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APONTAMENTOS EM BIBLIOLOGIA POR FABIO JOSÉ DA SILVA BIBLIOLOGIA: O QUE É A BÍBLIA? A Bíblia é "A Biblioteca Divina" (São Jerônimo) Origem divina da Escritura; Conjunto de Livros em unidade; A Bíblia é a única fonte de autoridade para o crente "guardar todas as coisas que vos tenho ordenado" (Mateus 28:20) Escrita por mais de 40 autores inspirados por Deus durante 1500 anos. A Revelação de Deus ao homem. TERMINOLOGIA: Bíblia: Deriva do grego "Bíblia", plural de "Biblion" = livro O termo "biblion" = aparece em várias passagens da bíblia: (Lc 3:17,29; Jo 20:30; 21:25; Gl 3:10; 2Tm 4:13; Hb 9:19; 10:7; Ap 1:11; 5:1,2,3,4,8,9; 10:8; 13:8, 17:8; 20:12; 21:27; 22,7,9,10,18,19) Escritura: Deriva do grego "Grammata" = escritos (Jo 5:47; 7:15; At 26:24; 28:21; Rm 2:27,29;7:6; 2Cor 3:6,7; Gl 6:11; 2 Tm 3:15) É utilizada para referir-se ao AT (2 Tim 3:16) É utilizada para referir-se ao NT (Gl 6:11) Palavra de Deus. Termo usado para se referir tanto ao AT como ao NT Existe muitas passagens que declaram que a Bíblia É a Palavra de Deus.

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Apontamentos em Bibliologia

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APONTAMENTOS EM BIBLIOLOGIA POR FABIO JOSÉ DA SILVA

BIBLIOLOGIA: O QUE É A BÍBLIA?

A Bíblia é "A Biblioteca Divina" (São Jerônimo)

Origem divina da Escritura;

Conjunto de Livros em unidade;

A Bíblia é a única fonte de autoridade para o crente

"guardar todas as coisas que vos tenho ordenado" (Mateus 28:20)

Escrita por mais de 40 autores inspirados por Deus durante 1500 anos.

A Revelação de Deus ao homem.

TERMINOLOGIA:

Bíblia: Deriva do grego "Bíblia", plural de "Biblion" = livro

O termo "biblion" = aparece em várias passagens da bíblia: (Lc 3:17,29; Jo 20:30; 21:25; Gl

3:10; 2Tm 4:13; Hb 9:19; 10:7; Ap 1:11; 5:1,2,3,4,8,9; 10:8; 13:8, 17:8; 20:12; 21:27;

22,7,9,10,18,19)

Escritura: Deriva do grego "Grammata" = escritos

(Jo 5:47; 7:15; At 26:24; 28:21; Rm 2:27,29;7:6; 2Cor 3:6,7; Gl 6:11; 2 Tm 3:15)

É utilizada para referir-se ao AT (2 Tim 3:16)

É utilizada para referir-se ao NT (Gl 6:11)

Palavra de Deus.

Termo usado para se referir tanto ao AT como ao NT

Existe muitas passagens que declaram que a Bíblia É a Palavra de Deus.

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(Dt 6:6-9, 17-18; 2Sm 22:31; Sl 1:2; 12:6; 19:17-11; 119:9,11,18, 89-93, 97-100, 104-105, 130;

Pv 30:5-6; Is 55:10-11; Jr 15:16; 23:29; Mc 13:31; Jo 10:35; Rm 10:17; 1 Tes 2:13; 1Pd 1:23-

25; Ap. 1:2).

INTRODUÇÃO:

Bibliologia é o ramo da teologia que se ocupa do estudo da Sagrada Escritura como uma

Revelação Divina.

A Bibliologia inclui o estudo de todos os temas relacionados com a revelação escrita por Deus.

Esses temas são:

A inspiração

A autenticidade

A confiabilidade

A autoridade

A inerrância

A canonicidade tanto do AT como do NT

A preservação da Sagrada Escritura

O Apostolo Paulo declara que:

"... o que de Deus se conhecer neles se manifesta, porque Deus lhe manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; (Rm 1:19-20)

o O apostolo afirma que a criação é um meio pelo qual Deus tem se manifestado ao homem.

o Deus tem se manifestado por meio da criação (Sl 19).

CONHECIMENTO REVELADO

Todo conhecimento de Deus é um conhecimento revelado, de modo que é Deus quem o

concede.

A fonte do conhecimento referente a Deus, Seus caminhos e Sua verdade é Ele mesmo.

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O conhecimento de Deus é colocado ao alcance do ser humano por meio da própria

manifestação do próprio Deus mesmo.

DEUS SE REVELA

A palavra revelação denota a ação de destampar algo que se encontra velado ou oculto,

enfim é o descobrimento de algo que previamente se desconhecia.

É a ação de Deus ao se manifestar a Si mesmo a humanidade, de maneira tal que os seres

humanos possam o conhecer e ter comunhão com Ele.

Mateus 16:16-17.

A criação é, portanto, um meio não escrito pelo qual Deus tem revelado a realidade de sua

existência, seu eterno poder, sua inteligência, seu propósito e sua divindade.

O caráter finito e temporal do homem lhe impossibilita conhecer a Deus por si mesmo.

Deus tem que se auto revelar para que o homem possa conhece-lo.

REVELAÇÃO GERAL OU NATURAL

Existe uma revelação geral ou natural através da qual Deus se deixa conhecer a toda pessoa, em

todo tempo e em todo lugar;

A revelação geral é universal no sentido de que Deus possibilita que o conheçamos de uma

maneira geral a todas as pessoas, em todo tempo e em todo lugar.

A revelação geral manifesta-se através da natureza, das experiências e da consciência humana e

da história.

Revelação geral ou natural: é a comunicação de Deus mediante a natureza, a consciência

humana, a providencia e a preservação desta (SL 19; Rm 1:3 At 14:15-17; 17:22-34).

A Revelação geral ou natural também torna-se evidente mediante os acontecimentos históricos.

Acontecimentos tais como:

O diluvio;

A torre de Babel;

A destruição de Sodoma e Gomorra;

O lugar da nação de Israel e os atos relacionados com esta nação são evidencias da

revelação de Deus na história.

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A Natureza A Experiência Humana A História

Deus se revela a si

mesmo por meio de

suas obras.

O Universo, em sua

totalidade, serve ao

propósito do Criador,

como um veículo para

a manifestação que

Deus faz de Si

mesmo.

Fomos Criados a Sua

imagem e

semelhança;

Através do sentido

moral, Deus se revela

na consciência dos

seres humanos;

As crenças e práticas

religiosas são

universais; (Romanos

2)

Deus se manifesta

nos acontecimentos

históricos;

Toda a história

carrega a marca da

atividade de Deus,

logo esta possui um

caráter teológico.

(Atos 17:22-30)

No entanto este meio de revelação é inadequada para a Salvação.

REVELAÇÃO ESPECIAL

Deus tem concedido ao homem uma revelação especial ou sobrenatural;

Tal revelação consiste em responder as seguintes perguntas:

Quem e o que é Deus?

Quem e o que é o homem?

O que Deus tem feito pelo homem?

Deus tem se auto revelado a pessoas concretas em tempos e lugares definidos tornando possível

que tais pessoas estabeleçam uma relação salvífica com Ele; (Milard J. Erickson)

Millard J. Erikson, professor do Seminário Batista do Sudoeste, explica a necessidade da

revelação especial da seguinte forma:

Porque era necessária uma revelação especial? A resposta está no fato de que o homem havia perdido a relação favorável que tinha com Deus antes da queda. Era necessário que o homem chegasse a conhecer a Deus de uma maneira mais completa para que as condições para restabelecer a comunhão pudessem ser cumpridas. Esse conhecimento teria que ir além da revelação inicial que já estava disponível para o homem, porque agora, além da limitação natural da finitude humana, havia também a limitação moral da pecaminosidade humana. Agora era insuficiente simplesmente conhecer a existência de Deus ou algo a respeito de como Ele é. No estado original de inocência o homem havia sido positivamente inclinado (ou, pelo menos, neutro) para Deus, e podia responder de maneira direta. Porém depois da queda o homem se afastou de Deus, se rebelando contra Ele. A compreensão humana de questões espirituais não somente se tornou inativa, como também se perdeu, e necessita ser restaurada. De modo que a situação do homem era uma questão mais complicada do que era originalmente e, por conseguinte, necessita de uma instrução mais completa.1

1 Millard J. Erickson, Christian Theology (Grand Rapids: Baker book House, 1985), p. 176. [tradução livre].

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TRÊS ETAPAS DA REVELAÇÃO ESPECIAL

A redenção na história, gira e culmina em torno da obra do Senhor Jesus Cristo;

A fonte escrita da revelação de Deus, a Bíblia.

As sagradas escrituras são os registros interpretativos do que Ele tem feito para a redenção

para os seres humanos.

A obra do Espirito Santo nas vidas dos indivíduos, e na vida corporativa da Igreja.

O Espírito aplica a revelação de Deus as mentes e corações das pessoas;

Como resultado, os seres humanos recebem Jesus Cristo como Senhor e Salvador, e são

capacitados para seguir lhe de fielmente em uma comunidade de fé.

A REVELAÇÃO ABSOLUTA EM CRISTO (HEBREUS 1:2)

Em Cristo habita a plenitude da divindade (Cl 2:9)

Cristo é o Verbo de Deus encarnado (Jo 1:1,14)

Cristo veio para revelar exaustivamente a Deus (1:18)

É PARTICULAR É PROGRESSIVA É VERBALIZADA OU

PROPOSICIONAL

Esteve disponível

somente a algumas

pessoas escolhidas,

em tempos e lugares

específicos;

Agora está disponível

somente ao consultar

as Sagradas

Escrituras;

É especifica, Deus se

revela ao seu povo,

os filhos de Abraão,

seja por sua

descendência natural

(Gn 12:13) ou

espiritual (Gl 3:16,29).

O desenvolvimento

progressivo não é

contraditório, mas

complementa e suplementa

o que havia sido revelado

previamente.

Está progredindo de uma

revelação menor a uma

mais completa (Hb 1:1-3).

Não ocorre do erro para a

verdade.

O Evangelho não ignora a

revelação do AT, mas a

cumpre levando-a a

plenitude.

O posterior cumpre o que

vem anteriormente.

A revelação especial é

principalmente redentora e pessoal,

porem também é proposicional.

Deus se revela pessoalmente como

o “Eu Sou” (Ex 3:14).

O ponto culminante da revelação

pessoal de Deus foi em Jesus

Cristo.

O verbo se fez carne (Jo 1:1, 14;

14:9).

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MEIOS DE REVELAÇÃO: AUTORES BÍBLICOS

Por meio de:

Visões (Is 1:1,2; 6:1; Ez 1:3)

Sonhos (Dn 7:1)

Êxtase (At 10:9-18)

Arrebatamentos Especiais (2Cor 12:1-2)

Diretamente (Ex 3:1-8)

Por meio de Anjos (Dn 8:15-19; Ap 22:8-9)

A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS

Nenhuma doutrina é mais importante para o teólogo conservador que a Inspiração das Escrituras.

Todas as outras divisões da Teologia Sistemática são afetadas pela posição que se tome no

tocante a inspiração.

Esta doutrina na realidade responde as seguintes perguntas:

O que é a Bíblia?

Ela é a Palavra de Deus ao Homem?

USOS DA PALAVRA INSPIRAÇÃO:

A palavra inspiração tem sido usada de diferentes formas e contextos para indicar uma variedade

de ideias.

Quando se deseja expressar os sentimentos que produzem certa classe de músicas se emprega

a palavra “inspirar ou inspiração”.

Em outros momentos falamos da inspiração de um poeta ou um artista.

Também dizemos que uma cerimônia religiosa, um sermão ou um hino foi inspirado.

Devido aos diferentes usos que tais vocábulos tem recebido, se faz absolutamente necessário

destacar qual é o seu significado bíblico.

Ao mesmo tempo é necessário expor que entendemos quando falamos da doutrina da Inspiração

Bíblica.

PRIMEIRO TEXTO QUE NOS POSSIBILITA COMPREENDER O SIGNIFICADO DA INSPIRAÇÃO

O vocábulo, na realidade, significa “sopro interior” isto implica que existe um espírito dentro.

Porem a chave do uso bíblico de tal expressão se encontra em 2 Timóteo 3:16, “Toda a Escritura

é inspirada (θεοπνευστος) por Deus...”

A Palavra Theopneustos somente aparece nesta passagem em todo o Novo Testamento.

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É derivada de duas palavras Theos (Deus) e Pneustos (sopro).

Esta palavra literalmente significa “o sopro de Deus” ou “soprado por Deus”.

O conceito proporcionado pela palavra Theopneustos não é facilmente compreendido fora de

uma exegese do texto original levando em consideração outras passagens afins. (B.B Warfield)

O famoso teólogo B.B. Warfield, em sua obra clássica, Inspiration and Authority of the Bible

(Inspiração e Autoridade da Bíblia), destaca o seguinte:

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (II Tm. 3:16/ Almeida revista e corrigida). A palavra grega usada nesta passagem, theópneustos, não significa, de maneira nenhuma, “inspirado de Deus”. Esta frase é, antes, a tradução do latim divinitus inspirata, da Vulgata. A palavra grega nem sequer significa, como Almeida traduz, “divinamente inspirada”, embora esta tradução seja, por assim dizer, uma paráfrase rude, ainda que não enganadora, do termo grego, na linguagem teológica corrente daquele tempo. A expressão grega, porém, nada diz a respeito de inspiração ou de inspirar: fala apenas de respirar ou de respiração. Diz, sim, que é “exalado por Deus”, sendo pois o produto do “sopro” criador de Deus, e não que seja “inspirado por Deus”, isto é, que seja produto da “inspiração” divina nos seus autores humanos. Numa palavra, o que se declara nesta passagem fundamental é, simplesmente, que as Escrituras são um produto divino, sem qualquer indicação da maneira como Deus operou para as produzir. Não se poderia escolher nenhuma outra expressão que afirmasse, com maior saliência, a produção divina das Escrituras, como esta o faz. 2

A palavra hebraica usada no AT que corresponde a Theopneustos é neshmah e ocorre também

somente uma vez a sua utilização.

“Certamente o espirito está no homem, e o sopro do Onipotente faz com que ele entenda (Jó

32:8)

A ênfase radical no poder de Deus expressada aqui como neshamah (sopro) que capacita o

homem para que este entenda.

SEGUNDO TEXTO QUE NOS AJUDA A COMPREENDER O SIGNIFICADO DA INSPIRAÇÃO

Outra passagem chave para compreender o significado da inspiração é 2 Pd 1:21

“Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados (Fero = carregado, levado, conduzido) pelo Espírito Santo. (2 Pedro 1:21)

Pedro alude nesta passagem a palavra profética (As Escrituras) a qual considera “mais segura”

que a experiência humana e logo adiciona o fato que os homens que escreveram a Palavra o

fizeram debaixo da direção expressa do Espírito Santo. (Edward J. Young)

O grande erudito e brilhante escritor Edward J. Young, expressa-se sobre este tema da seguinte

forma:

2 B.B. Warfield, “O CONCEITO BÍBLICO DE INSPIRAÇÃO”, Revista Os Puritanos, Ano VIII, nº. 4.

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A linguagem é muito enfática. Os homens de Deus que falaram, fizeram, segundo se afirma, sendo conduzidos e impulsionados pelo Espírito Santo. É dizer, o Espírito na verdade os levantou e os levou e assim puderam eles falar. Foram conduzidos ou carregados pelo poder do Espirito e não pela força própria de cada um deles. O que é carregado, não obstante, é absolutamente passivo. Do mesmo modo os escritores da Bíblia que falaram de Deus eram passivos. Era o Espírito de Deus que os levava ou impulsionava. O Espírito era ativo e eles eram passivos. Assim pois, Ele os direcionava para a meta que havia fixado”3.

O Dr. Young assinala que no ato de ser conduzido pelo Espírito os escritores eram passivos,

porém no ato de escrever eram ativos.

O que Pedro deseja destacar é que as coisas escritas e expressadas por aqueles homens de

Deus não era produto de suas imaginações, mas do Espirito Santo.

AS Escrituras, por tanto, tem sua origem em Deus mesmo.

O que Paulo afirma em 2 Tm 3:16 é que no tocante a Bíblia é aplicado e apoiado pelo apóstolo

Pedro.

Paulo afirma que os escritores eram produto do sopro de Deus e Pedro nos diz que os

escritores realizaram seus trabalhos mediante o impulso do poder do Espírito Santo.

TERCEIRO TEXTO QUE NOS AJUDA A COMPREENDER O SIGNIFICADO DA INSPIRAÇÃO.

Antes de formular uma definição do que é a inspiração é necessário considerar uma terceira

passagem das Escrituras.

No tal texto encontramos as seguintes palavras pronunciadas pelo mesmo Senhor Jesus:

“[...] a Escritura não pode ser anulada” (João 10:35).

O contexto desta passagem refere-se a defesa que Cristo faz de sua divindade.

Os Judeus o acusavam de blasfêmia porque segundo eles, Ele “sendo homem se fazia como

Deus” (Jo 10:33).

O Senhor Jesus apela a autoridade das escrituras e declara:

Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses? (João 10:34)

É muito importante observar que Jesus cita o Salmo 82:6 e o chama vossa lei.

O livro dos salmos supostamente, não faz parte do Pentateuco, no entanto, Cristo o chama A Lei.

O ponto em questão é o fato de que Jesus outorga a mesma força de autoridade aos Salmos ao

chama-lo de a Lei da mesma forma que o Pentateuco. (Palavras de Young y Morris).

Ou como disse Warfield: “Em outras palavras, (Cristo) da aqui autoridade legal a toda a Bíblia, em conformidade com o conceito mais comum entre os judeus (Jo 12:34), e que

3 E.J. Young Thy Word is Truth p. 25

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ocasionalmente se usa no NT, tanto nos lábios de Jesus como no dos escritos dos Apóstolos”4.

A expressão “ser quebrantada”, ainda que não seja usada com frequência no NT, aparece em algumas referências em relação com o ato de quebrar o dia do repouso (ver Jo 5:18; Mt 5:19). O significado dessa frase é que “a Escritura não pode ser esvaziada de sua força de modo a provar ser errada5.

A força das palavras de Cristo enfatiza a autoridade das Escrituras e o fato de que tal autoridade

não pode ser anulada nem menosprezada.

Quando digo “A Escritura” se refere a toda a Bíblia, é dizer, nada da Palavra pode ser excluído.

Aqui temos uma enfática declaração a favor da infalibilidade da Palavra de Deus.

ALGUMAS DEFINIÇÕES CONHECIDAS:

O Dr. Young nos diz:

“Inspiração é a superintendência do Espirito Santo sobre os escritores da Bíblia, como resultado As Escrituras possuem autoridade divina e são dignas de confiança e por conseguinte são livres de erros” pag. 27

O Dr. Ryrie escreveu:

“... inspiração bíblica é essa superintendência de Deus sobre os autores humanos de modo que, usando suas próprias personalidades, eles compuseram e registraram sem erro Sua revelação ao homem nas palavras escritas por seu próprio punho”6.

B.B. Warfield expressa:

“Inspiração é, portanto, normalmente definida como uma influência sobrenatural exercida pelo Espirito Santo sobre os escritores sagrados em virtude da qual seus escritos possuem integridade divina.”7

René Pache oferece a seguinte definição:

“Inspiração é a influência determinante exercida pelo Espirito Santo nos autores do Antigo e do Novo Testamento para que pudessem proclamar e estabelecer de maneira exata e autentica a mensagem recebida de Deus.”8

4 E.I. Young Thy Word is Truth p. 139.

5 Leon Morris, Commentary on The Gospel of lohn pag. 527 7 Charles C. Ryrie, A Survey of Bible Doctrine pag. 38 8 B. F. Warfield, Op. cit. p. 131

6 Charles C. Ryrie, A survey of Bible Doctrine, pg. 28.

7 B.B. Warfield, Op. Cit., p. 131

8 René Pache, The Inspiration and Authority of Scripture (Chicago: Moody Press 1971) p. 45-10 Gaisler and Nix pag. 28,29.

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DEFINIÇÃO CONCLUSIVA:

A inspiração é a obra de Deus o Espirito Santo guiando, dirigindo, supervisionando, guardando os

escritores humanos tanto do AT como do NT de modo que, conservando seus próprios estilos e

usando suas próprias personalidades escreveram livres de erro o que é na verdade a Palavra de

Deus. (Dr. Elvis Carballosa).

Teologicamente falando, por conseguinte, a doutrina bíblica da inspiração inclui três aspectos

indispensáveis:

Deus como causa indispensável (1Cor 2:10-12).

Deus o Espirito Santo é o único que pode efetuar a obra tanto da revelação como da

inspiração.

O homem como agente ou instrumento. A Escritura nos diz que “Santos homens de Deus

falaram...” (2Pd 1:21).

Esses homens também escreveram sob a direção especial do Espirito Santo de Deus.

O produto:

A Palavra de Deus é autentica, infalível, inerante (2 Tm 3:16-17)9

ENTRE REVELAÇÃO, INSPIRAÇÃO, ILUMINAÇÃO:

Ao estudar a natureza das Escrituras é necessário diferenciar entre três aspectos fundamentais

da mesma, é dizer, revelação, inspiração, e iluminação.

REVELAÇÃO é o ato divino de comunicar verdades ao homem que não poderia saber de

outro modo.

As vezes Deus tem se revelado de forma audível somente, outras vezes tem comunicado sua

mensagem por meio dos anjos. Também tem se revelado de forma pessoal (Ex 34:28).

Deus tem revelado, ademais, grandes verdades que tem sido escritas tais como as que

encontramos na Bíblia.

No todo o que Deus revelou tem sido escrito.

Ademais existem muitas coisas na Bíblia que foram conhecidas simplesmente por ser fatos

históricos de conhecimento geral.

Revelação, portanto, tem a ver com a comunicação da verdade ou verdades, especialmente

aquelas que o homem não poderia saber de nenhum outro modo.

INSPIRAÇÃO, por outro lado, tem a ver com o ato de registrar ou escrever a verdade

revelada sob a direção do Espirito Santo de modo que esteja livre de todo erro.

Inspiração garantia a fidelidade e a inerrância das Escrituras.

Finalmente, iluminação tem a ver com a obra do Espirito Santo tornando possível que o

homem, especialmente o crente possa compreender a Palavra de Deus (1Cor 2: 13,14; Ef

1:15-23; 3:14-19).

A Inspiração capacita os escritores, e ilumina os leitores.

O Dr. Unger diz o seguinte:

9 Geisler and Nix, pág. 28,29.

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“... revelação tem a ver com a origem, inspiração se relaciona com receber e escrever, enquanto que a iluminação concerne o entender e o compreender a revelação objetiva escrita.”10

ILUMINAÇÃO

Nos incrédulos:

É necessária para compreender e crer de coração a verdade bíblica (1 Cor 1:18; 2:14; 2 Cor

4:4).

A obra de convicção do Espirito Santo (Jo 16:7-11)

Nos crentes:

É necessária para compreender a verdade bíblica. (1 Cor 2:10-12)

O ofício de ensino do Espirito Santo (16:13-15)

TEORIAS FALSAS NO TOCANTE A INSPIRAÇÃO

Em relação a doutrina da inspiração tem se formulado numerosas teorias que não se ajustam aos

postulado nem as afirmações que encontramos na Palavra de Deus, é por isso que consideramos

que essas teorias são falsas.

INTUIÇÃO OU INSPIRAÇÃO NATURAL

Somente é uma compreensão natural dos assuntos espirituais, exercitada por pessoas bem

dotadas (acima da média).

FORMULAÇÃO: do mesmo modo que um artista, músico, pintor, escritor, executaram

obras maestrais, assim também os homens que escreveram a Bíblia realizaram seus

trabalhos como um produto de seus dote naturais.

Portanto, a Bíblia pode ser a peça literária mais importante que se tenha produzido, porém por

ser um produto do gênero humano é falível.

OBJEÇÕES A TAL TEORIA

1. É contrária aos postulados da Bíblia;

2. Reduz a Bíblia no mesmo nível de qualquer livro humano;

3. É uma negação do que a inspiração é em si, Inspiração natural não é inspiração;

4. Desacredita o testemunho de Cristo e dos Apóstolos;

5. Não existe uma implicação especial de Deus.

ILUMINAÇÃO ESPECIAL

Intensificação e exaltação divina de percepções religiosas comuns aos crentes.

Os dons naturais dos escritores bíblicos foram ressaltados de alguma maneira pelo Espírito

Santo.

Objeção: Não existe nenhuma orientação nem comunicação especial de verdades divinas.

10 Unger, Introductory Guide and the Old Testament, págs 24-25.

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ORIENTAÇÃO DINAMICA

É uma orientação especial que o Espirito Santo deu aos escritores bíblicos afim de assegurar a

comunicação de uma mensagem procedente de Deus.

A mensagem de fé religiosa e vida piedosa eram dirigidos, porem os temas “não essenciais”

dependiam por completo dos conhecimentos, a experiência e as preferências dos autores

humanos.

INSPIRAÇÃO DINÂMICA OU MÍSTICA

São os que sustentam que do mesmo modo que os crentes hoje tem e estão cheios do Espirito,

assim também os escritores da Bíblia tiveram a capacidade de realizar seus trabalhos como

qualquer um poderia realiza-lo hoje.

É dizer, basicamente não existe diferença entre o que escreveram aqueles homens e o que um

crente que estivesse cheio do Espírito poderia escrever hoje.

OBJEÇÕES A TAL TEORIA

1. Ignora a doutrina bíblica da inspiração.

2. A escrita das Escrituras não foi concedida a todo crente, mesmo no período da era

apostólica.

3. O Canon foi completado de modo que nada pode ser adicionado a ele.

4. Ignora a história eclesiástica. A igreja somente reconhece os livros canônicos como

inspirados.

INSPIRAÇÃO PARCIAL

Os que assumem esta postura afirmam que somente aquelas partes da Bíblia que trata de

verdades desconhecidas para o homem tais como assuntos espirituais ou morais que não

podem se obter pela razão nem pela investigação é que são inspirados.11

Estas afirmações são contrarias ao que a Bíblia afirma. Deus o Espirito Santo impulsionou ou

dirigiu os escritores a escrever palavras (grafia) pois a única forma de expressar pensamentos é

por meio das palavras.

Portanto, se a inspiração está ligada ao ato de escrever ou registrar a revelação de Deus para

garantir a inerrância desta, é necessário que “toda a escritura” seja produto de Deus e não

somente parte dela.

Finalmente dizer que a Bíblia “contém” a Palavra de Deus equivale fazer uma ostentação de

um poder especial para determinar como obter a tal Palavra. Se somente algumas partes da

Bíblia são inspiradas, a pergunta que podemos contestar é a seguinte: Quem é que determina

quais as partes que são inspiradas?

Resumindo, a ênfase bíblica é que “toda a Escritura é theopneustos”. É afirmar que todas as

partes ou a totalidade da Bíblia tem a sua origem em Deus.

11 Merril F. Unger, Introductory Guide to the Old Testament pag. 35

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GRAUS DE INSPIRAÇÃO

Esta teoria afirma que algumas partes da Bíblia são “mais inspiradas que outras partes”. Por

exemplo, aquelas partes que sendo totalmente desconhecidas e foram reveladas tiveram um

grau maior de inspiração que as que eram de conhecimento geral.

OBJEÇÕES A ESTA TEORIA:

1. Existem graus de valor porem não graus de inspiração nas Escrituras.

2. Inspiração tem a ver com o ato de escrever ou registrar a verdade sob a direção do Espírito

Santo.

3. As evidencias internas apoiam que todas as partes da Bíblia apoiam que todas as partes da

Bíblia são igualmente inspiradas.

INSPIRAÇÃO NA PERSPECTIVA NEO-ORTODOXA

No início do século XX iniciou um movimento teológico que tem ocupado desde então um lugar

proeminente no protestantismo. Este movimento surgiu como uma reação ao liberalismo e é

conhecido por vários nomes:12

“Barthianismo”, em honra a seu fundador;

“Teologia da Crise” devido a ênfase no juízo de Deus sobre o homem;

“Neo-Liberalismo” porque enfatiza a área transcendental (coisa que não faz o liberalismo);

“Neo-Ortodoxia” devido ao esforço em regressar aos postulados bíblicos da reforma. Na

verdade, pode se dizer que a neo-ortodoxia constitui um esforço por abordar os evangélicos

conservadores com os liberais e modernistas.

POSTURA DOS NEO-ORTODOXOS

Os neo-ortodoxos tem assumido posturas distintas no tocante as Escrituras13.

1. Uma é a existencial e a outra se chama “demitologização”. Esta primeira posição é a que

apoiava Karl Barth; a segunda é a que se atribuía a Rudolf Bultmann.

a. O ponto de vista de Barth é que a Bíblia é um testemunho da Palavra de Deus. A

Palavra de Deus, como tal, é Cristo. A Bíblia é a Palavra de Deus somente é um

sentido secundário.

b. A Bíblia, segundo Barth, está repleta de erros. No entanto afirma que a Bíblia torna-se

a palavra de Deus quando o Senhor deseja usar esse meio imperfeito para confrontar

ao homem o homem com a Sua Palavra perfeita. A opinião neo-ortodoxa é a seguinte:

“somente Deus pode falar por Deus”.

c. Ele fala de maneira pessoal somente e quando ele faz isso é revelação. A Palavra de

Deus é sua presença em minha experiência. Quando Deus me fala por meio de Sua

Palavra (Jesus Cristo) e eu respondo isto é considerado por Revelação.

d. Entre os mais proeminentes teólogos que mantiveram esta posição estão:

i. Karl Barth;

ii. Emil Brunner;

iii. Remold Niebhr;

12 Harvie M. Conn, Teologia Contemporánea em el Mundo, pp. 25-31

13 Geisler and Nix, General Biblical Introduction pág. 40-43

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iv. Edwin Lewis e outros.

e. Em resumo:

i. O ponto de vista existencial da neo-ortodoxia sustenta que a revelação não é

objetiva mas objetiva.

ii. A Bíblia contém erros e portanto é falível;

iii. A Bíblia não é uma revelação mas um testemunho da revelação;

iv. Deus fala somente de uma maneira pessoal e quando fala, se eu respondo,

então se ocorre a revelação;

2. O segundo ponto de vista abordado por alguns neo-ortodoxos é chamado demitologização.

Esta é a posição tomada especialmente pelo teólogo alemão Rudolf Bultmann. Este conceito

afirma que para entender a Bíblia e para chegar ao coração da verdade desta é necessário

despojar-se de todo mito de que está revestida. É certo, dizem, que os mitos bíblicos são

métodos sérios e significativos, mesmo que imperfeitos de expressar assuntos

transcendentais para a existência religiosa do homem. No entanto, é necessário olhar mais

além do mitologia para se conhecer a verdade da revelação.

a. Os teólogos que apoiam esta posição sustentam que o mito é uma forma de

comunicação teológica 14 . Relatos tais como a criação do homem, a queda, a

encarnação, a cruz, a sua segunda vinda etc. são formas mitológicas de expressar

certas verdades. Com referência a Cristo, é considerado somente um homem comum

sem nada de sobrenatural nEle.

“A doutrina que faz com que Jesus Cristo é o Filho de Deus, um Ser preexistente é simplesmente mitológica”.15

OBJEÇÕES A TAL TEORIA

1. A posição neo-ortodoxa afirma que Deus somente se revela de maneira pessoal e não

proposicional. É dizer, Deus não se revela por meio da Palavra Escrita mas somente por um

encontro pessoal do que a Bíblia é testemunha. Porém, o testemunho bíblico é que “toda a

Escritura (grafia) é produto do sopro de Deus”.

2. O mesmo Jesus Cristo, honrou as Escrituras, referindo-se a elas e ordenando aos

homens a observa-las. E veio a este mundo, viveu, morreu, ressuscitou e ascendeu no

cumprimento literal da Palavra Escrita. 16

INSPIRAÇÃO CONCEITUAL

Segundo esta teoria somente os pensamentos e não as palavras da Bíblia foram

inspirados. Deus deu estes pensamentos aos escritores sagrados e permitiu que os

registrassem muitos anos depois em suas próprias palavras segundo eles fossem recordando.

14 Ramm Qp. Cit.. pg. 74

15 Pache Qp. Cit. Pg. 263.

16 José Grau, Introducción a la Teologia pgs. 207-211

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OBJEÇÕES A ESTA TEORIA

1. É impossível separar as palavras dos pensamentos ou conceitos;

2. As palavras são como as roupas das ideias e é inconcebível falar de uma ideia nua.

DITADO VERBAL DIVINO

Esta Teoria também é conhecida pelo nome de Inspiração mecânica;

A inspiração é a supervisão infalível da reprodução mecânica das palavras divinas.

Afirma que a Bíblia foi ditada por Deus e que os escritores divinos foram obedientes

secretários que escreveram sob a direção especial do Espirito Santo, quanto ao conteúdo,

palavra e estilo.

OBJEÇÕES A ESTA TEORIA

Ainda que seja certo que algumas partes da Bíblia foram ditadas e outras como os dez

mandamentos foram escritas pela própria mão de Deus, existe algumas objeções sérias a

teoria do ditado verbal:

1. Não explica os diferentes estios e características da Bíblia;

2. Faz do escritor humano uma máquina ou um robô;

3. O ditado verbal exclui a possibilidade da inspiração;

PROPÓSITO INSPIRADO

Este é um conceito que surgiu recentemente e parece estar se popularizando entre o meio

evangélico.

O Dr. Ryrie o descreve da seguinte forma:

Este simplesmente significa que mesmo que a Bíblia contenha informações erradas e discrepâncias insolúveis, no entanto possui “integridade doutrinal” de modo que realiza perfeitamente o propósito de Deus em si. Os que defendem esta ideia podem e usam na verdade as palavras infalível e inerante, porem é importante notar que limitam cuidadosamente a infalibilidade da Bíblia ao propósito ou ênfase principal da Bíblia e não se estende até incluir a fidelidade ou correção de todos os fatos históricos e eventos paralelos. Em outras palavras a revelação principal de Deus (a salvação) tem sido transmitida infalivelmente por meio dos documentos que, não obstante, são falíveis.17

INPIRAÇÃO VERBAL PLENÁRIA

DEFINIÇÃO: É a verdade que ensina que o Espirito Deus guiou o autor humano na eleição de

todas as palavras (verbal) usadas nos escritos originais, de modo que cada palavra usada pelo

autor humano, é também por Deus e é inspirada por Ele (plenária), sendo toda a Escritura, a

Palavra de Deus.

Refere-se a confecção dos originais;

17 Ryrie Síntesis de doctrina Bíblica. P. 44.

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Reconhece a intervenção sobrenatural de Deus como inspirador, controlador e supervisor do

escrito bíblico.

Reconhece a inerrância da Bíblia.

É uma combinação da experiência humana natural dos escritores, e a iniciativa e supervisão

do Espirito Santo com respeito aos seus Escritos.

O Espírito Santo garantiu a exatidão e a plenitude de todo o que se escreveu como revelação

de Deus.

A INERRÂNCIA BÍBLICA

A Bíblia não falha; não erra; é verdadeira em tudo quanto afirma (Mateus 5:17-18; João 10:35).

Pacto de Lausanne (1974)

Declaração de Chicago (1978)

Reconhece as contradições ou falta de coesão interna encontradas no texto, não como erros

reais, mas como dificuldades

Podem ser resolvidos quando se obtém todos os dados relevantes.

AUTORIDADE DA SAGRADA ESCRITURA

As exceções mais profundas na cristandade são doutrinais; e as exceções doutrinais mais profundas são aquelas que resultam de desacordos no tocante a autoridade.18

A autoridade da Sagrada Escritura significa que está é o critério absoluto de Deus a respeito

da verdade em tudo que afirma;

Os ensinamentos da Bíblia são seus critérios para todos os juízos e avaliações;

A autoridade do mesmo Deus tem sido mediada ao homem na Bíblia em proposições;

As doutrinas da Bíblia são vinculantes. Muitas de suas profecias tem sido cumpridas ao pé da

letra.

As que ainda não se cumpriram terão um cumprimento final porque é a Palavra de Deus.

A Bíblia afirma ter autoridade divina. Os escritores do AT repetem constantemente a frase “assim

diz o Senhor” como demonstração do fato de que o que escreveram e disseram procedia de

Deus.

1. A autoridade da Bíblia é expressada no AT. Como se tem destacado anteriormente,

utilizaram umas duzentas vezes as expressões “assim diz o Senhor” e “o Senhor diz” (Ex 5:1;

14:1). O profeta Isaías declara 20 vezes a frase “a palavra do Senhor” (veja 1:10) e Jeremias

escreve umas 100 vezes a frase “vindo, pois, a palavra do Senhor a mim” (1:4; 11, 14; 2:1). O

resto dos profetas seguem o mesmo padrão, logo, podemos dizer que isto é um

reconhecimento da autoridade divina de seus escritos.

2. A autoridade da Bíblia é declarada no NT. Nada tem dado maior honra a Sagrada Escritura

que o Senhor Jesus Cristo. Em Mateus 5:17-18, Jesus declarou:

18 James L. Packer em Fundamentalism and the Word of God. P.44.

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Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido. (Mateus 5:17-18)

Também o Senhor Jesus afirmou que “[...]a Escritura não pode ser anulada. (João 10:35).

É afirmar que a palavra de Deus possui tal autoridade que anula-la acarretaria um castigo.

Aliás, depois de sua ressureição, explicou a seus discípulos que tudo estava relacionado

com sua morte e sua ressureição (Lucas 24:44-47). Por outro lado, o Senhor reconheceu a

historicidade de Jonas (Mateus 12:39-41). A criação de Adão e Eva (Mateus 19:4-6). A

historicidade de Daniel e seu ministério profético (Mateus 24:15);

A tudo isso temos que incluir o fato de que os escritores do NT reconheceram a autoridade

do AT quando usaram a frase “está escrito”. O verbo utilizado nesta frase está no tempo

pretérito perfeito do indicativo. O temo perfeito sublinha uma ação completa com os

resultados perduráveis. “Está escrito e permanece escrito”.

3. A autoridade das Escrituras foi suscitada pela igreja primitiva. Tanto os pais apostólicos,

alguns dos quais foram discípulos e apóstolos, como outros que não foram, entretanto fizeram

uso da Sagrada Escritura, dando a entender que reconheciam sua autoridade e sua

inspiração. Se bem que é certo que para o segundo e o terceiro século não havia um acordo

geral do número de livros que deviam ser incluídos no cânon também é certo que para o

século quarto a igreja recebeu a totalidade dos livros canônicos e os considerou como

autorizados.

Homens como Policarpo (c. 150 d.C.) e Justino Mártir (140 d.C) citaram amplamente e

reconheceram muitos dos livros do NT.

Cabe citar particularmente Irineu de Lion (c. 170 d.C.) que foi o primeiro pai da Igreja que

citou praticamente todos os livros do NT.

As citações do NT feitas pelos Pais da Igreja alcançam o número de 23,000 citações.

Tais citações seriam suficientes para reconstruir todo o NT. Sem dúvida, os Líderes da

Igreja dos primeiros séculos reconheceram sem rodeios a autoridade das Escrituras.

CONFECÇÃO DOS ESCRITOS BÍBLICOS DE 2PEDRO 1:21

Deus selecionou sobrenaturalmente os escritores humanos da Bíblia (Jr 1:5)

Lhes comunicou a mensagem que deveria ser entregue em seu Nome (Jr 1:9)

Ordenou-lhe escrever a mensagem (Ex 17:14; Jr 36:1-2; Ap 1:19; 14:13)

Deus limitou o escrito somente as palavras dadas por Ele ao escritor humano (Jr 36:2)

Deus atuou de modo que não fosse omitido nenhuma de suas palavras (Jr 36:2)

CÂNON BÍBLICO

Cânon bíblico: denomina-se “cânon o conjunto de livros reconhecidos como inspirados por Deus;

São a revelação infalível e plena de autoridade;

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Kanón (gr) – a régua do carpinteiro ou a vara de medir.

Norma ou medida pela qual se julgam ou se avaliam as coisas.

Cânon do AT: O NT faz referência ao cânon do AT (Lc 24:44,45)

Lei de Moisés, os profetas, os Salmos e outros escritos.

A tradição atribui a Esdras ser o responsável pela reunião dos escritos sagrados dos judeus em

um cânon reconhecido.

O Concílio de Jamia por volta do ano 90 a 100 d.C.

CÂNON DO NOVO TESTAMENTO

Princípios utilizados para estabelecer a canonicidade dos escritos, seguiram a seguinte ordem:

Os que foram escrito por algum apostolo;

Seu caráter e espiritualidade;

A aceitação universal da Igreja;

Evidencia interna de ser inspirado;

FORMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO

No primeiro período apostólico, aqueles escritos que reclamavam essa condição (1 Ts 5:27; Cl

4:16)

No primeiro período pós-apostólico foram reconhecidos todos menos a carta aos Hebreus, 2ª

Pedro e 2ª e 3ª de João.

O cânon foi aprovado no concílio de Cartago no ano 397 e pela igreja Oriental no ano 500.

INTERPRETAÇÃO

DEFINIÇÃO: interpretar a Escritura é dar o significado da passagem conforme o que o autor teve

em mente quando escreveu e para quem o fez.

PRINCIPAIS SISTEMAS DE INTERPRETAÇÃO:

Alegórico, é o que busca um significado oculto, diferente do que as palavras indicam.

Perigoso porque a interpretação passa pelo juízo do interprete. (O objeto se revela tal como é

mas a interpretação sempre será subjetiva. [kant])

Literal é a interpretação válida, onde cada palavra recebe o significado próprio do tempo em

que foi escrita. Esta também é chamada de “método histórico-gramatical”;

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AUTENTICIDADE DA BÍBL IA: EVIDENCIAS

Evidencias Bibliográficas: Nenhum outro escrito antigo tem o respaldo de um número tão

grande de manuscritos como o que tem a Bíblia.

Evidencias Internas: Não existem nenhuma contradição em toda a Bíblia, apesar de ser escrita

por mais de 30 autores em um período de 1500 anos.

Evidencias Externas: Quando a Bíblia trata de questões de história e ciência, o faz com

precisão.

RESUMO E CONCLUSÃO

A inspiração das Escrituras é uma doutrina fundamental para a Igreja Cristã. Significa que os

Escritores Sagrados não escreveram o que achavam melhor, e sim foram guiados, protegidos e

supervisionados pelo Espirito Santo de tal modo que escreveram o que de verdade é a PALAVRA

DE DEUS.

Existe numerosas teorias que pretendem explicar o QUE e o COMO da inspiração da Sagrada

Escritura. A única postura que faz justiça ao conteúdo e a mensagem da Bíblia é a que afirma

que a Bíblia em sua totalidade foi dada por intervenção sobrenatural do Espírito Santo. Essa

postura se conhece como INSPIRAÇÃO PLENÁRIA E VERBAL.