História da leitura

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CARLA MARIA LOURENÇO TAVARES M 3650 ACTOS DE LEITURA O Formato do Livro UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR MESTRADO EM CIÊNCIAS DOCUMENTAIS 1º ANO – 2º SEMESTRE BIBLIOTECAS ESCOLARES E PÚBLICAS 2009 | 2010

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Trabalho mestrado

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CARLA MARIA LOURENÇO TAVARES M 3650

ACTOS DE LEITURA

O Formato do Livro

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Ao escolhermos um livro é importante não só o conteúdo, mas também a sua forma.

Os livros revelam-se através dos títulos, dos autores, do lugar que ocupam numa estante, das ilustrações da capa, mas também se revelam pelo tamanho.

Julga-se um livro pala capa e pelo formato.

Desde sempre os leitores exigiram o formato do livro de acordo com a utilização desejada.

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As mais antigas placas da Mesopotâmia eram blocos de argila quadrados com cerca 7,5cm de largura, que podiam segurar-se nas mãos. Um livro era composto por várias placas guardadas numa caixa ou bolsa de coiro.

Nem todos os livros se destinavam a ser empunhados. Por exemplo o Código Legal da Assíria Média mede 6m quadrados, pois não se destinava a ser manuseado. As dimensões são devidas à sua importância, a autoridade das próprias leis.

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Placas de argila e rolos de papiro eram relativamente portáteis, mas nenhum se adequava ao formato do livro que os suplantou: o códice, ou maço de folhas encadernadas.

A rivalidade do rei Ptolomeu do Egipto e do rei Eumenes de Pérgamo, levou ao corte no fornecimento de papiro. Eumenes teve de descobrir um novo material para os livros da sua biblioteca, assim surgiu o pergaminho em Pérgamo.

O pergaminho foi o material preferido em toda a Europa para o fabrico de livros até ao aparecimento do papel em Itália no séc. XII. Era mais resistente, macio e barato do que o papiro.

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O códice de pergaminho tornou-se a forma mais comum de livro para todos os que o precisassem de o transportar e consultar com facilidade. Os dois lados da folha podiam conter texto. A organização do texto também foi alterada.

Os rolos dispunham de uma superfície limitada o que era uma desvantagem. Regressámos a este formato antigo nos ecrãs dos nossos computadores, que apenas revelam uma porção de texto de cada vez quando o “desenrolamos “ para cima ou para baixo.

O códice permitia saltar de umas páginas para outras o que possibilitava obter uma ideia de totalidade, o leitor podia segurar nas mãos o texto inteiro durante a leitura devido à sua pequena dimensão podia transportar-se com facilidade. Por todos estes motivos tornou-se assim muito mais vasto que qualquer outro livro anterior.

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Os livros mais populares têm sido aqueles que permitem ao leitor um fácil manuseamento.

O tamanho de um livro determinava a forma do lugar onde se guardava.

Método de arrumar rolos de pergaminho na Roma antiga.Notem-se os rótulos pendurados nas extremidades dos rolos.

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Grande parte da vida dos Europeus era passada em ofícios religiosos por isso um dos livros mais populares da Idade Média era o livro pessoal de orações ou livro de horas. Estes eram livros com decorações luxuosas.

Manuscritos ou impressos em formato pequeno os fiéis podiam usá-los nos serviços públicos da igreja ou orações privadas.

Existiam também volumes de maior dimensão que iam de encontro aos requisitos de outros leitores. Por exemplo no séc. V produziram-se livros litúrgicos enormes -missais- que eram destinados a uma leitura pública. Para tornar a leitura mais confortável os leitores inventaram melhoramentos nos atris e escrivaninhas.

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Até meados do século XV o fabrico de um livro era um processo longo e laborioso.

A invenção da imprensa por Johann Gutenberg, nos anos 40 do século XV reduziu o número de horas para produzir um livro, assim como aumentou a produção.

Entre 1450 e 1455 o primeiro livro a ser produzido a partir de tipos foi a bíblia.

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Resultados da invenção de Gutenberg: rapidez, uniformidade do texto e preço relativamente barato.

Depois da primeira bíblia ter sido impressa instalaram-se por toda a Europa oficinas de impressão. Em Portugal - 1487.

Ao mesmo tempo que os livros se tornavam mais facilmente acessíveis e um maior número de pessoas aprendia a ler, crescia também o número dos que aprendiam a escrever. Assim, o século XVI é a época da palavra impressa e dos grandes manuais de caligrafia. A escrita é promovida em vez de ser eliminada.

Tal como nos dias de hoje, a proliferação de livros em CD-ROM não afectou a produção e venda de livros na sua forma de códice, como se esperava.

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O aumento na produção de livros após Gutenberg veio acentuar a relação entre o conteúdo e a forma física de um livro.

A produção barata e rápida levou ao aumento do número de leitores e à aquisição de livros para a leitura em privado. Como os livros não necessitavam de ser em grande formato, os sucessores de Gutenberg começaram a produzir volumes de tamanho de bolso.

O humanista Aldus Manutius decidiu exercer a arte de Gutenberg, devido à necessidade de edições académicas dos clássicos em formatos práticos para os seus alunos. Assim, instalou a sua tipografia em Veneza.

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As bibliotecas particulares iam enriquecendo e por isso os volumes de grandes dimensões tornaram-se difíceis de manusear e transportar.

Para responder ao pedido dos leitores, Aldus publicou livros in-octavo ( metade do tamanho de um in-quarto). Para cada página ser aproveitada utilizou um novo tipo de letra, itálico. O mais importante era o texto, impresso de modo claro e erudito, e não um objecto preciosamente decorado.

Na Idade Média , devido ao alto custo e ao ritmo lento, os livros eram privilégio só de alguns. Depois de Gutenberg centenas de leitores eram proprietários de exemplares idênticos do mesmo livro.

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A competição entre editores resultou na produção de livros dequalidade inferior.

Alguns exploraram o mercado do livro escolar. A cartilha usada desde o séc. XVI até ao séc. XIX, era o primeiro livro que se colocava nas mãos do estudante. Cartilha do período isabelino.

Equivalente nigeriano do séc. XIX.

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O tamanho preferido dos livros populares era o in-octavo. No séc. XVIII, as folhas passaram a ser dobradas em doze partes, talvez necessário pelo relato mais pormenorizado de contos e baladas.

Os livros de grande formato continuaram. No séc. XIX publicaram-se muitos, como ilustra a caricaturade Gustave Doré . Caricatura de Gustave Doré, uma sátira à nova

moda europeia de livros de grande formato.

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O pano de encadernação vem substituir o couro. O livro torna-se assim um objecto menos aristocrático. Apareceram então pequenas bibliotecas privadas em pequenos apartamentos.

Na Europa dos séc. XVII e XVIII os livros destinavam-se a ser lidos numa biblioteca pública ou privada. No séc. XIX os editores passaram a produzir livros que se destinavam ao exterior, especialmente para viagem.

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Em finais do séc. XVIII aparecem os primeiros quiosques, que tinham uma ampla variedade de material de leitura à disposição dos viajantes.

Em 1841, Christian Benhard Tauchnitz, de Leipzig lançou uma das mais ambiciosas colecções de livros brochados.

Dezassete anos mais tarde ,a editora Reclam publicou uma edição da obra de Shakespeare em tradução. A Reclam passou a Universal-Bibliothek , que era o modelo das colecções de brochuras. A New Century Library e Everyman Library competiam com a Universal-Bibliothek, mas não a ultrapassavam em êxito.

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O editor inglês Allen Lane ao procurar algo para ler numa estação e ao não encontrar nada que lhe agradasse, ocorreu-lhe que uma colecção de livros de bolso baratos, mas de qualidade seria útil. É assim que aparece a Penguin. A 30 de Julho de 1935 foram lançados os primeiros dez Penguins.

Além da vasta distribuição, custos baixos, excelência e variedade dos livros publicados, esta variedade de obras podia ser comprada por qualquer pessoa em qualquer lugar, o que confere aos leitores um símbolo da sua omnipresença

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A invenção de novos formatos para livros é infindável.

Muito poucos formatos incomuns sobreviveram. Alguns exemplos: o livro em forma de coração (1475), o livro mais pequeno do Mundo, Bloemhofie, ou Jardim de Flores, (Holanda 1673) e o fólio gigante Birds of America (1827 e 1838).

O Penguin do Sara foi descoberto no oásis de Dakhleh, no Sara, nos meados dos anos 80.

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Manguel, Alberto, (1998),Uma História da Leitura, Editorial Presença, Lisboa.

Bibliografia