História Da Arte
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5/19/2018 Hist ria Da Arte
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Universidade do Sul de Santa Catarina
PalhoaUnisulVirtual
2011
Histria da ArteDisciplina na modalidade a distncia
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CrditosUniversidade do Sul de Santa Catarina |Campus UnisulVirtual | Educao Superior a Distncia
ReitorAilton Nazareno Soares
Vice-ReitorSebastio Salsio Heerdt
Chefe de Gabinete da ReitoriaWillian Corra Mximo
Pr-Reitor de Ensino ePr-Reitor de Pesquisa,Ps-Graduao e InovaoMauri Luiz Heerdt
Pr-Reitora de AdministraoAcadmicaMiriam de Ftima Bora Rosa
Pr-Reitor de D esenvolvimentoe Inovao InstitucionalValter Alves Schmitz Neto
Diretora do CampusUniversitrio de TubaroMilene Pacheco Kindermann
Diretor do Campus Universitrioda Grande FlorianpolisHrcules Nunes de Arajo
Secretria-Geral de EnsinoSolange Antunes de Souza
Diretora do CampusUniversitrio UnisulVirtualJucimara Roesler
Equipe UnisulVirtual
Diretor AdjuntoMoacir Heerdt
Secretaria Ex ecutiva e Cerimoni alJackson Schuelter Wiggers (Coord.)Marcelo Fraiberg MachadoTenille Catarina
Assessoria d e AssuntosInternacionaisMurilo Matos Mendona
Assessoria d e Relao com PoderPblico e Foras ArmadasAdenir Siqueira VianaWalter Flix Cardoso Junior
Assessoria DAD - Disci plinas aDistnciaPatrcia da Silva Meneghel (Coord.)Carlos Alberto AreiasCludia Berh V. da SilvaConceio Aparecida KindermannLuiz Fernando MeneghelRenata Souza de A. Subtil
Assessoria d e Inovao eQualidade de EADDenia Falco de Bittencourt (Coord.)Andrea Ouriques BalbinotCarmen Maria Cipriani Pandini
Assessoria d e TecnologiaOsmar de Oliveira Braz Jnior (Coord.)Felipe FernandesFelipe Jacson de FreitasJefferson Amorin OliveiraPhelipe Luiz Winter da SilvaPriscila da SilvaRodrigo Battistotti PimpoTamara Bruna Ferreira da Silva
Coordenao Cursos
Coordenadores de UNADiva Marlia Flemming
Marciel Evangelista CatneoRoberto Iunskovski
Auxilia res de Coordena oAna Denise Goularte de SouzaCamile Martinelli SilveiraFabiana Lange PatricioTnia Regina Goularte Waltemann
Coordenadores GraduaoAlosio Jos RodriguesAna Lusa MlbertAna Paula R.PachecoArtur Beck NetoBernardino Jos da SilvaCharles Odair Cesconetto da SilvaDilsa Mondardo
Diva Marlia FlemmingHorcio Dutra MelloItamar Pedro BevilaquaJairo Afonso HenkesJanana Baeta NevesJorge Alexandre Nogared CardosoJos Carlos da Silva JuniorJos Gabriel da SilvaJos Humberto Dias de ToledoJoseane Borges de MirandaLuiz G. Buchmann FigueiredoMarciel Evangelista CatneoMaria Cristina Schweitzer VeitMaria da Graa PoyerMauro Faccioni FilhoMoacir FogaaNlio HerzmannOnei Tadeu Dutra
Patrcia FontanellaRoberto IunskovskiRose Clr Estivalete Beche
Vice-Coordenadores GraduaoAdriana Santos RammBernardino Jos da SilvaCatia Melissa Silveira RodriguesHorcio Dutra MelloJardel Mendes VieiraJoel Irineu LohnJos Carlos Noronha de OliveiraJos Gabriel da SilvaJos Humberto Dias de ToledoLuciana ManfroiRogrio Santos da CostaRosa Beatriz Madruga PinheiroSergio SellTatiana Lee Marques
Valnei Carlos DenardinSmia Mnica Fortunato (Adjunta)
Coordenadores Ps-GraduaoAlosio Jos RodriguesAnelise Leal Vieira CubasBernardino Jos da SilvaCarmen Maria Cipriani PandiniDaniela Ernani Monteiro WillGiovani de PaulaKarla Leonora Dayse NunesLetcia Cristina Bizarro BarbosaLuiz Otvio Botelho LentoRoberto IunskovskiRodrigo Nunes LunardelliRogrio Santos da CostaThiago Coelho SoaresVera Rejane Niedersberg Schuhmacher
Gerncia AdministraoAcadmi caAngelita Maral Flores (Gerente)Fernanda Farias
Secretaria de En sino a Dist nciaSamara Josten Flores (Secretria de Ensino)Giane dos Passos (Secretria Acadmica)Adenir Soares JniorAlessandro Alves da SilvaAndra Luci MandiraCristina Mara SchauffertDjeime Sammer BortolottiDouglas SilveiraEvilym Melo LivramentoFabiano Silva MichelsFabricio Botelho EspndolaFelipe Wronski HenriqueGisele Terezinha Cardoso FerreiraIndyanara RamosJanaina ConceioJorge Luiz Vilhar MalaquiasJuliana Broering MartinsLuana Borges da SilvaLuana Tarsila HellmannLuza Koing ZumblickMaria Jos Rossetti
Marilene de Ftima CapeletoPatricia A. Pereira de CarvalhoPaulo Lisboa CordeiroPaulo Mauricio Silveira BubaloRosngela Mara SiegelSimone Torres de OliveiraVanessa Pereira Santos MetzkerVanilda Liordina Heerdt
Gesto DocumentalLamuni Souza (Coord.)Clair Maria CardosoDaniel Lucas de MedeirosJaliza Thizon de BonaGuilherme Henrique KoerichJosiane LealMarlia Locks Fernandes
Gerncia Administrativa eFinanceiraRenato Andr Luz (Gerente)Ana Luise WehrleAnderson Zandr PrudncioDaniel Contessa LisboaNaiara Jeremias da RochaRafael Bourdot BackThais Helena Bonetti
Valmir Vencio Incio
Gerncia de Ensino, Pesquisa eExtensoJanana Baeta Neves (Gerente)Aracelli Araldi
Elaborao de ProjetoCarolina Hoeller da Silva BoingVanderlei BrasilFrancielle Arruda Rampelotte
Reconhecimento de CursoMaria de Ftima Martins
ExtensoMaria Cristina Veit (Coord.)
PesquisaDaniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC)
Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem)
Ps-GraduaoAnelise Leal Vieira Cubas(Coord.)
BibliotecaSalete Ceclia e Souza (Coord.)Paula Sanhudo da SilvaMarlia Ignacio de EspndolaRenan Felipe Cascaes
Gesto Docente e DiscenteEnzo de Oliveira Moreira (Coord.)
Capacitao e Assessoria aoDocenteAlessandra de Oliveira(Assessoria)Adriana SilveiraAlexandre Wagner da RochaElaine Cristiane Surian (Capacitao)Elizete De MarcoFabiana PereiraIris de Souza BarrosJuliana Cardoso EsmeraldinoMaria Lina Moratelli PradoSimone Zigunovas
Tutoria e SuporteAnderson da Silveira (Ncleo Comunicao)Claudia N. Nascimento (Ncleo Norte-Nordeste)Maria Eugnia F. Celeghin (Ncleo Plos)Andreza Talles CascaisDaniela Cassol PeresDbora Cristina SilveiraEdnia Araujo Alberto (Ncleo Sudeste)Francine Cardoso da SilvaJanaina Conceio (Ncleo Sul)Joice de Castro PeresKarla F. Wisniewski DesengriniKelin BussLiana FerreiraLuiz Antnio PiresMaria Aparecida TeixeiraMayara de Oliveira BastosMichael Mattar
Patrcia de Souza AmorimPoliana SimaoSchenon Souza Preto
Gerncia de Desenho eDesenvolvimento de MateriaisDidticosMrcia Loch (Gerente)
Desenho EducacionalCristina Klipp de Oliveira(Coord. Grad./DAD)Roseli A. Rocha Moterle (Coord. Ps/Ext.)Aline Cassol DagaAline PimentelCarmelita SchulzeDaniela Siqueira de MenezesDelma Cristiane MorariEliete de Oliveira CostaElosa Machado SeemannFlavia Lumi MatuzawaGeovania Japiassu MartinsIsabel Zoldan da Veiga RamboJoo Marcos de Souza AlvesLeandro Roman BambergLygia PereiraLis Air FogolariLuiz Henrique Milani Queriquelli
Marcelo Tavares de Souza CamposMariana Aparecida dos SantosMarina Melhado Gomes da SilvaMarina Cabeda Egger MoellwaldMirian Elizabet Hahmeyer Collares ElpoPmella Rocha Flores da SilvaRafael da Cunha LaraRoberta de Ftima MartinsRoseli Aparecida Rocha MoterleSabrina BleicherVernica Ribas Crcio
Acessibili dadeVanessa de Andrade Manoel (Coord.)Letcia Regiane Da Silva TobalMariella Gloria RodriguesVanesa Montagna
Avaliao da aprendi zagem
Claudia Gabriela DreherJaqueline Cardozo PollaNgila Cristina HinckelSabrina Paula Soares ScarantoThayanny Aparecida B. da Conceio
Gerncia de LogsticaJeferson Cassiano A. da Costa (Gerente)
Logsitca de MateriaisCarlos Eduardo D. da Silva (Coord.)Abraao do Nascimento GermanoBruna MacielFernando Sardo da SilvaFylippy Margino dos SantosGuilherme LentzMarlon Eliseu PereiraPablo Varela da SilveiraRubens Amorim
Yslann David Melo CordeiroAvaliaes Pre senciaisGraciele M. Lindenmayr (Coord.)Ana Paula de AndradeAngelica Cristina GolloCristilaine MedeirosDaiana Cristina BortolottiDelano Pinheiro GomesEdson Martins Rosa JuniorFernando SteimbachFernando Oliveira SantosLisdeise Nunes FelipeMarcelo RamosMarcio VenturaOsni Jose Seidler JuniorThais Bortolotti
Gerncia de Marketing
Eliza B. Dallanhol Locks (Gerente)Relacionamento com o MercadoAlvaro Jos Souto
Relacionamento com PolosPresenciaisAlex Fabiano Wehrle (Coord.)Jeferson Pandolfo
Karine Augusta ZanoniMarcia Luz de OliveiraMayara Pereira RosaLuciana Tomado Borguetti
Assuntos Ju rdicosBruno Lucion RosoSheila Cristina Martins
Marketin g Estratgi coRafael Bavaresco Bongiolo
Portal e ComunicaoCatia Melissa Silveira RodriguesAndreia DrewesLuiz Felipe Buchmann FigueiredoRafael Pessi
Gerncia de ProduoArthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)Francini Ferreira Dias
Design VisualPedro Paulo Alves Teixeira (Coord.)Alberto Regis EliasAlex Sandro XavierAnne Cristyne PereiraCristiano Neri Gonalves Ribeiro
Daiana Ferreira CassanegoDavi PieperDiogo Rafael da SilvaEdison Rodrigo ValimFernanda FernandesFrederico TrilhaJordana Paula SchulkaMarcelo Neri da SilvaNelson RosaNoemia Souza MesquitaOberdan Porto Leal Piantino
Multim diaSrgio Giron (Coord.)Dandara Lemos ReynaldoCleber MagriFernando Gustav Soares LimaJosu Lange
Conferncia (e-OLA)Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.)Bruno Augusto ZuninoGabriel Barbosa
Produo IndustrialMarcelo Bittencourt (Coord.)
Gerncia Servio de AtenoIntegral ao AcadmicoMaria Isabel Aragon (Gerente)Ana Paula Batista DetniAndr Luiz PortesCarolina Dias DamascenoCleide Incio Goulart SeemanDenise FernandesFrancielle FernandesHoldrin Milet BrandoJenniffer Camargo
Jessica da Silva BruchadoJonatas Collao de SouzaJuliana Cardoso da SilvaJuliana Elen TizianKamilla RosaMariana SouzaMarilene Ftima CapeletoMaurcio dos Santos AugustoMaycon de Sousa CandidoMonique Napoli RibeiroPriscilla Geovana PaganiSabrina Mari Kawano GonalvesScheila Cristina MartinsTaize MullerTatiane Crestani Trentin
Avenida dos Lagos, 41 Cidade Universitria Pedra Branca | Palhoa SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: [email protected] |Site: www.unisul.br/unisulvirtual
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PalhoaUnisulVirtual
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Design instrucional
Gabriele Greggersen
1 edio revista
Lucsia Pereira
Histria da ArteLivro didtico
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Edio Livro Didtico
Professor ConteudistaLucsia Pereira
Design InstrucionalGabriele Greggersen
Projeto Grfico e CapaEquipe UnisulVirtual
DiagramaoAnne Cristyne Pereira
Noemia Mesquita (1 Ed. Revista)
RevisoB2B
Foco (1 Ed. Revista)
ISBN978-85-7817-341-8
Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Universitria da Unisul
Copyright UnisulVirtual 2011
Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prvia autorizao desta instituio.
709P49 Pereira, Lucsia
Histria da arte : livro didtico / Lucsia Pereira ; design instrucionalGabriele Greggersen. 1. ed. rev. Palhoa: UnisulVirtual, 2011.
166 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.ISBN 978-85-7817-341-8
1. Histria da Arte. 2. Arte moderna. I. Greggersen, Gabriele. II. Ttulo.
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Sumrio
Apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
Palavras da professora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
UNIDADE 1 - Arte e esttica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
UNIDADE 2 -A arte nas sociedades tradicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
UNIDADE 3 - A arte nas sociedades modernas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
UNIDADE 4 - Arte moderna e contempornea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
Para concluir o estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 4 9
R e f e r n c i a s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 5 1
Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
Respostas e comentrios das atividades de autoavaliao . . . . . . . . . . . . . 161
Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
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Apresentao
Este livro didtico corresponde disciplina Histria da Arte.
O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autnomae aborda contedos especialmente selecionados e relacionados sua rea de formao. Ao adotar uma linguagem didticae dialgica, objetivamos facilitar seu estudo a distncia,
proporcionando condies favorveis s mltiplas interaes e aum aprendizado contextualizado e eficaz.
Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, seracompanhada e monitorada constantemente pelo SistemaTutorial da UnisulVirtual, por isso a distncia fica caracterizadasomente na modalidade de ensino que voc optou para suaformao, pois na relao de aprendizagem professores einstituio estaro sempre conectados com voc.
Ento, sempre que sentir necessidade entre em contato; voc tem disposio diversas ferramentas e canais de acesso tais como:telefone, e-mail e o Espao Unisul Virtual de Aprendizagem,que o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado erecebido fica registrado para seu maior controle e comodidade.Nossa equipe tcnica e pedaggica ter o maior prazer em lheatender, pois sua aprendizagem o nosso principal objetivo.
Bom estudo e sucesso!Equipe UnisulVirtual.
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Palavras da professora
Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) disciplina Histria da Arte!
Apesar de vivermos rodeados por manifestaes artsticas, adiscusso sobre a arte sempre um assunto inquietante. Desde
a antiguidade, os juzos sobre a arte oscilam, ora vista comocoisa ftil, ora como algo sublime e intangvel. Falar sobre arte sempre andar num terreno movedio.
Neste livro, focalizaremos especialmente as artes visuais,como a pintura, buscando contribuir com uma reflexo maiscrtica sobre o seu sistema de significados. Entendemos que,atualmente, no embalo dos novos meios de comunicao, comoa internet, a circulao de imagens (sejam ou no artsticas)
nunca esteve to acessvel a to grande nmero de pessoas.
Paradoxalmente, fato que boa parte dos indivduos no estpreparada para efetuar uma recepo crtica destes artefatosculturais. Mesmo ouvindo repetidamente que uma imagemvale mais do que mil palavras, elas so vistas como algocomplementar ou meramente ilustrativo dos textos escritos.
Nos tpicos, voc poder conhecer e analisar obras artsticas
de diversos tempos histricos. Com isto, objetivamos propiciara voc uma maior familiaridade com os objetos artsticos quemarcaram nossa cultura.
As imagens includas neste estudo so apenas uma pequenaamostra de um universo que voc poder continuarexplorando. Alm da satisfao que isto pode proporcionar,voc descobrir nele um caminho de conhecimento, uma vezque acreditamos que, tanto no passado quanto no presente, aarte auxilia o homem a compreender o seu lugar no mundo.
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Lembramos que, neste material impresso, as imagens estoem preto e branco. Para no perder esta importante parte dacriao artstica, que reside justamente no uso da cor, consulte
simultaneamente a verso on-line do material, em que as imagensesto disponibilizadas em cores.
Por fim, alertamos que voc no vai encontrar aqui afirmaesderradeiras ou juzos consolidados sobre a arte e seus problemas.O que voc vai ler apenas uma proposta de abordagem entremuitas possveis.
Desejamos a voc um bom percurso de estudos.
Professora Lucsia Pereira.
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Plano de estudo
O plano de estudos visa a orient-lo no desenvolvimento dadisciplina. Ele possui elementos que o ajudaro a conhecer ocontexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.
O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual levaem conta instrumentos que se articulam e se complementam,
portanto, a construo de competncias se d sobre aarticulao de metodologias e por meio das diversas formas deao/mediao.
So elementos desse processo:
o livro didtico;
o Espao UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);
as atividades de avaliao (a distncia, presenciais e deautoavaliao);
o Sistema Tutorial.
Ementa
Esttica: etimologia e transformaes histricas do conceito.Funes da arte em diferentes contextos scio-histricos.Natureza e cultura nas concepes artsticas. Arte naantiguidade e na modernidade: diferenas essenciais naproduo e na recepo. Manifestaes de vanguarda e asinfluncias exercidas nas artes brasileiras contemporneas.Arte e tecnologia. Projeto de Prtica da disciplina.
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Objetivos
Geral:
Fomentar a reflexo crtica sobre o papel da arte em diferentescontextos histricos.
Especficos:
Estimular a viso da arte como expresso da cultura.
Conhecer e identificar as diversas manifestaesartsticas.
Relacionar os principais movimentos artsticos aocontexto histrico de sua produo.
Carga HorriaA carga horria total da disciplina 60 horas-aula.
Contedo programtico/objetivos
Veja, a seguir, as unidades que compem o livro didtico destadisciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos
resultados que voc dever alcanar ao final de uma etapa deestudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto deconhecimentos que voc dever possuir para o desenvolvimentode habilidades e competncias necessrias sua formao.
Unidades de estudo: 4
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Histria da Arte
Unidade 1 Arte e esttica
Nesta unidade, vamos tratar da arte e seus problemas, abordando
conceitos, significados e a institucionalizao dos objetosartsticos na cultura.
Unidade 2 A arte nas sociedades tradicionais
Nesta unidade, abordaremos a arte desde a Pr-histria at aIdade Mdia. O intuito que voc perceba que ela teve diferentessignificados ao longo do tempo: como arte mgica para os povos
caadores e coletores no perodo Paleoltico; como instrumentode manuteno das instituies sociais no Egito antigo ou ainda aservio dos interesses da igreja na Idade Mdia.
Unidade 3 A arte nas sociedades modernas
Esta etapa compreende o estudo da arte do Renascimentoat o incio do sculo XIX, quando, ento, descobriram-se as
profundas inovaes trazidas pelos pintores renascentistas, entreelas a retomada dos ideais clssicos de beleza e a introduo danoo de perspectiva.
Unidade 4 Arte moderna e contempornea
Nesta unidade, abordaremos a mudana que ocorre no papel socialda arte e do artista a partir da arte moderna e contempornea.
Discutiremos como o capitalismo, a Revoluo Industrial e acultura ps-moderna estaro relacionados a estas mudanas.
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Agenda de atividades/Cronograma
Verifique com ateno o EVA, organize-se para acessarperiodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seusestudos depende da priorizao do tempo para a leitura,da realizao de anlises e snteses do contedo e dainterao com os seus colegas e professor.
No perca os prazos das atividades. Registre no espaoa seguir as datas com base no cronograma da disciplina
disponibilizado no EVA. Use o quadro para agendar e programar as atividadesrelativas ao desenvolvimento da disciplina.
Atividades obrigatrias
Demais atividades (registro pessoal)
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1UNIDADE 1
Arte e esttica
Objetivos de aprendizagem
Estudar os diferentes conceitos de esttica.
Identificar e refletir criticamente sobre o significadoda arte nos diferentes contextos histricos.
Conhecer e discutir as principais propostasmetodolgicas para o estudo da histria da arte.
Sees de estudo
Seo 1 A esttica
Seo 2 O que arte?
Seo 3 A histria da arte
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Para incio de estudo
De acordo com os objetivos dessa unidade, o desafio principal
fazer um apanhado de trs campos de estudo relacionados: esttica, arte e histria da arte. Como se trata de um livropara um curso de Filosofia, achamos importante introduzir oassunto com a apresentao de algumas ideias filosficas sobrea esttica. Voc notar que pensadores como Kant e Nietzscheextrapolaram a dimenso dos prprios objetos artsticos e emsuas reflexes, encarando a estticacomo fundamento doconhecimento e da condio humana.
Estudar ainda que o objeto desta reflexo, a esttica, tem suasrazes no pensamento de Plato (aprox. 427 a.C. / 347 a.C.),vindo a assumir o sentido moderno apenas no sculo XVIII.E que, de Plato aos dias atuais, a sua discusso resiste meraapreciao e se constitui num assunto inquietante e desafiador.Seja numa abordagem ancorada no sentimento esttico, no belocomo perfeio, na arte como expresso da subjetividade doartista ou como pulso primitiva, no possvel fazer qualquerforma de generalizao a este respeito.
Voc ver tambm que, em nosso meio, no se tem um conceitoseguro sobre o que arte e tampouco sobre os temas a elarelacionados. Por fim, discutiremos alguns princpios e limitesque regem a histria da arte.
Bom estudo!
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Unidade 1
Seo 1 A esttica
Em Plato, o fundamento da arte repousava sobre a ideia de mimese.
Como sugere Lacoste (1986), para se compreender o significadode arte como mimesefaz-se necessrio entender a concepo gregade sere verdade. Segundo esta concepo, toda arte cria apenassimulacros das coisas, ou seja, mostra as coisas como elas aparentamser e no como elas so na verdade. Assim, quando afirmamos queuma pedra que est diante de ns uma pedra, reconhecemos nelaa sua essncia, ou a ideiada pedra, que, por sua vez, permanente eno sujeita s transformaes do tempo.
A apresentao do mundo fsico, elaborada pelos pintores (Platoinclui tambm os poetas e sofistas), cria apenas uma imitaodistante em relao a esta essncia, o ser. Esta imitao da imitaoera considerada pelo filsosfo inferior quela realizada pelosartesos que produzem objetos concretos a partir da prpria Ideia.
Plato entendia que toda a criao era uma imitao, inclusivea criao do mundo era imitao do mundo das ideias. Aocontextualizar a posio de Plato, Lacoste (1986) mostra que
ela no deixava de ser uma atitude crtica diante das mudanasartsticas que se operavam na Grcia naquele momento. Elase dirigia tanto para o naturalismo crescente alcanado naestatuaria grega, quanto para a skiagraphia(modernamentechamada de trompe- loeil). Essa tcnica era usada pelospintores para criar no expectador a iluso de profundidade.
Figura 1.1 Pintura mural da Casa dos Vettii em Pompeia, cerca de 30 a.C.Fonte: Marshall (1999).
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Observe, na figura, os falsos veios do mrmore e oselementos arquitetnicos ilusrios.
Ao reconhecer o fascnio que este mundo de iluso despertava,Plato afirmava que a misso da filosofia era dissipar este poderexercido sobre a sensibilidade humana, pois a verdadeira belezaestava na apreenso intelectual das essncias. A arte deimitao se constitua num obstculo para isto, j que permaneciano mundo sensvel.
Durante a Idade Mdiae incio da modernidade, no houve
grandes abalos sobre o pensamento elaborado sobre a estticana antiguidade. A contribuio mais inovadora surge no sculoXVIII, quando a esttica assume sua acepo moderna. Foitambm nesta poca que o termo aparece pela primeira vez naobra do alemo Alexandre Baumgarten (1714-1762).
Tomada do grego, no qual o sentido original se relacionava sensao, a esttica definida em Baumgarten como uma cinciado sensvel. Do ponto de vista da filosofia, a contribuio de
Baumgarten reside na forma como ele encara o conhecimentoperceptivo, ou seja, como um caminho para se alcanar a verdade,elevando, desta forma, o sensvel ao status de um saber elevado.
Mas, em que consiste esta mudana fundamental noentendimento da esttica antiga e moderna?
De acordo com Luc Ferry (1994), a significao desta mudana
est no fato de que, na antiguidade, a obra era pensada como ummicrocosmo e que, portanto, fora dela (no macrocosmo) h umcritrio objetivo do Belo. J para os modernos, destacadamentea partir de Kant, o sentido da obra est atrelado subjetividade,o Belo visto como um estado da mente e no mais um objetoideal ou um conceito puro.
Ao contrrio de Plato, a beleza, para Kant, no estava no mundoideal ou tampouco internamente nas coisas. Ela vista como algo
interno dos seres humanos, um espao de conciliao harmnicaentre o esprito e a natureza. Em Crtica da faculdade do juzo
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Unidade 1
de 1790, Kant define a esttica como a capacidade de fruiorelacionada a outras capacidades humanas. Para exerc-la, osujeito no necessitaria de nenhuma faculdade excepcional, todos os
indivduos teriam a prioricondies de captar e experimentar o belo.
Para Kant, a esttica um estado de vida de direitoprprio, uma capacidade de fruio intimamenterelacionada a outras capacidades cognitivas do serhumano, sem depender, necessariamente, da aquisiode conhecimento, ou seja: para contemplar o belo, osujeito no se vale das determinaes das capacidadescognitivas das faculdades do conhecimento. (VALE, 2005).
Diferentemente da subjetividade de Kant, as formulaes deGeorg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) sobre a estticavincularo obelo artstico manifestao do esprito. Oconceito de esprito foi desenvolvido por Hegel como acomunidade de homens que toma conscincia de si mesma naHistria (LACOSTE 1986, p. 43).
Desta forma, em Hegel a arte toma o Belo como algoque existe na realidade em obras reais e histricas.
Para este filsofo, as obras artsticas no so intemporais, oumera imitao da natureza, como em Plato, pois representamum momento do esprito na Histria. Diz Lacoste (1986, p. 44),a respeito de Hegel, que: A arte nesse sentido, uma das viaspelas quais o homem enquanto esprito se separa da natureza.Uma vez que o esprito superior natureza, o Belo artstico
seria tambm superior ao belo natural.
Como produto do esprito, a arte no tem objetivo de dar prazer,ela um contedo em busca da forma, um interior que procuraexteriorizar-se, o belo a ideia concretizada no mbito sensvel.
J na Frana, por volta desta mesma poca, escritores, msicos epintores formavam pequenos grupos, na maioria informais, paradiscutir questes relativas arte e ao gosto. Cabe salientar quea Europa (e o mundo em geral) experimentam, neste perodo,uma intensa transformao, tanto das estruturas polticas, quantoeconmicas e sociais.
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Os artistas presenciaram o surgimento de inovaes tcnicas, entreelas o advento da fotografia, que, na sua rpida penetrao nomeio social, especialmente a partir da segunda metade do sculo
XIX, retira da arte a exclusividade de reproduzir a realidade.O relevante nestas associaes de interesses que, alm de revelaro sentimento dos artistas ante este contexto de mudanas, elasabriam espao para a afirmao de posies contrrias quelasestabelecidas pelos grupos dominantes, tambm no que se refere arte e seus saberes. Nesse sentido, so ilustrativos os textos dopintor francs Eugene Delacroix (1798-1863).
Figura 1.2 - Delacroix, 1832Fonte: Salavisa [2011?].
Consta que, no espao de alguns meses, Delacroix realiza vriosmilhares de aquarelas, soltas ou s vezes reunidas em cadernos
(de sete s se conservam quatro). Registrados em grafite - demaneira a precisar aqui uma indicao de cor, ali uma impressoque deseja recordar -, estes desenhos so executados em aquarelaa partir de um esboo preparatrio a lpis negro.
Seja na forma de dirios ntimos, carta ou textos publicados emjornais, seus registros no se restringiam aos aspectos tcnicosda pintura, como era usual, mas mostravam seu posicionamentodiante de questes estticas fundamentais, as quais at ento
eram discutidas apenas por filsofos e crticos.
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Histria da Arte
Unidade 1
E qual o fundamento da arte para Delacroix?
Em Delacroix, a pintura no mais algo que sinaliza um objetodo mundo exterior e sim a expresso da emoo individualdoartista, da sua imaginao criadora. No gnio artstico estariatodo o fundamento da beleza, pois a natureza representa apenasa base do trabalho da criao. Os novos arranjos criados pelasnecessidades interiores do artista vo super-la pela originalidade.
Assim como a descoberta da fotografia tirou da arte a funo dedocumentar a realidade, os estudos sobre a cor e o seu potencial
de provocar emoes foram tambm fatores decisivos nesta novaesttica, cujos princpios substituiro a imitao da natureza pelaexpresso do artista.
Outra contribuio fundamental teoria da esttica veio dofilsofo alemo Friedrich Nietzsche (1844-1900). Em Nietzsche,a esttica se manifesta em dois princpios bsicos, ou duas pulsesartsticas que so equivalentes a dois estados psicolgicos, oapolneo e o dionisaco.
Teremos ganho muito para a cincia esttica aochegarmos, no s compreenso lgica, mas tambm imediata segurana da opinio de que o progresso da arteest ligado duplicidade do Apolnico e do Dionisaco [...].(NIETZCHE, 2006, p. 34).
O apolneo est relacionado medida, individualidade e conscincia e o dionisaco embriaguez, ao descomedimento e reconciliao do homem com a natureza. A arte no seria ento
uma imitao (Plato), tampouco expresso da individualidadeou emoo como props Delacroix, mas a identificao primriacom a natureza feita pelo artista (LACOSTE, 1986) e significa:
A identificao primria com a Natureza, que nos conduzida atravs do transe dionisaco, a aproximaodo homem da sua acepo mais pura, s suaspotencialidades diversas, a seu querer que um borbulharincessante no eterno dilema, na eterna ambigidade
que o homem ante o seu querer, o ser e o no-ser, onascimento e a morte, o homem frente a seu destino, ohomem diante de si mesmo. (DOREA JUNIOR, [200-]).
Baseado nas figurasmticas dos deuses Apolo e
Dionsio.
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Figura 1.3 - Dionsio e os stiros (Interior de um vaso), 480 a.C.Fonte: Dionsio...[2011?].
De acordo com Nietzsche, a tragdia grega era a arte porexcelncia desta comunho, pois fazia a reconciliao entre asduas foras. Encenada na Grcia pr-socrtica, a tragdia gregaera uma apresentao teatral que fundia os dilogos com oscantos corais, de modo que estes seriam o veculo pelo qual aemoo dionisaca se descarregava.
Figura 1.4 - Mscara do teatro grego antigoFonte: Retalhos...(2011).
Na poca de Scrates, a tragdia deixa de ser encenada nesteformato, quando a msica substituda pelo dilogo. SegundoNietzsche, a rejeio do mito pela aniquilao do esprito da
msica levou atrofia dos instintos vitais e tornou o homemmoderno incapaz de viver a energia desta pulso.
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Unidade 1
O problema levantado por Nietzsche traz em seu bojo umaquesto mais ampla do que apenas a discusso da esttica em sie apontado por muitos estudiosos de sua obra. Ele questiona
a supremacia da filosofia racionalista e do esprito crtico quese desenvolvem na cultura grega a partir de Scrates, e a suainfluncia na cultura ocidental, que impregna de desconfianaas formas de conhecimento que provm do irracional ou doinconsciente do homem.
Nesta breve explanao sobre o pensamento esttico, esperamosque tenha sido possvel perceber que o conceito de esttica no conclusivo e sim um fenmeno histrico, e, como tal, no uma
verdade acabada, mas sempre em elaborao.
Seo 2 O que arte?
Certamente, voc j deve ter se deparado com esta pergunta ou,
no mnimo, presenciado algum debate cuja questo central eraesta. presumvel que, neste momento, no tenha surgido umaresposta clara e objetiva, pois o tema no simples. Como naesttica, no existe um consenso relativo ao que venha a ser a arte.
De acordo com Jorge Coli (1981, p.11),
[...] se buscarmos uma resposta clara e definitiva,decepcionamo-nos: elas so divergentes, contraditrias,alm de freqentemente se pretenderem exclusivas,propondo-se como soluo nica.
Veja alguns exemplos, dentro das inmeras concepes disponveis:
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Arte uma interpretao da vida (realidade). Vincula-sea fatores religiosos (pirmides egpcias ou esculturasda Grcia clssica), polticos (autoritarismo de Stlin
na URSS), sociais (predomnio da burguesia noRomantismo) e simblicos (evangelistas associadosa animais na decorao das igrejas medievais)(DAMBROSIO, 2000).
Arte 1 [Do lat. arte.]S. f. 1. Capacidade que tem o serhumano de pr em prtica uma idia, valendo-se dafaculdade de dominar a matria: A arte de usar o fogosurgiu nos primrdios da civilizao. 2. A utilizao detal capacidade, com vistas a um resultado que podeser obtido por meios diferentes: a arte da medicina;
a arte da caa; a arte militar; a arte de cozinhar; Liceude Artes e Ofcios. 3. Atividade que supe a criao desensaes ou de estados de esprito de carter esttico,carregados de vivncia pessoal e profunda, podendosuscitar em outrem o desejo de prolongamento ourenovao: uma obra de arte; as artes visuais; artereligiosa; arte popular; a arte da poesia; a arte musica(DICIONRIO AURLIO, 2010).
A palavra arte uma derivao da palavra latina arsou artis, correspondente ao verbete grego tkne.
O filsofo Aristteles se referia a palavra arte comopiesis, cujo significado era semelhante a tkne.A arte, no sentido amplo, significa o meio de fazerou produzir alguma coisa, sabendo que os termostkne e piesis se traduzem em criao, fabricao ouproduo de algo. (LINDOMAR, 2007).
Alguns estudiosos vo alm e afirmam que a arte sequer pode sercompreendida pelo discurso racional, pois as palavras reduzem
seu significado, que somente pode ser apreendido pelos sentidos.O problema que esta viso nos coloca que normalmente noexercitamos nossa compreenso das coisas pelos sentidos enecessariamente temos de falar da arte por meio da palavra.
Se por um lado difcil conceituar a arte, por outro no sepode negar que vivemos num mundo rodeado por ela. Olheatentamente ao seu redor e voc perceber que ela est presentecotidianamente na msica, teatro, dana, arquitetura, literatura,artes plsticas...
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Unidade 1
s vezes vista como terreno das coisas fteis, outras como algosublime e intangvel, a arte comporta todos os objetos aos quaisse atribui um contedo esttico. Sabemos tambm que ela
provoca o sentimento de admirao por estar relacionada ao belo. por meio da arte que o homem, desde os tempos mais remotos,procura dar forma e funo matria. Segundo Ernst Fischer(2002, p. 57), A arte, capacita o homem para compreender arealidade e o ajuda no s a suport-la como a transform-la.Desta maneira, todo trabalho do artista e, por consequncia, todaimagem artsticarepresenta a apreenso da realidade partindoda criao de formas sensveis.
Figura 1.5 Vaso neolticoFonte: Gomez (2011).
A vivncia pessoal do artista transmitida pelo modocomo ele organiza os dados sensveis. No caso dasartes visuais, so eles: espao, peso, volume, textura,cor e luz. Os valores estticos so percebidos pelaemoo e pela intuio e esto condicionados aosujeito receptivo. Para alguns estudiosos, isto se d pormeio dos elementos simblicos que realizam o contatodo indivduo com seu mundo social.
Lemos estes significados por meio do contexto, da forma e da nossabagagem cognitiva que adquirimos pela nossa experincia socialde mundo (FREITAS, 2004). Portanto, o ato de olhar a arte
individual e est imbricado da cultura e das experincias de cada um.
O termo imagem
artstica se refere a todomaterial visual feito para
funcionar esteticamente.
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Ao olharmos uma pintura, escultura ou outro objeto artsticoqualquer, logo sentimos algo que nos leva a gostar ou no doque vemos. H ainda que considerar a tendncia de que, em
geral, gostamos daquilo que conhecemos e estranhamos o quedesconhecemos. Esse fato que explicaria em parte a rejeio quehabitualmente recai sobre as vanguardas artsticas, assunto queretomaremos mais adiante.
Porm, importante distinguir as questes relativas ao gostopessoal e linguagem artstica. Ou seja, o gosto pessoal definidopelas afinidades pessoais, mas podemos definir outros critrios deavaliao para no reduzir tudo a uma preferncia subjetiva.
Estes critrios dizem respeito ao contedo expressivo, ao modocomo o artista ordenou formalmente a obra e, por meio destaordenao, exps seus pensamentos e emoes. Fayga Ostrower(1983, p.62), ao abordar a questo, definiu os limites destes doismodos de ver a arte:
[...] se o gosto condiciona o convvio de cada um com asobras de arte, no constitui, em si, critrio de avaliao da
obra. Necessariamente, o gosto uma reao individual esubjetiva. J os critrios de avaliao devem ser objetivos,abrangendo qualidades vlidas para todos.
Os critrios desta valorao so definidos dentro de cada gruposocial. Isto significa dizer que no existe um objeto artstico,se no for reconhecido como tal, pelos sujeitos e grupos sociaisde uma determinada cultura. dentro do espao da cultura,portanto, que se articulam os discursos e instrumentos de
legitimao, tanto da arte, quanto dos objetos artsticos.
Mas em nossa cultura, quem determina o que umaobra de arte?
No mundo ocidental, os discursos e modelos hierrquicos provmde trs instituies bsicas. De acordo com Ivan Gaskell (1992),primeiramente, temos negociantes, leiloeiros e colecionadores; em
segundo, os diretores de museus e galerias pblicas; e, por ltimo,historiadores da arte, acadmicos, editores e crticos. Alm de
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Unidade 1
determinarem o status de um objeto artstico, a histria e a crticada arte criaram a ideia de estilo ou correntes.A recorrnciade constantes em uma obra definiria o estilo, tanto nas artes
plsticas, como na literatura, na msica, na arquitetura etc.O estilo envolve a concepo e execuo da obra e pode seradotado na esfera individual ou coletiva. s vezes, o estilo podeser visto como cenrio de toda uma poca. O estilo nem sempre sedefine por uma ruptura brusca, e o desenvolvimento de aspectosnovos, em geral, ocorre sobre o que j foi feito no passado.
Veja a seguir uma imagem representativa do estiloArt Noveau,que se desenvolve entre 1890 e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) na Europa e nos Estados Unidos, e de l se disseminandopara o resto do mundo. Sua influncia foi marcante no design, nasartes grficas e arquitetura.
Figura 1.6 Alphonse Mucha, Salom, 1897. Obra representativa do estilo Ar t NoveauFonte: My Clothing (2009).
tambm nos meios oficiais que se formaram os juzos devalor que determinam o limite oficial entre os objetos artsticose no artsticos. Para alguns, um objeto pode ser consideradoartstico a partir da anlise dos aspectos tcnicos de sua execuo:composio, forma, equilbrio etc. Para outros, o estatuto de umobjeto artstico no se resume a questes tcnicas.
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Para voc compreender melhor o alcance destascolocaes, tome como exemplo a situao da arteindgena brasileira que, mesmo tendo reconhecido
seu contedo esttico, permanece numa condiosubalterna no cenrio da produo artstica. Isto ocorreporque o nosso modo de ver a arte foi construdo combase na colonizao portuguesa, tendo sido marcado,sobretudo, pelos valores europeus, cujos critrios estoassociados beleza e criatividade.
No caso da arte indgena, no h separao entre a questoutilitria e a artstica. Desta forma, defendem alguns
autores (PROENA, 2003, p. 191) que a arte indgena mais representativa das tradies da comunidade do que dapersonalidade do indivduo que a faz.
Na arte indgena, a representao sociocultural do grupo priorizada e aparece nos artefatos produzidos. Da pinturacorporal at a cestaria e as panelas, esta arte est mesclada nouniverso da vida tribal, sendo o ornamento parte essencial detudo o que fabricado, contudo, no existe (ou at ento no setem notcia de) nenhuma palavra nas lnguas indgenas com osignificado que tem em nossa sociedade.
Ao olharmos o percurso da arte em diferentesmomentos histricos, veremos que h fatores quelevam tanto ao apreo quanto ao esquecimentode um estilo ou gosto. Ao sabor destas mudanas,recuperam-se obras, artistas e estilos do passado.Estas oscilaes do gosto so tambm decorrentes defatores diversos como os socioculturais e at mesmo
fatos como as descobertas arqueolgicas.
Este fluxo pode recair sobre um artista especfico, ummovimento ou, at mesmo, o conjunto de obras de uma poca.Um exemplo, entre tantos outros, ocorreu no Renascimentocom relao arte medieval. Grosso modo, podemos dizer quea arte medieval foi desqualificada porque estava associada sestruturas da Idade Mdia.
A arte medieval foi
reabilitada no sculo XIX.
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Figura 1.7 - Retbulo Medieval, de Ambrogio LorenzettiFonte: Fletcher (2011).
No Renascimento, o ambiente cultural e artstico experimentavauma intensa fermentao. Os artistas eram valorizados pelas suasrealizaes e alcanaram uma notoriedade at ento indita nomeio social, diferentemente da Idade Mdia, quando as obras
eram executadas por artistas annimos.
Isto explica, em parte, o desinteresse que osrenascentistas nutririam pela arte medieval. Entre osfatores, destacam-se: a falta de liberdade do artista, aideia de que a arte era coisa de artesos, a negao dosprincpios clssicos, como harmonia e proporo...
Um retbulo compostode umatbua central, onde aparece o sant
a quem se dedica a obra. As tbuas
laterais narram os episdios mais
marcantes da sua vida, em geral
distribudos em compartimentos,na parte inferior. Muitas
vezes, tambm se encontram
representados aqueles que
fizeram a encomenda e emblemas
herldicos.
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Figura 1.8 So Jernimo em seu estdio (1475-76). Antonello da MessinaFonte: Andrade (2010).
Muitos conhecimentos sobre os princpios clssicos (da Grcia eRoma antigas) reaparecem no Renascimento europeu, graas aotrabalho de traduo de humanistas, como Leon Batista Alberti.O desenvolvimento do pensamento cientfico esteve a par epasso com o movimento artstico do Renascimento, o qual pode,inclusive, ser visto como uma das esferas nas quais as descobertascientficas se expressaram.
Leon Battista Alberti (Gnova,
18 de fevereiro de 1404
Roma, 20 de abril de 1472) foi
um arquiteto e terico de arte:
um humanista italiano, ao estilo
do ideal renascentista e filsofo
da arquitetura e do urbanismo,
pintor, msico e escultor. Uma
clebre frase sua foi Uma obra
est completa quando nadapode ser acrescentado, retirado
ou alterado, a no ser para pior.
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Unidade 1
Analise o retbulo medievale o quadro renascentistade Antonello da Messina, mostrados nesta seo,buscando diferenas e semelhanas entre ambos e
registre suas observaes nas linhas disponveis
Voc deve ter observado que existem variaes iconogrficas quepodem ser facilmente notadas entre as imagens, especialmenteo uso da perspectiva na imagem renascentista, o que d a elaum aspecto mais natural. Diferente da proposta do retbulomedieval, cujas figuras so organizadas hierarquicamente, semcausar ao expectador a sensao de profundidade.
Isto ocorre por causa da (e tambm) diferentes preocupaesartsticas que marcaram os tempos histricos. A seguir, leia uma
anlise sobre obra mostrada de Antonello da Messina e vejacomo ela ilustra o intercmbio de ideias e influncias, entre osartistas da poca.
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Foi So Jernimo quem, no sculo IV d.C., traduziu abblia do hebreu e do grego para o latim, sendo esteo idioma vigente na Roma de sua poca. Messina orepresentou em meio a livros, como um pensadorintelectual humanista. [...] Messina concilia a dimensoreduzida da obra de arte, freqente na EscolaFlamenga, com a concepo de amplitude espacialdas composies italianas. Desta forma, ele conseguenos apresentar, em uma obra de tamanho reduzido, aidia de monumentalidade recorrente no classicismorenascentista. Esta apenas uma das formas que esteartista encontrou de mesclar tendncias provindas donorte e do sul europeu do sculo XV e, com isso, traaruma linguagem artstica muito particular. [...] Por outrolado, a exatido no uso da perspectiva linear, que ficaevidente no cho ladrilhado com motivos geomtricos,denuncia o olhar cientificista deste artista italiano.A luminosidade difusa outro elemento que nosremete arte dos Pases Baixos. Atravs do contraste deluz e sombra, combinado com a tonalidade quente desuas cores, Messina nos mostra um ambiente mgicoe acolhedor. Desta mesma forma, o artista dissimulasua organizao simtrica do espao compositivo,quebrando em parte a rigidez que uma composio
com to forte presena de motivos arquitetnicosdeveria ter. (CASTHALIA DIGITAL ART STUDIO, 2006).
Pelas consideraes feitas at aqui, voc j deve ter notado quea arte um assunto complexo, quando tratada no mbito dodiscurso formal. Entretanto, esta condio no deve ser obstculopara que nos aproximemos dela. Este desafio da histria daarte, assunto da prxima seo.
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Seo 3 A histria da arte
Toda a obra de arte um sistema de formas, umorganismo. A sua caracterstica essencial constitudapelo carcter da necessidade, no sentido de que nada podeser alterado ou deslocado, mas tudo deve permanecercomo . (Heinrich Wolfflin, 1984).
Como to bem expressa Paul Klee (1971), o termo Histriada Arte, em geral, designa o estudo das artes visuais como apintura e a escultura. O estudo de outras expresses da arte,como a msica, a literatura, a arquitetura ou o teatro, definido
por uma terminologia mais especfica, como a histria do teatro,da msica, da literatura...
Qualquer proposta de estudo sobre histria da arte semprelimitada. A presena da arte e, por conseguinte, dos objetosartsticos na histria, so de tamanha recorrncia e diversidadeque impossvel abarc-los por inteiro. Por isto, dificilmentealguma proposta de historiar a arte pode pretender a totalidade.
As metodologias para delimitar a especificidade disciplinar dahistria da arte comearam a ser esboadas nos ltimos cem anos.Dentre elas, destacamos duas. A primeira delas privilegia oformalismo, entendido como o resultado plstico da atividadeprodutiva do artista, que possvel pela anlise da experinciaformal: linhas, texturas, cores, luzes e volumes.
A segunda, que pode ser designada de social, procura estudar aarte ou o aparecimento dos objetos artsticos, atrelados ao
contexto histrico de sua produo. Artur Freitas (2004) afirmaque esta perspectiva implica que se faa a releitura de suascondies de produo e a genealogia de suas recepes: ahistria, enfim, de sua circularidade institucional, bem como dacadeia de informaes e valores gerados a partir da imagem. Ahistria da arte ajudaria, assim, a identificar as variaes dosestilos, relacionando-os com os aspectos histricos mais gerais deuma sociedade.
Dois grandes tericos
da proposta formalista
so Henrich Wolfflin1864/1945 e Henri Focillon
1881-1943.
Esta perspectiva tem
como expoentes um dos
autores mais renomados,
Arnold Hauser,
especialmente com a
obra Histria social da
arte e da literatura.
Esta obra teve bastante
destaque nos anos 60/70
do sculo XX, por causa
da tendncia de esquerda
do autor. Veja a referncia
completa no saiba mais.
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Portanto, o estudo das obras artsticas pode ser feitoinserindo-as no mbito da cultura em que foram produzidas,desde que se admita de antemo que nenhuma elaborao
poder esgotar o seu significado, pois a linguagem noesgota o sentido da arte. Reconhecemos, desta forma, que asociedade tem influncia sobre as sensibilidades artsticas eque isto afeta o trabalho dos artistas.
Procuramos, nesta unidade, contemplar estas duas instncias,porque entendemos que isoladamente ambas as perspectivastm limitaes: na primeira, temos a primazia das formase, na segunda, a negao dos fatos visuais da imagem.
Procurou-se explicitar isto na discusso do tempo histrico,mas tambm (dentro dos limites interpretativos) optamos pelaanlise do aspecto formal da obra, feita muitas vezes pelorecurso da comparao.
Sntese
Nesta unidade, foram discutidos alguns princpios gerais quenortearam o debate sobre a esttica, cujo incio se deu comPlato. Procuramos mostrar que, alm dos filsofos, os artistastambm manifestaram suas opinies com relao esttica, arte e quanto ao sentido do seu prprio trabalho. Para ilustraresta importante etapa da discusso sobre a esttica, apresentamosalgumas ideias do pintor francs Eugene Delacroix.
Na continuidade, abordamos a arte como conceito irredutvel linguagem. Discutimos brevemente o funcionamento do sistemade arte em nossa cultura, mostrando que ele no comporta todasas expresses da arte produzida pelo homem, a exemplo do queocorre com a arte indgena brasileira.
Por fim, analisamos duas metodologias propostas para a histria
da arte e como se instituem os movimentos artsticos, levando emconsiderao que a cultura o espao no qual eles se desenvolvem.
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Unidade 1
Atividades de autoavaliao
1) No livro A Origem da Tragdia, o filsofo alemo Friedrich Nietzscheesboa algumas ideias que se tornaram centrais na sua filosofia. Nestaobra, os deuses gregos Apolo e Dionsio so considerados forasartsticas que emergem da prpria natureza. Faa uma pesquisa emenciclopdias ou em sites seguros da internet para descrever trs traosdo esprito dionisaco e trs do esprito apolneo.
2) Com base nos dos estudos realizados, explique como se fundamentam
os objetos artsticos em nossa cultura.
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Saiba mais
Para essa unidade, recomendamos:
HAUSER, Arnold. Histria Social da Arte e da Literatura.So Paulo: Martins Fontes, 2000 (mencionada do texto).
Sobre a questo do gosto, leia: FERRY, Luc. Homo aestheticus:a inveno do gosto na era democrtica. So Paulo: Ensaio, 1994.
Sobre a relao do artista com seu meio social, assista ao filmeModigliani.
Sinopse
Na Paris de 1919, um grupo de artistas plsticos se rene, comfrequncia, num dos cafs do alegre bairro deMontparnasse.
Entre eles, encontram-se nomes como
os de Pablo Picasso, Maurice Utrillo,Claude Monet, Diego Rivera, ChaimSoutine, Moise Kisling e AmedeoModigliani. Muito brincalho,Modigliani chega danando, sobenas mesas, senta-se no colo dosisudo Picasso, sendo bastanteaplaudido. Embora excelente pintor ebrincalho, seu temperamento, s vezesexplosivo, faz com que perca grandesoportunidades, o que o leva a no teruma vida financeiramente confortvel.
Figura 1.9 - ModiglianiFonte: MB (2011).
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2UNIDADE 2
A arte nas sociedadestradicionais
Objetivos de aprendizagem
Desenvolver a habilidade de identificar estilos artsticosatravs dos tempos.
Propiciar a discusso e reflexo crtica acerca doobjeto artstico inserido no contexto histrico de suaproduo.
Conhecer obras representativas da arte, produzidas nassociedades tradicionais, e desenvolver a capacidade de
apreciao destas obras.
Sees de estudo
Seo 1 Arte pr-histrica
Seo 2 Arte egpcia
Seo 3 Grcia e Roma (antiguidade clssica)
Seo 4 A poca medieval
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Para incio de estudo
Nesta unidade, voc vai estudar a arte e seu papel nas sociedades
tradicionais. Iniciamos com a arte pr-histrica, examinando asprimeiras civilizaes como a egpciae cretensee a antiguidadeclssica. Por fim, analisaremos a arte medieval e seu trajeto at oadvento da modernidade no sculo XVI.
O fundamento da sobrevivncia nas sociedades tradicionais era aagricultura e em volta dela se organizava a vida social. Elas tmcomo caracterstica uma maior proximidade com a natureza e,em virtude disto, apresentam uma concepo de tempo, baseada
nas estaes do ano, no tempo cclico. Um outro fator que asdiferencia das sociedades modernas a imobilidade social. Viade regra, os indivduos se mantinham por toda a vida dentro damesma camada social em que nasciam.
Nestas sociedades em que o senso geogrfico erarestrito s comunidades locais, o status da arte esteverelacionado ao trabalho artesanal. Todos aqueles quedetinham o domnio tcnico da fabricao das coisaseram considerados artesos. Com algumas excees, adespeito da fama de escultores gregos, como Fdias ePraxteles na Grcia antiga, no fazia muita diferena,em termos de prestgio social, fabricar um utenslio deuso cotidiano ou uma escultura, pois no havia a noode artista como conhecemos hoje.
Este cenrio s vai mudar com o Renascimento. Entretanto, adespeito disto, um vasto conjunto artstico foi legado desde a
pr-histria at o florescimento e desenvolvimento das primeirascivilizaes, como a egpciae cretense.
Cabe lembrar que, apesar da organizao cronolgica doscontedos, a arte no pode ser analisada em termos de evoluo.Os estilos artsticos, apesar das aparentes diferenas, representama busca dos artistas em conquistar novas relaes a exemplo doque fizeram os artistas que os antecederam, no significando queestas solues sejam melhores ou piores que aquelas.
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Unidade 2
Seo 1 Arte pr-histrica
As manifestaes artsticas so muito antigas. Sua importncia
extrapola a mera apreciao esttica, como a arte pr-histrica,quefornece detalhes importantes do modo de vida dos primeiros gruposhumanos. Do ponto de vista da pesquisa histrica, a existnciadestes registros ajuda a compensar a imensa lacuna documental querecai sobre as pocas anteriores inveno da escrita.
As imagens artsticas mais conhecidas remontam ao perodo emque o homem possua um reduzido domnio do mundo natural,conhecido como Paleoltico Superior. Estes povos viviam da
caa e da coleta. Um dos exemplos mais destacados da sua arteso as pinturas encontradas nas cavernas, tambm chamadasde arte rupestre, em praticamente todas as regies do planeta.Dois stios bem conhecidos so os de Altamira na Espanha eLascaux na Frana.
Figura 2.1 - Caverna de Lascaux, Frana. Cerca de 15 mil anosFonte: Schmitz (2009).
Descoberta por 4 adolescentes em 1940, a gruta de Lascauxconstitui uma referncia incontornvel no domnio da arte
rupestre. Situada perto de Montignac, na Dordonha, na Frana.A disposio da gruta, cujas paredes esto pintadas com bovdeos(sic), cavalos, cervos cabras selvagens, felinos etc., permite pensartratar-se de um santurio. As investigaes levadas a cabodurante os ltimos decnios permitem situar a cronologia daspinturas no final do Solutrense e princpio do Madalenense, ouseja 17 000 anos BP (antes da atualidade). (SILVA, 2007).
O termo pr-histria
traz consigo a noo
preconceituosa de que os
povos que desconheciam
a escrita no tinham
histria. Esta noo no
tem mais sustentao
na historiografia
recente. O termo
utilizado, contudo,para organizar a longa
durao temporal em trs
perodos, Paleoltico
Inferior (500.000 a.C.),
Paleoltico Superior
(30.000 a.C.) e Neoltico
(10.000 a.C.).
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Estas pinturas so, em geral, de tamanho monumental erepresentam animais de caa. Apesar da sua antiguidade, asimagens, sob nenhum aspecto, podem ser taxadas de primrias.
Os traos seguros e vigorosos e a integridade das formasmostram um alto grau de elaborao esttica. Estas imagens noforam criadas para serem apreciadas no sentido em que isto feito em nosso meio.
Era uma arte a servio da magia.
Esta a explicao mais aceita sobre o significado da arte
pr-histrica. Todavia, importante no confundir magia ereligio, pois so distintas. As prticas mgicas dos homens emulheres pr-histricos no preenchem os requisitos que definemaquilo que entendemos por religio: no h potncias sagradase tambm no h f que estabelea uma conexo com seresespirituais de outro mundo.
Observe novamente as figuras representadas na caverna deLascaux. Note que os animais aparecem pintados de modo
mais natural possvel. Por isto, atribui-se pintura do perodoPaleoltico um carter naturalista, ou seja, a busca porrepresentar as coisas mais prximas de sua aparncia no natural.
O domnio da representao anatmica outro fator indicativo deque o artista foi um observador atento, uma vez que as pinturasmostram uma incrvel semelhana com os seres retratados.
Este um aspecto fundamental para a compreenso da questomgica, pois, ao pintar um animal sendo alvejado, o pintordeveria faz-lo o mais fielmente possvel. Isto porque no haviauma separao reconhecida entre o objeto representado e aquiloque efetivamente ele representava.
Imagem e realidade eram inseparveis para homens e mulherespr-histricos. Tudo parece indicar que havia a crena de queaprisionar o animal na pintura garantia que o mesmo fossefeito na caada.
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Unidade 2
Figura 2.2 - Caverna de Lascaux, Frana. Cerca de 15 mil anosFonte: Guimares (2009).
Mas, como as pinturas eram realizadas?
O artista pr-histrico trabalhava em cavernas escuras, comiluminao reduzida, fator que acabou sendo decisivo para a
preservao das imagens que hoje conhecemos. Em algunscasos, ele fazia sulcos na parede e posteriormente os pintavacom tintas feitas do carvo, xidos minerais, substnciasvegetais e sangue animal.
O sentido desta arte somente pode ser compreendido pela rdualuta pela sobrevivncia que os homens da pr-histria tinham deempreender para driblar as dificuldades que a sobrevivncia lhesimpunha. O que se pode apurar do seu legado artstico que j
nestes primrdios, a arte foi de fundamental importncia paraque pudessem expressar suas crenas, medos e desejos.
Numa poca em que a expectativa de vida era muito baixa,a capacidade da mulher em gerar e alimentar uma vida eravista com admirao. Feitas de osso, chifre ou pedra, asestatuetas femininas conhecidas como vnus so as mais antigasrepresentaes femininas ilustrativas desta viso.
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Esta denominao vem do fato dos estudiosos julgarem queestes pequenos amuletos correspondiam ao ideal de beleza dapr-histria. Para Camille Paglia (1994, p. 61), A gordura da
imagem um smbolo de abundncia numa era de fome. Ela a demasia da natureza, que o homem anseia por dirigir para suasalvao. Acreditando no seu poder mgico, o artista retinhaem sua criao os atributos que mais o interessavam, os quadris eseios, simbolizando a fertilidade feminina.
Na escultura Vnus de Willendorf, mostrada na figura 2.3, possvel identificar essas caractersticas. A estatueta tem 11,1cm de altura e representa estilisticamente uma mulher. Esta
estatueta foi descoberta pelo arquelogo Josef Szombathy em umstio arqueolgico situado perto de Willendorf, na ustria, em1908. uma estatueta esculpida em calcrio e colorido com ocrevermelho. (PORTAL DA ARTE, [200-]).
Mesmo sendo de extrema importncia dentro da dinmicacultural das sociedades pr-histricas, as suas realizaes artsticasno possuam o sentido atual que damos s obras de arte. Naquelemomento, inexistia uma ideia para designar o que arte.
O processo de abstrao, ou a capacidade de destacar um ou maiselementos de uma realidade complexa, era ainda um fator emdesenvolvimento no perodo pr-histrico.
medida que o controle da natureza foi aumentando, a artetambm se transformou. Foi isto que ocorreu no perodoNeoltico, quando houve a domesticao de plantas e animais. no Neoltico que o nomadismod lugar sedentarizao, fatordecisivo para a prosperidade das comunidades pr-histricas.
A arte vai se modificar ao mesmo tempo em que as organizaessociais se tornam mais complexas, com o surgimento da divisodo trabalho e a formao das clulas familiares. Graas domesticao dos animais, o campons neoltico j no precisavacaar para conseguir o seu sustento. Com mais tempo para outrasatividades, a produo de bens materiais sofreu um incrementocom o desenvolvimento da cermica, da tecelagem e do trabalhocom metais.
O perodo Neoltico
corresponde a ltima fase
da Pr-Histria. Iniciou-se
por volta de 10.000 a.C. e
vai at 4.000 a. C. Todavia,
esta uma periodizao
criada para facilitar o
estudo, pois aspectos do
modo de vida do Neoltico
persistiram em muitos
grupos humanos at
recentemente.
Figura 2.3 - Vnus de WillendorfFonte: Schmitz (2009).
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Unidade 2
Figura 2.4 - Vasos neolticos encontrados na regio da atual BulgriaFonte: Arquivo pessoal da autora (2010).
Novas tcnicas de execuo e novos temas daro arte doNeoltico um aspecto menos naturalista e mais geomtrico.Para muitos estudiosos, os povos do Neoltico tm uma menorpreocupao com a aparncia natural das coisas, pois eram menosdependentes dos seus sentidos que seus antecessores.
A observao que caracterizou o Paleoltico cedera lugar a umamaior racionalizao. Por conseguinte, os objetos passaram a sercriados buscando a funo utilitria e tambm a beleza. Outra
mudana fundamental do Neoltico foi a separao da realidadee da magia, que, por sua vez, substituda lentamente pelosrituais religiosos.
Mas por que as organizaes simplesmente no setransformam em instituies que aprendem, comonos dias de hoje?
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Seo 2 Arte egpcia
Desde a antiguidade, as realizaes artsticas dos egpcios nunca
pararam de influenciar as sociedades ocidentais, tendo marcado,sobretudo, a cultura grega e romana. Nos ltimos dois sculos,arquelogos, historiadores e aventureiros se lanaram numa buscasem precedentes pelo legado artstico dos antigos egpcios. Oresultado desta caa ao tesouro foi a disperso do conjunto deobras nas mos de colecionadores e de museus pelo mundo inteiro.
Pirmides, esfinges, templos magnficos, esculturas, pinturas,objetos ritualsticos e cotidianos so testemunhos de uma das
mais complexas e duradouras organizaes sociais da histria. aapreciao deste fabuloso legado artstico que desperta e mantma curiosidade sobre este povo antigo, cuja principal motivaopara a produo artstica, como voc vai estudar adiante, residiana ideia de imortalidade.
A civilizao egpcia sucedeu s comunidades neolticas que seestabeleceram s margens do rio Nilo na frica. A partir domomento em que os egpcios dominaram a regularidade das cheias
do Nilo, a fertilidade da terra garantiu colheitas abundantes.Por volta de 3.200 a.C., ocorre a formao de um estadocentralizado, dando incio ao perodo conhecido comoDinstico. A partir da, a sociedade do Egito antigo teve certaestabilidade, mantida por uma monarquia teocrtica, cuja figuracentral era o fara.
Supremo governante, visto como Deus vivo, o fara tinhacontrole sobre as instituies burocrticas, militares, culturaise religiosas. A firmeza e solidez de seu poder so expressas emmuitas obras artsticas. Por patentear a ordem e a estabilidade,ele era usualmente representado em atitudes nobres, com gestosde eternidade (BAKOS e BARRIOS, 1999). Na escultura dofara Miquerinos e sua esposa (figura 2.5), mostrada a seguir, possvel identificar estas caractersticas.
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Unidade 2
Figura 2.5 - O Fara Miquerinos e a Rainha, V dinastia, c. 2470 a.C.Fonte: Pontes (2009).
Perceba que os braos colados ao corpo e os punhos cerrados doao conjunto uma sensao de imobilidade tpica da arte egpcia,em que os seres eram representados em sua idealidade e no emsua naturalidade. Os escultores deviam dar s imagens dos seusgovernantes a impresso de fora e juventude.
O pice do poder faranico ocorreu no AntigoImprio. Neste perodo originaram-se conhecidasmanifestaes da arquitetura egpcia, como aspirmides, construdas para abrigar em seu centro ocorpo mumificado do fara. Sendo considerado um serdivino, o fara deveria ir para junto de seus iguais, da aaltura das pirmides
O imprio egpcio
dividido nos seguintes
perodos: Antigo Imprio(3200 a.C. at 2300 a.C.),
Mdio imprio (2000
a.C.), Novo Imprio (1500
a.C. at 525 a.C.).
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Figura 2.6 - As Grandes Pirmides de Giz, IV e V dinastias: Miquerinos (c. 2470 a.C.), Quefren (c.2500 a.C.) e Quops (c. 2530 a.C.), respectivamenteFonte: Pontes (2009).
As pirmides foram construdas numa poca em queos faras exerciam mximo poder poltico, social eeconmico no Egito Antigo. Quanto maior a pirmide,
maior seu poder e glria.
A vida cultural e social dos egpcios foi caracterizada intensamentepela religio politesta, que penetrava em todos os aspectos da vidapblica e privada. A crena na vida aps a morte, tanto do corpoquanto da alma, foi um dos seus mais fundamentais preceitos.Buscando isto, os egpcios desenvolveram tcnicas apuradas depreservao, como o processo de mumificao.
No de se estranhar que boa parte do seu legadoartstico seja composta de objetos voltados aos cultosmorturios.
Durante muito tempo,
acreditou-se que a sua
construo tenha sido
realizada unicamente por
mo de obra escrava, mas
a historiografia recente,
luz de novos documentos,ampara tambm a hiptese
do trabalho remunerado.
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Figura 2.7 - Sarcfago de Tutancamon, descoberto numa tumba intocada, em 1922Fonte: El Pas.com : La Comunidad (2010).
Coube arte a misso de perpetuar as crenas religiosas e, muitoembora as mudanas fossem ocasionais, o fato que, em centenasde anos, suas convenes pouco mudaram. A arte egpciamanteve aspectos regulares que definem seu estilo e a tornareconhecvel, como voc ver a seguir.
Os tesouros encontrados
na tumba deste fara
deram ao mundo uma
viso totalmente nova dotipo dos artefatos egpcios
que haviam sido roubados
h muito tempo de todas
as tumbas faranicas e
dispersos ou desprovidos
de seu ouro ou pedras.
(THE METROPOLITAN
OPERA GUILD, 2008).
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A pintura egpcia
As pinturas egpcias datam da pr-histria at a ltima fase do
imprio (conhecida como fase greco-romana). Encontradas emgeral no interior de tmulos e templos, elas no tinham, comoocorreu com as pinturas nas cavernas, o objetivo de ser expostaspara apreciao pblica, mas sim, de levar para a vida aps amorte o que fosse necessrio para garantir o conforto e o lugarsocial do morto. Os temas abordados so muito amplos e narramdesde cenas modestas da vida de camponeses e operrios at ocerimonial que cercava a vida da nobreza.
Figura 2.8 - Cena do Livro dos Mortos, XVIII dinastiaFonte: Gombrich (1999).
Nos muitos exemplos da pintura egpcia, cujo tema a figurahumana, notamos uma das suas principais convenes estilsticas,a lei da frontalidade. Ela perdurou por mais de dois milanos e , sem dvida, um dos aspectos que mais definem asua singularidade. Esta regra de representao, seguida pelosartistas egpcios, determinava como o corpo humano deveria ser
retratado. Arnold Hauser (2000) definiu a lei da frontalidade daseguinte maneira:
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[...] seja qual for (sic) posio em que o corpo representado, toda a superfcie do trax est voltadapara o expectador, de tal forma que a parte superior docorpo divisvel por uma linha vertical em duas metades
iguais. Essa abordagem axial, oferecendo a mais amplaviso possvel do corpo, tenta obviamente apresentar aimpresso mais ntida e menos complicada a fim de evitarqualquer mal entendido, confuso ou encobrimento doselementos da pintura.
Figura 2.9 - Fragmento de um Livro dos Mortos, XVIII dinastiaFonte: Gombrich (1999).
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Como voc pode observar, o artista egpcio trabalhava em funodo que via e do que no via. A impresso que temos, ao olharatentamente para estas obras, de que seu autor queria reter na
imagem o mximo de elementos possveis. O que importava noera a beleza, mas a clareza e permanncia, pois, para atravessara eternidade, o corpo (assim como todas as outras coisasrepresentadas) deveria estar o mais completo possvel. Para tanto,havia algumas regras a serem rigorosamente obedecidas:
Homens representados mais escuros do que as mulheres.
A perspectiva hierrquica determinando que o fara fossemostrado em tamanho maior do que as outras pessoas.
Os deuses aparecem representados sempre da mesma forma.
Contudo, em alguns momentos, a arte egpcia oscilou entreconservadorismo e inovao, como no Novo Imprio, quando asreformas religiosas implantadas pelo faraAkhenatonresultaramem uma maior liberdade criativa para os artistas. Algumasobras deste perodo so menos geometrizadas e mais fluidas,abrandando a tradicional sensao de imobilidade.
Figura 2.10 - Fara Amenfis IV. Relevo em pedra calcrea. Aprox. 1370 a.C.Fonte: Gombrich (1999).
Amenhotep IV, mudouseu nome para Akhenaton
e tentou implantar um
culto monotesta, cujo
nico deus Aton era
representado pelo disco
solar. As mudanas no
sobreviveram ao seu
reinado (1372 1358 a.C.).
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Neste relevo, voc pode identificar o que se chamou estiloAkhenaton. Observe que, quase caricatural, a imagem do Fararevela formas mais suaves e fluidas.
Aprofunde seus conhecimentos estudando ascaractersticas histricas do Novo Imprio emenciclopdias ou sites recomendados da internet.
Seo 3 Grcia e Roma (antiguidade clssica)
A Grcia antiga era constituda por trs partes: Grcia Continental,o Peloponeso e a Grcia insular. Diferentemente da arte egpciavoltada para a religio, a arte grega foi concebida para ser vista. Sejaornamentando ambientes, adornando templos ou como oferenda
para agradar aos deuses, seu objetivo era a vida presente.Na arte grega predominam o ritmo, a harmonia e o equilbrioembalados por caractersticas marcantes como a busca pela belezae o interesse pelo homem.
fato que os padres estticos de nossa cultura foramprofundamente influenciados ou at mesmo herdadosda Grcia antiga. Na arquitetura, teatro, literatura,
escultura, seu legado continuou vivo no Ocidente,onde foi continuamente reabilitado
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As origens da civilizao grega
A regio que constituiu a antiga Grcia recebeu a vinda de
povos indo-europeus a partir de 2.000 a.C. Suas origens estoligadas histria da ilha de Creta, cujo apogeu ocorreu entre2.000 a.C e 1400 a.C. Graas sua posio privilegiada naregio do Mediterrneo, Creta manteve hegemonia comercialefetuando contatos culturais com importantes povos daantiguidade, como os egpcios.
Por meio das descobertas arqueolgicas feitas no sculo XIX,algumas realizaes artsticas dos cretenses se tornaram
conhecidas, como as pinturas do palcio de Cnossos.
Figura 2.11 - Golfinhos, Palcio de Cnossos em CretaFonte: Pontes (2008).
Em sua maior parte, a pintura minica ou cretense teminspirao na natureza, caracterstica que acabou sendo exportadade Creta para outras culturas mediterrnicas. A pintura cretense identificada tambm pela capacidade de apreenso das formas epelo intenso colorido e movimento.
Por volta de 1.400 a.C., os aqueusinvadiram Creta, dandoorigem civilizao creto-micnica. Este perodo ficoudenominado como pr-homrico. Cidades importantes comoMicenas e Tirinto foram erguidas, cujas grandes muralhassobreviveram aos tempos. Do ponto de vista estilstico, a artedestes povos vai ser mais pesada e formal do que a cretense. Umdos mais conhecidos exemplos desta arte a Porta dos Leesencontrada na cidade de Micenas.
Inicialmente construdo
a partir de cerca de 1900
A.C., tendo sido destrudo
cerca de 1700 A.C.; e
reconstrudo cerca de 1600
A.C. 1500 A.C., fase a que
pertencem a maior parte
das runas hoje visveis, o
Palcio de Cnossos a
principal atrao da ilha
de Creta. O palcio teria
sido novamente destrudo
cerca de 1450 A.C., na
sequncia da erupo
do vulco de Santorini.
(VICENTE, 2004).
Os aqueus eram grupos
guerreiros originrios da
regio dos Blcs.
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Figura 2.12 - Porta dos Lees em Micenas, aproximadamente 1.500 a.C.Fonte: ALBV (2008).
Aps a queda da civilizao creto-micnica, a Grcia vaimergulhar numa poca rural, com o enfraquecimento da vidapoltica e econmica. Surgem as comunidades gentlicas, formade organizao social caracterizada pelo poder das grandes
famlias. Sobre estes tempos, os registros so escassos, sendo osprincipais deles a Ilada e a Odisseia, ambos supostamente deautoria do poeta Homero.Neste perodo, tambm conhecidocomo tempos homricos(sc. XII a VIII), vai ser constituda a
base da civilizao grega,com o surgimento daCidade-Estado grega (polis),centro poltico, social ereligioso autnomo.
Aplissurge comoconsequncia da crisepoltica e econmica quelevou desintegrao dascomunidades gentlicas nofim dos tempos homricos.
De acordo com a lenda, o
poeta cego Homero teria
registrado os poemas
que eram conhecidos
apenas na tradio oral.
Figura 2.13 Homero, busto de mrmore, cpia romana de original gregoFonte: Martins (2008).
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Cada uma das cidades gregas tinha sua classe dominante, seusdeuses prprios e seu sistema de vida diferenciado. O princpiodesta autonomia foi fundamental para o desenvolvimento
econmico, cultural e artstico.
A arte grega
A arte grega foi complexa e diversa. Nossa abordagem vai seguira organizao recorrente na maior parte dos livros de histriada arte, situando-a entre o surgimento das Cidades-Estadoat a tomada da Grcia pelos romanos, fixando o estudo dassuas regularidades estilsticas mais constantes em trs momentosrespectivamente: perodo arcaico, clssico e helenstico.
O estilo arcaico (sc. VII a.C ao sc. V a.C)
Mesmo que seja difcil circunscrever os limites da influncia,sabemos que os gregos foram influenciados artisticamente poroutros povos e tambm pelas civilizaes que os precederam,como a cretense e a creto-micnica, estudadas anteriormente.
Mas fato tambm que estas civilizaes souberamir muito alm do que aprenderam, desenvolvendoum estilo artstico inconfundvel e sem parmetrosanteriores. Como disse Hauser (2000, p. 77), antesdeles no existia o livre inqurito, nem a investigaoterica, nem o conhecimento racional, nem arte comoconhecemos hoje isto , uma atividade cujas criaes
podem ser sempre apreciadas como formas puras.
No perodo arcaico, os artistas comearam a esculpir, emmrmore, figuras em rigorosa posio frontal, com o peso docorpo distribudo sobre as duas pernas.
Mas, j por volta desta poca que, por meio do aprimoramentodas esculturas humanas, notamos mudanas feitas com tcnicasegpcias. Observe estes exemplos deKouros e Koire compare coma imagem do fara Miquerinos, mostrada nas pginas anteriores.
Kouros e Koir so nomes
dados s esculturas de
homens e mulheres jovens
respectivamente.
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Voc deve ter notado que as semelhanas com a esttua egpciaso indiscutveis: posio frontal, punhos cerrados, o peso docorpo apoiado nas duas pernas. Estas esculturas transmitem a
mesma sensao de imobilidade que encontramos na estatuariaegpcia. Isto porque, inicialmente, a forma de esculpir emgrandes blocos foi copiada dos egpcios, mas observe que aimagem do Kourosa seguir, j apresenta uma variao, que foi aintroduo de vos entre braos e pernas.
Figuras 2.15 - Irmos Cleobs e Biton, 580 a.C.Fonte: Gombrich (1999).
Isto acaba transmitindo uma sensao mais leve e dinmica,artifcio que atingir culminncia nas obras do perodo clssico,que voc estudar a seguir.
Figura 2.14 - Koir, 530 a.C.Fonte: Arquivo pessoal daautora (2010).
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O perodo clssico (sc. V a.C. ao sc. IV a.C)
medida que os artistas gregos vo aprimorando as tcnicas de
execuo, o mrmore, material usado desde o sculo VII, passa aser substitudo pelo bronze. A questo que os escultores buscavamresolver com esta substituio era conseguir fazer partes do corposem necessariamente ter de apoi-las, coisa que o mrmore nofavorecia, j que tinha propenso de quebrar com o prprio peso.
A esta altura, voc deve estar se perguntando, ento,por que a maioria das estatuas gregas que conhecemosparece ser de mrmore? O fato que muitosexemplares originais feitos em bronze foram perdidos,destrudos ou transformados em materiais blicos aolongo do tempo.
O que sobrou foram cpias em mrmore feitas pelos romanosa partir dos originais gregos. Graas a isto, podemos conhecerobras importantes, como a cpia feita de um original de Mron,conhecida como discbulo.
Figura 2.16 - Discbulo. Cpia romana, de um original em bronze de Mron. Aproximadamente 450. a.C.Fonte: Gombrich (1999).
Mronfoi um escultor
grego (sculo V a.C.),nascido em Elutras. Foi
o mais velho dos trs
grandes escultores do
sculo de Pricles: Mron,
Fdias e Policleto. Duas de
suas obras chegaram at
ns, em cpias romanas:
AtenaeMrsias, e mais
O Discbolo uma das
esculturas mais famosas
da histria da arte.(NUNES, 2008).
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Como voc pode notar nas esculturas aqui mostradas, os gregosbuscavam representar um ser humano perfeito. Isto somentefoi conseguido por meio de processos racionais que levaram ao
conhecimento das propores anatmicase da simetria.
Escultores como Policletocodificaram medidas perfeitas, porexemplo, determinando que o corpo deveria medir sete vezes emeia o tamanho da cabea.
Os principais mestres da escultura clssicagrega so: Praxteles, celebrado pelagraa das suas esculturas, pela lnguidapose em S (Hermes com Dionsiomenino). Ele foi o primeiro artista queesculpiu o nu feminino; Policleto, autorde Dorforo - condutor da lana, crioupadres de beleza e equilbrio usando otamanho das esttuas, que deveriam tersete vezes e meia o tamanho da cabea;Fdias, talvez o mais famoso de todos,autor de Zeus Olmpico, sua obra-prima,e Atenia. Realizou toda a decorao embaixos-relevos do templo Partenon: asesculturas dos frontes, mtopas e frisos;Lisipo, representava os homens tal comose veem e no como so (verdadeirosretratos). Foi Lisipo que introduziua proporo ideal do corpo humano,com a medida de oito vezes a cabea.(MARTINS; IMBROISI [200-]).
Estas convenes, criadas h tanto tempo,mostrando homens e mulheres semprejovens, belos e de expresso ausente,foram admiradas e amplamente usadaspelos grandes mestres do Renascimento eainda regem padres de beleza atuais.
Figura 2.17 - Praxteles Hermes com o jovem Dionsio, 350 a.C.Fonte: Gombrich (1999).
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A escultura deste perodo tem como caracterstica o naturalismoidealista, entendido como a tentativa do artista de melhorar anatureza. Marilena Chau (2001, p. 362) definiu este padro
nos seguintes termos: Na verdade mostra o mundo comodesejaramos que fosse, melhorando e aperfeioando o real.
Para sua pesquisa e reflexoTendo por base os dados aqui apresentados epesquisas nos materiais de sua preferncia, analise aescultura de Hermes com o jovem Dionsioe anotesuas impresses acerca da composio, procurandoavaliar questes formais, como equilbrio, proporo,movimento e a atmosfera que dela emana. Apsregistrar suas impresses nas linhas seguintes, comparesuas concluses com aquelas apresentadas no saibamais desta unidade.
Ainda na poca clssica, temos a era de ouro de Atenas, quandoas artes ganharam um impulso, resultando em obras clebres daescultura e da arquitetura, entre elas, o Partenon. Construdona parte alta da cidade chamada de Acrpole, este templo foiconsagrado deusa Atenas, protetora da cidade.
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Figura 2.18 OPartenon, Acrpole, Atenas, 447-432 a.CFonte: Gombrich (1999).
A poca helenstica (sc. III ao sc. II a.C).
Durante o perodo conhecido como helenstico, as
transformaes histricas vo interferir profundamente no fazerartstico. Esta poca foi marcada pelo domnio macednico sobreas Cidades-Estado, iniciado por Felipe IIe continuado por seufilho Alexandre (356-323 a.C.), que estendeu seu imprio ata ndia. Aps a sua morte, este foi transformado em uma sriede Estados independentes. Entretanto, a consequente mesclade culturas, do Ocidente e o Oriente, que resultou do processoexpansionista, gerou uma nova cultura definida como helenstica.
Como resultado da nova condio social e polticada Grcia, vamos perceber um naturalismo maisacentuado nas esculturas. O idealismo dos temposclssicos vai desaparecer e, em seu lugar, teremos maisrealismo com a tentativa de atribuir caractersticaspsicolgicas s esculturas.
O Partenon
provavelmente o mais
conhecido de todos
os templos gregos da
antiguidade. Construdo
entre 480 e 323 a.C.,
ele representa todo o
refinamento e estilo da
arquitetura de Atenas
nesse perodo. (STUART,
2006).
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Figura 2.19 - O gauls moribundo, 230 a.C. Autor desconhecidoFonte: Portal So Francisco [200-].
Sentimentos, como a dor e o sofrimento, passam a serincorporados s imagens, resultando em obras de teor dramtico,como o caso da escultura acima.
O grupo mostrado a seguir, conhecido como Laocoonte e seusfilhos, narra um episdio mtico da Guerra de Troia. Produzido nosculo I a.C., ele sintetiza a filosofia artstica da fase helenstica.
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Figura 2.20 - Laocoonte e seus filhos. Ca. 175 - 50 a.C.Fonte: Gombrich (1999).
Paulatinamente abandonada, a atitude contemplativa do perodoclssico suplantada pela realidade destes novos tempos. Uma vezinvadida e fragmentada a civilizao grega, o artista se distanciado idealismo de outrora, a arte fica mais prxima da condiohumana, como o envelhecimento, o sofrimento e a morte.
A esttua representa
Laocoonte e seus dois
filhos, Antiphantes e
Thymbraeus, a serem
estrangulados por duas
serpentes marinhas em
um episdio dramtico
da Guerra de Tria.
Laocoonte, um sacerdote
de Apolo, foi o nico
que pressentiu o perigo
que o cavalo de Tria
representava para a cidade
e que protestou contraa ideia de o levar para
dentro das muralhas.
Segundo a lenda,
Poseidon, um deus que
favorecia os gregos, enviou
ento duas serpentes para
calar a voz da oposio.
Apesar de provavelmente
datar do perodo posterior
ao sculo I a.c, esta
escultura consideradauma escultura helenstica.
(RAMALHETE, 2009).
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A arte romana
Por arte romanadefinimos o conjunto das manifestaes que
surgiram na pennsula itlica do incio do sculo VIII a.C. at osculo IV d.C. Neste perodo, ocorreram a ascenso e o declniodo ImprioRomano, cuja histria normalmente divida emtrs perodos:
Monarquia, que vai da fundao (cuja data imprecisa,sendo a mais usual 753 a.C.) at 509 a.C;
Repblica, que vai de 509 a.C. at 27 a.C.
Imprio, que vai de 27 a.C. at a tomada de Roma porpovos germnicos em 476 d.C.
Os romanos foram conquistadores e agregaram longas vastidesda Europa e do Oriente aos seus domnios. Para manter esteimprio, foi necessrio criar uma eficiente estrutura militar eadministrativa, o que influenciou no desenvolvimento de umaarte pragmtica e utilitria.
Quanto s influncias que absorveram de outras culturas,devemos considerar, sobretudo, a etrusca e a grega. Dos gregos,os romanos tomaram o alfabeto, conceitos religiosose muito dasua arte. De acordo com Proena (2000), a influncia dos etruscospode ser notada pelo aspecto realista que a arte romana assumir.
Dos etruscos, os romanos aprenderam tambm conhecimentosde engenharia, como o uso do arco. Este elemento acabouse tornando uma especialidade da arquitetura romana, que o
utilizou na construo de obras pblicas, como pontes, aquedutose monumentos. A ele, os romanos misturaram o fronto ecolunas, tpicos da arquitetura grega.
Parte destas construes, espalhadas pela Europa e Oriente,ainda permanecem de p, atestando a excelncia construtivaalcanada pelos romanos. Alguns dos monumentos maiscaractersticos eram os arcos comemorativos presentes em todasas provncias do imprio.
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Histria da Arte
Unidade 2
Figura 2.21 - Arco triunfal de Tibrio. Reinou entre 14 a 37 d.C. Orange, sul da FranaFonte: Gombrich (1999).
Outro tipo de monumento comemorativo apreciadopelos romanos eram as colunas. Uma das maisrepresentativas a de Trajano, erigida em 113 d.C., enarra a vitria deste imperador em uma campanharealizada na Dcia (atual Romnia). A altura da coluna equivalente a um prdio de dez andares e tem toda asua superfcie em mrmore talhado. A partir de baixo,ela vai se desenrolando em espiral, levando ao leitoruma narrativa contnua e clara por 150 episdiossucessivos.
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