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TEORIA, HISTÓRIA E CRÍTICA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO II TH 2 Pontificia Universidade Católica de Goiás Escola de Artes e Arquitetura Curso de Arquitetura e Urbanismo Profª. Ana Paula Zimmermann

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TEORIA, HISTÓRIA E

CRÍTICA DA ARQUITETURA E

DO URBANISMO II – TH 2

Pontificia Universidade Católica de Goiás

Escola de Artes e Arquitetura

Curso de Arquitetura e Urbanismo

Profª. Ana Paula Zimmermann

EVOLUÇÃO DA ARQUITETURA

PORTUGUESA -

NA IDADE MODERNA

1490 1540 1580 1680 1750 1780

Estilo Manuelino Arquitetura Chã Pombalino - Restauração

1540 1680 1800

Renascentista

/ Maneirista

Barroco Neoclássico

AS EXPRESSÕES ARQUITETÔNICAS

Com as navegações dos séculos XV e XVI, a arquitetura

portuguesa vai levar suas tendências tradicionalistas e

conservadoras, seu gosto pelas formas simples e

concretas, pelos programas de pequena dimensão e até

mesmo seu apego teimoso que a levou para um

caminho próprio, às recém conquistadas colônias.

No geral, a arquitetura religiosa em Portugal mantém, ao longo do tempo, uma tendência clara pelo uso de formas simplificadas, pelo desenvolvimento de composições retilíneas, e por volumes compactos, além da preferência pelas plantas concentradas, o que vai demonstrar uma forte associação aos modelos de espírito mais românico. Vão ser exatamente essas características, encontradas em sua essência mais pura nas capelas rurais, tanto do interior português quanto do italiano, que os jesuítas vão utilizar como base para o desenvolvimento de uma arquitetura própria.

AS VERTENTES ESTRANGEIRAS

A arquitetura dos jesuítas vai ser, então, caracterizada por uma simplicidade extremada, que se estrutura, na planta, pelo uso generalizado de apenas uma nave, além de apresentar a fachada completamente desprovida de elementos decorativos, marcada pela forma retangular e geralmente coroada por um frontão triangular reto.

AS VERTENTES ESTRANGEIRAS

Mesmo assim, a orientação classicizante das formas renascentistas herdadas pelo Maneirismo aparece, a partir daí, também nos edifícios públicos, e vai marcar esse tipo de construção não só na metrópole mas também em todo o mundo colonial português.

AS VERTENTES ESTRANGEIRAS

Igreja de São Vicente de Fora, 1602

A partir de 1640, inicia-se a transição entre a Arquitetura Chã para o Barroco tardio. O momento é marcado pela hesitação entre os condicionantes econômicos e militares (fim da União Ibérica) e o desejo de renovação – Igrejas de transição, como a do Colégio Jesuíta em Santarém.

AS VERTENTES ESTRANGEIRAS

No momento a seguir assiste-se a uma fase de definição estilística (Igreja Santa Engrácia 1681-1713), ensaiam-se as naves octogonais (Igreja Bom Senhor da Cruz, em Barcelos).

AS VERTENTES ESTRANGEIRAS

Igreja de Santa Engrácia em Lisboa.

Igreja Bom Senhor da Cruz, em Barcelos

Depois de 1700, temos o auge da azulejaria (Cúpula das Mercês em Lisboa), e 1717 torna-se o marco da dispersão dessa postura mais amadurecida do Barroco.

AS VERTENTES ESTRANGEIRAS

Barroco da Corte, especialmente em Lisboa – artistas estrangeiros financiado pelo ouro Brasileiro. Ex: Convento de Mafra (1717-50).

AS VERTENTES ESTRANGEIRAS

O ano de 1697 é uma data importante para a arquitetura portuguesa. Foi nesse ano que foi descoberto em Minas Gerais, no Brasil, ouro, pedras preciosas e diamantes. A extração desses materiais enriqueceu muito a coroa portuguesa, que aplicava impostos altíssimos pela sua exploração. Este acontecimento tornou Portugal no país mais próspero e rico da Europa do século XVIII. O rei D. João V tentou rivalizar com o rei francês Luís XIV, o Rei Sol, construindo o maior número possível de edifícios luxuosos. O rei português, ao contrário de Luís XIV, não tinha disponíveis arquitetos nacionais para executar os seus planos megalómanos. Portanto, o muito dinheiro vindo do Brasil serviu para contratar arquitetos que projetaram inúmeras obras, tendo algumas delas nem chegado ao fim.

AS VERTENTES ESTRANGEIRAS

O Barroco evoluiu naturalmente para o Rococó. Foi desenvolvido principalmente no norte do país. Um exemplo dessa época é a obra do arquiteto italiano Nicolau Nasoni, a igreja e a Torre dos Clérigos no Porto. O Santuário do Bom Jesus do Monte, perto de Braga, desenhado por Carlos Amarante é um exemplo notável do rococó, contendo uma escadaria barroca com 116 m.

AS VERTENTES ESTRANGEIRAS

Igreja São Pedro dos Clérigos

No terremoto de 1755 e o maremoto que se seguiu destruiram grande parte da capital portuguesa. D. José I e o seu primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal organizaram um grupo de homens para reconstruirem a baixa da cidade. O Pombalino é de novo, tal como a arquitetura Manuelina e a Chã, fruto da necessidade e do espírito de iniciativa de Portugal. Recebe este nome devido ao Marquês de Pombal, poderoso ministro de D.José, principal impulsionador da reconstrução e verdadeiro governante do reino, sem o qual não teria sido possível obra de tamanha envergadura.

1755 – LISBOA DESTRUÍDA

Arco Triunfal da Rua Augusta, na Praça do Comércio.

O terremoto fez-se sentir na manhã de 1 de Novembro de 1755

O epicentro não é conhecido com precisão mas estima-se que seja no mar, entre 150 a 500 quilómetros a sudoeste de Lisboa. A magnitude pode ter atingido 9 na escala Richter.

Relatos da época afirmam que os abalos foram sentidos, consoante o local, durante entre seis minutos a duas horas e meia, causando fissuras enormes de que ainda hoje há vestígios em Lisboa.

“...com os vários desmoronamentos os sobreviventes procuraram refúgio na zona portuária e assistiram ao recuo das águas, revelando o fundo do mar cheio de destroços de navios e cargas perdidas. Poucas dezenas de minutos depois, um tsunami, (que atualmente se supõe ter atingido pelo menos seis metros de altura) fez submergir o porto e o centro da cidade, tendo as águas penetrado cerca de 250 m. Nas áreas que não foram afetadas pelo tsunami, o fogo logo se alastrou, e os incêndios duraram pelo menos cinco dias. Todos tinham fugido e não havia quem o apagasse.”

O padre Manuel Portal é a mais rica e completa fonte sobre os efeitos do terramoto, tendo descrito, detalhadamente e na primeira pessoa, o decurso do terremoto e a vida lisboeta nos meses que se seguiram.

O DIA SEGUINTE

A família real portuguesa escapou à catástrofe. O Rei D. José I e a corte tinham deixado a cidade depois de assistir a uma missa ao amanhecer, encontrando-se em Santa Maria de Belém, nos arredores de Lisboa, na altura do terramoto.

Tal como o rei, o Marquês de Pombal, Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra e futuro primeiro-ministro, sobreviveu ao terramoto. Com o pragmatismo que caracterizou a sua futura governação, ordenou ao exército a imediata reconstrução de Lisboa.

A sua rápida resolução levou a organizar equipes de bombeiros para combater os incêndios e recolher os milhares de cadáveres para evitar epidemias.

O ministro e o rei encomendaram aos arquitetos e engenheiros reais, e em menos de um ano depois do terramoto já não se encontravam em Lisboa ruínas e os trabalhos de reconstrução iam adiantados.

O rei desejava uma cidade nova e ordenada e grandes praças e avenidas largas e retilíneas marcaram a planta da nova cidade.

A maior parte da reconstrução foi paga com o ouro retirado da Capitania de Minas Gerais na colónia brasileira, que viu um aumento em seus impostos.

O novo centro da cidade, hoje conhecido por Baixa Pombalina é uma das zonas nobres da cidade. Serão dos primeiros edifícios mundiais a serem construídos com proteções à prova de sismos (anti-sísmicas), que foram testadas em modelos de madeira, utilizando-se tropas a marchar para simular as vibrações sísmicas.

Inicia-se assim a construção de uma nova capital:

Lisboa Pombalina. Em vez do antigo e sinuoso traçado

das ruas, optaram por ruas largas, retilíneas e cortadas

em ângulo reto, terminando na harmoniosa Praça do

Comércio, frente ao Tejo.

Pombalino, Arco do Triunfo, Lisboa no terreiro do paço

No local onde existia o antigo palácio real foi construído um

conjunto de repartições do estado.

Para homenagear os comerciantes que, com o seu

dinheiro, ajudaram o Marquês de Pombal a reconstruir

a cidade, foi dada a esta praça o nome de «Praça do

Comércio». No centro, ergueu-se a estátua equestre

de D. José I.

Pombalino, Arco do Triunfo, Lisboa no terreiro do paço

O edifício Pombalino é uma estrutura até quatro pisos, com arcadas para lojas no piso térreo, varandas ou varandins no primeiro andar e cobertura em água furtada. Todas as construções seguem a mesma tipologia, sendo acrescentados pormenores decorativos na fachada consoante a importância do local. As construções são isoladas por quebra-fogos e respeitando a volumetria máxima imposta – considerava-se que os quatro pisos eram os ideais em caso de nova catástrofe.

AS VERTENTES ESTRANGEIRASC

Pombalino, fachada

Pombalino, azulejos

A construção dos palácios é também regulamentada, obrigando uma sobriedade sem ostentação, muito impopular entre a aristocracia, permitindo efeitos decorativos apenas no portal e janelas um pouco mais elegantes que os prédios de habitação. As igrejas seguem o espírito da época. O número é drasticamente reduzido, seguindo os mesmos princípios construtivos, alguma decoração arquitetônica exterior e tipologias bem definidas. São edifícios de nave única com altares laterais, decoração interna seguindo as formas do Rococó, materiais fingidos em madeira e estuque, alguma pintura

AS VERTENTES ESTRANGEIRASC

Pombalino, igreja, Lisboa

Bibliografia:

COELHO, Gustavo Neiva. O Espaço Urbano em Vila Boa. Goiânia: UCG, 2001.

FERNANDES, José Manoel. A Arquitectura. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1991.

VAZ, Maria Diva A. C. e ZÁRATE, Maria Heoísa V. A casa goiana: documentação arquitetônica. Goiânia: Ed. Da UCG, 2003.