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I Fórum da Educação de Jovens e Adultos Região das Águas Roda de conversa nº 3: Matriz Curricular e Livro Didático para EJA Professora: Dinorá de Castro Gomes [email protected] Itumbiara Agosto de 2010

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I Fórum da Educação de Jovens e Adultos

Região das Águas

Roda de conversa nº 3:

Matriz Curricular

e Livro Didático para EJA

Professora: Dinorá de Castro Gomes

[email protected]

Itumbiara Agosto de 2010

A importância do ato de ler

Paulo Freire

A leitura do mundo precede a leiturada palavra, daí que a posterior leituradesta não possa prescindir dacontinuidade da leitura daquele.Linguagem e realidade se prendemdinamicamente.

Me parece interessante reafirmarque sempre vi a alfabetização deadultos como um ato político e um atode conhecimento, por isso mesmo, comoum ato criador.

Para mim seria impossível engajar-menum trabalho de memorização mecânicados ba-be-be-bo-bu, dos la-le-li-lo-lu.

Daí que também não pudesse reduzir aalfabetização ao ensino puro da palavra, dassílabas ou das letras. Ensino em cujoprocesso o alfabetizador fosse “enchendo”com suas palavras as cabeças supostamente“vazias” dos alfabetizandos.

Enquanto ato de conhecimento e atocriador, o processo da alfabetização tem,no alfabetizando, o seu sujeito.

O fato de ele necessitar da ajuda doeducador, como ocorre em qualquer relaçãopedagógica, não significa dever a ajuda doeducador anular a sua criatividade e a suaresponsabilidade na construção de umalinguagem escrita e na leitura destalinguagem.

A leitura do mundo precede sempre aleitura da palavra e a leitura desta implicaa continuidade da leitura daquele. Naproposta a que me referi acima, estemovimento do mundo à palavra e da palavraao mundo está sempre presente.

A leitura da palavra não é apenasprecedida pela leitura do mundo mas poruma certa forma de “escrevê-lo” ou de“reescrevê-lo”, quer dizer, detransformá-lo através de nossa práticaconsciente.

Este aspecto dinâmico é um dosaspectos centrais, para mim, do processode alfabetização.

Daí que sempre tenha insistido em que aspalavras com que organizar o programa daalfabetização deveriam vir do universovocabular dos grupos populares,expressando a sua real linguagem, os seusanseios, as suas inquietações, as suasreivindicações, os seus sonhos. Deveriamvir carregadas da significação da suaexperiência existencial e não da experiênciado educador.