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Hélio Lauro Soares Vasco Neto ESTUDO DA CITOLOGIA E MICROBIOTA CONJUNTIVAL FÚNGICA DE ÉGUAS QUARTO DE MILHA ORIUNDAS DA ZONA DA MATA E AGRESTE PERNAMBUCANOS RECIFE 2016

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Hélio Lauro Soares Vasco Neto

ESTUDO DA CITOLOGIA E MICROBIOTA CONJUNTIVAL FÚNGICA DE ÉGUAS

QUARTO DE MILHA ORIUNDAS DA ZONA DA MATA E AGRESTE

PERNAMBUCANOS

RECIFE

2016

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Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biociência Animal do

Departamento de Morfologia e Fisiologia

Animal da Universidade Federal Rural de

Pernambuco, como pré-requisito para obtenção

do grau de Mestre em Biociência Animal.

Orientador: Prof. Dr. Fabrício Bezerra de Sá

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOCIÊNCIA ANIMAL

Hélio Lauro Soares Vasco Neto

ESTUDO DA CITOLOGIA E MICROBIOTA CONJUNTIVAL FÚNGICA DE ÉGUAS

QUARTO DE MILHA ORIUNDAS DA ZONA DA MATA E AGRESTE

PERNAMBUCANOS

RECIFE

2016

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Hélio Lauro Soares Vasco Neto

ESTUDO DA CITOLOGIA E MICROBIOTA CONJUNTIVAL FÚNGICA DE ÉGUAS

QUARTO DE MILHA ORIUNDAS DA ZONA DA MATA E AGRESTE PERNAMBUCANOS

Dissertação de Mestrado

Data de aprovação: 29/02/2016

Banca Examinadora:

________________________________________________

Prof. Dr. Fabrício Bezerra de Sá - Presidente

(Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal – UFRPE)

______________________________________________________

Prof. Dr. Moacir Bezerra de Andrade

(Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal – UFRPE)

_______________________________________________________

Profª. Drª. Luciana de Oliveira Franco

(Departamento de Biologia – UFRPE)

_______________________________________________________

Prof. Dr. Joaquim Evêncio Neto

(Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal – UFRPE)

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"A compaixão para com os animais é uma das

mais nobres virtudes da natureza humana."

(Charles Darwin)

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar sempre presente na minha vida, dando-me força, coragem e sabedoria.

A minha família, pelo carinho, amor e paciência, não medindo esforços para ajudar-me sempre

que necessário.

A minha noiva Ana Caroline Cerqueira, sempre compreensiva, sem dúvida meu pilar de

sustentação, me ajudando em todos os aspectos, estando sempre ao meu lado, principalmente nos

momentos mais difíceis.

Ao meu orientador Prof. Dr. Fabrício Bezerra de Sá pela confiança, orientação, paciência e

amizade.

A Profª. Dra. Rejane Pereira Neves e equipe do Laboratório de Micologia Médica e Veterinária

da UFPE.

A todos os amigos que fazem parte do Laboratório de Oftalmologia Experimental da UFRPE.

A UFRPE, PPGBA e CAPES por tornar possível a realização desta dissertação.

Agradeço a todos que de alguma forma colaboraram para a realização deste trabalho.

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RESUMO

Os cavalos, entre as espécies animais, são os mais predispostos a desenvolver a ceratite fúngica,

principalmente devido a conformação proeminente do globo ocular e ao grande número de

microrganismos existentes no ambiente. Mais de 30 gêneros de fungos podem causar

ceratomicose nos cavalos, sendo Aspergillus, Penicillium, Alternaria, Cladosporium e Fusarium

os principais. Objetivou-se com o presente trabalho. Isolar e identificar sazonalmente os fungos

localizados na conjuntiva ocular de éguas da raça Quarto de Milha, saudáveis, submetidas aos

tipos de manejo extensivo e intensivo, provenientes da zona da mata e agreste pernambucanos,

realizar avaliação citológica da conjuntiva ocular das éguas submetidas ao exame microbiológico,

comparar os achados entre as estações do ano e os tipos de manejo submetidos e relacionar a

quantidade e tipos celulares com a presença de fungos. Para tal, avaliou-se a microbiota fúngica e

os aspectos celulares da mucosa do saco conjuntival do olho direito de 64 éguas da raça quarto de

milha, provenientes de propriedades oriundas da Zona da Mata e Agreste Pernambucanos. Os

animais foram submetidos ao exame clínico geral e oftálmico de rotina previamente as coletas.

Para a identificação microbiológica foram coletadas amostras utilizando um Swab seco estéril, as

quais foram semeadas em meio de cultura contendo agar Sabouraud com cloranfenicol. Das

amostras analisadas 36 (56,25%) foram positivas para presença de fungos. Deste total, 47,5%

apresentaram fungos do gênero Aspergillus, 10% Fusarium, 10% Penicillium, 10% Curvularia,

10% Alternaria, 7,5% Rhizopus e 5,0% Mucor. A citologia conjuntival revelou um predomínio

das células epiteliais, contendo um maior número de células da camada intermediária (80,61%).

Conclui-se que as características climáticas do inverno pernambucano proporcionaram melhores

condições para o desenvolvimento fúngico conjuntival em equinos hígidos, independente do tipo

de manejo e região. O número e tipo de células do saco conjuntival não são influenciados pelas

condições climáticas, tipo de manejo e regiões. Pode-se concluir também que essa presença de

fungos não interfere no número e nos tipos de células da conjuntiva.

TERMOS DE INDEXAÇÃO: Oftalmologia, cavalos, micobiota, ceratomicose, citologia

conjuntival.

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ABSTRACT

The horses, among animal species are more likely to develop keratitis, mainly due prominent

conformation of the eyeball and the large number of microorganisms existing in the environment.

More than 30 genera of fungi can cause Keratomycosis in horses, being the main ones the

Aspergillus, Penicillium, Alternaria, Cladosporium, and Fusarium. This study aimed to isolate

and seasonally (summer and winter) identify fungal microorganisms located in the ocular

conjunctiva of healthy Quarter Horse mares, under different types of management (extensive and

intensive), from Pernambuco Forest Zone and Agreste area, to conduct cytological assessment of

mares ocular conjunctival submitted to microbiological examination, to compare the findings

between the seasons and the types of subjected management, and to relate the quantity and cell

types with the presence of fungi. To this end, it was evaluated the fungal microbiota and cellular

aspects of the surface layer of the conjunctival sac of the right eye of 64 Quarter Horse mares, all

derived from the properties of Pernambuco Forest Zone and Agreste Area. The animals were

submitted to general and ophthalmic clinic examination before the sampling. To the

microbiological identification, the samples were collected using a dry sterile swab, which was

rolled in a culture medium containing Sabouraud agar with chloramphenicol. Of all analyzed

samples, 36 (56.25%) were positive for the presence of fungi. Of this total, 47,5% were positive

for the presence of fungi of the Aspergillus genus, 10% Fusarium, 10% Penicillium, 10%

Curvularia, 10% Alternaria, 7,5% Rhizopus and 5.0% Mucor. The conjunctival cytology

revealed a predominance of epithelial cells containing a greater number of cells of the

intermediate layer (80.61%). It can be concluded that the climatic characteristics of Pernambuco

winter provide better conditions for fungal conjunctival development in healthy horses regardless

the management type, and that the number and type of conjunctival sac cells are not affected by

weather conditions, management type and regions. It can also be conclude that fungal presence

does not interfere in the number and types of conjunctival cells.

INDEX TERMS: Ophthalmology, horses, micobiota, keratomycosis, conjunctival citologyc.

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SUMÁRIO

Pág.

Lista de Ilustrações ................................................................................................ ix

Lista de Tabelas .................................................................................................... x

Lista de Abreviaturas e siglas ............................................................................... xi

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 12

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 14

2.1. A origem do cavalo e equideocultura ................................................. 14

2.2. Sistema visual dos equinos ................................................................. 15

2.3. Aspectos anatômicos das estruturas oculares ..................................... 16

2.4. Citologia conjuntival .......................................................................... 18

2.5. Microbiota fúngica conjuntival e a ceratomicose .............................. 22

3. REFERÊNCIAS .............................................................................................. 24

4. ARTIGO I ........................................................................................................ 32

4.1. ESTUDO DA CITOLOGIA E MICROBIOTA CONJUNTIVAL

FÚNGICA DE ÉGUAS ORIUNDAS DA ZONA DA MATA E

AGRESTE PERNAMBUCANOS ............................................................ 32

5. ANEXOS .......................................................................................................... 50

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Campo visual do cavalo. Fonte: Gilger (2005) ................................................... 14

Figura 2. Estruturas internas e anexas do globo ocular. Fonte: Slatter (2005) .................. 16

Figura 3. Diferentes instrumentos para coleta de amostra citológica conjuntival. Da

esquerda para a direita: swab de algodão, espátula, lâmina de bisturi e escova de

citologia. Fonte: Rito (2009) .............................................................................................. 18

Figura 4. Microscopia óptica da citológica conjuntival esfoliativa em equinos hígidos.

Observa-se diferentes tipos celulares do epitélio conjuntival. Corante Rosenfeld Fonte:

LOE –UFRPE (2015) .......................................................................................................... 19

Figura 5. Lâmina citológica de um bovino com conjuntivite aguda. Observa-se o a

predominância de neutrófilos. Giemsa 200x. Fonte: Rocha et al. (2001) ........................... 20

ARTIGO I

Figura 1. Presença de fungos em amostras da mucosa conjuntival de éguas da raça

Quarto de Milha saudáveis submetidas a diferentes regiões, tipos de manejo e estações

do ano. Int. (Intensivo) e Ext. (Extensivo) .......................................................................... 39

Figura 2. Microscopia óptica da citológica conjuntival, pelo método esfoliativo, em

equinos hígidos. Diferentes tipos celulares do epitélio conjuntival. Corante Rosenfeld

Fonte: LOE – UFRPE (2015) 40

ix

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LISTA DE TABELAS

ARTIGO I

Tabela 1. Temperatura e umidade média da Zona da Mata e Agreste Pernambucano nas

estações de inverno e verão durante a realização das coletas (Fonte: APAC, 2015) .......... 35

Tabela 2. Fungos isolados das conjuntivas de cavalos oriundos da Zona da Mata e

Agreste Pernambucano, submetidos ao manejo extensivo e intensivo durante os períodos

de inverno e verão................................................................................................................ 38

Tabela 3. Fungos isolados das amostras oriundas da Zona da Mata – PE, de animais

submetidos ao manejo intensivo e extensivo no período do inverno e verão...................... 38

Tabela 4. Fungos isolados das amostras oriundas do Agreste – PE, de animais

submetidos ao manejo intensivo e extensivo no período do inverno e verão...................... 39

Tabela 5. Número de células conjuntivais coletadas no inverno e verão do olho direito

de 64 éguas saudáveis, oriundas da Zona da Mata e Agreste Pernambucano ..................... 40

x

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANOVA Análise de Variância

APAC Agência Pernambucana de Águas e Clima

CEUA Comissão de Ética no Uso de Animais

DMFA Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal

Ed. Edição

EUA Estados Unidos da América

Kg Quilograma

L Litros

LOE Laboratório de Oftalmologia Experimental

Ltda. Limitada

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

mg Miligramas

mL Mililitro

P.A. Puro para análise

PE Pernambuco

sp. Uma espécie do gênero

SPRD Sem Padrão Racial Definido

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco

v. Volume

% Porcetagem

°C Graus Celcius

xi

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1. INTRODUÇÃO

O cavalo é um dos poucos mamíferos que tolerou as frequentes transformações pelas

quais passou o planeta. Logo após sua domesticação tive um papel importante ao longo das

civilizações. Foi primordiail no desenvolvimento da agricultura, nas construções de cidades e nas

ofensivas militares (RICCIARDI et al., 2014).

O Brasil possui o terceiro maior rebanho de equinos do mundo e o primeiro da América

Latina onde, somados aos muares e asininos aproxima-se dos 8 milhões de cabeças,

movimentando cerca de R$ 7,3 bilhões anuais. Mais de 30 segmentos, distribuídos entre insumos,

criação e destinação final, compõem a base desse mercado chamado “Complexo do Agronegócio

do Cavalo”, que é responsável pela geração de 3,2 milhões de empregos diretos e indiretos

(MAPA, 2014).

O olho, órgão da visão, é formado pelo globo ocular e várias estruturas anexas, tais como

músculos, aparelho lacrimal, pálpebras, conjuntiva, cristalino, humor aquoso e humor vítreo. A

conjuntiva é uma delgada membrana mucosa, transparente, móvel e ricamente vascularizada que

recobre toda superfície interna das pálpebras (conjuntiva palpebral), a esclera (conjuntiva bulbar)

e toda a terceira pálpebra. O espaço formado entre a conjuntiva palpebral e bulbar é chamada de

saco conjuntival (SANTO, 2012).

A conjuntiva e a córnea têm um eficiente sistema de defesa contra infecções. Este sistema

é formado por mecanismos metabólicos, imunológicos, antimicrobianos e por uma barreira física.

Um desequilíbrio de qualquer um destes fatores pode submeter o olho a uma possível infecção

por patógenos oportunistas, colonizando e infectando o estroma corneano (ANDRADE et al.,

2002; SOUSA et al., 2011).

Desde o seu nascimento, o animal apresenta em seu saco conjuntival grande variedade de

microrganismos, tais como vírus, bactérias e fungos, os quais formam a microbiota ou flora

conjuntival normal (PISANI et al., 1997). Muitos fatores podem afetar a presença ou ausência da

microbiota ocular. Condições edafoclimáticas, ambiente e manejo têm sido sugeridos como

variáveis potenciais, afetando carga microbiana em olhos de cavalos normais e doentes

(ANDREW et al., 2003).

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As ceratites fúngicas são comuns em humanos e, dentre as espécies animais, a equina é a

mais susceptível, sendo uma das principais alterações oftalmológicas que acometem esta espécie.

Sua maior predisposição é devido a conformação proeminente do globo ocular e às deficiências

imunoprotetoras inatas do filme lacrimal, juntamente com a comumente elevada concentração de

fungos nos ambientes de criação (NARDONI et al., 2007; WADA et al., 2010).

Estudos demonstram que cerca de 100% dos cavalos hígidos podem abrigar fungos no

saco conjuntival (MACHADO et al., 2005). Mais de 30 gêneros de fungos causam ceratomicose

nos equinos. O uso de antibióticos tópicos e a utilização inadequada de corticosteróides tópicos

na terapia das úlceras de córnea podem provocar ou agravar os sinais clínicos da ceratite fúngica

nos cavalos (ROSA et al., 2003).

O diagnóstico baseia-se no exame oftalmológico, exame citológico e cultura

microbiológica. O tratamento vai depender da gravidade das lesões, sendo as intervenções tópica

e cirúrgica as mais comuns, podendo ser recomendado em casos mais graves a ceratectomia

(CAFARCHIA et al., 2013).

A citologia conjuntival consiste em um importante método não invasivo que auxilia no

diagnóstico e no direcionamento terapêutico das patologias oculares superficiais (BARROS et

al., 2001; BRANDÃO et al., 2002; CAMARGO et al., 2004). Segundo Dutra et al. (2005) e

Borges et al. (2012), trata-se de um exame simples, rápido e de baixo custo que não deve ser

dispensado, principalmente na presença de conjuntivites, abcessos e nodulações conjuntivais.

Considerado o exposto, os objetivos desta pesquisa foram: Isolar e identificar

sazonalmente os fungos localizados na conjuntiva ocular de éguas da raça Quarto de Milha,

saudáveis, submetidas aos tipos de manejo extensivo e intensivo, provenientes da zona da mata e

agreste pernambucanos, realizar avaliação citológica da conjuntiva ocular das éguas submetidas

ao exame microbiológico, comparar os achados entre as estações do ano e os tipos de manejo

submetidos e relacionar a quantidade e tipos celulares com a presença de fungos.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. A origem do cavalo e equideocultura

O cavalo é um dos poucos mamíferos que tolerou, durante milhões de anos, as frequentes

transformações pelas quais passou o planeta. Estudos comprovam que a espécie vem evoluindo

há mais 55 milhões de anos, passando de animais que mediam cerca de 30 centímetros de altura

até tornarem-se o sofisticado cavalo moderno (RICCIARDI et al., 2014).

Os equinos, ao contrário da maioria das demais espécies, foram domesticados por suas

grandes habilidades de locomoção e trabalho. Logo, tiveram papel importante ao longo das

civilizações. Foram primordiais no desenvolvimento da agricultura, nas construções de cidades e

nas ofensivas militares. No Brasil, a equideocultura sempre desempenhou um respeitável papel e

seu valor pode ser observado desde os tempos do Brasil-Colônia, quando os cavalos participaram

de todos os ciclos extrativistas e agrícolas, interferindo diretamente para a formação econômica,

política e social do país (ZANINE et al., 2006; SOUSA, 2008).

A partir da segunda metade do século XX, quando os equídeos foram sendo substituídos

por motores, a criação de equídeos começou a destacar-se no aspecto sociocultural, nas atividades

de esportes e lazer, assim como no tratamento de portadores de dificuldades na área cognitiva e

psicomotora através da equoterapia (ALMEIDA & SILVA, 2010; BRANDÃO et al., 2010;

OLIVEIRA, 2014).

O Brasil possui o terceiro maior rebanho de equinos do mundo e o primeiro da América

Latina, onde somados aos muares e asininos aproxima-se dos 8 milhões de cabeças,

movimentando cerca de R$ 7,3 bilhões anuais. Mais de 30 segmentos, distribuídos entre insumos,

criação e destinação final, compõem a base desse mercado, que é chamado “Complexo do

Agronegócio do Cavalo”, sendo responsável pela geração de 3,2 milhões de empregos diretos e

indiretos (MAPA, 2014).

De acordo com Sebrae (2012), a equideocultura pernambucana vem conquistando

representatividade e expressão no âmbito nacional. Hoje, detém o décimo quarto maior rebanho

do Brasil, sendo o décimo primeiro em densidade populacional. O estado se destaca tanto em

provas de andamento e morfologia das raças Campolina e Mangalarga Machador, como também

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nas diversas atividades equestres, tais como o hipismo clássico e as provas atléticas do Quarto de

Milha, incluindo a vaquejada.

2.2. Sistema visual dos equinos

As informações recebidas do ambiente externo ao organismo são constantemente enviadas

ao sistema nervoso central através da captação dos órgãos dos sentidos. O sistema visual é uma

modalidade sensorial de fundamental importância para realização das atividades básicas dos

mamíferos superiores. Os cavalos, presas naturais, possuem um amplo campo de visão, que

parece ter evoluído por conta da necessidade de detecção dos movimentos de seus predadores.

(HANGGI & INGERSOLL, 2012; LEITE et al, 2013).

Os cavalos são ativos em qualquer horário do dia ou da noite e possuem acuidade visual

tanto sob alta ou baixa luminosidade. Sua visão para cores é dicromática, apresentam cones de

onda curta e médio-longa, sensíveis ao azul e ao vermelho. Possuem um vasto campo visual

chegando até 178 graus de visão vertical e 350 graus horizontal, sendo esta última de 55 a 65

graus de sobreposição binocular e aproximadamente 146 graus de visão monocular lateral (Figura

1). Com isso, os equinos apresentam uma esfera quase completa de visão em torno do seu corpo.

(PICK et al., 1994; SLATTER, 2005; HAHGGI & INGERSOLL, 2012; SPAAS et al., 2014;

GOLOUBEFF, 2015)

Figura 1. Campo visual do cavalo. Fonte: Gilger (2005).

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Além destes mecanismos, os cavalos apresentam um número de outras adaptações que os

humanos não possuem e que melhoram a visão em locais com pouca luminosidade. Esses

animais tem um dos maiores olhos entre os vertebrados terrestres e isto permite que mais luz seja

captada pela retina. A entrada de luz para o olho é ainda reforçada por conta do alongamento

horizontal da pupila e pela capacidade de a pupila dilatar, cerca de seis vezes mais do que a de

uma pupila humana (GILGER, 2005).

2.3. Aspectos anatômicos das estruturas oculares

O olho, órgão da visão, é formado pelo bulbo ocular e várias estruturas anexas, tais como

músculos, aparelho lacrimal, pálpebras e conjuntiva (Figura 2). O bulbo é composto por três

túnicas que possuem estrutura e função próprias, a camada mais externa é representada pela

túnica fibrosa (esclera e córnea) que sustenta os componentes internos e dá a forma ao olho. A

túnica média ou vascular é composta pela úvea ou trato uveal (íris, corpo ciliar e coróide) e a

terceira túnica é representada pela túnica nervosa composta pela retina e pelo nervo ótico que

captam e transmitem os impulsos nervosos sensoriais ao cérebro. Igualmente, o humor aquoso e o

vítreo permitem a difusão de nutrientes e fatores de crescimento através do bulbo do olho. A

função ocular adequada requer relação anatômica precisa entre as suas várias partes constituintes

(CARASTRO, 2004; SLATTER, 2005).

As pálpebras são estruturas formadas por duas pregas de pele fina e flexível, uma superior

e outra inferior, que surgem nas margens ósseas da órbita e, como cortinas, são intermitentemente

dirigidas sobre a parte exposta do olho. O espaço formado entre elas é chamado de fissura

palpebral. Os cantos mediais e laterais são formados a partir do encontro dos bordos livres das

pálpebras dorsais e ventrais (GILGER, 2005; LEITE et al., 2013).

De acordo com Gelatt (1999), as pálpebras possuem estruturas especializadas como os

cílios, glândulas produtoras de muco e conjuntiva. Essas estruturas promovem proteção

mecânica, limpeza da superfície anterior do globo ocular, regulação da entrada de luz e previne a

desidratação da córnea através da distribuição da secreção lacrimal.

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Figura 2. Estruturas internas e anexas do bulbo ocular. Fonte: Slatter (2005).

A estrutura e a rigidez da pálpebra são fornecidas através do tarso, que é uma camada

densa de tecido conjuntivo localizado entre a conjuntiva palpebral e os músculos da palpebrais. O

tarso é maior e mais firme na pálpebra superior, em comparação com a da pálpebra inferior,

possui as glândulas meibonianas ou tarsais que contribuem para o componente lipídico do filme

lacrimal (GILGER, 2005; SLATTER, 2005).

A terceira pálpebra ou membrana nictante é um fino tecido que está localizado no canto

medial do olho dos equinos. Ela é uma estrutura de proteção móvel, posicionada entre a córnea e

a pálpebra inferior, no canto nasal da pálpebra inferior. Por possuir uma musculatura vestigial, a

sua movimentação se dá passivamente quando ocorre a retração do bulbo ocular (CUNHA, 2008;

LEITE et al., 2013).

A constituição histológica das pálpebras, da camada externa para a interna, começa com a

pele formada por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado e derme de tecido conjuntivo,

fibras musculares estriadas, tecido conjuntivo denso formando a placa palpebral, na qual se

encontram as glândulas sebáceas e sudoríparas modificadas e, por fim, constituindo a mucosa tem

um epitélio prismático estratificado (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004).

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A conjuntiva é uma delgada membrana mucosa, transparente, móvel e ricamente

vascularizada que recobre toda superfície interna das pálpebras (conjuntiva palpebral), a esclera

(conjuntiva bulbar) e toda a terceira pálpebra. O espaço formado entre a conjuntiva palpebral e

bulbar é chamada de saco conjuntival (GELATT, 1999; BROOKS, 2005; SANTO, 2012).

Histologicamente a conjuntiva palpebral é revestida por um epitélio colunar pseudo-

estratificado com presença de grande quantidade de células caliciformes e um epitélio escamoso

estratificado não queratinizado que reveste a conjuntiva bulbar. Além disso, perto do limbo,

existe uma agregação de folículos linfoides e linfáticos, que é parte integrante da resposta imune

ocular (RASKIN & MEYER, 2003; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004; GILGER, 2005).

A conjuntiva é uma estrutura resistente e altamente regenerativa que desempenha um

papel na dinâmica lacrimal, na proteção imunológica do olho, nos movimentos oculares e na

cicatrização da córnea, onde é usada com frequência para tratar lesões ulcerativas. (GELATT,

1999; CARASTRO, 2004).

2.4. Citologia conjuntival

A conjuntiva é sede de lesões de etiologias variadas, onde destacam-se as alterações

circulatórias, degenerativas, neoplásicas e inflamatórias, cujo diagnóstico diferencial utilizando-

se apenas o exame clínico pode ser incerto (BOLZAN et al., 2005; RITO, 2009; GONÇALVES

et al., 2014).

Entre os métodos de diagnóstico diferenciais empregados na oftalmologia veterinária,

pode-se citar a cultura microbiológica e a citologia, os quais são de extrema importância durante

o exame ocular, principalmente no cavalo por causa da predominância de enfermidades

infecciosas (GILGER, 2006; LAMAGNA et al., 2015), sendo assim, buscam-se técnicas que

forneçam viáveis condições de avaliação, com uso de instrumentos que provoquem mínimo

trauma e que diminuam as chances de danos iatrogênicos ao olho (VENÂNCIO et al., 2012).

A citologia, cujo objetivo principal é identificar o processo patogênico existente através

do reconhecimento e qualificação das células, independentemente da espécie, pode ser facilmente

realizada pelo clínico veterinário. A avaliação é realizada em três etapas. Primeiro, identifica-se

todos os possíveis tipos celulares. Segundo, procura-se evidências morfológicas do estado

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funcional dessas células. Terceiro, define-se importância e quantidade das células (BRANDÃO et

al., 2002; GARCIA-NAVARRO, 2005).

A citologia conjuntival consiste em um importante método não invasivo que auxilia no

diagnóstico e no direcionamento terapêutico das patologias oculares superficiais (BARROS et

al., 2001; BRANDÃO et al., 2002; CAMARGO et al., 2004). Segundo Dutra et al. (2005) e

Borges et al. (2012), trata-se de um exame simples, rápido e de baixo custo que não deve ser

dispensado, principalmente na presença de conjuntivites, abcessos e nodulações conjuntivais. De

acordo com Abella et al. (2007) as características morfológicas das células normais presentes na

conjuntiva de equinos são semelhantes aos descritos para cães e gatos.

Dos diferentes materiais que podem ser utilizados para a coleta de amostras citológicas

conjuntivais citam-se: escovas, swabs de algodão, espátulas, lâminas de bisturi e papel filtro,

conforme a Figura 3 (HONSHO et al., 2012). A escova citológica cervical é o instrumento

considerado mais adequado para coleta, pois fornece uma grande quantidade de material,

formação de monocamadas dentro de um campo único e boa preservação morfológica

(VENÂNCIO et al., 2012; LIMA et al., 2014). Willis et al. (1997) afirmam que a irritação

causada através da utilização da escova durante a coleta citológica é da mesma intensidade de

quando comparado a técnica citológica por impressão ou no emprego de cotonetes de algodão.

Figura 3. Diferentes instrumentos para coleta de amostra

citológica conjuntival. Da esquerda para a direita: swab

de algodão, espátula, lâmina de bisturi e escova de

citologia. Fonte: Rito (2009).

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Independentemente do tipo de coleta, observa-se que em conjuntivas normais de cavalos a

camada mais profunda contém células redondas ou ovais com núcleo de coloração basofílica e

pouquíssima quantidade de citoplasma. São menores quando comparadas as células das camadas

superiores e são pouco encontradas no exame citológico. As células da camada intermediária

apresentam um formato mais alongado e um maior citoplasma quando comparadas as células

basais. As células superficiais são planas, maiores, com um pequeno núcleo de cromatina frouxa

e maior quantidade de citoplasma (Figura 4). Por vezes, pequenos grânulos de melanina negros

são observados no citoplasma. Células escamosas apresentam grande citoplasma e um núcleo

pequeno, apresentando-se por vezes degenerado, picnótico. As células caliciformes são grandes,

dilatadas, com um núcleo periférico e grandes vacúolos intracitoplasmáticos contendo muco. São

encontradas em maior concentração no fórnice nasal de algumas espécies (BRANDÃO et al.,

2002; COWELL & TYLER, 2002; ABELLA et al., 2007).

Figura 4. Microscopia óptica da citológica conjuntival esfoliativa em equinos

hígidos. Observa-se diferentes tipos celulares do epitélio conjuntival. Corante

Rosenfeld Fonte: LOE –UFRPE (2015).

Segundo estudos de Abella et al. (2007) a técnica esfoliativa em equinos hígidos revelou

uma maior quantidade de células epiteliais da camada profunda (58,5%) seguida das camadas

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intermediária (32,4%), superficial (2,2%), linfócitos (3,7%), células caliciformes (1,5%) e

neutrófilos (0,3%). Em felinos, a técnica esfoliativa revelou células basais (6,25%), epitelial

intermediária (83,90%), superficiais (9,70%) e queratinizadas (0,15%) (VENÂNCIO et al.,

2012).

Nas conjuntivites, o que determina o seu tipo e o grau é a predominância celular (Figura

5). Na conjuntivite aguda, associada ou não a agentes infecciosos, observa-se um aumento no

número de neutrófilos e macrófagos associado a alterações degenerativas nas células epiteliais.

Nos processos crônicos predominam os linfócitos. Ceratoconjuntivite seca visualiza-se um

aumento das células caliciformes. Nos processos alérgicos é comum notar a presença de

eosinófilos (ROCHA et al., 2001; COWELL & TYLER, 2002; RASKIN & MEYER, 2003;

ÇAKIR et al., 2014).

Figura 5. Lâmina citológica de um bovino com conjuntivite aguda.

Observa-se a predominância de neutrófilos. Giemsa 200x. Fonte: Rocha

et al. (2001).

Em estudos realizados por Takano et al. (2004), onde foi realizada a citologia

conjuntival esfoliativa em pacientes humanos diagnosticados com conjuntivite fúngica e

diferentes graus de lesões na córnea, foi observado que apesar de naturalmente ser visualizada

pequena quantidade de neutrófilos nas conjuntivas, existe uma correlação positiva entre o grau

de lesão corneana com o número de células inflamatórias conjuntivais.

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2.5. Microbiota fúngica conjuntival e a Ceratomicose

O corpo humano possui 10 vezes mais células de origem não humanas do que células

humanas. Estas células “não-humanas” constituem os microrganismos da microbiota comensal.

Nos indivíduos saudáveis estes microrganismos são encontrados frequentemente habitando

diferentes regiões do corpo (SANTOS, 2011).

Desde o seu nascimento, os animais apresentam em seu saco conjuntival grande variedade

de microrganismos, tais como vírus, bactérias e fungos, que formam a microbiota ou flora

conjuntival normal (PISANI et al., 1997). A identificação dessa microbiota normal dos olhos

permite que o clínico tenha conhecimento da presença de certos organismos na superfície do olho

e, no caso de um trauma, possa dar início a um tratamento adequado (TAMARZADEH e

ARAGUI – SOOREH, 2014).

Muitos fatores podem afetar a presença ou ausência da microbiota ocular. Condições

edafoclimáticas, ambiente e manejo têm sido sugeridos como variáveis potenciais afetando carga

microbiana em olhos de cavalos normais e doentes (ANDREW et al., 2003).

A conjuntiva e a córnea têm um eficiente sistema de defesa contra infecções. Este sistema

é formado por mecanismos metabólicos, imunológicos, antimicrobianos e por uma barreira física

(tecido epitelial). Um desequilíbrio de qualquer um destes fatores pode submeter o olho a uma

possível infecção por patógenos oportunistas, colonizando e infectando o estroma corneano

(PENTLARGE, 1996; ANDREW et al., 2003; ANDRADE et al., 2002).

De acordo com Reichmann et al. (2008), Thangadurai et al. (2010), Gilger (2012),

Kulbrock et al. (2013) e Scantlebury et al. (2013), a prevalência de enfermidades oculares nos

equinos pode chegar a 27%. Dentre tais doenças, a ceratomicose se destaca, pois tem sido muitas

vezes diagnosticada (SOUSA et al., 2011). As ceratomicoses são comuns em humanos e, dentre

os animais, os equinos são os mais susceptíveis devido a conformação proeminente e lateralizada

do bulbo ocular e às deficiências imunoprotetoras inatas do filme lacrimal. Outro fator que

contribui é a elevada concentração de fungos no ambiente onde vivem e consequente alta

concentração dos microrganismos no saco conjuntival de cavalos hígidos (FORD, 2004;

MACHADO et al., 2005; NARDONI et al., 2007; WADA et al., 2010).

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Trata-se de uma infecção fúngica do estroma corneano causada principalmente por fungos

comensais presentes na córnea e na conjuntiva. Essas afecções corneais são potencialmente

relevantes nos equinos e, não raro, resultam na perda da visão (GALERA et al., 2012;

CAFARCHIA et al., 2013). Estudos demonstram que cerca de 100% dos cavalos hígidos podem

abrigar fungos no saco conjuntival (MACHADO et al., 2005; SGORBINI et al., 2008).

Mais de 30 gêneros de fungos podem causar ceratomicose nos cavalos, sendo os

principais os Aspergillus, Penicillium, Alternaria, Cladosporium e Fusarium (BLOMME et al.,

1998; MACHADO et al., 2005; JOHNS et al., 2011; SOUSA et al., 2011; GALERA et al.,

2012). No Brasil são escassos os dados sobre a prevalência de ceratomicoses nos equídeos, no

entanto, sabe-se que ela acontece e é comum, principalmente devido às condições climáticas

quentes e úmidas, o que favorece o seu desenvolvimento (SOUSA et al., 2011).

Os principais sinais clínicos observados são blefarospasmo, quemose, epífora, secreção

purulenta, hifema e hipópio. Nas infecções mais graves a uveíte secundária, prolapso da íris e

edema corneano também podem ser visualizados (CAFARCHIA et al., 2013). O uso de

antibióticos tópicos e a utilização inadequada de corticosteróides tópicos na terapia das úlceras de

córnea podem provocar ou agravar os sinais clínicos da ceratite fúngica nos cavalos (ROSA et

al., 2003).

O diagnóstico baseia-se no exame físico geral, exame oftálmico, exame citológico e

isolamento microbiológico. O tratamento vai depender da gravidade das lesões, sendo as

intervenções tópica e cirúrgica as mais comuns, podendo ser recomendado em casos mais graves

a ceratectomia (CAFARCHIA et al., 2013).

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4. ARTIGO I

CITOLOGIA E MICROBIOTA CONJUNTIVAL FÚNGICA DE ÉGUAS HÍGIDAS DA

ZONA DA MATA E AGRESTE PERNAMBUCANOS

CYTOLOGY AND FUNGICAL CONJUNCTIVAL MICROBIOTA OF HEALTHY

MARES FROM PERNAMBUCO FOREST ZONE AND AGRESTE AREA

Helio L. S. Vasco Neto¹, Fabrício B. Sá²*

RESUMO

Os cavalos, entre as espécies animais, são os mais predispostos a desenvolver a ceratite fúngica,

principalmente devido a conformação proeminente do globo ocular e ao grande número de

microrganismos existentes no ambiente. Mais de 30 gêneros de fungos podem causar

ceratomicose nos cavalos, sendo os Aspergillus, Penicillium, Alternaria, Cladosporium e

Fusarium os principais. O presente trabalho teve como objetivos isolar e identificar sazonalmente

os microrganismos fúngicos localizados na conjuntiva ocular de éguas da raça Quarto de Milha,

saudáveis, submetidas aos tipos de manejo extensivo e intensivo, provenientes da zona da mata e

agreste pernambucanos, realizar avaliação citológica da conjuntiva ocular das éguas submetidas

ao exame microbiológico, comparar os achados entre as estações do ano e os tipos de manejo

submetidos e relacionar a quantidade e tipos celulares com a presença de fungos. Para tal,

avaliou-se a microbiota fúngica e os aspectos celulares da mucosa do saco conjuntival do olho

direito de 64 éguas da raça quarto de milha, provenientes de propriedades oriundas da Zona da

Mata e Agreste Pernambucanos. Anteriormente as coletas, os animais foram submetidos ao

exame clínico geral e oftálmico de rotina. Para a identificação microbiológica foram coletadas

amostras utilizando um Swab seco estéril, as quais foram semeadas em meio de cultura contendo

agar Sabouraud com cloranfenicol. De todas as amostras analisadas 36 (56,25%) foram positivas

para presença de fungos. Deste total, 47,5% apresentaram fungos do gênero Aspergillus, 10%

Fusarium, 10% Penicillium, 10% Curvularia, 10% Alternaria, 7,5% Rhizopus, e 5,0% Mucor. A

citologia conjuntival revelou um predomínio das células epiteliais, contendo um maior número de

células da camada intermediária (80,61%) não apresentando citologia inflamatória, podendo-se

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afirmar que os fungos encontrados fazem parte da microbiota dos animais estudados. Conclui-se

que as características climáticas do inverno pernambucano proporcionam melhores condições

para o desenvolvimento fúngico conjuntival em equinos hígidos, independente do tipo de manejo,

e que o número e tipo de células do saco conjuntival não são influenciados pelas condições

climáticas, tipo de manejo e regiões. Pode-se concluir também que a presença fúngica não

interfere no número e nos tipos de células da conjuntiva.

TERMOS DE INDEXAÇÃO: Oftalmologia, cavalos, micobiota, ceratomicose, citologia

conjuntival.

ABSTRACT

The horses, among animal species are more likely to develop keratitis, mainly due prominent

conformation of the eyeball and the large number of microorganisms existing in the environment.

More than 30 genera of fungi can cause Keratomycosis in horses, being the main ones the

Aspergillus, Penicillium, Alternaria, Cladosporium, and Fusarium. This study aimed to isolate

and seasonally (summer and winter) identify fungal microorganisms located in the ocular

conjunctiva of healthy Quarter Horse mares, under different types of management (extensive and

intensive), from Pernambuco Forest Zone and Agreste area, to conduct cytological assessment of

mares ocular conjunctival submitted to microbiological examination, to compare the findings

between the seasons and the types of subjected management, and to relate the quantity and cell

types with the presence of fungi. To this end, it was evaluated the fungal microbiota and cellular

aspects of the surface layer of the conjunctival sac of the right eye of 64 Quarter Horse mares, all

derived from the properties of Pernambuco Forest Zone and Agreste Area. The animals were

submitted to general and ophthalmic clinic examination before the sampling. To the

microbiological identification, the samples were collected using a dry sterile swab, which was

rolled in a culture medium containing Sabouraud agar with chloramphenicol. Of all analyzed

samples, 36 (56.25%) were positive for the presence of fungi. Of this total, 47,5% were positive

for the presence of fungi of the Aspergillus genus, 10% Fusarium, 10% Penicillium, 10%

Curvularia, 10% Alternaria, 7,5% Rizopus and 5.0% Mucor. The conjunctival cytology revealed

a predominance of epithelial cells containing a greater number of cells of the intermediate layer

(80.61%). It can be concluded that the climatic characteristics of Pernambuco winter provide

better conditions for fungal conjunctival development in healthy horses regardless the

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management type, and that the number and type of conjunctival sac cells are not affected by

weather conditions, management type and regions. It can also be conclude that fungal presence

does not interfere in the number and types of conjunctival cells.

INDEX TERMS: Ophthalmology, horses, micobiota, keratomycosis, conjunctival citology.

INTRODUÇÃO

O Brasil possui o terceiro maior rebanho de equinos do mundo e o primeiro da América

Latina, onde somados aos muares e asininos aproxima-se dos 8 milhões de cabeças,

movimentando cerca de R$ 7,3 bilhões anuais. Mais de 30 segmentos, distribuídos entre insumos,

criação e destinação final, compõem a base desse mercado, que é chamado “Complexo do

Agronegócio do Cavalo”, sendo responsável pela geração de 3,2 milhões de empregos diretos e

indiretos (MAPA, 2014).

O olho, órgão da visão, é formado pelo globo ocular e várias estruturas anexas, tais como

músculos, aparelho lacrimal, pálpebras, conjuntiva, cristalino, humor aquoso e humor vítreo. A

conjuntiva é uma delgada membrana mucosa, transparente, móvel e ricamente vascularizada que

recobre toda superfície interna das pálpebras (conjuntiva palpebral), a esclera (conjuntiva bulbar)

e toda a terceira pálpebra. O espaço formado entre a conjuntiva palpebral e bulbar é chamada de

saco conjuntival (SANTO, 2012).

Desde o seu nascimento, o animal apresenta em seu saco conjuntival grande variedade de

microrganismos, tais como vírus, bactérias e fungos, os quais formam a microbiota ou flora

conjuntival normal (PISANI, 1997). Muitos fatores podem afetar a presença ou ausência da

microbiota ocular. Condições edafoclimáticas, ambiente e manejo têm sido sugeridos como

variáveis potenciais, afetando carga microbiana em olhos de cavalo normais e doentes

(ANDREW et al., 2003).

Fungos são frequentemente encontrados fazendo parte da microbiota conjuntival de várias

espécies. Entre elas, estudos mostram que os equideos apresentam uma maior prevalência (73% a

95%). Essa susceptibilidade pode ser explicada devido a constante exposição a organismos

fúngicos existentes no ambiente e alimentos (SAMUELSON et al., 1984; ANDREW et al., 1998;

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ROSA et al., 2003; ANDREW et al., 2003; FORD, 2004; MACHADO et al., 2005; NARDONI

et al., 2007; SGORBINI et al., 2008; WADA et al., 2010; SOUSA et al., 2011).

A conjuntiva e a córnea têm um eficiente sistema de defesa contra infecções, formado por

mecanismos metabólicos, imunológicos, antimicrobianos e por uma barreira física (tecido

epitelial). Um desequilíbrio de qualquer um destes fatores pode submeter o olho a uma possível

infecção por patógenos oportunistas, colonizando e infectando o estroma corneano e/ou tecido

conjuntival (ANDRADE et al., 2002; SOUSA et al., 2011).

De acordo com, Reichmann et al. (2008), Thangadurai et al. (2010), Gilger (2012),

Kulbrock et al. (2013) e Scantlebury et al. (2013), a prevalência de enfermidades oculares nos

equinos pode chegar a 27%. Dentre tais doenças, a ceratite fúngica se destaca devido a

conformação proeminente e lateralizada do bulbo ocular e às deficiências imunoprotetoras inatas

do filme lacrimal que predispõe seu surgimento.

Mais de 30 gêneros de fungos causam ceratomicose nos cavalos, sendo os Aspergillus,

Penicillium, Alternaria, Cladosporium e Fusarium os principais (BLOMME et al., 1998;

MACHADO et al., 2005; JOHNS et al., 2011; SOUSA et al., 2011; GALERA et al., 2012). No

Brasil são escassos os dados sobre a prevalência da ceratite fúngica nos equídeos, mas sabe-se

que ela acontece em grande número, principalmente devido às condições climáticas brasileira que

favorecem o seu desenvolvimento (SOUSA et al., 2011).

O diagnóstico baseia-se no exame físico, oftalmológico, citológico e isolamento

microbiológico. O tratamento vai depender da gravidade das lesões, sendo a intervenção tópica a

mais comum, podendo ser recomendado em casos mais graves a ceratectomia (CAFARCHIA et

al., 2013).

A citologia conjuntival consiste em um importante método não invasivo que auxilia no

diagnóstico e no direcionamento terapêutico das patologias oculares superficiais (BARROS et

al., 2001; BRANDÃO et al., 2002; CAMARGO et al., 2004). Segundo Dutra et al., (2005) e

Borges et al., (2012), trata-se de um exame simples, rápido e de baixo custo que não deve ser

dispensado, principalmente na presença de conjuntivites, abcessos e nodulações conjuntivais.

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O presente trabalho teve como objetivos isolar e identificar sazonalmente os

microrganismos fúngicos localizados na conjuntiva ocular de éguas da raça Quarto de Milha,

saudáveis, submetidas aos tipos de manejo extensivo e intensivo, provenientes da zona da mata e

agreste pernambucano, realizar avaliação citológica da conjuntiva ocular das éguas submetidas ao

exame microbiológico, comparar os achados entre as estações do ano e os tipos de manejo

submetidos e relacionar a quantidade e tipos celulares com a presença de fungos.

MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi submetido e aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais –

CEUA da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, Brasil, sob o protocolo de

licença 066/15. O experimento foi organizado em arranjo fatorial 2x2x2, sendo duas regiões

(Zona da Mata e Agreste), duas estações climáticas (Inverno e Verão) e dois sistemas de criação

(Intensivo e Extensivo).

Amostras

Para o presente trabalho foram coletadas amostras do saco conjuntival do olho direito de

64 éguas da raça quarto de milha, sendo 32 provenientes de propriedades oriundas da Zona da

Mata e 32 do Agreste Pernambucano. A idade variou entre 3 a 26 anos (idade média de 9.7 anos).

As coletas foram realizadas em animais igualmente distribuídos em relação ao período, de 21 de

dezembro a 20 de março (verão) e de 20 de junho a 22 de agosto (inverno), e ao tipo de manejo

submetidos (intensivo e extensivo). Dados climatológicos para os referidos períodos foram

utilizados de acordo com APAC – PE (Tabela 1).

Tabela 1. Temperatura e umidade média da Zona da mata e Agreste

Pernambucano nas estações de inverno e verão durante a realização

das coletas (Fonte: APAC, 2015).

Estações

Regiões Inverno Verão

Zona da Mata T: 24°C 27°C

U: 83% 76%

Agreste T: 20°C 24°C

U: 81% 73% Temperatura (T) e Umidade relativa do ar (%).

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Coleta de Material

Após contenção física, todos os animais foram submetidos ao exame clínico geral e

oftálmico de rotina (exame do segmento anterior, reflexos pupilares, teste de ameaça,

ofuscamento, oftalmoscopia direta e indireta) e posteriormente foram coletadas duas amostras do

saco conjuntival do olho direito de cada animal.

A primeira coleta foi realizada utilizando um swab de algodão estéril seco (Absorve®,

Swab em tubo sem meio de cultura), que foi posicionado suavemente contra o saco conjuntival e

cuidadosamente rodado, com total atenção para não fazer contato com a pele, cílios e pálpebras

do animal. Os swabs foram, imediatamente após a coleta, imersos em tubos de ensaio contendo 2

mL de caldo glicosado, rotulados, armazenados a temperatura ambiente e enviados para

processamento laboratorial.

Para a segunda coleta, realizada imediatamente após a primeira, foram previamente

instiladas algumas gotas de colírio anestésico a base de cloridrato de proximetacaína 0,5%

(Anestal-con®, Alcon Laboratórios do Brasil Ltda) no saco conjuntival e após alguns segundos

(com dessensibilização da região) foi coletado material utilizando uma escova citológica cervical

(Escova cervical modelo regular estéril, Kolplast Cia Ltda) em um movimento rotatório completo

sobre a conjuntiva. Em seguida, o conteúdo coletado foi transferido para superfície de uma

lâmina de vidro (Invicta, Barrio Cia Ltda), por movimentos em sentido contrário, e

posteriormente, identificados, armazenado em tubos porta lâminas, lacrados e enviados para

processamento laboratorial.

Processamento microbiológico - isolamento e identificação

Para o isolamento e identificação dos fungos, no laboratório de micologia médica e

veterinária do departamento de micologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),

inicialmente foi realizado o exame direto, com a finalidade de identificar estruturas características

dos fungos em geral: hifas, pseudohifas, blastomídios, astromídios e filamentos. Em seguida, as

amostras foram semeadas sobre a superfície de placas de Petri contendo Ágar Sabouraud com

clorafenicol a uma concentração de 50 mg/L, posteriormente enumeradas e incubadas durante 21

dias a uma temperatura de ± 28°C. No quinto dia após a incubação, para as amostras que já

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apresentavam formação de colônias, foi realizada uma classificação inicial pela análise

morfológica das colônias, separando-as segundo apresentação de hifas, parte germinativa e

conídios, para identificação de filamentosos e leveduras. As colônias foram transferidas para

tubos de ensaio contendo Ágar Sabouraud com cloranfenicol (50 mg/L) e mantidas à temperatura

de ± 28°C durante 7 dias para posterior identificação. A identificação ocorreu através da

avaliação das macro e micro características morfológicas, de acordo com a metodologia utilizada

por Lacaz et al. (2002). As amostras foram qualitativamente divididas em gêneros. Após 21 dias,

não havendo crescimento fúngico, as amostras foram consideradas negativas.

Processamento citológico - coloração e montagem

No Laboratório de Oftalmologia Experimental (LOE) do Departamento de Morfologia e

Fisiologia Animal (DMFA) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) as lâminas

foram fixadas durante 1 minuto em Álcool Metílico P.A. e coradas pelo método de Rosenfeld

(Metanol, Giemsa, May-Greunwald), utilizando a mesma metodologia descrita por Almeida Neto

(2003). Após secagem à temperatura ambiente, as lâminas foram mergulhadas em solução

contendo xilol por 3 segundos e ainda úmidas montadas com resina sintética (Entellan - Merck) e

cobertas com uma lamínula de vidro (Invicta, Barrio Cia Ltda).

Avaliação Citológica

As lâminas foram avaliadas por meio de microscopia óptica direta (Microscópio óptico

Olympus Bx41 – Olympus Optical Co., LTDA - Japan), utilizando as objetivas de 10x, 40x e

100x. Realizou-se a leitura das amostras seguindo a metodologia descrita por Almeida Neto

(2003), onde dez campos foram percorridos, dois em cada faixa de microscopia, em Zig-Zag,

contando dez células em cada campo até a somatória de um total de cem células integras. Foram

analisados os tipos celulares, os aspectos morfológicos e a quantidade das seguintes células:

células epiteliais, polimorfonucleadas, mononucleadas, eritrócitos e células caliciformes,

presença de grânulos de melanina e coloração celular.

Analise Estatística

Os dados foram submetidos ao teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov. Para as

amostras que possuíam uma distribuição normal o teste utilizado foi ANOVA one-way e para as

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de distribuição não normais foi utilizado o teste Kruskal-wallis, onde foram considerados

significativos os valores de p < 0,05.

RESULTADOS

Do total das amostras analisadas, 36 (56,25%) foram positivas para presença de fungos.

Deste total, 40 isolados foram obtidos dos quais 45,0% apresentaram fungos do gênero

Aspergillus sp (Tabela 1), 04 amostras apresentaram crescimento associado de dois diferentes

gêneros. Os resultados das amostras coletadas estão expressos nas tabelas 2, 3 e 4, onde observa-

se os gêneros dos fungos isolados na Zona da Mata e Agreste, durante o inverno e verão e nos

diferentes tipos de manejo.

Tabela 2. Fungos isolados das conjuntivas de cavalos oriundos da Zona da Mata e Agreste

Pernambucano, submetidos ao manejo extensivo e intenso durante os períodos de inverno e

verão.

Fungo Amostras Conjuntivais (+) % dos positivos¹

Aspergillus sp 19 47,50

Fusarium sp 4 10,00

Penicillium sp 4 10,00

Curvularia sp 4 10,00

Mucor sp 2 5,00

Alternaria sp 4 10,00

Rhizopus sp 3 7,50

¹. Percentual do total de amostras positivas para fungos.

Tabela 3. Fungos isolados das amostras oriundas da Zona da Mata – PE, de animais submetidos

ao manejo intensivo e extensivo no período do inverno e verão.

Fungo Inverno Verão

Intensivo Extensivo Intensivo Extensivo

Aspergillus sp 3 1 2 2

Fusarium sp 1 - 1 1

Penicillium sp 1 1 - 1

Curvularia sp 1 - 2 -

Mucor sp - - 1 -

Alternaria sp 1 1 - 1

Rhizopus sp - 2 - -

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40

0

1

2

3

4

5

6

Inverno(Int.)

Inverno(Ext.)

Verão (Int.)

Verão (Ext.)

Zona da Mata

Agreste

Tabela 4. Fungos isolados das amostras oriundas do Agreste – PE, de animais submetidos ao

manejo intensivo e extensivo no período do inverno e verão.

Fungo Inverno Verão

Intensivo Extensivo Intensivo Extensivo

Aspergillus sp 4 5 1 1

Fusarium sp - - 1 -

Penicillium sp - 1 - -

Curvularia sp - - 1 -

Mucor sp - - - 1

Alternaria sp - - - 1

Rizopus sp 1 - - -

Figura 1. Número de amostras positivas para a presença de fungos no saco

conjuntival em éguas da raça Quarto de Milha saudáveis de diferentes regiões e

submetidas a distintos tipos de manejo e estações climáticas. Int. (Intensivo) e Ext.

(Extensivo).

A idade dos animais utilizados nesse estudo variou entre 3 a 26 anos, apresentando uma

média de 9.7 anos. Cerca de 66,67% de todos os animais positivos para fungos apresentavam

idade inferior à idade média.

Na avaliação citológica, foi observado a presença de células epiteliais em todas as lâminas

analisadas. Houve uma predominância de células da camada intermediária, seguida da camada

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superficial e basal. Em poucas lâminas foram encontrados neutrófilos e linfócitos (Figura 2).

Eosinófilos e eritrócitos não foram visualizados (Tabela 5).

Figura 2. Microscopia óptica da citológica conjuntival, pelo

método esfoliativo, em equinos hígidos. Diferentes tipos celulares

do epitélio conjuntival, corante Rosenfeld. Fonte: LOE – UFRPE

(2015).

Tabela 5. Número de células conjuntivais coletadas no inverno e verão do olho direito de 64

éguas saudáveis, oriundas da Zona da Mata e Agreste Pernambucano.

Células Inverno Verão Total

No % No % No %

Epiteliais: Profunda (Basal)

Intermediária

Superficial

Escamosa (Queratinizada)

296 52,76 265 47,24 561 8,77

2555 49,53 2604 50,47 5159 80,61

302 51,89 280 48,11 582 9,09

30 44,12 38 55,88 68 1,06

Leucócitos: Neutrófilo

Linfócito

Eosinófilo

10 62,5 06 37,5 16 0,25

06 60 04 40 10 0.16

0 0 0 0 0 0

Cel. Caliciformes 01 25 03 75 04 0,06

Eritrócitos 0 0 0 0 0 0

Número total (No) e Percentual de células (%).

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DISCUSSÃO

A prevalência de fungos nesse estudo foi de 56,25%, inferior aos dados reportados para

cavalos em alguns trabalhos (ANDREW et al., 2003; ROSA et al., 2003; JOHNS et al., 2011;

VOELTER-RATSON et al., 2013). Esse valor pode ser explicado devido ao fato da coleta ter

sido realizada apenas no saco conjuntival direito. Entretanto, se considerarmos apenas o valor

encontrado em uma amostra, ou seja, apenas um olho, o valor para amostras positivas não diferiu

dos resultados encontrados por Sousa et al. (2011), que analisando amostras coletadas do saco

conjuntival direito de cavalos da cavalaria da polícia militar do estado de Alagoas, observaram

que 56% das amostras apresentaram crescimento fúngico.

Como pode ser observado na Tabela 2, 3 e 4, os principais gêneros isolados foram

Aspergillus sp (45%), Penicillium sp (10%), Fusarium sp (10%), Alternaria (10%) e Curvularia

sp (10%). Corroborando com os achados de Sousa et al. (2011) e Rosa et al. (2003), que também

encontraram maior predominância de fungos do gênero Aspergillus, e diferindo dos achados de

Andrew et al. (2003) que, apesar de observarem presença deste gênero, a maior predominância

foi do Crisosporum sp., seguido do Cladosparium sp. Essa diferença entre os achados pode ser

explicada devido ao fato dos gêneros de fungos isolados da conjuntiva de equinos hígidos

poderem variar de acordo com os fatores ambientais, localização geográfica, tipo de manejo,

idade e sexo (SAMUELSON et al., 1984).

Não foi observada diferença significativa no número de amostras positivas para os tipos

de manejo intensivo e extensivo. Resultados semelhantes em bovinos foram encontrados por

Sgorbini et al. (2010), enquanto que Pisani et al. (1997) mostraram que houve diferença entre os

tipos de manejo em equinos. No entanto, foi observada diferença significativa entre as estações

climáticas, apresentando crescimento fúngico em 68,75% das amostras coletadas no inverno e

43,75% das amostras coletadas no verão (Figura 1), corroborando com os estudos realizados no

Brasil por Pisani et al. (1997) e nos EUA por Moore et al. (1988), onde mostraram que a

microbiota conjuntival normal de equinos também variou em relação às estações. Estes achados

diferem dos encontrados por Andrew et al. (2003) avaliando éguas no estado da Flórida, os quais

observaram que não houve diferença na prevalência de fungos conjuntivais entre as estações

climáticas.

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A afirmativa de Akinyele et al. (2005), de que o crescimento de fungos filamentosos é

diretamente influenciado por uma variedade de fatores ambientais, reforça os achados do presente

estudo. Segundo Dantigny et al. (2005), a temperatura e umidade, por exemplo, são as mais

importantes variáveis para determinar a habilidade dos fungos crescerem. Diante dos valores

apresentados para temperatura e umidade relativa nas diferentes estações climáticas e regiões

(Tabela 1), pode ser observado que a maior umidade relativa e uma menor temperatura foram

mais favoráveis para o crescimento fúngico, uma vez que o inverno apresentou maior número de

amostras positivas em comparação ao verão (Figura 1). Os achados do presente estudo estão

dentro da faixa encontrada por Gock et al. (2003), que observaram que a temperatura e

umidade ótimas para a germinação da maioria dos fungos é de 25 a 37° C e 82 a 92%,

respectivamente.

A idade média dos animais utilizados nesse estudo foi de 9,7 anos. Cerca de 66,67% das

amostras positivas foram coletas de éguas que apresentavam idade inferior à média. Dados

semelhantes foram encontrados por Andrew et al. (2003), onde afirmam que os animais mais

jovens tiveram uma maior incidência de isolados que os animais mais velhos. Esses autores

acreditam que esse aumento pode ser devido à variabilidade nos mecanismos de defesa da

superfície ocular dos animais mais jovens.

Não houve diferença significativa (P>0,05) quanto a presença de células epiteliais e/ou

polimorfonucleares e mononucleares entre os animais. Na citologia conjuntival, puderam ser

observadas células epiteliais da camada profunda (8,77%), células da camada intermediária

(80,61%), células da camada superficial (9,09%), células escamosas (1,06%), linfócitos (0,16%),

células caliciformes (0,16%) e neutrófilos (0, 25%), como pode ser observado na Tabela 5.

Trabalhos utilizando a mesma metodologia em equinos são escassos, e algumas vezes apresentam

particularidades metodológicas que fazem com que os dados sejam diferentes dos encontrados no

presente trabalho, como é o caso dos achados de Abella et al. (2007) estudando equinos hígidos,

que, apesar de semelhante metodologia, não consideraram células escamosas. Estes autores

encontraram uma quantidade superior de células epiteliais da camada profunda (58,5%), seguida

das camadas intermediária (32,4%), linfócitos (3,7%), superficial (2,2%), células caliciformes

(1,5%) e neutrófilos (0,3%).

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Mesmo com proporções celulares diferentes, tanto os achados do presente estudo quanto

os achados de Abella et al. (2003) não apresentaram alterações condizentes a um processo

inflamatório/infeccioso, o qual é caracterizado pela predominância do tipo celular, sendo

observada na conjuntivite aguda uma predominância de neutrófilos e macrófagos associados a

alterações degenerativas das células (ROCHA et al., 2001; COWELL & TYLER, 2002; RASKIN

& MEYER, 2003; ÇAKIR et al., 2014).

A ausência de alterações oftálmicas (blefarospasmo, epífora e quemose), associada aos

achados citológicos caracterizam ausência de um processo inflamatório/infeccioso, o que

comprova que os fungos presentes na conjuntiva ocular de equinos hígidos se comportam como

parte integrante da microbiota comensal, não causando patologias se o epitélio da conjuntiva e

córnea estiverem intactos. No entanto, quando uma lesão epitelial ocorre, os fungos podem

infiltrar-se no estroma corneal resultando em uma ceratite fúngica (ANDREW et al., 2003;

VOELTER-RATSON et al., 2013).

CONCLUSÃO

Conclui-se que as características climáticas do inverno pernambucano proporcionam

melhores condições para o desenvolvimento fúngico conjuntival em equinos hígidos,

independentemente do tipo de manejo empregado, e que o número e tipo de células do saco

conjuntival não são influenciados pelas condições climáticas, tipo de manejo e regiões. Pode-se

concluir também que essa presença fúngica não interfere no número e nos tipos de células da

conjuntiva.

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5. ANEXOS

ISSN 0100-736X versão impressa ISSN 1678-5150 versão online

0100-736X Pesquisa Veterinária Brasileira (Impresso) A2 MEDICINA VETERINÁRIA Atualizado

Apresentação de manuscritos

1. Os trabalhos devem ser organizados, sempre que possível, em Título, ABSTRACT,

RESUMO, INTRODUÇÃO, MATERIAL E MÉTODOS, RESULTADOS, DISCUSSÃO,

CONCLUSÕES (ou combinação destes dois últimos), Agradecimentos e REFERÊNCIAS:

a) o Título do artigo deve ser conciso e indicar o conteúdo do trabalho; pormenores de identificação científica devem ser colocados em MATERIAL E MÉTODOS.

b) O(s) Autor(es) deve(m) sistematicamente encurtar os nomes, tanto para facilitar sua

identificação científica, como para as citações bibliográficas. Em muitos casos isto significa manter o primeiro nome e o último sobrenome e abreviar os demais sobrenomes:

Paulo Fernando de Vargas Peixoto escreve Paulo V. Peixoto ou Peixoto P.V.; Franklin Riet-Correa

Amaral escreve Franklin Riet-Correa ou Riet-Correa F.; Silvana Maria Medeiros de Sousa Silva

poderia usar Silvana M.M.S. Silva, inverso Silva S.M.M.S., ou Silvana M.M. Sousa-Silva, inverso,

Sousa-Silva S.M.M., ou mais curto, Silvana M. Medeiros-Silva, e inverso, Medeiros-Silva S.M.;

para facilitar, inclusive, a moderna indexação, recomenda-se que os trabalhos tenham o máximo de 8 autores;

c) o ABSTRACT deverá ser apresentado com os elementos constituintes do RESUMO em

português, podendo ser mais explicativos para estrangeiros. Ambos devem ser seguidos de "INDEX TERMS" ou "TERMOS DE INDEXAÇÃO", respectivamente;

d) o RESUMO deve apresentar, de forma direta e no passado, o que foi feito e estudado,

indicando a metodologia e dando os mais importantes resultados e conclusões. Nos trabalhos em

inglês, o título em português deve constar em negrito e entre colchetes, logo após a palavra RESUMO;

e) a INTRODUÇÃO deve ser breve, com citação bibliográfica específica sem que a mesma

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assuma importância principal, e finalizar com a indicação do objetivo do trabalho;

f) em MATERIAL E MÉTODOS devem ser reunidos os dados que permitam a repetição do

trabalho por outros pesquisadores. Na experimentação com animais, deve constar a aprovação do projeto pela Comissão de Ética local;

g) em RESULTADOS deve ser feita a apresentação concisa dos dados obtidos. Quadros devem

ser preparados sem dados supérfluos, apresentando, sempre que indicado, médias de várias

repetições. É conveniente, às vezes, expressar dados complexos por gráficos (Figuras), ao invés de apresentá-los em Quadros extensos;

h) na DISCUSSÃO devem ser discutidos os resultados diante da literatura. Não convém

mencionar trabalhos em desenvolvimento ou planos futuros, de modo a evitar uma obrigação do autor e da revista de publicá-los;

i) as CONCLUSÕES devem basear-se somente nos resultados apresentados no trabalho;

j) Agradecimentos devem ser sucintos e não devem aparecer no texto ou em notas de rodapé;

k) a Lista de REFER�NCIAS, que só incluirá a bibliografia citada no trabalho e a que tenha

servido como fonte para consulta indireta, deverá ser ordenada alfabeticamente pelo sobrenome

do primeiro autor, registrando-se os nomes de todos os autores, em caixa alta e baixa

(colocando as referências em ordem cronológica quando houver mais de dois autores), o título

de cada publicação e, abreviado ou por extenso (se tiver dúvida), o nome da revista ou obra,

usando as instruções do "Style Manual for Biological Journals" (American Institute for Biological

Sciences), o "Bibliographic Guide for Editors and Authors" (American Chemical Society, Washington, DC) e exemplos de fascículos já publicados (www.pvb.com.br).

2. Na elaboração do texto deverão ser atendidas as seguintes normas:

a) os trabalhos devem ser submetidos seguindo o exemplo de apresentação de fascículos

recentes da revista e do modelo constante do site sob "Instruções aos Autores"

(www.pvb.com.br). A digitalização deve ser na fonte Helvética, corpo 11, entrelinha

simples; a página deve ser no formato A4, com 2cm de margens (superior, inferior,

esquerda e direita), o texto deve ser corrido e não deve ser formatado em duas colunas, com as

legendas das figuras e os Quadros no final (logo após as REFERÊNCIAS). As Figuras (inclusive

gráficos) devem ter seus arquivos fornecidos separados do texto. Quando incluídos no texto do

trabalho, devem ser introduzidos através da ferramenta "Inserir" do Word; pois imagens

copiadas e coladas perdem as informações do programa onde foram geradas, resultando,

sempre, em má qualidade;

b) a redação dos trabalhos deve ser concisa, com a linguagem, tanto quanto possível, no

passado e impessoal; no texto, os sinais de chamada para notas de rodapé serão números

arábicos colocados em sobrescrito após a palavra ou frase que motivou a nota. Essa numeração

será contínua por todo o trabalho; as notas serão lançadas ao pé da página em que estiver o

respectivo sinal de chamada. Todos os Quadros e todas as Figuras serão mencionados no texto.

Estas remissões serão feitas pelos respectivos números e, sempre que possível, na ordem

crescente destes. ABSTRACT e RESUMO serão escritos corridamente em um só parágrafo e não deverão conter citações bibliográficas.

c) no rodapé da primeira página deverá constar endereço profissional completo de

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todos os autores e o e-mail do autor para correspondência, bem como e-mails de outros autores;

d) siglas e abreviações dos nomes de instituições, ao aparecerem pela primeira vez no trabalho, serão colocadas entre parênteses e precedidas do nome por extenso;

e) citações bibliográficas serão feitas pelo sistema "autor e ano"; trabalhos de até três autores

serão citados pelos nomes dos três, e com mais de três, pelo nome do primeiro, seguido de "et

al.", mais o ano; se dois trabalhos não se distinguirem por esses elementos, a diferenciação será

feita através do acréscimo de letras minúsculas ao ano, em ambos. Trabalhos não

consultados na íntegra pelo(s) autor(es), devem ser diferenciados, colocando-se no

final da respectiva referência, "(Resumo)" ou "(Apud Fulano e o ano.)"; a referência do

trabalho que serviu de fonte, será incluída na lista uma só vez. A menção de comunicação

pessoal e de dados não publicados é feita no texto somente com citação de Nome e Ano,

colocando-se na lista das Referências dados adicionais, como a Instituição de origem do(s)

autor(es). Nas citações de trabalhos colocados entre parênteses, não se usará vírgula entre o

nome do autor e o ano, nem ponto-e-vírgula após cada ano; a separação entre trabalhos,

nesse caso, se fará apenas por vírgulas, exememplo: (Christian & Tryphonas 1971, Priester & Haves 1974, Lemos et al. 2004, Krametter-Froetcher et. al. 2007);

f) a Lista das REFERÊNCIAS deverá ser apresentada isenta do uso de caixa alta, com os

nomes científicos em itálico (grifo), e sempre em conformidade com o padrão adotado nos últimos fascículos da revista, inclusive quanto à ordenação de seus vários elementos.

3. As Figuras (gráficos, desenhos, mapas ou fotografias) originais devem ser

preferencialmente enviadas por via eletrônica. Quando as fotos forem obtidas através de

câmeras digitais (com extensão "jpg"), os arquivos deverão ser enviados como obtidos (sem

tratamento ou alterações). Quando obtidas em papel ou outro suporte, deverão ser anexadas ao

trabalho, mesmo se escaneadas pelo autor. Nesse caso, cada Figura será identificada na

margem ou no verso, a traço leve de lápis, pelo respectivo número e o nome do autor; havendo

possibilidade de dúvida, deve ser indicada a parte inferior da figura pela palavra "pé". Os gráficos

devem ser produzidos em 2D, com colunas em branco, cinza e preto, sem fundo e sem linhas. A

chave das convenções adotadas será incluída preferentemente, na área da Figura; evitar-se-á o

uso de título ao alto da figura. Fotografias deverão ser apresentadas preferentemente em preto e

branco, em papel brilhante, ou em diapositivos ("slides"). Para evitar danos por grampos, desenhos e fotografias deverão ser colocados em envelope.

Na versão online, fotos e gráficos poderão ser publicados em cores; na versão impressa, somente quando a cor for elemento primordial a impressão das figuras poderá ser em cores.

4. As legendas explicativas das Figuras conterão informações suficientes para que estas

sejam compreensíveis, (até certo ponto autoexplicatívas, com independência do texto) e serão

apresentadas no final do trabalho.5. Os Quadros deverão ser explicativos por si mesmos e

colocados no final do texto. Cada um terá seu título completo e será caracterizado por dois

traços longos, um acima e outro abaixo do cabeçalho das colunas; entre esses dois traços

poderá haver outros mais curtos, para grupamento de colunas. Não há traços verticais. Os

sinais de chamada serão alfabéticos, recomeçando, se possível, com "a" em cada

Quadro; as notas serão lançadas logo abaixo do Quadro respectivo, do qual serão separadas por

um traço curto à esquerda.