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  • 8/13/2019 HubertoRohdenFilosofiaUnivrsica

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    HUBERTO ROHDEN

    FILOSOFIAUNIVRSICA

    SUA ORIGEM, SUA NATUREZA E SUA FINALIDADEUNIVERSALISMO

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    ADVERTNCIA

    A substituio da tradicional palavra latina crearpelo neologismo moderno criar aceitvel em nvel de cultura primria, porque favorece a alfabetizao edispensa esforo mental mas no aceitvel em nvel de cultura superior,porque deturpa o pensamento.

    Crear a manifestao da Essncia em forma de existncia criar atransio de uma existncia para outra existncia.

    O Poder Infinito o creador do Universoum fazendeiro criador de gado.

    H entre os homens gnios creadores, embora no sejam talvez criadores.

    A conhecida lei de Lavoisier diz que na natureza nada se crea e nada seaniquila, tudo se transforma, se grafarmos nada se crea, esta lei est certamas se escrevermos nada se cria, ela resulta totalmente falsa.

    Por isto, preferimos a verdade e clareza do pensamento a quaisquerconvenes acadmicas.

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    Nenhum homem pode ser realmente feliz,

    enquanto no se Universificar

    sintonizando a sua vida com o Deus do mundo

    no mundo de Deus.

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    1. UNIDADE NA DIVERSIDADE

    O Centro de Auto-realizao Alvorada, [1]que funciona em todo o Brasil, comsede na capital de So Paulo, tem por fim iniciar o homem na conscincia dasua Realidade interna e eterna. Esta iniciao do homem na verdade sobre simesmo (auto-conhecimento) visa a realizao do homem integral (auto-realizao).

    Para este fim, Alvorada no adota nenhuma espcie de filosofia baseada empessoas, escolas ou sistemas de pensamento, antigos ou modernos, mas guia-

    se pela prpria Constituio Csmica do Universo. As leis do macrocosmomundial so as mesmas leis do microcosmo hominal. Conhecer este conhecer aquele; auto-conhecimento cosmo-conhecimento. A base daFilosofia Univrsica a Filosofia Hominal.

    Nesses ltimos decnios, em livros e aulas, temos usado frequentemente apalavra Filosofia Univrsica, forma latinizada do termo grego Filosofia Csmica.

    Numerosas pessoas, no encontrando nos vocabulrios a palavra univrsico,perguntam sobre o sentido da mesma. A fim de dar uma resposta coletiva a

    todos os interessados, e ao mesmo tempo uma sucinta explanao dessemovimento, que j de mbito nacional, resolvemos publicar o presenteresumo.

    Depois de ter convivido mais de um ano com Albert Einstein, na Universidadede Princeton, e depois de ter lecionado Filosofia a milhares de jovens e adultosnuma das Universidades de Washington D.C., Cheguei concluso de que, emplena Era Atmica e Cosmonutica, no podemos mais apresentar a Filosofianos moldes tradicionais.

    A cincia, nos ltimos decnios, assumiu um carter monista como nuncadantes; o seu antigo pluralismo heterogneo culminou num monismohomogneo, que focaliza aparente diversidade do Cosmo numa fascinanteunidade. Esta unificao da pluralidade devido, sobretudo, ao fato de ter amatemtica de Einstein e a cincia dos fsicos demonstrado que os 92elementos da qumica, de que so feitas todas as coisas, so essencialmenteluz, luz congelada ou semi-passivizada, manifestando-se como matria ouenergia. Sabemos hoje analiticamente o que Moiss sabia h 3.500 anosintuitivamente: que todas as coisas do mundo so lucignitas. E, por esta

    razo, podem ser tambm lucificadas.

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    Esta verdade, que enche de estupefao os inexperientes e de dvidas oscticos, a conquista suprema da inteligncia humana do sculo XX.

    Este monismo fsico da cincia no podia deixar de ter o seu paralelo nomonismo metafsicoda sapincia, ou filosofia. A heterogeneidade diversitria

    dos sistemas filosficos estava a clamar por uma homogeneidade unitria quecomplementasse pelo eterno Uno o efmero Verso do Universo.

    No era mais possvel, em nosso tempo, tomar por base da Filosofia perene,escolas, sistemas e pessoas. Mister se fazia partir de um alicerce mais slidoque no fosse a varivel mentalidade humana.

    O grande mdico russo A. Salmanoff afirma, nos seus livros Segredo esabedoria do organismoe O milagre da vida, que encontrou na Europa nadamenos de 75 sistemas filosficos, nenhum dos quais prestou jamais o menor

    benefcio humanidade. possvel que Salmanoff tenha razo no tocante aossistemas filosficos, produtos do crebro humano.

    Ns, porm, no tratamos de nenhum sistema filosfico mentalmenteexcogitado tratamos da eterna e indestrutvel realidade do Universo.Tomamos o prprio Cosmo como base e diretriz do pensamento e da vidahumanao Universo que, na sua essncia Una e imutvel, se manifesta semcessar no Verso de existncias sempre novas: o Universo, Alfa e mega davida humana.

    Sendo o Universo Infinito e Finito, Eterno e Temporrio a indestrutvelrealidade do macrocosmo sideral no pode deixar de ser tambm a lei querege o microcosmo hominal; o homem deve tornar-se livremente o que oUniverso automaticamente; deve fazer de si a mesma harmonia que oCreador fez do Cosmo sideral e atmico. O homem univrsico ou integral uma harmonia creada pelo seu livre-arbtrio.

    Os gregos denominavam o Universo kosmos, cujo radical significa beleza.

    Os romanos deram ao Universo o nome mundus, que quer dizerpuro.

    Quando o homem se universifica, torna-se belo e puro, como o kosmos e omundus.

    Se houvesse, no macrocosmo ou no microcosmo, apenas unidade semdiversidade, centripetismo sem centrifuguismo, teramos uma insuportvelmonotonia e eterna estagnao.

    Se houvesse apenas diversidade sem unidade, centrifuguismo semcentripetismo, acabaria tudo num imenso caos.

    Mas, como o Universo o que o seu nome diz, unidade na diversidade, resultaessa estupenda harmonia, que o perfeito equilbrio entre dois polos,

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    aparentemente contrrios, mas realmente complementares: o Uno da Causavertido (Verso) na pluralidade dos efeitos.

    O homem univrsico ou universificado pode e deve fazer, pelo poder do livre-arbtrio, o que o cosmo sideral e atmico por necessidade automtica.

    esta a quintessncia da Filosofia Univrsica, o Alfa e o mega da vidahumana.

    --------------

    [1] Huberto Rohden faleceu em 1981. Por mais de dez anos, alguns de seus discpulos e leitores tentarammanter a instituio Alvorada de So Paulo em atividade. Por falta de um lder espiritual altura damensagem do mestre, resolveram interromper temporariamente esses trabalhos. No Rio de Janeiro e emPortugal h alunos e leitores que continuam divulgando o trabalho espiritual do Rohden. (N. do E.)

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    2. A BIPOLARIDADE DO MUNDO E DO HOMEM

    tomos e astros se movem em elipses bicntricasno existe no Universo umnico crculo unicntrico.

    A eletricidade s se manifesta como luz, calor e fora, graas suabipolaridade positiva e negativa.

    Toda a vida superior da terra est baseada na bipolaridade dos elementosmasculino e feminino.

    Esses dois polos da natureza so rigorosamente equilibrados e funcionam emperfeita harmonia.

    De modo anlogo, o Universo hominal governado pela bipolaridade danatureza humana, que a Filosofia e a Psicologia modernas denominam o Eueo ego.

    A Filosofia multimilenar do Oriente chama o EuAtmane o egoAham.

    Os livros sacros do cristianismo usam os termos Almaou esprito divino para

    designar o Eu central do homem, e a expresso corpoou mundopara significaras periferias da natureza humana.

    Que aproveita o homem ganhar o mundo inteiro se chegar a sofrer prejuzoem sua prpria alma? (o Cristo, Eu)

    Eu te darei todos os reinos do mundo e sua glria, se te prostrares em terra eme adorares. (o Anticristo, ego)

    O Eu corresponde ao Uni do Universo, e o ego ao elemento Verso.

    O homem perfeito e integralmente realizado estabeleceu perfeito equilbrioentre o seu Uno (Eu) e o seu Verso (ego).

    O homem profano s cultiva o seu ego, atrofiando o Eu. O mstico tenta realizarsomente o Eu sem o ego.

    O homem csmico, univrsico, porm, realiza o seu Eu atravs do seu ego,porque sabe que o Eu ou Uno Fonte, e o ego ou Verso canal, pelo qual asguas vivas da nascente fluem e beneficiam a sua vida.

    A cincia tem por objeto as leis da natureza externa. A sapincia ou filosofiavisa ao conhecimento e realizao do homem interno.

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    A cincia cosmo-cntrica.

    A filosofia antropo-cntrica.

    O aperfeioamento do Eu ou da alma humana o fim supremo da vida e

    essa realizao se faz atravs do ego, cujos elementos so o corpo, a mente eas emoes.

    Sendo que a evoluo do homem comea pela periferia e vai rumo ao centro,os grande Mestres da humanidade insistem sobretudo no desenvolvimento doEu ou da alma humana, a fim de evitarem a hipertrofia unilateral do ego e aatrofia do Eu.

    O homem perfeito o homem csmico ou universificado, que estabeleceuperfeito equilbrio e harmonia entre os dois polos interno e externo. este o fim

    supremo de toda a educao verdadeira.O educador deve eduzirde dentro do educando, e desenvolver o Eu dele, a fimde equilibr-lo com seu ego.

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    3. O PROBLEMA DA FELICIDADE HUMANA

    Os maiores mdicos e psiquiatras do mundo concedem e confessam que ogrosso da humanidade hodierna neurtica, frustrada ou esquizofrnica. O Dr.Victor Frankl, diretor da Policlnica Neurolgica da Universidade de Viena, emdiversos livros traz estatsticas pavorosas sobre essa calamidade do homemcivilizado dos nossos dias. E d tambm o diagnostico do mal: a falta de umaconscincia de unidade. O homem moderno, hipertrofiado na sua diversidade(ego) e atrofiado na sua unidade (Eu), a consequncia dessa

    descosmificao do homem, que no podia deixar de acabar num caos, emque a dispersividade derrotou a centralidade.

    Frustrar e a palavra latina para despedaar, fragmentar, desintegrar. O homemfrustrado sente-se realmente como que desintegrado interiormente, o queproduz nele um senso de profunda infelicidade. Em ltima anlise, todafelicidade provm de uma conscincia de coeso e integridade. O homem infeliz porque perdeu a conscincia da sua inteireza e unidade; pode ser umapersonalidade, uma persona (mscara), mas deixou de ser umaindividualidade, um ser indiviso em si mesmo. Unidade, integridade, felicidade,

    so sinnimos.

    Muitos frustrados acabam em esquizofrenia. A palavra esquizofrnico querdizer, em grego, mente partida. O homem mentalmente fragmentado umhomem desunido, descosmificado.

    Onde no h realizao existencial h necessariamente uma frustraoexistencial, que o motivo da infelicidade de milhares de homens.

    O homem que deixou de ser cosmo pela unidade acaba, cedo ou tarde, numcaos pela desunio consigo mesmo. As leis que regem o Universo sideralregem tambm o Universo Hominal.

    Os Mestres da vida, alm de fazerem o diagnstico da enfermidade, indicamtambm a sua cura. Victor Frankl cura os seus doentes frustrados comlogoterapia, mostrando-lhes o caminho para restabelecer a sua integridadeexistencial, despertando-lhes a conscincia do seu Lgosinterno, o seu Eu, asua alma. E os que conseguem fazer gravitar os planetas dos seus egos emtorno do sol do seu Eu, restabelecem a harmonia e felicidade da suaexistncia.

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    Krishna, na Bhagavad Gita, afirma que o ego o pior inimigo do Eu, mas que oEu o maior amigo do ego. O prprio Einstein, luz da sua matemticametafsica, mostra que do caminho dos fatos (ego) no conduz nenhumcaminho para o mundo dos valores (Eu).

    Que tudo isto seno Filosofia Univrsica, expressa de outra forma? Ohomem, para ter harmonia e felicidade, deve ter um centro de gravitao fixo eimutvel, deve afirmar a soberania da sua substncia divina sobre todas astiranias das circunstncias humanasdeve ser Universificado.

    Em quase todos os meus livros tenho frisado esse carter csmico da vidahumana, sobretudo nos mais recentes: Educao do homem integral, Entredois mundos, Einstein, o enigma da Matemtica, Rumo conscincia csmica,

    Sade e felicidade pela cosmo-meditao, Sabedoria das parbolas, etc.

    Nada disto, porm, possvel, se o homem passar as 24 horas do dia na zonada dispersividade centrfuga do ego, e no der uma hora sequer concentrao centrpeta do Eu. As leis csmicas so inexorveis e imutveis,tanto no mundo sideral como no mundo hominal. Obedecer a essas leis danatureza humana harmonia e felicidade desobedecer-lhes caos einfelicidade.

    No somos advogados da passividade contemplativa de certos orientaismasdefensores da harmonia e do equilbrio entre atividade e passividade, entreintroverso e extroverso, entre concentrao e expanso, entre imploso e

    exploso, que so o caracterstico de todos os setores da natureza. Enquanto ohomem no se naturalizar ou cosmificar, ser sempre frustrado e infeliz. Umahora, ou meia hora, de profunda cosmo-meditao pode dar ao homem odevido equilbrio para o resto do dia.

    No recomendamos a meditao em forma de pensamentos analticos, que ineficiente, mas recomendamos a profunda sintonizao com a alma doUniverso, o esvaziamento de toda a ego-conscincia, para que a plenitudecosmo-conscincia possa plenificar com as guas vivas da fonte divina a

    vacuidade dos canais humanos. Enquanto a ego-plenitude (egocentrismo,egolatria) funciona, a teo-plenitude no pode funcionar. lei csmica: plenitudes enche vacuidade, ou na linguagem dos livros sacros, Deus resiste aossoberbos (ego-plenos), mas d da sua graa aos humildes (ego-vcuos).

    Durante a cosmo-meditaodeve o homem esvaziar-se de todos os contedosdo seu ego-humano sentimentos, pensamentos e desejos mantendo,porm, plenamente vgil a sua conscincia espiritual; deve manter 100% deteo-conscincia (Eu) e reduzir a ego-conscincia a 0%.

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    O fim da Filosofia Univrsica , pois, estabelecer no homem a mesmaharmonia que existe no Universo, com a diferena de que no homem estaharmonia voluntria e livre, enquanto no cosmo ela automtica.

    Esta harmonia livremente estabelecida pode dar ao homem uma felicidade

    consciente infinitamente maior do que toda a harmonia, beleza e felicidade doUniverso extra-hominal.

    O esforo inicial dessa harmonizao vale a pena pela subsequente felicidadeda vida humana.

    No princpio necessita o principiante de perodos determinados, em lugar certopara essa integrao; mais tarde pode ele manter a concentrao interior nomeio de todas as disperses exteriores, pode unir a sua imploso mstica comtodas as exploses dinmicas; pode viver simultaneamente no Deus do mundo

    e nos mundos de Deus.

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    4. EVOLUO RUMO AO HOMEM UNIVRSICO

    Cada vez mais se acentua a evoluo centrpeta da humanidade, em todos ossetores: cientfico, filosfico e religioso. E esta evoluo centrpeta tende aculminar na evoluo do homem csmico e crstico.

    O homem se sente cada vez mais como um fator auto-agente, e cada vezmenos como um simples fato alo-agido.

    O homem se sente cada vez mais como algum, e cada vez menos como algo.

    Cada vez mais como o sujeito central, cada vez menos como um objetoperifrico.

    O homem de hoje tem ntida conscincia do seu carter de presente ativo efator auto-determinante, superando o seu passado passivo de fato alo-determinado.

    O homem diz cada vez mais como o poeta ingls: Eu sou o senhor do meudestinoeu sou o comandante da minha vida.

    H tempo que a elite da humanidade ocidental superou a sua infnciaheternoma, entrou na adolescncia egnoma, e est despertando para amaturidade autnoma.

    Na infncia o homem alo-determinadopelos pais e por outros fatores alheiosao seu ser.

    Na adolescncia, o homem tenta ser ego-determinantepela sua personalidadeintelectual.

    Com a entrada na maturidade, o homem se torna auto-determinante sob os

    auspcios da sua individualidade espiritual.

    Da inconscincia da infncia, atravs da semiconscincia da adolescncia,sobe o homem s alturas dapleniconscinciada sua adultez definitiva.

    Esse processo ascensional , sobretudo, visvel no setor filosfico-religioso.

    Durante muitos sculos, o homem espiritualmente infantil estava convencido ou melhor, persuadido de que ele era mau em virtude de um fator alheio,negativo, de um tal diabo, Satans ou Anticristo. Em grande parte ahumanidade de hoje ainda acredita piamente que algum fez o homempecador, sua prpria revelia; que ele essencialmente mau, negativo,

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    pecador; que todo o homem nasce e foi concebido em pecado, graas a umfator alheio sua prpria conscincia e vontade. Todas as igrejas crists doOcidente professam essa ideologia de maldade heternoma: o homem foi feitomau por algum, herdou uma maldade inconscientemente. Os prpriosdiscpulos do Cristo perguntaram ao Mestre se o cego de nascena herdara acausa da cegueira de seus antepassados pecadores ou da sua prpria pr-existncia pecadora; queriam saber se o cego recebera o mal da cegueira demalfeitores alheios ou do seu prprio malfeitor numa encarnao anterior.

    O Nazareno, porm, nega ambas as alternativas sugeridas e passa para umaterceira soluo, que at hoje um enigma para muitos. O certo que o Cristonega a alo-maldadepara explicar o mal desse sofrimento.

    Se houvesse a possibilidade de uma alo-maldade herdada pelo homem,deveria haver tambm a possibilidade de uma alo-bondade que o homempudesse receber de um fator alheio; se algum me fez mau e pecador, lgicoque algum me possa fazer bom e santo; se um tal Anticristo me pode perder,um Cristo me deve poder salvar. E, como todas as igrejas crists aceitaram oprimeiro, no podiam deixar de aceitar o segundo: alo-redeno neutralizandoalo-perdio.

    O Cristo, felizmente, nada sabe de alo-perdio nem de alo-redeno. Paraele, certo que o homem colher aquilo que ele mesmo ou a humanidadesemearam. Para o maior gnio espiritual da humanidade no h alo-perdio

    nem alo-redeno, mas to-somente ego-perdioe auto-redeno.Nisto se revela a mais alta lgica e racionalidade do Cristo e tambm a maiorapoteose do livre-arbtrio do homem. O Cristo poderia dizer como o poeta-filsofo: O homem o senhor do seu destino, negativo e positivo; o homem ocomandante da sua vida de pecador e de justo.

    ***

    Quando a humanidade medieval saiu, em parte, da sua longa infnciaespiritual, caracterizada pela idia da heteronomia do mal e do bem, de alo-

    perdio e de alo-redeno o homem da Renascena despertou,parcialmente, para a conscincia do seu poder autnomo; compreendeu queele mesmo, e no algum de fora dele, era o autor da sua maldade e da suabondade, do seu ser-mau e do seu ser-bom. Mas, como o homem daRenascena, depois de deixar sua infncia medieval, no ainda um homemplenamente adulto, e sim apenas um adolescente semiadulto, esse homemdescobriu apenas uma parte da sua natureza hominal, descobriu apersonalidadedo seu ego-mental, mas ainda no a individualidadedo seu Eu-espiritual.

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    E o homem-ego renascentista apelou para seu ego personal para se redimirdas suas maldades e dos seus males. H cerca de quatro sculos que ohomem da Renascena nos prometeu que, pelo poder da inteligncia do seuego, ia crear o cu sobre a terra; prometeu, e em parte continua a crer, que acincia e a tcnica, filhas da inteligncia, possam abolir as maldades e osmales; o ego, segundo ele, tem o poder mgico de fechar cadeias epenitencirias, hospitais e hospcios, contanto que abra bastantes escolas elaboratrios.

    Isto nos foi prometido h sculos, em nome de Sua Majestade a cincia e atcnica, filhas da inteligncia do homem-ego.

    Mas, quatro sculos de promessas de cu na terra no cumpriram a suapalavra, e sobretudo a humanidade do sculo vinte, que passou por duasguerras mundiais, e est em vsperas de uma possvel conflagrao mundial,no pode mais crer no poder redentor da civilizao e da cultura creadas peloego.

    O grande erro da Renascena, que est agonizante, foi a confuso entre ofator ego e o fator Eu ou melhor, foi o deplorvel desconhecimento oumenosprezo do Eu espiritual do homem e essa ignorncia ou desprezocontinuam at os nossos dias.

    Hoje em dia, finalmente, a humanidade-elite est comeando a compreender,ou talvez a vislumbrar, que o ego fator de perdio, mas no fator deredeno. E muitos esto comeando a compreender que, para crearmos ohomem integral, realmente remido, temos de acrescentar ao negativo do ego ofator positivo do Eu. Em nosso Universo, tudo bipolar, e nada funcionaunipolarmente.

    Surge agora o magno problema: como despertar no homem o fator Eu, parafazer com o ego a complementao do homem integral.

    O fator ego, quando isolado, perdio funesta, porque adultera a sua funode servidore se arroga a funo de senhordo homem.

    A sabedoria multimilenar da Bhagavad Gita de Krishna diz: O ego umpssimo senhor, mas um timo servidor.

    E a sabedoria quase bimilenar do Evangelho do Cristo d ordem ao egoanticrstico para se por na retaguarda do Eu crstico como servidor, e no navanguarda como senhor:

    S a Deus adorars e s a ele servirs.

    O homem integral no um ego sem Eu, nem um Eu sem ego mas sim umsenhor na vanguarda e um servidor na retaguarda.

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    No Universo fsico no h substituio de um polo pelo outro. E como poderia oUniverso metafsico ser diferente? Todo o cosmo sideral e hominal umagrandiosa sntese de polos complementares perfeitamente equilibrados eharmoniosos.

    O home integral o homem csmico, o homem univrsico, o homem crstico.

    A humanidade, atravs de muitas lutas, est comeando a vislumbrar estaintegrao da natureza humana: a auto-redenopelo Eu divino compensandoa ego-perdioproveniente do ego humano.

    ***

    A Filosofia Univrsica quando plenamente conscientizada e integralmentevivenciada, conduz infalivelmente auto-realizao, creando o Homem

    Integral, o Homem Csmico, o Homem Univrsico, o Homem Crstico.

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    5. DO EGO MENTAL AO EU ESPIRITUAL

    Quando o homem transpe a fronteira do seu ego mental e se transmentalizarumo ao Eu espiritual, sem perder o contato com a zona mental entoaparece o Homem Integral, o Homem Csmico, o Homem Univrsico.

    O ego mental no destrudo pelo Eu espiritual, integrado nele.

    Para compreender melhor esse processo, sirvamo-nos de uma ilustrao tiradada matemtica. Demos ao ego mental o numero 10, e ao Eu espiritual o

    smbolo 100.

    De dois modos podemos destruir o 10: ou tirando-lhe o sinal 1, ouacrescentando-lhe o sinal 0. No primeiro caso, em vez de 10,temos 0, isto zero, anulao, destruio. No segundo caso temos 100. Este 100praticamente anulou o 10, e o 10 separado, isolado; no o destruiu pordiminuio, mas por aumento; no o destruiu negativamente, maspositivamente: isto , destruiu-o construindo-o. No 100 permaneceu a essnciaou alma do 10; desapareceu apenas a sua existncia ou o seu corpo. Opequeno 10 foi integrado no grande 100; a parte foi completada pelo TODO.

    Na cosmo-meditao acontece o segundo caso. Quando o ego mental seintegra no Eu espiritual, acontece o que ocorre quando o menor (10) se integrano maior(100): no morre, mas vive mais intensamente; no morre para dentroda morte, mas morre para dentro da vida, de uma vida maior; desaparece asua pseudo-vida transformada numa vida verdadeira.

    o que os Mestres espirituais chamam egocdio, morrer espontaneamenteantes de ser morto compulsoriamente. O egocdio uma espcie de mortemetafsica voluntria.

    Neste sentido escreve Paulo de Tarso: Eu morro todos os dias, e por istoque eu vivo; mas no sou eu que vivo, o Cristo que vive em mim.

    No mesmo sentido disse o Cristo: Se o gro de trigo no morrer ficar estril,mas se morrer produzir muito fruto.

    esta a cosmo-meditaopraticada pelo Centro de Auto-realizao Alvorada.

    esta a finalidade da cosmo-meditao: a integrao do ego mental ilusrio noEu espiritual verdadeiro; ou seja, auto-realizao pelo auto-conhecimento: a

    creao do Homem Integral, do Homem Csmico, do Homem Univrsico.

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    Quem vive realmente a Filosofia Univrsica realiza em si o Homem Univrsico.

    O Homem Univrsico o homem feliz.

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    NDICE

    1. UNIDADE NA DIVERSIDADE

    2. A BIPOLARIDADE DO MUNDO E DO HOMEM

    3. O PROBLEMA DA FELICIDADE HUMANA

    4. EVOLUO RUMO AO HOMEM UNIVRSICO

    5. DO EGO MENTAL AO EU ESPIRITUAL

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    HUBERTO ROHDEN

    VIDA E OBRA

    Nasceu na antiga regio de Tubaro, hoje So Ludgero, Santa Catarina, Brasilem 1893. Fez estudos no Rio Grande do Sul. Formou-se em Cincias, Filosofiae Teologia em universidades da Europa Innsbruck (ustria), Valkenburg(Holanda) e Npoles (Itlia).

    De regresso ao Brasil, trabalhou como professor, conferencista e escritor.Publicou mais de 65 obras sobre cincia, filosofia e religio, entre as quaisvrias foram traduzidas para outras lnguas, inclusive para o esperanto;algumas existem em braile, para institutos de cegos.

    Rohden no est filiado a nenhuma igreja, seita ou partido poltico. Fundou edirigiu o movimento filosfico e espiritual Alvorada.

    De 1945 a 1946 teve uma bolsa de estudos para pesquisas cientficas, naUniversidade de Princeton, New Jersey (Estados Unidos), onde conviveu comAlbert Einstein e lanou os alicerces para o movimento de mbito mundial daFilosofia Univrsica, tomando por base do pensamento e da vida humana aconstituio do prprio Universo, evidenciando a afinidade entre Matemtica,Metafsica e Mstica.

    Em 1946, Huberto Rohden foi convidado pela American University, deWashington, D.C., para reger as ctedras de Filosofia Universal e de Religies

    Comparadas, cargo esse que exerceu durante cinco anos.

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    Durante a ltima Guerra Mundial foi convidado pelo Bureau of lnter-AmericanAffairs, de Washington, para fazer parte do corpo de tradutores das notcias deguerra, do ingls para o portugus. Ainda na American University, deWashington, fundou o Brazilian Center, centro cultural brasileiro, com o fim demanter intercmbio cultural entre o Brasil e os Estados Unidos.

    Na capital dos Estados Unidos, Rohden frequentou, durante trs anos, oGolden Lotus Temple, onde foi iniciado em Kriya Yga por SwamiPremananda, diretor hindu desse ashram.

    Ao fim de sua permanncia nos Estados Unidos, Huberto Rohden foi convidadopara fazer parte do corpo docente da nova International Christian University(ICU), de Metaka, Japo, a fim de reger as ctedras de Filosofia Universal eReligies Comparadas; mas, por causa da guerra na Coria, a universidadejaponesa no foi inaugurada, e Rohden regressou ao Brasil. Em So Paulo foinomeado professor de Filosofia na Universidade Mackenzie, cargo do qual notomou posse.

    Em 1952, fundou em So Paulo a Instituio Cultural e Beneficente Alvorada,onde mantinha cursos permanentes em So Paulo, Rio de Janeiro e Goinia,sobre Filosofia Univrsica e Filosofia do Evangelho, e dirigia Casas de RetiroEspiritual (ashrams) em diversos Estados do Brasil.

    Em 1969, Huberto Rohden empreendeu viagens de estudo e experinciaespiritual pela Palestina, Egito, ndia e Nepal, realizando diversas conferncias

    com grupos de yoguis na ndia.

    Em 1976, Rohden foi chamado a Portugal para fazer conferncias sobreautoconhecimento e auto-realizao. Em Lisboa fundou um setor do Centro deAuto-Realizao Alvorada.

    Nos ltimos anos, Rohden residia na capital de So Paulo, onde permaneciaalguns dias da semana escrevendo e reescrevendo seus livros, nos textosdefinitivos. Costumava passar trs dias da semana no ashram, em contato coma natureza, plantando rvores, flores ou trabalhando no seu apirio-modelo.

    Quando estava na capital, Rohden frequentava periodicamente a editoraresponsvel pela publicao de seus livros, dando-lhe orientao cultural einspirao.

    zero hora do dia 8 de outubro de 1981, aps longa internao em uma clnicanaturista de So Paulo, aos 87 anos, o professor Huberto Rohden partiu destemundo e do convvio de seus amigos e discpulos. Suas ltimas palavras emestado consciente foram: Eu vim para servir Humanidade.

    Rohden deixa, para as geraes futuras, um legado cultural e um exemplo def e trabalho, somente comparados aos dos grandes homens do sculo XX.

  • 8/13/2019 HubertoRohdenFilosofiaUnivrsica

    21/25

    RELAO DE OBRAS DO PROF.

    HUBERTO ROHDEN

    COLEO FILOSOFIA UNIVERSAL:

    O PENSAMENTO FILOSFICO DA ANTIGUIDADE

    A FILOSOFIA CONTEMPORNEA

    O ESPRITO DA FILOSOFIA ORIENTAL

    COLEO FILOSOFIA DO EVANGELHO:

    FILOSOFIA CSMICA DO EVANGELHO

    O SERMO DA MONTANHA

    ASSIM DIZIA O MESTRE

    O TRIUNFO DA VIDA SOBRE A MORTE

    O NOSSO MESTRE

    COLEO FILOSOFIA DA VIDA:

    DE ALMA PARA ALMA

    DOLOS OU IDEAL?

    ESCALANDO O HIMALAIA

    O CAMINHO DA FELICIDADE

    DEUS

    EM ESPRITO E VERDADE

    EM COMUNHO COM DEUS

  • 8/13/2019 HubertoRohdenFilosofiaUnivrsica

    22/25

    COSMORAMA

    PORQUE SOFREMOS

    LCIFER E LGOS

    A GRANDE LIBERTAO

    BHAGAVAD GITA (TRADUO)

    SETAS PARA O INFINITO

    ENTRE DOIS MUNDOS

    MINHAS VIVNCIAS NA PALESTINA, EGITO E NDIA

    FILOSOFIA DA ARTE

    A ARTE DE CURAR PELO ESPRITO. AUTOR: JOEL GOLDSMITH(TRADUO)

    ORIENTANDO

    QUE VOS PARECE DO CRISTO?

    EDUCAO DO HOMEM INTEGRAL

    DIAS DE GRANDE PAZ (TRADUO)

    O DRAMA MILENAR DO CRISTO E DO ANTICRISTO

    LUZES E SOMBRAS DA ALVORADA

    ROTEIRO CSMICO

    A METAFSICA DO CRISTIANISMO

    A VOZ DO SILNCIO

    TAO TE CHING DE LAO-TS (TRADUO)

    SABEDORIA DAS PARBOLAS

    O QUINTO EVANGELHO SEGUNDO TOM (TRADUO)

    A NOVA HUMANIDADE

    A MENSAGEM VIVA DO CRISTO (OS QUATRO EVANGELHOS TRADUO)

    RUMO CONSCINCIA CSMICA

    O HOMEM

  • 8/13/2019 HubertoRohdenFilosofiaUnivrsica

    23/25

    ESTRATGIAS DE LCIFER

    O HOMEM E O UNIVERSO

    IMPERATIVOS DA VIDA

    PROFANOS E INICIADOS

    NOVO TESTAMENTO

    LAMPEJOS EVANGLICOS

    O CRISTO CSMICO E OS ESSNIOS

    A EXPERINCIA CSMICA

    COLEO MISTRIOS DA NATUREZA:

    MARAVILHAS DO UNIVERSO

    ALEGORIAS

    SIS

    POR MUNDOS IGNOTOS

    COLEO BIOGRAFIAS:

    PAULO DE TARSO

    AGOSTINHO

    POR UM IDEAL2 VOLS. AUTOBIOGRAFIA

    MAHATMA GANDHI

    JESUS NAZARENO

    EINSTEINO ENIGMA DO UNIVERSO

    PASCAL

    MYRIAM

    COLEO OPSCULOS:

    SADE E FELICIDADE PELA COSMO-MEDITAO

  • 8/13/2019 HubertoRohdenFilosofiaUnivrsica

    24/25

    CATECISMO DA FILOSOFIA

    ASSIM DIZIA MAHATMA GANDHI (100 PENSAMENTOS)

    ACONTECEU ENTRE 2000 E 3000

    CINCIA, MILAGRE E ORAO SO COMPATVEIS?

    CENTROS DE AUTO-REALIZAO

  • 8/13/2019 HubertoRohdenFilosofiaUnivrsica

    25/25