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Estilo de vida 13 tipos de câncer têm relação com obesidade Ana Furtado conta como venceu o câncer de mama SUPERAÇÃO Novo Centro Avançado de Oncologia Tratamento completo do câncer ESPECIAL CÂNCER HSVP REVISTA DO HOSPITAL SÃO VICENTE DE PAULO ANO 8 Nº 23 JAN/MAR 2020

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Estilo de vida13 tipos de câncer têm relação com obesidade

Ana Furtado conta como venceu o câncer de mama

SUPERAÇÃO

Novo Centro Avançado de OncologiaTratamento completo do câncer

ESPECIAL CÂNCER

HSVPREVISTA DO

HOSPITAL SÃO VICENTE DE PAULO

ANO 8 • Nº 23 • JAN/MAR 2020

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EDITORIAL

HOSPITAL SÃO VICENTE DE PAULORua Dr. Satamini 333, Tijuca, Rio de Janeiro/RJ Tel.: 21 2563-2121 • www.hsvp.org.br

Fundado em 1930 pelas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo.

DIRETORIA MÉDICA: Dra. Eliane Castelo Branco (CRM: 52-28752-5).

CONSELHO ADMINISTRATIVO: Ir. Maria Cristina D’Abruzzo, Ir. Ercília de Jesus Bendine, Ir. Josefa Coissi, Ir. Maria Aparecida Ramos, Ir. Jacira Pereira dos Santos .

REVISTA DO HSVPCONSELHO EDITORIAL: Ir. Maria Cristina D’Abruzzo – PresidenteIr. Ercília de Jesus Bendine – Vice-PresidenteIr. Josefa Coissi – Diretora de Enfermagem e SuprimentosIr. Maria Aparecida Ramos – Diretora de Serviços e EstruturaIr. Jacira Pereira dos Santos – Diretora Administrativa e FinanceiraDra. Eliane Castelo Branco – Diretora Médica e TécnicaVanderlei Timbó – Coordenador da Qualidade

SUMÁRIO

PRODUÇÃO: SB Comunicação

EDIÇÃO: Veronica Lopes

TEXTOS: Alessandra Eckstein, Mônica Lima, Thiago Ribeiro e Veronica Lopes

APOIO EDITORIAL: Thiago Ribeiro

PROJETO GRÁFICO: Maurício Santos

DIAGRAMAÇÃO: Carolina Cardinali e Juliana Braga

FOTOS: Mauricio Bazilio, Thiago Ribeiro; freepik.com; shutterstock.com

IMPRESSÃO: Artecriação

Bem-vindos a uma nova década

Caros amigos,

Estamos iniciando, com as bênçãos de Deus, mais um ano e um novo ciclo em nossas vidas. Desejamos que todos vocês tenham dias maravilhosos pela frente, com muita saúde, paz e alegria. Nós, do HSVP, estaremos em 2020 novamente focados em oferecer uma assistência de qualidade e humanizada, com o que de melhor a Medicina pode oferecer.

Nesta edição, vamos aproveitar a recém-inauguração do nosso Centro Avançado de Oncologia para focar em diferentes assun-tos que compreendem esta especialidade médica. Sabemos que o tema Oncologia envolve muitos vieses e engloba assuntos complexos que merecem ser esclarecidos. Esta será a nossa missão nas próximas páginas.

Em destaque, na capa, uma história de força e superação. A atriz Ana Furtado conta sua experiência na luta contra o câncer de mama, com muita fé e otimismo. Para que você possa saber mais sobre as doenças oncológicas, nossos especialistas explicam as formas de prevenção e tratamento não só do câncer de mama, tipo que mais acomete mulheres no mundo, como também do de fígado e de próstata.

Manter hábitos saudáveis e alimentação adequada são funda-mentais para a prevenção do câncer. Por meio do conhecimento e da experiência dos nossos oncologistas, você ficará por den-tro do assunto. Mostraremos também a estrutura que o HSVP dispõe para o tratamento integral da doença, com exames de diagnóstico e terapias. Além disso, abordaremos outros serviços que estão à disposição da Oncologia no HSVP: plástica repara-dora, imunoterapia, cirurgia oncológica, entre outros.

Encerraremos esta edição com uma notícia que muito nos or-gulha: a classificação do HSVP, mais uma vez, como um dos melhores hospitais da América Latina. O ranking, elaborado pela consultoria América Economía Intelligence, nos colocou como uma das 10 melhores instituições de saúde do Brasil e a melhor do Rio de Janeiro.

Um excelente 2020 a todos e boa leitura!

Ir. Jacira Pereira dos Santos Diretora Administrativa e Financeira do HSVP

INAUGURAÇÃO Oncologia ganha Centro Avançado exclusivo

CONSCIENTIZAÇÃO Mamografia: principal forma de diagnóstico do câncer de mama

SAÚDE: Prevenção de doenças pode estar no prato

As cores do câncer

ENTREVISTA: Ana Furtado conta sua experiência com a doença

Exames de imagens mais modernos

NOVIDADE Boas novas para o tratamento de câncer de fígado

Medicina de precisão: personalização de diagnósticos e tratamento

Câncer de próstata tem relação direta com envelhecimento

Plástica reparadora: mais qualidade de vida e autoestima

DESTAQUE Imunoterapia: cura pode estar dentro do organismo

EVOLUÇÃO Cirurgias oncológicas menos invasivas

RECONHECIMENTO Ranking internacional elege HSVP o melhor do Rio

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Novo Centro Avançado de Oncologia: tratamento integral da doença

Em outubro do ano passado, o HSVP inaugurou o Centro Avan-çado de Oncologia, que veio juntar-se a outros cinco serviços

especializados já existentes no hospi-tal – Oftalmologia, Ortopedia, Diag-nóstico por Imagem, Hepatobiliar e Urologia. Agora, o paciente oncológi-co pode realizar todo o tratamento dentro da estrutura da unidade, des-de o atendimento ambulatorial e exa-mes até a internação e procedimen-tos cirúrgicos, quando necessários.

O novo serviço está instalado em um prédio histórico de três andares, que ocupa uma área de 2,7 mil m2. A edificação faz parte do complexo hos-pitalar do HSVP e foi totalmente refor-mada e modernizada para o atendi-mento exclusivo em Oncologia. Nela, o paciente com câncer realiza as con-

tos, 14 poltronas para o tratamento qui-mioterápico com TVs privativas, rede wi-fi, acesso facilitado por rampas e elevadores e banheiros acessíveis para portadores de necessidades especiais.

Atendimento completo em um só lugarEspecialidades como mastologia on-cológica, cirurgias reparadora e on-cológica, radioablação, radioterapia/IMRT e anatomia patológica estão disponíveis dentro do hospital, evitan-do a necessidade de o paciente ter que procurar esses serviços em outras unidades. Nos exames laboratoriais, por exemplo, o paciente oncológico tem total prioridade nos resultados.

“Esse serviço integrado também possibilita que os médicos possam dis-cutir o caso de cada paciente de forma multidisciplinar, resultando mais objeti-vidade e ganho de tempo, fatores fun-damentais para muitos casos de câncer. Para o paciente, o grande benefício é não precisar se deslocar para outros centros de saúde para realizar cada eta-pa do tratamento”, resume Décio.

A estrutura do centro cirúrgico, da internação e da Unidade de Terapia In-tensiva do HSVP e a oferta de exames de imagem e diagnósticos, como to-mografia computadorizada, ressonân-cia magnética, endoscopia, colonosco-pia e biópsias, se necessários, também estão à disposição dos pacientes do Centro Avançado de Oncologia.

sultas e também procedimentos como quimioterapia sistêmica por via perifé-rica ou cateter, quimioterapia intrape-ritoneal, intravesical, por medicação subcutânea, intramuscular e intratecal e quimioembolização.

“Receber um diagnóstico de cân-cer é sempre algo impactante para o paciente e traz vários questionamen-tos e inseguranças. Em geral, ele quer saber por onde começar o tra-tamento, qual é o que melhor se apli-ca ao seu caso, se o cabelo vai cair, se há chance de recidiva da doença. O atendimento integrado completo que oferecemos, feito no mesmo lo-cal e pela mesma equipe, pode aju-dar a garantir a confiança que é ne-cessária nesse momento tão delica-do”, explica o coordenador da Onco-hematologia do HSVP, Décio Lerner.

A nova estrutura conta com três con-sultórios, dois leitos para procedimen-

INAUGURAÇÃO

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Muito além do Outubro Rosa

Nunca é demais falar sobre câncer de mama. Apesar de ser o tipo que mais acomete mulheres no mundo, segundo o último levantamento realizado pela

Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, seu diagnóstico na fase inicial eleva as taxas de cura a mais de 90% e permite a adoção de tra-tamentos menos agressivos. Embora mais rara-mente, a doença também afeta os homens.

O grande desafio ainda é conscientizar as mulheres sobre a importância da realização da mamografia, que permite descobrir a doença no começo. O envelhecimento é um fator im-portante para o aparecimento desse tipo de câncer – o risco aumenta em 10 vezes a partir dos 60 anos –, mas fumar, se alimentar mal, es-tar acima do peso, ingerir álcool com frequên-cia, ser sedentário e usar hormônios sintéticos em altas doses colaboram para a doença se desenvolver.

O que muita gente ainda não sabe é que o autoexame, embora seja uma estratégia de au-toconhecimento do corpo e que deve ser esti-mulado, não consiste em método de rastrea-mento para câncer de mama, pois não é capaz de descobrir tumores pequenos. “O exame indicado para a detecção precoce é a mamo-grafia digital, que deve ser realizada anualmen-te em mulheres a partir dos 40 anos”, esclarece a coordenadora do serviço de Mastologia do HSVP, Joyce Ribeiro.

CONSCIENTIZAÇÃO

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Joyce Ribeiro

Coordenadora do serviço de Mastologia

Ana Claudia

Radiologista

“O HSVP foi um divisor de águas para mim”Hoje curada e casada, Nicolli Scatolino, mãe do Eduardo, de um ano, e grávida

da Fernanda, quase viu seus planos desmoronarem em 2011. Em março, faltando apenas seis meses para a cerimônia do seu casamento, ela descobriu um nódulo na mama esquerda. Ao investigar, havia uma alteração. “Levei o laudo para a minha ginecologista, que pediu uma biópsia para averiguar”, conta.

Quando saiu o resultado, a médica foi direto ao assunto. “Ela nem me deixou sentar e anunciou o câncer de mama. Era junho e eu estava com o casamento marcado para setembro. Ela me disse que cancelasse tudo porque eu tinha que fazer logo a cirurgia e depois a quimioterapia e que, se corresse tudo bem, eu poderia casar no ano seguinte”, lembra Nicoli, que procurou outros médicos, todos com a mesma postura. “Eu estava com 29 anos e não é muito frequente uma paciente tão nova com esse diagnóstico. Todos diziam que eu deveria can-celar ou postergar o casamento. Até que me indicaram a Dra. Joyce”, relembra.

No HSVP, Nicoli conta que recebeu uma abordagem diferente e otimista. “Aquela consulta foi um divisor de águas para mim e para a minha família, na forma de encarar a doença e o tratamento. Quando eu falei do casamento, a Dra. Joyce disse que tinha tempo suficiente para a cirurgia antes e que nós poderíamos programar, inclusive, uma viagem curta de lua de mel”, relata. O casamento acon-teceu na data programada. “Quando voltei de viagem fiz a quimioterapia, depois radioterapia e hormonioterapia, tudo no HSVP. Em 2017, comentei em uma con-sulta que queria engravidar. Como já havia feito o uso do bloqueador hormonal por cinco anos, suspendemos o medicamento. No ano seguinte nasceu o Eduardo e agora estamos à espera da Fernanda”, comemora.

A radiologista do HSVP, Ana Claudia Rodri-gues, alerta para a diferença entre rastreamen-to mamário e diagnóstico precoce. “Quando falamos em rastreamento, nos referimos a uma pessoa que não tem sinal nem sintoma que su-giram doença na mama. O diagnóstico precoce é quando a paciente já apresenta alguma quei-xa, que pode ser um nódulo na mama, elimina-ção de líquido pelo mamilo e retração ou abau-lamento da pele. Esses sinais podem ser indi-cativos de câncer de mama, que serão verifica-dos através de exames”, explica.

Quando é detectada alguma alteração na mamografia, dependendo do aspecto, a pa-ciente é encaminhada para outras etapas: acompanhamento da lesão ou coleta de mate-rial para a realização de biópsia.

A atuação de uma equipe multidisciplinar é fundamental nesses casos. “Temos no HSVP um grupo de profissionais trabalhando de for-ma integrada em uma estrutura exclusiva para

a Oncologia. Para o paciente, isso é importan-te porque dá mais precisão nos diagnósticos e melhor resultado em um tempo mais curto. Especialmente nos casos de câncer de mama, o tempo entre o diagnóstico e o início do tra-tamento tem que ser o menor possível”, con-clui Ana Claudia.

AutoconhecimentoApesar da mudança de protocolos em relação ao autoexame das mamas, é importante que as mulheres conheçam o próprio corpo. “Nem sempre as lesões iniciais podem ser descober-tas por meio do exame clínico, mas sempre falo para as minhas pacientes que elas precisam conhecer seus corpos. Então proponho a elas um exercício de autoconhecimento: conheçam sua mama, porque assim será mais fácil identi-ficar alguma alteração. Mas sempre reforço que elas não podem descuidar da mamografia anu-al a partir dos 40 anos”, comenta Joyce.

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Alimentação saudável: elixir para a prevenção e o tratamento do câncer

A adoção de uma alimentação saudável é fundamental para prevenir diversas do-enças, inclusive o câncer. Já se sabe que o aparecimento de alguns tipos de cân-

cer está diretamente relacionado à obesidade – entre eles de mama, rins e intestino – e que se alimentar da forma correta ajuda a manter o or-ganismo são e protegido contra fatores que colaboram para a sua degeneração.

Alimentos naturais e crus como frutas, ver-duras e hortaliças merecem lugar de desta-que no prato. As proteínas animais também devem fazer parte das refeições, a menos que haja alguma contraindicação nesse consumo. A carne vermelha, que vem sendo evitada por muita gente, também pode ser consumida, mas com moderação. “Oriento que ela entre no cardápio cerca de duas vezes por semana”, comenta a nutricionista do Centro Avançado de Oncologia, Cristiane Feldman. Outros ti-pos de proteína animal como peixe, frango, ovos, leite e queijo também podem – e devem - constar na alimentação diária.

Existem muitas pesquisas em andamento sobre alimentos poderosos no combate ao câncer. Mas, segundo a profissional, ainda há poucas comprovações nesse sentido. “Foram feitos estudos importantes que mostram que sementes, frutas secas e oleaginosas dimi-

nuem o risco de desenvolvimento de câncer de intestino, inclusive sua recidiva. Mas o que se sabe de fato é que a alimentação saudável e variada, de modo geral, diminui muito o ris-co da doença”.

Além da preocupação em comer bem, manter o peso adequado e praticar atividade física de forma constante são fundamentais. Essa tríade é uma grande aliada na manuten-ção da saúde e prevenção de doenças.

Veneno no pratoApesar de o consumo de alimentos com agrotó-xicos estar cada vez mais sendo relacionado ao surgimento de casos de câncer, ainda não há comprovação científica sobre isso. Mas, para quem pode, é indicado priorizar a compra de alimentos orgânicos. Caso não seja possível, capriche na higienização de pro-dutos que forem consumidos crus com produto específico para este fim em vez de vinagre, cloro ou água sanitária. “Deve-se lavar o alimento em água corrente, deixar de molho em solu-ção de hipoclorito de sódio por 20 minutos, lavar com água filtrada e guardar na geladeira sem deixá-lo exposto”, expli-ca a nutricionista.

Cristiane Feldman

Nutricionista do Centro Avançado de Oncologia

SAÚDE

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Os pacientes oncológicos precisam dedicar atenção especial ao que ingerem. Se alimentar bem e regularmente, evitando ficar em jejum, são regras de ouro para quem está em trata-mento. Durante a consulta com o nutricionista, é avaliado o que o paciente consegue comer, seus hábitos nutricionais e se é necessário fazer um suporte de calorias, proteínas, vitaminas e minerais, sem restrições desnecessárias.

“Precisamos saber primeiro qual é o diagnóstico da doença, a localidade, o estadiamento e o trata-mento que será proposto ou que está em anda-mento. Também temos que avaliar o estado nutri-cional do paciente para dar o suporte adequado e individualizado, respeitando as necessidades fisio-lógicas e metabólicas de cada um. Temos que an-tecipar, por exemplo, possíveis sintomas que já são esperados por conta do uso de medicamentos e drogas quimioterápicas. Somente a partir disso é que podemos prescrever uma dieta personaliza-da. Se alimentar corretamente é um grande alia-do e diferencial nesse momento, pois diminui o risco de complicações durante o tratamento. Quanto melhor estiver o estado nutricional do

paciente, menor o risco de reações adversas, intercorrências e toxicidade do tratamen-

to”, ressalta Cristiane.De forma geral, a orientação é incre-

mentar a hidratação, evitar alimentos processados e gordurosos e não pular refeições. Para estar bem hidratado, a

recomendação é ingerir diariamente 30 a 35 ml de líquidos por cada qui-

lo do peso corporal (exemplo: um paciente com 60kg deve tomar cerca

de 1,8 litros de líquidos por dia), poden-do ser água, sucos naturais, água de coco,

refresco ou chá.

“Quanto melhor estiver o estado nutricional do paciente, menor o risco de reações adversas”

Cristiane Feldman, nutricionista do Centro Avançado de Oncologia

Proteína animal: imunidade em alta

O consumo de proteína animal não só deve ser man-tido pelos pacientes oncológicos, como também incrementado. “Esse tipo de proteína ajuda muito na imunidade e esses pacientes precisam estar com ela em alta para levar bem o tratamento até o final. A carne vermelha, por exemplo, contém ferro, que é melhor aproveitado e absorvido pelo organismo”, orienta Cristiane.

Hortaliças, frutas e verduras devem estar no pra-to todos os dias, mas reforçando os cuidados com a higienização, já que o paciente com câncer conta com menos células de defesa no organismo duran-te a quimioterapia. “As bactérias resistentes não são vistas a olho nu. Se o paciente consome algo contaminado, corre um risco maior de desenvolver uma infecção, podendo agravar seu estado de saú-de e o seu tratamento”.

Melhores escolhas

Frituras, alimentos processados e enlatados, embu-tidos, temperos artificiais, bebidas prontas e refrige-rantes devem ser evitados. A nutricionista explica que comer a cada três horas, mesmo que pouco, é fundamental para evitar sintomas como náuseas e enjoos. “Alguns pacientes alegam que não comem porque ficam enjoados, mas fazer isso piora esse sintoma. É melhor ingerir pouca comida várias vezes ao dia do que ficar sem comer por muito tempo”.

O consumo de álcool é controverso. “Apesar de alguns oncologistas acreditarem que um copo de cerveja ou uma taça de vinho não oferecem risco ao paciente, peço para evitarem. O tratamento já é bastante tóxico para todos os órgãos, inclusive para o fígado. Então, quanto menos sobrecarga para o organismo nesse momento, melhor”, pon-dera a especialista.

Pacientes oncológicos demandam mais cuidado com a alimentação

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O estilo de vida pode ser determinante quando o assunto é câncer. Já se sabe que 13 tipos da doença são mais comuns em pessoas obesas, por exemplo – mama,

tireoide, fígado, pâncreas, estômago, vesícula biliar, in-testino grosso, ovários, útero, rins, mieloma múltiplo, a maioria dos tumores do esôfago e meningioma. Hábitos saudáveis como alimentação equilibrada, com pouco sal e gordura, boa ingestão de líquidos e prática regular de exercí-cios são medidas essenciais para quem quer cuidar da saúde.

“A obesidade, por si só, já é um estado inflamatório do corpo e isso ajuda a explicar porque diversos tipos de cân-cer estão relacionados com o excesso de peso”, explica Adolfo Pentagna, oncologista do Centro Avançado de Oncologia.

O envelhecimento também ocupa papel importante no surgimento da doença. “Não conseguimos impedir o avanço da idade, mas podemos prevenir ao longo da vida di-versos fatores que contribuem para o desen-volvimento da maioria dos tipos de câncer. Não fumar, manter-se ativo, fazer os exames preventivos, se proteger do sol, evitar o estresse e o consumo excessivo de ál-cool são cuidados que ajudam muito na prevenção não só do câncer, mas de diversas outras doenças”, ressalta o especialista.

Adolfo Pentagna

Oncologista do Centro Avançado de Oncologia

“Não conseguimos impedir o avanço da

idade, mas podemos prevenir ao longo da

vida diversos fatores que contribuem para

o desenvolvimento da maioria dos

tipos de câncer”

Adolfo Pentagna, oncologista

Prevenção o ano todo

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As cores do câncer

Fevereiro Laranja - LeucemiaSuas causas ainda não são totalmente definidas, mas tabagismo, exposição prolongada a produtos como benzeno, formaldeído, agrotóxicos, solven-tes e diesel, além de histórico familiar e síndromes como a mielodisplasia e de Down são fatores que podem aumentar o risco.

Março Azul-marinho - Câncer ColorretalÉ o segundo mais comum entre as mulheres e o terceiro entre os homens. Quando descoberto na fase inicial, tem cerca de 95% de chance de cura. Adotar uma dieta saudável, evitar carnes vermelhas e embutidos, prati-car exercícios físicos, controlar o peso, não fumar e não ingerir bebidas alcoólicas em excesso são cuidados fundamentais na prevenção.

Março Lilás - Câncer do Colo do ÚteroDescoberto através do exame preventivo, esse tipo de câncer é quase sempre curável. A prevenção é feita com o uso de preservativos, mascu-lino ou feminino, durante a relação sexual a fim de evitar a contaminação pelo Papilomavírus Humano (HPV).

Outubro Rosa - Câncer de MamaCerca de 30% dos casos podem ser evitados com hábitos saudáveis como manter o peso adequado, alimentar-se bem, evitar o consumo de álcool e o uso de hormônios sintéticos, como anticoncepcionais e tera-pias de reposição hormonal, praticar atividade física e amamentar (saiba mais nas págs. 4 e 5).

Novembro Azul - Câncer de PróstataTem grande relação com o envelhecimento, mas obesidade, histórico familiar, má alimentação e exposição a químicos como aminas aromáticas, arsênio, produtos do petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbo-netos policíclicos aromáticos, fuligem e dioxinas aumentam o risco da doença (leia mais na pág. 15).

Dezembro Laranja - Câncer de PeleTipo mais comum no país, tem ligação direta com a exposição incorreta ao sol. A prevenção dos tipos melanoma e não melanoma pode ser feita com cuidados simples como tomar sol antes das 10h e após às 16h, usar roupas, bonés ou chapéus, óculos escuros e barracas de praia com filtro UV, ficar em lugares com sombra, usar filtro solar com fator de proteção 30, no mínimo,e aplicar filtro solar próprio para os lábios.

“Não conseguimos impedir o avanço da

idade, mas podemos prevenir ao longo da

vida diversos fatores que contribuem para

o desenvolvimento da maioria dos

tipos de câncer”

Adolfo Pentagna, oncologista

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Em maio de 2018, a atriz e apresentadora Ana Furtado veio à público revelar que es-tava com câncer de mama. Na época, ela já tinha passado pela cirurgia de retirada do

tumor e iniciava as sessões de quimioterapia e ra-dioterapia. Apesar da necessidade de fazer algumas adaptações no seu dia a dia, especialmente na ali-mentação, sua rotina mudou pouco durante o trata-mento. Ana continuou à frente do programa “É de casa” e ganhou um papel na novela “A dona do peda-ço”, ambos da TV Globo.

Em dezembro do mesmo ano, ela anunciou o fim do tratamento. Nessa entrevista à Revista do HSVP, Ana detalha como encarou todo o processo e os en-sinamentos que a doença deixou. Confira!

Sempre soube que eu era maior e mais forte do que a doença”

FOTOGRAFIA: PINO GOMES

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ENTREVISTA

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“A fé me ajudou a superar todos os desafios. Com a minha cura não foi diferente.”

- Como você descobriu que estava com câncer?

Ana Furtado: Meus exames de rotina estavam em dia, mas senti um nódulo no seio e corri para refazer os exames clínicos. Fiz, em seguida, a mamografia, que confirmou a doença. Percebi a altera-ção a partir do autoexame, mas esse não deve ser considerado o método principal de detecção do câncer. É importante frisar que

esse procedimento não substitui o exame clínico realizado por um mastologista.

- E qual foi a sua reação ao receber a notícia?

AF: Foi um baque, mas não desmoronei. Sempre soube des-de o primeiro segundo que venceria esse grande desafio.

- Como foi o processo do tratamento?

AF: Na minha opinião, o mais importante é ter o apoio da família, ter muita fé e confiar no seu médico. É pre-ciso ter muita força e coragem para enfrentar um dia após o outro. Para muitos, o câncer pode ser uma grande ameaça, o fim, o castigo, a dor e a morte.

Decidi que não teria essa postura diante da doen-ça. Transformei tudo isso em aprendizado, auto-

conhecimento e em uma oportunidade de ressignificação da minha vida. Eu sempre fui a protagonista da minha vida e não daria ao câncer esse poder. Sempre soube que era maior e mais forte do que ele.

- Qual a importância do apoio da família, dos amigos e, no seu caso, dos fãs durante o tratamento?

AF: Apoio é cura. Significa muito para o pa-ciente e ninguém precisa ser especialista para oferecer isso. Eu sempre digo que cada men-sagem de carinho que recebi dos meus fami-liares, amigos e fãs fez uma enorme diferença no meu tratamento. Cada um de nós tem uma história, mas todos somos iguais nesta luta. E,

durante a jornada, um gesto simples, uma pala-vra, um sorriso, um abraço, tudo isso tem o poder de fortalecer, revigorar, renovar a esperança, tra-zer vida e cura.

- Que tipo de lição ou ensinamento a doença trouxe para você?

AF: Todos nós desejamos ter uma vida longa, saudável e feliz, mas não temos garantia de nada. Não sabemos se amanhã estaremos aqui. Viver o hoje, o agora, é a chave. A perspectiva sobre a vida muda completamente a partir dessa ótica. O amanhã só existirá se houver o hoje. Então viva-o plenamente. Um dia de cada vez, aproveitando cada instante para se conectar consigo, com quem você ama e valorizar as coisas simples. Res-pirar, acordar todos os dias, não sentir dor, dentre tantas outras coisas simples da vida, lhe tornam uma pessoa abençoada.

- Muitas pessoas que passam por doenças graves citam a fé como uma grande aliada durante o tratamento. Isso aconteceu com você?

AF: A fé sempre me ajudou a caminhar e a supe-rar todos os desafios que encontrei na vida. Para conquistar a minha cura não foi diferente.

- Você mudou alguma coisa na sua vida ou na sua rotina após a cura?

AF: Viver um dia de cada vez. Cada manhã é um recomeço e um presente.

- Você deve ter recebido muitos relatos de mulheres que passaram pelo mesmo problema.

AF: Dentre tantas coisas importantes que eu aprendi com a doença, ajudar foi o que mais me fortaleceu e fortalece todos os dias. Dar espaço e voz a tantas mulheres e ser inspiração tem sido muito gratificante. Esse é um dos meus propósi-tos de vida.

- A sua imagem é um dos seus instrumentos de trabalho. Houve esse tipo de preocupação ao receber o diagnóstico?

AF: Não pensei nisso. Pensava apenas em viver e que seria vitoriosa!

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Imagens que salvam vidas

Prevenir é melhor do que remediar, ensina a sabedoria popular. E quando se trata de prevenção ao câncer, uma estrutura robus-ta de serviços de diagnóstico e terapia é

fundamental. O recém-inaugurado Centro Avan-çado de Oncologia do HSVP conta com o supor-te do que há de mais moderno em tecnologia e recursos em exames de imagem e de labora-tório e no tratamento de fisioterapia no Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico (SADT).

O núcleo abrange diversos setores do hos-pital. “Temos todos os serviços de diagnóstico e terapia que o paciente oncológico pode pre-cisar. Também prestamos apoio a outras áreas como o centro cirúrgico, a emergência, unida-des de internação e o CTI, além dos exames solicitados nos atendimentos ambulatoriais”, explica Emeliano Folly, gerente do SADT.

Para pacientes em tratamento de câncer ou para aqueles que estão realizando acompanha-mento médico com objetivo de prevenir a do-ença, contar com todos os exames no mesmo lugar é garantia de conforto e segurança. “O HSVP oferece aos pacientes uma estrutura completa, que é constantemente aprimorada em relação à inovação tecnológica. Estamos antenados com o que há de mais atual e isso, para o rastreamento e acompanhamento de doenças como o câncer, é de fundamental im-portância”, afirma ele.

Novidades a caminhoA grande novidade é que ao longo deste ano o parque tecnológico de exames de imagem do HSVP será totalmente renovado e atualizado. “Já estamos implementando várias atualizações. Ini-ciaremos o ano com a inauguração da nova res-sonância magnética, em fevereiro, e, logo de-pois, atualizaremos o aparelho de hemodinâmi-ca e as duas tomografias computadorizadas. Paralelamente, estamos atualizando os equipa-mentos de Raio-X e ultrassom”, adianta ele.

Tantas novidades tecnológicas vão deixar o SADT do HSVP alinhado com o que há de mais avançado no mercado. “A nova ressonância magnética representa uma grande melhora no atendimento. Com ela, será possível, por exem-plo, fazer exames complementares à mamogra-fia com muito mais detalhes, além de guiar com maior precisão a marcação das biópsias, garan-tindo mais segurança e resultados mais acura-dos”, acrescenta Folly.

Além desses ganhos, haverá uma redução no tempo de espera para a realização de al-guns exames. “Na ressonância que temos hoje, um procedimento pode durar em torno de 45 a 60 minutos. Com a novidade, o mesmo exame será realizado em cerca de 20 a 30 minutos, permitindo atender mais pacientes e aumentar a nossa produtividade”, conclui.

Emeliano Folly

Gerente do Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico

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NOVIDADE

O câncer de fígado é o quinto tumor mais frequente no mundo entre os homens e o nono entre as mulheres, segundo o Instituto Americano de Pesquisa do

Câncer. Apesar de não ser um dos tipos mais prevalentes, a doença tem, muitas vezes, diag-nóstico difícil e sua evolução costuma ser rápida após o aparecimento dos primeiros sintomas, que costumam surgir somente nos estágios mais avançados do tumor.

Embora seja importante acender o alerta para o reforço das ações de prevenção da do-ença – não fumar, controlar o peso e evitar a ingestão de álcool –, novos medicamentos e tratamentos trazem a perspectiva de aumento na qualidade de vida e na sobrevida de pacien-tes que não são candidatos a transplantes de órgãos e nem à remoção cirúrgica do tumor.

“A boa notícia é que novas medicações para Hepatite C chegam a obter índices de cura de até 98% deste vírus, reduzindo casos de cirrose e, consequentemente, diminuindo a incidência do carcinoma hepatocelular provocado pela doen-ça”, conta Douglas Bastos, cirurgião do aparelho digestivo e de transplante hepático do HSVP.

Alternativas menos invasivasDe acordo com o especialista, a esperança de cura também reside nas novas técnicas mini-mamente invasivas para o tratamento de tumores, como a ablação por micro-ondas – também chamada de radiofrequência – e a radioembolização. Os procedimentos são utilizados em diferentes estágios no tratamento do tumor de fígado, em pes-soas que não podem fazer o transplante ou a cirurgia.

Douglas Bastos

Cirurgião do aparelho digestivo e de transplante hepático

Boas notícias para o paciente com câncer de fígado

“A ablação é destinada aos pacientes no estágio I deste tipo de câncer, inicialmente can-didatos ao transplante hepático, mas que não podem ser transplantados por terem outras doenças importantes associadas. Esta terapia é tida como potencial curativo para essas pes-soas”, afirma Bastos.

Já a radioembolização é uma opção para pacientes inoperáveis e tem como principal be-nefício o tratamento conjunto com a quimiote-rapia. “O maior benefício é retardar o avanço da doença, melhorando a sobrevida e a quali-dade de vida do paciente”, ressalta Douglas.

Com diagnóstico de cirrose em fase inicial e tumor no fígado, a pedagoga Lúcia Helena San-tos é um exemplo do trabalho integrado realiza-do no HSVP. A paciente foi tratada por médicos dos Centros Avançados Hepatobiliar e de Onco-logia. “Fiz a cirurgia por vídeo e tive uma recu-peração excelente. Recebi alta no quarto dia após a operação e já fui liberada pela Oncolo-gia”, comemora Lúcia, que está curada.

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Você já ouviu falar em Medicina de pre-cisão? Países como Estados Unidos e Inglaterra vêm investindo dezenas de milhões de dólares nos últimos anos

em pesquisas neste campo da ciência, também chamado de Medicina personalizada. É a alta tecnologia sendo aplicada de maneira individu-alizada, com potencial para revolucionar diag-nósticos e tratamentos de diversas doenças.

A nova área busca examinar com mais de-talhes cada tumor de cada paciente com a in-tenção de descobrir qual é a alteração mole-cular que permite seu crescimento ou o blo-queio da sua destruição. Dessa forma, torna--se possivel definir um tratamento direcionado para aquela alteração molecular, específico para aquele tumor, único para aquele paciente.

De acordo com o oncologista do Centro Avançado de Oncologia do HSVP, Cristiano Duque, este avanço da Medicina vem sendo possível por alguns motivos: décadas de estu-dos de pesquisadores tentando entender me-lhor o câncer, a evolução da biologia molecu-lar e o desenvolvimento de novas drogas, que viabilizaram a identificação de alvos molecula-res e a escolha de medicamentos apropriados para cada caso.

“Quando eu comecei a estudar Oncolo-gia, a única opção disponível para tratar o câncer de pulmão avançado, por exemplo, era a quimioterapia, com eficácia limitada e muita toxicidade. Tentávamos oferecer um

tratamento personaliza-do, com base nas prefe-rências de cada pessoa, na sua história de vida e outras doenças coexistentes, mas essa possibilidade ainda era incipiente. Atualmente, além de levar tudo isso em conta, fazemos a análise do tumor em busca de mutações ou outras altera-ções moleculares. Quando isso ocorre, é pos-sível oferecer, por exemplo, um tratamento via oral, com mais comodidade, maior contro-le do crescimento tumoral e menos efeitos adversos”, explica o oncologista.

Na opinião de Duque, a Medicina de preci-são representa um enorme avanço, mas é pre-ciso manter as expectativas sob controle e não superestimar a novidade, como aconteceu com o projeto de sequen-ciamento do genoma humano.

“Ainda são poucos os grupos de tumores em que é possível identifi-car um alvo molecular e ter à dispo-sição um remédio eficaz para esse alvo. Além disso, devido ao custo dos exames e dos tratamentos, a Me-dicina de precisão dificilmente estará disponível para toda a população. Em se tratando de câncer, por maiores que sejam as novidades, o foco sempre deve estar na prevenção e no diagnóstico preco-ce”, esclarece o especialista.

Medicina de precisão: o futuro no combate ao câncer

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Mais do que os outros tipos da doença, o câncer de próstata é diretamente rela-cionado ao envelhecimen-

to. As estatísticas mostram que cerca de 75% dos casos no mundo aconte-cem em homens a partir dos 65 anos. Além disso, a hereditariedade (paren-tes até 2º grau) também é um fator importante para o aparecimento do problema, que é o segundo mais co-mum entre os homens e também o segundo mais letal.

“Sabemos que uma dieta rica em gordura animal, por exemplo, aumen-ta as chances da doença, assim como a obesidade, que costuma ter relação com tumores mais agressivos. Mas, ao contrário do câncer de pulmão, por exemplo, que está ligado diretamente ao tabagismo, não podemos afirmar que há formas de prevenir o câncer de próstata mudando hábitos”, ressalta Renato Faria, urologista do HSVP.

A melhor forma de se proteger é incorporar no planejamento anual a ida ao urologista. Homens negros e com histórico familiar devem fazer a

Diagnóstico precoce é a melhor forma de prevenir o câncer de próstata

primeira consulta a partir dos 40 anos; todos os outros devem começar a se prevenir aos 45 anos. Os exames de dosagem de PSA, toque retal e urina (EAS) são a trinca de ouro para manter a saúde em dia e prevenir a doença.

Quando descoberto precocemen-te, além dos altos índices de cura, torna-se possível o uso de uma maior gama de tratamentos e de medica-ções que aumentam as chances não só de cura como de controle.

“Temos observado no país o au-mento da busca ativa dos homens pelo urologista e o consequente cres-cimento no número de diagnósticos. Apesar da mortalidade ainda ser alta, há uma tendência de diminuição. Te-mos muitos casos que são descober-tos tardiamente, com o avanço rápido da doença, que costuma ser silencio-sa. Sabemos que 20% dos diagnósti-

cos são em pacientes com o câncer já em estágio avançado e com metásta-se”, observa o especialista.

Hábitos que protegemAlimentação saudável – com destaque para alimentos ricos em vitaminas A, C, D e E, especialmente os de cor verde e amarela, além de brotos e soja –, ati-vidade física (30 minutos, quatro a cin-co vezes por semana), sono e atividade sexual em dia e pouco consumo de gordura de origem animal são alguns cuidados que, se inseridos na rotina, podem ajudar a evitar a doença.

“É importante manter o peso ade-quado e não fumar. O vinho também é um fator protetor: recomendamos uma dose de cerca de 150 ml por dia duran-te a refeição. Mas não pode ser cumu-lativa e beber uma garrafa inteira no final de semana”, alerta o médico.

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Passada a primeira fase de tratamento do câncer, chega o momento de a equipe mé-dica avaliar se é hora da alta definitiva ou se são necessários outros procedimentos para

melhorar ou mesmo devolver a qualidade de vida que o paciente tinha antes de a doença aparecer. É aí que entra a cirurgia plástica reparadora.

A intervenção se aplica, principalmente, na reparação de defeitos causados por mutilação de membros, reconstrução das mamas e mi-crocirurgia para evitar amputações em alguns casos. A cirurgia plástica reparadora também é amplamente utilizada no tratamento do cân-cer de pele.

“A microcirurgia é a técnica mais inovadora que existe atualmente e que permite a recons-trução sofisticada de grandes defeitos causa-dos pela retirada dos tumores. Nesse procedi-mento é feito o transplante de tecidos de uma parte do corpo para outra com o auxílio do microscópio, ligando vasos e nervos”, detalha o chefe do serviço de Cirurgia Plástica e Micro-cirurgia do HSVP, Mário Galvão, referência em microcirurgia no país.

Reparação das sequelas do câncer de mamaUma das cirurgias reparadoras mais comuns em casos de câncer é a de reconstrução das ma-mas. De acordo com o especialista, a indicação correta de qual método será usado nessa re-construção pode variar em cada caso. A cirurgia pode ser feita, inclusive, imediatamente após a

mastectomia (retirada completa da mama), des-de que haja indicação do mastologista.

“Há várias possibilidades e vamos definir qual será utilizada de acordo com a idade da paciente, tipo e localização do tumor e os de-feitos causados pela doença. Quando existe área doadora (excesso de pele e gordura) abai-xo do umbigo, por exemplo, o melhor método é usar tecido do próprio corpo na reconstrução da mama”, pondera.

Nesses casos também é comum a indicação do uso de próteses de silicone ou poliuretano e expansores de pele, que são próteses de sili-cone vazias colocadas abaixo da pele e dos músculos da região a ser reconstruída.

“Esses expansores possuem uma válvula que é preenchida com soro para provocar um estiramento da pele. Após um período, quando a mama reconstruída já adquiriu tamanho se-melhante ao da mama preservada, retiramos o expansor e trocamos por uma prótese mamária definitiva”, explica Galvão.

Em busca de melhores resultadosNo caso do tratamento do câncer de pele, é comum a doença atingir a face do paciente. “Nessas situações a reconstrução estética cos-tuma ser feita no nariz, lábios, pálpebras e ore-lhas. É importante que esses procedimentos sejam realizados por cirurgiões plásticos com profundo conhecimento de cirurgia estética para que haja refinamento na estrutura que ele vai reconstruir”, conclui o cirurgião.

Mário Galvão

Chefe do serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia

Cirurgia plástica reparadora devolve saúde e autoestima

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O sistema imunológico trabalha de forma incansável para combater os invasores que tentam a todo momento ata-

car o organismo. Mas, por motivos ain-da pouco conhecidos, essa complexa rede de proteção ignora as células cancerígenas. Um dos principais avanços nos últimos anos no tratamento do câncer, a imunoterapia, atua exatamente estimulan-do essa defesa natural do corpo utilizando medicações ou substâncias feitas de organis-mos vivos como glóbulos brancos, órgãos e tecidos do sistema linfático.

A imunoterapia “ensina” o sistema imunoló-gico a reconhecer o tumor como um invasor a ser combatido. Dessa forma, essa proteção na-tural é ativada, permitindo não apenas o reco-nhecimento da célula doente, mas também despertando a autodefesa do organismo e es-timulando que ele iniba o crescimento e a dis-seminação do tumor ou mesmo o destrua.

“Como essa terapia apenas estimula o sis-tema imunológico, o médico pode indicar um tratamento complementar que forneça ao or-ganismo proteínas para tornar esse sistema mais eficaz, associando outros medicamentos para acelerar o combate à doença. Essa asso-ciação é feita para tratar tumores de alta preva-lência como câncer de pulmão e câncer de mama, por exemplo”, esclarece a hematologis-ta e oncologista do HSVP, Christiane Secco.

Imunoterapia: defesa natural do corpo em prol da cura

DESTAQUE

Nova terapia veio para ficarDisponibilizada pelo HSVP desde a sua aprovação pela Anvisa, em 2018, a imunoterapia também pode ser usada de forma isolada. “Nos casos de câncer no rim, melanoma e algumas leucemias e linfomas, a imunoterapia é a terapia de primeira linha, sem outras combinações”, ressalta a médica.

Segundo ela, a imunoterapia veio para ficar e agregar valor ao tratamento oncológico. “Es-tamos aprendendo a lidar com seus efeitos co-laterais, que não são poucos e estão relaciona-dos também com a ativação do sistema imuno-lógico do organismo humano. Certamente tere-mos protocolos mais precisos para controle desses efeitos no futuro”, reforça Secco.

Christiane Secco

Hematologista e oncologista do Centro Avançado de Oncologia

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EVOLUÇÃO

Alemar Salomão

Chefe do serviço de Cirurgia Oncológica

Técnicas minimamente invasivas já são realidade na cirurgia oncológica

O início do tratamento de um câncer che-ga acompanhado de muitas dúvidas e medos. Como será esse processo? Ha-verá necessidade de cirurgia, quimio

ou radioterapia? Na busca pela cura e pela qua-lidade de vida do paciente, uma equipe expe-riente capaz de orientá-lo da melhor maneira, transmitindo tranquilidade e otimismo, e de definir quais os métodos mais adequados para cada caso é fundamental.

“Todo paciente precisa ter esperança e os profissionais devem ajudá-lo nisso, explicando sobre o tratamento, mas também levando paz e apoio a ele”, defende o chefe do serviço de Cirurgia Oncológica do hospital, Alemar Salo-mão, do alto de sua experiência de 50 anos atuando na área, 49 deles no HSVP e 45 no Ins-tituto Nacional de Câncer (INCA).

Ao longo dessas cinco décadas, Salomão acompanhou muitas inovações no setor. Entre elas, a evolução dos exames, como a endosco-pia e o pet scan, que detecta tumores no orga-nismo, a melhoria das Unidades de Tratamento Intensivo e da especialização dos cirurgiões oncológicos. Além disso, a conscientização cada vez maior da população sobre a importân-cia da prevenção e da realização dos exames de rotina como formas de antecipar um possí-vel diagnóstico vem ocupando um importante papel, segundo o especialista.

As cirurgias minimamente invasivas, feitas por vídeo, também figuram entre as principais

evoluções, de acordo com o cirurgião. Embora sejam mais seguras e proporcionem melhor re-cuperação para o paciente, nem todos os casos têm essa indicação. “Quanto menos invasiva for a cirurgia, melhor. Mas o mais importante é a eficiência do procedimento. Quando o tumor é muito grande e já atingiu vários órgãos, por exemplo, podemos até fazer por laparoscopia, mas o resultado não vai ser tão completo”, ex-plica Salomão.

Para o futuro, o especialista aposta na cirur-gia robótica. “É uma área que vem crescendo muito e que representa um avanço importante no tratamento do câncer e de outras doenças. Acredito que, aos poucos, isso estará mais acessível à população”, comenta Salomão.

Contrariando os prognósticosO que não faltam são histórias de sucesso no currículo do cirurgião. “Lembro de um paciente que tinha câncer no cólon, com metástase no fígado e gânglio no pescoço, um caso muito difícil. Fizemos a cirurgia e acreditávamos que ele viveria uns seis meses, no máximo. Isso tem 16 anos e ele está cheio de saúde. A filha desse paciente, que era bem jovem quando vinha ao hospital visitá-lo, se formou em Medicina e fez residência em Oncologia pediátrica. Essa é uma história daquelas que eu não sei explicar como aconteceu, mas que me dá uma satisfa-ção muito grande e aquela sensação de dever cumprido”, comemora Salomão.

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Único hospital carioca entre os 50 melhores da América Latina

O HSVP figurou, mais uma vez, na seleta lista de hospitais e clínicas elaborada pela consultoria América Economía In-telligence, que avalia anualmente mais

de 200 instituições de saúde de alta complexi-dade de toda a América Latina. O ranking 2019 trouxe 58 instituições classificadas, dentre elas 16 brasileiras. O HSVP é o único do Rio de Ja-neiro que ficou entre as 50 melhores institui-ções, ocupando a 22ª posição.

O ranking da América Economía Intelligen-ce avalia itens como segurança e dignidade do paciente, capital humano, eficiência, promoção do conhecimento e experiência do paciente. O HSVP teve destaque nos quesitos “Eficiência”, que verifica a sustentabilidade dos resultados da gestão da qualidade e financeira e a taxa de ocupação de leitos de internação e do centro cirúrgico; “Capital Humano”, que considera a gestão e a qualidade das equipes médicas e de enfermagem; e “Segurança do Paciente”, que-sito no qual são avaliados indicadores de pro-cessos e resultados que permite minimizar ris-cos hospitalares e favorecer a transparência.

“Esse resultado atesta o alto comprometi-mento da instituição em relação à segurança e à qualidade empregados no hospital. Além disso, mostra o empenho da direção em oferecer to-dos os recursos necessários à prestação de ser-viços de alto nível, com investimento em tecnologia e profissionais capaci-

tados, sem deixar de lado o cuidado humaniza-do”, destaca o coordenador de Qualidade do HSVP, Vanderlei Timbó.

O levantamento aponta que nos últimos três anos houve uma tendência de crescimento no cuidado centrado no paciente, representada no ranking pelo quesito “Dignidade e Experiência do paciente”. Foi observado também o investi-mento em tecnologia e canais de aproximação com o paciente, como a digitalização de proces-sos com a utilização de novos softwares para avaliar a satisfação dos pacientes, o uso de re-des sociais e site e a criação de novos aplicativos para consulta de exames realizados e para con-tato com a equipe assistencial.

Fazem parte do ranking hospitais e clínicas indicados como referência pelo Ministério da Saúde ou outra autoridade da área da Argenti-na, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Chile, Equador, México, Panamá, Peru e Uruguai.

Desde 2010, o HSVP participa do ranking da América Economía Intelligence, ocupan-do posições de des-taque entre as me-lhores instituições da América Latina.

RECONHECIMENTO

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