História Do Mobiliário - Design de Interiores

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Apanhado Geral da História do Mobiliário - Do Neoclássico as Novas tendências.

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Neoclssico

O neoclssico um estilo que renega o rebuscamento e prega a simplicidade e a discrio. Sua origem se deu no movimento neoclassicista, nascido na Europa em meados do sculo 18, em oposio aos excessos decorativistas e dramticos do barroco e do rococ. notrio em edifcios pblicos e palcios de governos, de grandes cidades como Paris, Londres, Berlim e Viena.Em um primeiro momento, o novo estilo aponta os tempos burgueses que estavam para acontecer aps a Revoluo Francesa, que rompe com a realeza e se abre para a democracia. No sculo 19, representava o fiel retrato e a mentalidade da classe emergente.A arquitetura e o mobilirio tornam-se mais estruturais e despidos de aplicaes, marcados por simetria, formas geomtricas, colunas, frontes, molduras, folhagens estilizadas e smbolos da revoluo, como a lana e a seta. A decorao valoriza a intimidade e o conforto.

Mobilirio do perodo

Os mveis tinham um estilo mesclado de elementos retos e curvos proporcionando harmonia e suavidade ao conjunto. As pernas dos mveis eram retas e com sulcos nas extremidades. Entalhes discretos enfeitavam a moblia. O encosto das cadeiras tinha formas arredondadas (medalho), ovais ou retangulares e em sua parte superior havia pequeno ornamento centralizado.

Eram mveis de linhas delicadas e detalhes clssicos. As pernas do mobilirio eram retas e semelhantes s colunas romanas. Era feita pintura e haviam mveis inteiramente dourados. Espaldar em medalhes vazados.

Os estilos que marcam o movimento

Alguns estilos de mobilirio destacam-se no movimento, como o diretrio e o consulado, que surgem com o incio da dominao de Napoleo Bonaparte e so a transio entre o Lus 16 e o imprio. Esses estilos tm decorao inspirada na Antiguidade clssica, etrusca e egpcia, e usam materiais mais baratos, aplicaes com pouco entalhe; a ptina imita o bronze e a marchetaria abandonada. As cadeiras tm espaldar vazado e pernas simples substituem as do tipo cabriol, que possui duas curvas, como se tivesse joelho e tornozelo.

O estilo imprio ligado figura e ao gosto do imperador Napoleo. Com a expanso de seu imprio, o estilo influencia toda a Europa. Os mobilirios apresentam agora linhas mais rgidas e depuradas, superfcies planas. Com a dificuldade de importao, abandonam-se as madeiras exticas em favor de espcies locais, com acabamento pintado ou dourado, proliferando-se a aplicao do bronze. Aos motivos da Antiguidade clssica juntam-se os de inspirao militar e smbolos relacionados imperatriz e ao imperador, alm de animais fantsticos.

Por fim, o estilo biedermeier surgiu na Alemanha e na ustria em meados do sculo 19, como consequncia da simplificao das linhas do imprio. Ele estabelece novos padres da beleza e da elegncia ligados a economia, a praticidade e o mnimo de ornamentao.

"Simples", "caseiro" e "burguesa" so todas as palavras que foram usadas para descrever mveis Biedermeier, um estilo alemo fez durante o incio do sculo 19, em resposta a um anseio por um estilo de vida nonempirical. No entanto, as habilidades e tcnicas necessrias para produzir uma pea desse estilo exigiu um preo que estava fora de alcance para a classe mdia. Seus mveis foi muitas vezes trabalhados a partir de madeiras de frutas como cereja e pra, bem como de bordo, vidoeiro e cinzas. Ele apresentava linhas limpas reforada com frontes e cornijas. Projetos da cadeira includo costas arredondadas, enquanto lira e pluma motivos acrescentou decorao para as peas.

Neoclssico hoje

Elementos do estilo neoclssico vm pontuando momentos da histria moderna e contempornea, sendo mais fortemente recuperado na dcada de 1970. Hoje, esto presentes, principalmente, na arquitetura. Nos interiores, pincelam ambientes atemporais e limpos, onde se contrapem a mveis atuais ou compem com peas de estilo mais rebuscado.

Ao adotar peas neoclssicas na decorao da casa, entretanto, preciso cuidado, porque o estilo est longe de ser minimalista.

Por se tratar de um mobilirio de linhas menos austeras (em comparao com o design atual) e de materiais, s vezes, monocromticos e com poucos ornamentos, fcil coordenar o neoclssico com mobilirio e objetos de outros estilos, etnias e at mesmo com design e arte contemporneos.

Peas neoclssicas so muito bem-vindas na decorao moderna, elas garantem um ar sofisticado e carregam uma bagagem de histria e referncias do mundo, entretanto, deve-se tomar cuidado com peas mais elaboradas e de cores marcantes, pois podem chamar a ateno de forma negativa e apagar todo o ambiente com o seu peso visual.

Para no errar, deve-se selecionar algumas peas clssicas e combin-las com outras de linhas retas, simples e modernas, de forma a obter um conjunto harmnico, onde um objeto valoriza o outro. Tons neutros, com algumas 'pitadas' de cores vivas tambm ajudam neste processo.

A melhor frmula usar a intuio e bom senso sem exagerar.

Nessa foto o arquiteto usou peas Neoclssicas como a papeleira original do sculo 19.

Neoclssico Europeu com Toque Brasileiro

Nessas imagens, as peas que inundam os interiores foram adquiridas em leiles e antiqurios fora do Brasil, especialmente na Frana e Inglaterra. So cadeiras, poltronas, cmodas, consoles, espelhos e lareira nos estilos dos reis Lus XV e XVI.

Revivals, Ecletismo e Arts and Crafts

Arts and Crafts, ou Artes e Ofcios

Foi um movimento esttico ingls, do sculo XIX, que defendia o artesanato criativo como alternativa industrializao e produo em srie , e o fim da distino entre artesos e artistas. O movimento surgiu depois da realizao da Grande Exposio dos Trabalhos da Indstria de todas as Naes, ou Grande Exposio, como mais conhecida, realizada em 01/05/1851, em Londres. Esta foi a primeira exposio internacional da indstria e considerada o primeiro frum internacional do mundo moderno.Alm destes mritos, a Grande Exposio fez surgir o movimento Artes e Ofcios. A exposio foi um sucesso, mas a apresentao dos objetos industriais um fracasso, tanto em gosto, quanto em qualidade. Na crtica e na rejeio a este tipo de produo industrial que est a origem do movimento Arts and Crafts.

Liderado pelo designer ingls William Morris e pelo crtico de arte John Ruskin, era contrrio a algumas prticas marcantes da poca, entre elas:

ao revival formalista; imitao de modelos histricos pela indstria; ao ecletismo; aos produtos falsificados, chamados, poca, pechisbeque.

Seus objetivos eram:

unir os artistas-artesos renovar qualitativamente o artesanato, produzir e divulgar os objetos manualmente.

O Arts and Crafts uma arte sbria e equilibrada e que se fixou na histria por suas linhas inspiradoras de paz e por no ter deixado morrer a produo artesanal.O movimento no conseguiu conciliar o artesanal produo industrial, mas, de qualquer forma, abriu caminhos.Apesar de pouco tempo de durao, este movimento deixou um grande legado que influenciou vrios movimentos subsequentes ele como o art nouveau e a Bauhaus. Este, assim como o Arts and Crafts, acreditava que o ensino e a produo do design deveria ser organizados em associaes ou grupos de artesos e artistas liderados por um mestre, que na Idade Mdia eram chamadas de guildas.

O Arts and Crafts teve um grande renascimento nos anos 90 e continua sendo alm de um estilo, uma filosofia. possvel observar uma mescla do estilo medieval em ambientes modernos, os mveis desse movimento combinam com ambientes atuais, criando uma atmosfera agradvel e confortvel.Uma das caractersticas mais marcantes do Arts and Crafts a lareira na sala de estar, praticamente em todos os projetos ela est presente. Normalmente feita de tijolo ou de pedra tem a funo de criar um ambiente aconchegante, propcio para receber convidados e familiares.O uso da lareira na sala de estar que separada da sala de jantar por portas no estilo francs, tambm muito utilizadas no movimento.Assim como as lareiras, os mveis embutidos eram quase que obrigatrios em uma construo tpica do Arts and Crafts. Armrios, bancos, cristaleiras, todo tipo de mobilirio podia ser construdo dessa forma, e sempre em madeira que conferia ao projeto o tom mais rstico, artesanal do perodo.

Dois exemplos de mveis embutidos: um bando construdo na sala de estar prximo lareira e um armrio utilizado para guardar livros.O tom sempre mais escuro, lembrando madeira, das pinturas e papis de parede era intencional, uma vez que o Arts and Crafts tinha a inteno de representar os tons naturais da terra.

Os detalhes eram muito focados nesse perodo: vitrais e pinturas nas paredes que pareciam verdadeiras obras de arte eram, muitas vezes, o diferencial dos ambientes que sempre tinham uma planta ou flor natural como ornamento, reforando a idia da natureza presente dentro de casa.

A iluminao dos ambientes, como no poderia deixar de ser, se valia da luz natural aliada luz artificial, o que criava um ambiente mais confortvel e aconchegante.Nesse ambiente possvel observar a utilizao da luz natural juntamente com a artificial. A luz da janela sendo amenizada pela cortina em tom claro e as luzes da lareira e luminrias servem para ressaltar o mobilirio e os detalhes do ambiente, como os potes que tambm eram caractersticos da poca por serem objetos artesanais.

Mobilirio

Os mveis, em sua maioria, eram em madeira feitos artesanalmente mantendo o estilo rstico e natural. Nos estofados eram utilizadas as estampas caractersticas do movimento, com elementos da natureza, como os desenhos de Morris.

Uma sala de estar com mveis em madeira estofados revestidos com tecido estampado ao redor de uma lareira construda em pedra: ambiente tpico do perodo Arts and Crafts.Nesta sala de jantar, mveis em madeira, cadeiras bem rsticas e ainda cristaleiras que eram usadas para exibir a loua da casa que, assim como os outros utenslios, deveriam ser feitas artesanalmente e com o mximo de detalhes possveis.

Um armrio embutido na sala de jantar, usado para guardar livros.

Um quarto que utilizou como diviso a porta no estilo francs. Pode se observar o uso de cortinas para amenizar a incidncia da luz.

Banheiro que tambm foi decorado com tons escuros, o que no era comum na poca. Observa-se tambm a presena de plantas em todos os ambientes.

O Arts and Crafts foi sem dvida um movimento importante para a arquitetura e o design, uma vez que se props a ir contra a produo em massa de mveis e artigos decorativos. Foi um movimento que prezava pela qualidade dos artigos produzidos, mesmo que os materiais fossem de extrema simplicidade. Simplicidade essa que era um dos preceitos do movimento, pois como tinha a inteno de fazer a arte se tornar acessvel a todos no poderia ter como elementos bsicos materiais muito elaborados. Por isso mesmo se voltava para a natureza e para o que ela oferecia de inspirao para os artistas/artesos.Por mais que no tenha conseguido conciliar a produo artesanal com a produo em massa, deixou seu legado e foi inspirao para que outros movimentos a fizessem, tornando-se assim um movimento de grande influncia que ainda pode ser utilizado na decorao de ambientes contemporneos, sem que estes percam suas caractersticas.

Ecletismo

Reunio, na mesma obra, de vrios estilos ou tendncias artsticas, para alcanar um resultado esttico diferente e original, tambm chamado de estilo compsito; utilizao de ornamentos de um mesmo estilo que esteve em voga anteriormente, porm dando-lhes novas combinaes; justaposio de normas estticas para alcanar harmonias prprias, atitude comum nos sculos 18, 19 e 20, tanto na arquitetura como em outras artes. Os novos recursos industriais do sculo 19 e a abundncia de fontes de informao passaram a ser decisivos nas opes estticas das sociedades modernas, abrindo caminho para os ecletismos.

O ecletismo teve sua origem na antiguidade clssica. Tradicionalmente chamava-se ecltica a obra que reunia diferentes orientaes, nem sempre com rigoroso critrio esttico. Muitos artistas conseguiram dessa forma criar padres de arte inovadores e elegantes, combinando inspiraes de diversos perodos e estilos.O estilo brasileiro de mobilirio e decorao, que surgiu durante a vigncia do imperador Dom Pedro II, e ficou conhecido como II Imprio, tambm considerado ecltico.

Mobilirio

Mesa estilo Imprio/Napoleo I Mistura de caractersticas, egpcias, renascentistas e barrocas.

No mobilirio o ecletismo tambm se caracterizou pela retomada de estilos mais antigos (revivalismo) e pela mistura de diversas referncias em uma nica pea; Embora os modelos fossem geralmente copiados, as linhas se tornaram mais pesadas, as propores menos elegantes, as ornamentaes mais carregadas, havendo uma predominncia de falta de originalidade e de harmonia; Em resposta incerteza do gosto, os fabricantes procuravam satisfazer todos os gostos;

Cadeira estilo Napoleo III Mistura de caracterstica grega, barroca e rococ.

Decorao de Interiores

O gosto pela mistura de elementos tambm esteve presente no interior dos edifcios; A decorao de interiores do sculo XIX caracterizada por um arranjo confuso e carregado de mobilirios; Tecidos, mveis e objetos no seguiam necessariamente um mesmo estilo; O importante era decorar ao gosto do cliente, com liberdade de escolher o que mais lhe agradasse.

Art Nouveau

Art Nouveau (ou arte nova, em francs) um estilo esttico que influenciou a arquitetura, o design e as artes plsticas, rompendo com as tradies.Sua origem est diretamente relacionada Segunda Revoluo Industrial: com a industrializao e o aumento de trabalhadores em fbricas, o governo britnico incentivou a criao, em meados de 1830, de escolas que preparassem profissionais para aliar o design produo industrial. Com isso comearam a surgir crticos avessos a esta interferncia do capitalismo nas artes, como John Ruskin (1819-1900), que defendia a liberdade criativa para as artes.Willian Morris, arquiteto e socilogo, influenciado pelas ideias de Ruskin, lidera o movimento Arts & Crafts assumindo que era impossvel negar o desenvolvimento industrial, abrindo caminho para a sntese entre a arte e a indstria, influenciando no surgimento do Art Nouveau.Assim, decoradores e artesos passam a considerar os novos materiais (fruto da industrializao) e tcnicas em suas criaes, influenciando na concepo dos seus desenhos.Perodo: final do sculo XIX e incio do XX (aprox. de 1890 a 1910);Momento marcante: galeria parisiense LArt Nouveau, aberta em 1895 pelo comerciante de arte e colecionador Siegfried Bing. Foi o projeto de redecorao da casa de Bing, exposto na Exposio Universal de Paris em 1900, que deu visibilidade internacional ao movimento;Influncias: o movimento tem razes inglesas por ser influenciado pelo Arts & Crafts, liderado por Willian Morris (1834-1896); artes decorativas; iluminuras medievais; arte oriental;Outros Nomes: de acordo com o pas onde se manifestou, recebeu diferentes nomes: Modern Style (estilo moderno) Inglaterra, Style Liberty (estilo livre) Itlia, Style coup de fouet (estilo golpe de chicote) Blgica, Arte Floreal Brasil, dentre outros.Importncia Futura: foi um dos estilos estticos que abriu caminho para o design moderno. Tambm esteve presente em expresses artsticas posteriores como o estilo psicodlico de 1960-70 e na criao de fontes tipogrficas. O Art Nouveau estimulou o surgimento de crticos que defendiam o pensamento racional e funcional: Mies Van der Rohe e Frank Lloyd Wright so exemplos.

Caractersticas do Art Nouveau

Como os artistas queriam marcar a diferena que existe entre a industrializao e o trabalho manual, valorizaram os traos encontrados na natureza, mostrando sua complexidade e sinuosidade, enfatizando o desafio que a industrializao teria para dar conta desta tarefa de aliar produo em massa e o mundo das artes. Este estilo era uma engenhosa provocao ao poder que as mquinas galgavam naquela poca. Fonte: Brasil Escola.Forma: buscou-se a originalidade, quebrando a tradio. So utilizadas linhas de origem floral ou animal, com formas delicadas, sinuosas, ondulantes e sempre assimtricas;Materiais: explora novos materiais, como o ferro, vidro e o cimento;Design: o movimento diferenciou-se por dar grande importncia ao design, deixando de lado a pintura (muito valorizada em outros momentos). Por isso muitas vezes foi marcado por uma decorao elaborada e superficial. O grande destaque foi o desenvolvimento de cartazes (muito difundidos pelo avano tecnolgico que permitiu a criao da litografia colorida) e objetos de decorao. Foram criados novos formatos de letra, marcas comerciais e layouts de impresso. Vassili Kandinsky e Franz Marc utilizaram este estilo em sua pintura, mas a partir de 1920 este estilo foi sendo substitudo pelo art dco at ser abandonado.

O Art Nouveau na Arquitetura

O Art Nouveau influenciou a arquitetura do final do sculo XIX e incio do XX. So caractersticas deste estilo: Estilo floreado; Formas orgnicas e naturais inspiradas em folhagens, flores, cisnes, labaredas e animais; Edifcios: Linhas curvas, delicadas, irregulares e assimtricas / utilizam muitos mosaicos e misturas de materiais; Ambiente interno e externo articulados, unindo forma e funo. Muitos utilizavam equipes de trabalho que construam da estrutura do edifcio aos ornamentos decorativos.

Exemplos de Arquitetura Art Nouveau

Balastre da escada da Casa Solvay 1894/99, em Bruxelas, do arquiteto e projetista belga Victor Horta (1861-1947). Tambm so de sua autoria: a Casa da Rua Turim, n 12, em Bruxelas (1893), a Casa do Povo (1896) e a residncia Tassel em Bruxelas (1892/93);

As cermicas e os objetos de vidro do arteso e designer francs Emile Gall (1846 - 1904);

Os interiores do norte-americano Louis Comfort Tiffany (1848 - 1933);

O Art Nouveau no Brasil

No Brasil o Art Nouveau recebeu o nome de arte floreal, influenciando a arquitetura e as artes grficas. Como nossa industrializao ainda era muito pequena, o estilo acabou sendo utilizado principalmente para ostentar a riqueza das altas classes da sociedade, que gostavam de mostrar que "estavam na moda".So Paulo, Manaus e Belm foram os principais plos de desenvolvimento deste estilo. O primeiro devido riqueza dos fazendeiros de caf e as outras duas devido ao prspero ciclo da borracha (nestes dois lugares os ornamentos representavam a natureza e o homem amaznicos, assim como a arte marajoara).

Escadaria metlica do Palcio da LIberdade, sede do poder executivo mineiro: um exemplo da aplicao do Art Nouveau.

O estilo tambm esteve presente, mas de maneira bem mais suave, no Rio de Janeiro - nas obras, por exemplo, do italiano Virzi. Salvador e Belo Horizonte possuem alguns poucos exemplos, pois a maioria composta por edifcios que receberam ornamentos apenas para decorar. O destaque neste caso para a escadaria metlica instalada no Palcio da Liberdade, sede do poder executivo mineiro, a qual representa a importncia do uso do ferro na poca.

A Confeitaria Colombo no Rio de Janeiro tem um toque de Art Nouveau em sua decorao.

O Art Nouveau da Frana foi muito semelhante ao da Blgica, pois ambas eram potncias industriais da poca. As tradies francesas fizeram da Art Nouveau de l uma arte muito refinada, com seu centro principal a cidade de Paris, onde mais tarde seria o centro internacional do estilo. Foi Samuel Bing quem deu o nome ao movimento atravs do nome de sua galeria chamada LArt Nouveau.

Art Dco

O Art dco foi um movimento internacional de design que prevaleceu entre 1925 e 1939. O estilo deve o seu nome Exposio Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas em 1925 na cidade Paris.

Na mostra, nus femininos, animais e folhagens so apresentados em cores discretas, formas estilizadas ou geomtricas. Muitas peas exibem marcas de civilizaes antigas.

O arquiteto suo Le Cobusier projetou um dos pavilhes e o intitulou LEspirit Nouveau um modelo do modernismo: paredes brancas lisas, estrutura de concreto e grandes extenses de vidro unificadas por uma geometria inflexvel. Mobilirio despretensioso. Apesar disso, essa exposio lembrada menos pelo funcionalismo da contribuio de Le Cobusier e mais pelo visual do resto da mostra em outros pavilhes. Da se originou o termo art dco.

Este teve influncia sobre as artes decorativas, design de interiores, design de produto, design grfico, arquitetura, artes visuais, pintura, moda e sem dvida influenciou o cinema.

O Art Dco misturava vrios estilos como os movimentos do incio do sculo XX. Dentre eles: o art noveau (arte nova), o construtivismo, o cubismo, o modernismo, preceitos da Bauhaus e o futurismo. Teve popularidade na Europa ao longo dos anos 20 e nos EUA ao longo dos anos 30.

Muitos movimentos tiveram razes nas intenes filosficas ou polticas, mas o Art Dco tinha carter meramente decorativo, sendo considerado elegante, funcional e ultramoderno. At hoje encanta pessoas no mundo inteiro.

Este estilo decorativo foi inspirado pela arte no-ocidental, especialmente as da frica e do Egito, popularizada pela descoberta, em 1922, do tmulo de Tutancmon por Howard Carter. Os bals russos de Diaghilev (que estrearam em Paris em 1909) e os quadros cubistas de Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Braque (1882-1963) fascinavam a imaginao dos designers. (TAMBINI, Michael., ttulo original: The look of the Century. Editora tica, So Paulo, 1997, traduo: Cludia SantAnna Martins).

O estilo to encantador que durante a 2 Gerra Mundial (1939-1945) sai de moda no Ocidente, mas se populariza na Coria do Sul, no Vietn e na China. Novamente, no fim da dcada de 60, colecionadores do mundo inteiro voltaram-se a se interessar pelo estilo.

Segundo o Guia da Arquitetura Art Dco no Rio de Janeiro (Conde, Luiz Paulo e Almada, Mauro. Prefeitura do Rio de Janeiro, 2000), o estilo pode ser definido atravs das seguintes palavras-chave:

O Art Dco se define como Arte, enquanto o Movimento Moderno pretendia ser mais que isso: um movimento cultural global que envolvia aspectos sociais, tecnolgicos, econmicos e tambm artsticos;O Art Dco se define como Decorativo, enquanto o Movimento Moderno se coloca indiferente, contrrio ou at mesmo hostil (decorao delito, Loos) idia de decorao;O Art Dco se define como estilo Internacional, ao lado do Movimento Moderno e contra as correntes, numerosas poca, que propugnavam por expresses artsticas autenticamente nacionais. O intercmbio, no Brasil, do Art Dco com elementos oriundos da arte marajoara pode ser interpretado como uma aclimatao do estilo ao debate cultural que ento se travava no pas, acomodao esta tambm observvel em certas correntes do Movimento Moderno que buscam um dilogo com a cultura nacional;O Art Dco se define como estilo Industrial, isto , associado sociedade industrial nascente, implcitas a todas as suas consequncias, sobretudo tecnolgicas.Por fim, o Art Dco se define como Moderno, lato sensu, isto , associa sua imagem a tudo o que, ento, poder-se-ia definir como tal: arranha-cus, automveis, avies, cinema rdio, msica popular, moda/vesturio e emancipao da mulher. Prope-se, portanto, como estilo intrinsecamente cosmopolita.

Art Dco no Brasil

No Brasil a influncia segue at os anos 40 com caractersticas prprias como o Indianismo j que a forte corrente intelectual nacionalista buscava desde o final do sculo XIX uma expresso prpria para a cultura brasileira. Desse modo a influncia indgena no Brasil foi introduzida inspiradas nas cermicas marajoaras trazidas do Par atravs de expedies exploratrias por Edgar Vianna.O estilo influenciou artistas como o escultor Vtor Brecheret (1894-1955), o pintor Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), entre outros. Uma obra de Brecheret em estilo art dco o Monumento s Bandeiras, em So Paulo. O edifcio-sede da Biblioteca Mrio de Andrade e o Estdio do Pacaembu, ambos tambm em So Paulo, so dois grandes marcos arquitetnicos do estilo na cidade. Outro belo exemplar da art dco na capital paulista situa-se na Rua Domingos de Morais. Foi o Art Dco que inspirou os primeiros prdios de Goinia, nova capital de Gois, projetada em 1933 por Atlio Correa Lima, cujo acervo arquitetnico considerado um dos mais significativos do pas. Alguns dos exemplos mais significativo da Art Dco no Brasil so a Torre do Relgio da Central do Brasil e o Cristo Redentor no Rio de Janeiro. H, ainda, importantes exemplos como Campo Grande (com a obra do arquiteto Frederico Urlass), Belo Horizonte ou Juiz de Fora (MG) (nos projetos do arquiteto Raphael Arcuri), Porto Alegre, na Avenida Farrapos, entre vrios outros.

Mobilirio

Houve uma mistura entre sofisticao e inovao que deixa de lado as formas orgnicas e adere formas geomtricas sem entalhes, com ngulos marcados, uso de cores fortes e sem estampas, buscando a simetria e utilizando materiais como madeira de bano, palma e nogueira, incrustaes de madreprola, marfim, tartaruga, prata, ouro, lacagem, cobre. Tinha uma tendncia ligada a revoluo industrial e outra mais rebuscada que utilizada materiais mais raros e que maior qualidade.

Eileen Gray, criou diversas peas de mobilirio e de decorao dentro do estilo Art Dco, peas que ainda so comercializadas e apreciadas quase 100 anos depois.

Bauhaus

O sculo XX se notabilizou pelos inmeros avanos tecnolgicos, conquistas da civilizao e reviravoltas em relao ao poder. Ele iniciou com grandes inovaes tcnicas resultantes do progresso industrial do sculo anterior. Na sociedade, com a organizao do capitalismo, acentua-se a desigualdade social. Em suas primeiras dcadas tambm ocorrem profundas conturbaes polticas, como a Primeira Guerra Mundial. neste contexto complexo que se desenvolveu a Bauhaus, uma experincia pedaggica que deu incio a um movimento artstico e cultural, de carter internacional, tornando-se uma das maiores e mais importantes expresses do que chamado Modernismo no design e na arquitetura.Bauhaus, que quer dizer casa em construo, foi uma escola de design, artes plsticas e arquitetura de vanguarda que funcionou entre 1919 e 1933, na Alemanha. Em 1919, o governo alemo aprovou o pedido de Walter Gropius para dirigir as duas escolas preexistentes em Weimar (a Escola Superior de Belas-Artes e a Escola de Artes e Ofcios), sob um nico nome. Foi dessa fuso que se originou a Bauhaus. A sede era em um edifcio construdo em 1905 por Henry Van de Velde. Seu ensino era interdisciplinar, buscando a interao entre as artes plsticas e o desenho industrial, esttica e funcionalidade. Ela foi um verdadeiro centro irradiador de novas idias no campo da arquitetura, do urbanismo, da esttica industrial e do prprio ensino da arte (PROENA, 2007, p.200).Gropius viu a necessidade de desenvolver novos mtodos de ensino e defendia que a pesquisa criativa seria a soluo para um bom design. A escola foi criada tendo trs objetivos, que no foram substitudos at o seu fechamento, mesmo quando a direo da escola era substituda rapidamente. O primeiro deles era tirar as artes do isolamento em que se encontrava a fim de motivar os artesos a trabalharem em cooperativas, combinando todas as suas habilidades e tcnicas. O segundo era elevar o status das peas artesanais, melhorando sua qualidade, no mesmo nvel da pintura, da escultura etc. E o terceiro objetivo era manter contato com as indstrias, numa tentativa de conseguir a independncia do governo por intermdio da venda dos seus projetos.A escola foi fundada em 1919 em Weimar, Alemanha, pelo arquiteto Walter Gropius (1883-1969). Sua histria ficou marcada por trs grandes fases: a expressionista, a formal e por fim a fase funcional. A primeira durou de 1919 a 1926 sob direo de Gropius, o qual defendia a unio das belas artes e das artes decorativas, a fim de buscar sua utilidade social, ou seja, propunha a integrao da arte na indstria, pois ela devia superar a fase artesanal servindo-se dos meios de produo industrial para ser uma atividade adequada ao modo de vida do sculo XX (PROENA, 2007).Durante seus primeiros anos priorizou a expresso emocional e a individualidade dos estudantes, tratando de formar novas geraes de artistas de acordo com um ideal de sociedade civilizada e democrtica, ou seja, tambm buscou mostrar para os alunos que no se deve ficar atrelado apenas tradicional formao especializada, mas compreender o sentido e razo do seu trabalho e a relao com o mundo.O design desta fase caracterizado pela nfase expresso artstica, permitindo formas e desenhos de objetos muito elaborados, para serem feitas individual e artesanalmente, como a cadeira de Marcel Breuer (1902-1981), na imagem abaixo, produzida em madeira, com assento elstico e sem estofo, embora j apresentasse uma depurao da forma, ainda era muito complexa para ser reproduzida industrialmente.

Cadeira Lattenstuhl (Breuer, 1924). Fonte: FIELL, Charlotte; FIELL, Peter. Design do Sculo XX.

Essa limitao causada pela complexidade dos projetos ou a inexistncia de tipologias, para a produo em srie, levou ao desenvolvimento da simplicidade de linhas e purismo da forma para facilitar a padronizao em lugar da organicidade das formas e fabricao artesanal, tambm ocorreu mudana dos materiais, da madeira para o ao e o plstico.Em 1925, a escola mudou-se para Dessau, onde Gropius projetou sua famosa sede funcionalista. Apelidada de aqurio pelos crticos, o prdio tinha superfcies fludas de vidro que escondiam sua estrutura interior. Sua clareza - com base em linhas e ngulos retos e telhado plano - estabeleceu o padro para incontveis crticas (STRICKLAND, 2003).Um dos primeiros produtos a emergir nesta etapa, ajudando a consolidar a reputao da escola como uma fora de liderana do design industrial foi a cadeira B3, de Marcel Breuer mais tarde conhecida como Cadeira Wassily. Foi tambm um dos primeiros desenhos a explorar o ao tubular, cujos aspectos, tais como fora estrutural, leveza, aparncia, rgida e elegante, permitiram a criao de mveis em novas e surpreendentes formas (DESIGN MUSEUM, 2010).

Cadeira B3 (Breuer, 1925)

Ela foi inspirada no guido de ao tubular de uma bicicleta, Breuer dobrou o tubo e usou tecido para o assento, costas e apoio do brao. O modelo foi uma soluo para o desafio tcnico de se redefinir qual deveria ser a aparncia de uma cadeira e como ela deveria ser feita.A cadeira B32 outro fruto do trabalho de Breuer nas oficinas da Bauhaus. Com base em ao tubular apresenta estruturas de madeira que funcionam como assento e encosto, permitindo uma estrutura simplificada e leve, que combinou a transparncia da palhinha tranada com a esttica rgida da estrutura de metal industrializado.Cadeira B32 (, 1925 Breuer)

Neste perodo tambm se desenvolveu a ideia de mdulos no mobilirio que poderiam ser usados separadamente ou de forma combinada para "vivenda popular", guarda-roupa rolante para solteiros, acessvel dos dois lados, mesas e cadeiras dobrveis.Aps ser fechada em 1932, em Dessau, a escola reaberta por Mies Van Der Rohe em Berlim com sua atividade produtiva que foi restringida, aumentando a atividade pedaggica de linha clssica.No mobilirio fizeram modelos padronizados e quase sempre desmontveis sempre calculando rigorosamente os custos. Em 1932, os nazistas tomaram o poder em Dessau, forando a escola a mudar-se para Berlim, numa fbrica de telefones abandonada, sob o nome de Instituto Superior de Pesquisa Tcnica. Porm, seis meses mais tarde, em julho de 1933, a Gestapo ocupou a escola e obrigou seu fechamento definitivo, mas deixou referncias no estilo de criao que at hoje influencia a arte e o design.

Decorao de Interiores

Imponente e atemporal, como podemos definir o estilo Art Dco. Preferncia por linhas retas e estilizadas, formas geomtricas e design abstrato. De incio, apresenta-se luxuoso, mas tem afinidades diretas com a indstria, a arte e o artesanato, com os materiais e formas passveis de reproduo em massa.

O Mvel Brasil do Colonial ao Sculo XX

De um modo geral, o estudo do mobilirio europeu do sculo XVIII revela um momento de excelncia. Os atelis de fabricao de mveis de luxo, durante o sculo XVIII, atingiram um alto padro de elegncia e de perfeio tcnica. A tipologia dos mveis ampliou-se quantitativamente, adaptados aos mais diversos usos, num processo de enriquecimento dos hbitos domsticos. As funes do mobilirio, neste perodo, tenderam a uma grande diversificao: mesas de bordar, mesas de jogos, mesas de ch e assim por diante. Pode-se dizer que, embora muitas significaes das peas de moblia se tenham transformado, em seu conjunto, o sculo XVIII apresentou algumas das solues definitivas, portanto trata-se do estudo de um repertrio ainda corrente de mobilirio.Uma das razes que levaram a tais solues, pode-se dizer, reside no fato de que, pela primeira vez, apresentou-se uma compreenso mais exata das noes de conforto e luxo. O sentimento de conforto, como uma atitude consciente em relao ao corpo e permisso para relaxar em ocasies ntimas, como, alis, a prpria noo de intimidade, em detrimento da postura educada, parecem acentuar-se ao longo do Setecentos. Teve-se conscincia da rigidez e do desconforto da etiqueta.Afirmaram-se, assim, as noes mais prximas s nossas de privacidade e conforto, assim como a concepo do que deveriam ser ambientes ntimos, em oposio ao espao pblico.Foi, portanto, em torno do estilo a que se denominou rococ que grandes esforos de reformulao de ambientes interiores de casas luxuosas se produziram, assim como uma grande ampliao da produo de conjuntos de moblia, ampliao no sentido quantitativo e qualitativo. Assim, como concepes de obra de arte total, a arquitetura de interior, os mveis e os objetos de decorao adquiriram um grau de integrao como at ento no se havia pensado.Como forma de adaptao ao corpo, os mveis de assento tornaram-se mais baixos e os estofamentos, como uma soluo original para a longa histria das alfaias, ganharam enorme importncia. Mveis se diversificavam, e o incremento de sua produo em manufaturas torn-los-ia acessveis a um nmero cada vez maior de pessoas. Surgiu, por outro lado, uma espcie de obsesso pela moblia, encomendada e colecionada com extremo zelo. Os grupos de profissionais que realizavam mveis de luxo: arquitetos, ebanistas e comerciantes de mveis, assim como desenhistas de ornamentos, foram responsveis, como outros ornamentistas durante o sculo XVIII, pela publicao de gravuras avulsas ou livros ilustrados de padres e catlogos de manufaturas. Muitos atelis agrupavam trabalhos de grupos diferentes de profissionais, ebanistas, estofadores, entalhadores, porcelanistas, reunidos em torno da produo de moblia de luxo e de objetos de decorao.Atelis como de Thomas Chippendale, na Inglaterra, chegaram a reunir mais de quatrocentos trabalhadores, constituindo verdadeiras manufaturas de artigos de decorao.Fundamentalmente um estilo civil de matriz francesa, o rococ viu-se, tambm no que diz respeito ao mobilirio, adotado pela arquitetura e pela decorao de espaos religiosos, sobretudo ao Sul da Alemanha e em Portugal, assim como no Brasil.Embora no final do sculo XVIII o mobilirio de estilo rococ comeasse a ser visto, pelo vis neoclssico, como extravagncia e exagero, permaneceu enraizado no gosto comum como sinnimo de luxo e beleza, mantendo-se como um modelo a ser seguido.

Mobilirio Portugus e Brasileiro do sculo XVIII

A classificao do conjunto do mobilirio no Brasil de perodo colonial ainda precria, sendo muitas vezes considerado mvel colonial brasileiro, com difceis diferenciaes, o mvel portugus trazido para a colnia; o mvel feito em Portugal com madeira brasileira; o mvel feito no Brasil por artfices portugueses; mveis feitos no Brasil por artfices locais, aprendizes de portugueses ou com modelos de mveis portugueses; o mvel feito no Brasil por artfices locais de modo rstico (embora com modelos ainda medievais de tradio popular sempre portuguesa as mesas de cavalete, a canastra como mvel de guarda e transporte adaptvel ao lombo de animais); finalmente, o mvel feito no Brasil por artfices locais ou no, mas com temas decorativos inspirados na flora e fauna nativas.As casas coloniais de aspecto senhorial, sejam as casas-grandes de fazenda, sejam as assobradadas nos agrupamentos urbanos, foram predominantemente espaos vazios, grandes cmodos desprovidos de mobilirio. As funes dos mveis: o sentar-se, o dormir, armazenar, comer, entre outras, foram solucionadas com o uso de bancos toscos de madeira, catres, esteiras e redes, arcas, bas e mesas de cavalete. Embora marcados por inteligentes solues prticas, estas peas eram desprovidas de maiores intenes estticas. De outro lado, as funes simblicas ocuparam grandes esforos em transportar de Portugal ou, por parte de marceneiros, entalhadores e estofadores de oficinas locais em produzir conjuntos inteiros de moblia de luxo. Ainda que no sculo XVIII houvesse um acrscimo quantitativo e qualitativo de mobilirio no espao das casas coloniais, foi quase sempre destinada s igrejas a maior parte.

Produo de mobilirio de carter artstico. Cadeiras com funes honorficas, bancos e arcazes de sacristias so alguns importantes e numerosos exemplos desse esforo.

Ao lado de uma histria do mobilirio do sculo XVIII como equipamento para a arquitetura civil, abre-se um captulo sobre peas de moblia referentes ao espao religioso. Nas igrejas brasileiras setecentistas no existiam bancos para acomodar os fiis. As celebraes eram assistidas de p. Uma gravura de Jean-Baptiste Debret, publicada em 1834, demonstra o interior de uma igreja no Rio de Janeiro durante uma liturgia de quarta-feira santa. Mulheres vestidas de negro e com a cabea coberta por vus distribuam-se ainda de p ou sentadas diretamente sobre o cho. Nos inventrios das igrejas do sculo XVIII em Minas Gerais no h referncias abundantes moblia entre os bens pertencentes a cada templo. De um modo geral, so menes pouco numerosas e bastante restritas do ponto de vista descritivo.Percebe-se que as igrejas, em sua maioria, possuam poucas peas de moblia e, naturalmente, catedrais contavam com um nmero maior de peas. No entanto, do ponto de vista dos inventrios, tinha-se claro que os mveis deveriam constar entre os bens da igreja e que havia uma distino entre mveis de luxo, como uma cadeira episcopal, uma mesa torneada, uma cadeira estofada, via de regra, em jacarand; e, por outro lado, mveis mais simples como tamboretes, bancos, armrios muitas vezes descritos como de pau branco. Provavelmente era uma forma de distingui-los dos mveis escuros de jacarand.Entre as igrejas do contexto mineiro, assim como de um modo abrangente nas igrejas brasileiras do perodo colonial, as peas de moblia que constavam nos templos consistiam, em geral, em poucos bancos ou tamboretes usados na capela mor como apoio para os participantes da liturgia; alguns bancos mais simples dispostos em corredores de acesso s sacristias, em grandes mesas com ou sem gavetas nas sacristias para estender e passar os paramentos e nos imponentes arcazes. De todas as formas de mobilirio que os portugueses trouxeram para sua primitiva colnia do Brasil, nenhuma foi to original em concepo, mais perfeita em execuo ou variada em interpretao do que o armrio ou guarda-roupa de sacristia. Do maneirismo ao barroco nacional portugus e joanino, ao rococ Dom Jos I, as variaes estilsticas acompanharam a concepo desse pequeno conjunto de moblia que caberia a cada igreja. Nota-se, no entanto, em inventrios de capelas menores e mais afastadas, a ausncia completa de qualquer referncia a peas de moblia.No que se refere ao mvel brasileiro especfico do sculo XVIII, agrupou-se estilisticamente o que foi produzido na primeira metade do sculo em torno da denominao D. Joo V ou joanino, adotando a nomenclatura aplicada tambm talha e aos retbulos correspondentes aos anos do mesmo reinado: 1706-1759.Em sua primeira fase, o estilo joanino, quanto ao mobilirio, manteve os elementos do perodo anterior, denominado por Robert Smith de nacional portugus, do XVII, de mveis severos, retos e slidos. Em sua segunda fase, as linhas barrocas apresentaram-se de modo mais claro no mobilirio portugus: as pernas curvas em cabriol de sada brusca, por influncia inglesa (dos estilos Rainha Ana e georgiano), a presena de ps de garra e bola, elementos decorativos entalhados, como folhas de acanto e conchas nos espaldares dos mveis de assento, nas joelheiras e saias. A talha sobre o mvel deste perodo mostrou-se profunda, cheia e em profuso, obscurecendo os torneados e goivados do estilo anterior, ainda marcado pelo nacional-portugus. O encosto dos mveis de assento comeou a apresentar-se vazado, com uma tabela ao centro. A cadeira de sola, de couro lavrado, permaneceu no repertrio do mobilirio luso-brasileiro, adaptando-se s formas do barroco e, mais tarde, do rococ.Justamente, a terceira fase do estilo joanino indicou a transio do barroco ao rococ, no que se refere moblia. Surgiram as cadeiras com assento de palhinha, encostos vazados com tabela central em forma de violo e entalhes em forma de um feixe de plumas no alto do espaldar, tanto das cadeiras como das camas. As cmodas passaram a adotar linhas curvas em seu corpo mesmo. Imprimiam-se, sobre os mveis de um modo geral, alguns elementos de chinoiserie.Foi, portanto, das caractersticas de transio do terceiro e ltimo perodo do estilo joanino que se apresentaram novas formas na moblia, como na talha em geral e nas grandes composies dos retbulos, o rococ portugus que se convencionou chamar de estilo D. Jos I, cujo reinado se estendeu entre 1750 e 1777.O estilo D. Jos I, no mbito da moblia portuguesa, segue a ltima fase do D. Joo V, sofrendo influncia do rococ francs, com a adoo definitiva de rocalhas.Fundiram-se s influncias francesas as formas inglesas de derivao rococ, o estilo Chippendale, associadas a elementos tipicamente portugueses. A talha tornava-se, agora, menos profunda e reservada a alguns pontos da pea, em contraste com o aspecto liso e vazio de partes inteiras; desapareciam as amarraes das travas das pernas da moblia, que ganhava agora pernas inteirias em suave cabriol, dotadas de um aspecto esguio e de joelheiras pouco acentuadas. Surge uma grande variedade de cadeiras, de espaldares mais baixos e largos, de assentos mais baixos e, ainda, as cadeiras de canto.As cmodas ganhavam formas abauladas na parte da frente, com salincias e reentrncias. Diversificou-se o uso dos mveis de guarda, e derivaram das cmodas mveis destinados a abrigar a estaturia de devoo domstica, as chamadas cmodas-oratrio. No lugar das camas de galeria ou de bilros, de influncia indiana, que haviam sido considerados como designao de luxo e poder pelos domnios portugueses, surgiram leitos no menos luxuosos com colunas esguias, estriadas e em leve espiral, rematadas por pinculos. Suas cabeceiras recortadas e vazadas passavam a ser decoradas com volutas, conchas, rocalhas, palmas e flores entalhadas em madeira, com medalhes almofadados, estofados com seda, ao centro.Embora ainda houvesse transposio de peas de mobilirio da metrpole colnia, o Brasil do sculo XVIII j contava, certamente, com uma importante produo de moblia, no apenas de aspecto tosco, destinada ao uso cotidiano, mas tambm. Aquela de carter simblico, associada ao luxo e ostentao. Robert Smith salientou a importncia e a qualidade artstica do mobilirio produzido no perodo colonial brasileiro (SMITH, 1979). Entre os importantes centros de produo de mveis, a Bahia tornara-se grande produtora de cadeiras, que reproduziam modelos ingleses do sculo XVIII: introduo da influncia dos modelos dos famosos ebanistas, como Thomas Chippendale, George Happlewhite e Thomas Sheraton. Vale lembrar que estas trs importantes referncias, em termos de produo e exportao de peas e de formas de moblia para o sculo XVIII luso-brasileiro, foram tambm responsveis por publicaes ilustradas com gravuras de completo repertrio de mveis.A influncia de Sheraton se difundiu de tal forma entre marceneiros atuantes no Brasil, sobretudo no contexto de Minas Gerais, que passaram a adotar a simplicidade, as linhas retas do estilo, onde a madeira no se apresentava mais camuflada pelos entalhes, mas ela mesma em tons claros e escuros, tomando como elemento decorativo simplesmente o contraste de cores de madeira, em forma de incrustaes. Dessa adaptao convencionou-se tratar de um estilo Sheraton Brasileiro.Nas ltimas dcadas do sculo XVIII, o mobilirio portugus, e por extenso o mvel brasileiro, submeteu-se a variaes, que sugerem a transio do rococ ao neoclassicismo, cujo nome adotado foi estilo D. Maria I (1777-1792). Na moblia chamada de D. Maria I, ao lado do rococ, formas mais sbrias se delinearam. As pernas dos mveis ganharam um corte circular, ou seja, tornaram-se cilndricas com estrias, como colunetas, desaparecendo, assim, o cabriol. Os novos elementos decorativos adotados foram os fios de prola, os festes de flores, como, alis, flores midas e laos de fita, entalhados em madeira e vazados. De um modo geral, os mveis passaram a apresentar corpos mais retangulares, no lugar da talha compunham-se incrustaes de madeira clara, em filetes, sobre superfcies lisas.Diminuem ou desaparecem completamente os entalhes; e a decorao com incrustaes de madeira ou madreprolas predomina.As camas, consideradas as peas mais interessantes no estilo, tm ps retos e finos; cabeceiras ovais ou hexagonais com pinturas ou tecidos, decoradas ainda. Ccom desenhos incrustados ou por uma talha rasa com motivos caractersticos dos laos de fitas, correntes de prolas, festes de flores midas.Conclui-se que o sculo XVIII brasileiro representou um perodo de importante produo artesanal de moblia e que tal produo evoca no apenas elementos de sua integrao com a arquitetura civil e religiosa, mas tambm o dilogo com a escultura, sobretudo com o repertrio da talha.

Sculo XXI As novas tendncias

O design do sculo XXI resultado de uma transformao grandiosa ocorrida no sculo XX, que abriu as portas para um novo tempo, tempo esse de inovao. Com o avano da tecnologia, permitiu-se o uso de novos materiais, novas formas, cores e texturas, possibilitando maior liberdade de criao.Essa liberdade de criao surge em forma de um adolescente rebelde que apenas reclama, sem argumentos, justificativas ou propostas, pelo que foi censurado. Hoje, no entanto, temos diversas frentes e diversas linguagens de trabalho.Yves Brand, em seu livro, Arquitetura no Brasil, menciona a seguinte concluso, com a qual concordo plenamente: No nos cabe fazer apostas sobre o futuro e ser ele quem decidir, por outro lado parece nos justificado afirmar que um perodo histrico acaba de se encerrar, assim ele descreve, se referindo transio ocorrida no sculo XX.O mobilirio de poca marca o seu tempo, possui partes que dependem uma da outra, nota-se grande preocupao com a juno das duas formas.O design do sculo XXI apresenta as partes fundidas, demonstra preocupao com a plstica como um todo, e com cada ngulo de viso, cada detalhe desenvolvido com esmero, assume maior uso das formas geomtricas, jogo de volumetria, sem deixar de considerar a ergonomia.Podemos citar como caractersticas do design do sculo XXI: Uso da tecnologia; cores vivas no gritantes; ousadia; liberdade; uso comum de plsticos e derivados, espuma, PVC; aplicao de couro ecolgico, materiais reciclveis, e matrias-primas ecolgicas em virtude da sustentabilidade; desenhos orgnicos; valorizao da forma conceitual e releitura de clssicos do mobilirio.Todavia deve-se considerar que um produto para ser um referencial em eficincia, ele deve ser inovador, ter apuro esttico, tecnologia, funcionalidade e hoje deve ter essencialmente responsabilidade ambiental. Dentre muitos produtos, poucas idias prevalecem.

Irmos Campana

Seu mvel mais conhecido, responsvel por sua consagrao internacional, a cadeira Vermelha (acima) pensada em 1993 e comercializada pela Edra a partir de 1998. A ideia surgiu de um emaranhado de cordas e foi desenvolvida atravs de uma estrutura de tubos de alumnio que sustenta o tranado manual dos cordes de algodo. Para que fosse possvel a produo italiana das Vermelho, os designers gravaram em vdeo a parte artesanal do processo de fabricao, ou seja, o tranado. A cadeira j ganhou reedies, como sua verso com a bandeira italiana, e foi o primeiro produto dos Campana produzido industrialmente. Para a dupla, no cenrio do design nacional falta incentivo, mas sobra criatividade. A indstria lana a cadeira e se ela no vende bem de cara, logo sai de linha. Assim fica difcil criar um campo. Na Itlia, o design um produto valorizado e acessvel, no Brasil, se 10% da populao consumir design, muito. A sada seria, alm de mais incentivo governamental, investir em formao e ter pacincia, humanizando o processo e valorizando caractersticas como o artesanato, que ampliariam o acesso.