Honneth - Revista Cult Duas Perguntas Para Axel Honneth - Revista Cult
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7/23/2019 Honneth - Revista Cult Duas Perguntas Para Axel Honneth - Revista Cult
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Duas perguntas para Axel HonnethTAGS: dossiê
Professor da Universidade de Frankfurt, o filósofo e sociólogo alemão Axel Honneth é o atual
diretor do Instituto de Pesquisa Social (instituo a partir do qual se originou a expressão“Escola de Frankfurt”). No início de sua carreira universitária, trabalhou como assistente deHabermas (1984 a 1990). Além de ser um dos principais especialistas sobre Teoria Crítica,Honneth é um dos pensadores mais citados no mundo no âmbito da filosofia moralcontemporânea, em particular, nas relações entre poder, reconhecimento social e respeito. Pelocaráter inovador de suas reflexões, é considerado atualmente o pensador mais influente daterceira geração da “Escola de Frankfurt”. No Brasil, pu blicou Luta por reconhecimento (Ed.34, 2004) e Sofrimento de indeterminação (Ed. Singular, 2007). Nesta pequena entrevista,Honneth avalia a contri buição de Habermas para a Teoria Crítica e situa sua própria obra emrelação ao eixo da teoria habermasiana.
CULT – Habermas teve um papel destacado na renovação e na reformulação daTeoria Crítica da Escola de Frankfurt. Como seguidor de Habermas, quaisseriam, na sua opinião, os pontos centrais da contribuição habermasiana para arefomulação da Teoria Crítica?
Axel Honneth – No essencial, eles se resumem ao chamado “giro” da teoria da comunicação,ou seja, ao empenho de Habermas em fundamentar uma sociedade cujos traços essenciais nãofossem a produção e as respectivas relações de produção, e sim um conceito do social,caracterizado em seu cerne pelo processo de compreensão linguística. Este é o giro da teoria dacomunicação, que consiste igualmente em identificar a ação comunicativa, e não mais a açãoinstrumental, como o cerne do social – uma teoria que estabelece conexões com Durkheim eGeorge Herbert Mead. Para mim, este foi o choque fundamental, e foi evidentemente o quetransformou a arquitetônica da Teoria Crítica a partir de sua base: ela não estava maisremetida, no seu fundamento, a uma análise da socidade como estrutura de produção, e simcomo estrutura de comunicação, o que tornava necessária uma reorientação sob a perspectivanormativa. Essa perspectiva normativa não era mais a de uma libertação do trabalho ou porintermédio do trabalho, mas a de uma liberação [ Entbindung] do potencial normativo da açãocomunicativa.
Para alguém que se vê mais como aluno de Habermas do que de Adorno, como é o meu caso,essa transformação foi decisiva. Com ela, a Teoria Crítica encontrou seu lugar no gênero da
crítica social, que em certo sentido já havia sido formada pelos clássicos – por Durkheim, Max Weber e também por Parsons. Isso não era possível antes. A partir de uma forte ligação comMarx, a antiga Teoria Crítica havia compreendido a sociedade como sendo, em princípio,apenas uma “estrutura de trabalho” [ Arbeitszusammenhang]. Creio que isso representou umalimitação para a sua perspectiva normativa, e avalio ainda que ela era, sob um aspectoespecífico, não-sociológica. Eu diria que a grande contribuição de Habermas no que concerneà Teoria Crítica foi precisamente esta transformação, isto é, a ultrapassagem deste paradigmade produção ou dessa herança histórico-filosófica que procede de Marx.
CULT – Isso significa que a carência do aspecto social na primeira Teoria Crítica,à qual o senhor se refere, foi superada por Habermas?
Honneth – Sim. Ela foi superada, mas de uma maneira que considero incompleta. Isso seexplica – e compõe a dramaturgia de meu livro Crítica do poder [ Kritik der Macht, inédito noBrasil] – pelo fato de Habermas ter trocado o paradigma da produção, central para a TeoriaCrítica, pelo paradigma da compreensão, o que me parece deixar pouco espaço para a
atualidade do conflito social, ou seja, para o fato elementar da atualidade do conflito ou deuma concorrência e de uma luta entre os sujeitos socializados [ vergesellschafteten]. Emconsequência disso, minha investigação consistiu em ampliar ou corrigir a trilha aberta porHabermas rumo a uma concepção do social calcada nas relações de comunicação pelaorientação mais rígida de uma teoria do conflito. E o paradigma que propus para substituir(ou talvez aprofundar) o modelo da compreensão foi o de uma luta pelo reconhecimento.
(Tradução: André Medina Carone)
EDIÇÃO 208
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2 Comentários 1
• •
illiam Schweickardt •
Inter essante essa análise não mais voltada essencialmente ao quesito laboral daconstrução social. Entretanto, eu ainda acredito que Marx conseguiu decifrar
muitos desdobramentos sociais que perpetuam e até se acentuaram atualmente.
Analisar só pelo trabalho pode ser incompleto, mas que a sociedade está
profundamente fixada em torno de sua mão de obra e a forma como essa é
vendida e administrada é inegável.
• •
Lucas •
Só um complemento ao seu comentário William. Eu particularmente,
concordo muito com Marx na questão dos meios de produção
influenciarem nas superestruturas, realmente foi um conceito importante
elaborado por ele, pois nós conseguimos ver claramente como as f ormas
de produção afetam diretamente na forma como vivemos, vide que hojetudo e todos estão de alguma forma subordinados ao capital. É o laboral
influenciando o social.
Leia trecho de artigo de Cláudia Perrone‑Moisés
sobre Hannah Arendt publicado na edição 208
da revista CULT.
revistacult.uol.com.br/home/2015/12/u…
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espetáculo "Mistérios Gozósos", em cartaz no
Teatro Oficina Uzyna Uzona: ht.ly/VRJJV
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Leia no blog da filósofa @marciatiburi: "Política
da Escuta – Voz, protagonismo e disputa
política". ht.ly/VRrBv
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Hoje, a poeta mineira Adélia Prado completa 80
anos. Leia entrevista que ela concedeu à CULT
de abril de 1999: ht.ly/VMgl5
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