Hoje Macau 1 NOV 2012 #2726

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MACAU CHEGA AO NONO TÍTULO PÁGINA 15 ACIDENTE NA AVENIDA DA AMIZADE Culpa pode não ser apenas do condutor PÁGINA 6 AUMENTO DA POPULAÇÃO ATÉ 2036 Especialistas estão apreensivos PÁGINA 5 TEMPO POUCO NUBLADO MIN 16 MAX 23 HUMIDADE 35-75% • CÂMBIOS EURO 9.5 BAHT 3.7 YUAN 0.7 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ QUINTA-FEIRA 1 DE NOVEMBRO DE 2012 ANO XII Nº 2726 PUB ESTUDO DO CPSC ALERTA Futuro da saúde em Macau não é risonho PÁGINA 2 ASIÁTICO DE HÓQUEI EM PATINS TEMPESTADE SANDY América do Norte chora 51 mortos CENTRAIS Um bando de maltratados Deputado Ho Ion Sang fala da classe média Em entrevista ao Hoje Macau, o deputado eleito directamente pela UGAM escalpe- liza os problemas da classe média de Macau. Para Ho Ion Sang, o Governo pouco ou nada tem feito para salvar aquilo que considera ser o pulmão da sociedade. Por outras palavras, considera que “há muitas coisas a melhorar” para que o com- portamento económico da classe atinja níveis internacionais. Se isso não suceder, podemos estar perante a morte do artista. PÁGINA 3

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Edição do Hoje Macau de 1 de Novembro de 2012 • Ano X • N.º 2726

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MACAU CHEGA AO NONO TÍTULO PÁGINA 15

ACIDENTE NA AVENIDA DA AMIZADE

Culpa pode não ser apenas do condutor

PÁGINA 6

AUMENTO DA POPULAÇÃO ATÉ 2036

Especialistas estão apreensivos

PÁGINA 5

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 16 MAX 23 HUMIDADE 35-75% • CÂMBIOS EURO 9.5 BAHT 3.7 YUAN 0.7

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • QUINTA-FEIRA 1 DE NOVEMBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2726

PUB

ESTUDO DO CPSC ALERTA

Futuro da saúde em Macau não é risonho

PÁGINA 2

ASIÁTICO DEHÓQUEI EM PATINS

TEMPESTADE SANDY

América do Nortechora 51 mortos

CENTRAIS

Um bando de maltratados

Deputado Ho Ion Sang fala da classe média

Em entrevista ao Hoje Macau, o deputado eleito directamente pela UGAM escalpe-liza os problemas da classe média de Macau. Para Ho Ion Sang, o Governo pouco ou nada tem feito para salvar aquilo que considera ser o pulmão da sociedade. Por outras palavras, considera que “há muitas coisas a melhorar” para que o com-portamento económico da classe atinja níveis internacionais. Se isso não suceder, podemos estar perante a morte do artista. PÁGINA 3

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quinta-feira 1.11.2012política2

Cecília [email protected]

O Centro da Política da Sabedoria Co-lectiva (CPSC) publicou ontem

um estudo sobre as políticas de serviços de saúde e seus benefícios. A falta de recur-sos dos hospitais e serviços de saúde públicos leva a concluir a necessidade de se canalizarem os pacientes menos graves para as clínicas privadas, para aliviar a pres-são nos organismos públicos. O estudo alerta, sobretudo, para a importância de se formarem mais médicos no futuro para Macau.

Mas o estudo faz mesmo propostas ao Governo. A criação de um pacote finan-ceiro destinado a despesas médicas nas novas contas individuais de previdência, tal como é feito nas regiões vizinhas, é uma destas.

REDE MÉDICA GRATUITA COM NÍVEL ELEVADODe acordo com o dirigente, a área de cobertura da rede medica grátis de Macau tem um nível elevado, em termos mundiais, porém, os meios começam a escassear. O hospital público, único a ceder serviços de saúde gratuitos, por exemplo, não vai servir nos próximos anos para colmatar as necessi-dades da população, que está a envelhecer, pelo que começa a sofrer uma enorme

O futuro da saúde em Macau não é risonho. Quem o diz é o Centro da Política da Sabedoria Colectiva que, através de um estudo elaborado em 2011, conclui que haverá falta de médicos e camas em Macau, para uma população em envelhecimento que necessitará de mais cuidados

Centro da Política da Sabedoria Colectiva deixa um alerta sobre o sistema médico

Sem médicos e sem camas

Lam Heong Sang questionaa não publicação do saldo da reserva fiscal Deputado indirecto da Assembleia Legislativa (AL) Lam Heong Sang questionou o Governo, através de interpelação oral, do porquê de não se publicar o saldo da reserva fiscal bem como os resultados operacionais exigidos, desde que o Sistema de Reserva Fiscal entrou em vigor em Janeiro deste ano. Aliás, Lam Heong Sang quer que haja uma explicação cabal na AL sobre o assunto, referindo que o Executivo não pode fugir às suas responsabilidades. – C.L.

pressão. O organismo con-tactou com dirigentes dos serviços de saúde e médicos dos hospitais, que dão conta da falta de camas e médicos no território. “Em Macau, à proporção, para cada mil residentes só existem 2,1 ca-mas e 2.4 médicos. É menos do que em Singapura, Hong Kong e Taiwan. Com o en-velhecimento da população e falta de faculdades para formação de médicos, o pro-blema da falta de médicos é crescente”, indica Loi Men Keong. O problema, indica ainda, é também as promes-sas por cumprir. “O Hospital Kiang Wu e o São Januário disseram que iam formar 50 médicos estagiários em cada hospital, o Governo também queria criar um Conselho dos Médicos. Porém, tudo isso ainda não foi começa-do nada”, explica. “O que nós podemos ver é que as camas são sempre adiadas: as 100 camas nos serviços de emergência planeadas originalmente para este ano foram adiadas para 2013, mas até agora ainda nada foi feito e já estamos no final do ano.” Mas há mais 700 camas também planeadas pelo Governo, para serviços de saúde na Taipa, Coloane e Macau, mas também foram adiadas para 2019.

ACABAR COM VALESDE SAÚDEO CPSC ainda descobriu que os vales de saúde utilizados pelos utentes são muitas

vezes desperdiçados em situações menos urgentes, porque expiram no prazo de um ano. “Por essa razão, a nossa proposta para o Gover-no é a de se criar um sistema de financiamento médico na contas individuais de previ-dência. Como em Cantão, os residentes usam uma cartão médica, relativo ao fundo da segurança social, é mais fácil e barato para fazer uma consulta. O montante canali-zado dependeria da situação financeira do Governo”, avalia Loi Men Keong.

Sobre o longo tempo de espera, o CPSC propõe que a Administração referencie para Hong Kong, de modo a criar um sistema de refe-rência entre os hospitais e médicos particulares, para melhorar a utilização dos médicos da comunidade. Além disso, pode introduzir mais especialistas para Ma-cau, mas tem que introduzir também o sistema de saída dos médicos estrangeiros, para garantir os direitos dos médicos locais. “Para melhorar a qualidade dos médicos queremos que o Governo dê oportunidade para os médicos fazerem uma aprendizagem contí-nua, porque normalmente os médicos não podem ganhar dinheiro durante a formação fora. O Governo tem que criar a certificação profissional e o Conselho dos Médicos o mais rapida-mente possível”, explica o dirigente do CPSC. O estudo foi realizado em parceria com os Serviços de Saúde (SS), o Hospital Kiang Wu, a MUST, a União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM) e a Associação Geral das Mu-lheres de Macau.

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Cecília Lin*cecí[email protected]

HÁ dois dias atrás inter-pelou o Governo sobre o tema que foi parte central da conversa

com o Hoje Macau: a classe média. Ho Ion Sang, deputado directo elei-to pela União Geral das Associa-ções de Moradores (UGAM), diz que “há muitas coisas a melhorar” para que o comportamento eco-nómico desta classe atinja níveis internacionais

Durante a conferência promo-vida pela UGAM afirmou que a classe média tem sido ignorada. O que deve ser feito para me-lhorar?Os estudos do Governo para a classe média ainda não são regu-lares, e os que foram publicados parece que não apontam para uma situação real. Considero que os estudos, para serem relevantes, têm de ser melhorados e ter o tempo certo. Hoje em dia há ressentimentos junto da classe média. São um grupo que serve para a estabilidade económica e social, mas quando surgem políticas de desenvolvimento ou para aliviar as dificuldades, este não é ajudado.

A conversa com o de-putado Ho Ion Sang

acabou por ir parar ao mais recente anuncio da criação de um mercado nocturno, com diversos espaços de diversão e lazer, junto ao lago Nam Van. “A sociedade tem diferentes opiniões e o que o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) tem que de pensar bem o que

vai fazer, auscultando a população. Ainda há espaço para melhorar. Enquanto centro mundial de turismo e lazer, Ma-cau tem falta de espaços nocturnos. Mas é preciso discutir mais. Podia ser na zona dos bairros antigos, como na Rua da Felici-dade, que já é uma zona turística. Poderia atrair ainda mais turistas”.

A decisão de criar um

mercado nocturno em Nam Van foi anunciada na passada sexta-feira pelo IACM. A decisão tem sido criticada pelo público, que afirmou que a iniciativa iria afectar a tranquilidade da zona. Vários deputados apon-taram mesmo para o risco de afectar a qualidade das águas do lago.

Raymond Tam, pre-sidente do IACM, subli-

nhou que essa questão já tinha sido bastante dis-cutida junto do público. Enquanto o deputado Ng Kuok Cheong afirmou tratar-se de “mais um pla-no estúpido”, o deputado Mak Soi kun levantou questões quanto à tran-quilidade. Chan Chak Mo disse que apoia a criação do mercado, pois defende que fazem falta espaços nocturnos de diversão.

Deputado Ho Ion Sang em entrevista ao Hoje Macau

Classe média “paga impostos mas não é beneficiada”

verno tem vindo a trabalhar nestas questões nos últimos 13 anos, mas só agora é que começaram a aparecer planos a longo prazo, com a saúde, a educação e a habi-tação. Por isso está tudo atrasado. Por um lado, isso é bom porque vemos os problemas e tentamos resolver, não é como uma estufa, onde está tudo parado.

Qual a sua opinião sobre a cria-ção da Lei do Erro Médico e a criação do conselho dos médicos?Infelizmente é uma lei que está atrasada há muito tempo, e o conselho acaba por estar ligado com esse diploma. Mas nesta sessão legislativa temos oito propostas de lei para discutir e é difícil aprovar esta lei e criar o conselho. Espero que possamos discutir isto o mais depressa possível, mas se até 2013 não conseguirmos acabar, penso que é sinal que andamos a gastar o nosso tempo. Temos que discu-tir as propostas que mais estão ligadas à sociedade. A lei do erro médico é importante, mas o tempo é limitado. - * com A.S.S.

Deputado defende mercado nocturno na Rua da Felicidade

E porquê?Bom, primeiro temos de pensar na definição do que é a classe média. No geral, esta pode ser definida pelo seu salário ou os níveis de habitação, educação e o emprego. Mas essa definição em Macau não está totalmente certa, porque existem dificuldades na compra de habitação. O mais importante é desenvolver a ascensão social, o que significa que precisamos de promover a educação contínua e a certificação profissional. Se este sistema não for melhorado, uma parte da classe média vai sentir sempre a falta de competitividade.

Apenas uma parte?Penso que sim, pois em Macau a classe média é um grupo especial. Aqui o desenvolvimento económi-co é único, mas se olharmos para os índices mundiais vemos que ainda há espaço para melhorar muitas coisas no que diz respeito a este grupo social. Os problemas principais são a habitação e a edu-cação contínua.

Fazem falta mais políticas?Deveria aumentar-se os limites da isenção dos impostos, bem como reduzir o imposto profissional. Penso que assim as questões ligadas à inflação poderiam ficar

resolvidas. A classe média paga impostos mas não é beneficiada.

Disse ainda que a classe média é ignorada no sistema de saúde. Como se pode resolver o proble-ma das longas listas de espera, para além da formação de mé-dicos, como já propôs?Já existem muitos centros de saú-de. No futuro as pessoas que vão morar para as habitações públicas vão precisar ainda mais de insta-lações de saúde. O processo de construção do novo hospital tem vindo a ser adiado e a situação dos recursos humanos não consegue atingir o nível de desenvolvimen-

to da população. Nas políticas sobre a saúde também nada foi mencionado. O Governo apenas nos mostrou o sucesso da saúde gratuita junto dos idosos. Mas aquilo que precisamos é mais camas, médicos, mais formações profissionais. Acho que a coope-ração entre o hospital público e as clínicas privadas é urgente, para aliviar a pressão dos médicos e reduzir as listas de espera.

Quais as medidas concretas que devem ser tomadas para o futuro?Temos de enfrentar estas questões com uma atitude positiva. O Go-

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4 política quinta-feira 1.11.2012www.hojemacau.com.mo

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Andreia Sofia [email protected]

AS agências funerárias de Macau exigem que o Governo crie um servi-ço público para o sector

e criticam o facto do mercado estar dependente de uma empresa de Hong Kong, privada, e que presta serviços à associação de beneficên-cia do hospital Kiang Wu. Falam em “monopólio” e afirmam que não conseguem manter o negócio. No total, cinco agências funerárias já faliram e quatro estão prestes a fechar portas.

Em Setembro o deputado José

Agências funerárias pedem mercado aberto e fim do “monopólio”

Responsabilidade do Governo, dizem eles

Governo da Região Administrativa Especial de Macau

Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais

Aviso(Recrutamento de pessoal)

Faz-se público que, por despacho de S. Ex.a o Chefe do Executivo, de 29 de Agosto de 2012, e nos termos do disposto na Lei n.º 14/2009 (“Regime das carreiras dos trabalhadores dos serviços públicos”) e no Regulamento Administrativo n.º 23/2011( “Recrutamento, selecção, e formação para efeitos de acesso dos trabalhadores dos ser-viços públicos”), se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento de dois lugares de técnico de 2.ª classe, 1.º escalão, área jurídica, em regime de contrato além do quadro deste Gabinete.

AvisodeaberturafoipublicadonoBoletimOficialdaRegiãoAdministrativaEspecialde Macau n.° 44, II Série, de 31 de Outubro de 2012. O prazo para a apresentação de candidaturas é de vinte dias, a contar do primeiro dia útil ao da publicação do presente avisonoBoletimOficialdaRegiãoAdministrativaEspecialdeMacau.Oscandidatosdevempreenchera“fichadeinscriçãoemconcurso”aprovadapeloDespachodoChefeExecutivon.º250/2011(podeserrequisitadanaImprensaOficialoudescarregadanapágina electrónica daquela entidade pública) juntamente com o arquivo associado, e apresentá-la, no períododefinido, durante o horário de expediente (segunda-feira aquinta-feira, 9:00 – 13:00; 14:30 – 17:45; sexta-feira, 9:00 – 13:00; 14:30 – 17:30), sito na Avenida da Praia Grande, n.º 804, Edifício China Plaza, 13.º andar, A-F, em Macau.

Para mais informações é favor consultar o site deste Gabinete http://www.gpdp.gov.mo. A Coordenadora Chan Hoi Fan 31/10/2012

Pereira Coutinho entregou uma interpelação escrita ao Governo onde pedia o inicio “do processo legislativo para regulamentar o sector”, mas até agora não obteve qualquer resposta. Por isso, orga-nizou ontem uma conferência de imprensa com responsáveis do sector, e prometem continuar a luta, com a possibilidade de uma manifestação nos próximos tem-pos. “Por enquanto vamos esperar, mas não está posta de parte a ideia de levar os caixões para a rua.”

“Porque é que uma associação de beneficência vai ter que preci-sar de uma empresa comercial, com sede em Hong Kong, e com

objectivos lucrativos? Deveria ser orientada para a beneficência e para o apoio directo das pessoas. A em-presa, ao gerir, está dentro da casa funerária. É evidente que beneficia de uma enorme vantagem. É uma concorrência nitidamente desleal.”

O deputado também defende a criação de um serviço público. “Quando é que o Governo terá uma casa funerária pública, que permita que, à semelhança da casa funerária católica, qualquer pessoa possa arrendar instalações para fazer as suas celebrações fúnebres? Que eu saiba não existe nenhuma empresa no meio dessa casa católica”.

“NADA PODEMOS FAZER”Cheong Chi Wai, dono da agência funerária Tim Fok, que já fechou temporariamente, espera que o Governo faça algo. “Há muito tempo que em Macau só existe uma empresa privada para serviços fúnebres sem que haja um serviço público. Se o mercado for aberto, aí haverá competição. Mas se se mantiver fechado, continuará o monopólio. A casa mortuária do

Kiang Wu existe há muito tempo mas depende do modo de gestão. Se for aberto, o mercado é aberto”. Cheong diz que desde o dia 26 de Setembro que não tem material para fazer os serviços fúnebres “porque os produtos estão a ser monopolizados por essa empresa”. “Se o Governo não nos ajudar, o que podemos fazer, já que é tudo privado?”, acrescenta.

Coutinho acredita que o silên-cio do Governo é uma desculpa. “A responsabilidade está no Governo. Já se atrasou em dois meses a responder à minha interpelação escrita, o que é manifestamente irresponsável. Há uma razão: estão à espera que as empresas, uma a uma, vão à falência.”

Mas fala também em “pro-miscuidade”, por alegadamente “existirem familiares do Chefe do Executivo ligados à associação de beneficência”. Tal entidade é também dirigida pelo deputado Fong Chi Keong.

Coutinho lembra ainda que o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) estava a desenvolver um plano de fomento para a casa funerária e gestão da associação do Kiang Wu, mas que nada surgiu até ao momento.

“Há tempos queria fazer am-pliações no sentido de providenciar melhores qualidades de serviço à população. Ficou em banho-maria, não se sabe o que se passa. Onde pára esse projecto e o que preten-dem fazer?”, aponta.

A empresa que gere os serviços fúnebres para a associação de beneficência do hospital Kiang Wu está a ser acusada de “monopólio” por agências que falam em concorrência desleal e que pedem um serviço público para o sector. Pereira Coutinho fala em desculpas para o silêncio do Executivo

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5quinta-feira 1.11.2012 www.hojemacau.com.mo sociedade

Andreia Sofia [email protected]

FORAM publicadas há dias as projecções da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) sobre a

população para os próximos 25 anos, e há duas certezas: até 2036, a popu-lação vai aumentar e a necessidade de mão-de-obra vai continuar mais forte do que nunca.

Os dados mostram que estarão a residir no território 759.900 pessoas em 2036, contra as actuais 557.400. Enquanto isso, a popula-ção local deverá passar dos actuais 482.300 para os 662.400 em 2036.

Ao Hoje Macau, o economista Albano Martins diz que estes nú-meros “só pecam por ser reduzi-dos”. “Quando o antigo Chefe do Executivo, Edmund Ho, promoveu a liberalização do jogo, disse que Macau teria que ser uma cidade para um milhão de habitantes. Este não é um número ridículo, é conservador.”

Apesar disso, o especialista mostra alguns receios quanto ao futuro. “A actual estrutura não vai aguentar com mais de 700 mil habitantes, nem com os novos aterros que vão ser construídos. E estamos a falar de pessoas que moram em Macau, mas temos de adicionar os turistas, que podem vir a ser de 30 milhões por ano. É preciso ter algum cuidado. Não basta projectar, tem que dizer ‘vamos intervir”.

No documento, a DSEC apenas explica que os dados pretendem servir como “referência funda-mental na definição de políticas de educação, saúde, habitação, apoio à estratégia do investimento de entidades comerciais e industriais

DADOS fornecidos pela Direcção dos Servi-

ços de Estatística e Censos (DSEC) mostram que a cir-culação rodoviária em Macau não tem conhecido dias feli-zes. Entre Janeiro e Setembro deste ano ocorreram um total de 10.981 acidentes de viação nas estradas, uma subida de

6% face a igual período do ano passado. As consequências foram 3.956 vítimas, sendo que 12 acabaram por falecer.

Até finais do mês de Setembro, havia em cir-culação 213.992 veículos, um aumento de 5% face a 2011. Mais de 100 mil são motociclos e 85.420 eram

automóveis ligeiros particu-lares, 40% do total.

Quanto aos movimentos nas fronteiras terrestres entre Macau e China, registaram-se movimentos de mais de três milhões de automóveis, um crescimento de 8%. Só nas Portas do Cerco passaram 84% das viaturas.

Pelo aeroporto passaram mais de 28 mil voos comer-ciais, um crescimento de 7%, sendo que a maior parte esta-beleceu ligações com a China, Taiwan e Tailândia. Foram realizadas 84.929 viagens de barco com transporte de pas-sageiros entre Macau e Hong Kong, uma descida de 7%.

Sector do jogo não sabe como proibir entrada a menores de 21A partir de hoje, as pessoas com menos de 21 anos estão proibidas de entrar nos casinos. Alguns trabalhadores do sector do jogo dizem que não receberam indicações sobre as novas medidas de regulação e supervisão das pessoas que entram nos casinos. A Associação dos Trabalhadores do Sector do Jogo disse à TDM que nada mudou, pelo menos, no que toca a novas instruções ou supervisão. “Até agora não recebemos nenhuma informação em como é que a empresa vai seguir as novas regras ou como é que o Governo vai supervisionar. Estamos preocupados em como, de facto, vamos conseguir proibir as pessoas com menos de 21 anos a jogarem nos casinos”, explica o representante Soi Fok. Este mês 20 pessoas pediram ajuda, um número que representa mais do dobro do actual. Para o Governo, alterar a idade mínima de entrada nos casinos é a solução para o problema mas associações e especialistas insistem, esta não é a cura para os males do jogo.

População superior a 700 mil em 2036 gera receios nos especialistas

“A actual estrutura não aguenta, nem com novos aterros”

Ocorrências originaram mais de três mil vitimas, 12 delas mortais

Mais de dez mil acidentes em nove meses

A análise dos Serviços de Estatística e Censos mostra que em 2036 Macau vai ter uma população acima das 700 mil pessoas. O economista Albano Martins diz que infra-estruturas não suportam este aumento. Já a socióloga Teresa Vong diz que é preciso ter políticas de combate ao envelhecimento

e suporte de pesquisas e análises de entidades académicas”.

MAIS RECURSOS HUMANOS O economista prevê também que “a mão-de-obra não residente vai ter de continuar a crescer”. E de facto a DSEC faz semelhante análise. “No contexto deste crescimento, os trabalhadores não residentes que habitam em Macau aumentarão de 69.900, em 2011, para 83.300 em 2021”. Até 2036 prevê-se uma ligeira quebra para 83.200.

No que diz respeito à população activa, esta irá variar entre os 424.500 e os 538.300 trabalhadores nos próximos 25 anos. Mas as necessi-dades de mão-de-obra irão continuar vincadas. “O sector dos hotéis e do jogo absorverá grande parte dos recursos humanos, prevendo-se que as necessidades de mão-de-obra neste sector sejam de 39.600 novos trabalhadores até 2016 e de 52.300 entre 2017 e 2021”.

Neste ponto, a socióloga Teresa Vong, docente na Universidade de

Macau (UMAC) lança o alerta. “Se a indústria do jogo continuar a ser a mais importante na economia vai-se chegar a um ponto de satu-ração. Não pode ser o único sector a absorver os recursos humanos.”

Para isso, há que apostar na tão aclamada diversificação. “Precisa-mos de investir em alta tecnologia. Temos o exemplo da Índia que é a Silicon Valley da Ásia. Macau é um território pequeno mas poderíamos desenvolver esta indústria, principal-mente na área da micro-tecnologia. Não consome muito espaço e seria algo a pensar quando os projectos na Ilha da Montanha ou o campus da UMAC estiverem concluídos. Há mais indústrias que podem ser desenvolvidas para desenvolver a competitividade. Depois poderí-amos exportar os nossos próprios especialistas, e poderia ser uma industria desenvolvida por locais.”

POPULAÇÃO MAIS ENVELHECIDATeresa Vong revela preocupação pelo facto de Macau estar a cami-nhar para uma sociedade cada vez

mais envelhecida, e a projecção da DSEC diz isso mesmo. “O ritmo do envelhecimento populacional acelerará. Já em meados da década de 90 do século passado tinha-se registado um acentuado envelhe-cimento da população, em conse-quência do prolongamento da vida e da diminuição da natalidade”.

Desta forma, a população idosa com mais de 65 anos vai aumentar até 20,7% em 2036, atingindo a fatia das 157.300 pessoas. O ano passa-do, eram apenas 40.900 pessoas. Trata-se de “um crescimento anual médio de 5,5%, consideravelmente mais elevado do que o da população total”. “O Governo tem que prestar atenção aos serviços médicos para os próximos anos, tendo em conta este envelhecimento. Os ganhos deveriam ser investidos nisso e deveriam ser pensadas mais infra--estruturas. Tem também de ser de-finido o aumento das contribuições para o Fundo de Segurança Social, porque vão haver menos pessoas para suportar o envelhecimento”, acrescenta Teresa Vong.

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6 sociedade quinta-feira 1.11.2012www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

DOIS dos três acidentes na última terça-feira foram fatais para dois condutores. Na Aveni-

da da Amizade, um motorista de 55 anos da operadora Transmac, sem passageiros no momento, foi contra um separador de água. Ontem, um responsável da Direcção dos Ser-viços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), em resposta à imprensa, deu conta de que os separadores estariam sem água, devido a obras no local. “Não era possível mover por isso tiraram a água”, revelou o chefe de divisão de gestão de trans-porte da DSAT, Lou Ngai Wa. Uma medida rodoviária que não estaria a cumprir a sua função, não tendo, por isso, oferecido resistência na hora do embate.

Mas Lou Ngai Wa excluiu que essa possa ter sido a origem do acidente, que se encontra a ser apurado pela DSAT. O excesso de

Erro humano na origemdo apagão da Rede 3Um técnico introduziu ordens erradas no sistema, o que originou o apagão que afectou trinta mil telemóveis da Hutchinson – Rede 3 -, e 70% dos assinantes da 3G. Este erro humano esteve na origem do recente apagão da companhia, durante seis horas, segundo anunciou a empresa nas explicações à Direcção dos Serviços de Regulação das Telecomunicações (DSRT). Por isso, na próxima factura da Hutchinson haverá um desconto de 15% para todos os clientes da companhia.

Mais de 600 vagaspara residentes na feira da SandsA operadora de jogo Sands China faz um balanço positivo de mais uma feira de recrutamento que levou a cano nos passados dia 28 e 29 de Outubro. No total, foram disponibilizadas cerca de 600 vagas de emprego para residentes. Mais de 1200 candidatos apareceram, e cerca de 50% teve direito a um emprego. Segundo um comunicado, a iniciativa “tinha como ‘target’ apenas os residentes locais e servia para ocupar posições em diversas áreas de jogo no empreendimento do Cotai”, ou seja, no Venetian, The Plaza e o novo Sands Cotai Central. No total, a operadora afirma empregar cerca de 17 mil residentes de um total de 23 mil trabalhadores, em todos os empreendimentos que possui. “A Sands China continua a providenciar um abundante número de oportunidades para os locais nas feiras de recrutamento, o que está de acordo com o compromisso da empresa para com o mercado de trabalho local”.

Médicos portugueses devem chegar a Macau nos próximos mesesHaverá mais médicos portugueses, especialistas em áreas como a obstetrícia, ginecologia e cirurgia geral, a exercer no hospital público, revela o chefe de departamento de cardiologia do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), Mário Évora. “Pelo menos mais quatro ou cinco especialistas estão para chegar, pode ser que ainda venham a ser mais, porque também não se vai esgotar só com o processo que foi desencadeado. Em qualquer altura que seja necessário, e haja pessoas interessadas, o processo pode ser efectuado”, explica o especialista. O recrutamento está inserido no processo, desencadeado no último ano, de garantir mais médicos estrangeiros a exercer a medicina em Macau. De Portugal, os Serviços de Saúde (SS) já recrutaram 10 profissionais que vieram reforçar os quadros clínicos nas

especialidades de neurologia, infecciologia, cuidados primários ou a pneumologia. O objectivo dos responsáveis dos SS passava por garantir a contratação de 22 especialistas, um ano e meio depois, o número ainda não foi atingido mas Mário Évora garante que Portugal é um mercado privilegiado de contratação. “Neste momento, os que estão mais perto da área com que eu lido, obstetrícia e ginecologia, cirurgia geral, sei que há processos de pessoas que estão interessadas em vir cá trabalhar.” Por sua vez, na sua área de especialidade, cardiologia, onde escasseiam recursos humanos, já não é tão fácil o aliciamento de médicos lusos, já que muitos exploram clínicas próprias em Portugal. Actualmente são cerca de 30 os médicos portugueses que exercem funções no hospital público.

Na madrugada de terça, um motorista da Transmac perdeu a vida num embate contra um separador de água, antes de se enfaixar numa árvore. Questionado pela imprensa, o chefe de divisão de Gestão de Transportes, Lou Ngai Wa, disse ontem que o separador estaria vazio para facilitar a sua deslocação devido às obras no local

Barreiras de água vazias estavam no caminho da Avenida da Amizade

DSAT está a investigar acidente

Mudanças nas paragens de autocarros

velocidade associado ao piso es-corregadio, causado pelas fortes chuvas, podem ter sido as causas do trágico desastre. “Exigimos à companhia de autocarros para dar um relatório de verificação e a polícia também vai fazer in-vestigação sobre o incidente, só depois de termos os dados con-cretos é que vamos divulgar ao público”, avança o responsável. No dia do acidente, a TDM disse que a PSP suspeitava de excesso de velocidade.

Os dois acidentes acontece-ram dois dias depois de ter início a Campanha de Sensibilização Rodoviária 2012, que decorre até 30 de Novembro, uma iniciativa conjunta da DSAT, Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), entre outros organismos públicos e associações, que pre-tende sensibilizar os condutores para a responsabilidade que devem assumir na utilização das vias públicas, através de uma sé-rie de actividades promocionais e publicitárias. Mas será a sensibi-lização e preparação prévia a me-lhor maneira de consciencializar os utentes da via pública, dentro e fora de um veículo? “Creio que durante esta divulgação de segurança rodoviária temos um trabalho contínuo de divulgação, por outro lado, com o pessoal do departamento de trânsito, temos diálogo, aplicamos a multa e também fazemos o respectivo ajustamento se for necessário”, responde o chefe de divisão de gestão de transporte da DSAT.

No domingo, a DSAT irá colocar em prática a repartição e fusão das paragens de autocarros da Rua da Ribeira do Patane, Avenida do Almirante Lacerda e do Pavilhão Polidesportivo do Tap Seac. “Esta medida visa repartir os autocarros que estão concentrados num só local, para evitar, por exemplo, haver dez ou mais carreiras que devem parar numa mesma paragem e assim os outros que estão atrás não conseguem fazer a paragem a tempo”, explica o chefe de divisão de gestão de transporte da DSAT, Lou Ngai Wa. “É claro que queremos criar boas e melhores condições para a

largada e subida de passageiros nos táxis e nos autocarros.” Por outro lado, já em acção estão técnicos com folhetos informativos para dar conta dos novos serviços. “Nestas paragens já existem actualmente dois a quatro orientadores, que trabalham por turnos, para fazer a explicação às pessoas.” Mas se a pessoa se dirigir a uma paragem errada, há ainda uma indicação a dizer que não é esta mas a outra, afiança. Por outro lado, também vai ser criada a paragem na Avenida Dr. Henry Fok na Taipa, junto da Escola Internacional de Macau, para facilitar o acesso dos cidadãos àquela zona.

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7sociedadequinta-feira 1.11.2012 www.hojemacau.com.mo

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NOS primeiros nove meses do ano, Macau exportou mais mas as importações continuaram a ter valores bem superiores, o que

resultou num défice da balança comercial na ordem dos 46,31 mil milhões de patacas. Segundo dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), as exportações foram de 6,14 mil milhões de patacas, um aumento de 21,6% em termos homólogos.

Enquanto isso, as importações foram de 52,45 mil milhões de patacas, uma ampliação de 18,1% em termos anuais. Já a reexportação expandiu em 33,5%, tendo-se situado nas 4,40 mil milhões de patacas.

A exportação doméstica diminuiu 0,7%, valor que corresponde a 1,75 mil milhões de patacas. Em igual período deste ano, registaram-se os maiores aumentos nas ex-portações para Hong Kong (45,1%) e China (21,1%). Já as maiores importações foram do Continente (mais 23,9%) e da União Europeia (mais 12,3%).

De Janeiro a Setembro de 2012 o valor do comércio externo de mercadorias cor-respondeu a 58,60 mil milhões de patacas, ascendeu a 18,5%, face aos 49,46 mil milhões registados no idêntico período de 2011.

A cidade sul-coreana de Inche-on pretende transformar-se

num destino de turismo, compras e jogo concorrente de Macau e Las Vegas, através da atracção de dois biliões de patacas de investimento, informaram ontem as autoridades locais.

A cidade espera atrair dois biliões de patacas de investi-mento até 2030 para construir casinos, hotéis, pistas de corridas de carros, uma marina e espaços para concertos de K-pop (música ‘pop’ da Coreia) no distrito de Yongyu-Muui.

A área da cidade onde serão realizados estes investimentos foi designada como “EIGHTCI-TY” (Cidade Oito), por o número oito ser considerado auspicioso na China, de onde se espera atrair visitantes. Essa área será três ve-zes superior a Macau, com cerca de 30 quilómetros quadrados.

A empresa EIGHTCITY Co. disse já ter garantido 21 mil mi-lhões de patacas de investimento de empresas sul-coreanas e 7,7

Cidade sul-coreana quer transformar-se em centro de jogo rival de Macau

Atrair milhõesBalança comercial deficitária em 46,31 mil milhões

Comprar tudo lá fora

mil milhões da empresa britânica Sanbar Development Corp.

As autoridades locais espe-ram atrair essencialmente visitan-tes chineses e japoneses, uma vez que estes somam já 5,7 milhões de passageiros que desembarcam todos os anos no aeroporto inter-nacional de Incheon.

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quinta-feira 1.11.2012nacional8

CHOCOLATES, águas minerais, conservas e outros produtos portu-gueses vão começar a

ser vendidos em Xangai a partir de Novembro, em nove supermer-cados especializados em comidas e bebidas importadas, anunciou ontem à agência Lusa um gestor da cadeia chinesa. “Os produtos alimentares portugueses têm alta qualidade, são muito saborosos e competitivos”, afirmou o vice-di-rector-geral da City Shop, Richard Zhang, que concluiu esta semana uma visita de oito dias a Portugal.

A viagem, organizada pelo Consulado-geral de Portugal em Xangai e pela delegação local da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), envolveu contactos com 12 empresas do sector, em várias cidades portuguesas. “Os primei-ros produtos que importámos de Portugal são chocolates e águas minerais, que já estão na alfânde-ga [em Xangai] e que esperamos

ANGOLA tornou-se em 2012 um dos maiores

parceiros comerciais da Chi-na, com as trocas comerciais a atingirem os cerca de 170 mil milhões de patacas, nos primeiros sete meses do ano, disse terça-feira em Luanda fonte diplomática.

Segundo Gao Kexiang, embaixador chinês em Lu-anda, que falou à imprensa à saída de um encontro com o vice-presidente da Repú-blica, Manuel Domingos Vi-cente, “a cooperação atingiu o seu melhor momento por

O mediador internacional Lakhdar Brahimi de-

clarou terça-feira em Pequim que espera que a China tenha um papel activo na reso-lução do conflito na Síria, onde se tem verificado um ressurgimento da violência, nomeadamente na capital.

Angola torna-se numdos maiores parceiros comerciais da China

O momento idealONU espera papel activo

da China para resolução do conflito na Síria

A coisa está preta

Supermercados de Xangai vão vender produtos “made in Portugal”

Saborosos e competitivoscomeçar a vender na próxima semana”, adiantou Richard Zhang.

“Encomendámos também sumos de frutas e conservas de peixe, que deverão chegar ainda em Novembro, e contamos vender cada vez mais produtos portugue-ses”, acrescentou.

Fundada em 1995, a City Shop facturou cerca de 480 milhões de patacas no ano passado e já abriu também uma loja em Pequim.

Descrita como “capital econó-mica da China”, Xangai é também a maior e mais cosmopolita cidade chinesa, com cerca de 23 milhões de habitantes.

Segundo Richard Zhang, a maioria dos clientes da City Shop (60%) é constituída por estrangei-ros residentes em Xangai, mas os outros 40% pertencem às novas “classe média e média alta” da cidade.

Pelas contas portuguesas, as exportações para a China de pro-dutos alimentares “made in Portu-gal” quase triplicaram nos últimos três anos, somando cerca de 230 milhões de patacas em 2011, mas, no conjunto, o sector representa menos de três por cento do total.

Nos primeiros oito meses deste ano, as exportações portuguesas para a China cresceram 52,8% em relação a igual período de 2011.

existir confiança política mútua, com um desenvol-vimento económico e co-mercial notável, incluindo o intercâmbio pessoal”.

O valor das trocas comer-ciais bilaterais nos primeiros sete meses de 2012 repre-sentou um crescimento de 52,7% comparativamente ao período homólogo de 2011.

As compras chinesas de Angola sofreram até Julho um incremento anual de 53,3% para cerca de 160,5 mil milhões de patacas, en-quanto as vendas a Angola

registaram uma subida de 47,3% até cerca de 10,5 mil milhões de patacas.

Citado pela agência Angop, Gao Kexiang acres-centou que continuam a existir “outras grandes opor-tunidades de negócios” que estão a ser avaliadas pelas duas partes.

A China é actualmente o maior comprador de pe-tróleo angolano, com uma quota de mercado de cerca de 33%.

Angola é o segundo país de língua oficial portuguesa em termos de trocas comer-ciais com a China, a seguir ao Brasil. Portugal surge como terceiro principal parceiro comercial da China entre os sete Estados lusófonos com os quais mantém relações comerciais: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor-Leste.

São Tomé e Príncipe não mantém relações comerciais com a China, em virtude de manter relações diplomáti-cas com Taiwan.

Depois de ter estado em Moscovo, o enviado espe-cial da ONU e Liga Árabe à Síria encontra-se em Pe-quim, que há 19 meses se re-cusa a responder aos apelos internacionais e pressionar o regime do Presidente sírio, Bachar al-Assad.

Brahimi foi recebido na capital chinesa pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Yang Jie-chi, que saudou os seus esforços face à espiral de violência neste país, e ao cumprimentá-lo em frente aos jornalistas disse esperar que a “China possa desempenhar um papel activo na resolução da situação na Síria”.

“A crise na Síria é muito perigosa, a situação é má e está cada vez pior”, afirmou o mediador na segunda--feira em Moscovo.

Moscovo e Pequim bloquearam no Conselho de Segurança três propostas ocidentais condenando a repressão levada a cabo pelo regime sírio.

Pequim nega estar do lado do regime de Damasco e contra a oposição síria, alegando que defende uma solução aceitável para todas as partes, mas acusa os países ocidentais de per-seguirem uma resolução política do conflito.

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9quinta-feira 1.11.2012 www.hojemacau.com.mo região

CERCA de um quarto dos cerca de 1,13 bilião de patacas destinados à reconstrução no Japão,

depois do maremoto de 2011 e subsequente desastre nuclear, foram gastos em projectos sem qualquer ligação com aquele objectivo, segundo uma auditoria.

Uma auditoria governamental detectou aplicações questioná-veis, como subsídios para uma fábrica de lentes de contacto ou investigação na caça à baleia, noticiou ontem a agência AFP.

Mais de metade do orçamento ainda não foi aplicada, devido à indecisão e à burocracia, enquanto cerca de 340 mil pessoas retiradas da zona de desastre continuam sem saber se, quando e como serão alguma vez realojadas.

Muitos dos projectos sem qualquer relação com a recons-trução incluídos no orçamento de cerca de 1,13 bilião de patacas foram incluídos com o pretexto de que poderiam contribuir para a recuperação económica japonesa, uma estratégia que o Governo reconhece agora que foi errada. “É verdade que o Governo não

A Birmânia produziu este ano cerca de 690 toneladas de

ópio, base para o fabrico de he-roína, o que supõe um aumento de 17 por cento face a 2011, o sexto consecutivo desde 2007, alertou ontem a ONU.

Segundo os dados da Agên-cia das Nações Unidas contra a Droga e o Delito (ONUDD), a produção de papoilas, cuja resina é utilizada para fazer heroína, ópio e morfina, está concentrada

Caos em explosão num estaleiro na Coreia do SulPelo menos duas pessoas morreram e nove ficaram feridas na sequência de uma explosão de gás ocorrida ontem num estaleiro no sul da Coreia do Sul, informou a polícia. A explosão, cuja causa ainda não foi determinada pelas autoridades locais, ocorreu esta madrugada no estaleiro do Complexo Industrial Daebul em Yeongam, a 400 quilómetros a sul de Seul, segundo a agência noticiosa Yonhap. A polícia confirmou a morte de dois operários e as equipas de resgate indicaram que outro está desaparecido.

Aeroporto japonês reaberto após descoberta de obusO aeroporto de Sendai, no nordeste do Japão, reabriu ontem depois de as Forças de Auto Defesa nipónicas terem criado um muro de protecção em redor do obus norte-americano descoberto na terça-feira perto das pistas. Os militares japoneses empilharam ontem sacos de areia em torno do obus, que se acredita datar da II Guerra Mundial, para criar um muro de protecção de seis metros de altura e evitar a dispersão de fragmentos em caso de detonação, informou a agência noticiosa japonesa Kyodo. A operação de retirada da bomba do aeroporto internacional de Sendai poderá prolongar-se por vários dias, segundo as autoridades locais. A descoberta do obus obrigou ao cancelamento de 92 voos e a pista do aeroporto mais próxima do local onde aquele se encontra vai permanecer encerrada, pelo menos até quinta-feira, segundo a autoridade aeroportuária.

Parte do dinheiro para reconstrução no Japão foi mal gasto

Atitudes inadequadas

Birmânia aumentou produção pelo sexto ano consecutivo

Quilos e mais quilos de ópio

fez o suficiente nem o adequado. Temos de ouvir os que disseram que a reconstrução devia ser a primeira prioridade”, afirmou o primeiro-ministro, Yoshihiko Noda, aop discursar no parlamen-to na segunda-feira.

Entre os projectos questioná-veis que beneficiaram de apoio estão a construção de estradas na longínqua Okinawa, formação de guardas prisionais, renovação de gabinetes governamentais em Tóquio ou investigação e produ-

ção de minerais das designadas terras raras.

A lista destes projectos inclui ainda o pagamento de uma campa-nha de publicidade do Ministério da Justiça, no montante de cerca de 270 milhões de patacas, para “tranquilizar o público” quanto aos riscos dos grandes desastres.

Um professor de política na Universidade de St. Andrews, em Osaka, Masahiro Matsumura, dis-se que justificar esta má aplicação do dinheiro com a sugestão de que os seus efeitos positivos aca-bariam por chegar aos afectados pelo desastre é típico da disfunção política que tem prejudicado os esforços no Japão que pretendem acabar com duas décadas de crise económica nipónica. “Esta é uma manifestação da indiferença do go-verno pela reabilitação. São muito bons em inventar desculpas”, disse Matsumura à agência noticiosa.

Próximo da central nuclear de Fukushima Dai-Ichi, onde o maremoto causou o prior aciden-te nuclear desde o acidente de 1986, na ucraniana Chernobyl, os trabalhos de reconstrução mal começaram.

nas áreas montanhosas do norte e nordeste da Birmânia, ocupan-do uma área de 51 mil hectares face aos 40 mil registados em 2011, segundo imagens captadas por satélite.

A quantidade de ópio pro-duzida na Birmânia é, segundo as contas da ONU, suficiente para fazer mais de 69 mil quilos de heroína. “Um factor que poderá explicar o ressurgi-mento da produção de ópio no

Sudeste Asiático é a procura, tanto a nível nacional como regional”, apontou a ONU no seu relatório.

Desde 2007 que a produção de ópio regista um aumento anu-al, que os especialistas atribuem em parte à crescente procura na China, onde, segundo dados da ONU, cerca de 2,2 milhões de pessoas consumiram 45 tone-ladas métricas de heroína em 2008, a maior parte introduzida

no país pela sua fronteira com a Birmânia.

Outro factor que a ONU apresenta para este aumento da produção de ópio é o seu preço, que anualmente sobe, enquanto os aldeões ganham cada vez menos dinheiro com a venda das suas colheitas de culturas convencionais, introduzidas através de programas para a erradicação das plantações de papoilas.

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10 www.hojemacau.com.mocatástrofe

MANHATTAN foi o centro das atenções durante a passagem da tempestade Sandy

pela costa leste dos Estados Uni-dos, na segunda-feira à noite. E na terça-feira continuou a sê-lo, com a imprensa americana concentrada nos esforços da cidade de Nova Iorque para recuperar e regressar à normalidade. Ao início da noite de terça-feira, começaram a emergir imagens mais dramáticas, captadas não por televisões mas pela Guarda Nacional e autoridades policiais, in-dicando que a pior devastação poderá ter acontecido 100 quilómetros a sul de Nova Iorque.

As imagens aéreas, filmadas ao longo da costa de New Jersey, mostra-vam comunidades inteiras submersas em água ou soterradas sob metros de areia, barcos arrastados para terra e empilhados uns sobre os outros, lotes residenciais reduzidos a escombros e nenhum sinal de algo que define a linha atlântica daquele estado e costuma ser um popular destino de férias durante os meses de Verão: as suas praias.

O governador de New Jersey, Chris Christie, descreveu o cenário no local como “impensável” no tele-

jornal da NBC, na terça-feira à noite. Christie, que sobrevoou a zona da costa durante a tarde para verificar os danos causados pela tempestade, disse que as praias foram engolidas entre Asbury Park e a ilha de Long Beach, numa extensão de 80 quilómetros. O governador visitou uma povoação de 5800 habitantes, Belmar, onde al-guns residentes perderam tudo o que tinham. “Belmar inteira desapareceu”, disse na NBC, visivelmente exausto depois de ter dormido apenas duas horas na noite anterior.

Questionado sobre a perspectiva de uma reconstrução de grande es-cala da frente marítima conhecida como Jersey Shore, essencial para a economia do estado por causa do turismo que atrai todos os anos, Christie disse que iria discutir o assunto com o Presidente Barack Obama, que visitou New Jersey ontem para avaliar os prejuízos causados pela tempestade.

Apesar da extensão dos danos, cuja gravidade só será inteiramente conhecida quando o nível das águas baixar, a tempestade não causou tan-tas vítimas mortais como no estado de Nova Iorque (16 só na cidade, mais cinco no resto do estado, segundo o The New York Times). Até terça-

-feira à noite, New Jersey registara seis mortes, provocadas pela queda de árvores na maior parte dos casos, informou Christie numa conferência de imprensa.

Mil pessoas tinham sido socorri-das em áreas atingidas por cheias e 4500 procuraram refúgio em abrigos públicos montados para o efeito. E 2,6 milhões de pessoas em todo o estado continuavam sem energia eléctrica.

UMA DAS MAIS DEVASTADORASAinda vai ser preciso tempo para avaliar os estragos e os custos mas a tempestade, que fez pelo menos 51 mortos nos Estados Unidos, é classificado como “uma das tem-pestades mais devastadoras” no país. “Pensamos que é uma das 10 ou 15 tempestades mais devastadoras” que já tocaram os EUA, disse o presidente do gabinete de avaliação de riscos Eqecat, Bill Keogh, ouvido pelo site de televisão Bloomberg.

Barack Obama anunciou que man-terá a campanha eleitoral suspensa na quarta-feira, visitando o estado de New Jersey, um dos mais afectados pela passagem da tempestade. Ao início do dia, Obama declarara o estado de “grande calamidade” em New Jersey e em Nova Iorque. O Presidente assinou

Tempestade Sandy engoliu quilómetros de costa em New Jersey

51 mortes na América do Norte

quinta-feira 1.11.2012

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11www.hojemacau.com.mo catástrofe

ainda declarações de emergência fede-ral noutros dez estados, permitindo aos responsáveis locais fazerem pedidos de assistência federal, incluindo meios humanos e equipamento.

Nos sete estados mais afectados (23 estiveram em alerta), mais de 8 milhões de clientes ficaram sem electricidade – o número real de afectados é muito superior, já que cada conta corresponde a uma casa. As ordens de evacuação abrangeram um milhão de pessoas.

Muitas pontes e estradas vão reabrir a partir de quarta-feira. Em Nova Iorque, a rede de autocarros começou hoje a funcionar, embo-ra com um serviço ainda muito limitado. A Bolsa de Nova Iorque recomeça a negociar esta quarta--feira, após dois dias de interrupção. Mas em muitas áreas as escolas permanecerão fechadas, o mesmo acontecendo com o metro de Nova Iorque. “O sistema de Metro da Cidade de Nova Iorque tem 108 anos e nunca enfrentou um desastre tão devastador como este”, disse em comunicado o presidente da empresa Joseph J. Lhota. Segundo o New York Times, ainda não há data para a reposição da circulação que deverá acontecer por fases.

Tempestade Sandy engoliu quilómetros de costa em New Jersey

51 mortes na América do Norte

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13quinta-feira 1.11.2012 www.hojemacau.com.mo vida

O processo de evolução que levou os ancestrais humanos a deixarem de viver nas árvores e

tornarem-se numa espécie total-mente adaptada ao chão foi mais lento do que se imaginava.

Um novo estudo mostra que o Australopithecus afarensis - an-cestral do Homo sapiens sapiens que viveu há mais de 3 milhões de anos - continuou a frequentar troncos e galhos com regularidade, apesar de já ser bípede.

Também conhecidos pelo nome Lucy - fóssil de uma fêmea en-contrado em 1974 na Etiópia -, os australopitecos sempre foram um desafio para os cientistas, porque o formato do seu braço era difícil de estudar por causa da falta de fósseis bem preservados. O novo estudo, liderado por David Green, académico da Universidade Mi-dwestern, de Illinois (EUA), foi a primeira análise detalhada de uma escápula, osso que liga o ombro ao braço, encontrado em 2000.

Uma análise do fóssil e uma comparação com macacos mostra claramente que a cavidade da escápula onde o braço se encaixa estava virada para cima, sinal de que o australopiteco tinha adaptações para se pendurar em árvores. O estudo de Green tem o potencial de encerrar um debate antigo entre paleontólogos, pois muitos ainda defendem que o A.

Hominídeo demorou para deixar árvores, aponta estudo

Autêntico macacoafarensis já passava o tempo todo no andar térreo. Segundo o ame-ricano, porém, há outras razões para se acreditar que o processo de adaptação ao chão foi mais longo e complexo. “Os australopitecos tinham corpo muito pequeno, dentes caninos pequenos, e não produziam ferramentas e armas sofisticadas, se é que produziam alguma coisa”, disse Green à Folha de São Paulo. “Como não

tinham como se proteger dos predadores que estavam no chão, provavelmente teriam de escalar árvores durante a noite. Além disso, a dentição deles sugere que ainda estavam a comer frutas e outros produtos arbóreos, então, subir árvores era importante para que adquirissem suas provisões.”

O estudo de Green, publicado na revista “Science” mostra como é difícil convencer a comunidade

de paleoantropólogos a mudar de ideia sobre um assunto. Já se sabe desde as primeiras análises de Lucy que os australopitecos adultos tinham uma escápula apontando para cima, mas isso não convencia os cientistas de que os australopitecos ainda eram adap-tados para a vida nas árvores. Isso aconteceu porque os paleontólogos acreditavam que os adultos de A. afarensis tivessem uma forma meio “infantilizada” de esqueleto.

Humanos modernos têm a escápula virada para o lado, mas os bebés nascem com uma forma primitiva do osso, um pouco vi-rada, e transformam-se à medida que crescem. Criou-se a hipótese, então, de que a escápula de Lucy apontava para cima apenas porque o seu corpo era pequeno como o de um juvenil. Estudando a transfor-mação do osso da infância à vida adulta de macacos, dos australopi-tecos e de humanos, porém, Green mostrou que não é este o caso.

VÁCUO EVOLUTIVOO estudo do cientista, agora, abre um vácuo no estudo da evolução

humana, porque não existem escápulas bem preservadas nas espécies que continuaram a li-nhagem que culminou no Homo sapiens sapiens. É possível que até o surgimento do Homo erectus, há “apenas” 1,8 milhão de anos, os hominídeos ainda fossem parcial-mente adaptados às árvores. “À medida que a história evolucioná-ria continuou, com o bipedalismo a ficar cada fez mais importante, e a escalada de árvores menos importante, era de se esperar que essa forma primitiva da escápula fosse essencialmente perdida, mas acreditamos que isso seja apenas parte da história”, defende Green. “Na verdade, muitas das caracte-rísticas que vemos em humanos modernos têm a ver com a habi-lidade de manipular ferramentas e objectos na frente do corpo.”

Habilidades como essas, tal-vez, são aquelas que teriam per-mitido aos humanos primitivos manipular armas e construírem abrigos para se defender melhor dos predadores terrestres. “Al-guns traços da escápula humana moderna podem ter evoluído até mesmo para explorar o espaço atrás do corpo”, refere Green, que conclui: “Para atirar uma pedra ou uma lança, é preciso mover o braço para trás, ao tomar impulso. Talvez seja por isso que a nossa escápula tem a forma que vemos hoje.”

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quinta-feira 1.11.2012desporto14

Rita Marques [email protected]

FOI ontem de manhã apre-sentado, em conferência de imprensa, o “Macau Open Badmington Grand

Prix Gold”, um torneio organizado há sete anos pelo território, que nesta edição conta com estrelas na-cionais e internacionais. O torneio vai ter lugar já este mês, de 27 de Novembro a 2 de Dezembro, no Fórum Macau, mas ainda não tem um orçamento aprovado. Ques-tionada pelo Hoje Macau sobre o montante verbal canalizado pelo Governo de Macau ao torneiro, a Federação de Badminton de Macau (FBM) não teve resposta. “Tam-bém queríamos saber”, retorquiu

Macau recebe a elite mundial de badminton num torneio ainda sem orçamento previsto

Despesas sem respostasMacau organiza pela sétima vez consecutiva o Open de Badmington, que este ano recebe o medalhado olímpico Zhang Nan e o número um mundial Lee Chong Wei. No entanto, ainda não é conhecido o orçamento destinado ao evento, nem tão pouco à promoção no exterior. José Tavares, presidente do Instituto do Desporto (ID), diz que tem de ser reponderada a divulgação no exterior que não está a ser bem sucedida

Preço dos bilhetesOs bilhetes estão à venda entre 27 e 30 de Novembro, no valor de 150 patacas, enquanto que os bilhetes para os dois últimos dias do torneio (Semi-Finais e Final) custam entre 300 e 400 patacas. Os residentes de Macau têm direito a 50% de desconto, os restantes têm 20% de desconto só no dia 13 de Novembro. Os ingressos podem ser adquiridos em www.macauticket.com e nas lojas Kong Seng e Macau Ticket.

Maria Carvalho, presidente do organismo. “Há muito tempo que vimos pedindo esta informação e não nos conseguem dizer, vão sempre adiando a informação para mais tarde mas estamos a 27 dias do torneio.”

Contactado pelo Hoje Macau, José Tavares revela que, não con-tam apenas com o apoio do ID mas também com um patrocinador, a Kumpoo, pelo que podem gerir a sua organização. “Ainda estamos na fase de análise da proposta formalizada [em sete milhões de patacas]”, revela, sem adiantar datas.

Quanto à parte do orçamento canalizado para a divulgação do evento dentro e fora de portas, José Tavares diz que, no último

ano, foi aprovado em meio milhão de patacas, conforme requerido, mas que, cada vez mais, “é altura de ponderar ou não este tipo de torneio, ou fazer até uma coisa maior”. Ou seja, a publicidade tem de ganhar outros contornos, uma vez que há limitações e a par-ticipação do público não tem sido muito elevada. “Têm de pensar em fazer uma cooperação conjunta com Hong Kong, com a federação de lá, por exemplo, para divulgar este evento directamente para

os amantes do desporto noutras regiões”, indica o responsável. “Fazer publicidade por toda a parte é desperdício.”

O orçamento total dispensado pelo Governo para o Open de Badminton foi de mais de três milhões, adiantou José Tavares, de um montante atribuído anualmente que “tem sido muito fixo”.

O “Macau Open Badmington Grand Prix Gold” é um dos tor-neios da Federação Mundial de Badminton e o 14.º deste ano, se-

guido de outros na Índia, Holanda e Alemanha. Macau recebe 320 jogadores de 19 países, a maior participação de sempre, revela a organização, que conta com nomes de topo. Entre os quais, o medalhado olímpico em Londres, este ano, o chinês Zhang Nan e o melhor jogador do mundo, de singulares masculinos, Lee Chong Wei, originário da Tailândia. Tam-bém o Ouro dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, o indonésio Taukif Hidayat, vem participar neste torneio de Macau, último da sua carreira.

O prémio deste ano está cifrado em um milhão de patacas, menos 600 mil patacas face ao último ano.

Marco [email protected]

A selecção portuguesa de futsal estreia-se esta

quinta-feira no Campeonato do Mundo da modalidade, prova que tem as cidades tailandesas de Banguecoque e de Nakhon Ratchasima como palco até 18 de No-vembro. A formação orien-tada por Jorge Braz integra as contas do Grupo C da competição na companhia do Brasil, do Japão e da Líbia e é precisamente frente ao cinco norte-africano que o conjunto luso se estreia na sétima edição da principal prova mundial de futsal.

Frente a um adversário notoriamente menos cotado, Jorge Braz deverá poder con-tar com a equipa na máxima força. Pedro Cary e Leitão aterraram na Tailândia com problemas de ordem muscu-lar, mas acabaram por recupe-rar a tempo de poder dar o seu contributo à equipa. Os dois atletas do Sporting treinaram--se durante os últimos dias

Futsal Campeonato do Mundo arranca hoje na Tailândia

Portugal quer lavar a imagemsem limitações com o grupo de trabalho e até poderão ser titulares no conjunto orientado por Jorge Braz.

O seleccionador portu-guês garante que a equipa que lidera está física e ani-micamente preparada para competir ao seu melhor nível na Tailândia. Em Fevereiro do corrente ano, a Selecção das Quinas não conseguiu ir além dos quartos-de-final no Campeonato da Europa de Futsal, ao perder com a Itália por três bolas a uma no encontro de acesso às meias--finais da prova. O cinco luso tenciona aproveitar o Mundial da Tailândia para recuperar a imagem e revivificar o regis-to em termos de resultados. Apesar das intenções serem as melhores, nem todos estão convencidos de que o grupo de trabalho às ordens de Jorge

Braz tem o que é necessário para operar um brilharete no Campeonato do Mundo. José Alberto Rosa, técnico luso que levou a formação do Zhaoqing Lixun ao sexto lugar na última edição da Liga Profissional de Cantão, mantém-se céptico quanto à possibilidade de Portugal poder lutar por um dos luga-res de topo na competição:

“Tenho muitas reservas sobre a nossa prestação. Acho que deixámos passar a época de ouro do futsal português e não ganhámos nada. Ficámos contentes com o terceiro lugar na Guatemala, com um segun-do lugar no Campeonato da Europa, mas não ganhámos nada e os melhores jogado-res portugueses se ainda não acabaram a carreira, estão na

casa dos trinta e muitos anos. Estão preocupado em relação ao futuro. Portugal atravessa um momento muito grave e o futsal português está como país, em crise”, sustenta o técnico.

DOS 24 AOS 35Dos catorze jogadores es-colhidos pelo seleccionador Jorge Braz, o mais jovem é

João Matos, com 24 anos, e o mais velho é Gonçalo Alves, com 35. Á procura de bons resultados em Banguecoque e em Nakhon Ratchasima, Portugal terá que enfrentar logo na fase de grupos da prova o actual titular da competição, o Brasil. Para José Alberto Rosa, a forma-ção canarinha é a principal candidata ao triunfo da Tailândia e deverá dominar o torneio sem grandes difi-culdades: “Penso que poderá haver alguma surpresa, mas creio que o Campeonato vai ser disputado provavelmen-te com alguma hegemonia por parte do Brasil”, remate o treinador do Zhaoqing Lixun.

O Brasil não está, no entanto, sozinho na corrida pelo título. Campeã há oito anos em Taiwan, a Espanha vai tentar no regresso à Ásia recuperar o título que perdeu em 2008 no Rio de Janeiro, ao não conseguir bater a equipa anfitriã no desempate pelo expediente das grandes penalidades.

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15desportoquinta-feira 1.11.2012 www.hojemacau.com.mo

Gonçalo Lobo [email protected]

A Selecção de Ma-cau de hóquei em patins conquistou ontem o título de

campeã asiática, ao derrotar a Índia por 6-3, no último jogo Campeonato Asiático de Patinagem, em Hefei, na China Continental. A RAEM conquistou assim o seu quinto título consecutivo e o nono num total de 16 participações.

A equipa liderada por Alberto Lisboa esteve irre-preensível durante o jogo e ao intervalo o marcador não enganava: 5-0 para Macau. “Fomos muito fortes. Depois do intervalo eles vieram atrás do prejuízo mas nós estive-mos muito tranquilos, por isso a conquista nunca esteve em causa”, referiu o seleccio-nador ao Hoje Macau.

Para que a Índia saísse vencedora do torneio teria de ganhar por uma margem de mais de sete golos e isso, de acordo com Alberto Lisboa, era uma tarefa hercúlea. “Temos o sentimento do de-ver cumprido e agora é para descomprimir. A Índia é que tinha a responsabilidade de vir para cima de nós. Essa pressão jogou sempre a nosso favor.”

Asiático de hóquei em patins RAEM conta com nove títulos

Macau campeãoE para não haver dúvidas,

a arbitragem foi imaculada. “Para o jogo das decisões a organização escolheu os me-lhores árbitros, um português e um italiano. Foram irrepre-ensíveis”, notou Lisboa.

Com uma festa prome-tida até às tantas em Hefei, Alberto Lisboa ainda apro-veitou para deixar alguns agradecimentos e recados. “Este título é dedicado a to-dos os atletas e quem sempre acreditou em nós. Uma pa-lavra especial ao presidente da Associação de Patinagem de Macau (APM), António Aguiar, pelo seu incansável trabalho. Quero agradecer ainda aos nossos patrocina-dores e dizer que enquanto houver gente que goste desta modalidade, o hóquei em pa-tins em Macau não morre.”

HOQUISTASPEDEM APREÇOÉ sabido da dificuldade da Selecção de hóquei em patins em conseguir treinar

bem. Há anos que Alberto Lisboa e António Aguiar se queixam de falta de condi-ções e de falta de apoio do Governo. Uma vez mais o hóquei em patins trouxe um título para a RAEM e os atletas esperam que o Executivo liderado por Chui Sai On tenha uma palavra de apreço pela conquista. “É para mim uma imensa alegria ter conquistado mais este título para Macau mes-mo sabendo que nem sem-pre somos apoiados como deveríamos”, desabafou o treinador/jogador.

Os golos de Macau con-tra a Índia foram marcados por Hélder Ricardo e Au-gusto Fernandes (dois cada) e Nuno Antunes e Alberto Lisboa (um cada). Aliás, Hélder Ricardo, mesmo que não oficialmente, foi o melhor marcador do torneio com 29 golos e mereceu a devida atenção por parte de Alberto Lisboa. “O Hélder é um goleador. Para além dele

quero destacar o trabalho do Augusto. De facto, pela entrega e pela forma como jogou, o Augusto deveria ter sido o melhor jogador do torneio, se existisse tal distinção.”

Aliás, ouvido pelo Hoje Macau, o goleador de ser-viço disse estar muito sa-tisfeito com a sua prestação. “Correu bem. Não é oficial pois não existe essa dis-tinção, contudo penso que fui o melhor marcador da competição com 29 golos. Posto isto, estou prepara-díssimo e super confiante para o Mundial no Uruguai que está à porta”, afirmou Hélder Ricardo.

O seleccionador de Macau também deixou uma palavra de apreço ao conjunto feminino. “Fo-ram dignas da camisola que vestiram. As miúdas tiveram muitas lesões, constipações, febres e con-seguiram sempre dar tudo o que tinham. Destaco, e

perdoem-me a suspeição, a Dulce pelo que fez apesar da sua idade. Foi um poço de raça e crer. Destaco ain-da a guarda-redes Hoi Sio In que me surpreendeu e a Vanessa Amaro pela sua luta, apesar dos problemas de ordem física que sempre a afectaram.”

Alberto Lisboa mostrou ainda alguma insatisfação pelo facto de a imprensa chinesa não falar do hóquei em patins. “Seria muito mais fácil. Se os jornais chineses falassem da modalidade teríamos, com certeza, mui-tos mais chineses a treinar connosco e o futuro seria mais risonho.”

MUNDIAL À PORTAO seleccionador do Lótus não quis alongar-se muito sobre a próxima compe-tição – o Mundial B no Uruguai – que vai ter lugar no final deste mês. Contudo, a meta, entretanto também já definida pelo presidente

da APM, António Aguiar, é ficar nos “quatro ou cinco primeiros lugares”. “Ainda é cedo para falar disso. Agora estamos a curtir esta vitória. Quando chegarmos a Macau vamos pensar sobre isso”, come-çou por dizer Lisboa, que em seguida acrescentou: “Podíamos estar para aqui a prometer subidas ao grupo A do Campeonato Mun-dial, onde já estivemos no passado, mas temos de ser realistas. Existem diversos factores que influenciam a equipa e não está nos nossos objectivos a subida.”

Mas porquê? “Vamos lá fazer o quê? Estamos a falar de atletas que não o são a tempo inteiro. Que não têm a preparação de Portugal, Espanha, Itália ou Argentina – as melhores do mundo – e, por isso, não vale a pena investir para irmos jogar contra profissionais. As condições que dão ao hóquei em patins em Macau são aquilo que já sabemos por isso vamos continuar a competir no Mundial B com as melhores prestações possíveis.”

A comitiva de Macau chega hoje ao aeroporto de Macau pelas 17h30.

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quinta-feira 1.11.2012cultura16

FALECIMENTOTOU VAI UN DE SOUZA

Faleceu no Domingo, dia 21 de Outubro 2012, aos 87 anos de idade, Tou Vai Un de Souza, viúva de Saint-Clair de Souza, deixando filha Aldevina e netas Alexandra e Isabela.A família participa que no dia 5 de Novembro, 2012, (Segunda-Feira), será realizada uma missa de corpo presente, pelas 11:00hrs na Casa Mortuária Diocesana e seguida-mente será procedida a cremagem do corpo em Zhuhai.A família enlutada agradede, antecipadamente, a todos quantos queiram participar nestes piedosos actos.

PELA primeira vez o Fado está a ser leccionado numa universidade portu-

guesa. A disciplina “Cultu-ras Musicais em Portugal: O Fado”, de carácter pioneiro, insere-se na licenciatura em Ciências Musicais da Universidade Nova de Lis-boa e tem como regente o musicólogo Rui Vieira Nery.

Em declarações à Lusa, Vieira Nery, que foi um dos responsáveis da candida-tura do Fado a Património Imaterial da Humanidade,

UM museu privado na ilha japonesa de Hokkaido

vai leiloar cerca de 500 obras de artistas como Salvador Dalí, Joan Miró e Antoni Tàpies, antes de encerrar em Dezembro por falta de visitantes, informou o pro-prietário.

O Museu de Arte N43, que conta apenas com obras de países acima do paralelo 43, vai encerrar devido à queda do número de visi-tantes, segundo o proprie-tário, Masaru Miyata, um coleccionador de arte de 69 anos, citado pela agência noticiosa Efe.

O leilão contará com dois trabalhos de Miró, uma série de 12 trabalhos de Dalí e entre três a quatro obras de Tàpies, e terá lugar no pró-prio museu, na localidade de Kushiro, entre 3 e 11 de Novembro.

O proprietário do museu pretendia vender o espaço com as respectivas obras,

Fundação Rui Cunha expõe fotografias de CK Chiwai CheangA Galeria da Fundação Rui Cunha mostra desde ontem trabalhos do fotógrafo local CK Chiwai Cheang. As fotografias tiradas com máquina e ‘smartphone’ retratam, segundo o comunicado da organização, as emoções e as paisagens multifacetadas de Macau. CK Chiwai Cheang fez a sua formação universitária em Taiwan e desde então trabalha como designer gráfico em Macau. Galardoado com a medalha de prata na “8ª Bienal de Design de Macau” e com a medalha de ouro na mais importante competição do território, a “Sheng Huo Qing Huai” os trabalhos fotográficos do artista macaense podem ser vistos até 10 de Novembro, de segunda a sexta-feira, entre as 10h e as 19h e aos sábados das 15h e as 19h. A entrada é gratuita.

Fado leccionado pela primeira vez na universidade

Rui Vieira Nery regressa à docênciadisse que o objectivo desta unidade curricular é “dar aos alunos um panorama geral da emergência do Fado a partir dos processos de mudança nas práticas musicais urbanas em Por-tugal na viragem para o século XIX”.

Além disso, acrescentou o musicólogo, a cadeira pretende dar a conhecer aos alunos o desenvolvimento deste género musical até aos nossos dias. “Propõe-se um modelo de periodização e caracterizam-se as suces-

sivas etapas do percurso histórico do Fado”, explicou o docente.

“Procura-se depois abor-dar essas etapas a partir do respectivo contexto sócio--económico cultural e de-tectar em cada uma delas os seus processos de mudança estética e técnica interna em termos dos principais protagonistas, do repertório, das convenções poético--musicais e das práticas per-formativas”, revelou ainda.

A disciplina desenvolve--se em oito etapas diferentes,

que vão desde “a música no salão burguês luso--brasileiro do final do Antigo regime” até à transição para o século XX, o “Novo Fado”, a entrada na World Music e a candidatura a Património Cultural Imaterial da Huma-nidade da UNESCO.

A inauguração desta cadeira marca também o regresso de Rui Vieira Nery à docência na Uni-versidade Nova, onde já tinha leccionado e onde é investigador do Instituto de Etnomusicologia - Mú-sica e Dança.

Vieira Nery foi secre-tário-de-Estado da Cultura entre 1995 e 1997 e é ac-tualmente director do Pro-grama de Língua e Cultura Portuguesas da Fundação Calouste Gulbenkian.

Museu privado japonês vai leiloar obras de Dalí, Miró e Tàpies antes de encerrar

500 obras à venda por falta de visitantes

mas como considera que a crise económica complica essa tarefa, decidiu leiloar as suas 500 obras antes do encerramento, a 20 de Dezembro.

Miyata começou a co-leccionar obras de artistas de países acima do paralelo 43 há 25 anos.

O museu, aberto desde 1997, conta com três salas,

uma dedicada ao Japão, ou-tra à Ásia e Europa de Leste e outra à América e Europa.

Nos três anos após a aber-tura, o museu recebeu 15 mil visitantes, mas este número

começou a cair por o espaço estar localizado num local recôndito da ilha de Hokkaido.

Miyata vendeu na prima-vera de 2009 um retrato de Michael Jackson da autoria

de Andy Warhol por cerca de 1,9 milhões de patacas e meses depois vendeu em Nova Iorque outro trabalho de Warhol por mais de 9,3 milhões de patacas.

Page 17: Hoje Macau 1 NOV 2012 #2726

quinta-feira 1.11.2012

[Tele]visão

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM00:30 Telejornal (Repetição)01:10 RTPi DIRECTO13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO19:00 Montra do Lilau (Repetição)19:30 Resistirei20:30 Telejornal21:00 TDM Talk Show21:30 Castle22:15 A Ferreirinha23:00 TDM News23:35 Herman 2012

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Poplusa15:30 A Hora de Baco16:00 Bom Dia Portugal17:00 Missa de Todos os Santos17:45 Vingança18:30 Moda Portugal19:00 Maternidade 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Portugal no Coração

30 - ESPN11:00 (Delay) PGA Grand Slam Of Golf 2012 Final Round14:00 Premier League Darts 201215:30 World Series 201218:30 (Delay) Baseball Tonight International 201219:30 (LIVE) Sportscenter Asia 201220:00 Total Rugby20:30 The Football Review 2012-201321:00 FIFA Beach Soccer World Cup 2013 Qualifiers Italy vs. Spain22:00 Sportscenter Asia 201222:30 PGA Grand Slam Of Golf 2012 Final Round

31 - STAR Sports13:00 Uem Motocross Of European Nations 201213:30 V8 Supercars Championship Series 201216:00 Sports Max 2012/1317:00 IAAF World Challenge League19:30 HSBC Sevens World Series 2011/12-Highlights20:00 MotoGP World Championship 2012 - Highlights Malaysian Grand Prix 21:00 2 Wheels21:30 (LIVE0 Score Tonight 2012 22:00 Engine Block Special 201222:30 2 Wheels23:00 MotoGP World Championship 2012 - Highlights Malaysian Grand Prix

40 - FOX Movies11:35 The Twilight Saga13:40 Treasure Island16:50 Real Steel19:00 The Incredibles21:00 Don’T Be Afraid Of The Dark22:40 Scream 400:35 Homeland

41 - HBO12:00 Harry Potter And The Deathly Hallows14:10 Beetlejuice15:40 Dick Tracy17:30 Much Ado About Nothing19:30 Transformers22:00 True Blood00:00 Going The Distance

42 - Cinemax12:55 Age Of Heroes14:35 Grendel16:00 Assignment K18:05 The Rundown20:05 Clash Of The Titans22:00 Morlocks23:25 House Of The Dead 2

SKYFALL

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À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

MAR • Ricardo Henriques, André LetriaSe o nosso planeta tem mais mar que terra, então porque é que não se chama planeta Mar? Provavelmente já não vamos a tempo de mudar os dicionários e os livros de geografia, mas fica aqui a nossa homena-gem a essa grande piscina tão importante para os portugueses, povo de marinheiros e comedores de bacalhau. Este atividário (atividades + abecedário) aviou-se no mar e dá-te palavras para mastigar e não deitar fora. Brinca com elas e com os seus significados, uma e outra vez, porque no mar há muito sal para provar, muitas lendas para contra e muitas vidas para descobrir, sejam de peixes ou piratas. É certo que há no Mar há mais palavras que marinheiros, mas o barco não podia trazer tudo. Partimos ao sabor do vento e regressámos com 206 definições e 80 actividades na rede. Diverte-te com elas. André Letria (Ilustrações) nasceu em Lisboa, em 1973. As suas ilustrações percorrem as páginas de livros e jornais desde 1992. Ganhou prémios como o Prémio Gul-benkian, em 2004, o Prémio Nacional de Ilustração, em 2000, ou um Award of Excellence for Illustration, atribuido pela Society for News Design (EUA). Há livros seus publicados em diversos países, como os EUA, Brasil, Espanha ou Itália.

O CLUBE DOS VIAJANTES IMAGINÁRIOS • Pierdomenico Baccalario«Duas são as sentinelas que vigiam o mar, caprichosas, tremendas, de lanças a postos.Três os amigos que as podem enfrentar,mas a nenhum, cuidado, ofereçam os rostos.» De acordo com o primeiro manuscrito, Ulysses Moore é provavelmente não só um mestre de línguas, lingua-gens e códigos, mas também um físico mais genial que o próprio Albert Einstein. Ou se calhar é um mentiroso exímio!

SALA 1SKYFALL [C]Um filme de: Sam MendesCom: Daniel Craig, Javier Bardem, Ralph Fiennes14.15, 16.45, 19.15, 21.45

SALA 2SILENT HILL: REVELATION 3D [C]Um filme de: Michael J. BassettCom: Sean Bean, Kit Harington, Carrie-Anne Moss14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3UMIZARU 4: BRAVE HEARTS [B](Falado em japonês e legendado em chinês/inglês)Um filme de: Hasumi EiichiroCom: Hideaki Ito, Ryuta Sato, Ai Kato14.30, 16.30, 19.30, 21.30

17www.hojemacau.com.mo futilidades

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Rogaste. Caloria (abrev.). 2-Ouro (s.q.). Causa, motivo (Ant.). Abóbora de que se faz doce. 3-Que bebe em excesso, bêbedo. 4-Milha marítima (pl.). Mínimo (abrev.). Nota musical. 5-Aparelho receptor de televisão. 6-Sacrifica. Mesquinha, sôfrega. 7-Importunaremos (Fig.). 8-Ante-meridiano (abrev.). Oferecer. Passa para fora. 9-Fictício. 10-Retirar-se. Reflexão da voz. Assume expressão de alegria. 11-Início de uma nova ordem de coisas. Empregariam.

VERTICAIS: 1-Dez tostões ou um escudo (Pop). Extraísse. 2-Európio (s.q.). Também não. Mu, macho. 3-Fungo que se forma nas matérias orgânicas, quando entram em decomposição. Santa, virtuosa. 4-Prefixo o m. q. IN. Que ou aquele que sela. 5-No tempo de. Regos. 6-Estremeci. Dom, habilidade (pl.). 7-Pedir repetição. Esvazia. 8-Habitante de Génova. Autor (suf.). 9-O Campeador. Ramalhete. 10-Vamos!. Consome, atormenta (Fig.). Rádio (s.q.). 11-O m. q. Larídeos (aves palmípedes). Víscera secretora da urina.

HORIZONTAIS:1-PEDISTE. CAL. 2-AU. MOR. GILA. 3-U. B. BEBEDOR. 4-NOS. MIN. MI. 5-TELEVISOR. D. 6—IMOLA. AVARA. 7-R. RALAREMOS. 8-AM. DAR. SAI. 9-SUPOSTO. L. R. 10-SAIR. ECO. RI. 11-ERA. USARIAM.VERTICAIS:1-PAU. TIRASSE. 2-EU. NEM. MUAR. 3-D. BOLOR. PIA. 4-IM. SELADOR. 5-SOB. VALAS. U. 6-TREMI. ARTES. 7-E. BISAR. OCA. 8-GENOVES. OR. 9-CID. RAMAL. I. 10-ALOM. ROI. RA. 11-LARIDAS. RIM.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

Aqui há gatoA HISTÓRIA SECRETA DAS PROMISCUIDADESEm Macau torna-se cada vez mais comum falar de “promiscuidades” entre deputados e o sector económico, entre o Governo e interesses pessoais. Toda a gente fala disso mas nunca se vê nada de concreto, de palpável. Parece que o mistério impera e nunca se investiga. Só nos últimos meses já aconteceram episódios que dão para encher os dedos das duas mãos. Mas o mais recente foi recordado ontem numa conferência de imprensa na associação dos trabalhadores da função pública: as agências funerárias estão a atingir o estado de falência porque parece que há uma empresa privada que fica com o bolo todo. Acontece que esta empresa está ligada à famosa associação de beneficência do hospital privado Kiang Wu, por sua vez presidida pelo deputado Fong Chi Keong. E toda a gente sabe que esta associação está farta de ganhar dinheiro do Executivo. A minha pergunta é: quais são as pessoas que estão por detrás disto e porque é que ninguém faz assim uma investigaçãozinha à Sherlock Holmes? Como é que ninguém fala ou explica às pessoas o porquê de tanto dinheiro doado (com explicações que tenham nexo, vá) e como é que existe toda esta interligação de pessoas? O mesmo se passa com o deputado Lee Chong Cheng e o mais que famoso edifício do jornal Ou Mun. Ninguém (CCAC, sei lá, qualquer organismo que analise as coisas de forma independente) se dá ao trabalho de analisar as ligações meio obscuras dos deputados que se sentam na nossa Assembleia Legislativa? Todos ficam impunes, não há sanções? As notícias saem nos jornais e não há consequências. Uma manchete não demite um governo. Tudo sorri para a fotografia e o mundo continua belo e maravilhoso, com néones que nunca deixam o céu de Macau ser completamente escuro.

Pu Yi

Page 18: Hoje Macau 1 NOV 2012 #2726

da estre laCarlos M. Cordeiro

quinta-feira 1.11.2012opinião18

ORTUGAL já não quer chorar mais com a situação degradante em que se encontra. Então, ri, ri muito, ri às gargalhadas com o que o ministro das Finanças veio tentar impingir. Diz Vítor Gaspar

que estamos numa maratona e que após determinados quilómetros não se desiste e que é preciso coragem para chegar ao fim. Mais uma falácia à Gaspar. O ministro não tem a mínima noção em que maratona está metido e na qual nos inscreveu a todos para mal dos nossos pecados. A maratona de Gaspar é penosa, dolorosa, sem ritmo, sem esperança, sem força e sem fim. A maratona de Gaspar está à vista do mundo. Portugal maratonista não tem futuro porque Carlos Lopes e Rosa Mota foram únicos.

A maratona de Gaspar, infelizmente, é bem diferente. É uma maratona onde a Silvana que trabalha desde os 16 anos está agora desempregada depois de laborar du-rante 26. Há semanas que envia mais de 20 candidaturas e as respostas são quase nulas. Já teve de cortar as explicações ao filho que, entretanto, teve de deixar a aprendizagem paga de futebol. A maratona de Gaspar tem para lhe oferecer um corte no subsídio de desemprego de 10%.

É uma maratona onde a Ana Cláudia tem de contar os “tostões” para fazer render os 65% do subsídio. Desde final de Junho que está de baixa por doença. Esta auxiliar de acção médica teve um corte de salário de quase 50% e sobrevive com 330 euros de subsídio de doença. A sua situação agravou-

Maratona a sério - com os habituais 42 quilómetros - devia ser organizada de modo a que o ministro Gaspar estivesse, no momento da partida, na linha da frente e que ao longo do percurso pudesse constatar todos os “impostos” que têm sido infligidos ao povo, vindo ele a acabar em último lugar fazendo figura de bobo. Mais a mais, Gaspar desconhece a origem da maratona: o corredor acaba morto, por engano

A maratona-se com a entrada da filha para a Faculdade de Letras onde as despesas são mais que muitas para livros, alojamento, transporte e alimentação. A partir de Janeiro a maratona de Gaspar oferece-lhe uma taxa de 5% sobre o subsídio.

É uma maratona onde a Ana Filipa que acaba de ser mãe, ainda não sabe quanto vai receber de subsídio de maternidade. A desconfiança em relação ao subsídio deve-se à má relação com os apoios sociais. Não teve direito ao subsídio pré-natal. Professora do 1º ciclo pensa regressar o mais cedo possível à escola para não ser prejudicada deixando o bebé com a avó. O marido trabalha a recibos verdes e ganha uma miséria de 480 euros. A maratona de Gaspar foi a oferta, desde Julho, dos subsídios de maternidade passarem a ser calculados sem ter em conta os subsídios de férias e de Natal.

É uma maratona onde o reformado Jorge exerceu durante quarenta anos a actividade de médico-cirúrgico, descontando do salário o suficiente para ter uma reforma condigna. Com 72 anos o médico diz-se enganado. Perdeu muitas centenas de euros com os cortes na reforma da retirada dos dois sub-sídios e irá perder muito mais com as novas medidas constantes no Orçamento do Estado para 2013. A maratona de Gaspar inclui que as reformas acima de 1350 euros vão cair entre 3,5 e 10%.

É uma maratona onde a Martina recebe o rendimento social de inserção (RSI) e tem de sobreviver com o filho recebendo apenas 160 euros. Com 33 anos procura trabalho

por todo o lado em vão. Era empregada doméstica mas a patroa disse-lhe que não conseguia suportar mais o dispêndio do seu salário. Divorciada, contava com a pensão que lhe era dado pelo pai do filho. Este, ficou desempregado e deixou de receber esse pecúlio. Valem-lhe os familiares e confessa que assim que recebe o subsídio vai comprar para o filho o leite, iogurtes e fraldas. A maratona de Gaspar quer baixar o valor miserável do RSI de 189,5 euros para 178 e a renovação tem de ser pedida a cada 12 meses.

É uma maratona onde a Mafalda tem seis filhos e não conta com qualquer ajuda do Es-

tado. Sente que o seu agregado familiar está a ser injustiçado pelo Estado que não conta com eles na hora de avaliar os rendimentos da família quer para os apoios quer para os cortes. A economista de 42 anos sente-se mais indignada por lhe terem cortado o abono de família de 150 euros para os seis filhos. A maratona de Gaspar é a dádiva ao marido de Mafalda – que trabalhava num banco e ficou desempregado e que passou a ser professor no ensino público – uma perda de 10% do ordenado e os dois subsídios.

É uma maratona onde o Paulo com 33 anos, técnico auxiliar de manutenção de extintores, se prepara para aderir a um plano de poupança reforma (PPR) de modo a precaver-se quando chegar o dia da sua aposentação. Não acredita na Segurança Social. Casado, sem filhos, recebe cerca de 600 euros e diz contar os cêntimos todos os dias. A maratona de Gaspar obriga a que os trabalhadores por conta de outrem descontem 11% do salário para a Segurança Social. Neste caso, o Estado ainda recebe mais o correspondente a 23,5% do salário do trabalhador por parte da entidade patronal.

Maratona a sério - com os habituais 42 quilómetros - devia ser organizada de modo a que o ministro Gaspar estivesse, no momento da partida, na linha da frente e que ao longo do percurso pudesse constatar todos os “impostos” que têm sido infligidos ao povo, vindo ele a acabar em último lugar fazendo figura de bobo. Mais a mais, Gaspar desconhece a origem da maratona: o corredor acaba morto, por engano.

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Page 19: Hoje Macau 1 NOV 2012 #2726

bairro do or ienteLeocardo

19opiniãoquinta-feira 1.11.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

ECORREU no passado fim-de--semana um colóquio organizado pela Associação dos Macaenses (ADM) subordinado ao tema da identidade macaense: “Um olhar sobre a comunidade”; o que é o

macaense? Qual o lugar do macaense hoje, na política, na economia, na sociedade de Macau? É interessante como Macau deve ser o único local do mundo onde se discute o lugar…do macaense. Passo a comparação descabida, mas seria como debater o lugar dos portugueses em Portugal, ou o lugar dos americanos na América. Mas como sempre, Macau é um local cheio deste tipo de vicis-situdes, ou como se diz no linguajar local, “Macau sã assi”. O colóquio foi notícia, excedeu expectativas, mas ao mesmo tempo ficou a saber a pouco. Pelo menos para mim. Interessa-me este tipo de coisas, temas sobre Macau, sobre a preservação desta cidade maravilhosa inaugurada há séculos, da sua cultura, das suas tradições. Não me interessa que Macau seja, como é para muitos, um local para “fazer dinheiro”. E depois partir, virar-lhe as costas, como se de uma amante agredida e envelhecida se tratasse.

Em primeiro lugar a adesão poderia ter sido maior, não em número, mas em tipo. Os participantes do colóquio foram na sua maioria membros do fórum “Conversas entre a malta” (vulgo, “a malta”), do Facebook, um grupo que alia o amor ao amadorismo, a paixão e a descontracção e que esmiúça temas correntes da RAEM de hoje, e os próprios membros da ADM, organizadora do colóquio. Faltou ali um grosso da co-munidade macaense, dos “filhos da terra”, que provavelmente tinham mais que fazer num fim-de-semana do que participar num debate que talvez muitos consideram – erro-neamente – ser “apenas falatório”. Tinham que passar tempo com a família, tinham que ajudar os filhos com os trabalhos de casa da escola chinesa, enfim, são os “adaptados à nova realidade” a quem este tipo de discussão não interessa muito. E é pena. Não há nada mais triste que renegar o próprio passado, as origens. Talvez isto seja efeito de algum elitismo que é comum neste tipo de even-tos. Quando fala a comunidade macaense, falam “sempre os mesmos”. Não por culpa própria, certamente, uma vez que todos têm o direito de participar. O que existe mesmo é desinteresse, um leve encolher de ombros. E enquanto isso a terra que os viu nascer, onde cresceram e que tanto amam vai de-saparecendo e dando lugar a um misto de concreto pouco concreto, edifícios obtusos e o mais profundo desprezo pela História

Passados já vinte anos de Macau, olho para o passado que me fez apaixonar por esta terra com saudade, e tenho esperança que esta nova tomada de consciência seja um primeiro passo para que se mantenha viva a chama macaense. Adaptando as palavras do presidente JFK: “Ich bin ein macaense”

Ich bin ein macaensee pelas tradições. Com o fim anunciado do restaurante Riquexó, por exemplo, fica mais fácil encontrar a riquíssima culinária macaense nas casas de Macau no Canadá, Brasil ou Austrália. Pelo menos a diáspora vai cuidando dessa sensibilidade, dessa coisa do ser macaense.

E faltaram os portugueses. Com a excep-ção de alguma imprensa, alguns académicos e uma mão cheia de carolas, incluindo eu próprio, não se viram “reinóis” – vulgo portugueses originários de Portugal – no colóquio. Apesar de este ter sido realizado inteiramente na língua de Camões. Este era

um debate que encheria o Grande Auditó-rio do Centro Cultural, pelo menos. Era também altura dos portugueses de origem, alguns deles aqui há décadas, interessarem--se pelo futuro desta terra que os acolheu, onde muitos deles viram os filhos e os netos nascerem. Chega de continuar a pensar a prazo, e achar que isto é uma coisa “deles”, da “tribo dos macaenses”. É altura de beber mais da Fonte do Lilau e abanar menos a árvore das patacas, arregaçar as mangas e tratar do que interessa realmente.

Isto do “ser macaense” tem muito que se lhe diga. Em termos leigos, um macaen-se seria um indivíduo nascido em Macau, mestiço de portugueses e chineses. Balelas. A teoria da consanguinidade é perfeitamen-te descartável. Há macaenses de famílias antigas e respeitáveis que não têm sangue português. O macaense é no fundo o produto de uma louca aventura onde participaram navegadores, pescadores, tancareiras, pi-ratas, aventureiros, goeses (os chamados “canarins”, macaenses de origem indiana), missionários, condes e barões, todo o tipo de burgueses e pelintras. É difícil ir buscar a verdadeira origem do macaense. Séculos antes da já por si vetusta América, este pe-queno pedaço de terra à beira-China plantado era um “melting pot” por excelência.

A questão da origem é também bastante discutível. Claro que ajuda bastante ter nas-cido em Macau para que se seja considerado macaense, mas será essa uma exigência? Eu próprio nasci em Portugal, passei a maior parte da minha vida em Macau e não tenho praticamente nada que me ligue ao meu país de origem. Em suma: sinto-me maca-ense. Adoptivo, por certo, mas macaense. É um estado de espírito, algo que primeiro se estranha, e depois se entranha, citando o poeta. Interessa-me o dia-a-dia desta terra, o que me rodeia, e não me interessa o que passa a milhares de quilómetros de distância. Não sou mercenário nem estou aqui a prazo. Tenho um filho macaense por inerência e não desejo integrá-lo num país como Portugal, com um futuro eternamente adiado, que nos leva mesmo a interrogar-nos se esse futuro existe mesmo. Se queremos o melhor para os nossos filhos, esse passa por onde eles se sentem melhor, e não pelo que é convencionado como sendo o “mais natural”. Passados já vinte anos de Macau, olho para o passado que me fez apaixonar por esta terra com saudade, e tenho esperança que esta nova tomada de consciência seja um primeiro passo para que se mantenha viva a chama macaense. Adaptando as palavras do presidente JFK: “Ich bin ein macaense”.

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quinta-feira 1.11.2012www.hojemacau.com.mo

Portugueses estão a poupar maisApesar da crise ou por causa dela, tem aumentado o dinheiro que os portugueses poupam e colocam nos bancos. Em Agosto estavam depositados 1,31 biliões de patacas, mais 44 mil milhões em relação ao ano passado. A propósito do dia Mundial da Poupança, que se comemorou ontem, dados recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) para o primeiro semestre de 2012 revelam que a taxa de poupança das famílias subiu para os 10,9%, ou seja, por cada 1000 patacas, os portugueses colocaram de lado 110. Dados da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP)/Universidade Católica também apontam para uma subida da poupança dos portugueses: o indicador voltou a subir em Setembro e sugere que a poupança em percentagem do Produto Interno Bruto está acima da média desde 2000.

Ruanda Ingabire condenada a prisãoA líder da oposição e pertencente à comunidade hutu, Victoire Ingabire, foi condenada a oito anos de prisão por negar o genocídio no Ruanda. Ingabire, que faz oposição ao presidente tutsi Paul Kagame, esteve 17 anos exilada na Holanda e voltou ao Ruanda em 2010. Segundo o The Telegraph, as forças da segurança avançaram com a captura depois de Ingabire questionar por que razão os memoriais dos 800 mil mortos, que morreram ao longo de 100 dias em 1994, não incluem as vitimas hutus da ‘matança’. O advogado de Ingabire, o britânico Iain Edwards, revelou que tem intenção de apelar da decisão.

Israel acredita que Irão recuou no nuclearO ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, afirmou que o Irão recuou na sua política nuclear, nomeadamente na criação de uma arma nuclear. Segundo o The Telegraph, Barak acredita que é só temporário e que Teerão será confrontado no próximo verão. “[Este recuo] pode ter três explicações. Uma é o discurso político sobre uma possível operação conjunta de Israel e EUA, o que os dissuadiu de tentar algo brevemente. Outra é uma abordagem diplomática lançada para evitar que o assunto ganhe relevo antes da eleição norte-americana, para ganharem algum tempo. Pode também ser uma forma de dizer à Agência Internacional de Energia Atómica ‘nós cumprimos com os nossos compromissos”, explicou. “Não me interpretem mal. Adoraríamos acordar uma manhã e ver, contra as minhas expectativas, que os ayatollahs desistiram. Não acredito que vá acontecer”, desabafou.

Ensino de português no estrangeiro

Propina avança em 2013

COMPREENSÃOLENTA

car toon por Steff

Chacina na NigériaPelo menos duas dezenas de pessoas foram abatidas a tiro na aldeia de Kaboro, estado de Zamfara, no norte da Nigéria. De acordo com relatos oficiais, um número ainda indeterminado de homens armados com espingardas AK-47 invadiu a localidade e começou a disparar indiscriminadamente. O ataque foi motivado pelo roubo, tendo os atacantes fugido depois de terem entrado em várias habitações onde buscavam dinheiro e outros valores. A France Presse noticia, citando o porta-voz do Governo de Zamfara, Nuhu Salihu Anka, que o chefe da aldeia enfrentou os assaltantes, pedindo-lhes que parassem a chacina, ato que acabou por lhe custar a vida. Outras 23 pessoas foram mortas no passado mês de Junho em outras aldeias do estado por gangs de motoqueiros. Os ataques são caracterizados por grande violência, o que segundo observadores parece excluir a responsabilidade do grupo islamita Boko Haram, responsável por outros ataques anteriores no norte do da Nigéria, porém com marcas diferentes das deixadas por estes grupos. A Nigéria, recorde-se, tem uma das mais altas taxas de criminalidade no continente africano.

Empresa oferece passeios no espaçoUma empresa brasileira incluiu no seu pacote a possibilidade de um passeio no espaço. A viagem da Sanchat Tour, que estará disponível a partir de 2014, será formada por grupos de 12 passageiros com o preço a ser de um milhão de patacas. A empresa afirma que o voo sairá de Curaçao e a nave utilizada será do modelo Lynx, que em poucos minutos atinge a altitude de 100 quilómetros. Os passageiros poderão sentir a microgravidade e uma vista que vai desde a Florida ao Brasil durante uma hora.

Daltonismo foi descoberto há 218 anosNo dia 31 de Outubro de 1794, John Dalton descobriu o daltonismo, uma doença nos olhos, também chamada de “cegueira das cores”. Foi em Manchester, cidade para a qual se mudou aquando da sua eleição para membro da Sociedade Literária e Filosófica, que o físico britânico teve a oportunidade de exibir os seus estudos e avanços científicos sobre a doença. O daltonismo, que também afectava John Dalton, é um defeito genético e hereditário que se baseia na impossibilidade de distinguir as cores.

O secretário de Esta-do das Comunidades disse nesta terça-feira que a cobrança de

propinas aos alunos de português no estrangeiro avança no próximo ano, adiantando que os valores a pagar ainda estão a ser negociados com o Ministério das Finanças. “A propina vai ser introduzida para o ano lectivo de 2013/2014 embora seja paga na altura da inscrição (Fevereiro ou Março de 2013)”, disse José Cesário à Lusa explicando que a portaria que prevê a cobrança da referida propina ainda “está a ser acertada” com o Ministério das Finanças.

O Governo tinha anunciado em Março a introdução de uma propina de 1200 patacas a pagar pelos alunos de português no es-trangeiro para cobrir despesas com os manuais e com a certificação.

A ideia era aplicar a taxa no presente ano lectivo, mas o executivo não aprovou em tempo útil a legislação necessária para poder cobrar a propina, que é contestada por sindicatos, pais e professores.

José Cesário, que falava no dia em que foi publicado em Diário da República o novo re-gime do ensino de português no estrangeiro (EPE), explicou que o que está em causa é a defini-ção dos valores da propina e os casos em que os alunos podem beneficiar de reduções ou isenção do pagamento.

O secretário de Estado das Co-munidades, que tutela o ensino de português no estrangeiro através do instituto Camões, escusou-se

a avançar os valores das taxas a cobrar. “Antes de acertar [os valores da propina] com o Mi-nistério das Finanças não falo de números. A única coisa clara é que vai haver propina”, disse.

A introdução de propinas é uma das principais novidades do regime do ensino de português no estrangeiro, que entra em vigor quarta-feira, que prevê também alterações na contra-tação de professores, cujas comissões de serviço passam de um para dois anos.

Para José Cesário, o novo regime “concretiza um conjunto de novidades que vão dar nova qualidade ao ensino de portu-guês no estrangeiro”, apontando como exemplos a avaliação e certificação, a definição de programas, a formação de pro-fessores e os incentivos à leitura.

AGILIZAR CONCURSOSO responsável destacou ainda a simplificação e rapidez dos

concursos para a contratação de professores e as comissões de serviços válidas por dois anos também previstas no diploma.

José Cesário lembrou que, excepto a cobrança da propina de frequência e das taxas de certificação, todas as alterações constantes no documento foram alvo de negociação e mereceram a acordo dos sindicatos.

A rede do EPE inclui cursos de português integrados nos sis-temas de ensino locais e cursos associativos e paralelos, asse-gurados pelo Estado português, em países como a Alemanha, Espanha, Andorra, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Reino Unido, Suíça, África do Sul, Namíbia, Suazilândia e Zimbabué.

No corrente ano lectivo, fre-quentam os cursos de Ensino de Português no Estrangeiro 57.212 alunos (56.191 em 2011/2012), distribuídos por 3.603 cursos (3.621 no ano anterior).