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IDENTIFICAÇÃO DE MELHORIAS NO CONTROLE
DA QUALIDADE PARA OBTENÇÃO DA
CONFORMIDADE EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES
Rodrigo Figueiredo Garcia
Rio de Janeiro
Setembro, 2017
IDENTIFICAÇÃO DE MELHORIAS NO CONTROLE
DA QUALIDADE PARA OBTENÇÃO DA
CONFORMIDADE EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES
Rodrigo Figueiredo Garcia
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Civil da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários a obtenção do
título de Engenheiro.
Orientador: Jorge dos Santos
Rio de Janeiro
Setembro, 2017
iii
IDENTIFICAÇÃO DE MELHORIAS NO CONTROLE DA
QUALIDADE PARA OBTENÇÃO DA CONFORMIDADE EM
OBRAS DE EDIFICAÇÕES
Rodrigo Figueiredo Garcia
PROJETO DE GRADUACAO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO
DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITECNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSARIOS PARA A OBTENCAO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinada por:
__________________________________________________
Prof. Jorge dos Santos, D. Sc.
__________________________________________________
Prof. Isabeth Mello, M.SC
__________________________________________________
Prof. Guilherme Cardoso Salles, M.SC
__________________________________________________
Prof. Wilson Wanderley da Silva
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
SETEMBRO DE 2017
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Garcia, Rodrigo Figueiredo
Identificação de melhorias no controle da qualidade
para obtenção da conformidade em obras de edificações/
Rodrigo Figueiredo Garcia. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola
Politécnica, 2017.
XII, 93 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Jorge dos Santos
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/
Curso de Engenharia Civil, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 89-93.
1. Controle da qualidade. 2. Conformidade. 3. Obras de
Edificações. I. Santos, J.II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.
Identificação de melhorias no controle da qualidade para
obtenção da conformidade em obras de edificações.
v
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus que me protege, ilumina, me deu minha vida, família,
saúde e tudo mais que tenho.
Agradeço a minha família, em especial meus pais Roberto e Lúcia, por todo o
apoio, paciência, torcida, e amor durante toda minha vida. Ao meu irmão Rafael pela
amizade e companheirismo. Sou extremamente grato a vocês, após as dezenas de
mudanças de cidades e estados sempre estivemos juntos e vocês seguem sendo a base
de tudo.
A minha linda namorada Marcele Cunha, por todo o carinho, compreensão e
conselhos. Por todos os momentos ao meu lado, sempre apoiando e fazendo o possível e
o impossível para me ajudar.
A todos os amigos desses longos anos de faculdade, desde os primeiros
semestres na UnB aos últimos na UFRJ. Manhãs, tarde e noites, estudando, ensinando,
aprendendo, ajudando, sem eles seria impossível concluir esse curso, muito obrigado!
Por fim, agradeço ao meu orientador Prof. Jorge Santos pela paciência,
flexibilidade, disponibilidade e apoio na elaboração deste trabalho, desde a escolha do
tema aos ajustes finais, sem ele seria impossível a conclusão deste trabalho.
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Resumo do Projeto de Graduação apresentado a Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
IDENTIFICAÇÃO DE MELHORIAS NO CONTROLE DA QUALIDADE
PARA OBTENÇÃO DA CONFORMIDADE EM OBRAS DE
EDIFICAÇÕES
Rodrigo Figueiredo Garcia
SETEMBRO/2017
Orientador: Prof. Jorge dos Santos
Curso: Engenharia Civil
Os problemas relacionados à qualidade e produtividade no setor de construção civil no
Brasil são, cada vez mais, alvos de pesquisas e discussões, gerando uma tendência ao
crescimento de métodos de avaliação e acompanhamento de problemas relacionados à
não-conformidade dos produtos e serviços neste setor. Com foco na melhoria dos
processos de produção, algumas ferramentas foram desenvolvidas e adaptadas à
construção civil. A partir disso, surgiu a necessidade de realizar uma pesquisa sobre as
formas de controle da qualidade que são utilizados pelo setor de construção. De forma
que a indústria da construção civil pudesse rastrear e eliminar os problemas
relacionados à baixa de qualidade e produtividade relacionadas ao setor. A presente
monografia buscou embasamento bibliográfico para realizar uma pesquisa junto a uma
construtora com certificado emitido pelo SiAC/PBQP-H, a fim de compreender como o
controle da qualidade auxilia na obtenção da conformidade em edificações
Palavras-chave: Conformidade em Edificações, Controle da Qualidade, Melhorias,
vii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer.
IDENTIFICATION OF IMPROVEMENTS IN QUALITY CONTROL TO
OBTAIN CONFORMITY IN BUILDING WORKS
Rodrigo Figueiredo Garcia
SEPTEMBER/2017
Advisor: Jorge dos Santos
Course: Civil Engineering
Problems related to quality and productivity in the construction industry in Brazil are
increasingly being the subject of research and discussions, generating a trend towards
the growth of methods of evaluation and follow-up of problems related to non-
conformity of products and services in this sector. Focusing on the improvement of the
production processes, civil construction developed and adapted some tools. From this
came the need to research on forms of quality control that are being used by
construction industry uses. So that the construction industry could track and eliminate
the problems related to the low quality and productivity related to the sector. The
present monograph sought a bibliographic basis to carry out a research with a
construction company with certificate of conformity in order to understand how the
quality control assists in obtaining conformity in buildings
Keywords: Conformity in Buildings, Quality Control, Improvements.
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Sumário
1 INTRODUCÃO ................................................................................................................................................ 1
1.1 IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVA DO TEMA .................................................................................................................. 1 1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................................................................................ 1 1.3 METODOLOGIA ................................................................................................................................................................ 2 1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ...................................................................................................................................... 2
2 NÃO CONFORMIDADE EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES ........................................................................ 4
2.1 CONCEITUAÇÃO ............................................................................................................................................................... 4 2.2 FALHAS GERADAS EM DIFERENTES ETAPAS DA OBRA ............................................................................................ 10
2.2.1 Aspectos Gerais ............................................................................................................................................. 10 2.2.2 Concepção (planejamento/ projeto/ materiais) ............................................................................. 14 2.2.3 Execução ......................................................................................................................................................... 16
2.2.3.1 Fundações ................................................................................................................................................................ 16 2.2.3.2 Estrutura .................................................................................................................................................................. 18 2.2.3.3 Vedações .................................................................................................................................................................. 19 2.2.3.4 Instalações hidrossanitárias ........................................................................................................................... 21 2.2.3.5 Instalações elétricas ........................................................................................................................................... 22 2.2.3.6 Acabamentos .......................................................................................................................................................... 23 2.2.3.7 Impermeabilização .............................................................................................................................................. 26
2.2.4 Utilização ........................................................................................................................................................ 27 2.3 CUSTOS DAS NÃO CONFORMIDADES .......................................................................................................................... 29 2.4 NÃO CONFORMIDADES DEVIDO À NBR 15575:2013.......................................................................................... 34
3 CONTROLE DA QUALIDADE EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES ........................................................... 36
3.1 DEFINIÇÕES .................................................................................................................................................................. 36 3.2 ASPECTOS HISTÓRICOS ............................................................................................................................................... 37 3.3 O PROCESSO COMO PONTO DE PARTIDA ................................................................................................................... 39
3.3.1 Conceito de processo .................................................................................................................................. 39 3.3.2 Como desenhar o processo ....................................................................................................................... 40 3.3.3 Identificação de pontos críticos nas atividades para ação do controle da qualidade ..... 41
3.4 O CONTROLE DA QUALIDADE NA EXECUÇÃO DE EDIFICAÇÕES .............................................................................. 43 3.4.1 Tipos de controle em diferentes etapas .............................................................................................. 43 3.4.2 Equipamentos utilizados no controle da qualidade ...................................................................... 45
3.5 O CONTROLE DA QUALIDADE NA VISÃO DO SIAC/PBQP-H ................................................................ 45 3.5.1 Planejamento da Obra ............................................................................................................................... 46 3.5.2 Projeto ............................................................................................................................................................. 48 3.5.3 Aquisição ......................................................................................................................................................... 49 3.5.4 Operações de produção e fornecimento de serviço ........................................................................ 51 3.5.5 Controle de dispositivos de medição e monitoramento ................................................................ 52 3.5.6 Medição, análise e melhoria .................................................................................................................... 53 3.5.7 Medição e monitoramento de processo .............................................................................................. 53 3.5.8 Inspeção e monitoramento de materiais e serviços de execução controlados e da obra 54
4 MÉTODOS DE REALIZAÇÃO DO CONTROLE DA QUALIDADE DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES 56
4.1 ASPECTOS GERAIS ........................................................................................................................................................ 56 4.2 FERRAMENTAS DE CONTROLE DA QUALIDADE ....................................................................................................... 57
4.2.1 PDCA ................................................................................................................................................................. 57 4.2.2 Procedimentos de execução de serviços ............................................................................................. 58 4.2.3 Folha de Verificação ................................................................................................................................... 61
4.2.3.1 Ficha de verificação de materiais ................................................................................................................. 62 4.2.3.2 Ficha de verificação de serviços ................................................................................................................... 65
4.2.4 Diagrama de Causa e Efeito .................................................................................................................... 67 4.2.5 5W e 1H ........................................................................................................................................................... 69 4.2.6 Diagrama de Pareto ................................................................................................................................... 70
4.3 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS ..................................................................................................................................... 72
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5 PESQUISA DE CAMPO: MELHORIAS NO CONTROLE DA QUALIDADE ...................................... 73
5.1 METODOLOGIA ............................................................................................................................................................. 73 5.1.1 Características da pesquisa ..................................................................................................................... 73 5.1.2 Instrumento de pesquisa .......................................................................................................................... 73 5.1.3 Definição dos entrevistados ..................................................................................................................... 73
5.2 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ................................................................................................................................ 74 5.3 QUESTIONÁRIO ............................................................................................................................................................. 75 5.4 DESCRIÇÃO DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS ................................................................................................................. 76
5.4.1 Generalidades da obra .............................................................................................................................. 76 5.4.2 Controle da qualidade na aquisição de materiais .......................................................................... 77 5.4.3 Controle da qualidade da execução de serviços .............................................................................. 77 5.4.4 Registro e controle das não conformidades ...................................................................................... 81 5.4.5 Comprometimento da mão de obra com a qualidade ................................................................... 82 5.4.6 Influência do controle da qualidade na produtividade ................................................................ 82 5.4.7 Demais avaliações e controles ................................................................................................................ 83
5.5 SUGESTÕES DE MELHORIAS PARA OS MÉTODOS DE CONTROLE DA QUALIDADE ................................................. 83 5.5.1 Melhorias no controle da qualidade na aquisição ......................................................................... 83 5.5.2 Melhorias no controle da qualidade da execução de serviços ................................................... 84
5.6 MELHORIAS GERAIS NO CONTROLE DE QUALIDADE DA OBRA ............................................................................... 85 5.6.1 Verificação eletrônica de serviços......................................................................................................... 86
5.6.1.1 Características ....................................................................................................................................................... 86
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................... 87
6.1 CONCLUSÕES ................................................................................................................................................................. 87 6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.................................................................................................................. 88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................................... 89
x
1 LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Gráfico que relaciona as principais causas de patologias. .............................. 13 Figura 2: Percentual de ocorrência de não conformidades. ............................................ 20 Figura 3: Tipos de fissuras.............................................................................................. 21 Figura 4 Patologias nas Instalações Hidrossanitárias. .................................................... 22
Figura 5: Gráfico das solicitações. Jan2005/Mai2008.................................................... 32 Figura 6- Fluxograma das possibilidades de controle .................................................... 43 Figura 7- Procedimento executivo de serviço de azulejo. .............................................. 61 Figura 8- Ficha verificação de recebimento de azulejos ................................................ 64 Figura 9- FVS de alvenaria estrutural ............................................................................ 66
Figura 10 – Modelo de Diagrama de Ishikawa............................................................... 68 Figura 11 – Gráfico de Pareto por itens defeituosos. ..................................................... 71
Figura 12- PES Impermeabilização ................................................................................ 79 Figura 13- FVS parte 1. .................................................................................................. 80 Figura 14- FVS parte 2. .................................................................................................. 80
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2 LISTA DE TABELAS
Tabela 1- VUP. ................................................................................................................. 8 Tabela 2- VUP em diferentes partes da edificação........................................................... 9 Tabela 3- Tipos de erros que afetam a qualidade na construção civil. ........................... 11 Tabela 4 -Análise percentual de problemas patológicos ................................................ 12
Tabela 5: Solicitação por causa- jan2005/mai2008 ........................................................ 31 Tabela 6: Custo por causa- jan2005/mai2008. ............................................................... 33 Tabela 7- Requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade ............................................. 46 Tabela 8- Definição dos serviços controlados. ............................................................... 55
xii
3 LISTA DE SIGLAS
ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas.
CDC - Código de Defesa do Consumidor.
CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano.
FVS - Ficha de Verificação de Serviço
FVP - Ficha de Verificação de Produto
PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat.
PES - Procedimento de Execução de Serviços
PQO - Plano de Qualidade da Obra.
PROCON - Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor.
QUALIHAB - Programa da Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São
Paulo.
SiAC - Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da
Construção Civil.
VES – Verificação Eletrônica de Serviços
VUP- Vida Útil de Projeto.
1
1 INTRODUCÃO
1.1 Importância e Justificativa do Tema
O aquecimento do mercado imobiliário ocorrido no Rio de Janeiro nos anos
2000 a 2012 trouxe às empresas da construção civil uma preocupação maior no que diz
respeito à diferenciação de seus produtos. Mesmo com o grande período recessivo
iniciado Brasil em 2013, as exigências do mercado ficaram ainda maiores uma vez que
a grande oferta contrastava coma pequena demanda.
Os problemas relacionados à qualidade e produtividade no setor de construção
civil no Brasil são, cada vez mais, alvos de pesquisas e discussões, gerando uma
tendência ao crescimento de métodos de avaliação e acompanhamento de problemas
relacionados à não-conformidade dos produtos e serviços neste setor. Com foco na
melhoria dos processos de produção, algumas ferramentas foram desenvolvidas e
adaptadas à construção civil. A partir disso surgiu a necessidade de realizar uma
pesquisa sobre as formas de controle da qualidade que são utilizados pelo setor de
construção. De forma que a indústria da construção civil pudesse rastrear e eliminar os
problemas relacionados à baixa de qualidade e produtividade relacionadas ao setor.
1.2 Objetivos
O presente trabalho tem como objetivo identificar as melhorias no controle da
qualidade para obtenção da conformidade em obras de edificações. São muitos os
métodos de controle que podem ser utilizados para garantir a qualidade em edificações,
desde a fase de projetos à execução da obra.
A revisão bibliográfica visa exemplificar não conformidades comuns e seus
custos na obra, e propõe formas de reduzi-las. O foco na execução dos serviços se faz
necessário, pois é a área que mais sofre com a falta de preparo da mão de obra.
2
1.3 Metodologia
A metodologia aplicada foi desenvolvida a partir da revisão bibliográfica, com
coleta de dados e busca por conceitos associados ao tema do trabalho e também estudo
de caso de uma empresa construtora.
Foram realizados levantamentos bibliográficos referentes aos temas de controle
da qualidade e obtenção da conformidade na construção de edificações. Tais
levantamentos se deram tanto em artigos científicos como em trabalhos acadêmicos e
livros, possibilitando um desenvolvimento teórico do trabalho.
Após uma fundamentação teórica com base nessas pesquisas, foi realizado um
estudo de caso em uma empresa construtora, para a análise prática da situação em
questão.
1.4 Estrutura da Monografia
O presente trabalho contém a seguinte estrutura em forma de capítulos:
O Capítulo 1 é onde está sendo apresentado o tema, o objetivo do trabalho, a
justificativa para tal escolha, a metodologia adotada e a estruturação em capítulos;
No Capítulo 2 apresenta-se o resultado do levantamento bibliográfico sobre o
que são não conformidades em obras edificações, conceituando-as, etapas das obras que
são mais recorrentes e as consequências advindas. Os custos das não conformidades e
seu impacto na qualidade, produtividade e prazo das obras de edificações;
No Capítulo 3 faz-se um levantamento bibliográfico e disserta-se sobre o
controle da qualidade de obras de edificações seus aspectos históricos, como surgiu, sua
evolução em obras de edificações legislação e normas técnicas relativas ao controle da
qualidade, quando há obrigatoriedade e as etapas das obras de edificações para quais as
construtoras fazem controle da qualidade, o que é controlado e a abrangência do
controle.
3
O Capítulo 4 traz um levantamento bibliográfico sobre os diversos métodos de
controle da qualidade usados por construtoras para as obras de edificações, abordando
de forma detalhada alguns métodos disponíveis, as ferramentas usadas, e vantagens
associadas;
No Capítulo 5 apresenta-se a pesquisa junto à construtora e empresas
terceirizadas relativas às melhorias nos processos de controle da qualidade de obras.
Utiliza-se um questionário com base no que foi levantado na bibliografia, procurando.
O público alvo da pesquisa foram gestores de obra, engenheiros civis, técnicos de
edificações, mestres, inspetores, auditores de qualidade. Propõe-se sugestões de
melhorias para os métodos de controle de qualidade com base na bibliografia estudada e
na pesquisa de campo descrevendo as vantagens que poderão agregar a conformidade
da obra de edificações;
O Capítulo 6 apresenta as considerações finais e sugestões para trabalhos
futuros.
4
2 NÃO CONFORMIDADE EM OBRAS DE
EDIFICAÇÕES
2.1 Conceituação
A NBR ISO 9000:2015 define não conformidade como “não atendimento a um
requisito” (ABNT, 2015). No caso da construção civil os requisitos obrigatórios são
declarados pela norma de referência Sistema de Avaliação da Conformidade de
Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC) no âmbito do PBQP-H, que
é baseado na NBR ISO 9001:2008 uma vez que o mesmo ainda não foi adequado a
última versão que é de 2015. As definições de não conformidade maior e menor são
apresentadas pelo SiAC (PBQP-H, 2017):
[...] Não conformidade menor não afeta a capacidade
do sistema de gestão de atingir os resultados pretendidos, porém
não conformidades menores associadas ao mesmo requisito podem
demonstrar uma falha sistêmica e constituir uma não conformidade
maior. Não conformidade maior é aquela que afeta a capacidade do
sistema de gestão de atingir os resultados pretendidos ou que pode
gerar dúvida significativa de que há um controle efetivo de
processo ou de que produtos ou serviços irão atender aos requisitos
especificados.
A ausência de um ou mais requisitos do sistema de gestão da qualidade, ou a
falha em implementá-los e mantê-los, ou uma situação que vá, com base em evidência
objetiva disponível, levantar dúvida significativa quanto à qualidade dos produtos ou
serviços que a empresa oferece, impedindo a sua certificação é conhecido como não
conformidade maior ou crítica (PBQP-H, 2017).
Para Bernardes et al (1998) não conformidades são “defeitos que do ponto de
vista do usuário final não atendem às características esperadas de desempenho das
edificações” sendo desempenho definido pela NBR 15575-1 como “comportamento em
uso de uma edificação e seus sistemas” a norma também define, entre outros, os
critérios de desempenho que são “especificações quantitativas dos requisitos de
5
desempenho, expressos em termos de quantidades mensuráveis, a fim de que possam
ser objetivamente determinados”.
Ainda Bernardes et al (1998) ressalta que “as não conformidades estão
diretamente ligadas à falta de qualidade no produto final, e suas origens, basicamente,
relacionam-se às falhas organizacionais das empresas, tanto gerenciais como
processuais”. Thomaz (2001) aponta que parte considerável desta má qualidade origina-
se na “subestimação de ações, na incompatibilidade entre projetos, na especificação
equivocada de materiais ou de processos, na inobservância de detalhes construtivos e no
não atendimento de requisitos técnicos elementares”.
Ainda segundo Thomaz (2001), a não qualidade verificada em obras de
construção civil pode ser atribuída a “omissões, falhas de detalhamento ou estudo
insuficiente das interferências entre projetos”. Maldaner (2003) diz que “A busca pela
melhoria de qualidade no setor da construção civil atualmente é uma constante e não
qualidade ganhou o sinônimo de não conformidade que merece estudo mais
aprofundado na bibliografia em função da importância e atualidade do tema para o
setor.
As não conformidades estão associadas ao não atendimento de um produto ou
serviço às especificações, podendo ocorrer de forma intencional ou não (THOMAZ,
2001).
Segundo Bernardes et al (1998), “a ocorrência das não conformidades estão
diretamente ligadas a falta de qualidade no produto final”, e para os clientes a
construção civil apresenta seis dimensões que são básicas para a definição de qualidade:
a) Desempenho: características operacionais primárias do produto, como
impermeabilização, tubulações hidráulicas, etc;
6
b) Características: itens que complementam o funcionamento básico do
produto, número de dormitórios, tipos de acabamentos, etc;
c) Confiabilidade: a taxa de falhas por unidade de tempo é uma das medidas
mais relevantes em bens duráveis;
d) Conformidade: é o grau de igualdade entre o projeto e os padrões pré-
estabelecidos com o produto final utilizado pelo usuário;
e) Durabilidade: quanto a um produto ser usado antes de se deteriorar
fisicamente;
f) Assistência Técnica: rapidez, cortesia e competência no reparo.
Para Bernardes et al (1998), se as empresas atenderem as seis dimensões básicas
para se ter qualidade nos produtos do ponto de vista dos clientes, estarão criando
condições para minimizar a ocorrência das não-conformidades.
A norma de desempenho (ABNT, 2013) também apresenta o conceito de vida
útil, que é importante para compreensão deste trabalho, como “período de tempo em
que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais foram
projetados e construídos considerando a periodicidade e a correta execução dos
processos de manutenção especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e
Manutenção (a vida útil não pode ser confundida com prazo de garantia legal e
certificada) ”.
Souza e Ripper (1998) definem vida útil como o período no qual as propriedades
permanecem em níveis superiores aos limites mínimos aceitáveis e, para a elaboração
de programas de manutenção adequados, assim como orçamentos para a obra, é
fundamental conhecer a curva de deterioração de cada material.
Já Oliveira (2013), definiu o termo vida útil como o tempo em que a estrutura
consegue conservar as mais diversas características aceitáveis de resistência,
7
funcionalidade e aspectos externos. Isso leva em conta o fato de que as estruturas
citadas devem ser projetadas, construídas e operadas para que, sem necessitar de reparos
imprevistos com custos indesejados, consigam manter sua aparência, funcionalidade e
aspectos de segurança a níveis aceitáveis.
Para Souza e Ripper (1998), o termo desempenho pode ser compreendido como
o comportamento em serviço de determinado produto, ao longo de sua vida útil. Esse
desempenho deverá ser representado e medido com o resultado do trabalho a ser
desenvolvido nas diversas etapas de projeto, construção e manutenção.
Por sua vez, Borges (2010), diz que o termo desempenho deve ser abordado de
maneira que se pense primeiramente em termos de fins, ao invés de meios. Deve-se
levar em conta os requisitos que a construção deverá atender, e não com a prescrição de
como a mesma deve ser executada.
A norma de desempenho também define durabilidade como capacidade da
edificação ou de seus sistemas de desempenhar suas funções, ao longo do tempo e sob
condições de uso e manutenção especificadas (ABNT, 2013).
Durabilidade também pode ser definida como o resultado da interação entre
diversos elementos, como estrutura de concreto, ambiente e condições de uso, operação
e manutenção. Ou seja, uma mesma estrutura pode apresentar comportamentos diversos
nesse aspecto, pois depende de uma série de fatores (HELENE, 2001).
A NBR 6118 (ABNT, 2014) diz que o termo durabilidade “consiste na
capacidade de a estrutura resistir às influências ambientais previstas e definidas em
conjunto pelo autor do projeto estrutural e o contratante, no início dos trabalhos de
elaboração do projeto”.
Na prática, todas as normas técnicas em vigência no Brasil são prescritas
definindo caminhos de como executar determinado trabalho, não havendo a cobrança de
8
resultados. Porém, na abordagem de desempenho explicada no parágrafo anterior, deve-
se partir do desempenho desejado de maneira global, ou seja, os fins.
A NBR 15575-1 (ABNT, 2013) define ainda uma quantidade de anos para
classificar a vida útil de projeto (VUP) entre mínima, intermediária, superior. A tabela 1
demonstra esses valores.
Tabela 1- VUP.
Fonte: ABNT (2013).
A VUP não pode ser confundida com tempo de vida útil, durabilidade, prazo de
garantia legal ou contratual.
Segundo a NBR 15575-1 (ABNT, 2013) a VUP é o período estimado de tempo
para o qual um sistema é projetado a fim de atender aos requisitos de desempenho
estabelecidos nesta norma, considerando o atendimento aos requisitos das normas
aplicáveis, o estágio do conhecimento no momento do projeto e supondo o atendimento
da periodicidade e correta execução dos processos de manutenção especificados no
respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção. A tabela 2 mostra a VUP das
diferentes partes da edificação segundo a norma.
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Tabela 2- VUP em diferentes partes da edificação.
Fonte: ABNT (2013).
É importante destacar também que não conformidades em obras de edificações
podem ser entendidas como patologias.
Patologia é definida pela norma de desempenho NBR 15575-1 como não
conformidade que se manifesta no produto em função de falhas no projeto, na
fabricação, na instalação, na execução, na montagem, no uso ou na manutenção bem
como problemas que não decorram do envelhecimento natural (ABNT, 2013).
10
Segundo Andrade e Silva (2005), a patologia em uma estrutura é definida
quando compromete alguma exigência da construção, seja de caráter funcional,
mecânico ou estético.
“Os problemas patológicos têm suas origens motivadas por falhas que ocorrem
durante a realização de uma ou mais das atividades inerentes ao processo genérico a que
se denomina de construção civil, processo este que pode ser dividido, em três etapas
básicas: concepção (planejamento/ projeto/ materiais), execução e utilização” (SOUZA
e RIPPER, 1998).
A qualidade obtida em cada etapa é importante no resultado final do produto, na
satisfação do usuário e no controle de manifestações patológicas nas edificações na fase
de uso. Com um maior controle de qualidade nestas etapas do processo pode se obter a
redução ou eliminação dos problemas patológicos futuros.
2.2 Falhas geradas em diferentes etapas da obra
2.2.1 Aspectos Gerais
Couto e Couto (2007), divide o processo de construção em três etapas, sendo
elas a concepção (cálculos, planejamento, desenhos, etc.), execução (realização de
atividades respeitando o cronograma da obra) e utilização condizente com o que foi
previamente projetado
Embora separadas, deve-se entender que cada etapa citada anteriormente possui
grande importância para que o produto final atenda a requisitos mínimos de qualidade e
segurança, a fim de garantir a satisfação do cliente e minimizar a incidência de
patologias, uma vez que, mesmo não sendo possível extingui-las, é possível controlá-
las. (MACEDO, 2017)
11
Meseguer (1991) aponta na figura 1 os fatores que desencadeiam as falhas que
resultam nas não conformidades relatadas na construção civil em três fatores.
Tabela 3- Tipos de erros que afetam a qualidade na construção civil.
Fonte: MESEGUER (1991).
A tabela 3 demonstra que os fatores que levam à ocorrência de falhas na
construção civil têm suas origens em quase todas as áreas da organização. Focando nos
fatores técnicos Souza e Ripper (1998) diz que “o surgimento de problema patológico
em dada estrutura indica, em última instância e de maneira geral, a existência de uma ou
mais falhas durante a execução de uma das etapas da construção, além de apontar para
falhas também no sistema de controle de qualidade próprio a uma ou mais atividades. ”
12
Tabela 4 -Análise percentual de problemas patológicos
Fonte: SOUZA e RIPPER (1998).
SOUZA e RIPPER (1998) observam que um aspecto curioso nesta questão tem
sido a tentação de se procurar definir qual a atividade que tem sido responsável, ao
longo dos tempos, pela maior quantidade de erros. A tabela 4 demonstra como é
considerada extensa a lista de pesquisadores que têm procurado relacionar,
percentualmente, as várias causas para a ocorrência de problemas patológicos. As
conclusões, entretanto, nem sempre são concordantes, o que se justifica primeiramente
porque os estudos foram realizados em diferentes continentes, e, em segunda instância,
porque em alguns casos as causas são tantas que pode ter sido difícil definir a
preponderante.
13
Nesse sentido, há diversos tipos de patologias que podem surgir em estruturas,
com causas variadas e consequências prejudiciais ao comportamento da edificação. A
Figura 1 apresenta gráfico relacionando patologias na estrutura de edificações com suas
possíveis causas.
Figura 1: Gráfico que relaciona as principais causas de patologias.
Fonte: Adaptado de COUTO e COUTO (2007).
No presente trabalho, as não-conformidades são consideradas como sinônimo de
patologias, falhas, tanto internas como externas, e também são aprofundados conceitos
referentes às falhas internas durante o processo produtivo.
Vazquez e Santos (2010) desenvolveu estudo para selecionar as não
conformidades de maiores ocorrências e custos. Através da utilização de um banco de
dados de solicitações, causas e custos de manifestações patológicas ocorridas na etapa
de pós-entrega de empreendimentos, comerciais e residenciais multifamiliares.
A fim de realizar um levantamento das não conformidades, Bernardes et al
(1998) analisou as edificações de algumas construtoras na cidade de São Paulo, sendo
que esse estudo foi feito considerando os cinco primeiros anos de existência das
edificações.
14
Neste item são abordadas as não conformidades identificadas por diversos
autores que desenvolveram pesquisas sobre o tema. As não conformidades estão
associadas as etapas executivas de uma edificação, a saber: concepção; execução e
utilização
2.2.2 Concepção (planejamento/ projeto/ materiais)
De acordo com Souza e Ripper (1998), várias são as falhas possíveis de ocorrer
durante a etapa de concepção do empreendimento. Elas podem se originar durante o
estudo preliminar (lançamento da estrutura), na execução do anteprojeto, ou durante a
elaboração do projeto de execução, também chamado de projeto final de engenharia.
Thomaz (2001) diz que falhas em projetos e na construção aparecem com muita
frequência, sem que boa parte dos programas de qualidade exerça com eficácia sua
principal função de prevenção.
Constata-se que falhas originadas de um estudo preliminar deficiente são
responsáveis, principalmente, pelo encarecimento do processo de construção, enquanto
falhas geradas durante a realização do projeto final de engenharia são responsáveis por
não conformidades e problemas patológicos como: Elementos de projeto inadequados;
Falta de compatibilização entre a estrutura e a arquitetura, bem como os demais projetos
civis; Especificação inadequada de materiais; Detalhamento insuficiente ou errado;
Falta de padronização das representações.
De acordo com Pichi (1993), no decorrer das etapas do processo da construção,
a qualidade dos materiais utilizados, bem como sua conformidade com as
especificações é um dos fatores que interferem na qualidade final do produto. Rocha
(1997) afirma “os problemas patológicos nas edificações devidos a ausência de
qualidade dos materiais e componentes, tais como a baixa durabilidade em relação à
15
especificada, a falta de rigor dimensional e baixa resistência mecânica são cada vez
mais frequentes”.
Fabricantes de materiais têm se mostrado bastante ativos buscando melhorar e
lançar produtos inovadores no mercado, no entanto, a escolha destes materiais novos
pode ser dificultada pela deficiência de informações técnicas para guiar e subsidiar a
especificação e à ausência ou deficiência de normalização correlata (ROCHA 1997).
Lungisansilu (2015) afirma que com a multiplicação de novos materiais no
mercado, sem que sejam realizados devidamente testes para comprovar a conformidade
com os requisitos e critérios de desempenho, a probabilidade de patologias é
significativamente crescente estará submetido, a compatibilidade com os demais
materiais em contato, bem como os custos de aplicação e de possíveis serviços de
manutenção.
O bom desempenho dos materiais utilizados na construção de edificações
depende de um sistema de controle de qualidade que comtempla os processos de
escolha, aquisição, recebimento e aplicação dos mesmos. Além desses fatores, é crucial
avaliar as restrições e as exigências decorrentes das condições climáticas como as
intempéries, o comportamento do material sob condições semelhantes à que que estará
submetido, a compatibilidade com os demais materiais em contato, bem como os custos
de aplicação e de possíveis serviços de manutenção.
É de extrema necessidade exigir que os materiais entregues no canteiro de obra
sejam de qualidade ou atendam aos requisitos de conformidade. Dessa forma, a
qualidade na aquisição dos materiais de construção deve comportar os seguintes itens:
a) Especificações técnicas para compra de produtos;
b) Controle de recebimento dos materiais em obra;
c) Orientações para o armazenamento e transporte dos materiais;
16
d) Seleção e avaliação de fornecedores de materiais e equipamentos.
É sabido que, em uma obra de construção civil, quanto antes for diagnosticado
um problema, melhor. Como numa fase de projeto, por exemplo, a fim de se evitar
patologias de ordem estrutural. O custo envolvido numa recuperação da estrutura
posterior ao término da construção é muito maior se comparado à alguma intervenção a
nível de projeto ou execução inicial. Diante do total gasto para o erguimento de um
empreendimento, os custos de projeto variam de 3% a 10% desse valor (DAL MOLIN,
1988).
Erros de projeto causados por estudos geotécnicos subdimensionados tem um
impacto enorme no projeto de fundações, segundo Do Carmo (2003) esses erros
causados por interpretação equivocada de dados coletados e ensaios, avaliação incorreta
de valores de esforços atuantes na estrutura, tensão admissível do solo inadequada
podem manifestar três danos: Na arquitetura, que comprometem a estética da
edificação. Danos funcionais, que comprometem diretamente o desempenho e
funcionalidade da edificação, necessitando reforços e reparos para conter o avanço da
patologia e até mesmo danos estruturais que afetam a vida útil, durabilidade e
desempenho comprometendo os elementos estruturais da edificação e implicam na
instabilidade da edificação, podendo levá-la ao colapso.
2.2.3 Execução
2.2.3.1 Fundações
Segundo Schwirck (2005), dentre as falhas envolvendo a execução de
fundações, pode-se citar o assentamento em solos de diferentes comportamentos dos
previstos, reaterros mal executados, substituição do solo por material sem compactação
adequada, sapatas executadas de maneira inadequada, dentre outras.
17
Falhas durante a execução podem causar um dos maiores problemas em
fundações é o recalque diferencial, que segundo Verçoza (1991), é responsável por
fissuras, rachaduras, trincas e outras patologias em edifícios.
As não conformidades podem ser causadas por problemas estruturais, como a
falta de qualidade do concreto ou a falta de adequação das dimensões e geometria das
fundações.
Thomaz (1989), em seu estudo sobre trincas em edifícios, cita que os solos são
constituídos por partículas sólidas, envoltas por água, ar e material orgânico. Todos os
solos deformam-se de alguma maneira, pois estão sujeitos a cargas externas. Quando as
deformações são diferenciadas ao longo do plano das fundações de uma obra, uma
grande intensidade de tensões é aplicada na estrutura, podendo gerar trincas
O recalque diferenciado dos solos e, consequentemente as fissurações das
construções podem ser causadas por diversos fatores relacionados à fundações
(MAGALHÃES, 2004), como por exemplo:
a) Carga de trabalho superior a carga admissível do solo ou de camadas
inferiores;
b) Falta de homogeneidade do solo;
c) Rebaixamento do lençol freático;
d) Influência de cargas de entorno e vizinhança;
e) Condições diferenciadas de apoio e carga;
f) Solapamento, erosão, escavação;
g) Influência de vegetação ou tubulação adjacente;
h) Congelamento, inundações, terremotos;
Alves (2009) aponta ainda que outros problemas em fundações surgem mesmo
após a conclusão das mesmas. As causas são variadas, é possível citar a alteração no uso
18
da edificação, modificações imprevistas na fase de projeto, execução de grandes
escavações e oscilações não previstas do nível d’agua.
2.2.3.2 Estrutura
A NBR 14931(ABNT,2004) define como execução da estrutura de concreto
todas as atividades desenvolvidas na sua execução, ou seja, sistema fôrmas, armaduras,
concretagem, cura e outras, bem como as relativas à inspeção e documentação de como
construído, incluindo a análise do controle de resistência do concreto. Falhas
construtivas durante a etapa de execução da obra podem causar repercussões danosas ao
desempenho da estrutura de concreto.
No que diz respeito à sequência de execução, a NBR 12655(ABNT,2015a)
estabelece que primeiramente deve ser feita a caracterização dos materiais componentes
do concreto, seguida de um estudo de dosagem e ajuste e comprovação do traço. Por
fim, o concreto é preparado, levando em conta novamente, que falhas na concretagem
podem trazer sérias consequências à estrutura, ainda mais em regiões agressivas ou de
difícil acesso para inspeções
Segundo Souza e Ripper (1998) nesta atividade, devem ser tomados todos os
cuidados necessários ao bom andamento da construção. Assim, uma vez iniciada a
construção podem ocorrer falhas diversas, associadas a causa como falta de condições
de local de trabalho, não capacitação profissional da mão de obra, inexistência de
controle de qualidade de execução e má qualidade de matérias e componentes.
Ainda Souza e Ripper (1998) ressaltam que se tratando de uma obra de
edificação habitacional, alguns erros são grosseiros. Casos como falta de prumo, de
esquadro e de alinhamento de elementos estruturais e alvenarias, desnivelamento de
pisos, falta de caimento correto em pisos molhados, ou execução de argamassas de
19
assentamento de pisos cerâmicos demasiado espessas, e flechas excessivas em lajes, são
exemplos de erros facilmente constatáveis.
Outros erros, no entanto, são de difícil verificação e só poderão ser
adequadamente observados após algum tempo de uso, como é o caso de deficiências nas
instalações elétricas e hidráulicas, por exemplo.
2.2.3.3 Vedações
Magalhães (2004) destaca que as paredes de alvenaria têm como finalidade a
vedação dos ambientes, os configurando e compartimentando, além disso, elas devem
ter o controle sobre a ação de agentes externos, criando condições de habitabilidade
para as edificações e atuando em conjunto com as esquadrias e os revestimentos.
Dentre os vários problemas encontrados em alvenarias pode-se destacar as
fissuras, desnivelamento de superfície, falta de prumo, entre outros. Segundo Thomaz
(1989), o problema das fissuras é o mais importante, devido a três aspectos
fundamentais: o aviso de um eventual estado perigoso para a estrutura, o
comprometimento do desempenho da obra em serviço (estanqueidade à água,
durabilidade, isolação acústica etc.), e o constrangimento psicológico que a fissuração
do edifício exerce sobre seus usuários.
Segundo observações feitas por Brandão (2007), em edificações no estado de
Goiás, o maior índice de manifestações patológicas em alvenarias foi verificado na
etapa executiva da parede, com um percentual de 22%, sendo que desse total, as fissuras
tiveram um percentual de 69%.
Na figura 2 pode ser vista a distribuição dessas manifestações.
20
Figura 2: Percentual de ocorrência de não conformidades.
Fonte: adaptado de BRANDÃO (2007)
Brandão (2007) ressalta que as fissuras classificadas como trincas diversas
(43%) estão relacionadas a diferentes fatores, de acordo com as áreas das edificações
analisadas.
Segundo Gonçalves (2015), fissuras podem ser definidas como aberturas que
afetam a superfície do elemento estrutural, facilitando a entrada e ação de agentes
agressivos.
Esse tipo de patologia pode surgir após anos de uso, dias, ou até mesmo horas, e
suas causas são das mais variadas, assim como seus diagnósticos. As causas destas
fissuras são várias e de diagnóstico difícil.
“A fissuração pode ser considerada a patologia que mais ocorre, ou pelo menos a
que chama mais atenção dos proprietários” (SOUZA e RIPPER, 1998). As trincas
podem começar a surgir de forma congênita, logo no projeto arquitetônico da
construção. Os profissionais ligados ao assunto devem se conscientizar de que muito
pode ser feito para minimizar-se o problema, pelo simples fato de reconhecer-se que as
21
movimentações dos materiais e componentes das edificações civis são inevitáveis.
(THOMAZ, 1989).
Na figura 3 Dal Molin (1988) indicou as principais causas de fissuras e suas
respectivas incidências.
Figura 3: Tipos de fissuras.
Fonte: DAL MOLIN (1988)
2.2.3.4 Instalações hidrossanitárias
As instalações hidrossanitárias, além de exercerem sua função de abastecer de
maneira adequada os usuários, tanto com água fria como quente, condução de esgotos,
instalações de gás, entre outros, devem também ter a capacidade, dentre outras funções,
de absorver as deformações e esforços gerados pelos outros sistemas que estão
interrelacionados com a estrutura do edifício. Assim, o desempenho de um sistema afeta
outros sistemas e vice-versa, e o desempenho global do edifício deve ser encarado como
um sistema integrado (BORGES,2008).
Brandão (2007) realizou uma análise nos relatórios elaborados pelo CREA-GO,
a fim de obter os itens com maior número de incidências na etapa de instalações
hidrossanitárias. De acordo com as observações nas edificações pesquisadas, as
22
manifestações patológicas relacionadas às instalações hidráulicas tiveram 9% das
ocorrências e tiveram seus defeitos distribuídos conforme a figura 4
Figura 4 Patologias nas Instalações Hidrossanitárias.
Fonte: Adaptado de BRANDÃO (2007).
2.2.3.5 Instalações elétricas
No estudo realizado por Bernardes (1998) sobre as não conformidades nas
instalações elétricas, elas representaram 6,95% do total pesquisado, que ficaram
classificadas como: defeito em acabamento (48%), cabos soltos (20%), falta de espelho
(20%), erro no fechamento de circuitos (1%).
A NBR 5410 (ABNT, 1997), que trata das instalações elétricas de baixa tensão,
recomenda que as instalações elétricas sejam ensaiadas durante o processo de execução,
recorrendo-se a alguns testes básicos. Dentre eles pode-se mencionar a verificação do
isolamento do cabeamento, continuidade das conexões, verificação da resistência do
eletrodo terra, verificação do funcionamento dos dispositivos de proteção e manobra.
Thomaz (2001) destaca como falhas gerais em instalações elétricas a falta de
identificação de circuitos nas caixas de alimentação ou distribuição, instalação de caixas
23
de tomadas ou interruptores em cota errada, caixas e eletrodutos muito reentrantes ou
muito salientes nas paredes e tetos, eletrodutos com curvas de pequeno raio e/ou
introduzidos sob tensão em rasgos ou aberturas.
Conforme mencionado por Thomaz (2001), o choque elétrico é o problema mais
grave que pode ocorrer em instalações elétricas
Para as instalações são do tipo elétricas, Rodrigues (2013) cita os seguintes tipos
principais de patologias:
a) Interferência entre distribuição elétrica e hidráulica;
b) Curtos circuitos;
c) Quedas de luz;
d) Fiação deficiente;
e) Defeitos na fabricação de interruptores e tomadas;
f) Queima de lâmpadas e reatores;
g) Fios soltos.
2.2.3.6 Acabamentos
Um sistema de edificação é basicamente composto de estrutura, vedação e
revestimento. As manifestações patológicas tanto da estrutura ou vedação e do próprio
revestimento aparecem no revestimento.
“A principal função dos acabamentos é a de proteção dos elementos estruturais e
alvenarias de vedação. Os acabamentos protegem a edificação das intempéries
aumentando sua vida útil e desempenho” (DEUTSCH, 2011).
Podemos observar nas edificações os seguintes fenômenos, prejudiciais ao
aspecto de paredes e tetos:
24
a) pintura encontra-se parcial ou totalmente fissurada, deslocando da argamassa
de revestimento;
b) existência de formação de manchas de umidade, com desenvolvimento de
bolor;
c) existência de formação de eflorescência na superfície da tinta ou entre a tinta
e o reboco;
d) a argamassa do revestimento descola inteiramente da alvenaria, em placas
compactas ou por desagregação completa;
e) a superfície do revestimento apresenta fissuras de conformações variada;
f) a superfície do revestimento apresenta vesículas com deslocamento da pintura;
g) o reboco endurecido empola progressivamente, deslocando do emboço.
Estes fenômenos podem se apresentar como resultados de uma ou mais causas,
atuando sobre a argamassa de revestimento, tais como:
a) tipo e qualidade dos materiais utilizados no preparo da argamassa de
revestimento;
b) má proporção das argamassas;
c) má aplicação de revestimento;
d) fatores externos ao revestimento;
As patologias dos acabamentos podem ser separadas em patologias nas
argamassas e nos revestimentos cerâmicos. Deustch (2011) salienta:
A base que receberá os revestimentos deverá ser corretamente especificada e
preparada, para se evitarem problemas de falta de aderência, entre outros. As
argamassas, assim como o concreto, também são plásticas nas primeiras horas, e
endurecem com o tempo, ganhando elevada resistência e durabilidade. A correta
especificação da dosagem é essencial para um bom desempenho e trabalhabilidade.
25
Principais patologias nas argamassas:
a) manchas de umidade e mofo;
b) descolamento da argamassa do substrato;
c) aparecimento de bolhas;
d) aparecimento de fissuras;
e) retrações – ocorrem quando a argamassa seca muito rapidamente; um reboco
em parede muito ensolarada deverá ser mantido úmido por no mínimo três dias,
adquirindo resistência as tensões de secagem;
f) pulverulência – excesso de finos nos agregados ou traço pobre.
As patologias nos revestimentos cerâmicos podem ter origem na etapa de
projeto, quando são escolhidos os materiais, ou quando o projetista não leva em
consideração as interações do revestimento com outras partes da construção (esquadrias,
estrutura etc.), ou na fase de execução.
As patologias nos revestimentos cerâmicos de pisos são:
a) caimento inadequado;
b) manchas decorrentes da umidade ascendente;
c) deficiência de impermeabilização;
d) eflorescências;
e) descolamentos e destacamentos.
E nos revestimentos de paredes ou fachadas são:
a) descolamentos e destacamentos das placas;
b) trincas e fissuras;
c) eflorescências;
d) deterioração das juntas;
e) bolor.
26
2.2.3.7 Impermeabilização
Segundo a NBR 9575 (ABNT, 2003), impermeabilização é o produto resultante
de um conjunto de componentes e elementos construtivos que objetivam proteger as
construções contra a ação deletéria de fluidos, de vapores e da umidade.
As falhas nos processos de impermeabilização causam diversas manifestações
patológicas em uma edificação. De acordo com Moraes (2002), as origens dos defeitos
devido aos problemas de projeto podem ocorrer devido a:
a) Ausência do próprio projeto;
b) Especificação inadequada de materiais;
c) Falta de dimensionamento e previsão do número de coletores pluviais para
escoamento d’água;
d) Interferência de outros projetos na impermeabilização.
Entre as causas dos defeitos devido à execução, Moraes (2002) destaca:
e) Falta de argamassa de regularização que ocasiona a perfuração da
impermeabilização;
f) Não arredondamento de cantos e arestas;
g) Execução de impermeabilização sobre a base úmida, no caso de aplicações de
soluções asfálticas, comprometendo a aderência e podendo gerar bolhas que
ocasionarão deslocamento e rupturas da camada impermeabilizante;
h) Execução da impermeabilização sobre base empoeirada, comprometendo a
aderência;
i) Juntas travadas por tábuas ou pedras, com cantos cortantes que podem agredir a
impermeabilizante;
j) Uso de camadas grossas na aplicação da emulsão asfáltica, para economia de
tempo, dificultando a cura da emulsão;
27
k) Falhas em emendas;
l) Perfuração de mantas pela ação de sapatos com areia, carrinho, etc.
Pinto (1996), destaca as seguintes patologias:
a) Desagregação da argamassa, a qual se inicia na superfície dos elementos de
concreto com uma mudança de coloração, seguida de aumento de fissuras pela
perda do caráter aglomerante do cimento;
b) Desagregação de tijolos maciços pela formação de pó de coloração avermelhada
e na forma de escamas;
c) Eflorescências: formação de depósitos de sais cristalizados originados pela
migração de água, rica em sais, do interior da alvenaria ou concreto;
d) Gotejamento de água pela umidade excessiva que se encontra em um ponto da
superfície por tensão superficial, caindo por gravidade ao atingir determinado
volume;
e) Mancha de umidade devido a parte circunscrita da superfície que se apresenta
impregnada de água, apresentando cor diferente do restante da mesma;
f) Vegetação em determinados pontos da estrutura, geralmente em locais com
fissuras e com umidade;
g) Formações de bolhas na pintura, que apresentam em seu interior cores branca,
preta e vermelha acastanhada.
2.2.4 Utilização
Após a conclusão e entrega do produto, cabe ao seu usuário cuidar de utilizá-la
da maneira mais eficiente, com o objetivo de manter as características originais ao
longo de toda a sua vida útil. A eficiência relaciona-se tanto com as atividades de uso,
como, por exemplo, garantir que não sejam ultrapassados os carregamentos previstos
28
em projeto, quanto com as atividades de manutenção, já que o desempenho da estrutura
tende a diminuir ao longo da sua vida útil (ANDRADE e SILVA, 2005).
Segundo Souza e Ripper (1998), os problemas patológicos ocasionados por
ausência de manutenção ou mesmo por manutenção inadequada, têm sua origem no
desconhecimento técnico, na incompetência, no desleixo e em problemas econômicos.
A falta de destinação de verbas para manutenção pode vir a tornar-se fator responsável
pelo aparecimento de problemas estruturais de maior gravidade, implicando em grandes
gastos e, dependendo da situação, pode levar até mesmo a demolição da estrutura.
Portanto, para garantir a satisfação dos clientes é fundamental que a construtora
os oriente sobre os procedimentos mais adequados ao melhor aproveitamento da
edificação, à redução dos custos de manutenção e preservação da sua vida útil,
minimizando a ocorrência de falhas. Estas informações devem ser apresentadas num
manual destinado aos proprietários, usuários e administradores das edificações
O Manual do Usuário, também conhecido como Manual de uso, operações e
manutenção, auxilia na utilização correta e manutenção do imóvel, contendo as
principais informações sobre o uso, características construtivas, materiais empregados,
informações técnicas de projeto, cuidados necessários durante as operações de limpeza,
manutenção e garantias, orientando sobre os direitos e deveres que assistem aos
usuários.
A norma NBR 14037 (ABNT, 2011) o manual de operação, uso e manutenção
das edificações tem por finalidade
a) Informar aos usuários as características técnicas da edificação construída;
b) Descrever procedimentos recomendáveis para o melhor aproveitamento da
edificação;
c) Prevenir a ocorrência de falhas e acidentes decorrentes do uso inadequado;
29
d) Contribuir para o aumento da durabilidade da edificação
De acordo com a norma NBR 15575 (ABNT, 2013), o Manual de uso, operação
e manutenção deve conter informações como prazos de garantia, vida útil de projeto, a
correta utilização da edificação, cronograma de manutenções, áreas de acesso,
especificação dos materiais utilizados.
O Manual de uso operação e manutenção deve ser claro e direto evitando assim
que se torne um problema. Manuais confusos e burocráticos não cumprem a função de
orientar e guiar os usuários da edificação, principalmente no Brasil onde a população
tem a cultura de realizar reformas e manutenções, mesmo que pequenas, sem a
participação de profissionais especializados ou regulamentados.
Essas reformas ilegais e manutenções, muitas vezes incorretas, comprometem o
desempenho da edificação. Por exemplo, reformas em obras de alvenaria estrutural,
onde o usuário por conta própria remove ou abre janelas ou portas em paredes que
exercem função estrutural e não somente de vedação. Esta intervenção tem serias
consequências podendo causar até o colapso da estrutura.
O objetivo principal da elaboração do Manual de Operação, Uso e Manutenção
de Edificações é manter a comunicação entre fornecedores e proprietários de forma
simples, clara, direta e de fácil compreensão, sem utilizar recursos sofisticados ou
técnicos de linguagem.
Logo, um bom Manual do Proprietário, com informações precisas, tornará a fase
de utilização, que é a mais longa de todo processo construtivo, segura e satisfatória ao
usuário.
2.3 Custos das não conformidades
Para Carpinetti e Rossi (1998), a execução dos serviços no canteiro de obras,
“interferem diretamente nos custos, na produtividade e na qualidade do produto final da
30
construção civil e quando mal gerenciados ocasionam grandes desperdícios, tanto de
materiais como de mão de obra”. Thomaz (2001) diz que boa parte das não
conformidades em obras, “ocorrem principalmente devido as omissões, a falta de
projetos executivos, falhas de detalhamento ou estudo insuficiente das interferências,
além de outros intervenientes que ocorrem muitas vezes até por desconhecimento dos
processos”.
Com a promulgação do Código de Defesa do Consumidor (CDC) através da Lei
nº 8078 de 1990, foram introduzidos diversos direitos e garantias aos consumidores.
Estes direitos foram ampliados ainda mais com o novo Código Civil de 2003 e
reforçados com o surgimento do Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor
(PROCON). Para adaptar-se às mudanças da legislação e ao novo perfil de consumidor,
o setor da construção civil teve que readequar seus processos, em busca de uma melhor
eficiência qualidade do produto “edificação” (VAZQUEZ e SANTOS,2010).
As empresas de construção civil, de acordo com Souza (1995), têm consciência
do elevado índice de desperdícios que estão presentes nos processos produtivos, e
sabem que o combate aos mesmos possibilita redução de custos de produção e aumento
de competitividade tão importantes no mercado atual.
As falhas construtivas geram gastos na etapa de pós-ocupação, onerando os
custos previstos inicialmente do empreendimento, quando da elaboração e quantificação
inicial. Além disto, a incidência das patologias nas edificações tem gerado despesas
extras aos condomínios de edifícios que, muitas vezes precocemente, têm que submetê-
las a intervenções que poderiam perfeitamente ser evitado (SILVA, 2008).
Vazquez e Santos (2010) apresentam um estudo estatístico com informações de
um banco de dados de uma grande construtora. Estes dados ajudam a caracterizar a
relação das patologias ocorridas nos empreendimentos estudados e sua respectiva causa.
31
Tabela 5: Solicitação por causa- jan2005/mai2008
Fonte: VAZQUEZ e SANTOS(2010)
Vazquez e Santos (2010) transformam os dados da tabela 5, obtidos nos 40
meses de 2005 a 2008, em um gráfico conforme demonstrado na figura 5.
32
Figura 5: Gráfico das solicitações. Jan2005/Mai2008
Fonte: VAZQUEZ e SANTOS (2010).
De acordo com a Figura 5, as instalações hidráulicas são as mais recorrentes de
todas as causas de não conformidades, atingindo 25,79% do universo amostral das
solicitações nesses 40 meses. Em seguida temos impermeabilização, pintura e limpeza
com 15,95% e 7,88% respectivamente. Na tabela 6 é possível ver o custo dessas
patologias.
33
Tabela 6: Custo por causa- jan2005/mai2008.
Fonte: VAZQUEZ e SANTOS (2010)
Observa-se na tabela que mesmo sendo a causa com maior número de
ocorrências o custo das instalações hidrossanitárias é menor que o da
34
impermeabilização. “Logo, não significa que certa patologia possua número de
incidência e custos igualmente proporcionais” (VAZQUEZ, 2010).
Surge dessa forma à necessidade de controlar a qualidade para evitar o custo da
não-conformidade e segundo Tschohl (1996), fazer o trabalho corretamente pela
primeira vez, impedindo consequentes reclamações, produz nos clientes maior
satisfação e maior lealdade à marca. O desperdício é mais uma característica deste custo
para a empresa e se manifesta na forma de falhas na fase de pós-ocupação das obras,
caracterizadas por patologias construtivas.
Os desperdícios são normalmente denominados no meio técnico da construção
civil como subprodutos das não conformidades (MALDANER, 2003).
Thomaz (2001) afirma que os desperdícios de insumos e a má utilização da mão
de obra na construção civil são acentuados quando comparados àqueles da maioria das
indústrias fixas, Souza (1995) afirma que o desperdício é característica marcante no
setor da construção civil. Ele é um dos indicadores da existência dos custos da não
qualidade que resultam de falhas internas dentro do processo de produção das empresas.
2.4 Não conformidades devido à NBR 15575:2013
Diferentemente da versão anterior da NBR 15575 de 2008 a nova versão da
norma deixa de abordar apenas os edifícios de até cinco pavimentos para tratar de todos
os novos edifícios residenciais. Além dessa mudança uma série de outros requisitos
foram incorporados, não somente aos itens que já existiam, mas também a novos, como
por exemplo os desempenhos térmicos, acústicos e lumínicos.
A edificação deve reunir características que atendam às exigências de
desempenho térmico, considerando-se as zonas bioclimáticas definidas na NBR 15.220
-Desempenho Térmico de Edificações. A norma apresenta ainda níveis mínimos de
iluminância (natural e artificial) para os ambientes. Com relação ao desempenho
35
acústico, a edificação deve atender ao limite mínimo de desempenho estabelecido nas
partes 3, 4 e 5 da NBR 15.575.
Portanto, ainda não há estatísticas sobre as não conformidades associadas a
norma de desempenho que foi revisada em 2013, porém em função das exigências uma
nova tendência de não conformidades certamente será gerada em relação ao
desempenho das edificações.
36
3 CONTROLE DA QUALIDADE EM OBRAS DE
EDIFICAÇÕES
3.1 Definições
Thomaz (2001) propõe definir qualidade como “o conjunto de propriedades de
um bem ou serviço que redunde na satisfação das necessidades de seus usuários, com a
máxima economia de insumos e energia, com a máxima proteção à saúde e integridade
física dos trabalhadores na linha de produção, com a máxima preservação da natureza”
Para Deming (1990) o termo qualidade deve ser entendido como o atendimento
às necessidades atuais e futuras do consumidor, o autor acredita que as empresas devem
compreender e oferecer produtos que satisfaçam as necessidades dos clientes, propondo
um direcionamento empresarial voltado para a melhoria da qualidade através do
controle dos processos produtivos. Ainda Deming (1993) diz “Qualidade é tudo aquilo
que melhora o produto do ponto de vista do cliente”. Para Crosby (1994) “Qualidade é a
conformidade do produto às suas especificações. ” As necessidades devem ser
especificadas, e a qualidade é possível quando essas especificações são obedecidas sem
ocorrência de defeito.
A norma de qualidade NBR ISO 9000 (ABNT, 2015) diz que a qualidade é o
“grau em que um conjunto de características inerentes de um objeto satisfaz requisitos”,
portanto qualidade pode ser acompanhada dos adjetivos má, boa ou excelente e afins.
A NBR ISO 9000 (ABNT, 2015) apresenta outros conceitos relacionados a
qualidade, entre eles surge o controle da qualidade definido como “parte da gestão da
qualidade focada em prover atendimento dos requisitos da qualidade”
Além do conhecimento sobre os diversos conceitos de qualidade apresentados,
as empresas necessitam ter uma visão sistêmica de todo o processo empresarial para que
seja facilitada a implantação do sistema de gestão da qualidade (SOUZA, 1995).
37
3.2 Aspectos Históricos
Garvin (1992) diz que o Controle de Processo foi abordado pela primeira vez
por Shewhart na obra Economic Control of Quality, em 1931. Nesta publicação,
Shewhart define de forma precisa e mensurável o controle de fabricação, admite a
existência da variação no produto e desenvolve técnicas de como distinguir as variações
aceitáveis das flutuações que indicassem problemas. Este foi o primeiro passo para o
controle estatístico da qualidade.
Segundo Picchi (1993), os métodos estatísticos possibilitam uma inspeção mais
eficiente, eliminando a necessidade de checar 100% das peças, mas mantendo ainda o
enfoque corretivo e não influindo no enorme número de produtos defeituosos
sucateados.
No Brasil os primeiros movimentos em relação ao controle de qualidade
ocorrem a partir da década de 40 com a criação da ABNT. A ABNT é o Foro Nacional
de Normalização por reconhecimento da sociedade brasileira desde a sua fundação, em
28 de setembro de 1940, e confirmado pelo governo federal por meio de diversos
instrumentos legais. A ABNT é responsável pela elaboração das Normas Brasileiras
(ABNT NBR), elaboradas por seus Comitês Brasileiros (ABNT/CB), Organismos de
Normalização Setorial (ABNT/ONS) e Comissões de Estudo Especiais (ABNT/CEE)
(ABNT, 2011).
A criação de uma organização Nacional de normalização terminou ligada ao
desenvolvimento da construção civil e a um domínio técnico bem específico - o uso do
concreto armado. De maneira até surpreendente, os engenheiros civis brasileiros
tiveram condições de avançar de modo pioneiro em termos mundiais e puderam
38
perceber, de forma imediata e relativamente autônoma, as necessidades e o potencial da
normalização
Desde 1950, a ABNT atua também na avaliação da conformidade e dispõe de
programas para certificação de produtos, sistemas e rotulagem ambiental. Esta atividade
está fundamentada em guias e princípios técnicos internacionalmente aceitos e
alicerçada em uma estrutura técnica e de auditores multidisciplinares, garantindo
credibilidade, ética e reconhecimento dos serviços prestados.
As primeiras Normas Técnicas Brasileiras: a NB-1 – Cálculo e Execução de
Obras de Concreto - e a MB-1 – Cimento Portland – Determinação da Resistência à
Compressão. Os dois documentos já vinham sendo utilizados pela engenharia nacional,
tendo sido elaborados ainda no final dos anos 1930 (ABNT, 2011)
Em 1992 foi lançado o PBQP-H, que propõe organizar o setor da construção
através da melhoria da qualidade nas obras brasileiras frente a iminente competição
global aliado à modernização de toda a cadeia produtiva. Carpinetti e Rossi (1998)
dentre os programas de qualidade, além das normas ISO o PBQP-H tem se difundido
com boa aceitação, em nível nacional.
O PBQP-H foi instituído pela Portaria nº 134, de 18 de dezembro de 1998, do
Governo Federal, tendo por objetivo básico: “apoiar o esforço brasileiro de
modernidade e promover a qualidade e produtividade do setor da construção
habitacional, com vistas a aumentar a competitividade de bens e serviços por ele
produzidos”.
No ano de 2000, seu propósito foi ampliado, passando a englobar também as
áreas de saneamento e infraestrutura urbana, e passou a se chamar Programa Brasileiro
da Qualidade e Produtividade na Construção Habitat, conceito então mais amplo e que
reflete melhor a sua área de atuação (PBQP-H, 2017).
39
O PBQP-H foi estruturado em projetos, sendo que cada projeto corresponde a
um conjunto de ações que contribui diretamente para o desenvolvimento do Programa, e
busca solucionar um problema específico na área da qualidade da construção civil. Para
este trabalho convém abordar o SiAC.
3.3 O processo como ponto de partida
A providência inicial para dar o início no desenvolvimento do controle da
qualidade de uma obra é estabelecer o processo de cada atividade a ser desenvolvida e
em seguida identificar os materiais e atividades críticas dos mesmos para estabelecer
como o controle da qualidade deve atuar.
3.3.1 Conceito de processo
Segundo Davenport (1994), “um processo é um conjunto de atividades
estruturadas e medidas destinadas a resultar em um produto especificado para um
determinado cliente ou mercado”. Ainda Davenport (1994) o processo “é uma
ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com um começo,
um fim, e inputs e outputs claramente identificados: uma estrutura para a ação. ”
Citando Gomes (2006), “os processos correspondem a um conjunto de recursos
e atividades inter-relacionados que recebe insumos e transforma-os, de acordo com uma
lógica pré-estabelecida e com agregação de valor, em produtos-serviços, para
responderem as necessidades dos clientes”, reiterando a articulação da idéia, proposta
por Davenport, de processo de trabalho ao fornecimento de um produto com clientes
específicos. Assim, um processo é uma sequência especifica de atividades orientadas à
ação através do tempo e lugar, com um começo e fim, e com entradas e saídas
claramente identificadas.
40
3.3.2 Como desenhar o processo
Processos apresentam algumas características muito claras. Uma primeira delas
é a delimitação: têm um começo e um fim claramente estabelecidos. Em geral, os
processos tendem a articular-se entre si no interior de uma organização ou no âmbito da
cadeia de suprimentos. Com isso, normalmente o fim de um processo é o evento de
disparo (início) de outro processo. Isto faz com que a intervenção de redesenho de um
processo leve em conta essas ligações com outros. Dificilmente é possível alterar apenas
um processo, isoladamente. Por exemplo, não é possível alterar o processo de gestão de
estoques de suprimentos sem intervir também no processo de sua aquisição.
O Fluxograma, ou gráfico de processamento para análise administrativa, é a
representação de fenômenos quaisquer, traduzindo, de um ponto de vista, um raciocínio
esquematizado, cujo objetivo é facilitar a compreensão da exata tramitação de certo
fluxo de trabalho, de um formulário ou de uma rotina (CURY,2000). Esta ferramenta é
uma representação gráfica que mostra todos os passos de um processo. Serve para
descrever e estudar um processo ou planejar as etapas de um novo
Rossato (1996) descreve Fluxograma como uma ferramenta fundamental, tanto
para o planejamento (elaboração do processo) como para o aperfeiçoamento (análise,
crítica e alterações) do processo.
Um Fluxograma pode ser construído: (ROSSATO, 1996)
a) Para identificar o fluxo atual ou o fluxo ideal do acompanhamento de
qualquer produto ou serviço, no sentido de identificar desvios;
b) Para verificar os vários passos do processo e se estão relacionados entre si;
c) Na definição de projeto, para identificar as oportunidades de mudanças, na
definição dos limites e no desenvolvimento de um melhor conhecimento detodos os
membros da equipe;
41
d) Nas avaliações das soluções, ou seja, para identificar as áreas que serão
afetadas nas mudanças propostas, etc.
Para a elaboração de um Fluxograma é necessário:
a) Envolver as pessoas que participam do processo
b) Identificar as fronteiras do processo, mostrando o início e o fim, usando sua
simbologia adequada (ROSSATO, 1996);
c) Documentar cada etapa do processo, registrando as atividades, as decisões e
os documentos relativos ao mesmo (ROSSATO, 1996).
As vantagens do Fluxograma são:
a) Definir claramente os limites do processo.
b) Útil no treinamento de novos funcionários.
c) Utiliza símbolos simples (linguagem padrão de comunicação).
d) Visão global do processo.
e) Assegura solução para todas as alternativas.
f) Identifica ciclos de retrabalho.
g) Facilita a identificação de clientes e fornecedores.
3.3.3 Identificação de pontos críticos nas atividades para ação do controle da
qualidade
Segundo Suzuki (2000), para se obter qualidade é necessário controlar cada
serviço, isto é, padronizar e planejar sua execução, treinar a mão de obra envolvida,
fazer de acordo com o que foi planejado, checar o que foi realizado e enfim tomar ações
corretivas quando necessário.
Nos processos críticos, é necessário destacar a identificação dos pontos de
inspeção (onde realizar), as formas de controle (quando realizar) e os métodos de
monitoramento (SANTOS, 2003).
42
Thomaz (1999), a seguinte classificação:
a) Falhas Críticas (FC) – Não conformidades que podem afetar a segurança ou a
durabilidade da obra, interferir seriamente com outros serviços, prejudicar as
condições de saúde e segurança no trabalho;
b) Falhas Graves (FG) – Não conformidades que podem repercutir em importantes
desperdícios ou retrabalhos, comprometer a programação e os prazos e
prejudicar o desempenho da obra acabada;
c) Falhas Secundárias (FS) – Não conformidades que produzem pequenos
desperdícios, podendo, todavia, sofrer correções nem muito onerosas ou nem
muito trabalhosas.
Ainda Thomaz (1999), afirma que as falhas devem ser prevenidas através de
controle da qualidade mais ou menos rigorosos, com uma ponderação sugerida em
função de sua importância, como a seguir:
a) Controles Essenciais (CE) – São aqueles vitais para garantia do desempenho dos
processos;
b) Controles Importantes (CI) – Destinados a melhorar a qualidade, evitar
desperdícios, cumprir programação;
c) Controles Ocasionais (CO) – Otimizam a qualidade dos serviços e da obra.
Essa classificação leva em conta as repercussões negativas de uma falha
específica, como a possibilidade de comprometimento na cadeia de qualidade dos
serviços seguintes.
A definição do tipo de controle e da forma de inspeção dependerá da época e das
condições de normalidade. A figura 6 traz um fluxograma elaborado por Thomaz (1999)
a fim de ilustrar as possibilidades do tipo de controle da qualidade a ser realizado
43
Figura 6- Fluxograma das possibilidades de controle
Fonte: THOMAZ (1999)
3.4 O controle da qualidade na execução de Edificações
3.4.1 Tipos de controle em diferentes etapas
Visando a conformidade do produto final e utilizando a classificação proposta
por Thomaz (1999) descrita no item anterior classificação de controles o IPT (2002)
propõe o controle da qualidade nos serviços executados em cinco etapas de uma obra de
edificações. São elas:
a) Serviços preliminares: Nesta etapa o controle da qualidade de declividades,
desníveis, cotas e ângulos são considerados ocasionais. São classificadas
como importantes obras vizinhas, interferências no terreno e raio de ação de
equipamento. Como essenciais têm-se locação do terreno, locação dos eixos
principais da obra e referência de nível.
44
b) Fundações: São classificados como ocasionais o controle da qualidade da
execução do prumo, nível, seções, integridade das estacas pré moldadas e
energia de cravação ou compactação. São considerados importantes a área de
apoio, profundidade, continuidade, resistência do concreto e posicionamento
das armaduras. As essências são locação dos elementos e cotas de
arrasamento.
c) Estrutura: Nível, prumo, ângulos, seções, rigidez de formas e
escoramentos, presença de espaçadores são considerados ocasionais.
Resistência do concreto, posicionamento das armaduras, cobrimentos e
tempo de escoramento são classificados como importantes.
d) Alvenarias: Nesta etapa nível, prumo, ângulos, resistência dos blocos e
dosagem da argamassa requerem controles ocasionais. Modulação,
posicionamento de juntas de controle e ligações com a estrutura tem a
necessidade de controles importantes. Já o controle da locação,
posicionamento de vãos e embutimento de tubulações são considerados
essenciais.
e) Instalações Hidráulicas: O controle da geometria e bitolas dos dutos, tipos
de rosca, adequação das conexões deve ser ocasional. Controles importantes
são os de vazão e pressão. Os essenciais são os controles em provas de
estanqueidade.
A definição do tipo de controle e da forma de inspeção dependerá da época e das
condições de normalidade. A documentação dos procedimentos de execução de serviços
deve estabelecer critérios, amostragens e tolerâncias objetivas que propiciem a medição,
monitoramento e registro dos processos.
45
3.4.2 Equipamentos utilizados no controle da qualidade
Nos procedimentos em que for necessário, deve-se disponibilizar equipamentos
de medição como nível a laser, prumo, trena, esquadro, régua metálica e nível de bolha,
calibrados por um laboratório de ensaios, de acordo com padrões de medições. Estes
equipamentos também devem monitorados quanto a identificação, proteção e
verificação do prazo para reavaliação da calibração (SANTOS, 2003).
3.5 O CONTROLE DA QUALIDADE NA VISÃO DO SiAC/PBQP-H
O Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras
(SiAC) conforme apresentado no item 3.2, é um sistema de gestão criado
especificamente para a gestão da qualidade na construção. No que diz respeito ao
controle da qualidade há no SIAC/PBQP-H uma série de requisitos específicos. Neste
item do trabalho são abordados os requisitos inerentes ao controle da qualidade.
(PBQP-H, 2017).
A execução da obra é a sequência de processos requeridos para a obtenção
parcial ou total do produto almejado pelo cliente, em função da empresa construtora ter
sido contratada para atuar apenas em etapa(s) específica(s) de sua produção ou para sua
produção integral. A tabela 7 apresenta os requisitos do SGQ para a execução de obras.
46
Tabela 7- Requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade
FONTE: SiAC (PBQP-H, 2017).
3.5.1 Planejamento da Obra
O controle da qualidade começa no planejamento da obra. Para cada uma de
suas obras, a empresa deve elaborar e documentar o Plano da Qualidade da Obra
(PQO), consistente com os seguintes elementos quando apropriado: (PBQP-H, 2017).
a) estrutura organizacional da obra, incluindo definição de responsabilidades
específicas;
b) relação de materiais e serviços de execução controlados, e respectivos procedimentos
de execução e inspeção;
c) projeto do canteiro;
d) identificação das especificidades da execução da obra e determinação das respectivas
formas de controle; devem ser mantidos registros dos controles realizados;
47
e) no caso de obras de edificações habitacionais, plano de controle tecnológico de
materiais a serem aplicados e serviços a serem executados visando assegurar o
desempenho conforme previsto em projeto, em atendimento à ABNT NBR 15575;
f) identificação dos processos considerados críticos para a qualidade da obra e
atendimento das exigências dos clientes, bem como de suas formas de controle; devem
ser mantidos registros dos controles realizados.
g) identificação das especificidades no que se refere à manutenção de equipamentos
considerados críticos para a qualidade da obra e atendimento das exigências dos
clientes;
h) programa de treinamento específico da obra;
i) objetivos da qualidade específicos para a execução da obra e atendimento das
exigências dos clientes, associados a indicadores;
j) definição dos destinos adequados dados aos resíduos sólidos e líquidos produzidos
pela obra (entulhos, esgotos, águas servidas), que respeitem o meio ambiente e estejam
em consonância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) e com
as legislações estaduais e municipais aplicáveis.
No caso de obras de edificações habitacionais, a elaboração do PQO deve
considerar os requisitos de desempenho da ABNT NBR 15575 definidos nos projetos da
edificação.
No Planejamento da execução da obra a empresa deve realizar o planejamento,
programação e controle do andamento da execução da obra, visando ao seu bom
desenvolvimento, contemplando os respectivos recursos. Devem ser mantidos registros
dos controles de andamento realizados (PBQP-H, 2017).
48
3.5.2 Projeto
A empresa construtora deve planejar e controlar o processo de elaboração do
projeto da obra destinada ao seu cliente. Durante este planejamento, a empresa
construtora deve determinar:
a) as etapas do processo de elaboração do projeto, considerando as suas
diferentes especialidades técnicas;
b) a análise crítica e verificação que sejam apropriadas para cada etapa do
processo de elaboração do projeto, para suas diferentes especialidades técnicas;
c) as responsabilidades e autoridades para o projeto.
A empresa construtora deve gerenciar as interfaces entre as diferentes
especialidades técnicas (internas ou externas) envolvidas no projeto para assegurar a
comunicação eficaz e a designação clara de responsabilidades.
As saídas do planejamento da elaboração do projeto devem ser atualizadas,
conforme apropriado, de acordo com a evolução do projeto (PBQP-H, 2017).
Deve ser feita a verificação de projeto deve ser executada conforme disposições
planejadas, para assegurar que as saídas atendam aos requisitos de entrada. Devem ser
mantidos registros dos resultados da verificação e das ações necessárias subsequentes.
ALVES (2013) resume este item dizendo que devem ser registradas todas as ações de
verificação, para que o projeto esteja de acordo com os requisitos, ou seja, há a
necessidade da verificação do projeto e esta deve estar de acordo com a planejada e
registrada. Após a verificação a validação do projeto deve ser realizada, onde for
praticável, para a obra toda ou para suas partes.
49
RIGONI (2015) afirma que essa validação pode ser medida através de
simulações por computador, confecção de maquetes, físicas ou eletrônicas, avaliação de
desempenho, reuniões com possíveis usuários, construção de unidades tipo comparação
com outros projetos semelhantes já construídos
Apresenta-se como conclusão do processo de análise crítica, conforme
planejado, e procura assegurar que o produto resultante é capaz de atender aos
requisitos para o uso ou aplicação especificados ou pretendidos, onde conhecidos.
Para o caso de obras de edificações habitacionais, a empresa construtora deve
considerar o atendimento dos requisitos de desempenho da ABNT NBR 15575.
Os resultados da validação e as ações de acompanhamento subsequentes devem
ser registrados O registro do processo de validação deve incluir as hipóteses e
avaliações aplicáveis consideradas para garantir que o desempenho pretendido será
atingido, particularmente quando incluídas, no projeto, soluções inovadoras (PBQP-H,
2017).
Quaisquer alterações de projeto devem ser identificadas e registros devem ser
mantidos. As alterações devem ser analisadas criticamente, verificadas e validadas, de
modo apropriado, e aprovadas antes da sua implementação. A análise crítica das
alterações de projeto deve incluir a avaliação do efeito das alterações no produto como
um todo ou em suas partes (por exemplo, interfaces entre subsistemas).
3.5.3 Aquisição
O SiAC/PBQP-H (2017) determina que a construtora deve estabelecer critérios para
qualificar (pré-avaliar e selecionar), de maneira evolutiva, seus fornecedores tanto de
materiais como de serviços. Deve ser tomado como base a capacidade do fornecedor em
atender aos requisitos especificados nos documentos de aquisição. No caso de
50
fornecedores de materiais, deve ainda considerar a sua formalidade e legalidade, em
atendimento à legislação vigente. A construtora deve ainda:
a) manter atualizados os registros de avaliação de seus fornecedores e de
quaisquer ações necessárias, oriundas da avaliação;
b) assegurar, de maneira evolutiva, a adequação das informações de aquisição
especificadas antes da sua comunicação ao fornecedor;
c) garantir que os documentos de compra de materiais controlados descrevam
claramente o que está sendo comprado, contendo especificações técnicas;
d) instituir e implementar, de maneira evolutiva, inspeção ou outras atividades
necessárias para assegurar que o produto adquirido atende aos requisitos de
aquisição especificados;
e) estabelecer, de maneira evolutiva, procedimentos documentados de inspeção
de recebimento para todos os materiais e serviços de execução controlados.
Quando a empresa construtora ou seu cliente pretender executar a verificação
nas instalações do fornecedor, a empresa construtora deve declarar, nas informações
para aquisição, as providências de verificação pretendidas e o método de liberação de
produto (PBQP-H, 2017).
Uma prática recorrente das empresas construtoras é a terceirização de suas
atividades fim, seja parcial ou totalmente, mediante a contratação de empreiteiros de
pequeno e médio porte. O SiAC/PBQP-H (2017) determina que as empresas
construtoras estabeleçam planos de inspeção de controle da qualidade para garantir que
as empreiteiras desenvolvam suas atividades em conformidade com as especificações da
obra. É necessário que a empreiteira apresente seu procedimento executivo com a
51
descrição de como irá desenvolver os serviços. O procedimento deverá ser analisado e
aprovado pela construtora.
. É necessário que os gerentes de obras de construtoras juntamente com a
empresa prestadora do serviço tenham um gerenciamento adequado da qualidade para
garantir que a obra seja finalizada de acordo com o previsto e dentro de todas as
especificações previamente estabelecidas no projeto. Esse controle da qualidade nas
obras consiste no controle de políticas, processos e serviços prestados, materiais e
recursos necessários para a sua realização como determina o SiAC/ PBQP-H
3.5.4 Operações de produção e fornecimento de serviço
De acordo com o Sistema de Conformidade de Empresas de Serviços e Obras
(2017) deve-se planejar e realizar a produção e o fornecimento de serviço sob condições
controladas. Condições controladas devem incluir, de modo evolutivo e quando
aplicável:
a) a disponibilidade de informações que descrevam as características do produto;
b) a disponibilidade de procedimentos de execução documentados, quando
necessário;
c) o uso de equipamentos adequados;
d) a disponibilidade e uso de dispositivos para monitoramento e medição;
e) a implementação de monitoramento e medição;
f) a implementação da liberação, entrega e atividades pós-entrega;
g) a manutenção de equipamentos considerados críticos para o atendimento das
exigências dos clientes.
52
A atividade de entrega inclui o fornecimento ao cliente de Manual de Uso,
Operação e Manutenção, contendo as principais informações sobre as condições de
utilização das instalações e equipamentos bem como orientações para a operação e de
manutenção da obra executada ao longo da sua vida útil (PBQP-H, 2017).
O Manual de Uso, Operação e manutenção deve levar em conta as exigências
da ABNT NBR 14037 e da ABNT NBR 5674. O Manual de Uso, Operação e
Manutenção deve levar em conta também as exigências da ABNT NBR 15575 (PBQP-
H, 2017).
3.5.5 Controle de dispositivos de medição e monitoramento
O SIAC/PQBP-H (2017) recomenda que as medições e monitoramentos a serem
realizados e os dispositivos de medição e monitoramento necessários devem ser
determinadas para evidenciar a conformidade do produto com os requisitos,
estabelecendo processos para assegurar que a medição e o monitoramento possam ser
realizados e sejam realizados de uma maneira coerente com os requisitos de medição e
monitoramento. Quando for necessário assegurar resultados válidos, o dispositivo de
medição deve ser:
a) calibrado ou verificado a intervalos especificados ou antes do uso, contra
padrões de medição rastreáveis a padrões de medição internacionais ou
nacionais; quando esse padrão não existir, a base usada para calibração ou
verificação deve ser registrada;
b) ajustado ou reajustado, como necessário;
c) identificado para possibilitar que a situação da calibração seja determinada
d) protegido contra ajustes que possam invalidar o resultado da medição;
53
e) protegido de dano e deterioração durante o manuseio, manutenção e
armazenamento.
Adicionalmente, a empresa deve avaliar e registrar a validade dos resultados de
medições anteriores quando constatar que o dispositivo não está conforme com os
requisitos. Tomando ação apropriada no dispositivo e em qualquer produto afetado.
Registros dos resultados de calibração e verificação devem ser mantidos (PBQP-H,
2017).
3.5.6 Medição, análise e melhoria
Além dos requisitos da seção 7 do SiAC/PBQP-H abordados anteriormente
neste item, a seção 8, Medição, análise e melhoria estabelece que a empresa construtora
deve, de maneira evolutiva, planejar e implementar os processos necessários de
monitoramento, medição, análise e melhoria para:
a) demonstrar a conformidade do produto;
b) assegurar a conformidade do Sistema de Gestão da Qualidade, e;
c) melhorar continuamente a eficácia do Sistema de Gestão da Qualidade.
Isso deve incluir a determinação dos métodos aplicáveis, incluindo técnicas
estatísticas, e a abrangência de seu uso.
Convém abordar dois requisitos da seção 8, são eles a Medição e monitoramento
de processo e Inspeção e monitoramento de materiais e serviços de execução.
3.5.7 Medição e monitoramento de processo
A empresa construtora deve aplicar métodos de monitoramento do sistema
adequados e capazes de demonstrar a eficácia dos processos analisados em atingir os
resultados pré-determinados. O monitoramento dos processos visa detectar desvios
54
indesejáveis. Caso os resultados não sejam apropriados, devem se fazer as correções e
as ações corretivas. (PBQP-H , 2017)
3.5.8 Inspeção e monitoramento de materiais e serviços de execução controlados
e da obra
A empresa construtora deve estabelecer procedimentos de inspeção de
monitoramento das características dos materiais controlados. Ela deve estabelecer
procedimento documentado de inspeção antes da entrega final da obra.
A liberação de materiais e liberação e entrega de serviços de execução
controlados e da obra não deve prosseguir até que todas as providências planejadas
tenham sido concluídas satisfatoriamente. (PBQP-H, 2017)
O SiAC/PBQP-H já faz a definição dos serviços a serem obrigatoriamente
controlados para cada segmento de obra previsto em seu escopo. Para o seguimento
obras de edificações o anexo IV do SiAC estabelece uma relação com 25 serviços
considerados como serviços controlados listado na tabela 8:
55
Tabela 8- Definição dos serviços controlados.
Fonte: Autor (2017)
Serviços Preliminares
1. Compactação de aterro
2. Locação de obra
Fundações
3. Execução de fundação
12. Execução de contrapiso
Estrutura
4. Execução de forma
5. Montagem de armadura
6. Concretagem de peça estrutural
7. Execução de alvenaria estrutural
Vedações Verticais
8. Execução de alvenaria não estrutural e de divisória leve
9. Execução de revestimento interno de área seca
10. Execução de revestimento interno de área úmida
11. Execução de revestimento externo
Vedações Horizontais
14. Execução de revestimento de piso interno de área úmida
15. Execução de revestimento de piso externo
16. Execução de forro
17. Execução de impermeabilização
18. Execução de cobertura em telhado
Definição dos serviços de execução controlados
Sistemas Prediais
23. Execução de instalação elétrica
24. Execução de instalção hidrossanitária
25. Colocação de bancada, louça e metal sanitário
Esquadrias
19. Colocação de batente e porta
20. Colocação de janela
Pintura
21. Execução de pintura interna
22. Execução de pintura externa
13. Execução de revestimento de pisto interno de área seca
56
4 MÉTODOS DE REALIZAÇÃO DO CONTROLE DA
QUALIDADE DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES
4.1 Aspectos gerais
Durante uma obra é revelado um número alto de variáveis que interferem na
qualidade da construção, todas passíveis de controle. Segundo Ary (1985), o segredo
está na seleção das variáveis que serão efetivamente controladas.
“Há que se considerar que em qualquer atividade produtiva, e na construção em
particular, algumas variáveis mais importantes governam grande parte dos resultados do
processo” (THOMAZ, 2001).
Uma pesquisa feita por Fruet (1993) revelou que somente 20% das empresas
consultadas adotava procedimentos padronizados no controle da produção, percentual
que caia para 13% relativamente ao controle de recebimento de materiais; controle
tecnológico através de ensaios de laboratório era praticado apenas para concretos, aços,
madeiras e componentes de alvenaria. Segundo Thomaz (2001) tal situação exige rápida
mudança de postura, com a adoção de programas de controle, técnica e financeiramente
executáveis pelas construtoras.
Existem diversos métodos de controle da qualidade em obras de edificações, as
ferramentas da qualidade são utilizadas para definir, mensurar, analisar e propor
soluções aos problemas identificados que interferem no desempenho dos processos
organizacionais, ajudando a estabelecer melhorias de qualidade (SANTOS, 2015).
A NBR ISO 9004-4 diz que “As decisões baseadas em análises de situações e
de dados desempenham um importante papel em projetos e atividades de melhoria da
qualidade. O sucesso dos projetos e atividades de melhoria da qualidade é aumentado
através da aplicação adequada de técnicas e ferramentas desenvolvidas para este fim".
Santos (2003) afirma que os controles de execução de serviços devem ser
definidos a partir de um plano de inspeção e controle, o qual é definido em comum
57
acordo entre os envolvidos e o gerente do empreendimento. São utilizados como
balizamento:
a) Normas brasileiras e sistemas de gestão da qualidade;
b) Fichas de controle de serviços;
c) Planos flexibilizados de controle e controle por amostragem;
d) Peso relativo das não conformidades dos diferentes serviços;
e) Importância relativa das variáveis de controle de execução.
4.2 Ferramentas de Controle da Qualidade
4.2.1 PDCA
A qualidade total de uma obra é o resultado da soma da qualidade de cada
serviço executado. Suzuki (2000) explica que, na fase de execução, gira-se o ciclo
PDCA.
O ciclo PDCA (PLAN, DO, CHECK, ACT) ou ciclo de Shewart, é um método
gerencial que visa controlar e conseguir resultados eficazes e confiáveis no
desenvolvimento de atividades. É um eficiente modo de apresentar melhorias nos
processos, porque padroniza as informações de controle, minimiza os erros nas análises
e torna as informações mais fáceis de serem entendidas. O gerenciamento de processos
estabelece e mantém os padrões implantados e servem como referência para um
gerenciamento eficaz. Pode ser usado de forma contínua para o gerenciamento das
atividades de uma organização.
PLAN (planejar) é a primeira etapa do método PDCA. É considerado o módulo
mais importante por dar início ao ciclo. A eficácia futura do ciclo estará baseada num
bom planejamento, o qual proverá dados e informações às etapas restantes do método.
58
DO (executar). Executa-se algo que visa atingir os objetivos e estratégias
estabelecidas no plano (SANTOS, 2015)
CHECK (checar). Uma vez amplamente divulgado e ciente da compreensão de
todos os participantes, o plano de ação poderá ser colocado em prática. Durante esta
etapa devem-se efetuar verificações periódicas no setor em que as ações estão sendo
efetuadas, visando manter o controle e dirimir possíveis dúvidas que possam ocorrer ao
longo da execução. Todas as ações tomadas e os resultados obtidos, sejam eles bons ou
ruins, devem ser registrados e datados para que alimentem a próxima etapa do ciclo.
A (Agir). Age-se, corrigindo distorções com o objetivo de aproximar o resultado
daquilo que tencionávamos atingir, ou sistematizamos um processo bem-sucedido
visando também a qualidade pessoal (SANTOS, 2015)
O Ciclo PDCA é aplicável a uma vasta gama de situações, que vai da construção
de um novo empreendimento ao simples ato de dirigir um veículo.
Dá-se atenção ao método, à mudança de atitudes, crenças e valores, à educação e
busca contínua do autodesenvolvimento dos gerentes e membros da equipe, tanto
quanto ao resultado.
Com cada melhoria, os processos e sistemas funcionam cada vez melhor. A
produtividade aumenta à medida que o desperdício diminui. Os clientes obtêm produtos
ou serviços de valor cada vez maior a custos cada vez menores.
4.2.2 Procedimentos de execução de serviços
A execução e a inspeção de cada tarefa da obra devem ser documentadas de
forma simples e de fácil utilização para haver controle da qualidade. Algumas
ferramentas já difundidas na construção civil são PES - Procedimento de Execução de
Serviços e a FVS - Ficha de Verificação de Serviços. (SOUZA, 1997)
59
Melhado (2005) sugere que a documentação dos procedimentos de execução de
serviços deve estabelecer critérios, amostragens e tolerâncias objetivas que propiciem a
medição, monitoramento e registro dos processos.
Documentar procedimentos executivos de cada serviço permite treinamento da
mão de obra e melhora a qualidade do produto final. (IPT, 2002)
O gerente do empreendimento deve elaborar uma lista dos serviços de execução
controlados, referenciando os respectivos procedimentos utilizados, dando-se ênfase
àqueles considerados mais críticos para a obtenção da qualidade.
Os serviços deverão ser acompanhados e controlados segundo procedimentos de
execução e fichas com critérios de inspeção em que os critérios sejam devidamente
aprovados pelo representante do cliente. (SANTOS, 2003)
Para Melhado (2005) procedimentos de execução como passo a passo das
atividades, condições de início de serviço e frentes de trabalho diretrizes são essenciais
para o controle da qualidade.
Segundo Thomaz (2001) na elaboração dos PES, deve-se consultar as
respectivas normas brasileiras, normas técnicas, bibliografia sobre métodos construtivos
e outros documentos, é importante introduzir a experiência da empresa, a forma como
ela trabalha; para isso deve-se contar com a contribuição de engenheiros e mestres.
Portanto, em qualquer procedimento executivo deve constar as seguintes
informações:
a) Constituição das equipes;
b) Aspectos relativos a condicionantes para início do serviço;
c) Referências;
d) Equipamentos necessários;
e) Materiais necessários;
60
f) Passo a passo da execução;
g) Cuidados especiais;
h) Disposições especiais para segurança no trabalho.
A utilização dos procedimentos de execução deverá estar amarrada com
planilhas de controle de materiais e de serviços (THOMAZ, 2001).
A figura 7 mostra um modelo de procedimento executivo de serviço.
61
Figura 7- Procedimento executivo de serviço de azulejo.
Fonte: THOMAZ (2001)
4.2.3 Folha de Verificação
É um formulário que serve de modelo para coleta e registro de dados,
promovendo a coleta de dados de maneira consistente, facilitando sua análise. Kume
62
(1993) afirma que Folha de Verificação é um formulário de papel no qual os itens a
serem verificados já estão impressos, de modo que os dados possam ser coletados de
forma fácil e concisa.
Santos (2015) elaborou um método para utilização da Folha de Verificação, que
consiste em:
a) Determinar o objetivo específico para a coleta destes (as questões a serem
dirigidas).
b) Identificar os dados requeridos para atingir o objetivo (dirigir as questões).
c) Determinar como os dados serão analisados e por quem (ferramentas
estatísticas).
d) Elaborar um formulário para registrar os dados. Prover espaço para registrar
as informações sobre:
d.1) Quem coletou os dados;
d.2) Onde, quando e como os dados forma coletados.
e) Testar previamente o formulário, coletando e registrando alguns dados.
f) Analisar criticamente e corrigir o formulário, se necessário.
Santos (2015) recomenda a coleta sistemática dos dados para obter um quadro
claro dos fatores. Rossato (1996) ainda ressalta a importância do Folha de Verificação
para a criação de outras ferramentas como o Gráfico de Pareto, Diagrama de Dispersão,
Diagrama de Controle, Histograma entre outros.
4.2.3.1 Ficha de verificação de materiais
Utiliza-se na construção civil um número muito grande de materiais,
componentes e acessórios. Thomaz (2001) afirma que considerando os diferentes tipos e
variedades de produtos (cimentos, aços, braçadeiras, pinos, pregos, parafusos, fios,
conexões e outros), grandes construtoras podem chegar a catalogar mais de 13.000
63
itens. Do ponto de vista da aquisição de materiais, há mesmo necessidade de que todos
produtos sejam catalogados e devidamente identificados.
O controle do recebimento de materiais poderá prever diferentes mecanismos e
diferentes níveis de rigor: pode-se recorrer ao cadastro de fornecedores (histórico de
fornecimentos), à inspeção visual, à inspeção visual + verificação das características
geométricas, à execução dc ensaios, etc. Para fazer o controle é preciso estabelecer as
características essenciais a serem verificadas. Tais características devem ser de simples
avaliação para que o trabalho seja realmente feito e traga benefícios para a obra. É
importante que seja feita a verificação com o pedido de compra realizado anteriormente.
Para certos materiais, o controle da qualidade pode ser feito por um laboratório
especializado, como, por exemplo, o concreto (SOUZA, 1997).
O controle da qualidade no recebimento pode trazer muitas vantagens. O
documento gerado pode ajudar nas próximas especificações de materiais e atualizar o
cadastro de fornecedores da empresa. Com fornecedores mais preparados, há redução de
custos por baixa qualidade de materiais e maior alcance as expectativas dos clientes.
Assim há uma retroalimentação do sistema e um consequente aperfeiçoamento
(SOUZA, 1997).
As inspeções de qualidade podem ser realizadas por meio de folhas de
verificação adaptadas para cada atividade da obra. Na prática, a empresa pode dispor de
checklists padronizados e informatizados, que só precisem ser levemente adaptados para
utilização em cada obra específica (SOUZA,1997).
A figura 8 mostra um modelo de ficha de verificação de materiais.
65
4.2.3.2 Ficha de verificação de serviços
A Ficha de verificação de serviços (FVS) também deve ser elaborada para cada
serviço e dispõe de campos em branco que devem ser preenchidos na obra, no decorrer
do processo de execução de cada serviço. É o registro da qualidade obtida nos serviços,
necessário a retroalimentação do sistema e a composição do "databook” da obra.
Os critérios devem identificar previamente a apreciação e os limites toleráveis
para cada atributo em julgamento, considerando-se que as falhas mais importantes,
geralmente, possam ser detectadas por inspeção visual (SANTOS, 2003). Na figura 9
Thomaz (2001) propõe um modelo de FVS.
67
4.2.4 Diagrama de Causa e Efeito
Todo processo produtivo é constituído de um grande número de fatores. Kume
(1993) ressalta que um processo é composto dos 5M’s (homem, máquina, material,
método e medição). Esses fatores podem ser organizados segundo uma relação de causa
e efeito.
O Diagrama de Causa e Efeito, também chamado de diagrama de espinha de
peixe ou diagrama de Ishikawa, é utilizado para estabelecer uma organização
metodológica entre os fatores que desencadeiam um efeito principal e quais os que
desencadeiam as causas, isto é, permite identificar as causas de itens não conforme para
posterior tratamento através de ação corretiva.
Em 1943 o Dr. Kaoru Ishikawa na Universidade de Tóquio desenvolveu essa
ferramenta. Ele a usou para explicar como vários fatores poderiam ser comuns entre si e
estarem relacionados (ROSSATO, 1996).
Segundo Kume (1993) um Diagrama de Causa e Efeito é um diagrama que
mostra a relação entre uma característica da qualidade e seus fatores relevantes.
Para Rossato (1996), um Diagrama de Causa e Efeito deve ser construído
quando:
a) Necessitar identificar todas as causas possíveis de um problema.
b) Para obter uma melhor visualização da relação entre a causa e efeito delas
decorrentes.
c) Para classificar as causas fatorando em sub-causas, sobre um efeito ou
resultado.
d) Para saber quais as causas que estão provocando este problema.
e) Para identificar com clareza a relação entre os efeitos, e suas prioridades.
68
f) Em uma análise dos defeitos: perdas, falhas, desajuste do produto, etc. com
o objetivo de identificá-los e melhorá-los.
Santos (2015) propõe o seguinte método para construir o diagrama:
1) Definir o efeito de maneira clara e concisa
2) Definir as categorias principais de possíveis causas
3) Iniciar a elaboração do diagrama, definindo o efeito num retângulo a direita,
colocando as categorias principais como “alimentadores do retângulo do
efeito”, sendo: Material, Máquina, Medida, Mão de obra e Método
4) Desenvolver o diagrama através de uma análise criteriosa escrevendo as
causas segundo seus níveis num procedimento que obedece a uma ordem
crescente de níveis.
5) Selecionar e identificar um pequeno numero de causas (três a cinco) de
níveis mais elevados que provavelmente exercem uma grande influencia
sobre o efeito e que requerem mais ações.
O resultado final deve ser algo como mostrado na figura 10
Figura 10 – Modelo de Diagrama de Ishikawa
Fonte: SANTOS ( 2015)
69
4.2.5 5W e 1H
De acordo com Rossato (1996) a ferramenta 5W1H é um documento de forma
organizada que identifica as ações e as responsabilidades de quem irá executar, através
de um questionamento, capaz de orientar as diversas ações que deverão ser
implementadas. Recebe este nome devido às letras iniciais de seis perguntas em inglês
que ajudam a esclarecer situações: When (quando); Who (quem); What (o que); Where
(Onde); Why (porquê) e; How (como).
Deve ser estruturado para permitir uma rápida identificação dos elementos
necessários à implantação do projeto. Os elementos podem ser descritos como:
a) What – O que será feito (etapas)
b) Why – Por que deve ser executada a tarefa (justificativa)
c) Where – Onde cada etapa será executada (local)
d) When – Quando cada uma das tarefas deverá ser executada (tempo)
e) Who – Quem realizará as tarefas (responsabilidade)
f) How – Como deverá ser realizada cada tarefa/etapa (método)
Rossato (1996) ainda propõe um método de utilização do 5W e 1H:
a) Construir uma tabela com as diversas questões; What, How, Why, Where e When;
b) Fazer um questionamento em cima de cada item;
c) Anotar as decisões em cada questão considerada de suas atividades.
A identificação das causas não conformidade podem ser esclarecidas com esse simples
método e aliado as ferramentas anteriormente estudadas viabiliza o tratamento e a
prevenção de futuras falhas.
70
4.2.6 Diagrama de Pareto
Atualmente as perdas constituem uma grande preocupação de quem procura
gerir um processo produtivo. Dessa forma, para que seja possível melhorar qualquer
sistema ou processo é necessário antes dispor de uma ferramenta que permita entender o
que está realmente ocorrendo (COSTA, 2006).
A análise de Pareto é uma técnica de apresentação de dados que permite dividir
um problema grande num grande número de problemas menores e que são mais fáceis
de serem resolvidos. Como o método é baseado sempre em fatos e dados, ele permite
priorizar os problemas de qualidade.
Normalmente a grande maioria das perdas é ocasionada por poucos problemas,
denominados de poucos vitais, enquanto que a minoria das perdas é ocasionada por
diversos problemas. Esses problemas são denominados de muitos triviais.
O Diagrama de Pareto é uma ferramenta útil que permite separar os problemas
mais importantes, através de uma leitura rápida dos dados, assim permitindo a
identificação e priorização dos poucos vitais.
As finalidades de um Diagrama de Pareto são:
a) Mostrar as contribuições relativas das falhas que produzem um problema.
b) Separar as poucas causas críticas das muitas triviais (tipicamente, 80% das
ocorrências de um problema deve-se a 20% das causas).
c) Identificar onde os esforços devem ser priorizados.
É representado por barras dispostas em ordem decrescente, com a causa
principal vista do lado esquerdo do diagrama decrescendo para as causas menores
mostradas para o lado direito. Cada barra representa uma causa, sendo que sua
importância é exibida em relação à total.
71
Existem dois tipos de Diagrama de Pareto. Costa (2006) define da seguinte
forma:
a) Diagrama de Pareto por efeitos: este é utilizado para descobrir qual é o maior
problema entre os resultados indesejáveis. Bastante utilizado para estratificar problemas
de qualidade (defeitos, reclamações), custo (gastos, montantes de perdas), entrega
(atrasos, falta de estoques) e segurança (acidentes).
b) Diagrama de Pareto por causas: este se refere às causas no processo. É
utilizado para descobrir qual é a maior causa do problema, como: operador (turno,
grupo, idade), máquina (equipamentos, ferramentas), matéria-prima (fabricante, fábrica,
lote) e método de operação (condições, ordens, preparativos).
Na figura 11 vemos um exemplo de Gráfico de Pareto.
Figura 11 – Gráfico de Pareto por itens defeituosos.
Fonte: KUME (1993).
72
O recurso gráfico é utilizado para estabelecer uma ordenação nas causas de
perdas que devem ser sanadas, auxiliando na identificação dos problemas, priorizando-
os para que sejam resolvidos de acordo com sua importância. Isso não quer dizer que
nem todos os problemas são importantes, mas sim que alguns precisam ser solucionados
com maior urgência. (BASTIANI e MARTINS, 2012).
4.3 Equipamentos utilizados
Nos procedimentos em que for necessário, deve-se disponibilizar equipamentos
de medição como nível a laser, prumo, trena, esquadro, régua metálica e nível de bolha,
calibrados por um laboratório de ensaios, de acordo com padrões de medições. Estes
equipamentos também devem monitorados quanto a identificação, proteção e
verificação do prazo para reavaliação da calibração (SANTOS, 2003).
Os equipamentos deverão ser utilizados como orientado nos procedimentos de
execução de serviços. Ao contrário do que ocorre no Brasil, é comum verificar nos
canteiros de obra da Europa pequenos laboratórios providos de instrumental simples e
relativamente barato: pequena prensa, pequena estufa, balança, trenas, paquímetros,
lupas.
73
5 PESQUISA DE CAMPO: MELHORIAS NO CONTROLE
DA QUALIDADE
Neste item, são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para a
realização do estudo aqui apresentado. Primeiramente, são apresentadas as
características da pesquisa e o método utilizado neste trabalho. Em seguida, é
apresentado o instrumento utilizado para coleta de dados e como esta foi realizada.
Após, são explicitados os sujeitos da pesquisa. Por fim, é feita a análise das informações
obtidas na coleta de dados.
5.1 Metodologia
5.1.1 Características da pesquisa
Considerando o objetivo deste trabalho, é adequado conduzir um estudo de caso.
Este trabalho se caracteriza também por ser um estudo de caráter qualitativo, por tentar
compreender determinado fenômeno com base em relatos.
5.1.2 Instrumento de pesquisa
Foram utilizadas basicamente duas técnicas para a coleta de informações: A
observação participante e entrevistas por meio de um questionário elaborado a partir da
bibliografia estudada. Especificamente, as questões de controle de qualidade na
aquisição de materiais e execução da obra e suas consequências. A observação
participante visa complementar a pesquisa pois permite acompanhar o que ocorre em
uma situação real.
5.1.3 Definição dos entrevistados
• Entrevistado 1: Engenheiro civil. É responsável por cronogramas,
planejamento, relatórios de andamento da obra e compras de materiais.
74
• Entrevistado 2: Estagiário. É responsável pelas solicitações e recebimento de
materiais, e verificação de serviços executados no empreendimento.
• Entrevistado 3: Mestre de Obras. É responsável por fiscalizar e supervisionar a
obra, coordenando as equipes de trabalho das empreiteiras.
• Entrevistado 4: Encarregado. É responsável por auxiliar o Mestre de obras em
todas suas obrigações, principalmente na fiscalização dos serviços executados pelas
empreiteiras.
5.2 Caracterização da Empresa
Em função de não ter sido obtida a autorização para a divulgação da razão social
da empresa construtora objeto da pesquisa de campo, neste trabalho a mesma será
identificada como Construtora A.
A CONSTRUTORA A é uma empresa construtora e incorporadora com
presença nacional, com sede em São Paulo, e filiais distribuídas em mais de 30 cidades
do país. Certificada pelo SiAC/PBQP-H e pela ISO 9001:2015, a CONSTRUTORA A
emprega cerca de 1500 funcionários diretos, além de milhares indiretos, pois terceiriza
grande parte dos serviços executados.
A empresa apresenta um setor de projetos que visa à elaboração, integração e à
compatibilização de todos os projetos disponíveis, solicitando alterações aos projetistas
antes do início da execução. Como de praxe, nas obras em andamento, os mesmos
orientam e auxiliam na realização e interpretação dos projetos seja do escritório ou
visitando as obras. Além disso, no início das obras, a CONSTRUTORA A oferece
treinamentos para os funcionários das denominadas empreiteiras (empresas
terceirizadas contratadas para a realização de atividades distintas como, por exemplo,
impermeabilização, vedação, serviços gerais e etc.) entenderem a filosofia, missão e
valores guardados pela organização – a continuidade das empreiteiras em diferentes
75
obras da empresa é algo interessante para preservação do treinamento, porém devido
aos custos, muitas vezes não é possível e as parcerias firmadas anteriormente podem
acabar.
Na sucursal do Rio de Janeiro, área de interesse para este trabalho, a atuação da
CONSTRUTORA A prioriza empreendimentos de médio/alto padrão, tanto em
edificações comerciais, como residenciais.
A obra visitada é um empreendimento residencial composto de duas torres de
sete andares, além de um espaço de área de lazer com piscina e ambientes de
convivência localizada no bairro de Jacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro.
A equipe encarregada do setor “Engenharia” da obra citada é composta por um
Gerente, quatro Engenheiros – sendo estes disponibilizados da seguinte forma: um em
cada torre, um no pavimento de uso comum e um na coordenação da obra – oito
Estagiários de Engenharia Civil, onde cada dupla está a dispor de um Engenheiro, um
Mestre de Obras e seus três encarregados. Completando o efetivo, fazem-se presentes
também empresas terceirizadas, as empreiteiras, que contam com a maior força de
trabalho no local.
5.3 Questionário
Com intuito de conhecer como e quais métodos são usados no controle da
qualidade durante a execução da obra, a fim de prevenir não conformidades e identificar
as melhorias advindas dessa prática, foi desenvolvido um questionário com as seguintes
perguntas a serem respondidas:
1) Quais os métodos utilizados no controle da qualidade dos materiais utilizados ?
2) Quais os métodos utilizados no controle da qualidade dos serviços executados?
3) Quais serviços são controlados?
76
4) Qual o comprometimento da mão de obra com a qualidade?
5) Os procedimentos são de fácil acesso e compreensão?
6) Existe resistência da mão de obra para seguir os procedimentos?
7) As ferramentas utilizadas na execução são adequadas?
8) Existem não conformidades recorrentes?
9) Como são tratadas as não conformidades?
10) Na sua opinião, como o controle da qualidade influência na produtividade?
11) Quais suas sugestões de melhorias no controle da qualidade?
5.4 Descrição das informações obtidas
5.4.1 Generalidades da obra
Durante as visitas à obra e entrevistas realizadas, foi possível ter uma visão
ampla do funcionamento do controle da qualidade, desde a gerência ao profissional que
executa o serviço. Os envolvidos apresentaram toda a obra, suas instalações e
permitiram o acompanhamento da execução de alguns serviços de instalações
hidráulicas e acabamento durante as visitações, respondendo assim as perguntas do
questionário apresentado no subitem anterior.
As etapas da obra foram divididas em preparação do terreno, fundações,
estrutura, alvenaria, fachada, instalações, acabamento e entrega. Dentre estas, somente
estavam em processo de conclusão as instalações, o acabamento e, por consequência, a
entrega – com 95% e 80% de andamento pra finalização, respectivamente – as demais
estavam 100% concluídas. Dentro das torres muitas das unidades já estavam trancadas,
prontas para receberem seus futuros inquilinos. No embasamento ainda estavam sendo
feitas impermeabilizações de espelho d’agua e nas áreas de uso comum, colocação de
piso cerâmicos.
77
5.4.2 Controle da qualidade na aquisição de materiais
De acordo com o resultado da entrevista, por ser uma empresa certificada existe
um rígido controle de qualidade na aquisição dos materiais. Portanto, toda aquisição de
material é documentada e feita a partir de empresas também certificadas, garantindo
assim a qualidade dos materiais utilizados assim como sua rastreabilidade.
Toda entrada de material é devidamente registrada. Quando uma carga de
material, seja areia, brita, cerâmica, mármore para soleira ou peitoril, é recebida, um
estagiário confere se tudo está de acordo com as especificações requisitadas e entrega ao
almoxarifado. Dessa forma, sempre se sabe exatamente a quantidade, tipo e
características dos materiais que estão em estoque.
5.4.3 Controle da qualidade da execução de serviços
Para o desenvolvimento do controle da qualidade dos serviços são elaborados
procedimentos executivos e de inspeção para cada tipo de serviço. Os procedimentos
apresentam a descrição do passo a passo das atividades executivas e de controle da
qualidade. A Construtora A desenvolveu um conjunto de procedimentos operacionais
que denominou de PES- Procedimento Executivo de Serviço.
Nos procedimentos executivos de serviço constam todas as diretrizes necessárias
para a execução de um determinado serviço. Esses procedimentos são encontrados tanto
digitalizados como impressos. Apesar das empresas terceirizadas não terem acesso ao
sistema da Construtora A, sempre que um novo serviço se inicia os estagiários entregam
os procedimentos para sejam seguidos por ocasião do desenvolvimento dos serviços.
Conforme identificado, há o entendimento de que os estagiários têm
praticamente todos os procedimentos operacionais memorizados devido à experiência e
diversos treinamentos realizados pela Construtora A. Porém destacam a importância de
se ter esses processos documentados e disponíveis para consulta.
78
Tem-se como exemplo na figura 12 o processo “execução de
impermeabilização” seguindo as instruções e com o prévio treinamento necessário para
execução do serviço espera-se como resultado um produto conforme.
79
Figura 12- PES Impermeabilização.
Fonte Construtora A
Conforme evidenciado nas entrevistas realizadas o procedimento descrito na
figura 12 deve ser seguido pelo profissional e deve ser acompanhado pelo estagiário que
por sua vez tem a obrigação de preencher as Fichas de Verificação de Serviço (FVS)
cuja a função é verificar a conformidade de execução do serviço segundo o descrito na
respectiva PES. Na figura 13 é apresentado o exemplo da FVS para o desenvolvimento
do controle da qualidade do serviço de descrito na figura 12.
80
Figura 13- FVS parte 1.
Fonte Construtora A.
Caso tenham não conformidades nos serviços, as mesmas devem ser descritas na
segunda parte da FVS como mostra a figura 14
Figura 14- FVS parte 2.
Fonte Construtora A.
Para a Construtora A o preenchimento da FVS é indispensável, porém os entrevistados
admitem que muitas vezes esse procedimento de verificação não é feito. Foi
81
esclarecido que se realiza uma inspeção visual e a ficha é preenchida posteriormente
pelos estagiários. Isso acontece devido as auditorias internas, feitas para assegurar que
100% dos serviços estão sendo controlados como determina o SiAC/PBQP-H.
Esse conjunto de ferramentas aliada ao PCDA se mostram adequados e
eficientes no controle da qualidade.
5.4.4 Registro e controle das não conformidades
O registro das não conformidades na FVS também é essencial para o controle
das mesmas para garantir que não se repitam ou se propaguem em outras áreas onde
está sendo realizado o mesmo serviço. Todo controle das não-conformidades é realizado
através de planilhas específicas, ou seja, para cada um dos critérios de avaliação dos
serviços levantados pelas FVS, combatendo a não-conformidade na raiz.
A gerência da obra analisa cada uma das não-conformidades registradas
formalizando um diagnóstico do porquê da ocorrência na própria planilha, bem como,
as ações adotadas. Esta sistemática de tratamento visa agilizar a correção do problema,
inclusive, para que as metas estipuladas sejam cumpridas.
Um dos entrevistados exemplificou uma ocorrência na obra: um dos serviços de
revestimento interno estava havendo um problema com o assentamento de azulejos,
essa falha foi registrada pelo estagiário. Analisando outra área da obra onde era
realizado o mesmo serviço, se identificou o mesmo problema. Após levantadas as
possíveis causas, percebeu-se que o lote de argamassa utilizado era o mesmo nos dois
locais e estava fora da validade, por isso o problema com o assentamento. A argamassa
foi substituída e o serviço executado novamente.
82
A identificação e o registro das não conformidades possibilita o rápido
tratamento e contribui para que a recorrência seja menor, evitando retrabalho e por
consequência elevando a produtividade.
5.4.5 Comprometimento da mão de obra com a qualidade
De acordo com os entrevistados, mesmo sendo uma construtora com anos no
mercado e ter desenvolvido parceiras com as empresas contratadas de serviço, ainda
existem alguns problemas com a falta de preparo da mão de obra e alguns dos
profissionais têm certa resistência a seguir os procedimentos estabelecidos, pois muitas
vezes passaram a vida fazendo de uma forma diferente e têm dificuldade de aceitar que
certo serviço executado não está conforme segundo os padrões da norma ou da
contratante.
Um dos entrevistados acompanha de perto a execução dos serviços e tem um
relacionamento mais próximo com a mão de obra contratada e afirma que existem casos
onde a substituição de um profissional é solicitada à empresa terceirizada responsável
pelo mesmo, a fim de não comprometer a execução do serviço e consequentemente a
qualidade do produto. Esses, porém, são exceções à regra. De modo geral, após os
treinamentos oferecidos, a força de trabalho compreende bem a filosofia e adota a forma
de atuação.
5.4.6 Influência do controle da qualidade na produtividade
De acordo com os entrevistados uma das principais características e melhorias
obtidas com o controle da qualidade é a padronização da execução de serviços. Esta
forma de trabalho beneficia até as soluções não conformidades. Apesar de no começo, a
recusa de muitos serviços devido à falta de preparo de algumas empreiteiras e seus
empregados ter influência negativa na produtividade. Com o desenvolver da obra, o
83
rígido controle da qualidade e a prática alinhada aos treinamentos, fazem com que fique
clara a evolução da produtividade e da qualidade do produto.
5.4.7 Demais avaliações e controles
Existe na empresa uma auditoria interna que fica responsável por assegurar que
as normas e procedimentos da empresa estão sendo obedecidos, os controles de
qualidade feitos corretamente. Um dos entrevistados informa que além da auditoria
documental, os funcionários também são avaliados e recebem uma nota por sua
performance. Caso um funcionário esteja abaixo do esperado ele é demitido. O aumento
salarial também é função da avalição. Segundo os entrevistados esse é um controle de
qualidade dos recursos humanos.
Existe também um setor de auditoria externa que, sem aviso prévio, visita as
obras para verificar se aquele local está de acordo com a política da empresa e realiza os
treinamentos e capacitações necessárias para manter o nível de excelência esperado.
5.5 Sugestões de melhorias para os métodos de controle da qualidade
Com base na literatura estudada e na pesquisa de campo realizada são
estabelecidas sugestões para melhorias na execução da obra, no que diz respeito aos
métodos de controle da qualidade e descrevendo as vantagens que o mesmo poderá
agregar a conformidade da obra de edificações.
5.5.1 Melhorias no controle da qualidade na aquisição
De acordo com Santos (2003), a construtora estudada possui boas práticas no
que diz respeito à aquisição, tanto de materiais quanto de serviços. Citam-se algumas:
a) Realização de compras só é feita com a autorização do Gerente a partir de
levantamento de estoque elaborados pelo estagiário;
84
b) Cotação de preço com um número mínimo de fornecedores;
c) Compras somente de fornecedores certificados;
d) Documentação de todas as solicitações de compras feitas pela obra, as
ordens de compras feitas pelo setor de compras do escritório e as notas
fiscais das mercadorias entregues.
Os entrevistados deram as seguintes sugestões de melhorias:
a) A previsão de materiais ou serviços a serem utilizados para as próximas
etapas de acordo com o planejamento da obra e gerando solicitações com
antecedência evitando compras e contratos com urgência.
b) Quando possível, realizar a compras de materiais somente de um fornecedor,
evitando pequenas diferenças devido a produção do material
De acordo com os entrevistados as vantagens obtidas com essas medidas serão tanto
financeiras quanto qualitativas, como a redução dos gastos na compra, maior controle
da administração e maior nível de organização interna.
5.5.2 Melhorias no controle da qualidade da execução de serviços
Tonetto (2016) lista boas práticas no controle de serviços, algumas podem ser
observadas na obra visitada, como:
a) Padronização dos procedimentos de execução
b) Divisão adequa do acompanhamento da execução das tarefas da obra entre a
equipe de engenharia, de forma que cada integrante tem total domínio sobre
sua função;
c) Faz conferência dos serviços executados, embora nem sempre como se deve;
d) Possui todos os projetos necessários revisados e disponíveis na obra com
acesso relativamente simples;
85
Em geral o controle da qualidade da execução de serviços funciona muito bem
na obra. Os entrevistados sugeriram como melhorias:
a) Maior rigor em relação as inspeções;
b) A intensificação do controle da qualidade, por exemplo, além dos estagiários os
encarregados da construtora que auxiliam o mestre também poderiam realizar o
preenchimento das FVS, logicamente com o devido treinamento.
Os entrevistados acreditam que essas melhorias aumentam o ganho de
produtividade de controle de qualidade, pois com um número maior de pessoas
realizando as vistorias, a amostra de cada serviço pode ser inspecionada de forma mais
minuciosa, reforçando a garantia da conformidade.
5.6 Melhorias gerais no controle de qualidade da obra
No capítulo anterior foram apresentadas formas simples de controle por meio de
checklists baseados em especificações técnicas e fichas de verificações. O problema
dessas ferramentas de controle é a falta de tempo real de controle. Assim que um
produto é dado como não conforme, o responsável pela identificação da não
conformidade tem que parar o serviço, consultar a especificação, projeto executivo,
registrar a não conformidade e esperar respostas e decisões da equipe do escritório sobre
como proceder. Todo esse processo leva tempo e atrasa um serviço, uma entrega e
somado a outros inconvenientes pode atrasar o cronograma da obra. Uma forma de
contornar esses problemas e ainda melhorar a forma de controle é investir em inovações
Investir em inovações na construção civil é uma preocupação crescente nas
obras do Brasil. Seja por meio da implementação de novas técnicas, seja por meio das
práticas sustentáveis, já não se pode ignorar que as novas tecnologias trazem inovação
para o segmento.
86
5.6.1 Verificação eletrônica de serviços
5.6.1.1 Características
Grandes construtoras já utilizam nos seus canteiros de obras Verificação
Eletrônica de Serviço (VES), em substituição ao checklist de papel, que consiste
em registros que ajudam a garantir o atendimento e padrões de qualidade, a VES é uma
ferramenta eletrônica utilizada para realizar as inspeções de todos os serviços
executados na obra (alvenaria, concretagem, esquadria, pintura etc.), além das inspeções
do setor de segurança do trabalho, como: inspeção de máquinas e equipamentos e
inspeções de itens normativos. Com esta nova ferramenta a obra reduz desperdícios,
protege o meio ambiente, uma vez que não são mais utilizados papéis e otimiza o
trabalho.
A VES se conecta a um software no computador para o gerenciamento da
ferramenta e o aplicativo no tablete ou smartphones para realizar as inspeções no
campo. Com a VES não é preciso arquivar todas as fichas de inspeções realizadas. A
equipe fica com todas as FVS e PES na mão e à medida que o serviço for executado é
realizada a inspeção. O acesso às informações do andamento da obra é liberado para
cada equipe responsável, aumentando a produtividade.
87
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6.1 Conclusões
Para elaboração do presente trabalho, efetuou-se um levantamento teórico acerca
dos conceitos controle da qualidade e sua aplicação em empresas de construção civil,
visando atendimento aos requisitos do SiAC/PBQP-H Desde os primeiros conceitos à
construção e utilização de ferramentas.
Também foram feitos levantamentos de ocorrências de não conformidades em
diferentes etapas da obra assim como a aplicação de questionários aos profissionais
envolvidos diretamente na execução da construção a fim de obter. As respostas
fornecidas pelos entrevistados e as observações durante as visitas à obra foram
essenciais para entender como a adoção de diferentes métodos de controle da qualidade
é vital para garantia da conformidade.
Métodos de controle da qualidade como documentação de procedimentos
executivos de serviços e fichas de verificações foram estudados e posteriormente
observado em funcionamento nas visitas à obra. A realização desse controle mostrou-se
muito efetiva na garantia da conformidade, principalmente nos serviços onde se verifica
completamente o que foi executado e não somente uma amostra. Infere-se a partir disto
que a intensificação no controle da qualidade tende à eliminação total das falhas.
Concluiu-se que são necessários investimentos significativos em novas
tecnologias, equipamentos, instalações e benefícios, para manter a melhoria contínua.
Isto é, devido bom rendimento dos métodos de controle de qualidade existentes, uma
forma de melhorá-los é aplicar soluções que os modernizem. Com isso em mente, foram
geradas orientações e apresentação de uma ferramenta, a Verificação Eletrônica de
Serviços, A simples utilização dessa tecnologia, permite as equipes no campo acessarem
sempre projetos atualizados e compatibilizados, além da possibilidade de gerar
88
relatórios gerenciais que poderão ser utilizados como radiografia do desenvolvimentos
das atividades, otimizando o controle e principalmente as ações corretivas, garantindo
assim a qualidade e a conformidade nas obras de edificações.
Portanto este trabalho além de contar com uma revisão bibliográfica sobre
possíveis problemas a serem enfrentados no desenvolvimento de uma edificação,
também colabora para uma melhor compreensão sobre controle qualidade e
conformidade, podendo auxiliar estudantes e empresas que procuram entender melhor a
relação entre esses conceitos, como eles se apresentam em obras de edificações.
6.2 Sugestões para trabalhos futuros
De acordo com o que foi estudado e proposto, pode ser considerado a realização
de um estudo sobre como a tecnologia da Verificação Eletrônica de Serviços pode
impactar obras de empresas certificadas e empresas não certificadas e as melhorias
advindas da adoção desses sistemas.
Outra sugestão é abordar não somente o controle da qualidade, mas o SGQ de
forma completa e avaliar sua contribuição na produtividade e qualidade nas empresas
prestadoras de serviço para grandes construtoras.
89
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