IDENTIDADE E DIFERENÇA

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  • 8/6/2019 IDENTIDADE E DIFERENA

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    inaugurado ao assumir a diferena como condio de existncia perante o outro, ecomo esta posio amplia a prpria identidade, permitindo metamorfose eplasticidade consigo e com o outro.

    O encontro com o diferente tambm passa pelo encontro com um corpo diferente.O corpo, sua existncia visceral bem como a experincia sensvel dos limites

    epiteliais com o outro, elemento integrante na emergncia de uma imagem de si(Costa, 1986). O corpo, somado ao tempo (a idia de permanncia e de futuro) e histria das suas mutaes inerentes passagem cronolgica da vida, fatorfundamental neste processo.

    O que ocorre que atualmente o encontro com a diferena nem sempre vividocomo potncia de vida. Ao contrrio, diante da escassez de possibilidades de ser ede parecer, o terror e a negao apresentam-se como freqentes. Aqui,novamente, h a convergncia de processos sociais e psicolgicos: a valoraonegativa dada a tudo que no igual a mim encontra apoio tanto dentro quanto

    fora do sujeito. Embora seja necessrio o encontro com o no-eu para oestabelecimento do eu, temos tambm atuantes foras que nos empurram para a

    mesmice, para a repetio. Num mundo controlado pelo capital, em que a lgicadas cincias e dos saberes se submete s leis do valor e do mercado, perde-se estetrao de humanidade que constitui a capacidade de ampliar-se diante do encontrocom o diverso. Introjetam-se como traos superegicos valores cuja principalameaa o isolamento, a excluso atravs da perda de amor do outro. Diantedestas condies, os laos de confiana, de inventividade e de explorao dodesconhecido no tm espao para se realizar. Logo, a singularidade necessria aoprocesso de individuao no acontece.

    Com o impedimento do encontro com o outro atravs desta extrema identificaocom os valores sociais, temos o campo propcio para a introjeo do preconceito. Opreconceito, manifestao individual de origem social, se d no cotidiano das

    relaes a partir de generalizaes j consagradas pelos esteretipos presentes nacultura em que vivemos. Deste modo, o desenvolvimento de atitudes hostis diantede determinado objeto, ao mesmo tempo em que responde a contedos psquicosespecficos do preconceituoso, se alimenta tanto dos afetos presentes no indivduocomo tambm dos esteretipos vindos da cultura na qual este se encontra. Acultura oferece valores que, ao serem introjetados, so mediados pela percepo epelas necessidades do indivduo, o que significa que nem sempre so compatveiscom a realidade e por esse motivo, o preconceito est mais relacionado a aspectospsquicos da formao do eu, em que o mecanismo de defesa da introjeo acionado, do que a caractersticas supostamente existentes no alvo (Crochik,1997).

    Os momentos de conflito e crise pelos quais passamos ao longo da vida em quesomos confrontados pelas demandas (psicolgicas e sociais) do que devemos ser eas constataes daquilo que no somos, atuam como uma via de mo dupla: oraso facilitadores propiciando o reconhecimento de si como distinto do outro e,portanto, afastam o preconceito como forma de olhar e agir com o outro e para omundo. Ora a presso causada pelo conflito atua no sentido de fragilizar o sujeito,buscando como defesa contra tal fragilidade a indiferenciao, a homogeneidade,propiciando a introjeo do preconceito como lugar seguro para se relacionar com ooutro (neste caso o igual a si mesmo) e com o mundo.