HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR - Estudar Fora

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HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR Conheça 10 brasileiros que enfrentaram situações adversas e foram aprovados nas melhores universidades do mundo.

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HISTÓRIAS PARA TE INSPIRARConheça 10 brasileiros que enfrentaram

situações adversas e foram aprovados

nas melhores universidades do mundo.

Sonho de muitos brasileiros, fazer uma graduação ou pós

no exterior é um projeto que exige esforço e determinação.

Primeiro, para enfrentar o processo de application

(candidatura) que, apesar de não ser necessariamente

difícil, é complexo e envolve diferentes etapas: prova

padronizada, teste de proficiência em inglês, análise de currículo, envio de redações e de cartas de recomendação, e realização de

entrevista. Depois, o desafio é econômico já que não é nada barato estudar nas melhores universidades do mundo.

A mensalidade de um curso de graduação em uma universidade

média dos Estados Unidos pode chegar a US$ 30 mil por ano. Em

Harvard, a 'top' dos rankings, a anuidade sobe para US$ 43 mil.

Quando o assunto é pós-graduação, os preços são ainda mais

elevados. O mestrado executivo na Booth School of Business, a

escola de negócios da Universidade de Chicago, por exemplo, sai

por US$ 168 mil.

As barreiras para estudar fora são grandes, mas nunca

intransponíveis. E é isso o que mostram os personagens deste

especial. Eles são pessoas como você, de diferentes lugares do Brasil, de escolas públicas e privadas, e que têm em comum o desejo de ir além.

Neste guia você ira conhecer histórias como a de Alexandre Miranda, de 24 anos, que saiu do interior de Pernambuco e

conseguiu um estágio no hospital de Harvard. Outro exemplo inspirador é o da baiana Georgia dos Santos, de 19 anos, que em

2015 foi aprovada em 9 universidades dos EUA. Negra, da família

de classe média baixa, ela conseguiu chegar lá: "Não gosto de me ver como exceção, ainda que eu seja. Não conheço outra

nordestina, negra que tenha sido aprovada nessas universidades.

Mas há muita gente que é capaz e que precisa de oportunidade e, principalmente, de acreditar que pode".

E você, acredita que pode?

Inspire-se na história desses 10 de brasileiros que conseguiram

estudar fora mesmo quando muitos diziam que era impossível!

No site estudarfora.org.br/especiais você tem acesso a guias exclusivos e gratuitos.

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR

"VOCÊ NÃO PODE PERMITIR QUE AS CIRCUNSTÂNCIAS TE DEEM LIMITES”

Georgia Gabriela Sampaio. Guarde este

nome. Esta brasileira de 19 anos promete

fazer história: nordestina – nascida e

criada em Feira de Santana, na Bahia –

negra, de classe média baixa (filha de uma cabeleireira e de um comerciante) será a primeira de sua família a entrar na universidade. Ela só não

sabe qual ainda, pois foi aprovada em Stanford,

Columbia, Dartmouth, Yale e Duke – universidades

norte-americanas que estão entre as melhores e

mais seletivas do mundo. Em Stanford, por exemplo,

somente 5,1% dos candidatos que tentaram uma

vaga em 2015 foram aceitos.

Georgia também é disputada por Middlebury,

Northeastern, Barnard e a inovadora Universidade

Minerva. Em Duke, conseguiu uma bolsa de estudos

que cobre integralmente o valor da mensalidade

de US$ 47.488 por ano, gastos com alimentação e

moradia e ainda prevê um auxílio anual de US$ 7 mil para a realização de pesquisas. A instituição está realmente determinada a tê-la. “Meu Deus, é muito difícil escolher. Estou entre Stanford e Duke, mas

imagina só: como eu vou dizer ‘não, obrigada’ para

Yale ou Columbia?”, ri, nervosa. “Será que eu posso fazer um semestre em cada?”, brinca.

Antes de poder dizer ‘não’, no entanto, Georgia ouviu

muitos ‘nãos': em 2014, foi rejeitada pelas sete

universidades nas quais tentou vaga, foi reprovada

→ Em 2014, a baiana Georgia Sampaio foi recusada pelas escolas nas quais tentou vaga. Neste ano, conquistou nomes como Columbia, Yale e Stanford

em programas de preparação para a graduação fora,

e viu sua pesquisa científica ser ignorada.

Como foi a reviravolta? Conheça a história dela:

INFÂNCIA E INCENTIVO AOS ESTUDOS Durante a

infância, Georgia sempre foi incentivada pelos

pais a estudar. Sua mãe, Sidney, ciente da baixa

qualidade, em geral, das escolas públicas de seu

bairro, batia na porta de escolas particulares em

busca de bolsa de estudos para a filha. Cabia à Georgia se destacar para “justificar” o investimento das instituições. “Participava de várias olimpíadas científicas para poder apresentar um currículo legal para as escolas e assim ganhar as bolsas. Lembro

que era das poucas meninas que participava dessas

competições e a única negra”, diz.

Foi com essa tática de pedir bolsas de estudo que ela cursou o ensino médio de graça no colégio

Helyos, um dos mais prestigiados – e caros – de

Feira de Santana.

1ª TENTATIVA DE ESTUDAR FORA No final de 2012, Georgia descobriu que havia a possibilidade de estudar

fora. Mas, para isso, precisaria enfrentar o processo

de application (candidatura), que envolve provas

padronizadas (SAT ou ACT), exame de proficiência em inglês (TOEFL ou IELTS), análise de currículo escolar, envio de cartas de recomendação e redações.

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR GEORGIA GABRIELA SAMPAIO

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR GEORGIA GABRIELA SAMPAIO

“Em junho de 2013, fiz o SAT pela 1ª vez e fui péssima, tirei 1.560 pontos”, conta. A prova vale 2.400 pontos e as melhores universidades

costumam avaliar candidatos que conseguem acima

de 2.000. “Meu inglês não era muito bom, então, eu dava aulas de inglês básico para poder pagar as minhas próprias aulas”, explica.

O processo todo foi permeado de contratempos:

“Como tive que trabalhar para pagar as taxas das provas, não pude me dedicar como gostaria aos

estudos. No fim daquele ano, fiquei doente e passei 15 dias internada. Quando fiz o TOEFL e o SAT 2 ainda estava mal. A diretora da minha escola fez

uma carta de recomendação generalista…” Em resumo, deu tudo errado. Ela foi rejeitada nas sete

universidades que prestou, incluindo Yale, Duke e

Columbia, que agora a disputam.

Foi reprovada também nos cursos preparatórios

gratuitos para graduação no exterior oferecidos pela

EducationUSA e a Fundação Estudar.

TENTAR DE NOVO? Como havia sido aprovada no

vestibular da Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ) e tinha uma graduação “garantida”, Georgia convenceu os seus pais de que deveria tentar de

novo uma vaga em uma universidade fora.

Em 2014, no gap year, dedicou-se integralmente a

tornar seu perfil mais competitivo. O primeiro passo foi melhorar as notas no TOEFL e no SAT: “Estudei o livro inteiro do TOEFL e acho que isso me ajudou

muito. Também imprimi 10 simulados do SAT.

Primeiro, treinei responder às questões no tempo exigido. Depois, refiz tudo para responder certo”, diz. Em janeiro deste ano, em sua terceira e última

tentativa, ela obteve 2.070 pontos no SAT.

Paralelamente aos estudos, Georgia se dedicou a

atividades extracurriculares – trabalho voluntário, simulações da ONU, grupos de discussões políticas

e feministas – e à sua pesquisa sobre endometriose.

O desejo por estudar um tema tão específico ligado à saúde da mulher surgiu após uma tia materna ter que retirar o útero, no fim de 2012, por conta da doença. O diagnóstico da endometriose, descobriu

a jovem, é caro e feito com base em exames de

ultrassonografia e ressonância magnética, fazendo com que muitas mulheres – a exemplo de sua tia –

descubram a doença quando já é tarde demais.

“Meu objetivo é encontrar formas de tornar o diagnóstico da endometriose mais simples a

barato por meio de exames laboratoriais (como o

de sangue) e não de imagem”, diz. Georgia conta

"COMECEI A ACHAR QUE ERA POSSÍVEL FAZER O APPLICATION PORQUE JÁ TINHA CONSEGUIDO OUTRAS COISAS IMPOSSÍVEIS'" Georgia Sampaio

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR GEORGIA GABRIELA SAMPAIO

que procurou diversos médicos, laboratórios e

universidades brasileiras, mas sua pesquisa só

recebeu atenção depois que ela foi selecionada pelo

programa Village to Raise a Child, criado por alunos

de Harvard para identificar empreendedores que estivessem fazendo a diferença na comunidade em

que vivem. No final de 2014, ela viajou aos EUA com todas as despesas pagas para palestrar na mais

conceituada universidade do mundo. O episódio foi

um divisor de águas: “Foi fundamental para validar minha pesquisa e, depois de tantas negativas,

mostrar que o assunto é importante sim e que devo

continuar investindo nisso”.

FIM OU COMEÇO? O resultado dos esforços de 2014

veio em março, com as cartas de aprovação das

nove universidades. Quando questionada como

enxerga o próprio feito, Georgia não titubeia: “Não gosto de me ver como exceção, ainda que eu seja.

Não conheço outra nordestina, negra que tenha

sido aprovada nessas universidades. Mas há muita gente que é capaz e que precisa de oportunidade e,

principalmente, de acreditar que pode”.

“Durante minha vida, sempre fui conquistando coisas bacanas. Por exemplo: estudar no Helyos era

algo inacreditável para alguém do meu contexto, passar na UFRJ também. Então, comecei a achar

que era possível fazer o application porque já tinha conseguido outras coisas ‘impossíveis'”, afirma.

Segundo ela, o que fez a diferença foi tentar sempre

“ir além” do seu limite, ainda que este “além” seja diferente para cada pessoa: para alguns, pode ser a

aprovação em um vestibular local, a conquista de um

estágio ou o aprendizado de uma nova língua. “Fácil não é, mas acho que você não pode permitir que as circunstâncias te deem limites”. Leia a redação que

ajudou Georgia a ser aprovada em 9 universidades.

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR

“É PRECISO SER BOBO O SUFICIENTE PARA ACREDITAR NAQUILO QUE TODO MUNDO FALA QUE É LOUCURA”

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR GUSTAVO TORRES

Gustavo Torres nasceu e cresceu no

Capão Redondo, bairro da periferia da

cidade de São Paulo. Assim como seus

amigos, estudou em escola pública –

especificamente na Escola Estadual Miguel Munhoz Filho. Mas sua trajetória difere da maioria

dos jovens de baixa renda de sua região: hoje, aos

17 anos, Gustavo foi aprovado em cinco das mais

prestigiadas universidades do mundo: Columbia,

Duke, Harvard, Stanford e MIT

Apesar do feito, ele recusa a ideia de genialidade e

diz que a aprovação tem muito mais ligação com

determinação e esforço: "Não é impossível, não sou nenhum gênio, sou um cara normal, do Capão Redondo", ri. “No meu 1º SAT (prova padronizada

utilizada para admissão nas faculdades) tirei uma

nota horrível. Tive que estudar muito", diz.

Ao longo do processo, Gustavo conta que passou

noites em claro escrevendo e revisando essays

(redações). “Quando dormia duas ou três horas por noite, meus pais falavam: ‘Gu, você está fazendo mal pra você’. Mas você tem que acreditar. Se você tem um objetivo fixo, você tem que acreditar e criar uma estratégia para chegar lá”.

Ser aprovado no MIT teve um gosto especial para

Gustavo já que foi por causa da universidade que nasceu o interesse dele de estudar fora. Em 2010,

seu colega Marco Antônio Pedroso, bolsista do Ismart (instituto que apoia jovens talentosos de

→ Conheça a história de Gustavo Torres, estudante da periferia de São Paulo que foi aprovado em Columbia, Duke, Harvard, Stanford e MIT

baixa renda e que Gustavo também integrou), foi

aprovado no MIT. "Foi a 1ª vez que ouvi a história de alguém que tinha passado em uma faculdade norte-

americana. Hoje, é surreal eu estar nesta situação."

Além do apoio do Ismart, que concedeu-lhe bolsa de

estudos integral em um colégio particular da capital

paulista, Gustavo teve o apoio do Prep Scholars,

o programa da Fundação Estudar de preparação

gratuita para a graduação fora. "Fazer parte do Scholars me permitiu ter informações rápidas o tempo todo, tanto com os consultores como com os

próprios alunos. O tempo todo eles tiravam minhas

dúvidas sobre o processo de application e sobre

estudos para provas. Toda essa ajuda foi essencial

para os bons resultados", diz.

Para quem também sonha em estudar fora, a

primeira dica dele é melhorar o inglês: "Sei que o da escola pública, pelo menos o da maioria, não é

bom. Então, você tem que dar um jeito de estudar. Outra coisa importante, e não só para estudar fora,

mas para a vida é buscar aquilo que faz sentido

para você, que você realmente gosta. A gente não faz isso, só segue o senso comum", diz. Outro ponto fundamental é não desanimar diante dos percalços:

"É preciso ser bobo o suficiente para acreditar naquilo que todo mundo fala que é loucura." Quer saber mais sobre a história do Gustavo? Assista a

um bate-papo com ele no Estudar Fora.

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR

Não importa da onde você vem, mas aonde quer chegar”, é uma das frases preferidas do carioca Gerson Saldanha, de 24 anos,

estudante de relações internacionais.

Autointitulado um “jovem da nova classe C”, ex-barbeiro, filho de um porteiro e uma cuidadora de idosos, ele já realizou dois intercâmbios e está planejando o terceiro. Depois de conhecer Seattle,

nos Estados Unidos, e Londres, na Inglaterra, seu

objetivo agora é ir para o Japão. E ele quer também

inspirar outros jovens a seguir o mesmo caminho:

em 2014, começou a visitar escolas da rede pública

na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, para

contar sua história e mostrar que, mesmo não sendo

rico, dá para sonhar grande.

A história de Gerson começou a mudar numa manhã

cinzenta de maio de 2013. Como de costume,

pegou um exemplar do jornal O Globo para levar

à barbearia onde trabalhava e dar para os clientes lerem enquanto cortava-lhes os cabelos. Naquele dia,

no entanto, resolveu folhear a página de esportes e deparou-se com o anúncio de um concurso que daria

ao vencedor uma intercâmbio de um mês nos EUA.

"NÃO IMPORTA DA ONDE VOCÊ VEM, MAS AONDE QUER CHEGAR"

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR GERSON SALDANHA

→ Após viajar para os Estados Unidos e a Inglaterra, o ex-barbeiro Gerson Saldanha criou um projeto para incentivar jovens pobres a estudarem fora!

Para participar, era preciso responder à pergunta “Qual conexão geek você traz de bagagem para o seu caminho?”. Gerson, que não costumava participar de competição alguma, fez uma bela redação – veja

aqui, na página 17 – e ganhou o prêmio.

“Até tinha esquecido que tinha participado. Daí, um dia, seguindo o mesmo ritual de pegar o jornal e

levar à barbearia, vi meu nome estampado. Nem acreditei, fiquei 'felizão'”, conta. Ele diz que, mais do que uma viagem, ganhou uma nova visão de mundo:

“Embarquei para os EUA no dia do meu aniversário. Lá, conheci gente de vários países, várias classes sociais, e percebi que temos mais em comum do que

imaginamos. Todo mundo quer mudar o mundo à sua maneira”.

Durante um mês, pela manhã, Gerson tinha aulas de inglês na Universidade de Ever Green e à tarde participava de atividades (passeios, seminários, etc) com os alunos. Das várias palestras que assistiu, não vai se esquecer tão cedo da de Matt Groening, o

criador dos Simpsons. “O cara é demais, sou fã”.

De volta ao Brasil, sua história de “barbeiro, bom de redação e que havia conhecido Seattle”, chamou a atenção de uma agência de intercâmbio, que o convidou para realizar um intercâmbio de duas

semanas em Londres, com tudo pago. Em troca, ele

só teve que aproveitar muito, conhecer vários lugares diferentes e tirar dezenas de fotos, marcando sempre

a escola e a agência a fim de divulgá-los.

Agora, Gerson está juntando dinheiro e buscando bolsas de estudo e outras oportunidades que o

levem a Tókio. Este é o passo imediato – o de longo

prazo é fazer uma pós-graduação em relações

internacionais, sua área, no exterior. Paralelamente, ele visita escolas para contar sua história e motivar

adolescentes a partir da 8ª série a irem atrás daquilo que desejam.

“No começo, é difícil, a sala fica na maior bagunça, acham que é alguém que vai vender coisa ou falar

bobeira. Mas, quando começo a contar a minha

história, eles logo se identificam. Sou pobre, da Baixada como eles, estudei a vida toda em escola

pública e, na época em que ganhei o concurso, meu

pai era pedreiro e minha mãe estava desempregava.

Eles também estão acostumados a trabalhar desde

cedo como mecânico, em casa de família… E eu

trabalhei anos como barbeiro para ajudar em casa”, diz ele, que depois de quatro anos de tentativas

conseguiu a pontuação necessária no Enem para conseguir uma bolsa integral na universidade pelo

Prouni (programa federal que concede bolsas de

estudo a jovens de baixa renda).

“Só quero mostrar que é possível ir além. Na época em que eu estava no ensino médio, não tinha acesso

a essas informações e não sabia que era possível

fazer uma graduação fora do país. Hoje, sei que é, e

quero incentivá-los a tentar”, conta. Quer saber mais? Acesse aqui uma cartilha com dicas do Gerson.

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR

"OS SONHOS SÓ SE REALIZAM QUANDO A GENTE SE RECUSA A DESISTIR DELES"

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR LARISSA MARANHÃO

Em 29 de março de 2012, a alagoana Larissa

Maranhão recebeu um e-mail que mudaria

para sempre sua vida. Finalmente, chegara a

resposta da Universidade Harvard, nos EUA,

para onde havia aplicado no ano anterior.

“Um sonho que estava sendo construído há oito anos foi massacrado em apenas dois segundos quando

vi que não havia sido aceita”, diz. “Fiquei lendo e relendo o e-mail, passei dia e noite olhando para a

parede. Foi como se minha vida tivesse perdido o

sentido: ‘O que eu vou fazer agora?'”.

Desde o ensino fundamental, Larissa sonhava em

ingressar na melhor universidade do mundo, e não

poupou esforços para isso. Tirava notas excelentes

na escola e, no 3º ano do ensino médio, conta que acordava às 3h15 todos os dias para estudar para o TOEFL e o SAT antes de ir para as aulas. Isto, no

entanto, não foi suficiente.

“Com a negação, só conseguia pensar onde foi que eu havia errado e se tivesse uma nova chance o que

→ Rejeitada em Harvard na 1ª tentativa, a alagoana Larissa Maranhão não desistiu, tentou mais uma vez e hoje estuda economia na instituição

faria de diferente”, conta. Ela já estava matriculada em economia na Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ) quando decidiu largar o curso para

se dedicar integralmente a um novo processo de

application (candidatura) para Harvard, dar-se uma

nova e última chance. O resultado saiu em 28 de

março de 2013 e, desta vez, Larissa foi aprovada!

“Se eu tivesse me acomodado com aquele primeiro ‘não’ e ficado na UFRJ – lugar dos sonhos de muitos, mas não do meu sonho – não teria as oportunidades

incríveis que tenho hoje”, afirma. “A lição que tiro é que não podemos deixar os desafios que temos, o lugar da onde viemos e os ‘nãos’ que recebemos

contaminarem nosso futuro, porque os sonhos só se

realizam quando a gente se recusa a desistir deles.”

Hoje, Larissa tem emolduradas na parede tanto a

carta de rejeição como a de aceitação em Harvard

porque acredita que as duas foram igualmente

importantes. “Fracasso é oportunidade de aprender.”

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR

"MUITA GENTE DISSE QUE ERA IMPOSSÍVEL EU ESTUDAR EM HARVARD, PROVEI QUE NÃO"

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR ALEXANDRE MIRANDA

Mais de 6.500 km separam a cidade

de Petrolina, no interior do Estado de

Pernambuco, onde fica um dos campi da Universidade Federal do Vale do

São Francisco (Univasf), da cidade de

Boston, nos Estados Unidos, onde está localizada a Harvard Medical School — a melhor faculdade de

medicina do mundo, segundo os principais rankings

internacionais. Essa distância geográfica foi apenas uma das barreiras, e provavelmente a mais fácil, que Alexandre Miranda, de 24 anos, estudante do 4º ano de medicina da Univasf, transpôs para ir atrás de seu sonho. “Diziam que estudar fora só serviria para atrasar a minha formatura. Ouvi de muitas pessoas,

inclusive de professor, que era impossível conseguir

um estágio em Harvard”, conta. “Provei que não”.

Impossível, certamente, não é. Mas o caminho é

tortuoso e exige muita determinação para percorrê-lo. Aos 15 anos, Alexandre decidiu que queria estudar

no exterior e, desde então, começou a se preparar.

Além de obter boas notas no colégio, investiu

em pesquisas e atividades extracurriculares. “Fiz trabalho voluntário e, já na faculdade, participei de sete congressos e de ligas acadêmicas. Um curso que me ajudou bastante foi o de Fundamentals of

Clinical Trails no edX (plataforma de cursos online e

grátis de Harvard e MIT)”.

→ Estudante de medicina do interior de Pernambuco conta como conseguiu um estágio no hospital da mais famosa universidade do mundo

A chance de ir para os Estados Unidos veio em

2013 por meio do programa Ciência sem Fronteiras (CsF), do governo federal. Mas havia outro obstáculo importante no caminho: o inglês. Mesmo tendo estudado no Brasil, Alexandre não conseguiu uma

nota satisfatória no TOELF (exame que mede

proficiência em língua inglesa) e foi enviado à Universidade do Arizona para ganhar fluência no idioma antes de poder assistir às aulas do curso de medicina, propriamente. “Cheguei aos EUA em agosto de 2013 e fiquei quatro meses só estudando inglês. Em janeiro, ingressei em um bridge programe, em que continuei tendo aulas de inglês, mas pude cursar algumas disciplinas da minha área”, explica.

Nesse período, porém, chegou à conclusão de que seria mais vantajoso realizar um internship (estágio não remunerado) em um hospital de ponta do país

do que assistir a aulas teóricas na universidade.

“Mandei e-mails com meu currículo e uma carta de apresentação para mais de 200 pesquisadores e fui

chamado para algumas entrevistas", conta. “Um belo dia, durante a aula, acessei meu e-mail pelo celular

e vi que havia um comunicado da Harvard Medical

School: tinha sido aceito como pesquisador visitante!

Saí da sala correndo, chorando e fui ligar para os

meu pais”, lembra, emocionado.

Com a aprovação, Alexandre conseguiu junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (Capes) extensão de sua bolsa de

estudos. Durante 9 meses, trabalhou no hospital de

Harvard, pesquisando sobre saúde cardiovascular.

“A grande mensagem que ficou é que, apesar de ser difícil, não é impossível. Muitos colegas acham que

precisam ser um Albert Einstein ou ter descoberto a

cura do câncer para ir à Harvard. Mas não é por aí: é preciso ter competência, determinação e tentar. A gente só sabe tentando”, afirma.

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR

Cassiano dos Santos, de 20 anos, estuda

business (negócios) em uma da melhores

escolas do mundo: a Babson College, nos

EUA. Sua história poderia ser só mais

uma de sucesso dentre tantas outras que

existem por aí. Mas não é. Filho de nordestinos muito

humildes, ele precisou superar barreiras que pareciam

intransponíveis para chegar aonde está hoje.

Natural de Lagarto, uma cidade de apenas 100

mil habitantes que fica a pouco mais de 60 km de Aracaju (SE), Cassiano conta que o primeiro

obstáculo surgiu dentro de casa: "Meu pais ficavam receosos, com medo de que eu me frustrasse. A vida

não proporcionou a eles as mesmas oportunidades". O jovem é a primeira geração de universitários da família, o que por si só já é um grande feito. Mas ele queria mais.

Ainda no ensino médio, participou do programa

Jovens Embaixadores, que permitiu que passasse

um três semanas nos EUA com todas as despesas pagas. No ano seguinte, conseguiu outra bolsa de

estudos, e foi passar um ano em Chicago, desta vez,

pelo programa Global Citizens of Tomorrow.

"ABRACE SEUS SONHOS E NÃO SOLTE DELES ATÉ CHEGAR LÁ"

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR CASSIANO DOS SANTOS

→ Cassiano dos Santos saiu do interior de Sergipe e foi parar em uma das melhores escolas de negócios do mundo!

Cassiano conta que estudou no antigo CEFET,

hoje chamado de Instituto Federal. "A escola deu a estrutura necessária para que eu conseguisse explorar meus talentos. Participei de pesquisas

científicas com bolsa do CNPq, tive professores no ensino médio que também eram do ensino superior.

Na verdade, a escola, embora pública, fazia tudo o

que podia pelos seus alunos. Um dos meus colegas,

por exemplo, participou de olimpíadas internacionais;

outro conseguiu passar um ano na Europa num

intercâmbio super competitivo", elogia.

Ao final do terceiro ano, depois de ter conseguido prêmios, viagens e de ter aparecido na mídia, o jovem decidiu prestar vestibular para Direito na UnB,

uma das universidades mais concorridas do Brasil.

Passou. Antes de abraçar metas mais ousadas, diz

que precisava "garantir seu espaço no Brasil".

Seu sonho era fazer graduação nos Estados Unidos

- algo que considerava impossível. "Eu até poderia ser aceito, mas onde iria conseguir US$ 65mil por

ano para custear meus estudos?", diz, citando o valor médio cobrado de mensalidade pelas universidades

norte-americanas. Foi então que seus pais,

antes receosos, começaram a incentivá-lo: "Você conseguiu tudo o que almejou até agora. Sabemos

que é impossível, mas você vai dar um jeito."

Cassiano decidiu buscar ajuda. Foi atrás da Education USA e participou do Prep Scholars,

programa da Fundação Estudar que prepara

gratuitamente jovens para a graduação no exterior.

"Foram os consultores do Scholars que me falaram de uma bolsa de estudos específica para a Babson", explica. Ele aplicou, foi aceito e conquistou a bolsa.

Cassiano conta que a felicidade que sentiu só não foi

maior que o sentimento de dever cumprido: “Foi uma confirmação que meus esforços valeram a pena. Cheguei aonde queria chegar. Não foi uma coisa de

um ano, mas de anos de preparação. Então, foi um

marco muito grande na minha vida!"

Atualmente, ele está terminando seu primeiro ano de faculdade nos EUA (o chamado freshman year) e

revela seus sonhos para o futuro: "Vou passar um mês no Peru em um programa voluntário, ensinando inglês para as crianças enquanto eu aprendo espanhol. O programa é custeado pela universidade.

Depois, vou passar dois meses e meio como

estagiário da Falconi Consultoria, em São Paulo."

Quanto à vida nos EUA, ele conta: "Aqui, a maioria dos alunos veio das melhores escolas de ensino

médio do mundo. Mas a verdade é que estamos

todos no mesmo patamar. Nunca me senti diferente,

os meus professores me elogiam e estou dentre os

20% melhores".

Ainda que hoje todos estejam no "mesmo ponto", a trajetória que cada um trilhou - e as dificuldades que enfrentou - são bem diferentes: "Sou reconhecido pelo meu esforço", diz. Para quem também quer estudar fora, mas acha que é impossível, assim

como Cassiano acreditava, ele tem uma dica: "Abrace seus sonhos e não solte deles até que chegue lá. Ambição não é algo negativo; é um sentimento que

te tira da sua zona de conforto."

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR

Após ser aprovado em seis universidades

norte-americanas em 2015, o amazonense

Henrique Mello, de 17 anos, virou

celebridade em sua região: "Já dei várias entrevistas, apareci em sites e jornais. Os

meus amigos brincam que eu estou famoso, mas

não me importo com isso", diz. “Aqui em Manaus não é nada comum ver estudantes aprovados nessas

universidades. Então, só conto a minha história

porque se ela puder inspirar outros jovens a tentarem

estudar fora, ficarei feliz”.

Henrique foi aprovado na Universidade de Nova York,

Universidade de Virginia, Middlebury College, Florida

Tech, Columbia e Universidade da Pensilvânia.

Está em dúvida entre as duas últimas, pois ambas concederam-lhe bolsa de estudos integral, que cobre

todo o valor da mensalidade (acima de US$ 40 mil

por ano) e ajuda de custo para viver nos EUA. “É uma decisão muito difícil. As duas universidades

são igualmente excelentes. Estou levando em

"SE A MINHA HISTÓRIA INSPIRAR ALGUÉM A TENTAR ESTUDAR FORA, FICAREI FELIZ"

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR HENRIQUE MELLO

→ O amazonense Henrique Mello, de 17 anos, virou celebridade em sua região após ser aceito em seis universidades dos EUA

é um animal marcante aqui da Amazônia. A arara é um animal bastante independente e eu justifiquei nossa semelhança pela minha independência intelectual de sempre buscar caminhos alternativos

de aprendizado”.

Para quem também sonha em chegar lá, ele tem três conselhos principais: traçar uma meta clara; dedicar-

se a ela; e não desistir.

Henrique conta que chegava a estudar até cinco

horas por dia somente para o SAT. "O estudo quem determina é a pessoa, que tem que procurar saber

o que funciona melhor para ela. Só não deixem

que digam que é impossível ou, se disserem, não

acredite. Só você pode determinar isso porque depende do seu esforço e trabalho".

consideração, principalmente, as cidades (Columbia

fica em Nova York e a Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia) e o ambiente empreendedor de cada uma”, diz ele, que almeja sair da graduação com “alguma empresa criada”.

Enquanto isso, ele se dedica a escrever um livro

digital com dicas para o processo de application

(candidatura). A parte mais difícil, na opinião dele, foi

escrever as essays (redações) e o personal statement

(espécie de ensaio pessoal em que o candidato

conta quem ele é). “Comecei a pensar nos textos em julho de 2014 para entregar a versão final só em dezembro. Escrevi e reescrevi dezenas de vezes.”

Neste processo, ele diz que o apoio da Fundação

Estudar por meio do Prep Scholars, programa

gratuito de preparação para a graduação fora, foi

importantíssimo: “Além da ajuda financeira para viajar até Brasília e realizar o SAT, já que em Manaus a prova não é aplicada, o Prep Scholars me ajudou

muito com as redações. Se não fizesse parte do programa teria enviado textos ‘chatos’ e com erros

gramaticais”, afirma.

No fim, ele acredita que o seu personal statement

“ousado” foi fundamental para as aprovações: “Fiz uma comparação ‘doida’ entre mim e a arara, que

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR

"FRUSTRAÇÕES SÃO INEVITÁVEIS, PRINCIPALMENTE SE VOCÊ TEM SONHOS GRANDES"

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR ANDRÉIA SALES

Desde criança, Andréia Sales, de 18 anos,

é fascinada por descobertas e pelo céu.

Enquanto suas amigas brincavam de

boneca, ela ficava horas aprendendo os nomes das luas de Júpiter e de naves

que foram enviadas ao espaço. Outro de seus

passatempos favoritos era caçar insetos para poder

analisá-los com seu microscópio de brinquedo. "Passava horas observando o céu e me perguntando o que acontecia lá em cima. Minha mãe costuma dizer que a minha “fase dos porquês” nunca passou."

Já na adolescência, estimulada por vitórias em olimpíadas de astronomia, robótica e astronáutica, decidiu que iria perseguir seu sonho de infância.

Estava resolvido: iria ser astronauta. E na jornada

rumo ao espaço, Andreia já obteve sua primeira conquista: em 2014, foi aprovada no curso de

Engenharia Aeroespacial e Física da Universidade

do Colorado at Boulder, nos Estados Unidos.

A instituição está listada entre as 10 melhores universidades americanas nos setores aeronáutico e espacial e possui 18 ex-alunos astronautas, além de

11 ganhadores do Prêmio Nobel.

Já no primeiro semestre em Boulder, Andréia teve a oportunidade de se envolver com uma iniciativa

da NASA chamada Space Grant, por meio da qual

teve a chance de conhecer astronautas como

Buzz Aldrin e Joe Tanner e construir e lançar um

→ Andréia Sales, de 18 anos, está levando a sério o sonho de ser astronauta. Sua 1ª parada é no curso de Engenharia Aeroespacial na Universidade do Colorado

BalloonSat (um satélite que vai até a estratosfera

através de um lançamento de balão). Seu sonho,

a longo prazo, é contribuir com o crescimento da

indústria aeroespacial brasileira. "Queria despertar em mais pessoas esse interesse para que possamos

aumentar exponencialmente nossa participação no

setor aeroespacial, que é tão fundamental para um

país", diz.

E, se puder ser inspiração para outras mulheres,

melhor ainda. "Gostaria de dizer para outras meninas que nunca desistam de seus objetivos, por

mais desencorajadas que elas sejam, e que jamais

duvidem de suas habilidades. Para mim, a grande

razão pela qual há poucas mulheres nas carreiras de exatas é a falta de estímulo para que continuem na

área. Infelizmente, ainda há um grande preconceito quanto à capacidade das mulheres com as ciências e esta é uma situação que precisa muito ser mudada".

Nesse processo de tentar ser astronauta e de

inspirar outras pessoas a seguirem seus sonhos

também, Andréia, apesar de muito nova, já tirou uma lição: "Frustrações são inevitáveis, principalmente, se você tem sonhos grandes e ambiciosos. Acho que o segredo é manter a mente aberta e a experiência valerá a pena, mesmo que não saia exatamente como você quer".

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR

Filho de pequenos pecuaristas, Duval

Guimarães, de 30 anos, nasceu na pequena

cidade de Rio Branco, de apenas 5 mil

habitantes, localizada a 350 quilômetros de Cuiabá (MT). Logo percebeu, porém, que não

tinha o dom de criar gado, tirar leite e produzir queijo

– atividades que vinham sustentando sua família por

tantos anos. Buscando melhor educação, mudou-se

de cidade três vezes até chegar a Timóteo, no interior de Minas, onde concluiu o ensino médio. Nesse

processo, acabou perdendo um ano de escola. “Meus pais nunca me cobraram para ser um bom aluno,

pois essa não era a realidade deles”, explica.

Sua família também não imaginava a importância

que o inglês teria para a sua vida, mas Duval convenceu os pais a o matricularem em um curso do

idioma. Foi uma professora de inglês, inclusive, que lhe deu o primeiro incentivo a estudar fora. “Ela me entregou um panfleto de divulgação de um curso de

"O CAMINHO PERCORRIDO VALE TANTO QUANDO AS CONQUISTAS TANGÍVEIS"

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR DUVAL GUIMARÃES

→ Conheça a inspiradora trajetória de Duval Guimarães, que nasceu em uma cidade 5 mil habitantes no interior do Mato Grosso e fez mestrado em Harvard

idioma nos Estados Unidos. Eu me interessei e vendi

alguns bezerros que tinha ganhado aos 10 anos para

completar o orçamento”, diz.

Em dezembro de 2001 pisou pela primeira vez

em território americano e permaneceu lá por três meses. De volta a Timóteo, deu aulas de inglês com um material diferenciado, que trouxe dos

EUA. Aos poucos, foi aprimorando seus próprios

conhecimentos do idioma, até que decidiu voltar para

os Estados Unidos e ingressou na Santa Barbara

City College – um dos chamados community colleges

norte-americanos que oferecem cursos de dois

anos de duração (ao término os alunos recebem o

chamado associate degree) "Nesse período, trabalhei no que foi possível para me sustentar: pizzaiolo,

ajudante de garçom, operador de telemarketing,

taxista e até de babá", conta.

Depois, Duval conseguiu ser transferido para a

American University, em Washington, onde se

formou em Relações Internacionais. No último

semestre do curso fez um estágio não remunerado na Organização dos Estados Americanos (OEA)

e logo depois foi selecionado no concorridíssimo

programa de trainees do Banco Mundial. A conquista,

diz ele, foi um divisor de águas. "Foi o processo mais seletivo do qual já participei. Isso me fez acreditar que era possível seguir um caminho diferente dos

meus pais e ter uma carreira bacana."

A HISTÓRIA NÃO PARA POR AÍ Em 2011, Duval

candidatou-se ao mestrado em Políticas Públicas

em Harvard. Apesar do currículo notável, obteve uma nota bastante baixa na prova que compõe a

candidatura, o GMAT (540 pontos, enquanto a média

dos alunos das melhores escolas costuma ser acima

de 700), e achou que não seria selecionado: "Fiquei na lista de espera de Harvard e fui pessoalmente

conversar com a diretora do programa. Coincidência ou não, no mesmo dia, recebei um e-mail dizendo

que minha vaga tinha sido aberta.” Ele ainda conquistou uma bolsa estudos da Fundação Lemann

pelo programa Lemann Fellowhip.

Do mestrado, concluído em 2013, destaca o acesso

que teve a uma poderosa rede de contatos: "Estudei com pessoas muito interessantes de vários lugares do mundo, que tinham em comum a vontade de

causar impacto social para seu país. Até hoje a gente

se consulta e se ajuda", diz. De volta ao Brasil, ele atuou por pouco mais de um ano como assessor

especial da Secretaria Municipal de Planejamento,

Orçamento e Informação de Belo Horizonte. Hoje,

é gerente de relações governamentais de uma

empresa de mineração. Na prática, faz a interlocução da companhia com os governos estadual e federal.

Se mudou a vontade dele de causar impacto? De forma alguma. "Aqui descobri muita coisa bacana que pode ser feita em prol da sociedade também via

setor privado. No setor minerativo há transferência de responsabilidade e as grandes empresas

precisam implementar políticas públicas nas regiões

em que vão atuar", diz. "Não deixei de acreditar no setor público, mas isso não quer dizer que não seja

possível fazer mudanças em outras áreas. Na minha experiência, aprendi que o caminho percorrido vale tanto quando as conquistas tangíveis".

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR

Raiam dos Santos, de 25 anos, nunca

se contentou com pouco. E está indo longe em razão de sua obstinação.

Ainda adolescente, conta que via

seus colegas de escola viajarem para

passar 15 dias de férias na Disney, mas achava

que isso não seria suficiente para ele. "Eu queria mesmo era fazer high school nos EUA".

Assim, passou meses e meses pesquisando

sobre agências de intercâmbio, esteve em diversas feiras no Rio de Janeiro e em São

Paulo e se inscreveu em muitos concursos de

bolsas. Até que deu certo: “Fui o 3o lugar do Brasil no concurso da World Study e recebi uma

bolsa para fazer um intercâmbio de um ano na

Califórnia”, revela.

"AS OPORTUNIDADES NÃO VÃO BATERNA SUA PORTA. VÁ ATRÁS!"

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR RAIAM DOS SANTOS

→ Raiam dos Santos, de 25 anos, foi aprovado na UPenn com bolsa de US$ 200 mil e tornou-se uma estrela do time universitário de futebol americano!

Quando embarcou para San Diego, seu objetivo era

simples: queria aprender inglês, voltar para o Brasil e tentar uma vaga em uma universidade pública.

Mas a vida tinha outros planos para ele. “Nos EUA, comecei a me destacar como kicker do time

de futebol americano da escola e vi que esportes

universitários são muito valorizados por lá.

Raiam também descobriu que todos aqueles

jogadores que apareciam nos jogos da NCAA

recebiam bolsa de estudos para representar a

universidade dentro de campo. “Um técnico da minha escola, inclusive, havia jogado futebol americano por

uma grande universidade da NCAA. Um dia, ele me

puxou e falou: se tem alguém nesse time que tem

potencial para jogar na TV aos sábados, esse alguém é você’ ”. Pronto. Foi a partir daí que a vida de Raiam começou a mudar.

“Achei aquilo o máximo e, então, entrei em college

mode. Sabia que meus pais não podiam pagar uma

faculdade norte-americana e pensei que o esporte

seria a saída”, relembra. Raiam passou a se dedicar muito mais ao esporte. Além dos treinos de agilidade

e técnica, o jovem fazia musculação e yoga. No

tempo livre, pesquisava tudo o que podia sobre o

processo de admissão das universidades de lá.

De volta ao Brasil, com o pai desempregado, o dólar

alto e sem nenhuma proposta de bolsa de estudos,

os sonhos de Raiam começaram a trincar. “Eu ouvia coisas do tipo: ‘Esquece, Raiam! Você não tem nota nem dinheiro para isso. Fazer faculdade fora é só

para filho de bacana'”, conta.

Em uma situação assim, a maioria das pessoas

desistiria do sonho e se concentraria no vestibular

brasileiro, certo? Não ele. A saída que encontrou foi aplicar para universidades que estivessem dispostas

a oferecer bolsas integrais. Só que, nos EUA, as

universidades que dão bolsas integrais são também

as mais concorridas. “Eram faculdades do naipe de Stanford, MIT e Harvard. Não seria fácil entrar mas, antes de jogar a toalha, tinha que esgotar todas as

minhas possibilidades.”

De todas as universidades que aplicou, a que

ele mais queria era justamente a University of

Pennsylvania. “Eu estava determinado a estudar business, e a UPenn é a casa da Wharton School,

uma das melhores faculdades de economia e

administração do mundo. Além disso, a UPenn

tinha um programa acadêmico concorridíssimo chamado Huntsman Program”, diz. Neste programa, os estudantes precisam ser fluentes em, no

mínimo, 3 línguas. Fora isso, saem da faculdade

depois de 4 anos com 2 diplomas: um em Relações

Internacionais e um em Business.

“Corri atrás de cartas de recomendação de professores e do diretor da minha escola, mandei

bem no TOEFL, terminei o high school como o

primeiro da turma, fiz o SAT 5 vezes para ter uma pontuação mais adequada àquelas universidades tops, preenchi os applications, escrevi vários essays

e fiz algumas entrevistas com ex-alunos das universidades que apliquei”.

Entre março e abril, Raiam começou a receber

os resultados: rejeitado em Harvard. Rejeitado

em Stanford. Rejeitado em Yale. Rejeitado em

Princeton. Rejeitado no MIT. Rejeitado em Columbia

e… Aceito com bolsa integral de 200 mil dólares na

Universidade da Pensilvânia, onde tornou-se a estrela

do time de futebol americano.

Aos que pensam em estudar fora, ele é direto:

"As oportunidades não vão bater sua porta aqui no Brasil. Você tem que pesquisar, correr atrás e mostrar para as universidades que você existe!".

ESPECIAL HISTÓRIAS PARA TE INSPIRAR

TextosCarolina Campose Lecticia Maggi

RevisãoLecticia Maggi Design Danilo de Paulo Fundação Estudar, 2015