História da fotografia

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Curso: Comunicação Social Série/Período: 1º ano/1º período Disciplina: Fotografia 1. Professor: Milton Sampaio Júnior. Texto de Apoio produzido pelo Professor Milton Sampaio Júnior, da Faculdade J. Simões. HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA 1

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HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA

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Page 1: História da fotografia

Curso: Comunicação Social

Série/Período: 1º ano/1º período

Disciplina: Fotografia 1.

Professor: Milton Sampaio Júnior.

Texto de Apoio produzido pelo Professor Milton Sampaio Júnior, da Faculdade J. Simões.

HISTÓRIADA

FOTOGRAFIA

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HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA

O homem sempre teve o desejo de reproduzir e guardar imagens de paisagens, animais e objetos. A pinturas feitas nas paredes das cavernas são o exemplo mais conhecido desse desejo.

A tecnologia que permitiu não só captar e exibir uma imagem, mas também reproduzi-la mecanicamente, surgiu na segunda metade do século XIX e foi denominada de fotografia:

Tecnicamente a fotografia é constituída por dois processos distintos:

PROCESSO FÍSICO = CÂMARA ESCURA

+

PROCESSO QUÍMICO = HALETOS (SAIS) DE PRATA

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FHOTO + GRAFHOS => (grego)

luz escrever

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O PROCESSO FÍSICO DA FOTOGRAFIA

CAMARA ESCURA:

As primeiras câmaras obscuras (ou escuras) nada mais eram do que quartos hermeticamente fechados com três de suas paredes pintadas em cor escura (preto) e uma outra com cor clara (branco). Na parede oposta ao lado claro era feito um pequeno orifício por onde entrava a luz que projetava a imagem do objeto que estivesse em frente ao orifício.

O fenômeno físico-óptico de inversão da imagem se deve ao fato da luz (energia eletromagnética) se propagar em linha reta. Os raios de luz que são refletidos pela cabeça da figura do desenho acima passam pelo orifício e continuam sua trajetória descendo de forma linear até a parte inferior da parede da câmara escura e vice-versa.

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Historiadores afirmam que a primeira descrição sobre o funcionamento de uma câmara escura data do século V antes de cristo. Ela teria sido feita pelo sábio chinês Mo Tzu.

Outro personagem, o cientista árabe Abu al-Hasan Ibn Al-Haytham(965-1038 d.C.), mais conhecido como Alhazen, descobriu outros usos para a câmara escura: observação de eclipses solares e lunares.

As câmaras escuras apresentavam um pequeno “defeito” de fabricação: a qualidade da imagem

boa qualidade da imagem Orifício pequeno porém com dificuldades de identificar seus contornos

qualidade da imagem mais Orifício aumentado clara mas sem definição (detalhes) Em 1550 o italiano Girolano Cardano descobriu que era possível melhorar a qualidade da imagem sem perder a nitidez utilizando uma lente biconvexa. Mas este recurso apresentava um outro problema: era impossível ter nitidez em mais de um objeto que estivesse distante um do outro (profundidade de campo).

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Lente Biconvexa .

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Dezoito anos mais tarde um outro italiano, Danielo Barbaro, descobriu que era possível corrigir o problema provocado pela lente biconvexa alterando o diâmetro do orifício de entrada da luz. Para tanto bastava que se utilizasse um dispositivo em frete a lente para abrir ou fechar a passagem da luz. Estava criado o diafragma (sistema de lâminas semicirculares destinadas a ajustar a abertura do orifício de entrada de luz).

Imagem nítida dos objetos enquadrados distantes um do outro

Orifício mais fechado

Imagem menos nítida dos objetos distantes um do outro

Orifício mais aberto

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No final da Idade Média, o renascimento das artes na Europa iria criar uma nova função para as câmaras escuras descritas por Alhazen: melhoradas por diversos pesquisadores entre os séculos XII e XVI, elas se tornariam instrumento essencial para os desenhistas:

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No século XVII o uso das câmaras obscuras ganharam utilizações diversas tais como:

Utilizava uma câmara escura em Johanes Kepler forma de tenda, com lente bicon- (astrônomo - 1620) vexa para fazer desenhos topogra

ficos

Criou uma câmara em forma de li-Athanasius Kircher teira que permitia ao artista se deslo-(jesuíta – 1646) car de uma cidade a outra ou andar pelo campo para desenhar ou pintar

Autor de telas de Veneza (Itália) Antonio Canaletto criou uma câmera para produzir (pintor – 1665) desenhos com vistas panorâmicas de cidades mais fiéis à realidade

Os avanços feitos nos séculos anteriores desenvolveram bem a parte ótica e mecânica do processo fotográfico. O processo de construção da máquina fotográfica estava maduro. Porém ainda não havia sido inventada uma forma de fixar a imagem obtida pelas câmaras escuras. Iria entrar em cena as pesquisas envolvendo os componentes químicos.

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O PROCESSO QUÍMICO DA FOTOGRAFIA

Em 1602 o cientista italiano Angelo Sala descobriu que alguns componentes de prata (nitrato de prata), escureciam quando expostos à ação da luz.Ele chegou a fazer reproduzir algumas imagens com o nitrato de prata, que no entanto desapareciam com o tempo. Com outros experimentos em que foram utilizados componentes de prata o problema foi o mesmo, ou seja, não se conseguia fixar a imagem.Cento e vinte anos mais tarde um professor de medicina alemão chamado Johann Heinrich Shulze também descobriu as propriedades do nitrato de prata.Em 1802 o inglês Thomas Wedgwood realizou experimentos colocando folhas de árvores e asas de insetos sobre papel e couro branco sensibilizados com prata, expondo-os ao sol. Obteve silhuetas em negativos, mas não conseguiu fixar estas imagens.

A PRIMEIRA IMAGEM FOTOGRÁFICA

Os historiadores são unânimes em afirmar que a primeira imagem produzida mecanicamente pela técnica, que seria denominada mais tarde como fotografia, foi obtida entre 1824 e 1827 pelo inventor e tipógrafo francês Joseph Nicéphore Niepce (1765-1833). A família deste francês possuía uma gráfica e Niepce fazia intensos experimentos com a reprodução mecânica de imagens. A tecnologia da época permitia reprodução no papel de imagens de desenhos e gravuras previamente gravados em pedra ou em pedaços de madeira.

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Niepce preferiu utilizar como emulsão fotográfica um certo tipo de asfalto, conhecido como betume da Judéia. Sua técnica foi batizada de heliogravura.A heliogravura (do grego hélio = sol + gravure do francês) consistia em espalhar uma fina camada do betume numa chapa metálica e posteriormente colocar sobre ela uma gravura de papel. O próximo passo seria a exposição ao sol forte por algumas horas. O calor provocado pela luz solar endurecia as partes do betume que haviam recebido a luz do sol. As áreas que ficavam embaixo dos traços do desenho continuavam moles. A chapa era submetida a ação de solventes para que este material mole fosse removido. Depois a placa era tratada com ácido que corroía o metal onde o betume foi removido formando um sulco, que no final resultava numa chapa com baixo relevo da gravura. No processo de impressão gráfica a chapa reproduzia então a imagem da gravura no papel.

Mas a contribuição mais importante de Niepce surgiu em 1826 quando ele teve a idéia de colocar uma chapa revestida com betume dentro de uma câmara escura.

Ele produziu, após oito horas de exposição, uma imagem enfumaçada e pálida das chaminés e telhados que podiam ser vistos da janela de seu laboratório. Esta imagem é considerada a primeira fotografia da história, pois foi a primeira imagem a ser reproduzida mecanicamente sobre uma emulsão sensível à luz do sol.

No entanto a história não atribuiu a Niepce a invenção da fotografia. Esta honra coube a outro francês, o parisiense Louis Daguerre.

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Ao visitar um irmão na Inglaterra a técnica de Niepce chegou ao conhecimento de uma instituição que fazia reconhecimento de invenções variadas a Royal Instituition of Great Bretain, na pessoa do então presidente Jonh Herschel.

Niepce não quis fazer revelações sobre sua invenção temendo revelar segredos que pudessem inviabilizar a patente da heliogravura.

Após retornar da Inglaterra ele iria receber uma carta de um artista e pesquisador parisiense chamado Louis Jacques Mandé Daguerre, interessado na troca de informações. Depois de trocarem cartas por cerca de dois anos e terem tido um encontro pessoal eles resolveram formar uma sociedade para levar em frente as pesquisas com o asfalto betuminoso.

Porém esta sociedade não conseguiu produzir avanços substanciais nas experiências e em 1833 Niepce morreu, pobre e sem reconhecimento pelas suas descobertas. Grande parte da fortuna da família foi consumida com essas experiências.

A INVENÇÃO DA FOTOGRAFIA POR DAGUERRE

Enquanto esteve associado a Niepce, Daguerre avancou em suas pesquisas com rea;óes qu[imicas que envolviam o uso dos haletos de prata em contato com a luz.

Em 1837 Daguerre conseguiu reproduzir com fidelidade, mas de forma acidental, uma cena de seu est[udio parisiense - uma placa de

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metal, sensibilizada com iodêto de prata, que já havia sido utilizada numa câmara escura, foi guardada em um armário onde havia uma termômetro quebrado.

No dia seguinte, ao abrir o armário, Daguerre descobriu que os vapores de mercúrio que haviam vazado do termômetro, tinham revelado a imagem que havia sido gravada na chapa fotográfica.

Daguerre apresentou, mais tarde os avanços desta sua descoberta à Academia de Ciências da França numa sessão especial, que se

realizou em 19 de agosto de 1839, data que passou a ser considerada como o dia em que a fotografia foi descoberta.

A Daguerreotipia, nome atribuído à invenção pelo próprio inventor, utilizava uma placa de cobre coberta com uma fina camada de prata, que depois de bem polida era sensibilizada com vapores de iôdo, formando o composto iodeto de prata. Este composto, por ser mais sensível, permitia que a exposição à luz fosse menor. Esta chapa era revelada em uma caixa com gases de mercúrio, até o surgimento de ima imagem em baixo relevo, proveniente da corrosão do cobre pelo mercúrio. O processo era completado pela imersão da chapa de cobre numa solução de tiosulfato de sódio, que interrompia ao processo de revelação e fixava a imagem definitivamente.

Uma verdadeira da fotografia tomou Paris. Fotógrafos amadores adquiriram os kits vendidos, que na verdade se constituam em uma conjunto pesado de equipamentos.

A Assembléia Nacional da França autorizou o governo francês a comprar os direitos sobre a descoberta de Daguerre pagando-lhe uma pensão vitalícia, e também ao filho herdeiro de Joseph Niepce. Com isso a fotografia poderia ser utilizada em qualquer lugar do mundo sem o ônus da patente.

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Mesmo com todas as imperfeições técnicas (30 minutos para se obter um retrato) a daguerreotipia ganhou o mundo, principalmente porque o inventor elaborou um manual ensinando os passos para a obtenção das imagens.

A INVENÇÃO ISOLADA DA FOTOGRAFIA NO BRASIL

Assim que o anúncio da descoberta de Daguerre chegou ao Brasil, os jornais de São Paulo e Rio de Janeiro, começaram a publicar artigos de um francês radicado em São Paulo, chamado Hercule Florence, reivindicando o descobrimento de um método para reproduzir imagens mecanicamente, criado por ele seis anos antes, em 1833.

Florense iniciou suas pesquisas a partir da necessidade de imprimir gravuras sobre uma expedição científica, na qual fez parte, pela região centro-oeste do Brasil. Ele conseguiu, com a ajuda de outros pesquisadores, descobrir um processo destinado a reproduzir desenhos originais que chamou de Photografie. O outro processo denominado Polygrafie permitia a impressão destas reproduções em papel comum. Para isso ele utilizava placas de vidro e cópias em papéis tratados com sais de prata, sensibilizados pela luz do sol.

Florence contou com a ajuda de outros pesquisadores para utilizar os sais de prata nas suas experiências. Ele descobriu uma emulsão fotográfica eficiente composta por nitrato de prata, sal de cozinha e hidróxido de potássio. Porém ao tomar conhecimento que seu compatriota havia descoberto um processo mais avançado e eficaz, abandonou as pesquisas mas reivindicou o paternidade do termo fotografia.

Na década de 70 um pesquisador paulista, Boris Kossoy, conseguiu resgatar, com descendentes, os registros dos métodos de Hercule Florence e através de testes no renomado Rochester Institute of

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Tecnology, dos EUA, centro de pesquisas fotográficas, publicar trabalhos defendendo o pioneirismo para este francês. Kossoy utilizou o termo descoberta isolada da fotografia, porque Florence residia no interior do Brasil e não tinha conhecimento das pesquisas que estavam em curso na Europa.

O DESENVOLVIMENTO TÉCNICO DA FOTOGRAFIA

O processo da obtenção de imagens através da daguerreotipia era penoso pois exigia um longo tempo de exposição e utilização de pesados equipamentos. Colocava também em risco a saúde dos usuários por conta da possibilidade de contaminação com as substâncias químicas.

O inglês Willian Henri Fox Talbot desenvolveu um processo que utilizava papel, ao invés das chapas metálicas como suporte para as emulsões, denominado Calotipia, no mesmo ano do daguerreótipo, em 1839.

A daguerreotipia passou a perder importância quando se começou a utilizar, a partir de 1848, uma chapa de vidro, banhada com clara de ovo, para servir de suporte para a emulsão fotográfica. Este processo foi criado por um sobrinho do pioneiro Joseph Niepce, Abel de St. Victor, e possibilitava a obtenção de várias cópias de uma mesma matriz e exigia apenas 15 minutos de exposição para a obtenção da imagem.

Outra técnica criada por Frederick Archer a partir de 1851, sepultou de vez a daguerreotipia, que foi o uso de calódio úmido (nitrato de celulose, dissolvido em éter e álcool) para fixar a emulsão fotográfica na chapa de vidro. Com isso o tempo médio de exposição passou para apenas 30 segundos.

Nos 30 anos seguintes à criação do calódio, várias adaptações foram feitas ao processo, que tornaram a fotografia mais acessível à

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população. Os mais conhecidos foram a Ambrotipia e Ferrotipia, que possibilitava aos fotógrafos executar pequenos retratos sobre chapas metálicas. As câmaras porém ainda eram muito grandes e pesados artefatos de madeira.

Em 1880 o norte americano George Eastman começou a comercializar chapas de vidro que já saiam de fábrica com uma emulsão fotográfica seca, feita à base de gelatina, que dispensavam o fotógrafo do trabalho de preparação dos negativos. Eastman fez isso após anos de pesquisa pois o inventor da técnica da gelatina foi o inglês Richard Maddox.

Mas a popularização da fotografia se deu a partir de 1888 quando George Eastman lançou no mercado a primeira câmara fotográfica que saia da fábrica carregada com filme – suficiente para 100 fotos – cujo processamento se dava nos laboratórios da empresa (a Kodak) liberando o fotógrafo de todas as etapas de preparação das chapas e seu processamento.

Com baixo custo – 25 dólares – a Kodak nº 1, como ficou conhecida, era um caixote de madeira medindo 9.5 cm de altura, 8.2 cm de largura e 16.5 cm de comprimento, foco fixo e objetiva de 57 mm e abertura f 9, botão disparador e alavanca para avanço do filme. Depois de batidas as fotos bastava enviar a câmara de volta à Kodak (então chamada Eastman Dry Plate and Film), localizada na cidade Rochester, estado de Nova York, onde o filme era revelado e copiado em papel. O fotógrafo recebia, pelo correio, as fotos e a câmara carregado com mais 100 poses. Os anúncios publicitários da Kodak afirmavam “Você aperta o botão e nós fazemos o resto”.

A Kodak lança em seguida, 1889, a Kodak nº 2, equipada com um novo filme, cuja base transparente era fabricado com celulóide.

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Estavam criadas as bases para o desenvolvimento da fotografia moderna.

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Bibliografia:

KUBRUSLY, Cláudio Araújo. O que é fotografia - São Paulo: Editora Brasiliense, 1986.FREUND, Gisèle. Fotografia e sociedade – Lisboa: Editora Veja.LANGFORD, Michael. Fotografia básica – Lisboa: Dinalivro, 1996.BUSSELLE, Michael. Tudo sobre fotografia – São Paulo: Editora PioneiraTIME-LIFE INTERNATIONAL. Fotografia: Manual completo de arte e técnica. São Paulo: Abril Cultural, 1981GIACOMELLI, Ivan Luiz. Impacto da fotografia digital no fotojornalismo diário: um estudo de caso. Tese de mestrado disponível em <http:/www.teses.ufsc>

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