I Evento Do Grupo Aberto Sandor Ferenczi - Textos Apresentados

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I Evento do Grupo Aberto Sándor Ferenczi “FERENCZI CONTEMPORÂNEO” TEXTOS APRESENTADOS Local: Escola de Psicanálise de Minas Gerais Rua Ceará, 310, Centro, Divinópolis – MG. Data: 02 de maio de 2005.

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Textos apresentados no I Evento do Grupo Aberto Sándor Ferenczi realizado em Divinópolis - MG, 2015.

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I Evento do Grupo Aberto Sndor Ferenczi FERENCZI CONTEMPORNEO TEXTOS APRESENTADOS Local: Escola de Psicanlise de Minas Gerais Rua Cear, 310, Centro, Divinpolis MG. Data: 02 de maio de 2005. UMA PALAVRA ESTRANHAMENTE EM DESUSO NA PSICANLISE. Hugo Leonardo Goes Bento1 A leitura atenta dos conhecidos artigos sobre tcnica, escritos por Freud entre 1911e1915,revela-nospontosfundamentaisdotratamentopsicanalticoqueo caracterizam como tal e orientam o praticante da Psicanlise em seu exerccio. De O uso da interpretao dos sonhos na Psicanlise (FREUD, 1911/2010) at Observaes sobre o amor de transferncia (FREUD, 1915/2010), encontramos a escrita freudiana organizandoconceitos,relacionando-oscomocotidianodaclnicaeestabelecendo diretrizes necessrias prtica psicanaltica.EmumdostextosquecompemosartigossobretcnicaOinciodo tratamento(FREUD,1913/2010),Freudclaroaoafirmarqueoprimeiroobjetivo dotratamentooestabelecimentodatransferncia,ouseja,aatualizaodeum determinado padro afetivo do analisante para com o analista e, tambm, a ligao do pacienteaotratamento(FREUD,1913/2010,p.187).Assim,nasequnciadotexto, encontramosFreudassegurandoaosseusleitoresquenopossvelo estabelecimento transferencial propcio prtica clnica se adotamos j no incio uma outra postura que no a de empatia (FREUD, 1913/2010, p.187). A postura emptica, ou a empatia, torna-se, ento, condio para a consolidao da transferncia analtica e, consequentemente, para o incio da interpretao. OtermoemalemoqueencontramosnoreferidotrechodeOinciodo tratamento(FREUD,1913/2010),traduzidoparaoportuguscomoempatia, Einfhlung,literalmentesentirdentroousentircom,foiutilizadoporFreuddoze vezes e o verbo einfhlen (empatizar) oito vezes em sua obra. O interessante trabalho redigido por Pigman (1995), Freud and the history of empathy, chama-nos a ateno parao fatode quenaversoStandardEditiondasobrascompletas deFreud overbo einfhlen no foi traduzido como empatizar em nenhum texto e, tambm, informa-

1 Psicanalista; psiclogo (CRP04/39401);mestrando em Psicologia pela Pontifcia Universidade Catlica deMinasGerais;bolsistademestradopelaFAPEMIG.Tel:(31)8717-3651.E-mail: [email protected] . nosdequedasdozeutilizaesfreudianasdotermoEinfhlung,apenastrsforam traduzidas como empatia. NotextoPsicologiadegrupoeanlisedoego(FREUD,1921/1996), encontramosumainstiganteafirmaofreudianasobreEinfhlung.Aodizerquea vinculaoemocionaldosmembrosdeumgrupofundamenta-senaidentificao destes com o lder e, tambm, de uns com os outros, Freud registra: Outra suspeitapode dizer-nos queestamos longede haver exaurido oproblemadaidentificaoequenosdefrontamos com oprocesso queapsicologiachamadeempatia*Einfhlung],oqual desempenhaomaiorpapelemnossoentendimentodoque inerentementeestranhoaonossoegonasoutraspessoas.(FREUD, 1921/1996, p.117-118) ______________ Umaoutrasuspeitanosdirqueestamosmuitolongedehaver esgotadooproblemadaidentificao,quenosachamosfrenteao processoqueapsicologiachamadeempatia,queparticipa enormementenacompreensodaquiloqueemoutraspessoas alheio ao nosso Eu. (FREUD, 1921/2011, p.50) A seguir, duas consideraes sobre Einfhlung e o trecho acima citado. I. FreudcaracterizaEinfhlung(empatia)comoprocesso.Diferentedeum objetivoencerradoemsimesmo,aempatia,naconcepofreudiana,umconjunto deaescontnuase/ouumasequnciadeoperaesquelevamaumdeterminado fim.Trata-sedeumdesenvolvimentogradativoquepossibilitaalcanarumameta especfica.Considerandoaetimologiadapalavraprocessoolatimprocedere ousamos: a empatia vai frente, em seu avano esclarece e permite viajar. II. Aoafirmarqueaempatiaoprocessoqueparticipaenormementena compreensodoqueestranhoaoEu,Freudsinalizaqualopontoemque Einfhlung possibilita-nos chegar: das Ichfremd. A leitura do trecho do texto de Freud nas duas verses acima citadas pode levar-nos ao entendimento de que a empatia o que nos permite entender o ego de outraspessoasestranhoans.Contudo,nopareceserestaaintenodoautor. Atentar-separaotermoemalemoutilizadoporFreudrevela-nosumaignorada preciosidade:Ichfremddizrespeitospartesinternasdeoutraspessoasqueso estranhas,ignoradasoudesconhecidasporseusprpriosegos(PIGMAN,1995. BOLOGNINI, 2008). O processo Einfhlung possibilita aos psicanalistas a percepo dos fragmentos das pessoas que so desconhecidos delas mesmas. _______________________________ Arara-vermelha;2entrevista:...esquisito.Noseibemquandoacontece.Mas, geralmente, essas crises vm um pouco antes da menstruao. No gosto de vermelho, nogostodesangue.(...)Setemumacoisaquemedi,eeunofalodissocom ningum,pensaroquantominhameapanhavadomaridodela.Elebebiamuito, erammuitosgritosepalavres.Elebatianela.Batiamuitonela.Eletiravasangue nela. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BOLOGNINI, S. A Empatia Psicanaltica. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2008. FREUD,S.OusodainterpretaodossonhosnaPsicanlise(1911).In:______.Obras CompletasObservaespsicanalticassobreumcasodeparanoiarelatadoem autobiografia(OcasoSchereber),Artigossobretcnicaeoutrostextos(1911-1913).TraduoenotasdePauloCsardeSouza.SoPaulo:CompanhiadasLetras, 2010. v.10. p.122-132. ______.Oinciodotratamento(1913).In:______.ObrasCompletasObservaes psicanalticassobreumcasodeparanoiarelatadoemautobiografia(Ocaso Schereber),Artigossobretcnicaeoutrostextos(1911-1913).Traduoenotasde Paulo Csar de Souza. So Paulo: Companhia das Letras, 2010. v.10. p.163-192. ______.Observaessobreoamordetransferncia(1915).In:______.Obras CompletasObservaespsicanalticassobreumcasodeparanoiarelatadoem autobiografia(OcasoSchereber),Artigossobretcnicaeoutrostextos(1911-1913).TraduoenotasdePauloCsardeSouza.SoPaulo:CompanhiadasLetras, 2010. v.10. p.210-228. ______.Psicologiadasmassaseanlisedoeu(1921).In:______.ObrasCompletas Psicologiadasmassaseoutrostextos(1920-1923).TraduoenotasdePauloCsar de Souza. So Paulo: Companhia das Letras, 2011. v.15. p.13-100. ______.Psicologiadegrupoeanlisedoego(1921).In:______.EdioStandard Brasileira das Obras Psicolgicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Editora Imago, 1996. v. XVIII. p.77-154. PIGMAN,G.W.Freudandthehistoryofempathy.InternationalJ.Psycho-Anal.,vol. 76, p.237-254, 1995. UM IMPASSE? Rodrigo Barbosa2 DotextoConfusodelnguaentreosadultoseacrianadeFerenczi (1933/2011), realo a questo da hipocrisia profissional.Ele comea o texto dizendo da importncia da origemexterior na formao do carteredaneurose,dizendo,apartirdesuaexperinciaclnica,queofator traumtico estava sendo injustamente negligenciado naqueles tempos. Ferenczi foi um analista muito atento s questes transferenciais: Chegueipoucoapoucoconvicodequeospacientespercebem commuitasutilezaosdesejos,astendncias,oshumores,as simpatiaseantipatiasdoanalista,mesmoquandoesteest inteiramente inconsciente disso. Em vez de contradizer o analista, de acus-lo de fracasso ou de cometer erros, os pacientes identificam-se com ele.(FERENCZI, 1933/2011, p. 113). PodemospensarqueissoteriarelaocomodizerdeLacanemAdireodo tratamento e os princpios de seu poder, que o analista paga com sua pessoa? Ferenczifaladaresistncia,quenoseriadesprezvel,adoanalista,oque tambmfoiditoporLacan.Ferencziapontaqueumaformaderesistnciaocorre quando o analista tem dificuldade em adivinhar as crticas endereadas a ele, a partir das associaes ou quando essas esto recalcadas ou reprimidas pelo paciente. Ferenczi vai ento dizer da importncia da anlise do analista, de at onde este foiemsuaanlise.Criticaaanlisedidtica.Nissojhumavanoconsidervelno movimentopsicanalticoatual.Eledizqueaanlisedidticaseriaumaanlise superficial,rpida,equedessemodoospacientes,aospoucos,estariammaisbem analisados que seus analistas:

2 Psicanalista. Contato: (31) 8483-1423. Pelomenos,apresentamsinaisdetalsuperioridade,masso incapazesdeexprimi-laverbalmente.Caemnumaextrema submisso,emconsequnciamanifestadaincapacidadeoudo medoemqueseencontramdenosdesagradarcomsuascrticas. (FERENCZI, 1933/2011, p. 113) Dizquegrandepartedacrticarecalcadapeloanalisandoemrelaoao analista diz respeito ao que ele chama de hipocrisia profissional do analista. Ele diz que essa hipocrisia, falsidade, falta de sinceridade do analista, faz com que se perca parte doacessoaomaterialinconscientedopaciente.Ferenczidizquequandooanalista capaz de admitir seus erros e de renunciar a eles e de autorizar as crticas do paciente, esse acaba adquirindo mais confiana no analista. Essaconfianaaquelealgoqueestabeleceocontrasteentreo presenteeumpassadoinsuportveletraumatognico.(FERENCZI, 1933/2011, p. 114) Duaspacientesquesofreramabusossexuaisemsuasinfncias,disseram quandocomearamacontardosabusos,queduranteocursodepsicologia,ouviram deumprofessorquecrianasquesoabusadasprovocamousocumplicesdo abusador. Elas disseram que isso fez com que se sentissem mais culpadas, chegando a impossibilitar que uma delas falasse disso, em uma anlise anterior. Freud explica isso dizendo que o eu lana mo de mecanismos de defesa para se manter afastado dos perigos, como o desprazer, fugindo da realidade e sacrificando assim a verdade, verdade do evento traumtico, realizando o recalque. Uma fora constitucional da pulso euma alterao desfavorvel do ego, adquirida em sua luta defensiva, no sentido de ele ser deslocado erestringido,soosfatoresprejudiciaiseficciadaanliseeque podem tornar interminvel sua durao. (FREUD, 1937/1996, p. 236) TambmemAnliseTerminveleInterminvel,falaqueoanalistadeveria apresentaralgumtipodesuperioridade,paraquepudesseagircomoummodeloou professorparaospacientes.Seriaessasuperioridadealgoquefariaresistnciana deduodascrticasdospacientesaoanalista?Seriaesteumpontodehipocrisia inconscientedeFreud,algoqueapontaparaonotrminodesuaanlise?Neste ponto ento Ferenczi teria tomado uma dianteira em relao anlise de seu analista? Comaperdadeacessoapartedematerialinconscientehentouma infinitazao da anlise. Freud citando Ferenczi: a anlise no um processo sem fim, mas um processo que pode receber um fim natural, com percia e pacincia suficientes por parte do analista (FREUD, 1937/1996, p. 264). A resistncia do analista ento impossibilitaria a tendncia natural da anlise de seencaminharparaseufim,sendoahipocrisiaprofissionaleafaltadepacincia resistncias. Freud diz: Ferenczidemonstraaindaoimportantepontodequeoxito dependemuitodeoanalistateraprendidoosuficientedeseus prprios erros e equvocos e de ter levado a melhor sobre os pontos fracos de sua prpria personalidade. (FREUD, 1937/1996, p.264) interessante notar que em seus textos sobre final de anlise, Freud questiona se realmente existe um trmino de anlise, enquanto Ferenczi diz de sua convico de que a anlise no um processo sem fim. Os dois dizem que anlise consome tempo no sendo prudente tentar abrevi-lo e da importncia do fator quantitativo e do fator externonoprocessodaanlise.ParaFreud(1937)aanlisespodevaler-sede quantidades de energia definidas e limitadas que tem de ser medidas contra as foras hostis. Para Ferenczi (1928): devemos relacionar essa translaborao, ou seja, o trabalho psquico a que o paciente se entrega com a ajuda do analista, com relao de forasentreorecalcadoearesistncia;portantoumfator puramente quantitativo. (Ferenczi, 1928/2011, p. 23) Freuddizdetrsfatoresquesodecisivosparaosucessoounodeuma anlise: a influncia dos traumas, a fora constitucional das pulses e as alteraes do eu.Paraelepoucosesabiasobreosprocessosdealteraodoeu,eosanalistas deveriamseperguntarmaissobreosobstculosquesecolocamnocaminhodacura pela anlise do que como se chega ela. Ferenczidizquequandofaltaaopacientecertabenevolncia,porpartedo analista,elefazexatamenteomesmodequandodainstalaodesuadoena,cai enfermo. Joaquim Lavarini (2012), em seu texto O Passe desde Freud e Ferenczi, diz: Devido a isso julgamos de grandeimportncia a retomada do ensino Ferenczianonomomentoemquepensamosnotrabalhodo dispositivodopasse,poisacreditamosqueFerencziteriao dispositivo do passe no s como uma lgica de combate aos efeitos de grupo, mas principalmente como uma interveno naquilo que ele achouporbemchamardehipocrisiadoanalista.(LAVARINI,2012, p.03) Poderamosdizerentoqueahipocrisiadoanalista,aintenodealgum analistaemsustentaracausaanalticadeumaformaquenopassassepela autorizaodesimesmoedealgunsoutros(LAVARINI,2012,p.03),enquantoalgo queaindaacontece,tambmenquantoumfenmenodegrupo,nomovimento psicanaltico,podeinterferirdentrodaanlisedeumanalisandoquefrequentao movimento, impossibilitando o seu trmino? Ferenczi em Transferncia e introjeo (1909/2011) diz: constatamosqueessatendnciaparaatransfernciaporpartedos psiconeurticosnosemanifestaapenasnombitodeuma psicanlise,nemunicamenteemrelaoaomdico,muitomaisdo que isso, a transferncia apresenta-se como um mecanismo psquico caractersticodaneuroseemgeral,quesemanifestaemtodasas circunstnciasdavidaeabrangeamaiorpartedasmanifestaes mrbidas. (FERENCZI, 1909/2011, p. 88) UmoutropacienteapsseuprimeirocontatocomumtextodeFreud,bem antesdeiniciarumaanlise,fezumsonho.Eleentocontaessesonhoparauma namorada e o foi analisando durante esse relato. Umapsicanalistadissecertavez,quandonumaconversasobrediscusso clnica,queseumanalistaqueapresentaumfragmentodesuaclnicajulgado, cobrado,diantedesuaprtica,eleteriacomoefeitoumenfraquecimentodesua anlise. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS FERENCZI, Sndor. Transferncia e introjeo (1909). In:______. Obras Completas. So Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011. v.I. p.87-123. ______. O problema do fim da anlise (1928). In:______. Obras Completas. So Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011. v. IV. p.17-27. ______.Confusodelnguaentreosadultoseacriana(1933).In:______.Obras Completas. So Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011. v. IV. p.111-135. FREUD,Sigmund.Anliseterminveleinterminvel(1937).In:______.Edio StandardBrasileiradasObrasPsicolgicasCompletasdeSigmundFreud.Riode Janeiro: Editora Imago, 1996. v. XXIII. p.225-270. LAVARINI,Joaquim.OpassedesdeFreudeFerenczi.2012.Trabalhoapresentadono Encontro do Grupo Aberto Sndor Ferenczi. Belo Horizonte: 2012. DO PR-FERIDO AO FINAL DA ANLISE Joaquim Lavarini3 Dossignificantesdasidentificaesenvolvidasnaminhatransfernciacom Ferenczienatransfernciaatravessadaemminhaprpriaanlise,colhe-seeste:o preferido,quecomosintomacompromissava-secomonoquerersaberdenada disso ao avalizar um tempo lgico anterior ferida da castrao. Ferenczi, o preferido de Freud.Asanlisesavanam,eopreferido,enquantosignificantedatransferncia, esvaziado, colocando em risco seu sintoma. Isso resulta do deparar-se em anlise com afaltadoOutroS().Ferenczi,enfim,dizaseuanalista,quedesejaquesuaanlise fosseaopara-almdoamor.Dessemomentodeconcluir,atransferncialivra-sedo embuste de positiva e possibilita a Ferenczi clamar pelo desejo do analista. Aparece a um analisando s voltas com o desejo do analista em posio de passador.No entando, Freud, como sabemos, teve l seus receios em despojar-se de uma autoridade a favor de um desejo. Vale a pena reportar que, na viagem ao novo mundo, FreudsenegaaatenderdemandadeJungparaqueele,Freud,tambmcolocasse um sonho prprio para ser escutado, posto que Jung havia acabado de contar um dele mesmo.Freudrecusaademandaejustificaessaatitudepeloreceiodaperdada autoridade.DaanlisedeFerenzcirestoualgonoanalisadoqueseinscreveucomo inacabado.Concluiu-se,assim,quenofunodoanalistadecidir-seporumfim nessahistriatransferencial.Coubeaoanalisandoconstruirumasadado aprisionamento numa demanda de amor.Assimsendo,noautorizar-sedesimesmo,Ferencziafirmaqueasanlises deveriam analisar at as ltimas consequncias. Sabemos ter sido Ferenzci o autor da segundaregrafundamentalparaapsicanlise,queafirmaanecessidadelgicada anlisedoanalista.Noaposterioridesuaanliseessaregraretificada,eelejfala abertamente da necessidade lgica do analista ir at o fim de sua anlise.

3 Psicanalista. Belo Horizonte MG. Contato: [email protected] . Ferenzci foi quem realmente colocou no centro da transmisso da psicanlise a questo do final de anlise. At ento era dito que um analista era aquele que deveria fazerumaanlise.Apretensodeumfinalirrefutvelnoseconfundecomumfinal idealizado, pois o ideal sugere o consenso, e o irrefutvel atesta um passe. Como nos disse Ferenczi, o melhor analista um paciente curado e conclui afirmando que um candidatoaanalistadeveemprimeirolugar,ficardoente,emseguidasercuradoe advertido.Disso,escutoemFerencziqueaexperinciapsicanaltica,desdequefundada, demandaumatransmissosempreatualizada,fazendocomqueaformaodo analista seja permanente. O que importa nesse contexto a postulao ferencziana de que o final das anlises fundamental para que a transmisso da psicanlise possa ser constante(desejodoanalista),eaformao,permanente(formaesdo inconsciente).Mesmoaoprivilegiaralgopeloqualsemprelutou,qualseja,aformaodo analista,Ferenczinoaceitaresumirosefeitosdeumaanliseformaodeum analista.Eleafirmavaqueaanlisetemqueterumcompromissoteraputicocomo sofrimento do paciente.Eaocolocaracoisaemprtica,comonosadvertiuLacan,Ferenzci,talhado pelo experimento analtico em si mesmo, foi quem afirmou de forma categrica que o territriodeumaanlise(setting)nofaziapartedoterritriodoEstado.Eaofinal, com veemncia tica, conclui que seu territrio analtico no pertencia nem mesmo ao estado freudiano. Disso resulta o que podemos traduzir por sua tcnica elastificada.Eaosuporesse territriodeartifcios fora doEstadolegal,Ferenzcichamoua atenoparaocomprometimentodoanalistanacuraqueeledirige.Assimsendo, tornou-se necessria uma poltica que articulasse nesse territrio mpar a estratgia e atticanalidacomosimpossveisqueFreudnomeou:impossvelgovernar, impossveleducar,impossvelanalisar.Permito-meaquicolocarnesseclculoum impossvel ferencziano que diria: impossvel se salvar.NosendoasleisdoEstadolegalasqueimperamnoterritrioanaltico,era necessrioaprofundarnotratamentodadoaoquechamareiaquideeconomia polticadogozo,queaeconomiaquedizdasperdas(sexualidade)edosganhos (mais-de-gozar) ocasionais em uma anlise.O tratamento dado a essa poltica designa tanto a formao do analista como a conclusodotratamento.Dessaartificialidade,distintadapassionalidade,surgeo princpio tico de que o analista dirige uma cura, e no a vida do paciente.OretornoaFerenzci,nosmoldesdoretornoaFreudpropostoporLacan (retorno ao sentido de Freud), nos levaria certamente a um retorno psicanlise. Essa seria uma direo lgica a partir da recomendao ferencziana de que o analista deve abster-sedahipocrisia(Lacanaseperguntarcomogarantirnoestarmosna impostura), para poder autorizar-se de si mesmo uma experincia indita e atualO preferido feriu-se. E o fim disse disso. Do incmodo de ser o desejado, sob o riscodofim,surgeodesejante.Nomaisnapassividadedoabusado,masnuma psicanlise ativa, tal qual a pulso de que se trata.