I COLÓQUIO de AGRICULTURA BIOLÓGICA do ALGARVE · A Terra está no limite da capacidade de carga...

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I COLÓQUIO de AGRICULTURA BIOLÓGICA do ALGARVE —————————————————-- Resumos das comunicações 18 e 19 de Novembro de 2008 Auditório da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve Patacão / Faro

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I COLÓQUIO de AGRICULTURA BIOLÓGICA

do ALGARVE —————————————————--

Resumos das comunicações

18 e 19 de Novembro de 2008 Auditório da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve

Patacão / Faro

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Índice

Comunicações orais

A Agricultura Biológica no Algarve M. Conceição Silva / Quinta do Freixo .................................................................................. 1

A Agricultura Biológica na Andaluzia Jesús Casado Vera / IFAPA ................................................................................................. 2

Alimentação, agricultura biológica e ética ambiental Jacinta Fernandes / Ualg ...................................................................................................... 4

O novo Regulamento Comunitário em Agricultura Biológica – Principais alterações Jorge Ferreira / Agro-Sanus ................................................................................................. 7

As políticas de apoio ao Modo de Produção Biológico no PRODER Pedro Monteiro / DRAPALG ................................................................................................. 8

Citrinos em Modo de Produção Biológico Maria Mendes Fernandes e Eugénia Neto / DRAPALG ..................................................... 10

Cultura biológica do damasqueiro. Resultados de ensaios da sua prática na região de Tavira Maria Alcinda Neves / UAlg ................................................................................................ 12

Culturas Hortícolas em Modo de Produção Biológico no Algarve. Alguns resultados experimentais António Marreiros / DRAPALG ........................................................................................... 14

Custos de produção de tomateiro e citrinos em Modo de Produção Biológico no Algarve Florentino Valente / DRAPALG .......................................................................................... 15

A Agricultura Biológica na Vitacress Dulce Coelho / Vitacress .................................................................................................... 16

Pós-colheita em Agricultura Biológica Dulce Antunes / UAlg .......................................................................................................... 18

A Agricultura Biológica e a qualidade dos alimentos Amílcar Duarte/UAlg ........................................................................................................... 20

Métodos compatíveis com o modo de produção biológico, no controlo de doenças pós-colheita Carla Nunes/UAlg ............................................................................................................... 22

Compostagem: como obter fertilizantes a partir dos lixos domésticos e dos resí-duos vegetais das explorações agrícolas Mário Reis/UAlg .................................................................................................................. 24

Comunicações em painel

Importância da solarização na agricultura biológica António Pinto & Daniela Teixeira / Escola Superior Agrária de Viseu ................................. 25

As Plantas Aromáticas e a Agricultura Biológica Daniela Costa & António Pinto / Escola Superior Agrária de Viseu .................................... 27

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I Colóquio de Agricultura Biológica do Algarve

A Agricultura Biológica no Algarve

Maria da Conceição Silva Quinta do Freixo, 8100-352 Benafim E-mail: [email protected]

A prática da agricultura biológica no Algarve tem cerca de 20 anos.

O Algarve tem óptimas condições para a produção de hortofrutícolas

em modo de produção biológico, nas zonas de melhores solos do litoral, e

para a produção de pequenos ruminantes, aromáticas, mel e outras produ-

ções associadas à floresta, no interior.

Tem como maior estrangulamento a pulverização da produção e con-

sequente dificuldade de organização para a comercialização.

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I Colóquio de Agricultura Biológica do Algarve

A Agricultura Biológica na Andaluzia Jesús Casado Vera Centro IFAPA de Chipiona. Consejería de Agricultura y Pesca. Junta de Andalucía E-mail: [email protected]

Las líneas de trabajo del Área de Recursos Naturales y Producción

Ecológica del IFAPA se corresponden con una serie de actividades de inves-

tigación, formación y transferencia de tecnología, que incluyen por una parte,

la implementación de las bases científicas para la aplicación de los principios

de la producción ecológica a los distintos sistemas productivos de Andalucía,

y por otra, a la conservación y sostenibilidad de los medios naturales de pro-

ducción como son el suelo y el agua.

La actividad del personal científico y técnico adscrito a esta área, se

centra fundamentalmente en la ejecución de una amplia cartera de proyectos

precompetitivos y competitivos y acciones de experimentación, formación y

transferencia de tecnología incluidas en los programas regionales, naciona-

les y europeos, ejecutados bien por grupos propios de distintos Centros del

IFAPA, o llevados a cabo en colaboración con otras instituciones de I+D

públicas y privadas de ámbito nacional e internacional.

La orientación de estas actividades de investigación, se inspira princi-

palmente en las prioridades temáticas recogidas en los Planes Anuales y

Sectoriales del IFAPA, y particularmente sus Programas Prioritarios y Conso-

lidados referidos a:

• Sostenibilidad y Eficiencia Productiva en Sistemas Agrarios de Secano.

• AgriculturayGanaderíaEcológicas.

• Uso Eficiente del Agua.

Las actividades de formación incluyen una oferta anual cursos es-

pecíficos, dirigidos tanto a agricultores como técnicos, y relacionados con las

temáticas inherentes al área. También se desarrolla una importante labor de

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formación de nuevos tecnólogos e investigadores pertenecientes a distintos

programas de becas de nivel regional, nacional y europeo.

La transferencia de los resultados de la investigación se enmarca

fundamentalmente en la participación en distintos programas de La Red An-

daluza de Experimentación Agraria (RAEA) y la ejecución de proyectos y

convenios realizados en colaboración con entidades del sector como empre-

sas, organizaciones profesionales agrarias y asociaciones.

La “fortaleza“ que en los últimos tiempos está adquiriendo esta área

o “línea de trabajo“ dentro de la actuación global del IFAPA, se basa en po-

der conjugar de modo transversal, todas y cada una del resto de áreas de

trabajo – producción agraria, acuicultura y recursos pesqueros, biotecnolog-

ía, economía y sociología agrarias, ... – sirviendo ésta que nos ocupa como

elemento aglutinador o de enlace, pues se sirve de todas para perfilar sus

líneas de actuación, dentro de un marco global de estrategia agroecológica.

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I Colóquio de Agricultura Biológica do Algarve

Alimentação, agricultura biológica e ética ambiental Jacinta Fernandes e Filipe Moreira Universidade do Algarve. Faculdade de Engenharia de Recursos Naturais. Campus de Gambe-las, 8005-139 Faro E-mail: [email protected]

Corria o dia 22 de Abril de 2008 e os noticiários abriam com imagens

de milhões de pessoas desesperadas por comida, no Egipto, no Haiti e em

mais 30 países. O que sucedeu nesses dias escapou à compreensão do

cidadão comum. Quase ninguém percebeu o porquê de subitamente o arroz

e o trigo se terem tornado tão caros e escassos. Não era possível atribuir a

ausência de comida a qualquer causa comum a tal pletora de nações:

nenhuma estava em guerra, nem passava por um período de seca. No Oci-

dente, as imagens pungentes de egípcios a queimarem bandeiras e de hai-

tianos brandindo catanas pela fúria alimentada de fome, não parece ter sus-

citado reacções preocupadas. Não deveríamos estar interessados em com-

preender a raiz destes eventos pois aquilo a que assistimos é apenas um

primeiro sintoma duma doença grave e potencialmente fatal para milhões de

seres humano? Poucos se parecem aperceber que estamos a assistir a dias

estranhos no planeta Terra. Neste momento, mantendo-se as condições cor-

rentes, não é possível obter a prazo alimentos suficientes para os mais de 6

biliões de humanos. A Terra está no limite da capacidade de carga e qual-

quer ligeiro défice nas matérias-primas da agricultura desencadeia eventos

como os do passado Abril. Nos últimos 50 anos o mundo rico habituou-se à

comida barata, e apesar de nunca antes na História da Humanidade termos

produzido tantos alimentos como actualmente, parece não haver hoje comi-

da suficiente para todos. A agricultura convencional tomou como certos o

petróleo barato e a água doce abundante, mas tanto o crude como a água

são matérias cada vez mais escassas. E em cima disto conjuram-se as alte-

rações climáticas. De forma inquietante, no passado mês de Junho, o secre-

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tário-geral da ONU reiterou que o output agrícola global teria de subir 50%

até 2030 de modo a evitar-se uma hecatombe. Serão tais valores exequí-

veis? Em 1798, Malthus previu que o número de seres humanos no planeta

seria sempre posto em cheque pela escassez alimentar mas, até hoje, temos

sido sempre mais, nunca menos. O malthusianismo não equacionou os

avanços tecnológicos, principalmente os da Revolução Verde. Porém, o que

a tecnologia contrapôs a Malthus não invalida as suas antevisões, dado as

premissas continuarem válidas.

A conjuntura de petróleo caro, clima em mutação, água escassa,

degradação ambiental e procura maciça de alimentos está a forçar a reestru-

turação do sector agro-alimentar. E desta reestruturação emergem os dile-

mas éticos mais prementes da nossa Era. Uns são de índole técnica e outros

de cunho moral. Contudo, muitos dos problemas têm génese mista e na pro-

cura de soluções não conseguimos apreender onde acaba a técnica e come-

ça a ética, mas certo é que a reforma almejada não poderá ignorar os dile-

mas éticos inerentes. Por exemplo, deveremos massificar a produção bioló-

gica, o que seria ambientalmente responsável, sabendo que tal reorganiza-

ção dificilmente permite aos cidadãos dos países pobres arcarem com as

despesas? Ou poderemos disseminar os OGM´s, melhorar os pesticidas,

etc., e assim continuar a degradar o ambiente? Será que quereremos des-

truir a fonte de alimentação suprema, a Terra? Mas existem aspectos passí-

veis de resolução, desde que estejamos dispostos a aplicar os mais elemen-

tares princípios éticos. Acabar com a superabundância de comida num lado

do mundo e a penúria no outro não será uma reformulação essencial, bem

como o modo como comercializamos os alimentos através do marketing ?

Entender como as falhas de mercado (poder de escassez, assimetria de

informação, externalidades) actuam no sentido de marginalizar os menos

favorecidos é também essencial; e acabar com os proteccionismos, como a

PAC, será talvez a mais fulcral das medidas.

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I Colóquio de Agricultura Biológica do Algarve

Num contexto de superabundância, a persistência do binómio pobreza/fome

que afecta biliões em torno do mundo deveria colocar os temas éticos de

novo nas nossas mentes. Alicerçadas numa referência ética social e ambien-

tal sólidas, a Terra teria certamente capacidade de carga para nos sustentar

e para ser sustentável; mas haverá que resolver as iniquidades de acesso

aos recursos, as desigualdades distributivas e a não representatividade

social e comercial dos mais desfavorecidos. Saberemos cumprir o desígnio

da FAO de evoluir “duma economia global para uma sociedade global”?

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O novo Regulamento Comunitário em Agricultura Biológica – Principais alterações

Jorge Ferreira Agro-Sanus - Assistência Técnica em Agricultura Biológica. Calçada do Moinho de Vento, 4-2º D, 1150-236 Lisboa E-mail: [email protected]

A 1 de Janeiro de 2009 é aplicável o novo regulamento comunitário

para a agricultura biológica, que substitui o histórico Regulamento (CEE)

nº2092/91 e todas as modificações feitas até à entrada em vigor do actual.

A nova legislação, obrigatória na totalidade e aplicável em todos os

Estados-membros, é a seguinte:

• Regulamento (CE) nº 834/2007, do Conselho, de 28 de Junho de 2007,

relativo à produção biológica e à rotulagem dos produtos biológicos e que

revoga o Regulamento (CEE) nº 2092/91;

• Regulamento (CE) nº 889/2008, da Comissão, de 5 de Setembro 2008,

que estabelece normas de execução do Regulamento (CE) nº 834/2007.

Esta nova legislação tem também a vantagem de restruturar em ape-

nas dois textos as mais de 70 alterações ao regulamento anterior e acres-

centar alterações importantes, que se indicam de seguida.

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As políticas de apoio ao Modo de Produção Biológico no PRODER Pedro Monteiro Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve. Apartado 282, 8001-904 Faro E-mail: [email protected]

A boa aplicação dos fundos públicos, disponíveis para o período de

programação 2007-2013, assume-se como um desafio decisivo em prol da

melhoria da competitividade e sustentabilidade dos sectores produtivos

regionais ligados ao agro-alimentar. O caminho agora trilhado condicionará

por certo, de sobremaneira, a evolução e o grau de preparação dos agentes

económicos para fazerem face às exigências de um mercado cada vez mais

concorrencial, onde tem de imperar a qualidade, a organização e o sentido

de oportunidade.

O impacte da recente crise alimentar mundial, se por um lado veio

demonstrar a indispensabilidade estratégica de existirem sectores produto-

res de alimentos que garantam um nível mínimo de auto-suficiência para

fazer face às situações de risco e de crises de mercado, pôs também a nu a

vulnerabilidade dos mesmos perante a volatilidade associada à integração

global dos mercados. Torna-se assim premente a adopção de estratégias de

diferenciação pela qualidade, que permitam a regiões como a nossa, impos-

sibilitadas pela sua pequena dimensão de concorrerem pela escala, serem

competitivas pela exploração de nichos de produção cada vez mais valoriza-

dos pelos consumidores.

Durante o período 2007-2013, o Programa de Desenvolvimento Rural

(PRODER) constitui o instrumento de política privilegiado no domínio dos

incentivos aos investimentos a empreender no quadro do sector agrário. No

âmbito das várias medidas disponíveis para este efeito sobressaem, como

mais directamente vocacionadas para o apoio aos modos de produção ditos

“ambientalmente amigáveis”, para além das linhas de financiamento associa-

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das às agro-ambientais do Subprograma 2- Gestão Sustentável do Espaço

Rural, as instituídas no quadro do Subprograma 1- Promoção da Competiti-

vidade, concretamente as acções 111 - Modernização e Capacitação de

Empresas, ligada aos investimentos nas componentes produção e transfor-

mação e comercialização, e 113 - Instalação de Jovens Agricultores, bem

como a medida 1.4 destinada à valorização de produção de qualidade, cujos

principais objectivos visam contribuir para o desenvolvimento dos regimes de

qualidade certificada, incentivando a participação dos agricultores nestes

regimes, e aumentar o acesso aos mercados através de ganhos de escala e

melhoria da promoção dos produtos.

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Citrinos em Modo de Produção Biológico no Algarve Maria Mendes Fernandes, Eugénia Neto e António Marreiros Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve. Apartado 282, 8001-904 Faro E-mail: [email protected]

A importância da citricultura na actividade agrícola do Algarve moti-

vou a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve a instalar em

1995, no Centro de Experimentação Agrária de Tavira, em colaboração com

a AGROBIO, um campo de demonstração de citrinos em Modo de Produção

Biológico, com 5000 m2, composto por três cultivares utilizadas na região:

laranjeiras Valencia Late e Navelina e tagerineira Hernandina.

Esta parcela constituiu uma unidade de demonstração que se desen-

volveu no âmbito do projecto Agro Nº 282 – Hortofruticultura em Agricultura

Biológica, que decorreu entre 2002 e 2006. A cultivar Hernandina foi sobre-

enxertada em Nova em Maio de 2006.

Posteriormente, esta parcela foi integrada nas actividades do Projec-

to Interreg III A – ANDALGCITRUS “Actuações conjuntas no Algarve e Anda-

luzia para optimização do desenvolvimento da citricultura”.

Para cada uma das cultivares existentes, foram estabelecidas três

modalidades de cobertura do solo na linha para o controlo da vegetação

espontânea (casca de amêndoa, tela preta e sem cobertura). Na entrelinha,

utilizaram-se dois tipos de cobertura vegetal (sideração anual e enrelvamen-

to permanente) para incremento do nível de fertilidade do solo.

Tendo por base o objectivo geral de estudar a viabilidade técnica da

aplicação do MPB à cultura dos citrinos, nas condições edafo-climáticas do

Algarve, foram definidos os seguintes objectivos específicos:

• Monitorizar os níveis de fertilidade do solo;

• Monitorizar as principais pragas, doenças e auxiliares de modo a

estabelecer a oportunidade de intervenção contra os inimigos da cul-

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tura de acordo com os meios de luta disponíveis em MPB;

• Avaliar a produção em termos quantitativos e qualitativos (calibres,

análises físico-químicas e prova organoléptica).

Neste trabalho serão apresentados os principais resultados obtidos,

as conclusões apuradas, bem como algumas das limitações identificadas.

A produção obtida em cada cultivar, foi sempre superior na modalida-

de tela, à excepção de 2008 em que a Valencia Late teve maior produção na

modalidade sem cobertura.

Nas cultivares Valencia Late e Hernandina, o maior valor de produ-

ção registou-se em 2006, com 49 e 35 t/ha, respectivamente. Na Navelina, a

maior produção ocorreu em 2004, com cerca de 47 t/ha.

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Cultura biológica do damasqueiro. Resultados de ensaios da sua prática na região de Tavira

Maria Alcinda Neves1, Jorge Ferreira2, Maria da Fé Candeias3 e Nídia Ramos3 1 Universidade do Algarve. Faculdade de Engenharia de Recursos Naturais. Campus de Gam-belas, 8005-139 Faro E-mail: [email protected] 2 Agro-Sanus - Assistência Técnica em Agricultura Biológica. Calçada do Moinho de Vento, 4-2º D, 1150-236 Lisboa 3 Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve. Apartado 282, 8001-904 Faro

A presente comunicação é relativa aos trabalhos desenvolvidos e

resultados obtidos na Unidade de Demonstração de produção biológica de

damascos, instalada no âmbito do Projecto Agro nº282-Hortofruticultura em

Agricultura Biológica. A Unidade de Demonstração foi instalada na Estação

Experimental de Tavira da Direcção Regional de Agricultura do Algarve, com

a área aproximada de 1 ha, onde foi feita a conversão de um pomar tradicio-

nal num pomar com o modo de produção biológico. As variedades mais

representativas do pomar eram a Beliana, Priana, Valenciano e ‘Lindo de

Tavira’ enxertadas em franco. Ao longo do período de estudo (cerca de 3

anos) todas as técnicas culturais respeitaram os princípios e normas do

modo de produção da agricultura biológica.

Os principais objectivos foram verificar se era possível manter a pro-

dutividade do pomar, o nível de fertilidade do solo e controlar de forma eficaz

as pragas e doenças do damasqueiro, usando as técnicas permitidas na

agricultura biológica.

As principais alterações registadas nas práticas culturais foram o

revestimento do solo com misturas seleccionadas de espécies vegetais em

substituição da aplicação de herbicidas, a incorporação do material da poda

no solo, a monda de frutos manual e a aplicação apenas de produtos fertili-

zantes e fitofarmacêuticos autorizados em produção biológica.

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I Colóquio de Agricultura Biológica do Algarve

Durante o ensaio verificou-se que a produtividade do pomar se man-

teve semelhante ao obtido anteriormente, com as técnicas convencionais,

assim como o estado nutritivo das árvores (monitorizado através de análises

foliares).

O estado sanitário das plantas foi eficazmente controlado com os

produtos autorizados em agricultura biológica.

Este ensaio permitiu demonstrar que a aplicação das técnicas de

agricultura biológica são adequadas para a cultura do damasqueiro no Algar-

ve, desde que se utilizem variedades de maturação temporã como as referi-

das neste trabalho.

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I Colóquio de Agricultura Biológica do Algarve

Culturas Hortícolas em Modo de Produção Biológico no Algarve. Alguns resultados experimentais

António Marreiros1, Maria Mendes1, Eugénia Neto1, Luís Neto2 e Nídia Ramos1 1 Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve. Apartado 282, 8001-904 Faro E-mail: [email protected] 2 Universidade do Algarve. Faculdade de Engenharia de Recursos Naturais. Campus de Gam-belas, 8005-139 Faro E-mail: [email protected]

Neste trabalho começamos por apresentar alguns dados sobre a situação

da Agricultura Biológica no Mundo e em Portugal e analisamos os dados do Sector

Hortícola em Modo de Produção Biológico (MPB) no nosso país, bem como a sua

evolução entre 1993 e 2007, para um melhor enquadramento do mesmo.

Abordamos depois os principais resultados obtidos (produções, pragas e

doenças observadas), no trabalho de Experimentação e de Demonstração desen-

volvido no Centro de Experimentação Hortofrutícola do Patacão/Direcção Regional

de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAPALG), na última dezena e meia de anos

nesta área (nomeadamente nos Campos de Demonstração de Agricultura Biológi-

ca em Horticultura de Ar Livre e em Horticultura Forçada e no Projecto Agro nº 282

– Hortofruticultura em Agricultura Biológica), com as principais culturas hortícolas

em Estufa (tomate, melão, feijão verde, pepino e melancia), bem como com algu-

mas culturas hortícolas ao Ar Livre (batata, fava, cenoura, melão, cebola e feijão

verde).

No final deste trabalho apresentamos algumas conclusões obtidas ao lon-

go destes anos, levantamos algumas questões e propomos linhas de trabalho

para o futuro no MPB, onde as actividades de I, DE e D, devem ter sempre um

particular destaque.

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I Colóquio de Agricultura Biológica do Algarve

Custos de produção de tomateiro e citrinos em Modo de Produção Bio-lógico no Algarve

Florentino Valente Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve. Apartado 282, 8001-904 Faro E-mail: [email protected]

Neste trabalho são apresentados os custos de produção do tomate e

da laranja em Modo de Produção Biológico (MPB), no Algarve.

A determinação e a análise dos custos de produção assumem uma

importância relevante quando se pretende desenvolver uma determinada

actividade.

Trata-se de um instrumento que qualquer empresário deve utilizar,

pois permite averiguar a rentabilidade dessa mesma actividade, aspecto pri-

mordial a ter em conta sempre que se exerce uma actividade económica.

Concluiu-se que as duas culturas em estudo apresentam viabilidade

económica, o que é sempre importante na hora de fazer opções, particular-

mente, quando as mesmas implicam mudanças significativas de tecnologia

de produção ou de actividade, como será o caso.

Os custos de produção determinados para a laranja e para o tomate

em MPB são muito semelhantes aos determinados para as mesmas culturas

em Modo de Produção Convencional (fazendo a comparação com produtivi-

dades idênticas), sendo irrelevantes as diferenças.

Os preços de venda dos produtos em MPB comparativamente com

os produzidos em modo convencional apresentam valores de comercializa-

ção significativamente superiores, o que faz com que o Resultado Líquido

seja também superior, de uma forma bastante relevante.

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I Colóquio de Agricultura Biológica do Algarve

A Agricultura Biológica na Vitacress Dulce Coelho Grupo Vitacress Portugal. Quinta dos Cativos, 7630-033 Odemira E-mail: [email protected]

O Modo Produção Biológico está nos planos de produção da marca

Vitacress desde o ano 2000. A produção e comercialização teve início em

Inglaterra neste ano, com a cultura do agrião de água (Rorripa nasturtium-

aquaticum). Em Portugal, a Vitacress colocou em conversão uma área de 15

ha em 2002 e 10 ha em 2003. A primeira produção em Portugal teve lugar

no 1º semestre de 2005 e o seu lançamento no mercado Português ocorreu

em Junho 2008.

A necessidade de produzir os produtos biológicos surgiu inicialmente

da procura por parte de algumas das cadeiras de distribuição em Inglaterra

para satisfazer os seus clientes preocupados com uma alimentação mais

saudável e nutritiva, conservando nos alimentos o seu valor mais natural e

aliando às mais sofisticadas técnicas de cultivo, um produto mais amigo do

ambiente e da biodiversidade.

As parcelas em MPB estão localizadas no Litoral Alentejano, em

solos de textura ligeira. Nas imediações das áreas de produção estão todas

as facilidades desde os trabalhadores, as máquinas, os pontos de refrigera-

ção e expedição do produto.

A empresa teve que investir bastante no recurso fundamental para a

agricultura biológica que é solo. Durante a conversão das parcelas foram

realizadas várias adubações verdes e adicionaram-se compostos que permi-

tem hoje ter um solo com características um tanto ou quanto diferentes das

iniciais. Devido às condições edafoclimáticas da região, a empresa tem vindo

a investir em abrigos elevados, para que o solo seja poupado de fortes ero-

sões hidrícas e eólicas.

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I Colóquio de Agricultura Biológica do Algarve

A Vitacress faz uma agricultura biológica que recorre a práticas de

mobilização e de cultivo que mantenham ou aumentem as matérias orgâni-

cas dos solos, reforcem a estabilidade e a biodiversidade dos mesmos e

impeçam a compactação e erosão. Fazem-se rotações de culturas e incluem

-se nestas as adubações verdes. Utilizam-se os factores de produção autori-

zados para a agricultura biológica. As culturas que produzimos são a rúcola

selvagem, a acelga, o espinafre, a ervilha e a alface.

A mão de obra requerida para as mondas manuais é praticamente o

dobro da utilizada na plantação e na colheita. As principais causas de perdas

do produto biológico são a falta de mercado para quando o produto se

encontra em especificações, problemas nutritivos, a ocorrência de doenças e

por último, as infestantes.

Todos os métodos de produção foram testados e experimentados,

antes de colocados em prática, uma vez que estão sempre associadas a

estas acções grandes investimentos. Antes de se encontrar as técnicas mais

apropriadas de produção, houve perdas muito consideráveis de produção,

porque o MPB tem condicionantes completamente diferentes da produção

convencional.

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Pós-colheita em Agricultura Biológica Dulce Antunes Universidade do Algarve. Faculdade de Engenharia de Recursos Naturais. Campus de Gambe-las, 8005-139 Faro E-mail: [email protected]

Os produtos hortofrutícolas são componentes importantes na alimen-

tação humana ocupando o segundo lugar na roda dos alimentos. A produção

de hortofrutícolas com a melhor qualidade e benefício para a saúde humana

é dos grandes objectivos da agricultura biológica. No entanto, estes produtos

são altamente perecíveis e as perdas podem ser significantes se não forem

tomadas medidas adequadas na colheita e pós-colheita. A determinação da

altura óptima de colheita e os cuidados na colheita, armazenamento e trans-

porte são um factor importante do sucesso. Existe no momento um esforço

por parte dos especialistas na procura de produtos que aumentem a capaci-

dade de armazenamento dos hortofrutícolas, dando prioridade a produtos

que reduzam as perdas, sem causar efeitos negativos na saúde humana e

no ambiente.

Pretendemos com o nosso trabalho aplicar produtos seguros para o ser

humano e o ambiente na preservação da qualidade e frescura de frutos após

a colheita e até ao seu consumo.

Frutos como damascos, laranjas, figos, romãs e kiwis foram tratados

com bicarbonato de sódio, cloreto de sódio, ácido acético ou foram sujeitos a

embalamento em atmosfera modificada com o objectivo de aumentar a sua

vida útil sem perda de qualidade assim como sem causar danos para a saú-

de humana e o ambiente.

O uso destes tratamentos, permitidos em agricultura biológica nas

quantidades aplicadas, contribuiu grandemente para a redução da perda de

frutos por podridões, perda de peso dos frutos e amolecimento dos mesmos.

Técnicas pós-colheita como atmosfera modificada e tratamentos com cálcio,

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bicarbonato de sódio e ácido acético, quando aplicados nas concentrações

adequadas, ajudam a preservar a qualidade dos frutos durante o armazena-

mento, sem danificarem a saúde humana e o ambiente. O benefício de cada

tratamento depende da espécie e/ou cultivar.

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A Agricultura Biológica e a qualidade dos alimentos Amílcar Duarte1, Quentin d‘Hoop1, Maria Mendes Fernandes2, Graça Miguel1 e António Marreiros2 1 Universidade do Algarve. CDCTPV/FERN. Campus de Gambelas, 8005-139 Faro E-mail: [email protected] 2 Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve. Apartado 282, 8001-904 Faro E-mail: [email protected]

Entre as diversas vantagens da agricultura biológica, destaca-se a

convicção de que os seus produtos são mais benéficos para a saúde e mais

saborosos. Efectivamente, em muitos trabalhos de investigação obtiveram-

se resultados que permitem afirmar que aquelas vantagens não são apenas

uma convicção. São muitos os trabalhos de investigação científica que

demonstraram que os alimentos produzidos em agricultura biológica são

mais apreciados pelos consumidores e/ou têm teores mais elevados de

determinados nutrientes essenciais numa alimentação equilibrada e que con-

tribua para a saúde dos consumidores. Porém, outros trabalhos apresentam

resultados inconclusivos ou chegam à conclusão de que não há diferença de

qualidade entre produtos de agricultura biológica e de agricultura convencio-

nal. Em alguns casos, os produtos de agricultura convencional apresentaram

ligeira vantagem sobre os obtidos em agricultura biológica.

Nesta comunicação procura-se sintetizar os resultados de diversos

trabalhos de investigação, relativamente à comparação entre produtos de

agricultura biológica e agricultura convencional, quanto à sua qualidade. Inci-

de-se particularmente em frutas e hortaliças, produtos que se usam na ali-

mentação humana com menor grau de transformação. Além disso, estes são

alimentos que devem estar presentes em quantidades elevadas em qualquer

dieta alimentar.

É importante sublinhar que, independentemente da qualidade dos

alimentos produzidos, a agricultura biológica tem claras vantagens, nomea-

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damente, para os produtores agrícolas e para o ambiente.

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Métodos compatíveis com o modo de produção biológico, no controlo de doenças pós-colheita

Carla Nunes1, Teresa Manso1, Amílcar Duarte1,2, Miguel Salazar1,3, Ana Gra-ça1, Susana Mendes1 e Mª Emília Costa1,2 1 Centro de Desenvolvimento de Ciências e Técnicas de Produção Vegetal (CDCTPV). Universi-dade do Algarve. FERN. Campus de Gambelas, 8005-113 Faro E-mail: [email protected] 2 Faculdade de Engenharia de Recursos Naturais. Universidade do Algarve. Campus de Gam-belas, 8005-113 Faro 3 Instituto Superior Dom Afonso III. Convento Espírito Santo, 8100-641 Loulé

O modo de produção biológico tem vindo a passar por uma expansão

significativa nos últimos anos. Diversos estudos realizados permitiram

conhecer as tecnologias usadas na produção biológica, criando assim possi-

bilidades de aumentar a produção e a qualidade das produções. Este avanço

necessita ser acompanhado por estudos de tecnologia pós-colheita que per-

mitam dar aos produtos do Modo de Produção Biológico um tratamento ade-

quado depois da colheita. Produtos isentos de pesticidas durante a sua pro-

dução não podem sofrer aplicações de produtos deste tipo na fase mais pró-

xima do seu consumo. Os trabalhos descritos nesta comunicação pretendem

dar resposta à necessidade acima referida.

Os produtos hortofrutícolas podem ser, depois da sua colheita, ataca-

dos por diversas pragas e sobretudo por doenças que afectam a qualidade

do produto e podem mesmo levar à sua perda total. Para evitar estas perdas

são aplicados diversos pesticidas. Porém, as doenças podem ser combati-

das por métodos que não incluam a aplicação de fungicidas. A aplicação de

microrganismos antagonistas dos fungos patogénicos, o tratamento com

substâncias não tóxicas, algumas delas usadas na indústria agro-alimentar,

o uso da submersão dos frutos em água com temperatura controlada e a

radiação ultra-violeta são os métodos actualmente mais estudados. Algum

destes métodos e em especial a combinação de diferentes métodos permite

alcançar eficácias semelhantes à da aplicação de pesticidas.

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Com este trabalho pretende-se contribuir decisivamente para a

melhoria da saúde dos consumidores. A diminuição da aplicação de pestici-

das na pós-colheita constitui um importante contributo para a prossecução

desse objectivo. Os produtos da agricultura biológica podem e devem assim

receber um processamento pós-colheita concordante com o seu modo de

produção.

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Compostagem: como obter fertilizantes a partir dos lixos domésticos e dos resíduos vegetais das explorações agrícolas

Mário Reis Universidade do Algarve. Faculdade de Engenharia de Recursos Naturais. Campus de Gambe-las, 8005-139 Faro E-mail: [email protected]

A compostagem é um processo biológico que permite transformar

resíduos orgânicos em produtos estabilizados os quais, aplicados aos solos

em em culturas em vasos, podem ser usados como fertilizantes.

A obtenção de fertilizantes orgânicos não é o único interesse da com-

postagem. Este processo biológico permite também a simples redução do

volume dos resíduos orgânicos produzidos, convertendo-os em produtos

mais fáceis de manipular e aplicar.

Nas empresas agrícolas onde se gerem importantes quantidades de

resíduos, a aplicação desta técnica permite reduzir os encargos com a elimi-

nação dos resíduos orgânicos da exploração, obtendo-se ainda um produto

com elevado valor fertilizante.

A nível doméstico, o processo poderá apresentar menos interesse

para a produção de fertilizante orgânico mas, para quem disponha de um

pouco de espaço, é uma forma eficaz de reduzir substancialmente o volume

diário de lixo produzido. Se ao lixo doméstico for adicionado material prove-

niente da limpeza dos jardins tanto melhor, pois não só se desvia material

orgânicos dos contentores do lixo como se obtém um material utilizável nes-

ses jardins.

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Importância da solarização na agricultura biológica António Pinto & Daniela Teixeira Escola Superior Agrária de Viseu – Instituto Politécnico de Viseu. Estrada de Nelas, Quinta da Alagoa Ranhados, 3500–606 Viseu

E-mail: [email protected]

A solarização do solo é um método cultural que utiliza a energia solar

como “substância activa”, a qual é veiculada e potenciada através da utiliza-

ção de um filme de plástico transparente, que se coloca em cima do solo

previamente humedecido, durante os meses mais quentes do ano. O aumen-

to significativo da temperatura que se verifica no solo coberto com o plástico,

é o principal factor responsável, mas não o único, pela destruição de uma

diversificada gama de sementes de infestantes, propágulos de agentes fito-

patogénicos e de pragas.

Este meio de luta contra agentes fitopatogénicos e infestantes foi

inicialmente ensaiado, em Israel, por volta de 1973 e na Califórnia, cerca de

três anos mais tarde. Em Portugal, começou a ser ensaiado a partir de 1981,

tendo-se desde então, realizados vários estudos visando o uso da solariza-

ção no combate a infestantes, no combate a fungos e nemátodos e no com-

bate a bactérias do solo.

Os estudos desenvolvidos em Portugal, à semelhança dos realiza-

dos noutros países, revelaram resultados bastante promissores, confirmando

a eficácia e a aplicabilidade deste novo método de luta no combate a diver-

sas infestantes e a variados agentes fitopatogénicos veiculados pelo solo.

Por se tratar de um meio de luta não químico, seguro para o aplica-

dor e para o ambiente, faz com que a solarização, se torne particularmente

adequada, a integrar as estratégias de combate aos inimigos das culturas,

numa lógica de produção integrada e de agricultura biológica.

Assim, convictos das potencialidades da solarização do solo, o pre-

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sente trabalho descreve as vantagens e as técnicas de aplicação deste novo

meio de luta, aplicável a culturas de ar livre e de estufa.

Pretende-se assim, proceder à sua divulgação junto de agricultores,

técnicos, alunos de ciências agrárias e de outros agentes ligados ao sector

agrário em geral e à agricultura biológica em particular.

Palavras – Chave: Solarização do solo, agricultura biológica, plásticos trans-

parentes, meios de luta.

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As Plantas Aromáticas e a Agricultura Biológica Daniela de V. T. A. Costa & António F. M. A. Pinto Escola Superior Agrária de Viseu – Instituto Politécnico de Viseu. Estrada de Nelas, Quinta da Alagoa Ranhados, 3500–606 Viseu

E-mail: [email protected]

As plantas aromáticas e medicinais já desde há muito que são utiliza-

das na culinária e no tratamento de doenças. No entanto mais recentemente

tem-se observado um aumento do interesse da utilização das plantas medici-

nais principalmente nos países desenvolvidos em substituição das substân-

cias químicas na cura de doenças.

A época de colheita pode influenciar a concentração dos princípios

activos, assim normalmente recomenda-se o início da Primavera ou do

Inverno. A colheita deve ser feita de manhã com tempo seco. Após a colheita

as partes das plantas utilizadas têm um elevado teor de humidade, sendo

necessário seca-las para diminuir as reacções enzimáticas. A secagem pode

ser natural ou artificial. Quando é natural deve ser feita à sombra e num local

ventilado. A secagem artificial é feita sob ventilação e a uma temperatura de

35 a 40ºC.

Em agricultura biológica habitualmente faz-se a associação de plan-

tas aromáticas com outras culturas com o intuito de proteger essas culturas

de pragas. Deste modo os insectos preferem as plantas aromáticas nas

quais irão concentrar-se, facilitando-nos assim a sua eliminação manual e,

de qualquer modo, “distraindo-os” das plantas cultivadas. Os odores são um

factor importante deste fenómeno de associação-dissociação e, por isso, as

plantas aromáticas são especialmente eficazes na sua relação com os insec-

tos, estas plantas afasta-os ou repele-os, favorecendo respectivamente a

saúde dos canteiros e a polinização.

No seguinte quadro podemos observar algumas plantas e as pragas /

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doenças que estas repelem.

Palavras – Chave: Plantas Aromáticas, agricultura biológica, associação-

dissociação

Planta Praga/Doença

Tagetes sp Nematodos

Mosca branca

Calendula officinalis

Ruta graveolens

Mosca branca

Matricaria chamomilla Fungos

Indutora de resistência a doenças

Mentha piperita Plantadas nas bordaduras dos canteiros afasta as formigas, os ratos, mosca

branca e borboleta da couve

Melissa officinalis Fungos

Thymus vulgaris Plantado na bordadura das couves controla algumas pragas como por

exemplo a lagarta-da-couve (Pieris brassicae) e a mosca (Phorbia brassicae)

Ocymum basilicum Moscas e mosquitos, sendo habitualmente associada com tomates

Rosmarinus officinalis Repele as moscas da cenoura - Psila rosae e a borboleta da couve

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Comissão organizadora:

Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAPALG)

António Marreiros

Maria Mendes Fernandes Eugénia Neto Nídia Ramos Armindo Rosa

Universidade do Algarve (UAlg)

Jacinta Fernandes Mário Reis

Amílcar Duarte Luís Neto