Hoje Macau 4 DEZ 2014 #3228

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 4 DE DEZEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3228 hojemacau Saúde de ouro KIANG WU MAIS 200 MILHÕES RECEBIDOS NO TERCEIRO TRIMESTRE Apesar das recentes declarações do novo director do Kiang Wu afirmando que o Governo “não financia o hospital”, os números indicam o contrário: entre Julho e Setembro a unidade de saúde privada recebeu 201 milhões de apoio financeiro, o que corresponde a cerca de metade do total distribuído pelos SS a mais de uma centena de instituições. PÁGINA 9 PUB AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB SIN FONG GARDEN Sem consenso nem fim à vista JUNKET Cobranças impossíveis ERMIDA DA GUIA Preservar o futuro restaurar o passado REPORTAGEM PÁGINAS 2-3 SOCIEDADE PÁGINA 7 SOCIEDADE PÁGINA 7

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Hoje Macau N.º3228 de 4 de Dezembro de 2014

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q U I N TA - F E I R A 4 D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 2 8

hojemacau

Saúde de ouroKIANG WU MAIS 200 MILHÕES RECEBIDOS NO TERCEIRO TRIMESTRE

Apesar das recentes declarações do novo director do Kiang Wu afirmando que o Governo“não financia o hospital”, os números indicam o contrário: entre Julho e Setembro a unidade

de saúde privada recebeu 201 milhões de apoio financeiro, o que corresponde a cerca de metadedo total distribuído pelos SS a mais de uma centena de instituições.

PÁGINA 9

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB SIN FONG GARDEN

Sem consenso nem fim à vista

JUNKETCobranças impossíveis

ERMIDA DA GUIAPreservar o futuro restaurar o passado

REPORTAGEM PÁGINAS 2-3 SOCIEDADE PÁGINA 7 SOCIEDADE PÁGINA 7

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hoje macau quinta-feira 4.12.20142 REPORTAGEMDois anos depois da evacuação, o caso do prédio Sin Fong Garden continua sem grandes avanços. A atribuição do subsídio aos ex- -moradores acaba este mês e não parece haver fimà vista paraa resoluçãodo problema

FLORA [email protected]

LEONOR SÁ [email protected]

J Á lá vão dois anos desde que os moradores do prédio Sin Fong, na avenida Marginal do Patane, foram evacua-

dos, devido ao perigo de derrocada. Neste momento, a grande maioria encontra-se a receber subsídios do Governo que rondam as seis mil patacas. Seria de esperar, no entanto, que houvesse já uma so-lução em moção, mas ainda nada foi feito para resolver os problemas dos ex-moradores que actualmente lutam contra rendas elevadas e têm vontade de voltar para aquilo que outrora foi o seu lar.

De acordo com resposta do Instituto de Acção Social ao HM, o gabinete assegurou estar a “coordenar esforços com o grupo interdepartamental” para fornecer alojamento provisórios aos pro-prietários. Contudo, o IAS deixou em branco respostas a perguntas sobre as actuais condições de vida dos moradores e da reconstrução do prédio.

Em declarações ao HM, dois dos antigos moradores do edifí-cio em aparente ruína referiram que querem voltar ao conforto de suas casas, ao invés de serem forçados a ocupar locais que nunca escolheram. Um dos porta-vozes do grupo e ex-morador do prédio, Chao Ka Cheong, disse ao HM que o Governo falhou na resolução dos problemas. “O nosso Governo falhou e o problema é simples:

SIN FONG GARDEN PONTO DA SITUAÇÃO DE UM PROBLEMA AINDA SEM SOLUÇÃO

Quando o futuro é uma incógnita

trata-se da vida da população que não tem resolução porque o que as pessoas querem é voltar para as suas próprias casas”, explicou Chao ao HM. De acordo com os números por si referidos, há ainda 50 pedidos por alojamento provisório, sendo que foi aceite o pedido de 30 famílias. “Os requi-sitos para o pedido de uma casa, ao Instituto de Acção Social, são demasiado exigentes”, adiantou o responsável.

NO PRÉDIO BAMBOPara 97% dos moradores e de acor-do com inquéritos feitos, a solução mais viável passa pela demolição e posterior construção do prédio, ainda que tal acarrete dinheiros que as pessoas não dispõem. Existe, contudo, um problema: é que a decisão só pode passar da teoria à prática caso todos os condóminos concordem, mas há quem não partilhe da mesma vontade. É o caso de um dos sócios de uma loja do rés-do-chão do prédio, que considera a sua propriedade

“a mais valiosa do Sin Fong”. O sócio, de apelido Hoi, é um dos 3% que discorda da demolição e reconstrução do prédio. Faltou, inclusive, a assembleias-gerais dos condóminos, juntamente com outro morador de um apartamento. Recorde-se que esta solução só pode seguir em frente caso todos os proprietários aprovem a medida. “Já pedimos à Direcção dos Ser-viços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), mas ainda não tivemos resposta. Os proprie-tários não apresentaram opiniões porque acham que o Governo nun-ca lhes ofereceu nenhum subsídio devido à utilização do espaço ser comercial”, assegurou Chao, o porta-voz do grupo. O também morador acrescentou ainda que “ninguém pode convencer” os dois outros proprietários a mudar de ideias, uma vez que se trata de uma reacção à decisão do Execu-tivo de não atribuir subsídio aos donos da loja.

NÃO HÁ CASAS GRÁTISPor um lado, os moradores consi-deram que a oferta de alojamento provisório chegou tarde e a más horas, sendo um processo iniciado apenas este ano, ainda que o pedido tenha chegado às mãos do Executi-vo em 2012. As soluções em cima da mesa passaram pela atribuição de casas a título não permanente,

ou de subsídios de ajuda para que as pessoas pudessem arranjar outra casa. A atribuição das casas provisórias não é, contudo, uma medida sem consequências. É que os moradores que requererem este sistema são obrigados a pagar ao Executivo, que espera que os mora-dores possam cobrir este montante com o dinheiro das indemnizações, resultantes das acções judiciais.

De acordo com o IAS, a atribui-ção de subsídios tem fim previsto para este ano, já que o processo de acções judiciais contra os respon-sáveis pela danificação do prédio deverá arrancar em 2015. Este deverá, contudo, ser substituído pela atribuição de alojamento provisório. “O IAS prestará ser-viços de alojamento provisório antes de meados do próximo ano aos condóminos do Edifício Sin Fong Garden com verdadeiras necessidades, por forma a substi-tuir a actual atribuição mensal de subsídio especial”, frisam as Obras Públicas em comunicado.

PARA SEMPRE ATENTOSO futuro do Sin Fong tem sido um dos assuntos mais mediáticos e que mais se tem arrastado na imprensa local. São vários os deputados que se mostraram preocupados com as soluções arranjadas para aquela construção. Há mesmo quem diga

“O nosso Governo falhou e o problema é simples: trata-se da vida da população que não tem resolução porque o que as pessoas querem é voltar para as suas próprias casas”CHAO KA CHEONG Ex-morador

“O IAS prestará serviços de alojamento provisório antes de meados do próximo ano aos condóminos do Edifício Sin Fong Garden com verdadeiras necessidades, por formaa substituir a actual atribuição mensalde subsídio especial”COMUNICADO DAS OBRAS PÚBLICAS

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3 reportagemhoje macau quinta-feira 4.12.2014

“Neste momento estamos perante um momento fulcral para a reconstrução do edifício, esperando-se que os condóminos do Edifício ‘Sin Fong Garden’ possamchegar a um consenso”COMUNICADO DA DSSOPT EM OUTUBRO

TODOS JUNTOSA evacuação obrigatória do prédio Sin Fong Garden fez com que várias vozes se levantassem em defesa dos moradores, que nessa altura ficaram sem sítio para onde ir. Inicialmente, encontravam-se alojados em quartos de hotel, mas rapidamente houve necessidade de se mudarem para uma casa própria, com ou sem ajuda do Governo. Chegou mesmo a ser criado um grupo de pessoas para ajudar os moradores e que inclui os deputados Ng Kuok Cheong, Au Kam San, José Pereira Coutinho e Ho Ion Sang. Também o advogado e deputado Leonel Alves esteve na linha da frente, disponibilizando-se para defender os moradores em qualquer questão judicial que tivessem.

Lembra-te como foi

A 10 de Outubro de 2012, os mora-dores do prédio Sin Fong foram

evacuados devido ao perigo de derroca-da que, segundo a DSSOPT, se deveu à “danificação dos pilares estruturais” do edifício da zona do Patane. O Governo tem vindo a mostrar preocupação com a resolução do problema, incluindo a atribuição de subsídios e realojamento das pessoas que ficaram sem as suas casas. Decorridos dois anos, foram também várias as manifestações e protestos por parte dos agora ex-mo-radores, que pretendem voltar para os seus domicílios. O mais recente teve lugar no dia 10 de Outubro deste ano, com os residentes daquele edifício a quererem mostrar à população local que o assunto continua por resolver. O mesmo foi feito há cerca de um ano, numa iniciativa de 50 moradores que mostraram vontade em voltar para as suas habitações.

Actualmente, o processo encontra--se relativamente parado, embora a grande maioria dos residentes con-corde com a demolição e reconstrução do prédio, tendo as Obras Públicas já confirmado que, em termos técnicos, tudo está pronto para os trabalhos de reconstrução terem início. Existe, inclusive, uma empresa pública envol-vida no projecto, que deverá manter a mesma figura do edifício original.

que os problemas não surgiram apenas no momento em que a eva-cuação dos moradores foi anuncia-da. Foi há cerca de dois anos que, durante uma reunião plenária da Assembleia Legislativa (AL), oito deputados discutiram as razões e consequências de evacuação do Sin Fong para os agora ex-moradores.

Wong Kuok Fai é um dos moradores a quem o Governo já atribuiu um alojamento provisório, pelo que actualmente reside num apartamento na zona de Mong Há. “Se os proprietários do Sin Fong detêm outras propriedades, deixam de poder pedir alojamento provi-sório. Mas na verdade, quem é que tem outras casas e quer morar numa habitação social? É claro que não vão pedir”, destacou o proprietário. Wong não compreende quais os critérios do Executivo para atribuir casas a determinadas pessoas e a outras não.

A conclusão de dois estudos realizados para apurar o estado actual do prédio classificou a infra--estrutura como não perigosa, o que não obriga à sua demolição. Wong Kuok Fai frisou que se o Executivo classificasse o edifício como “perigoso” não seria neces-sário que todos os condóminos concordassem com a decisão de reconstruir. “O Governo tem vindo a rejeitar a classificação do edifício como perigoso, porque os dois estudos mostraram que este pode ser reparado mas não justificaram a conclusão e isso é inaceitável. Até porque se não é perigoso, porque é que não nos deixa ir viver nas nossas casas?”, questionou o pro-prietário, em declarações ao HM. Além disso, Wong acrescentou ainda que, caso a classificação tivesse sido diferente, talvez o caso já estivesse resolvido.

EM ÁGUAS DE GOVERNAÇÃOWong reuniu-se pela última vez com o grupo especializado in-terdepartamental há cerca de três meses. Neste momento, é a relação de comunicação entre a DSSOPT e os moradores que mais importa, pois só assim considera ser possível resolver o problema. “A mudança de pessoal no Governo faz com que o assunto fique parado porque a opinião dos dirigentes novos pode não ser igual à dos anteriores”, explicou o morador.

Embora o então director da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, Jaime Carion tenha assegurado que houve apenas uma queixa de um morador

referente ao barulho proveniente do estaleiro vizinho, os deputados Chan Meng Kam e José Pereira Coutinho discordam. “Desde o ano passado que os proprietários afir-mam que apresentaram sucessivas queixas sobre o tremor produzido pelo estaleiro vizinho e chegaram mesmo a participar à polícia o des-prendimento de parte da fachada do edifício”, frisou Chan Meng Kam, durante o plenário. O mesmo foi questionado por Pereira Coutinho, que acusou o Governo de “inércia” e perguntou porque é que nada foi feito na altura em que os moradores apresentaram as queixas. “A maio-ria dos evacuados não sabe porque é que, não obstante terem apresentado previamente várias queixas junto dos oficiais sublinhando a questão da segurança do edifício, nada foi feito pelas autoridades”, acusou o deputado.

PAGAR PARA RECONSTRUIRQue demolir e voltar a construir o Sin Fong Garden é a decisão mais favorável já se sabe, mas quem vai

ficar responsável por cobrir as des-pesas de tal construção? De acordo com um comunicado recente da DSSOPT, são duas associações e alguns particulares que contribuem para a efectivação desta solução. “Alguns indivíduos e associações têm de um modo entusiástico, de-monstrado a sua vontade em apoiar financeiramente os condóminos em relação à reconstrução”, su-blinha o documento. A Associação dos Conterrâneos de Kong Mun comprometeu-se a cobrir 60% das despesas de reconstrução, que por sua vez terá apoio técnico por parte da Macau Empresa Social, Limi-tada de forma gratuita. O mesmo comunicado assegura ainda que todas as obras ficarão a cargo dos condóminos do Sin Fong, pelo que o Governo não tem poder para decidir o futuro deste edifício.

“Neste momento estamos perante um momento fulcral para a reconstrução do edifício, esperando-se que os condóminos do Edifício ‘Sin Fong Garden’ possam chegar a um consenso,

de forma a dar-se início à obra de reconstrução com a mais depressa possível sob os apoios do Governo da RAEM e dos todos os sectores sociais, podendo assim regressar às suas casas mais cedo”, lê-se num comunicado da DSSOPT do passado mês de Outubro.

Dois anos depois, a DSSOPT tem em mãos uma das soluções alegadamente mais viáveis, mas a falta de consenso entre os pro-prietários não permite que a ideia passe à realidade. É, no entanto, apenas através da remodelação ou reconstrução do edifício que o Governo vai permitir o retorno das

pessoas às suas casas. Agora resta apenas encontrar a melhor solução para todos os moradores e sócios de lojas, até porque tal como disse Hoi, “neste momento não há que concordar ou discordar porque há vários factores envolvidos como tempo e dinheiro”.

Até agora, os moradores re-ceberam ajuda da Associação de Conterrâneos de Jiangmen e da Associação de Beneficência Tung Sin Tong, liderada por António Fer-reira. De acordo com o presidente, foi-lhes oferecido um “empréstimo sem juros” no valor de 50 milhões de patacas. Neste momento, são a primeira associação e os pró-prios moradores do prédio que vão acarretar com os custos da reconstrução. De acordo com um estudo feito pelo Governo no final de 2013, o custo da reconstrução poderá ir até aos 130 milhões de patacas, mas uma estimativa mais recente de uma empresa local de construção atira o preço para mais do dobro, ou seja, 270 milhões.

“A maioria dos evacuados não sabe porque é que, não obstante terem apresentado previamente várias queixas junto dos oficiais sublinhando a questão da segurançado edifício, nada foi feito pelas autoridades”PEREIRA COUTINHO Deputado

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4 POLÍTICA hoje macau quinta-feira 4.12.2014

CECÍLIA L [email protected]

A Associação de Promoção à Lei Básica de Macau organizou ontem uma palestra na Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST)

onde esteve presente Li Fei, vice secretário--geral do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN). Questionado sobre os movimentos pró-democratas em Hong Kong, Li Fei referiu que Macau não pode fazer uma cópia dos sistemas políticos de outras regiões.

Li Fei deixou o aviso de que é necessário estar atento à tendência de cópia de um mo-delo político praticado em outros países ou regiões, por forma a evitar conflitos políticos “infinitos”. O mesmo responsável disse que muitos residentes culpam o Governo local e o sistema político em vigor pelos proble-mas sociais existentes. Contudo, Li Fei citou a questão histórica de Administração portuguesa.

“Macau é um lugar pequeno e não conse-gue sofrer grandes mudanças. Cada reforma precisa de ter uma ordem e de se realizar gradualmente. Qualquer reforma, e especial-mente a do desenvolvimento, que interessa a todas as partes da sociedade, deve ter um amplo consenso. Se houver uma obrigatorie-dade na promoção dessa reforma, isso poderá causar grandes conflitos e uma separação na sociedade, o que causa riscos à harmonia social”, defendeu.

O vice secretário-geral da APN referiu ainda que a situação em Hong Kong fez com que os seus habitantes tenham ficado com uma melhor ideia de qual o caminho que deve ser tomado no desenvolvimento do sistema democrático. Li Fei considera que, depois do movimento protagonizado pelo grupo “Occupy Central”, a maioria dos residentes vão apreciar mais a Lei Básica e um sistema democrático regulado pela mini-constituição.

LB PODE SER ALTERADA, MAS...Li Fei comparou a Lei Básica aos alicerces de uma casa, como algo que servirá de base ao desenvolvimento de democracia.

“Para garantir um equilíbrio é preciso que o sistema político e a democracia se respeitem um ao outro, seguindo com rigor a Lei Básica, os regulamentos e leis”.

Ainda assim, o responsável referiu que “não é impossível alterar a Lei Básica”, mas que tal acções deve ser feita de forma “séria” e, claro, deve ter sempre o aval do Governo Central.

Recorde-se que a Lei Básica de Macau não inclui qualquer calendário para que haja sufrágio universal, ao contrário da de Hong Kong. A situação de um voto por cada residente para o Chefe do Executivo não é sequer contemplada pela mini-constituição do território.

Gabinete de Estudos das Políticas já iniciou 13º Plano Quinquenal

CRIAR LEI DO ORÇAMENTOA antiga presidente da Assembleia Legislativa (AL), Susana Chou, e outros deputados falaram já da necessidade da criação de uma lei orçamental, tendo referido que durante o seu mandato de dez anos nunca conseguiu criar essa legislação e que, por esse motivo, a maioria das obras públicas ultrapassa o orçamento inicial. Li Fei ouviu e deixou o recado: o Governo não deve “supervisionar como quiser”, devendo criar a lei “o mais depressa possível”. Li Fei disse ainda esperar que o Chefe do Executivo e o actual presidente da AL (Ho Iat Seng) possam cooperar nesse projecto legislativo.

Li Fei, vice-secretário da Assembleia Nacional Popular, alertou ontempara o facto de que Macau “não consegue sofrer grandes mudanças” e que,por isso, não deve seguir outros sistemas políticos. O responsável deixou aindaa sugestão de que se crie uma Lei do Orçamento o mais rápido possível

LEI BÁSICA MACAU NÃO PODE COPIAR SISTEMAS POLÍTICOS, DIZ MEMBRO DA ANP

Cada qual no seu canto

“Macau é um lugar pequeno e não consegue sofrer grandes mudanças. Cada reforma precisa de ter uma ordeme de se realizar gradualmente”LI FEI Vice-secretárioda Assembleia Nacional Popular

JOGO NÃODEVE DOMINARLi Fei defendeu ainda que o sector do Jogo não deve ser dominante na economia local e que não se deve apenas olhar para o desenvolvimento da economia e aumento dos impostos. Li Fei disse que é também importante ter em conta a segurança, estabilidade e o desenvolvimento com base nos interesses da sociedade.

Macau já começou a debater as linhas mestras do 13º Plano Quinquenal da China para o próximo ano, tendo sido realizadas cinco reuniões com diversos sectores promovidas pelo Gabinete de Estudos de Políticas. Segundo um comunicado, as opiniões centraram-se na manutenção do desenvolvimento

de Macau como um “Centro Mundial de Turismo e Lazer” e uma plataforma de ligação aos países de língua portuguesa. Foi ainda defendido o desenvolvimento do projecto de inserir Macau na “Rota Marítima da Seda para o século XXI”, ideia já avançada no Fórum Económico de Turismo Global.

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5 políticahoje macau quinta-feira 4.12.2014

Deputados pedem menos tempo e burocracia e provas com mais qualidade no Regime de Recrutamento Centralizado. O relatóriofoi feito pela Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública, que concorda com o Regime, mas diz que já serviu para “levantar obstáculos ao normal funcionamento”de serviços públicos

FIL IPA ARAÚ[email protected]

A PESAR da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública

concordar com o Regime de Re-crutamento Centralizado, ainda há alterações a fazer. É o que dizem os deputados da Comissão, que

FLORA [email protected]

O deputado Si Ka Lon está confuso com os trabalhos do

Governo no que diz respei-to ao Plano Conceptual de Intervenção Urbanística da Zona do Posto Fronteiriço das Portas do Cerco e En-volventes, implementado há dois anos pelo Governo. O deputado diz entender que a ideia do Executivo pretende criar um posto fronteiriço digno de uma cidade mo-derna, com uma ligação de transportes aperfeiçoada, mas frisa que, até ao mo-mento, nada foi avançado sobre as consultas públicas à população, apesar de con-tinuar a existir a necessidade de haver mudanças nas instalações do local.

Numa interpelação escri-ta, Si Ka Lon recordou que

RECRUTAMENTO CENTRALIZADO DEPUTADOS SUGEREM ALTERAÇÕES

Mais depressa e melhor“Apesar dos prazos [dos concursos] terem sido encurtados, o certo é que continuou a verificar-se excessiva morosidade por causa das questões dos procedimentos”RELATÓRIO DA COMISSÃODE ACOMPANHAMENTOPARA OS ASSUNTOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PORTAS DO CERCO CRÍTICAS A ATRASOS NO PLANO DA FRONTEIRA

Uma espera interminável

pedem alterações ao Regime no mais recente relatório que fazem ao Executivo.

“Existem muitos problemas em relação a este Regime, mas consideramos que é necessário”, esclareceu o presidente da Comis-são, Chan Meng Kam, ontem aos jornalistas.

Mostrando o apoio total da Co-missão, o presidente disse considerar que o Regime serve “para evidenciar sobretudo a justiça, imparcialidade e transparência no recrutamento de pessoal para os serviços públicos” e, por outro, “evita o surgimento do fenómeno de nepotismo no processo de recrutamento”.

Apresentando a lista de proble-mas que o Regime contém, a Comis-são considerou que várias aspectos devem ser tidos em conta para a melhoria deste: “nomeadamente o encurtamento do prazo de todo o processo de Recrutamento Cen-tralizado, a elevação da eficiência do mesmo processo, a melhoria da concepção das provas e a elevação da sua cientificidade e o tratamento adequado da relação entre o Recru-tamento Centralizado e o efectuado pelos próprios serviços públicos”.

TEMPO ESTRAGARecorde-se que, de acordo com o Governo, desde Agosto de 2012 foram realizadas de forma suces-siva “um total de cinco concursos centralizados de ingresso para as vagas nas carreiras de adjunto-téc-nico, técnico superior informático,

técnico superior de 2ª classe de área jurídica, técnico superior assessor da área jurídica e técnico superior da área a psicologia”.

No relatório entregue ao Gover-no, a Comissão explica ainda, que “apesar dos prazos [dos concursos]

terem sido encurtados, o certo é que continuou a verificar-se excessiva morosidade por causa das questões dos procedimentos”. Na visão da Comissão, “esta situação não só impediu os serviços públicos de obterem em tempo oportuno os

recursos humanos de que neces-sitavam como, em consequência, levantou obstáculos ao normal funcionamento dos referidos serviços”.

À ESPERA ENTRETIDOSChan Meng Kam explicou ainda que a Comissão irá esperar que os novos Secretários tomem posse para avançar com novas reuniões sobre o Regime em causa. Portanto, qualquer alteração só acontecerá depois de 20 de Dezembro.

No entretanto, a Comissão explicou que se irá dedicar a outros assuntos carentes de solu-ções. “Provavelmente vamos dar acompanhamento a questões rela-cionadas com o uso de capacetes dos ciclistas ou até a condução sobre a influencia de álcool ou drogas, bem com o tempo para uma consulta médica no hospital, perceber se esta demora está ou não relacionada com a falta de recursos humanos. Também queremos dar acompanhamento à questão das obras nas vias públicas”, esclare-ceu o presidente.

divido em duas partes, numa área de aproximadamente 170 mil m2, sendo a sul do Posto Fronteiriço das Portas do Cerco e a norte da zona envolvente da Praça das Portas do Cerco, incluindo a Praça das Portas do Cerco e os acessos viários do Posto Fronteiriço das Portas do Cerco, o Edf. Comandante Pinto Ribeiro, o Comando da UTIP, o Campo dos Operários das Portas do Cerco e a zona para para-gem e estacionamento dos autocarros dos empreendi-mentos hoteleiros, que serão considerados como âmbito fulcral da concepção. E a zona envolvente da Praça das Portas do Cerco, Aveni-da da Longevidade, Rua da Tribuna, Rua Marginal do Canal das Hortas e Rua dos Currais serão considerados como âmbito do plano de estudo.

o Governo, respondendo a uma outra interpelação, afirmou que era “necessário ponderar e estudar a viabi-lidade nas mudanças das instalações e na reconstru-ção do posto fronteiriço das Portas do Cerco”. Agora, o deputado questiona quais os trabalhos até agora rea-lizados.

QUESTÕES MÚLTIPLASEm relação ao planeamento de criação de uma linha que una a Zona A dos novos aterros às Portas do Cerco, a nova via entre Macau e Guangdong e o Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau - o qual foi apresentado pelo Executivo

e vai interessar ao desenvol-vimento dos próximos anos - o deputado quer saber se o Executivo já elaborou esse mesmo planeamento. Por último, questiona o depu-tado, se o Governo já tem uma calendarização para a entrega do projecto ao Conselho de Planeamento Urbanístico para se dar iní-cio à discussão.

A ideia do Governo com o plano é tornar a fronteira das Portas do Cerco num pórtico urbano mais moder-no e que permita também optimizar o aspecto funcio-nal da zona das Portas do Cerco como central modal de transportes.

O âmbito do estudo está

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6 política hoje macau quinta-feira 4.12.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

D EPUTADOS e Governo preten-dem votar na es-pecialidade daqui

a duas semanas o Regime de Prevenção e Repressão dos Actos de Corrupção no Comércio Externo, estando prevista a assinatura do parecer já no próximo dia 12. Segundo confirmou o deputado Chan Chak Mo,

F OI em 1966 que a Revo-lução Cultural Chinesa se estendeu até Macau e

com ela o primeiro protesto de chineses contra portugue-ses. Estava iniciado o movi-mento ‘123’ – mês 12, dia 3.

Tal como Jorge Pinheiro escreveu na obra “Há Bis-coitos no Armário”, onde fala sobre a vida de Maria Manuel Pimenta de Castro Machado, uma professora que viveu em Macau, os portugueses “caíram na arma-dilha”. Fez ontem 48 anos que os portugueses caíram nessa armadilha.

A 3 de Dezembro de 1966, por volta do meio-dia, as ma-nifestações começaram. “As escolas estavam mobilizadas. Estudantes e professores invadiram o Largo do Leal Senado e as ruas circundantes. Uma camioneta carregada de pedregulhos avança pela rua onde se situava o Comando da Polícia. Atrás, protegidos pelo camião, manifestantes entoavam canções revolucio-nárias e gritavam palavras de ordem, empunhando o Livro Vermelho”, lê-se na obra.

“E o futuro de Macau nunca mais seria o mesmo”, escreve, assinalando que “a tensão, no entanto, continuou a crescer. Várias famílias portuguesas começaram a preparar-se para abandonar Macau”.

Oito mortos e 200 feridos foi o resultado da mini-re-volução que mudou Macau para sempre. Os desacordos entre chineses e portugueses mantiveram-se por algum tempo.

NÃO, NÃO E NÃO“No dia 16 de Janeiro, a comunidade chinesa adoptou a ‘política dos três nãos’, não entregar impostos, não prestar serviços ao Governo (incluindo abastecimento de água e electricidade) e não vender produtos portugue-ses”, escreve Jorge Pinheiro. “Finalmente, a 29 de Janeiro, o Governo de Macau e as autoridades da República Popular da China chegaram a um acordo, assinado na sede da Associação Comer-cial. Para Portugal, tudo foi humilhante naquele acordo. O local, o conteúdo, a forma.

O Governo pediu desculpas à comunidade chinesa. (...) Ficou claramente marcada a posição da China. Portugal apenas estaria em Macau enquanto a China quisesse”, remata.

Se para os portugueses foi humilhante, como descreve Pinheiro, também há quem diga que, antes do movimen-to, a situação dos chineses também o era. É o caso de António Cambeta, que falou ontem à Rádio Macau e que explica que a comunidade chinesa foi muito maltra-tada pelos portugueses. O testemunho de quem viveu o ‘123’ e o descreve.

“Quando entrei para o autocarro, a revisora disse que me deixava entrar desta vez, mas quando eu quisesse usar novamente os autocarros já não podia porque era por-tuguês”, descreve António Cambeta à rádio. Na altura, trabalhava numa agência no Leal Senado. O também ex-militar explica ainda que lhe foi negada a compra de tabaco, porque não se vendia tabaco aos portugueses.

CORRUPÇÃO REGIME DE PREVENÇÃO NO COMÉRCIO EXTERNO VOTADO DIA 17

Por respeito às Nações Unidas“Foi-nos informado que Macau vai ser submetido a uma avaliação por parte da ONU e vamos ver se podemos ter o parecer pronto até ao dia 12 de Dezembro, para termos uma reunião plenária no dia 17”CHAN CHAK MOPresidente da 2.ª Comissão Permanenteda AL

MOVIMENTO 123 CELEBRARAM-SE ONTEM 48 ANOS

No centro da história

presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), é essen-cial acelerar os trabalhos por forma a responder às regras traçadas pela Con-venção contra a Corrupção da Organização das Nações Unidas (ONU), ratificada pela RAEM.

“Foi-nos informado que Macau vai ser submetido a uma avaliação por parte da ONU e vamos ver se pode-mos ter o parecer pronto até

ao dia 12 de Dezembro, para termos uma reunião plenária no dia 17 para apreciação desta proposta de lei na espe-cialidade. [A ideia] é termos o diploma aprovado a tempo dessa avaliação”, explicou o deputado e presidente.

ARTICULAR MELHORIASA proposta de lei foi, en-tretanto, alvo de algumas modificações. “Segundo nos foi dito pelo Governo, o texto do diploma vai ser alterado em certos pontos para melhoria e a nossa assessoria colocou certas questões a respeito do texto, no sentido de melhorar o seu articulado”, acrescentou Chan Chak Mo.

Os assessores da AL es-tão sobretudo preocupados com o facto de poder existir sobreposição de diplomas no futuro. “Em relação ao âmbito de aplicação, esta proposta de lei está relacio-

nada com vários diplomas na área da corrupção e, no caso de aplicação futura, a nossa assessoria mostrou-se preocupada com a possibili-dade de haver uma aplicação em relação aos diplomas que estão em vigor. Estamos à

espera de uma versão alter-nativa”, disse o deputado indirecto.

Os membros da 2.ª Co-missão Permanente desejam ainda saber com mais detalhe qual será a parte do Código Penal a aplicar neste tipo de

casos. Em relação ao conceito de funcionário público de ju-risdições exteriores, que está incluído nesta lei, foi também deixada uma sugestão feita pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC) - o diplo-ma também irá abranger fun-cionários públicos da China, de Hong Kong e de Taiwan.

Macau vai ser avaliado pela ONU no que diz respeito à corrupção e, por isso mesmo, quer tentar apressar a votação na especialidade da proposta de lei que vai permitir reprimir actos de corrupção no comércio externo

Aviso

Publicação da lista de resultados das candidaturas às Bolsas de Mérito para Estudos Pós-Graduados do ano lectivo 2014/2015

A lista de resultados das candidaturas às Bolsas de Mérito para Estudos Pós-Graduados do ano lectivo 2014/2015 está afixada no Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues n.os 614A-640, Edifício Long Cheng, 5.o andar) e no Centro dos Estudantes do Ensino Superior do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida n.º 68-B, Edifício Va Cheong, R/C B, Macau, ou seja, em frente da paragem de autocarro do Jardim Lou Lim Ieoc), a mesma lista pode ainda ser consultada na página electrónica da Comissão Técnica de Atribuição de Bolsas para Estudos Pós-Graduados (www.gaes.gov.mo/ctabe).

Os seleccionados para as Bolsas de Mérito para Estudos Pós-Graduados do ano lectivo 2014/2015 podem dirigir-se ao Centro dos Estudantes do Ensino Superior, a partir de hoje até ao dia 15 de Dezembro do corrente ano, no horário de atendimento, para o tratamento das formalidades. As informações pormenorizadas podem ser consultadas na página electrónica da Comissão Técnica de Atribuição de Bolsas para Estudos Pós-Graduados (www.gaes.gov.mo/ctabe).

Aos 4 de Dezembro de 2014.O Presidente, Sou Chio Fai

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7SOCIEDADEhoje macau quinta-feira 4.12.2014

JOANA [email protected]

O Instituto Cultural (IC) vai encomendar um estudo para perceber

se há necessidade de restaurar as pinturas murais da Ermida de Nossa Senhora da Guia. O anúncio foi ontem publicado em Boletim Oficial, com o IC a dizer ao HM que a ideia é perceber em que condições estão estas pin-turas e se precisam de restauro.

“O restauro das pinturas murais da Nossa Senhora da Guia foi concluído em 2001 e as pinturas murais estão a ser mostradas ao público já há mais de 10 anos”, começa por expli-car ao HM o IC. “Considerando que as pinturas da Capela estão no exterior a longo-prazo, [ao ar], a sofrer variações de tempe-ratura e a receber [uma grande quantidade] de visitantes, é possível que estas venham a

OCDE Rácio de enfermeiros diminuiO mais recente relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), citado pelo Jornal Tribuna de Macau (JTM), revela que o rácio de enfermeiros por cada mil habitantes continua abaixo da média da OCDE. Os dados mostram que, ao invés de aumentar, o número de enfermeiros até diminuiu: se há três anos a média era de 2,9 enfermeiros, o ano passado baixou para 2,8, quando, para a OCDE, as contas são de 8,7 enfermeiros. Macau fica também no limiar da Ásia-Pacífico, cuja média é de 2,8. Em relação aos médicos, a RAEM tem 1,2 médicos por mil habitantes, sendo que a média da OCDE é de 3,2.

UM Doutoramento sobre Estudos de Macau Hao Yufan, director da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau (UM), disse ontem que a universidade tem vindo a estudar a possibilidade de criar um curso de doutoramento na área de Estudos de Macau. Actualmente, a UM já ministra um mestrado na mesma área, tendo recrutado os primeiros alunos em Setembro deste ano. O director da faculdade considera que o doutoramento, a ser criado, “tem muito valor”, uma vez que vai mostrar as especificidades de Macau que têm “um significado a nível mundial” e que pode levar mais académicos a fazer estudos sobre o território.

‘JUNKET’ QUEIXAS DE DÍVIDAS DE MAIS DE QUATRO MIL MILHÕES

Impossível de cobrar

4.520.298.800de dólares de Hong Kong por pagar a ‘junket’

ERMIDA DA GUIA IC ENCOMENDA ESTUDO PARA RESTAURO DE PINTURAS

Preservar o que é nosso

CECÍLIA L [email protected]

O S ‘junket’ em Macau quei- xam-se de muitas dificul-dades em cobrar dívidas a jogadores do continente. O

facto deve-se, dizem, à saída destes do território antes de pagarem o que devem, facto que se alia à cada vez mais difícil entrada dos jogadores na RAEM.

Ao que o HM conseguiu apurar, até ao momento, há cerca de 4,520,298,800 de dólares de Hong Kong ainda por receber da parte de casinos e ‘junket’ de Macau. E este valor é somente o que é reconhecido publicamente e dado a conhecer ao site ‘Wonderful World’, especificamente utilizado para recuperar as dívidas. Os valores, disse o responsá-vel do site ao HM, contabilizam apenas as dívidas até Novembro.

A campanha anti--corrupção e a falta de uma lei que ajude a cobrar dividas no continente está a deixar os ‘junkets’ preocupados

Recentemente, a Reuters dava conta da dificuldade dos ‘junket’ em recupe-rar o dinheiro em dívida nos casinos de Macau. A agência de notícias dava inclusive conta de que este facto poderia causar problemas ao sistema de ‘junket’ de Macau e até paralisar as salas VIP dos casinos, onde estes actuam. Em declarações à Reuters, ‘junket’ davam conta que as dívidas ascendiam a “de-zenas de milhões de dívidas”. Mas há quem fale em mais.

A FUNDO PERDIDOOntem, a imprensa chinesa citava mais informações de um analista que dizia que os empréstimos dos pro-motores de jogo aos clientes atingia “centenas de milhões de dólares”. Dinheiro que se acaba por perder, não só pela política anti-corrupção na China, mas também pela dificuldade que quem empresta dinheiro tem em o voltar a receber.

Um analista diz à imprensa chinesa que, actualmente – e ao contrário do que acontecia antes – os ‘junkets’ já não conseguem acompanhar os clientes na entrada em Macau, devido às políticas de combate à entrada ilegal de chineses do continente apenas com passaporte que lhes permite cá estar em trânsito. Ora, estas medidas, “causam dificuldades” aos promotores de jogo em recupera a dívida, algo que é já por si difícil no continente.

De acordo com a Reuters, no geral, é quase impossível que a dívida seja re-cuperada. E esta dívida, como relembra um consultor de promotores de jogo, Tony Tong, cresce 3% mensalmente assim que passarem 30 dias de ser paga.

À BEIRA DA RUÍNASe a campanha anti-corrupção já está a dificultar o negócio – sendo que alguns ‘junket’ estão inclusive a mudar para o sudeste asiático – a demora na obtenção do dinheiro faz com que as salas VIP e o negócio dos promotores de jogo esteja perto do colapso, porque estes também não podem pedir créditos ao banco.

Segundo a Reuters, aos chineses com uma posição mais importante na sociedade e algum poder é ainda mais difícil ser cobrado o dinheiro.

Lv Zhonglou, um dos patrões das minas de carvão na China, é um exemplo desses. Segundo os credores e os média, o empresário chinês tem uma dívida de 3,5 mil milhões de dólares de Hong Kong em casinos. E este valor é apenas o que se sabe existir.

“Como é que pode pressionar a estas pessoas? Às vezes apenas temos que cancelar as suas dívida”, diz um dirigente de Total Credit and Risk Management Group.

Além disso, como a cobrança da dívi-da não é protegida por lei no continente, quando os ‘junkets’ tentam pressionar os devedores, raramente obtêm sucesso.

sofrer um certo grau de influên-cias do ambiente.”

Por esta razão, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U, delegou no director do IC, Guilherme Ung Vai Meng, a assinatura de um contrato de prestação de serviços para um estudo que vai servir para perceber se é necessário fazer retoques nas pinturas. A empresa que vai ajudar nisto está já escolhida.

SALVAGUARDAR O FUTURO“O estudo sobre a situação arquitectónica, prospecção e diagnóstico de patologias construtivas, supervisão e ava-liação de condições existentes e melhoramento do plano de concepção da Ermida de Nos-sa Senhora da Guia [vai ser] celebrado com a Companhia de Materiais e Engenharia

Sunglow, Limitada”, pode ler--se no Boletim Oficial.

Ao HM, o IC diz esperar que “através de métodos cien-tíficos” possam ser elaboradas medidas de salvaguarda e ges-tão das pinturas a longo prazo.

Os trabalhos incluem o registo da “prospec-

ção do ambien-te actual da

Capela de N o s s a

Senhora da Guia, o estudo e diagnóstico de patologias construtivas que é provável acontecer nas pinturas murais, a realização de fiscalização regular, a recolha de dados para avaliação e a elaboração de um plano de melhoria a longo-prazo”, entre outros.

A Ermida da Nossa Senho-ra da Guia está classificada como património, sendo que foi em 1966, aquando da realização de trabalhos de restauro e manutenção, que foram descobertos frescos no seu interior. Alguns deles têm mais de 300 anos. De 1998 a 2001 foi efectuado o restauro destas pinturas murais, que se acredita terem sido pintados por artistas locais. De acordo com o que o HM conseguiu apurar, as imagens represen-tam cenas da liturgia ocidental cristã e cenas mitológicas tipicamente orientais.

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8 sociedade hoje macau quinta-feira 4.12.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

É uma medida que, para muitos, faz lembrar a década de 60 e a Revolução Cultural

imposta por Mao Tse-Tung. Segundo a agência noticiosa Xinhua, o presidente chinês Xi Jinping deverá enviar para o campo todos os ar-tistas, incluindo cineastas e profissionais de televisão e rádio, para aprenderem os valores do Socialismo. Se-gundo a Xinhua, a decisão “vai dar um grande impulso aos artistas, ajudá-los a ter uma visão correcta da arte e a criarem mais obras--primas”.

Alice Kok, uma das directoras do projecto Art for All Society (AFA), que nasceu em Macau e que ac-tualmente também tem pre-sença em Pequim, revela-se “chocada” com a decisão.

C ERCA de 150 operários que trabalham nas obras de construção do novo

campus da Universidade de São José (USJ), na Ilha Ver-de, reuniram-se ontem com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) para reivindicar mais de seis milhões de patacas em salários em atraso. De acordo com a rádio chinesa, os trabalhado-res não recebem salários desde Setembro, uma situação que a instituição de ensino diz ser da responsabilidade do empreiteiro.

A reunião deu-se no pró-prio local das obras, onde foi necessária a intervenção da polícia e do empreiteiro.

A DSAL explica que o caso envolve cerca de 150 trabalhadores do continente, a quem não foram pagos os salários dos meses de Outubro

Aeroporto Número de passageiros sobe 9,5% O Aeroporto Internacional de Macau foi utilizado, em Novembro, por 450 mil passageiros. Trata-se de uma subida de 9,5%, segundo a informação avançada pela Sociedade do Aeroporto (CAM). No mês passado, o movimento de aviões registou um acréscimo de 11,5%. Ao longo do ano, segundo a CAM, o número de passageiros aumentou de forma constante, sendo que só de Janeiro a Novembro foram registados cerca de cinco milhões de passageiros. O Sudeste Asiático representa 39% do mercado, seguindo-se da China com 34%. Taiwan representa 27%.

Tempo Temperatura vai descer As temperaturas em Macau vão descer até aos 11ºC e 12ºC já a partir desta madrugada, de acordo com a previsão da Direcção dos Serviços Metereológicos e Geofísicos. Por isso mesmo, o Governo anunciou que está aberto desde ontem o Centro de Abrigo de Inverno do Instituto de Acção Social (IAS), na Ilha Verde. O espaço vai estar aberto até voltar a subir a temperatura para acolhimento das pessoas necessitadas, a quem serão fornecidas edredões, bebidas e alimentos.

CHINA XI JINPING QUER MANDAR ARTISTAS PARA O CAMPO. AFA “CHOCADA”

A lembrar o Maoísmo

USJ 150 OPERÁRIOS DO NOVO CAMPUS COM SALÁRIOS EM ATRASO

Mais de seis milhões pendurados

Pequim quer mandar artistas chineses para o campo para quepossam aprender mais sobre os ideais do Socialismo. Alice Kok,um dos membros da direcção da Art for All Society que existeem Macau e Pequim, mostra-se “chocada” com a decisão

“Parece uma medida do tempo da Revolução Cultu-ral. Penso que não são boas notícias para os artistas e para os activistas culturais e as razões são óbvias. Estou preocupada, não sei quando é que esta medida vai ser implementada. É uma forma de limitar algumas áreas que sejam de oposição ao Governo”, disse a artista ao HM. O HM tentou ainda contactar James Chu e José Drummond, director e artis-ta membro da AFA, mas os mesmos não se mostraram disponíveis para prestar declarações.

Em relação ao futuro da AFA, que alberga 60 artistas, Alice Kok nada consegue prever para já. “Ainda não sabemos até que ponto esta medida é mesmo para cumprir e que passos vão ser dados e também como é que vão definir aqueles que

têm de ser enviados para os campos. Não sabemos ainda qual será o impacto junto da comunidade artística. Penso que os que são verdadeira-mente influentes serão os

primeiros a ser afectados por esta medida”, apontou.

REBELDES POSTOS EM CAUSAQuestionada sobre o futuro do distrito cultural 798, um dos

pontos obrigatórios da cena cultural em Pequim, Alice Kok considera que o projecto não vai acabar. “Segundo o artigo que li no South China Morning Post (SCMP), a

medida vai visar os mais re-beldes ou os que criticam mais abertamente o Governo, como Ai WeiWei, um dos ícones do activismo cultural. Em relação ao distrito cultural 798, hoje em dia está muito concentrado em actividades comerciais, então penso que não será um espaço muito controverso em termos políticos”, frisou.

A artista não tem dúvida de que esta medida surge numa tentativa de Xi Jinping querer marcar uma posição no seu mandato como presidente. “É claramente uma medida com teor político”, concluiu.

Caberá à agência Xinhua a organização de grupos de artistas que, nas zonas mais rurais da China, irão conhecer “as bases, as comunidades, as aldeias e zonas mineiras” por forma a “realizarem trabalho de campo e terem experiência de vida”. No total, as pessoas do meio artístico ficarão 30 dias em “comunidades de minorias étnicas das zonas de fronteira e noutras zonas que tenham sido determinan-tes para a vitória na guerra revolucionária”.

Ao jornal SCMP, Joseph Cheng, docente de Ciência Política em Hong Kong, referiu que Xi Jinping “está debaixo de uma grande pres-são devido à sua campanha anti-corrupção que prejudicou muitos interesses. Estamos outra vez a assistir a um perío-do de tácticas de pressão sobre os intelectuais e os críticos”.

“Vai dar um grande impulso aos artistas, ajudá-los a ter uma visão correcta da arte e a criarem mais obras-primas”XINHUA

“Parece uma medida do tempo da Revolução Cultural. Penso que não sãoboas notíciaspara os artistas epara os activistas culturaise as razõessão óbvias”ALICE KOK Membroda direcção da AFA

e Novembro, sendo que a cada um são devidas ente 30 a 40 mil patacas. Mas as queixas não terminam por aqui: houve ainda 21 operários da China que foram despedidos

PAGAR ATÉ SEXTA-FEIRAA DSAL assegurou que o empreiteiro – que não se sabe quem é – vai efectuar os pagamentos em dívida antes de sexta-feira, sendo que uma eventual sanção ao construtor está ainda dependente deste pagamento no prazo prometi-do. O empreiteiro disse ainda que vai recrutar novamente 16 dos operários despedidos e vai pagar a compensação aos outros cinco.

De acordo com a agência Lusa, a USJ já lamentou a disputa laboral, mas garante que “sempre cumpriu as obrigações do contrato com a

empresa de construção e nun-ca se atrasou no pagamento de fundos relevantes para a empresa”.

A construção do novo campus da universidade na Ilha Verde foi iniciada em

Maio do ano passado. O projecto estava previsto para começar em 2009 mas aca-bou por sofrer uma série de atrasos que impediram que estivesse pronto em que isso acontecesse. - C.L.

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9 sociedadehoje macau quinta-feira 4.12.2014

JOANA [email protected]

O novo director do Hos-pital Kiang Wu disse, recentemente, que o Governo “não finan-

cia” o hospital, mas dados publica-

A S autoridades querem au- mentar o contacto com associações homossexuais

devido à infecção por VIH, apesar de admitirem que, desde 2005 – data em que a Comissão de Luta Contra a SIDA foi criada – “obteve-se bons resultados nos trabalhos de contro-lo” da doença. Responsáveis deste grupo de trabalho estão também confiantes que a inclusão de Educa-ção Sexual nos currículos escolares vai ajudar a diminuir o número de casos que surgem em Macau.

Actualmente, o território tem mais de uma centena de pessoas infectadas com SIDA que recebem tratamento no Centro Hospitalar do Conde de São Januário, como mostram dados da Comissão, que teve a sua reunião anual na segunda-feira. O grupo explica que a maioria das 143 pessoas in-

ADN Académica alerta que não tem valor de prova Vera Lúcia Raposo, docente da Universidade de Macau (UM), alertou numa palestra para o facto de o ADN não poder ser utilizado como prova em tribunal, devido à ausência de uma lei específica em Macau que o permita. Em declarações ao Jornal Tribuna de Macau, Vera Lúcia Raposo explicou que “as provas genéticas podem ser recolhidas, mas não podem ser analisadas, nem consideradas em tribunal”. Apesar das autoridades utilizarem o ADN em investigações, a académica disse, desta vez ao jornal Ponto Final, que estudou o caso e chegou à conclusão que esta prova não é utilizada. “A prova de ADN poderia ser uma arma muito interessante”, frisou, explicitando que Macau é um território onde existe muita circulação de dinheiro e de pessoas e que a ausência desta lei não permite que haja regulação no uso de amostras de ADN.

FIM À VISTA?De acordo com o Serviços de Planeamento de SIDA das Nações Unidas, o número de novos casos de SIDA registados no ano passado foi o menor deste século, enquanto o número de mortes diminuiu também. A ONU diz que, se esta tendência se mantiver, prevê-se que a epidemia da SIDA possa ser erradicada no ano de 2030.

Não só recebeu quase metade da totalidade do dinheiro atribuído pelos Serviços de Saúde no terceiro trimestre deste ano, como viu aumentar os valores face ao mesmo período de anos anteriores. O Kiang Wu voltou a liderar o topo da lista de apoio concedidos, arrecadando mais de 200 milhões de patacas em três meses

KIANG WU DE VOLTA À LIDERANÇA DOS DINHEIROS RECEBIDOS

Vira o trimestre e toca ao mesmo

201,677,702patacas, valor recebido entre Julho a Setembro

SIDA AUTORIDADES QUEREM MAIOR CONTACTO COM ASSOCIAÇÕES HOMOSSEXUAIS

A ajuda que vem da escolafectadas comparece regularmente nas consultas de acompanhamento e coopera com os serviços na ad-ministração de medicamentos. A Comissão diz que “o resultado de terapia é satisfatório”, mas admite que há mais trabalho a fazer.

Para a Directora do Centro de Educação Moral dos Serviços de Educação e Juventude, Leong I

On, o facto de ter sido estabelecida a criação obrigatória de aulas de Educação Moral e Cívica e de se estar a desenvolver o Programa de Apoio à Educação Sexual Escolar de 2014 ajuda a que venham a existir menos casos de infecção no terri-tório. Além disto, diz a Comissão, está a ser reforçada “gradualmente” a promoção de prevenção de abuso de drogas e a educação sexual a jovens. “A educação sexual vai ser incluída nos cursos regulares, o que vai favorecer as políticas públicas de prevenção e controlo da SIDA.”

HOMOSSEXUAIS NA MIRAHá um grupo que, agora, chama mais a atenção da Comissão. De acordo com dados recentes dos Serviços de Saúde, aumentaram os casos de infecção por via e contacto homossexual e bissexual: 12 casos

deste género foram registados este ano, 50% do total. Por isso mesmo, a Comissão de Luta contra a SIDA admite que vai precisar de ajuda de associações.

“Na sequência da situação mais actualizada em Macau [mostrar que] os contactos homossexuais e bissexuais [são] a via de transmis-são principal nos novos casos de-tectados no corrente ano, todos os membros concordaram em reforçar a colaboração com as associações de homossexuais, para desenvolver os trabalhos de prevenção e con-trolo da SIDA.” - J.F.

dos de tempos a tempos no Boletim Oficial mostram precisamente o contrário: o hospital privado não só recebe apoio financeiro, como recebe quase sempre a maior fatia deste dinheiro.

De Julho a Setembro deste ano, os dados não mudam. O Kiang Wu recebeu um total de 201,677,702 patacas, o que equivale a 46% do total de financiamento atribuído pelos Serviços de Saúde (SS) no terceiro trimestre do ano a mais de uma centena de instituições.

Ao hospital privado chegaram 201,7 milhões de patacas, dividi-dos entre sete propósitos. A maior percentagem deste dinheiro – cerca

de 120 milhões – é justificada como sendo um subsídio protocolar para a prestação de internamento de doentes, relativo aos meses de Dezembro de 2012 e de 2013 e de Março a Julho de 2014.

Seguem-se 28 milhões que dizem respeito a um “subsídio de investimen-to e desenvolvimento”. O Boletim Oficial diz que este montante é relativo à 3.ª prestação, mas não explica de que investimento se está a falar.

A lista prossegue com 22 mi-lhões a serem alocados nos subsídio protocolares para financiamento das “despesas médicas de doentes do foro cardíaco não transferidos pelo hospital público”, 15 milhões para subsídios protocolares com consultas externas e serviços de urgência, nove milhões para a “realização de análises clínicas” e sete milhões para apoiar o Centro Hong Ling, também do hospital.

O Instituto de Enfermagem do Kiang Wu não ficou de fora e rece-beu 60 mil patacas para despesas com prémios aos melhores alunos deste ano lectivo que passou.

RICO TRIMESTREO montante mostra que o 3º tri-mestre do ano foi mais bondoso para o Kiang Wu, que recebeu mais dinheiro do que no mesmo período do ano passado. Em 2013,

de Julho a Setembro, o hospital privado arrecadou 52,8 milhões de patacas. Já em 2012, no mesmo período em análise, recebeu 86,2 milhões de patacas.

Na lista de apoios, destaque especial para a Federação das As-sociações de Operários (FAOM), da qual fazem parte diversos depu-tados, que recebeu 7,6 milhões de patacas em apoios – cerca de 2% do total distribuído pelos SS, sendo a maior fatia dedicada à Clínica dos Operários e a segunda ao Centro de Recuperação da FAOM.

Segue-se a Associação de Beneficência Tung Sin Tong, que recebeu 4,8 milhões de patacas para serviços de consulta externa e estomatologia de crianças, e 3,6 mi-lhões de patacas que foram gastas em apoios financeiros a estudantes de Medicina. Entre este valor, estão 740 mil patacas para subsídios para um curso de iniciação pré-profis-sional, 2,3 milhões de patacas para apoios a alunos do segundo curso de medicina avançada e 600 mil patacas para propinas em cursos de apoio clínico.

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TIGRES SOB UM CÉU VERMELHO • Liza Klaussmann Nick e a sua prima, Helena, cresceram a compartilhar os quentes verões em Tiger House, propriedade da família. Como a Segunda Guerra Mundial entretanto termina e elas estão à chegar à idade adulta, preparam-se para partir à conquista do mundo. Nenhuma delas encontra a vida que tinha imaginado e, com o passar dos anos, as viagens até Tiger House assumem uma nova complexidade. Então, à beira da década de 1960, a filha de Nick e o filho de Helena fazem uma descoberta sinistra que faz mergulhar numa sombra profunda o calor daquela ilha outrora brilhante. Magnificamente contado a partir de cinco perspectivas, Tigres Sob Um Céu Vermelho é um romance latente de violência traição, paixão e segredo por trás de uma fachada pura e delicada.

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SENHOR COMANDANTE • Romain Slocombe Escritor e académico na Paris pré-guerra, Paul-Jean Husson retirou-se para uma pequena vila da Normandia com o intuito de se dedicar à sua obra, marcada por um anti-semitismo “patriótico”. Quando a guerra rebenta e o seu filho Olivier é obrigado a partir, toma a seu cargo a protecção da nora, Ilse, uma alemã de traços arianos e luminosos. A sua beleza faz surgir nele uma atracção que vai contra todos os seus valores, uma vez que descobre que ela é de origem judaica. Pouco a pouco, o universo confortável do grande escritor pétainista, modelo do bom burguês, começa a vacilar. Apenas uma carta dirigida ao comandante da Kreiskommandantur pode permitir a Husson salvar a sua honra.

hoje macau quinta-feira 4.12.2014 11EVENTOSFRC LIVRO DE JOAQUIM MAGALHÃES DE CASTRO APRESENTADO HOJE

No trilho de Fernão Mendes PintoNo ano em que se celebram os 400 anos do lançamento de “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, a obra “Na senda de Fernão Mendes Pinto” é lançada em Macau. O seu autor,Joaquim Magalhães de Castro,pretende chamara atenção paraum livro com“valor universal”ANDREIA SOFIA [email protected]

H Á 400 anos, Fernão Men-des Pinto terá pisado a terra de Macau pela pri-meira vez, ainda antes de

se chamar Macau. Pisou o Japão, a Índia, a Etiópia. Em 2013, Joa-quim Magalhães de Castro voltou aos mesmos lugares e escreveu aquilo que sentiu, acompanhando as imagens que já tinha retratado em meados de 2001.

Depois do lançamento oficial em Portugal, a obra “Na senda de Fernão Mendes Pinto” é hoje apresentada em Macau na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC), num evento onde estarão Carlos Marreiros e Victor Teixeira.

Ao HM, o autor, Joaquim Ma-galhães de Castro, fala mais da iniciativa que pretende celebrar os 400 anos do lançamento da obra histórica. “Este livro foi lançado em Portugal o ano passado e nun-ca tinha tido a oportunidade de o

Som e Imagem Curtas vencedoras no MAMEstá marcada para hoje, às 19h00, a cerimónia de atribuição de prémios do Sound & Image Challenge 2014, organizado pela Creative Macau. O evento terá lugar no Museu de Arte de Macau (MAM) e vai permitir aos interessados visualizar duas dezenas de curtas-metragens de países diferentes: Austrália, Brasil, Canadá, Chile, França, Grécia, Hong Kong, Índia, Irão, Israel, Itália, Macau, entre outros. As sessões estão marcadas para hoje, das 11h00 às 13h30 e das 14h00 às 16h30. Os filmes que foram a concurso estão divididos em categorias diferentes, desde a ficção à animação, do documentário à publicidade. A entrada é livre.

Mio Pang Fei Documentário estreia hoje no GalaxyO documentário “Mio Pang Fei”, centrado na vida e obra do importante artista plástico de Macau, estreia hoje nos cinemas do Galaxy. Este é o primeiro filme de Pedro Cardeira, residente co-fundador da produtora ‘Inner Harbour Filmes’. O documentário foi seleccionado para a edição de 2014 do Festival de Cinema português DocLisboa e regressa agora a Macau, onde tem estreia nos cinemas do território, às 19h00. Mio Pang Fei nasceu em Xangai, mas é considerado um artista de Macau – um dos mais conceituados na arte plástica. Foi por cá que aquele que é também conhecido como sendo “uma referência da arte contemporânea chinesa” se refugiou e onde desenvolve “um estilo novo baseado no cruzamento das técnicas artísticas ocidentais com o espírito cultural chinês, a que chamou Neo-Orientalismo”, como explica o comunicado de imprensa da organização.

Não esqueçamos que a Peregrinação não é apenas um marco da literatura portuguesa,mas também da literatura universal

apresentar aqui em Macau. Faço-o este ano para assinalar a efeméride. O livro vai servir para falarmos da Peregrinação, é isso que quero fazer com o público. Quero que seja uma coisa divertida e não tanto acadé-mica”, disse.

O livro é da chancela da editora Parsifal e foi o editor de Joaquim Magalhães de Castro que lhe propôs uma nova edição de “Na senda de Fernão Mendes Pinto”.

NA PRIMEIRA PESSOA“Em 2001 recriei a viagem de Fernão Mendes Pinto através de

fotografias, para provar que aqui-lo que ele escreveu ainda hoje é possível visitar. Entretanto o meu editor disse-me: porque não recriar

a viagem utilizando as tuas expe-riências? E foi o que fiz”, explicou.

Em cada capítulo podem ser lidos textos que já tinham sido escritos por Joaquim Magalhães de Castro em alguns locais. “Percorro mais ou menos a viagem de Fernão Mendes Pinto por ordem geográfi-ca. Faço uma pequena introdução à viagem e depois conto a minha experiência ali”, explica.

Joaquim Magalhães de Castro não deixa de tecer elogios à Pere-grinação, obra que, como disse ao HM, já leu mais do que uma vez. “Não esqueçamos que a Peregri-nação não é apenas um marco da literatura portuguesa, mas também da literatura universal. É importante realçar isso, porque muitas vezes temos excesso de humildade. Inicia

o género literário de literatura de viagens, onde eu me movo.”

Joaquim Magalhães de Castro recomenda, por isso, a leitura do livro publicado há 400 anos, quando viajar representava uma ver-dadeira odisseia. “Há ainda muitas ideias

feitas e apesar de ter havido muitos estudos,

até a nível internacional, ainda continua a haver um

desconhecimento, não só em Portugal mas sobretudo junto do

grande público. As pessoas conhe-cem o Marco Pólo, mas o Fernão Mendes Pinto continua a ser muito desconhecido, tendo em conta o valor que tem”, conclui.

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12 publicidade hoje macau quinta-feira 4.12.2014

NOTIFICAÇÃO EDITAL Nº 83/2014 (Solicitação de Comparência do Trabalhador)

Nos termos das alíneas b) e c) do nº 1 do artigo 6.º do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugadas com o artigo 58.º e n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notificam-se os trabalhadores abaixo indicados:

1. O Sr. LIU, YUZHENG, trabalhador não-residente então autorizado a prestar trabalho para a socieda-de “COMPANHIA DE CONSTRUÇÃO DE OBRAS PORTUÁRIAS ZHEN HWA, LIMITADA” (Processo n.º 7470/2012);

2. O Sr. XIE, CHAOGUANG, trabalhador não-residente então autorizado a prestar trabalho para a “SOCIEDADE DE TRANSPORTES PÚBLICOS REOLIAN, S.A.” (Processo n.º 9310/2012);

3. O Sr. YANG, WEIMING, trabalhador não-residente então autorizado a prestar trabalho para a so-ciedade “FÁBRICA DE GELO SHIU PONG HAP SENG (MACAU), LIMITADA” (Processo n.º 2280/2013);

4. O Sr. CHAN, HONG IEONG, então trabalhador residente da sociedade “權興土木裝修工程” (ro-manizado em KUN HENG TOU MOK JONG SAO CONG CHENG) (Processo n.º 8111/2013);

5. A Sra. TANG NGOC PHUONG, trabalhadora não-residente então autorizada a prestar trabalho para a sociedade “VENETIAN COTAI-GESTÃO HOTELEIRA, LIMITADA” (Processo n.º 10383/2013);

6. O Sr. LICON, MICHAELITO AQUINO, trabalhador não-residente autorizado a prestar trabalho para a sociedade “COMPANHIA DE CORRIDAS DE CAVALOS DE MACAU S.A.R.L.” (Proces-so n.º 10869/2013);

7. A Sra. LEE, MARIBETH RAMOS, trabalhadora não-residente então autorizada a prestar trabalho para o Sr. CHENG, CHEUK KEE (Processo n.º 4215/2014);

8. O Sr. WU, JIACHENG, então trabalhador residente da sociedade “G2000 (MACAU) LIMITADA” (Processo n.º 6562/2014).

Para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte à da publicação do presente édito, comparecerem no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, a fim de prestarem as respectivas declarações dos processos instaurados relativamente ao acidente de trabalho em que os notificados foram vítimas. Mais se comunica que nos termos da alínea a) do n.º 2 do artigo 103.º do aludido Código do Procedimento Administrativo, o procedimento é extinto quando por causa imputável aos notificados estes estejam parados por mais de seis meses.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 19 de Novembro de 2014.

A Chefe de Departamento, Subst.ªLam Pui Heng

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.º 82/14(Trabalho ilegal – pagamento das multas)

Considerando que se revela ser impossível notificar, nos termos do artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro, do artigo 68.º e do n.º 1 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, WU HUAZHEN (titular do passaporte da República Popular da China), LIU JIANYING (titular do passaporte da República Popular da China), ZHOU XUE (titular do passaporte da República Popular da China), JIANG SHUNDA (titular de Salvo Conduto para Hong Kong e Macau da República Popular da China), BASA ALAN ALVARADO (titular do notificação dos Serviços de Migra-ção), LIU WEI (titular do passaporte da República Popular da China), BARLETA RICHARD PANTE (titular do passaporte da República das Filipinas), SHAO JUN (titular do título de identificação de trabalhador não-residente), LI JUAN (titular de Salvo Conduto para Hong Kong e Macau da República Popular da China), ZENG XIAOJUAN (titular do passaporte da República Popular da China), XIONG YAN-LING (titular do passaporte da República Popular da China), DENG JUN (titular do passaporte da República Popular da China), ZHANG ZHIQIANG (titular do passapor-te da República Popular da China), HONG ZHEN (titular do passaporte da República Popular da China), e XIAO HONGHUI (titular de Salvo Conduto para Hong Kong e Macau da República Popular da China), pessoalmente, por ofício, telefone, ou ou-tra forma, sobre a matéria acusada pela infracção do Regulamento Administrativo n.º 17/2004 – Regulamento sobre a Proibição do Trabalho Ilegal, de 14 de Junho, e para o efeito do regime de procedimento da aplicação da respectiva multa, Lurdes Maria Sales, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho (DIT), da Direcção dos Servi-ços para os Assuntos Laborais (DSAL), notifica, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do CPA, os aludidos infractores, do teor da decisão sancionatória em causa, no seguinte:

1. Dado exposto por ter comprovado a acção de WU HUAZHEN, LIU JIANYING, ZHOU XUE, JIANG SHUNDA, BASA ALAN ALVARADO, LIU WEI, BARLETA RICHARD PANTE, SHAO JUN, LI JUAN, ZENG XIAOJUAN, XIONG YANLING, DENG JUN, ZHANG ZHIQIANG, HONG ZHEN e XIAO HONGHUI, bem como a culpa dos infractores, ao abrigo do artigo 3.º do Regulamento sobre a Proibição do Trabalho Ilegal, nos termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 9.º do mes-mo regulamento administrativo foi aplicada a cada infractor, a pena de multa de MOP$20.000,00;

2. Informa-se ainda que, nos termos do n.º 2 do artigo 17.º do Regulamento Ad-ministrativo n.º 26/2008 Normas de Funcionamento das Acções Inspectivas do Traba-lho, conjugado com as alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 145.º e os artigos 149.º e 155.º do CPA, os actos administrativos em causa podem ser impugnados, no seguinte: a) Mediante reclamação para a autora do acto (A Chefe do DIT), no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do dia seguinte ao da presente notificação; ou b) Mediante recurso hierárquico necessário para o superior hierárquico da au-tora do acto (Director da DSAL), no prazo de 30 (trinta) dias, a contar do dia seguinte ao da presente notificação edital. Por outro lado, nos termos do n.º 4 do artigo 150.º, conjugado com o n.º 1 do artigo 156.º do CPA, o direito acima referido é exercido por meio de requerimento, no qual devem ser expostos os fundamentos (de facto e de direito), juntando os docu-mentos considerados convenientes, não sendo o acto acima mencionado susceptível de recurso contencioso.

3. Mais ficam notificados que, nos termos do artigo 12.º do Regulamento sobre a Proibição do Trabalho Ilegal, e da alínea e) do artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, conjugado com os n.ºs 1 e 2 do artigo 15.º do Regulamento Ad-ministrativo n.º 26/2008 – Normas de Funcionamento das Acções Inspectivas do Trabalho, os aludidos infractores devem, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da publicação da presente notificação edital, comparecer na DSAL para o levantamento da guia de pagamento da multa e proceder ao seu pagamento na Repartição de Finanças de Macau da Direcção dos Serviços de Finanças. Ficam ainda notificados que, nos 5 (cinco) dias subsequentes aos do prazo acima referido deverão entregar nestes serviços, o documento comprovativo desse pagamento, sob pena das cópias de todos os documentos acompanhadas do comprovativo de cobrança coerciva serem remetidos à Re-partição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças para ser efectuada a cobrança coerciva nos termos legais.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspec-ção do Trabalho, aos 25 de Novembro de 2014.

A Chefe do DITLurdes Maria Sales

NOTIFICAÇÃO EDITAL Nº 84/2014(Exercício do direito de defesa)

Considerando que não se revela possível notificar, nos termos dos artigos 10.º e 58.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, a sociedade “GOLDEN CANTON SOCIEDADE UNIPESSOAL LIMITADA”, sita na Avenida da Amizade, Edifício Casino Sands, Golden Canton Vip Club, 3.º andar - A, em Macau, pessoalmente, por ofício, telefone, ou outra forma, Lurdes Maria Sales, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho, manda notificar, nos termos do n.º 2 do artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro, conjugado com o artigo 94.º do mesmo código, a referida sociedade, para no prazo de 15 (quinze) dias, exercer os seus direitos de audiência e de defesa por escrito quanto à seguinte eventual infração ou de rectificação exclusiva do abaixo indicada:

A referida sociedade não ter entregue os recibos do pagamento de remuneração referente ao período de 1/2012 a 4/2013 à trabalhadora Zhan MiaoLing, infringindo assim o n.º 6 do artigo 63.º da Lei n.º 7/2008 – Lei das relações de trabalho.

Do facto acima referido, nos termos da alínea 9) do n.º 1 do artigo 88.º da aludida Lei n.º 7/2008 – Lei das relações de trabalho, a supracitada infracção é punida com multa de MOP$5.000,00 a MOP$10.000,00 (com multa de MOP$5.000,00 a MOP$10.000,00 por cada trabalhador em relação ao qual se verifica a infracção).

Assim, pode exercer do seu direito de defesa por escrito no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do 1.º dia útil seguinte ao da publicação do presente edital. A notificação da acusação em causa pode ser levantada no DIT, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221 a 279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, dentro das horas de expediente, sendo também permitida a consulta do respectivo processo n.º 5149/2013. A falta da apresentação da defesa escrita pelo notificado, dentro do prazo acima referido, é aplicada a multa.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, aos 26 de Novembro de 2014.

O Chefe de DepartamentoLurdes Maria Sales

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13CHINAhoje macau quinta-feira 4.12.2014

A família enlutada de Cardoso vem dolorosamente comunicar o falecimento do seu esposo, pai, irmão e cunhado MANUEL ALEXANDRE CARDOSO,

ocorrido no passado dia 2 de dezembro.

Deixa viúva, Ca Tin Ip Cardoso, filhos, vitório, noel, vitória, irmãos, cunhados e cunhadas.

As cerimónias fúnebres realizar-se-ão no dia 4 de Dezembro de 2014 (5ª. feira), pelas 20h00 na casa mortuária da Diocese de Macau, com missa de corpo presente, e o enterro, no dia 5 de

dezembro (6ª. feira), pelas 11h00 na capela do Cemitério São Miguel Arcanjo.

A família enlutada agradece a presença dos seus amigos nestes piedosos actos.

MANUEL ALEXANDRE CARDOSOAgradecimento

O S três líderes do movimento ‘Oc- cupy Central’ que se entrega-

ram ontem às autoridades saíram em liberdade uma hora depois de terem entrado voluntariamente na esquadra da polícia para assumirem as consequências pelos protestos pró-democracia.

“Não fomos presos, dei- xaram-nos sair sem restri-ções à liberdade”, disse à imprensa, Benny Tai, um dos três líderes do movi-mento iniciado há mais de dois meses, co-fundado pelo reverendo Chu Yiu-ming e pelo académico Chan Kin--man.

Benny Tai explicou que lhes pediram para preencher um formulário específico sobre as actividades do “Occupy Central”, no qual deviam responder sobre a participação em iniciativas como assembleias não auto-rizadas, incitação ao delito ou danos criminais.

“Penso que o assunto não fica arrumado hoje, mais tarde podem prender-nos e acusar-nos de crimes graves. Temos de esperar para ver”, acrescentou.

O professor universitário disse que o movimento ‘Oc-cupy Central’ ia assumir uma nova abordagem para pro-mover a causa do sufrágio universal, incluindo através da educação e de uma nova carta social.

“O nosso plano é voltar à comunidade, não é regressar a Admiralty (zona de protes-tos) nesta altura. Só se os grupos decidirem pôr fim à ocupação é que vamos para lá para lhes prestar toda a ajuda de que necessitem”, disse, em declarações à agência espanhola Efe.

Conhecido pelas suas posições críticas contra a China, o cardeal Joseph Zen Ze-kiun, juntou-se ao trio do ‘Occupy Central’ e também se entregou às autoridades. Aos 82 anos, o antigo lí-der da Igreja Católica em Hong Kong é um apoiante declarado do movimento pró-democracia.

FILA SOLIDÁRIAOutros cidadãos concentra-dos no exterior da esquadra da polícia de Central, perto

‘OCCUPY’ LÍDERES EM LIBERDADE. ESTUDANTES EM GREVE DE FOME

Novas formas de luta

“Queremos que as pessoas saibamque a greve de fome que estamos a fazer é séria. Queremos atrair a atenção da população novamente para o “movimento dos guarda-chuvas”JOSHUA WONG

Os criadores do movimento de ocupação das ruas da ex-colónia britânica saíram em liberdade uma hora depois de se terem entregue às autoridades. No entanto, segundo Benny Tai, o caso não está encerrado e poderão a qualquer momento ser detidos. Entretanto, vários jovens estudantes continuam em greve de fome

fome até conseguirmos o sufrágio universal. Só (que-remos) reiniciar o diálogo”, sublinhou o jovem líder estudantil, de 18 anos.

Tanto Wong como as duas jovens em greve de fome disseram que vão man-ter essa forma de protesto, apesar de já terem começado a ter sintomas de cansaço e vómitos.

Uma das estudantes, Prince Wong Ji-yuet, de 17 anos, vomitou hoje duas vezes no espaço de uma hora. “A equipa médica disse-me que talvez ainda não me tenha habituado”, afirmou.

Joshua Wong adiantou que só vão beber água ou alguma solução de glicose em caso de recomendação dos médicos.

“Queremos que as pes-soas saibam que a greve de fome que estamos a fazer é séria. Queremos atrair a atenção da população nova-mente para o “movimento dos guarda-chuvas”, disse.

de Sheung Wan, também fizeram fila para preencher os formulários e entregar-se às autoridades.

Entre a meia centena de apoiantes do movimento havia membros do Partido Democrático e elementos de outros grupos cívicos. Algu-mas músicas de gospel foram cantadas no local, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

Outras dezenas de opo-sitores das manifestações pró-democracia, incluindo do movimento Justiça e Aliança de Hong Kong, liderado por Leticia Lee, promoveram um protesto no local, afirmando que os três co-fundadores do ‘Occupy Central’ prejudicaram Hong Kong.

Ambos os grupos foram separados por uma forte presença policial no local.

O Governo central de Pequim autorizou o sufrágio universal para as próximas eleições para o chefe do executivo em Hong Kong, em 2017, mas sob o pressu-posto de que os candidatos sejam seleccionados por um comité eleitoral, uma condi-ção rejeitada pelos manifes-tantes pró-democracia, que desde o final de Setembro ocupam várias artérias na antiga colónia britânica.

ESTUDANTES EM JEJUMEntretanto, três estudantes em greve de fome enviaram uma carta aberta ao líder do Governo para pedir a retoma do diálogo sobre a reforma política.

A carta aberta foi endere-çada ao chefe do executivo, CY Leung, pelo líder do movimento Scholarism, Joshua Wong, e por outras duas estudantes que estão há mais de 40 horas em jejum, noticiou a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong.

Joshua Wong disse on-tem em conferência de im-prensa que mais jovens estão a pensar fazer greve de fome para pressionar o governo de

Hong Kong a retomar o diá-logo com os manifestantes sobre o sufrágio universal para as próximas eleições

para o chefe do Executivo, a realizar em 2017.

“Não estamos a dizer que vamos fazer greve de

“Penso que o assunto não fica arrumado hoje, mais tarde podem prender-nos e acusar-nos de crimes graves. Temos de esperar para ver”BENNY TAI Líder do movimento “Occupy”

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14 hoje macau quinta-feira 4.12.2014

E M 21 de Setembro de 2014, centenas de milhares de pessoas mobilizaram-se em 158 países numa “Marcha dos povos pelo

clima”. Convocado para dois dias antes do início dos trabalhos da Cimeira sobre o Clima da ONU, em Nova Iorque, este foi o maior evento pela justiça climática já organizado no mundo. Integrantes des-te poderoso movimento irão expandir as suas actividades ao longo dos próximos meses, até à organização, em Paris, en-tre 30 de Novembro e 11 de Dezembro de 2015, da 21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Cop21).

Poluição, pesca industrial predatória e acidificação estão a devastar a vida marinha. Há saída: deixar de ver oceanos como “terra de ninguém”,sujeita à exploraçãodos mais fortes

MUDANÇA OCEÂNICA, A OUTRA GRANDE AMEAÇA AMBIENTAL

Agora, a questão das mudanças cli-máticas entrou – finalmente – na agenda política e dos media global. Talvez tar-de demais, mas enfim… Em torno deste tema crucial, espalha-se, nas nossas so-ciedades, um amplo e saudável debate sobre a espinhosa questão do nosso mo-delo de desenvolvimento.

Mas uma outra ameaça, infelizmente menos percebida, paira perigosamente sobre o planeta: a mudança oceânica. Lembremo-nos, os oceanos produzem metade do oxigénio que respiramos, gra-ças especialmente aos fitoplânctons. Eles absorvem mais de um quarto do dióxido de carbono que emitimos na atmosfera. Em 2013, essas emissões de CO² atingi-ram um novo e trágico recorde. Três mil milhões de pessoas dependem, para a sua existência, dos mares, e 350 milhões de postos de trabalho estão directamen-te ligados a eles. Os litorais são os nos-sos principais centros populacionais e abrigam a maior parte da infra-estrutura necessária às actividades humanas. Mais de um terço do petróleo consumido pela humanidade, e um quarto do gás natural, provêm das zonas submarinas.

Como lembra um relatório recen-te publicado pela Comissão Oceânica Mundial (Global Ocean Comission), in-titulado “Do declínio à restauração – Um

plano de resgate para o oceano mun-dial”1, “não é exagero afirmar que todas as formas de vida sobre a Terra, aí com-preendida a nossa própria sobrevivência, dependem do bom estado e das riquezas do oceano. A diversidade biológica que ele contém é praticamente inestimável. Assim, somos milhares de milhões a ne-cessitar dele como fonte de alimento, oxigénio, estabilidade climática, chuvas e água potável, de transporte e energia, de lazer e meio de subsistência. “A nossa dívida vital para com o oceano é enor-me. Mas o nosso maior ecossistema – os oceanos cobrem cerca de três quartos do globo – corre agora um grande risco.

Num artigo de título eloquente – “Sea Change: The Ecological Disaster That Nobody Sees” (“Mudança oceânica: o

desastre ecológico que ninguém vê”) 2, o jornalista norte-americano Richard Schiffman observa que “mantemo-nos muito bem informados sobre o facto de que a nossa civilização industrial deses-tabiliza o clima terrestre, mas pouco se sabe sobre a existência de outro desas-tre ambiental em curso: a crise mundial dos oceanos”. Baseando-se também nas conclusões alarmantes do relatório da Comissão Mundial do Oceano, ele soa o alarme: “Especialistas dizem que já es-tamos diante de um processo de extin-ção de espécies nos oceanos que poderia rivalizar com o da “Grande extinção” do Permiano (há 250 milhões de anos), quando 95% das espécies marinhas de-sapareceram devido aos efeitos combi-nados de elevação da temperatura, acidi-ficação, perda de oxigénio e destruição do habitat – todas elas condições que enfrentamos hoje”.

A situação é grave. Mas desta vez, algumas décadas de actividade huma-na serão suficientes para nos conduzir em directo ao abismo. Como sublinha a Comissão, “o nosso oceano está em declínio. A destruição dos habitats, a perda da biodiversidade, a sobrepesca, a poluição, as mudanças climáticas e a aci-dificação dos oceanos levam o sistema oceânico à ruína. A governança é total-

AGORA, A QUESTÃO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS ENTROU – FINALMENTE – NA AGENDA POLÍTICA E DOS MEDIA GLOBAL. TALVEZ TARDE DEMAIS,MAS ENFIM…

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Page 15: Hoje Macau 4 DEZ 2014 #3228

15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 4.12.2014

mente inadequada e, em alto mar, a anar-quia reina sobre as ondas.” Acrescenta--se: “O progresso tecnológico e a regu-lação inexistente alargam o fosso entre ricos e pobres: certos países são capazes de explorar os recursos, que diminuem, enquanto os que não têm meios sofrem as consequências. A estabilidade regio-nal, a segurança alimentar, a resiliência climática e o futuro dos nossos filhos encontram-se todos em risco.”

O documento identifica cinco fac-tores principais que, agindo de modo combinado, prometem, pelo andar da carruagem, colocar o oceano mundial em declínio irreversível. Trata-se de: a) explosão da procura de recursos; b) desenvolvimento de meios técnicos de operação e exploração que são usados numa lógica exclusivamente movida pela busca de lucro sem limites; c) redu-ção dos stocks de peixes; d) alterações climáticas e e) falta de regulamentação das zonas de alto mar, que representam 64% da superfície marítima do mundo. Mantido fora de todas as jurisdições na-cionais, esse espaço – que “desempenha (…) função essencial à manutenção da vida em áreas localizadas dentro dos li-mites da jurisdição nacional dos Estados costeiros” – está sujeita a todo tipo de

REDUZIR AS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA NÃO É, PORTANTO, APENAS UM IMPERATIVO PARA O CLIMA. É TAMBÉM URGENTE PARA SALVAR O PRINCIPAL ECOSSISTEMA, INDISSOLUVELMENTE LIGADO ÀS CONDIÇÕES DA NOSSA PRÓPRIA SOBREVIVÊNCIA

saque: excesso de extração de recursos, sobrepesca 4, poluição – particularmen-te pelos plásticos 5 – etc. Conforme os autores do relatório, “se o princípio da ‘liberdade no alto mar’ evocou noutros tempos imagens de aventura e oportu-nidade, ele hoje transmite a imagem da implacável ‘tragédia dos bens comuns’ caracterizada pela destruição dos stocks de peixes e outros preciosos recursos marinhos. A liberdade é explorada por aqueles que têm os meios financeiros e oportunidade, protagonizando a falta de prestação de contas e de justiça social”.

Nesse contexto, as mudanças climá-ticas produzem fenómenos perigosos e incontroláveis. Elas estimulam um processo de acidificação das águas. A elevação dos níveis de CO² na atmos-fera intensifica a sua presença no mar, mecanicamente, para em consequência modificar, pouco a pouco, o equilíbrio do carbono. Esta acidificação, cuja taxa nunca foi tão elevada em 300 milhões de anos, já afecta o equilíbrio vital de grande quantidade de espécies vivas (corais, moluscos e plânctons que pro-duzem o nosso oxigénio), destruindo os seus esqueletos e conchas, constituídos de carbonato de cálcio. Eventualmente, uma grande elevação da temperatura global devastará a vida marinha. Assim, segundo a Comissão, “é a própria vida do oceano mundial, do menor fitoplânc-ton às grandes baleias, que é afectada” por essas “mudanças sem precedentes nas condições químicas e físicas [que] já afectam a distribuição e abundância de organismos e ecossistemas marinhos”. E Richard Schiffman resume, criteriosa-

mente: “Menos plâncton significa menos oxigénio e mais dióxido de carbono na atmosfera, o que reforça o ‘ciclo vicioso das mudanças climáticas’”.

O aquecimento da atmosfera acelera, igualmente, o aquecimento dos ocea-nos. Tendo armazenado cerca de 90% da energia devida ao aquecimento da temperatura terrestre no decorrer das úl-timas décadas, eles viram a temperatura média da sua superfície aumentar 0,7°C num século. Estima-se que, em algumas áreas, este aumento atingirá mais de 3° C até o final do século 21. Este fenóme-no perturba directamente o equilíbrio alimentar nas profundezas do oceano e afectará gravemente a segurança ali-mentar proveniente da pesca. Para a Comissão “isso tem (…) consequências alarmantes sobre a vida dos oceanos e constitui, provavelmente, o maior desas-tre ambiental invisível do nosso tempo.”

Um segundo relatório, este publicado pela Organização Metereológica Mun-dial (OMM) 6, confirma as sombrias pre-visões da Comissão Oceânica Mundial. Ele também afirma que “é provável que o aquecimento do oceano tenha efeitos directos sobre a fisiologia dos organismos marítimos”, e aponta uma terceira conse-quência negativa do aquecimento global: a desoxigenação dos oceanos. O efeito combinado de elevação da temperatura e acidificação altera a presença do oxigénio na água. A sua quantidade deveria, assim, conforme o lugar, baixar de 1% a 7% no decorrer do século.

Reduzir as emissões de gases de efei-to estufa não é, portanto, apenas um im-perativo para o clima. É também urgen-te para salvar o principal ecossistema, indissoluvelmente ligado às condições da nossa própria sobrevivência. Para preservar os oceanos, devemos ao mes-mo tempo lutar contra o aquecimento global, a poluição, a superexploração selvagem dos seus imensos recursos, re-gulamentar a pesca mundial, as zonas de alto mar etc. Mas, sobretudo, pode-se dizer algo, tanto em relação aos oceanos quanto ao clima. Para salvá-los, e fazer deles “a nova fronteira da humanidade”, necessária a um desenvolvimento futu-ro, num contexto de expansão planeada, e “uma roda motriz para a recuperação das [suas] actividades” 7, há apenas uma solução: mudar o sistema.

Artigo de Christophe Ventura, publicado em Mémoire des luttes. Tradução de Inês Castilho, para Outras Palavras

MAIS DE UM TERÇO DO PETRÓLEO CONSUMIDO PELA HUMANIDADE, E UM QUARTO DO GÁS NATURAL, PROVÊM DAS ZONAS SUBMARINAS

Christophe Venturain Esquerda.net

Page 16: Hoje Macau 4 DEZ 2014 #3228

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Macau,ao01deDezembrode2014.

Cristiano Ronaldo“Falta-me um títulopela Selecção” Com uma carreira recheada de títulos, Cristiano Ronaldo espera ainda conquistar um troféu com a camisola da Selecção Nacional. «Todos os anos tenho a oportunidade de ganhar títulos e, enquanto jogar futebol, quero ganhar o máximo possível. Falta-me um título importante pela selecção. Tivemos uma oportunidade em 2004 mas perdemos na final. Oxalá tenha mais uma oportunidade», disse o avançado do Real Madrid em declarações ao jornal AS. Sobre a Bola de Ouro, prémio que distingue o melhor jogador do ano que recebeu em Janeiro para o qual volta a estar entre os três finalistas: «Os prémios são o reconhecimento de um colectivo que funcionou bem, por isso, obviamente, gostava de ganhar.»

SLB Jara pode servir de moedade troca por Correa Joaquín Correa, argentino de 20 anos do Estudiantes, continua na órbita dos encarnados e prosseguem os contactos entre a SAD do Benfica e o clube de La Plata tendo em vista uma possível transferência, conforme noticia A BOLA. O Benfica estará interessado em colocar no processo o avançado Franco Jara, muito apreciado na Argentina, em particular no Estudiantes, e que esta temporada praticamente não tem recebido minutos por parte de Jorge Jesus. Nas próximas semanas, o presidente do Estudiantes, Juan Sebástian Verón, poderá mesmo deslocar-se a Lisboa para tentar abrir oficialmente uma frente negocial.

E Diego não resistiu. Na mais profunda so-lidão, abandonado, o avançado paraguaio

de 32 anos cedeu ao avanço de uma infecção incontrolável. Foi há dois anos, a 3 de Dezembro de 2012, na Indonésia.

A história de Diego Mendieta merece ser contada e recontada as vezes necessárias. Acaba de forma trágica, profundamente triste, mas deve funcionar de aviso para todos os que, de uma ou de outra forma, decidem tentar a sorte num país desconhecido.

Sem espaço nem expectativas no futebol paraguaio, Mendieta partiu para o futebol in-donésio no verão de 2012. No currículo levava passagens por clubes modestos: River Plate de Assunção, Pettirossi e Sportivo Iteño.

MARCO [email protected]

O relvado do Campo da Universidade de Ciên-cia e Tecnologia de Macau acolhe ao final

da tarde de hoje a segunda mão da edição de 2014 do Interport de Fute-bol entre a selecção de Macau e a sua congénere de Guangdong. A primeira mão da competição disputou-se no sábado na vizinha província conti-nental, com a formação orientada por Leung Sui Wing a perder por três bolas a uma. O desafio pautou a estreia de Filipe Duarte com a camisola da selecção do Lótus. O influente jogador, nascido em Portugal, desvaloriza a derrota e louva a juventude e o espírito de entrega da selecção do território: “Foi um jogo difícil porque Cantão tinha uma boa equipa. Nós também temos uma equipa combativa, com muitos jovens jogadores de qualida-de e acredito que se dermos tempo ao tempo, a equipa vai melhorar muito. Precisamos de mais jogos, de competir mais para melhorar”, acredita o mais recente internacio-nal de Macau.

Aos 29 anos, o defesa central da Casa do Sport Lisboa e Benfica aceitou o repto de representar o território a título internacional, depois de ter jogado com a cami-sola da selecção portuguesa em

Diego Mendieta O avançado que morreu sozinhoInstalou-se na cidade de Solo, a 50 quiló-

metros da capital Jacarta, e assinou pelo Persis. Para trás deixou a esposa e dois filhos, de um e três anos. Quando se despediu da família, fê-lo pela última vez.

O campeonato da Indonésia atravessou mo-mentos caóticos nesse mesmo ano. Vários clubes afastaram-se da liga profissional e formaram um campeonato privado. O Persis Solo, de Diego Mendieta, foi um deles.

A anarquia gerou discussão e a discussão apressou a insalubridade financeira. Os clubes rebeldes deixaram de cumprir os seus compro-

missos. No dia em que os sintomas da doença atacaram Diego, o jogador de 32 anos não recebia há quatro meses.

«Ele foi hospitalizado três vezes, disseram-lhe que tinha febre tifóide. Mas ele não tinha dinheiro para pagar a medicação. Enviei-lhe 500 dólares uma semana antes de saber que ele tinha morrido», contou a viúva, Valéria Álvarez, à BBC.

A doença era perfeitamente tratável na fase inicial. Bastava a Diego ter tomado os remédios adequados. O seu clube ficou a dever-lhe 15 mil dólares (cerca de 12 mil euros) e isso fez toda a diferença.

FILIPE DUARTE ESTREOU-SE NO SÁBADO COM A CAMISOLA DO LÓTUS

Só a vitória interessa na recepção a Guangdong

todos os escalões de formação. O atleta encarnado, que actuou por seis vezes nos Sub-20 lusos, está confiante num triunfo esta noite, no encontro da segunda mão do Interport Macau-Cantão: “No relvado da Universidade de Ciência e Tecnologia, o jogo vai ser diferente. O grupo de trabalho parte para a partida com um único pensamento, a vitória. É para ven-cer que vou jogar, caso mereça a confiança do treinador e os meus colegas também é o triunfo que têm em mente. Ninguém pensa em ganhar ou empatar”, garantiu o habitual capitão do Benfica em declarações à Ou Mun Tin Si Toi, o canal em língua chinesa da TDM.

EXPERIÊNCIA PARA OFERECERFilipe Duarte diz-se honrado por ter sido chamado ao gru-po de trabalho da selecção do

território. O defesa central do Benfica de Macau diz que pode, sobretudo, transmitir experiência ao colectivo às ordens de Leung Sui Wing: “Sou provavelmente o jogador mais velho que integra esta selecção e acho que posso contribuir para a equipa sobretudo com alguma experiência. Penso que este grupo daqui a três, quatro anos pode tornar-se muito forte”, sustenta o atleta.

A segunda mão do Interport entre Macau e Cantão está agendada para as sete da tarde e a selecção do território tem pela frente uma tarefa titânica, ao ter que dar a volta a uma desvantagem de três bolas a uma para garantir o triunfo na competição. O avançado Nicolas Torrão, companheiro de equipa de Filipe Duarte na Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau, marcou no sábado o único golo da formação do Lótus.

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hoje macau quinta-feira 4.12.2014 (F)UTILIDADES 17

TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 11 MAX 14 HUM 75-95% • EURO 9.8 BAHT 0.2 YUAN 1.2

ACONTECEU HOJE 4 DE DEZEMBRO

João Corvo fonte da inveja

Morre Francisco Sá Carneiro num acidente aéreo em Lisboa • As circunstâncias da morte de Sá Carneiro, que nasceu no Porto e deu, por isso, o nome ao aeroporto, nunca foram completamente esclarecidas. O avião no qual seguia despenhou-se em Camarate, pouco depois da descolagem do aeroporto de Lisboa, quando Sá Carneiro se dirigia ao Porto para participar num comício de apoio ao candidato presidencial da coligação AD, o General António Soares Carneiro. Juntamente com ele faleceu o Ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, bem como a sua companheira Snu Abecassis, para além de assessores, piloto e co-piloto.Sá Carneiro gravara uma mensagem de tempo de antena onde exortava ao voto no candidato apoiado pela AD, amea-çando mesmo demitir-se caso Soares Carneiro perdesse as eleições (o que viria de facto a suceder três dias mais tarde, sendo assim o General Eanes reeleito para o seu segundo mandato presidencial). A 13 de Julho de 1981, Sá Carneiro foi agraciado a título póstumo com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, a 17 de Março de 1986 com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e a 20 de Dezembro de 1990 com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.Trinta anos depois dos acontecimentos, contudo, continuam a existir duas teses relativas à sua morte: a de acidente (eventualmente motivado por negligência na manutenção do avião), ou a de atentado. A 8 de Abril de 2012, José Esteves recebeu de Fernando Farinha Simões uma confissão com 18 páginas, que afirma que a CIA e Oliver North estavam por trás da conspiração para colocar uma bomba no avião, porque Adelino Amaro da Costa estava prestes a denunciar as manobras secretas da CIA no comércio de drogas e de armas que secretamente passavam por Portugal. Neste dia, mas em 1917, a Finlândia declara a sua inde-pendência da Rússia.

O QUE FAZER ESTA SEMANA?C I N E M ACineteatro

SALA 1EXODUS: GODS AND KINGS [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver14.30, 21.00

EXODUS: GODS AND KINGS [3D] [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver18.00

SALA 2RISE OF THE LEGEND [C](FALADO EM MANDARIM, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Chow Hin Yeung

Com: Sammo Hung, Eddie Peng, Zhang Jin, Angelababy14.15, 21.30

THE THEORY OF EVERYTHING [B]Um filme de: James MarshCom: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Emily Watson, Charlie Cox16.45, 19.15

SALA 3THE BEST OF ME [B]Um filme de: Michael HoffmanCom: Michelle Monaghan, James Marsden, Luke Bracey14.30, 16.45, 19.15, 21.30

EXODUS: GODS AND KINGS

“THE ORANGES”(JULIAN FARINO, 2011)

Famílias perfeitas não as há e é mesmo isso que ‘The Oranges’ mostra, ainda que lhe acrescente um toque de comédia e surrealis-mo. O filme, narrado por Alia Shawkat no papel de Vanessa, conta a história da relação íntima entre duas famílias cujos cônjuges são melhores amigos... Até ao dia em que descobrem que Nina, a filha pródiga da família Ostroff, está a viver um romance breve e intenso com David Walling (Hugh Laurie), marido e pai distante, descon-tente com a vida que leva. É a partir do dia em que Nina volta para casa – depois de vários anos a viajar pelo mundo – que tudo muda em New Jersey. A aproximação da época festiva do dia de Acção de Graças, do Natal e do Ano Novo faz com que todos os elementos das duas famílias entrem em colapso. Realizado por Julian Farino em 2011, ‘The Oranges’ mostra as diferentes reacções de filhos, pais, mães e melhores amigos face a uma desilusão provocada por uma traição comum. ‘The Oranges’ faz-nos pensar sobre a vida e aquilo que queremos dela: amor e uma cabana ou uma vida aparentemente feliz, mas vazia de paixão e vontade? - Leonor Sá Machado

H O J E H Á F I L M E

• HojeESTREIA DE DOCUMENTÁRIOSOBRE MIO PANG FEI Cinemas UA Galaxy, 19h00

VISUALIZAÇÃO DAS CURTAS DO SOUND& IMAGE CHALLENGE DA CREATIVE MACAUMuseu de Arte de Macau,11h00 – 13h30 e 14h00 – 16h00Entrada livre

• SábadoSTANDARD & LATIN DANCE MUSIC SHOWPavilhão desportivo do Tap Seac, 20h00 às 22h00100 patacas

BE THREE GRASSOPER (CONCERTO)Venetian, 20h00Bilhetes a partir de 280 patacas

REGGAE SESSION II Hot Rod Café, 22h00Entrada livre

• DomingoCOUNT BASIE ORCHESTRA AO VIVO NO VENETIANVenetian Teathre, 19h45Bilhetes a partir de 200 patacas

CORO PEROSI AO VIVOIgreja de São Domingos, 20h00Entrada livre

• DiariamenteEXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS” DE VICTOR MARREIROS (ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store, Rua Almirante SérgioEntrada livre

EXPOSIÇÃO PÁSSAROS DE MACAU,DE JOÃO MONTEIRO (ATÉ DIA 29/12) Consulado-geral de Portugal em MacauEntrada livre

WORKSHOP DE LANTERNASTRADICIONAIS(ATÉ DIA 13/12)Albergue SCM, das 19h00 às 21h00Entrada livre

EXPOSIÇÃO “REGIÃO OBSCURA”DE HEIDI LAU Museu de Arte de MacauEntrada livre O vinho é a alma do meu ócio.

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18 OPINIÃO hoje macau quinta-feira 4.12.2014

N A semana passada abordei o tema da “face”, esse valor quase sagrado na cultura chinesa, um dos poucos bens, senão mesmo o único, inquantificável, intransmis-sível e inalienável. Contas com dinheiro são uma ciên-cia exacta, mas já as contas da “face” remetem-nos para

os meandros da metafísica. Se fizer um favor a um chinês e ele quiser recompensá-lo, pode recusar uma vez, por educação, dizendo-lhe que “não tem importância”, mas se ele in-sistir, é melhor aceder, pois significa que ele lhe está a pedir para você “lhe dar cara” - a “face” dos outros não se guarda, e quanto mais rapidamente a devolver, melhor. E isto de “dar cara” tem muito que se lhe diga, pois até neste particular olha-se a quem antes de fazer o bem. Assim há pessoas a quem “não é preciso dar cara”, ou seja, alguém a quem é indiferente o que pensa ou o que diz de quem supostamente lhe fez perder “face”.

Olhemos para nós, cá para dentro da nossa casa, e para a qualidade de vida que temos em Macau. Depois olhemos para os in-

bairro do or ienteLEOCARDO

Toma lá o PIB, dá cá a face

A RAEM tem o quarto maior PIB “per capita” do mundo, à frente de países como a Suíça, a Austrália e o Canadá. Não vivemos tão bem como os suíços, os australianos ou os canadianos, portanto onde são aplicadas as 60 mil patacas mensais que (...) cada residente produz?

dicadores do Banco Mundial, que nos dizem que a RAEM tem o quarto maior PIB “per capita” do mundo, à frente de países como a Suíça, a Austrália e o Canadá. Não vivemos tão bem como os suíços, os australianos ou os canadianos, longe disso, portanto onde são aplicadas as 60 mil patacas mensais que segundo o Banco Mundial cada residente produz é uma incógnita, mas não vemos quase ninguém a fazer essa pergunta. Por outro lado persiste a animosidade quanto ao número cada vez maior de trabalhadores não-residentes (TNR), cuja maioria aufere rendimentos dez, quinze ou até vinte vezes inferiores aos números do PIB “per capita”. Nem os TNR entram na equação do Banco Mundial, nem os residentes de Macau se im-

portam que se façam “contas de mercearia” na hora de distribuir a riqueza, mas ai dos filipinos, indonésias e afins se por acaso o Governo lhes atribui um subsidio extra de 100 ou 200 patacas (a serem pagas pelo empregador, lógico), que não se livram do habitual “voltem mas é para a vossa terra!”, sentença padrão do tribunal popular local.

Ainda dentro desta esfera dos “forasteiros” há ainda outro fenómeno interessante: os turistas do continente, os tais que tornam a via pública impossível de circular à vontade e esgotam o estoque de leite em pó das prate-leiras dos supermercados e das farmácias. São um estorvo para os residentes, mas sem eles não tínhamos o tal PIB que outras economias certamente invejarão. No fim da vindima o

dinheiro ganha sumiço, e são os residentes quem mais sofrem com a maré de visitantes. Conclusão: a culpa é destes últimos, e o facto de existirem terceiros que lucram estupida-mente com isto e não precisam de andar na rua ou comprar leite em pó é irrelevante; não se trata aqui de uma questão de milhões ou de centenas de patacas, mas de quem beneficia - como se atrevem em vir de lá de não se sabe de onde para nos enganarem numa pataca que seja? É que a estes não é preciso “dar cara”.

Os taxistas, uma espécie de novéis “maus da fita” cá do burgo, também conhecidos por “corsários do asfalto” pela forma despreo-cupada com que cobram tarifas criminosas pelas corridas, e ainda inflacionadas confor-me a urgência do utente (se não passassem de uns pindéricos armados em espertalhões, eu até diria que leram Maquiavel), são um dos grupos que mais sai a ganhar neste “jogo da face”. O problema não é de todo recente, e já se falava de taxistas desonestos que “pescavam” clientes e cometiam outras trafulhices praticamente desde a inauguração dos primeiros hotéis-casinos das conces-sionárias norte-americanas, já lá vão quase dez anos. Acontece que a forma com que se encaram estas questões em Macau - e agora permitam-me que recorra a um pouco de (mau) humor negro - é semelhante à do doente a quem é diagnosticado um tumor maligno, e quando lhe perguntam quando deseja iniciar o tratamento ele responde: “depois do funeral” - foi a mesma coisa com a especulação imobiliária, enfim.

Reparem como a única associação que tem feito alguma pressão para o Governo meter os taxistas na linha partiu da iniciativa de estrangeiros a viver no território, enquanto os locais, mesmo reconhecendo a existência do problema, encolhem os ombros. E onde estão os democratas para convocar pelas redes sociais uma manifestação de vinte mil alminhas que leve o Executivo a pro-curar soluções de forma convicta, em vez de andar a propor timidamente “medidas” que não passam do papel e não são mais que paninhos quentes? Mais depressa convocam uma manifestação a favor dos direitos dos animais ou dos LGBT – a comparação entre ambos é meramente acidental.

Mas não se pense que os nativos de Macau, vulgo “oumunyan”, são permissivos e mansi-nhos. Se viajam para o continente, Tailândia ou outro país da região põem as tripas de fora a regatear dez yuan por uma camisola ou trinta baht a mais por uma viagem de táxi que convertida ao nosso câmbio e atendendo à realidade em que vivemos é tão barata que parece quase uma boleia. O que se passa é que os tais taxistas da RAEM são desonestos, mas são dos nossos, “da malta”. Lá fora é outra conversa, e é preciso dar o exemplo, bem como marcar o nosso território. É que até nestas coisas de “espremer o sumo” aos turistas, há que atender ao “pedigree”; .Não se esqueçam que afinal viemos da economia com o quarto maior PIB “per capita” do mundo. Respeitinho, meus meninos, respeitinho...

ALEXANDER MACKENDRICK, SW

EET SMELL OF SUCCESS

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19 opiniãohoje macau quinta-feira 4.12.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

A LUTA CONTINUA

A corrupção contribui para a corrosão, ou seja, o minar da credibilidade das ins-tituições públicas. Mas a corrosão não se dá apenas por efeito de crimes, ou actos ilegais.

Vamos voltar aqui a um dos grandes escândalos morais dos dias de hoje,

emblematizado pelo caso Luxleaks. É tudo perfeitamente legal. Alguns países europeus — por acaso, entre eles aqueles que exigem austeridade aos outros para que equilibrem as contas — organizam-se com as multina-cionais para, por debaixo da mesa, roubar aos outros os impostos sobre as transacções que se realizam no território das vítimas. É claro, “roubar” e “vítimas” são palavras aqui usadas com certo risco: se é tudo legal, não há roubo, e se não há roubo não há vítimas. Mas então que chamar às centenas de milhares de milhões de euros que já se comprovou que saem dos nossos países em direcção, pelo menos, ao Luxemburgo, para que não paguem impostos?

Se há razão para minar a credibilidade

Rui TavaResin Público

Corrupção e corrosãoÉ ridículo combater a evasão fiscal com carros sorteados por facturas de cabeleireiro, quando as multinacionais fogem com todo o dinheiro que entendem por cimadas nossas cabeças —e mesmo as grandes empresas nacionais ofazem através da Holanda

da União Europeia, é esta. Ao olhar para os números da evasão fiscal e do planeamento fiscal agressivo, facilmente entendemos que aquilo por que passámos nos últimos anos poderia ter sido, se não inteiramente evitado, pelo menos grandemente minora-do. De caminho entendemos que é ridículo combater a evasão fiscal com carros sortea-dos por facturas de cabeleireiro, quando as multinacionais fogem com todo o dinheiro que entendem por cima das nossas cabeças — e mesmo as grandes empresas nacionais o fazem através da Holanda.

Compreendemos ainda que, a este res-peito, o centrão europeu está bem e reco-menda-se. O homem central no escândalo Luxleaks é o novo presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro e ministro das Finanças do Luxemburgo Jean-Claude Juncker — o mesmo que enquanto presi-dente do Eurogrupo presidiu à invenção das troikas. Ele é agora apoiado pelo Partido Popular Europeu, pelos socialistas e pelos

liberais. E, já agora, percebemos também que as posições sobre isto não são determi-nadas por lealdades nacionais: há políticos dos países do Sul a defender Juncker, tal como sempre encontrei colegas holandeses

dispostos a denunciar o seu próprio país enquanto paraíso fiscal e ladrão de impostos de empresas portuguesas.

Bem, mas as coisas podem mudar agora. Se ainda escapava a justificação dos par-tidos do centrão europeu para não apoiar uma moção de censura contra Juncker para não dar uma vitória à extrema-direita, não se entende a nova trincheira de populares, socialistas e liberais europeus: impedir a formação de uma comissão de inquérito ao escândalo Luxleaks. Ao optarem por um mero relatório de iniciativa que pouco efeito terá, estes partidos estão a franquear a linha entre não demitir Juncker e serem objectivamente seus cúmplices, ajudando-o a livrar-se do escândalo. Isto é particularmen-te grave por parte dos socialistas europeus dos países-vítimas.

Se o caso também o preocupa, use as ferramentas da democracia. Escreva pelo menos a todos os eurodeputados portugue-ses — os endereços de email são públicos — e peça-lhes para apoiarem a comissão de inquérito ao escândalo Luxleaks. Não aceite que lhe fujam com os impostos, e não aceite que lhe fujam sem uma resposta.

cartoonpor Stephff

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