numa tonalidade próxima à dos tijolos.Estas se encontram viradas para um pátio triangular, de existência anterior ao projeto, e queinfluiu desde o inicio no partido tomado para o projeto.

    Fig. 19. Residencial em Lindenstrasse, Friedrichstadt sul, Berlin, Herman Hertzberger, 1982-86Trabalhar omotivo do pátio tradicional e construir um entorno agradável eram objetivos de HermanHertzberger ao projetar seu conjunto de habitações na área central de Berlim. Para isso eleobservou que as edificações deveriam respeitar uma determinada proporção entre a altura e adistância entre os blocos, de maneira que o sol pudesse iluminar o pátio no outono e primavera,além de haver espaço suficiente para um jardim e um playground para crianças. Os blocos deapartamentos formam uma espécie de ilha, conformando o pátio interno, com livre acesso de

     pedestres, interligando-se inclusive com alguns pátios vizinhos, estabelecendo gradações sutisentre público e privado. Assim como ocorreu com algumas construções da IBA, esta teve a

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     participação dos futuros moradores opinando na disposição de alguns elementos da arquitetura do

     prédio. (Ibid., p.138)

    Fig. 20. Moore Huble Yudel, Residencial em Tegel Harbor, Tegel, Berlin, 1980-87

    As habitações construídas perto de uma enseada, em Tegel (1980-87), por Charles Moore, JohnRuble e Buzz Yudel é sabiamente referida pelos arquitetos como uma “cidade-habitação”. Ocomplexo inicial previa 170 unidades para moradias, às quais seriam adicionadas mais 150, com

     projeto de equipes locais de arquitetura. Além das habitações o conjunto é formado por edifíciosadministrativos, esportivos, para lazer e espaços culturais, como galeria de arte e livraria, além deescola. O local fica nos subúrbios de Berlim, perto de alguns lagos e canais, além de áreas verdesabertas, tornando-se um ponto atrativo aos berlinenses que, nos fins de semana, usufruem a áreasem precisar se locomover muito. O desenho da paisagem teve grande significância na elaboraçãodo projeto, que utilizou o motivo dos lagos e canais como norteadores da forma do conjunto.Foram criados alamedas e caminhos, que levam por uma  promenade  arquitetural, interligando

     partes do projeto e permitindo a apreciação de toda a enseada. Ainda, como afirmam os autores do projeto, o desenho dos edifícios busca inovar e criar formas variadas com o uso de um sistema deconcreto pré-fabricado, além de buscar tornar um complexo de alta-densidade como este maisagradável.

    Fig. 21. Vilas urbanas em Rouchstrasse, Tiergarten sul, Berlin, Rob Krier, 1980-84

    O bairro conhecido como Tiergarten do Sul, foi um dos mais destruídos durante a SegundaGuerra Mundial. Localizado na área central de Berlim, abrigava várias instituições nazistas e

     prédios institucionais importantes, como algumas embaixadas  –   motivo pelo qual eraconhecido como “Bairro Diplomático”(Ibid., p.130). Vários arquitetos importantes quetrabalharam para a IBA tiveram seus projetos construídos nessa área. Este também foi o local

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    escolhido para a construção de um conjunto de villas urbanas  (1980-84), numa pequena

    quadra, com a participação de sete equipes diferentes de arquitetura. Cada uma teve quetrabalhar o tema –  o conceito de edifício em bloco, de 5 pavimentos –  de maneira semelhante,

     pois existiam vários regulamentos quanto à altura dos blocos, acabamentos e tamanho dosapartamentos. Para que fosse criado um conjunto, como no desenvolvimento de um bairrourbano, a linguagem formal não podia diferenciar-se muito, devendo ser respeitados alguns

     pontos em comum. O edifício de Aldo Rossi (1) normalmente é um dos mais citados entre osconstruídos em Tiergarten. Situado numa das esquinas da quadra, ele é vizinho da antigaembaixada da Noruega,

    Fig. 22. Aldo Rossi, edifício 1 (esquerda) e Rob Krier, edifício 5-6 (direita)O coordenador dos projetos paraessa área foi o arquiteto Rob Krier, responsável também por dois edifícios. O primeiro (5-6) está

    situado na esquina oposta ao de Rossi, formando uma espécie de portão de entrada para o interiorda quadra. Algumas de suas fachadas também são revestidas de tijolos, mas o caráter geral dessedistancia-se do projeto de Rossi, fazendo uma espécie de colagem de estilos e referências,inclusive da torre octogonal que encima o edifício de Rossi. O edifício tem uma forma decrescente com um bloco quadrado em cada ponta, diferenciando-se ligeiramente dos restantes. Acirculação é feita pelo lado exterior, virada para uma rua movimentada, de onde pode ser avistadoum busto super-dimensionado, que encima o portão de entrada. Em parte influenciado porquestões de conforto, as fachadas viradas para a rua são mais fechadas, enquanto que asdirecionadas para interior da quadra são mais abertas, com janelas com grandes vãos. Cabe aindaressaltar que, juntamente com o projeto de Rossi, este era um “edifício âncora” do quarteirão,sendo por isso de maior tamanho que os outros. O outro projeto de Krier (9) tem a conformação

    em bloco como os restantes. Entretanto, o arquiteto buscou produzir uma diferenciação entretodas as fachadas, de modo que nenhuma é simétrica. Segundo Krier, isso era parte dademonstração de que mesmo tendo uma planta regular em todos os pavimentos era possível variaras elevações à vontade.

    Fig. 23. Vila Urbana em Rauchstrasse, Tiergarden Sul, Berlin, Hans Hollein.

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    Essa micro-cidade é completada com os edifícios de: Henry Nielebock  (2), Giorgio Grassi 

    (3), um edifício minimalista e simétrico, Klaus-Theo Brenner e Benedict Tonon  (4), cujo projeto tem inspiração nas ideologias defendidas pelos modernistas nos anos 20, HubertHermann e Francy Valentiny (7), que usam uma composição tradicional do tipo base, áreacentral e ático e Hans Hollein (8), que busca valorizar cada detalhe do projeto, através decores, formas e a criação de espaços diferenciados.

    Alguns projetos realizados por ocasião da IBA fogem claramente da tendência pós-modernista predominante na maior parte das construções. É o caso dos edifícios residenciais de EliaZenghelis e Matthias Sauerbruch - do OMA (Office for Metropolitan Architecture) -, do dePeter Eisenman e Robertson, e do bloco de apartamentos e unidades comerciais de ZahaHadid, com Michael Wolfson, David Gommersall, Piers Smerin, David Winslow e Paivi

    Jaaskelainen. Esses projetos apontam para releituras do Modernismo e para a tendênciaDesconstrutivista.

    Fig. 24. Residencial, Kochstrasse, quarteirão 5, Friedrichstadt, Berlin, Eisenman Robertson Arquitetos, 1982-86.

    O edifício residencial de Peter Einsenman e Robertson, no bairro chamado Friedrichstadtdo sul (1982-86),-  mesmo local onde está o edifício de Isozaki -parte de uma leitura bastante

     pessoal do local em que se insere. Segundo o arquiteto, o edifício é uma resposta aosquestionamentos do contexto e do simbolismo inerente ao local e à arquitetura em si. O local éuma esquina, no centro da cidade, entre dois edifícios existentes. Respondendo a estequestionamento, o edifício “fecha a esquina ao mesmo tempo deixando-a aberta, revelando a

    história particular do sítio”. Einsenman ainda nos diz que seu edifício “tenta tornar memorável umlugar e sua história contraditória  –  ambas, a destruição de Berlim na Segunda Guerra e a divisãode Berlim através da erguida do Muro de Berlim. Ao mesmo tempo, ele tenta negar ofortalecimento dessas memórias”. O caráter simbólico, que qualquer edifício e sítio possui, éexpresso na fachada e nas elevações, “literalmente fósseis elevados do plano horizontal,adquirindo traços da sua matriz existente, gravados na planta térrea, assim como ele exibe suahistória na elevação vertical”. Finalmente, o arquiteto diz que seu edifício “é um traço de outrotempo suspenso no presente assim como num momento arqueológico”. Esse jogo deambigüidades é resolvido na fachada através do uso de duas malhas, a de Mercator e da rua local,situando o edifício na sua posição global e local, respectivamente (GHIRARDO, 2002, 141).Entretanto, o edifício, ainda segundo Ghirardo, deixou alguns inconvenientes, como alguns

    cômodos estranhos; mas foi a partir dessa “brincadeirinha com as plantas e fachadas meiodesajeitadas” que originaria o desconstrutivismo, “moda arquitetônica dos anos 80”. (Ibid.) 

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    Fig. 25. Friedrichstrasse, Friedrichstadt do sul, Berlin, Elia Zenghelis e Matthias Sauerbruch, 1985-89

    O edifício de apartamentos de Elia Zenghelis e Matthias Sauerbruc (1985-89), no mesmo bairro que o anterior, é “agressivamente modernista com leves toques construtivistas”. (Ibid., p.138). Situado entre dois edifícios oitocentistas, apresenta-se com uma força caótica, negando-sea continuar o padrão das construções vizinhas. Apesar de manter a escala da vizinhança e de suafachada retangular, com as janelas em fita, seu desenho apresenta variações que lhe destacam na

     paisagem local. Estes detalhes podem ser percebidos, por exemplo, no uso de materiais nãotradicionais e no manejo das formas - como no coroamento, que se projeta para a rua, e na base,trabalhada com volumes diversos, aliados ao uso de cores.

    Fig. 26. Prédio de apartamentos e unidades comerciais, Stresemannstrasse, Kreuzberg, Berlin, Zaha Hadid,

    Michel Wolfson, David Gommersall, Piers Smerin, David Winslow e Paivi Jaaskelainen, 1987-94.

    O bloco de apartamentos e unidades comerciais, em Kreuzberg (1987-94), de ZahaHadid, com Michael Wolfson, David Gommersall, Piers Smerin, David Winslow e PaiviJaaskelainen, é composto de um bloco de três andares e outro com oito, que finaliza oconjunto, numa esquina. Este último foi revestido de folhas metálicas e sua forma em cunha,

     projetando-se para a rua como a proa de um navio, é o ponto marcante do projeto. Entretanto,os apartamentos seguem uma tipologia bastante tradicional, utilizando uma circulação externatipo corredor e, como relata Ghirardo, a forma agressiva e maciça da fachada somente éreferida nos interiores através de algumas paredes inclinadas, que lembram aqui e ali asformas do exterior, tornando o conjunto bastante “rotineiro”. Entretanto, como continua a

    autora, este foi “um dos poucos projetos desconstrutivistas a ser construídos” e “confirmou adisposição da IBA a experimentar com a forma” (Ibid., p.141). 

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    Outras experiências

    Alguns outros projetos importantes que exploravam o tema da habitação multifamiliar foramexecutados durante os anos 70 e 80, de modo independente da IBA ou dos programasfranceses.

    Alemanha

    Um deles, na cidade de Wulfen, no Oeste da Alemanha, criada durante os anos 60, que tinha a previsão de abrigar em torno de 60 mil pessoas, mas que, por motivos econômicos e políticos,até o começo dos anos 70 havia sido concluída apenas até a metade do previsto. Quando Josef

    Paul Kleihues foi convocado para a construção de um Residencial e Shopping Center (1975-82), esperava-se um novo crescimento, em torno de 25 mil habitantes, sendo o edifícioo emblema da nova fase. O arquiteto descreve-a como “uma grande cidade em planta abertadescansando na paisagem”, devido ao seu desenho aberto, em malha, projetando-se aosarredores. A tarefa de Kleihues era a de projetar uma edificação que fizesse “uma costuraentre a nova e velha Wulfen”, criando uma imagem central para a cidade. Assim, ele projetouuma construção modulada, com estrutura de concreto e fechamento de tijolos. A forma doconjunto é gerada a partir de uma galeria dotada de cobertura translúcida, com área paracomércio no térreo e residência no piso superior, da qual partem “asas”, onde se localizam asresidências restantes. Estes blocos laterais e seus espaços verdes correspondem diretamenteaos eixos conectores da cidade, tornando o projeto uma espécie de mímese do desenho da

    cidade, com “ruas” principais e secundárias, além de também ter uma conformação aberta,estruturada em eixo, projetando-se para a paisagem.

    Fig. 27. Residencial e Shopping Center, Wülfen, Alemanha Ocidental. Josef Paul Klehues, 1975-82

    Finlândia

    O conjunto de habitações conhecido como Ylätuvanpolku, projeto dos arquitetos PekkaHelin e Tuomo Siitonen, em Helsinki (Finlândia, 1979-81), fazia parte de um distritoexperimental construído para uma mostra de habitações no verão de 1981. Divididas em duastipologias - chamadas A-D e E-H  – , o desenho dessas casas colocava ênfase na economia deenergia e nos fatores funcionais e arquitetônicos envolvidos na construção de residênciastérreas. São 8 unidades, metade com 99m2 (4 quartos + cozinha + sala + sauna) e a outra com80m2 (3 quartos + cozinha + sauna). As unidades A-D tinham um piso térreo mais um

    superior e a E-H, piso térreo, mezanino e mais um andar. O conjunto forma uma pequena vila,com presença marcante da paisagem natural. A economia de energia foi buscada através daforma compacta dos edifícios, além do cuidado com a orientação, de modo que todas

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    recebessem sol. Outros cuidados com o conforto ambiental, estão presentes na forma de

    tratamento da luz, que também foi utilizada como elemento unificador do conjunto.

    Fig. 28. Ylätuvanpolku, Helsinki, Finlândia, Pekka Helin e Tuomo Siitonen, 1979-81.

    Itália

    O arquiteto Gino Valle foi chamado para trabalhar em um conjunto de habitações públicasem Giudecca, na cidade de Veneza (Itália, 1980-86), cujo terreno está situado num localdeteriorado pela presença de indústrias que aí se instalaram durante o século XIX e XX,corrompendo o modelo residencial local. A edificação é composta por 94 apartamentos, comtrês tipologias diferentes e tamanhos variados de quartos em cada uma. A construção, emtijolos e estrutura em concreto armado, é elevada no primeiro pavimento. A variedadeencontrada nos espaços internos também está presente no exterior, composto com temasinspirados em motivos tradicionais venezianos: ruas de pedestres como pequenas travessas(calli), pórticos e pequenas quadras (campielli) e grandes quadras (campazzi ou campi).

    Fig. 29. Habitações pública, Giudecca, Veneza, Itália, Gino Valle, 1980-86.

    Japão

    As relações da arquitetura com o lugar foram premissas, também, para o projeto de Hunihiko

    Hayakawa, chamado Steps, em Kunitachi, um subúrbio de Tóquio (Japão, 1985-87). Oedifício possui 8 apartamentos, com uma loja no primeiro andar e uma galeria a céu aberto nacobertura. O terreno possuía uma cerejeira centenária, que teve vários impactos no projeto,

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    tanto em aspectos construtivos quanto conceituais. Para abrigar a árvore, a construção foi

    dividida em duas, e a escada colocada ao meio, onde foi criada uma área semipública,“orientada verticalmente, como a árvore”, informa o arquiteto. Esta parte é marcada atravésde cores, enquanto que o restante é composto de concreto aparente. As relações com o entornosão vivenciadas pela variação de forma e tamanho das aberturas, de modo que elas permitem,ao mesmo tempo, tanto a exposição como a captura de instantes do exterior. Isso marca outra

     preocupação do arquiteto, isto é, a relação do espaço semipúblico do edifício com a rua e asunidades individuais: “o espaço semi-público no Steps é tanto fechado como aberto para a ruae as unidades, e nisso a cerejeira tem um papel de primeira grandeza”. 

    Fig. 30. Steps, Kunitachi, Tóquio, Japão, Hunihiko Hayakawa, 1985-87

    Outro projeto no Japão, chamado Cube II, do arquiteto Shin Takamatsu, em Amagasaki,

    Hyogo (1986-87), teve que lidar com muito mais restrições. Além dos regulamentosurbanísticos usuais, o arquiteto teve que projetar um edifício onde a área rentável fosse de93% em relação ao total de área construída. Estas imposições não permitiam muitas variaçõesformais no desenho, podendo o arquiteto trabalhar suas ideias basicamente nos balcões e naentrada principal. Essa foi trabalhada com uma colunata ao longo de um eixo, com um muroquebrado indicando a entrada principal. Atrás fica uma escada espiral, de modo a deixar oeixo mais aparente. Os balcões foram trabalhados de duas maneiras: um primeiro tipo com umanel de metal com seção H, fixados por cabos diagonais; e os restantes, também com metal,formando molduras, com as diagonais como elementos unificadores.

    Fig. 31. Cube II, Amagasaki, Hyogo, Shin Takamatsu, 1986-87

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    Estados Unidos da América

    O conjunto de 40 casas térreas, chamado Pence Place, em Columbus, Indiana (E.U.A,1980-85), do arquiteto Gwathmey Siegel usa a escala do pedestre como conceito central do

     projeto. As residências, com andar térreo e superior, todas com 3 quartos, são organizadas em5 linhas, com pequenos quintais frontais que dão para pequenos caminhos. Assim como amaioria de projetos para as classes média e baixa, este teve que trabalhar com uma otimizaçãodos espaços, de modo a baratear a construção, utilizando paredes em comum  –  três no total –  e criando espaços comunitários, incentivando também a criação de um sentimento gregário.Esta intenção do arquiteto é expressa em seu edifício comunitário, que fica num canto

     próximo ao estacionamento, que é deslocado das casas, numa das faces do terreno triangular.

    Fig. 32. Residências Mandell, Houston, E.U.A, Arquitectonica, 1984-85

    O trabalho do grupo Arquitectonica, famoso por seus edifícios de cores vistosas, é um poucomais formalista no tratamento de um grupo de quatro casas, chamada residências Mandell,em Houston, no estado do Texas (E.U.A, 1984-85). Situadas em terreno de esquina, ashabitações são divididas em duas tipologias diferentes. As duas do meio têm suas salas deestar viradas para a rua e são dotadas com um pequeno terraço; as outras duas dos cantos têmsuas salas viradas para o fundo do terreno. Apesar do tratamento quase total da fachada comtijolos vermelhos, existem pequenas variações cromáticas nos detalhes, como o alumínio

     pintado de azul que enquadra as janelas, paredes recuadas pintadas de preto, pastilhas brancasnas janelas e chaminés e outros detalhes em amarelo. As formas e modo de fenestração

    também são totalmente distintos nas quatro casas, assim como as platibandas.

    Fig. 33. River City II, Chicago, E.U.A, Bertrand Goldeberg, 1980-85

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    O River City II, é um megaprojeto de habitação em Chicago, no estado de Illinois (E.U.A,

    1980-85), de autoria de Bertrand Goldeberg. Segundo o arquiteto, ele é a continuação de um projeto anterior, de 1959, chamado Marina City. Entretanto, muitas mudanças haviamocorrido na sociedade local desde a época do primeiro esquema, mudando a fisionomia dacidade e, por conseguinte, as necessidades habitacionais. Levando em conta o estado atual,onde os sistemas de informação são dominantes, moldando o modo de trabalhar e de viver, oarquiteto propõe um novo tipo de comunidade  –   assim como houve outras na América,

     baseadas em preceitos religiosos ou sociais  –   baseada na educação e comunicação. Osedifícios formam uma pequena cidade, com 4 mil unidades habitacionais, que visamminimizar custos, através da divisão do preço da terra e uso comercial de escritórios, comutilização 24 horas por dia, promovendo um local onde se possa morar, trabalhar e divertir-se.

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    Robert Venturi, Charles Moore, Michel Graves e PhilipJohnson nos EUA

    Robert Venturi

    Robert Charles Venturi (Filadélfia, 25 de junho de 1925), vencedor o Prêmio Pritzker de1991, é um arquiteto norteamericano formado em Princeton em 1947. Trabalhou com EeroSaarinen e Louis Kahn antes de formar sua própria firma com John Rauch. Lecionou naUniversity of Pennsylvania, onde conheceu sua esposa Denise Scott Brown (1931-), que setornou parceira da firma em 1967. Em 1989 Rauch deixou a firma que se tornou a Venturi,Scott Brown and Associates.

    Um de seus primeiros trabalhos em arquitetura foi uma casa para sua mãe. O projeto mantémvínculos tanto com o modernismo quanto com estilos arquitetônicos de séculos anteriores, detal modo que não pode ser explicada nem por um nem por outros isoladamente. Pode-se notardesde essa obra os aspectos da complexidade e da contradição em arquitetura defendidas pelo

    arquiteto posteriormente.

    Fig. 34. Casa Vanna Venturi, Philadelphia, Robert Venturi, 1964

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    Em 1966 publicou seu livro-manifesto Complexity and Contradiction in Architecture

    (Complexidade e Contradição em Arquitetura). O texto (objeto de um dos seminários dadisciplina História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo IV/CCET/UFMS) é consideradouma das bases das transformações que ocorreriam na arquitetura nas décadas de 1970 e 1980.

    Em 1972 publicou  Learning from Las Vegas  (Aprendendo com Las Vegas) com D. ScottBrown e S. Izenour (1940-2001). O texto traz uma análise polêmica da arquitetura doespetáculo praticada em Las Vegas, dita “feia e banal”, e da relação dessa experiência com a

     prática arquitetônica em geral e seus aspectos simbólicos. Ao mesmo tempo, faz uma crítica aaspectos que consideram dogmáticos e utópicos no modernismo.

    Fig. 35. Las Vegas, EUA, vista da Strip.

    O texto identifica dois tipos de edifício, chamados arquitetura “pato”  e “galpão decorado”, ambos servindo ao espetáculo. Em ambos os casos, a arquitetura é considerada um “meio”,uma forma de propagar mensagens comerciais.

    Fig. 36. Esquerda: Patinho de Long Island, Long Island, EUA.Direita: Best Products Catalog Showroom, Langhorne, Pennsylvania, 1978, RobertVenturi, Rauch e Scott

    Brown.

    As experiências arquitetônicas que são contemporâneas às ideias de uma arquitetura complexae contraditória, bem como às do contextualismo, em detrimento das ideias pregadas pelochamado modernismo ortodoxo, foram adotadas tanto na Europa quanto nos Estados Unidosda América. Apesar de Venturi e dos contextualistas não terem propagado um padrão formal,

     parte das deduções elaboradas a partir desses conceitos em arquitetura resultou em um padrãoformal, que ganhou as características de estilo. Cores em tonalidades suaves (pastel), colagemde elementos arquitetônicos do passado (arcos, frontões, fachadas rusticadas, colunas,

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    colunatas, estatuária...) e outros resultaram no chamado pastiche2  pós-moderno que

    caracterizou o pós-modernismo na arquitetura.

    Charles Moore

    Um dos arquitetos norte-americanos ligados ao pós-modernismo é Charles Moore (n. BentonHarbor, Michigan 1925; f. December 1993). Sua arquitetura traz elementos do modernismo

     justapostos a outros, ora da arquitetura rural norte-americana, ora de estilos históricos deséculos anteriores. Suas raízes no modernismo são variadas; os telhados com grandes beiraisda Arnold House remetem às casas tipo pradaria de Frank Lloyd Wright, já a transparência daMoore House a vincula à obra de Mies van der Rohe.

    Fig. 37. Charles Moore, Arnold House, Califórnia, EUA, 1954.

    Fig. 38. Charles Moore, Moore House, Califórnia, EUA, 1962

     No Cresge College o arquiteto combina as fachadas brancas e planas dos edifícios semtelhado aparente com quebras da linearidade na fachada, que têm como conseqüência vias e

     pátios tortuosos entre os edifícios, em uma organização do espaço cujas referências estão maisnas vielas das ruas medievais do que nos planos dos modernistas.

    2 Pastiche: obra literária ou artística em que se imita o estilo de outros escritores, pintores, músicos etc. Pode ser plágio e uma imitação grosseira, por isso tem sentido pejorativo, embora nem sempre o seja. Pode ser uma

    recorrência a um gênero, algo como uma citação. Também pode ser visto como uma espécie de colagem oumontagem, tornando-se uma paródia em série ou colcha de retalhos de vários textos. No caso do pós-modernismo usa-se, também, a expressão colagem pós-modernista.

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    Fig. 39. Charles Moore, Cresge College, University of California, Santa Cruz, 1966-74

    A Praça de Itália é um dos edifícios mais comumente ligados ao pós-modernismo. A partecentral do projeto utiliza arcos, frontões, colunas e outros de referência clássica, em muitascores, acrescidas das luzes coloridas de néon criam um exagero de informações que dá àarquitetura um significado de espetáculo. Com isso ela realiza o padrão estereotipado quetornou o pós-modernismo facilmente reconhecível como estilo.

    Fig. 40. Charles Moore, Piazza D`Italia, New Orleans, Louisiana, EUA, 1975-78

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    Fig. 41. Charles Moore, Piazza D`Italia, New Orleans, Louisiana, EUA, 1975-78.Maquete, Hotel Itália e edifício de escritórios.

    Michael Graves

     Na arquitetura de Michel Graves, arquiteto norte-americano de Indianapolis, Indiana, nota-se,como em outros casos, um percurso que parte de procedimentos modernistas para um pós-modernismo. Na Hanselmann House o arquiteto aparece como que sob influência dos

     procedimentos de Le Corbusier na Vile Savoy, compondo a partir de uma estrutura cúbica.Por meio de rasgos ortogonais na forma original, a casa alterna empenas opacas etransparentes, criando interpenetrações de espaços e mudando o significado do cupo de

     pesado e estático para leve e dinâmico. Esses procedimentos, associados às paredes brancas eos detalhes em cores primárias remetem ao modernismo proposto pelo neoplasticismoholandês (Gerit Rietveld) e pela Bauhaus na sua fase formal.

    Fig. 42. Michael Graves, Hanselmann House, 1967-71.

     No projeto da Snyderman House uma grelha aparece em destaque, expondo parte da estruturado edifício. Essa se revela, parcialmente, sem função estrutural, remetendo a um significado,talvez, simbólico, vinculando o edifício conceitualmente às fachadas em grelha. Essaexposição da estrutura associada à escada do lado externo, por outro lado, mostrando o queusualmente fica oculto, encontra paralelo no procedimento de Renzo Piano e Richard Rogersno centro George Pompidou (1971), França. Os planos ortogonais são agora combinados com

     paredes curvas e o uso do branco com detalhes em cores primárias dá lugar às tonalidades pastéis do pós-modernismo.

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    Fig. 43. Michael Graves, Snyderman House, Indiana (EUA) 1982.

     Na década de 1980, no projeto para o edifício Portland, que abriga os escritórios oficiais da prefeitura de Portland, o arquiteto cede ao pós-modernismo na sua face mais estereotipada.

    Fig. 44. Michael Graves, The Portland Building, Portland, Oregon (EUA), 1980 e Estatueta de Portlandia,escultura de bronze de Raymond Kaskey.

    Philip Johnson

    Philip Cortelyou Johnson (1906 - 2005), também vencedor do Prêmio Pritzker (1979), foi umdos arquitetos norte-americanos de maior prestígio. Seu campo de atuação é bastantediversificado indo desde o projeto de edifícios a crítico e historiador da arquitetura. Atuou

    como modernista em projetos de destaque para esse movimento, como no caso do edifícioSeagran (1958), em Nova Iorque, no qual colaborou com Mies van der Rhoe. Um dos seus projetos individuais de maior prestígio é a Glass House (Casa de Vidro) - hoje considerada patrimônio da Arquitetura Moderna nos EUA -, oriunda de um projeto de residência nadisciplina de Marcel Breuer (mestre da Bauhaus), durante seu mestrado em Harvard. As

     paredes externas são de vidro, a cozinha é aberta e não há divisões internas a não ser noscasos do banheiro e da lareira, definidos por uma parede de tijolos.

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    Fig. 45. Philip Johnson (1949). Glass House.

    Em 1979, no projeto do edifício At&T, Johnson aparece para o mundo em uma versão pós-modernista. Projeta um arranha-céu de escritório seguindo uma tipologia tripartida, inspiradano desenho da coluna e inaugurada no século XIX: base com loja e sobreloja, fuste com

     pavimentos tipo e capitel com o frontão triangular clássico. O frontão, embora um elementode grande destaque no edifício, assume um caráter minimalista na medida em que nãoacompanhado da profusão de outros elencos da arquitetura histórica que são comuns nosedifícios pós-modernistas. Desse modo, sua linguagem é mais depurada, embora aindafacilmente reconhecível.

    Fig. 46. At&T: The American Telephone and Telegraph Building, New York, Philip Johnson (1979).

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    Uma pluralidade de movimentos divide a cena urbana

    Além do pós-modernismo, muitos outros movimentos ocuparam a cena urbana na segundametade do século XX. Em alguns deles as raízes estão claramente calcadas no modernismo,embora cada um tenha enfatizado um de seus aspectos, de tal modo que não são fiéis ao

     projeto modernista como um todo. Listamos abaixo alguns desses movimentos, ao mesmotempo em que buscamos localizar essas raízes.

    Brutalismo

    Arquitectura brutalista é uma expressão usada para classificar obras desenvolvidas porarquitetos modernos nas décadas de 1950 e 1960, a partir de uma radicalização dedeterminados preceitos modernos, e, também, para denominar outros desenvolvimentos.

    Apesar de hoje ser chamado como movimento, não se constituiu efetivamente de um projetocoletivo com ideais comuns, tendo sido o termo “brutalismo” cunhado anos depois darealização dessas obras.

    Os últimos projetos de Le Corbusier, tais como Palácio da Assembléia (Chandigah, Índia,1961) e o Convento de Sainte-Marie-de-la-Tourrete (Eveux-sur-Arbresle, França, 1957),costumam ser apontados como prenunciadores do movimento brutalista. Segundo ReynerBanham, em O Brutalismo em arquitetura, ética ou estética?, o primeiro edifício que levou otítulo de Brutalismo foi o Instituto de Illinois (1945-47) de Mies.

    Embora os significados do termo não sejam uniformas, um aspecto geral do brutalismo é o de

     privilegiar a verdade estrutural das edificações, de forma a não esconder os seus elementosestruturais (o que se conseguia ao tornar o concreto armado aparente ou destacando os perfismetálicos de vigas e pilares). Apesar das duras críticas dos brutalistas à "ornamentaçãodesnecessária", em muitos casos eles mesmos se viram em situações formalistas ao extremo.

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    Fig. 47. Trellick Tower, Londres, Ernő Goldfinger. 1966-1972. 

    O termo é associado à expressão do francês béton brut , usada por Le Corbusier para descreversuas obras pós Segunda Guerra Mundial. Reyner Banham, em "O Novo Brutalismo - Ética ouEstética?", trata da diferença entre o Brutalismo enquanto estilo arquitetônico e o NovoBrutalismo, enquanto teoria arquitetônica e urbana. O Novo Brutalismo, dos britânicos doTeam 10, Alison e Peter Smithson, está mais relacionado com a reforma teórica do CIAM (emarquitetura e urbanismo) do que com a ideia de "béton brut". Abaixo citamos um fragmentodo texto de Ruth Verde Zein sobre o tema:

    1953-56, Novo Brutalismo Britânico, versão casal Smithson

     Novo Brutalismo como nome adotado por representantes de uma nova geração de arquitetos britânicos do pós-II Guerra para qualificar um “movimento”, ou um mood , característico decerto ambiente cultural inglês da primeira metade dos anos 1950. Nesse sentido o termo éempregado nos textos e cartas do casal de arquitetos Alison e Peter Smithson publicados a partir de 1953, a seguir referendado por seu amigo Banham em artigo de 1955. Naquelemomento preciso o termo não avalizava um debate estilístico, mas servia de vaga bandeira àinsatisfação geracional, militantemente contrária à “acomodação” do movimento moderno emdetrimento das propostas e ilusões das vanguardas, e cujo âmago inovador se buscavareavivar.

     Note-se que esse clima efervescente de uma nova e talentosa geração de arquitetos

    combativamente em busca das próprias referências e de seu lugar ao sol tende a serimpermanente e a ceder, à medida que seus integrantes, pelas circunstâncias de sua prática profissional projetual, são chamados a selecionar caminhos preferenciais. Essa insatisfação pode ou não gerar uma escola estilística, caso em virtude desses debates um grupo decriadores venha a realizar obras de certa proximidade formal e temporal. Foi o que acabouocorrendo após 1957; mas quando começa a surgir um “estilo brutalista” os Smithson preferem abandonar o termo e se manter independentes. Em seu livro de 1966 (mas não notexto de 1955) Banham entende ser a atitude detaché dos Smithson uma demonstração de suaopção pela “ética e não pela estética”, e que esta seria intrínseca ao “Novo Brutalismo”. Trata -se de uma interpretação de Banham, que a rigor inviabiliza a convivência entre “ética” earquitetura (prenunciando, talvez, alguns dos excessos dos anos 1960); mas nem os Smithsonsa referendam, nem declaram ter “rejeitado a estética em prol da ética”; apenas preferemsempre variar, adotam a cada passo as diretrizes estéticas que mais lhes pareçam apropriadas acada circunstância; ou como diz William Curtis, “the Smithsons rejected any intimations of aclosed aesthetic in favour of an aesthetic of change”.

  • 8/15/2019 História da arquitetura - habitação no pós-guerra - IBA

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    MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

    CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIAGRADUAÇÃO: ARQUITETURA E URBANISMO

    DISCIPLINA: HISTÓRIA E TEORIA DA ARQUITETURA E URBANISMO II/DEC/CCETPROFESSOR: ELUIZA BORTOLOTTO GHIZZI/DAC/CCHS

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    1966: Novo Brutalismo, versão sistematizada a posteriori por Banham

    Banham denomina seu livro de “envoi” (22), palavra francesa que remete à idei