Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

49

Transcript of Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Page 1: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009
Page 2: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 1

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

Revista Eletrônica Inspirar [recurso eletrônico] - Curitiba:R454 Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde,

2009-

Bimestral, v. 1, n. 1, jun/jul. 2009- Modo de acesso: www.inspirar.com.br

1. Saúde - Periódicos.

CDD 610CDU 614

Page 3: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 2

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

A REVISTAA Revista Eletrônica da Inspirar é um periódico de acesso aberto, gratuito e bimestral,destinado à divulgação arbitrada da produção científica na área de Ciências daSaúde, de autores brasileiros e de outros, contribuindo, desta forma, para o cresci-mento e desenvolvimento da produção científica.

MISSÃOPublicação de artigos científicos que contribuam para a expansão do conhecimentoda área da saúde, baseados em princípios éticos.

OBJETIVOPropiciar meios de socialização do conhecimento construído, tendo em vista o es-timulo à investigação científica e ao debate acadêmico.

Page 4: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 3

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

CONSELHO EDITORIALProf. Dr. Alfredo Florencio Cuello - ARGProf. Alonso Romero Fuentes Filho - SC

Prof. MSc. Álvaro Luiz Perseke Wolff - PRProf. MSc. Antônio Carlos Magalhães Duarte - BA

Prof. MSc. César Antônio Luchesa – PRProf. Cesar Valenzuela - RS

Profa. MSc. Cynthia M. Zilli - PRProfa. Denise Dias Xavier - PR

Profa. MSc. Elisiê Rossi Ribeiro Costa - PRProf. Francimar Ferrari - PE

Prof. Dr. Gustavo Alfredo Cuello - ARGProf. MSc. José Roberto Prado Junior - RJ

Prof. MSc. Manoel Luiz de Cerqueira Neto - PRProf. MSc. Marcelo Zager - SC

Prof. Dr. Marcos Antonio Tedeschi - PRProfa. Maria Ayrtes Ximenes Ponte da Silveira - CE

Dra. Silvia Valderramas - BAProfa. MSc. Telma Cristina Fontes Cerqueira - PR

EDITORESProf. Dr. Esperidião Elias Aquim - PR

Prof. MSc. Marcelo Márcio Xavier - PR

COORDENAÇÃO EDITORIALDra Elaine Rossi Ribeiro - [email protected]

EDITORAÇÃO ELETRÔNICAMarcos Leandro Cachinski - [email protected]

ATENDIMENTOMariane Mansur Garbuio - [email protected]

Informações para Publicação de ArtigosTodo o material a ser publicado, deve ser enviado para o seguinte

endereço eletrônico, aos cuidados deDra. Elaine Rossi Ribeiro

[email protected]

I.P. (Informação Publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes.

© Inspirar - Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida,arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprie-tário do copyright Inspirar. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou proprieda-des ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostas no material publicado. Apesar de todo omaterial publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantiaou endosso da qualidade ou valor do produto ou das asserções de seu fabricante.

Page 5: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 4

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

SUMÁRIO

EDITORIAL ......................................................................................................................... 5

Efeito da Microdermoabrasão no Envelhecimento Facial ................................................... 6Effects of Microdermoabrasion on the Facial skin AgeingJuliane de Barba, Elisiê Rossi Ribeiro

Ultra-som no Tratamento do Fibro Edema Gelóide ........................................................... 10Ultra-sound on the Treatment of CellulitesRaphaelle Curtinaz Menezes, Sinara Gonçalves da Silva, Elisiê Rossi Ribeiro

Análise do Impacto da Fisioterapia Respiratória em Pacientes Pediátricos com os SinaisClínicos apresentados na Pneumonia ................................................................................. 15 Study of the Impacts of breathing Physicaltherapy in children Patients with Clinical Signs of PneumoniaAnaíres de Goes Santos, Manoel Luiz de Cerqueira Neto, Aída Carla Santana de Melo Costa

Fatores Estressores para Profissionais de Enfermagem que atuam em uma Unidade deTerapia Intensiva ................................................................................................................ 20Stressing factors on Nursing Professionals that act on Intensive TherapyJulita Royer Garcia, Salete de Araujo, Elaine Rossi Ribeiro

Princípios Básicos para Conservação de Órgãos para Transplante ................................... 25Basic Principles for Preservation of Organs for TransplantLuisete Aparecida Ramalho Ferro, Elaine Rossi Ribeiro

Comparação entre Técnicas Osteopáticas e Fisioterapia Convencional para o Tratamentodas Desordens Temporomandibulares ................................................................................ 29Comparison between Osteopathic Techniques and Conventional Physiotherapy for Treatment ofTemporomandibular DisordersWalkyria Vilas Boas Fernandes, Alexandra Bezerra Michelotto, Sérgio Kimura

Benefícios da Fisioterapia na melhoria da qualidade deVida na Terceira Idade ........................................................................................................ 34Benefits of the Physiotherapy in the improvement of the quality of Life in the Third AgeFrancisco Vagner Afonso Dias, Ana Luiza Guerra Medeiros, Emanuel Ayres de Medeiros, AdelyannaRamalho Palitot, Andressa Véras de Queiroz, Alidiane Morais da Silva

Relação entre a Ausculta Pulmonar e o Aspecto da Secreção Brônquica .......................... 39Relationship between Pulmonary and Aspect of Headphones Bronchial SecretionCaroline Silvestri Silva, Dayana Cordeiro, Kesya Montanha, Mayana Costa, Alceu Eduardo I. Furtado

Fatores Causais e Sociais relacionados ao Óbito Materno de Mulheres residentes no Esta-do da Paraíba ...................................................................................................................... 43Causal and Social factors related to Maternal Obits of Women resident in the State of ParaíbaAna Cristina da Nóbrega Marinho Torres Leite, Neir Antunes Paes

Page 6: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 5

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

EDITORIALO desejo de reunir autores em torno de assuntos científicos de relevância,

sempre foi o desejo da INSPIRAR. Agora nasce a Revista Eletrônica Inspirar, quevem ao encontro do sonho e torna-se impar em sua concretude, embora virtual.

Apresentamos aos profissionais da área da saúde, o conhecimento produzi-do pela comunidade docente e discente, de forma a contribuir para o desenvolvi-mento das diferentes profissões, no âmbito acadêmico e profissional.

Consonante com a missão que traduz-se na publicação de artigos científicosque contribuam para a expansão do conhecimento da área da saúde, baseados emprincípios éticos, a Revista Inspirar objetiva propiciar meios de socialização doconhecimento construído, tendo em vista o estimulo à investigação científica e aodebate acadêmico.

Como meta, a indexação de qualidade, que coaduna com as perspectivas delongo alcance da Inspirar. Como visão, um número crescente de colaboradores e acontínua apresentação à sociedade dos frutos de ensino de excelência e comprome-timento com a ciência.

Navegue nas páginas da Revista Inspirar, com um convite à leitura.Aprecie!

Prof. Dr. Esperidião Elias Aquim - PRProf. MSc. Marcelo Márcio Xavier - PR

Page 7: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 6

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

Efeito da Microdermoabrasão no Envelhecimento Facial

Effects of Microdermoabrasion on the Facial skin Ageing

ResumoO processo de envelhecimento ocorre durante o curso de

vida do ser humano, provocando no organismo modificaçõesbiológicas, psicológicas e sociais. Tal como acontece com to-dos os órgãos do corpo humano, a estrutura e as funções da pelevão se modificando gradualmente com o passar do tempo. Paraisso existem inúmeras formas de tratamento com a finalidadede eliminar ou amenizar alterações presentes no envelhecimen-to, entre elas, a Microdermoabrasão, também chamada dePeeling de Cristal. Considerado um método de tratamentocutâneo, no qual ocorre um lixamento superficial da pele atra-vés do uso de um aparelho que lança e ao mesmo tempo aspiramicrocristais de óxido de alumínio, quimicamente inertes, so-bre a área a ser tratada possibilitando regular os níveis deesfoliamento. Este procedimento é amplamente utilizado pelasua simplicidade e rápida recuperação, ou seja, a paciente poderetornar imediatamente às suas atividades, mas poucos estudostem avaliado a eficácia deste procedimento, portanto este tra-balho tem como objetivo caracterizar as modificações presen-tes no comportamento facial após tratamento comMicrodermoabrasão. A pesquisa caracterizou-se como ensaioclínico com delineamento longitudinal, não controlado, experi-mental e contemporâneo, onde participaram 10 voluntárias, comidade entre 40 e 50 anos, que após serem avaliadas foram sub-metidas a quatro sessões de Microdermoabrasão, com interva-lo de uma semana entre elas e posteriormente responderam aum questionário de auto-avaliação. Das 10 pacientes que com-pletaram o estudo, 50% relataram após o tratamento estar bas-tante satisfeita com o resultado final, 30% relatou melhora ra-zoável e 20% melhora mínima, e 50% teve a melhora da apa-rência da face observada por terceiros. Do ponto de vista clíni-co e das participantes, observou-se melhora na qualidade dapele, especialmente no que diz respeito à textura, luminosidadee à uniformidade de sua cor. Algumas participantes apresenta-ram atenuação das rugas finas e clareamento das discromias.Com este estudo tornou-se possível identificar resultados pro-missores e satisfatórios, sobretudo no tratamento do envelheci-mento cutâneo, mas carece de maiores conhecimentos e estu-dos sobre esta técnica.Palavras-chave:Envelhecimento, Microdermoabrasão, Pele, Tratamento.

AbstractThe ageing process happens during the course of the

human beings life, occasioning biological, psychological andsocial changes in the system. In the same way that it happens toevery human body organs, the structure and the functions of theskin modify gradually in the course of time. For this, there areinnumerous ways of treatment with the aim of eliminate ortemper the alteration involved in the ageing, among them, theMicrodermoabrasion, also called Crystal Peeling. Considereda skin treatment method, in which the skin is superficiallystripped through the use of a machine that blows and at thesame time sucks aluminum oxide micro crystals, chemicallymotionless, over the area to be treated enabling the regulationof the exfoliation levels. This process is widely used due to itssimplicity and fast recovery, in other words, the patient canimmediately return to her activities, but only a few studies havebeen considering the effectiveness of this procedure, therefore,the objective of this project is to characterize the changes in thefacial behavior after the treatment with Microdermoabrasion.The research involved an account of many cases, in which 10volunteers from 40 to 50 years old participated, who after beingevaluated, underwent to four sections of Microdermoabrasion,with a week interval between them, and at a later time answeredto a self-evaluation questionnaire. After the treatment, 50% ofthe 10 patients who completed the study showed to be reallypleased with the final result, 30% related a reasonableimprovement and 20% a small improvement, and 50% had aface look improvement noticed by others. From the clinical viewand also the participants’ view, it was noticed a skin qualityimprovement, especially related to the texture, lightness anduniformity of its color. Some participants presented a thinwrinkles decreasing and cleaner marks. With this study, it couldbe possible to identify promising and satisfactory results,especially in the skin ageing treatment, but it is still neededbetter knowledge and studies about this technique.Key-words:Ageing, Microdermoabrasion, skin, treatment.

1. Acadêmica da Pós Graduação Lato Sensu em Fisioterapia Dermato Funcional eCosmetologia da INSPIRAR Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde.

2. Professora da Pós Graduação Lato Sensu em Fisioterapia Dermato Funcional eCosmetologia da INSPIRAR Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde.

Recebido: maio de 2009Aceito: maio de 2009Autor para correspondência:Email: [email protected]

Juliane de Barba1, Elisiê Rossi Ribeiro2

Page 8: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 7

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

IntroduçãoO envelhecimento da população é um fenômeno novo,

observado não só nos países desenvolvidos como também na-queles em desenvolvimento, onde mesmo os países mais ricosestão tentando se adaptar, sendo assim o que era no passadoprivilégio de poucos passou a ser uma experiência de um nú-mero crescente de pessoas em todo o mundo.

Segundo Porto (2005) diversas teorias se propõem a ex-plicar os fenômenos biológicos responsáveis pelo envelheci-mento humano, mas nenhuma é completa o bastante para seruniversalmente aceita, mesmo aquelas baseadas nodeterminismo genético, embora haja fortes evidências que otempo de vida das espécies é geneticamente determinado.

Envelhecer é um processo natural que ocorre desde quenascemos, também chamado de senilidade, pode ser definidocomo um conjunto de modificações fisiológicas irreversíveis,inevitáveis e conseqüente a uma alteração da homeostasia(CUCÉ ; FESTA, 2007).

A pele, o maior órgão do corpo humano, reveste e delimi-ta o organismo correspondendo a 15% do peso corporal e tempor objetivo básico manter o meio interno em constante equilí-brio, protegendo e interagindo com o meio exterior, assim comoos demais órgãos do corpo humano sofre alterações que carac-terizam o envelhecimento cutâneo (AZULAY; AZULAY, 2001).

A pele é composta de três grandes camadas de tecidos,subdivididas em camada superior (epiderme), intermediária(derme ou cório) e camada profunda (hipoderme ou tecido ce-lular subcutâneo, sendo a epiderme subdividida em cinco ca-madas: Estrato córneo, Estrato lúcido, Estrato granuloso, Es-trato espinhoso ou malpighiano, e o Estrato germinativo ou basal(SAMPAIO; RIVITTI, 2000).

Para Cucé e Festa (2001) a pele envelhecida é classifica-da em dois tipos: Intrínseco Cronológico (genético) ou Patoló-gico (genético ou não) e Extrínseco, onde a senescência cutâneaengloba os fenômenos biológicos naturais e os fatores de agres-são ambiental.

Embora o envelhecimento cutâneo seja um processo or-gânico natural, o mesmo é influenciado por vários fatores e podetanto ser acelerado quanto retardado.

De acordo com Sampaio e Rivitti (2000) há na cútis atrofiaem grau variável que se evidencia pelo adelgaçamento difuso,secura e pregueamento da pele, com aspecto comparável a pa-pel de seda, tonalidade ligeiramente amarelada ou cerácea, comperda de elasticidade e turgescência.

A degeneração senil ocorre de preferência sobre regiõesdo tegumento que se acham expostas às intempéries (face, pes-coço, dorso das mãos e antebraços), provocando o agravamen-to ou exagero dos sulcos e pregas naturais das regiões compro-metidas (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

A longevidade reforçou o interesse sobre as alteraçõesque caracterizam gradativamente o envelhecimento, buscandomedidas pertinentes relativas à prevenção e ao tratamento dasdiversas alterações, inclusive as inestéticas.

Portanto a valorização da face é natural, pois é a parte docorpo mais representativa e exposta, na qual expressamos nos-sos sentimentos e emoções. O desejo de conservar a beleza éprocurado pela grande maioria das pessoas com o objetivo demanter-se jovem, bela e desejada, contribuindo desta forma paraqualidade de vida e satisfação pessoal.

Para isso existem, atualmente, inúmeras abordagens tera-pêuticas com a finalidade de eliminar ou amenizar essas altera-ções, podendo ser realizada através de fármacos, cosméticos,aplicações, reparo cirúrgico entre outros. Dentre os tratamen-tos encontram-se a Microdermoabrasão.

Segundo Borges (2006) a Microdermoabrasão é uma téc-nica de esfoliação não cirúrgica, passível de controle, podendoser executada de forma não invasiva, sendo inúmeras suas indi-cações que têm por base o incremento da mitose celular fisioló-gica, suscitando efeitos como atenuação de rugas superficiais,afinamento do tecido epitelial preparando-o para tratamentosde revitalização e proporcionando uma textura fina e saudávelatravés do incremento de proteínas de colágeno, elastina ereticulina, seqüelas de acne, clareamento das camadas mais su-perficiais da epiderme, foliculite e estrias, sendo contra-indicadanas lesões tegumentares acompanhadas de processo inflamató-rio.

A microdermoabrasão se tornou uma das mais popularesformas de desgaste superficial da pele, esta técnica foi desen-volvida pela primeira vez na Itália, em 1985 e posteriormentemultiplicou-se, e se tornou disponível em toda a Europa(GRIMES, 2005).

O procedimento de microdermoabrasão consiste na apli-cação direta sobre a pele, de um equipamento mecânico gera-dor de pressão negativa e pressão positiva simultâneas, em quesão utilizados microgrânulos de óxido de alumínio (100 a 140micras), quimicamente inertes, jateados pela pressão positivasobre a superfície cutânea numa velocidade passível de contro-le, provocando erosão nas camadas da epiderme, sendo ao mes-mo tempo sugados pela pressão negativa os resquícios dosmicrocristais e células córneas em disjunção (BORGES, 2006).

Médicos e esteticistas utilizam a microdermoabrasão nosEstados Unidos para renovar e rejuvenescer peles danificadas,citando que ocorre uma melhora gradual da pele danificada porincentivo da proliferação de fibroblastos e produção de colágeno,levando a nova deposição colágeno na derme. (SHPALL et al,2004)

Para Spencer e Kurtz (2006) a popularidade damicrodermoabrasão deve-se a simplicidade e segurança da téc-nica, sendo o seu mecanismo de ação não compreendido total-mente. Portanto, esta pesquisa tem como objetivo caracterizaras modificações presentes no comportamento facial após trata-mento com Microdermoabrasão.

MetodologiaA pesquisa caracterizou-se como ensaio clínico com de-

lineamento longitudinal, não controlado, experimental e con-temporâneo, onde participaram 10 voluntárias, com idade entre40 e 50 anos, na cidade de Joaçaba, Santa Catarina, que opta-ram voluntariamente assinando o termo de consentimento livree esclarecido.

Ressalta-se que mesmo sendo escolhidas aleatoriamentenenhuma das participantes da pesquisa apresentou histórico decirurgia plástica ou foi submetida a outros métodos deamenização e/ou suavização de rugas na face, ou ainda apre-sentou alteração de sensibilidade e restrições ao método.

O Projeto de pesquisa foi submetido à avaliação do Co-mitê de Ética e Pesquisa (CEP), e após aprovação foi realizadoo inicio dos procedimentos.

Page 9: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 8

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

O processo de coleta de dados consistiu de um protocolode anamnese e avaliação. No protocolo de anamnese foram le-vantados os dados relacionados à identificação, idade e históriafacial levando em consideração qualquer tipo de intervençãopara amenização do envelhecimento facial, se utilizam filtrosolar ou cosméticos rejuvenescedores diariamente. Na avalia-ção foram observados dados referentes à classificação quantoao tipo de pele (mista, seca, oleosa e normal), quanto ao fototipo(classificação de Fitzpatrick), sensibilidade (normal, sensível,muito sensível, pouco sensível) e envelhecimento, observandotextura, coloração, discromias, presença de rugas superficiais eprofundas.

Todas as participantes foram submetidas a sessões sema-nais de Microdermoabrasão, através do aparelho DermotonusEsthetic, da marca Ibramed, totalizando quatro sessões, comduração de 30 minutos cada uma.

Inicialmente ao procedimento foi realizado assepsia detoda a face com gel de limpeza ARL Green Tea (linha profissi-onal da marca Adcos), após assepsia com a pele seca e total-mente isenta de produtos cosméticos, iniciou-se o procedimen-to de microdermoabrasão, ajustando o equipamento para umamaior ou menor saída dos microcristais determinada pela sensi-bilidade da paciente. Com a pele da face estirada, eram realiza-dos movimentos precisos e uniformes de varredura sobre amesma região, no sentido das linhas de Langer, cessando apóspresença de um leve eritema e posterior ao procedimento más-cara facial com Beta Glucan, e filtro solar também da mesmamarca.

As participantes foram orientadas a evitar a exposiçãosolar, não utilizar cosméticos rejuvenescedores ou ácidos, e uti-lizar filtro solar diariamente.

Após o protocolo de tratamento, todas as participantesresponderam a um questionário de auto-avaliação, onde foramanalisados aspectos da pele como luminosidade, textura, rugas,coloração, diferença na pele observada por elas e por terceirose melhora do aspecto geral da pele.

ResultadosA amostra foi constituída por 10 participantes que aten-

deram aos critérios de inclusão e concordaram em participar doestudo, sendo todas do gênero feminino, sendo a média de ida-de 43,5 anos (+/-3,89).

Com relação à anamnese nenhuma das participantes apre-sentou história de cirurgia plástica ou outros métodos desuavização de rugas, 100% são usuárias de cosméticos anti-idade e somente 30% não utilizam filtro solar diariamente. Naavaliação 20% das participantes apresentaram fototipo II, 50%fototipo III e 30% fototipo IV e quanto ao tipo de pele 50%apresentaram pele normal, 30% oleosa, 10% seca e 10% mista.De acordo com a sensibilidade 60% apresentaram sensibilida-de normal, 20% pouco sensível e 20% muito sensível.

Todas as participantes apresentaram rugas superficiais eapenas 50% rugas profundas, 90% apresentaram discromias,80% pele opaca, coloração amarelada e textura áspera em algu-mas regiões.

Do ponto de vista clínico e das participantes, observou-se melhora na qualidade da pele, especialmente no que diz res-peito à textura, luminosidade e à uniformidade de sua cor.

Das 10 pacientes que completaram o estudo, 50% relata-ram após o tratamento estar bastante satisfeita com o resultado

final, 30% relatou melhora razoável e 20% melhora mínima, e50% teve a melhora da aparência da face observada por tercei-ros.

Com relação ao quesito textura da pele, 100% considera-ram melhora, relatando que sua pele ficou mais lisa, fina e ma-cia, quanto à luminosidade e uniformidade da cor 80% relata-ram melhora, relatando que sua pele ficou mais revitalizada,com uma coloração mais uniforme e sem o aspecto amareladoque tinham antes.

Apenas 20% perceberam diferença nas rugas finas, rela-tando que se tornaram menos evidentes, 30% melhora razoávelnas discromias e 30% que apresentavam pele oleosa relataramque com as sessões a pele se tornou menos oleosa.

DiscussãoO conceito de beleza atual e procurado pela maior parte

das pessoas é o da pele jovem, sem manchas ou rugas, entretan-to, com o avanço da idade a pele passa a sofrer alterações quemodificam seu aspecto gradativamente caracterizando o enve-lhecimento cutâneo. O motivo de tal transformação são as alte-rações decorrentes do envelhecimento intrínseco (desgaste na-tural do organismo) e extrínseco ou fotoenvelhecimento (efeitoda radiação ultra-violeta do sol sobre a pele durante toda a vida).

A pele envelhecida tem como características a perda daelasticidade, discromias, rugas finas e profundas e alteraçõescomo pele áspera, ressecada e descamativa.

O envelhecimento da pele é um processo que preocupamuitos indivíduos, que buscam a ajuda especializada paraminimizar seus efeitos. Um dos recursos para melhorar a quali-dade da pele são os peelings como o Peeling de cristal ouMicrodermoabrasão que proporcionam esfoliação cutânea, pro-movendo renovação celular.

As grandes vantagens desta técnica deve-se a sua simpli-cidade, rápida recuperação, praticamente indolor, não há ne-cessidade de interrupção dos tratamentos estéticos do dia-dia enão interfere na vida social e profissional do paciente, ou seja,poderá retornar logo após o procedimento as suas atividades.

A eficácia e os benefícios da microdermoabrasão perma-nece um tema intensamente debatido, apesar da sua utilização,poucos estudos controlados foram publicados no que se refereà sua eficácia e segurança, e na sua maioria envolvendo peque-nos grupos de pacientes.

Independentemente das limitações e controvérsias rela-cionadas com a investigação deste procedimento, existe umapercepção de benefício entre os pacientes submetidos àmicrodermoabrasão.

Freedman et al também investigaram mudanças associa-das na epiderme e derme com a microdermoabrasão, em 10pacientes com intervalo de 7 a 10 dias.(GRIMES, 2005)

Conforme descrito anteriormente por Shpall et al (2004)a microdermoabrasão tem sido utilizada para melhorar rugas,texturas irregulares e pigmentações causadas pelofotoenvelhecimento e para melhorar a luminosidade da pele.

No estudo em questão, as pacientes envolvidas referirammelhora na textura, relatando afinamento do tecido epitelial,textura fina e saudável, clareamento das camadas mais superfi-ciais da epiderme e algumas ainda perceberam atenuação dasrugas superficiais, conforme descreve Borges (2006) quandocita os efeitos da microdermoabrasão em seu livro.

Page 10: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 9

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

ConclusãoAtravés dos resultados obtidos pela presente pesquisa,

nas comparações pré e pós tratamento com Microdermoabrasãotornou-se possível identificar resultados promissores esatisfatórios, sobretudo no tratamento do envelhecimentocutâneo.

A Microdermoabrasão tornou-se um tratamento populardevido à simplicidade e a segurança do procedimento, mas oseu mecanismo de ação não é bem conhecido, e apenas algunsestudos têm investigado estas mudanças histologicamente.

Apesar das vantagens da Microdermoabrasão, ela deveser utilizada de maneira segura, criteriosa e com acompanha-mento de um profissional especializado.

ReferênciasAZULAY, Rubem David; AZULAY, David Rubem.

Dermatologia. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.BORGES, Fábio dos Santos. Dermato-funcional: mo-

dalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São Paulo:Phorte, 2006.

CUCÉ, Luis Carlos; FESTA NETO, Cyro. Manual dedermatologia. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2001.

GRIMES, Pearl E.. Microdermabrasion. DermatologicSurgery. United States, v. 31, set. 2005; p. 1160 - 1165.

GUIRRO, Elaine Caldeira de O. ; GUIRRO, RinaldoRobertoJ.. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, re-cursos e patologias. 3. ed. , rev. ampl. São Paulo: Manole, 2002.

LITVOC, Júlio; BRITO, Francisco Carlos de. Envelhe-cimento: prevenção e promoção da saúde. São Paulo: Atheneu,2004.

PORTO, Celmo Celeno. Semiologia médica. 5. ed. Riode Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

SAMPAIO, Sebastião de Almeida Prado; RIVITTI,Evandro A.. Dermatologia. 2.ed. São Paulo: Artes Médicas,2000.

SHPALL, Rebeca B.S. et al. Microdermabrasion: AReview. Facial Plastic Surgery. New York, v. 20, 2004. p. 47-50.

SPENCER, James M.; KURTZ, Ellen S.. Approaches toDocument the Efficacy and Safety of MicrodermabrasionProcedure. Dermatologic Surgery. United States,v.32, nov.2006. p. 1353 - 1357.

Page 11: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 10

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

Ultra-som no Tratamento do Fibro Edema Gelóide

Ultra-sound on the Treatment of Cellulites

ResumoO Fibro Edema Gelóide (FEG) é uma infiltração

edematosa do tecido conjuntivo subcutâneo, não inflamatório,seguido de polimerização da substancia fundamental, que,infiltrando-se nas tramas, produz uma reação fibrótica conse-cutiva, ou seja, os mucopolissacarídeos que a integram sofremum processo de geleificação. O fibro edema gelóide pode serdiagnosticado por diversos exames, porém o mais simples é o“teste em casca de laranja”, que consiste em pressionar o tecidoadiposo entre os dedos polegar e indicador ou entre as palmasdas mãos, a pele se parecerá com o aspecto de uma casca delaranja, com aparência rugosa. Esta pesquisa teve como objeti-vo avaliar o benefício e a eficácia do ultra-som para o tratamen-to do fibro edema gelóide. O trabalho utilizou como metodologiaum estudo de revisão de literatura de síntese realizado com 10artigos sobre fibro edema gelóide associado ao ultra-som, pu-blicados no período de 1992 a 2004, encontrados em bases dedados eletrônicos, além de livros, monografias e dissertação demestrado como resultados das pesquisas. Com o estudo reali-zado chegou-se a conclusão que o tratamento do FEG com oultra-som terapêutico é muito eficaz.Palavras-chave:Fibro edema gelóide, tratamento, ultra-som.

AbstractThe fibrosis edema geloide (FEG) is an infiltration of the

edematous subcutaneous tissue, no inflammation, followed bypolymerization of the fundamental substance, which isinfiltrating the frame, produces a reaction consecutive fibrosis,or the mucopolysaccharides that have integrated a process ofgeleificacao. The fibro geloide edema can be diagnosed byseveral tests, but the simplest is the "testing in orange peel,"which is to push the fat tissue between the fingers thumb andforefinger or between the palms, the skin looks like theappearance of orange peel, rough-looking. This research aimsto evaluate the benefits and efficacy of ultrasound for thetreatment of fibro geloide edema. The work used as a studymethodology of literature review or synthesis conducted with10 articles on fibro geloide edema associated with ultrasound,published in the period 1992 to 2004, found in electronicdatabases, and books, monographs and dissertation of Mastersas results of research.In the study it was concluded that treatmentwith EGF ultrasound therapy is very effective.After observingthe results obtained in various studies discussed in this article,we conclude that EGF treatment with ultrasound therapy is veryeffective.Key words:Fibrosis edema geloide, treatment, ultra-sound.

1. Acadêmica da Pós Graduação Lato Sensu em Fisioterapia Dermato Funcional eCosmetologia da INSPIRAR Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde.

2. Professora da Pós Graduação Lato Sensu em Fisioterapia Dermato Funcional eCosmetologia da INSPIRAR Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde.

Recebido: maio de 2009Aceito: maio de 2009Autor para correspondência:Email: [email protected]

Raphaelle Curtinaz Menezes1, Sinara Gonçalves da Silva1, Elisiê Rossi Ribeiro2

IntroduçãoAtualmente, existe uma constante e incansável busca pelo

“corpo perfeito”. A influência da moda, sua imposição de res-trições, coloca as mulheres numa difícil situação, já que éprovocada e atraída permanentemente para que se ponha deacordo com os padrões de beleza atual. (CORRÊA, 2005) E,dentro deste parâmetro, geralmente a maior preocupação dasmulheres está ligada ao fibro edema gelóide (FEG), popular-mente chamada de celulite e que chega a atingir 85-98% dasmulheres de todas as raças, segundo alguns estudos. (AVRAM,2004; ROSSI, VERGNANINI 2000)

O fibro edema gelóide (FEG) é uma infiltração edematosado tecido conjuntivo subcutâneo, não inflamatório, seguido depolimerização da substância fundamental, que, infiltrando-senas tramas, produz uma reação fibrótica consecutiva, ou seja,

os mucopolissacarídeos que a integram sofrem um processo degeleificação. (CIPORKIN; PASCHOAL, 1992) É consideradouma patologia multifatorial por ser determinada por efeitoshormonais, predisposição genética, inatividade, dietas inade-quadas, obesidade, distúrbios posturais, bem como o tabagis-mo. (TOGNI, 2006) Portanto, este problema estético é caracte-rizado pela presença de pequenas depressões na pele, com as-pecto conhecido por “casca de laranja”, “acolchoado” ou“capitoné” e está mais presente em coxas, abdômen e nádegas.(BORGES, 2006; KEDE, SABATOVICH, 2004; GUIRRO,GUIRRO, 2004; FERNANDES, 2008; SMALLS, L, 2005)Ocorrendo em 90% das mulheres logo após a adolescência eraramente nos homens. (AVRAM, 2004; ROSSI,VERGNANINI, 2000) Sendo a prevalência maior em paísesdesenvolvidos onde há um maior consumo de proteínas e gor-duras nas dietas. (PINTO, 1995)

Page 12: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 11

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

Podemos classificar o fibro edema gelóide em quatro es-tágios: o primeiro é uma fase inicial, onde o processo já está seinstalando internamente, mas não pode ser visto ou sentido; nosegundo, inicia-se a evolução do processo, onde as mudançasestruturais vão ficando mais relevantes e os primeiros sintomaspassam a ser visíveis e podem ser sentidos sob palpação, a peleganha um aspecto acolchoado e com ondulações; o terceiro é afase em que aparecem os nódulos, os sinais são bem visíveis,não necessitando de palpação para serem percebidos, a peleáspera aparenta uma casca de laranja e verificou também edemanas pernas e microvarizes, somados a flacidez; no quarto, ela édura e a pele fica “lustrosa”, cheia de depressões, as pernasficam inchadas, pesadas, doloridas e a sensação de cansaço estápresente, mesmo sem esforço físico. (MIGUEL, 2002)

Para avaliação do FEG são utilizadas fichas de avalia-ção, iniciando com a inspeção, procurando por atrofias a pre-sença de nódulos ou placas hipertróficas, localização de gordu-ra, estrias, varizes, varicoses. Compõe o procedimento aindaverificar se a pele possui um aspecto de “casca de laranja”, e sea coloração da pele está acetinada, dentre outros. (BARROS,2001; KELLER, 1998) Ressaltou que durante o exame físico, ainspeção deverá ser realizada com o paciente em posiçãoortostática, pois na posição de decúbito onde ocorre acomoda-ção dos tecidos o que pode mascarar o grau de acometimentodo tecido. (GUIRRO, GUIRRO, 2002; ARIZA, A. R. M. et al.,2005 )

O FEG foi diagnosticado por diversos exames, porém omais simples é o “teste em casca de laranja”, que consiste empressionar o tecido adiposo entre os dedos polegar e indicadorou entre as palmas das mãos, a pele se parecerá com aspecto deuma casca de laranja, com aparência rugosa. Existem ainda exa-mes complementares como, termografia, xerografia, ecografiabidimensional e exame anatômico patológico. (GUIRRO,GUIRRO, 2002; PINTO, 1998; ARIZA, A. R. M. et al., 2005)

No tratamento dessa afecção foram utilizados vários re-cursos, porém nem todos apresentam resultados satisfatórios.Dentre os recursos, o ultra-som associada à fonoforese apre-senta grande eficácia, pois promovem significativas alteraçõesfisiológicas no tecido acometido pela FEG. (PINTO, 2007) Eexiste uma gama muito ampla de indicações do ultra-som, sen-do que, seu uso em estética está crescendo pela obtenção deexcelentes resultados conseguidos em determinadas patologi-as, tais como, o fibro edema gelóide e em tecido cicatricial.(GUIRRO, GUIRRO, 2004)

O ultra-som é de um método que utiliza de ondas sonorasatravés de um cabeçote com transdutor perpendicular à área aser tratada, em constante movimentação e mantido em contatocom o agente de acoplamento para não gerar a formação decunhas de ar. Sua ação também promove efeito antiinflamatório(combate as dores) e aumento da circulação. A utilização doultra-som associado à fonoforese gerou efeitos comoneovascularização, aumento da circulação, rearranjo e aumen-to da extensibilidade das fibras colágenas, e melhorou as pro-priedades mecânicas do tecido, além de um aumento napermeabilidade das membranas biológicas facilitando assim apenetração de fármacos no organismo através da pele(fonoforese). (PATRICK, 1978; CONTI, PEREIRA, 2003) Ten-do como agente de acoplamento, o gel que é o meio que melhortransmite a onda ultra-sônica, sendo, portanto, o mais indicado.(MARDEGAN, GUIRRO, 2005) Nesta técnica utilizou o gelhidrossolúvel ou formulações farmacológicas com finsterapêuticos. Já a fonoforese ou sonoforese é um termo que

descreve a habilidade do ultra-som em incrementar a penetra-ção de agentes farmacológicos ativos através da pele. Tratou deuma eficiente alternativa de transporte de substâncias. (FILHO,2004)

O ultra-som é uma terapia efetiva, ou um risco potencial,dependendo de como é aplicada esta modalidade. Existindo lis-tas de contra-indicações e precauções como: áreas isquêmicas,tromboflebite e varizes, diretamente sobre endopróteses e im-plantes metálicos, sobre útero gravídico, tumores cancerígenos,sistema nervoso, áreas anestesiadas, infecção ativa, gônadas,área cardíaca, olhos, hemofílicos não tratados e placasepifisárias. (YOUNG, 1998; STARKEY, 2001; FUIRINI, LON-GO 1996; LOW, REED, 2001; GUIRRO, GUIRRO, 2002)

Desta forma, este estudo foi realizado com o objetivode enfatizar o benefício e a eficácia do ultra-som no fibro edemagelóide observado principalmente nas regiões das coxas, abdô-men e nádegas, segundo pesquisas que foram utilizadas para arealização deste trabalho.

MetodologiaO estudo foi realizado a partir de uma revisão de literatu-

ra de síntese. Para tanto, foram utilizados artigos científicos emidiomas português, espanhol e inglês publicados. Foram con-sultadas as bases de dados Scielo, Lilacs, Medline, Pubmed,utilizando-se das seguintes palavras-chave: Fisioterapia DermatoFuncional, ultra-som, celulite, fibro edema gelóide, lipodistrofiaGinóide, tratamento, fonoforese, dermato functionalphysiotherapy, ultrasound, cellulite, dermato-lunctionary,lipodystrofic, treatment, phonophoresis.

Foram utilizados ainda, livros em idioma português pu-blicados no período de 1992 a 2004. Devido a sua grande im-portância, serão referenciadas monografias realizadas na Uni-versidade do Sul de Santa Catarina e da Universidade Estadualdo Oeste do Paraná em 2002-2006.

Como critérios de inclusão dos artigos que foram seleci-onados, foram revisados somente, aqueles com descrição defibro edema gelóide, eficácia do ultra-som no fibro edemagelóide, tratamento conservador, estudos comparativos do ultra-som em relação a outras técnicas utilizadas para a melhora dofibro edema gelóide, utilização do ultra-som associado afonoforese, a fisioterapia dermato-funcional no tratamento dofibro edema gelóide.

DiscussãoO fibro edema gelóide (FEG), indevidamente chamado de

celulite, pode ser definida como uma patologia multifatorial, queresulta na degeneração do tecido adiposo, passando pelas fasesde alteração da matriz intersticial, estase microcirculatória ehipertrofia dos adipócitos, ou seja, as células de gorduras retêmum maior teor de lipídio, diferente e alterado que estimula a re-tenção de líquidos, gerando assim o aumento de volume da célu-la que causa a compressão dos vasos e o rompimento das fibrasde colágeno e elastina. Evoluindo assim, para fibrose cicatricial,gerando um aspecto de pele em “casca de laranja”, “acolchoado”ou “capitoné” e esta mais presente em coxas, abdômen e náde-gas. (BORGES, 2006; KEDE, SABATOVICH, 2004; GUIRRO,GUIRRO, 2004; FERNANDES, 2008; SMALLS, L., 2005)

No tratamento do FEG utilizou o ultra-som, pois tem comoefeitos fisiológicos a ação tixotrópica sobre géis,

Page 13: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 12

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

despolimerização da substância fundamental, deslocamento deíons, aumento da permeabilidade das membranas, melhorreabsorção de líquidos, aperfeiçoamento da irrigação sanguí-nea e linfática, aumenta a produção e melhora a orientação dasfibras colágenas do tecido conjuntivo. (PIRES DE CAMPOS,1992; YOUNG, 1998)

Para obter resultados efetivos do ultra-som no FEG suge-riu a aplicação por contato direto, na qual consiste em manter ocabeçote emissor do ultra-som em contato direto com a peleque se deseja tratar. A aplicação realizou uma via de agente deacoplamento, sendo que este foi o suficientemente viscoso paraagir como lubrificante entre o transdutor e a pele, estéril paraevitar contaminação e não apresentar bolhas de ar no seu interi-or, o que favoreceria a atenuação do feixe. (GUIRRO, GUIRRO,2002)

O ultra-som é uma modalidade de penetração profunda,capaz de produzir alterações nos tecidos, por mecanismos tér-micos e não-térmicos. Desta forma, existem dois regimes depulso comumente empregados na prática clínica do ultra-somterapêutico, o contínuo e o pulsado. (STARKEY, 2001;GUIRRO, GUIRRO, 2002) O modo contínuo se caracteriza porondas sônicas contínuas, sem modulação, com efeitos térmi-cos, alteração da pressão e micromassagem. Já o modo pulsadoapresenta características como ondas sônicas pulsadas, modu-lação em amplitude com freqüências de 16 Hz a 100 Hz, efeitostérmicos minimizados e alteração da pressão, deste modo, umaação analgésica, antiinflamatória e anti-edematosa. (FUIRINI,LONGO; 1996)

O ultra-som possui também duas freqüências, de 1 MHze de 3 MHz, porém o tratamento com ultra-som de 3,0 MHz éindicado para tecidos superficiais, enquanto que o tratamentocom ultra-som de 1 MHz é indicado para tecidos mais profun-dos. Como as patologias estéticas atingem tecidos superficiaiscomo a pele, predominantemente o tecido conjuntivo (derme),produzindo alterações circulatórias e mecânicas do tecido, nãonecessita, portanto de uma penetração muito grande das ondasmecânicas. Sendo assim, o ultra-som de 3 MHz é o mais indica-do para o tratamento dessas patologias. (BIOSET, 2001)

Desta forma, no tratamento do fibro edema gelóide reco-mendou o uso do ultra-som em emissão continua, exceto se exis-tir alguma circunstância que contra indique a aplicação de ca-lor. Em geral, para o tratamento da mesma recomendou iniciarcom doses baixas e aumentar a intensidade progressivamente.Porém, estas não devem ultrapassar 2 W/cm2, sobretudo quan-do se trabalha em emissão continua. Caso a aplicação seja ememissão pulsada a intensidade pode variar de 2 a 3 W/cm2.(ROSSI, 2001)

Na literatura há divergências de opiniões, entre autores,sobre o tempo de cada sessão, onde Guirro & Guirro (2002),estabelece o tempo de dois minutos para áreas próximas de 10cm2 . Já Parienti (2001) cita que a sessão de ultra-som não deveexceder 10 minutos, e que a zona de atuação é de 10 x15cm.Porém Longo (2001), não aconselha uma aplicação por mais de15 a 20 minutos contínuos em uma mesma sessão de tratamen-to, pois podem ocorrer vertigens, tonturas, estresse, além deoutros efeitos colaterais. A utilização do ultra-som pode ser in-cluído no tratamento em dias alternados, de 2 a 3 vezes na se-mana. Deve-se aplicar, no máximo, 20 sessões. E após o térmi-no destas deve-se aguardar 1 a 2 meses para então reiniciar otratamento. (ROSSI, 2001)

Weimann (2004) realizou um estudo com 10 pacientes,aleatoriamente, formando dois grupos, onde o primeiro grupo

foi submetido à terapia com ultra-som, e o segundo grupo nãorecebeu nenhuma intervenção terapêutica no período. O ultra-som foi utilizado na freqüência de 3 MHz, no modo contínuo,com dose de 1,2 W/cm², e foi aplicado por 7 minutos em cadaglúteo. O tratamento consistiu de 20 sessões, realizadas 3 vezespor semana, em dias alternados. Todas as voluntárias foramsubmetidas à avaliação inicial, para verificar o tipo e grau dofibro edema gelóide apresentado. Com o término do tratamentoproposto nova avaliação foi realizada e revelou que a utilizaçãodo ultra-som mostrou-se eficaz no tratamento do fibro edemagelóide, uma vez que diminuiu o grau de acometimento.

Já na pesquisa de Oenning et al. (2002), foi estudada umapaciente do sexo feminino, 21 anos de idade, cor branca, 52quilos, 1,58 metros, com aparecimento do FEG na adolescên-cia com graus 1 e 2 nas regiões glútea e superior da coxa. Fo-ram utilizados ficha de avaliação, registro fotográfico e umaescala de opinião. A paciente foi submetida a 20 sessões deaplicação do ultra-som, com dose de 0,6 w/cm², freqüência de3 MHz, modo contínuo, na região dos glúteos e porção superiordas coxas. Ao final do tratamento, observou-se redução do FEGgrau 1 e 2 e a paciente referiu estar satisfeita com os resultados.

No trabalho de Federico et al. (2006), a metodologia con-sistiu do emprego da fonoforese com meio de acoplamento àbase de hera, centella asiática e castanha da índia em 5 partici-pantes selecionadas aleatoriamente e divididas em dois grupos,onde o primeiro grupo foi submetido à terapia com ultra-somde ERA de 8,5 cm² com dose de 1,1 watts/cm² e o segundogrupo foi submetido à terapia com ultra-som de ERA de 4 cm²com dose de 1,5 watts/ cm2. O ultra-som foi utilizado na fre-qüência de 3 MHz, no modo contínuo e o tratamento consistiude 16 sessões, realizadas 4 vezes por semana. Todas as voluntá-rias foram submetidas à avaliação inicial, para verificar o tipo eo grau de celulite apresentados. Com o término do tratamentoproposto os resultados revelaram que a fonoforese mostrou-seeficaz no tratamento da celulite somente em uma das 5 voluntá-rias envolvidas na pesquisa.

Já no estudo de Nigro (2009) teve como objetivo compa-rar os resultados encontrados em mulheres tratadas com ultra-som terapêutico (UST) associado ao gel com princípios ativose ao gel hidrossolúvel simples para a reversão do fibro edemagelóide (FEG), comprovando a eficácia deste tipo de recurso,com ou sem a ação da fonoforese. As voluntárias foram subme-tidas a 15 sessões de UST com duração de 12 minutos em cadaglúteo, sendo em um utilizado gel simples e em outro gel comcarbopol e princípios ativos. O estudo revelou melhora no FEG,em todas as voluntárias e em ambos os glúteos, sendo possívelconcluir que o tratamento com UST é eficaz, independente dafonoforese.

Na pesquisa de Silva (2006), onde a amostra foi compos-ta de dois grupos, com três indivíduos cada, portadoras do fibroedema gelóide de graus semelhantes. Um dos grupos (experi-mental) foi tratado com ultra-som aliado ao gel Bioestimulante®da Vita Derm, enquanto que o outro grupo (controle) utilizou ogel condutor Sonic-Plus gel. As pacientes foram submetidas a10 intervenções de, aproximadamente 1 hora, em regime de trêssessões semanais no período de julho a outubro de 2008. Antese após o tratamento foram avaliadas alterações de perimetria epeso. A evolução do tratamento também foi analisada por meiode registro fotográfico e uma escala de opinião quanto aos re-sultados obtidos no tratamento. Valores significantes de redu-ção de perímetro corporal foram obtidos após a conduta tera-pêutica, e foram observadas também alterações cutâneas visí-

Page 14: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 13

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

veis, sugerindo que o ultra-som terapêutico de 3 MHz contribuipara a redução do fibro edema gelóide.

Pedro (2007) realizou uma pesquisa na qual selecionou10 participantes, do sexo feminino, submetidas à avaliação paraverificar o grau, o tipo do fibro edema gelóide, o perímetro dacoxa, circulação sanguínea e análise fotográfica, antes e após aintervenção. O tratamento consistiu de 20 sessões, realizadasdiariamente, utilizando-se do ultra-som terapêutico em uma fre-qüência de 3 MHz, no modo contínuo, com dose de 1,0 W/cm2,em ambos os membros inferiores. A fonoforese à base de cafe-ína foi empregada na região lateral do membro inferior esquer-do. Os resultados demonstraram diminuição significativa daperimetria entre os membros inferiores, aumento davascularização em ambos os membros, porém mais acentuadano esquerdo, demonstrada através da placa termossensível. Deacordo com os parâmetros utilizados neste estudo, a técnica dafonoforese associada à cafeína exerceu mudanças morfológicase circulatórias perante a resolução do fibro edema gelóide maisefetivas quando comparadas ao ultra-som no modo convencio-nal. Atribuímos o fato à ação da cafeína por ser um importanteagente atuante nos mecanismos metabólicos da lipólise.

Pinto (2007), neste estudo, teve como objetivo compararos resultados obtidos na terapia por ultra-som com gel conven-cional e a fonoforese com mucopolissacaridase. Para o estudoforam selecionados 10 indivíduos, do sexo feminino, entre 20 e35 anos, sedentários, com lipodistrofia ginóide na região glútea,grau II, tipo flácida. Os indivíduos foram divididos aleatoria-mente em dois grupos, sendo no grupo controle, G1, aplicadoultra-som, e no grupo experimental, G2, a fonoforese. O equi-pamento utilizado na pesquisa possuía freqüência de 3 MHz,modo contínuo e intensidade de 1,5w/cm2. Foram realizadas10 sessões com cada indivíduo de cada grupo. Ao final do ex-perimento, constatou-se, na reavaliação, uma melhora signifi-cativa em ambos os grupos, embora os resultados de G2 forammais evidentes. Mostrando que o ultra-som e a fonoforese sãoeficazes no tratamento da lipodistrofia ginóide, pois promovemsignificativas alterações fisiológicas no tecido acometido pelapatologia citada.

ConclusãoAtravés do presente estudo, pelos resultados obtidos, con-

cluiu-se que o tratamento do FEG com o ultra-som terapêuticofoi eficaz na amenização e diminuição do quadro de fibro edemagelóide nas regiões das coxas, abdômen e nádegas.

ReferênciasARIZA, A. R. M. et al. A eficácia do ultra-som para o

tratamento do fibro edema gelóide. X Encontro Latino Ame-ricano de Iniciação Científica e VI Encontro Latino Americanode Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba, São Pau-lo, 2005.

AVRAM, M. Cellulite: a review of its physiology andtreatment. J Cosmet Laser Ther. 2004; 6:181-185.

BARROS, M. H. Fisioterapia: drenagem linfática ma-nual. São Paulo: Robe, 2001.

BIOSET, Indústria de Tecnologia Eletrônica LTDA. Ma-nual do usuário: Ultra-Som. Rio Claro. 2001.

BORGES, F. Dermato-Funcional: modalidades Terapêu-ticas nas Disfunções Estéticas. São Paulo: Phorte, 2006.

CIPORKIN, I.;PASCHOAL, L. H. Atualização terapêu-tica e fisiopatogênica da lipodistrofia genóide. 5. ed. SãoPaulo: Santos, 1992.

CONTI, B. Z.;PEREIRA, T. D. Ultra-som terapêutico naredução da lipodistrofia ginóide. Fisio&terapia. ano 7, n. 37,p. 11-14, fev./mar. 2003.

CORRÊA, M. B. Efeitos obtidos com a aplicação doultra-som associado à fonoforese no tratamento do fibroedema gelóide. Trabalho de Conclusão do Curso de Fisiotera-pia da Universidade do Sul de Santa Catarina – CAMPUS TU-BARÃO, 2005.

CUNHA, E. S. et al. Intervenção fisioterapêutica notratamento do fibro edema gelóide. Disponível em: <http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/alter-nativa/geloide_eline.htm>. Acesso em: 13 set. 2008.

DALSASSO, J. C. Fibro edema gelóide: um estudo com-parativo dos efeitos terapêuticos, utilizando ultra-som eendermologia-DERMOVAC, em mulheres não praticantesde exercícios físico. Trabalho de Conclusão do Curso de Gra-duação em Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina– CAMPUS TUBARÃO, 2007.

FEDERICO, M. R. et al. Tratamento de celulite(Paniculopatia Edemato Fibroesclerótica) utilizando fonoforesecom substância acoplaste à base de hera, centella asiática e casta-nha da índia). Rev. Fisioterapia Ser. vol.1, n.1. 2006.

FERNANDES, P. V. Fisioterapia no Tratamento da Ce-lulite. Disponível em: <http://www.interfisio.com.br/index.asp?fid=32&ac=6>. Acesso em: 17 ago. 2008.

FILHO, A D. M. Fisioterapia dermato-funcional. Tra-balho apresentado na Universidade de União da Vitória:PR.2004.

FUIRINI N. J.; LONGO, G.J. Ultra-som. Amparo: KLD– Biossistemas equipamentos eletrônicos Ltda, 1996.

GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcio-nal: fundamentos, recursos e patologias. 3. ed. São Paulo:Manole, 2004. (PAG.347 E 348).

GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcio-nal: fundamentos, recursos e patologias. 3. ed. São Paulo:Manole, 2002.

KEDE, M. P. V. & SABATOVICH, O. Dermatologia Es-tética. São Paulo, Atheneu, 2004.

KELLER, F. Fisioterapia no tratamento de celulite. Tra-balho de Conclusão de Curso. Curso de Fisioterapia da Univer-sidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 1998.

LOW, J.; REED, A. Ultra-som Terapêutico. In: _____.Eletroterapia Explicada Princípios e Prática. 3.ed. São Pau-lo: Manole, 2001.

MADERGAN, M. F. B, GUIRRO, R. R. J. Agentes deacoplamento de ultra-som terapêutico e fonoforese. Fisiotera-pia Brasil. v. 6, n. 3, mai-jun, 2005.

MIGUEL, L. I. Aspectos Clínicos e Terapêuticas Pro-postas para o Tratamento e Prevenção da LDG –Lipodistrofia Ginóide: “Celulite”. n.º 15. Reabilitar, 2002,p.36-39.

NIGRO, A. Ultra-som terapêutico no fibro edemagelóide: um estudo comparativo dos seus efeitos utilizando gelhidrossolúvel simples e gel carbopol com princípios ativos.Disponível em: <http://www.ucg.br/ucg/institutos/nepss/pdf/dermato/MF-DF%2002-04.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2009.

OENNING, E. P. & BRAZ, M. M. Efeitos obtidos com a

Page 15: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 14

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

aplicação do ultra-som no tratamento do fibro edema gelóide– FEG (celulite). Trabalho de Conclusão do Curso de Fisiote-rapia da Universidade do Sul de Santa Catarina. 2002. Disponí-vel em: <http://www.fisio-tb.unisul.br/Tccs/02b/elaine/artigoelainepickleroenning.pdf> . Acesso em: 7 maio 2008.

PARIENTI I.J. A Celulite. In: _____. Medicina Estéti-ca. São Paulo: Andrei, 2001.

PATRICK, M. K. Applications of therapaeutic pulsedultrasound. Physiotherapy. n. 64, v. 4. 1978.

PEDRO, A. P. S. A utilização da fonoforese associada àcafeína no tratamento do fibro edema gelóide. Trabalho deConclusão de Curso de Fisioterapia da Universidade Regionalde Blumenau. FURB, 2007.

PINTO, M. V. M. et al. Estudo comparativo da fonoforesecom mucopolissacaridase e do ultra-som de 3 MHz com gelacoplador em mulheres com lipodistrofia ginóide na regiãoglútea, grau II, do tipo flácida. Rev. Fisioterapia Brasil – Su-plemento Especial, Rio de Janeiro, jan-fev de 2007.

PINTO, R.; SAENGER, F.; GOVANTES, P. Paniculoseedema fibro-exclerotica Barcelona: Escuela de Espafiola deMedicina Estética Capítulo Argentino de medicina Estéti-ca,1995.

PIRES DE CAMPOS, M. S. M. Fibro edema gelóide sub-cutâneo. Ciência & Tecnologia. ano 1, n. 2, p. 77-82, 1992.

ROSSI, A.B ; VERGNANINI AL. Cellulite: a review. JEur Acad Dermatol Venereol. 2000.

ROSSI, M.H. Dermato Paniculopatias e Ultra-som. Ma-terial do IBRAPE, 2001.

SILVA, J. R. Utilização de ultra-som através dafonoforese comparando cafeína com gel condutor para otratamento de fibro-edema-gelóide. Trabalho de Conclusãode Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de SantaCatarina. UNISUL, 2006.

SMALLS, L. Development of quantitative models forthe investigation of gynoid lipodystrophy (cellulite). PhD,2005. Disponível em: http://rave.ohiolink.edu/etdc/view?acc_num=ucin1115923913>. Acesso em: 20 nov. 2008.

STARKEY, C. Recursos Terapêuticos em Fisioterapia.2.ed. São Paulo: Manole,2001.

TOGNI, A. B. Avaliação dos efeitos do ultra-som asso-ciado à fonoforese e endermologia no tratamento do fibroedema gelóide. Trabalho de Conclusão de Curso de Fisiotera-pia da Universidade do Sul de Santa Catarina – CAMPUS TU-BARÃO, 2006.

WEIMANN, L., Análise da eficácia do ultra-somterapêutico na redução do fibro edema gelóide. Trabalho deConclusão de Curso do curso de Fisioterapia do Centro de Ci-ências Biológicas e da Saúde da Universidade Estadual do Oes-te do Paraná. UNIOESTE– CAMPUS CASCAVEL, 2004.

YOUNG, S. Terapia por ultra-som. In: KITCHEN, S.;BAZIN, S. Eletroterapia de Clayton.10. ed. São Paulo:Manole, 1998. cap. 15, p. 235-258.

Page 16: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 15

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

Análise do Impacto da Fisioterapia Respiratória em PacientesPediátricos com os Sinais Clínicos apresentados na Pneumonia

Study of the Impacts of breathing Physicaltherapy in children Patientswith Clinical Signs of Pneumonia

ResumoA fisioterapia respiratória é uma modalidade terapêutica

relativamente recente dentro das enfermarias pediátricas e queestá em expansão graças aos seus benefícios. Sua atuação tempapel fundamental na prevenção e intervenção das complica-ções que ocorrem em pacientes com sinais clínicos de pneumo-nia, além de ser uma solução simples, acessível, de baixo custoe que não exige tecnologia nem recursos terapêuticos sofistica-dos para sua execução. Sendo assim, o presente estudo tem comoobjetivo analisar o impacto da fisioterapia respiratória em paci-entes pediátricos com os sintomas da pneumonia. Para a pes-quisa, foram analisados 10 pacientes na faixa etária de 0 a 12anos, sendo 3 do sexo feminino e 7 do sexo masculino, subme-tidos ao tratamento fisioterapêutico por 30 minutos, 1 vez aodia,sendo, posteriormente, encontrados dados submetidos aanálise estatística. Para que as técnicas fossem aplicadas demaneira correta e eficaz, fez-se necessária uma boa avaliaçãodo paciente, pois cada técnica tem seus objetivos, suas indica-ções e contra indicações e, acima de tudo, as técnicas devemser executadas da maneira correta para que haja resultados sig-nificativos. O estudo foi realizado na Fundação BeneficenteHospital Cirurgia (FBHC) da cidade de Aracaju/SE, no períodode março a agosto de 2008. Concluiu-se nesta pesquisa que afisioterapia respiratória mantém a permeabilidade das vias aé-reas superiores e inferiores, melhora a relação ventilação/perfusão, reduz a necessidade da utilização de terapêuticasventilatórias agressivas e minimiza as lesões pulmonares, con-tribuindo para a redução do período de hospitalização e, conse-qüentemente, reduzindo os custos hospitalares.

Palavras-chave:Pneumonia; sinais clínicos, fisioterapia respiratória.

AbstractThe respiratory physiotherapy is a relative new therapeutic

modality in pediatric infirmaries and that is expanding thanksto its benefits. Its performance has a fundamental role inprevention and intervention of complications that occur inpatients with clinical indications of pneumonia, in addition ofbeing a simple, accessible, low cost solution and do not requiresophisticated technology nor therapeutic resources for itsexecution. Thus, this study aims to analyze the impact ofrespiratory physiotherapy in pediatric patients with symptomsof pneumonia. For the study, 10 patients were analyzed in theage group of 0 to 12 years, being 3 females and 7 males,submitted to physiotherapy treatment for 30 minutes, 1 time aday, being, lately, found data submitted to statistic analyze. Forthe techniques were applied in correct and effective way, it wasnecessary a good assessment of the patient, because eachtechnique has its own goals, their indications andcontraindications and, above all, the techniques must beimplemented in a correct way to attain significant results. Thestudy was conducted at Cirurgia Hospital Beneficent Foundation(FBHC) in the city of Aracaju/SE, from March to August, 2008.It was concluded in this research that respiratory physiotherapymaintains the up and low airways permeability, improves therelation between ventilation and perfusion, reduces the needfor using aggressive therapeutic ventilation and minimizes lunglesions, helping to reduce the period of hospitalization andconsequently reducing hospital costs.

Key words:pneumonia; clinical signs; respiratory physiotherapy.

1. Acadêmica da Pós Graduação Lato Sensu em Fisioterapia Hospitalar – Rio de Janeiro-RJ da INSPIRAR Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde;

2. Professor da Pós Graduação Lato Sensu em Fisioterapia Hospitalar INSPIRAR Centrode Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde;

3. Professora da Universidade Tiradentes (UNIT)-SE.

Recebido: maio de 2009Aceito: maio de 2009Autor para correspondência:Email: [email protected]

Anaíres de Goes Santos1, Manoel Luiz de Cerqueira Neto2 , Aída Carla Santana de Melo Costa3

IntroduçãoA Pneumonia (PNM) é um processo geralmente agudo

infeccioso que pode atingir bronquíolos, alvéolos, interstíciopulmonar e, às vezes, o revestimento pleural com distribuiçãosegmentar. A etiologia da PNM pode ser viral (mais freqüente),bacteriana, micótica, protozoótica, por migração parasitária epor agentes físicos e químicos.

Segundo o I Congresso Brasileiro sobre pneumonias, asdoenças respiratórias correspondem a, aproximadamente, 50%dos atendimentos ambulatoriais, sendo que 12% destes são pneu-monias.

Cerca de 10 a 20% das crianças menores de cinco anos,nos países pobres, apresentam pneumonia a cada ano. Em 1995,das 11,6 milhões de mortes nos menores de cinco anos, 4 mi-lhões ocorreram por PNM. Dessas, 95% ocorreram em países

Page 17: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 16

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

pobres e 50 a 75% atingiram crianças com menos de um ano.A história e o quadro clínico da pneumonia apresentam

particularidades dependentes do agente e das condições própri-as do paciente, tais como: peso, idade, estado imunitário e da-dos epidemiológicos.

Em geral, os sinais e sintomas incluem febre de intensi-dade variável, tosse, adinamia, palidez ou cianose, toxemia,agitação, vômitos e desidratação. A pneumonia cursa tambémcom desconforto respiratório, como dispnéia, taquipnéia,batimentos de aletas nasais (BAN), retrações intercostais, dortorácica, estertoração variada, presença de sopro brônquico,alterações do murmúrio vesicular (MV) e broncofonia aumen-tada.

O tratamento básico da pneumonia é a administração deagentes farmacoterapêuticos específicos, associado à fisiotera-pia. O desenvolvimento contínuo da fisioterapia respiratória,juntamente com a medicina, faz com que os recursosfisioterapêuticos sejam otimizados, respeitando-se as peculia-ridades da criança e tornando possível atingir um alto padrãode eficácia do tratamento. (I Consenso Brasileiro de Pneumo-nia)

A Fisioterapia é uma ciência que utiliza os meios físicos enaturais com objetivos preventivos e de restaurar, ao máximo, acapacidade funcional e a independência para o trabalho, no lare na sociedade, incluindo avaliação das condições do pacientee prognóstico como parte essencial de um programa terapêutico(AZEREDO, 2002).

Dentre as diversas áreas de atuação fisioterapêutica, te-mos a Fisioterapia Pneumofuncional que, segundo Slutzky(1997), teve inicio com Hipócrates (460 a 377 a.C), promoven-do pela primeira vez exercícios respiratórios em pacientes comasma. Entretanto, somente no ano de 1902, Willian Ewart des-creveu o efeito benéfico da drenagem postural no tratamento dabronquiectasia (AZEREDO, 2002).

A Fisioterapia Pneumofuncional vem destacando-se aolongo dos anos como uma conduta terapêutica eficaz no trata-mento de enfermidades do sistema respiratório. Afecções dacaixa torácica, condutos respiratórios, parênquima pulmonar esistema muscular vêm respondendo satisfatoriamente ao trata-mento empregado com técnicas de fisioterapia cinesiológicamanuais (ROZOV, 2000).

A Fisioterapia Respiratória tem como principais metas:prevenir o acúmulo de secreções nas vias aéreas que interferena respiração normal; favorecer a eficácia da ventilação; pro-mover a limpeza e a drenagem das secreções; melhorar a resis-tência e a tolerância à fadiga, durante os exercícios e nas ativi-dades da vida diária; melhorar a efetividade da tosse; prevenir ecorrigir possíveis deformidades posturais, associadas ao distúr-bio respiratório; promover suporte ventilatório adequado, bemcomo sua retirada, em pacientes internados nas Unidades deTerapia Intensiva.

As crianças que apresentam afecções do aparelho respi-ratório são encaminhadas ao fisioterapeuta com a finalidade demelhorar a capacidade funcional pulmonar. Na maioria dessescasos, o tratamento tem três objetivos principais que é o da lim-peza das vias aéreas, obstruídas pelo acúmulo das secreções oupelo material aspirado, reexpansão de um segmento pulmonaratelectasiado e aperfeiçoamento do mecanismo respiratório edo controle sobre a respiração. Procura-se, com isso, alcançar oobjetivo principal, ou seja, assegurar a transmissão adequadados gases aos órgãos de importância vital, como, por exemplo,o cérebro (SHEPHERD, 1996).

O tratamento fisioterapêutico para crianças com disfunçãorespiratória é indispensável para sua correta e precoce recupe-ração. Um estudo comprova através de dados estatísticos, queo tratamento fisioterapêutico não só recupera mais rapidamentea criança, retirando-a do ambiente hospitalar precocemente,como atua no salvamento de suas vidas (IRWIN, 1994).

O acompanhamento fisioterapêutico é fundamental tantono período de internação, quanto após a alta hospitalar. O fisio-terapeuta deve realizar uma abordagem respiratória eneuromotora, além de promover um posicionamento adequadodos pacientes no leito.

Visando conhecer e favorecer a atuação do fisioterapeutade forma preventiva e através de condutas terapêuticas apropri-adas, o estudo teve como objetivo analisar o impacto da fisiote-rapia respiratória em pacientes pediátricos com os sinais e sin-tomas da pneumonia, quanto à prevenção de reincidiva, á dimi-nuição da morbimortalidade dos pacientes submetidos a essaterapia e á redução do tempo de internação hospitalar.

MetodologiaO Estudo clínico desenvolvido foi do tipo quantitativo, não-

randomizado, não-aleatório, longitudinal, prospectivo, utilizando 10pacientes da unidade de Enfermaria Pediátrica da Fundação Benefi-cente Hospital Cirurgia (FBHC), na cidade de Aracaju-SE, sendo 3do sexo feminino e 7 do sexo masculino, na faixa etária de 0 a 12 anos.

Todos os pesquisados incluídos no estudo foram submetidos aotratamento fisioterapêutico por 30 minutos, uma vez ao dia, em agostode 2008. Somente foram incluídos aqueles que apresentavam os sinaisclínicos da pneumonia. Foi utilizada como critério de exclusão a utili-zação da ventilação mecânica invasiva e ventilação mecânica não-invasiva.

O trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em pesquisa daFBHC – Fundação Beneficente Hospital Cirurgia, acatando a Reso-lução 196/96.

A partir da seleção dos pacientes, foi aplicado um proto-colo de experimento dividido em três etapas: A primeira etapafoi à apresentação e familiarização, nesta etapa, foram apre-sentados às mães dos pacientes os objetivos da pesquisa, a roti-na do experimento e os comandos verbais a serem atendidos. Asegunda etapa foi à avaliação, nela foram obtidos dos prontuá-rios e anotados em protocolo específico para pesquisa os se-guintes dados dos pacientes: idade, doença, quadro clínico apre-sentado, data de início e saída da internação freqüência cardía-ca, freqüência respiratória e ausculta pulmonar, como tambéma análise de imagem de RX nos cinco minutos precedentes daterapia e após 10 minutos da aplicação das técnicas. Na terceiraetapa foi realizada a conduta fisioterapêutica – Os pacientesforam submetidos às técnicas de descolamento e deslocamentode secreção, higiene brônquica e reexpansão pulmonar.

Para descolar e deslocar secreção, foram utilizadas asmanobras de vibração e compressão-descompressão associa-das às posturas de drenagem. Na vibração manual torácica, sãorealizados movimentos rítmicos, rápidos e com uma intensida-de capaz de transmitir a vibração aos brônquios pulmonares.Os movimentos são feitos com as mãos espalmadas, acopladasno tórax do paciente e no sentido crânio-caudal, com o objetivode mover as secreções, que já estão soltas, para as vias aéreasde maior calibre por meio do tixotropismo e pelo aumento dotransporte mucociliar que a técnica pode gerar (PRESTO; PRES-TO, 2005, p.199).

Page 18: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 17

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

A vibração pode ser unilateral ou bilateral, os movimen-tos vibratórios com as mãos são conseguidos a partir de contra-ções isométricas dos MMSS do fisioterapeuta na parede torácicado paciente durante a expiração com uma leve pressão (COLBY,1998; GARCIA e NICOLAU, 2000; COSTA, 2002). SegundoTaniguchi e Pinheiro (2000, p. 132), a vibrocompressão éindicada a paciente com hipersecreção, como os com fibrosecística, pneumonias, pacientes com atelectasias, DPOC, asmá-ticos entre outros.

Outra manobra realizada foi a compressão-descompressão queconsiste em uma compressão realizada na parede torácica durante afase expiratória do ciclo ventilatório de forma relativamente brusca,objetivando a formação de fluxo turbulento por aceleração do fluxoexpiratório intrapulmonar. Conseqüentemente, mobiliza as secreções,tornando sua eliminação mais rápida e eficiente (COLBY, 1998;COSTA, 2002).

Para a eliminação de secreções pulmonares, foram emprega-das manobras como o TIC traqueal e a tosse manualmente assistidacom o principal objetivo de mobilizar e remover as secreções retidascom o propósito final de melhorar o intercâmbio gasoso e reduzir otrabalho respiratório (DELISA e GANS, 2002).

Para que haja a manutenção da limpeza dos pulmões, énecessário um mecanismo de tosse eficaz (reflexo ou voluntá-rio). Esse mecanismo funciona a partir de uma inspiração pro-funda, seguida do fechamento da glote, contração da musculatu-ra abdominal e posterior abertura da glote com uma expiraçãoforte de ar. Alguns fatores como a redução da capacidadeinspiratória ou expiratória forçada, a diminuição da ação ciliar,ou um maior espessamento das secreções contribuem para difi-cultar a tosse (KISNER e COLBY, 1998).

O TIC traqueal ou tosse induzida é uma manobra deestimulação do reflexo da tosse por ação mecânica, utilizada quan-do a tosse voluntária está abolida ou em pacientes nãocolaborativos. A tosse é provocada manualmente através da ex-citação dos receptores laríngeos, comprimindo abaixo da traquéiaou acima da fúrcula esternal ou ainda induzida a partir da instilaçãode uma solução contendo água ou soro (SARMENTO, 2005).

A tosse assistida é uma maneira de ajudar o paciente a tos-sir através de um estímulo manual feito sobre o tórax do pacien-te. Esse estímulo consiste em dar uma pressão rápida, com a áreapalmar de uma das mãos do fisioterapeuta, na região póstero-superior torácica do paciente, estando este sentado. A região an-terior do tórax é fixada com a outra mão do fisioterapeuta.

A tosse como recurso do fisioterapeuta pauta-se em sua capaci-dade de prover um aumento do fluxo expiratório, possibilitando a elimi-nação de secreções pulmonares. É um fenômeno protetor e depuradordas vias aéreas e um dos mecanismos defensivos do sistema respirató-rio.

Essa assistência à tosse também pode ser feita dando-se a pressãomanual na região abdominal. É importante que o estímulo seja sincrônicocom a tosse do paciente, e que antes da realização dessa técnica o pacientesaiba a maneira correta de tossir, usando os músculos abdominais (KISNERe COLBY, 1998; COSTA, 2002). Deve-se orientar o paciente a tossir, fazen-do uma inspiração profunda, contraindo a musculatura abdominal e tossindoposteriormente. A tosse efetiva permite a eliminação de secreções devido àforça do ar durante a expiração (THOMSON, SKINNER e PIERCY, 1994).

Para promover a reexpansão pulmonar,, foi utilizada a técnicade Drenagem Postural que consiste em adotar posições específicas,dependendo do local do pulmão onde há acúmulo de secreções, a fimde facilitar a drenagem dessas para vias aéreas mais centrais, com aajuda da força da gravidade (THOMSON, SKINNER e PIERCY,1994).

Era oferecida, ao finalizar a terapia, uma orientação sobre aimportância do posicionamento correto do paciente no leito. A imobi-lização do paciente no leito pode causar alterações funcionais e inca-pacidades, enquanto que, durante a mobilização, ocorre a otimizaçãodo transporte de O2 por realçar as relações ventilação/perfusão (V/Q)através de estímulo gravitacional na redistribuição de líquidos corpo-rais, como o sangue responsável pela perfusão pulmonar(MACKENZIE, 1998; STILLER, 2006).

A posição corporal influencia de forma direta a distribuição daventilação e da perfusão, o tamanho dos alvéolos, a oxigenação arteri-al e na mecânica ventilatória (WEST, 1996). A elevação da cabeceiraa 30º, freqüentemente, é utilizada por impedir episódios debroncoaspiração e facilitar a mecânica respiratória (CARAZAN, 2000).

ResultadosFoi realizado um cálculo estatístico com os resultados obtidos,

os quais demonstraram que a assistência fisioterapêutica respiratóriadiminui as complicações da mecânica pulmonar e o período dehospitalização, reduzindo, conseqüentemente, os custos hospitalares.

Gráfico 1: Representação gráfica por idade da incidência de PNM emcrianças.

O total de pacientes internados na pediatria no dado período quefoi submetido a atendimento fisioterapêutico foi de 10 pacientes, sendoque todos apresentaram quadro de PNM. Destes, 70% foram do sexomasculino, enquanto 30% foram do sexo feminino. A maior incidênciafoi em crianças de zero a três anos, com 70%, seguindo para crianças deoito a onze anos, com 20% e, por último, crianças de quatro a sete anos,com 10% (gráfico 1), demonstrando que o maior índice de internaçãoocorreu em crianças do sexo masculino de até 3 anos de idade.

Gráfico 2: Representação gráfica por sexo da incidência de PNM emcrianças.

Page 19: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 18

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

A média do tempo de internação foi de 14,7 dias, e seutempo médio de alta após o início do tratamento fisioterapêuticofoi de 4,8 dias, como mostra o Gráfico 2. Apesar desse elevadoíndice de internação, após o início do tratamento de fisioterapia,houve redução considerável no tempo de internação dos pacien-tes.

Ao tabular os dados referentes aos 10 pacientes estudados,observamos que todos apresentaram redução dos sinais e sinto-mas da pneumonia, tais como: aumento do murmúrio vesicular;redução dos ruídos adventícios; aumento da expansibilidadetorácica; redução das tiragens intercostais; ausência dosbatimentos de asa de nariz e melhora a higiene brônquica.

Gráfico 3: Representação gráfica da média das Freqüências Cardía-cas inicial e final dos pacientes.

O Gráfico 3 demonstra a média das Freqüências Cardíacas de cadapaciente, antes e depois de serem submetidos ao tratamento fisioterapêutico,além de expor a média geral destas variáveis (FC inicial = 104bpm; FCfinal = 96bpm). O que comprova uma redução no valor da FC após aconduta.

Gráfico 4: Representação gráfica da média das Freqüências Respira-tórias inicial e final dos pacientes.

O Gráfico 4 evidencia a média das Freqüências Respira-tórias de cada paciente, antes e depois de serem submetidos àconduta fisioterapêutica, com média geral da FR inicial = 32ipme da FR final = 24ipm. O que justifica a redução dos sinaisclínicos de esforço respiratório.

Segundo os dados obtidos na reavaliação do paciente apóso atendimento de fisioterapia, constatou-se que entre ospesquisados não houve complicações associadas ao quadro depneumonia.

DiscussãoSegundo os dados obtidos nos prontuários dos pacientes

durante o período de março a agosto de 2008, 30 % dos pacien-tes internados por pneumonia são do sexo feminino e 70 % dosexo masculino. A maior incidência foi em crianças de zero atrês anos (70%) com um tempo médio de alta após o início dotratamento fisioterapêutico de 4,8 dias.

Dornelas e Vasconcelos (2003) também concluíram emseu estudo que dos pacientes que perfazem a PNM, 66,66%foram do sexo masculino e que a maior incidência foi emlactentes de 0 a 2 anos (63,64%), pela predominância do vírusSincicial Respiratório que atinge cerca de 50% das crianças nessafaixa etária.

Segundo Pontes e Souza (2006), foram constatadas emseu trabalho 58 internações de crianças com Pneumonia de 0 a5 anos , entre as quais 33 eram menores ou igual a um ano,como afirma o I Consenso Brasileiro de Pneumonia na criançaem que há nítida predominância de Pneumonia em menores deum ano.

De acordo com Dornelas e Vasconcelos (2003), em suapesquisa, a relação do tempo de internação com o início do trata-mento fisioterapêutico foi de 2,18 dias, e seu tempo médio dealta após o início do tratamento foi de 3,48 dias.

Irwin (1994) relata que o tratamento fisioterapêutico paracrianças com disfunção respiratória é indispensável, para suacorreta e precoce recuperação. Seu estudo comprova, através dedados estatísticos, que o tratamento fisioterapêutico não só recu-pera mais rapidamente a criança, retirando-a de o ambiente hos-pitalar precocemente, como também salva suas vidas.

Com relação à redução dos sinais e sintomas da PNM,Gaskell e Webber (1984) em sua pesquisa afirmam que a pneu-monia lobar aguda, com freqüência, é resolvida com antibióti-cos, porém em alguns casos não são obtidos os resultados espe-rados, então é requisitado o tratamento fisioterapêutico. JáBethlem (1984) e Fishman (1992) comentam apenas o tratamen-to medicamentoso da pneumonia, não abordando a atuação dafisioterapia em nenhuma das fases da doença.

Brunetto (2002) afirma que o tratamento da pneumoniaconsiste em: fluidificação e mobilização das secreções atravésde exercícios respiratórios, mudança de decúbito, tapotagem cui-dadosa e aspiração endotraqueal ou através da cânula detraqueostomia, se necessário.

Pontes e Souza (2006) afirmaram que, na prática de fisiotera-peutas pneumofuncionais consultados, foi verificado que há melho-ra nas crianças que foram encaminhadas e realizaram a Fisioterapia,quando comparadas com aquelas que não foram encaminhadas peloserviço médico do hospital e por esse motivo não receberam trata-mento fisioterapêutico.

Nicolau (2007) concluiu, a partir dos estudos realizados nafaixa pediátrica e neonatal, que a fisioterapia respiratória estáindicada e tem eficácia comprovada na redução da incidência decomplicações, como, por exemplo, a atelectasia e o derrame pleural.

Com relação à redução da freqüência cardíaca e respiratóriaMargolis, afirma que a medida da freqüência respiratória (FR)mostra uma relação estreita com a gravidade da PAC e com ahipoxemia.

Segundo Slutzky (1997), “diminuir o trabalho respiratório,aliviar a sensação de dispnéia, melhorar a eficiência ventilatóriaalém de combater a hiperinsuflação dinâmica ou auto PEEP, são

Page 20: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 19

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

objetivos almejados pela medicina e pela fisioterapia durante anos.”No entanto no estudo de Antunes (2005) a freqüência car-

díaca aumentou após a realização da fisioterapia respiratóriaconvencional e não houve alteração significativa na freqüênciarespiratória

ConclusãoA partir dos dados coletados e analisados, foi possível

concluir que a fisioterapia respiratória reduziu a freqüência car-díaca, a freqüência respiratória e a quantidade de roncos ecreptos apresentados na ausculta respiratória, minimizando anecessidade da utilização de terapêuticas ventilatórias agressi-vas, contribuindo para a redução do esforço respiratório.

ReferênciasAZEREDO, C.A.C. Fisioterapia Respiratória Moder-

na. 4ª ed. São Paulo: Manole, 2002;ANTUNES LCO; SILVA EG, BOCARDO P, DAHER DR,

FAGGIOTTO RD, RUGOLO LMSS. Efeitos da FisioterapiaRespiratória Convencional Versus Aumento Do FluxoExpiratório na Saturação de O2, Freqüência Cardíaca eFreqüência Respiratória, em Prematuros no Período Pós-Extubação. Botucatu: SP, 2005

BRUNETTO, A.F.; PAULIN, E. ; YAMAGUTTI, W.P.S.Comparação entre a escala de Borg modificada e a escala deBorg modificada análogo visual aplicadas em pacientes comdispnéia. Revista Brasileira de Fisioterapia; 6: 41-45, 2002.

CAVINATTO JN, RODRIGUES JC. Pneumoniasbacterianas agudas. In: Rozov T, Carvalho CRR (eds). Doen-ças pulmonares em pediatria. São Paulo,1997;156-189 .

C. COLBY, L. KISNER. Exercícios terapêuticos: fun-damentos e técnicas. 3. ed. .São Paulo :Manole, 1998

COSTA, Dirceu. Fisioterapia Respiratória Básica. Edi-tora Atheneu: São Paulo, 1999. 1º ed. 127p.

CUELLO AF. Kinesiologia neumo cardiológica. Edito-rial Sijka; 1980.

CUELLO AF. Patrones respiratórios em distintasafecciones”. Revista Corde Ano 3, vol III, setembro 1982.

DELISA, J. A.; GANS. B. M. Tratado de Medicina deReabilitação: princípios de prática. São Paulo: Manole, ed. 3,2002.

DORNELAS M.; VASCONSELOS F. A. e FERREIRAM. H. O. A Incidência de Pneumonia no Setor de Pediatriana Santa Casa de Misericórdia de Barbacena-M. G. 2003.

GARCIA, J. M; NICOLAU, C. M. Assistência fisioterá-pica aos recém-nascidos do berçário anexo à maternidade doHospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Revistade Fisioterapia da Universidade de São Paulo, v. 3, n. 1/2, p.38-46, jan./dez.2000.

IRWIN, SCOT; TECKLIN, JAN STEPHEN. Fisiotera-pia Cardiopulmonar. Editora Manole: São Paulo, 1994. 2º ed.569 p.

JORNAL DE PNEUMOLOGIA (Publicação Oficial daSociedade Brasileira de Pneumologiae Tisiologia). I ConsensoBrasileiro de Pneumonia, v. 24, n.2, mar/abr, 1998.

KISNER C. Exercícios terapêuticos. São Paulo: Edito-ra Manole; 1998.

MACKENZIE CS. Fisioterapia respiratória em unida-de de terapia intensiva. São Paulo: Editora Panamericana;1988.

MARGOLIS P, Gadomski A. Does this infant have pneu-monia? Jama, 1998.

PRESTO B.; PRESTO, L. D. de N. Fisioterapia respi-ratória: uma nova visão.2 ed.Rio de Janeiro: BP, 2005.

PONTES, L.V. SOUZA, L.M.S.Utilização de uma Ma-nobra Manual de Reexpansão Pulmonar em Crianças Aco-metidas por Derrame Pleural pós Pneumonia Bacteriana.Belém-Pa, 2006.

POSTIAUX, G. Fisioterapia Respiratória Pediátrica: otratamento guiado por ausculta pulmonar. 2ª ed., Porto Alegre:Artmed, 2004.

ROZOV, T. Doenças Pulmonares em pediatria: diagnos-tico e tratamento. São Paulo:Atheneu, 2000.

SHEPHERD, ROBERTA B. Fisioterapia em pediatria.São Paulo 3. ed. 1996.

SLUTZKY, L.C. Fisioterapia Respiratória nas Enfer-midades Neuromusculares. Rio de Janeiro: Revinter, 1997.

Stiller K - Physiotherapy in intensive care: towards anevidence-based practice. Chest, 2000.

TANIGUCHI, L N. T.; PINHEIRO, A. P. A. Particulari-dades do atendimento ao paciente em pós operatório de ci-rurgia cardíaca. In: REGENGA, Marisa de Moraes. Fisiote-rapia em cardiologia: da UTI à reabilitação. São Paulo: Roca,2000.

TARANTINO, A. B. Derrames Pleurais.In:TARANTINO, A. B. Doenças Pulmonares, 5ªed.Rio de Ja-neiro: Guanabara Koogan, 2002.

THOMSON, A., SKINER, A., PIERCY, J. Fisioterapiade Tidy. 2. ed., 1ª edição em português em 1994.

WEST, J. B. - Fisiologia Respiratória Moderna. Edito-ra Manole Ltda., 1996.

Page 21: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 20

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

Fatores Estressores para Profissionais de Enfermagem que atuamem uma Unidade de Terapia Intensiva

Stressing factors on Nursing Professionals that act on Intensive Therapy

ResumoTrata-se de uma investigação bibliográfica realizada em

bases de dados tais como Medline, Lilacs, Scielo, a partir doano de 2000. Esse estudo levou-nos a compreender o estresseem diferentes ocupações do profissional de enfermagem, quetrabalha em Unidade de Terapia Intensiva, concretizando nossoobjetivo em fazer uma análise dos fatores causadores de estressenestes profissionais. Pudemos visualizar e confirmar a existên-cia de inúmeras fontes geradoras de estresse, que interagem notrabalho tais como; angústia intensa, originária do confrontodiário com o sofrimento, dor, angústia dos pacientes, familiarese morte. Como também tecnologias modernas, ruídos constan-tes, jornadas de trabalho sobrepostas, relacionamento com aequipe multidisciplinar, falta de recursos humanos e materiais,ausência de autonomia, baixos salários, freqüentes situações deemergência.Palavras-chave:Estresse, Enfermagem e UTI.

AbstractThis is a literature research conducted through studies in

books and scientific papers,such as Medline, Lilacs and Scielo,published since the year of 2000 .This study has led us tounderstand the stress in different occupations of professionalnursing in Intensive Unit Care,carrying out our aim to make ananalysis of the leading factors to stress in theseprofessionals.The end of this study could confirm the existenceof many sources of stress that interact in work,such as: intenseanguish originated from daily confrontation with suffering, painand patient anguish,family and death either moderntechnologies, constant noise, overlapping days ofwork,relationship with the multidisciplinary team, lack of humanand material resources,iack of autonomy, low payment,frequentemergency situations.Key words:Stress, nursing, Intensive treatment unit.

1. Enfermeira Especialista em Unidade de Terapia Intensiva Multiprofissional .

2. Enfermeira, Doutor em Clínica Cirúrgica, Diretora do Instituto de AdministraçãoPública de Curitiba, Docente do IBPEX.

Recebido: maio de 2009Aceito: maio de 2009Autor para correspondência:Email: [email protected]

Julita Royer Garcia1, Salete de Araujo1, Elaine Rossi Ribeiro2

IntroduçãoAtualmente a palavra estresse tem sido muito recorrida,

associada à sensação de desconforto, sendo cada vez maior onúmero de pessoas que se definem como estressadas ou se rela-cionam com outro indivíduo na mesma situação.

A preocupação referente ao estresse é cada vez mais cres-cente, hoje se têm multiplicado esforços no desenvolvimentode artigos e pesquisas científicas no sentido de propor mecanis-mos que visem elaborar medidas de controle dos aspectos ne-gativos do estresse no trabalho. Pois se sabe que o estresse éum dos responsáveis por causar alterações na saúde da pessoapodendo levar à doença ou em casos mais graves até a morte.

A palavra stress é derivada do latim e foi Hans Selye queem 1926 introduziu-a na área da saúde para definir uma síndromeproduzida por vários agentes nocivos. Já atualmente o “estressepode ser definido como um desgaste geral do organismo, cau-sado pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando esteé forçado a enfrentar um determinado estímulo conhecido comoestressor” (PARFARO; MARTINO, 2004, p. 153).

Fisiologicamente, o estresse é o resultado de respostasfísicas e mentais de uma reação do organismo que quando esti-mulado por fatores esternos desfavoráveis, liberam uma des-

carga de adrenalina sendo que os órgãos que mais sentem são oaparelho circulatório e o respiratório.

No entanto, segundo Brunner & Suddarth (2005, p. 86)“o estresse é um estado produzido por uma alteração no meioambiente que é percebida como desafiadora, ameaçadora oulesiva, para o equilíbrio dinâmico da pessoa”. E quando ocorreesse desequilíbrio ele pode ser real ou então percebido na capa-cidade que a pessoa possui de satisfazer as exigências da novasituação. A natureza do agressor pode ser variada, porque, oque causa estresse numa pessoa pode ser neutro para outra. Destemodo o objetivo desejado seria a adaptação à mudança ou aoagente agressor para a pessoa readquirir o equilíbrio e reelaborarsuas capacidades às novas exigências. Esse seria o processo decontrole do estresse.

De acordo com Balonne (2002, p.5) ao se deparar com oagente estressor, que pode ser interno ou externo,

“O organismo desenvolve um processo fisiológico queconsiste na somatória de todas as reações sistêmicas. Assim,podemos entender se o estresse é a alteração global de nossoorganismo para se adaptar a uma situação nova ou às mudan-ças de um modo geral”.

Page 22: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 21

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

O mesmo autor ainda relata que o estresse é um mecanis-mo normal necessário e benéfico ao organismo, pois faz comque o ser humano fique mais atento e sensível diante de situa-ções de perigo ou de dificuldades. Fisiologicamente, sua au-sência total seria o equivalente à morte. Sua ocorrência deveriaser um acontecimento positivo e não um problema ao desempe-nho pessoal, mesmo em situações consideradas positivas é be-néfico, como por exemplo, casos de promoções profissionais,casamentos desejados, nascimentos de filhos, dentre outros,podem produzir estresse positivo.

O estresse pode ocorrer quando o sujeito se depara comuma situação que de algum modo, cause irritação, medo excita-ção, ou até mesmo lhe traga uma imensa felicidade. O que de-termina se o estresse irá ocorrer é a capacidade do organismode atender as exigências daquela situação, independentementedessas serem de natureza positiva ou negativa (LIPP, 2003).

Em termos científicos, pode-se afirmar que o “estresse éa resposta fisiológica e de comportamento do individuo que seesforça para se adaptar e se ajustar a estímulos internos ou ex-ternos. Como a energia necessária a esta adaptação é limitada,se houver persistência do estímulo agressor, mais cedo ou maistarde o organismo entra numa fase de esgotamento” (LIPP 1999,p.145).

Estressor ou fonte de estresse é tudo o que provoque umaquebra na homeostase interna, que solicite uma adaptação amudanças necessitando que o indivíduo libere energia para li-dar com situações que podem ser originadas por causasestressoras internas ou externas. As externas independem domodo de funcionamento do sujeito e podem estar relacionadasa uma mudança de emprego, acidentes ou qualquer outro even-to que ocorra fora do corpo e da mente da pessoa. Os estressoresinternos são desencadeados pelo próprio sujeito, devido seumodo de ser, ou aspectos pessoais (LIPP, 1999).

Sabemos que o ambiente de trabalho se modificou eacompanha hoje os avanços das tecnologias com mais veloci-dade do que a capacidade de adaptação dos trabalhadores. Osprofissionais vivem hoje sob constante tensão, não só no ambi-ente de trabalho como na vida em geral. E principalmente naUTI existem diversas fontes de estresse tais como: tecnologiasmodernas, ruídos constantes, equipe multiprofissional, familia-res estressados diante da gravidade do quadro da doença de seufamiliar internado e dentre outras; freqüentes situações de emer-gências.

Estas condições de trabalho proporcionam uma insatisfa-ção que vem afetar diretamente os profissionais de enferma-gem e sua qualidade de vida no trabalho (GONZALES, 1998).Quando se fala em estresse no trabalho mais especificamentena equipe de enfermagem de uma UTI, não se fala de pessoasestressadas, mas de condições e ambientes estressores, tais como:

- Envolver o convívio diário com o sofrimento alheio; - Exigir constante atualização e habilidades manu-

ais; - Manter bom relacionamento com a clientela e com

a equipe multiprofissional. - Submeter-se a políticas que restringem a sua atua-

ção com a falta de recursos humanos e materiais.O estresse ocupacional é decorrente das tensões associa-

das ao trabalho e a vida profissional. Os agentes estressantesligados ao trabalho têm origens diversas: condições externas(economia, política) e exigências culturais (cobrança social efamiliar).

Já diversos autores citam como estressores do ambiente

físico: ruído, iluminação temperatura, higiene, intoxicação, cli-ma, e disposição do espaço físico para o trabalho (ergonomia);e como principais demandas estressantes: trabalho por turnos,trabalho noturno, sobrecarga de trabalho, exposição a riscos eperigos.

De acordo com Abrão (2002), o estresse tem acarretadoem grande dificuldade na execução do trabalho, vindo a ocasi-onar transtornos para empresas acentuando a diminuição daprodução, custos de tratamentos médicos e afastamentos dosprofissionais em conseqüências deste distúrbio, acarretando emdificuldades sócio-econômicas para o profissional afetado quecom isso diminui seus lucros e aumenta seus gastos, de maneirageral prejudica a situação econômica de toda a nação.

Os tipos de desgastes que os indivíduos estão submetidosnos ambientes em geral são fatores determinantes de patologi-as, os quais podem apresentar alterações diante dos agentesestressores tanto no operário com no executivo.

Segundo Ballone (2002, p. 5) as normas e regras sociaisque a sociedade impõe aos indivíduos limitando as manifesta-ções de suas angústias, frustrações e emoções são uns dos agra-vantes do estresse no trabalho, “obrigando o individuo a apa-rentar um comportamento emocional ou motor incongruente comseus sentimentos de agressão ou medo.” Geralmente as condi-ções de trabalho pioram com a desorganização no ambienteocupacional, colocando em risco a ordem e a capacidade derendimento do profissional, pois a falta de clareza nas regras,normas e tarefas que cada profissional deve desempenhar con-duzem à situação estressante.

Estas condições de trabalho proporcionam uma insatisfa-ção, que vem afetar diretamente os profissionais de enferma-gem e sua qualidade de vida no trabalho E lidar com o estresseexige inteligência, não apenas para evitar seus efeitos maléfi-cos, como também utilizá-los a nosso favor (GONZALES,1998).

Ao final de uma jornada de trabalho segundo Neto eGarbaccio, (2008, p.72) “pode observar que muitos profissio-nais da enfermagem se encontram esgotados tanto física quantoemocionalmente, o que coloca em risco a própria saúde”.

Nesta pesquisa enfocaremos mais especificamente, osfatores causadores de estresse para os profissionais de enfer-magem de Unidade de Terapia Intensiva porque existem inú-meras fontes geradoras de estresse entre as quais se incluemcondições ambientais, culturais sócio-econômicas,organizacionais e a própria assistência de enfermagem dentreoutras.

Para tanto, determinou-se como objetivo: Analisar os fa-tores causadores de estresse nos profissionais de enfermagemde uma Unidade de Terapia Intensiva.

MetodologiaTrata-se de uma pesquisa bibliográfica não sistematizada

para a qual utilizou-se as palavras-chave: estresse, Enferma-gem e UTI, em principais bases de dados científicos, englo-bando os anos de 2000 a 2008. Dessa forma, os artigos encon-trados foram lidos várias vezes a fim de identificarmos os nú-cleos de sentido e selecionados através dos resumos. Essa cole-ta de dados foi realizada no período de janeiro 2008 a julho2008.

Finalmente, realizamos a leitura interpretativa e apresen-tamos os resultados a seguir.

Page 23: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 22

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

Referencial Teórico

Sinais e Sintomas

Os sintomas do estresse variam do tipo de personalidade,pois, o impacto das situações estressoras é diferenciado paracada indivíduo. Outra questão não menos importante é o aspec-to cumulativo dos estímulos estressores, nem sempre a reaçãodesencadeada no momento é decorrente exclusivamente doestressor atual.

O organismo de todos os seres vivos funciona em sintoniacom seus órgãos, e estes refletem o ritmo em que o corpo seencontra. O estresse se caracteriza pela quebra desse equilí-brio, onde o fígado, pâncreas, estomago e outros órgãos nãoestão em mais entrosados entre si. Os órgãos passam a trabalharde forma diferente, descompensada, surgindo então os sinto-mas como: ansiedade, taquicardia, insônia, distúrbios gástricosentre outros. Dependendo da resposta adaptativa do organis-mo, estes sintomas, podem desaparecer, mas se o problema quedesencadeia o estresse permanece, conseqüentemente, os sin-tomas passam a ser crises de ansiedade, úlceras ou até maisgraves, como o infarto agudo do miocárdio. Evidentemente queos sintomas isolados não são significativos, mas a somatóriados sintomas e freqüência em que se apresentam (LIPP, 1999).Nesse caso é necessário reconhecer os sinais e sintomas paraagir de forma que os danos possam ser reversíveis, podendosurgir isoladamente ou em conjunto.

O estresse ou também chamado Síndrome Geral da Adap-tação,( foi dividido em três fases por Hans Selye em 1936, porcausa da sua grande influência no desenvolvimento científicodo estudo do esteresse ): Alarme, Fase de Resistência e Exaustão.

Alarme: É a fase inicial equivalente a uma reação de emer-gência, quando o organismo entra em contato com a fonteestressora com suas reações típicas, quando o organismo perdeo equilíbrio e se prepara para enfrentar a situação tentando seadaptar, podendo durar desde dias até semanas. Apresenta osseguintes sintomas: físicos; mãos ou pés frios, boca seca, nó noestomago, aumento da sudorese, tensão muscular, aperto damandíbula, ranger dos dentes, diarréia passageira, insôniataquicardia, hiperventilação, hipertensão arterial súbita e pas-sageira mudança de apetite. Sintomas psicológicos: aumentosúbito de motivação, entusiasmo súbito, e vontade súbita deiniciar novos projetos.

Adaptação ou Resistência: é quando a exposição do indi-víduo aos fatores causadores do estresse é duradoura, adaptan-do esse indivíduo às situações que o levam ao estresse. Este jápode durar meses ou vários anos. Nesta etapa, é a intermediáriaquando o organismo busca o retorno ao equilíbrio, com carac-terísticas de desgaste, esquecimento, cansaço ou dúvidas, podeocorrer a adaptação ou eliminação dos agentes estressantes econseqüentemente reequilíbrio e harmonia ou, então uma evo-lução para a fase seguinte. Apresenta os seguintes sintomas físi-cos: mal estar generalizado sem causa específica, formigamen-to nas extremidades sensação de desgaste físico constante, mu-dança de apetite, problemas dermatológicos, hipertensão arte-rial, cansaço constante, aparecimento de gastrite prolongada,tontura, sensação de estar flutuando. Sintomas psicológicos:problemas de memória/esquecimento, sensibilidade emotivaexcessiva, dúvidas quanto a si próprio pensamento constantesobre um assunto, irritabilidade excessiva, diminuição da libi-do.

Exaustão ou Esgotamento: É caracterizado pela incapa-cidade dos mecanismos responsáveis pela busca da adaptaçãodo organismo aos efeitos dos estressores permanecerem por umtempo prolongado, denota um momento crítico e perigoso po-dendo ocorrer comprometimentos físicos demonstrados sob aforma de doenças, podendo conduzir o organismo à morte(NETO; GARBACCIO, 2008).

Sintomas físicos: diarréias freqüentes, dificuldades sexu-ais, formigamento das extremidades: insônia, hipertensão arte-rial mudança de apetite, tonturas, úlcera, problemasdermatológicos, inapto para o trabalho cansaço excessivo,taquicardia.

Sintomas psicológicos: vontade de fugir dos problemas,sensação de incompetência em todas as áreas, pesadelos de-pressão ou raiva prolongada, pensamento insistente sobre omesmo assunto, tiques nervosos irritação emotiva, perda dosenso de humor. (MANGOLIN, M.; NUNES. N.A. 2004).

Nessa fase há dificuldades no controle da pressão arterialalterações no ritmo cardíaco, no sistema imunológico e no con-trole de níveis de alcalose do sangue, levando a um estado deapatia, desinteresse, desânimo e pessimismo em relação à vida(BALONNE, 2002).

A Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva

Westphalen e Carraro (2001, p. 149), nos colocam que “aciência se evidencia mediante a aplicação de conhecimentossistematizados e instrumentalizados pela arte, que pode se ex-pressar por meio de sensibilidade, da criatividade e da habili-dade, como instrumentos para a assistência de enfermagem”.Sabemos que fisiologicamente o estresse é o resultado de umareação que o organismo tem quando estimulado por fatores ex-ternos desfavoráveis.

Quando consultamos Brunner & Suddarth (2005, p.86)podemos deduzir que o “estresse é um estado produzido poruma alteração no meio ambiente que é percebida como desafi-adora ameaçadora ou lesiva para o equilíbrio dinâmico da pes-soa”.

E quando ocorre esse desequilíbrio ele pode ser real ouentão percebido na capacidade que a pessoa possui de satisfa-zer as exigências da nova situação. A natureza do agressor podeser variada. Portanto, o que causa estresse em uma pessoa podeser neutro para outro. Deste modo o objetivo desejado seria aadaptação à mudança ou ao agente agressor para a pessoareadquirir equilíbrio e reelaborar suas capacidades as novasexigências. Esse seria o processo de controle do estresse.

Portanto, pode-se concluir que os estímulos estressoresestão no ambiente e assumem várias formas, como a premênciade tempo, o que nos toca pode desencadear reações ou respos-tas de estresse.

Como observa Pereira (2000), a nossa sociedade écentrada no trabalho, e este é visto como forma de realizaçãopessoal, chance de aprendizado e geração de desafios, tornan-do a pessoa responsável e muitas vezes admirada pela ativida-de que se desempenha. Desta forma, pode-se concordar com aautora, porque o trabalho é visto como fonte de sobrevivência,marco de tranqüilidade e alvo de conquistas.

Os profissionais de enfermagem precisam adequar as con-dições de trabalho à sua vida em geral, para que esta seja reple-ta de realizações tanto psicológicas quanto fisiológicas, satisfa-ções, sucesso financeiro e espiritual.

Page 24: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 23

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

Para Gonzales (1998) a satisfação no trabalho é um dospilares fundamentais na construção do conceito de qualidadede vida, devido o trabalho ocupar grande parte da vida, estabe-lecer relações e dimensionar diferentes possibilidades que emer-gem da sua maior ou menor valorização social. A qualidade devida reflete também, o grau de satisfação, encontrado na vidafamiliar, amorosa, social, ambiental e para a própria estéticaexistencial, de indivíduo e coletividades.

A privação do sono pode trazer conseqüências, tais comoalterações da capacidade funcional, irritação, nervosismo, apa-tia, ansiedade, cefaléia, desânimo, dificuldade se lembrar dascoisas e às vezes pequenas dificuldades podem tornar-se gran-des problemas. A medicina aponta que é necessário o descansopor 8 horas diárias e é nesse período que a pessoa repõem asenergias.

A falta de sono priva-as de energia vital e essa perda deenergia interfere no desempenho do trabalho, tanto a perda deenergia como as interferências no desempenho produzem stress.Ninguém até agora identificou claramente como o sonoreenergiza o organismo, mas ele faz isso. O sono é importantepara a sua capacidade de enfrentar as suas tensões diárias co-muns. Sem ele, a pessoa fica totalmente descontrolada, tensa enervosa. E o ciclo se repete num circulo vicioso.

Com relação a UTI, pode-se dizer que é um ambiente deelevada tensão, com incertezas no tocante à sobrevivência e aoaparecimento de eventos, o que produz ansiedade, e sentimentosob pressão, facilmente traduzido em estresse. Biaggio apudLipp (1999) salienta que pequenos momentos de ansiedade eestresse são desejáveis no dia-a-dia porque podem estimular,mas em demasia é prejudicial em qualquer situação.

As Fontes de Estresse

Segundo Brunner&Suddarth (2005) as fontes de estressepodem ser classificadas em:

Agressores fisiológicos: Basicamente podem ser consi-derados agressores fisiológicos: agentes físicos (calor, frio, ra-diação, elétrico, traumatismos; agentes químicos (álcool, dro-gas, venenos); agentes infecciosos (vírus, bactérias e fungos);mecanismos imunológicos falhos, distúrbios genéticos,desequilíbrio nutricional e hipóxia).

Agressores psicossociais: Como a lista é extensa foi divi-dida e três grupos:

1 - Agressores cotidianos ou frustrações de ocorrênciacomum.

2 - Ocorrências complexas importantes que podem en-volver grandes grupos: ate nações inteiras.

3 – Agressores que ficam entre estes dois últimos, queocorrem em menor freqüência e atingem menos pessoas.

Resumindo podemos dizer que são os agressores que de-terminam uma mudança no equilíbrio das pessoas. SegundoBrunner, (2005, p;86) “o estresse dependerá portanto do nume-ro de agressores simultâneos, da experiência prévia contra oagressor e de sua intensidade e duração”.

Discussão dos ResultadosPercebemos a existência de estresse na equipe de enfer-

magem de UTI e destacaremos os fatores estressores que po-dem ser classificados como: extrínsecos e ambientais ou intrín-secos e psicológicos.

Nos fatores extrínsecos/ambientais; aparecem em comumnos diversos artigos; falta de pessoal e material, o ruído cons-tante das aparelhagens freqüentes situações de emergência, con-flito no relacionamento interpessoal, excesso de trabalho, rapi-dez de ação, baixo salário, dupla jornada de trabalho, falta dereconhecimento e autonomia, permanente confronto com o so-frimento e a morte. Ambiente fechado, luminosidade excessivae contínua, alta temperatura no ambiente, trabalho noturno.

Nos fatores intrínsecos/psicológicos: vários sintomas fo-ram relatados como: ansiedade, angústia, tensão, insônia, alie-nação, preocupação excessiva, dificuldade de concentrar-se emoutro assunto que não seja relacionado ao estressor dificuldadede relaxar desligar-se do trabalho mesmo estando em casa. Té-dio, ira, depressão, hipersensibilidade emotiva.

Outra fonte geradora de estresse se refere ao próprio cui-dado de enfermagem, que se inicia desde uma simples verifica-ção dos sinais vitais, uma avaliação ou orientação ao paciente,culminando às vezes na atuação da equipe de enfermagem emsituações de emergência, a qual exige uma capacidade de raci-ocínio e resolução rápida, pois a vida do paciente depende dis-so para que não morra, ou não piore ainda mais seu estado desaúde. Este fato produz a geração de um estresse inteiramenteligada à assistência de enfermagem.

O principal fator estressor relacionado à equipe de enfer-magem que gera estresse é o relacionamento interpessoal inter-ligada a uma intensa atividade, aliada a muitos dias de trabalhosem folga, causando grande desgaste físico e emocional, pois opaciente exige e merece ser bem tratado, encontra-se fragilizadopelo ambiente estranho e pela própria situação de doença gra-ve, para tanto é preciso que o profissional tenha um equilíbriofísico e mental ou emocional, sabedoria e disposição para quepossa prestar um atendimento humanizado e com qualidade.

Na enfermagem, existe a realidade de trabalho cansativae com muito desgaste, devido à convivência com a dor e o so-frimento dos clientes. Se o profissional não souber equilibrarbem essa situação, utilizando mecanismos de enfrentamento oude transferência, pode acometer-lhe um estado de ansiedade,que quando excede o nível mínimo leva a diminuição da capa-cidade de tomar decisões, levando-o a cometer erros adicio-nais, gerando dessa forma um círculo vicioso, e a conseqüentesníveis progressivos de estresse.

Uma das fontes de estresse para a enfermagem é justa-mente o desequilíbrio emocional da equipe, conseqüência demúltiplos fatores especialmente por atuarem em unidades deterapia intensiva.

O número de funcionários é apontado como umdesencadeador de um ritmo de trabalho acelerado, devido aofato de o mesmo número de tarefas serem divididos em um nú-mero menor de pessoas sobrecarregando todo o serviço do se-tor.

Para os enfermeiros, o cumprimento de tarefas burocráti-cas, apresenta-se como potente estressor, porque a formaçãoacadêmica é voltada para assistência e na UTI, onde há pacien-tes mais graves exigindo a presença desse profissional, impres-cindível em procedimentos de maior complexidade, que exi-gem maiores conhecimentos científicos. Já as funções adminis-trativas poderiam ser exercidas por um funcionário específicoda área, liberando o enfermeiro para a sistematização da assis-tência ao paciente e a coordenação da equipe e do setor, fun-ções estas para o qual se formou.

Page 25: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 24

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

Considerações FinaisPodemos considerar o estresse como qualquer evento que

demande do ambiente externo ou interno e que taxe ou excedaas fontes de adaptação de um individuo, hoje reconhecemosque a atuação junto ao paciente critico é desgastante, e esforçossão obtidos para aprimorar cada vez mais essas áreas de atua-ção; Podemos inferir que as atividades englobadas; controle;supervisão; treinamentos e avaliação da equipe de enfermagemsão difíceis e fazem parte da atuação do enfermeiro. Sabe-seque o relacionamento também não é fácil; fazendo-nos refletirsobre a autonomia e poder de decisão. Sendo essa área umarelação direta com a tomada de decisão em níveis hierárquicossuperiores e de demanda de poder, a equipe de enfermagemdeve ser reconhecida e necessita de investimento pelo papelimportante que tem cada elemento envolvido nesse contexto,independente de sua atuação.

Devemos diferenciar o estresse em diferentes situações;abordagem, impacto dos estressores, pessoas, ambiente e res-posta quando examina e tensão produzida pelos estressores,podendo também pontuar que o estresse é um processo psico-lógico e a compressão dos eventos estressantes é afetada porvariáveis cognitivas; não é a situação nem a resposta da pessoaque define o estresse, mas a percepção do individuo sobre asituação.

Através desse convívio o estresse aparece como resulta-do de respostas físicas e mentais a reação do organismo poden-do desencadear uma enfermidade orgânica provocando umadisfunção significativa na vida da pessoa que é comum na atu-ação da enfermagem.

Como os profissionais de saúde lidam com vidas é desuma importância à qualidade no serviço, portanto é indispen-sável que os gestores e diretores destas instituições proporcio-nem condições satisfatórias no trabalho no que compete a elespoderem aliviar os agentes estressores que estão sob sua alça-da, para propiciarem mudanças favoráveis aos seus funcionári-os, mas enquanto isso não se torna uma realidade brasileira,compete a cada um individualmente buscar alternativas diver-sas, como esporte lazer, descontração, para aliviar as tensõesdo trabalho diário, fazendo desta forma um autogerenciamentodo estresse com o intuito de proteger sua saúde física e psicoló-gica.

Entendendo que o assunto traz em seu bojo a própria im-portância, sugerimos que outros estudos sejam desenvolvidos,com o intuito de dar continuidade aprofundada ao debate cien-tífico sobre o estresse e suas conseqüências.

ReferênciasABRÃO, B. Combate ao estresse. Essencial n.13. São

Paulo: Nova Cultura, 2002BALLONE, G.J. Estresse.in...Psiqweb Psiquiatria Ge-

ral, última revisão, 2002. Disponível em http ://www.psiqweb.med.br/cursos/stress1.html. Acesso em 25 deabril de 2008.

BATISTA, K. M;BIANCHI.E.R.F. Estresse do enfermei-ro em unidade de emergência. Revista latino-americana deenfermagem, Ribeirão Preto,v.14, n.4, p.534-539,jul./ago.2006.

BAUER,M.E. Estresse:como ela abala as defesas doorganismo.Ci Hoje, v3, p20-25, 2002.

BRUNNER &SUDDARTH. Tratado de enfermagem -médico cirúrgica. 10ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2005.

GONZALEZ, R.M.B. Expressão de indicadores de(in)satisfação no trabalho por enfermeiras coordenadoras de áreade um hospital universitário. Cogitare Enferm, Curitiba, v. 3,n. 1, p. 105-109, jun./jul. 1998

NETO, N.M.C. O estresse ocupacional no serviço de en-fermagem hospitalar: reconhecimento e minimização. Interse-ção. Belo Horizonte,v.1, p.71-81,abril.2008.

LIPP,M; NOVAES,E. (coord.) O Estresse está dentrode você. São Paulo: Contexto,1999.

MARTINO, M.M.F;MISKO, M.D. Estados emocionaisde enfermagem no desempenho profissional em unidades críti-cas. Revista Escola de Enfermagem da USP. RibeirãoPreto.v.38, n.2,p.161-167,2004.

PAFARO, R.C; MARTINO,M.M.F.Estudo do estresse doenfermeiro com dupla jornada de trabalho em um hospital deoncologia pediátrica de Campinas. Rev.Enferm. USP, Ribei-rão Preto,v.38.n.2 p.152-160,2004.

PEREIRA, M.J.L. de B. Aprendizagem Contínua. Dis-ponível em: http: /www. informal. com.br/art000.htm.2000.Acesso em 11 de abril 2008.

WEISS, D. Administre o stress. São Paulo: LivrariaNobel. A,1991.

WESTPHALEN, M.E.A. CARRARO,T.E. Metodologiapara a Assistência de Enfermagem: Teorizações , modelos esubsídios para a prática.Goiânia: AB,2001.

Page 26: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 25

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

Princípios Básicos para Conservação de Órgãos para Transplante

Basic Principles for Preservation of Organs for Transplant

ResumoEste estudo tem como objetivo estudar sobre os princípi-

os básicos para conservação de órgãos para transplante, o mai-or tempo possível, durante a fase de isquemia fria para órgãosde transplante, como coração, fígado, pâncreas, rim e pulmão.Tem como suporte metodológico a pesquisa bibliográfica, a qualfoi realizada para construir conhecimento acerca do assunto aser estudado.Os resultados demonstram que os órgãos tem tem-pos diferentes de viabilidade no período de isquemia fria, ecuidados e técnicas tanto médicos como de enfermagem devemser observados para auxiliar no sucesso do transplante. O estu-do pontua as soluções de preservação de órgãos e as caracterís-ticas que lhe permitam validar todos os princípios apresenta-dos. É de extrema importância que a enfermeira mantenha-seatualizada, sendo indicado novos estudos não só quanto a pre-servação dos órgãos, mas sobre todos os aspectos éticos e le-gais do transplante e assistência de enfermagem no trans-ope-ratório nos diversos tipos de transplantes.Palavras-chave:Transplante de órgãos, Preservação de Órgãos, Assistência deEnfermagem ,isquemia fria.

AbstractThis study aims to examine the basic principles for

preservation of organs for transplant, as long as possible, duringthe cold ischemia organs for transplantation, such as heart, liver,pancreas, kidney and lung. Its methodological support theliterature search. The literature search was based on building aknowledge about the matter to be estudy. The results show thatthe bodies have different times of viability in the period of coldischemia, and both technical and medical care as nursing befollowed to assist in success of the transplant. The study showedthe preservation solutions, and these bodies will have to providefeatures that enable it to validate all the principles presentedand it is important that the nurse keep an updated, and newstudies indicated not only in the preservation of organs, but onall the ethical and legal assistance to transplant and nursing inthe trans-operative in different types of transplants.Key words:Transplantation of organs, preservation of organs, Relief ofNursing, cold ischemia.

1. Enfermeira, Especialista em Enfermagem em Centro Cirúrgico.

2. Enfermeira, Doutor em Clínica Cirúrgica pela UFPr.. Diretora do Instituto deAdministração Pública

Recebido: abril de 2009Aceito: maio de 2009Autor para correspondência:Email: [email protected]

Luisete Aparecida Ramalho Ferro1, Elaine Rossi Ribeiro2

Introdução“O aumento do número de transplantes de órgãos e o su-

cesso do mesmo são devidos a 4 fatores: o aprimoramento dastécnicas cirúrgicas, a descoberta de agentes imunopressorescapazes de prevenira a rejeição, sem serem particularmente tó-xicos para os pacientes; a generosidade dos doadores ou deseus familiares próximos; a elaboração de métodos capazes depreservar com sucesso esses órgãos, para que nenhum delesseja desperdiçado.”(BARRY,1994)

No Brasil, o primeiro transplante renal com doador vivoe com doador cadáver foram realizados em São Paulo, respec-tivamente, em 1965, no Hospital das Clínicas, Faculdade deMedicina, Universidade de São Paulo, e em 1967, no Hospitaldas Clínicas, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Uni-versidade de São Paulo. Dessas iniciativas pioneiras até os diasatuais transcorreu um período de mais de trinta anos, mas foiapenas a partir de 1997, com a publicação da Lei n. 9.434 –que regulamenta a remoção de órgãos e tecidos do corpo huma-no para transplante – que o mesmo teve um crescimento signi-ficativo no Brasil. Nesse momento, travou-se, na sociedade bra-

sileira, um amplo debate sobre o transplante, iniciando um pe-ríodo bastante significativo para a incorporação desta técnicamédica no Sistema Único de Saúde (SUS), com uma maior re-gulamentação de sua prática, a criação de uma estruturainstitucional nacional para a sua realização e um aumento daatividade de transplantes (OLIVEIRA et al., 2002).

Conforme a Legislação Brasileira (Lei n. 9.434/97), aaquisição de partes do corpo humano, para fins terapêuticos ouhumanitários, poderá ser feita apenas pela doação gratuita, emvida ou post mortem. No primeiro caso, estabelece-se que adoação em vida para transplante é permitida à pessoa juridica-mente capaz para o cônjuge ou parentes consangüíneos até oquarto grau ou para qualquer outra pessoa, mediante autoriza-ção judicial, dispensada no caso da medula óssea.

A remoção post mortem de órgãos e tecidos destinados atransplante deverá ser precedida de diagnóstico de morteencefálica, conforme resolução do Conselho Federal de Medi-cina (COFEN – Lei n. 1480/1997), e a doação dependerá daautorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecidaa linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusi-ve.

Page 27: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 26

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

O transplante apenas poderá ser feito após o consenti-mento expresso do receptor do órgão ou tecido, devidamenteinscrito em lista única de espera, após aconselhamento sobre osriscos e benefícios do procedimento. As listas únicas são for-madas para cada tipo de órgão ou tecido, estabelecendo-se cri-térios mínimos para a seleção de pacientes para os mesmos.

Do ponto de vista institucional, cria-se o Sistema Nacio-nal de Transplante (SNT), com o objetivo de desenvolver naci-onalmente o processo de captação e distribuição de órgão e te-cidos, sob a responsabilidade das três esferas de governo – nassuas competências específicas –, e formado pelas Centrais deNotificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO); oscentros de transplantes; e as equipes especializadas credenciadaspara a realização dos transplantes.

“O programa de transplantes no Brasil se destaca pelocrescimento no número de transplantes realizados nos últimosanos e pelo investimento público na especialização das suasequipes com conseqüente aumento do número de equipes habi-litadas, hoje superior a 200. O número de transplantes de ór-gãos sólidos realizados em 1997 foi de 2.127 e cresceu para3.916 em 2001, sendo a maioria realizados por equipes lidera-das por profissionais que tiveram sua pós-graduação médicacomplementada na Europa ou nos Estados Unidos, financiadospor agências governamentais brasileiras” (BRASIL, 2003).

A existência de um programa de transplante de órgãos,envolvendo a coleta e utilização de doadores cadavéricos, comdistribuição dos órgãos colhidos para receptores compatíveisou com melhor compatibilidade obriga a certa perda de tempoentre a coleta e o transplante. Para que se tenha sucesso, é ne-cessário que se mantenha a viabilidade do enxerto(MARSHALL, 2001).

Atuando como enfermeira de Centro Cirúrgico, num hos-pital de grande porte, percebo que o numero de transplantesvem aumentando, e a enfermeira de centro cirúrgico é respon-sável por separar o material para as equipes médicas que irãocaptar os órgãos em outros locais para posterior transplante,sendo que por vezes nos deparamos com a falta de determinadasolução de preservação,mesmo sendo de competência medicadecidir qual solução usará ,acredito que seja importante para aenfermeira o conhecimento das possibilidades ,levando em contao custo –beneficio.

Desta forma, justifica-se uma pesquisa que possa trazernovos e profundos conhecimentos sobre o assunto. Estabelece-mos como objetivo deste trabalho, estudar os princípios bási-cos para conservação de órgãos, durante a fase de isquemia fria,relacionando o tempo máximo ideal para cada órgão, com omenor prejuízo possível para sua função.

Como objetivo específico determina-se:Conhecer os procedimentos relacionados ao procedimento

completo de transplante de órgãos.

Tipo de PesquisaEste estudo teve como suporte metodológico a pesquisa

bibliográfica.A pesquisa bibliográfica é um levantamento mais

abrangente de referência bibliográfica sobre o tema escolhido.Os tipos de documentos aqui utilizados podem ser classifica-dos como documentos que incluem resultados de pesquisa, edocumentos secundários, que abrangem listas, revisões biblio-gráficas. É interessante pensarmos que a pesquisa bibliográfica

nos possibilita escolher temas, desvendar questões ainda nãoestudadas ou solucioná-los (LAKATOS; MARCONI, 2005).

Critérios para o levantamentobibliográfico

A pesquisa bibliográfica foi feita com base em construirconhecimento acerca do assunto a ser estudado

A adoção de critérios para seleção dos artigos é impor-tante para que haja rigor e uniformização na escolha destes.

Os critérios estabelecidos foram:1. Artigos que abordem o transplante de órgãos.2. Artigos indexados nos bancos de dados LILACS (Lite-

ratura Latino-Americana em Ciências da Saúde) ou MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on Line) eScielo (Scientific eletronic library online).

3. Artigos publicados em periódicos nacionais e interna-cionais, dentro do período de tempo delimitado para esta pes-quisa que será do ano de 1994 a 2008.

Procedimentos para seleção dos artigosAs palavras chave utilizadas para este levantamento bi-

bliográfico foram: Transplante de órgãos, Preservação de Ór-gãos, Assistência de Enfermagem, isquemia fria.

Apresentação dos resultadosSegundo a Associação Brasileira de Transplantes de Ór-

gãos (2003), atualmente o transplante de órgãos e tecidos é al-ternativa terapêutica segura e eficaz no tratamento de diversasdoenças, determinando melhoria na qualidade e na perspectivade vida.

Sempre que se busca preservar órgãos para transplante,há a preocupação em obtê-los sob as melhores condições, logo,com a maior chance de imediata função. A probabilidade dafunção precoce dependente do grau do dano celular induzidopela anóxia. Este pode ocorrer antes de iniciar a preservação edurante a fase de coleta do enxerto (isquemia quente), sendo amais importante a viabilidade do órgão (GARCIA, 2006).

Para se obter melhores resultados funcionais, a condutarecomendada tenta manter o mais curto tempo de isquemia quen-te possível. Técnicas atuais de remoção de múltiplos órgãospermitem por perfusão “in situ”, resfriar rapidamente os órgãos,diminuindo a poucos minutos o tempo de anoxia tissular.

Por redução de temperatura do órgão se diminuem o con-sumo de oxigênio e a atividade metabólica de seus tecidos. Po-rém, segundo Marshall (2001) esse resfriamento vai induzir aruptura aos processos metabólicos entre células, da homeostasiaentre célula e inibição enzimática, sendo que algumas enzimasse modificam irreversivelmente, enquanto outros se recuperamcom o reaquecimento.

De acordo com Gullo Neto (2006), durante o século XX,inúmeras experiências com preservação ex vivo de órgãos fo-ram se acumulando, usando sangue ou componentes do plasmaà temperatura ambiente ou com hipotermia, por perfusão arteri-al contínua, como conservadores de órgãos para transplante.

Em 1966, Belzer iniciou um programa de transplantesrenais cadavéricos na Universidade da Califórnia, em São Fran-cisco. Sabia-se desde 1959, que o frio diminui o metabolismo

Page 28: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 27

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

energético celular e o consumo de oxigênio (84% a 20ºC e 95%a 10ºC). Baseado nesse princípio, Belzer iniciou o programa depreservação por perfusão hipotérmica com máquina.

Collins, em 1969, descreveu um novo método de perfusãocom uma solução de composição eletrolítica semelhante à domeio intracelular, seguida de um armazenamento hipotérmico(2 a 4ºC) antes do transplante, tendo descrito nos seu estudos, aobtenção de períodos de isquemia fria de 16, 24 e 30 horas. Aperfusão e armazenamento hipotérmico são realizados com umasolução de hiperosmolaridade relativa, contendo solutosimpermeabilizantes, como citrato, sulfato, fosfato, glicose oumanitol, magnésio e quantidades variáveis de sódio e potássio(CORREIA, 2002).

A preservação, especialmente de órgãos de cadáveres,permite o tempo necessário – após a remoção – para que secompletem os estudos de histocompatibilidade, a seleção dosreceptores, o transporte do enxerto e a adequada preparação doreceptor (GARCIA, 2006).

A preservação confere grandes vantagens a um programade transplante, sendo elas: tempo para transportar o órgão dohospital doador para o hospital receptor; tempo para permitirque seja realizada a equivalência tecidual para os órgãos nosqual essa equivalência é importante (rim e coração); tempo parapreparar adequadamente o receptor e a equipe cirúrgica e umaqualidade da função do órgão que torna a evolução pós-opera-tória mais tranqüila (BELZER et al., 2004; GULLO NETO,2006). Para que a preservação dos órgãos para transplante te-nha resultados positivos, utiliza-se soluções de conservação deórgãos.

Defini-se como solução de conservação de órgãos, comosendo uma solução estéril e apirogénica para perfusão de ór-gãos, antes, e/ou imediatamente após a colheita e para conser-vação hipotérmica dos mesmos, no tempo que antecede o trans-plante.

De acordo com Gullo Neto(2006),as soluções de preser-vação de órgãos devem ter as seguintes características básicas :

1. Agir sob hipotermia para diminuir o metabolismo ce-lular.

2. Prover os elementos químicos para manter integras asestruturas celulares.

3. Incluir substâncias que reduzam a lesão induzida pelareperfusão.

Devem incluir componentes específicos de modo aminimizar o edema intracelular que se desenvolve rapidamen-te, induzido pela hipotermia, utilizando concentrações adequa-das de impermeabilizantes efetivos; soluções hiperosmóticas,que contribuem para minimizar o edema intracelular; soluçõesricas em potássio, para controlar os movimentos iônicos atra-vés da membrana semi-permeável da célula (CORREIA, 2002).

Deve-se também prevenir as lesões oxidativas originadaspor radicias livres derivados do oxigênio com uma solução decomposição química adequada

Para Muhlbacher (1999), as soluções de conservação sãoclassificadas em 2 grupos; sendo eles: a) composição semelhanteao liquido intracelular (pobres em sodio e ricas empótassio,diminuindo o edema celular)=Euro Collins, soluçãocom citrato, solução de Wisconsin (sol . de Belzer) e 2) solucõesque mimetizam o liquido extracelular (pobres em potassio ericas em sódio)=Celsior, sol LDK , St Thomas, Perfadex, solHTK. Qualquer das soluções apresentam vantagens e desvan-tagens, dependendo do órgão em preservação.

No que se refere a solução conservadora, dentro dos ma-

teriais específicos para retirada de órgãos, a Associação Brasi-leira de Transplantes de Órgãos em reunião de diretrizes de 2003,estabeleceu os seguintes critérios; 1- Iniciar a perfusão pela aorta(2 a 3 litros de solução UW), em 5 a 10 minutos os órgãosabdominais estão perfundidos; 2- Retirada do coração: utiliza-se frascos de solução cardioplégica a 4ºC; 3- Retirada dos pul-mões: quatro litros de solução de Perfadex gelada (10ºC); 4-Retirada do fígado: soluções de preservação (a critério de cadaequipe); um litro de solução de UW (para perfusão na cirurgiade bancada); 5 - Retirada do pâncreas: dois frascos de soluçãoUW; 6 - Retirada do intestino: cinco litros de solução UW; 7-Retirada de rim: dois litros de solução de Euro-Collins (paraarmazenamento dos órgãos).

Segundo Marshall (2001), a técnica é baseada noresfriamento imediato, o orgão é imerso em solução gelada (sorofisiológico), seu sistema vascular é preenchido com soluçãopreservante, e o órgão é mantido na solução de preservação àtemperatura entre 0º a 4ºC. O pulmão à temperatura 10ºC.

A seqüência de retirada de múltiplos órgãos obedece aseguinte ordem;

1. coração e pulmões2. fígado3. pâncreas4. intestino delgado5. rins6. enxertos vasculares (artérias e veias)7. córnea, pele e outros tecidos.As possíveis soluções usadas na preservação de órgãos

são:Solução de Euro-Collins

Nos princípios dos anos 80 até 1987, o método de con-servação usado, era a administração da solução de Euro-Collinsde forma sistêmica. Com ele, foram obtidas boas funções hepá-ticas pós-operatórias, tendo apresentado tempos de isquemiainferiores a 9 horas (CORREIA, 2002).

Apesar dos custos desta solução ser significativamenteinferiores aos da solução de UW, o tempo de armazenamentodos órgãos é reduzido a metade.

Solução de Wisconsin (UW)

Esta solução foi apresentada em 1987 por Belzer na Universi-dade de Winsconsin (solução de Belzer,UW) que se utilizou igual-mente na preservação de órgãos sólidos, permitindo tempos prolon-gados de isquemia fria (CORREIA, 2002).

È ideal para preservar todos os órgãos abdominais nesta solu-ção. As vantagens da utilização da solução UW são: aumento notempo de armazenamento dos órgãos, aumento nas taxas de sobrevidados enxertos e diminuição do não funcionamento primário, do en-xerto, diminuição das incidências de tromboses e retransplante.

O custo dessa solução é muito elevado, pois para cada doadoradulto são necessários 5 litros desta solução.

De acordo com Netto et al. (2001), dentre as manobras utili-zadas para a preservação de órgãos, a hipotermia exerce efeito bené-fico ao diminuir a demanda de oxigênio pelas células. No entanto,um pouco de energia ainda é necessária para manter a integridadecelular. Por outro lado, ao mesmo tempo em que a hipotermia causabenefícios como a redução do consumo de oxigênio e do metabolis-mo, causa também bloqueio de inúmeras reações enzimáticas, po-rém de maneira não idêntica.

Page 29: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 28

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

Após o transplante temos, invariavelmente, a reperfusão doórgão. A reperfusão muitas vezes pode acelerar os danos ocorridosdurante a fase de isquemia, expondo a célula a ambiente desfavorá-vel à recuperação da função mitocondrial pelas alterações no meta-bolismo de fosfolípides da membrana e entrada de cálcio no seuinterior.

Atualmente, e apesar do desenvolvimento de técnicas e solu-ções de preservação de órgãos para transplante, existem ainda doisobstáculos importantes que precisam ser vencidos: o primeiro é aeliminação dos danos causados pela preservação a frio e o segundo,a prevenção dos eventos que levam às lesões durante a reperfusão(NETTO et al., 2001).

Solução Histidina - Triptofano - Cetoglutarato(HTK)

Foi utilizada inicialmente para produzir cardioplegia.Soluções contendo Sódio em alta concentração e pouco Potás-sio, produzem os melhores resultados na preservação cardíaca.Otriptofano e histidina são considerados catadores de radicaislivres.(Garcia,2006)

Solução Celsior

Solução com baixa viscosidade e baixo conteúdo em po-tássio. Tem sido utilizado em transplantes hepáticos, renais epancreáticos.Foi testado com bons resultados em transplantescardíacos, pulmonares, renais e intestino delgado.(Faenza A.,2001).

Solução de Potássio Baixo e Dextran (LDK),Solução de Perfadex

Tem sido utilizada com sucesso na preservação de pul-mão. É uma formulação pobre em potássio e inclui umasubstancia colóide (dextran 40), previne o edema e age contra atrombose.

Solução de ST Thomas

Inicialmente foi utilizada como indutora de cardioplegia, em cirurgia cardíaca com circulação extra corpórea. Produzproteção, porem por períodos não longos de isquemiafria.(Michel P. 2002)

Tempo de Isquemia Fria, ideal relativo a cadaórgão:

A decisão de transplantar o órgão após determinado perí-odo de isquemia fria, caberá a equipe médica que fará o trans-plante, que avaliará as condições do órgão e /ou do

receptor.Perspectivas surgem a cada dia, sobre novas soluçõesde preservação e adição de substancias a essas soluções paramelhorar a viabilidade e o funcionamendo do órgão após areperfusão, auxiliando no sucesso do transplante.Cabe a enfer-meira estar atualizada quanto ao processo de preservação e cui-dar para que os enxertos sejam mantidos na temperatura ade-quada (em media 4ºC), sobre condições de esterelidade, e agilizaro procedimento cirúrgico, e o preparo do receptor, de modoadequado, sempre atenta ao tempo de isquemia fria ideal relati-vo a cada órgão, ciente que quanto menor o tempo de isquemiamaior a probabilidade de sucesso.

Considerações FinaisExiste interesse em prolongar o tempo de isquemia hipotérmica

dos órgãos com uso de soluções de preservação. O estudo demonstrouas soluções de preservação de órgãos e essas terão que apresentar carac-terísticas que lhe permitam validar todos os princípios apresentados. Aposanalisar os artigos sobre as soluções, percebe-se que há um consensosobre qual a solução mais eficaz para conservação de órgãos para trans-plantação. A maioria dos doadores de órgãos é submetido a perfusão insitu usando-se na maioria das vezes solução UW como preservante. Ofato de ser lista única de receptores , com ênfase na compatibilidade dosistema HLA, aumenta o tempo médio de isquemia fria, o que obriga asequipes de captação a observarem a manutenção dos órgãos viáveis.Novas soluções de preservação estão em teste. É importante que a enfer-meira mantenha-se atualizada, sendo indicado novos estudos não só quan-to a preservação dos órgãos , mas sobre todos os aspectos éticos e legaisdo transplante e assistência de enfermagem no trans-operatório nos di-versos tipos de transplantes.

ReferênciasBARRY,D.k. Clinicas cirúrgicas da América do Norte.

2000BELZER, O. et al. Preservação de órgãos. In: Clínicas Ci-

rúrgicas da América do Norte. 2004.BRASIL. Transplantes de órgãos no Brasil. Rev. Assoc. Med.

Bras. 2003.CORREIA E. Soluções para conservação de órgãos: princí-

pios básicos. Rev.O.F.I.L. 2002.GARCIA VD. Transplantes de órgãos e tecidos. 2 ed. São

Paulo, Segmento Forma, 2006.GULLO NETO DAS. Preservação de órgãos. 2006.GUERRA I. et al. O custo que envolve a retirada de múlti-

plos órgãos. Rev. Assoc. Med. Bras.São Paulo,2002.KUSS RB. An illustrated history or organ

transplantation. The great adventure of the century. LaboratoriesSandoz, 1992.

MARSHALL VC. Renal preservation. In: Morris PJ Kidneytransplantation. Principles and practice. Philadelphia Sauders,2002

NETTO J et al. ,Clororpromazina e função mitocondrial naisqumia – reperfusão renal. Acta Cir. Bras. São Paulo, 2000.

MUHLBACHER F. MIITTERMAYER C. Preservationsolutions for transplantation proc 1999.

OLIVEIRA M.B.C.et al.Importância da preservação do te-cido esplênico.Acta Cir. Brás. Vol 17 nº 6, São paulo, 2002.

PEREIRA WALTER ANTONIO. et al. I Reunião de Dire-trizes Básicas para Captação e Retirada de Múltiplos Órgãose Tecidos da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TRANSPLAN-TE DE ORGÃOS. Campos do Jordão , 2003.

Page 30: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 29

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

Comparação entre Técnicas Osteopáticas e FisioterapiaConvencional para o Tratamento das Desordens

Temporomandibulares

Comparison between Osteopathic Techniques and ConventionalPhysiotherapy for Treatment of Temporomandibular Disorders

ResumoO objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de lite-

ratura para comparar a eficácia das técnicas osteopáticas e fisi-oterápicas convencional no tratamento das desordenstemporomandibulares (DTM). O presente estudo realizou umlevantamento bibliográfico nacional e internacional no períodode 1981 a 2008. De acordo com a literatura revisada verificou-se que vários são os tratamentos para as desordenstemporomanibulares, e que ambos, a osteopatia e a fisioterapiaconvencional apresentam resultados positivos frente a um pa-ciente portador de DTM. O que podemos concluir é que umfisioterapeuta com especialização em osteopatia possui umagrande vantagem para o tratamento das DTMs, pois além depoder utilizar-se de técnicas osteopáticas, que possuem umaeficácia muito grande e reproduzem um efeito imediatosatisfatório, como será descrito no decorrer do artigo, poderãoutilizar-se também dos recursos da fisioterapia convencional,como a massoterapia, eletroterapia e cinesioterapia, que tam-bém vem demonstrando bons resultados com essa disfunção eapresentam uma boa aceitabilidade por parte dos pacientes. Noentanto é pertinente acreditar, que o fisioterapeuta deve sempreestar buscando novos cursos de formações e especializações,porém sem deixar de lado os princípios básicos da fisioterapiaconvencional, pois ela sempre será base para qualquer métodode tratamento.Palavras-chave:Desordem temporomandibular, Fisioterapia, Osteopatia.

AbstractThe aim of this paper is to review the literature in order

to verify effectiveness of the osteopathic techniques andconventional physiotherapy in the treatment oftemporomandibular disorders. The present study performed aninternational and national survey from 1981 to 2008. Accordingto the literature reviewed, it was verified that there is severaltreatments for the disorders temporomandibulars and the both,the osteopathy and the conventional physiotherapy have positiveresults to the DTM patients. From this study we can concludethat a physiotherapist with osteopathy specializing has a greatadvantage for the treat of DTMs, as well as to use the osteopathictechniques, which have a very high efficiency and reproducean immediate satisfactory, it will be described in course of thearticle, He also may use the resources the conventionalphysiotherapy, such as massage, electrotherapy andkinesiotherapy, which also have been showing good results withthis disfunction and it has a good acceptability by the patients.However it is appropriate to believe that the physiotherapistshould always look for new courses of expertise andspecialization, but without forgetting the basic principles ofconventional physiotherapy, because it will always be the basicfor any treatment’s method.Keywords:Temporomandibular disorders, Physiotherapy, Osteopathy

1. Fisioterapeuta, Mestranda em Tecnologia em Saúde pela PUC-PR

2. Fisioterapeuta, Pós-graduanda em Fisioterapia Osteopática pelo CBES

3. Docente do curso de pós-graduação em Fisioterapia Osteopática.

Recebido: maio de 2009Aceito: maio de 2009Autor para correspondência:Email: [email protected]

Walkyria Vilas Boas Fernandes1, Alexandra Bezerra Michelotto2, Sérgio Kimura3

IntroduçãoA articulação temporomandibular (ATM) está constante-

mente em movimento, realizando aproximadamente 2000 mo-vimentos ao dia, sendo assim a articulação mais usada do corpoe com maior probabilidade de sofrer disfunções. Esta articula-ção não foi feita para suportar carga e é parte constituinte dosistema estomatognático que incluem as bases ósseas do crâ-nio, dentes e periodontos, musculatura relacionada, ligamen-tos, sistema neurológico e vascular da região do pescoço.(Arrelano, 2002; Hoppenfeld, 2000).

Em relação à osteocinemática, os possíveis movimentos

da ATM são a depressão, elevação, protrusão, retração e desviolateral da mandíbula; em relação aos movimentos intra-articu-lares, os possíveis movimentos são a rotação e a translação docôndilo mandibular sob a fossa ou sob a eminência articular.Apesar de não poderem funcionar independente uma da outra,raramente elas apresentam movimentos idênticos e conjuntos(Okeson, 1992; Smith et al.,1997; Gould III, 1999).

Okeson, (1992) e Smith et al., (1997), definem a rotaçãocomo o processo pelo qual o côndilo mandibular gira em tornodo seu próprio eixo, sem mudar de lugar. Esse movimento ocorreentre a superfície superior do côndilo e a superfície inferior dodisco articular.

Page 31: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 30

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

A translação ocorre quando a mandíbula move-se parafrente e para baixo da eminência articular. Os dentes, côndilose ramos mandibulares se movem todos na mesma direção e namesma angulação. A translação ocorre entre a face superior dodisco e a face inferior da fossa articular (Okeson, 1992).

Qualquer problema que interfira no funcionamento docomplexo sistema crânio-mandibular-cervical pode resultar emuma desordem temporomandibular (Gray et al., 1994; Michelottiet al., 2000; Grace et al., 2002).

De acordo com o ADA – American Dental Association, otermo preferencialmente adotado é DesordensTemporomandibulares, incluindo todos os distúrbios funcionaisdo sistema mastigatório. Será esta a denominação utilizada nestetrabalho.

Pacientes com disfunção da ATM apresentam sinais e sin-tomas nos músculos mastigadores e na articulaçãotemporomandibular, exemplos: dor e/ou ruído nas ATMs, dorde “cabeça”, dor muscular, dor facial, dificuldade para abrir aboca, dor de ouvido, desgaste dental, zumbido de origem mus-cular, travamento mandibular aberto, dificuldade de mastigar,mudança na postura da cabeça (Oliveria, 2002).

São muitos os fatores etiológicos da DTMs. Os mais fre-qüentes são: traumatismos (macro e microtraumas); hábitosparafuncionais; frouxidão ligamentar; alterações sistêmicas (porexemplo: artrite reumatóide), alterações morfológicas congêni-tas, discrepâncias estruturais maxilo-mandibular, stress físico epsicológico, alterações hormonais. (Mongini, 1998)

Alterações da ATM e outras patologias associadas sãoalgumas das causas de desordens crânio-mandibulares, essasapresentam, entre seus tipos, diferentes classes oclusais onde aposição da mandíbula tem relação direta com a postura da ca-beça e ombros, por esta ser um osso livre (Bricot,1999).

Segundo Krostad et al., (1997), realizaram uma pesquisarelacionando incidência de sintomas de DTM com o sexo, asmulheres são quem mais procura tratamento para as desordenstemporomandibulares. Sua pesquisa ainda aponta uma conexãoentre as queixas somáticas e fatores de personalidade, como aansiedade e a angústia.

De acordo com Wright, et al., (2000), a atividade dosmúsculos cervicais influência a atividade da musculaturamastigatória.

Segundo Ricard (2002), as DTM podem ser classificadasem três categorias: transtornos musculares, articulares edegenerativos. As causas das DTM são diversas: desequilíbriostônicos musculares; disco articular danificado ou deslocado;transtornos capsulares, transtornos emocionais; fatoresnutricionais; traumas; whiplash; bruxismo; má oclusão; lassidezligamentar; stress e doenças sistêmicas.

Para Souchard (2004), uma tensão inicial nas cadeiasmusculares é responsável por uma sucessão de tensões associa-das. Cada vez que um músculo se encurta, ele aproxima suasextremidades deslocando os ossos sobre os quais ele se insere,assim, as articulações se bloqueiam e o corpo se deforma. Por-tanto, todos os outros músculos que se inserem sobre esse osso,serão alterados pelo deslocamento que se propagará sobre ou-tros ossos e músculos, e assim sucessivamente.

Para o sistema estomatognático, funcionar normal e efi-cientemente, um alto grau de precisão e harmonia deve existirentre a ação dos músculos mastigatórios e as forças de oclusão.A falta dessa harmonia pode causar um comportamento muscu-lar interrompido e um dano estrutural desta articulação, sendo

necessário, tratamentos que visem o alívio destes sintomas. Afisioterapia e o uso das técnicas osteopáticas tem um papel fun-damental na recuperação destas disfunções para melhorreequilíbrio muscular, mobilidade articular e alívio da dor (Car-valho, 2007).

Revisando a literatura, percebe-se que há escassez deevidências científicas que comprovem protocolos terapêuticosou estudos clínicos controlados (Michelotti, et al.; 2000). Destaforma, considerando a etiologia multifatorial das DTMs, ve-mos a necessidade de uma intervenção multidisciplinar comterapias conservadoras que visem um resultado eficiente no alí-vio da dor e desconforto dos movimentos articulares. O objeti-vo deste trabalho foi comparar a eficácia do tratamentoosteopático e da fisioterapia convencional, (massagem,cinesioterapia e eletroterapia).

MétodoO presente estudo foi realizado através de uma ampla

pesquisa bibliográfica no período 1981 a 2008.A pesquisa foi realizada através de livros e artigos cientí-

ficos nacionais e internacionais, que se fez através da busca embanco de dados como Scielo , PubMed e Science Direct. Aspalavras-chave utilizadas na pesquisa foram as seguintes: ATM,DTM, osteopatia, manipulação e fisioterapia. A pesquisa tam-bém se expandiu para revistas científicas nas áreas de Fisiote-rapia e Odontologia. Após a análise dos dados coletados, osconteúdos foram separados qualitativamente, tendo em vista oobjetivo de reunir informações atualizadas no presente estudo.

DesenvolvimentoConforme Biasotto, (2002), a fisioterapia pode proporci-

onar não só um alívio das condições sintomatológicas do paci-ente, como também restabelecer a função normal do aparelhomastigatório, promovendo a desprogramação muscular e redu-ção de cargas articulares. Em geral, a fisioterapia consiste de:cinesioterapia; modalidades analgésicas (eletroterapia); reedu-cação postural; massoterapia localizada; repouso controlado; emodalidades alternativas como o biofeedback.

Stiesch-Scholz, (2002) afirmam que, para aumentar aamplitude de movimento mandibular, manobras de mobilizaçãopassiva do côndilo, nas direções caudal, cranial, ventral e dorsaldevem ser realizadas.

Os resultados terapêuticos alcançados com o uso decinesioterapia, relatados por Nicolakis et al., (2002) e Zarb etal., (2002) são satisfatórios, mesmo a curto prazo. Os pacientestratados com exercícios mandibulares apresentaram significati-va redução da dor e melhora da mobilidade funcional. Os exer-cícios foram importantes na reeducação do paciente, ajudando-o a prevenir sobrecargas, mal uso ou abuso da articulação, for-talecendo e alongando a musculatura afetada.

Nos doentes em que o exame clínico é confuso e o diag-nóstico difícil, a imaginologia da ATM, em especial a RMN,pode ser realizada, como meio auxiliar de diagnóstico, que setorna especialmente importante quando é essencial um diag-nóstico diferencial preciso com vista ao estabelecimento de umaestratégia terapêutica complexa (Yatani et al., 1998).

Stiesch-Scholz e Fink (2002) afirmam que a mobilizaçãoarticular é a espécie de tratamento fisioterapêutico mais utiliza-da e eficaz nos casos de desarranjo interno da ATM. Os autores

Page 32: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 31

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

indicam também a tração cervical associada a exercícios de re-laxamento da musculatura mastigatória.

Wright et al., (2000) relatam que, além dos exercíciosrealizados durante a sessão de tratamento, os pacientes devemser instruídos a tentar manter a postura correta durante a maiorparte do tempo; relaxar seus músculos mastigatórios quandopossível e eliminar hábitos parafuncionais. É importante que ospacientes sejam informados do tipo de estresse e microtraumaque a postura incorreta pode desencadear.

A eletroterapia é um recurso que utiliza de técnicas ele-tromagnéticas com a finalidade de melhorar as condições cir-culatórias e inflamatórias, favorecendo, assim, a execução deexercícios musculares. (Mongini, 1998). A utilização de técni-cas eletroterápicas associada com a massoterapia e cinesioterapiapodem trazer grande benefício para os pacientes afetados, des-de que aplicado de maneira correta e segura. (Francesquini,1998).

A osteopatia será eficaz nos casos em que os pacientesapresentarem restrição de mobilidade de um ou váriosparâmetros fisiológicos de movimento da articulaçãotemporomandabilar. Estas lesões são mantidas por elementosperiarticulares, ou por tensão fascial a distância ou muscular(Ricard, 2002 e Kalamir et al. 2007).

A osteopatia na articulação temporomandibular visa ummelhor reposicionamento articular e relaxamento muscular re-flexo através do uso de técnicas manuais e técnicas estruturais.As técnicas funcionais atuam no sentido da disfunção até obtera liberação total dos elementos periarticulares como a técnicade Jones, técnica de Hoover e Sutherland (Ricard e Sallé, 2002;Peñas et a., 2005).

As técnicas estruturais agem no sentido da restrição demobilidade para regular o tônus muscular e a função articularfisiológica, destacam-se as técnicas rítmicas: stretching emobilização passiva (que atuam ao nível dos mecanorreceptoresproprioceptivos que respondem as variações de tensão no mús-culo, nos tendões e nos elementos cápsulo-ligamentares, o mo-vimento passivo cria estímulos seletivos a nível central ecortical); técnicas de músculo energia, que o princípio é colo-car o músculo em posição de estiramento e pedir uma contra-ção isométrica, é o que se chama na fisioterapia de contração-relaxamento, A contração isométrica do músculo estirado pro-voca um estiramento dos fusos neuromusculares e dos recepto-res tendinosos de Golgi, assim a medida que é estirado, ocorrerelaxamento, e técnicas de thrust, na qual é aplicado uma mani-pulação de alta velocidade e baixa amplitude para promoveruma separação articular com um estiramento da cápsula e dosmúsculos monoarticulares (Ricard e Sallé, 2002; Knutson eOwens, 2003 e Chaitow, 2001).

As disfunções somáticas que podem ser diagnosticadasnos pacientes com DTM são as seguintes: Lesão anterior docôndilo mandibular, lesão anterior do côndilo mandibular comsubluxação posterior do menisco, lesão posterior do côndilomandibular, e lesão posterior do côndilo mandibular comsubluxação anterior do menisco (Ricard, 2002).

Em vista lateral, ao analisarmos a relação crânio-colunacervical percebemos que o centro de gravidade do crânio, des-cansa na região anterior da coluna cervical e nas articulaçõestemporomandibulares. Sendo assim, sua posição ortostática émantida por um complexo mecanismo muscular envolvendomúsculos da cabeça, pescoço e cintura escapular. Devido a es-tas íntimas relações, qualquer alteração em uma destas estrutu-

ras poderá levar a um desequilíbrio postural, não somente nes-tes locais, como também nas demais cadeias musculares do or-ganismo (Rocabado, 1983).

O que diferencia uma manipulação osteopática de umamanipulação ortopédica são os parâmetros. O osteopata deverealizar a manipulação com thrust dentro dos limites fisiológi-cos da amplitude de movimento do paciente. Uns dos objetivosde utilizar um técnica de thrust é a surpresa que causa nas defe-sas fisiológicas articulares e a separação brusca das superfíciesarticulares que surpreende o sistema nervoso central e provocaum “black out sensorial local”, o circulo vicioso irritativo serompe e o tônus muscular se normaliza (Ricard e Sallé, 2002 eKnutson e Owens, 2003).

Discussões e ConclusõesDarling et al. (1984), realizaram um estudo com 7 indiví-

duos para verificar a posição de descanso da mandíbula, seusresultados também concordaram com outros achados de que amandíbula influencia consideravelmente na posição da cabeçae que a posição de descanso da mandíbula é o resultado de umacoordenação entre os músculos posteriores e anteriores da co-luna cervical, logo a posição de descanso da mandíbula depen-derá deste equilíbrio muscular,

Em um estudo realizado por Monaco et al., (2008) foramavaliados os efeitos do tratamento osteopático na cinemática damandíbula em pacientes com DTM. O estudo envolveu 28 cri-anças com qualquer sintoma nas ATMs, limitação de amplitudede movimento para abertura e história de trauma. Os pacientesforam randomizados e dividos em 2 grupos. A reavaliação foirealizada após 2 meses no grupo estudados e a 6 meses no gru-po controle. Diante dos resultados, os autores concluíram quenão houve diferença significante estatística.

Monaco, et al., (2008) através de seu estudocinesiográfico, encontraram resultados que sugerem que o tra-tamento osteopático pode induzir mudanças na dinâmica do sis-tema estomatognático, e oferece suporte válido na clínica dasDTM.

Minagi et al., (2001) com uma amostra de 35 pacientes,testaram a capacidade máxima voluntária da abertura verticalda boca dos pacientes, através da medida pelos interincisivosantes e após a manipulação do disco. Em 14 dos 17 pacientesque eram mais novos que 30 anos, houve aumento para 40mmna abertura vertical da boca após a manipulação, em relaçãoaos mais velhos de 30 anos, apenas 5 dos 18 apresentam au-mentos maiores de 40mm.

Foster et al., (2000) também realizaram um estudo paraverificar o aumento da abertura vertical da boca. Com uma amos-tra total de 55 pacientes, ele realizou a manipulação da articula-ção temporomanibular com deslocamento do disco sem redu-ção no grupo estudo. Antes da manipulação a abertura máximada boca dos pacientes era 20mm. Após a manipulação a médiachegou a 38mm, constatando que a manipulação pode ser mui-to eficaz para auxiliar o tratamento das DTM.

Bassanta et al., (1997), realizaram um estudo para verifi-car a eficácia do TENS para o tratamento das DTMs. Para esteestudo, foram selecionados 26 pacientes, com característicasde disfunção miofascial, abertura limitada, dor ou sensibilida-de nos músculos temporal e masseteres, bilateralmente. Em se-guida, foi feita a aplicação da Estimulação Elétrica NeuralTranscutânea (“TENS”) em baixa freqüência, por 43 minutos,

Page 33: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 32

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

e realizada uma aplicação do EMG comparativa. Observou-seuma redução nos valores eletromiográficos registrados previa-mente à aplicação do TENS nas fibras anteriores do temporal emasseter. O efeito disso nas relações maxilomandibulares foium apreciável aumento do espaço funcional livre.

Uma variedade de terapias para tratamento das disfunçõesmiofasciais destaca o TENS como um método que visa o rela-xamento da musculatura mastigatória. (Weisberg et al. 1981)

No estudo realizado por Donegá et al., (1997). foi anali-sado a sintomatologia em pacientes com disfunções intra-arti-culares da articulação temporomandibular. A queixa mais cita-da foi de dor na região pré-auricular 40,7%. Sintomatologiadolorosa articular 63,2% e ruídos articulares 83,3% foram osachados mais comuns ao exame clínico. Os ruídos articularesmais freqüentes foram os estalos 66,6%). Dor muscular ocor-reu, em especial, nos músculos pterigóideo medial e lateral e nainserção do temporal. Houve decréscimo na amplitude para aprotrusão dentre os movimentos mandibulares máximos.

Procópio, (1992), em estudo das relações de amplitudesmáximas dos movimentos mandibulares, numa amostra de pa-cientes com disfunções da ATM, verificou que 32,6% apresen-tavam abertura máxima de 39mm, 40% apresentavam protrusãomáxima de 4mm, 20%, lateralidade direita máxima de 4mm, e14,5%, lateralidade esquerda máxima de 4mm. Os músculoscom maior comprometimento foram o masseter, o temporal e opterigóideo medial.

Donegá et al., (1997) apud Uono et al., (1993) avaliaramos movimentos mandibulares em pacientes com disfunção do-lorosa da ATM, encontrando os seguintes valores em milíme-tros: abertura máxima, 47,56; protrusão máxima, 3,95;lateralidade direita, 7,19 e lateralidade esquerda, 8,00.

Tanto na aplicação de alta quanto de baixa freqüência,produzem-se efeitos analgésicos em mais de 50% da dor; o usoda alta freqüência produz efeitos miorrelaxantes e analgésicosmais rápidos, tornando menos perceptível a sensação desagra-dável do estímulo de baixa freqüência. (Manns et al., 1985)

Após a pesquisa, conclui-se então que existem poucosartigos que estudarão a respeito das diversas modalidades detratamento tanto as técnicas osteopática como a fisioterapiaconvencional.

Considerações FinaisSegundo Jull et al., (1994) apud Krause, (2007), o fisio-

terapeuta manipulativo é capaz de determinar o segmento dadisfunção somática sem o conhecimento prévio do quadro álgicodeste paciente. Podemos concluir então, que um fisioterapeutacom especialização em osteopatia possui uma grande vantagempara o tratamento das DTMs, pois além de poder utilizar-se detécnicas osteopáticas, que possuem uma eficácia muito grandee reproduzem um efeito imediato satisfatório, como descrito nodecorrer do artigo, poderão utilizar-se também dos recursos dafisioterapia convencional, como a massoterapia, eletroterapia ecinesioterapia, que também vem demonstrando bons resultadoscom essa patologia e apresentam uma boa aceitabilidade porparte dos pacientes.

ReferênciasARRELANO, J. C. V. Relação entre Postura Corporal e

Sistema Estomatognático. Jornal Brasileiro de Oclusão, ATM

e Dor Orofacial, v.2, n.6, p.155-164, 2002.BASSANTA, A. D. et al. Estimulação elétrica neural

transcutânea (“TENS”): sua aplicação nas disfunçõestemporomandibulares. Rev Odontol Univ São Paulo, v.11, n.2,p.109-116, abr./jun. 1997.

BIASOTTO, D. A. Fisioterapia Aplicada às Desordensda Articulação Temporomandibular. Disponível em<www.mjlivros.com> Acesso em 22 out. 2008.

BIENFAIT, MARCEL. Bases elementares técnicas deterapia manual e osteopatia 2. ed. São Paulo: Summus, 1997.

BRICOT, BERNARD. Posturologia. São Paulo, Ícone,1999.

CARVALHO, G. Comparacion entre la terapia convenci-onal odontológica y su uso combinado com la fisioterapia y laosteopatia, en pacientes com disfunción temporomandibular:ODOUS CIENTIFICA v.8, n.1, Enero - Junio 2007

CHAITOW, LEON. Síndrome da Fibromialgia – UmGuia para o Tratamento. São Paulo: Manole, 2002.

DARLING, D. W.; KRAUS, S.; GLASHEEN-WRAY, M.B. Relationship of head posture and the rest position of themandible. Journal of Prosthetic Dentistry.; v.42, n.1, p.111-115, 1984

DONEGÁ, S. H. P. et al.Análise da sintomatologia empacientes com disfunções intra-articulares da articulaçãotemporomandibular. Rev Odontol Univ São Paulo, v.11, p.77-83, 1997.

FOSTER M. E.; GRAY R. J.; DAVIES S. J.;MACFARLANE T. V. Therapeutic manipulation of thetemporomandibular joint. British Journal of Oral andMaxillofacial Surgery, v.38, n.6, p.641-644, 2000

GOULD III, J. A. Fisioterapia na Ortopedia e na Me-dicina do Esporte. 2.ed. São Paulo: Manole, 1999.

GRACE, E.G.; et al. The Use of na Oral Exercise Devicein the Treatment of Muscular TMD. Journal ofCraniomandibular Practice, v.20, n.3, jul.2002.

GRAY, R.J.M.; et al. Physiotherapy in the Treatment OfTemporomandibular Disorders: a Comparative Study of FourTreatment Methods. British Dental Journal, n.176, 1994

HOPPENFELD, S. Propedêutica Ortopédica. São Pau-lo: Atheneu, 2000.

JAMES A.; GOULD III, Fisioterapia na Ortopedia ena medicina do esporte. 2. ed. São Paulo: Manole, 1993.

KALAMIR, A.; POLLARD, H.; VITIELLO, A. L.;BONELLO, R. Manual Therapie for temporomandibulardisorders: A review of the literature. Journal of Bodywork andMovement Therapies. v.11 n.1 p.84-90, jan, 2007

KNUTSON, G. OWENS, E. Active and passivecharacteristics of muscle tone and their relationship models ofsubluxation/joint dysfunction. Part I. Journal of CanadianChiropractic Association, 2003.

KNUTSON, G. OWENS, E. Active and passivecharacteristics of muscle tone and their relationship models ofsubluxation/joint dysfunction. Part II. Journal of CanadianChiropractic Association, 2003.

KRAUSE, M. A abordagem fisioterápica manipulativaaustraliana nas desordens músculoesquelétcias. TerapiaManual. Disponível em: <www.terapiamanual.com.br/br/artigos.htm> Acesso em: 13 de fev. 2009.

KROSTRAD, B.S.; et al. The Reporting of Pain, SomaticComplaints, and Anxiety in a Group of Pacient with TMD Beforeand 2 Years After Treatment: Sex Diferences. Journal OfOrofacial Pain, v.10, 1996. Disponível em

Page 34: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 33

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

<www.gedor.com.br> Acesso em 26 nov. 2008.MANNS, A. et al. Influence of vertical dimension on

masseter muscle electromyographic activity in patients withtemporomandibular dysfunction. J Prosthet Dent, v.53, n.2,p.243-247, feb. 1985.

MICHELOTTI, A.; et al. Fisioterapia Musculare inPazienti com Disordini Temporomandibolari. MinervaStomalogica, Napoli, v. 49, 2000.

MINAGI, S.; NOZAKI, S.; SATO, T.; TSURU, H. Amanipulation technique for treatment of anterior diskdisplacement without reduction. Journal of ProstheticDentistry. v.65 n.5 p.686-691, maio, 1991

MONACO, A.; COZZOLINO, V.; CATTANEO, R.;CUTILLI, T.; SPADARO, A. Osteopathic manipulativetreatment (OMT) effects on mandibular kinetics: kinesiographicstudy. European Journal of Paediatric Dentistry, v.9, n.1,p.37-42, 2008

MONGINI, F. Fisiopatologia e Tratamento: ATM e Mús-culos Craniocervicofaciais. 1ª ed. Santos: Com.Imp. Ltda,1998.

NICOLAKIS, P.; et al. Long-Term Outcome AfterTreatment of Temporomandibular Joint Osteoarthritis withExercise and Manual Therapy. Journal of CraniomandibularPractice, v.20, n.1, jan. 2002.

OKESON, JEFFREY. P. Fundamentos de oclusão e de-sordens têmporo-mandibulares. 2.ed. Porto Alegre, ArtesMédicas, 1992.

OLIVEIRA, W. Disfunções Temporomandibulares. SãoPaulo: Artes Médicas, 2002. p.31-41.

PEÑAS, C. F.; CAMPO, M.S.; CARNERO, J. F.; Page,J.C.M. Manual Therapies in myofascial trigger point treatment:a systematic review. Journal of Body and MovementTherapies. n.9, p.27-34, 2005

PROCÓPIO, A. S. F. Estudo da relação entre as amplitu-des máximas dos movimentos mandibulares e os principais si-nais e sintomas em pacientes portadores de disfunção da articu-lação temporomandibular. São Paulo, 1992. 76p. Tese (Douto-

rado) - Faculdade de Odontologia, Universidade de São Paulo.RICARD, FRANÇOIS. Tratado de osteopatía craneal:

Análisis ortodôntico. Diagnóstico y tratamiento manual delos sídromes craneomandibulares. Madrid: Panamericana,2002.

ROCABADO, S. MARIANO. Biomechanical relationshipof the craneal, cervical and hyoid regions. J.Craniomandibular. Practice. Buenos Aires: Inter. Médica Edi-torial, p.47- 50, 1983.

SMITH, L.K.; et al. Cinesiologia Clínica deBrunnstrom. 5.ed. São Paulo: Manole, 1997.

SOUCHARD, PHILIPPE EMMANUEL. Reeducaçãopostural global. 5ºed. São Paulo, Ícone, 2004.

STIESCH-SCHOLZ, M.; FINK, M. Medical and PhysicalTherapy of Temporomandibular Joint Disk DisplacementWithout Reduction. Journal Of Craniomandibular Practice.Hannover, v.20, n.2, abr. 2002.

VELAYOS, J. L.; SANTANA, H. D. Anatomia da Ca-beça e Pescoço. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

WEISBERG, G. A. et al. Transcutaneous electricalstimulation as an adjunct in the management of myofascial paindysfunction syndrome. J Prosthet Dent, v.45, n.3, p.307-314,1981.

WRIGHT, EDWARD. F.; MANUEL A. DOMENECH.;e JOSEPH R. FISCHER. Usefulness of posture training forpatients with temporomandibular disorders. Journal of theAmerican Dental Associaton , v.131, p.202-210, 2000.

YATANI H, SUZUKI K, KUBOKI T, MATSUKA Y,MAEKAWA K, YAMASHITA A. The validity of clinicalexamination for diagnosing anterior disk displacement withoutreduction. Oral Surg. v. 85 p. 654-660, 1998

ZARB, GEORGE. A.; CARLSSO GUNNAR. E.;SESELE BARRY. J. Disfunções da articulaçãotemporomandibular e dos músculos da mastigação. 2.ed. SãoPaulo, Santos, 2002.

Page 35: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 34

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

Benefícios da Fisioterapia na Melhoria da Qualidade deVida na Terceira Idade

Benefits of the Physiotherapy in the improvement of the quality ofLife in the Third Age

ResumoSegundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a fai-

xa etária de sessenta anos ou mais é a que mais cresce em ter-mos proporcionais no Brasil. O aumento da população de ido-sos implica em ampliações das demandas sociais e representaum grande desafio político, social e econômico. Uma preocu-pação importante dos profissionais que se dedicam aos idosos éo declínio da aptidão funcional, que envolve não somente a ca-pacidade aeróbica, mas também a força e resistência muscula-res, a flexibilidade, a coordenação e o equilíbrio, fatores essesque contribuem significativamente para uma menor indepen-dência e qualidade de vida. O presente trabalho consiste numrelato de experiência baseado na vivência dos acadêmicos defisioterapia do UNIPÊ presentes na USB Monte Castelo(Cabedelo) com um grupo de idosos do IPSEMC (Instituto dePrevidência dos Servidores Municipais de Cabedelo). O grupoé composto de 20 idosos, onde são realizadas atividadeseducativas como palestras sobre temas variados e atividadesem grupos, visando uma melhor socialização bem como umamelhor qualidade de vida. O presente trabalho tem como obje-tivo expor um programa terapêutico em um grupo de idosos,enfatizando a prática fisioterapêutica com a finalidade de atin-gir o âmbito social, psicológico e motor do paciente. Baseadonisso, percebe-se a importância da inserção e intervenção dofisioterapeuta nas redes de serviços públicos, a fim de atuaremdesde a promoção, prevenção da saúde até a recuperação e re-abilitação destes indivíduos, buscando uma melhor qualidadede vida para todos.Palavras-chave:Qualidade de vida, Idosos, Atividades em grupos, Fisioterapia.

AbstractAccording to the World Organization of the Health

(OMS), the sixty year-old age group or more is what more growsin proportional terms in Brazil. The increase of the seniors'population implicates in enlargements of the social demandsand it represents a great challenge political, social andeconomical. An important concern of the professionals that you/they are devoted to the seniors is the decline of the functionalaptitude, that it involves not only the capacity aerobics, but alsothe force and muscular resistance, the flexibility, thecoordination and the balance, factors those that contributesignificantly to a smaller independence and life quality. Thepresent work consists of a report of experience based on theacademics' of physiotherapy of present UNIPÊ existence in USBMonte Castelo (Cabedelo) with a group of seniors of IPSEMC(Institute of Precaution of the Municipal Servants of Cabedelo).The group is composed of 20 senior, where educational activitiesare accomplished as lectures about varied themes and activitiesin groups, seeking a better socialization as well as a better lifequality. The present work has as objective to expose atherapeutic program in a group of seniors, emphasizing thepractice physiotherapeutic with the purpose of reaching theextent social, psychological and the patient's motor. Based onthat, it is noticed the importance of the insert and thephysiotherapist's intervention in the nets of public services, inorder to they act from the promotion, prevention of the healthto the recovery and these individuals' rehabilitation, lookingfor a better life quality for all.Key words:Quality, Senior, Activities in groups, Physiotherapy.

1. Graduando do Centro Universitário de João Pessoa UNIP (Bacharelado emFisioterapia).

Recebido: maio de 2009Aceito: maio de 2009Autor para correspondência:Email: [email protected]

Francisco Vagner Afonso Dias1, Ana Luiza Guerra Medeiros1, Emanuel Ayres de Medeiros1,Adelyanna Ramalho Palitot1, Andressa Véras de Queiroz1, Alidiane Morais da Silva1

IntroduçãoO envelhecimento, por sua vez, é aquele período de vida

que, segundo alguns autores, sucede a fase de maturidade e écaracterizado por declínio das funções orgânicas, e, em decor-rência acarreta maior susceptibilidade à eclosão as doenças, queterminam por levar o idoso à morte. Essa diminuição da capaci-dade funcional é caracteristicamente linear em função do tem-po. Por outro lado, não é possível evidenciar um ponto de tran-

sição com a fase precedente, dada à inexistência de um marcadorbiofisiológico eficaz e confiável do fenômeno.

Os exercícios e atividade física podem contribuir paracompensar determinada deficiência, aumentar a capacidade fun-cional ou simplesmente proporcionar prazer. A atividade físicaé capaz de beneficiar pessoas de todos os grupos etários, masela é especialmente importante para a saúde das pessoas da ter-ceira idade.

Page 36: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 35

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

O envelhecimento populacional atinge vários países. Acada dez indivíduos no mundo, um tem mais de 60 anos, sendoque o Brasil no ano de 2030 será a sexta população mundial emnúmero absoluto de idosos.

Referencial TeóricoO aumento das pesquisas direcionadas ao tema enve-

lhecimento estão associadas a um aumento gradativo das pes-soas com mais de 60 anos de idade. De acordo com Lorda(1990), em 1950, havia 200 milhões de pessoas com mais de60 anos. Em 1975, o número aumentou para 350 milhões.Atualmente, os brasileiros com mais de 60 anos chegam aocupar 7,3% da população, e as previsões apontam que, em25 anos, chegarão a 15% e o quantitativo mundial para o anode 2025 será em torno de 16 milhões de pessoas com maisde 65 anos , correspondendo a 7,64% da população estima-da em 212 milhões de pessoas. O crescimento da populaçãoidosa gera importantes repercussões sociais, econômicas eculturais, chamando a atenção da população para este fenô-meno. Verifica-se que o município de Jataí não foge à reali-dade nacional, contado, de acordo com o IBGE, com umapopulação de 75.890 habitantes, dos quais, cerca de 4,69%se encontram na terceira idade (RODRIGUES, 2003).

A saúde é definida como um estado de completo bemestar físico, mental, social e espiritual, e não somente a au-sência de doenças ou enfermidades. A aptidão física é umacondição na qual o indivíduo possui energia e vitalidade su-ficientes para realizar as tarefas diárias e participar de ativi-dades recreativas sem fadiga (NIEMAN, 1999).

O aumento da população de idosos implica em ampli-ações das demandas sociais e representa um grande desafiopolítico, social e econômico. Uma preocupação importantedos profissionais que se dedicam aos idosos é o declínio daaptidão funcional, que envolve não somente a capacidadeaeróbica, mas também a força e resistência musculares, aflexibilidade, a coordenação e o equilíbrio, fatores esses quecontribuem significativamente para uma menor independên-cia e qualidade de vida. (IORIS, 2000).

O processo de envelhecimento recebe influência devários fatores a que o ser humano se sujeita no decorrer dasua vida, como os fatores intrínsecos (hereditariedade), e osfatores extrínsecos (fatores ambientais, hábitos de vida, ali-mentação e atividade física) (IORIS,2000).

A saúde e a qualidade de vida dos idosos, mais que emoutros grupos etários, sofrem a influência de múltiplos fato-res físicos, psicológicos, sociais e culturais. Assim, avaliar epromover a saúde do idoso significa considerar variáveis dedistintos campos do saber, numa atuação interdisciplinar emultidimensional (ANDERSON, 1998).

O idoso tem perda de até 5% da capacidade física acada 10 anos e pode recuperar 10% através de atividadesfísicas adequadas. Estas atividades também atuam comoantidepressivos, sendo benéficos para todas as idades e se-xos. A recreação é uma alternativa para adaptar-se melhor aesta fase, a participação é coletiva, estimula a solidariedade,é através do jogo e da dança que o idoso diminui as tensões,angústias, faz amigos e se diverte. É uma atividade alegreque o faz esquecer do dia a dia, buscar a socialização e gos-tar de estar com pessoas da mesma idade. (SALVADOR,1995)

ConceitoQualidade de vida é um senso de total bem-estar, que in-

clui tanto aspectos físicos como psicossociais da vida do indi-víduo.

O termo Qualidade de Vida tem recebido uma variedadede definições ao longo dos anos. A QV pode se basear em trêsprincípios fundamentais: capacidade funcional, nívelsócioeconômico e satisfação. A QV também pode estar relacio-nada com os seguintes componentes: capacidade física, estadoemocional, interação social, atividade intelectual, situação eco-nômica e autoproteção de saúde. Na realidade, o conceito deQV varia de acordo com a visão de cada indivíduo. Para al-guns, ela é considerada como unidimensional, enquanto, paraoutros, é conceituada como multidimensional.

Muitos acreditam que, inevitavelmente, os idosos apre-sentam uma diminuição do seu bem-estar geral, do prazer deviver e da qualidade de vida. Ao se observar as diferenças entreenvelhecimento normal, envelhecimento patológico e envelhe-cimento bem sucedido fica claro o engano desta crença.

Muitos dos declínios observados no envelhecimento sãofrutos de um estilo de vida e de hábitos inadequados e nocivosa saúde. Portanto, estabelecer mudanças e adaptações do estilode vida do adulto pode reduzir o risco de doenças e incapacida-des funcionais, marcando assim um envelhecimento bem suce-dido. Os fatores psicológicos que influenciam no senso de equi-líbrio e de autonomia, além de um efetivo suporte social temum papel importante na promoção do bem-estar geral na velhi-ce. Este então, um produto do processo de adaptação entre onível de habilidade e competência individual e as demandas oupressões do meio ambiente.

O bem-estar, elemento fundamental para qualidade devida, é um critério subjetivo e é medido por fatores diferentesdos que são usados para avaliá-lo em outras faixas etárias. Oscritérios devem ser compatíveis com a idade, lembrando que oque é importante na juventude pode não ser relevante na velhi-ce.

Aceitar mudanças, prevenir doenças, modificar estilo devida prejudicial a saúde, estabelecer relações sociais e familia-res positivas e consistentes e manter um senso de humor eleva-do contribuem sobremaneira para um aumento da qualidade devida fator indispensável ao envelhecimento bem sucedido.

Aspectos Biológicos do EnvelhecimentoO envelhecimento, por sua vez, é aquele período de vida

que, segundo alguns autores, sucede a fase de maturidade e écaracterizado por declínio das funções orgânicas, e, em decor-rência acarreta maior susceptibilidade à eclosão as doenças, queterminam por levar o idoso à morte. Essa diminuição da capaci-dade funcional é caracteristicamente linear em função do tem-po. Por outro lado, não é possível evidenciar um ponto de tran-sição com a fase precedente, dada à inexistência de um marcadorbiofisiológico eficaz e confiável do fenômeno.

O envelhecimento biológico normal leva a diminuiçãodas reservas funcionais do organismo. Este efeito pode ser ob-servado em todos os aparelhos e sistemas: muscular, ósseo, ner-voso, circulatório, pulmonar, endócrino e imunológico. Toda-via, a velocidade e a extensão desse declínio variam muito en-tre os diversos tecidos e funções, como variam também de umindivíduo para o outro.

Page 37: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 36

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

A questão a ser levantada é sobre o tempo que tais alte-rações eugéricas podem ser mantidas sem que ocorram as pri-meiras manifestações de doença associada, sabendo-se que estaé mais freqüente e mais grave em idosos e que modificaçõesfisiológicas do envelhecimento podem agir como fatorprecipitante. A hipótise fisiológica do envelhecimento e seu tér-mino pela “morte eugérica” é que o declínio da função vai ocor-rendo até o ponto no qual o meio interno compatível com a vidada célula não pode ser mantido por mais tempo.

Vistas as características da velhice normal, sem doen-ças, e a velhice patológica, deduzimos que para conseguir aprimeira é necessária adotar um enfoque preventivo antes quesurja a agressão. O organismo constitui um aparelho complexoem equilíbrio dinâmico, cujos processos vitais são resultadosde ações anteriores que tardam, às vezes, anos para se manifes-tar. Para que o organismo envelhecido resista às agressões vi-tais, é necessário que haja prevenção vários anos antes. O idealseria que o projeto de saúde vital se iniciasse com o nascimen-to.

A gerontologia social trata dos fenômenos humanos as-sociados ao fato de envelhecer, processo inerente a todo serhumano. Entretanto, a velhice, resultado do envelhecimento, évulgarmente considerada como uma realidade que afeta somenteuma parte da população. Os velhos se configuram como umacategoria independente do resto da sociedade, separados comogrupo com características próprias. É óbvia que partilhem decaracterísticas comuns, mas o fato curioso é que esta diferenci-ação supõe maior separação do resto da sociedade do que aexperimentada por outros grupos sociais: crianças, adultos,operários, funcionários públicos etc. A velhice separa mais osidosos do resto dos concidadãos do que outros atributos crono-lógicos ou sociais. Suscita reações negativas e não somente umavariável descritiva da condição pessoal da pessoa, como a apa-rência física, o estado de saúde, o sexo etc.

É interessante observar que muitas das alterações queocorrem com o envelhecimento são similares às que ocorremdurante o repouso prolongado no leito e na ausência de gravi-dade.

O soma, corpo ou organismo físico constitui o ponto departida de qualquer fenômeno vital. A vida social não pode existirsem a vida orgânica. O que é certo historicamente para o indi-víduo, também o é no desenvolvimento das ciências do enve-lhecimento. As ciências do corpo humano são as que trataram,antes do envelhecimento e de suas conseqüências.

EpidemiologiaA proporção de pessoas idosas em relação ao total da

população atinge, atualmente níveis superiores ao de qualqueroutra época da história. Nos países desenvolvidos, situam-seao redor de 15% e com tendência a um crescimento superior aode qualquer outro setor da população. Esta tendência é únicaem nossa época, e os peritos concordam que o número de pes-soas idosas sobre o total da população crescerá em todos ospaíses do mundo, considerando-se as melhorias no nível de vidae a redução na taxa de natalidade. Os aumentos serão maioresnos países desenvolvidos, e em decorrência disso surgirão no-vas condições de vida, que já são previstas e causam preocupa-ção.

Segundo dados demográficos, sabe-se que a sobrevidada população vem aumentando. No entanto, o nível de

morbidade e incapacidade da população também acompanhaesse aumento. Isto equivale dizer que, após os 70 anos, umpercentual considerável desse grupo terá uma doença crônica eque deste, a metade terá uma limitação física ou uma incapaci-dade. A tendência é termos um número crescente de idosos quemuito embora destinados a viver por muito mais tempo vive-ram com alguma dependência funcional e com a saúde precá-ria, demandando cuidados institucionais.

Aproximadamente 85% das pessoas idosas apre-sentam uma ou mais doenças ou problemas de saúde, dentre osquais podemos destacar a artrite, hipertensão arterial, doençascardíacas, comprometimento da audição, comprometimentoortopédico, catarata, diabetes e comprometimento visual. Estefato revela que o Brasil, ao se tornar um país com habitantesvelhos em número cada vez maior, deve adotar medidas quecontribuam para a efetivação de políticas públicas e campanhaseducativas de atenção ao idoso, no sentido de proporcionar aomesmo a melhoria de sua qualidade de vida, assim como tam-bém sua integração a comunidade e a sociedade de um modogeral.

Nos últimos anos o Brasil vem sofrendo um fenômenodenominado de transição demográfica, o qual se caracteriza pelapassagem de uma situação de alta fecundidade, tendo uma po-pulação predominantemente jovem em continua expansão, parauma situação de baixa fecundidade com constante aumento ex-pressivo da faixa etária idosa. Esse fenômeno pode ser verifica-do nos dados publicados pelo Censo realizado no ano de 2000,onde a população de idosos atingiu o valor de 14 milhões, oque corresponde a 8,3% da população total (167 milhões), sen-do também constatado que as estimativas para 2020 apontamque os idosos serão em torno de 11,99%, ou seja, 25,20 mi-lhões de pessoas.

Atividade Física na Terceira IdadeA atividade física regular na terceira idade permeia a cria-

ção de condições para melhor aproveitar o tempo livre com ativi-dades integradas sob o aspecto da saúde do indivíduo, visando oequilíbrio físico e psíquico.

A força muscular é bem preservada até aproximadamente45 anos de idade, mas, posteriormente, deteriora cerca de 5 a 10por cento por década. Pessoas idosas respondem bem ao treina-mento com pesos, melhorando sua capacidade de exercer suasatividades rotineiras comuns.

De acordo com muitos gerontologistas o ingrediente fun-damental para um envelhecimento saudável. De todos os gruposetários as pessoas idosas são as mais beneficiadas pela atividadefísica. Os riscos de muitas doenças e problemas de saúde comunsna velhice, por exemplo, as doenças cardio-vasculares, depres-são, câncer, hipertensão arterial, osteoporose, fraturas ósseas ediabetes diminuem com a atividade física regular.

A atividade física regular pode contribuir muito para evitaras incapacidades associadas ao envelhecimento. Seu enfoque prin-cipal deve ser na promoção de saúde, mas em indivíduos com pato-logias já instaladas a prática de exercícios orientados pode ser muitoimportante para controlar a doença, evitar sua progressão e/ou reabi-litar o paciente.

Saber qual o tipo e a intensidade da atividade física capazesde proporcionar o benefício desejado é apenas metade da tarefa; aoutra metade consiste em ajudar a pessoa da terceira idade a adotar ea manter a sua participação na atividade que lhe é apropriada.

Page 38: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 37

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

Saber o que é melhor não é garantia de se estar fazendoo melhor. Podemos classificar a participação na atividade físicaem duas partes: fase de adoção e de manutenção. A participa-ção constante nas atividades físicas ainda depende de outrosfatores, tais como saúde do cliente, comportamento, disponibi-lidade de tempo e acesso as instalações. É mais provável a pes-soa desistir se estiver deprimida ou ansiosa, se o curso for caroou monótono e se o orientador do exercício não souber inspiraros participantes.

Evidências crescentes apóiam a afirmação de que umaproporção significativa da deteriorização atribuída a idade podeser explicada pela tendência das pessoas a se exercitar menos àmedida que envelhecem . Em qualquer idade, indivíduos que seexercitam de forma vigorosa podem ser mais bem treinados queos sedentários, mas, por causa do processo de envelhecimento,menos treinados do que pessoas jovens que se exercitam.

Os benefícios da atividade física para a saúde elongevidade são intuitivamente conhecidos desde o princípiodos tempos. Existem benefícios bem demonstrados sobre vári-os parâmetros que afetam a saúde e longevidade.

Segundo Lorda (1995), hoje 70% das pessoas acima de60 anos no Brasil são sedentárias. Esta estatística é assustadorase considerar as conseqüências deste sedentarismo, que variamdesde o risco de infracto do miocárdio até acidentes vascularese o câncer. Esta problema se agrava nas pessoas de terceira ida-de. Pois nesta fase de o organismo já não é mais como antes.Seus corpos não são mais tão flexíveis e seus movimentos nãosão mais ágeis. As articulações perdem mobilidade e elasticida-de, as lesões degenerativas como a osteoporose transforma oosso de um estado consistente para esponjoso deformado-o àsvezes. No aparelho bronco-pulmonar a deterioração é progres-siva e irreversível, todo sistema respiratório sofre alteração, in-clusive os pulmões que tem seu peso reduzido. No aparelhocardiovascular a capacidade do coração diminui, a pressão seeleva, diminuindo a circulação sanguínea, a pele se enruga, perdea maciez e se resseca.

A velhice traz consigo a redução das aptidões físicas,declínio das capacidades funcionais, diminuição da massa ós-sea e muscular, elasticidade, circulação e movimentos das arti-culações; aumento de peso, maior lentidão e doenças crônicas.

Apesar da associação entre atividade física e saúde estabem documentada, a maior parte da população é inativa com-pleta ou parcialmente. Nas últimas décadas foi nítido o fenô-meno da urbanização na nossa sociedade, a qual é acompanha-da naturalmente por um estilo de vida menos ativo. Além disso,podem existir riscos e barreiras individuais relacionados aosexercícios.

É opinião unânime que os exercícios fazem bem as pes-soas da terceira idade. Dentre algumas vantagens, temos: me-lhora do humor, diminuição da ansiedade, aumento do vigor;melhora da cognição; aumento da capacidade aeróbica e doenduro cardio respiratório; melhora do perfil dos lípides san-guíneos; aumento da flexibilidade e da amplitude dos movi-mentos; aumento da densidade dos ossos; aumento da força edo enduro da musculatura; aumento da massa muscular e dimi-nuição da massa de tecido adiposo.

A aptidão física relacionada com a saúde é tipicamentepor uma capacidade de realizar as atividades diárias com vigore está relacionada a um menor risco de doença crônica. A resis-tência cardiorrespiratória, a aptidão músculo-esquelético (for-ça e resistência muscular, flexibilidade) e uma composiçãocorpórea ideal são os componentes mensuráveis da aptidão fí-

sica relacionados com a saúde. Por outro lado, a aptidão relaci-onada com a habilidade tem mais a ver com agilidade, equilí-brio e coordenação, potência e tempo de reação (habilidadesesportivas) e apresenta pouca relação com a saúde e com a pre-venção de doenças.

Relato de ExperiênciaO presente trabalho consiste num relato de experi-

ência baseado na vivência dos acadêmicos de fisioterapiado UNIPÊ presentes na USB Monte Castelo (Cabedelo)com um grupo de idosos do IPSEMC (Instituto de Previ-dência dos Servidores Municipais de Cabedelo), em par-ceria com a educadora física desta instituição, a professo-ra Andrea Pereira, com o objetivo de proporcionar umamelhoria na qualidade de vida tanto no âmbito físico e nomental.

O grupo é formado por 20 idosos, composto aproxi-madamente de 95% de mulheres e o restante, 5% de ho-mens, cuja faixa etária varia entre 60 a 75 anos, onde sãorealizadas atividades uma vez por semana (quintas - fei-ras), com duração de uma hora, nas quais são desenvolvi-das atividades educativas como palestras sobre temas va-riados e atividades em grupos, visando uma melhor socia-lização bem como uma melhor qualidade de vida. Nestegrupo são desenvolvidas dinâmicas, alongamentos, exer-cícios respiratórios e exercícios metabólicos no geral,talassoterapia, como também o relaxamento global.

Dentre as atividades realizadas, inicialmente é feitodinâmicas de grupo para melhorar a integração, em segui-da são apresentadas as palestras educativas, podendo serdesempenhadas na Unidade Básica de Saúde de MonteCastelo ou na praia, através de cartazes ilustrativos sobreos variados temas, além de entregas de panfletos para queos idosos possam fazer um acompanhamento mais didáti-co do tema, e através destes levar um pouco de conheci-mento para casa. Após ser dada a palestra há uma interaçãodo grupo com os acadêmicos onde são tiradas dúvidas enarrados alguns casos que são vivenciados e acometidospor estes idosos.

Em seguida, é feita a aferição da pressão arterial decada idoso para observar se este se encontra em condiçãode participar das atividades físicas programadas,e poste-riormente, são desenvolvidas atividades de grupo, na qualas técnicas utilizadas são: alongamento global (colunacervical, MMSS, tronco e MMII) sendo feito com elessentado ou em pé, caminhadas na praia associadas com arespiração, mobilização ativa de MMSS com uso de bas-tões ou toalha, mobilização ativa de MMII, fortalecimen-to de MMSS e MMII com uso de elásticos, dissociaçõesde cinturas (escapular e pélvica) com uso da bola ou bas-tão, talassoterapia, movimentos realizados na água do marcomo meio natural de resistência ao exercício e orienta-ções posturais gerais para a vida diária, e por fim um rela-xamento com todos sentados fazendo o padrão ventilatóriodiafragmático, visando uma diminuição do trabalho res-piratório e conseqüentemente, para que a musculatura voltegradat ivamente ao normal . Segue quadro com ocronograma dos acadêmicos de fisioterapia com as pa-lestras e atividades cumpridas e a serem executadas:

Page 39: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 38

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

Considerações FinaisO presente trabalho teve como objetivo expor um pro-

grama terapêutico em um grupo de idosos, enfatizando a práti-ca fisioterapêutica com a finalidade de atingir o âmbito social,psicológico e motor do paciente. O trabalho com as pessoas deterceira idade confronta o fisioterapeuta com uma série de de-safios, os casos variam muito: afecções osteomusculares,cardiovasculares entre outros sistemas, que podem estar repre-sentados num grupo de pessoas ou até num mesmo paciente.Baseado nisso, percebe-se a importância da inserção e inter-venção do fisioterapeuta nas redes de serviços públicos, a fimde atuarem desde a promoção, prevenção da saúde até a recu-peração e reabilitação destes indivíduos, buscando uma melhorqualidade de vida para todos.

ReferênciasANDERSON, M.I.P/ ASSIS, M; PACHECO, L.C. Saú-

de e qualidade de vida na terceira idade. Revista da UERJ,Vol 1, n.1.Rio de Janeiro, nov. 1998 on line (www.unati.uerj.br).

COSTA, Allan José Silva da. Revista Virtual e Artigos. Aprática de atividades físicas direcionadas a população ido-sa: cuidados prescrições e benefícios. Disponívelem:<www.efartigos.atapace.org.fitnes/artigo37> Acesso em 19/10/2007.

FREITAS, E.V. de; PY, L; NERI, A. L.; CANÇADO,F.A.X.; GORZONI, M. L.; ROCHA, S. M. Tratado de Geria-tria e de Gerontologia. Rio de Janeiro: Gaunabara Koogan,2002.

FUNDAÇÃO IBGE. Brasil em números: 2000. Rio deJaneiro, 2000.

IORIS, Mairele Nicolodi. Fisioterapia no Abrigo Bezerrade Menezes: Uma Abordagem da Fisioterapia na Terceira Idade .São Paulo, 2000

LORDA, Raúl C. Recreação na terceira idade. Rio de Ja-neiro: Sprint, 1995,

MORAGAS, Ricardo Moragas. Gerontologia Social. En-velhecimento e Qualidade de Vida. São Paulo: Paulinas, 1997.

NIEMAN, D. C.; Exercícios e Saúde. Como se prevenirde doenças usando o exercício como seu medicamento. SãoPaulo: Manole, 1999.

VIEIRA, Eliane Brandão. Manual de Gerontologia. UmGuia Teórico-Prático para Profissionais, Cuidadores e Fa-miliares. Rio de Janeiro: Revinter, 1996.

PAPALÉO NETTO, M.; BRITO, F. C. de; Urgências emGeriatria. São Paulo: Atheneu, 2001.

PICKLES, C. Fisioterapia na Terceira Idade. 2 ed. SãoPaulo: Santos, 2000.

RODRIGUES, M. C.; LEAL, C.A R. A. A.; GARCIA, P.C. O. - A extensão buscando contribuir na melhoria da qualida-de de vida dos idosos. Revista da UFG, Vol. 5, No. 2, dez 2003on line (www.proec.ufg.br)

SANTOS, S.R; SANTOS, I.B.C; FERNANDES,M.G- Qua-lidade de vida do idoso na comunidade: Aplicação da escalade flanagan. Rev. Latino-Am. Enfermagem vol.10 no.6 RibeirãoPreto Nov./Dec. 2002 .

SULLIVAN, S. B. O‘. SCHIMITZ, T.J. Fisioterapia:avaliação e tratamento. 4 ed. Rio de Janeiro: Manole, 2004.

Page 40: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 39

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

Relação entre a Ausculta Pulmonar e o Aspecto da SecreçãoBrônquica

Relationship between Pulmonary and Aspect of Headphones BronchialSecretion

ResumoEste estudo teve como objetivo realizar uma revisão de

literatura referente a relação entre a ausculta pulmonar e o as-pecto da secreção brônquica. Sabe-se que a secreção é o au-mento da produção do muco pulmonar, caracterizando patolo-gia, que associado com células e resquícios do próprio pulmãoirá provocar sons pulmonares patológicos. Estes sons poderãonortear o examinador quanto às particularidades da secreção esuas patologias. Sendo assim, pode-se observar que nem sem-pre a literatura entra em consenso quanto ao aspecto da secre-ção expectorada e aquela observada durante a ausculta pulmo-nar.Palavras-chave:Muco; Ausculta Pulmonar; Secreção brônquica.

AbstractThis study aimed to conduct a review of literature

concerning the relationship between pulmonary auscultation andappearance of the bronchial secretion. It is known that thesecretion is the increased production of pulmonary mucus,characterizing pathology that associated with cells and remnantsof the lung sounds will cause lung disease. These sounds canguide the examiner about the features of secretion and itsdisorders. Thus, one can observe that the literature does notalways enter into agreement on the issue of expectoratesecretions and those observed during lung auscultation.Keywords:Mucus, pulmonary auscultation, bronchial secretion.

1. Acadêmicas da Prática sob Forma de Estágio Supervisionado em UTI – Curso deFisioterapia/UNIVALI.

2. Professor Supervisor da Prática sob Forma de Estágio Supervisionado em UTI –Curso de Fisioterapia/UNIVALI.

Recebido: maio de 2009Aceito: maio de 2009Autor para correspondência:Email: [email protected]

Caroline Silvestri Silva1, Dayana Cordeiro1, Kesya Montanha1, Mayana Costa1,Alceu Eduardo I. Furtado2

IntroduçãoA mucosa brônquica contém células que tem a função de

produzir o muco, composto por 95% de água, 5% deglicoproteínas, carboidratos, lipídios, ácidosdesoxirribonucleicos, alguns fragmentos celulares e partículasestranhas. Este tem como principal mecanismo a limpeza dasvias aéreas servindo como uma capa protetora e lubrificante(FRASER e PARÉ, 1981; PRYOR e WEBBER, 2002).

Diante de substâncias irritativas ou patologias diversasocorrem o aumento exagerado do muco que em contato commaterial celular principalmente células epiteliais descamadas,macrófagos alveolares e leucócitos irão formar a secreçãobrônquica. A intensidade desta irá variar de acordo com a natu-reza e a forma da natureza irritante. Esta situação gerará nasvias pulmonares sons patológicos que serão reconhecidos atra-vés da ausculta pulmonar (FRASE e PARÉ, 1981).

Este estudo tem como principal objetivo realizar uma re-visão literária destacando a relação entre a ausculta pulmonar eo aspecto da secreção brônquica.

Revisão de LiteraturaO Muco é um líquido viscoso produzido pelas glândulas

mucosas sendo constituído de água, mucina, sais inorgânicos,

células epiteliais, leucócitos e etc (BLAKISTON e colaborado-res, 1987). A produção do muco brônquico que é conduzidodas vias aéreas periféricas para as centrais, tem o intuito demanter a integridade das vias aéreas inferiores. Desta formapode-se dizer que o sistema mucociliar é um dos principaismecanismos de defesa do pulmão haja vista a adaptação ocorri-da pelo trato respiratório quando exposto a microorganismos esubstâncias tóxicas inaladas (GODOY ET AL, 2008). Em mé-dia são eliminados 100 ml/dia de muco respiratório, sendo quefisiologicamente esta quantidade pode chegar a 150 ml/dia semque se perceba o fenômeno (SILVA, 1997).

Doenças das vias aéreas podem fazer com que as glându-las mucosas produzam uma quantidade elevada de muco geran-do assim a secreção brônquica que estimulará a tosse (SCALAN,2000). Esta secreção brônquica pode ser classificada de acordocom a constituição e o aspecto do material em seroso, mucóide,purulento e hemoptise.

• Secreção Serosa: comumente encontrada na insufici-ência cardíaca e na asma brônquica. Sua expectoração podeapresentar secreção cor de tijolo, achocolatada e sanguínea,sendo que a primeira é menos freqüente devido à administraçãode antibióticos. Ë constituída de água, eletrólitos, mucoproteínase células(SCANLAN et al, 2000; SILVA, 1997; BETHLEM,1984).

• Secreção Mucóide: é de coloração translúcida, seme-lhante à clara de ovo, esbranquiçada e espessa, predomina nos

Page 41: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 40

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

processos viróticos, com conseqüência de irritação pelo fumo,poluição atmosférica e distúrbios alérgicos como asmabrônquica e bronquite crônica. Normalmente encontrada empacientes com doenças das vias aéreas (SCALAN, 2000 e SIL-VA e BETHLEN).

• Secreção Purulenta: devido à contaminação bacterianaou eventualmente pela presença de grande numero de eosinófilose piócitos sua coloração torna-se esverdeada ou amarelada.Nestes processos ocorre aumento do volume e da viscosidadedas secreções. É espessa, colorida e grudenta (SCANLAN etal, 2000; SILVA, 1997; BETHLEM, 1984).

• Hemoptise: caracteriza-se por expectoração de sangueproveniente dos pulmões acompanhado ou não de secreção,podendo ser classificada em maciça (mais de 300ml de sangueem 24hs) ou não-maciça. Esta última é mais comum nas infec-ções de vias aéreas, porém pode ser observada no câncer pul-monar, na tuberculose, em traumatismos e na embolia pulmo-nar. Quando associada à infecção é usualmente observado umescarro purulento com estrias de sangue. A hemoptise maciçatem como causa bronquiectasia, abcesso pulmonar e tubercu-lose aguda ou crônica (SCALAN e colaboradores, 2000). Se-gundo Tarantino (2002), o termo hemoptise não define quanti-dade, porém na prática geralmente denomina-se escarro san-guíneo ou hemoptóico quando há eliminação de pequena quan-tidade de sangue junto a secreção.

O odor é outra característica marcante da secreçãobrônquica podendo estar presente ou não. Na presença de pro-cessos de putrefação nas cavidades intrapulmonares oubrônquicas a secreção adquire um cheiro especialmente desa-gradável. A fetidez deve ser interpretada como indicação deflora anaeróbica como, por exemplo, abcesso pulmonar,empiemas com fístulas broncopleural e em alguns tipos de pneu-monias necrosantes. Sendo que as bronquiectasias e as supura-ções pulmonares são as causas mais comuns de expectoraçõesfétidas (AZEREDO, 2000).

A Ausculta Pulmonar (AP) é o método semiológico, bá-sico no exame físico dos pulmões, funcional por excelência,puramente estática, permitindo melhor análise do funcionamentopulmonar (TARANTINO, 2000). Ë considerada por algunsautores como uma avaliação subjetiva, muitas vezes dificulta-da pela terminologia imprecisa e, não obstante, confusa, con-tribuindo para a desvalorização da semiologia pulmonar(AUANA ET AL, 1998). Contudo, é um meio de fácil acesso,não invasivo, de baixo custo devendo, portanto, ser valorizadaao lado de outras técnicas diagnósticas. É através da AP quedistingue-se os sons pulmonares, tanto o fisiológico quanto opatológico. Divide-se em laringo-traqueal (respiração brônquicaou sopro glótico) e Murmúrio Vesicular (passagem de ar pelosbronquíolos e estrutura acinar), os sons fisiológicos. Já os sonspatológicos podem ser diferenciados em contínuos (roncos esibilos) e descontínuos (estertores crepitantes, estertoresbolhosos, atrito pleural).

RoncosPresença de secreção pulmonar, espasmo, edema ou le-

são de parede.

Som• São contínuos (+250msec);• Som gemente de baixa freqüência;

• Freqüentemente monofônico.• Podem ser ouvidos, às vezes, mesmos sem estetoscópio.

Causa• Vibração de grandes vias aéreas no ponto de fechamen-

to;

Fase do ciclo respiratório• Quase sempre inspiratório ocasionalmente expiratório;

Efeito da tosse• Desaparece temporariamente;

Doenças• Bronquite aguda,• Doença pulmonar obstrutiva crônica;• Compressão extrínseca das vias aéreas;• Obstrução das vias aéreas por corpo estranho;• Tumor ou secreção.

Aspecto da Secreção• Secreção fluidificada, esbranquiçada, viscoelástica.

Característica da secreção mucóide.(O’SULLIVAN e SCHIMITZ, 2004; TARANTINO,

2000; SCANLAN ET AL, 2000).

SibilosIrão ocorrer quando o ar flui em alta velocidade através

do estreitamente de uma via aérea, indicando assim comprome-timento da luz do bronquíolo por secreção e edema como nosprocessos inflamatórios, ou espasmo da musculatura.

Som• São contínuos porém mais agudos• Som musical de alta freqüência• Geralmente polifônico (várias vias aéreas obstruídas,

ouvido somente na fase expiratória) podendo sem monofônico(uma única via aérea obstruída).

Causa• Vibração de pequenas vias aéreas no ponto de fecha-

mento;

Fase do ciclo respiratório• Quase sempre inspiratório (secreção) ocasionalmente

expiratório (Broncoespamo);• Efeito da tosse• Pode mudar com a tosse melhorando quando secreção e

piorando na presença de bronco espasmo;

Doenças• Asma:• Compressão extrínseca das vias aéreas;• Obstrução das vias aéreas por corpo estranho;• Tumor ou secreção.• Fibrose cística• Carcinoma Broncogênico.

Page 42: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 41

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

Aspecto da secreção pulmonar• Espessa, menos fluida que a secreção encontrada no ron-

co, mais aderida, viscosa.(O’SULLIVAN e SCHIMITZ, 2004; TARANTINO,

2000; SCANLAN ET AL, 2000; PARSONS e HEFFNER,2000).

Estertores CrepitantesSão formandos na estrutura acinar e ocorre no final da

inspiração. Colapso dos alvéolos comumente devido à infiltra-ção de líquido no espaço intra-alveolar.

Som• Sons explosivos, interrompidos (menor 250ms);• De tom mais alto;• Simulados pelo enchimento (ar) de um saco plástico

amassado;• Podem ser auscultados na base pulmonar.

Causa• Abertura súbita de alvéolos e de pequenas vias aéreas

durante a inspiração e previamente colapsadas durante aexpiração;

Fase do ciclo respiratório• Final da Inspiração;

Efeito da tosse• Não desaparece;

Doenças• Fibrose pulmonar;• Pneumonia;• Insuficiência Cardíaca Congestiva.• DPOC• Bronquite Crônica• Enfisema

Aspecto da Secreção• Devido ao possível líquido intra-alveolar poderá carac-

terizar-se em uma secreção serosa.(O’SULLIVAN e SCHIMITZ, 2004; TARANTINO,

2000; SCANLAN ET AL, 2000).

Estertores BolhososResultante da mobilização de qualquer conteúdo presente na ár-

vore brônquica na luz dos alvéolos ou em cavidades pré-existentes. Ocorredevido a modificação da tensão superficial ou do aumento da quantida-de do conteúdo presente nos alvéolos e brônquios. O volume de ar cor-rente provoca um turbilhonamento acompanhado de ruídos cuja carac-terística dependerá dos bronquíolos e alvéolos (TARANTINO, 2002).

Som• Sons explosivos, interrompidos (menor 250ms);• De tom mais baixo;• Simulados por líquido borbulhante;

Causa• Abertura súbita de brônquios e grandes vias aéreas previamente

colapsadas;• Ar que borbulha através de secreções;

Fase do ciclo respiratório• Início da inspiração; muitas vezes na expiração.

Efeito da tosse• Tende a desaparecer ou diminuir com a tosse.

Doenças• Bronquite Aguda e crônica;• Edema pulmonar grave;• Bronquiectasias;• Pneumonias;• Tuberculoses;(O’SULLIVAN e SCHIMITZ, 2004; TARANTINO, 2000;

SCANLAN ET AL, 2000; PARSONS e HEFFNER, 2000)

Estridor ou CornagemConsiste na dificuldade inspiratória por redução do cali-

bre das vias aéreas respiratórias superiores na altura da laringee se manifesta por ruído e tiragem.

Som• Som áspero.• Tonalidade aguda• Mais audível nas faces laterais do tórax e sobre a tra-

quéia.

Causa• Edema de glote;• Presença de corpo estranho;• Laringite;• Difteria.

Fase do ciclo respiratório• Tanto na Inspiração quanto na expiração.

Efeito da tosse• Não desaparece ou piora.

Doenças• Inflamações;• Neoplasias• Infarto.(O’SULLIVAN e SCHIMITZ, 2004; TARANTINO,

2000; SCANLAN ET AL, 2000; PARSONS e HEFFNER,2000).

A seguir, através de tabela, estão relacionadas às princi-pais patologias pulmonares com respectivos sons e aspecto dasecreção pulmonar.

Page 43: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 42

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

(TARANTINO, 2002, ROTHSTEIN ET AL, 1997,AZEREDO, 2000)

ConclusãoA partir dos achados literários apresentados neste estudo,

observou-se que há contradição entre os termos técnicos e osusados na prática e ainda da diferença entre o muco e a secre-ção brônquica. Os autores consultados referenciam os sons pa-tológicos de maneira generalizada esquecendo-se que cada pa-tologia irá apresentar uma secreção específica gerando com sompulmonar diferenciado.

Sugere-se a elaboração de um estudo, na vivencia práti-ca, com observação da expectoração e dos sons pulmonaresrelacionando estes a patologia apresentada. Bem como um con-senso entre os autores com relação à terminologia utilizada.Outro ponto importante é a utilização de um diferencial entre omuco que é fisiológico da secreção brônquica, visto que esta écaracterística patológica do pulmão.

Referências BibliográficasGODOY, F.O. et al. Análise das propriedades reológicas

do muco brônquico humano através do transporte em palato derã. IX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica eV Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Univer-sidade do Vale do Paraíba. Disponível em:<www.in icepg .univap .br / INIC_2006/ in ic / in ic /03/INIC0000564>.

BLAKISTON e colaboradores. Dicionário Médico. 2 ed.Organização Andrei Editora: São Paulo, 1987.

SILVA, L.C.C. Compêndio de Pneumologia. 2 ed. BYK:São Paulo, 1997.

BETHLEM, N. Pneumologia. 3 ed. Atheneu: Rio de Ja-neiro, 1984.

AUADA, M.P. et al. A confusa nomenclatura da auscultapulmonar brasileira. Jornal de Pneumologia, n.23, v.3, maio-jun, 1998.

PARSONS, P.E.; HEFFNER, J.E. Segredos emPneumologia. Artmed: Porto Alegre, 2000.

O’SULLIVAN, S. B.; SCHIMITZ, T.J. Fisioterapia:avaliação e tratamento. 4 ed. Manole: São Paulo, 2004.

AZEREDO, C.A.C. Fisioterapia Respiratória no hos-pital geral. 1 ed. Manole: São Paulo, 2000.

SCANLAN, G.L. et al. Fundamentos da terapia respi-ratória de Egan. 7 ed, 1 ed brasileira. Manole: São Paulo, 2000.

TARANTINO, A.B. Doenças Pulmonares. 5 ed.Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2002.

ROTHSTEIN, J.M. ET AL. Manoel do Especialista emReabilitação. 1 ed. Manole: São Paulo, 1997.

FRASER, R.G; PERÉ, J.A.P. Diagnóstico das doençasdo Tórax. 2 ed, v1. Manole: São Paulo, 1981.

Page 44: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 43

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

Fatores Causais e Sociais Relacionados ao Óbito Materno deMulheres Residentes no Estado da Paraíba

Causal and Social factors related to Maternal Obits of Women resident inthe State of Paraíba

ResumoEste estudo objetivou identificar os fatores causais e so-

ciais associados aos óbitos maternos de mulheres residentes noestado da Paraíba, nos anos de 2000 a 2004. Trata-se de estudolongitudinal, com abordagem quantitativa, cuja população foiconstituída por todas as declarações de óbitos maternos exis-tentes no setor de vigilância epidemiológica da secretaria esta-dual de saúde entre os anos de 2000 a 2004. Verificou-se que asmulheres que foram a óbito por morte materna estavam no augeda vida reprodutiva, não brancas e tinham pouca escolaridade.A mortes se deram por causas obstétricas diretas. Porém, o com-portamento do coeficiente de mortalidade materna, nos cincoanos, não mostra efetiva melhora nos serviços de saúde mater-na. Conclui-se que houve predomínio dos óbitos maternos evi-táveis, evidenciando assistência inadequada ao pré-natal, partoe puerpério.Palavras-chave:Mortalidade; Mortalidade Materna; Saúde Materna.

AbstractThe presented study had as objective to identify causal

and social factors related to maternal obits of women residentin the state of Paraíba, from 2000 to 2004. It is a longitudinalstudy, with quantitative approach, which population was formedby all the obituaries from the epidemiology surveillance sectorat the state health department between 2000 and 2004. It wasverified that women who died by maternal causes were in thepeak of their reproductive life, not Caucasian, and had littleeducation. The deaths were due to direct obstetric causes.However the behavior of the maternal mortality coefficient, inthe last five years, does not show improvement in the maternalhealth care services. It is possible to conclude that there was apredominance of avoidable maternal obits, pointing inadequateassistance in prenatal, delivery and puerperium.Keywords:Mortality; Maternal Mortality; Maternal Health.

1. Dr.a em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.Professora do Departamento de Fisioterapia da União de Ensino Superior de CampinaGrande-PB.

2. Doutor em Demografia. Departamento de Estatística, Universidade Federal daParaíba, João Pessoa-PB.

Recebido: maio de 2009Aceito: maio de 2009Autor para correspondência:Email: [email protected]

Ana Cristina da Nóbrega Marinho Torres Leite1, Neir Antunes Paes2

IntroduçãoA morte de uma mulher durante o período gravídico

puerperal tem sido alvo de discussões por parte dos gestorespúblicos e profissionais de saúde, visto ser uma problemáticaque representa um dos episódios que mais altera as relaçõescom o ser humano no seu cotidiano.

Quando uma mulher vai à óbito por morte materna de-ver-se-ia interrogar onde começou a se construir esta morte?Qual a faixa etária, raça e escolaridade das mulheres? e quaisas causas que levaram à morte?

Sem dúvida, a resposta para cada variável é muito impor-tante, tendo em vista que conhecendo a realidade destas mulhe-res será mais fácil impedir que a maioria possa ter uma morte“não-antecipada”, interrompendo suas vidas antes da hora, emplena capacidade reprodutiva e produtiva (WHO/UNICEF,1996).

Entretanto, uma abordagem como esta da morte maternanão é tarefa fácil, considerando que no Brasil, e em especial nonordeste brasileiro, mais especificamente no estado da Paraíbaa situação da saúde materna continua precária e as mulheres

continuam morrendo por causas que poderiam ser evitada. Di-ante disso, este estudo tem por objetivo identificar os fatorescausais e sociais associados aos óbitos maternos de mulheresresidentes no estado da Paraíba, nos anos de 2000 a 2004.

Referencial TeóricoOs estudos sobre a população feminina no país assumem

importância quando se verifica a crescente participação da mu-lher na força de trabalho e o importante contingente numéricodo grupo em idade fértil, aliados a níveis de saúde insatisfatórios.

Esta situação revela que após vários anos de reconheci-mento da declaração dos direitos humanos as populações comnecessidades diferenciadas continuam sofrendo com o caos nasaúde, principalmente quando esta se refere a saúde materna,tendo em vista que a morte de uma mulher no período gravídicopuerperal é uma tragédia para toda família e sociedade.

Em uma publicação da OMS e UNICEF há o seguintecomentário: “a mortalidade materna representa um indicadordo status da mulher, seu acesso à assistência à saúde e a ade-quação do sistema de assistência à saúde em responder às suas

Page 45: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 44

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

necessidades. É preciso, portanto, ter informações sobre níveise tendências da mortalidade materna, não somente pelo que elaestima sobre os riscos na gravidez e no parto mas também peloque significa sobre a saúde, em geral, da mulher e, por exten-são, seu status social e econômico” (WHO/UNICEF, 1996).

A Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia(FIGO), aprovou, em seu congresso mundial realizado na Aus-trália em 1967, a classificação e o conceito de morte maternapreconizados pelo Comitê Internacional de Mortalidade Ma-terna, sendo incorporados pela Organização Mundial de Saúde(OMS) em 1975 por ocasião da 9a Revisão do Manual de Clas-sificação Internacional de Doenças (CID 9) e mantidos na 10a

Revisão (CID 10) (THEME-FILHA; SILVA, 1999).Segundo Albuquerque et al (1997), desde 1975 que a OMS

conceitua morte materna “como sendo a morte da mulher du-rante a gestação em um período de até 42 dias após seu térmi-no, independente da duração ou localização da gravidez, e porqualquer causa relacionada ou agravada pela gestação.

Com vistas a melhorar a qualidade dos dados de mortali-dade materna e fornecer métodos alternativos de coleta dasmortes durante a gravidez ou relacionadas com ela a Quadragé-sima terceira Assembléia Mundial de Saúde adotou, em 1990, arecomendação de que os países considerassem a inclusão, nosatestados de óbitos, questões que dissessem respeito à gravidezatual e à gravidez durante o ano que precedeu a morte, encora-jando, dessa forma, o registro das mortes por causas obstétricasocorridos no período além dos 42 dias após o término da gravi-dez. A essa morte que ocorre após o puerpério deu-se o nomede Morte Materna Tardia (WHO, 1989).

Praticamente, todos os países adotaram essa sugestão eincluíram, nos seus formulários de óbito, um item específicopara mortes de mulheres em idade fértil, indagando nesses ca-sos, se a mulher estava grávida no momento da morte ou seesteve grávida no período de 12 meses anteriores ao eventofatal. No Brasil, o Ministério da Saúde, gestor do Sistema deInformação de Mortalidade, passou desde 1995, a consideraressa variável na declaração de óbito (LAURENTI, 2001).

A morte materna ainda pode ser classificada em dois gru-pos, os óbitos por causas obstétricas diretas e causas indiretas.As mortes diretas resultam de complicações obstétricas relaci-onadas à gravidez, parto e puerpério, devidas a intervenções,omissões, tratamento incorreto ou de uma seqüência de eventosresultantes de qualquer uma dessas situações (ex.: hemorragia,infecção puerperal, hipertensão, tromboembolismo, acidenteanestésico). Representam ainda a principal causa de morte ma-terna nos países em desenvolvimento. As mortes indiretas de-correm de doenças preexistentes ou que se desenvolvem duran-te a gestação (intercorrentes) e que não se devem a causas obs-tétricas diretas, mas que foram agravadas pelos efeitos fisioló-gicos da gestação (ex.: cardiopatias, colagenoses e outras do-enças crônicas) (COSTA et al, 2002).

Em termos gerais, as causas diretas de morte maternacorrespondem a aproximadamente 80% do total de eventos e,portanto, são consideradas como passíveis de serem evitadas(Global Forum for Health Research, 2002). As principais cau-sas diretas são a hemorragia, com aproximadamente 25% dototal de casos, seguida pela infecção com 15%, as complica-ções de aborto inseguro com 13% e a eclâmpsia com 12%(WHO, 1999). Estas proporções variam de país a país e entreregiões, com uma tendência de diminuição de causashemorrágicas e aumento de causas por hipertensão à medida

que aumenta o desenvolvimento.Sobre este aspecto, Costa et al (2002) ressaltam que a

hipertensão ocorre em mulheres com mais de 30 anos, multíparase hipertensas crônicas, condições que podem ser facilmenteidentificadas no pré-natal, adotando-se a terapêutica adequadapara minimizar as repercussões sobre o binômio mãe-feto, in-clusive o internamento precoce e o parto prematuro terapêuticoem centros de referência, além, é claro, do óbvio papel do pla-nejamento familiar, uma vez que parcela considerável dessasgestações nunca deveriam ter ocorrido.

A gravidade dessa situação reside no fato de as mortesmaternas obstétricas diretas serem, em quase sua totalidade,evitáveis, caso fosse oferecida, à gestante, esforços no sentidode desenvolver medidas de saúde pública para melhorar a qua-lidade de assistência pré-natal, ao parto e puerpério e, em umavisão holística, promover a saúde reprodutiva como direito decidadania (SOUSA, 2003).

É importante também levar em consideração a MorteMaterna Não-Obstétrica, a qual inclui os óbitos durante a gra-videz, parto ou puerpério, porém por causas incidentais ou aci-dentais (AGUIAR, 1997).

A morte materna pode ser classificada ainda, mediante asua informação na declaração de óbito (D.O). Assim, MorteMaterna Declarada é todo o óbito no qual as informaçõesregistradas na D.O permitem classificá-lo como materno. Emcontrapartida, Morte Materna Não Declarada é toda aquela emque as informações contidas na D.O não permitem classificar oóbito materno, só podendo ser descoberta a partir de uma in-vestigação (MS, 1994).

Há também uma parcela de mortes conhecidas comoMortes maternas Presumíveis ou Mascaradas que englobam oscasos de preenchimento incorreto da declaração de óbito temsido um fator importante para a pouca visibilidade do óbitomaterno. Isto ocorre com freqüência por falta de conhecimentodo médico ou vícios de preenchimento, o que leva a falhas naseleção de causa básica e afeta a comparabilidade dos dados,além de resultar num quadro epidemiológico falso. É, portanto,imprescindível que as entidades formadoras de recursos huma-nos desenvolvam ações de capacitação dos estudantes de medi-cina e dos médicos para que possam compreender a necessida-de de proceder ao registro adequado dos dados na D.O, contri-buindo assim para o fortalecimento dos sistemas de informaçãoem saúde (BRASIL, 2002).

Morte Relacionada à Gravidez relaciona-se com amorte de uma mulher enquanto grávida ou até 42 dias após otérmino da gravidez, qualquer que tenha sido a causa damorte.Correspondem, desta forma, à soma das mortes obstétri-cas e as não obstétricas (LAURENTI, MELLO-JORGE,GOTLIEB, 2000) .

A Mulher em Idade Fértil compreende a faixa etária entre15 e 49 anos de idade. Gestações podem ocorrer antes ou de-pois desses limites, apresentando riscos especiais para a mulhere o filho, ainda que sejam diferentes para cada grupo de idade(VITORELLO, 2001; GRAHAM;AIREY, 1987).

Com base nestes conceitos, é importante ressaltar que oindicador de mortalidade materna mais utilizado atualmente é oCoeficiente de Mortalidade Materna (CMM), é obtida pela re-lação entre o número de óbitos maternos e o número de nasci-dos vivos (NV), para uma mesma área num mesmo período,multiplicado por 100.000. Este Coeficiente não é um valor ha-bitualmente utilizado, pois, para tanto, o denominador deveria

Page 46: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 45

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

apresentar o número de mulheres que engravidaram, ou seja, onúmero exposto ao risco de morrer por causas associadas à ges-tação (TANAKA, 2000).

Este Coeficiente estima a freqüência de óbitos femininosatribuídos a causas ligadas à gravidez, ao parto e ao puerpério,em relação ao total de nascidos vivos. O número de nascidosvivos é adotado como uma aproximação do total de mulheresgrávidas. Reflete a qualidade da assistência à saúde da mulher(CALZA, 2006).

A estimativa do número de mortes maternas no Brasil étema controverso, tendo em vista que a subnotificação das cau-sas maternas de morte são elementos que dificultam acontabilização de boa parte dos casos de óbito materno (SOU-ZA; CECATTI; PARPINELLI, 2005). Segundo dados do FUNSos números oscilam entre 56, 160 e 260 mortes maternas paracada 100.000 nascidos vivos (FANS, 2005).

A mais recente estimativa de CMM divulgada pela OMSpara o Brasil é de 110 mortes maternas por 100.000 NV para2005 e baseou-se em dados de pesquisa com representatividadenacional (HILK et al, 2007). Os últimos dados nacionais basei-am-se em estudo da mortalidade materna realizado nas capi-tais22. Os autores destacam que a análise correspondeu a 26,6%do total de óbitos femininos em idade fértil ocorridos no pri-meiro semestre de 2002.

Levando em consideração que os dados relacionados amortes maternas são mal informados, os pesquisadores geral-mente fazem uso do fator de correção como uma forma de secorrigir as estatísticas de mortalidade, aproximando o CMMpara seu valor estimado, caso os óbitos femininos em idade fér-til não tenham sido investigados em sua totalidade. Este fatorfoi proposto a partir de estudos realizados em todas as regiõesdo país, após intensiva análise das informações contidas nasD.O, nos prontuários hospitalares e em entrevistas domiciliares(TANAKA, 2000).

Quanto ao fator de ajuste ou de correção, cumpre ressal-tar que é um grande desafio, portanto, entender como são pro-duzidas as estatísticas de mortalidade materna no nosso país eavaliar se as mesmas são confiáveis. Estudos locais e estaduais,sobretudo nas capitais, onde os registros vitais são de melhorqualidade, têm sido realizados a fim de dimensionar a magnitu-de da mortalidade materna no Brasil. Esses estudos são os quetêm sido utilizados para estimar a razão de mortalidade mater-na no país e por região, aplicando-se fatores de correção paradiminuir o impacto da subinformação desses óbitos. Atualmen-te, o fator de correção para o Brasil como um todo é de 1,4(LAURENTI; MELLO-JORGE; GOTLIEB, 2004).

Com base na investigação realizada por Laurenti, Mello-Jorge e Gotlieb (2004) com outros pesquisadores os dados doSIM corrigidos pelo fator 1,4, foi equivalente a 63,8 por 100.000nascidos vivos (OPAS, 2004). Trata-se de uma razão alta, nãohá dúvida, mas não exageradamente alta, sendo necessário am-pliar a investigação para os municípios e avançar no conheci-mento das causas com a finalidade de subsidiar o planejamentode ações que possam ser mais efetivas no controle das causasmais prevalentes para a região e contribuir para uma destinaçãomais adequada de recursos públicos.

MétodosEste trabalho trata-se de um estudo transversal, de cará-

ter exploratório com abordagem quantitativa. A população foi

constituída por todas as declarações de óbitos maternos ocorri-dos em mulheres residentes no estado da Paraíba no período de2000 a 2004. As fontes de dados de óbitos maternos e de nasci-dos vivos foram obtidos junto à divisão de informática da Se-cretária Estadual de Saúde da Paraíba.

Utilizou-se como informação básica, as Declarações deÓbito (DO) existentes no Setor de Vigilância Epidemiológicada Secretaria Estadual de Saúde (SES). As variáveis do estudoforam classificadas em sociais (faixa etária, escolaridade e raça)e relacionadas ao tipo de óbito materno. Para a faixa etária, asmães foram classificadas em :<15;15-24; 25-34; 35-44; 35-44;45;54 anos, quanto a escolaridade as categorias foram classifi-cadas por anos de estudo: Sem instrução; 1-3 anos; 4-7; 8-11;mais de 12 anos. A raça foi classificada em dois tipos: branca enão branca. Na raça não branca foram consideradas as pardas epretas. Quanto ao tipo de óbito as causas de óbito foram classi-ficadas em: Obstétrica direta; Obstétrica indireta; ObstétricaTardia; Obstétrica não especificada, segundo a definição daClassificação Internacional de Doenças- CID 10 (CID, 1997).

O Coeficiente de mortalidade materna (CMM)(GRAHAM, 1987) foi calculado a partir dos dados do númerode nascidos vivos referentes a cada ano estudado para toda oestado da Paraíba (disponibilizados pela secretaria de saúde),obedecendo-se à fórmula padrão:

O presente estudo respeitou as normas da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisa em seres hu-manos, tendo sido autorizado pela Coordenadora do Serviço deVigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Estadoda Paraíba após ser aprovado pelo Comitê de Ética em Pesqui-sa da Universidade Estadual da Paraíba cujo número de proto-colo é: 1099.0.133.752-05.

ResultadosDe acordo com os dados pesquisados, foram identifica-

dos 109 óbitos maternos no período de 2000 a 2004, conferin-do uma taxa média de 35,7 p/100.0000 nascidos vivos. A Taxamais alta foi encontrada no ano de 2003 (49,5 p/100.0000 n.v)e a mais baixa em 2000 (24,9 p/100.0000 n.v).

Estudando-se a mortalidade materna em relação à faixaetária e escolaridade observa-se na Tabela 2 que o maiorpercentual de mortes maternas ocorreu na época de maior ativi-dade reprodutiva (25-34 anos) enquanto que 2,9% dos óbitosocorreram em mulheres com idade abaixo dos 15 anos. 31,1%das pacientes não tinham nenhuma escolaridade e 3,7% daspacientes tinham mais que 12 anos de estudo. No que diz res-peito a raça, 68,7% eram não brancas.

Page 47: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 46

REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 1 • Junho/julho de 2009

Na Tabela 3, são apresentados os tipos de óbitos mater-nos ocorridos em mulheres residentes na Paraíba que foram aóbito por morte materna no período de 2000 a 2004, onde veri-fica-se que o maior (79,9%) número de óbitos foram por causasobstétricas diretas.

DiscussãoNeste trabalho pode-se evidenciar taxas bastante elevadas

nos cinco anos analisados. O CMM sem fator de correção foi de35,7%, utilizando o fator de correção (este dado sobe para 78,5%.

Apesar dos avanços do Programa de Assistência Integral àSaúde da Mulher ao longo dos anos, o Brasil continua apresen-tando índices altos de mortalidade materna. No ano de 1990 oCMM foi de 141 por 100 000 nascidos vivos (MS, 1994)(5), oCMM estimada para o ano 2000 foi de 64,3 ( MS, 1994).

Em relação às características maternas, pode-se verificarque a faixa etária mais atingida foi entre 25-34 anos. Esta é umavariável materna que tem sido apontada como importante fatorde avaliação do óbito materno. Pesquisador apresentou resulta-dos semelhantes. Também essa idade parece ser a mais prevalentena ocorrência das gestações, visto ser período de atividadereprodutiva. As mulheres muito jovens também podem compli-car pela imaturidade fisiológica e por uma série de patologiasque são mais comuns nessa faixa etária (HAIDAR;OLIVEIRA,2001) .

Com relação a variável escolaridade diversos trabalhosrealizados por Massachs (1996) e Andrada (2001) vêm eviden-ciando riscos inversamente proporcionais à quantidade de anosde estudos, colocando a baixa escolaridade da mãe e condiçãosócio-econômica como importante fator de risco para mortematerna.

De acordo com o Censo do IBGE (2000) o estado daParaíba com 3.542.167 habitantes possuía 29,7% de analfabe-tos da população com idade de 15 anos. No Nordeste este índi-ce chegava a 26,3% e o Brasil a 13,6%. O analfabetismo conti-nua latente, longe de ser erradicado e certamente esta situaçãonão traz implicações apenas para as oportunidade de trabalho,emprego e renda, mas também para o setor saúde.

A população de mulheres negras brasileiras é de 36 mi-lhões, e vive, na sua maioria, na zona urbana. Na Paraíba, em-bora se registre que em 100 mulheres, há mais ou menos 3 ne-gras, umas 53 pardas e, em média, 43 brancas, se considerar-mos que as pardas são as que não assumem a sua negritude, istoé, morena, cor-de-canela, e outras, a população de mulheresnegras aumenta de 3 para 56 em 100 mulheres. Desse modo, ocontingente de mulheres negras se torna maior do que o de bran-cas (IBGE, 2000) .

Em estudo realizado em 1997 no Rio Grande do Norte,Mato Grosso e Pará, incluindo 15 cidades foram estudados981.847 mulheres e localizados 440 casos de morte feminina.Desse total, 35 foram de mulheres no ciclo gravídico puerperal,e nelas observou-se uma prevalência de óbitos maternos nasmulheres de cor branca de 28,5%, porém, ao somar as pardas emorenas (claras e escuras) essa soma resultou em 51,5% e nãohouve nenhum óbito onde a cor negra fosse declarada(TANAKA, 1999).

Em relação ao tipo de óbito a toxemia ou doençahipertensiva específica da gravidez (DHEG) foi a principal causade morte materna obstétrica direta (REZENDE; MORELI eREZENDE, 2000), concordando com outro trabalho (COSTAET AL, 2002) cujo resultado mostrou que grande parte dos óbi-tos por causas obstétricas diretas ocorre em mulheres com maisde 30 anos, multíparas e hipertensas crônicas condições quepodem ser facilmente identificadas no pré-natal, adotando-se aterapêutica adequada para minimizar as repercussões sobre obinômio mãe-feto, inclusive o internamento precoce e o partoprematuro terapêutico em centros de referência, além, é claro,do óbvio papel do planejamento familiar, uma vez que parcelaconsiderável dessas gestações nunca deveriam ter ocorrido.

ConclusõesA partir dos dados deste estudo, conclui-se que a taxa de

mortalidade materna foi considerada alta nos cinco anos anali-sados. Foram identificados 109 óbitos maternos no período de2000 a 2004, na sua maioria atingindo mulheres com idade en-tre 25-34 anos, baixa escolaridade, não brancas e que foram aóbito por causas obstétricas diretas.

ReferênciasAGUIAR, RAlP. Mortalidade Materna. Ginecologia e

Obstetrícia - Manual Para o TEGO – Rio de Janeiro: Medsi,1997.

ALBUQUERQUE, RM. CECCATI, JG. HARDY, E.FAÚNDES, A. Mortalidade maternal em Recife. Avaliação da

Page 48: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009

Página 47

Volume 1 • Número 1 • Junho/Julho de 2009

REVISTAINSPIRAR

subenumeração de estatísticas oficiais. Caderno de Saúde Pú-blica, v.13, n.1, Rio de Janeiro, Jan/Mar, 1997.

ALBUQUERQUE, RM. CECATTI, JG. HARDY, E et al.Fatores sócio-demográficos e de assistência médica associadosao óbito materno. Rev. Bras. Ginecol. Obstet.1998; 20:181-185.

ANDRADA, AAC. VITORELLO, DA. Mortalidade Ma-terna no Estado de Santa Catarina. Durante o Ano de 2001.Arquivos Catarinenses de medicina; 2001.

BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de políticas desaúde. Área temática da mulher. Manual dos Comitês de Mor-talidade Materna. 2 ed. Brasília, DF, 2002.

CALZA, CR. Aspectos da mortalidade materna em umserviço de saúde credenciado ao sus, no município deCriciúma – SC. universidade do Extremo Sul Catarinense –UNESC Curso de Medicina, 2006.

COSTA, AAR. RIBAS, MSS. AMORIM, MMR. SAN-TOS, LC. Mortalidade Materna na Cidade do Recife. Rev. Bras.Ginecol. Obstet., vol.24, no.7,2002.

CID-10. Classificação estatística Internacional de doen-ças e problemas relacionados à saúde. Organização Mundial deSaúde. Centro Colaborador da OMS para a Classificação dasDoenças em Português. São Paulo: EDUSP; 1997.

FUNS. Fundação Nacional de Saúde. Departamento deInformática do SUS

(DATASUS). Base de dados sobre saúde de 2002. [cita-do 2004 abr. 4]. Disponível em:<http://www.datasus.gov.br/dirbd/estrut.htm>. Acesso em set. 2005.

FORMIGA FILHO, JFN. PARRAS, AA. BUENO, H.REIS, PAK. CHAVES, SVR. MORTALIDADE MATERNA.IN: CORRÊA, MD. MELO, VH. AGUIAR, RALP. CORRÊAJÚNIOR, MD. Noções práticas de obstetrícia. Belo Horizon-te: Editora Coopmed; 2004. p. 427-35.

GRAHAM, W. AIREY, P.1987. Measuring maternalmortality: sense and sensitivity. Health Policy Planning, 2:323,1987.

GLOBAL FORUM FOR HEALTH RESEARCH. The 10/90 report on health research 2001-2002. Geneva: Global Forumfor Health Research, 2002. p. 174-5.

HAIDAR, FH. OLIVEIRA, UF. NASCIMENTO, LFC.Escolaridade materna: correlação com os indicadores obstétri-cos. Cad saúde Pública 2001;17:1025-9.

HILL, K. THOMAS, K. ABOUZAHR, C. WALKER, N.SAY, L. INOUE, M. Estimates of maternal mortality worldwidebetween 1990 and 2005: an assessment of available data. TheLancet 2007; 370: 1311-79.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Censo demográfico (Brasil e Estados): XI recenseamento geraldo Brasil, Rio de Janeiro; 2000.

LAURENTI, R. MELLO-JORGE, MHP. GOTLIEB,SLD. Mortes maternas no Brasil: análise do preenchimento devariável de declaração de óbito. Informe Epidemiológico doSus, v.9, n.1; 43-45p,2000.

LAURENTI, R. MELLO-JORGE, MHP. GOTLIEB,SLD. A mortalidade materna nas capitais brasileiras: algumascaracterísticas e estimativa de um fator de ajuste. Rev BrasEpidemiol 2004; 7(4):449-60.

LAURENTI, R. Medindo a mortalidade materna.CBCD/USP, dez,2001.

LAURENTI, R. Mortalidade materna nos países subde-senvolvidos ou em desenvolvimento. Rev. Assoc. Med. Bras.2002; 48:6-7.

MASSACHS, GC. Mortalidade Materna. Salvador, 1993[Tese de Mestrado].Bahia:Universidade Federal da Bahia-Saú-de Comunitária; 1996.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual dos Comitês deMortalidade Materna. Brasília: Secretaria de Assistência àSaúde, Departamento de Assistência e Promoção à Saúde, Co-ordenação Materno-Infantil, 1994.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. CD-Sistema de informa-ção sobre mortalidade 1979-1988. Brasília: Ministério daSaúde, 2000.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Assistência àSaúde. Departamento de Programas de Saúde. Coordenação deSaúde Materno Infantil. Manual dos Comitês de Mortalida-de Materna. Brasília; 1994.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE(OPAS); BRASIL. Ministério da Saúde. Rede Interagencialde Informações para a Saúde: RIPSA. Indicadores e DadosBásicos – IDB. Brasília, 2004.

TANAKA, ACD’A. MITSUIKI, L. Estudo da magnitu-de da mortalidade materna em 15 cidades brasileiras. SãoPaulo, 1999. http://www.saude.gov.br/ programas/mulher/(acessado em 10/Out/2003).

REZENDE, CH. MORELI, D. REZENDE, IMAA. Mor-talidade materna em cidade de médio porte, Brasil, 1997. Re-vista de Saúde Pública 2000; 34:323-328.

SOUSA, ESS. Análise da mortalidade materna no mu-nicípio de João Pessoa-Paraíba. Tese de Doutorado da Uni-versidade Federal da Paraíba, 2003, 161p.

SOUZA, JPD. CECATTI, JG. PARPINELLI, MA. Fato-res associados à gravidade da morbidade materna na caracteri-zação do near miss. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005; v. 27, p.197-203.

TANAKA AC. Dossiê de mortalidade materna. Redenacional feminista de saúde e direitos reprodutivos. São Pau-lo: USP, 2000.

THEME-FILHA, MM. SILVA, RI. NORONHA, CP.Mortalidade materna no município do Rio de janeiro, 1993 a1996. Caderno de Saúde Pública, v.15, n.2, Rio de Janeiro,abr/jun, 1999.

VITORELLO, DA. Manual dos Comitês de Mortali-dade Materna/Ministério da Saúde. Secretaria de Políticasde Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégi-cas. Área Técnica Saúde da Mulher - Brasília, 2001.

WHO (World Health Organization). Reduction of ma-ternal mortality: a joint WHO/UNFPA/UNICEF WorldBank Statement. Geneva; 1999.

WHO (World Health Organization). RecommendedDefinitions, Standards and Reporting Requirements forICD-10 Related to Maternal Mortality. Geneva: WHO, 1989.

WHO/UNICEF (World Health Organization/UnitedNations International Children’s Emergency Fund). Revised1990 Estimates of Maternal Mortality. A New Approach byWHO and UNICEF. WHO/FRH/MSM/96.11 UNICEF/PZN/96.1. Geneva: WHO/UNICEF, 1996.

Page 49: Revista Cientifica Inspirar Edicao 1 2009