I DEZEMBRO 2018€¦ · Parecer 50 / CEOPP / 2016 - Sobre intervenção psicológica com crianças...

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ISSN 2182-4479 Censo OPP 2018 - pág.27 - pág.19 “Quantos mais psicólogos responderem, mais e melhor informação e ferramentas teremos para promover e defender a profissão” O que faz o Psicólogo na área do Terrorismo - pág.16 Orçamento do Estado 2019 - pág.10 “A compreensão deste fenómeno de radicalização é profundamente psicológica” “Propostas da OPP entregues e propostas de alteração debatidas e votadas na especialidade” A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E UM NOVO PARADIGMA EDUCATIVO REVISTA OFICIAL DA ORDEM DOS PSICÓLOGOS PORTUGUESES Nº 15 I DEZEMBRO 2018

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Censo OPP 2018 - pág.27

- pág.19

“Quantos mais psicólogos responderem, mais e melhor informação e ferramentas teremos para promover e

defender a profissão”

O que faz o Psicólogo na área do Terrorismo - pág.16

Orçamento do Estado 2019 - pág.10

“A compreensão deste fenómeno de radicalização é profundamente psicológica”

“Propostas da OPP entregues e propostas de alteração debatidas e votadas na especialidade”

A P S I C O L O G I A

D A E D U C A Ç Ã O E U M N O V O

P A R A D I G M A E D U C A T I V O

REVISTA OFICIAL DAORDEM DOS PSICÓLOGOS PORTUGUESES

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Índice

PÁG. 03 Editorial de Francisco Miranda Rodrigues e Mésicles Helin Berenguel

PÁG. 04 Breves

PÁG. 06 Membro afiliado Internacional da APA

PÁG. 07 4º Congresso OPP 2018

PÁG. 10 Orçamento do Estado 2019

PÁG. 14 Big Data & Ciência Psicológica? Imaginem!

PÁG. 16 Entrevista a Bruno Brito

PÁG. 15 Entrevista a Sofia Ramalho

PÁG. 23 Analogicamente Digitais

PÁG. 24 Trilhos da Psicologia

PÁG. 26 Riscos da actividade de psicoterapia para a saúde pública por profissionais não qualificados

PÁG. 27 Censo OPP 2018

PÁG. 28 A Psicologia na Educação não formal

PÁG. 29 Ciber(Espaço): A Última Fronteira. A morte e o luto no mundo virtual

PÁG. 31 Parecer 50 / CEOPP / 2016 - Sobre intervenção psicológica com crianças e adolescentes sem autorização de ambos os pais, representantes legais ou quem tenha a sua guarda de facto (revisto em 07 de julho de 2017)

PÁG. 34 Delegações Regionais da Ordem dos Psicólogos Portugueses

PÁG. 39 Benefícios OPP

Ficha Técnica

editorMésicles Helin Berenguel

colaboraçãoAndresa Oliveira Cristina QuadrosMiguel OliveiraDuarte ZoioEdite Queiroz Eduardo CarquejaLuz MeloRaquel RaimundoRenato Gomes Carvalho

designArcadiy Kulchinskiy

[email protected]

proprietárioOrdem dos Psicólogos Portugueses

tipografiaA3. Artes Gráficas, Ldawww.a3-pt.com

tiragem em papel1.000 exemplares

periodicidadeTrimestral

p.v.p.2,50 euros

Aviso:Alguns artigos possuem hiperligações de QR Codes interpretados por telemóveis equipados com câmara e aplicação “QR Code Reader” para iOS e Android-Isenta de registo na ERC ao abrigo do art.12º, nº1 a do Descreto-Regulamentar 8/99 de 9 de Junho

--ISSN 2182-4479

moradaAv. Fontes Pereira de Melo 19 D 1050-116 Lisboa

telefone +351 213 400 250

websitewww.ordemdospsicologos.pt

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Editorial

Balanço 2018

Cada um de nós poderá fazer o seu balanço do ano 2018, particularmente no que concerne à Psicologia em Portugal. No que à OPP diz respeito, foi mais um ano de muitos desafios. Estamos convictos que a Psicologia está cada vez mais disseminada por toda a sociedade portuguesa, tal qual continuamos convictos que que as Psicólogas e os Psicólogos ainda não. O reconhecimento da importância da Psicologia e dos Psicólogos é cada vez maior, com reflexos no crescimento de sectores, políticas e serviços que contam com o nosso contributo. Todavia, ao mesmo tempo que vamos vendo com satisfação este progresso, vamos também conhecendo cada vez mais as lacunas graves no acesso aos nossos serviços. Quanto mais os nossos concidadãos vão conhecendo o que fazemos e os benefícios do nosso trabalho, mais vamos sendo confrontados com o muito que falta fazer para conseguirmos garantir que o acesso à saúde psicológica, seja em que contexto for da nossa actividade, e tenha que recursos tenha quem deles necessita, seja mais facilitado e de maior qualidade. Acrescem a estes obstáculos, aqueles sentidos no exercício da profissão pela ainda insuficiente valorização dos actos dos Psicólogos.

A nossa mobilização e o envolvimento de todos para sermos mais fortes e conseguirmos levar a mais portugueses os benefícios do nosso trabalho tem que continuar a ser reforçada, de modo a que, por exemplo: seja cada vez mais rápida a implementação em curso de serviços autónomos de psicologia no Serviço Nacional de Saúde (SNS); que se concretize mais um passo na vinculação efectiva dos psicólogos nas nossas escolas públicas, após a sua recondução por dois anos consecutivos de parte significativa dos mesmos, mas também noutras áreas dos serviços públicos onde isso ainda não se verificou sequer; que o Dia Nacional do Psicólogo, a partir de 2018 consagrado, seja uma antecâmara de uma Psicologia mais presente no desenho das políticas públicas e na mente dos decisores políticos.

Em 2018 demos ainda mais um passo, enquanto ciência essencial para a Economia, com a nossa entrada no Plano Nacional de Formação Financeira, contributo estratégico para o futuro a médio e longo prazo da sustentabilidade dos sistemas públicos, numa acção inovadora a nível mundial, agindo preventivamente. Continuamos também a fazer crescer as acções de prevenção de riscos psicossociais nas organizações portuguesas, contribuindo assim para a concretização de uma Agenda da Prevenção e Desenvolvimento das Pessoas para a Coesão Social e Competitividade, como vimos defendendo. Cada vez mais somos chamados a assumir a nossa responsabilidade na resposta a desafios societais complexos, como as migrações /

Psicologia também é prevenção

Somos muitas vezes levados a pensar que a Psicologia é a ciência que tem como objectivo investigar e tratar as pessoas com doença mental. Este conceito tem vindo a ficar cada vez mais esbatido, muito por mérito dos psicólogos que trabalham em tantas outras áreas. Falo das organizações sociais e políticas, do desporto e da educação – só para citar algumas – onde a criação e implementação de projetos têm tido resultados evidentes. Não só no que se refere à promoção de hábitos de vida saudáveis como também no que se relaciona com o retorno financeiro conseguido a longo prazo. A Psicologia pode, por-tanto, assumir um papel preventivo na saúde social e económica do país, com ganhos financeiros superiores ao valor investido.

E a acção deve começar cedo, logo nas escolas. A intervenção do psicólogo em contexto educativo deve estar integrada num modelo multinível – segundo o parecer técnico, de 2018, da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) - junto dos decisores políticos. Da prevalência das perturbações mentais, dos problemas sociais e de comportamento ao impacto que daí resulta no desempenho escolar (sabe-se que um em cada cinco jovens apresenta ou vai apresentar algum problema mental, de comportamento ou social ao longo da vida académica) torna-se pertinente definir o papel do psicólogo na dimensão escolar. O trabalho a montante, realizado por psicólogos no contexto educativo, poderá refletir-se na diminuição dos gastos económicos futuros em educação, saúde e justiça – que pode ultrapassar os 20 mil euros, por ano e por criança – refere-se no mesmo parecer da OPP.

Com a afirmação da Psicologia e dos psicólogos no contexto edu-cativo português estamos a iniciar um processo inovador, onde os psicólogos podem assumir o papel de embaixadores junto de outros agentes políticos e sociais. Assim, na hora da tomada de decisão, o que se exige também é literacia financeira vertida na capacidade de vislumbrar o imenso retorno que um investimento adequado na intervenção psicológica em contexto escolar pode trazer. Ganham os nossos jovens de hoje, os adultos de amanhã. Ganhamos todos, en-quanto sociedade.

A todos deixo os meus votos de um dinâmico 2019.

Mésicles Helin BerenguelEditor

Francisco Miranda RodriguesBastonário

demografia ou até as alterações climáticas, e devemos estar mais conscientes da necessidade permanente de actualização, formação, supervisão ou intervisão, sejamos menos ou mais experientes, bem como de desenvolvimento pessoal, de modo a assegurarmos que prestamos um serviço de excelência.

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OPP reúne-se com Alto Comissário para as Migrações

A OPP reuniu-se, mais uma vez, com o Alto Comissário para as Migrações, Pedro Calado. O objectivo desta reunião esteve relacionado com as questões relacionadas com a Psicologia Comunitária, refugiados e papel da Psicologia nos processos de inclusão escolar, social e comunitária. Neste contexto, refira-se que a OPP criou um Grupo de Trabalho relacionado com a intervenção psicológica a refugiados.

. . .

Protocolo com a Associação Empresarial de Portugal

Na sequência de um trabalho de articulação entre a Delegação Regional do Norte da OPP e a Associação Empresarial de Portugal (AEP), foi assinado recentemente um protocolo conjunto, no âmbito da formação profissional e da promoção dos locais de trabalho saudáveis.

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Parentalidade na era digital

Com o intuito de garantir mais e melhores recursos e ferramentas para a prática dos psicólogos, a OPP disponibilizou o guia “Parentalidade na era digital – orientação parental para a proteção online de crianças contra a exploração sexual e o abuso sexual”. Refira-se que esta é uma edição autorizada da OPP do manual original.

BrevesVe

ja o

e-b

ook

Seminário de Psicologia da Educação

Numa acção conjunta da OPP e Direcção Geral da Educação decorreu, nos dias 3 e 4 de dezembro, no Forum Altice, em Braga, o Seminário Psicologia da Educação. Estiveram presentes psicólogos, professores e outros profissionais das áreas da educação e do emprego, tendo sido registada a presença de mais de 800 participantes, nomeadamente dos Centros Euroguidance da República Checa e da Lituânia. Durante este evento foi ainda apresentado o documento “Orientações para o trabalho em Psicologia Educativa nas Escolas”

. . .Instrumentos, testes e avaliação psicológica

A OPP tornou-se membro da International Test Commission (ITC), que se apresenta como uma associação internacional que junta associações de Psicologia nacionais, editores e outras organizações comprometidas com a promoção do adequado desenvolvimento, avaliação e uso de instrumentos de teste e avaliação psicológica.

. . .

Plano de Actividades e Orçamento da OPP

Foi recentemente aprovado o Plano de Actividades e Orçamento 2019, pela Assembleia de Representantes da OPP. Para ler o documento e consultar as iniciativas e acções planeadas para 2019 consulte a sua área pessoal do site OPP.

Protocolo com Secretaria Regional da Solidariedade Social dos Açores

A OPP assinou um protocolo de parceria com a Secretaria Regional da Solidariedade Social dos Açores. Este protocolo tem como objecto assegurar a colaboração e articulação entre as partes, SRSS e a OPP, no âmbito da Psicologia em Contexto Comunitário na Região Autónoma dos Açores.

. . .

Encontro Nacional de Empregabilidade

No passado dia 12 de Setembro realizou-se o “Encontro Nacional de Empregabilidade”, à margem do IV Congresso da OPP, no Fórum Braga. Este encontro foi o espaço ideal para desenvolver, criar e consolidar conhecimentos úteis sobre a temática da empregabilidade e gestão de carreira dos Psicólogos, bem como para a Intervenção Psicológica Vocacional. Após o sucesso alcançado nas edições anteriores desta iniciativa, este ano deu-se foco ao tema “Criar Projectos Profissionais em Psicologia – Passar da Ideia à Realidade”.

. . .Sabia que...

A OPP foi reconhecida internacionalmente pela Federação Iberoamericana de

Associações de Psicologia, após proposta do Colégio Oficial de Psicólogos de

Espanha, pelo trabalho desenvolvido na área do desenvolvimento, formação e

promoção da Psicologia?

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Breves

a editora “Ideias com História” publicaram o livro “Sabes o que fazem os psicólogos? Descobre a Psicologia com a ajuda dos teus novos amigos!”. Este livro pretende ajudar a desmistificar estas ideias e facilitar o processo de reflexão, ajudando adultos e crianças pequenas a melhor compreenderem o que fazem os psicólogos. Os membros OPP poderão adquirir este livro, assim como todas as outras publicações da OPP, na área pessoal do site OPP e beneficiar de um preço especial.

. . .Valorizar.me - Novos formatos de formação

No sentido de ir ao encontro das necessidades e expectativas dos membros efectivos e antecipando as necessidades do mercado de trabalho, a OPP lançou um novo formato de formação, totalmente em e-learning, de curta duração e a um baixo valor de inscrição (20€). Foram ainda disponibilizámos novos cursos avançados que têm por base a continuidade dos cursos já desenvolvidos (cursos base). Consulte todos os cursos de formação em:

www.valorizar.me

. . .Psicologia e poupança

Francisco Miranda Rodrigues, Bastonário da OPP, deu recentemente uma entrevista ao Jornal de Negócios onde teve oportunidade de abordar o papel da Psicologia na economia. - visite o site da OPP para ler a entrevista. Neste contexto, refira-se ainda que O Conselho Nacional de Supervisores Financeiros e OPP assinaram um protocolo de cooperação para a promoção da formação financeira nas vertentes de atitudes e comportamentos, no âmbito do Plano Nacional de Formação Financeira.

Reunião dos psicólogos coordenadores dos serviços de Psicologia do SNS

A OPP organizou recentemente uma reunião dos psicólogos coordenadores dos serviços de Psicologia do SNS. Os mais de 90 participantes neste evento tiveram a oportunidade de discutir e trabalhar no processo de implementação do Despacho n.º 11347/2017 em Portugal continental. Consulte o site da OPP para ver o vídeo do evento.

. . .Dia Mundial da Saúde Mental,10 de Outubro

Além da divulgação de um comunicado crítico sobre a estratégia nacional na área da saúde mental, os representantes da OPP marcaram presença nos mais variados eventos e ocuparam por completo a agenda mediática do dia (no total, foram publicadas 59 notícias com referência à OPP, tendo somado um “alcance acumulado” de 3.665.715 de pessoas/visualizações). Para terminar este dia, o Bastonário da OPP foi, juntamente com o então Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, visitar a Associação Crescer e conhecer de perto alguns dos seus projectos – veja o documentário que foi desenvolvido no âmbito dessa visita.

Assista o vídeo em: www.youtube.com/watch?v=bQqnA6K71IU

. . .Dia Nacional do Psicólogo, 4 de Setembro

Consagrado após uma proposta entregue pela OPP à Assembleia da República, assinalou-se em 2018 e pela primeira vez o Dia Nacional do Psicólogo. Para assinalar esta, a OPP desenvolveu um conjunto de actividades por todo o país, tendo ocupado grande parte da agenda mediática desse dia. Assista o vídeo em: www.facebook.com/ordemdospsicologos/videos/2058655471112862/

Veja

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ídeo

Protocolo com Conselho Superior de Magistratura

A OPP assinou recentemente um protocolo com o Conselho Superior de Magistratura. O objectivo deste acordo, entre outros, passa por impulsionar a colaboração entra ambas as instituições e desenvolver diversas acções, como a sensibilização e informação aos Juízes, a partilha de conhecimento sobre as linhas de orientação para a prática preparadas pela OPP sobre temáticas relacionadas com a Justiça, e no desenvolvimento de actividades formativas conjuntas.

. . .Novo Módulo de Primeiros Socorros Psicológicos

A OPP tem como objectivo garantir à generalidade dos Psicólogos Portugueses o acesso a formação em competências base de Primeiros Socorros Psicológicos (PSP). A integração dos PSP na Formação Inicial do Psicólogo Júnior é uma das formas de cumprir este nosso objectivo. Pretende-se, assim, dotar ou actualizar as competências dos Psicólogos Portugueses em Primeiros Socorros Psicológicos, valorizando a nossa profissão, qualificando os nossos profissionais e contribuindo para melhorar a capacidade de resposta em situações que a determinem.

. . .

OPP e Ideias com História lançam livro “Sabes o que fazem os psicólogos?”

Da autoria de Rute Agulhas e Joana Alexandre, com ilustração de Joana M. Gomes, a OPP e

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No seguimento do memorando de entendimento assinado entre a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) e a American Psychological Association (APA), assim como o elevado interesse demonstrado pelos psicólogos portugueses, irá arrancar o projecto-piloto “mem-bro afiliado internacional da APA”.

Desta forma, os membros da OPP poderão beneficiar de um desconto de mais de 50%, para além da condição de “membro afiliado internacional da APA”, usufruirem de um conjunto de vantagens:

› Acesso digital gratuito à revista “The American Psychologist”; › Acesso digital gratuito à revista “Monitor on Psychology”; › Veja as duas reportagens que esta revista dedicou a projectos e psicólogos portugueses, https://goo.gl/nLRZKa e https://goo.gl/daTURv

› 10 publicações individuais da APA gratuitas; › 5 cursos CEU (Continuing Education Units) gratuitos com a impressão de um certificado (“International Affiliate APA Certificate of Completion for [course title]“);

› Subscrição “Gold” a um valor de membro de 114 euros/ano; › Email personalizado com “Alerta de Pesquisa” referente ao contexto português; › Desconto de membro APA para livros e outros materiais.

Caso tenha alguma dúvida ou problema, deverá contactar diretamente Tabitha Brown (APA) através do email [email protected]

Junte-se aos mais de 900 psicólogos portugueses que já beneficiam destas condições especiais

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4 dias de Congresso

+1.600 participantes

+600 comunicações apresentadas (total de 250 horas de formação)

10 países representados (Portugal, EUA, Inglaterra, Brasil, Colômbia, Croácia,

Espanha, França, Holanda e Itália)

71 elementos do staff (35 colaboradores OPP e 36 voluntários)

35.092 visitas ao site do congresso

40 notícias publicas (4.885.686 de visualizações)

Impacto mediático de 171.321€

4º CONGRESSO OPP – Conheça os números e (re)veja as imagens do maior evento de Psicologia do ano em Portugal

facebook.com/ordemdospsicologos/videos/2145898192342571

Veja o vídeo aqui

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#oppcongresso2018

De forma a corresponder às melhores expectativas dos membros e congressistas, a OPP disponibilizou durante o 4º Congresso o Livro de Resumos das apresentações efectuadas naquele que foi o maior evento de Psicologia do ano em Portugal. Refira-se que esta é a primeira ocasião em que são publicados os resumos de um Congresso da OPP numa revista científica, com revisão de pares e de acesso livre.

Para aceder, clique aqui: www.psyprjournal.com

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The Psychologist:Practice & Research Journal

ISSN 1234-5678

THE SCIENTIFIC JOURNAL OF THE PORTUGUESE

PSYCHOLOGIST ASSOCIATION

SPECIAL ISSUE: DEPRESSION

AVAILABLE ONLINE: HTTP://PSYPRJOURNAL.COM

Artigos partilhados até ao momento

Revista científicada Ordem dos PsicólogosPortugueses

Orçamento do Estado 2019

Conforme adiantado aos partidos políticos aquando das reuniões no âmbito da apresentação das propostas da OPP para o debate na especialidades do Orçamento do Estado de 2019, apresenta-mos agora apresentamos agora na PSIS21 as propostas de co-municação as propostas entregues e votadas, assim como os re-sultados das votações, no sentido de ser mais clara a percepção pelos cidadãos sobre que necessidades foram alvo de propostas e que partidos as apresentaram (não apenas nas votações) para o seu solucionamento e sobre qual o posicionamento dos diver-sos partidos.

A OPP manterá no quadro das suas atribuições, um trabalho per-manente junto da sociedade civil e decisores, procurando que em Portugal se consigam aumentar e melhorar a disponibilização de serviços de Psicologia com qualidade nas mais diversas áreas e a cada vez mais cidadãos, respondendo às suas necessidades e apontando à maior coesão social do país e ao bem-estar dos portugueses.

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113C Criar equipas comunitárias de saúde mental nos serviços locais PCPA favor: PCP; BE Abstenção: PSD;CDSContra: PS.

117C A Educação Inclusiva deve ser uma realidade ao longo de todo o sistema educativo: educação de infância, pré-escolar, ensino básico, secundário e superior. PAN

A favor: BE Abstenção: PCP; CDSContra: PSD, PS.

119C Reforço de meios humanos para combate ao TSH PAN A favor: PS; BE; PCPAbstenção: PSD; CDS.

11C Dispensa gratuita de medicamentos antipsicóticos PCPA favor: PCP;BEAbstenção: PSDContra: PS ;CDS.

121CEm 2019, o Governo desenvolve as diligências necessárias tendo em vista a definição do regime legal da carreira especial de psicólogo, nutricionista e fisioterapeuta no Serviço Nacional de Saúde.”

PANA favor: BEAbstenção:CDS; PSDContra: PCP e PS

166C Equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos PCP A favor: PCP;BE;PSD;CDSContra: PS.

174CEm Março de 2013, a Assembleia da República recomendou ao Governo a criação de um regime de habilitação própria para a docência da psicologia por psicólogos, através da Resolução da Assembleia da República n.º 59/2013, não tendo o Governo, até à data, tomado qualquer medida para implementação desta resolução.

PAN Rejeitada por unanimidade

178CAditamento novo Artigo 166.º-A - Criação de novos centros de procriação medicamente assistida (criação de pelo menos um centro de PMA na Zona Sul, para poder responder às necessidades da população do Alentejo e Algarve, bem como de um centro de PMA na Região Autónoma dos Açores)

PANA favor: BE. Abstenção: PSD;CDSContra: PS;PCP.

181C

Aditamento novo Artigo 166.º-A - Reforço de meios humanos nos Centros de Procriação Medicamente Assistida (O Decreto Regulamentar n.º 6/2016 determina que umcentro de Procriação medicamente assistida (PMA), excluindo oscentros autorizados exclusivamente para a inseminação artificial e centros autorizados exclusivamente para a selecção de dadores e preservação de gâmetas, que não são obrigados a dispor de todos estes elementos, deve ter:)

PANA favor: BE;PSD;CDSAbstenção: PCP Contra: PS

. . .Sabia que...

A OPP contribuiu para a inclusão de mais de 40 propostas de alteração do Orçamento do

Estado para 2019, na sequência das audiências que realizou com todos os partidos com

assento parlamentar e deste documento que disponibilizou?

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Nº Proposta Título Proposta Partido Proponente Votações

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Consulte as propostas da OPP para o OE19 em recursos.ordemdospsicologos.pt/repositorio

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195CN.º 1, Artigo 9.º do Código do IVA, constante do Artigo 209.º da PPL (O artigo 9.º, n.º 1 do Código do IVA isenta deste imposto “As prestações de serviços efectuadas no exercício das profissões de médico, odontologista, parteiro, enfermeiro e outras profissões paramédicas”)

PANA favor: PAN;PEV;BEAbstenção: PSDContra: CDS;PCP;PS

197C N.º 1, Artigo 9.º do Código do IVA (O artigo 9.º, n.º 1 do Código do IVA isenta deste imposto “As prestações de serviços efectuadas no exercício das profissões de médico, odontologista, parteiro, enfermeiro e outras profissões paramédicas”)

PAN RETIRADO

210 CArtº150 A Plano Nacional de Combate à exploração na prostituição Plano Nacional de Combate à Exploração na Prostituição PEV

A favor: BE;PCPAbstenção: CDSContra: PS;PSD.

231 C Artigo 167.º-A Saúde Pública PCPA favor: PCP;CDS;BEAbstenção: PSDContra: PS.

235 CArtigo 167.º-A Unidade de Cuidados na Comunidade O Governo procede ao alargamento a todo o território nacional da rede de Unidades de Cuidados na Comunidade, visando a prestação de cuidados de saúde e apoio psicológico e social de âmbito domiciliário e comunitário.

PCPA favor: PCP;CDS;BEAbstenção: PSDContra: PS.

236 CN.º 2, Artigo.º 34.º Até ao final do primeiro trimestre de 2019, o Governo apresenta um programa de substituição da subcontratação de profissionais de saúde que dê cumprimento ao disposto no número anterior.

PCP A favor: PCP; PSD; PS; BE. Abstenção: CDS.

238 C Artigo 161.º-A Plano para a Inclusão no Ensino Superior de jovens com Necessidades Educativas Especiais PCP

A favor: PCP;BE; CDSAbstenção: PSDContra: PS.

244C Novo N.º 2, N.º 3, Artigo 94.º (Artigo 94.º Cuidadores informais) PCP A favor: PCP; BE; PS

Abstenção: PSD; CDS.

247C Aditamento novo Artigo 159.º - A Reforço de Psicólogos nas Escolas Públicas PAN Abstenção: PSD;BEContra: PS; CDS; PCP.

248C Aditamento novo Artigo 153.º-A - Reforço de Psicólogos nos Serviços Prisionais PANA favor: BEAbstenção: CDS, PSD Contra: PS;PCP.

333C

“Artigo 150.º-A: Abertura de procedimentos concursais no âmbito da estratégia plurianual de requalificação e modernização do sistema de execução de penas e medidas tutelares educativas: (…) a) Preenchimento de vagas de técnicos do sistema prisional, designadamente: i) técnicos superiores de reinserção social; b) Preenchimento de vagas de técnicos superiores de reinserção social no sistema tutelar educativo

BE A favor: PS;BE;PCPAbstenção: PSD;CDS

335CConcursos funcionários SEF Artigo 30.º-A Procedimentos concursais de ingresso de trabalhadores não policiais do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras

BE A favor: PS; BE; PCPAbstenção: PSD; CDS

341C“Artigo 40.º-B Comparticipação dos medicamentos para os militares, ex-militares, e seus familiares diagnosticados com Perturbação de Stress Traumático (PSST)

BEA Favor: BE, PCP, CDSAbstenção: PSDContra: PS

366CPlano de Inclusão NEE - Artigo 160.º-A Plano de financiamento para a Inclusão dos alunos com Necessidades Educativas Especiais nos estabelecimentos de ensino públicos

PCPA favor: PCP;BEAbstenção: PSD;CDSContra: PS

386C Artigo 21 Promoção da segurança e saúde no trabalho PCP

A favor: PCP;BEAbstenção: PSD;CDSContra: PS

390C Artigo 166.º-A Plano Plurianual de Investimentos na Área da Saúde BE

A favor: BE;PCPAbstenção: CDSContra: PS;PSD.

399C“Artigo 165.º-B Financiamento a 100% dos projetos de Redução de Riscos e Minimização de Danos

BEA favor: BE;CDS;PSDAbstenção: PCPContra: PS.

426C“Artigo 261.º-A Alteração ao Decreto-Lei n.º 129/2017 de 9 de outubro É aditado ao Decreto-Lei n.º 129/2017 de 9 de outubro, que Institui o Programa Modelo de Apoio à Vida Independente., o artigo 7.º-A Plano Individulizado de Desinstitucionalização

BEA favor: BE;PCPAbstenção: CDS, PSD. Contra: PS

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467C Artigo 156.º - A Reforço de psicólogos escolares PEV

A favor: BE; PCPAbstenção: PSD;CDSContra: PS

486C

alteração ao artigo n.º 223.º da Proposta de Lei: 2% da receita obtida com o imposto incidente sobre os cigarros, previsto nos artigos 103.º a 105.º-A do Código do IEC, na sua atual redação, e até ao limite de 20M€, é consignada ao desenvolvimento de iniciativas integradas no Plano Nacional de Saúde Mental.

BEA favor: BE;CDSAbstenção: PCPContra: PS;PSD

487Caditamento “Artigo 34.º-B Abertura de concurso para admissão de ingresso na carreira de Técnico Superior de Saúde –Ramo de Psicologia Clínica

BEA favor: BE e PCPAbstenção:CDS e PSDContra: PS

488CArtigo 165.º-A Criação de projetos piloto de Saúde Mental na Comunidade BE

A favor: PSD;BE;PCP. CDS (Absteve-se no ponto 1 e 2) Contra: PS

496C “Artigo 16.º-A Procedimentos concursais para a Comissões de Proteção de Crianças e Jovens BE

A favor:BEAbstenção: PCP; CDS; PSDContra: PS.

505C PONTO 1

Artigo 34.º-A Contratação de profissionais para o Instituto Nacional de Emergência Médica, I.P. 1. Durante o ano de 2019 é reforçado o número de profissionais a trabalhar no Instituto Nacional de Emergência Médica, I.P.

BE APROVADA POR UNANIMIDADE

505C PONTO 2

Artigo 34.º-A Contratação de profissionais para o Instituto Nacional de Emergência Médica, I.P. (10 Psicologos) 2. Para cumprimento do número anterior, o Ministério da Saúde procede à abertura, durante o ano de 2019, de concursos externos com vista ao recrutamento de 150 Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, 30 Enfermeiros e 10 Técnicos Superiores de Saúde, ramo de Psicologia Clınica.

BEA favor: BE;PCPAbstenção: PSD e CDS Contra: PS

645C(ISENÇÃO DE TAXAS MODERADORAS NO SNS PARA FILHOS DE VITIMAS DE VIOLÊNCIA DOMESTICA) Artigo 261.º - A Alteração à Lei n.º 112/2009, de 16 de Setembro

PAN A favor: BEContra: PS;PSD;CDS;PCP.

651C Alteração Artigo 94.º PPL (cuidador informal) PANA favor: BEAbstenção: CDSContra: PSD;PS;PCP.

653C Artigo 166.º-A Reforço das Equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos PAN A favor: BE; CDS

Contra: PSD;PS;PCP.

676C Artigo 160.º-A Programa de Apoio e Acompanhamento ao Estudante com Necessidades Especiais (ENSINO SUPERIOR) PAN A favor: BE;PCP;PS.

Abstenção: CDS; PSD.

681C Artigo 165º-C Reforço da Rede Nacional de Cuidados Paliativos CDS A favor: CDS,PSD. Contra:

PS;BE;PCP.

684C Artigo 36º-A Reforço de Psicólogos para o Serviço Nacional de Saúde CDS

A favor: CDSAbstenção: PSDContra: PS;BE;PCP.

688C Artigo 165º-D Reforço da resposta do SNS na área da Saúde Mental (equipas comunitárias de saúde mental ) CDS A favor: CDS;PSD. Contra:

PS;BE;PCP.

715C Artigo 150.º-B Projetos educativos de inclusão de crianças de minorias étnicas PS A favor: PS;BE;PCP;CDS.

Abstenção: PSD.

731C Artigo 94.º-B Rede de Apoio Familiar CDS A favor: PSD;CDS. Contra:

PS;BE;PCP.

815C Artigo 94.º-A Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável PS A favor: PS; BE; PCP; CDS.

Abstenção: PSD.

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texto Andresa Oliveira, Gabinete de Estudos OPP

Os avanços tecnológicos combinados com a popularidade das plata-formas e redes sociais digitais originaram um conjunto quase inimag-inável de informação sobre as pessoas. Na verdade, o nosso compor-tamento no mundo digital produz um rastro contínuo de “migalhas digitais”, de informação sobre o nosso comportamento (quer em am-bientes digitais, quer em ambientes naturais). Quando falamos neste novo sistema nervoso digital, falamos de Big Data.

Big Data envolve o armazenamento, a recuperação e a análise de um grande volume e variedade de informação, permitindo construir insights a partir de dados complexos, ruidosos, heterogéneos, e lon-gitudinais. Tem vindo a ganhar relevância desde os anos 90, associa-do, sobretudo, às ciências da computação, à estatística e ao negócio. No entanto, nos últimos anos tem vindo a ganhar espaço e utilidade noutras áreas, nomeadamente na área da Saúde. Um dos exemplos mais conhecidos é o do serviço Google Flu Trends, que tinha como objectivo fazer previsões da actividade gripal em mais de 25 países e cujas estimativas se verificaram consistentes com os dados conven-cionais de vigilância, recolhidos pelas agências de Saúde nacionais.

E a Psicologia? Em que medida faz sentido associá-la aos Big Data? Na verdade, a Psicologia é já uma das ciências mais envolvidas na utilização de Big Data e de Inteligência Artificial para reunir (mais) insights sobre o comportamento humano.

. . .A utilização de Big Data pelos Psicólogos

poderá melhorar as oportunidades de predizer comportamentos de Saúde e doença, permitir desenhar novos instrumentos de diagnóstico,

prevenir doenças, aumentar o acesso aos cuidados de saúde e reduzir os seus custos,

trazendo benefícios em áreas como a mudança comportamental, as doenças crónicas, a Saúde

Mental, o bem-estar e as relações sociais, a produtividade laboral e a aprendizagem, ou a

genética comportamental.

Os Big Data podem impulsionar a ciência psicológica, permitindo

Big Data e ciência psicológica? Imaginem!

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descobrir e iluminar padrões consistentes em dados que envolvem, directa ou indirectamente, o comportamento humano, a cognição e os afectos. E não estamos a falar apenas do Twitter e do Facebook – es-ses correspondem à expressão pública do comportamento humano, que nem sempre corresponde àquilo que, de facto, sentimos ou faze-mos. Mas também dados como a localização do nosso telemóvel, que permite saber, efectivamente, em que locais passamos mais tempo, com que pessoas comunicamos, o que compramos com o cartão de crédito ou o tipo de transportes públicos que utilizamos. Embora mui-ta desta informação esteja protegida e pouco integrada, progressiva-mente estes dados serão objecto de investigação e permitirão formar uma imagem da existência humana, do dia-a-dia, da Saúde individual e social das comunidades em que vivemos, que as experiências lab-oratoriais ou os questionários não nos permitem obter. Imaginem ter medidas do nível de felicidade ou de stresse de uma comunidade em tempo real? Ou avaliar o grau de integração e inclusão de uma determinada comunidade na sociedade, sabendo que esta integração é preditiva de resultados como o crescimento saudável das crianças dessa comunidade ou a taxa de criminalidade?

Mesmo as perturbações da Saúde Mental (como a Depressão, a Demência, a Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção ou a Agorafobia) podem ser detectadas com base em alterações nos padrões de movimento físico (por exemplo, diminuição ou aumento drásticos do número de passos habituais), actividade (por exemplo, ir a determinados locais) e comunicação (por exemplo, frequência com que se comunica com determinada pessoa ou o conteúdo e a forma do discurso) de uma pessoa – alterações estas que podem ser medi-das e registadas pelo nosso telemóvel.

. . .Todos estes milhões de pegadas digitais podem oferecer aos Psicólogos uma nova lente para

examinar a sociedade e o ser humano em detalhe. Este novo método de observar e compreender as

dinâmicas da vida humana já até foi apelidado de reality mining.

. . .Os sistemas de Saúde são eles próprios grandes produtores de Big Data. A rentabilização destes dados epidemiológicos digitais pode salvar vidas e poupar recursos, personalizar os cuidados de Saúde e identificar populações em risco. Nos Estados Unidos, os Big Data têm sido utilizados, com sucesso, para prever que utentes têm maior probabilidade de serem readmitidos num hospital num período de 30 dias e para sugerir as acções correctivas mais adequadas a cada um. Imaginem que é possível, através de Big Data, determinar o risco de determinada pessoa ou comunidade desenvolver uma doença e saber

quantos anos de vida podem adicionar à esperança de vida se alter-arem determinado comportamento. Imaginem o papel que os Psicólo-gos podem desempenhar, neste âmbito, na Saúde Pública.

É claro que existem também perigos a evitar, cuidados éticos a adoptar e problemas práticos a resolver. Levantam-se questões de privacidade dos dados, de propriedade, de consentimento, de riscos de má uti-lização de dados pessoais e riscos científicos, entre outros.

Big Data é um novo paradigma e um ecossistema para a investigação data-driven de larga-escala (em oposição à tradicional theory-driven). Ainda que impondo desafios teóricos e metodológicos, é uma ferra-menta com tremendo potencial, que abre oportunidades ecológicas sem precedentes para compreender e intervir no comportamento humano em larga-escala, que podem complementar e alavancar a investigação e a intervenção psicológica tradicional. Sendo que os Big Data, como qualquer dado, por si só, não nos dizem nada, os Psicólogos devem desenvolver os conhecimentos técnicos necessários para participar activamente na sua leitura e optimização.

Big Data e ciência psicológica? Imaginem!

Entidades com AcçõesFormativas Acreditadas pela OPP desde Agosto 2018:

CRIAP, ISPA, INSPSIC, CESPU, Universidade Lusófona,

Universidade de Aveiro, Psicotraining Lda, Universidade

Católica Portuguesa, Associação EMDR-Portugal, Município

da Horta, Sociedade Portuguesa de Meditação e Bem-Estar,

IPECA, SPTFE, Maiêutica, ARICD, FPCEUP, Associação

Portuguesa de Psicologia Relacional-Histórica, Universidade

Lusíada de Lisboa, ISCIA, Sociedade Portuguesa de

Grupanálise e Psicoterapia Analítica de Grupo, I9PROJECT,

Unipessoal, Lda, Instituto Português de Psicoterapia Corporal,

Academia Internacional de Psicologia Analítica, NIAP

Madeira

Visite: www.ordemdospsicologos.pt/acreditacao_formacao

para consultar todas as formações acreditadas pela OPP.

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Nesta edição da PSIS21, fomos falar com Bruno Brito, psicólogo da APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) e especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e especialista Avançado em Psicoterapia, pela Ordem dos Psicólogos Portugueses. E o tema da conversa foi “o que faz um psicólogo... em terrorismo”.

Ultrapassadas as conversas introdutórias e circunstanciais, questionei directamente qual o papel do psicólogo neste contexto. “Embora possa parecer óbvio que as vítimas de terrorismo precisem de apoio psicológico, só muito recentemente é que a Comissão Europeia veio a incluir essa especificidade numa directiva, nomeadamente na directiva de combate ao terrorismo. É preciso entender que esta directiva não é dirigida especificamente às necessidades das vítimas, muito menos apenas à necessidade de apoio de saúde mental”, respondeu de imediato Bruno Brito. “Esta é uma directiva extensa, que foca todos os aspetos de combate ao terrorismo, como a sua prevenção pela troca de informações entre os serviços de segurança e de inteligência, ou como deve ser feito o combate ao financiamento de células terroristas. Pela primeira vez, necessidades das vítimas vêm para a primeira fila, e o destaque que é dado às necessidades de apoio psicológico, colocado desta forma é, sem dúvida, inédito”, acrescentou.

Realizei que talvez fosse melhor voltar um pouco atrás e perceber que papel pode ter a Psicologia, como compreensão e intervenção no fenómeno do terrorismo. Pergunta respondida de forma bastante directa e esclarecedora pelo

meu convidado: “Resumidamente, no apoio às suas vítimas, na compreensão do fenómeno e na sua prevenção, como na prevenção da radi- calização extremista e no apoio directo ao combate ao terrorismo”.

“E relativamente ao apoio psicológico de quem sofre um atentado”, perguntei. “O apoio psicológico a quem sofre de um atentado tem as suas especificidades. É um evento com potencial traumático extremamente elevado. Quando estas situações acontecem, superam em muito a nossa capacidade de entender os limites da acção humana. São acontecimento que, pela sua magnitude, surpresa, bizarria, marcam profundamente a quem sofre directamente da sua ocorrência, de quem assiste, directamente, ou por ter afectado familiares ou amigos, ou até por se ter conhecimento através da comunicação social ou através da internet. O apoio psicológico às vítimas deve de acontecer de imediato, preferencialmente até mesmo no local onde o atentado aconteceu. Hoje em dia, cada vez mais vemos psicólogos com formação e integrados nas equipas de ‘primeira linha’ a prestar esse apoio directamente na rua. São psicólogos integrados em equipas de emergência médica ou nas forças de segurança que quando são chamados a intervir nestas situações já sabem que vão ter que prestar o que cada vez mais nos habituamos a chamar de primeiros socorros psicológicos”.“Mas, no meio disto, o terrorismo tem as suas especificidades...”, supus eu. “Sim, de facto, as vítimas precisam de um conjunto de informações importantes e de um determinado

tratamento que vão para além dos primeiros socorros psicológicos. É muito sensível e importante a forma como a informação é registada”, respondeu Bruno Brito, tendo eu interrompido para pedir um exemplo: “Posso dizer que o local onde a vítima se encontra (a distância a que estava quando a bomba detonou, por exemplo) face ao atentado pode ser crucial para mais tarde ser considerada “oficialmente” como vítima de terrorismo. Este facto está directamente relacionado com, mais tarde, estar envolvida, ou não no processo judicial, ter acesso à indemnização por parte do estado ou mesmo ser comparticipada financeiramente para ter apoio psicológico. É talvez das situações onde o grau de especialidade e exigência que é solicitada ao psicólogo que intervém seja mais significativa, comparando com outras situações onde os primeiros socorros psicológicos possam ser aplicados, como no caso dos acidentes graves ou catástrofes”.Cada vez mais interessado no tema, perguntei qual o impacto destas situações a médio e longo-prazo nas vítimas. “A percentagem de traumatização é elevada. Para além do evento, as vítimas têm muita dificuldade em processar o “porquê”. Porque é que estas pessoas decidiram fazer isto? Porquê a mim ou ao meu familiar? Qual o sentido desta situação? Há muita necessidade de encontrar histórias semelhantes. De falar com pessoas que passaram pela mesma experiência. Este trabalho também é pedido aos psicólogos. Que consigam providenciar espaço e dinamizar grupos de encontro ou de apoio. A especialização na área da psicotraumatologia

O que faz o Psicólogo no trabalho na área do terrorismo

TEXTO

Duarte Zoio, Assessor de Comunicação OPP

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é uma das requeridas para se trabalhar com vítimas de terrorismo. E é exatamente isto que a directiva diz.

. . .‘Os serviços de apoio deverão

ter em conta que as necessidades específicas das vítimas do

terrorismo poderão evoluir ao longo do tempo. Nesse particular,

os Estados-Membros deverão garantir que os serviços de apoio atendam, em primeiro lugar, pelo

menos às necessidades emocionais e psicológicas das vítimas mais vulneráveis do terrorismo e que informem todas as vítimas do terrorismo da possibilidade de continuarem a receber apoio

emocional e psicológico, incluindo apoio e aconselhamento pós-traumáticos’ - Directiva da Comissão

Europeia

. . .“Mas quando falamos em terrorismo, as pessoas têm ideia de ser algo bastante mais complexo do que apenas o acontecimento de um crime”, comentei eu, tendo Bruno Brito respondido imediata e afirmativamente. “Sem dúvida. A compreensão do fenómeno toca em várias áreas da Psicologia, como a

Psicologia social, para entender conceitos como identidade de grupo, de crenças sociais e religiosas, de etno-Psicologia. Só entendendo outras formas de pensar, se pode entender como é que é possível colocar um ideal à frente da sua vida ou da vida de outros. E mesmo fenómeno só pode ser entendido analisando fenómenos geopolíticos, de crises e migrações, de refugiados, alterações climáticas ou de conflitos religiosos milenares”.

Neste contexto, lembrei-me da questão dos ex-combatentes e das questões do stress pós-traumático. “Sim, essa é outra área que é requerida à Psicologia, e que é muito discutida. No fundo, que tipo de abordagem psicológica pode ser dada a ex-combatentes que serviram em palcos de guerra, que sofrem de stress pós-traumático pelo que passaram em combate, mas também que possuem ideais de radicalização”. Esta palavra levou-me a questionar o meu convidado sobre o fenómeno: “Este fenómeno de radicalização, que está acontecer nos dias de hoje através de fortes campanhas, muito bem contruídas nas redes sociais, por grupos extremistas, que tentam recrutar jovens na Europa para se converterem a determinados ideais para que que depois sejam instrumentalizados para cometer atos terroristas. Estas campanhas conhecem as fragilidades destas pessoas e sabem como alterar a sua perceção da realidade, mostrando-lhes outras que lhes pareçam mais atrativas. Exploram a noção do “eu e dos outros”, criando clivagens ao ponto de os converter a ideias extremistas. Estes jovens acabam por ser seduzidos por uma identidade mais forte

do que aquela que conhecem na sociedade onde vivem. Ou porque são descendentes de emigrantes e não se identificam com a cultura do país onde vivem agora, ou porque se sentem descriminados pela sua raça ou etnia, ou ainda pelo seu extrato social. A compreensão deste fenómeno de radicalização é profundamente psicológica. E apenas com estratégias de desradicalização, também assentes em intervenções psicológicas, se faz a prevenção do recrutamento, e assim da ocorrência de mais actos de terrorismo”, respondeu.

Já em jeito de conclusão, perguntei o que fazia actualmente nesta área. “No meu caso pessoal, o facto de ser psicólogo clínico e de perseguir a especialização em psicotraumatologia aproxima-me mais do apoio na fase de emergência, com os primeiros socorros psicológicos, com a intervenção em crise e com a intervenção em psicoterapia em trauma. A gestão que tenho feito de equipas e projetos que dão apoio a vítimas de terrorismo, como acontece na APAV, só tem sido possível com partilha de conhecimento e apoio de outros colegas, peritos, especialmente de outros países onde o flagelo do terrorismo é mais frequente, que se dispõe para partilhar conhecimento em grupos específicos para o efeito e dos quais tenho feito parte”.

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Actuais projectos de investigação com apoio OPP:

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Qual o ponto de situação relativamente ao Referencial Técnico para os Psicólogos Escolares?

O documento, originariamente assim chamado aquando da sua colocação em consulta pública a 08 de dezembro de 2016, pela Direção Geral da Educação (DGE), e agora sob a designação de “Orientações para o Trabalho em Psicologia Educativa nas Escolas”

), foi publicado no passado dia 2 de Dezembro, data pré-via à realização de mais um Seminário de Psicologia da Educação, conjuntamente organizado pela OPP e pela DGE, e especialmente dirigido aos Psicólogos da Edu-cação. Mais do que um documento orientador, trata-se da concretização de uma intenção conjunta, expressa desde a formalização do Protocolo de Colaboração en-tre a OPP e a DGE no final de 2015, de enquadramento técnico do papel do psicólogo em contexto escolar, de definição de um perfil profissional, funcional e de compe-tências, e dos modelos e domínios de intervenção mais tendentes a responder às necessidades e à actual legis-lação, e por fim, dos procedimentos, técnicas, estratégias e instrumentos a privilegiar, cientificamente validados. Impunha-se, final e obrigatoriamente, a necessidade de reconhecer, consolidar, divulgar e tornar coerente a Psi-cologia da Educação e o papel, funções e atividades do psicólogo escolar em Portugal. A este propósito, o Perfil do Psicólogo da Educação (https://goo.gl/1qjCy4), elabo-rado e disponibilizado pela OPP a partir de contributos de

um grupo de trabalho criado para o efeito, serve igual-mente de documento orientador e difusor para diferen-tes públicos, explorando o potencial de intervenção dos psicólogos nos contextos de educação.

Mas relativamente às “Orientações para o Trabalho em Psicologia Educativa nas Escolas”, como é que surgiu?

Como refere o próprio Secretário de Estado da Educa-ção, Doutor João Costa, resultou de um diálogo entre a DGE, um conjunto de Psicólogas com intervenção no contexto educativo e da academia e a OPP. Ora, se pen-sarmos a palavra diálogo como a “discussão ou nego-ciação entre duas ou mais partes, geralmente com vista a um acordo”, ele não significa a viabilização ou cau-cionação total de apenas um ponto de vista, de um ou de outro dos intervenientes, mas antes uma negociação e como em qualquer negociação, há sempre um risco significativo de perda e a possibilidade da discordância em alguns pontos. Cremos que a possibilidade de rea-preciação e revisão do documento periodicamente de 3 em 3 anos, conforme nele expressa, garantirá a oportu-nidade do acompanhamento da legislação e necessida-des, bem como de correções e adaptações que a OPP considera importantes. Não nos percamos, contudo, da sua intenção e do seu valor político, no favorecimento e salvaguarda da identidade e autonomia profissional dos psicólogos da educação e na visão que este nos oferece de um racional teórico orientador da ação dos

. . .No ano transato

houve uma aproximação

significativa ao (rácio mínimo

internacionalmente recomendado), terminando-se

o ano com 1013 “tempos inteiros”

de psicólogos.

. . .

“É fundamental posicionar a saúde psicológica dos jovens como uma área prioritária”

ENTREVISTA

Duarte Zoio, Assessor de Comunicação OPP

Entrevista a Sofia Ramalho, Vice-Presidente da OPP

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profissionais de psicologia nas escolas a ser difundido junto de todos os agentes educativos.

Qual a posição e participação da OPP nas novas políticas de Educação Inclusiva?

Os mais recentes documentos legais apontam para mudanças no pa-radigma da Educação que vão muito para além do seu conteúdo le-gislativo ou das concepções teóricas, para expressar o que pode vir a ser uma mudança efectiva nos processos e práticas subjacentes à Inclusão, à Flexibilidade e Autonomia, à Diferenciação Pedagógica, às Aprendizagens Significativas e ao Perfil do Aluno à Saída da Escolari-dade Obrigatória, para o século XXI.

Então, podemos considerar a Educação Inclusiva como um verdadeiro “desafio”...

Sim, e estes desafios educativos contemporâneos têm estado na agen-da do dia da OPP, preocupada em intervir nos diferentes momentos políticos, com posições e pareceres formais aos novos documentos le-gislativos. Exemplo disso é o contributo da OPP à proposta de alteração ao anterior Dec. Lei n.º 3/2008, no âmbito da discussão pública. A concepção de (a) uma educação e de uma escola inclusiva onde todos e cada um dos alunos encontrem respostas para a realização máxima do seu potencial, (b) a prestação de serviços educativos inclusivos e de excelência, (c) as propostas de operacionalização assentes num mode-lo multinível, promocional, preventivo e proactivo, permitindo o acesso de todos os alunos (sem exceção) a uma aprendizagem de qualidade, ao sucesso escolar e a condições de saúde e de bem estar psicológicos (d) a centração nas potencialidades do aluno e na sua relação com os seus diferentes contextos de vida, mas também (e) a consideração do sucesso educativo e da saúde mental de toda a escola enquanto orga-nização, estão alinhadas com os princípios de intervenção que a OPP tem vindo a advogar.

E qual a posição dos psicólogos da educação neste contexto?

Os psicólogos da educação estão em posição de contribuir para as novas políticas, através do apoio à reflexão e dinamização das di-mensões culturais, políticas, organizacionais e estruturais da escola, (i) disponibilizando dados que facilitam tomadas de decisão informa-das, (ii) introduzindo programas e práticas sustentados em evidências científicas, (iii) promovendo modificação cognitiva, comportamental e socioemocional, (iv) empoderando e capacitando os diferentes educa-dores através de ações de formação, supervisão ou apoio (v) estimu-lando e monitorizando sistematicamente os progressos, a qualidade e a significância e profundidade das aprendizagens (vi) e apoiando um modelo de avaliação compreensivo e funcional, facilitador do desenvol-vimento, da utilização e integração de competências de aprendizagem e socioemocionais em projetos, procedimentos e metodologias de en-sino-aprendizagem.

E poderão contribuir de mais alguma forma?

Sim, empreendendo as suas competências de acção-investigação, atra-vés de práticas de observação sistemática, de técnicas de avaliação e de identificação de indicadores de desenvolvimento e de desempenho, de monitorização sistemática de progressos, de modelos de resolu-ção de problemas, de avaliação da fidelidade e integridade das práticas implementadas ou de avaliação da eficácia e impacto das interven-ções ao nível individual, grupal e da escola, os psicólogos da educação, enquanto técnicos altamente especializados, disponibilizam dados que permitem prospecções futuras sobre perfis de risco ou potencialida-des capazes de alavancar outras aprendizagens e comportamentos, e permitem antecipar regressões ou evoluções e definir as intervenções psicológicas e respostas educativas a prestar.

. . .É condição essencial a aposta dos psicólogos

da educação na Prevenção, Promoção e Intervenção Precoce, não obstante a coexistência

e necessidade de intervenções com caráter mais remediativo

. . .Sobre a flexibilidade e autonomia curricular, o que nos poderá adiantar?

Muito recentemente, perante dados alarmantes sobre os adolescentes em Portugal, a Prof.ª Margarida Gaspar de Matos referia que a flexibi-lidade curricular deveria servir o propósito de sustentar alterações na Escola tendentes à maior valorização da mesma e das aprendizagens pelos alunos. Efectivamente, as medidas de Flexibilidade e Autonomia Curricular, enquanto instrumento de operacionalização das medidas universais de Educação Inclusiva, podem também aqui ser refletidas com o apoio técnico-científico dos psicólogos da educação, nomeada-mente as estruturais e organizacionais como por exemplo o recurso à interdisciplinaridade para o desenvolvimento de competências; o re-curso à aprendizagem cooperativa ou à tutoria de pares ou professor/alunos; o apoio à reorganização temporária de turmas do mesmo ano de escolaridade ou à rotatividade de alunos ou de professores, respeti-vamente de acordo com o perfil de aprendizagem dos alunos ou com o perfil motivacional e de competências dos professores; o trabalho por projetos com objetivos específicos e planeados no tempo; a planificação de TPC´s diferenciados e adaptados às necessidades dos alunos; ou o recurso a abordagens superficiais ou profundas à aprendizagem e ao estudo, à autorregulação das aprendizagens ou à promoção da autono-mia do aluno face ao estudo.São apenas alguns exemplos entre muitos, de uma intervenção que se desenvolve num processo de consultoria colaborativa e organizacio-nal (designado de apoio técnico-científico no documento Orientações), para a concepção, implementação e monitorização das estratégias para os diferentes níveis de apoio, que tem em conta o aluno, docentes ou outros profissionais, pais ou órgãos de gestão, ou até outros serviços e estruturas da comunidade.

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A consultoria colaborativa permitirá assim escalar o impacto das inter-venções dos psicólogos em contexto, e torná-la custo-efetiva para um amplo e diversificado conjunto de problemas e necessidades.

Que informações é que nos pode adiantar em relação às contratações de psicólogos escolares ao abrigo do Programa Operacional Capital Humano (POCH)?

No ano letivo 2017-2018 foi efetuada a contratação de um pouco mais que 200 novos psicólogos, e previram-se mais 100 no decorrer deste ano letivo, ao abrigo do POCH. Importante será garantir a continuidade dos 300 psicólogos colocados ao abrigo do POCH depois de 2022, ano de término do financiamento específico do POCH. Deverão ser criadas condições que permitam uma resposta de continuidade, estabilidade e, consequentemente, de qualidade da intervenção para todos os psicó-logos que trabalham nas escolas e que anualmente se vêm obrigados a concorrer, subjugados a sistemas de contratação precários, que não garantem a sua presença efetiva, o que por sua vez, por via da interrup-ção de acompanhamento psicológico, de projetos e ações fundamentais ao desenvolvimento saudável dos alunos, pode até colocar em causa o seu bem-estar e a sua saúde psicológica (e física). É certo que fo-ram sendo recebidos alguns sinais positivos por parte dos organismos competentes, nomeadamente a recondução de parte significativa dos psicólogos pelo segundo ano consecutivo ou a possibilidade aguardada de regularização dos vínculos por via do PREVPAP, aliás confirmada pelo Sr. Secretário de Estado da Educação no Seminário no início do presente mês, mas torna-se imperativa e justa a abertura de lugares nos quadros das escolas e do estabelecimento de um outro modelo de contratação.

Contudo, continuam a faltar muitos psicólogos nas escolas e agrupamentos de escolas públicas...

Procuramos uma aproximação ao rácio mínimo internacionalmente re-comendado de 1 Psicólogo:1000 alunos. No ano transato houve uma aproximação significativa ao mesmo com as contratações atrás refe-ridas, terminando-se o ano com 1013 “tempos inteiros” de psicólogos nas unidades orgânicas dos Agrupamentos de Escolas e Escolas não agrupadas. O rácio psicólogos escolares/aluno é um aspecto crítico da qualidade dos serviços prestados, mas está muito longe de ser o único indicador de qualidade. A contratação tardia ou por meios horários, a mobilização e itinerância de um mesmo psicólogo por uma ou várias escolas geograficamente dispersas entre si, a iniquidade da distribuição (por exemplo, no Algarve o rácio aproxima-se de 1:1373 e o POCH não abrange este território – por isso a OPP em sede de debate do Orça-mento do Estado propôs a introdução de uma medida de contratação específica para as zonas do Algarve e Lisboa e Vale do Tejo), a diversi-dade de anos de escolaridade, faixas etárias e problemáticas diversifi-cadas com que o psicólogo escolar intervém, bem como as especifici-dades dos contextos que muitas vezes exigem a alocação de recursos a ações específicas e uma maior especialização das suas competências, são fatores críticos com grande impacto no desenvolvimento de um trabalho adequado e de qualidade.

Para que os psicólogos escolares possam realizar intervenções psico-lógicas compreensivas, de prevenção e de promoção, de acordo com a NASP (2017), o rácio não deveria exceder os 500/700 alunos para 1 psicólogo, por forma a assegurar a qualidade dos resultados dos alunos e da escola. As respostas a situações de crise ou apoio continuado a alunos com necessidades educativas específicas podem também justi-ficar em muito as necessidades de diminuição do rácio.

Na sua opinião, quais os principais desafios nas relações futuras entre a OPP e os decisores na área da educação?

Perante a realidade acima apresentada, impõe-se como urgente inves-tir em serviços de Psicologia da Educação de forma a capacitar o con-texto educativo português. São necessárias as condições (mínimas) para a implementação de boas práticas e de intervenções psicológicas de qualidade. Perante as novas exigências legais e políticas para uma Educação Inclusiva e acessível a todos, e para que na prática a teoria não seja outra, será importante suportar o processo de introdução de novos modelos teóricos e de novas práticas de intervenção, passo a passo, de forma devidamente planeada e com recursos válidos que permitam a sua viabilização.

E para além do foco no sucesso escolar?

É fundamental posicionar o bem-estar e a saúde psicológicos das crianças e jovens como uma área prioritária de intervenção política, criando por exemplo oportunidades de desenvolvimento de compe-tências socioemocionais. O Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória assume muito particularmente as capacidades cognitivas e metacognitivas, sociais e emocionais como forma de alavancar as Aprendizagens Essenciais para a ação. Advogar por mais e melhores condições de trabalho, pelos recursos materiais necessários ao bom desenvolvimento das práticas, pela formação especializada e supervi-

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são adequada dos psicólogos, em particular no âmbito dos novos mo-delos de intervenção, pela autonomização da atuação dos psicólogos escolares e da educação, pela clara definição de um perfil de qualifica-ção, funções, de desenvolvimento profissional e de avaliação próprio, são com certeza os principais desafios a ter em conta nas relações futuras com os decisores políticos em matéria de educação.

Realizou-se recentemente o 4º Congresso da OPP. Qual o balanço que faz deste evento na área da educação?

O 4º Congresso da OPP contou com a presença de referências nacio-nais e internacionais da área da Educação, investigadores e psicólogos do terreno. Foram abordados os mais variados temas estratégicos ao desenvolvimento da Psicologia da Educação e à formação contínua dos psicólogos, precisamente no âmbito das novas políticas de educação inclusiva, dos desafios causados pelas políticas de descentralização, tendo sido claros a actual (r)evolução e os desafios colocados ao papel do psicólogo em contexto escolar e à sua afirmação identitária, bem como as evidências científicas que demonstram o impacto positivo da intervenção dos psicólogos nas escolas, na promoção do sucesso edu-cativo e da saúde psicológica. Creio ainda que este congresso reforça também a crescente quantidade e qualidade da investigação nesta área, algo que a médio e longo prazo será decisivo para informar mais e melhor as práticas e assegurar o compromisso da Psicologia e dos Psicólogos com os desafios que se colocam à Educação em Portugal.

A OPP tem defendido um maior investimento na prevenção. Investir nos psicólogos escolares também é apostar numa maior prevenção?

É condição essencial a aposta dos psicólogos da educação na Preven-ção, Promoção e Intervenção Precoce, não obstante a coexistência e necessidade de intervenções com caráter mais remediativo, integrados em sistemas de intervenção multinível, numa abordagem sistémica e de melhoria contínua. A prevenção e promoção do sucesso educativo e da saúde psicológica nas escolas, não só potencia o desenvolvimento e o funcionamento ótimo de todos os alunos nas suas diferentes di-mensões, como também aumenta os fatores protetores e de resiliência, evitando a ocorrência de problemas no futuro. Por seu turno, as inter-venções organizadas num sistema multinível têm permitido a melhoria das aprendizagens, e progressivamente uma redução do número de encaminhamentos para os serviços de psicologia, o que mostra as van-tagens da opção por modelos preventivos.

Medidas de prevenção universais, acessíveis a todos e aplicadas de forma consistente ao longo do currículo, do ambiente educativo e dos diferentes serviços prestados, de forma integrada em programas, equi-pas e estruturas dentro e fora da escola, são também a melhor forma de potenciar a qualidade e excelência educativas.

Na sua opinião, e enquanto psicóloga da educação, sente que existe um maior reconhecimento do trabalho desenvolvido por estes profissionais neste contexto?

Sem dúvida que sim! Os psicólogos, enquanto mediadores dos siste-mas de relações da comunidade educativa, têm inclusive sido muitas vezes chamados a gerir intervenções de diferentes profissionais, ser-viços ou instituições, a promover as relações da escola com as famílias, a facilitar processos de cooperação e colaboração entre docentes e a preparar formas de trabalho em equipas multidisciplinares, assumindo frequentemente a coordenação de trabalhos e projetos, equipas e ser-viços e assessorando as lideranças da escola no desenvolvimento das políticas, projetos e ações, e participando activamente nas decisões es-tratégicas da escola. O seu perfil de competências e os pressupostos de ética, a qualidade da fundamentação científica e profissionalismo na utilização de métodos, técnicas e instrumentos, incluindo as práticas de avaliação contínua para a melhoria da ef iciência e da eficácia dos serviços prestados, em muito têm ajudado na dignificação, valorização e reconhecimento do papel do psicólogo em contexto escolar. Não obs-tante estas constatações, será sempre necessário que cada psicólogo seja proativo na defesa e afirmação do seu papel na escola, salientando e argumentando de forma fundamentada as vantagens da intervenção psicológica que propõe.

Depois do sucesso da campanha Escola SaudávelMente e da atribuição dos selos “Boas Práticas em Saúde Psicológica e Sucesso Educativo 2016-2018”, no próximo ano iremos assistir a uma nova edição? Quais os principais objetivos?

Sim, está prevista a nova edição 2019-2021, mantendo o objetivo de incentivar e divulgar boas práticas de promoção da saúde psicológica e do sucesso educativo nas escolas portuguesas. A ideia é que as boas práticas identificadas possam ser replicadas e/ou constituir um incen-tivo para o desenvolvimento de práticas inclusivas e de inovação edu-cativa, a nível nacional. Surgirão novas dinâmicas de partilha de boas práticas entre as diferentes escolas, o envolvimento e participação ativa dos pais e cuidadores na promoção e na reflexão crítica sobre a saúde psicológica dos seus filhos, a revisão da checklist de candidatura e o re-forço e dinamização dos conteúdos do site www.escolasaudavelmente.pt, a promoção e divulgação através dos meios de comunicação social, por forma a salientar o impacto na sociedade, da promoção de ações e políticas de inclusão e de saúde psicológica nas escolas.

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A Web Summit serviu para nos consciencia-lizar do impacto e da importância que a tec-nologia tem em todas as áreas da dimensão humana e permitido que essa informação vei-culada através de diversos meios, chegue a praticamente todos os portugueses. Desde o lazer à socialização, passando pelas mudan-ças na forma como trabalhamos, relaciona-mos ou acedemos a conteúdos ou a cuidados em saúde, é já hoje certo que termos como Inteligência Artificial, Algoritmos, Realidade Virtual, Realidade Aumentada, Machine Lear-ning, Deep Learning, entre outros, estão para ficar e “transformar” a forma como vivemos.

. . .O rosto desta revolução é a

Inteligência Artificial (I.A.). A I.A. tenderá a colonizar todos (ou quase todos) os contextos da dimensão humana, não se estranhando que a Comissão

Europeia a veja como uma das tecnologias mais estratégicas do

século XXI. “ - O modo como abordarmos a I.A. definirá o

mundo em que vivemos”.

. . .Menos evidente para alguns é que a Psicologia tem contribuído decisivamente para esta re-volução, em diversas áreas, que incluem não apenas as questões éticas associadas a este desenvolvimento, mas também a utilização dos seus modelos cognitivos, de aprendiza-

gem e do comportamento humano na defini-ção dos algoritmos, das I.A. e na estruturação da forma como aprendem.

Como psicólogo olho para esta revolução com entusiasmo porque trará consigo um alarga-mento dos horizontes para a Psicologia en-quanto ciência ao serviço do ser humano e da sociedade, mas também com preocupação porque os desafios que se colocarão à nossa ciência terão uma proporção e impacto igual-mente alargados, e de certa forma, ainda difi-cilmente perspetiváveis.

Mas comecemos pelo entusiasmo. Desde as novas plataformas (apps), que ajudam já psicólogos/as a mediar processos terapêu-ticos com os seus pacientes; a inclusão da Realidade Virtual no contexto clinico, onde se prefigura como mais uma ferramenta no arsenal do psicólogo, para trabalhar proble-máticas como o stress pós traumático, a an-siedade, as fobias, ou a depressão. Isto, a par da perspetiva do “Big Data” revolucionar a forma como produzimos conhecimento cien-tífico, criam a possibilidade da ciência psico-lógica poder chegar a mais pessoas que dela necessitem e mais rapidamente, de formas cada vez mais diversificadas e personalizá-veis, possibilitando maior foco na prevenção e mais eficácia e eficiência nas intervenções.

Mas preocupam-me, e creio preocuparem a todos Psicólogos, as questões éticas; as questões da proteção de dados; do ritmo a que a mudança se processa com todas as implicações e incertezas associadas (o pri-meiro “tema” abordado por Paddy Cosgrave

na sessão de abertura da Web Summit). Tal como me preocupa a necessidade de proces-sos adaptativos mais rápidos, a saberes que se tornam obsoletos a um ritmo nunca antes observado e a necessidade de adquirir e/ou cimentar novas competências para que os psicólogos possam continuar a ser relevan-tes no exercício do serviço que prestam aos cidadãos.

Mas estas oportunidades e desafios não se colocam apenas à Psicologia. Colocam-se também ao leitor/leitora como ser humano. A consciencialização que vivemos num tempo de aceleradas transformações onde a neces-sidade de atualização e/ou consolidação de conhecimento e de ferramentas que permitam uma melhor adaptação aos novos desafios é cada vez mais uma realidade, traz a oportu-nidade e necessidade de auto-análise para aferir que recursos tem e que aspetos desen-volver para participar de maneira integrada, inclusiva e ajustada nesta revolução.

O balanço de competências é uma das ferra-mentas disponíveis, e aí o leitor/leitora (e os decisores políticos) poderão contar com a Psi-cologia e com os psicólogos como parceiros privilegiados no processo de avaliação, desen-volvimento pessoal e tomada de decisão. Esta é mais uma forma como a Psicologia pode contribuir para a prevenção e para promoção do desenvolvimento das pessoas, coesão so-cial e desenvolvimento económico do país.

AnalógicamenteDigitais

artigo de opinião Miguel Oliveira, Membro da Direção OPP

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A OPP, através da Direcção e Delegações Regionais, continua a organizar “Trilhos da Psicologia” de norte a sul do país e nas regiões autónomas. Nas últimas semanas, os representantes da OPP visitaram e reuniram-se com os representantes e psicólogos das mais variadas instituições dos concelho de Sintra, e distritos de Portalegre e Bragança.

“Trilhos da Psicologia” em Bragança- 13 de Dezembro -

Centro de acolhimento de crianças “Novo Mundo”:Reunião com psicóloga da

instituição

Centro Social da Sagrada Família :

Visita e reunião com psicólogos da instituição

CPCJ Sintra Oriental:Visita e reunião com

representante e psicólogos da instituição

Câmara Municipal de Sintra:

Audiência com Presidente da Câmara Municipal

“Trilhos da Psicologia” em Sintra

- 19 de Novembro -

T R I L H O S

D A P S I C O L O G I A

E M P O R T U G A L

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“Trilhos da Psicologia” em Portalegre

- 23 de Outubro -

Alter do Chão:Reunião com psicólogos

da região

Ponte de Sôr:Reunião na Câmara

Municipal

Poratelgre:Momento de convívio com

psicólogos da região

Freguesia de Monte Abraão e Massamá :

Reunião com representantes e psicóloga

da Junta de Freguesia

Lar de Idosos “Casa do Povo”, Vilarandelo:Visita e reunião com

representantes e psicólogos da instituição

Obra Social Padre Miguel, Bragança:Visita e reunião com

representantes e psicólogos da instituição

Santa Casa da Misericórdia de Valpaços:

Visita e reunião com Provedor e psicólogos da

instituição

Casa Maior de Sortes:Visita e reunião com

representantes e psicólogos da instituição

Encontro com psicólogos de Mirandela:

Momento de partilha de informações, questões e

sugestões entre os psicólogos da região e Bastonário e

representantes da DRN da OPP

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Riscos da actividade de psicoterapia para a saúde pública por profissionais não qualificadosA Ordem dos Médicos (OM) e a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) pronunciaram-se contra a criação da profissão de Psicotera-peuta, na sequência de um pedido de análise e emissão de parecer por parte do Ministério da Saúde.

De acordo com o documento conjunto, a posição de ambas as Or-dens profissionais, que representam a larga maioria dos Psicote-rapeutas em actividade, é coincidente, tendo por base a evidência científica e salvaguarda e proteção da saúde pública e dos interes-ses dos cidadãos que procuram os serviços de Psicoterapia.

Neste contexto, importa sublinhar que “a psicoterapia corresponde a um conjunto de técnicas e procedimentos e que, nesse sentido, não pode ser entendida como uma profissão, mas sim como um método de intervenção utilizado por diferentes profissões/profissio-nais”. “Cumpre então recentralizar a profissão de psicoterapeuta na actividade clínica (de médicos e psicólogos, com eventual extensão a profissionais que com eles colaboram), com o controlo normativo, ético e científico das respectivas Ordens profissionais”, adianta o documento partilhado.

Já no campo mais técnico, refira-se que a psicoterapia é informada pela investigação e teorias da ciência psicológica e psicopatológica e que as diferentes abordagens psicoterapêuticas estão associadas às principais perspetivas teóricas que aplicam procedimentos e técnicas baseadas nas evidências científicas e investigação realizadas no âmbito da ciência psicológica e psicopatológica. Desta forma, a prática da psi-coterapia apenas poderá verificar-se quando os profissionais adquirem competências específicas em psicoterapia em programas formativos que cumpram requisitos mínimos de formação consensualizados a nível Europeu e após uma formação base na área da saúde, nomea-damente com o desenvolvimento de conhecimentos profundos de psi-copatologia e avaliação do risco, conhecimento esse que faz parte da formação base de alguns profissionais de saúde (como os Psicólogos ou os Psiquiatras), mas não faz parte da Formação em Psicoterapia.

. . .Links úteis:

- Parecer OPP sobre Psicoterapia:

http://recursos.ordemdospsicologos.pt/

- Candidatura à Especialidades avançada em Psicoterapia:

http://especialidades.ordemdospsicologos.pt

- Sociedades e Associações de Psicoterapia protocoladas:

www.ordemdospsicologos.pt/especialidades/sociedades_

associacoes_psicoterapia . . .“A prática psicoterapêutica abusiva, inadequada e sem a devida for-mação e regulação, acarreta riscos para a saúde mental dos uten-tes. Estes riscos não são acautelados pela facilitação económica e mercantilização do acesso através da criação da profissão/actividade económica de Psicoterapeuta”, conclui-se.

O Futuro da Psicoterapia em Portugal

No passado dia 4 de Dezembro, a OPP organizou um debate com Gabriela Moita, Rui Aragão e Telmo Mourinho Baptista, moderado por Constança Biscaia, dedicado ao tema “O futuro da Psicologia em Por-tugal”. Esta iniciativa foi transmitida em “live streaming” e poderá ser (re)vista aqui:

www.youtube.com/watch?v=pYVRTszeUoc

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Participar é Afirmar!

www.youtube.com/watch?v=HD_tZ4f1c7s

. . .Sabia que...

Ao responder ao Censo OPP, habilita-se ainda a ganhar uma formação OPP (valorizar.me)?

Mapa Georreferenciado

de Necessidades de Recursos em

PsicologiaAlém do Censo, a OPP tem outras iniciativas a decorrer e que contam com a participação dos psicólogos portugueses. O “Mapa Geor-referenciado de Necessidades de Recursos em Psicologia”, que será construído com o en-volvimento dos psicólogos de todo o território

entrevista Duarte Zoio, Assessor de Comunicação OPP

Porque razão a OPP está a fazer um Censo?

Qualquer profissional precisa de dados e informações em algum mo-mento, no sentido de melhor exercer a sua actividade. Ora, a Ordem também necessita de ter elementos, obtidos através de um proces-so normalizado de recolha, tratamento, análise e difusão de dados referente aos Psicólogos, possibilitador do retrato da realidade dos profissionais e das suas condições de trabalho.

A OPP tem vindo a comunicar o Censo, que agora arrancou. Como tem sido a receptividade dos membros?

Numa primeira análise, creio que os nossos membros têm perfeito conhecimento que este é um dos projectos mais importantes da OPP nos últimos tempos, assim como a importância e impacto so-cial e político desta iniciativa. Acredito que este Censo terá, por isso, uma grande adesão.

Por falar sobre a questão da adesão, qual a importância dos membros responderem?

A participação de todos os psicólogos e psicólogos juniores é deter-minante.

Porquê?

Os dados do Censo OPP são essenciais para a análise da estrutura da profissão, da sua evolução e tendências constituindo-se valiosos ins-trumentos de diagnóstico, planeamento e intervenção nos mais varia-dos domínios do exercício da profissão de Psicólogo e do contributo destes e da psicologia na sociedade. Por estas razões, quantos mais psicólogos responderem, mais e melhor informação e ferramentas teremos para promover e defender a profissão.

Como é que os membros podem participar?

Foi enviado um email e um SMS para todos os membros com o link do questionário, e com uma password específica. Basta entrar na página e responder; e se não dispuser de tempo suficiente num mo-mento, pode-se gravar e retomar onde se deixou.

Alguma mensagem final?

Como disse recentemente o Bastonário da OPP, “a Psicologia está em todo o lado, os psicólogos é que ainda não”. Portanto, convido aqui todos os colegas a participarem e a fazerem parte do futuro da Psicologia em Portugal. Participar é afirmar!

nacional, assim como pelos próprios cidadãos, pretende identificar os locais onde não há um psicólogo ou onde não haja capacidade de resposta dos recursos de Psicologia.

O mapa servirá de suporte à apresentação de propostas aos decisores políticos e de outras organizações da sociedade civil e guia para a priorização destas nas tomadas de decisão.

Clique para participar

pt.surveymonkey.com/r/6CQDC28

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artigo de opinião Miguel Oliveira, Membro da Direção OPP

Da sua concepção, como ferramenta destinada a populações pobres e geograficamente dispersas, desprovidas de Educação Formal, a Educação não Formal (EnF) expandiu-se alcançando diversas au-diências (Khôi, 1986).

É comumente aceite que muitas das aprendizagens ocorrem fora do(s) contexto(s) da educação formal e do próprio sistema educati-vo. Menos consensual é até que ponto deve a EnF ser reconhecida. No entanto, fazer a promoção da importância das aprendizagens não formais é uma das apostas de muitas das políticas públicas da União Europeia e dos países da OCDE, sendo vista como uma das opções para tornar o conceito de aprendizagem ao longo da vida uma realidade.

. . .O reconhecimento das aprendizagens não formais

tem o potencial de nutrir o conhecimento, melhorar o nível de qualificação dos indivíduos, aumentar o seu bem-estar, melhorando assim a

sua qualidade de vida.

. . .Tendo a EnF um espectro tão vasto, com fronteiras ainda não (con-sensualmente) definidas, englobando um universo de indivíduos bastante amplo, deve ser explorado como contexto de intervenção da Psicologia. Nesse sentido foi criado, em 2017, o Grupo de Tra-balho OPP para a Educação não Formal, alicerçado na cada vez maior importância que as aprendizagens não formais apresentam nos processos de ensino-aprendizagem em todas as faixas etárias, sendo que o seu âmbito e raio de ação se expandem desde os mais diversos contextos, da educação à comunitária, com um crescente reconhecimento pela Comissão Europeia através de programas que apostam na sua aplicação para o aumento das competências dos cidadãos.

Como objetivos este grupo de trabalho tem a aferição de concep-ções que permitam a construção de perfis de competências não formais, que possam dotar o psicólogo de ferramentas úteis para a sua ação neste contexto, e a definição de princípios comuns para a identificação e avaliação, validação e reconhecimento das apren-dizagens não formais, com os contributos da Psicologia. A com-posição deste grupo obedeceu a critérios de dispersão geográfica, com elementos de todas as áreas geográficas do país, incluindo as regiões autónomas, para assim garantir representatividade das di-ferentes realidades do território, e ainda de diferentes backgrounds, com a inclusão de psicólogos/as vindos da academia, da interven-ção comunitária e da educação.

Como forma de aferir quais os psicólogos que trabalham e/ou utilizam ferramentas da área da EnF, uma das primeiras tarefas deste grupo de trabalho foi elaborar um inquérito, disponibilizado aos membros, para obter informações que pudessem ser as mais próximas da rea-lidade possível. Depois do seu tratamento, foi possível obter informa-ções relevantes como a quantidade de membros que intervêm em contextos de EnF, o tipo de equipa que integram, com que outros profissionais se relacionam, o tipo de formação especifica que têm nesta área e a que gostariam de ter, entre outras.

As possibilidades de intervenção do psicólogo neste contexto são abundantes, desde a promoção de saberes em populações mais vul-neráveis, na mobilização de processos de aprendizagens não formais que estão a desaparecer, contribuindo assim para a promoção, con-solidação e perpetuação do nosso património cultural (na maioria das vezes sustentado em saberes não formais), na capacitação de com-petências e ferramentas que possam ajudar a construir maior resi-liência e ainda fomentar o emprego e a coesão social, apresentam-se como um desafio ao qual a Psicologia não pode virar as costas.. . .

Sabia que...

OPP tem cerca de 15 Grupos de Trabalho activos? Consulte no site OPP em

www.ordemdospsicologos.pt/comissoes

A Psicologia na Educação não formal

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A questão da morte não é de investigação fácil para a Psicologia, apesar de toda a acção humana (a religião, a arte, a literatura, a economia, a ciência) ser guiada pela tentativa de negação ou supe-ração da finitude. Nos últimos anos, porém, surgiu um corpo teórico que especificamente investiga “o papel da morte na vida” (Solomon et al., 2015), lançando alguma luz sobre o tema e apontando alte-rações, potenciadas pelo advento da era tecnológica, no sistema de crenças relacionadas com a morte – um fenómeno biológico com uma dimensão simbólica impregnada de significados culturalmente determinados (pelo contexto histórico e moldura social, religiosa e económica do enlutado). Na cultura ocidental, o luto tem sido en-carado como um período de desvinculação que deve correspon-der, num decurso saudável, a um processo interior e faseado de negociação com vista à aceitação da perda – assim afirma Freud no artigo seminal Luto e Melancolia, e muitos que se lhe seguiram. Contudo, a tecnologia tem vindo a alterar a vivência do luto, deslo-cando-o do plano individual e psicológico para um espaço virtual, colectivo e público – o ciberespaço. Com o aumento das interacções online, o luto virtual (cybermour-ning) – conceito que descreve a transformação da perda individual e solitária num evento colectivo que decorre no ciberespaço (Hart-man, 2012) – tornou-se numa parte significativa do processo, às vezes além dos rituais tradicionais, outras vezes em vez deles. A experiência da perda no mundo virtual representa, de certa forma, o retorno a uma vivência partilhada que era comum na era pré-indus-trial e foi desaparecendo com o desenvolvimento do capitalismo, o deslocamento da morte para os hospitais e a proibição dos enterra-mentos nas igrejas e seu afastamento para fora da comunidade. São

alguns dos factores que contribuíram para a marginalização do luto a que assistimos no século XX, uma era de negação da morte e seus símbolos onde o enlutado e o confronto com a dor são segregados.

. . .Viabilizando a manifestação e reconhecimento públicos de um pesar antes expresso de forma privada, o luto virtual vem alterar a relação culturalmente estabelecida entre sociedade e enlutados, mas também entre mortos e vivos.

. . .Os memoriais online e cemitérios virtuais, cujo advento remonta ao final do séc. XX, foram as primeiras plataformas desta nova visão, próxima de um modelo de pensamento não ocidental que permite a elaboração da tristeza, a partilha de afectos e memórias e a gestão de um manancial de informação sobre o falecido. Ainda assim, o acesso a um cemitério virtual implica um acto voluntário (como a entrada num cemitério físico), ao contrário das redes sociais, cuja natureza assíncrona promove a difusão em larga escala de concep-ções, tradições, rituais, comportamentos e emoções. O aumento da visibilidade da morte na Internet tem provocado uma curiosidade crescente, bastando citar o actual interesse popular na fotografia cemiterial ou no necroturismo.

. . .

Ciber(Espaço): A Última FronteiraA morte e o luto no mundo virtual

texto Edite Queroz, Espaço Psicólogo Júnior OPP

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Com 2.27 mil milhões de utilizadores activos e 30 milhões já falecidos, o Facebook é uma comunidade global com cemitério próprio,

cuja dinâmica tem alterado as trajectórias de envolvimento social em torno da morte.

. . . Com ele emergiu o luto por celebridades, causas, desconhecidos ou até alguém realmente íntimo com quem nunca interagimos face-a--face. As manifestações online de pesar parecem representar uma nova forma de enfrentamento. Kasket (2012) identificou diferenças significativas entre a vivência do luto em memoriais ou cemitérios virtuais e no Facebook, já que aqui as manifestações ocorrem num espaço que já pertencia ao falecido (o seu perfil), anulando a neces-sidade de criar uma representação da pessoa e evitando a quebra do vínculo.

A Psicologia começou por estudar o sofrimento individual e fami-liar, procurando fornecer ferramentas para apoiar os enlutados, prevenindo e intervindo na dor da perda. Contudo, a investigação psicológica recente, observando estes fenómenos, sugere altera-ções na forma como o luto é vivido, sugerindo que a natureza do vínculo é de facto dinâmica e perene: o propósito do luto poderá ser a elaboração de nova ligação que possa ser integrada na vida dos sobreviventes (e.g., Klass et al., 1996), evitando problemas emocio-nais associados através da aceitação da continuidade da relação – a ligação não termina, é transformada.

. . .Estas novas abordagens psicológicas têm

permeado um novo discurso em torno da morte: o vínculo persistente, que Freud concebia como patológico, passou a ser visto como adaptativo e

reconfortante.. . .A tecnologia é um recurso importante e inevitável para a dessegre-gação do luto, mas as novas estéticas fúnebres não são isentas de conflitos. Há desafios prementes relacionados com a propriedade da identidade póstuma, a capacidade tecnológica para gerir iden-tidades conflituantes e a partilha desregrada de informação (divul-gação de segredos, ofensas, etc.), aspectos que podem alterar a identidade do falecido na percepção de amigos e familiares. Com registos online detalhados das nossas vidas, faz sentido que nativos e emigrantes digitais reflictam sobre o seu legado digital, existindo já serviços (e.g., DeadSocial) que permitem considerar estas ques-tões. Não obstante, a investigação sugere que o luto virtual é um fenómeno emergente, cujo impacto é sobretudo positivo e não varia com a idade (Roberts, 2004). Estes dados são relevantes para en-tender os efeitos globais das redes sociais: a sua utilização como

meios de expressão de pesar é uma evidência inquestionável da incorporação da Internet em todos os domínios da vida (individual, social e cultural). É por isso essencial que os psicólogos considerem o papel da tecnologia na organização das tarefas do luto e poten-ciem os seus benefícios. A adaptação das perspectivas e modelos tradicionais – incorporando as especificidades das relações online, integrando os factores digitais na avaliação clínica das situações e desenvolvendo soluções de apoio online devidamente validadas – é fundamental na adequação do contributo da Psicologia às exigên-cias do mundo virtual.

. . .Sabia que...

a OPP divulgou um documento referente à formação inicial para o exercício da Psicoterapia?

Para consultar, visite o “Repositório OPP” (http://recursos.ordemdospsicologos.pt/repositorio)

. . .

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A Comissão de Ética da Ordem dos Psicólogos Portugueses, em reunião ordinária no dia 7 de julho de 2017, entendeu rever o parecer n.º 39 com o objetivo de clarificar alguns aspectos. O objetivo é elaborar um parecer a propósito da intervenção psicológica com crianças/adolescentes quando não seja possível obter o consentimento por parte de ambos os pais,representantes legais ou quem tenha a suaguarda de facto.

(...)

O sentido ético ou profissional fundamental do consentimento informado é instrumental, ou seja, visa promover a maior confiança possível nas relações entre as pessoas. Nessa perspectiva, a idade não se deve constituir como a referência fundamental para a decisão do psicólogo em atender uma criança ou adolescente. Evidentemente que o consentimento informado exige uma maturidade e capacidade de discernimento que permita a compreensão por parte do cliente, pelo que uma criança/adolescente terá sempre uma capacidade mais limitada em exprimir a sua vontade e em entender as possíveis implicações da mesma. Nesta perspectiva, apesar de serem os pais, representantes legais ou quem tenha a sua guarda de facto que devem prestar o consentimento informado, a criança/adolescente deve ser envolvida em todo o processo. Na verdade, muito dificilmente uma intervenção psicológica terá um resultado adequado se a família ou responsáveis da criança/adolescente não colaborarem no processo, o que apenas será possível se concordarem com a intervenção. Este será o grande sentido prático para o psicólogo relacionado com a obtenção do consentimento, e não apenas representar o cumprimento das normas legais em vigor.

(...)

Em momento algum, porque não é esse o

Parecer 39 / CEOPP / 2016 - Sobre intervenção psicológica com crianças e adolescentes sem autorização de ambos os pais, representantes legais ou quem tenha a sua guarda de facto (revisto em 07 de julho de 2017)

objetivo de uma Comissão de Ética, bem como por desconhecimento sobre todos os dados que seriam necessários, este Parecer pretende constituir-se como um reparo a qualquer situação concreta.

Considerando que:

1. O consentimento informado do cliente éum requisito fundamental para a realização dequalquer intervenção psicológica;

2. O consentimento informado deve ser dadopelo destinatário da intervenção psicológica,salvo em casos em que este não tenhacapacidade para o fazer;

3. A idade é um dos factores que condicionaa possibilidade de o indivíduo dar o seuconsentimento informado;

4. No caso de crianças/adolescentes menores de 18 anos, o consentimento informado deveser dado pelos pais, representantes legais ouquem tenha a sua guarda de facto, ainda quea criança/adolescente deva ser envolvido nosprocessos de tomada de decisão, de acordocom o seu grau de maturidade e compreensão;

5. O psicólogo tem autonomia profissional para tomar decisões que, devidamente justificadase fundamentadas, possam salvaguardar osuperior interesse da criança/adolescente, indoao encontro do Princípio da beneficência e não-maleficência;

6. A intervenção psicológica com crianças/adolescentes requer, na maior parte dassituações, o envolvimento e a colaboração ativados pais, representantes legais ou quem tenhaa sua guarda de facto, salvo em situações emque existam fundadas razões para prescindirdessa participação;

7. O que está em causa na intervençãopsicológica é o melhor interesse do cliente,sendo que o cliente é a criança/adolescente.

. . .Sabia que...

Pode consultar todos os pareceres da Comissão de

Ética no site da OPP?

www.ordemdospsicologos.pt/etica_deontologia/pareceres

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A obrigatoriedade de remuneração dos estágios profis-sionais para acesso ao exercício de uma determinada profissão foi promulgada a 1 de junho pelo Decreto-Lei 66/2011. O não cumprimento deste requisito legal por parte das entidades promotoras dos estágios profissio-nais na área da Psicologia incita a que os Psicólogos Juniores recorram à Ordem dos Psicólogos Portugue-ses no sentido de encontrarem o apoio e a orientação para salvaguardem os seus direitos e garantirem o de-senvolvimento das competências necessárias para o exercício autónomo e responsável da profissão.

Embora a Ordem não possua poder de fiscalização sobre os requisitos que emanam da lei geral, procu-ra conhecer o enquadramento das situações que lhe são expostas e implementar medidas que assegurem a máxima proteção dos seus membros. Nas situações em que o alerta das instituições para a existência des-ses requisitos legais é insuficiente, a OPP concede aos Psicólogos Juniores a possibilidade de suspenderem o Ano Profissional Júnior durante um período de seis me-ses, a fim de encontrarem uma nova entidade que lhes permita dar continuidade aos seus projetos de estágio. Compete à Comissão de Estágios analisar os pedidos de suspensão do estágio profissional e de alteração da entidade acolhedora, assim como emitir um pare-cer no sentido de minimizar o prejuízo dos Psicólogos Juniores e de assegurar que estes beneficiem de uma formação profissional contínua e coerente numa deter-minada área e/ou contexto de intervenção. Para o efeito e sempre que estas condições se reúnam, é facultada a possibilidade de os membros estagiários entregarem uma adenda ao projeto inicial que enquadre novas ativi-dades ajustadas à realidade da nova instituição.

Apesar de estas medidas constarem do Regulamento de Estágios, é da maior importância que o psicólogo júnior comunique os problemas com que se depara à OPP, de modo a que esta possa auxiliá-los na definição de mecanismos de resolução adaptados à situação e salvaguardar os futuros estagiários.

[email protected]

Coluna da Provedora do Psicólogo Junior

Bárbara Coelho

Somos de parecer que:

1. O psicólogo deve procurar envolver sempre ambos os pais, representantes legais ou quem tenha a sua guarda de facto, no consentimento informado, exceto nos casos em que um/a deles esteja suspenso, limitado ou inibido de exercer as responsabilidades parentais da criança/adolescente. Se um progenitor não se opuser à intervenção mas, ainda assim, não quiser participar de forma ativa na avaliação nem estar envolvido no processo de intervenção, o psicólogo poderá levar a cabo o processo, desde que considere, nessas condições, que este é válido e que salvaguarda o interesse da criança/adolescente;

2. No caso em que apenas um dos pais, representantes legais ou quem tenha a sua guarda de facto fornece o consentimento para a intervenção e o outro omite a sua opinião ou mesmo se opõe a essa intervenção o psicólogo deve ter em mente o melhor interesse da criança/adolescente. Deve por isso, sempre que possível, procurar uma solução consensual que melhor satisfaça esse interesse. O psicólogo deve ponderar em que medida a sua intervenção é, ou não, uma resposta ao superior interesse da criança e agir em conformidade;

3. Nos casos em que apenas um dos pais, representantes legais ou quem tenha a sua guarda de facto dê o seu consentimento informado para a intervenção, o psicólogo deve fundamentar de forma clara a necessidade da intervenção psicológica no sentido de beneficiar a criança/adolescente, nomeadamente em situações de risco ou perigo, privilegiando a articulação com entidades com competência em matéria de infância e juventude. Deve, contudo, ter consciência que nesses casos a probabilidade de sucesso da intervenção será menor, uma vez que a participação ativa de ambos os progenitores é, na maior parte das vezes, importante para o sucesso da mesma;

4. Em todos os casos o psicólogo deve tentar obter o consentimento e a colaboração de ambos os pais, representantes legais ou quem tenha a sua guarda de facto. Caso, mesmo depois do contacto direto do psicólogo com as partes envolvidas, o consentimento de ambos não seja obtido, o psicólogo pode recomendar alternativas que possam ser aceites de forma consensual;

5. O psicólogo deve recusar a intervenção psicológica se, na sua avaliação, considerar que esta pode não ser adequada nem bem sucedida se não houver colaboração dos progenitores ou responsáveis legais, ou se puder ser instrumentalizada, agravando uma situação de conflito entre os responsáveis da criança/adolescente;

6. Se ainda assim, depois de esgotadas todas as alternativas, nos casos em que o psicólogo, devidamente fundamentado, entenda que a não intervenção coloca em risco ou em perigo a criança/adolescente, poderá dispensar o consentimento de um dos pais ou representantes legais. Ainda assim, deverá articular com uma entidade com competência em matéria de infância e juventude e ponderar a sinalização da situação.

A leitura deste parecer não dispensa a consulta do Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses nem das Linhas de Orientação para a Prática Profissional Psicologia no Âmbito da Proteção das Crianças e Jovens em Risco.

7 de Julho de 2017

Aprovado pela Comissão de Ética da Ordem dos Psicólogos Portugueses

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Coluna da Provedora do Psicólogo Junior

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Norte (DRN) tomou posse a 30 de Dezembro de 2016. Significa que estamos a meio do mandato. Um tempo pautado não só pela proximidade junto dos psicólogos e psicólogas da região, mas também junto dos decisores políticos e outras organizações da região norte. Temos mantido uma estratégia política de influência e de reconhecimento do papel da Psicologia, onde o contacto com autarcas ou empregadores tem sido uma constante. Actualmente temos inscritos na DRN 5.999 membros efetivos, num universo nacional de 21.000, ou seja, 35% dos membros efectivos e perto de 500 psicólogos júnor. Temos também na nossa região o maior número de escolas de Psicologia.

. . .Esta realidade faz com que a

DRN seja inequivocamente uma delegação com exigências muito específicas. Temos tentado dar

respostas ao nível da excelência. Sentimos que temos conseguido

passar e transmitir muito do nosso trabalho e dedicação.

. . .Sabemos também que muito falta ainda faz-er. Não abdicaremos de concretizar a nossa missão que é fazer a diferença na vida dos psicólogos e da sociedade na região norte, transformando os desafios socioprofissionais em oportunidades de afirmação, as potencial-idades da intervenção psicológica em reali-dades concretas e a identidade e o saber dos psicólogos em sucessos.

Eduardo CarquejaPresidente da DRN

4º Congresso da OPP em Braga

Aconteceu na região norte este ano o maior evento português de divulgação da Psicologia em Portugal: o 4º Congresso da OPP, na cidade de Braga, entre 12 e 15 de Setembro. A Direcção da DRN participou e colaborou activamente na concretização de um congresso de excelência. Este foi o segundo congresso a ser realizado na região norte e o primeiro fora de Lisboa ou Porto.

. . .Seguramente terá sido um marco na história da nossa Ordem

e na vida de cada um de nós. Foi inequivocamente uma oportunidade para espelhar todo o dinamismo dos projectos

profissionais em curso e da qualidade da investigação realizada.

Ser Psicólogo

A DRN procura, em várias iniciativas, estar próxima dos/as estudantes do Ensino Superior de modo a que estes reflitam acerca do “Ser Psicólogo/a”, bem como para debaterem sobre o futuro da profissão e qual pode ser o papel destes no mesmo. Foi com este objectivo, que a DRN marcou presença no XXIV Encontro Nacional de Estudantes de Psicologia, onde realizou uma Palestra com a temática “Psicolo-gia 2020: com as certezas de hoje, que serão as dúvidas de amanhã, serei ou não psicólogo/a?”.

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Aposta na formaçãoCom o intuito de responder aos interesses e necessidades formativas dos seus membros, a Delegação Regional do Centro (DRC), durante o ano de 2018, levou a cabo a realização de dois workshops pontuais de 7 horas cada um.

Dada a grande adesão manifestada por parte dos participantes e por chegarmos rapidamente à lotação esgotada da sala, cada um dos workshops teve mais do que uma edição. Se o Workshop do luto teve a lotação de 25 participantes por edição, a do Mindfulness tinha a lotação máxima de 20 participantes por sala.

Assim, o Workshop “Mindfulness & Auto-compaixão”, onde se abordaram alguns programas de intervenção nesta área e se desenvolveram competências práticas na área da Mindfulness e Mindful self-compassion, teve 4 edições (realizadas durante os meses de Abril, Maio, Junho e Outubro). Por sua vez, o Workshop “Luto - conceptualizar e intervir” teve 3 edições distribuídas pelos meses de Maio, Julho e Novembro, trazendo em cada uma delas uma perspetiva integrativa sobre o luto e os desafios do contexto e da profissão no âmbito da intervenção na perda.

Muitos dos participantes referiram a necessidade de aprofundar os temas propostos noutras edições e partilharam a sua experiência em forma de testemunho. No que ao Workshop do luto diz respeito recebemos um dos seguintes feedbacks: “Considero excelente a qualidade do workshop em todos os parâmetros. Dados os conteúdos e a competência técnica da formadora gostaria de ter uma formação mais longa. Considerando ser um workshop, a avaliação global é excelente”. Em relação ao Workshop do Mindfulness ouvimos que, “O workshop superou as expectativas. Excelente formadora”; “A replicar. Em muito superou as expectativas, o interesse, motivação e vontade em continuar e desenvolver!”; “Foi um Workshop que correspondeu e até superou as expectativas. Para além de ser possível de aplicação, acho que foi uma mais valia para o desenvolvimento pessoal. Obrigada!”.

Tendo em conta o contínuo interesse dos seus membros pelo desenvolvimento profissional contínuo e por uma oferta formativa capaz de corresponder ás necessidades da prática profissional em Psicologia, a DRC pretende continuar a apostar na oferta de um plano de Workshops pontuais para o ano de 2019, e a corresponder às sugestões de temáticas a abordar/aprofundar, por parte de todos os psicólogos da região Centro.

Entretanto, apesar de já ter sido aprovado o Plano de Actividades e Orçamento 2019 da DRC, fica o renovado convite à participação e ao envio de propostas de worshops, de actividades conjuntas, de reuniões e partilha de projetos. Convidamos todos os nossos membros a consultar o nosso plano na área pessoal do site OPP.

Cristina QuadrosPresidente da DRC

O Antropoceno define a mais recente época geológica, onde a atividade humana é a força dominante na mudança na geologia, clima e ecossistema da Terra. Este crescimento da ação humana iniciou grande aceleração nos anos 50, fez o planeta atingir o ponto de saturação nos anos 90, e as alterações climáticas e o aquecimento global fazem parte do nosso presente. O futuro estima-se muito pior. O Secretário Geral da Nações Unidas, António Guterres, refere que 2020 é o ano limite de viragem, a partir do qual pode não haver retorno, com consequências desastrosas para os humanos e os sistemas naturais que os suportam. Diz ainda que cada dia conta e que conta com cada um. Se a acção humana é responsável por grande parte das alterações climáticas, será com novos comportamentos e novos hábitos que seremos também capazes de inverter este cenário. Somos a primeira geração a ter consciência deste impacto e ao mesmo tempo a primeira a saber como evitar que as projeções catastróficas se tornem realidade. O papel dos psicólogos é aqui também essencial. Como especialistas da mudança de compor-tamentos sabemos desenhar, implementar, acompanhar e avaliar processos de mudança de comportamento. Sabemos promover com-petências essenciais como resiliência, adap-tação ao contexto, gestão de stress e trabalho em equipa.

Precisamos preparar-nos mais efetivamente para este desafio, capacitando-nos. Precisamos fazer parte da mudança, como cidadãos e como profissionais, trabalhar de forma transdisci-plinar e agir, de forma mobilizadora, em todos os nossos contextos de vida.

Poderá esta missão coletiva por um bem maior ser a verdadeira fonte de bem-estar que todos procuramos.

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Raquel RaimundoPresidente da DRS

A procura de partilha e reflexão sobre temáticas da Psicologia entre pares tem sido uma necessidade identificada e uma solicitação dos psicólogos da região Sul. Possibilitar um formato de evento que pudesse dar resposta a esta necessidade foi, por esse motivo, uma prioridade. Os Fóruns Temáticos são uma iniciativa da DRS destinada a promover, em 2 horas, a discussão e reflexão em torno de temas particulares relacionados com a ciência e a intervenção psicológica, em pontos distintos da região. Além da direcção da DRS está sempre presente um colega de referência relativamente ao tema seleccionado, que apresenta uma breve comunicação inicial seguida da moderação da discussão.

. . .Durante o ano de 2018 a DRS

realizou 9 Fóruns Temáticos em temas tão diversificados como a Educação Parental, a Psicologia Escolar, a Psicogerontologia e envelhecimento ativo, o apoio

psicológico online e a promoção de emoções positivas. O grau

de satisfação manifestado pelos participantes é, para nós, um

indicador para a sua manutenção no próximo ano.

. . .

Coaching Psicológico: da teoria à acçãoNo dia 10 de Dezembro, a Delegação Regional Sul em conjunto com o Conselho da Especialidade de Psicologia do Trabalho, Social e das Organizações realizou um Encontro sobre Coaching Psicológico. Este evento contou com comunicações relativas à aplicabilidade do Coaching em diversos contextos e dois Workshops sobre técnicas usadas no Processo de Coaching Psicológico.

O que é o Coaching Psicológico? É uma especialidade da Psicologia que tem vindo a atrair, cada vez mais, o interesse dos psicólogos. Caracterizado por ser uma relação profissional entre o Psicólogo (Coach) e o cliente (coachee) que acordam atingir determinado(s) objectivo(s) pessoais e/ou profissionais do coachee. Por outras palavras, é uma relação de ajuda estruturada e de curta duração cujo propósito é fazer progredir a acção do coachee e, colateralmente, mudar comportamentos, através de modelos, métodos e técnicas específicas do Coaching. Para que serve? Tendo como linha orientadora a satisfação e o bem-estar do coachee, o processo de Coaching poderá ajudar ao aumento da qualidade de vida, do desempenho pessoal e profissional, à redução do distress nos vários campos de actuação do coachee, levando-o a melhorar, maximizar e optimizar o seu desenvolvimento psicossocial.Onde e quando se aplica? O Coaching Psicológico pode ser aplicado em diversas áreas do comportamento humano: pessoal, educacional, parental, conjugal, executivo, negócios, carreira, de desempenho, entre outras. O Coaching Psicológico aplica-se sempre que o cliente pretenda encontrar um plano de acção, para a concretização de determinado(s) objectivo(s), num período de tempo reduzido, normalmente 10 a 12 sessões, com periodicidade quinzenal e duração de 1h a 1h30m. Quem deve aplicar? O Coaching Psicológico deverá ser, exclusivamente, aplicado por Coach com formação em Psicologia. Sendo uma relação de ajuda, o know-how proveniente da Psicologia, ajudará o Coach-Psicólogo a desenvolver um trabalho com mais qualidade e rigor.

Também as competências científicas do Coach-Psicólogo poderão ajudar a prevenir, a detectar ou a intervir em comportamentos do foro psicopatológico que possam estar presentes nos Coachee-clientes.

DRS celebra efemérides

A DRS celebrou o Dia Mundial da Saúde Mental, com diversas iniciativas, entre elas, a dinamização de uma Ação de Sensibilização denominada “Saúde Mental: Prevalência, Estigma e como procurar ajuda”. Esta ação teve lugar na Escola Secundária Miguel Torga, em Queluz, com a participação de mais de 100 alunos do 10º ano. Já o Dia Nacional do Psicólogo, 4 de Setembro, foi celebrado pela DRS através de um conjunto de iniciativas de âmbito regional e nacional. Destaque para a ação dedicada ao “Autocuidado”, com utilização da metodologia World Café. Os participantes classificaram muito positivamente a utilização desta metodologia, que permitiu, num ambiente acolhedor e hospitaleiro, gerar e fomentar o diálogo colaborativo, em torno dos fatores de risco e de proteção, decorrentes da elevada exigência, do ponto de vista emocional e interpessoal, da sua atividade profissional.

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Luz MeloPresidente da DRA

Hesitei muito ao escrever sobre este tema. Numa época de festa, de alegria, até mesmo de euforia poderá parecer inoportuno falar de tristeza.

A maioria das pessoas gosta do Natal e é com grande entusiasmo que o prepara e o vive. Lembro-me que ao longo da infância e adolescência conheci poucas pessoas que não gostavam do Natal e confesso que tinha alguma dificuldade em compreender como era possível não gostar do Natal. Penso que, só mesmo comecei a compreendê-las quando ao fazer clínica acompanhei pessoas que sof-riam mais por ser Natal.

Numa época caracterizada por afectos e emoções predominantemente positivos o contraste para quem sofre parece ainda mais evidente e gritante. A saudade dos entes queridos, a solidão, o não ter ninguém para estar porque a família se desfez tornam a dor mais difícil de suportar. Num tempo em que as pessoas estão cada vez mais centradas em si próprias, resultado de um dia-a-dia aluci-nante; em que as redes sociais substituíram as relações presenciais; do consumismo ma-terial; das relações fast-food é mais fácil falar de si do que escutar ou estar com o outro.

A investigação em Psicologia indica clara-mente que o contacto e apoio social fazem a diferença quer na promoção da saúde físi-ca e psicológica quer na prevenção de vários tipos de doença. Nesta época vamos fazer a diferença. Telefone ou combine estar com alguém que gosta mas que raramente o/a vê. Diga-lhe o que aprecia nele/a e verá que a alegria dele/a também será a sua.

Votos de umas Festas Felizes!

Dois novos protocolos Saúde Mental na Região Autónoma dos Açores: Que Roteiro?Que serviços de saúde mental existem na Região Autónoma dos Açores (RAA)? Qual o papel dos profissionais, dos doentes e das suas famílias no processo de recuperação? Como combater o estigma e promover a detecção precoce dos sintomas? Que desafios para o futuro da saúde mental nos Açores? Estas e outras questões foram o mote da reflexão sobre o VII Roteiro de Saúde Mental da Região Autónoma dos Açores, que decorreu no Dia Mundial da Saúde Mental. A Delegação Regional dos Açores (DRA) em parceria com profissionais das outras entidades organizadoras – Associação para a Promoção da Saúde Mental (ANCORAR), Centro Paroquial de Bem Estar Social de S. José (CPBESSJ), Cresaçor - Cooperativa Regional de Economia Solidária (CRESA-ÇOR) e o Serviço de Psiquiatria do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES) iniciam um movimento de reflexão e questionamento sobre o paradigma atual de prestação de cuidados de saúde mental nos Açores que assenta no Decreto Legislativo Regional n.º 26/2016/A, legislação que estabelece os princípios orientadores da Rede Regional de Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental (RRCCISM). Este movimento defen-de que a criação da referida Rede deverá assentar num modelo holístico que promova a articulação e a comunicação entre os vários intervenientes e os serviços existentes ou a criar. Um modelo mais humano e eficaz assente numa abordagem comunitária, mais próxima das pessoas, que inclua a cultura, a biografia do sujeito, os seus valores e significados e as questões éticas na complexidade da experiência humana. Em que o protagonismo deverá ser dado à pessoa doente e aos seus familiares através de um acompanhamento próximo e adequado às suas necessidades, em que o mesmo deverá participar no plano de intervenção/projeto de vida estipulado, consentir o tratamento e intervir nas tomadas de decisão. Este novo paradigma exige o reforço de verbas desti-nadas à área da saúde mental e um modelo intersectorial de planeamento e gestão que articule os vários sectores: saúde, social, emprego, educação, habitação.

Actividades DRA

No passado dia 5 de novembro, a DRA reuniu-se com o novo Diretor Regional da Edu-cação, Dr. Rodrigo Reis, para apresentação de cumprimentos institucionais e caracteri-zação do trabalho dos Psicólogos Educacionais na Região. Entretanto, a 9 de novembro decorreu, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade dos Açores, a 3ª edição da iniciativa Academia OPP dirigida aos estudantes de psicologia que se encontram nos 1º e 3º anos. Por último, refira-se que A DRA participou na cerimónia de tomada de posse do Núcleo de Estudantes de Psicologia (NEPSIC) da Universidade dos Açores. A Presidente da DRA valorizou o convite, como um indicador do trabalho de aproximação entre a OPP e os estudantes de Psicologia e divulgou as várias iniciativas da OPP destinadas aos Estudantes: Academia OPP, Summer Camp e Prémio OPP Ino-vação em Intervenção Psicológica, incentivando a colaboração entre a DRA e o NEPSIC.

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Renato Gomes CarvalhoPresidente da DRM

Ao longo deste tempo, tem sido possível desenvolver um trabalho de afirmação social da Psicologia e dos psicólogos na Região, bem como de consolidação do funcionamento in-terno e de criação de condições para poder-mos realizar cada vez mais iniciativas dirigi-das à comunidade e aos psicólogos.

. . . Nos dois anos de mandato da equipa que constitui a DRM e

que se cumprem neste momento, tiveram lugar aproximadamente 36 eventos, 85 representações em eventos na comunidade,

45 iniciativas de colaboração institucional, 54 reuniões internas

e 52 colegas foram nomeados para órgãos colegiais e grupos de trabalho, a nível nacional e

regional.

. . .São indicadores que consideramos positivos e encorajadores para futuro, mas somente possíveis por ter existido uma mobilização, não só dos órgãos sociais e grupos de tra-balho, mas sobretudo dos colegas, que se en-volveram, incentivaram, fizeram sugestões de melhoria. Por este motivo, deixamos o nosso sincero agradecimento, na certeza da con-tinuidade do envolvimento e da manutenção do espírito participativo e construtivo que caracteriza os psicólogos da Madeira.

DRM empenhada em promover o autocuidado dos psicólogosA DRM lançou neste ano a iniciativa “Desenvolvimento Pessoal, Intervisão, Supervisão” (DIS), que surge da identificação, junto dos psicólogos da Madeira, da necessidade do desenvolvimento de um programa que vise incentivar e promover condições para a prática da intervisão, supervisão e desenvolvimento pessoal, profissional e científico dos mesmos. Com efeito, o isolamento, as solicitações múltiplas e diversificadas, a intervenção em diferentes contextos e o escasso acesso a redes de apoio, obrigam à reflexão sobre as necessidades centrais para a qualidade da prática profissional e promoção do bem-estar dos psicólogos, visando a diminuição dos riscos psicossociais e pessoais. Numa primeira fase de implementação do Programa DIS, a DRM tem vindo a desenvolver um trabalho pioneiro, no quadro nacional, de estruturação de um projecto de intervisão que passa não só pela sensibilização junto dos colegas e das instituições da importância da prática da intervisão, bem como da elaboração linhas orientadoras e condições formativas e mesmo logísticas que permitam a implementação do referido projecto. É importante reforçar que, quando falamos de desenvolvimento pessoal e profissional, referimo-nos à necessidade do psicólogo ter um conhecimento aprofundado sobre o seu principal instrumento de trabalho: ele próprio. Esta é mais uma iniciativa da DRM que pretende valorizar e defender a Psicologia como ciência e profissão, os psicólogos, os clientes e a qualidade dos serviços prestado à comunidade na Madeira.

Acções e Iniciativas

Numa iniciativa conjunta entre DRM e a Direção Regional de Edu-cação, foi realizada, no passado mês de setembro, a Conferência OPP Madeira “Contributos da Psicologia nos Contextos Educati-vos”. A relevância e pertinência do tema em face do Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular e diploma no âmbito da Edu-cação Inclusiva, que apelam a ajustamentos ao paradigma de atu-ação dos Psicólogos nas escolas, nomeadamente pelo reforço da Consultoria Colaborativa, mobilizou uma forte adesão dos psicólo-gos da Região que exercem nos domínios educativos.

A acção da DRM continua a reger-se pela dinâmica de proximi-dade com os seus membros e também com os diversos sectores da comunidade que serve, organizando, formalizando contrib-utos e/ou fazendo-se representar em múltiplas iniciativas re-gionais de cariz público e privado. Neste sentido, tem vindo a abrir espaço a um crescente enfoque regional na saúde mental, nomeadamente ao nível da otimização de ações e de políticas promotoras de saúde psicológica, da valorização dos psicólo-gos como agentes e facilitadores de mudanças sociais e da dis-cussão, (des)construção e clarificação de temas correntes de saúde mental na sociedade e realidade regional.

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