I Mostra Ecofalante

116
mostra de cinema AMBIENTAL 2012 Ecofalante Environmental Film Festival

description

catálogo da mostra

Transcript of I Mostra Ecofalante

Page 1: I Mostra Ecofalante

1

mostr

a

decinema

AMBIENTAL

2012

Ecofalante Environmental Film Festival

Page 2: I Mostra Ecofalante
Page 3: I Mostra Ecofalante

315 a 22 . MARÇO . 2012

Ecofalante Environmental Film Festival

Page 4: I Mostra Ecofalante

É com grande satisfação que a AES Eletropaulo faz parte da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, um

projeto cultural e educativo que proporcionará reflexão sobre a responsabilidade de cada indiví-duo na conservação dos recursos naturais e o seu papel na busca de soluções e alternativas para o desenvolvimento sustentável.

O debate sobre as condições socioambientais do planeta Terra é muito importante para que adultos, jovens e crianças entendam que, com atitudes simples no dia a dia, podemos transformar o mundo e preservar a vida.

AES ELETROPAULO

It is with great pleasure that AES Eletropaulo is part of the Ecofalante Environmental Film Festival, a cultural and educational project that will provide a reflection regarding the responsibility of each individual in the conservation of natural resources and its role in finding solutions and alternatives for sustainable development.

The debate about social and environmental conditions on planet Earth is very important for adults, children and young people to understand that with simple daily actions, we can transform the world and preserve life.

AES ELETROPAULO

Page 5: I Mostra Ecofalante

5

O Programa de Cultura do Instituto Votorantim possui o papel de esti-mular projetos que promovam a

democratização cultural em suas diferentes manifestações artísticas.

A Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental é uma parceria de destaque do Instituto Votorantim, pois permite o acesso às questões socioambientais por meio de filmes, exposi-ções e debates. Criar espaços em que jovens e adultos possam aprender mais sobre o meio ambiente é contribuir para que o mundo evolua rumo à sustentabilidade.

INSTITUTO VOTORANTIM

The Culture Program of the Votorantim Institute has a role to play in encouraging projects for promoting cultural democratization in their different artistic expressions.

The Ecofalante Environmental Film Festival is an important partnership with the Votorantim Institute, as it allows access to social and environmental issues through movies, exhibitions and debates. Creating spaces where young people and adults can learn more about the environment is to help the world to evolve towards sustainability.

VOTORANTIM INSTITUTE

Page 6: I Mostra Ecofalante

sobre a mostraabout the festivalA Ecofalante, organização não governamental sem fins lucrati-vos, foi criada em 2003 pela ação de um grupo de educadores, comu-nicadores, cineastas e profissionais de diversas áreas do conhecimento com o objetivo de desenvolver pro-jetos que contribuíssem para a educação e para a divulgação de alternativas para o desenvolvimento sustentável. Dentro dessa proposta, esteve envolvida desde seu nasci-mento na realização de diversos projetos audiovisuais, que foram exibidos em instituições de ensino, festivais e televisões educativas.

Page 7: I Mostra Ecofalante

7

Ao longo dos anos, observou-se uma crescente necessidade, na cidade de São Paulo, de uma plata-forma ampla e forte para a exibição e difusão de produções audiovisuais com temáticas socioambi-entais. Importantes filmes, de cineastas reconheci-dos e premiados em todo mundo, não eram exibidos no Brasil, sequer nos festivais já existentes.

Nasceu, assim, a proposta de criar a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, que pretende chamar a aten-ção da população paulista para questões ambientais, de sustentabilidade, cidadania, governança, participação e políticas públicas. Com filmes de inegável qualidade, pro-porcionará debates enriquecedores sobre questões que interessam a toda população. 

Esta primeira edição da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental foi possível graças ao patrocínio da AES – Eletropaulo, do Instituto Votorantim e da White Martins, que investiram recursos através do Programa de Apoio à Cultura – ProAC do Governo do Estado São Paulo. Apoiaram ainda a iniciativa a Livraria Cultura, a Sabesp, o Museu da Imagem e do Som - MIS, o Instituto Akatu e  o Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental - PROCAM  da USP.

Ecofalante, a Non Governmental Organization, was established in 2003 through the action of a group of educators, communicators, filmmakers and professionals from several areas of knowledge in order to develop projects that contribute to education and information about alternatives for sustainable development. Within this proposal, it has been involved in the implementation of several audiovisual projects since its foundation, which were displayed in festivals, educational institutions and television.

Over the years, there has been observed a growing need in Sao Paulo of a broad and strong platform for viewing and distributing audiovisual products with social and environmental theme. Important movies from recognized and rewarded

filmmakers throughout the world, were not displayed in Brazil, even in the already existing festivals.

So it was born the proposal to create the Ecofalante Environmental Film Festival, that intends to call the attention of São Paulo´s population for environmental, sustainability, citizenship, governance, participation and public policy issues. With movies of undeniable quality, it will launch a lively debate on issues that matters to all people.

This first edition of the Ecofalante Environmental Film Festival was made possible by the sponsorship of the AES - Eletropaulo, the Votorantim Institute and White Martins, which have invested resources through the ProAC - Program for Support of Culture from the Sao Paulo State Government. It also supported the initiative: Livraria Cultura, Sabesp, MIS - Museum of Image and Sound, Akatu Institute and the PROCAM USP Graduate Program in Environmental Science.

Page 8: I Mostra Ecofalante

os filmesthe films

A Comissão de Seleção e a Curadoria da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental avalia-ram aproximadamente 120 filmes, nacionais e estrangeiros, documentários e ficções, de curta, média e longa-metragem. Os filmes analisados vieram em sua maioria já com o aval de impor-tantes festivais internacionais, como Sundance Film Festival (EUA),  International Film Festival Rotterdam (Holanda), International Documentary Film Festival Amsterdam (Holanda) e Toronto International Film Festival (Canadá); além dos principais festivais de temá-tica ambiental do mundo, como Washington DC Film Festival (EUA), Cinema Planeta (México), Planet in Focus (Canadá) e  Cinemambiente (Turim).

Os 27 filmes contemporâneos selecionados pela comissão e curadoria, que vão de obras consagradas pelo Oscar a cineastas em início de carreira, foram organizados em seis eixos temá-ticos: Ativismo, Povos e Lugares, Consumo, Energia, Água e Mudanças Climáticas, de modo a destacar as principais questões ambientais que vêm sendo tratadas pelo cinema contem-poarâneo e permitir um diálogo enriquecedor entre esses filmes. Representando 15 países espalhados em todos os continentes do mundo, as produções permitirão um olhar multifa-cetado sobre tais questões, permitindo uma diversidade de olhares que contribuirá para a formação e o debate ambiental do público brasileiro.

Já o Panorama Histórico mostrará como as questões ambientais vêm sendo tratadas pelo cinema ao longo das últimas décadas. Nesta primeira edição, optamos por concentrar esse

The Selection Committee and the Artistic Direction of the Ecofalante Environmental Film Festival analyzed approximately 120 movies, national and foreign, documentary and fiction, short, medium and feature length movies. The majority of the analyzed movies had already the endorsement of major international film festivals such as the Sundance Film Festival (USA), International Film Festival Rotterdam (Netherlands), International Documentary Film Festival Amsterdam (Netherlands) and Toronto International Film Festival (Canada), as well from the major festivals of the world on environmental theme, such as Washington DC Film Festival (USA), Cinema Planeta (Mexico), Planet in Focus (Canada) and Cinemambiente (Turin).

The 27 contemporary films selected by the committee and the artistic direction, ranging from established works accredited by Oscar, to filmmakers beginning their careers, were organized into six themes: Activism, People and Places, Consumer, Energy, Water and Climate Changes, in order to highlight the main environmental issues which are being showed by the contemporary movies and to allow an enriching dialogue with regard to them. Representing 15 countries, spread across all continents of the world, the productions will allow a multi-faceted view on these issues, allowing a diversity of views that contribute to the training and awareness of the Brazilian public

The Historical Panorama will show how environmental issues are being addressed by the cinema over the past decades. In this first edition, we chose to focus on the national scene – with the exception of the French movie The Gleaners & I, by

Page 9: I Mostra Ecofalante

9

panorama na produção nacional – à exceção do francês Os Catadores e Eu, de Agnès Varda. Entre os títulos programados estão Ecologia, de Leon Hirzsman, um dos primeiros documen-tários brasileiro a tratar do tema ambiental, além de obras de cineastas consagrados como Joaquim Pedro de Andrade, Jorge Furtado, Sérgio Bianchi, Francisco Ramalho Jr. e Reinaldo Volpato. Completam o panorama dois clássicos da cinematografia nacional: Iracema, Uma Transa Amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, e Serras da Desordem, de Andrea Tonacci.

O homenageado dessa primeira edição será Adrian Cowell, o maior documentarista da Amazônia, que ao longo de décadas reali-zou um levantamento histórico e inestimável da destruição da Floresta Amazônica; e que faleceu em 2011. Nascido na China, em 1934, começou a filmar no Brasil ainda nos anos 50, tendo sido companheiro dos irmãos Villas Bôas, Apoena Meirelles e Chico Mendes. Como homenagem a esse importante pioneiro do cinema ambiental no Brasil, a mostra exi-birá seu último filme, Batida na Floresta.

Por fim, apostando na importância da per-cepção crítica das novas gerações, quatro títulos infantis completam a seleção. Com essa ampla programação de 40 títulos, que será acompa-nhada por um ciclo de debates com cineastas e pesquisadores nacionais e internacionais, a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental acredita estar contribuindo não apenas para a difusão de importantes obras cinematográfi-cas, mas também para o enriquecimento das discussões, inevitáveis e inadiáveis, sobre sus-tentabilidade e meio ambiente no Brasil.

Agnès Varda. Among the titles scheduled we can see Ecologia, from Leon Hirzsman, one of the first Brazilian documentaries dealing with the environmental theme, and works of established filmmakers such as Joaquim Pedro de Andrade, Jorge Furtado, Sergio Bianchi, Francisco Ramalho Jr. and Reinaldo Volpato. Completing the panorama, two classics from Brazil’s cinematography: Iracema, Uma Transa Amazônica, from Jorge Bodansky and Orlando Senna, and Serras da Desordem, from Andrea Tonacci.

This first edition will pay homage to Adrian Cowell, the greatest Amazon documentarist, that for decades conducted a priceless and historical survey about the Amazon destruction and died in 2011. Born in China in 1934, he began filming in Brazil in the 50s and was a companion of Villas Boas brothers, Apoena Meirelles and Chico Mendes. As a tribute to this important environmental movie pioneer in Brazil, the festival will display his last movie, Batida na Floresta.

Finally, focusing on the importance of environmental awareness for the new generations, four titles for children complete the selection. With this broad lineup of 40 titles that will be followed by a series of debates with local and international filmmakers and researchers, the Ecofalante Environmental Film Festival believes to be contributing not only to the dissemination of important cinematic works, but also to enrich the inevitable and unavoidable discussions regarding sustainability and environment in Brazil.

Page 10: I Mostra Ecofalante

índiceindex

Page 11: I Mostra Ecofalante

1111

11 ativismo activism

23 povos e lugares people and places

35 consumo consumption

47 energia energy

59 água water

69 mudanças climáticas climate changes

79 homenagem tribute

87 panorama histórico historical panorama

97 mostra infantil children’s festival

103 programação programming

107 debatedores debaters

Page 12: I Mostra Ecofalante

The Cove

Page 13: I Mostra Ecofalante

ativismoactivism 13

ativismoactivism

Cinema e Ativismo

Claudio Yosida

Quais os limites para ações de pro-testo? Existem causas tão justas que ações em seu nome devam ser mais toleradas?

Ações de protesto em defesa do meio ambiente e outras causas ecológicas são comuns nos noti-ciários há um bom tempo. Quem não se lembra dos barcos do Greenpeace interceptando navios que caçavam baleias, ou então dos manifestan-tes que jogavam tinta nas pessoas que usavam casacos de pele? Ações como essas, mais do que um resultado prático de impedir a caça daquelas baleias ou estragar aquela roupa, serviam para chamar a atenção sobre o absurdo dessas ativida-des e despertar a consciência das pessoas para os problemas ligados ao meio ambiente e a preser-vação das espécies.

Desse primeiro momento até hoje em dia – em que os movimentos se multiplicaram, suas causas se transformaram e seus métodos se aperfeiçoaram – o mundo passou por muitas transformações. Graças às novas tecnologias, as informações estão cada vez mais democratiza-das, e isso permite maior participação popular, maior engajamento e uma nova consciência sobre os temas. Dentro desse novo contexto, ganha força um personagem que tem inúme-ras faces e causas, o ativista ambiental, e a sua versão radical, o ecoterrorista.

Para os dois, a atual crise do planeta não per-mite mais uma transição lenta e gradual dos padrões de consumo e exploração dos recur-sos naturais. Somente agindo de forma rápida e decisiva é que se conseguirá uma mudança de padrão: da insustentabilidade do atual modelo econômico e do nosso modo de vida à emergên-cia de uma sociedade sustentável.

Mas enquanto o ativismo compreende a formulação e execução de estratégias de ação política com vistas à mudança social por meio

Cinema and Activism

Claudio Yosida

What are the limits for protest ac-tions? Are there such fair causes so that actions on their behalf should be more tolerated?

Protest actions in defense of the environment and other ecological causes are common in the news for a long time. Who does not remember the Greenpeace ships intercepting ships hunting whales, or the protesters throwing paint on people wearing fur coats? Actions such as these, more than a practical outcome to stop whales hunting or spoil those clothes, served to draw attention to the absurdity of these activities and raise people aware-ness to the problems of environ-ment and preservation of species.

Page 14: I Mostra Ecofalante

de um conjunto de técnicas de comunicação, mobilização e intervenção direta não violenta – o ecoterrorismo adota práticas contra governos e empresas que prejudicam o meio ambiente. Exemplos disso são as sabotagens de equipa-mentos e os bloqueios de operações de empresas que cultivam transgênicos ou os ataques de gru-pos de proteção dos direitos dos animais a lojas que vendem roupas de pele e a laboratórios que usam animais em seus experimentos.

Em meio ao sucesso do filme Avatar, a revista Entertainment Weekly perguntou ao diretor James Cameron se o filme poderia ser usado como uma ferramenta para recrutar ecoterroristas. Cameron considerou essa uma boa leitura do filme e sentenciou: “Eu acredito no ecoterrorismo”.

Quando o filme de maior bilheteria de todos os tempos carrega dentro de si elementos que

From that first moment until today, when the movements have increased, its causes have changed and its methods have become refined - the world has gone through many transformations. Thanks to new technology, information is becoming more democratized, and this allows for greater participa-tion, greater engagement and a new awareness on these issues. Within this new context, a character who has many faces and causes has gaining strength, the environmental activist, and its radical version, the

eco-terrorist.For both, the current

crisis on the planet no longer allows a slow and gradual transition of consumption standards and exploitation of natural resources. Only by acting quickly and decisively is that it is possible to get a change in the pattern: from unsustainability of the

current economic model and our way of life to the emergency need of a sustainable society.

But while the activism includes the formulation and implementation of strategies of political action aimed at social change through a set of communication techniques, mobili-zation and non-violent direct action

- the eco terrorism adopts practices against governments and compa-nies that harm the environment. Examples of this are equipment sabotage and blocking operation of companies that grow GM crops or the attacks of groups protecting the rights of animals against stores that sell fur and to laboratories that use animals in their experiments.

Quando o filme de maior bilheteria de todos os tempos carrega dentro de si elementos que justificam e enaltecem o ativismo ambiental e o ecoterrorismo, isso mostra que o cinema entra firme nessa discussão e que o assunto e a abordagem tocam de alguma forma o grande público.

Page 15: I Mostra Ecofalante

ativismoactivism 15

justificam e enaltecem o ativismo ambiental e o ecoterrorismo, isso mostra que o cinema entra firme nessa discussão e que o assunto e a abor-dagem tocam de alguma forma o grande público.

Os filmes que serão apresentados durante a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental pos-suem essa capacidade de levantar questões e usar o poder do cinema documental para reve-lar o que somente poucos conhecem.

Em If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front, os diretores Sam Cullman e Marshall Curry contam a história de como Daniel McGowan, um jovem de classe média como tantos outros, se juntou à Earth Liberation Front (ELF) e cometeu vários atos contra empre-sas e corporações que exploravam a natureza. A grande questão é se os atos cometidos por ele podem ser considerados de ecoterrorismo ou se são crimes comuns. Para jogar uma luz sobre isso o filme conta várias ações nas quais Daniel participou e entre-vista outros ativistas da Earth Liberation Front.

Já em Blood in the Mobile, incomodado com a descoberta que seu telefone celular pode conter minérios que financiam e ali-mentam uma sangrenta guerra civil na República Democrática do Congo, o documentarista Frank Piasecki Poulsen resolve

Amid the success of the movie Avatar, the Entertainment Weekly magazine asked the director James Cameron if the movie could be used as a tool to recruit eco-terrorists. Cameron considered this a good reading of the movie and declared:

“I believe in eco terrorism”.When the highest grossing

movie of all time carries in itself elements that justify and praise the eco terrorism and environ-mental activism, this movie shows that the cinema enters firmly in this discussion and the subject approaches and touches in some way the general public.The movies that will be presented

at the Ecofalante Environmental Film Festival are able to raise ques-

tions and use the power of documen-tary movie to reveal what only few people know.

In the movie If a Tree Falls On: The Story of the Earth Liberation Front, the directors Marshall Curry and Sam Cullman tell the story of how Daniel McGowan, a middle class young man like many others, joined the Earth Libera-tion Front (ELF) and

made several actions against companies and corporations that exploited nature. The big question is whether the acts committed by him can be considered eco terror-ism or are common crimes. In or-der to shed light on this, the movie tells the various actions that Daniel participated in and interviews other

When the highest grossing movie of all time carries in itself elements that justify and praise the eco terror-ism and environmental activism, this movie shows that the cinema enters firmly in this discussion and the subject approach-es and touches in some way the general public.

Page 16: I Mostra Ecofalante

ir até a sede da empresa para esclarecer isso. Como não consegue respostas, ele decide ir à República Democrática do Congo para conferir se as denún-cias sobre o minério são verdadeiras.

Richard O’Barry foi o homem responsá-vel pelo treinamento dos golfinhos da série de tevê Flipper (1964). Graças à popularidade da série, golfinhos se tornaram as estrelas de inúmeros shows aquáticos pelo mundo. Mas, quando O’Barry viu um dos golfinhos da série se suicidar na sua frente, ele decidiu lutar pela libertação dos animais no mundo todo. The Cove mostra a ação que ele e a equipe do filme realizaram para expôr uma captura em massa de golfinhos que acontece anualmente no Japão.

Em The Warriors of Qiugang, acompanha-mos os moradores de uma pequena cidade no interior da China que se revoltam contra uma indústria química que contamina a água e o ar da região. Eles se organizam e tentam resol-ver a questão com a indústria, mas diante do descaso com que são tratados, eles partem em busca de outras soluções.

Por fim, Biùtiful cauntri apresenta a denúncia de um promotor que revela os mecanismos de uma atividade violenta que está causando mais mortes, pouco a pouco, que qual-quer outro fenômeno criminal. Por trás disso, usando cami-nhões e escavadoras em vez de pistolas, está uma Camorra de colarinho branco, desviando atividades empresariais e insti-tuições coniventes.

activists from the Earth Liberation Front.

In Blood in the Mobile, bothered by the discovery that his mobile phone can contain minerals that feed and finance a bloody civil war in the Democratic Republic of Congo, the documentarist Frank Pi-asecki Poulsen decides to go to the company headquarters to clarify this. Because he could not find

answers, he decides to go to the Democratic Republic of Congo to see if the allegations about the minerals are true.

Richard O’Barry was the man responsible for training the dol-phins in the TV series Flipper (1964). Thanks to the popularity of the series, dolphins have become the star of

many aquatic shows in the world. But when O’Barry saw one of the dolphins from the series commit-ting suicide in front of him, he decided to fight for the liberation of animals worldwide. The Cove shows the action that he and the

The Warriors of Qiugang

The movies that will be presented at the Eco-falante Environmental Film Festival are able to raise questions and use the power of documen-tary movie to reveal what only few people know.

Page 17: I Mostra Ecofalante

ativismoactivism 17

movie team carried out to expose a mass capture of dolphins that is held annually in Japan

In The Warriors of Qiugang, we fol-low the residents of a small town in the interior of China, who rebel against a chemical industry that contaminates water and air in the region. They organize themselves and try to solve the issue with the industry, but as they are neglected and treated with indifference, they go in search of other solutions.

Finally, Biùtiful cauntri shows a complaint of a promoter that reveals the mechanisms of a violent activity that is causing more deaths, little by little, than any other criminal action. Behind this phenomenon, using trucks and excavators instead of guns, there is a white collar Camorra, deviating business activities and complicit institutions.

The documentaries selected for the theme of activism have differ-ent and even contradictory views on this issue. They are movies that work with several subjects that are treated with equal passion. You can like or dislike the characters and their attitudes, you can also agree or disagree with what they stand for, but surely no one can ignore the skill with which the movies works those issues, whether they are the killing of dolphins in Japan, the exploitation of the electronics industry in Africa or the actions of eco-terrorists in the United States.

Claudio Yosida is a screenwriter and

movie critic graduated in the ECA-USP

Os documentários selecionados para a temá-tica de ativismo apresentam visões distintas e até contraditórias sobre essa questão. São fil-mes que trabalham assuntos bastante diversos entre si, mas que são tratados com igual paixão. Pode-se gostar ou não gostar dos personagens e suas atitudes, pode-se também concordar ou discordar do que eles defendem, mas com cer-teza não se pode ignorar a perícia com que os filmes trabalham os seus assuntos, seja o exter-mínio de golfinhos no Japão, a exploração da indústria de eletrônicos na África ou as ações de ecoterroristas nos Estados Unidos.

Claudio Yosida é roteirista e crítico de cinema,

formado em cinema pela ECA-USP.

Os filmes que serão apresentados durante a

Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental possuem essa

capacidade de levantar questões e usar o poder do cinema

documental para revelar o que somente poucos conhecem.

Page 18: I Mostra Ecofalante

Blood in the Moblie

Page 19: I Mostra Ecofalante

ativismoactivism 19

Blood in the Mobile Dinamarca / Denmark, 2010, 82’

Amamos nossos celulares e a possibilidade de escolher diferentes modelos nunca foi tão grande. Mas sua produção tem um lado sombrio e sangrento. Ao comprar os cha-mados “minerais de sangue” necessários para sua confecção, as fábricas de aparelhos celulares estão indiretamente financiando a guerra civil da República Democrática do Congo – que segundo organizações de direitos humanos tem sido o conflito mais sangrento desde a 2ª Guerra Mundial. A indústria mineradora ilegal é controlada por grupos armados. A guerra continuará en-quanto estes grupos conseguirem financiar sua vida militar com a venda destes minerais que acabam em nossos celulares.

We love our cell phones and the selection between different models has never been bigger. But the production of phones has a dark, bloody side. By buying so-called conflict minerals the phone companies are financing the civil war in DR Congo that, according to human rights organizations, has been the bloodiest conflict since World War II. The illegal mine industry is controlled by armed groups. The war will continue as long as armed groups can finance their warfare by selling minerals that end up in our phones.

DIREÇÃO DIRECTOR

Frank Piasecki Poulsen

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Adam Wallensten, Lars Skree, Frank Piasecki Poulsen

EDIÇÃO EDITOR

Mikael Kloster Ebbesen

Page 20: I Mostra Ecofalante

Biùtiful Cauntri Itália / Italy, 2008, 79’

Pastores que veem suas ovelhas morrerem contaminadas com dioxina. Um professor ambientalista que luta contra crimes am-bientais. Agricultores que cultivam terras

poluídas por depósitos de lixo existentes nas cercanias. Histórias, relatos e testemunhos

do massacre de uma terra. Estamos na Itália, na região da Campania, onde existem 1200

depósitos de lixo tóxico não autorizados. Por trás disso, usando caminhões e escavadoras

em vez de pistolas, está uma Camorra de colarinho branco, que se desviou para ativi-dades empresariais e cooptou instituições.

Denúncia feita por um juiz, que revela os mecanismos de uma atividade violenta que

está causando mais mortes, aos poucos, do que qualquer outro fenômeno criminal.

Sheep breeders who see their sheep die from dioxin. An environmental teacher who fights against environmental crimes. Farmers who

cultivate land polluted by the nearby dumps. Stories, reports and testimony of the massacre of

a land. We are in Italy, in the Campania region where there are 1200 unauthorised toxic waste

dumps. In the background, the Camorra business that uses lorries and mechanical diggers instead

of pistols. A Camorra with white collars, deviated entrepreneurial activity and colluded institutions, told by a judge who reveals the mechanisms of a violent activity that is causing more deaths, slow

in time, than any other criminal phenomenon.

DIREÇÃO DIRECTOR

Esmeralda Calabria, Andrea D’ambrosio

ROTEIRO WRITER

Esmeralda Calabria, Andrea D’ambrosio, Peppe Ruggiero

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Alessandro Abate

EDIÇÃO EDITOR

Esmeralda Calabria

Page 21: I Mostra Ecofalante

ativismoactivism 21

If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front EUA, Inglaterra / USA, England, 2011, 85’

Em dezembro de 2005, Daniel McGowan é preso por agentes federais em uma varre-dura nacional em busca de ambientalistas radicais envolvidos com o Earth Liberation Front – grupo que o FBI chamou de “ameaça número um de terrorismo doméstico dos EUA”. O filme explora o período tumultuado entre 1995 e 2001, quando ambientalistas estavam em confronto com madeireiras e a palavra “terrorismo” ainda não tinha o peso provocado pelo 11 de setembro. Parte uma fábula de uma nova era, parte um thriller de polícia e ladrão, o filme entrelaça a vida de Daniel em prisão domiciliar, esperando sua pena de prisão perpétua, com uma dramáti-ca retrospectiva dos eventos que levaram ao seu envolvimento com o grupo. No decorrer do filme são levantadas sérias questões sobre ambientalismo, ativismo e a maneira pela qual definimos terrorismo.

In December 2005, Daniel McGowan was arrested by Federal agents in a nationwide sweep of radical environmentalists involved with the Earth Liberation Front-- a group the FBI has called America’s “number one domestic terrorism threat”. If a Tree Falls explores the tumultuous period from 1995 until early 2001 when environmentalists were clashing with timber companies and the word “terrorism” had not yet been altered by 9/11. Part coming-of-age tale, part cops-and-robbers thriller, the film interweaves a vérité chronicle of Daniel on house arrest as he faces life in prison, with a dramatic recounting of the events that led to his involvement with the group. And along the way it asks hard questions about environmentalism, activism, and the way we define terrorism.

DIREÇÃO DIRECTOR

Marshall Curry, Sam Cullman

ROTEIRO WRITER

Marshall Curry, Matthew Hamachek

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Sam Cullman

EDIÇÃO EDITOR

Marshall Curry, Matthew Hamachek

Page 22: I Mostra Ecofalante

The Cove EUA / USA, 2009, 92’

Nos anos 60, Richard O’Barry era a autorida-de máxima mundial em treinamento de golfi-nhos, trabalhando no set do popular seriado

de televisão Flipper. Dia após dia, O’Barry mantinha os golfinhos trabalhando e a audi-

ência sorrindo. Até que um dia tudo aquilo se tornou uma tragédia. Esta é a incrível his-tória de como o diretor Psihoyos, O’Barry e

uma elite de ativistas, cineastas e mergulha-dores embarcaram em uma missão secreta para entrar em uma enseada escondida no

Japão, trazendo à tona um segredo sombrio e mortal. Os mistérios que eles desvendaram

eram somente a ponta do iceberg.

In the 1960’s, Richard O’Barry was the world’s leading authority on dolphin training, working

on the set of the popular television program Flipper. Day in and day out, O’Barry kept the

dolphins working and television audiences smiling. But one day, that all came to a tragic

end. The film ells the amazing true story of how the film director Psihoyos, O’Barry and an elite

team of activists, filmmakers and freedivers embarked on a covert mission to penetrate a hidden cove in Japan, shining light on a dark

and deadly secret. The mysteries they uncovered were only the tip of the iceberg.

DIREÇÃO DIRECTOR

Louie Psihoyos

ROTEIRO WRITER

Mark Monroe

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Brooke Aitken

EDIÇÃO EDITOR

Geoffrey Richman

Page 23: I Mostra Ecofalante

ativismoactivism 23

The Warriors of Qiugang EUA / USA, 2010, 39’

Em 2004, uma antiga fábrica de pesticidas e corantes próxima à vila de Qiugang, na China central, foi privatizada. Ao reiniciar sua produção, uma água negra escorreu das plantas e inundou os campos da pequena vila: peixes e plantações morreram, e os moradores ficaram alarmados pelo grande número de pessoas atingidas pelo câncer entre eles. Por cinco anos essa população lutou para transformar seu meio ambiente e, ao fazê-lo, percebeu que também estava se transformando.

In 2004, private chemical companies took over an old state-owned enterprise that had long produced pesticides and dyes in the village of Qiugang, in central China. As production ramped up, black waters disgorged from the plants and flooded the fields of Qiugang. Fish died, crops failed, and villagers grew alarmed by the large numbers of their own succumbing to cancer. For five years the villagers fight to transform their environment and as they do, they find themselves transformed as well.

DIREÇÃO DIRECTOR

Ruby Yang

ROTEIRO WRITER

Thomas Lennon

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Guan Xin

EDIÇÃO EDITOR

Ruby Yang

Page 24: I Mostra Ecofalante

Corumbiara

Page 25: I Mostra Ecofalante

povos e lugarespeople and places 25

povos elugarespeople and places

Globalização para quem?

Ladislau Dowbor

Quando meu pai nasceu, em 1900, éramos 1,5 bilhão de pessoas no pla-neta. Não faz tanto tempo assim. Hoje somos 7 bilhões, e a cada ano que passa mais 80 milhões, todos querendo consumir o máximo possí-vel. Venderam-nos até a ideia de que consumir o máximo possível é bom para nós, e bom para a economia em geral. O simpático comentário, de pensar que podemos aumentar o consumo sem limites neste pla-neta de dimensões bem limitadas, só pode ter sido pensado por um idiota, ou por um economista. O bom-senso está chegando.

Somos uma espécie vitoriosa. Conseguimos colocar todas as espécies a nosso serviço. As tec-nologias nos permitem extrair e transformar o petróleo, o ferro, o carvão, os recursos florestais. Nenhum peixe nos oceanos nos escapa. Nem as águas profundas nos lençóis freáticos nos esca-pam. Estamos conseguindo extrair tudo com grande rapidez e em volumes estonteantes. Como nós, espécie humana, estamos conse-guindo transtornar a vida do planeta, o clima, a própria geologia, a nossa era moderna – basi-camente nos últimos 250 anos – já é chamada de antropoceno, a era do domínio do antropos, homo sapiens, cuja sobrevivência hoje depende de sua capacidade de se tornar homo consciens.

O bom-senso chegou quando começamos a fazer as contas. Alertas do Clube de Roma, tão refutadas e no entanto tão presentes; o balanço da Agenda 21 em 1992; o balanço demográfico no Cairo em 1994; o balanço social mundial em Copenhague em 1996 e as Metas do Milênio

Globalization for whom? Ladislau Dowbor

When my father was born in 1900 we were 1.5 billion people on the planet. Not so long ago. Today we are 7 billion and every year 80 million more, all wanting to consume as much as possible. There was an idea sold to us that consuming as much as possible

Page 26: I Mostra Ecofalante

em 2001. A fronteira estatística se fechou, hoje sabemos o que se passa no planeta. Os Estados Unidos, por exemplo, têm um sistema com-plexo de acompanhamento do esgotamento de matérias-primas, que permite ver quantas reservas existem no país e em que ano cada recurso estará esgotado, assim como a quanti-ficação de reservas em outros países para saber onde precisarão buscar. Outros países segu-ramente estão fazendo cálculos semelhantes. Poucos estão pensando o óbvio: os recursos são finitos e a humanidade precisa sobreviver milê-nios para o futuro – retardar a sustentabilidade não é apenas absurdo, é criminoso.

A destruição do planeta está ocorrendo para satisfazer o consumo de minorias. Segundo o relatório de 2005 das Nações Unidas, “os 20% mais ricos se apropriam de três quar-tos da renda do mundo”. O resultado prático, na expressão elegante do Banco Mundial, é que quatro bilhões de pessoas “não têm acesso aos benefícios da globalização”. Pela ótica da FAO, temos um bilhão de pessoas que passam fome. Destas, segundo a Unicef, 180 milhões são crianças desnutridas, das quais entre 10 e 11 milhões morrem anualmente por não terem acesso a um copo de leite, a um pouco de água limpa. A realidade é que geramos no planeta uma situação trágica e explosiva. Não são ape-nas os árabes que querem uma primavera.

Os dois icebergs na rota do nosso Titanic pla-netário são, portanto, a destruição ambien-tal e a desigualdade. E a humanidade, como o Titanic, tem um pro-blema grande, que é a inércia: em 1859 foi

is good for us and good for the economy in general. The nice comment of thinking that we can increase consumption without limits on this planet of very limited dimensions can only have been created by an idiot, or an economist. Common sense is coming.

We are a successful species. We put all the species on our service. Technology allow us to extract and transform oil, iron, coal, forest resources. No fish in the oceans escapes us. Neither the deepest groundwater escapes. We are able to extract everything with great speed and dazzling volumes. The way we, human specimen, are able to disrupt life on the planet, climate, geology itself, our modern era - roughly the last 250 years - is already called the Anthropocene, the era of the anthropos, homo sapiens, domination, whose survival today depends on its ability to become homo consciens.

Common sense has come when we started doing the math. Alerts from the Club of Rome, so refuted and yet so present; the balance of

Agenda 21 in 1992; the demographic balance in Cairo in 1994; the Social World Balance in Copenhagen in 1996; and the Millennium Development Goals

in 2001. The statistical frontier is closed, we now know what is happening on the planet. The United States, for example, have a complex system of monitoring the depletion of raw materials, which allows one to view how many reservations are in the country

A destruição do planeta está ocorrendo para satisfazer o consumo de minorias.

Page 27: I Mostra Ecofalante

povos e lugarespeople and places 27

descoberto e compro-vado cientificamente, na Inglaterra, o efeito estufa gerado pela con-centração de dióxido de carbono na atmosfera. Foi preciso esperar até 1972, em Estocolmo, para convencer o mundo científico; até 1992, no Rio, para elaborar uma agenda do clima; e agora esperamos que em 2015 se decidam medidas a serem aplicadas a partir de 2020. Extrair petróleo e vender auto-móveis é rentável em curto prazo, e os agentes econômicos se organizam e se multiplicam rapidamente. Adotar medidas óbvias que nos protejam exige muito mais capacidade de organização e, sobretudo, um poder capaz de influenciar os agentes econômicos. A gover-nança, o processo decisório concreto sobre o uso dos nossos recursos, está no centro dos desafios.

O poder planetário se deslocou claramente, nas últimas décadas, das mãos dos gover-nos para as grandes corporações. Um balanço recente do prestigiado ETH de Zurich concluiu que 80% do controle do mundo corporativo planetário está nas mãos de 737 corporações,

and what year each resource will be exhausted, as well as the quantification of reserves in other countries so that the know where they as supposed to look for it. Other countries certainly are making similar calculations. Few people are thinking the obvious: resources are finite and humanity has to survive millennia into the future - slow sustainability is not only absurd, it is criminal.

The destruction of the planet is going to satisfy the consumption of minorities. According to the 2005 report of the United Nations, “the richest 20% get hold of three-quarters of world income.” The practical result, in the elegant

expression of the World Bank, is that four billion people “do not have access to the benefits of globalization.” From the perspective of

FAO, we have a billion hungry people. Of these, according to UNICEF, 180 million are malnourished children, of whom between 10 and 11 million die each year because they lack access to a glass of milk, a little clean water. The reality is that we generate on the planet a tragic and explosive situation. Not only are the Arabians who want a spring.

The two icebergs on the route of our planetary Titanic are, therefore, inequality and environmental destruction. And humanity, like the Titanic, has a big problem, which is inertia: in 1859 it was discovered and scientifically proven in Englandthe greenhouse effect generated by the concentration of

The destruction of the planet is going to satisfy the consumption of minorities.

Page 28: I Mostra Ecofalante

e que neste grupo retrito 147 corporações den-samente estruturadas (tightly-knit) controlam 40% do total. Destas, três quartos são grupos de intermediação financeira. Não é preciso recorrer a nenhuma teoria conspiratória para entender as raízes da crise financeira mundial, a facilidade com que foi sendo desmontado o marco jurídico que assegurava a estabilidade, a generalização das reduções de impostos sobre as grandes fortunas, e, em particular sobre o sistema financeiro, a fragilidade dos financia-mentos efetivamente úteis.

Se juntarmos o fato de que estamos des-truindo o planeta, de que o fazemos para manter privilégios de minorias, e de que os nossos recursos financeiros, em vez de servirem para enfrentar os desafios sociais e ambientais, são apropriados por especuladores, temos a dimen-são da mudança de rumos que se impõe.

Alternativas? São claras e amplamente conhecidas e divulgadas, por exemplo no Plano B 4.0 de Lester Brown, em manifestos políticos como de Stéphane Hessel, em inúmeros rela-tórios científicos. Temos os recursos, temos os conhecimentos, temos as tecnologias, sabemos organizar políticas sociais e ambientais, temos inclusive uma rede mundial de organizações da sociedade civil que já mostraram como as

carbon dioxide in the atmosphere. It took until 1972, in Stockholm, to convince the scientific world; until 1992, in Rio, to prepare an agenda of climate; and now, in 2015, we expect to decide measures to be implemented from 2020. Extracting oil and selling cars is profitable in the short term, and economic agents organize themselves and multiply rapidly. Adopting measures to protect us obvious requires far more capacity of organization and, above all, a power capable of influencing economic agents. Governance, the concrete process of decision making on the use of our resources is at the heart of the challenges.

The planetary power clearly shifted in recent decades, from the hands of governments to large corporations. A recent assessment of the prestigious ETH Zurich found that 80% of global corporate world are in the hands of 737 corporations, and that a restrict group of 147 heavily structured corporations (tightly-knit) control 40% of the total. Of these, three quarters are groups of financial intermediation. No need to use any conspiracy theory to understand the roots of the global financial crisis, the ease with which it was dismantled the legal framework that ensured stability, the generalization of reductions in taxes on large fortunes, and in particular about the financial system, the fragility of funding actually useful.

If we add the fact that we are destroying the planet, that we do that in order to maintain the privileges of minorities, and that our financial resources, rather

O poder planetário se deslocou claramente,

nas últimas décadas, das mãos dos governos para as grandes corporações.

Page 29: I Mostra Ecofalante

povos e lugarespeople and places 29

than serving to address the social and environmental challenges, are being appropriated by speculators, we can have the dimension of the change of direction that is needed.

Alternatives? They are clear and widely known and disclosed, for example, in Plan B 4.0, by Lester Brown, in political manifestos as Stéphane Hessel’s one, in numerous scientific reports. We have the resources, we have the knowledge, we have the technology, we know how to organize social and environmental policies, and we have even a worldwide network of civil society organizations that have already shown how innovative policies can be applied. A growing number of companies are bypassing the greenwashing and starting to change behavior. Many cities in the world are increasingly urban and are applying innovative policies, both environmentally and socially, creating community development banks to escape financial corporations, without waiting for central governments to renew their policies.

What is emerging, is actually a set of new forms of governance – political, urban, business, territorial – that presents a common denominator: the reorientation of our human capacity to create a decent world. Or as Paulo Freire said, “a less evil society”.

Ladislaus Dowbor is economics

and business administration professor

for graduate school at PUC-SP. For an

enlarged view of the subject treated here,

see “Crises and Opportunities in Times of

Change”, http://dowbor.org/09fsmt7por

tuguespositionpaperldfinal (2). Doc - site

http://dowbor.org

políticas inovadoras podem ser aplicadas. Um número crescente de empresas está ultrapas-sando o greenwashing e começando a mudar o comportamento. Inúmeras cidades neste mundo cada vez mais urbano estão aplicando políticas inovadoras, tanto em termos ambientais como sociais, criando bancos de desenvolvimento comunitário para escapar das corporações finan-ceiras, sem esperar que os governos centrais renovem as suas políticas.

O que está surgindo, na realidade, é um con-junto de novas formas de governança – política, urbana, empresarial, territorial – que apresenta um denominador comum: a reorientação das nos-sas capacidades humanas para criar um mundo decente. Ou como dizia Paulo Freire, “uma socie-dade menos malvada”.

Ladislau Dowbor é professor de economia e

administração na pós-graduação da PUC-SP. Para

uma visão ampliada do tema aqui tratado, ver “Crises

e Oportunidades em Tempos de Mudança”, http://

dowbor.org/09fsmt7portuguespositionpaperldfinal(2).

doc - site http://dowbor.org

The planetary power clearly shifted in recent

decades, from the hands of governments to large

corporations.

Page 30: I Mostra Ecofalante

DIREÇÃO DIRECTOR

Vít Klusák

ROTEIRO WRITER

Vít Klusák

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Jakub Halousek

EDIÇÃO EDITOR

Janka Vlcková

All for the Good of the

World and Nosovice

República Tcheca / Czech Republic, 2010, 82’

Retrato de uma vila tcheca onde, segundo os próprios moradores, um OVNI em forma de

uma quilométrica fábrica brilhante pousou: a coreana Hyundai. A vila, que era famosa por

seu chucrute e sua cerveja Radegast, de re-pente se transforma em uma zona industrial:

o maior investimento em terras verdes da história tcheca. Os cineastas retornam dois

anos após a dramática compra de terras, quando a fábrica havia iniciado a produção

de carros populares. Divertido e assustador, este filme, absurdo e politicamente engajado,

é sobre um campo que produz carros.

The film is a portrayal of a Czech village where – as the locals put it – an UFO has

landed in the form of a kilometer-long shiny factory: a Korean Hyundai automobile plant.

The village famous mostly for its sauerkraut and the Radegast beer, was thus turned into

an industrial zone – the largest greenfield investment project in Czech history. The

filmmakers return to Nosovice two years after the dramatic property buyouts, at the time when the factory has started churning out

cheap cars. Both playful and chilling, this is a politically engaged absurd flick about a field

that yields cars.

Page 31: I Mostra Ecofalante

povos e lugarespeople and places 31

Corumbiara Brasil / Brazil, 2009, 117’

Em 1985, o indigenista Marcelo Santos denuncia um massacre de índios na Gleba Corumbiara (RO), e Vincent Carelli filma o que resta das evidências. Bárbaro demais, o caso passa por fantasia, e cai no esque-cimento. Marcelo e sua equipe levam anos para encontrar os sobreviventes. Duas déca-das depois, o filme revela o resultado dessa busca e a versão dos índios...

In 1985, a daring worker of the Bureau of Indian Affairs in Brazil denounced a massacre in the lawless region of Corumbiara. The investigations turned to a series of Indian genocides in the area. Spanning 20 years, the film shows the search for proof and the version of the survivors, when they were finally found, hiding in the forest, terrified of white men...

DIREÇÃO DIRECTOR

Vincent Carelli

ROTEIRO WRITER

Vincent Carelli

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Vincent Carelli

EDIÇÃO EDITOR

Mari Corrêa

Page 32: I Mostra Ecofalante

Tchernobyl: une histoire

naturelle? França / France, 2010, 90’

Em 26 de abril de 1986 o reator nº 4 na usina Lenin, em Chernobyl, saiu de controle,

causando o que todos nós sabemos: uma contaminação radioativa, criando uma zona

de exclusão de 30 km de raio em torno da estação de energia. Nesta zona proibida, a

fauna e flora foram deixadas à própria sorte. O que aconteceu com essa vida selvagem

livre da pressão humana, mas imersa no “in-ferno” radioativo de Chernobyl? Para os cien-tistas, a zona proibida de Chernobyl tornou-

-se um laboratório ao ar livre tragicamente imprevisível, mas um grande laboratório. É

uma estranha terra sem humanos, onde geo-químicos, zoólogos e radioecologistas estão

fazendo descobertas desconcertantes.

On April 26th 1986, reactor # 4 at the Lenin power station in Chernobyl went out of control,

leading to the consequences we all know: radioactive fallouts contaminating huge pieces

of land, the creation of a 30-km-radius exclusion zone around the power station. In this now

forbidden zone, the wild fauna and flora were left to their fate. What happened to this wildlife,

freed from human pressure but immersed in the Chernobyl radioactive “hell”? For scientists,

the Chernobyl forbidden zone has become an open air laboratory, a tragically unforeseen

but huge laboratory. This is a strange no man’s land where geochemists, zoologists

and radioecologists are making disconcerting discoveries.

DIREÇÃO DIRECTOR

Luc Riolon

ROTEIRO WRITER

Antoine Bamas, Luc Riolon

Page 33: I Mostra Ecofalante

povos e lugarespeople and places 33

Tamboro Brasil / Brazil, 2009, 90’

Documentário que aborda as principais questões sociais e ambientais do Brasil. O desmatamento da Floresta Amazônica, a luta pelas terras no campo, a favelização e a criminalidade nos grandes centros urbanos são projetadas, formando um panorama quase muralista de nossa civi-lização. Do Monte Roraima aos Aparados da Serra, o filme percorre todo o Brasil nos revelando imagens surpreendentes de nosso país.

Documentary that covers the major social and environmental issues of Brazil. Deforestation of the Amazon rainforest, the struggle for land in the countryside, the transformation into shantytowns and the criminalizing in major urban centers are projected, forming a panorama almost muralist of our civilization. From Mount Roraima to Aparados da Serra, the film travels throughout Brazil revealing amazing images of our country.

DIREÇÃO DIRECTOR

Sergio Bernardes

ROTEIRO WRITER

Sergio Bernardes

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Lula Araújo

EDIÇÃO EDITOR

Sergio Bernardes, Joaquim Castro, Ana

Costa, Renato Martins, Alexandre Gwaz

Page 34: I Mostra Ecofalante

Overdrive: Istanbul in the New Millennium

Page 35: I Mostra Ecofalante

povos e lugarespeople and places 35

Overdrive: Istanbul in the New Millennium EUA / USA, 2011, 64’

A história da luta de Istambul para lidar com o crescimento populacional acelerado e de sua política centrada em carros, que tem do-minado o seu desenvolvimento nas últimas cinco décadas – questões que desafiam as megacidades em todo o mundo. Um poema de amor e uma investigação crítica, o filme explora o impacto das tendências globais em uma cidade com uma história única e com-plexa. Uma vez capital de um antigo império, agora uma movimentada megalópole moder-na, irá Istambul renovar-se mais uma vez ou irá sucumbir a motorização descontrolada e ao crescimento urbano?

The story of Istanbul’s struggle to come to terms with accelerated population growth and car-centric policies that have dominated its development in the last five decades – issues that are challenging megacities around the world. Both a love poem and a critical investigation, the film explores the impact of global trends on a city with a unique and complex history. Once an ancient imperial capital, now a bustling modern megalopolis, will Istanbul renew itself once again, or succumb to uncontrolled motorization and urban growth?

DIREÇÃO DIRECTOR

Aslihan Unaldi

ROTEIRO WRITER

Aslihan Unaldi

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Daniel Vecchione, Kathryn Westergaard

EDIÇÃO EDITOR

Etienne Kallos, Lesya Kalynska, Nicolas Martin

Page 36: I Mostra Ecofalante

Bag It!

Page 37: I Mostra Ecofalante

consumoconsumption 37

consumoconsumption

Cinema e sustentabilidade: provocações para o consumidor consciente

Helio Mattar

Segundo o relatório “Estado do Mundo-2010”, do Worldwatch Institute, pub-licado em português pelo Instituto Akatu, apenas uma pequena mino-ria de 16% da humanidade é respon-sável por 78% do total do consumo no mundo. Isso significa que pouco mais de um bilhão dos sete bilhões de habitantes do planeta se apropriam de quase quatro quintos do total do consumo, enquanto que os restantes seis bilhões de pessoas se apropriam de apenas um quinto deste total.

Além de social e economicamente injusto, esse quadro aponta que, se toda a população do planeta adotasse o padrão de produção e con-sumo daquela minoria de 16% da humanidade, precisaríamos de cerca de cinco planetas para suprir essa demanda. Não é preciso dizer que isso é uma impossibilidade prática, pois só temos um planeta!!! Para que uma mudança significativa no padrão de consumo seja pos-sível, é preciso que as pessoas tenham maior consciência sobre os impactos de seu consumo individual e coletivamente.

Quatro filmes da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental contribuem para a amplia-ção de consciência das pessoas sobre os impactos de seu consumo.

O filme The Light Bulb Conspiracy (2009), de Cosima Dannoritzer, aborda a questão da obsolescência programada, ou seja, de como os produtos muitas vezes são feitos para durarem pouco ou para rapidamente serem substituídos por um novo com uma pequena inovação. Trata de uma reflexão sobre as práticas empresariais

Cinema and Sustainability: provocations for the conscious consumer

Helio Mattar

According to the report “State of the World - 2010,” from the Worldwatch Institute, published in Portuguese by the Akatu Institute, only a small minority of 16% of humanity is responsible for 78% of total consumption in the world. That means little more than a billion of the seven billion inhabitants of planet appropriate nearly four fifths of the total consumption, while the other six

Page 38: I Mostra Ecofalante

billion people appropriate only a fifth of this total.

Besides being socially and economically unfair, this picture shows that, if the entire population of the planet adopts the pattern of production and consumption of that minority of 16% of humanity, we would need about five planets to supply that demand. It is not necessary to say that this is impossible to put into practice, because we only have one planet! For being possible a relevant change in the consumption standard, it is necessary that people have greater awareness of the impacts of their consumption individually and collectively.

Four movies from the Ecofalante Environmental Film Festival contribute to the expansion of people’s consciousness about the impacts of their consumption.

The movie The Light Bulb Conspiracy (2009), from Cosima Dannoritzer, addresses the programmed obsolescence, ie the products are often made to last a little bit and to be replaced by a new one with a small innovation. It is a reflection on the business practices in

contemporary capitalist society. But more importantly, it brings a highly relevant discussion on the daily consumption practices, indicating it is necessary a change in consumption standard, trying to replace products of rapid obsolescence with durable goods.

Durable items are used often and throughout their life; they are repaired, refurbished, receive

na sociedade capitalista contemporânea. Mas, mais importante que isso, traz uma discussão extremamente relevante sobre as práticas coti-dianas de consumo, apontando a necessidade de uma mudança no modelo de consumo, bus-cando substituir produtos de obsolescência rápida por produtos duráveis.

Itens duráveis são utilizados muitas vezes e, ao longo da sua vida útil, são consertados, refor-mados, recebem upgrades tecnológicos, sempre buscando preservar uma boa parte do produto para uso pelo maior período de tempo possí-vel. Com isso, diluem-se, ao longo do tempo, os impactos causados em seu processo de produ-ção e distribuição. E, naturalmente, reduzem a necessidade de extração de recursos naturais e uso de energia e de água para atender à mesma necessidade ou função.

Nesse processo de aumento da durabilidade, é possível modernizar o produto de forma a suprir a sua função da maneira mais eficiente possível, seja do ponto de vista do bem-estar do consumidor, seja do ponto de vista do uso de recursos naturais.

Os produtos muitas vezes são feitos para

durarem pouco ou para rapidamente

serem substituídos por um novo com uma pequena inovação.

Page 39: I Mostra Ecofalante

consumoconsumption 39

technological upgrades, always seeking to preserve a good part of the product to use for the longest period of time. Thus, it dilutes over the time the impact caused in its process of production and distribution. And, of course, it reduces the need for natural resource extraction and use of energy and water to meet the same need or function.

In the process of increasing the durability, it is possible to upgrade

the product so as to fulfill its function as efficiently as possible, whether under point of view of consumer well-being or under the point of view of the

natural resources usage.It is essential in this process the

focus on the welfare obtained by the performance of the product, generating greater consumer satisfaction with what we already have and reducing anxiety in buying a new product. Thus, it gives the product the status of an instrument of welfare, and avoids the consumption becomes an end in itself. As an added benefit, it avoids the excessive disposal of garbage, which is especially important given the difficulty of accommodating a volume of waste that does not stop growing.

The problems connected with the culture of disposable material also appear in the movie Bag It! (2009), from Suzan Beraza, which brings up the discussion about the plastic bags and the difficulties in abolishing them from our lives. More than just discuss alternatives to the little plastic bags, so frequently discussed

É essencial neste processo o foco no bem--estar obtido pelo desempenho do produto, gerando uma maior satisfação do consumidor com aquilo que já tem e reduzindo a ansiedade em comprar um produto novo. Desta forma, dá-se ao produto o status de instrumento de bem-estar e evita-se que o consumo se torne um fim em si mesmo. Como benefício adicio-nal, evita-se o descarte excessivo de lixo, que é especialmente importante, dada a dificuldade de acomodar um volume de resíduos que não para de crescer.

Os problemas ligados à cultura do descartá-vel também aparecem no filme Bag It! (2009), de Suzan Beraza, que traz à tona a discussão sobre as sacolas plásticas e a dificuldade em aboli-las de nossas vidas. Mais do que apenas discutir alternativas às sacolinhas, tão debatidas ultimamente, o filme vai atrás da sua história – como são produzidas, utilizadas e descartadas –, mostrando o que de fato pode auxiliar uma escolha mais consciente: conhecer, nos produ-tos que consumimos, os impactos causados ao indivíduo, à sociedade, à economia e ao meio ambiente ao longo de suas histórias. Ao conhe-cer tais impactos, criam-se melhores condições para escolhas mais informadas na compra, no

Products are often made to last a little bit and to

be replaced by a new one with a small innovation.

The Light Bulb Conspiracy

Page 40: I Mostra Ecofalante

uso e no descarte dos produtos, levando a esco-lhas com base na diminuição dos impactos negativos e aumento dos impactos positivos.

O filme Food, Inc. (2008), de Robert Kenner, vai atrás justamente da história dos alimentos industrializados consumidos pelos norte-ame-ricanos, buscando relacioná-la a alguns dos principais problemas de saúde pública vivi-dos pelos Estados Unidos atualmente. O filme denuncia os impactos negativos dos processos produtivos e a omissão das agências regulado-ras em relação a alguns desses impactos.

Aponta também para outra discussão: como o consumidor se relaciona com a sua comida? Ele conhece a origem dos alimentos? Leva este atributo em consideração nas suas esco-lhas cotidianas? A sociedade certamente seria mais sustentável se os consumidores conhe-cessem a origem dos alimentos, seus pro-cessos produtivos, os impactos destes pro-cessos e fizessem suas escolhas com base nes-tes impactos.

O filme identifica alguns dos impactos mais graves, inclusive sobre a saúde do consumidor. Faz pensar se aqueles que têm conhecimento de tais impactos – como é o caso dos executivos e funcionários das empresas produtoras – consomem os próprios produtos e os oferecem a seus filhos e netos...

Já o filme O Veneno Está na Mesa (2011), de Silvio Tendler, que também discute a produção de alimentos, concentra-se no caso brasileiro. Aborda a questão dos agrotóxicos e, com ela, traz a complexidade da escolha que um consu-midor mais consciente tem que fazer nos dias atuais. Certamente um modelo de consumo mais sustentável é um modelo de consumo baseado na utilização de matérias-primas e insu-mos não tóxicos ao invés de matérias-primas e insumos tóxicos. Mas, no caso dos agrotóxicos, quem julga a toxicidade e como garantir que este julgamento seja isento? E como garantir

nowadays, the movie goes behind its story - how they are produced, used and discarded - showing what can actually help to get a more conscious choice: to know, in the products we consume, the impacts caused to the individual, society, economy and environment throughout their history. By understanding these impacts, it creates better conditions for more informed choices in the purchase, use and disposal of products, leading to choices based on the reduction of negative impacts and increasing positive impacts.

The movie Food, Inc. (2008), from Robert Kenner, just look for the story of foods consumed by Americans, trying to relate it to some of the major public health problems experienced by the United States today. The movie exposes the negative impacts of production processes

Como o consumidor se relaciona com a sua comida? Ele conhece a origem dos alimentos? Leva este atributo em consideração nas suas escolhas cotidianas?

Page 41: I Mostra Ecofalante

consumoconsumption 41

and the failure of regulators toward some of these impacts.

It also points to another discussion: how is the relation of consumers with their food? Does he know the origins of the food? Do they take into account their attributes in their daily choices? Society would certainly be more sustainable if consumers knew the origin of food, its production processes, the impacts of these processes and make their choices based on these impacts.

The movie identifies some of the most serious impacts, including on consumer health. It makes you wonder if those who have knowledge of such impacts – as it is the case of officers and employees of manufacturing companies - consume their own products and offer them to their children and grandchildren.

The movie O Veneno Está na Mesa (2011), from Silvio Tendler, also discusses food production, focused on the Brazilian case. It addresses the issue of pesticides and raises the complexity of the choice that a consumer has to make more conscious these days. Certainly a more sustainable standard of consumption is a consumer model based on the use of non-toxic raw materials rather than toxic ones. But in the case of pesticides, who is supposed to judge the toxicity and how to ensure that this judgment is really exempt? And how to ensure the production and distribution of food on the scale needed for the entire world’s population, currently at seven billion, without the use of pesticides?

a produção e distribuição de alimentos na escala necessária para toda a população do mundo, hoje em sete bilhões, sem o uso de defensivos agrícolas?

Não se pode esquecer que mesmo os pro-dutos orgânicos, se tiverem uma produção mal manejada, poderão causar problemas sérios à saúde do consumidor, como ocor-reu recentemente na Europa. Além disso, existem dúvidas se existe a possibilidade de produção orgânica em escala suficiente para alimentar toda a humanidade, embora já existam algumas indicações de que isso é possível. De outro lado, as empresas de produtos químicos vêm também fazendo esforços para reduzir o impacto tóxico de seus artigos, além de preocuparem-se em garantir um manejo correto dos mesmos, de modo a não causarem um excesso de impac-tos negativos à saúde do consumidor e do trabalhador no campo.

A provocação colocada pelos quatro fil-mes é quanto ao papel das pessoas comuns, consumidoras, na transformação destas reali-

dades. O consumidor mais consciente pode reavaliar seus hábi-tos cotidianos e suas necessidades de con-sumo alterando a compra, o uso e o des-carte dos produtos

How is the relation of consumers with their

food? Does he know the origins of the food?

Food, Inc.

Page 42: I Mostra Ecofalante

We cannot forget that even organic products, if they have a badly managed production, can cause serious problems for the consumer health, as occurred recently in Europe. In addition, there are doubts whether there is the possibility of organic production on a scale sufficient to feed all of humanity, though there are some indications that this is possible. On the other hand, the chemical companies are also making efforts to reduce the toxic impact of their products, and are concerned to ensure a proper handling of them, in order not to cause excessive negative impacts on consumer’s health and workers in the field.

The provocation raised by these four films is about the role of ordinary people, consumers, with regard to the changes of these realities. The more conscious consumers may reevaluate their daily habits and needs of consumption changing the purchase, use and disposal of products.

The four movies mentioned here have a major role in denouncing problems, some of them of greatest severity, in relation to food and packing. It should serve for companies mobilization to change their practices; to governments to act more strongly in the regulations and inspection as well as in public policy development and improvement of legislation; to social organizations to press the governments in this direction and at the same time collaborate on consumer awareness and transparency of available information in order

adquiridos. Os quatro filmes aqui mencionados têm

um papel da maior importância ao denunciar problemas, alguns deles da maior gravidade, em relação aos alimentos e embalagens. Que sirvam de mobilização para que as empresas mudem as suas práticas; para que os governos atuem mais fortemente na regulamentação e fiscalização, no desenvolvimento de políticas públicas e aprimoramento da legislação; para que as organizações sociais pressionem os governos nessa direção e, ao mesmo tempo, colaborem na conscientização do consumidor e na transparência das informações disponí-veis para que as escolhas de consumo possam ser as melhores possíveis; e para que o consu-midor tome consciência da complexa realidade e se envolva, diretamente, para pressionar empresas e governos a trabalhar com as orga-nizações da sociedade civil na direção de uma transparência crescente quanto aos impactos individuais, sociais e ambientais dos produtos disponibilizados no mercado.

Finalmente, mas não menos importante, que as escolas utilizem esses filmes para provocar o debate dos temas neles contidos, incorporando

O consumidor mais consciente pode reavaliar seus hábitos

cotidianos e suas necessidades de consumo alterando a

compra, o uso e o descarte dos produtos adquiridos.

Page 43: I Mostra Ecofalante

consumoconsumption 43

nas diversas matérias do currículo escolar, especialmente no ensino fundamental II e no ensino médio, os elementos de consumo cons-ciente e de sustentabilidade que transformem o estudante de hoje no consumidor consciente do futuro.

Helio Mattar é doutor em Engenharia Industrial

pela Universidade de Stanford (EUA), idealizador,

cofundador e diretor-presidente do Instituto Akatu pelo

Consumo Consciente. Foi cofundador do Instituto Ethos

de Empresas e Responsabilidade Social, e atualmente é

membro do conselho da organização.

that the consumer choices may be the best possible and the consumer can be aware of the complex reality and engage directly to pressure companies and governments working with civil society organizations towards increased transparency with regard to individual, social and environmental impact of the products available on the market.

Last but not least it is important to assure that schools use these movies to feed discussion of the issues contained therein, incorporating in the various areas of the curriculum, especially in elementary school and high school, the elements of conscious consumption and sustainability to transform today´s student in the conscious consumer of the future.

Helio Mattar holds a PhD in Indus-

trial Engineering from Stanford University

(USA), creator, founder and CEO of the

Akatu Institute for Conscious Consump-

tion. He was co-founder of the Ethos

Institute for Business and Social Responsi-

bility, and is currently a board member of

this organization.

O Veneno Está na Mesa

The more conscious consumers may reevaluate their daily habits

and needs of consumption changing the purchase, use and

disposal of products.

Page 44: I Mostra Ecofalante

Food, Inc.EUA / USA, 2008, 94’

O quanto nós realmente sabemos sobre a comida que compramos nos supermercados

e servimos para nossas famílias? Robert Kenner nos leva em uma visita pelo interior

da indústria alimentícia dos Estados Uni-dos, expondo todos os arriscados processos industriais que são escondidos do consumi-dor norte-americano com o consentimento

do governo. O documentário revela verdades chocantes sobre a comida norte-americana e como ela é processada, os custos à saúde e como esta onda de mudanças está se espa-

lhando pela indústria alimentícia global.

How much do we really know about the food we buy at our local supermarkets and serve to

our families? Robert Kenner lifts the veil on the food industry, exposing the highly mechanized

underbelly that’s been hidden from the consumer with the consent of the government.

The documentary reveals surprising – and often shocking truths – about what we eat and how

it’s produced, what the cost to our health is, and how this wave of change is sweeping across

the global food industry.

DIREÇÃO DIRECTOR

Robert Kenner

ROTEIRO WRITER

Robert Kenner, Elise Pearlstein, Kim Roberts

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Richard Pearce

EDIÇÃO EDITOR

Kim Roberts

Page 45: I Mostra Ecofalante

consumoconsumption 45

Bag It! EUA / USA, 2010, 74’

Tente viver um dia sem plástico. O plástico está em todos os lugares e invade nossas vidas de maneiras inimagináveis e assus-tadoras. Neste descontraído e ao mesmo tempo tocante documentário, seguimos um homem comum, Jeb Berrier, embarcando em uma turnê global para desmascarar as complexidades do nosso mundo plastificado. O que começa como um filme sobre sacolas plásticas se torna uma investigação sobre os efeitos do plástico em nossos rios, oceanos e até em nossos corpos. Vemos como nosso mundo “louco por plástico” nos capturou, e o que podemos fazer em relação a isso. Hoje. Agora.

Try going a day without plastic. Plastic is everywhere and infiltrates our lives in unimaginable and frightening ways. In this touching and often flat-out-funny film, we follow “everyman” Jeb Berrier, who is admittedly not a tree hugger, as he embarks on a global tour to unravel the complexities of our plastic world. What starts as a film about plastic bags evolves into a wholesale investigation into plastic and its effect on our waterways, oceans, and even our own bodies. We see how our crazy-for-plastic world has finally caught up to us and what we can do about it. Today. Right now.

DIREÇÃO DIRECTOR

Suzan Beraza

ROTEIRO WRITER

Michelle Curry Wright

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Leigh Reagan

EDIÇÃO EDITOR

Casey Nay, Suzan Beraza

Page 46: I Mostra Ecofalante

The Light Bulb Conspiracy

Espanha, França / Spain, France, 2009, 75’

Uma lâmpada que dura para sempre real-mente existe? Como um chip pode “matar” um produto? Por que milhões de computa-

dores são enviados pelo mundo para depois acabarem sendo jogados no lixo em vez de

consertados? A obsolescência programada é um mecanismo que provoca o encurtamento da vida de um produto para garantir uma de-manda contínua, está no âmago da socieda-de de consumo e ameaça inundar o planeta

com uma crescente onda de desperdício. O filme investiga se a economia moderna

conseguiria se sustentar sem a obsolescên-cia programada e como uma nova geração

de empresários está tentando fazer a própria obsolescência ser obsoleta, para salvar a

economia – e o planeta.

Does the ever-lasting light bulb really exist? How can a computer chip ‘kill’ a product? Why

are millions of computers being shipped round the world to be dumped rather than repaired?

Planned Obsolescence is a mechanism that deliberates the shortening of product life to

guarantee consumer demand, it is at the heart of the modern consumer society and

threatening to drown the planet in an ever-increasing flood of waste. The film investigates

if the modern economy can sustain itself without Planned Obsolescence and how a new

generation of businessmen is trying to make Planned Obsolescence itself obsolete, to save

the economy – and the planet.

DIREÇÃO DIRECTOR

Cosima Dannoritzer

ROTEIRO WRITER

Cosima Dannoritzer

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Marc Martínez Sarrado

EDIÇÃO EDITOR

Georgia Wyss

Page 47: I Mostra Ecofalante

consumoconsumption 47

O Veneno Está na Mesa Brasil / Brazil, 2011, 49’

O Brasil é, desde 2008, o país que mais con-some agrotóxicos no planeta! Muitos desses herbicidas, fungicidas e pesticidas que utilizamos estão proibidos em quase todo o mundo pelo risco que representam à saúde humana e ambiental. O perigo é tanto para os trabalhadores que manipulam os venenos quanto para a população do campo e das cidades que consomem os produtos agrí-colas com agrotóxicos. Só quem lucra com isso são as transnacionais fabricantes dos venenos. A ideia do filme é mostrar como estamos nos alimentando mal por conta de um modelo agrário perverso, baseado no agronegócio. É tempo de mudar!

Brazil is, since 2008, the biggest pesticide consumer country on the planet! Many of these herbicides, fungicides and pesticides we consume are prohibited almost everywhere in the world for the risk they poison human health and the environment. The danger is for the workers, who handle the poisons, and for the entire population of the countryside and cities, which consume agricultural products with pesticides. Only those who profit from this are the transnational manufacturers of poisons. The idea of the film is to show how we are eating poorly due to a perverse agricultural model, based on agribusiness. It is time for change!

DIREÇÃO DIRECTOR

Silvio Tendler

ROTEIRO WRITER

Silvio Tendler

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Aline Sasahara

EDIÇÃO EDITOR

Paulo Sacramento e Kaio Almeida

Page 48: I Mostra Ecofalante

Crude

Page 49: I Mostra Ecofalante

energiaenergy 49

energiaenergy

Energia, Sustentabilidade e Democracia

Oswaldo Lucon

Obter energia de qualidade e com con-fiabilidade é um dos grandes desafios que a humanidade sempre enfren-tou historicamente. Precisamos de energia para obter alimentos, deslo-carmo-nos, comunicamo-nos ilumi-nar, aquecer, produzirmos os bens e serviços que necessitamos. A ener-gia, contudo, nem sempre está dis-ponível. Padrões de consumo variam consideravelmente segundo con-dições locais, econômicas, sociais e culturais. Os recursos naturais não estão igualmente distribuídos e há muito desperdício em toda a cadeia produtiva e de consumo.

Mais de 80% da produção de energia mun-dial se baseia em combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás – que são poluentes e localizados em zonas geopoliticamente instáveis. Cerca de 6% da energia primária vem de usinas nuclea-res, cuja segurança contra acidentes é bastante questionável, cujos rejeitos precisam ser estoca-dos por centenas de anos e cuja tecnologia pode levar à proliferação de armamentos. Outros 2% vêm de usinas hidrelétricas, que produ-zem energia de forma renovável, porém em muitos casos localizam-se em áreas sensíveis em termos de patrimônio ambiental, cultural, arqueológico e social.

A globalização da economia, a expansão da comunicação e a evolução dos arranjos legais e institucionais alertam para as questões de equi-dade e de sustentabilidade. No primeiro caso, para a área de energia temos desafios como a

Energy, Sustainability and Democracy

Oswaldo Lucon

Getting power with quality and reliability is one of the major challenges that humanity has always faced historically. We need energy to have food, to move ourselves, to communicate to each other, to get light, to heat, to produce goods and services we need. The energy, however, is not always available. Consumption standards vary considerably depending on local, economical, social and cultural conditions. Natural resources are not evenly distributed and there is much waste in the entire chain of production and consumption. Over 80% of world energy production is based on fossil fuels – coal, oil and gas – which are unclean and located in geopolitically unstable

Page 50: I Mostra Ecofalante

universalização do acesso e o direito de todos a um nível mínimo de consumo de ener-gia de qualidade. No segundo, a minimização dos impactos ambientais e sociais em todo o ciclo de vida energético: comissionamento do sistema produtivo (usinas, por exemplo), pro-dução, transmissão, distribuição, uso final, gerenciamento de rejeitos e descomissio-namento. Em ambos, trata-se de um direito também de todas as gerações que estão por vir, conforme bem enunciado no relatório “Nosso Futuro Comum”, de 1987.

Além dos conflitos baseados em questões de segurança no suprimento de energia, outros problemas presentes nos dias de hoje têm ori-gem nos diversos limites planetários para suprir a crescente demanda: aquecimento glo-bal, capacidade de suportar a poluição, escassez de água doce, perda de biodiversidade. A busca por esses recursos induz à exploração de regi-ões ecologicamente sensíveis, ao deslocamento e extinção de populações tradicionais, à migra-ções forçadas por questões extremas como conflito e clima. Em meio a esse debate, cer-tamente cabe considerar alternativas – mais democráticas e hoje já bastante competitivas: a eficiência energética e o desenvolvimento ace-lerado de novas fontes renováveis, como eólica, solar, pequenas hidros e biomassa.

Os filmes aqui brevemente analisados se inserem nesse contexto, particularmente atra-vés da visão dos diretamente atingidos por grandes projetos de energia. São importantes questionamento para o Brasil, cujo projeto de

areas. About 6% of primary energy comes from nuclear power plants whose safety is highly questionable, whose waste must be stored for hundreds of years and whose technology could lead to weapons proliferation. Another 2% comes from hydroelectric plants, which produce energy from renewable form, but in many cases are located in sensitive areas in terms of environmental, cultural, archaeological and social heritage.

The economy globalization, the expansion of communication and the evolution of legal and institutional arrangements warn on the equity issues and sustainability. In the first case, in the energy field, we have challenges such as universal access and the right of everyone to a minimum level of consumption of energy with quality. In the second case, the minimization of environmental and social impacts throughout the energy life cycle: commissioning of the production system (power plants, for example), production, transmission, distribution, end use, waste management and decommissioning. In both, it is also a right of all generations to come, as well enunciated in the report “Our Common Future”, 1987.

In addition to the conflict based on security of energy supply issues, other problems present today have their origins in different planetary limits to meet the growing demand: global warming, ability to withstand pollution, freshwater shortages and loss of biodiversity. The search for these resources leads to the exploitation of ecologically sensitive regions, the displacement and extinction

A busca por recursos induz à exploração de regiões

ecologicamente sensíveis, ao deslocamento e extinção de populações tradicionais,

à migrações forçadas por questões extremas como

conflito e clima.

Page 51: I Mostra Ecofalante

energiaenergy 51

futuro parece não ir além da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos.

Into Eternity, dirigido por Michael Madsen, trata da questão nuclear de uma forma bastante franca. A dificuldade que existe em se tratarem e estocarem os rejeitos é um problema que afeta também o Brasil, que recentemente concedeu licença ambiental à Usina de Angra III, exi-gindo como condicionante o estabelecimento de um depósito definitivo de rejeitos, algo que não existe ainda em lugar nenhum do mundo. Na Finlândia, o primeiro depósito permanente do mundo está sendo cavado em uma rocha sólida – um gigantesco sistema de túneis sub-terrâneos – que precisará ter a durabilidade de 100 mil anos, pois este é o tempo que os resí-duos permanecem perigosos.

Em seguida, temos Crude, de Joe Berlinger. O filme exemplifica um conflito ocorrido na Floresta Amazônica equatoriana entre 30 mil indígenas e a gigante petrolífera Chevron. O caso, conhecido como a Chernobyl Amazônica, trata do despejo de 18 bilhões de galões de

of traditional populations, the forced migration related to extreme issues such as conflicts and weather. Amidst this debate, one must consider alternatives - more democratic and now very competitive: energy efficiency and accelerated development of new renewable sources like wind, solar, small hydro and biomass.

The movies briefly analyzed here fall within that context, particularly through the vision of those directly affected by large energy projects. These are important questions for Brazil, whose project for the future does not seem to go beyond the World Cup and Olympic Games.

Into Eternity, directed by Michael Madsen, looks into the nuclear issue in a very sincere way. The difficulty to treat and to stock the waste is a problem that also affects Brazil, which recently granted environmental allowance to the Plant of Angra III, requiring as a condition statement establishment of a final disposal of waste, something that does not exists anywhere in the world. In Finland, the first permanent deposit in the world is being dug in a solid rock – a huge underground tunnel system – which must have the durability of 100,000 years, since this is the time that waste remains hazardous.

Then, there is Crude, from Joe Berlinger. The movie exemplifies a conflict occurred in the Ecuadorian Amazon rainforest between 30.000 Indian and the oil giant Chevron. The case, known as the Amazonian Chernobyl, is about the dumping of 18 billion gallons of toxic oil waste. The movie led to a legal battle between the company and Berlinger, who respectively claimed defamation

The search for resources leads to the exploitation of ecologically sensitive

regions, the displacement and extinction of

traditional populations, the forced migration

related to extreme issues such as conflicts and

weather.

Page 52: I Mostra Ecofalante

detritos tóxicos de petróleo. O filme levou a uma batalha legal entre a empresa e Berlinger, que alegaram respectivamente difamação e liber-dade de expressão. Muito além do petróleo e muito além do Equador, o caso exposto em Crude questiona a transparência nas informações e o ativismo da sociedade civil, hoje bastante carente de jovens lideranças. O filme lembra até certo ponto o recente caso do enxofre no óleo diesel brasileiro e os recentes vazamentos de petróleo na região do pré-sal, que mostraram como falta informação à sociedade sobre os impactos desse custoso empreendimento.

Ainda na linha das fontes fósseis, Gasland, de Josh Fox, trata de um assunto bastante atual: a extração de gás natural de forma não conven-cional, através do bombeamento subterrâneo de água com produtos químicos tóxicos. O canto da sereia da segurança energética e dos pagamentos a proprietários de terras logo se torna um pesadelo, quando os impactos sobre a saúde e o ambiente se evidenciam. A produ-ção doméstica de gás com a tecnologia fracking é frequentemente anunciada na mídia norte--americana como a solução para os problemas de segurança energética do país. Tendo como uma das cenas mais polêmicas a água de uma torneira pegando fogo, o filme foi questio-nado pelas autoridades ambientais do estado do Colorado. Uma reflexão para o contexto brasileiro está na proteção de nossas águas sub-terrâneas, ainda abundantes porém bastante vulneráveis a contaminações.

and freedom of expression. Far beyond oil and beyond Ecuador, the case exposed in Crude raises questions about the information transparency and activism of civil society, now quite devoid of young leadership. The movie resembles to some extent the recent case of sulfur in diesel fuel in Brazil and the recent oil spills in the region of the pre-salt, which showed that there is a lack of information to society about the impact of this costly venture.

Also about fossil fuels, Gasland, from Josh Fox, is a very current topic: the extraction of natural gas through unconventional ways, by pumping underground water with toxic chemicals. The energy security and landowners payment mermaid song soon becomes a nightmare when the impacts on health and the environment are evident. The domestic production of gas with fracking technology is often advertised in the American media as the solution to the problems of energetic security of the country. Having a very controversial scene – a water tap on fire –, the movie was questioned by the environmental authorities of the state of Colorado. A reflection for the Brazilian context is the protection of our groundwater, which is still abundant but very vulnerable to contamination

Renewable sources are also worth questioning. The awarded movie Up the Yangtze, from Yung Chang, shows the frightening transformation of China by a farewell trip at the legendary Yellow River. The Three Gorges Dam symbolizes the country’s economic miracle, which took away

Page 53: I Mostra Ecofalante

energiaenergy 53

As fontes renováveis também merecem ques-tionamento. O premiado filme Up the Yangtze, de Yung Chang, mostra a assustadora trans-formação da China através de uma viagem de despedida no mítico Rio Amarelo. A Barragem das Três Gargantas simboliza o milagre eco-nômico do país, que levou consigo paisagens, povoados e tradições. Rico em detalhes sobre estilos de vida e aspirações, Up the Yangtze fornece uma dimensão humana às esmaga-doras mudanças que ocorrem não só em uma China cada vez mais globalizada, mas ao cho-que de realidade presente em todos os países do mundo em desenvolvimento. Finalmente, À Margem do Xingu –Vozes Não Consideradas, de Damià Puig, trata do polêmico projeto da hidre-létrica de Belo Monte. Pautado por relatos de locais e especialistas, o filme mostra um que-bra-cabeça complexo, no qual pairam dúvidas se a energia hidrelétrica é sempre sustentável e necessária.

Oswaldo Lucon é assessor técnico do Secretário de

Meio Ambiente do Estado de São Paulo, na CETESB,

desde 1992. Pesquisador do CENBIO (Centro Nacional

de Referência em Biomassa, USP). Professor visitante

na Universidade do Texas (EUA) e no Instituto de

Eletrotécnica e Energia da USP. Professor no Instituto

Mauá de Tecnologia e Faculdades Armando Álvares

Penteado. Doutor em Energia (USP), Mestre em

Tecnologias Limpas (University of Newcastle, Reino

Unido), Engenheiro Civil (Poli-USP), Bacharel em

Direito (USP) e Advogado. Autor-membro do IPCC,

Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

desde 1998. Autor de vários artigos científicos e do livro

“Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento”, com

o Prof. José Goldemberg. Um dos autores da Política

Estadual sobre Mudanças Climáticas, São Paulo (Lei n.

13.798, 09/11/2009).

with itself landscapes, villages and traditions. Rich in details about lifestyles and aspirations, Up the Yangtze provides a human dimension to the overwhelming changes that occur not only in an increasingly globalized China, but the shock of reality in all countries of the developing world. Finally, À Margem do Xingu – Vozes Não Consideradas, from Damià Puig, deals with the controversial project of Belo Monte Hydroelectric Plant. Guided by local experts and reports, the movie shows a complex puzzle, in which there are doubts whether hydroelectricity is always sustainable and necessary.

Oswaldo Lucon is the technical

advisor for the State of São Paulo Environ-

ment Secretary, in CETESB, since 1992.

Researcher for CENBIO (National Refer-

ence Center on Biomass, USP). Visiting

professor at the University of Texas (USA)

and the Institute of Electrical and Energy

of USP. Professor at Maua Technology

Institute and Armando Alvares Penteado

Colleges. Doctor of Energy (USP), Master

in Clean Technologies (Universityof

Newcastle, UK), Civil Engineer (Poli-USP),

LL.B. (USP) and Lawyer. Member-Author

at the IPCC, Intergovernmental Panel

on Climate Change since 1998. He is the

Author of numerous scientific articles and

the book “Energy, Environment and Devel-

opment” with Prof. José Goldemberg, one

of the responsible for developing the State

Policy on Climate Change, Sao Paulo.

Page 54: I Mostra Ecofalante

À Margem do Xingu - Vozes Não

Consideradas Brasil, Espanha / Brazil, Spain, 2011, 90’

Em viagem pelo rio Xingu encontramos inúmeras pessoas, moradores de toda uma vida,que serão atingidos pela possível cons-

trução da hidrelétrica de Belo Monte. Relatos de ribeirinhos, indígenas, agricultores e

habitantes da região de Altamira na Amazô-nia, assim como os de especialistas da área, compõem parte deste complexo quebra-ca-

beça. São reflexões sobre o passado obscuro deste polêmico projeto e que elucidam o

futuro incerto da região e destas pessoas às margens do Xingu.

In Xingu river trip we found many people, residents of a lifetime, which will be affected by the possibility of the Belo Monte Hydroelectric

construction. Reports of riparian, indigenous people, farmers, inhabitants of Altamira in the

Amazon region, as well as experts in the field compose part of this complex puzzle. They are

reflections on the dark past of this controversial project and clarify the uncertain future of the

region and these people on the banks of the Xingu.

DIREÇÃO DIRECTOR

Damià Puig

ROTEIRO WRITER

Damià Puig

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Bruno Assis

EDIÇÃO EDITOR

Helios Veja, Cauê Nunes

Page 55: I Mostra Ecofalante

energiaenergy 55

Gasland EUA / USA, 2010, 107’

Está acontecendo em todo o território dos EUA – donos de terras rurais acordam com uma oferta lucrativa de alguma companhia de energia para arrendar suas terras. A ra-zão? A companhia espera explorar um reser-vatório chamado “Arábia Saudita do Gás”. A Halliburton desenvolveu um método de extrair gás do solo – um processo de perfu-ração hidráulico chamado “fracking” – e de repente os EUA se encontram prestes a se tornar uma superpotência em energia.

It is happening all across America - rural landowners wake up one day to find a lucrative offer from an energy company wanting to lease their property. What is the reason? The company hopes to tap into a reservoir dubbed the “Saudi Arabia of natural gas”. Halliburton developed a way to get the gas out of the ground - a hydraulic drilling process called “fracking” - and suddenly America finds itself on the precipice of becoming an energy superpower.

DIREÇÃO DIRECTOR

Josh Fox

ROTEIRO WRITER

Josh Fox

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Josh Fox

EDIÇÃO EDITOR

Matthew Sanchez

Page 56: I Mostra Ecofalante

Up the Yangtze

Page 57: I Mostra Ecofalante

energiaenergy 57

Up the Yangtze Canadá / Canada, 2007, 93’

Um cruzeiro luxuoso sobe o rio Yangtze, navegando nas míticas águas conhecidas na China simplesmente como “O Rio”. O Yangtze está prestes a ser transformado pela maior usina hidrelétrica da história. A barra-gem das Três Gargantas – símbolo contesta-do do milagre econômico chinês – fornece o cenário épico para este premiado filme sobre uma família sendo realocada por causa de uma mudança radical no meio ambiente e na economia. Um documentário sobre o drama da vida na China moderna.

A luxury cruise boat motors up the Yangtze — navigating the mythic waterway known in China simply as “The River”. The Yangtze is about to be transformed by the biggest hydroelectric dam in history. The Three Gorges Dam – contested symbol of the Chinese economic miracle – provides the epic backdrop for this award-winning film about a family displaced by radical environmental and economic change. A dramatic feature documentary film on life inside modern China.

DIREÇÃO DIRECTOR

Yung Chang

PRODUÇÃO PRODUCER

National Film Board of Canada

ROTEIRO WRITER

Yung Chang

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Wang Shi Qing

EDIÇÃO EDITOR

Hannele Halm

Page 58: I Mostra Ecofalante

Crude EUA / USA, 2009, 105’

O filme revela a história épica de um dos processos judiciais mais controversos do pla-

neta. Um olhar nos bastidores do infame caso “Amazon Chernobyl”, que envoveu 27 bilhões de dólares, mostrando um drama real de alto

risco envolvendo movimentos ambientais, políticas globais, ativismo de celebridades,

defesa dos direitos humanos, a mídia, o poder das multinacionais e o rápido desaparecimen-

to de culturas indígenas. Apresentando uma situação complexa a partir de múltiplos pon-tos de vista, o filme subverte as convenções

do cinema de questões judiciais ao examinar uma situação complicada de todos os ângu-

los, ao mesmo tempo que coloca em foco uma importante história de perigo ambiental

e de sofrimento humano.

The film reveals the epic story of one of the largest and most controversial legal cases on

the planet. An inside look at the infamous $27 billion “Amazon Chernobyl” case. It is a real-life high stakes legal drama set against a backdrop

of the environmental movement, global politics, celebrity activism, human rights advocacy, the media, multinational corporate power,

and rapidly-disappearing indigenous cultures. Presenting a complex situation from multiple viewpoints, the film subverts the conventions

of advocacy filmmaking as it examines a complicated situation from all angles while

bringing an important story of environmental peril and human suffering into focus.

DIREÇÃO DIRECTOR

Joe Berlinger

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Juan Diego Pérez

EDIÇÃO EDITOR

Alyse Ardell Spiegel

Page 59: I Mostra Ecofalante

energiaenergy 59

Into Eternity Dinamarca, Suécia, Finlândia, Itália / Denmark, Sweden, Finland, Italy, 2010, 75’

Todos os dias, em todo o mundo, grandes quantidades de resíduos altamente radio-ativos, produzidos por usinas de energia nuclear, são colocados em depósitos provi-sórios, vulneráveis aos desastres naturais, às catástrofes provocadas pelo homem e às mudanças da sociedade. Na Finlândia, o pri-meiro depósito permanente do mundo está sendo cavado em uma rocha – um gigan-tesco sistema de túneis subterrâneos – que precisará ter a durabilidade de 100 mil anos, pois este é o tempo que os resíduos perma-necem perigosos.

Every day, worldwide, large quantities of highly radioactive waste produced by nuclear power plants are placed in temporary dumps, vulnerable to natural disasters, to man-made disasters and society changes. In Finland, the first permanent deposit in the world is being dug in a rock - a huge underground tunnel system - which must have the durability of 100,000 years, since this is the time that waste remains hazardous.

DIREÇÃO DIRECTOR

Michael Madsen

ROTEIRO WRITER

Michael Madsen, Jasper Bergmann

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Heikki Färm

EDIÇÃO EDITOR

Daniel Dencik, Stefan Sundlöf

Page 60: I Mostra Ecofalante

The WellThe Well

Page 61: I Mostra Ecofalante

águawater 61

águawater

Água: experiências que ensinam e mobilizam

Pedro Roberto Jacobi

Esta sessão, que tem como foco a água em diversas realidades e con-textos sociopolíticos, nos apresenta quatro casos que nos falam da vida de populações em quatro países – Brasil, Chile, Etiópia e China – e sua relação com a escassez do líquido, a perversidade da lógica privatizante, a resistência à ação governamental, a organização social e a capacidade de comunidades criarem laços cooper-ativos e fortalecerem o capital social na escala local e regional.

Sertão Progresso, de Cristian Cancino, aborda a obra de transposição do Rio São Francisco e as contradições que levanta. Introduz o espectador a todos os aspectos que estão em jogo, atores que têm papel relevante no processo, tanto na defesa quanto no questionamento. Mostra de forma direta as dificuldades de lidar com a seca nordestina, e introduz através de imagens o processo histórico e a forma como o discurso desenvolvimentista que sustenta o projeto está permeado por contradições. De um lado a defesa na sua forma mais explícita, seja através das palavras do presidente Lula sobre a inclu-são social, seja na voz de ministros que falam do progresso que será levado aos sertões. De outro, a resistência, o questionamento sobre o alcance e reais benefícios à população que vive de forma dispersa na região. Sem tomar par-tido de nenhum dos lados, o filme deixa para o espectador a tarefa de criar sua própria verdade a partir dos fatos e depoimentos apresentados.

Waking the Green Tiger, de Gary Marcuse, mostra a recente emergência do movimento

Water: experiences that teach and mobilize

Pedro Roberto Jacobi

This session, which focuses on water in different realities and socio-political contexts, presents four cases talking about people´s life in four countries - Brazil, Chile, Ethiopia and China - and its relation to the water shortage, the privatization perversity logic, the resistance to the Government action, the social organization and communities capacity to create cooperative ties and strengthen social capital in local and regional scale.

Sertão Progresso, from Cristian Cancino, discusses the transposition work of São Francisco River and the contradictions it raises. It introduces the viewer to all aspects that are at stake, players who have a

Page 62: I Mostra Ecofalante

ambientalista na China. Através do olhar de ativistas, agricultores, jornalistas e técnicos do governo apresenta a mobilização que toma conta da província de Yunnan contra a constru-ção de diversas barragens. A campanha contra a construção das barragens no alto Yangtze, no sudoeste do país, revela um fato novo na China: a mobilização pública que questiona os procedimentos que prevaleciam no país desde o período maoísta, em nome do progresso, do desenvolvimento e da “guerra contra a natu-reza”. Décadas de destruição ambiental e a construção de inúmeras barragens afetaram a vida de milhares de pessoas. O filme mostra a importância da organização, da cooperação e a recuperação do direito de expressão para poder influenciar políticas públicas. A narrativa do filme também é feita através da voz dos atores, e mostra como o movimento ambientalista se fortalece quando uma lei ambiental é aprovada; e pela primeira vez na China os cidadãos têm o direito de se expressar e contestar decisões do governo para salvar um rio. O filme traz uma mensagem otimista e informativa sobre uma experiência que muito tem a ensinar sobre a importância da sociedade se organizar na defesa de um rio que conta a história do país e tem um valor identitário essencial para a popu-lação local.

The Well: Water Voices from Ethiopia, de Paolo Barbieri e Riccardo Russo, retrata um caso muito particular de organização social e cooperação de uma comunidade – Borana – com uma popula-ção seminômade no sul da Etiópia que tem de lutar perma-nentemente pela sua sobrevivência. Cada

relevant role in the process, both in defense and in the questioning. It shows directly the difficulties of dealing with the dry Northeast, and introduces through images the historical process and how the development discourse that sustains the project is permeated by contradictions. On the one hand the defense in its most explicit, either through the words of President Lula on social inclusion, or even the voice of ministers who talk about the progress that will be taken to the backlands. On the other side - the resistance - questions about the scope and real benefits to the population that lives in a dispersed manner in the region. Without taking sides on either side, the movie shows the viewer the task of creating their own truth from facts and testimony presented.

Waking the Tiger Green, from Gary Marcuse, shows the recent

A campanha contra a construção das barragens no alto Yangtze, no sudoeste do país, revela um fato novo na China: a mobilização pública

Page 63: I Mostra Ecofalante

águawater 63

ano, quando chega o período de estiagem em Oromia, a região é afetada por longos períodos de escassez de água, e o filme mostra como a vida da população se organiza a partir da preser-vação dos “poços cantantes”, que garantem que a vida da população local continue. Estabelece-se uma dinâmica que perdura há muito tempo, estruturada a partir de uma lógica de funciona-mento e divisão do trabalho, que tem de seguir uma organização rigorosa baseada em coopera-ção e respeito aos pares para garantir água para a população e os animais, sua fonte de sobrevi-vência econômica numa das regiões mais secas do planeta. O filme mostra o delicado equilí-brio na relação entre o ser humano e a natureza que governa o cotidiano, e a importância vital de um sistema de gestão caracterizado pela sua originalidade no enfrentamento de uma reali-dade cada vez mais afetada pelos impactos da mudança climática global.

Life for Sale, de Yorgos Avgeropoulos, retrata a realidade de uma região no Norte do Chile, no deserto do Atacama, na qual se explicita a dimensão perversa do país que tem o maior mercado privado de água do planeta. A situação descrita mostra uma situação na qual a popu-lação se confronta com uma lógica na qual a palavra-chave é concentração de poder econô-mico, na medida em que os recursos hídricos

emergence of the environmental movement in China. Through the eyes of activists, farmers, journalists and government officials it presents the mobilization that takes care of Yunnan province against the construction of several dams. The campaign against the construction of dams on the height of the Yangtze River in the southwest of the country reveals a new fact in China: the mobilization of public questioning procedures prevailing in the country since the Maoist period, in the name of progress, of the development and of the “war against nature.” Decades of environmental destruction and the construction of numerous dams affected the lives of thousands of people. The movie shows the importance of organization, cooperation and the restoration of freedom of expression in order to influence public policy. The movie’s narrative is also done by the actor´s voices, and shows how the environmental movement is strengthened when an environmental law is approved, and for the first time in China citizens have the right to express themselves and to challenge government decisions to save a River. The movie has an upbeat message and information about an experience that has much to teach about the importance of an organized society in defense of a river which has the country’s history and an essential identity value to the local population.

The Well: Water Voices from Ethiopia, from Paolo Barbieri and Riccardo Russo, portrays a very

The campaign against the construction of dams on

the height of the Yangtze River in the southwest

of the country reveals a new fact in China: the mobilization of public

Page 64: I Mostra Ecofalante

não são do Estado, mas de proprietários priva-dos, que a converteram em mercadoria sujeita a toda forma de especulação. A lógica neolibe-ral e a fórmula privatizante que determinam as políticas nacionais desde o período da ditadura, e que apesar de uma sucessão de governos democráticos não se modifica o status quo. Nesta região, considerada como a mais seca do planeta, as companhias mineradoras – as pro-prietárias do rio mais longo do Chile, o rio Loa – utilizam grandes quantidades de água em sua produção, con-denando comunidades indígenas e peque-nos agricultores a um cotidiano sem água e pobreza. O filme mostra o lado mais brutal na relação ser humano/natureza, no qual a vida das pessoas é afetada por uma lógica na qual a propriedade de um recurso natural escasso se torna mercadoria e objeto de transações. O filme mostra a indig-nação da população e sua falta de perspectiva no curto prazo, e a convicção de que devem ocorrer

special case of social organization and cooperation of a community - Borana - with a semi-nomadic people in southern Ethiopia that has to constantly fight for their survival. Each year, when it comes to drought in Oromia, the region is affected by long periods of water scarcity, and the movie shows how people’s lives are organized from

the preservation of “singing wells”, which ensure that the life of local population continues. It establishes a dynamic that lasts a long time, structured from a logic operation and division of labor, which must

follow a rigorous organization based on cooperation and respect for peers in order to assure water for people and animals, their source of economic survival in one of the driest regions on the planet. The movie shows the delicate balance in the relationship between humans and nature that governs the daily life and the vital importance of a management system characterized by its originality in the face of a reality increasingly affected by the impacts of global climate change.

Life for Sale, from Yorgos Avgeropoulos, portrays the reality of a region in northern Chile in the Atacama Desert, in which he explains the perverse dimension of the country that has the largest market of private water on the planet. The situation described above shows a situation in which the population is confronted with a logic in which the keyword is the concentration of economic power,

The Well: Water Voices from Ethiopia shows the delicate balance in the relationship between humans and nature that governs the daily life

The Well: Water Voices from Ethiopia

Page 65: I Mostra Ecofalante

águawater 65

to the extent that water resources are not from the state but owned by private ones, which converted it into a commodity subject to all forms of speculation. The logic of neo-liberal privatization and the formula that determines national policies since the period of dictatorship, and that despite a succession of democratic governments do not change the status quo. In this region, considered the driest area in the world, mining companies - the owners of Chile’s longest river, the river Loa – use water in large quantities in their production, condemning indigenous communities and small farmers to a routine without water and poverty. The movie shows the most brutal hand in the human/nature relationship, in which people’s lives is affected by a logic in which the ownership of a rare natural resource becomes a commodity and object of transactions. The movie shows the indignation of the population and their lack of perspective in the short term, and the conviction that a change must occur before serious conflicts happen in the struggle for water. It is always worth bearing in mind what happened in Cochabamba, Bolivia in 2000, to avoid it to repeat.

Pedro Roberto Jacobi is a Sociolo-

gist, Master in Urban Planning, PhD in

Sociology and Professor of Education. He

is also a Professor at the Education School

and the Post Graduate Program in Envi-

ronmental Science from University of Sao

Paulo (PROCAM-USP). Coordinator of

the PROCAM USP 2010-2012. Coordinator

of the Environmental Governance Labora-

tory at USP, USP-GovAmb, and Journal

Environment and Society editor.

O filme The Well: Water Voices from Ethiopia mostra o

delicado equilíbrio na relação entre o ser humano e a natureza

que governa o cotidiano

mudanças antes que aconteçam sérios conflitos na luta por água. Sempre é bom ter em mente o que ocorreu em Cochabamba na Bolívia em 2000, e evitar que se repita.

Pedro Roberto Jacobi é Sociólogo, Mestre em

Planejamento Urbano, Doutor em Sociologia e Livre

Docente em Educação. Professor Titular da Faculdade

de Educação e do Programa de Pós- Graduação em

Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo

(PROCAM-USP). Coordenador do PROCAM USP

2010-2012. Coordenador do Laboratório de Governança

Ambiental da USP- GovAmb USP. Editor da revista

Ambiente e Sociedade.

Page 66: I Mostra Ecofalante

Waking the Green Tiger

China, Canadá / China, Canada, 2011, 78’

Declarando que a natureza deve ser conquis-tada em nome do progresso, o Presidente Mao introduz uma era de destruição am-

biental na China. Agora, ativistas entusiastas lutam para preservar suas maravilhas natu-

rais, educar seus compatriotas e encorajar o debate público. Este documentário vigoroso celebra as almas corajosas à frente da nova

revolução chinesa.

By declaring that nature must be conquered in the name of progress, Chairman Mao ushered in an era of environmental degradation for China. Now, passionate activists strive to preserve their natural wonders, educate their compatriots and

encourage public debate. Gary Marcuse’s stirring documentary celebrates the brave souls at the

forefront of China’s new revolution.

DIREÇÃO DIRECTOR

Gary Marcuse

ROTEIRO WRITER

Gary Marcuse

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Rolf Cutts

EDIÇÃO EDITOR

Stuart De Jong

Page 67: I Mostra Ecofalante

águawater 67

Sertão Progresso Brasil / Brazil, 2010, 72’

A transposição de águas do Rio São Francisco e os interesses econômicos e políticos que, desde a época do Império, definem a utiliza-ção da terra e da água no sertão nordestino. Documentário gravado em dez estados brasi-leiros sobre a obra mais ambiciosa do gover-no Lula, que promete levar água de beber a 12 milhões de habitantes do semiárido.

The transfer of water from the São Francisco River and the economic and political interests that, since the time of the Empire, defines the use of land and water in the Northeast hinterland. Documentary recorded in ten different Brazilian States on the most ambitious work of the Lula government, which promises to bring drinking water to 12 million inhabitants of the semi-arid.

DIREÇÃO DIRECTOR

Cristian Cancino

ROTEIRO WRITER

Rodrigo Savastano, Cristian Cancino

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Fernando Marron

EDIÇÃO EDITOR

Rodrigo Savastano, Cristian Cancino

Page 68: I Mostra Ecofalante

The Well: Water Voices from Ethiopia

Itália / Italy, 2011, 54’

Todos os anos, quando a estação da seca chega em Oromia (Sul da Etiópia), os pasto-res Borana, depois de dias de caminhada, se

reúnem com seus animais em torno de um dos tradicionais poços “cantantes”. O filme segue este povo durante um período inteiro

de seca, revelando o sistema tradicional de gestão da água que permite distribuir o pouco que há disponível de acordo com as

necessidades e direito de todos, sem nenhu-ma troca dinheiro.

Each year, when the dry season arrives in Oromia (South of Ethiopia), the Borana herders gather with their livestock, after

days and days of walk, around their ancient “singing” wells. The film follows their life for a

whole drought, showing a unique traditional water management system that permits

to manage the little available water as the property and right of everyone, without any

money been exchanged.

DIREÇÃO DIRECTOR

Paolo Barberi, Riccardo Russo

ROTEIRO WRITER

Paolo Barberi, Mario Michelini, Riccardo Russo

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Riccardo Russo, Paolo Barberi

EDIÇÃO EDITOR

Andrea Ciacci, Federico Schiavi

Page 69: I Mostra Ecofalante

águawater 69

Life for Sale Grécia / Greece, 2010, 65’

Você pode imaginar um mercado de água? Como seria a vida no planeta se todos os recursos hídricos, superficiais e subterrâneos, a água dos rios, lagos e geleiras, pertencesse ao setor privado? O filme examina o maior mercado de água do mundo: no Chile. Onde a água do país não pertence ao Estado mas sim à iniciativa privada, e onde uma empresa pode ser dona de um rio inteiro e possuir uma quantidade de água do tamanho da Bélgica.

Can you imagine a water market? What would life be like if all of the planet’s water resources, superficial or subterranean, the waters of rivers, lakes and glaciers, belonged to the private sector? Life For Sale examines the biggest water market in the world, set up in Chile. Where the country’s water resources do not belong to the state but to private individuals and one company can own an entire river and possess a quantity of water as big as Belgium.

DIREÇÃO DIRECTOR

Yorgos Avgeropoulos

ROTEIRO WRITER

Yorgos Avgeropoulos

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Yiannis Avgeropoulos

EDIÇÃO EDITOR

Yiannis Biliris, Anna Prokou

Page 70: I Mostra Ecofalante

A Terra da Lua Partida

Page 71: I Mostra Ecofalante

mudanças climáticasclimate changes 71

mudanças climáticasclimate changes

O Antropoceno e o cinema

Fabio Feldmann

Desde o último relatório do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – de 2007, a humanidade está diante de desafios sérios no que tange ao aumento da temperatura média do planeta até o fim do século, sendo que, na Conferência das Partes de Copenhague (COP 15), houve a decisão de que o limite acei-tável desse aumento de temperatura seria de, no máximo, 2°C.

Às vésperas da Rio + 20 – a Conferência das Nações Unidas cujo objeto de discussão é eco-nomia verde e erradicação da pobreza, bem como a governança para o desenvolvimento sustentável – é inevitável deixar de fazer um balanço sobre esses últimos vinte anos, uma vez que essa reunião é um marco importante na agenda do século XXI, sinalizando a necessi-dade de que a humanidade compreenda o senso de urgência em relação aos impactos que ela mesma está causando no planeta.

Muitos cientistas acreditam que será pra-ticamente impossível atender ao que foi determinado em Copenhague, de modo que teríamos que nos preparar para cenários extremamente graves, com consequências dra-máticas. Devo assinalar que o trabalho científico mais interessante sobre esse assunto foi publi-cado na revista Nature (Vol. 461 – 24/9/2009). Seus autores, dentre eles o Diretor Executivo do Stockholm Environment Institute, Johan Rockström, tentam colocar os limites que a humanidade enfrenta em relação ao planeta.

Assim, os responsáveis pelo estudo, ao realizarem uma ampla análise dos proces-sos existentes no sistema da Terra, cada um

The Anthropocene and the cinema

Fabio Feldmann

Since the last report of the IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change - 2007, mankind is facing serious challenges with regard to the increase in global average temperature by the end of the century, and, in the Copenhagen Conference of Parties (COP 15), there was the decision that the acceptable range of temperature rise would be at most 2° C.

On the eve of the Rio + 20 – the United Nations Conference whose object of discussion is the green economy and poverty eradication

Page 72: I Mostra Ecofalante

and governance for sustainable development – it is unavoidable to make a balance on these last twenty years, since this meeting is an important milestone on the agenda of the twenty-first century, signaling the need for humanity to understand the sense of urgency regarding the impact it is causing on the planet.

Many scientists believe that it will be almost impossible to meet the Copenhagen criteria, and so we will have to be prepared to very serious scenarios, with dramatic consequences. I must note that the most interesting scientific work on this subject was published in the Nature magazine (vol 461 – 2009/4/29). The authors, including the Director of the Stockholm Environment Institute, Johan Rockstrom, try to introduce the limits that mankind is facing regarding the planet.

Thus, the responsible for

associado ao seu respectivo limiar que, se cruzado, pode gerar alterações ambientais ina-ceitáveis, identificaram nove processos para os quais é preciso definir limites planetários (planetary boundaries). São eles: mudança do clima, ozônio estratosférico, mudança de uso do solo, uso de água doce, diversidade biológica, acidificação dos oceanos, uso de aerossol, polui-ção química e liberação de nitrogênio e fósforo na biosfera e oceanos.

Uma das principais conclusões do estudo é justamente sobre um dos temas mais relevan-tes, a mudança do clima, que já teve seu limite transgredido.

Existe hoje a ideia de que a humani-dade alcançou uma força geológica, de modo que estamos em uma nova era denominada Antropoceno. Este termo, cunhado pelo geo-químico Paul Crutzen, que recebeu o Prêmio Nobel de Química em 1995, refere-se às mudan-ças no planeta ocasionadas pelo homem a partir da Revolução Industrial.

Nesse sentido, os cientistas indicam que as mudanças climáticas, a erosão dos solos, as ameaças à biodiversidade, a acidificação dos oceanos, dentre outros, são reflexos da ação da humanidade, o que faz com que essa nova era geológica esteja sendo moldada pelo ser humano. Este assunto foi capa da prestigiada revista The Economist, em 2011 (28/05/2011 – 03/06/2011).

O mais surpre-endente é que estes estudos vêm a confirmar o que tem sido publi-cado pela mídia fartamente nas últimas décadas, valendo chamar a atenção para o fato de que a revista Time dedicou o “Planeta do Ano” à Terra, em 1989. De lá para cá, são incontáveis as matérias que tratam do mesmo assunto.

Para preparar meu livro recém lançado Sustentabilidade planetária, onde eu entro nisso?, fiz uma busca intensa em material de meu pró-prio escritório e realmente é assustador se

Muitos cientistas acreditam que será praticamente impossível atender ao que foi determinado em Copenhague, de modo que teríamos que nos preparar para cenários extremamente graves

Page 73: I Mostra Ecofalante

mudanças climáticasclimate changes 73

constatar que grande parte das matérias de vinte anos atrás podem ser publicadas hoje exa-tamente no mesmo tom, sem tirar nem pôr.

O desafio está em como mobilizar a socie-dade para as mudanças necessárias. Em outras palavras, há que se reconhecer que houve avan-ços importantes e que o patamar de consciência hoje é muito diferente do de anos atrás. Mas ainda estamos longe da possibilidade de rever-termos as tendências apontadas pelos cientistas, das quais surge a grande questão: como mobili-zar efetivamente as pessoas?

Esta resposta é complexa e tem sido tema importante do movimento ambientalista, da comunidade científica e da mídia especializada. De um lado, os relatórios científicos reforça-dos pelos fenômenos climáticos, tais como enchentes, inundações, secas, enfim, tudo que o noticiário diário tem coberto. Do outro lado, a inércia dos governos que resistem a ter uma agenda de mais longo prazo, consagrando a aversão a qualquer tipo de risco político eleitoral.

Certamente, uma das estratégias mais eficazes de mobiliza-ção passa pelo papel que o cinema tem

the study, in performing a comprehensive analysis of existing processes in the Earth system, each one associated with its respective threshold that if crossed, could generate unacceptable environmental changes, identified nine cases for which we must define planetary boundaries. They are: climate changes, stratospheric ozone, change of land usage, freshwater usage, biological diversity, ocean acidification, use of aerosol, chemical pollution and release of nitrogen and phosphorus in the biosphere and oceans.

One of the main conclusions of the study is just about one of the most important issues, climate

changes, which has had transgressed its limits.

Today there is the idea that humanity has reached a geological force, so we’re in a new era called the Anthropocene. This term, coined by geochemist Paul Crutzen, who won the Nobel Prize in

Chemistry in 1995, refers to changes in the earth caused by man since the Industrial Revolution.

In this sense, the scientists suggest that climate change, soil erosion, threats to biodiversity, ocean acidification, among others, are reflections of the human kind action, which makes this new geological era being shaped by human being. This issue was cover of the prestigious magazine The Economist in 2011 (05/28/2011 - 06/03/2011).

Many scientists believe that it will be almost impossible to meet the Copenhagen criteria, and so we will have to be prepared to very serious scenarios, with dramatic consequences.

Page 74: I Mostra Ecofalante

exercido como elemento de motivação e con-vencimento da sociedade. São inúmeros os exemplos em que fez toda a diferença, mar-cando várias gerações. Desde o cinema mudo com Charles Chaplin, cujos filmes até hoje permanecem atuais, passando por Easy Rider na década de 70, sem falar da contribuição do cinema novo no Brasil.

Mais recentemente o filme Uma Verdade Inconveniente de Al Gore, com direção de Davis Guggenheim, sobre o aquecimento global teve um papel muito relevante, garantindo ao ex-Vice-Presidente americano o Prêmio Nobel da Paz, além do Oscar de Melhor Documentário em 2007.

As novas tecnologias que nos transformam em “documentaristas e produtores” podem ser utilizadas para mobilizar a sociedade. Nesse sentido, a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental exerce um papel importante na medida em que divulga o que está sendo pro-duzido no mundo e se transforma certamente em uma importante fonte de inspiração.

Fabio Feldmann é militante do movimento

ambientalista e foi fundador de diversas entidades não

governamentais. Em 1986, foi o primeiro parlamentar

brasileiro eleito a defender o meio ambiente. Participou

da criação da Fundação S.O.S. Mata Atlântica, da qual

foi o primeiro presidente, e da Associação de Defesa da

Jureia. Deputado federal eleito para três mandatos, foi

também secretário do Meio Ambiente do Estado de São

Paulo. Ao longo dos últimos anos, tem atuado como

consultor em temas relacionados ao meio ambiente e

sustentabilidade, e participa de inúmeros seminários e

conferências sobre os temas, tanto no Brasil como fora

do país.

The most surprising is that these studies are confirming what has been published widely in the media in recent decades; it is worth drawing attention to the fact that Time magazine dedicated “Planet of the Year” to Earth in 1989. Since then, countless are the materials that address the same subject.

To prepare my recent book, Planetary Sustainability, were do I go on it?, I have made a wide research in material from my own office and it is really scary to see that lots of articles and reports from twenty years ago can be published today in the same tone, neither more nor less.

The challenge is how to mobilize society for the necessary changes. In other words we have to recognize there were important advances and the awareness level today is very different from years ago. However we are very far from the possibility of reversing the trends pointed by scientists who raise the big question: how to effectively mobilize people?

This answer is complex and has been an important theme of the environmental movement, the scientific community and specialized media. On the one hand, the scientific reports reinforced by climatic phenomena such as floods, droughts, ie all that the daily news has covered. On the other hand, the inertia of governments that resists to have a longer-term agenda, stating the aversion to political risks for election.

Certainly one of the most effective strategies of mobilization is the role that cinema has had as an element of motivation and

Page 75: I Mostra Ecofalante

mudanças climáticasclimate changes 75

persuasion of society. There are countless examples that made all the difference, scoring several generations. Since the silent movies with Charlie Chaplin, whose films up to now remains current, through Easy Rider in the 70s, not to mention the contribution of the Cinema Novo in Brazil.

More recently Al Gore’s An Inconvenient Truth, directed by Davis Guggenheim, about global warming, played a very important role, ensuring the former U.S. Vice President a Nobel Peace Prize, and the Oscar for Best Documentary in 2007.

The new technologies that leads us to be “documentaries producers” can be used to call the attention of the the society. Accordingly to it, Ecofalante Environmental Film Festival has an important role in presenting what is being produced in the world and certainly becomes an important source of inspiration.

Fabio Feldmann is an activist in the

environmental movement and was a

founder of several non-governmental enti-

ties. In 1986, he was the first parliament

elected in Brazil to defend the environ-

ment. He took part in the creation of

the S.O.S. Atlantic Forest Foundation,

of which he was the first president, and

the Jureia Defense Association. Congress-

man elected for three terms, he was also

Secretary of the Environment of the State

of Sao Paulo. Over the past year, he has

acted as a consultant on issues related

to environment and sustainability and

participates in numerous seminars and

conferences on the themes, both in Brazil

and abroad.

As novas tecnologias que nos

transformam em “documentaristas e produtores” podem

ser utilizadas para mobilizar a

sociedade.

The new technologies that leads us to be “documentaries

producers” can be used to call the attention of the the

society. Accordingly to it, Ecofalante Environmental

Film Festival has an important role in presenting what is

being produced in the world and certainly becomes an

important source of inspiration.

Page 76: I Mostra Ecofalante

Cool ItEUA / USA, 2010, 87’

O filme é baseado no livro homônimo de Bjorn Lomborg, autor do controverso The

Skeptical Environmentalist (O Ambientalista Cético). Lomborg é fundador e diretor do Co-penhagen Consensus Center, um globalmen-

te respeitado grupo de reflexão, que reúne os principais economistas do mundo para

priorizar grandes problemas globais – como a malária, a falta de água potável e a AIDS –, analisando o custo-benefício das possí-

veis soluções. Em meio às opiniões fortes e polarizadas no debate sobre o aquecimento global, o filme segue Lomborg em sua mis-

são para encontrar a melhor solução para as mudanças climáticas, poluição ambiental e

outros grandes problemas do planeta.

The film is based upon the book of the same name by Bjorn Lomborg, the controversial author of The Skeptical Environmentalist. Lomborg is the founder and director of the Copenhagen Consensus Center, a globally

respected think tank that brings together the world’s leading economists to prioritize major

global problems – among them malaria, the lack of potable water and HIV – based upon a cost/

benefit analysis of available solutions. Amidst the strong and polarized opinions within the global

warming debate, the film follows Lomborg on his mission to bring the smartest solutions to climate

change, environmental pollution, and other major problems in the world.

DIREÇÃO DIRECTOR

Ondi Timoner

ROTEIRO WRITER

Terry Botwick, Sarah Gibson, Bjorn Lomborg, Ondi Timoner

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Nasar Abich Jr.

EDIÇÃO EDITOR

Debra Light, Brian Singbiel, David Timoner

Page 77: I Mostra Ecofalante

mudanças climáticasclimate changes 77

A Terra da Lua PartidaBrasil / Brazil, 2010, 52’

No coração do Himalaia, Sonam, um velho nômade, vive com sua tribo em uma das mais adversas e isoladas regiões do mundo, mas uma repentina mudança no clima está secando a maioria dos rios e transformando muitos dos vales em desertos. Incapaz de sobreviver da forma tradicional e testemu-nhando o colapso do seu povo, Sonam inicia uma desesperada busca por respostas e soluções para mudar o destino de sua tribo. Uma história de fé e sacrifício de um povo que já está sentindo diretamente os impac-tos das mudanças climáticas e dos atuais percursos da humanidade.

At the heart of the Himalayas, Sonam, an old nomad, lives with his tribe in one of the most adverse and isolated regions of the world, but a sudden change in climate is drying most of the rivers and turning many of the valleys into deserts. Unable to survive in the traditional way and witnessing the collapse of its people, Sonam starts a desperate search for answers and solutions to change the destiny of his tribe. A faith and sacrifice story of people who are already feeling, directly, the impacts of climate change and the current course of humanity.

DIREÇÃO DIRECTOR

Marcos Negrão, André Rangel

ROTEIRO WRITER

Marcos Negrão

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Marcos Negrão

EDIÇÃO EDITOR

André Rangel

Page 78: I Mostra Ecofalante

Recife FrioBrasil / Brazil, 2009, 24’

Estranha mudança climática faz Recife, na região Nordeste do

Brasil, passar a ser uma cidade fria. O documentário de uma TV

estrangeira examina os efeitos da mudança em toda uma cultu-ra que sempre viveu em clima

quente.

A strange climate change makes Recife, in northeastern Brazil, turn into a cold city. The documentary

of a foreign TV examines the effects of change in an entire culture that has always lived in warm weather.

DIREÇÃO DIRECTOR

Kleber Mendonça Filho

ROTEIRO WRITER

Kleber Mendonça Filho

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Kleber Mendonça Filho

EDIÇÃO EDITOR

Emilie Lesclauz, Kleber Mendonça Filho

Page 79: I Mostra Ecofalante

mudanças climáticasclimate changes 79

There Once Was an IslandNova Zelândia / New Zealand, 2010, 80’

Três pessoas em uma ilha única do Pacífi-co enfrentam os efeitos devastadores das mudanças climáticas. Quando uma enorme enchente ameaça engolir seu paraíso, quem vai decidir fugir e deixar para sempre sua cultura? E quem irá ficar, apenas esperan-do que Deus os salve? Um épico, retrato universal do verdadeiro custo das mudanças climáticas. “Porque se você perde algo pequeno no mundo, você perde muito”.

Three people on a unique Pacific Island face the devastating effects of climate change. As an enormous flood threatens to engulf their paradise, who will decide to flee and leave their culture behind forever? And who will stay, hoping only that God will save them? An epic, universal portrait of the very real cost of climate change. “Because if you lose something small in the world you lose a lot.”

DIREÇÃO DIRECTOR

Briar March

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Briar March

EDIÇÃO EDITOR

Prisca Bouchet, Briar March

Page 80: I Mostra Ecofalante

Batida na Floresta

Page 81: I Mostra Ecofalante

homenagemtribute 81

home-nagemtributeO espírito da floresta

O que movimenta o trabalho de Adrian Cowell é seu sentimento pela floresta, seu olhar para ela; e a maneira como esse sentimento ama-dureceu em um jovem que começou a carreira de diretor aos 23 anos e até o final da vida continuou filmando e atuando contra o desmatamento da Amazônia e a favor dos créditos de carbono para manter a floresta em pé.

“Durante os sete meses da minha primeira viagem ao Xingu (1958), fiquei em mui-tas aldeias indígenas por dias ou semanas e, embora muitos dos seus líderes passassem horas a fio falando comigo, explicando seus problemas e suas vidas, eu sempre me senti um estranho, olhando uma cultura da qual eu não fazia parte. Então não foi surpresa quando o caminho que eu segui foi o do caçador.

Caçar é o sopro de vida do índio. Mesmo passando desapercebida no curso da existência diária, a caça só se interrompe em períodos de guerra ou de doença. A caça deveria então ser a primeira dimensão para se aproximar do índio. A maior parte da sua vida, e a mais dura, ele passa na realidade da floresta. E, mais que tudo,

The forest spirit What moves Adrian Cowell´s

work is his feeling for the forest, his look at it, and how this feeling has matured into a young man who began his career as a 23 years old filmmaker, and until the end of his life continued filming and acting against the deforestation of Amazonia and in favor of carbon credits to keep the forest standing.

“During the seven months of my first trip to Xingu (1958), I´ve been in many Indian villages for days or weeks, and although many of its leaders pass hours and hours talking to me, explaining their problems and their lives, I always felt odd, looking at a culture of which I was not part of. So it was no surprise when the path I followed was of a hunter.

Hunting is like a life breath for the Indians. Even going unnoticed in the course of daily existence, hunting is only interrupted in times of war or disease. So, hunting should be the first dimension to approach the Indian. Most part of his life, and in fact the hardest

Page 82: I Mostra Ecofalante

é a sua adaptação à vida na floresta que o faz tão diferente do civilizado.

Kaluana poderia de um momento para o outro iniciar uma marcha de 2000 km para a Venezuela ou para outro lugar, completamente autossuficiente na vastidão da floresta. Sabe fazer uma canoa, um arco, seu sentido de dire-ção não precisa de bússola. Sabe caçar ratos, tartarugas e cobras.

Porém, se a floresta refinou os meus sentidos, por outro lado, reduziu o meu questionamento. No início eu tinha o desejo de compreender, com o tempo, este propósito desapareceu”.

Quando volta ao Brasil em 1967, a convite de Orlando e Cláudio Villas Bôas, para filmar o contato com os perigosos índios isolados Panará (então conhecidos por Kreen-Akrore), Adrian passa dois anos no Parque Nacional do Xingu acompanhando e documentando este processo.

O filme A Tribo que Se Esconde do Homem (1970), no comentário de Claudio Villas Bôas, fala deste contato com a floresta e do primeiro contato com o homem desconhecido.

“Enquanto eu o observo, observo também minha própria responsabilidade. Eu os atraio do isolamento, porque nossa ajuda é a única chance que eles têm. Mas essa oportunidade conduz (...) a todos os conflitos da civilização. Eu só tenho que me afastar para ver no seu rosto todos os outros que morreram.”

“Um diamante foi encontrado, imediata-mente chegaram 2.000 garimpeiros. Este é o ritmo do ataque. Estes são os representantes da nossa civilização para o índio desconhecido... Estes homens são os embaixadores da nossa civi-lização. Esse é o rosto que mostramos ao índio”.

part, is in the forest. And most of all, it is its adaptation to life in the forest that makes it so different from the life in the civilized world.

Kaluana could at a moment’s notice start a 2000 km march to Venezuela or elsewhere, completely self-sufficient in the vastness of the forest. He knows how to make a canoe, a bow; his sense of direction does not need a compass. He knows how to hunt rats, turtles and snakes.

However, if the forest refined my sense, on the other hand, it reduced my questioning. At first I had the desire to understand, over time, this purpose has gone”.

When he returned to Brazil in 1967, invited by Orlando and Claudio Villas Boas, in order to film the dangerous contact with the isolated Indians Panará (then known as Kreen-Akrore), Adrian spent two years in Xingu National Park monitoring and documenting this process.

The film A Tribo que Se Esconde do Homem (1970), according to Claudio Villas Boas´ comments, highlights this contact with the forest and the first contact with the unknown man.

“While I watch, I can also see my own responsibility. I attract them from the isolation, because our help is the only chance they have. But that opportunity leads (...) to every civilization conflict. I just have to stand back to see at his face all the others who died”.

“A diamond was found, immediately 2000 miners arrived. This is the rhythm of the attack. These are the representatives of our civilization

“The fight to save the tribe of Panará and the Xingu Indigenous Park was the

first great war against the destruction of Amazonia”.

Page 83: I Mostra Ecofalante

homenagemtribute 83

A vivência no Xingu, a amizade com Claudio e Orlando Villas Bôas e o processo de contato com os Panará foram o aprendizado de Adrian para que todo o seu trabalho no Brasil se con-centrasse na defesa da Floresta Amazônica: “A luta para salvar a tribo dos Panará e o Parque Indígena do Xingu foi a primeira grande guerra contra a destruição da Floresta Amazônica”.

Provavelmente o grande terror na memória da maior parte das tribos foram as epidemias que vieram com o contato com o homem civi-lizado. De alguma forma, o matar e o salvar estavam juntos. Este era o impasse ideológico: como salvar sem destruir.

Durante a década de 1980, o cineasta filma a série A Década da Destruição. Muitas histó-rias foram iniciadas, muitas situações filmadas, algumas resultando em filmes, outras não. Além disso, muitos assuntos filmados nessa década seriam, mais tarde, utilizados para outros filmes.

Ao filmar, durante 10 anos, o processo de desmatamento da Floresta Amazônica (identificando interlocutores e personagens, acompanhando seus dramas e as contradi-ções do desenvolvimento na região), Adrian se envolveu profundamente nessa luta, e seus filmes nesse período mostram a trajetória de personagens emblemáticos da história recente da Amazônia.

Os acontecimentos que Adrian filmava nas décadas de 1950 e 1960 tinham um enfoque mais reflexivo. Já nos anos 1980, ele ia de um

to the unknown Indian ... These men are our civilization ambassadors. This is the face we show to the Indian. “

Living in Xingu, the friendship with Claudio and Orlando Villas Boas and the process of contacting the Panará made Adrian learn and so that all his work in Brazil is concentrated on the defense of the Amazon Forest: “The fight to save the tribe of Panará and the Xingu Indigenous Park was the first great war against the destruction of Amazonia”.

Probably the greatest terror in the memory of most tribes was the epidemics that came as a result of the contact with civilized man. Somehow, the act of killing and saving were together. This was the ideological impasse: how to save without destroying.

During the 1980s, the director films the series A Década da Destruição. Many stories were started, many situations were recorded, some of them resulting in films, some not. In addition, many subjects were filmed in this decade and later used for films.

When filming, over 10 years, the process of deforestation of the Amazon rainforest (identifying interlocutors and characters, following up their dramas and the region development contradictions), Adrian became deeply involved in this fight, and his films during this period showed the emblematic characters trajectory of the Amazon’s recent history.

The events recorded by Adrian in the 1950s and 1960s had a more reflective approach. Already in the 1980s, he went from one place to another, in Rondonia,

“A luta para salvar a tribo dos Panará e o Parque

Indígena do Xingu foi a primeira grande guerra

contra a destruição da Floresta Amazônica”.

Page 84: I Mostra Ecofalante

lugar para outro, em Rondônia, tentando deses-peradamente acompanhar o desenvolvimento acelerado; não era tão fácil entender o que estava filmando. Alguma coisa na fronteira lhe parecia muito errada. O mais difícil era saber o quê.

Adrian compreendeu que a Amazônia vivia um momento totalmente diferente: o governo e a sociedade estavam ocupando a floresta numa obsessão desenfreada, com migrações em massa. “Parecia que chegáramos ao limite de uma fron-teira, onde a floresta espelhava o absurdo da sociedade que a confrontava. Neste sentido, a partir de 1981, comecei a ampliar o foco do que eu filmava, procurando diferentes ângulos e outras opiniões sobre o que estava acontecendo.”

A trilogia Os Últimos Isolados é sobre a evo-lução da política do primeiro contato, ao longo do séculos XX e XXI, de índios com a socie-dade brasileira. Com imagens do primeiro contato dos Panará e dos Uru-Eu-Wau-Wau, e também da tentativa de contato com um grupo Avá-Canoeiro, Cowell realiza três filmes, atuali-zando em um relato de 30 anos a luta dramática dessas diferentes tribos amazônicas, à beira da extinção, se defendendo da implacável invasão do homem civilizado. Apresenta o desenrolar dos eventos e suas consequências para esses povos, em suas tentativas de ajustarem-se à nova condição.

“Durante o contato com os Kreen-Akrore / Panará adquiri uma consciência mais pro-funda da floresta. Essa dimensão da floresta a que me refiro só pôde ser experimentada conhecendo-se a técnica de aproximação com

desperately trying to keep up with the fast development; it was not so easy to understand what he was filming. Something on the borderland seemed very wrong. The hardest part was to understand what was wrong.

Adrian realized that Amazonia was in a totally different moment now: the government and the society were occupying the forest in a wild obsession, with mass migrations. “It seemed we were in a borderland limit, where the forest had mirrored the absurdity of society that confronted him. In this sense, since 1981, I began to broaden the focus of what I was filming, trying different angles and other opinions about what was happening. “

The trilogy Os Últimos Isolados talks about the development of the first contact policy, throughout the XX and XXI centuries, from Indians with the Brazilian society. With images of the first contact with Panará and Uru-Eu-Wau-Wau, and also from an attempt to have a contact with the Ava-Canoeiro group, Cowell carries out three movies, updating a 30 years documentation of dramatical struggle of these different Amazonian tribes, on the brink of extinction, protecting themselves from the civilized man relentless invasion. He shows the progress of the events and their consequences to these people, in their attempts to adjust to new conditions.

“During the contact with the Kreen-Akrore / Panará I have acquired a deeper awareness of the forest. This dimension of the forest to which I refer can only be experienced by knowing

“To me this is the true gold of the forest - a fragment of humanity

buried since the beginning of time.”

Page 85: I Mostra Ecofalante

homenagemtribute 85

tribos desconhecidas, primeiramente iniciada com Rondon e passada por seus oficiais para os irmãos Villas Bôas e deles para a geração de Apoena Meirelles e Sydney Possuelo. Essa tra-dição é uma técnica de contatar pessoas com quem você não pode falar, que nunca vê na bruma da floresta, e que, quase na sua totali-dade, são de grupos que matam simplesmente ao avistar um civilizado.”

Há mil anos, uma grande parte da raça humana era formada de tribos de caçadores e nômades. Hoje, há evidências de algumas pou-cas tribos desconhecidas que ainda se escondem do resto da humanidade. Essa trilogia de Adrian Cowell nos remete a Claudio Villas Bôas: “Isto para mim é o verdadeiro ouro da floresta – um fragmento da humanidade enterrado desde o princípio dos tempos”.

O olhar solidário de Adrian Cowell nos des-venda os aspectos humanos e o cotidiano dessas vidas afetadas e destruídas por esse processo “civilizatório”. Seus documentários contri-buirão imensamente para o debate político e cultural que envolve a Amazônia e trará à luz novos aspectos de sua história recente.

À medida que Adrian e sua equipe filmavam os exploradores, os índios e os seringuei-ros, buscando soluções para seus problemas, estavam também observando um processo de evolução hesitante, que, há 20 anos, se fir-mou no movimento dos seringueiros pelas Reservas Extrativistas.

the approximation method for unknown tribes. This was firstly initiated by Rondon and passed by his officers to the Villas Boas brothers and from them to Apoena Meirelles and Sydney Possuelo generation. This tradition is a technique of contacting people with whom you cannot talk; you can never see in the haze of the forest, and, almost in its entirety, are groups that simply kill when they merely see a civilized. “

A thousand years ago, a large part of the human race was formed by hunters and nomads tribes. Today, there are evidences of a few unknown tribes that still hide from the rest of humanity. This Adrian Cowell´s trilogy reminds us of Claudio Villas Boas: “To me this is the true gold of the forest - a fragment of humanity buried since the beginning of time.”

The sympathetic look of Adrian Cowell reveals the human aspects and the everyday lives of those people affected and destroyed by this “civilizing” process. His documentaries will contribute immensely to the political and cultural debate that surrounds Amazonia and bring to light new aspects of its recent history.

As Adrian and his team filmed the explorers, the Indians and the rubber tappers, seeking solutions to their problems, they were also looking at a tentative process of evolution, which for 20 years established itself in the movement of extractive reserves for rubber tappers

This movement started in the 1980s, enabled the gathering of Chico Mendes with Adrian Cowell. They had both lost their children and what would be a

“Isto para mim é o verdadeiro ouro da floresta – um fragmento

da humanidade enterrado desde o princípio dos tempos”

Page 86: I Mostra Ecofalante

Esse movimento, iniciado na década de 1980, possibilitou o encontro de Chico Mendes com Adrian Cowell. Os dois haviam perdido seus filhos e o que seria uma permanente lem-brança transformou-se numa amizade. “Posso apenas pensar no Chico como um homem que foi especialmente gentil comigo no pior momento de minha vida.” Foi um golpe do des-tino, pois, no início do trabalho de Adrian com Chico Mendes, este e sua esposa Ilza haviam recentemente perdido um dos filhos gêmeos que acabara de nascer.

Lentamente e com muita tenacidade, Chico tornou-se o líder que encaminhou a proposta política do Conselho Nacional dos Seringueiros em 1985. No ano seguinte, a Aliança dos Povos da Floresta surge como uma alternativa inovadora contra o desmatamento e pela sobre-vivência econômica do homem na floresta.

A participação das Reservas Extrativistas e Terras Indígenas nas políticas para os créditos de carbono é uma forma eficiente de preservar a floresta e criar oportunidades aos que lutam para mantê-la em pé, visando a soluções e avançando em direção ao que era impossível conceber 50 anos atrás. Hoje, apesar da devastação, há novas perspectivas. Portanto, existe esperança.

Citações de Adrian Cowell tiradas do livro The Decade

of Destruction, Headway-Hodder & Stonghton,

Londres, 1990.

Stella Oswaldo Cruz Penido é graduada em

Sociologia e Ciência Política pela Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro e mestre em Comunicação e

Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Atualmente é pesquisadora adjunta da Fundação Oswaldo

Cruz - FIOCRUZ. É também coordenadora do Setor de

Imagem em Movimento do Departamento de Arquivo e

Documentação da Casa de Oswaldo Cruz/ DAD-COC.

constant reminder turned into a friendship. “I can only think of Chico as a man who was especially kind to me at the worst moment of my life.” It was a stroke of fate, because in the beginning of Adrian´s work together with Chico Mendes, Chico and his wife Ilza had recently lost one of the twins who had just been born.

Slowly and with great tenacity, Chico became the leader who followed the policy proposal from the National Council of Rubber Tappers in 1985. The following year, the Forest People Alliance emerges as an innovative alternative against deforestation and in favor of man´s economic survival in the forest.

The extractive reserves and indigenous lands actions related to the policies for carbon credits is an efficient way to preserve the forest and create opportunities for those who fight to keep it standing, aiming at solutions and advancing toward what was inconceivable 50 years ago. Today, despite the devastation, there are new prospects. So, there is hope.

Adrian Cowell Quotes from the book

The Decade of Destruction, Headway-

Hodder & Stonghton, Londres, 1990.

Stella Oswaldo Cruz Penido has a degree

in Sociology and Political Science from

Catholic University of Rio de Janeiro with a

Master in Communication and Culture at

the Federal University of Rio de Janei-

ro. She is currently an associated research-

er of Oswaldo Cruz - FIOCRUZ. She is

also coordinator of the Motion Picture De-

partment of Archives and Documentation

of the Casa de Oswaldo Cruz / DAD-COC.

Page 87: I Mostra Ecofalante

homenagemtribute 87

Batida na FlorestaBrasil / Brazil, 2005, 59’

A luta de Walmir de Jesus, o gerente do IBAMA em Ji-Paraná, para conter o des-matamento desenfreado da Amazônia no estado de Rondônia. O filme mostra Walmir combatendo a extração e a venda ilegal de madeira, corrupção na política e no fun-cionalismo público local, desemprego e invasões em áreas de Parques Nacionais e de índios isolados.

The struggle of Walmir de Jesus, manager of IBAMA in Ji-Parana, to contain the rampant deforestation in the Amazon Forest located at Rondonia State. The film shows Walmir fighting against the extraction and illegal timber sales, against corruption in politics and local civil service, unemployment and invasions in National Parks and isolated Indians areas.

DIREÇÃO DIRECTOR

Adrian Cowell

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Vicente Rios

EDIÇÃO EDITOR

Rod Hutson

Page 88: I Mostra Ecofalante

Ilha da Flores

Page 89: I Mostra Ecofalante

panorama históricohistorical panorama 89

panorama históricohistorical panorama

Se a sustentabilidade e as questões ambien-tais só tomaram as primeiras páginas dos jornais nos últimos anos, o cinema tem se debruçado sobre tais questões há décadas. A ideia deste panorama histórico é exibir uma pequena amostra de como a questão ambiental despertou ao longo dos anos o interesse e a cria-tividade de importantes cineastas do Brasil e do mundo, como Agnès Varda (Os Catadores e Eu), Jorge Bodanzky e Orlando Senna (Iracema, uma Transa Amazônica), Andrea Tonacci (Serras da Desordem), Leon Hirzsman (Ecologia), Sérgio Bianchi (Mato Eles?), Jorge Furtado (Ilha das Flores), Joaquim Pedro de Andrade (Brasília: Contradições de Uma Cidade Nova) e Francisco Ramalho Jr. e Reinaldo Volpato (Tietê, Um Rio que Morre na Grande Cidade).

If sustainability and environmental issues only got the headlines in recent years, cinema has been addressing these issues for decades. The idea of this historical panorama is to show a small sample of how the environmental issue attracted over the years the interest and creativity of important filmmakers from Brazil and from the world such as Agnès Varda (The Gleaners & I), Jorge Bodansky and Orlando Senna (Iracema, Uma Transa Amazônica), Andrea Tonacci (Serras da Desordem), Leon Hirzsman (Ecologia), Sergio Bianchi (Mato Eles?) Jorge Furtado (Ilha das Flores), Joaquim Pedro de Andrade (Brasília: Contradições de Uma Cidade Nova) and Francisco Ramalho Jr. and Reinaldo Volpato (Tietê, Um Rio que Morre na Grande Cidade).

Page 90: I Mostra Ecofalante

Tietê, Um Rio que Morre na

Grande CidadeBrasil / Brazil, 1976, 10’

De Salesópolis, onde nasce, até Mogi das Cruzes, o rio Tietê ainda mantém suas ca-

racterísticas e funções naturais. A partir daí, no trecho que atravessa a Região Metropo-

litana, transforma-se em rede de despejo de esgotos domésticos e resíduos industriais. Suas águas cumprem, ainda, as funções de

abastecimento de água e fornecimento de energia elétrica. Com auxílio de representa-ção gráfica, o vídeo explica o sistema fluvial de São Paulo – Tietê, afluentes e barragens

–, as modificações introduzidas pelo homem – como a reversão do curso do rio Pinheiros

– e a represa Billings, com a dinâmica de seu funcionamento.

From Salesópolis, where it was born until Mogi das Cruzes, the Tiete River still retains

its natural characteristics and functions. Next, the stretch that runs through the metropolitan

area, it becomes a network of dump sewage and industrial waste. Its waters meet even the

functions of water supply and electricity supply. With the aid of graphical representation, the video explains the river system of São Paulo -

Tietê tributaries and dams - the changes made by man - as the course reversal of the River

Pines - and the Billings dam with the dynamics of its operation.

DIREÇÃO DIRECTOR

Francisco Ramalho Jr., Reinaldo Volpato

ROTEIRO WRITER

João Batista de Andrade

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Adilson Ruiz, Lúcio Kodato

EDIÇÃO EDITOR

Reinaldo Volpato

Page 91: I Mostra Ecofalante

panorama históricohistorical panorama 91

Os Catadores e EuFrança / France, 2000, 82’

Em diversos lugares da França, Agnès, a diretora do filme, se depara com respigado-res, extrativistas, vasculhadores e catadores. Por necessidade, puramente por acaso ou por escolha, estas pessoas coletam os itens deixados para trás, descartados por outros. Seu mundo é surpreendente. É distante do mundo dos antigos catadores, como as camponesas que vasculhavam restos de trigo deixados após a colheita. Batatas, maçãs, alimentos descartados, coisas sem donos, relógios sem ponteiros são o que atraem os catadores de hoje. Mas a própria Agnès é uma catadora, e seu documentário é subjeti-vo. Não há idade limite para a curiosidade. O próprio ato de filmar é um ato de catar.

Here and there in France, Agnès has come across gleaners, foragers, rummagers and scavengers.Through necessity, purely by chance or out of choice, these people pick up left-over items discarded by others. Their world is a surprising one. It is a far from the world of yesterday gleaners, peasant women who rummaged for bits of wheat left after the harvest. Potatoes, apples, discarded foodstuffs, things without owners, clocks without hands are the fare of today’s gleaners. But Agnès herself is just as much a gleaner, and her documentary is subjective. There’s no age limit to curiosity. Filming itself is gleaning.

DIREÇÃO DIRECTOR

Agnès Varda

ROTEIRO WRITER

Agnès Varda

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Stéphane Krausz, Didier Rouget, Didier Doussin,

Pascal Sautelet, Agnès Varda

EDIÇÃO EDITOR

Agnès Varda, Laurent Pineau

Page 92: I Mostra Ecofalante

Brasília: Contradições

de uma Cidade Nova

Brasil / Brazil, 1967, 23’

Imagens de Brasília em seu sexto ano e entrevistas com diferentes categorias de

habitantes da capital. Uma pergunta estrutu-ra o documentário: uma cidade inteiramente

planejada, criada em nome do desenvol-vimento nacional e da democratização da

sociedade, poderia reproduzir as desigual-dades e a opressão existentes em outras

regiões do país?

Images of Brasilia in its sixth year and interviews with differents categories of the

capital´s inhabitants. One question structures the documentary: could a completely

planned city, created in the name of national development and democratization of society,

reproduce existing inequalities and oppression in other parts of the country?

ROTEIRO WRITER

Joaquim Pedro de Andrade, Luís Saia e Jean-Claude Bernardet

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Affonso Beato

EDIÇÃO EDITOR

Bárbara Riedel

Filme sob a guarda do Arquivo Nacional FILM UNDER THE CUSTODY OF THE NATIONAL ARCHIVES

Page 93: I Mostra Ecofalante

panorama históricohistorical panorama 93

Ilha das FloresBrasil / Brazil, 1989, 13’

Um tomate é plantado, colhido, transportado e vendido em um supermercado, mas apo-drece e acaba no lixo. Acaba? Não. O filme segue seu percurso até seu verdadeiro final, entre animais, lixo, mulheres e crianças. E então fica clara a diferença que existe entre tomates, porcos e seres humanos.

A tomato is planted, harvested, transported and sold in a supermarket, but it rots and ends up in the trash. End? No. Flower Island follows it up to its true end between animals, trash, women and children. And then it becomes clear the difference that exists between tomatoes, pigs and humans.

DIREÇÃO DIRECTOR

Jorge Furtado

ROTEIRO WRITER

Jorge Furtado

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Roberto Henkin, Sérgio Amon

EDIÇÃO EDITOR

Giba Assis Brasil

Page 94: I Mostra Ecofalante

Serras da Desordem

Brasil / Brazil, 2006, 135’

Carapirú é um índio nômade, que após escapar do massacre de seu grupo familiar

em 1977, perambula sozinho pelas serras do Brasil central até ser capturado dez anos

depois a 2000 Km de distância de seu ponto de partida. Levado para Brasília pelo serta-nista Sydney Possuelo, torna-se manchete

nacional e centro da polêmica criada por an-tropólogos e linguistas quanto à sua origem

e identidade.

Carapirú is a nomad indian who, after escaping the massacre of his family group in 1977,

wanders alone through the mountains of central Brazil until he was captured 10 years later,

2000 km away from its starting point. Brought to Brasilia by Sydney Possuelo he becomes

national headlines and center of a controversy created by anthropologists and linguists with

regard to his origin and identity.

DIREÇÃO DIRECTOR

Andrea Tonacci

ROTEIRO WRITER

Andrea Tonacci

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Aloysio Raulino, Alziro Barbosa, Fernando Coster

EDIÇÃO EDITOR

Cristina Amaral

Page 95: I Mostra Ecofalante

panorama históricohistorical panorama 95

Iracema, Uma Transa AmazônicaBrasil / Brazil, 1974, 90’

Em 1970, um motorista de caminhão sulista conhece Iracema, uma jovem índia prosti-tuída, durante as festas do Círio de Nazaré em Belém do Pará. Dá uma carona para ela, a deixando em um lugarejo no meio da estrada. A viagem, como todo o filme, serve como pretexto para que sejam mostrados os problemas da região – desmatamento, más condições de trabalho e saúde, venda de camponeses em confronto com a fantasiosa propaganda institucional.

In 1970, a truck driver from the southern, in Belém, during the festivities of the Candle of Nazareth, knew Iracema, a young Indian prostitute. He gives her a ride, leaving her in a village in the middle of the road. The trip, like all the film serves as an excuse to show the region’s problems - deforestation, poor work and health conditions, peasants sales in confrontation with the fanciful institutional advertising.

DIREÇÃO DIRECTOR

Jorge Bodanzky, Orlando Senna

ROTEIRO WRITER

Orlando Senna

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Jorge Bodanzky

EDIÇÃO EDITOR

Jorge Bodanzky, Eva Grundman

Page 96: I Mostra Ecofalante

Mato Eles?Brasil / Brazil, 1983, 33’

A Funai é um órgão de proteção indígena ou uma indústria de extração de madeira? O último índio da tribo Xetá deve ser tombado pelo patrimônio histórico? Você é a favor de

que o extermínio indígena no Brasil seja ime-diato (vala comum) ou gradativo? É melhor

negócio comprar a terra indígena e retirar a madeira ou denunciar quem faz isso? O filme mostra os últimos índios da reserva

de Mangueirinha, a sudoeste do Estado do Paraná, que estão sendo suavemente ex-

terminados com a conivência daqueles que deveriam protegê-los.

Is Funai an Indian protection agency or a logging industry? The last Xetá´s tribe indian

must be registered or listed at the National Heritage? Are you in favor the extermination of indigenous people in Brazil be immediate (mass grave) or gradual? It’s better business

to buy Indian land and remove the timber, or denounce those who do it? The film shows

the last of the Indian reserve of Mangueirinha (Mangalore), in the southwest of Paraná State,

being gently wiped out with the connivance of those who should protect them.

DIREÇÃO DIRECTOR

Sérgio Bianchi

ROTEIRO WRITER

Jacob César Piccoli, Sérigo Bianchi

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Pedro Farkas

EDIÇÃO EDITOR

Eduardo Albuquerque, Sérgio Bianchi

Page 97: I Mostra Ecofalante

panorama históricohistorical panorama 97

Ecologia Brasil / Brazil, 1973, 10’

Um dos primeiros documentários brasileiros a tratar diretamente do tema, realizado no início da década de 70, denuncia os efeitos nefastos do crescimento industrial descontro-lado sobre o meio ambiente. É uma vigorosa denúncia contra a exploração desenfreada dos recursos naturais e clama pela revisão dos padrões de comportamento para evitar que o mundo físico, doente, venha a perecer.

One of the first Brazilian documentaries to address directly the theme, held in the early 70s, Ecology denounces the harmful effects of uncontrolled industrial growth on the environment. It is a vigorous denunciation against the unbridled exploitation of natural resources and calls for revision of behavior standards to prevent the physical ill world from perishing.

DIREÇÃO DIRECTOR

Leon Hirszman

ROTEIRO WRITER

Mauro Fernandes Argento, Jorge Soares

Marques

FOTOGRAFIA CINEMATOGRAPHER

Luiz Carlos Saldanha

EDIÇÃO EDITOR

Nello Melli

Page 98: I Mostra Ecofalante

Wall-e

Os Sem Floresta

Page 99: I Mostra Ecofalante

mostra infantilchildren’s festival 99

mostra infantilchildren’s festival

É importante não apenas agirmos no pre-sente, mas pensarmos também no futuro e nas novas gerações – e como conscientizarmos nossas crianças sobre os desafios que terão na preservação ambiental. As quatro animações programadas nesta seção mostram como dife-rentes países e cineastas tentam passar esses ensinamentos para suas novas gerações, seja na França (Kiriku e a Feiticeira), Alemanha (Animais Unidos Jamais Serão Vencidos) ou EUA (Wall-E e Os Sem-Floresta).

It is important not only to act in the current time, but also to think about the future and about the new generations - and how we are preparing our children to understand the challenges they will have on environmental preservation. The four animations programmed in this section show how different countries and filmmakers try to pass those lessons to their younger generations, whether in France (Kiriku and the Sorceress), Germany (Konferenz der Tiere) or U.S. (Wall-E and Over the Hedge).

Page 100: I Mostra Ecofalante

Kiriku e a Feiticeira

França, Bélgica, Luxemburgo / France, Belgium, Luxembourg, 1998, 74’

Em uma pequena vila da África, nasce um menino chamado Kiriku. Mas ele não é um

menino comum, pois sabe muito bem o que quer. Além disso, ele já sabe andar e falar.

Sua mãe lhe conta como uma feiticeira má secou a primavera e devorou todos os ho-

mens da vila exceto um. Por isso o pequeno Kiriku decide acompanhar o último guerreiro

até a feiticeira. Devido à sua coragem ele pode ser a última esperança da vila.

In a little village somewhere in Africa, a boy named Kirikou is born. But he’s not a normal

boy, because he knows what he wants very well. Also he already can speak and walk. His

mother tells him how an evil sorceress has dried up their spring and devoured all males of

the village except of one. Hence little Kirikou decides he will accompany the last warrior to

the sorceress. Due to his intrepidity he may be the last hope of the village.

DIREÇÃO DIRECTOR

Michel Ocelot

ROTEIRO WRITER

Michel Ocelot

EDIÇÃO EDITOR

Dominique Lefèvre

Page 101: I Mostra Ecofalante

mostra infantilchildren’s festival 101

Animais Unidos Jamais Serão VencidosAlemanha / Germany, 2010, 93’

Quando uma enorme barragem e um resort bloqueiam o abastecimento de água da planície africana, os animais – muitos deles inimigos implacáveis – se unem para fazer as coisas voltarem ao normal.

When a massive dam and resort complex blocks off the water supply to the African plain the animals – many of them implacable enemies – come together to put things right.

DIREÇÃO DIRECTOR

Reinhard Klooss, Holger Tappe

ROTEIRO WRITER

Oliver Huzly, Reinhard Klooss, Klaus Richter,

Sven Severin

EDIÇÃO EDITOR

Alexander Dittner

Page 102: I Mostra Ecofalante

Wall-EEUA / USA, 2008, 98’

Em um futuro distante, um pe-queno robô coletor de lixo embar-

ca em uma jornada espacial que decidirá o destino

da humanidade.

In the distant future, a small waste collecting robot

inadvertently embarks on a space journey that will ultimately decide

the fate of mankind.

DIREÇÃO DIRECTOR

Andrew Stanton

ROTEIRO WRITER

Andrew Stanton

EDIÇÃO EDITOR

Stephen Schaffer

Page 103: I Mostra Ecofalante

mostra infantilchildren’s festival 103

Os Sem-FlorestaEUA / USA, 2006, 83’

Um esperto guaxinim convence uma família de animais da floresta a ajudá-lo a pagar uma dívida de comida, invadindo o novo bairro suburbano que surgiu enquanto eles hibernavam... E aprende uma lição sobre o que pode ser uma família.

A scheming raccoon fools a mismatched family of forest creatures into helping him repay a debt of food, by invading the new suburban sprawl that popped up while they were hibernating... and learns a lesson about family himself.

DIREÇÃO DIRECTOR

Tim Johnson, Karey Kirkpatrick

ROTEIRO WRITER

Len Blum, Lorne Cameron, David Hoselton, Karey

Kirkpatrick

EDIÇÃO EDITOR

John K. Carr

Page 104: I Mostra Ecofalante

progra-maçãoprogramming

* exibição em 35mm / 35m projectiom** sessão com a presença do diretor / session attended by the film director

Page 105: I Mostra Ecofalante

105105

16.mar sexta-feira

14h30 The Warriors of Qiugang (39min)

Biutiful Cauntri (79min)

16h45 Blood in the Mobile (82min)

18h30 If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front** (85min)

20h30 Debate Ativismo Sam Cullman, Sergio Leitão, Maria Zulmira, Marcelo Cardoso

17.mar sábado

14h30 Recife Frio* (24min)

A Terra da Lua Partida** (52min)

16h30 There Once Was an Island** (80min)

18h30 Debate Mudanças Climáticas Briar March, Marcos Negrão

20h30 Cool It (87min)

18.mar domingo

14h30 O Veneno Está na Mesa

(49min)

16h30 The Light Bulb Conspiracy** (75min)

18h30 Debate Consumo

Cosima Dannoritzer, Helio Mattar, Lisa Gunn

20h30 Food, Inc. (94min)

19.mar segunda-feira

14h30 All for the Good of the World and Nosovice* (82min)

16h30 Tchernobyl, une Histoire Naturelle? (90min)

18h30 Overdrive: Istanbul in the New Millennium* (80min)

20h30 Debate Povos e Lugares Aslihan Unaldi, José Eli da Veiga, Ladislau Dowbor

20.mar terça-feira

14h30 The Cove* (92min)

16h30 Bag It! (74min)

18h30 Gasland (107min)

20h30 Crude (105min)

21.mar quarta-feira

14h30 Into Eternity (75min)

16h30 Up the Yangtze (93min)

18h30 À Margem do Xingu – Vozes não Consideradas (90min)

20h30 Debate EnergiaGary Marcuse, André D’Elia, Celio Bermann

22.mar quinta-feira

14h30 The Well – Water Voices from Ethiopia (54min)

15h45 Life for Sale (65min)

17h15 Waking the Green Tiger** (78min)

19h00 Sertão Progresso** (72min)

20h30 Debate Água

Cristian Cancino, Pedro Jacobi, Yvonilde Medeiros,Humberto Caldeira Cinque

Cine Livraria Cultura

105

Page 106: I Mostra Ecofalante

16.mar sexta-feira

15h00 À Margem do Xingu – Vozes não Consideradas (90min)

16h45 O Veneno Está na Mesa

(49min)

18h00 Food, Inc. (94min)

20h00 The Light Bulb Conspiracy** (75min)

22h00 Waking the Green Tiger (78min)

17.mar sábado

16h00 All for the Good of the World and Nosovice* (82min)

18h00 Overdrive: Istanbul in the New Millennium (80min)

20h00 Tamboro (90min)

22h00 Tchernobyl, une Histoire Naturelle? (90min)

18.mar domingo

14h00 Crude (105min)

16h00 Gasland (107min)

18h00 Bag It! (74min)

20h00 The Cove* (92min)

22h00 If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front (85min)

19.mar segunda-feira

16h00 Up the Yangtze (93min)

18h00 Into Eternity (75min)

20h00 Corumbiara (117min) )

20.mar terça-feira

16h00 À Margem do Xingu – Vozes não Consideradas (90min)

18h00 Sertão Progresso (72min)

19h30 Life for Sale (65min)

21h00 The Well – Water Voices from Ethiopia (54min)

21.mar quarta-feira

16h00 Corumbiara (117min) 18h15 Blood in the Mobile (82min)

20h00 The Warriors of Qiugang (39min)

Biutiful Cauntri (79min)

22.mar quinta-feira

16h00 Cool It (87min) 18h00 There Once Was

an Island (80min) 20h00 Recife Frio* (24min)

A Terra da Lua Partida (52min)

Cine Sabesp

Page 107: I Mostra Ecofalante

107

15.mar quinta-feira

09h00 Wall-E (98min)

14h00 Wall-E (98min)

16.mar sexta-feira

09h00 Os Sem Floresta (83min)

14h00 Os Sem Floresta (83min)

17.mar sábado

16h00 Sessão Curtas Ecologia (13min); Tietê, Um Rio Que

Morre na Grande Cidade (10min);

Ilha das Flores (12min); Mato Eles?

(39min); Brasília, Contradições de Uma Cidade Nova* (23min)

18h00 Os Catadores e Eu* (82min)

20h00 Iracema, uma Transa Amazônica* (90min)

18.mar domingo

18h00 Tamboro (90min)

20h00 Sessão Curtas

Ecologia (13min); Tietê, Um Rio Que Morre na Grande Cidade (10min); Ilha das Flores (12min); Mato Eles?

(39min); Brasília, Contradições de Uma Cidade Nova* (23min)

20.mar terça-feira

09h00 Kiriku e a Feiticeira (74min)

14h00 Animais Unidos Jamais Serão Vencidos (93min)

16h30 Corumbiara (117min) 19h00 Batida na Floresta (59min)

20h00 Debate HomenagemFelipe Milanez, Vicente Rios, Stella Oswaldo Cruz Penido, Daniel Santiago

21.mar quarta-feira

17h30 Iracema, uma Transa Amazônica* (90min)

19h30 Serras da Desordem* (135min)

22.mar quinta-feira

09h00 Animais Unidos Jamais Serão Vencidos (93min)

14h00 Kiriku e a Feiticeira (74min)

17h30 Serras da Desordem* (135min)

20h00 Os Catadores e Eu* (82min)

MIS . Museu da Imagem e do Som

107

Page 108: I Mostra Ecofalante

debate-doresdebaters

Page 109: I Mostra Ecofalante

ATIVISMO activism

Sam Cullman

Sam Cullman é fotógrafo, produtor e diretor de documentário com mais de uma década de experiência. Trabalhou em cenários dos mais diversos – de cam-panhas presidenciais, salas de parto e campos de refugiados a estúdios de Bollywood, presídios e zonas pós-desas-tre. Graduado pela Brown University, onde se formou em Estudos Urbanos e Artes Visuais, Sam vive e trabalha no Brooklin. Diretor de If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front

Sam Cullman is a cinematographer, producer and director of documentaries with over a decade of experience. Sam has worked in a wide range of settings - from presidential campaign trails, delivery rooms and refugee camps, to Bollywood sound-stages, prisons and post-disaster zones. A graduate of Brown University, where he ma-jored in Urban Studies and the Visual Arts, Sam lives and works in Brooklyn, New York. Director of If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front.

Sergio Leitão

Sergio Leitão é advogado, especiali-zado em direito ambiental, trabalha para o movimento social e ambiental desde a década de 80 e atualmente atua na direto-ria de campanhas do Greenpeace Brasil.

Sergio Leitão is a lawyer special-ized in environmental law, he works for so-cial and environmental movements since the 80’s and currently serves on the board of campaigns for Greenpeace Brazil.

Maria Zulmira

Maria Zulmira é uma das pioneiras em comunicação sustentável no Brasil e na América Latina, sendo reconhecida por

seu trabalho no Repórter Eco, EcoPrático e Sustentáculos. Atualmente, é diretora da Planetária Soluções Sustentáveis, empresa especializada em comunicar sustentabilidade, na qual é responsável pela Gestão de Comunicação do Corredor Ecológico do Vale do Paraíba, além de ser coordenadora geral da primeira pla-taforma de ativismo ambiental do Brasil, a Revela.

Maria Zulmira is a pioneer in sustain-able communication in Brazil and Latin America, being known for her work at Eco Reporter, Eco Prático and Sustentáculos. She is currently director of Planetária Soluções Sustentáveis, an enterprise specialized in communicating sustainability, in which she is responsible for the Communication Management of the Ecological Corridor of the Paraíba Valley, and is general coordina-tor of the first platform of environmental ac-tivism in Brazil, the Revela.

Marcelo Cardoso

Marcelo Cardoso é advogado, espe-cializado em políticas públicas, gestão ambiental, direito ambiental e geotec-nologias em gestão ambiental. Atua em organizações socioambientais desde 1998, entre as quais ISA, Vitae Civilis, ANAP, ABDL, CDHEP e SEAE, na pro-moção de políticas públicas, mobilização da sociedade na conservação de manan-ciais metropolitanos, planejamento do uso do solo, gestão ambiental e na pro-teção de comunidades vulneráveis. Colabora com a gestão e execução de vários projetos do Vitae Civilis relativos à conservação de mananciais, mudanças de clima, e políticas para desenvolvi-mento sustentável.

Marcelo Cardoso is a lawyer, special-ized in public policy, environmental manage-ment, environmental law and geotechnolo-gies in environmental management. He works for social and environmental organizations

109

Page 110: I Mostra Ecofalante

since 1998, including ISA, Vitae Civilis, ANAP, ABDL, CDHEP and SEAE, in the promotion of public policies, mobilization of society in the conservation of metropolitan wellsprings, land use planning, environmental manage-ment and in the protection of vulnerable communities. He collaborates with manage-ment and implementation of several projects of Vitae Civilis concerning the conservation of water sources, climate change, and policies for sustainable development.

MUDANÇAS CLIMÁTICASclimate changes

Briar March

Briar é documentarista. Envolvida em questões ambientais e de direitos huma-nos, seus filmes são diferentes em estilo, mas  sempre  baseados em  um desejo apaixonado  de se comunicar.  Diretora de There Once was an Island.

Briar is a documentary filmmaker. Angered by environmental and human rights issues, her films are diverse in style, but consistently grounded in a passionate desire to communicate. Director of There Once was an Island.

Marcos Negrão

Dirigiu, produziu e fotografou os documentários Urubus Têm Asas e Birmânia – Dragão Adormecido, exibido no programa Fantástico da Rede Globo. A Terra da Lua Partida é seu primeiro longa-metragem como diretor.

Directed, produced and photographed the documentaries Urubus Têm Asas and Birmânia – Dragão Adormecido, shown at program Fantástico from Rede Globo. A Terra da Lua Partida is his first feature film as a director

CONSUMO consumption

Cosima Dannoritzer

Documentarista especializada em história, ciência e ecologia. Diretora de The Light Bulb Conspiracy.

Documentary filmmaker specialized in history, science and ecology. Director of The Light Bulb Conspiracy.

Helio Mattar

Helio Mattar é doutor em Engenharia Industrial pela Universidade de Stanford (EUA), idealizador, cofundador e dire-tor-presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente. Foi cofunda-dor do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, e atualmente é membro do conselho da organização.

Helio Mattar holds a PhD in Industrial Engineering from Stanford University (USA), creator, founder and CEO of the Akatu Institute for Conscious Consumption. He was co-founder of the Ethos Institute for Business and Social Responsibility, and is currently a board member of this organization.

Lisa Gunn

Lisa Gunn, socióloga graduada pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp e mestre em ciên-cia ambiental na USP, é coordenadora executiva do Idec. Organizou a primeira edição da publicação “Consumo susten-tável: manual de educação”.

Lisa Gunn, a sociologist graduated at the Institute of Philosophy and Human Sciences at Unicamp and with a master’s degree in Environmental Science from USP, is exec-utive coordinator of Idec. She organized the first edition of the publication «Sustainable consumption: education manual.»

Page 111: I Mostra Ecofalante

111

POVOS E LUGARESpeople and places

Aslihan Unaldi

Aslihan  Unaldi  é roteirista, dire-tora e produtora, nascida e criada  em Istambul.  Graduou-se em  Relações Internacionais  e  em Fotografia  pela Universidade de Yale e é Mestre em Cinema  pela Tisch  School of Arts da Universidade de Nova Iorque. Seu pre-miado  curta-metragem  Razan  estreou no Festival de Cinema de Rotterdam em 2006  e passou a  percorrer o  circuito de festivais internacionais.  Overdrive: Istanbul in the New Millennium é  seu primeiro documentário  de longa-metragem.

Aslihan Unaldi is a writer-director-pro-ducer, born and raised in Istanbul. She re-ceived her BA in International Relations and in Photography from Yale University. She received her MFA in film from New York University’s Tisch School of Arts. Her award winning short film Razan premiered at the Rotterdam Film Festival in 2006 and went on to travel the international festival circuit. Overdrive: Istanbul in the New Millennium is Unaldi’s first feature documentary.

José Eli da Veiga

José Eli da Veiga é professor dos pro-gramas de pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo e do Instituto de Pesquisas Ecológicas. Publicou 20 livros e é colabo-rador permanente das colunas de opinião do jornal Valor e da revista Página22.

José Eli da Veiga is a professor of post-grad-uate programs at the Institute of International Relations from University of Sao Paulo and at the Institute for Ecological Research. He pub-lished 20 books and is a permanent collabo-rator of the opinion columns of the newspa-per Valor and the magazine Página22.

Ladislau Dowbor

Ladislau Dowbor é professor de eco-nomia e administração na pós-graduação da PUC-SP.

Ladislau Dowbor is economics and busi-ness administration professor for graduate school at PUC-SP.

HOMENAGEM tribute

Felipe Milanez

Felipe Milanez  é jornalista e advo-gado, mestre em ciência política pela Universidade de Toulouse, França. Foi editor das revistas Brasil Indígena e National Geographic Brasil, trabalhos nos quais se especializou em admirar e respeitar o Brasil profundo e multiétnico.

Felipe Milanez is a journalist and law-yer, with master’s degree in political sci-ence at the University of Toulouse, France. He was editor of the magazines Brasil Indígena and National Geographic Brazil, works in which he specialized in admire and re-spect the deep and multiethnic Brazil.

Vicente Rios

Vicente Rios é cinegrafista, fotógrafo e co-produtor do filmes do Adrian Cowell. Vinculado à Universidade Católica de Goiás, trabalhou com o diretor por mais de 30 anos.

Vicente Rios is a cameraman, photogra-pher and co-producer of the films of Adrian Cowell. Linked to the Catholic University of Goiás, he worked with the director for more than 30 years.

Stella Oswaldo Cruz Penido

Stella Oswaldo Cruz Penido é gradu-ada em Sociologia e Ciência Política pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e mestre em Comunicação e

111

Page 112: I Mostra Ecofalante

Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é pesquisa-dora adjunta da Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ. É também coordenadora do Setor de Imagem em Movimento do Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz/ DAD-COC.

Stella Oswaldo Cruz Penido has a de-gree in Sociology and Political Science from Catholic University of Rio de Janeiro with a Master in Communication and Culture at the Federal University of Rio de Janeiro. She is currently an associated researcher of Oswaldo Cruz - FIOCRUZ. She is also coor-dinator of the Motion Picture Department of Archives and Documentation of the Casa de Oswaldo Cruz / DAD-COC.

Daniel Santiago

Autodidata, o produtor e documen-tarista Daniel S. Santiago possui uma larga experiência na área audiovisual, desde produções de vídeos internos, institucionais, publicitários até a produ-ção de filmes de longas-metragens, tais como Eles não usam Black-Tie, Pixote, Carandiru e The Emerald Forest, entre outros.

The self-taught producer and documen-tary filmmaker Daniel S. Santiago has an extensive experience in the audiovisual field, from institutionals and advertising to the production of feature films such as Eles não usam Black-Tie, Pixote, Carandiru and The Emerald Forest, among others.

ENERGIA energy

Gary Marcuse

Gary  é roteirista, diretor e pro-dutor  de documentários. Ele é o  ex-presidente da  Organização  de Documentários  do Canadá  e ex-pre-sidente  e representante nacional  da

unidade BC do Sindicato dos Roteiristas do Canadá.  De 2004 a 2008  ele foi executivo de programação  para a tele-visão  CBC.  É diretor  de  Waking The Green Tiger.

Gary is a writer, director and produc-er of documentaries. He is the past pres-ident of the Documentary Organization of Canada and past president and nation-al representative of the BC chapter of the Writer’s Guild of Canada. From 2004 to 2008 he was a Programming Executive for CBC television. He is the director of Waking The Green Tiger.

André D’Elia

André D’Elia é cineasta, diretor do documentário A Margem do Xingu – Vozes Não Consideradas.

André D’Elia is a filmmaker, director of the documentary A Margem do Xingu – Vozes Não Consideradas.

Celio Bermann

Celio Bermann é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela USP, mestrado em Planejamento Urbano e Regional pela UFRJ e doutorado em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Unicamp. Atualmente é Professor Associado no Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP. É autor de diversas publi-cações, entre as quais o livro “Energia no Brasil: Para quê? Para quem? - Crise e alternativas para um país sustentável”.

Celio Bermann is graduated in Architecture and Urbanism from USP, has a master de-gree in Urban and Regional Planning from UFRJ and Ph.D. in Energy Systems Planning at Unicamp. He is currently Associate Professor at the Institute of Electrical and Energy of USP. He is the author of several publications, including the book “Energy in Brazil: Why and for whom? - Crisis and alter-natives to a sustainable country”.

Page 113: I Mostra Ecofalante

113

ÁGUA water

Cristian Cancino

Cristian Cancino é jornalista formado pela PUC-SP. É diretor de documen-tários desde 1999, quando realizou A Soltura do Louco. Desde então, se dedica a projetos audiovisuais como diretor, roteirista e diretor de fotografia. É dire-tor do filme Sertão Progresso.

Cristian Cancino is a journalist graduat-ed at PUC-SP. He is a documentary filmmak-er since 1999, when he directed A Soltura do Louco. Since then, he dedicates himself to audiovisual projects as a director, screen-writer and cinematographer. He is the direc-tor of Sertão Progresso.

Pedro Jacobi

Pedro Jacobi é Sociólogo, Mestre em Planejamento Urbano, Doutor em Sociologia e Livre Docente em Educação. Professor Titular da Faculdade de Educação e do Programa de Pós- Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (PROCAM-USP). Coordenador do PROCAM USP 2010-2012. Coordenador do Laboratório de Governança Ambiental da USP- GovAmb USP. Editor da revista Ambiente e Sociedade.

Pedro Jacobi is a Sociologist, Master in Urban Planning, PhD in Sociology and Professor of Education. He is also a Professor at the Education School and the Post Graduate Program in Environmental Science from University of Sao Paulo (PROCAM-USP). Coordinator of the PROCAM USP 2010-2012. Coordinator of the Environmental Governance Laboratory at USP, USP-GovAmb, and Journal Environment and Society editor.

Yvonilde Medeiros

Yvonilde Medeiros possui douto-rado em Hidrologia pela University of Newcastle Upon Tyne-UK, mestrado em Hidráulica e Saneamento pela USP e graduação em Engenharia Civil pela UFBA. É professora da UFBA nos cursos de mestrado de Engenharia Ambiental e Urbana e Meio Ambiente, Águas e Saneamento. Coordenao projeto de pesquisa Rede de Pesquisa Ecovazão - Estudo do Regime de Vazões Ecológicas para o Baixo Curso do Rio São Francisco: Uma Abordagem Multicriterial.

Yvonilde Medeiros has a Ph.D. in Hydrology from the University of Newcastle Upon Tyne, UK, MSc in Hydraulics and Sanitation from USP and a degree in Civil Engineering from UFBA. She is a professor of UFBA’s master›s cours-es in Environmental and Urban Engineering and Environment, Water and Sanitation. She coordinates the research project Research Network Ecovazão - Study of the Ecological Flows Regime for Lower São Francisco River Course: A Multicriteria Approach.

Umberto Caldeira Cinque

Umberto Caldeira Cinque é Engenheiro Químico com MBA em Gestão Empresarial e Pós-graduação em Engenharia de Controle Ambiental. É atualmente Gerente Geral de Meio Ambiente da Fibria, empresa de celulose do Grupo Votorantim.

Umberto Caldeira Cinque is a chem-ical engineer with a Master in Business Administration and post-graduated in Environmental Control Engineering. He is currently Environment General Manager on Fibria, a Votorantim Group’s company.

113

Page 114: I Mostra Ecofalante

patrocínio . sponsorshipAES EletropauloInstituto VotorantimWhite Martins

apoio . supportInstituto AkatuKMComexLivraria CulturaMobzMuseu da Imagem e do Som – MISPix AVPROCAM-USPPUC Goiás/IGPASabespViena

Projeto realizado com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Programa de Ação Cultural 2011

realização . realizationEcofalante

curadoria . artist directorFrancisco César Filho

comissão de seleçãoselection committeeAlex AndradeAloysio RaulinoCândida GuaribaChico GuaribaCláudio Yosida

direção geral . directorChico Guariba

produção executiva . executive producerDaniela Guariba

coordenação de produção production coordinatorAlex AndradeLeonardo Mecchi

assistente de produçãoproduction assistantCândida Guariba

pesquisa de filmes . film’s researchAlex AndradeCândida GuaribaCarolina Freitas da Cunha

receptivo . receptiveErika Fromm

monitoria . monitoringFabiana Amorim

assessoria de imprensa . press officeFoco Jornalístico

concepção visual, projeto gráfico e site visual and graphic design and website amatraca desenho gráfico

revisão de textos . proofreadingRachel Ades

tradução de textos . translationPartners Idiomas

vinheta . vignetteMova Filmes

tradução e legendagem eletrônica dos filmestranslation and electronic subtitling of films4estações

tradução simultânea dos debatessimultaneous translation of debatesGreen Sound ProduçõesLB Tradução e Interpretação

captação de recursos . fund raisingMona CulturalPatrolink

agradecimentos . thanksArquivo NacionalCinemateca BrasileiraMetropolitanoSecretaria Estadual do Meio AmbienteSecretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente

Adhemar Oliveira, Adriano Stringhini, Alice de Andrade, Andrea Santoro Silveira, André D’Elia, André Sturm, André Takahashi, Arthur Sens, Aslihan Unaldi, Bianca Alves Costa, Briar March, Caio Magri, Carlos Nobre, Carolina Wernechi, Celio Bermann, Cristian Cancino, Cosima Dannoritzer, Daniel Santiago, Diogo da Silva Quitério, Eduardo Jorge, Elsa Maglio, Fabiana Macedo de Holanda, Fábio Luiz Vasconcelos, Fábio Feldman, Felipe Milanes, Gary Marcuse, Hélio Mattar, José Eli da Veiga, José Roberto Sadek, Ladislau Dowbor, Liliana Sobron, Lisa Gunn, Lis Kogan, Lucas Bonini, Luciana Quadros Canassa, Marcos Martins, Maria Hirszman, João Pedro Hirszman, Marcelo Cardoso, Marcos Negrão, Maria Zumira, Mariana Menna, Marília Marton, Mário Mantovani, Myrna Baumann, Mônica Ribeiro, Mônica Nunes, Munir Soares, Oswaldo Lucon, Paulo Henrique Martinez, Pedro Herz, Pedro Jacobi, Priscila Cavichioli, Raquel Bidderman, Reginaldo Forti, Rodrigo Mathias, Sam Cullman, Sérgio Leitão, Sérgio Moriconi, Sibele Aparecida Viana, Stella Oswaldo Cruz Penido, Thiago André, Ulysses Telles Guariba Netto, Vicente Rios, Yvonilde Medeiros

E todos os diretores, produtores e distribuidores que nos ajudaram a trazer os filmes para a Mostra.

I Mostra Ecofalante de Cinema AmbientalI Ecofalante Environmental Film Festival15 a 22 de março de 2012

Page 115: I Mostra Ecofalante

115

Page 116: I Mostra Ecofalante

mostra

decinema AMBIENTAL

Projeto realizado com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Programa de Ação Cultural 2011

apresentação

patrocínio

realização

apoio

apoio logístico