Hoje Macau 11 NOV 2014 #3211

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HOJE MACAU AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB SONG WAI KIT AS REGRAS DO JOGO DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 11 DE NOVEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3211 hojemacau O Governo segue a corrente e assume que a violência doméstica vai ser crime público. O novo projecto de lei deve surgir ainda este mês. ENTREVISTA PÁGINAS 2-3 Criminalidade Extorsão e usura lideram tabela de crimes Advocacia O Governo é quem mais ordena As 100.000 aflições que atormentam a população PÁGINA 4 A Associação de Jogos com Responsabilidade de Macau não vê perigo na queda de receitas do Jogo, antes, uma oportunidade de transformação. Song sugere a promoção de outras actividades exteriores ao sector. PUB SOCIEDADE PÁGINA 8 SOCIEDADE PÁGINA 7 POLÍTICA PÁGINA 5 Vicios privados, publicos delitos VIOLÊNCIA DOMÉSTICA ´ ´

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Hoje Macau N.º3211 de 11 de Novembro de 2014

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HOJE

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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SONG WAI KIT

AS REGRAS DO JOGO

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 1 1 D E N O V E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 1 1

hojemacau

O Governo segue a corrente e assumeque a violência doméstica vai ser crime público.

O novo projecto de lei deve surgir ainda este mês.

ENTREVISTA PÁGINAS 2-3

CriminalidadeExtorsão e usura lideram tabela de crimes

AdvocaciaO Governoé quem maisordena

As 100.000 aflições que atormentama população

PÁGINA 4

A Associação de Jogos com Responsabilidadede Macau não vê perigo na queda de receitasdo Jogo, antes, uma oportunidadede transformação. Song sugere a promoçãode outras actividades exteriores ao sector.

PUB

SOCIEDADE PÁGINA 8 SOCIEDADE PÁGINA 7 POLÍTICA PÁGINA 5

Vicios privados, publicos delitos

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

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HOJE

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hoje macau terça-feira 11.11.20142 ENTREVISTAFLORA [email protected]

As receitas do Jogo têm vindo a cair. O Secretário para a Econo-mia e Finanças prevê que a queda vai continuar, mas há académicos que acreditam que os elementos extra-Jogo vão ser o suporte da Economia. Qual é sua opinião?Para mim, a queda das receita do Jogo não é algo estranho, nem triste. De facto, embora a queda das receitas nestes últimos meses pareça muito alta - atingiu os 20% -, temos de ver que as receitas [ar-recadadas] do segundo semestre de 2013 até ao primeiro semes-tre de 2014 aumentaram muito. Comparando com a receita total do Jogo do ano de 2013, a queda das receitas no segundo semestre deste ano é apenas de 1% ou 2%. Isso tem a ver com os primeiros seis meses deste ano, em que a receita aumentou muito, sobretu-do em Fevereiro - aumentou mais de 40% -, o que quer dizer que a receita total deste ano, de facto, é equilibrada e é estável.

SONG WAI KIT, DIRECTOR DA ASSOCIAÇÃO DE JOGOS COM RESPONSABILIDADE DE MACAU

“Governo deve impulsionar elementos exteriores ao Jogo”Foi inspector da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos e acabou por criar uma associação com outros inspectores há cerca de dois anos. Song Wai Kit considera que os elementos exteriores ao Jogo poderão, um dia, vir a liderar a Economia,mas deixa algumas sugestões para a melhoria do sector

Não, não é preciso. Inclusivamen-te nem o Governo se preocupa muito com esta queda. Mesmo que a do mês passado tenha sido a maior, o número de turistas aumentou. E, pelo contrário [a anteriormente], podemos ver isto como uma oportunidade em vez de um perigo. É uma oportunidade de transformação da indústria do Jogo. Essa transformação, como per-guntei há pouco, terá a ver com elementos não Jogo? Deverá ser, sim. Actualmente existem elementos não-Jogo, mas não são suficientes, claramente. A proporção de elementos não-Jogo que uma operadora obtém não ocupa mais de 10% do negócio todo e a receita desses elemen-tos não é grande. Mas um dia, a indústria do Jogo [em si] deverá cair. Actualmente estamos num momento de ajustamento, mas o Governo deve ter políticas obri-gatórias ou guias para [as opera-doras], de forma a impulsionar os elementos exteriores ao Jogo. Acredito que as operadoras estão gradualmente a caminhar nessa direcção e o que prova isso é que a receita das salas VIP começou

Podemos ver isto [queda de receitas] como uma oportunidade em vez de um perigo. Éuma oportunidade de transformaçãoda indústria do Jogo

Existem profissionais que não exercem em posições correspondentes à [sua área], mas trabalham como croupiers porque querem ganhar mais. As operadoras de Jogo podem transferi-los para posições ligadas à sua profissão original

Prevê que esta queda se vá man-ter no próximo ano?Acho que em Fevereiro do pró-ximo ano vai haver uma grande queda, que vai até Maio ou Junho. Como o Secretário disse, no pri-meiro trimestre do próximo ano vai continuar-se com um número negativo. Já é normal.

Os funcionários da indústria estão assustados com estas quedas? Acredito que os funcionários es-tão a avaliar a sua vida, incluindo se haverá ou não capacidade para o aumento do seu salário. Sendo que, nos anos passados, a receita aumentou tanto, os funcionários não estavam satisfeitos com o nível de aumento de rendimentos. Mas, agora a receita caiu e os funcionários podem estar a ter em conta o facto de as operadoras não lhes irem aumentar o salário. De facto, até pode ser conside-rado um alívio na mediação de conflitos entre funcionários e operadoras. Portanto acha que não é preciso haver preocupação com estas quedas?

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3 entrevistahoje macau terça-feira 11.11.2014

S ONG Wai Kit refe-riu anteriormente que o Executivo

deveria criar um sub-sídio para os residentes que conseguem exercer a sua especialização profissional nas PME. De acordo com o res-ponsável, a ideia surgiu devido ao facto de a Economia se desenvol-ver maioritariamente através do único maior sector de Macau, o Jogo, e a maioria da mão-de--obra estar destinada a este sector, que os profis-sionais escolhem devido

PME SUGERIDO SUBSÍDIO PARA PROFISSIONAIS

Liberdade de escolhaAs operadoras actuais têm experiência e equipamentos. É mais fácil e conveniente, mas se não conseguirem fazer com que os residentes tirem frutos dos resultados do Jogo, o Governo deve ter isso em linha de conta e recuperar essa licença

a diminuir, enquanto a das zonas comuns aumentou. Mesmo que o aumento de zonas comuns não acompanhe rapidamente a queda nas salas VIP, espero que o que seja feito é que, nos grandes projectos no Cotai que vão ser concluídos em 2015 ou 2016, as operadoras tenham a noção que a proporção dos elementos extra-jogo tem de ser maior. Será que os elementos extra Jogo são suficientes para ajudar a recuperar as receitas?Tenhamos como exemplo Las Ve-gas. A receita dos elementos não--Jogo é maior do que a receita do Jogo. Obviamente que, de acordo com a situação actual de Macau, é quase impossível atingir [esses valores]. Espero que, ao longo do tempo, o território consiga [fazer isso] e se direccione nesse cami-nho, gradualmente, equilibrando as receitas das duas partes, até os elementos exteriores ao jogo superarem as receitas dos casinos.

Diz-se sempre que é necessário uma diversificação da Econo-mia, mas vão fazer-se mais pro-jectos de Jogo no Cotai, sendo que vai ser preciso ainda mais mão-de-obra. Se não se quer que a maioria de residentes de Macau trabalhem em casinos, nem se quer que sejam impor-tados mais trabalhadores não--residentes, o que se deve fazer para haver um equilíbrio? O Governo já impulsionou a formação da classe média ou alta no seio dos trabalhadores locais. No entanto, não acho suficiente. Tenho uma sugestão: actualmente existem profissionais que não exercem em posições correspon-dentes à [sua área], mas trabalham como croupiers porque querem ganhar mais. As operadoras de Jogo podem transferi-los para posições ligadas à sua profissão original. Dessa forma, os funcio-nários podem continuar a trabalhar na empresa enquanto exercem a

profissão ideal. Outro dos bene-fícios seria que, como agora e no futuro, não pode haver croupiers TNR – mas há muitos noutras posições – se recrutassem menos TNR para posições que os traba-lhadores locais podem ocupar de acordo com a sua licenciatura, tais como cargos de design e de pro-dução. As operadoras entendem bem como deve ser a distribuição de mão-de-obra. Fala-se sempre na necessidade de mais croupiers, mas por outro lado não se pode ter TNR nessa posição. Há ou não necessidade de mais deste tipo de mão-de-obra?De facto, não vejo isso, porque já estão colocadas mesas electróni-cas [em muitos casinos], substi-tuindo parte dos croupiers. Como nessa posição não se podem ter TNR, mas só trabalhadores locais, os recursos humanos locais são fixos e não vão aumentar. Se as empresas continuarem a depender de um tipo de mão-de-obra tra-dicional, [esses recursos locais] serão insuficientes. Mas, como a técnica de utilização de mesas electrónicas tem aumentado, é possível que daqui a dois anos, o número de mesas aumentará muito, enquanto a mão-de-obra não aumentará. Com esse aumento das mesas, haverá três mesas por cada croupier. Nessa altura, os recursos humanos passam para os elementos extra-jogo. As licenças das operadoras vão ser revistas no próximo ano ou em 2016 e a sociedade tem discu-tido as condições da renovação. Quais seriam essas?Pareço-me que o próximo ano será uma boa altura tempo para rever as licenças das operadoras de Jogo e a nossa associação quer que se promova uma indústria saudável, que deve também corresponder com o desenvolvi-mento do Centro Internacional de Turismo e Lazer [que o Governo pretende]. A sociedade tem discu-tido e parece que as seis licenças deverão ser renovadas mas, do ponto de vista dos regulamentos, não se pode dizer que vão ser renovados. É preciso mais uma vez a existência de um concurso público, deve haver uma Comis-são que trate da concessão das licenças de Jogo, assim como devem ser recolhidas opiniões na sociedade. A lei regulamenta cinco anos para a transição – se uma nova operadora não estiver preparada para funcionar, a antiga operadora pode ter no máximo cinco anos para fazer essa transi-ção, depois de expirar o contrato. Mas, será bom que as [mesmas] operadoras ganhem outra vez as concessões? O Governo deve analisar as contribuições das ope-radoras. As operadoras actuais têm experiência e equipamentos. É mais fácil e conveniente, mas

se não conseguirem fazer com que os residentes tirem frutos dos resultados do Jogo, o Governo deve ter isso em linha de conta e recuperar essa licença. Quais os principais cuidados a ter em conta com a nova conces-são de licenças de Jogo?O Governo pode considerar en-caixar os elementos exteriores ao Jogo com o número de mesas

de jogo, obrigando as operadoras a desenvolver esses elementos [não-Jogo]. O Executivo pode também reforçar a supervisão dos problemas principais das operadoras de Jogo, tal como o controlo e aperfeiçoamento [das medidas ligadas] aos autocarros gratuitos, sendo que também estas condições deveriam contar para que as [licenças possam ou não] ser concedidas.

às grandes diferenças salariais.

“Existe uma grande diferença entre o salá-rio dos croupiers e os funcionários das PME e a minha sugestão é que o Governo possa pensar em apoiar o sector das PME, pelo menos nas áreas que o Executivo quer que sejam desen-volvidas e alargadas, mas que, actualmente, ainda estão na fase inicial.”

Song Wai Kit con-sidera benéfico para Macau que, ao longo

do tempo, se promova a formação dos recur-sos humanos em áreas como o design, que ain-da não sejam maduras em Macau, de forma a que os profissionais possam ser bem pagos e não tenham de optar por ir trabalhar para um casino só porque precisam.

“Em termos de re-muneração não se con-segue competir com os casinos e os profis-sionais trabalham no sector do Jogo, em vez de utilizar as habilida-

des profissionais reais que têm.”

A solução, diz, pode estar nas mãos do Go-verno. “Caso através de medidas administrativas se possa ajudar esses sec-tores, dando subsídios aos profissionais, isso fará com que o salário por trabalhar nas PME não seja tão diferente do dos casinos, fazendo com que eles escolham exercer a profissão. É possível acontecer que, em dois ou três anos, o salário consiga subir até ao ponto em que é semelhante ao dos croupiers, ou até mais alto. Assim, o problema [maior] será apenas o de ganhar pouco nos primeiros anos.” - F.F.

Se as empresas continuarem a depender de um tipo de mão-de-obra tradicional, [esses recursos locais] serão insuficientes

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4 POLÍTICA hoje macau terça-feira 11.11.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

O Governo recuou na sua decisão e vai mes-mo definir, na nova proposta de lei, a

violência doméstica como crime público, o que significa que qual-quer um pode denunciar este tipo de casos às autoridades. A decisão foi confirmada ontem num evento pro-movido pelo Grupo de Defesa dos Direitos das Mulheres, que ocorreu no Instituto Politécnico de Macau (IPM) com a presença de membros do Governo, do Ministério Público e até de autoridades policiais.

“Neste momento já chegámos a um consenso e esperamos que possamos concluir a redacção [do projecto de lei] em Novembro. Tendo em conta a corrente prin-cipal da sociedade, [a violência doméstica] vai ser um crime público e o Governo concorda com esta atitude”, garantiu Iong Kuong Io, presidente do Instituto de Acção Social (IAS), à margem do evento. “O Governo deu muita importância à opinião pública e já

O projecto de lei que vai proteger as ví-timas de violência

doméstica não irá abranger casais do mesmo sexo. A garantia foi dada ontem pelo presidente do Instituto de Ac-ção Social (IAS), Iong Kuong Io. “Isso vai ser considerado à parte e não vai estar incluído na presente legislação. O casamento de pessoas do mesmo sexo poderá ir con-tra o Código Penal, por isso temos de tratar à parte. Por enquanto, o Governo não tem uma atitude clara em relação a isto e esse assunto vai ser tratado com prudência, mas se as vítimas também tiverem necessidade o IAS vai dar apoio”, defendeu à margem do evento que decorreu on-tem no Instituto Politécnico de Macau (IPM).

Leong Pou Ieng, directora substituta dos Serviços para os

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA GOVERNO RECUA E OPTA POR CRIME PÚBLICO

Em nome de todos

CASAIS DO MESMO SEXO FORA DO PROJECTO DE LEI

Uma coisa à parte

É oficial: a violência doméstica vai ser mesmo considerada um crime público no novo projecto de lei, que deverá estar concluído ainda este mês. Cecília Ho, docente do IPM que lutou por esta causa, aplaude a mudança de ideias do Governo, que indica que ainda é preciso “definir os casos em que a violência acontece”

fine. É preciso analisar o grau de consequência. Se for um empurrão, uma bofetada ou facada é preciso estudar concretamente caso a caso, tem de existir bom senso. Se for uma facada, só uma vez, isso é grave”, explicou Leong Pou Ieng.

Da parte do IAS, fica prometida a protecção a nível físico e psico-lógico às vítimas. “Estamos a dar mais importância às medidas de protecção e estamos a explicar a orientação e atitude do Governo em relação à Lei de Combate à Violência Doméstica. Foi recolhi-da plenamente a opinião pública. O mais importante, da parte do Governo, é a protecção imediata da vítima. Não vai apenas haver protecção física, mas também psicológica”, disse Iong Kuong Io.

PASSO DE GIGANTECecília Ho, ligada ao Grupo de Defesa das Mulheres e docente de serviço social do IPM, aplaude o recuo do Executivo.

“Este é o primeiro grande pas-so. Aquilo porque sempre lutámos foi a definição de violência domés-tica como sendo crime público. Tivemos muitas coordenações com diversos departamentos do Governo. No futuro, esperamos que a lei defina claramente quais serão os serviços públicos que irão lidar com este tipo de casos”, disse Cecília Ho, que disse ainda ser necessário mudar mentalidades.

“Actualmente, não apenas a lei tem muitos problemas, mas tam-bém a mentalidade dos profissio-nais, que ainda têm um pensamento muito tradicional e consideram a violência doméstica como uma questão privada. Precisamos de falar de violência doméstica sob várias perspectivas, principalmen-te a nível dos direitos humanos”, concluiu.

violência doméstica? É difícil, por enquanto, definir. Quanto ao crime de ofensa corporal, o actual Código Penal já o menciona e de-

Assuntos de Justiça (DSAJ), clarificou a questão. “Se-gundo a lei de Macau, ainda estamos no patamar da vida conjugal de duas pessoas de sexo diferente. Para casais

do mesmo sexo, o Governo ou a lei de Macau ainda não contemplam essa posição. Mesmo o Código Penal não fala nada sobre duas pessoas do mesmo sexo”, frisou.

Recorde-se que o que a comunidade LBGT (Lés-bicas, Gays, Bissexuais e Transgénero) pede é que os casais do mesmo sexo que vivam juntas sejam protegidos pela lei em caso de violência doméstica, algo que não deverá estar relacionado com o casa-mento de homossexuais, como aconteceu em Por-tugal, onde a lei contra a violência deste tipo inclua os casais antes mesmo de ser legal o casamento entre o mesmo sexo.

DESILUDIDOSAnthony Lam, presidente da Associação Arco-Íris,

que recentemente entregou uma petição ao Governo a pedir a inclusão de casais LGBT nesta lei, garantiu ao HM que não estava à espera desta reacção.

“Temos vindo a lutar por isso há dois anos. Não diria que o Governo não ouve essas vozes, mas esta não é a reacção que desejávamos”, apontou. “No futuro têm oportunidade para rever a lei e alterar os artigos. O que procurávamos era que a protecção fosse imediata-mente incluída na lei, por-que se se vai criminalizar algo então que se faça logo, em vez de se esperar dois ou três anos para que se fazer essa revisão”, disse ainda.

Anthony La congratula, apesar de tudo, o Governo por criminalizar a violência doméstica. “Muito mais do que a protecção dos casais

do mesmo sexo, pretendía-mos que a violência domés-tica fosse um crime público. Este é obviamente um bom passo dado pelo Governo. Ainda não há muita clareza em relação a isso [se as autoridades estão prontas a reagir a esses casos], mas a sociedade está pronta para isso”, defendeu.

Cecília Ho disse “com-preender a dificuldade” para se atingir o patamar exigido pela Associação Arco-Íris. “Apenas pe-dimos protecção para as vítimas, não pedimos o reconhecimento do casa-mento. A lei deveria incluir sobretudo a protecção civil, independentemente dos casais serem do mesmo sexo ou não. Ainda temos vários passos a tomar até que seja uma lei perfeita”, concluiu.- A.S.S.

ONU GOVERNO NÃO COMENTA PROPOSTA Depois do Comité das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres ter feito recomendações a Macau nesta área, lembrando o facto de não existir uma comissão sobre os direitos humanos, o Executivo nada tem a dizer. “O IAS não pode responder, por enquanto”, afirmou Iong Kuong Io.

“Tendo em conta a corrente principal da sociedade, [a violência doméstica] vai ser um crime público e o Governo concorda com esta atitude”IONG KUONG IO Presidente do Instituto de Acção Social

estudou objectivamente a matéria”, acrescentou ainda.

DEFINIÇÕESLeong Pou Ieng, directora subs-tituta de André Cheong, director dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ), que não pôde estar presente, explicou que “o mais importante é que vai haver uma consequência negativa para o agressor”, frisando que ainda é necessário definir claramente os

casos em que a violência doméstica acontece, de facto.

“Quais os actos que poderão ser considerados como crime de

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5 políticahoje macau terça-feira 11.11.2014

Tráfego, habitação e saúde são os temas que mais preocupam a população. Isso mesmo o demonstram mais de cem mil opiniões enviadas a Chui Sai On, durante a campanha para o cargo de Chefedo Executivo –destas, quase 90mil dizem respeito aos problemasde trânsito

FIL IPA ARAÚ[email protected]

O que é que, efectiva-mente, preocupa a população? O tráfe-go. Pelo menos é o

que indicam as cerca de 87.500 opiniões enviadas a Chui Sai On, Chefe do Executivo, durante os 14 dias de campanha ao cargo de líder do Governo. Esta área ocupa 73% do total das opiniões enviadas pela população e fica lado a lado com opiniões sobre a habitação e a saúde.

As opiniões reflectem preocu-pações sobre a necessidade de me-lhorar a gestão rodoviária, atenuar o congestionamento do tráfego e dar primazia aos transportes públicos.

“Há opiniões que apontam para a necessidade de melhora-mento dos serviços de autocarro, melhorando os percursos e o mo-delos de funcionamento”, lê-se no resumo dos resultados. A polémica questão dos táxis não foi deixada em claro pela população, sendo que foi tema “numa grande parte das opiniões” dentro desta área.

73%das opiniões enviadas pela

população dizem respeito ao trânsito

GOVERNO MAIS DE CEM MIL OPINIÕES RECOLHIDAS POR CHUI SAI ON

O carro, a casa e a nossa saúde

SUFRÁGIO COM POUCO PESOQuestionado sobre o número de opiniões recolhidas que se debruçavam sobre sufrágio universal, o coordenador Lao Pun Lap não soube dar um número concreto de sugestões, mas garantiu que foram poucas. “Não sei dizer quantas foram, não tenho números aqui, mas sei que não foram muitas”, avançou. Em nota de rodapé, o Consultor Principal do GEP, Mi Jian, quis esclarecer que apesar de muitas pessoas estarem preocupadas com o que se passa nas regiões vizinhas “na luta pela democracia”, em Macau espera-se que exista um “Governo que assuma as responsabilidades e que tenha coragem de assumir os desafios a acontecer”.

Sai On e um mês e meio depois, o Gabinete de Estudo das Políticas (GEP), depois da recolha e análise, apresentou os resultados ontem, esclarecendo que esta actividade “não é uma sondagem, mas sim uma recolha de opiniões”, con-forme esclareceu o Consultor Principal do GEP, Mi Jian.

HABITAÇÃOAlém do trânsito, em segundo lugar na lista de preocupações está a habitação e o planeamento urbanístico, que fez tema em mais de 75 mil opiniões.

Para a população, o Governo deve aperfeiçoar as políticas de habitação satisfazendo as necessi-dades habitacionais dos residentes. O preço dos imóveis é também uma das maiores preocupações da sociedade.

“Não é só a classe com menor rendimento que sofre deste pro-blema, a classe média também”, defendeu Lao Pun Lap, coorde-

nador do GEP. “Por isso, acredi-tamos que deve haver um fundo para apoiar a população”, disse, referindo-se à população que quer comprar casa pela primeira vez, e “um crédito sem juros”, que

permita auxiliar os interessados em comprar uma casa.

Optimizar o planeamento dos novos aterros é outra das preocu-pações da sociedade, que defende que os mesmos devem ser me-

lhor aproveitados. “A população considera que o Governo deve maximizar o aproveitamento dos terrenos”, sublinha Lao Pun Lap. Esta maximização passa pela cons-trução de mais habitações, serviços sociais e espaços verdes.

FACULDADE DE MEDICINA PRECISA-SE A ocupar o terceiro lugar do pódio estão os cuidados médicos e de saúde. Das quase 49 mil opiniões recebidas sobre esta área, muitas foram também as sugestões deixa-das ao Executivo.

A população defende que o Governo deve acelerar a constru-ção do hospital das ilhas, reforçar a formação do pessoal médico e de enfermagem, criar mais e melhores serviços de reabilitação e de cuidados médicos destinados a pessoas com deficiências e, entre outras, criar definitivamente uma Faculdade de Medicina.

A saúde física e mental dos jovens, assim como os trabalhos de controlo do tabagismo foram outras das preocupações apresen-tadas pela população. “Não é só em Macau que a população está preocupada, mas também a nível internacional”, explicou o coorde-nador, exemplificando que o au-mento de vagas em universidades estrangeiras para alunos de Macau pode ser um dos incentivos à maior e melhor formação de talentos.

TNRO regime de gestão dos trabalha-dores não-residentes (TNR) foi, segundo o coordenador do GEP, um dos assuntos de peso.

“Muitas opiniões manifestam preocupação sobre as medidas alusivas aos TNR, nomeadamente o número [desses trabalhadores], a aprovação da contratação e o mecanismo para a saída e a impor-tação de motoristas profissionais”, explica o resumo.

A lista segue-se com os assun-tos económicos, assuntos sociais e segurança social, que ultrapassam as 40 mil opiniões recolhidas cada. Os assuntos laborais e o sector ju-rídico e político seguem-se na lista de preocupações, sucedendo-se a Administração Pública, cultura e educação, desporto e diversão, assuntos de jovens, cooperação regional, formação de quadros qualificados, protecção ambiental, planeamento urbanístico, corrup-ção e, por fim, a segurança, com menos preocupação.

Questionado sobre se consi-dera que o facto da população ter apontado estes problemas pode significar que houve falhas na governação, Ma Jing nega.

TÁXIS, ETERNO PROBLEMAApesar de não saber o número real de opiniões e sugestões recolhidas, Lao Pun Lap esclareceu que, dentro da temática relativa ao tráfego, a questão dos táxis foi das mais referidas. “Não sei quantas foram, mas sei que foram uma grande parte, dentro deste assunto. Recebemos muitas opiniões sobre os táxis”, disse ontem o coordenador do GEP.

A população, tendo como base esta recolha, defende que o Gover-no além de aumentar o número de táxis, deve combater as infracções directamente relacionadas, tais como, as recusas por parte dos condutores, a cobrança excessiva e a dificuldade em aceder ao serviço.

Chegaram quase 120 mil opi-niões à sede de campanha de Chui

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“O recente caso de violência apelou a uma maior atenção por parte da sociedade na segurança dos alunos entre a escola e a casa. Houve pais que reflectiram que, se os funcioná-rios dos centros tivessem formação profissional, não iam deixar as crianças em contacto com pessoas hostis ou com instabilidade de hu-mor, algo que poderia reduzir casos como o que aconteceu”, defendeu ainda a deputada.

OUTRAS REVISÕESWong Kit Cheng, número dois de Ho Ion Sang no hemiciclo, defen-de ainda uma revisão ao Regime de Licenciamento e Fiscalização dos Centros de Apoio Pedagógi-co e Complementar, o qual, diz, “nunca teve uma revisão durante os últimos 15 anos”.

A deputada mostra-se preocupa-da com o que diz existir em Macau nos últimos anos. “Apareceram alguns centros de explicações com uma baixa qualidade, onde surgiram casos de castigos corporais e outros actos”, acusou Wong Kit Cheng.

Wong lembra que a Direcção para os Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) tentou muitas vezes alterar a lei, por forma a integrar todas as instituições que prestam serviço de transporte e acolhimento dos alunos sob uma nova fiscalização. Contudo, duas consultas públicas depois, o Governo está ainda a planear rea-lizar uma terceira, algo que levanta dúvidas à deputada.

“Em seis anos foram feitas três consultas, será que a DSEJ enfrenta alguma dificuldade?”, questiona Wong Kit Cheng.

Recorde-se que, recentemente, houve também casos de centros de explicações que estavam a operar sem licença da DSEJ, sob o nome de centro de transporte de alunos, algo que difere de um centro de explicações.

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6 política hoje macau terça-feira 11.11.2014

CECÍLIA L [email protected]

O caso recente de um pai de um aluno que bateu numa outra criança num centro de expli-

cações levou a deputada Wong Kit Cheng a entregar uma interpelação escrita ao Governo, onde exige que seja garantida a segurança dos mais jovens fora da escola e da sua casa, em locais como os centros de explicações. A deputada pede

Consultas públicas “não são científicas”Angus Cheong, considerado uma figura de destaque no ramo das consultas públicas e de opinião, diz que a metodologia utilizada na maioria das pesquisas em Macau não é científica, avança o jornal Macau Business Daily. De acordo com o presidente da Associação de Pesquisa de Macau, esta lacuna poderá dar às pessoas perspectivas incorrectas sobre a opinião pública. “Mais e mais pesquisas estão a ser conduzidas por organizações, universidades e Governo, mas as pessoas normalmente só prestam atenção aos resultados e raramente prestam atenção à metodologia e qualidade da análise”, disse Cheong, citado pelo jornal. “Assim, enganam-se os decisores políticos e o público em geral.”

TNR Angela Leong quer mais medidasA directora da Sociedade de Jogos de Macau expressou ontem o desejo de que o Governo lance uma política para ajudar as empresas de Jogo a oferecer alojamento aos seus TNR em Zhuhai. Segundo o jornal Ou Mun, a responsável assegura que, actualmente, há autocarros que transportam os funcionários da SJM para o trabalho, sendo que foi lançado também um subsídio de habitação para os TNR, conforme assegura a empresa, contudo, como Macau tem recursos muito limitados ao nível de terrenos, a deputada quer que o Governo possa lançar uma política que ajude as operadoras a procurar habitação nas cidades vizinhas, como Zhuhai, para oferecer um ambiente melhor de habitação aos TNR.

A Lei de Protecção dos Animais foi aprovada na

generalidade na Assembleia Le-gislativa (AL), mas o diploma prometido já desde 2005 está a causar dúvidas à presidente da Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau (APAAM), Yoko Choi, que considera que existem cláusulas e definições que não são concretas, nem estão claras.

Yoko Choi referiu ao Jornal Cheng Pou que espera que,

no processo da discussão da lei na especialidade na AL, se esclareçam algumas cláusulas, de forma a evitar a existência de zonas cinzentas na lei, algo que foi já pedido por outros associações de animais, como a ANIMA. Caso contrário, diz, a lei será difícil de executar.

“No passado, existiram situações não claras, como por exemplo quando animais esta-vam presos dentro de casa por muito tempo. Será que a polícia

pode ajudar ou apenas pode esperar pelo proprietário, como é a situação actual? Ou quando residentes e grupos sociais tirarem fotografias ou vídeos de venda ilegal ou assassinato de animais, serão essas provas válidas?”

A presidente considera que, como esta lei é primeira em Macau, deve existir espaços para aperfeiçoamento, algo que, contudo, está nas mãos dos deputados e Governo.

CENTROS DE EXPLICAÇÃO DEPUTADA PEDE NOVO DIPLOMA

Riscos fora da escola

“Hoje em dia existem cada vez mais casasem que ambos os pais trabalham e os seus filhos precisam muito da ajuda dos centrosde explicações e de outros serviços”

mesmo a revisão do diploma que licencia estes espaços, o qual data de 1998 e sofreu algumas altera-ções em 2002.

“Hoje em dia existem cada vez mais casas em que ambos os pais

trabalham e os seus filhos preci-sam muito da ajuda dos centros de explicações e de outros serviços”, começou por apontar a deputada eleita pela via directa e ligada à Associação Geral das Mulheres.

A deputada Wong Kit Cheng requer a revisão do documento que licencia os centros de explicações, sem alterações desde 2002

Animais APAAM apela a esclarecimento da lei

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7hoje macau terça-feira 11.11.2014

O Tribunal de Última Instância considerou que cabe ao Executivo e não à Associação de Advogados de Macau decidir o acesso à advocacia. Hong Weng Kuan, que sempre defendeu os alunos da MUST, apoiao acórdão

ANDREIA SOFIA SILVA* [email protected]

O caso do jovem licenciado em Direito pela Universidade

de Ciências e Tecnologia (MUST) que não conse-guiu ter acesso ao estágio de advocacia por recusa da Associação dos Advo-gados de Macau (AAM) chegou ao fim. O Tribunal de Última Instância (TUI) considerou que, com base nas leis em vigor, a AAM não tem o direito de deci-dir o acesso à profissão, devendo aceitar os licen-ciados de Macau.

O caso deste aluno que co-locou a AAM em tribunal não é o único. O HM falou

com duas licenciadas em Direito pela Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST), que garantem que é difícil ter acesso à advocacia: primeiro, porque é difícil aos alunos do continente, que compõe na sua maioria as turmas de Direito, obterem a re-sidência. Depois, porque a AAM pura e simplesmente não aceita os licenciados.

Vicky, que actualmente traba-lha na Função Pública, nem sequer tentou candidatar-se a um estágio, porque diz que a sua personalida-de nunca seria compatível com a profissão de advogada. Mas tem colegas que gostariam um dia de vestir a toga. E não tem dúvidas: “para aqueles que querem tentar, a AAM devia alterar as regras”. A aluna conta mesmo que os licen-ciados só têm conhecimento desta situação quando se confrontam com a realidade. “Os professores

ADVOCACIA TRIBUNAL DIZ QUE AAM NÃO TEM PODER PARA DECIDIR ACESSO

Uma profissão “aberta”

MUST ALUNOS PEDEM QUE ASSOCIAÇÃO ALTERE REGRAS

A competir nos entendemos

“Tanto o Governo como os exames de acesso à carreira de magistrados aceitam os alunos da MUST, porqueé que a AAM não aceita?”HONG WENG KUAN Advogado

anos quase só aprendemos Direito da China. Por exemplo, quando aprendemos Direito Constitucio-nal não ficámos com muita ideia quanto ao conteúdo. Mas os outros dois anos foram melhores, porque só aprendemos Direito de Macau e isso fez com que ficasse mais inte-ressada no curso”, conta ao HM.

Lucy Lu também aponta algu-mas falhas ao programa. “Agora há mais conteúdos sobre Direito Administrativo de Macau e tam-bém sobre a linguagem jurídica local, mas há muita legislação de Macau que não é ensinada”, disse ao HM. Apesar disso, a aluna da província de Sichuan gostou de estudar na MUST, onde afirma ter obtido “conhecimentos sobre as várias variantes do Direito”.

“Tínhamos bons professores e disciplinas variadas onde tínhamos de estudar as leis da China e também a lei de Macau. Também tínhamos uma disciplina onde aprendíamos a introdução ao Direito inglês”, recorda a doutoranda. - A.S.S.

não dizem nada sobre esta situa-ção, sabemos disto pelo jornal”, aponta.

Já Lucy Lu, oriunda da cida-de de Chengdu, na província de Sinchuan, optou pela MUST pela

oportunidade de conhecer pessoas de outras culturas durante o pe-ríodo universitário. Hoje exerce advocacia no continente e garante que é muito difícil ter acesso a uma carreira na RAEM para aqueles

que passam pelos corredores da universidade privada.

“Seria melhor, não só para o desenvolvimento de Macau mas também para nós, alunos, abrir o programa de estágios aos alunos, quer sejam da China ou não. É im-portante que haja mais competição nesta área”, garantiu Lucy Lu, ac-tualmente aluna de doutoramento também na MUST.

E OS CONTEÚDOS? Se a AAM considera que o curso de Direito da MUST é incomple-to e não ensina o Direito local, o que pensam os alunos? Vicky, que chegou a tentar a sua sorte na Universidade de Macau (UM) recorda que, nos primeiros dois anos da licenciatura, não gostou das disciplinas. “Durante quatro

A notícia já tinha sido avançada pelo jornal Ponto Final, mas ontem o acórdão foi tornado público de forma oficial.

“Nem o Estatuto do Advogado ora vigente, nem o Regulamento do Acesso à Advocacia anterior à introdução de alterações confere à AAM qualquer poder discricionário no âmbito do reconhecimento e verificação de habilitações académicas. Antes pelo contrário, ambos vinculam a AAM à aceitação de uma licenciatura em Direito desde que obtida em Macau, daí que não possa a AMM subverter a lei, impondo restrições aos requisitos legais para a inscrição como advogado estagiário”, refe-re o acórdão.

O tribunal considera mesmo que a AAM não pode passar à frente da tu-tela dos Assuntos Sociais e Cultura, a qual, aponta, tem poder para analisar estes casos. “Se a licenciatura em Direito atribuída pela MUST é habilitante, se os licenciados respectivos têm capacidade para trabalhar na área jurídica em Macau, essas são questões que de-vem preocupar a entidade pública que tutela o ensino superior ministrado em Ma-

cau, não podendo a AAM substituir-se a essa tutela”, defende o TUI.

COM PRAZERO HM tentou chegar à fala com Paulino Comandan-te, membro da direcção da AAM, mas tal não foi possível até ao fecho des-ta edição. Já Hong Weng

Kuan, advogado que sem-pre defendeu o acesso de licenciados da MUST à profissão, concorda com a decisão do tribunal.

“A profissão tem que ser aberta. Antes de existir a Universidade de Macau havia a Universidade da Ásia Oriental, por isso não se pode dizer que o Direito de Macau é o que se aprende na UM. Tem de se aprender nas universidades de Ma-cau, incluindo a MUST”, diz ao HM.

“Tanto o Governo como os exames de acesso à car-reira de magistrados aceitam os alunos da MUST, porque é que a AAM não aceita? A AAM tem a sua razão, porque os que não estudam Direito de Macau devem ter um período de ajustamen-to para entrar no sistema jurídico. Mas devem dar uma oportunidade a estes alunos”, disse ainda Hong Weng Kuan. - •com Cecília Lin

“Nem o Estatuto do Advogado ora vigente, nem o Regulamento do Acesso à Advocacia anterior à introdução de alterações confere à AAM qualquer poder discricionário no âmbito do reconhecimento e verificação de habilitações académicas”ACORDÃO DO TUI

SOCIEDADE

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CRIMES FACE A 2013

8 sociedade hoje macau terça-feira 11.11.2014

LEONOR SÁ [email protected]

A criminalidade em Macau teve um aumento de 3,8% nos primeiros

nove meses do ano, com os crimes de extorsão e usura a aumentarem exponencial-mente. De acordo com o Secretário para a Segurança, Cheong Kuoc Vá, estes foram os crimes que mais ocorreram entre Janeiro e Setembro deste ano, tendo o primeiro subido 125,7% e o segundo aumen-tado 48,7%.

Cheong Kuok Vá explica que a subida destes crimes de usura e extorsão “tem a ver com actividades ilegais do sector do Jogo”, sendo que, na sua maioria, terão sido cometidos por pessoas de fora de Macau.

As estatísticas avançam ainda que a percentagem de acções criminosas aumentou quase 4% - com mais de dez mil crimes registados - desde o ano passado, sendo que a completar a lista dos delitos mais frequentes estão a ofensa grave à integridade física – onde se inserem as ameaças, raptos, sequestros

Deputado quer Metro em Macau mais cedoO deputado Au Kam San questiona o Governo se existe possibilidade de antecipar as obras de construção da linha do metro ligeiro na Península de Macau, tendo em conta que a parte da ponte de Sai Van que vai para a Barra deverá estar pronta na mesma altura que as obras na Taipa, em 2016. Sobre o mesmo tema, e em resposta à deputada Song Pek Kei, o Gabinete para as Infra-Estruturas de Transportes (GIT) afirmou que o Executivo já tentou minimizar a pressão das estradas devido às obras do metro da Taipa.

Cartões Crédito pessoal aumenta quase 3%O número de cartões de crédito pessoal aumentou 2,9%, atingindo as 819,930 unidades, segundo um estudo sobre a utilização de cartões de crédito ontem publicado pela Autoridade Monetária de Macau. O total dos cartões de crédito em patacas atingiu 583.754, sendo que há ainda 85.609 cartões de crédito em dólares de Hong Kong e 150.567 cartões de crédito em renminbis, registando um acréscimo trimestral de 3,0%, 5,5% e 1,2%, respectivamente. Comparado com o ano anterior, cartões de crédito em patacas e em dólares de Hong Kong registaram um acréscimo de 13,1% e 10%,.

AUMENTOS

Extorsão (mais 125%)

Usura (mais 48,7%)

Delinquência juvenil (mais 30,6%)

Ameaça (mais 23,4%)

Falsa declaração (mais 18,7%)

Passagem de moeda falsa (mais 12%)

Desobediência (mais 10,9%)

Dano (mais 10,5%)

Criminalidade violenta (mais 8,3%)

DIMINUIÇÃO

Consumo de drogas (menos 49,6%)

Fogo posto (menos 46,7%)

Tráfico e venda de drogas (menos 15,8%)

Falsificação de documentos (menos 14,4%)

Roubo (menos 12,4%)

Furto (menos 10,3%)

A subida dos crimes de usura e extorsão“tem a vercom actividades ilegais dosector do Jogo”CHEONG KUOK VÁ Secretáriopara a Segurança

Os crimes ligados ao Jogo aumentaram exponencialmente nos primeiros nove meses do ano, a par de uma subida no crime geral de quase 4%. Diminuição nos casos relacionados com droga e zero homicídios registados

CRIMINALIDADE EXTORSÃO E USURA COM CRESCIMENTO ACENTUADO

Pecados de um Jogo maior

e actos de tortura –, que cresceu 50% relativamente ao período homólogo de 2013. Mas não só.

JOVENS DELINQUENTESA delinquência juvenil - com a detenção de mais 11 jovens do que no ano passado - continua na lista dos crimes mais frequentes. Foram registados mais 30,6% de casos de delinquência juve-nil, totalizando 47 situações, que envolveram 65 jovens - mais 18,2% do que no ano passado.

A mesma secretaria avança ainda que o núme-ro de casos entregues ao Ministério Público (MP) aumentou mais de 33%. No

entanto, e ao contrário de anos anteriores, o número de jovens do sexo feminino detidas aumentou para mais de metade, ou seja, 100%. Isto porque, de acordo com comunicado, foram detidas

14 mulheres, comparando com as sete adolescentes investigadas pelo MP em 2013. Mesmo assim, é o sexo masculino que conti-nua a liderar os crimes de delinquência juvenil.

Também os crimes de falsa declaração (que re-gistaram um crescimento de 18,7%) e excesso de permanência, que aumentou 21,5% nos primeiros nove meses deste ano.

O Secretário para a Segurança aproveitou para relembrar as medidas que entraram em vigor a partir de Julho para prevenir o aumen-to do número de pessoas com excesso de permanência. “Foi aumentado o valor da multa [para quem exceder o prazo de permanência] para 500 patacas e o prazo de autorização de permanên-cia para cidadãos da China passou de sete para cinco dias”, frisou, anunciando que a punição pode vir a subir das 500 patacas para “800 ou mil patacas”.

Cheong Kuoc Vá espera que, através destas medidas,

o número de pessoas ilegais no território venha a dimi-nuir exponencialmente.

MENOS DROGA,ZERO HOMICÍDIOS Questionado sobre o núme-ro de homicídios cometidos entre Janeiro e Setembro, Cheong Kuok Vá disse não ter ocorrido qualquer crime deste tipo durante todo o ano.

Já o número de crimes de tráfico e venda de drogas diminuiu 15,8% quando comparado com o mesmo período de 2013. Também o consumo de estupefacientes diminuiu significativamen-te, registando uma descida de quase 50% em relação ao ano passado.

Na lista ontem apresen-tada pelo Secretário para a Segurança estão ainda os crimes contra a pessoa, danos, furtos e roubos (crimes contra o territó-rio), desobediência, fogo posto, acolhimento ilegal de pessoas, passagem de moeda falsa e falsificação de documentos.

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9 sociedadehoje macau terça-feira 11.11.2014

Restaurantes Melhor que Zhuhai mas em queda Um estudo feito pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (UCTM) mostra que, comparando Macau e Zhuhai, os consumidores estão mais satisfeitos quando fazem compras e têm refeições nos restaurantes de Macau. Contudo, a satisfação dos clientes face aos restaurantes de Macau registou a maior queda dos últimos oito anos. A universidade aponta que a satisfação relacionada com os restaurantes está ligada à qualidade do serviço, porque, nos últimos anos, como faltam recursos humanos, os participantes no sector tiveram de reconsiderar como atrair, formar e manter os seus funcionários.

Fai Chi Kei Governo constrói creche O Governo prevê adicionar mais uma creche no Fai Chi Kei, numa colaboração com a Associação Geral das Mulheres de Macau, que vai gerir a creche. Em declarações ao Jornal Va Kio, a directora da associação, Lam Un Mui, referiu que as creches na zona do Fai Chi Kei e da Bacia Sul do Patane têm sempre mais inscrições, pelo que será “provável que o IAS vá adicionar mais uma creche no Fai Chi Kei”, diz, segundo uma resposta que recebeu. O local vai oferecer cerca de 150 vagas.

Pousada de São Tiago não vai fecharAngela Leong negou ontem os rumores de que a Pousada de São Tiago da Barra iria fechar este mês. A proprietária assegura que até quer aumentar o número de quartos. Segundo informações do jornal All About Media, a pousada foi classificada como património cultural e pertencia a Stanley Ho, tendo agora passado para Angela Leong. “A propriedade é minha e sou uma pessoa nostálgica, por isso, a pousada não vai ter muitas mudanças. Há possibilidade a aumentar mais quatro quartos, mas temos de combinar o acréscimo de árvores e o desenho geral também.”

Ensino Inscrições para vagas em universidades lusas

ESTÃO, desde hoje, abertas as inscri-

ções para o Projecto de Continuação dos Estu-dos em Portugal pelos alunos residentes no território e que comple-tam o ensino secundário em Macau. O número total de vagas é de 20 e os alunos elegíveis podem candidatar-se até dia 28. As candidaturas destinam-se a todos os jovens que pretendam ingressar num curso de licenciatura leccio-nado numa universi-dade portuguesa, no próximo ano lectivo de 2015/2016.

O Direito é, de acor-do com comunicado da Fundação Macau (FM), o sector prioritário e o valor do subsídio ofere-cido pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude e pela FM para a licenciatura é de 65 mil patacas por cada ano de estudo. Os resultados dos alunos seleccionados serão publicados em meados de Fevereiro do próxi-mo ano.

Este é um projecto que tem vindo a acon-tecer há já 10 anos e que tem o objectivo de formar profissionais bilingues na área do Direito. Às 20 vagas existentes podem candi-datar-se todos os alunos que tenham completado o ensino secundário numa das instituições de ensino do território, se-jam portadores do BIR permanente e tenham frequentando uma das escolas locais durante pelo menos quatro anos.

O processo de can-didatura pode ser efec-tuado no website da FM.

CECÍLIA L [email protected]

O aumento das tarifas de táxi deve acontecer até final deste ano, disse ontem Kuok Keng Man,

membro do Conselho Consultivo de Trânsito, que considera que atrasar o aumento das tarifas para daqui a um ano poderá trazer impacto aos taxis-tas. Depois do Governo ter anunciado que as tarifas vão mesmo aumentar até ao fim do ano, o responsável diz concordar, ressalvando até que as pessoas não podem ligar o aumento das tarifas aos serviços prestados.

“Não é justo relacionar as tarifas praticadas com o serviço oferecido. O facto do serviço ser mau deve-se à falta de oferta de táxis e o Governo devia primeiro estudar a localização do serviço de táxis e criar um sistema de licitação de forma a estimular a concorrência”, disse Kuok ao jornal Ou Mun.

Ainda assim, o membro do Con-selho defende a aplicação de uma abordagem mais prática para dis-cutir o estabelecimento das tarifas. “Actualmente, o pedido de aumento das tarifas e o processo de aprova-ção desta medida são confusos. Por exemplo, o pedido de aumento dos preços foi feito em duas vezes: pri-

“Não é justo relacionar as tarifas praticadascom o serviço oferecido. O facto do serviço ser mau deve-se à falta de oferta de táxis”KUOK KENG MAN Membro do Conselho Consultivo de Trânsito

Membros do Conselho Consultivo de Trânsito dizem que é injusto quese ligue o aumentodas tarifas aos serviços prestados pelos táxise pedem pagamento extra aos queagora desempenhama funçãode rádio-táxis,mas concordamcom um sistemamais rigorosopara o aumentodas tarifas

TÁXIS ESPECIALISTAS PEDEM MAIS RIGOR NA SUBIDA DE TARIFAS

Ligações danosas

meiro foi apenas uma associação a apresentar e depois é que se juntaram outras das associações”, referiu.

PRIORIDADE AOS PROPRIETÁRIOSKuok Keng Man aproveitou ainda para sugerir ao Governo que fosse criado um mecanismo onde apenas os proprietários dos veículos pudessem efectuar os requerimentos. É que, de acordo com Kuok, tal medida faria com que o Governo estudasse a implementação dos aumentos, simultaneamente criando um calen-dário habitual de aprovação. “Além disso, é necessário discutir melhor o modelo geral das tarifas”, acrescen-tou o responsável.

Na sua perspectiva, é ainda preciso estudar a hipótese de uma tarifa extra

para os táxis pretos que agora também desempenham o serviço de rádio-tá-xis. Algo que o Governo, recorde-se, rejeitou aos táxis amarelos.

Outro dos representantes do Conselho Consultivo de Trânsito, Kou Kun Pang, disse que há dois pontos a considerar na questão dos aumentos. “Apesar das tarifas, é necessário implementar medidas legais para assegurar um serviço legítimo, como vídeo-vigilância ou

polícias às paisana”, adiantou Kou ao jornal Ou Mun. “Acredito que a grande maioria dos [taxistas] são bons profissionais e têm que obter lucros razoáveis pelo trabalho de-sempenhado. Aumentar as tarifas do serviço é uma maneira para encorajar o sector, mas se o serviço oferecido depois da implementação dos aumentos ficar pior, o Governo tem que ponderar as consequências do aumento”, explicou.

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VINTE ANOS DEPOIS • JÚLIO MACHADO VAZSurgido em 1989, era um dos mais inovadores programas da rádio. Sob a esquiva designação de «O Sexo dos Anjos», falava de sexualidade e de amor como nunca antes se fizera nos meios de comunicação portugueses. Dois anos depois, o programa seria fixado em livro com o acrescento de vários textos originais de Júlio Machado Vaz. Seguiram-se outros livros do autor, como Domingos, Sábados e Outros Dias, Conversas no Papel e Estilhaços.O que se publica agora é uma antologia dessas diferentes obras que, mais do que comemorar uma efeméride, evidencia a actualidade de um modo de abordagem das variadas metamorfoses do amor.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

AMÁLGAMA • RUBEM FONSECAUm assassino de anões que reflecte sobre o amor; um homem que mata gatos e cães mas tem pudor em proferir palavras torpes; um rapaz que odeia gente má e usa a sua bicicleta como instrumento da justiça; vários escritores frustrados. No mais recente livro de Rubem Fonseca, os contos e alguns poemas - pungentes, intrigantes, secos como um soco – perambulam pela cidade.

10 hoje macau terça-feira 11.11.2014EVENTOSAFA Exposição de jovens talentos A associação cultural Art For All (AFA) vai acolher, entre os próximos dias 17 e 30, a mostra “My Art Playground”, que compreende 43 pinturas a óleo executadas por 13 crianças do território. O objectivo passa, de acordo com comunicado da associação, por permitir que os visitantes tenham uma perspectiva diferente acerca da arte feita pelos mais novos. A AFA está aberta diariamente das 12 às 19 horas e localiza-se na Estrada da Areia Preta. A mesma associação cultural tem vindo a organizar várias iniciativas do género, uma delas estando ainda a decorrer e que pretende mostrar ao público 56 trabalhos de 21 artistas locais. O “Autumn Salon 2014” está patente na Fundação Oriente, até ao final do corrente mês.

USJ Conferência sobre culturae identidade macaenses A Universidade de São José apresenta amanhã a conferência “Padrões da Migração Macaense, Desenvolvimento Cultural e Identidade”, a ser apresentada por Roy Eric Xavier. “A história de Macau e das suas gentes é também a história da cultura macaense, conforme o seu desenvolvimento durante diversas migrações e o assentar pela Ásia, que começou em meados do século XVI”, começa por dizer a organização. “Durante os 300 anos que se seguiram a 1557, vários elementos da cultura e identidade macaenses solidificaram-se, incluindo a existência de um dialecto crioulo, devoção religiosa adaptada às condições, literatura expressa e artes culinárias.” Roy Eric Xavier é formado em Sociologia pela Universidade da Califórnia, onde dirige o Projecto de Estudos Macaenses e Portugueses. A conferência tem lugar às 18h30 e tem entrada livre, debruçando-se, segundo a organização, “num olhar mais atento sobre as migrações macaenses e a relação com a cultura e identidade”.

USJ Creative Macau acolhetrabalhos de alunos A Creative Macau vai acolher, entre os dias 13 e 29 deste mês, trabalhos dos alunos da licenciatura em Média e Comunicação da Universidade de São José (USJ). A mostra compreende obras de vídeo, fotografia, fotomontagem, média interactivos, animação e design gráfico. A inauguração tem lugar amanhã, entre as 18h30 e as 20h30 horas. Não é a primeira vez que a USJ prepara exposições para dar a conhecer os seus alunos, nomeadamente a MultipliCity, que aconteceu no mesmo local, entre Maio e Junho passados.

Venetian “Winter in Venice” regressaem Dezembro com pista de geloO Inverno está de volta a Macau, mas a neve, essa, só regressa ao Venetian. Pela terceira vez, a área exterior do hotel-casino estará coberta de neve a partir do dia 3 de Dezembro e até 4 de Janeiro. Durante um mês, o evento “Winter in Venice” promete trazer aos apreciadores do frio entretenimento digno de um país nórdico. “Criaremos um país das maravilhas, mas de neve, para comemorar a estação”, avança o Venetian em comunicado. Projecções de luz a três dimensões, queda de neve artificial e uma “verdadeira pista de patinagem no gelo” são as promessas do Venetian. O evento tem entrada livre, estando aberto diariamente.

J Á começou o 14º Festi-val de Gastronomia de Macau, que se realiza até

23 de Novembro, na Praça do Lago Sai Van. Cerca de uma centena de estabelecimentos de restauração locais partici-pam no evento para mostrar a diversidade da cultura gas-tronómica única de Macau. Mas não só. A organização convidou participantes de Kansai, no Japão, para ocupar a parte inferior da Praça na especialmente criada “Vila japonesa - Kansai”, para trazer o que de melhor tem o Japão ao nível da gastronomia.

O conjunto fundado há 80 anos pelo famoso trompetista norte-americano chega em Dezembro ao Venetian com um colectivo que integra 17 instrumentistase dois vocalistas

JAZZ COUNT BASIE ORCHESTRA NO VENETIAN

Uma orquestra diferente

No seu repertório, a Count Basie Orchestra conta com famosos nomes do circuito jazz e ‘blues’, como Frank Sinatra e Ella Fitzgerald

COMIDA FESTIVAL DE GASTRONOMIA JUNTO AO LAGO SAI VAN

Cultura de faca e garfo

O colectivo norte--americano Count Basie Orchestra vai actuar em Ma-

cau no próximo mês. Fundado há quase 80 anos, o grupo actua no Venetian Theatre, às 19h45 horas do dia 7 de Dezembro, sendo que os bilhetes estão já à venda.

Como indica o nome, este colectivo não é uma orquestra clássica, mas sim de jazz.

À semelhança de anos anteriores, há cinco zonas de iguarias diferentes - chine-sas, europeias, asiáticas – e sobremesas. A “Vila japonesa – Kansai” concetra mais de 20 estabelecimentos de restau-ração das regiões de Osaka, Hyogo, Tokushima, Kyoto, Nara, Wakayama, Mie, Shiga e Fukui, entre outros.

Para juntar mais elementos

festivos ao Festival, há ainda tendas de jogos e espectácu-los todas as noites, durante o Festival.

O Festival de Gastronomia decorre até dia 23 e está aberto de segunda a quinta-feira das

17h00 às 23h00 e de sexta--feira a domingo das 15h00 à meia-noite.

O Festival é organizado pela União das Associações dos Proprietários de Estabelecimen-tos de Restauração e Bebidas de Macau e patrocinado pela Direcção dos Serviços de Tu-rismo, pela Fundação Macau e pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais.

Uma das mais conhecidas mundialmente, tendo actuado em vários locais dos EUA, Tóquio, Grécia, Londres, entre outras capitais e países.

A Count Basie Orchestra foi criada pelo compositor e pia-nista William Count Basie, em 1935. Agora, pisam o palco do Venetian 19 pessoas, incluindo

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MGM ESCOLAS DE MACAU EM 3º LUGAR EM CAMPEONATO DE DANÇA DO LEÃO

11 eventoshoje macau terça-feira 11.11.2014

Madrid Novo museu só tem um quadro

• A Associação

Desportiva do Leão

Acordado Lo Leong

ficou em terceiro

lugar no campeonato

de Dança do Leão

organizado pelo MGM,

no passado fim-de-

semana. A escola

local conseguiu 9,08

pontos, ficando atrás

da campeã, a Kuong

Ngai Dragon & Lion

Dance Association,

da Malásia, que

conseguiu 9,25 pontos.

Também na categoria

feminina Macau

marcou pontos, com a

Associação Desportiva

e Recreativa Hong Wai

de Macau a conseguir

o terceiro lugar.

JAZZ COUNT BASIE ORCHESTRA NO VENETIAN

Uma orquestra diferente

COMIDA FESTIVAL DE GASTRONOMIA JUNTO AO LAGO SAI VAN

Cultura de faca e garfo

17 instrumentistas com Alexan-der Stewart e Carmen Bradford a darem voz ao conjunto. O colectivo conta com a condução de Scotty Barnhart, director da orquestra desde Setembro do ano passado. Além de director musical, Barnhart é ainda pro-fessor, compositor e trompetis-ta, tendo participado em várias colaborações com gigantes do jazz como Ray Charles, Tony Bennett ou Diana Krall.

No seu repertório, a Count Basie Orchestra conta com famosos nomes do circuito jazz e ‘blues’, como Frank Sinatra e Ella Fitzgerald.

Foi através do poder de inovação do seu criador, Basie Count, que o colectivo foi capaz de sobreviver ao declínio deste estilo mu-sical, que se deu durante a década de 40. Até hoje, foi já galardoado com 18 ‘Grammys’ e mais de duas dezenas de outros prémios da área da música.

Os bilhetes para assistir ao concerto da Count Basie Or-chestra estão à venda a partir de hoje e custam entre as 200 e as 600 patacas, dependendo do lugar escolhido.

ABRIU ao público na quinta--feira e só tem uma pintura

- de Rubens - no acervo. Outras 39 obras foram emprestadas.

Era um centro cultural na Calle Claudio Coello, zona nobre de Madrid, esta semana reabriu como museu. Museu Carlos de Amberes, a partir da Fundação centenária com o mesmo nome, e apenas com um quadro no seu acervo, O Martírio de San André, de Peter Paul Rubens, ainda com a sua moldura original do século XVI, a partir do qual cresceu uma exposição com outras 39 obras, de mestres flamengos e holandeses - outras duas obras do mesmo pintor, Van Dyck, de David Teniers II, gravuras de Rembrandt ou da quase desconhecida Michaelina Wautier.

Causa espanto um museu sem obras próprias, para mais em tem-pos de contenção financeira, notou a imprensa espanhola noticiando a inauguração do museu, aberto ao público desde quinta-feira. Foram, porém, razões económicas que estiveram na origem do nasci-mento do museu. “Em vez de três ou quatro exposições temporárias por ano temos o museu. Em época de crise, permite menos gastos e mais bilheteira. Podemos abrir todos os dias do ano”, resume. Está aberto segundas, quintas, sextas e sábados (das 10.30 às 20.30), domingos e feriados (das 11.00 às 20.30). A entrada custa sete euros.

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12 publicidade hoje macau terça-feira 11.11.2014

C O M U N I C A D O

MALDITA INCOMPETÊNCIA! BENDITA PACIÊNCIA! III

1. A APOMAC condena, energicamente, a recente tomada de posição da Direcção dos Serviços de Finanças, em fazer cessar, sem aviso prévio e com duvidosa legalidade, o abono do Subsídio de Residência a todos os aposentados que recebem pensões pela Caixa Geral de Aposentações de Portugal, que vinha sendo abonado, desde 2011, a cerca de um milhar de aposentados.

2. Repudiamosaformacomoestáredigidaacarta/notificaçãoenviadapelaDirecçãodosServiçosdeFinançasaosaposentados,pois,nosmoldesemquesefazaquelanotificação,maispareceamesmaumaespéciedealçapão intencionalmenteconstruídoparaosmais incautos.Dandocréditoàs informaçõesali contidas, estaria vedada aos interessados a possibilidade de reclamarem ou recorrerem da decisão, nos termos processuais em que estas matérias são legalmente tratadas. Questionamos, então, se terá sido essa a verdadeira intenção do(s) autor(es) daquele documento.

3. A APOMAC considera tratar-se de uma postura arrogante e autoritária, própria daqueles que têm por hábito “golpear primeiro, depois logo se vê”, prejudicando, com isso, um bom número de pessoas da Terceira Idade, sem dó nem piedade, esquecendo-se, por completo, que são cidadãos nascidos e/ou radicados em Macau que, no passado recente, foram todos funcionários desta mesma Administração que hoje governa a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).

4. A Administração da RAEM sempre foi muito generosa para com todos, mas acaba por demonstrar agora, com esta atitude, a sua mesquinhez para com este grupodeaposentadosque,certamente,nãomereciamsertratadosdestaformaecomestainflexibilidade,semolharaconsequências.Estamosconscientesde que, com isso, pode ter deitado por terra toda a política habilmente seguida e orientada pela construção de uma sociedade harmoniosa, sendo de esperar, assim, uma polarização no seio da comunidade aposentada na RAEM. A quem devemos atribuir as culpas e assacar responsabilidades? Cabe ao Governo, agora, responder.

5. Rejeitamos,liminarmente,qualquerresponsabilidadeemrelaçãoàposturaassumidapelaDirecçãodosServiçosdeFinanças,tantomaisquetemosestadosempre do lado dos mais fracos e dos idosos, apoiando-os sempre que necessário e possível.

6. A APOMAC manifesta, assim, total solidariedade para com todos os Aposentados prejudicados neste processo de abono de “Subsídio de Residência”, sem qualquer discriminação, nem distinção de grupos ou pessoas, pois todos merecem a mesma atenção e apoio. Tem sido este o nosso lema, sempre.

APOMAC, aos 9 de Novembro de 2014

A DIRECÇÃO

公告

庸官害人!百忍成金!(3)

1. 澳門退休人士協會強烈譴責財政局無預先通知以及在法例並未清晰的情況下終止向從葡萄牙退休事務管理局收取退休金之退休人士發放他們之中千多名從二零一壹年起已經收取的房屋津貼。

2. 澳門退休人士協會反對財政局向各退休人士發出之通知信函的表述方式,因為該封通知信函的內容對不細心留意的人簡直是一個故意設計的陷阱。如果相信該信函的信息,關係人將沒可能按照法定處理程序提起聲明異議或訴願。我們不禁要問該信函的起草人這是不是他們的真正意圖。

3. 澳門退休人士協會認為這一取態是橫蠻霸道,是那些習慣「先斬後奏」的人的處事態度。此舉令一群為數不少的長者受到無情的打擊,而忘記了這批人士是生於斯長於斯,過去曾經為同今天一樣管治澳門特別行政區的政府奉獻一生的公務員。

4. 澳門特區政府一向以來對所有市民都是慷慨大方的,但今次的做法郤表現出其對這群退休人士的慳吝小家,因為他們真不應受到這種僵化不顧後果的殘酷對待。我們相信此舉將會摧毀特區政府為建立一個和諧社會而奉行的政策,從而令退休社群嚴重分化。誰使為之?懇請政府作出回答!

5. 澳門退休人士協會絕對反對此次財政局的做法乃因本會引起之責任的說法,因為本會一向以來都是站在弱者及年長者的一方,永遠都在需要的時候及能力所及的範圍內協助他們。

6. 澳門退休人士協會公開聲明完全與今次在「房屋津貼」問題上所有受害的退休人士站在一起,無分彼此,無分團體或個人,因為他們所有人都值得同樣的關懷和扶助。這從來都是我們的座右銘。

二零一四年十一月九日。

澳門退休人士協會理事會啓

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13CHINAhoje macau terça-feira 11.11.2014

Barack Obama aplaudiu os progressos chineses e afirmou que o Pacífico é suficientemente grande para os dois gigantes mundiais

O Presidente nor-te-americano, Barack Oba-ma, saudou

ontem a ascensão global da China e afirmou que o futuro dos Estados Unidos da América está “indisso-ciavelmente ligado à Ásia”.

“Nós saudamos a ascen-são de uma China próspe-ra, pacífica e estável. Eu repito: os Estados Unidos saúdam a ascensão de uma China próspera, pacífica e estável”, disse Obama, num encontro com cerca

MENSAGEM DE PAZO Presidente norte-americano, Barack Obama, indicou ontem que os Estados Unidos estão empenhados em “evitar a violência” em Hong Kong, território chinês agitado há mais de um mês por manifestações pró-democracia que Pequim considera ilegais. “A nossa principal mensagem tem sido assegurar que se evite a violência”, disse Obama a jornalistas em Pequim, adiantando que os Estados Unidos “continuarão a preocupar-se com os direitos humanos” na China.

A implementação do meca-nismo de conexão entre as bolsas de Xangai e

de Hong Kong, que representa um marco histórico na abertura financeira da China, vai decorrer na próxima segunda-feira, anun-ciaram ontem os reguladores de ambos os mercados.

O mecanismo, que vai tornar possível a ligação das bolsas de valores de Xangai e Hong Kong, para abrir mutuamente os seus mercados de capitais (da China para o mercado internacional de Hong Kong e vice-versa), era aguardado para 26 de Outubro, apesar de a data não ter sido formalmente avançada, segundo a agência Efe.

O anúncio da data de 17 de Novembro parece ter influenciado ambas as bolsas de valores, com o índice Hang Seng de Hong Kong a registar ganhos de 2,14% nos primeiros minutos da sessão de ontem, e o índice geral da bolsa de Xangai a subir 0,76% ontem de manhã.

CHAVE PARA A LIBERALIZAÇÃOA implementação do mecanismo de conexão bolsista – que deverá permitir o equivalente a 3,8 mil milhões de dólares norte-ameri-

Xi Jinping Japão deve adoptar “prudentes políticas militares” O presidente chinês, Xi Jinping, exortou ontem o Japão a “adoptar prudentes políticas militares e de segurança”, no primeiro encontro entre os líderes dos dois países em quase três anos. “A China espera que o Japão continue a seguir a via do desenvolvimento pacífico e adopte prudentes políticas militares e de segurança”, disse Xi Jinping ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, segundo o relato da agência noticiosa oficial Xinhua. Xi e Abe encontraram-se ontem em Pequim, à margem da Cimeira anual do fórum APEC (Cooperação Económica Asia-Pacifico), que decorre até terça-feira com a participação dos líderes de 21 países e regiões do anel do Pacifico. O primeiro-ministro japonês disse aos jornalistas que a cimeira com foi o “primeiro passo” para melhorar as relações entre as duas maiores economias da Ásia. Dezenas de manifestações contra o Japão agitaram a China em 2012, devido à decisão do governo de Tóquio de “nacionalizar” as ilhas Diaoyu, que Pequim considera parte do seu território.

O britânico Rurik Jutting, fun-cionário do banco Merrill

Lynch acusado da morte de duas mulheres em Hong Kong, viu o seu caso ser suspenso por duas semanas para que sejam feitas avaliações psiquiátricas.

Rurik Jutting, de 29 anos, está acusado da morte de duas mu-lheres, alegadamente prostitutas indonésias, cujos corpos mutilados foram encontrados no seu aparta-mento de luxo em Hong Kong.

“O caso foi suspenso para que sejam efectuados os exames psi-quiátricos”, explicou a magistrada Bina Chainrai.

O britânico volta a comparecer em tribunal a 24 de Novembro.

Os corpos de Seneng Mujia-sih e Sumarti Ningsih, ambas de nacionalidade indonésia e com cerca de 20 anos, foram encon-trados na casa de Rurik Jutting depois do próprio ter chamado as autoridades na noite de 01 de Novembro.

Um dos corpos, o de Sumarti Ningsih, viria a ser descoberto na varanda da habitação, dentro de uma mala de viagem e de acordo com as primeiras investigações a mulher terá sido morta dias antes, a 27 de Outubro.

Nesse dia, Rurik Jutting escre-veu na sua página do Facebook que estava a entrar numa “nova jornada”.

APEC BARACK OBAMA SAÚDA “ASCENSÃO DA CHINA”

Ligados à Ásia

BOLSA XANGAI E HONG KONG LIGADAS

Abertura histórica

Hong Kong Britânico acusado de homicídios alvo de testes psiquiátricos

de 1.500 empresários de 21 países e regiões do anel do Pacifico.

A frase, aplaudida pela assistência, visa contrariar

o persistente receio chinês quanto a uma alegada in-tenção de Washington de “conter a China”.

“Nós queremos que

a China tenha sucesso (…) Nós competimos, mas também cooperamos”, acrescentou o Presidente norte-americano.

Obama chegou a Pequim ontem para participar na Ci-meira anual do fórum APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico), que decorre nos próximos dois dias em Pequim, e manter conver-sações com o Presidente chinês, Xi Jinping.

PRIMEIRA ETAPAA China é também a primei-ra paragem de um périplo de oito dias pela Asia-Pacífico, que inclui a Birmânia e a Austrália.

“O nosso futuro está indissociavelmente ligado à Ásia. Os Estados Unidos estão inteiramente com-prometidos com a Ásia e querem aprofundar os laços económicos com todos os países da APEC”, disse Obama.

Desvalorizando as fre-quentes alusões a uma alegada rivalidade entre a China e os Estados Unidos no Pacífico, Obama citou o Presidente chinês: “O Pacífico é um oceano sufi-cientemente grande para os nossos dois países”.

A APEC, fundada em 1989, é constituída pela Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua--Nova Guiné, Peru, Rússia, Singapura, Tailândia, Tai-wan e Vietname.

No conjunto, os mem-bros da APEC representam 57% do produto económico global, quase metade do comércio mundial e 40 por cento da população do planeta.

canos em transacções transfron-teiriças – estava inicialmente prevista para o mês passado, mas foi adiada na sequência das manifestações pró-democracia em Hong Kong, escreve a AFP.

O mecanismo é defendido como um elemento-chave para uma maior liberalização finan-ceira na segunda maior economia mundial.

Desde o anúncio da criação do

mecanismo, a 10 de Abril, ambos os organismos trabalharam em conjunto para coordenar todos os aspectos técnicos para tornar a operação possível, afirmaram ontem em comunicado conjun-to a Comissão Reguladora do Mercado de Valores da China e Comissão de Valores e Futuros de Hong Kong.

Em concreto, os reguladores fixaram as normas de comércio, os mecanismos de quotas de transacções, diárias e agregadas, que serão permitidas a partir desse canal, e as regras para a operação do sistema, segundo a agência Efe.

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14 hoje macau terça-feira 11.11.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

O VISOR DO CINEMA ASIÁTICO 2014

luz de inverno Boi Luxo

O UTUBRO foi de novo o mês do cinema asiático no Centro Cultural de Macau. É de louvar. Poder-se-ia

defender que este pequeno ciclo tem um objectivo pouco preciso, na inclusão de filmes da Palestina, Arábia Saudita, Japão e Coreia do Sul. Mas quem preci-sa de objectivos? Precisamos é de filmes. Num lugar em que praticamente nada acontece, o pobre deve aproveitar todo o tipo de migalha. Lamenta-se a falta de filmes mais significativos das Filipinas e da Tailândia. 14 filmes, 14 países, 13 línguas diferentes.

É inútil tentar perceber se a Geórgia tem aqui lugar. Quantos mais melhor. O conjunto usa-se como uma montra de viagem pelas ruas, hospitais, prisões, padarias, mesquitas, igrejas, aeroportos e línguas dos orientes, próximos, médios e extremos. Exibe, assim, esta mostra, um enorme alcance turístico quando, por vezes, o não tem fílmico.

Estas linhas contêm apenas fracas considerações sobre alguns dos filmes constantes desta simpática demonstra-ção. Outros, por razões de incompa-tibilidade de horários, ficam ausentes. Mostrar Wadjda, Omar e The Missing Picture, mesmo com um pequeno atraso, já é em si um acontecimento.

O filme coreano, Hope (realizado por Lee Joon-ik, 2013), vem carregado do que melhor e de mais lamentável se faz na Coreia do Sul. A crueza da situa-ção que retrata demonstra-se com uma filmagem dura mas, ao mesmo tempo, banal, de televisão. Fique a dureza e esqueça-se a banalidade. Certas fases do filme são bastante incomodativas e eficazes mas, aqui e ali, insinua-se um dos vírus mais persistentes do cinema extremo asiático, coreano, tailandês ou japonês – o sentimentalismo.

Hope é um daqueles filmes que preci-sava de uma boa poda, um daqueles que precisava que se cortassem, sem hesitação, algumas cenas e todas as intervenções de piano constantes da banda sonora. É uma escolha decente e, como acontece com tantos outros filmes coreanos contempo-râneos, revela muito sobre a vida de uma família de classe média de um país que cresceu demasiado depressa.

O filme saudita, Wadjida (real. Haifaa al-Mansour, 2013), vem sobrecarregado de uma particularidade histórica, o de ser o primeiro rodado num país onde a ditadura wahabita interdita a existência de salas de cinema, um regime que pro-

tege, assim, os seus cidadãos de filmes de Woody Allen e blockbusters americanos.

Escrevo estas linhas com uma infinita curiosidade, antes de o ver, cheio de uma tendência muito benévola.

Depois de o ver concluo que não precisava de ter receios. Há muitos filmes assim, por todo o mundo, sinceros e bem feitos. Mas a distância que nos separa do mundo que retrata cria uma opacidade que é nova. Por outro lado, prova que, mesmo num regime tão particular como o saudita, há muitas semelhanças no modo de desejar e, neste caso, no modo de mostrar.

O título do filme iraniano, de Ashgar Farhadi, é elucidativo. The Past (2013) é um filme sobre a ganga do passado. É uma história de família, parte da sua economia presa às atribulações de uma jovem residente em Paris. Confesso que, possuindo um carinho inabalável pelos filmes de Farhadi, tenho dificuldades em lidar com a permanência do tom das suas histórias. No entanto, a extrema sinceridade dos seus filmes continuam a seduzir-me suavemente. Declaro-me cliente assíduo, mesmo que não dema-siadamente entusiasmado.

Em About Elly (2009), em Separation (2011) e em The Past é a tensão existente entre casais, ex-casais, ou amigos que está em jogo. Em todos eles há um elemento violento e perturbador e uma referência ao estrangeiro (The Past passa-se em Paris) que expõe as dificuldades que se vivem no Irão.

Se Farhadi, por um lado, no-lo mostra com elegante destreza, por outro, gosta-ríamos de ver essa proficiência aplicada a outro tipo de filme mais universal. Ao contrário de outros filmes constantes desta mostra este é, contudo, um cinema maduro e feito com a segurança de quem domina o ofício. Terei sempre curiosidade em ver qualquer filme dele, sem medo.

Os trânsitos de Transit (Hannah Es-pia, 2013) a entrada filipina deste visor, são os que resultam da migração: o desejo de residência, o medo da deportação, a permanência ilegal. Medos comuns no contexto da migração económica. Os deste filme aplicam-se à comunidade filipina de Tel Aviv, em Israel.

Tenta-se, ocasionalmente mostrando fraquezas, uma montagem em camadas semi-sobrepostas, que o marca sem es-pecial brilho mas sem nódoa. É, como muitos outros filmes desta mostra, um filme bem comportado e útil. Evita, no entanto, a armadilha do sentimentalismo e do piano (tem apenas alguma guitarra). Vou esquecê-lo depressa, mas tenho pena.

Se a sua economia se ocupa de cin-co figuras distintas, é na figura de uma criança que mais intensamente se centra. São várias as histórias deste ciclo que se ocupam de crianças ou adolescentes. Pergunto-me até que ponto, para lá de introduzir um tipo de infantilização, esta utilização não cria uma emotividade fácil. Os filmes coreano e saudita, centram--se em raparigas exemplares na sua

determinação, bem usadas para agradar ao espectador. O filipino num rapaz de 5 anos e A Time in Quchi, de Taiwan, num rapaz de 10 anos. O tailandês fixa--se em uma adolescente, In Bloom, da Geórgia, em torno de duas adolescentes determinadas e corajosas.

Omar (Hany Abu-Assad, 2013) o filme palestiniano, não tem deslizes nem precisa de mecanismos artificiais para se

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15 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 11.11.2014

PODE CONCLUIR-SE SEM RECEIO, TENDO VISTO NOVE FILMES E CONHECENDO O INTERESSE DE UM OUTRO, THE MISSING PICTURE, QUE SE TRATA DE UMA ESCOLHA QUE PERMITIRÁ, SUAVEMENTE, O AVANÇO DO GOSTO E DO CONHECIMENTO ENTRE OS ESPECTADORES LOCAIS

impor. Não há nele qualquer exagero ou excrecência, sejam estes de violência, de sentimentalismo ou de explicações contextuais. Não é preciso, nós sabemos tudo e Omar sabe que nós sabemos.

Omar não é um filme de família e praticamente não tem velhos. Não há crianças, apenas cimento. Não há muitos tiros mas os que se praticam são certeiros. Não há heroísmos mas traições que se com-preendem. Este é, no seu recorte rigoroso e seguro, o melhor dos filmes que vi.

In Bloom (Simon Groß e Nana Ekvti-mishvili, 2013) vem da Geórgia, feliz-mente. Nele, além da cidade de Tbilissi,

vemos outra história de uma adolescente, uma típica história de crescimento cuja ocasional mediania benevolentemente se esquece na exibição de uma língua, uma cidade e um povo que vemos pouco no cinema posterior à desagregação da

União Soviética. (Nota: não esquecer que Otar Iosseliani, Mikhail Kalatozov, Rezo Chkheidze e Sergei Paradjanov são georgianos)

Tem In Bloom um abandono feminino sedutor doméstico e odorífico mas tam-

bém um charme provinciano de rua, de uma altura em que se usava vestido de sarja estampada e Água de Colónia. A câmara desliza com à-vontade no interior de pequenas habitações, algo que não é nada fácil de fazer. Este filme é um sabor adquirido, um que se conquista gradual-mente e que, no fim, nos recompensa deixando-nos entrar na sua intimidade. Não estou a inventar.

Black Coal, Thin Ice (de Diao Yinan) chega-nos, assim como The Past, Omar, ou The Missing Picture, com uma fama. Merecida se nos dispusermos a aceitar o seu lado pop, um transporte que se aconselha porque não é todos os dias que um filme chinês vem coberto desta inclinação humorística negra e desta vontade de auto-paródia.

A China que mostra é a mesma de A Touch of Sin (2013), de Jia Zhengke mas, menos sério e mais bem filmado, Black Coal, Thin Ice torna-se mais eficaz (um dos actores é o mesmo). Sublinha a ideia de que os realizadores, na China, não sabem bem que caminhos tomar, como todo o país, e esta hesitação é uma das suas seduções maiores.

Ambos usam clichés temáticos do cinema chinês contemporâneo menos apologético: a prostituição, a violência, a fealdade das cidades, a alternância entre cores muito fortes (de néons) e uma paleta baseada em cinzentos, a indústria mineira.

Wrong Rosary. Turquia. Realizado por Mahmut Fazil Coskun (2009). Há pessoas que são como este filme, hones-tas, tímidas, metidas consigo. Se a sua companhia nem sempre é alegre, a estas pessoas dispensamos uma bondade e um afecto obrigatório.

Um muezzin apaixona-se por uma acólita de uma igreja de Istambul, sua vizinha. Este é um pequeno filme de câmara, intimista e murmurante, com um humor tão tímido como todas as suas personagens. É a timidez que domina todo o filme, e a sua possível ultrapassa-gem o que prende, quase policialmente, a nossa atenção. Que maior intimidade pode existir que aquela que se tece entre dois vizinhos que se vêem através das janelas das suas cozinhas?

Queen. Não se percebe bem o que faz aqui, parte de um conjunto de fil-mes muito decentes, este banalíssimo filme para adolescentes. Se figurar experimentalmente como colecção de lugares comuns xaroposos está, então, compreendida a sua infeliz inclusão.

Pode concluir-se sem receio, tendo visto nove filmes e conhecendo o inte-resse de um outro, The Missing Picture, que se trata de uma escolha que permitirá, suavemente, o avanço do gosto e do co-nhecimento entre os espectadores locais.

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LUSA

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16 DESPORTO hoje macau terça-feira 11.11.2014

Selecção Regressoao trabalhoA selecção portuguesa de futebol retomou ontem os trabalhos com vista à fase de apuramento para o Europeu de 2016, com a concentração dos jogadores a acontecer em Almancil. A recente vitória na Dinamarca, que recolocou o conjunto luso na rota para o apuramento directo para o Europeu, deixou o ambiente no seio da equipa das “quinas” mais desanuviado, podendo os comandados de Fernando Santos dar um salto maior, caso vençam o próximo compromisso com a Arménia, a disputar no dia 14. Quatro dias mais tarde, a selecção lusa disputa um encontro particular com a Argentina, sendo mais que previsível um sempre apetecível embate entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, desta feita fora dos seus clubes habituais, Real Madrid e Barcelona, respectivamente.

Wenger “Ninguém consegue desafiaro Chelsea” Ultrapassada a ressaca da derrota (1-2) com o Swansea, que deixou o Arsenal a 12 pontos do líder Chelsea, Arsene Wenger lá acabou por admitir que será muito difícil parar a equipa de José Mourinho na corrida pelo título. «O Chelsea pode conquistar 105 pontos. Vendo o número de pontos que têm agora (29 em 11 jogos), se continuarem assim, ninguém poderá travá-los, isso é certo. Parece que, neste momento, ninguém consegue desafiar o Chelsea», disse o treinador francês. «Não existe uma razão óbvia (para o desempenho do Chelsea). Tiveram um bom início de época e, enquanto não perderem, não são questionados. Talvez um pouco mais de espírito de equipa os ajude quando as coisa ficarem mais apertadas», atirou.

Ronaldo “É uma honra ser comparado a Di Stéfano”

S PORTING e FC Porto, que empataram com Paços de Ferreira e Estoril, deixaram este domingo que o terceiro

“grande”, o Benfica, reforçasse a vantagem na Liga de futebol, já que os “encarnados” triunfaram sobre o Nacional, na Madeira.

O “tropeção” do FC Porto na Amoreira permite ainda que o Vitória de Guimarães, vencedor do Arouca nesta ronda, suba ao segundo lugar, mantendo-se na perseguição próxima do Benfica - comanda a equipa da “águia” com 25 pontos, os vimaranenses estão com 23.

O FC Porto, que ainda não perdeu na competição, somou quarto empate e viu assim o Benfica

distanciar-se. Os “dragões” estão com 22 pontos, após um jogo em que só no tempo de compensação chegaram ao empate.

Nota mais também para o Paços de Ferreira, que, com o precioso empate em Alvalade, continua à frente dos “leões”, com 18 pontos contra 17, atrás ainda de Belenen-ses, que tem 20 pontos, e Sporting de Braga, que tem também 18 pontos.

REVIRAVOLTASNo jogo que fechou o dia, Brahimi abriu o marcador, aos 20 minutos, adiantando o FC Porto. Kuca, aos 27, e Tozé, aos 81, na conversão de uma grande penalidade clara, fizeram a reviravolta no marcador.

O espanhol Oliver Torres, en-trado para os oito minutos finais, fez o empate aos 90+4, asseguran-do que o “dragão” continua sem conhecer a derrota na Liga.

Tal como o FC Porto, o Benfica também esteve a perder e logo desde cedo: Edgar Abreu marcou para o Nacional, logo no primeiro minuto.

Com a “ajuda” de erros do adversário, os pupilos de Jorge Jesus chegaram á vitória graças aos tentos de Salvio, aos sete, e de Jonas, aos 19.

Em jogo que começou franca-mente com “nota menos”, o Spor-ting não iniciou as coisas melhor do que os rivais e, aos 32 minutos, perdia em casa com o Paços de

Ferreira, golo do peruano Hurtado. A reação foi clara, mas não passou do grande golo do colombiano Montero, aos 49 minutos.

Na sexta-feira, o Vitória de Guimarães conseguiu igualmen-te o feito de “virar” o resultado com o Arouca. Depois do golo de Diego Galo, aos 76, respondeu nos último dez minutos, com tentos de Josué (82) e de Hernani (89), para uma “saborosa” vitória por 2-1.

Ao quarto lugar subiu o Be-lenenses, vencedor por 1-0 em Moreira de Cónegos, no mesmo dia em que o Vitória de Setúbal bateu o Marítimo e o Boavista o Penafiel, também pela margem mínima. - LUSA

BENFICA GANHA PONTOS AOS RIVAIS HISTÓRICOS EM JORNADA POLÉMICA

Águia volta a voar mais solitáriaEncarnados deixam Porto a três pontos e Sporting a oito. Destaque ainda para o segundo lugar do Guimarães e o sensacional campeonato do Belenenses que ascende ao quarto lugar

C RISTIANO Ronaldo saiu de Madrid com um prémio em cada mão: o Di

Stéfano, atribuído pelo jornal Marca ao melhor jogador da Liga espanhola, e o de melhor marcador da época passada. O internacional português lamentou a ausência do mítico jogador do Real Madrid, falecido no início de Julho, na gala deste ano.

«Este ano, Don Alfredo não me pode ver. Tenho pena, admirava-o muito, era um fenómeno. Ser comparado a ele é uma honra e um privilégio. Dá-me motivação para fazer melhor. Foi um homem que conquistou todo o Mundo», disse Ronaldo, que recebeu o prémio pelo terceiro ano consecutivo.

«Seria bom repetir na próxima época,

seria sinal que fiz um bom trabalho. O meu objectivo é ganhar títulos colecti-vos e individuais. Trabalho muito para os conseguir, por isso, era bom sinal se estivesse aqui no próximo ano.»

«Cada um tem a sua forma de pensar e trabalhar. Jogar futebol é o que mais gosto de fazer, tento dar o meu melhor. Não me vou cansar de ganhar», acrescentou, antes de concluir: «Apesar de estar no meu melhor momento, tento ser melhor que no ano anterior. Em algum momento não vou conseguir mas espero chegar mais longe. Estou contente, a equipa está muito bem, estamos a melhorar. Os meus números em assistências e golos não estão mal, quero continuar a aprender.»

• NACIONAL, 1 - BENFICA, 2 • ESTORIL, 2 - PORTO, 2 • SPORTING, 1 - PAÇOS DE FERREIRA, 1

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hoje macau terça-feira 11.11.2014 (F)UTILIDADES 17

TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 20 MAX 24 HUM 70-95% • EURO 9.9 BAHT 0.2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 11 DE NOVEMBRO

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

Assina-se o armistício que põe fim à I Guerra Mundial• Hoje, assinala-se o fim da I Guerra Mundial, um conflito que começou a 28 de Julho de 1914 e terminou a 11 de Novembro de 1918, com a assinatura do armistício. A I Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra ou Guerra das Guerras) foi um conflito bélico entre a Tríplice Entente – liderada pelo Império Britânico, França, Império Russo, (até 1917) e EUA (a partir de 1917) – que derrotou a coligação formada pelas Potências Centrais (Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano).Este conflito mundial causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geopolítico da Europa e do Médio Oriente. Nasceram neste dia D. Sancho I de Portugal (1154), Louis Antoine de Bougainville, explorador francês (1729), Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski, escritor russo (1821), Mouzinho de Albuquerque, militar português (1855), Daniel Ortega, presidente da Nicarágua (1945) e Demi Moore, actriz norte--americana (1962).Morreram neste dia Teresa de Leão (1130), D. Pedro V (1861), Artturi Ilmari Virtanen, químico finlandês (1973) e Yasser Arafat, presidente da Autoridade Palestiniana (2004).Hoje, assinala-se também o Dia da Independência em Angola.

“DIÁRIO DE UM SKIN”(ANTONIO SALAS, 2007)

Um relato verdadeiro escrito por um jornalista de investigação, cujo pseudónimo é Antonio Salas. Salas veste a pele de um ‘skinhead’, tornando-se um falso amante do movimento neonazi espanhol. Um ano camuflado faz este jornalista conseguir, pela primeira vez, ter contacto com os elementos que compõem os tão secretos grupos da supremacia branca. Uma história com descrições arrepiantes, de alguém que tem, diariamente, de competir com as suas crenças e desejos interiores e substitui--los pela violência que lhe permite ganhar a confiança dos seus pares. Pela credibilidade e pela possibilidade de sair vivo desta investigação, Salas transparece as verdadeiras características de um ‘skin’, para mostrar o mundo a terrível realidade deste movimento. Tudo com o medo de ser descoberto e com uma câmara oculta dentro do casaco. - Joana Freitas

• Amanhã“DISSESTE-ME QUE ME AMAVASBAR DA VIDA” PELA FLEX FUNKY CREW(DANÇA, FRINGE)Sky 21 Bar, 20h0050 patacas (inclui uma bebida)

ESPECTÁCULO DE FOGO-DE-ARTIFÍCIO(GRANDE PRÉMIO)Baía em frente à Torre de Macau, 20h00Entrada livre

• Quinta-feiraCONCERTO “ACAPELLADE FUNKSCHON”Fundação Rui Cunha, 18h30Entrada livre

“VILLAGE MUSIC NIGHT” (MÚSICA AO VIVO)Portal Bar, 18h30Entrada livre

• SábadoPEÇA DE TEATRO “ESPERPENTO”,DA COMPANHIA DE TEATRO DA AREIA PRETA (FRINGE)Rua dos Mercadores, parque dos grafites, 18h15Entrada livre

CHROMATICS PELA ARTFUSION (FRINGE)Largo do Senado, 16h30Entrada livre

DANÇA VOYEUR PELA TAMI DANCE COMPANY (FRINGE)Largo do Senado, 13h00, 13h20, 14h00, 14h20, 15h00 e 15h20Entrada livre

DANÇA PARA O PANTANAL PELA COMPANHIA DE DANÇA DE TAIWAN (FRINGE)Casas-Museu da Taipa, 16h00Entrada livre

CONCERTO DE MIRAGE (FRINGE)Edifício do antigo tribunal, 20h00Entrada livre

• DomingoDESFILE DE ARTE (FRINGE) Ruínas de São Paulo, 16h00 – 18h00Entrada livre

ESPECTÁCULO DE FOGO-DE-ARTIFÍCIO(GRANDE PRÉMIO)Baía em frente à Torre de Macau, 20h00Entrada livre

• DiariamenteEXPOSIÇÃO “ESCREVER MACAU EM PORTUGUÊS”,DE ANTÓNIO MIL-HOMENS (ATÉ 23/11)Edifício do antigo tribunal Entrada livre

EXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS” DE VICTOR MARREIROS (ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store, Rua Almirante SérgioEntrada livre

FEIRA DE ARTESANATO DA CHINA E DOS PAÍSESDE LÍNGUA PORTUGUESAFeira do Carmo, Taipa, 16h00 às 21h00Entrada livre

João Corvofonte da inveja

C I N E M ACineteatro

SALA 1INTERSTELLAR [B]Um filme de: Christopher NolanCom: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain14.30, 18.00, 21.00

SALA 2KUNG FU JUNGLE [C](FALADO EM CANTONÊS, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Teddy ChenCom: Donnie Yen, Charlie Young, Wang Bao-qiang14.15, 16.05, 17.55, 21.45

DON’T GO BREAKINGMY HEART 2 [B](FALADO EM CANTONÊS, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Johnnie ToCom: Louis Koo,

Miriam Yeung, Gao Yuanyuan, Vic Chou19.45

SALA 3GANGSTER PAY DAY [C](FALADO EM CANTONÊS, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Lee Po CheungCom: Anthony Wong, Charlene Choi, Wong Yau Nam14.15, 16.00, 17.45, 21.30

OUIJA [C]Um filme de: Stiles WhiteCom: Olivia Cooke, Daren Kagasoff, Douglas Simth, Ana Coto19.30

INTERSTELLAR

U M L I V R O H O J E

O poder nunca esteve na ponta de uma espingarda mas no dedo que prime o gatilho.

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18 OPINIÃO hoje macau terça-feira 11.11.2014

cartoon por Stephff XI ENCONTRA-SE COM ABE

P RONTOS para a segunda me-táfora bíblica nesta crónica, em menos de duas semanas? Cá vai ela. Quando Jesus chamou o apóstolo Mateus para o seu ministério, Mateus convidou Jesus para um banquete em sua casa. Mas havia um problema: Mateus era um publicano, ou cobrador de impostos. Os outros

judeus criticaram Jesus: “Por que comeis e bebeis com os publicanos e pecadores?”

A resposta foi: “Os sãos não precisam de médico, mas os doentes sim”. E: “Não vim chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento”.

Vem isto a propósito do colossal esquema de roubo legal dos nossos impostos que foi descoberto no Luxemburgo. Na verdade, toda a gente sabia que o Luxemburgo era um paraíso fiscal. Mas o Consórcio Interna-cional de Jornalistas de Investigação revelou os documentos que provam que muitas — quase todas — das nossas multinacionais mais conhecidas usam o Luxemburgo para pagar impostos próximos de zero. As desco-nhecidas, evidentemente, também o fazem.

É impossível saber quanto dinheiro se perde anualmente em fuga fiscal e

Na Judeia antiga — e na Galileia, de onde vinha Mateus — podia ser pecado cobrar impostos. Actualmente, o que é pecado é não os cobrar. (E curiosamente, até o novo catecismo católico acompanhou esta evolução, fazendo da evasão fiscal um pecado)

Rui TavaResin Público

De pecador a publicanoplaneamento fiscal agressivo (que é o termo tecnicamente correcto para o que se passa no Luxemburgo). Mas estimativas credíveis para a União Europeia apontam para cerca de 850 mil milhões de euros que se perdem por ano em evasão fiscal, mais 150 mil milhões de euros por ano em planeamento fiscal agressivo. Isto dá um bilião de euros — com “b”: um milhão de milhões. Isto é mais do que todo o orça-mento da União Europeia — para os pró-ximos sete anos. Em Portugal, para o ano de 2009, as perdas foram de pelo menos 12 mil milhões de euros. E as revelações recentes sobre o Luxemburgo confirmam, ou até excedem, estas estimativas.

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Na Judeia antiga — e na Galileia, de onde vinha Mateus — podia ser pecado cobrar impostos. Actualmente, o que é pecado é não os cobrar. (E curiosamente, até o novo catecismo católico acompanhou esta evolu-ção, fazendo da evasão fiscal um pecado). Pois este é o dinheiro que falta aos nossos hospitais e escolas, às nossas universidades e bibliotecas, à recuperação da economia e à criação de emprego.

E o pecador principal, neste caso, é Jean--Claude Juncker, que foi primeiro-ministro do Luxemburgo entre 1995 e 2013 e, em simultâneo — algo que tem sido pouco dito — ministro das finanças do mesmo país de 1989 a 2009. Jean-Claude Juncker é agora Presidente da Comissão Europeia, mas — outro facto pouco lembrado — foi também presidente do Eurogrupo de 2005 a 2013, ou seja, durante toda a fase aguda da crise do euro. Quer dizer: Jean-Claude Jun-cker administrou sacrifícios aos países em situação orçamental desesperada, ao mesmo tempo que ajudava terceiros a fugirem aos impostos nesses países.

Por isso já eu dizia há meses que Jean-Claude Juncker era a pior escolha para a Comissão Europeia e deveria, evidentemente, ser agora demitido. Mas, uma vez que acabou de ser eleito, e que toda a gente já sabia que o Luxemburgo era um paraíso fiscal, é muito duvidoso que isso aconteça.

Torna-se então necessária uma operação inversa à de São Mateus, que passou de co-brador de impostos a apóstolo. Juncker deve dar menos sermões, e passar a cobrador de impostos. E não é preciso nenhum milagre: explicarei como na próxima crónica.

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hoje macau terça-feira 11.11.2014

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L I G U E - S E • PA R T I L H E • V I C I E - S E

POR CARLOS MORAIS JOSÉ

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

DIÁRIO 19DE BORDO

“Estes nomes têm vindo a ser falados, mas vejo alguns sinais de uma substituição um pouco aleatória, especialmente na área da Administração e Justiça. [Sónia Chan] não é especialmente uma pessoa experiente nesta área, onde temos muitos problemas, como a questão da reforma jurídica ou em termos de produção legislativa”LARRY SO• Politólogo, sobre os nomes recentemente falados parasubstituírem os actuais Secretários

“O que eu acredito é que o pessoal médico que trabalha nos Centros de Saúde de Macau faz o melhor que pode para disponibilizar bons cuidados de saúde. É sempre um desafio quando se precisa de mais médicos ou enfermeiros. O certificado que passámos é já de serviços com um padrão bastante elevado”KAREN LINEGAR• Presidente do ConselhoAustralianos de Normas da Saúde sobre a saúde de Macau

“Urge considerar o estabelecimento de uma instituição independente de direitos humanos, com uma ampla competência de promover e proteger os direitos humanos, incluindo os das mulheres.”RELATÓRIO DA ONUSOBRE MACAU

COMO CONHECER este imenso país, esta civilização, que é a China? O que poderá um estrangeiro fazer quando se confronta com esta largueza de espaço, de gente e de culturas? Muitos, secretamente temerosos do encontro, preferem olhar para o copo meio vazio e detectar os defeitos, as imperfeições, os desmandos do país. Conseguem com isso certamente a satisfação de saírem ressarcidos da sua própria identidade, pois não há como a crítica do Outro para o narcisismo do Mesmo. Outros há, no entanto, que também só olham para o copo meio cheio e encontram apenas maravilhas, cuja realidade também está mais dentro deles próprios do que naquilo que observam. Ainda assim prefiro, de longe, os segundos. Pois não é bonita a capacidade de maravilhamento, de encontrar no que observamos razões para nos deleitarmos e não outras para nos desgostarmos? Não será mais proveitoso fruir do que sistematicamente criti-car, criteriosamente olhar em exclusivo para o que está mal? Que é muito e em todo o lado...Para além de muitas outras coisas, a China atinge-nos com força no peito com a sua estranha grandeza. E, para além do esmagamento que os números provocam, existem as qualidades que se pressentem neste povo vário que se cruza nas ruas das grandes cidades, as extraordinárias histórias de vida, cujos contornos meramente adivinhamos, na pose da rapariga que lê junto ao lago e ajeita a madeixa de cabelo negro atrás da orelha, no atabalhoamento do grupo de turistas, nas mãos daquele homem que, uma e outra vez, vemos passar (como se fora sempre o mesmo) sobrecarrega-do, extenuado, de um trabalho milenar. A China das pessoas, das grandes massas libertadas do território e hoje vagabundas por todo o país, dispostas a parar por um trabalho, por uma esperança de vida melhor, para si e para os seus.É realmente imenso este país, esta cultura, a sua história e so-ciedades. Hoje, a China regressa a uma diversidade económica, social e cultural que não conhe-ceu durante algumas décadas no século XX. O caminho não há-de ser fácil. Mas é, por cer-to, muito mais suave para este povo do que aquilo que ele está habituado a passar. E que a sua memória colectiva nunca poderá esquecer.

Imensaforma de ser

LUSA

PRIMEIRO-MINISTRO japonês Shinzo Abe (esquerda) cumprimenta o presidente chinês Xi Jinping, duranteum encontro na Grande Palácio do Povo, à margem das reuniões da APEC, em Pequim. Xi Jinping e Shinzo Abe encontraram-se pela primeira vez para uma conversa conjunta desde que subiram ao poder.

“Tendo em conta a corrente principal da sociedade,[a violência doméstica] vai ser um crime público

e o Governo concorda com esta atitude”Iong Kong Io, presidente do IAS | P. 4

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LUSA

hoje macau terça-feira 11.11.2014

Macau Populaçãocontinua a crescerA população do território continua a crescer, tendo-se registado mais 7000 pessoas em termos trimestrais. De acordo com dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o aumento do número de pessoas deve-se ao volume de trabalhadores não residentes provenientes da China. De um total de 631 mil pessoas registadas, mais de metade são mulheres. Também o número de nascimentos aumentou 18,3% face ao mesmo período do ano passado. Tal contrasta com o valor de mortes, que se ficou pelas 419, ou seja, menos 58 do que no trimestre anterior. São, de acordo com os mesmos dados, os tumores do aparelho circulatório e respiratório que mais mortes provocam.

Seul Manobras militares massivas A Coreia do Sul iniciou ontem manobras militares anuais massivas em todo o país para se preparar para possíveis “provocações militares” da vizinha Coreia do Norte, o que poderá elevar nos próximos dias a tensão entre ambos os países. O exercício, designado “Hoguk”, com a duração de 12 dias e participado em anos anteriores por cerca de 80.000 soldados, contará nesta edição com cerca de 330.000 militares, o número mais elevado até à data devido à tensão militar registada nos últimos meses na península coreana. “O Exército da Coreia do Norte levou a cabo várias provocações nos últimos meses, e existe um elevado risco de que realize novas acções militares”, disse à Efe um porta-voz da Defesa sul-coreana para justificar o reforço das manobras este ano.

China Inflação manteve-se em 1,6% em OutubroA inflação na China fixou-se 1,6% em Outubro, o mesmo nível de Setembro, indicam dados oficiais ontem divulgados. O Índice de Preços no Consumidor (IPC), principal indicador da inflação na China, permaneceu no valor mais baixo registado desde Janeiro de 2010, informou o Gabinete Nacional de Estatística chinês. Nos primeiros 10 meses deste ano, o IPC aumentou 2,1% em termos anuais, bastante abaixo da meta de 3,5% fixada em Março por Pequim para este ano.

Timor-Leste Embaixador de Portugal reuniu-se com PM

A ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, está em Macau no início de uma via-

gem pela China onde os produtos agro-alimentares e o mar dominam a agenda dos contactos. Em decla-rações à agência Lusa, Assunção Cristas explicou em Macau que, por um lado, a sua visita à China vai envolver a promoção dos produtos portugueses como os lacticínios, os vinhos e a carne de porco, cujo processo de certificação para ex-portação para a China já decorre.

Mas, explicou, a visita inclui também a componente Mar, como Portugal novamente virado para o Atlântico e proporcionando oportunidades não só aos empre-sários nacionais, mas também aos internacionais, disse.

ROTEIRO AGRO-ALIMENTAR “A visita tem duas áreas temáticas relevantes. A primeira tem a ver com o sector agro-alimentar e não só há uma componente já comercial para os sectores e para as empre-sas que já têm a possibilidade de exportar para a China - e estamos a falar do vinho, do azeite e dos lacticínios em que estarão, nesta altura, na China cerca de 60 em-presas do agro-alimentar”, disse.

Assunção Cristas salientou que 48 das empresas portuguesas estarão presentes nas duas feiras da capital económica da China e as restantes do sector do azeite e dos lacticínios são empresas que vêm especificamente para, com

“Portugal está de volta ao Mar e queremos vincar isso e explicar isso na China, como já foi feito noutras geografias”

PORTUGALASSUNÇÃO CRISTAS

VISITA MACAU E CHINA

Cançãodo mar

A visita da ministra da Agricultura e do Mar visa a promoção dos produtos nacionaise dar a conhecer as oportunidades de investimento nas várias vertentes ligadas ao mar

O embaixador de Portugal em Timor-Leste, Manuel Gon-

çalves de Jesus, reuniu-se ontem com o primeiro-ministro e com o ministro da justiça timorenses, com quem abordou “diversos assuntos”, como a decisão de expulsar funcionários interna-cionais, incluindo portugueses.

“Conversamos sobre diver-sos assuntos, nada que valha a pena dizer-vos neste momen-to”, afirmou o embaixador de Portugal à Rádio Televisão de

Timor-Leste, após os encontros com Xanana Gusmão e Dionísio Babo.

No entanto, o ministro da Justiça timorense disse que o encontro serviu para fazer um “follow up (seguimento) das resoluções do parlamento”, acrescentando que se vai des-locar “em breve” a Portugal e Cabo Verde.

O Governo de Timor-Leste ordenou no dia 03 de Novembro a expulsão, no prazo de 48 horas,

de oito funcionários judiciais, sete portugueses e um cabo--verdiano.

No dia 24 de Outubro, o par-lamento timorense tinha aprova-do uma resolução a suspender os contratos com funcionários judiciais internacionais “invo-cando motivos de força maior e a necessidade de proteger de forma intransigente o interesse nacional” e outra a determinar uma auditoria ao sistema judicial do país.

a ajuda da AICEP, procurar ter relações mais próximas bilaterais com potenciais compradores.

“Teremos também um evento muito interessante que é assinatura da Viniportugal com a congénere chinesa Cityshop, um grupo de su-permercados que fará a promoção de produtos portugueses”, disse.

No que se refere a uma com-ponente mais política, Assunção Cristas quer insistir em Pequim à abertura do mercado chinês aos produtos como a carne de porco, um trabalho que Portugal tem vindo a desenvolver e que

teve recentemente uma visita de autoridades chinesas a Portugal.

ROTA MARÍTIMAA segunda componente da visita da ministra é o Mar, com Assunção Cristas a explicar que a China está incluída no roteiro iniciado em Junho passado na Noruega, um “roteiro para promover as oportunidades de investimento no mar em Portugal”.

“Portugal está de volta ao Mar e queremos vincar isso e explicar isso na China, como já foi feito noutras geografias”, disse a mi-

nistra ao salientar que Lisboa tem uma “estratégia clara e tem um objectivo muito concreto que é aumentar até 2020 o peso da ‘eco-nomia azul’ no PIB português”.

A ministra portuguesa expli-cou que existem diversas vertentes na questão do Mar como a pesca, transformação de pescado, aqua-cultura, minerais, biotecnologia, turismo, construção naval ou ener-gia renováveis, mas “todas elas” com possibilidade de Portugal “apoiar investimentos”.

Temos uma estratégia nacional do Mar clara, temos uma arquitec-tura legislativa que permite dar muita segurança e muita previ-sibilidade aos investimentos, as pessoas sabem com o que podem contar em Portugal e depois temos um terceiro pilar, que são os apoios financeiros”, concluiu. - LUSA/HM