IE/UFRJ/PPED* · “C]omo resolver então a questão da habitação? Exatamente como se resolve...

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IE/UFRJ/PPED POLÍTICA HABITACIONAL NO BRASIL CONCEPÇÃO E EXECUÇÃO DE POLÍTICA PÚBLICA SOB A ÓTICA INSTITUCIONALISTA Nelson Chalfun Homsy Matrícula: 112098905 Projeto de Tese apresentado ao Programa de PósGraduação em PolíWcas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento do InsWtuto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do ctulo de Doutor em PolíWcas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento Professora Orientadora: Ana Célia Castro Professor CoOrientador: Fernando Carlos Greenhalgh de Cerqueira Lima Banca examinadora: Professora Maria Antonieta Leopoldi Professor Charles Pessanha Rio de Janeiro Abril de 2014

Transcript of IE/UFRJ/PPED* · “C]omo resolver então a questão da habitação? Exatamente como se resolve...

IE/UFRJ/PPED  POLÍTICA  HABITACIONAL  NO  BRASIL  

CONCEPÇÃO  E  EXECUÇÃO  DE  POLÍTICA  PÚBLICA  SOB  A  ÓTICA  INSTITUCIONALISTA  

Nelson  Chalfun  Homsy  Matrícula:  112098905  

 Projeto  de  Tese  apresentado  ao  Programa  de  Pós-­‐Graduação  em  PolíWcas  Públicas,  

Estratégias  e  Desenvolvimento  do    InsWtuto  de  Economia  da  Universidade  Federal  do  Rio  de  Janeiro,    como  parte  dos  requisitos  necessários  à  obtenção  do  ctulo  de  Doutor  em  

PolíWcas  Públicas,  Estratégias  e  Desenvolvimento    

Professora  Orientadora:      Ana  Célia  Castro  Professor  Co-­‐Orientador:  Fernando  Carlos  Greenhalgh  de  Cerqueira  Lima    Banca  examinadora:  Professora    Maria  Antonieta  Leopoldi  Professor  Charles  Pessanha  

   

Rio  de  Janeiro  Abril  de  2014  

“[C]omo resolver então a questão da habitação? Exatamente como se resolve qualquer outra questão social na sociedade [de hoje]: pelo equilíbrio econômico gradual entre procura e oferta, solução que reproduz constantemente a questão e que, portanto, não é solução.” Engels, F.(1873). Para a Questão da Habitação.

CONTEXTO  DA  TESE  Ø Medidas  de  ajuste  macroeconômico  implementadas  a  parWr  de  meados  dos  anos  1980  provocaram  alterações  insWtucionais  e  organizacionais  da  políWca  pública  da  habitação  no  país.    

Ø Os  efeitos  dessas  alterações  foram  senWdos  na  composição  da  estrutura  das  relações  da  burocracia  estatal  com  os  demais  stakeholders  e  no  reforço  da  pluralidade  dos  laços  insWtucionais.  

Ø No  plano  organizacional  o  modelo  descentralizado  adotado  após  a  exWnção  do  BNH  em  1986  consolida-­‐se  com  a  criação  do  Ministério  das  Cidades  e  do  Conselho  das  Cidades  em  2003.  

Ø No  plano  insWtucional  promove-­‐se  a  adequação  das  regras  de  roWnas  e  procedimentos  incorporados  à  políWca,  tais  como  a  observância  dos  princípios  de  accountability,  a  introdução  de  processos  decisórios  mais  democráWcos,  a  maior  interação  dos  esquemas  de  governança  com  os  processos  de  entrega  dos  serviços  (street  level)  e  a  representaWvidade  dos  agentes  interessados  no  fortalecimento  da  políWca,  conjugada  à  sua  efeWva  parWcipação  na  sua  concepção  e/ou  execução.  

PERGUNTA  DE  PESQUISA    A  pergunta  “clássica”      Ø A  pergunta  “clássica”  sobre  a  questão  habitacional  enfaWza  os  aspectos  financeiros  e  técnicos  para  o  atendimento  da  demanda  de  habitações,  em  especial  o  financiamento  da  produção  e  aquisição  dos  imóveis,  segundo  diferentes  perfis  de  renda,  além  das  ações  voltadas  para  o  barateamento  dos  custos  de  construção  e  de  infraestrutura.    

Ø Neste  trabalho  considera-­‐se  que  a  pergunta  é  equivocada  e  que  as  respostas  historicamente  dadas  resultam  consequentemente  em  estratégias  de  ação  igualmente  equivocadas.      

Ø Esta  visão  “clássica”  não  procura  esclarecer  importantes  aspectos  associados  à  uma  políWca  executada  de  forma  descentralizada,  com  agentes  públicos  e  privados  agindo  de  acordo  com  uma  lógica  de  adequabilidade  derivada  de  regras  e  normas  específicas  culturalmente  definidas.  

Ø POR  ESTAS  RAZÕES........  

PERGUNTA  DE  PESQUISA  (cont.)    A  pergunta  desta  pesquisa  É    Como as organizações participantes da política habitacional vêm atuando no sentido de promover mudanças de cunho institucional nessa política?    A  abordagem  adotada  na  presente  pesquisa  pressupõe  que  o  enfrentamento  do  problema  habitacional  no  Brasil  é  afetado  pela  qualidade  do  aparato  insWtucional  e  que  as  organizações  responsáveis  pela  formulação  e  implementação  da  políWca,  em  função  das  experiências  observadas  a  parWr  dos  anos  1980,  vêm  adotando  mecanismos  de  governança  voltados  para  a  coordenação,  controle  e  indução  dos  agentes  à  cooperação.      A  fim  de  verificar-­‐se  a  validade  da  adoção  de  tais  mecanismos  de  governança,  a  pergunta  que  se  impõe  nesta  pesquisa  é:      

HIPÓTESES        I/III    Hipóteses  como  supostas  respostas  à  pergunta  posta  pelo  problema  sob  invesWgação    Hipótese  1:      No  plano  insWtucional  ocorre  alteração  na  composição  da  estrutura  das  relações  da  burocracia  estatal  com  os  demais  stakeholders  e  na  forma  de  organização  da  políWca  pública  da  habitação,  com  o  reforço  da  pluralidade  dos  laços  insWtucionais.      Hipótese  2:    No  plano  organizacional  o  modelo  descentralizado  (“MCidades”)  é  mais  eficaz  do  que  o  modelo  centralizado  (“BNH”),  pois  oferece  melhores  condições  de  adequação  das  regras  de  roWnas  e  procedimentos  a  serem  incorporados  à    políWca.  (observância  dos  princípios  de  accountability)  Gil  (2008:27)  coloca  que  “as  pesquisas  exploratórias  têm  como  principal  finalidade  desenvolver,  esclarecer  e  modificar  conceitos  e  ideias,  tendo  em  vista  a  formulação  de  problemas  mais  precisos  ou  hipóteses  pesquisáveis  para  estudos  posteriores”.  

HIPÓTESES  (cont.)  II/III    A  tese  testará  as  hipóteses  buscando  responder  às  seguintes  perguntas  principais:      a.  de  que  maneira  as  relações  estruturais  (definidas  por  regras  escritas  e  não  escritas)  que  prevalecem  no  contexto  do  desenvolvimento  da  economia  políWca  brasileira  –  as  insWtuições  -­‐  afetam  a  execução  da  políWca  pública  da  habitação,  setorialmente  definida  de  forma  centralizada,  e  executada  de  forma  descentralizada?      b.  tendo  em  vista  estas  relações  estruturais  prevalecentes  –  as  insWtuições  –  qual(is)  o(s)  arranjos  insWtucionais  –  governanças  conjunturais  representadas  pelos  modelos  organizacionais  “BNH”  e  “MCidades”–  que  apresenta(m)  condições  mais  vantajosas  para  a  concepção  e  execução  de  uma  políWca  pública,  que  leve  em  conta  as  organizações  –  agentes,  stakeholders  -­‐  que  dela  parWcipam?  

HIPÓTESES  (cont.)  III/III  

A  metodologia  de  análise  está  baseada  em  um  quadro  de  pesquisa  teórico-­‐explicaWva,  bibliográfica,  documental  e  de  campo  (Gil,  2008),  que  irá  buscar  conhecer  as  relações  insWtucionais  que  prevalecem  no  contexto  da  formulação  e  execução  da  políWca  de  habitação  considerando  o  “modelo  BNH”  e  o  “modelo  Ministério  das  Cidades”.    

No  processo  de  construção  das  hipóteses  surgem,  como  seus  desdobramentos,  propostas    mais  detalhadas  e  práWcas  de  verificação,  tais  como:    

Ø fortalecimento  dos  mecanismos  de  coordenação,  de  integração  e  controle  governamental  capazes  de  melhorar  a  qualidade  da  políWca  pública  setorialmente  definida  de  forma  centralizada  e  implementada  de  forma  descentralizada;  

Ø formas  de  governança  que  sinalizem  a  busca  da  redução  de  custos  de  transação,  desencadeando  um  processo  de  mudança  organizacional.  Tal  argumento  vai  ao  encontro  da  jusWficaWva  de  estruturação  do  Ministério  das  Cidades  baseada  na  perspecWva  de  transversalidade  e  da  descentralização  das  suas  ações;  e  

Ø abertura  à  maior  parWcipação  de  um  conjunto  variado  de  novos  atores  na  definição  da  políWca  (incenWvos)  cria  a  necessidade  de  novos  mecanismos  de  controle,  de  coordenação  e  de  governança,  o  que  requer  a  formulação  de  novas  regras  (constrangimentos)  a  fim  de  calibrar  o  nível  de  parWcipação  capaz  de  produzir  melhores  resultados  do  que  na  conformação  anterior.  

RELEVÂNCIA  DO  PROJETO  (JusWficaWva)  I/IV  

 

Ø A  políWca  habitacional  no  contexto  das  demais  políWcas  públicas  apresenta  ênfase  diferenciada  entre  os  países.  

Ø Nos  países  ricos  as  soluções  se  apoiam  com  frequência  nos  instrumentos  do  mecanismo  de  mercado,  cabendo  ao  Estado  um  papel  secundário.  

Ø Nos  países  pobres  o  tema  se  reveste  de  extrema  relevância  econômica  e  social  e  apresenta  historicamente  a  intervenção  do  Estado,  incluindo  o  dever  da  sua  parWcipação  na  ConsWtuição  do  país.  

Ø No  caso  brasileiro,  por  exemplo,  o  texto  consWtucional  reconhece  explicitamente  o  dever  do  Estado  ao  estabelecer  na  ConsWtuição  de  1988,  que  “é  competência  comum  da  União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios  promover  programas  de  construção  de  moradias  e  melhoria  das  condições  habitacionais  e  de  saneamento  básico”  (arWgo  23,  inciso  IX).  

 

RELEVÂNCIA  DO  PROJETO  (JusSficaSva)  (cont.)  II/IV  

 

Ø O  Ministério  das  Cidades  representa  a  adoção  pelo  governo  de  um  modelo  de  políWca  habitacional  composto  por  estruturas  insWtucionais  criadas  pelo  BNH  e  pelas  inovações  insWtucionais  introduzidas  pela  Secretaria  de  Habitação  deste  Ministério  a  parWr  da  sua  insWtuição,  em  2003.  

Ø A  possibilidade  de  conflito  entre  os  membros  de  duas  organizações  com  relação  de  dependência  mútua  -­‐  a  organização  sucessora  (Caixa  Econômica  Federal)  e  a  antecessora  (BNH)    -­‐  cria  espaço  para  a  aplicação  dos  conceitos  associados  aos  aspectos  isomórficos  presentes  nessa  relação.  

Ø A  reação  dos  funcionários  da  Caixa  em  absorver  as  funções  referentes  aos  programas  habitacionais  e  de  saneamento  e  o  comportamento  reaWvo  dos  funcionários  do  BNH,  detentores  do  conhecimento  técnico  referente  às  duas  áreas  da  políWca  urbana    tornaram  o  processo  de  manutenção  da  políWca  insolúvel  no  período  imediatamente  posterior  à  exWnção  do  BNH.  Entretanto,  a  necessidade  da  ocorrência  do  fenômeno  do  isomorfismo  de  caráter  normaWvo  era  patente  de  se  manifestar  a  fim  de  que  a  políWca  Wvesse  conWnuidade.  

 

RELEVÂNCIA  DO  PROJETO  (JusSficaSva)  (cont.)  III/IV  

1.   Diversidade  dos  problemas  habitacionais  no  Brasil  

Ø  especificidades  das  condições  fundiárias  e  de  infraestrutura  intraurbana  e  intermetropolitana  em  todas  as  regiões  

Ø  necessidade  da  especialização  no  enfrentamento  dos  problemas  por  parte  das  agências  governamentais  responsáveis  pela  análise  dos  projetos  a  serem  objeto  de  financiamento,  face  à  centralização  na  formulação  dos  programas  no  âmbito  do  governo  federal  produz  soluções  distantes  do  “street  level”  onde  efeWvamente  ocorre  a  entrega  do  serviço  ao  usuário  final.  

   

2.  Execução  descentralizada  da  políSca  habitacional  no  Brasil  

Ø  implementação  de  ações  uWlizando-­‐se  modelos  que  levem  em  conta  as  especificidades  das  necessidades  localizadas  e  as  capacidades  dos  agentes,  a  fim  de  que  se  obtenham  resultados  saWsfatórios  

Ø  problemas  de  coordenação  que  afetam  a  implementação  descentralizada  das  políWcas    

Ø  insuficiência  de  mecanismos  de  integração  e  controle  capazes  de  melhorar  a  qualidade  da  políWca  pública  

RELEVÂNCIA  DO  PROJETO  (JusSficaSva)  (cont.)  IV/IV  

 

3.  Necessidade  de  Estrutura  de  Governança  Adequada  

 

Ø problemas  decorrentes  de  disparidades  renda,  no  tamanho  das  populações  e  outras  necessidades    específicas  entre  as  cidades  brasileiras  passa  a  se  dar  através  de  uma  abordagem  sistêmica,  transversal  e    

Ø estruturação  das  ações  por  meio  da  formulação,  acompanhamento,  controle,  coordenação  e  planejamento  da  políWca  habitacional  sob  a  responsabilidade  do  Ministério  das  Cidades,  através  da  Secretaria  Nacional  de  Habitação,  da  Secretaria  Nacional  de  Programas  Urbanos,  da  Secretaria  Nacional  de  Saneamento  Ambiental  e  da  Secretaria  Nacional  de  Transporte  e  da  Mobilidade  Urbana.    

OBJETIVO  DA  TESE  

 

Demonstrar,  com  base  na  mudança  da  arquitetura  organizacional  do  modelo  “BNH”  

para  o  modelo  “Ministério  das  Cidades”,  que  se  alteram  as  relações  da  burocracia  

estatal  com  os  demais  stakeholders  e  a  forma  de  organização  da  políWca  pública  da  

habitação.  

 

 

OBJETO  DE  ANÁLISE  DA  TESE  

 

Contraposição  de  duas  organizações  e  seus  respecWvos  modelos  de  governança  

organizacional  (o  BNH,  centralizado,  e  o  Ministério  das  Cidades,  descentralizado),  

situando-­‐os  no  contexto  insWtucional  vigente  em  cada  um  dos  dois  momentos  do  

desenvolvimento  da  economia  políWca  brasileira  (o  primeiro  com  ênfase  no  papel  do  

Estado  vis  à  vis  o  modelo  de  cooperação  entre  o  Estado  e  o  mercado)  

 

METODOLOGIA    I/IV  

 

Ø A  abordagem  empregada  nesta  tese  põe  em  relevo  a  consideração  da  políWca  habitacional    no  contexto  das  relações  entre  o  Estado,  o  mercado  e  o  conjunto  das  políWcas  públicas,  a  parWr  da  visão  insWtucionalista.  

Ø Dado  o  caráter  interdisciplinar  da  temáWca  habitacional,  a  literatura  sobre  habitação  e  políWca  habitacional  no  Brasil  é  produto  da  contribuição  de  estudiosos  oriundos  de  vários  campos  do  conhecimento  e  de  profissões  tais  como  engenharia,  arquitetura,  urbanismo,  planejamento  urbano,  direito,  economia,  sociologia,  ciência  políWca,  para  citar  os  mais  evidentes.  

Ø Entretanto,  para  a  compreensão  abrangente  da  políWca  habitacional  no  Brasil,  esta  tese  procura  evitar  os  seguintes  recortes  setoriais  e  parciais  tradicionalmente  empregados:    

a.  déficit  quanWtaWvo  e  qualitaWvo;  hiato  entre  oferta  e  procura,  necessidade  de  aportes  orçamentários  para  a  supressão  do  hiato,  dentre  outros  tratamentos    similares  conferidos  ao  tema,  que,  via  de  regra,  adotam  uma  postura  racional  para  o  seu  diagnósWco  e  consequente  enfrentamento.    

b.  jusWficaWvas  de  caráter  políWco  tais  como  “falta  de  vontade  políWca”,  desconWnuidade  das  administrações  dos  governos  federal,  estadual  e  municipal,  prioridade  da  políWca  habitacional  vis  à  vis  as  demais  políWcas  públicas,  etc.    

 

METODOLOGIA  (cont.)  II/IV  

 

Ø A  abordagem  de  cunho  insWtucionalista  permite  conciliar  as  óWcas  analíWcas  diversas,  acima  apontadas.    

Ø Ao  construir  pontes  ligando  de  maneira  harmônica  os  atributos  relevantes  dos  fenômenos  estudados,  a  análise  insWtucionalista  incorpora  óWcas  complementares  buscando  tornar  explícito  que  os  atributos  inerentes  às  políWcas  não  são  heterogêneos.  

Ø O  objeWvo  da  tese  será  perseguido  focalizando  a  políWca  habitacional  no  âmbito  das  relações  entre  o  Estado  e  o  mercado  no  contexto  dos    subsistemas  específicos  da  políWca  pública  da  habitação,  compreendendo  financiadores,  construtores,  produtores  de  materiais  de  construção,  incorporadores,  .agentes  públicos,  invesWdores  nacionais  e  internacionais,  dentre  outros  que  compõem  a  políWca  pública  da  habitação.    

 

 

METODOLOGIA  (cont.)  III/IV  

 As  correntes  sobre  as  quais  esta  pesquisa  se  apoia  são  (Hall  e  Taylor,    2003;    Schmidt,    2011)  :  a  corrente  do  InsStucionalismo  Histórico  e  a  corrente  da  Escola  Sociológica:      Ø a  corrente  do  InsWtucionalismo  Histórico  

§ enfaWza  a  organização  insWtucional  da  economia  políWca  como  estruturadora  do  comportamento  coleWvo.  O  Estado  não  é  agente  neutro,  mas  estrutura  os  conflitos  entre  os  grupos.  

§ concentra-­‐se  na  história  das  insWtuições  e  suas  partes  consWtuWvas,  as  quais  possuem  origem  nos  (nem  sempre  esperados)  resultados  de  suas  escolhas  e  nas  condições  históricas  iniciais  exclusivas,  que  se  desenvolvem  ao  longo  do  tempo  de  acordo  com  uma  “lógica  de  trajetória  dependente”.  

§ está  baseada  nos  conceitos  de  “legados  das  políWcas”  e  “trajetória  dependente”  nos  padrões  de  conWnuidade  das  políWcas  públicas.  Nesse  quadro  de  análise  a  introdução  de  novas  políWcas  cria  novos  grupos  de  defensores  (consWtuencies),  cuja  própria  existência  altera  o  quadro  políWco  estabelecido,  e  o  processo  se  repete.  

 

 

METODOLOGIA  (cont.)    IV/IV  

 

a  corrente  da  Escola  Sociológica  

 

Ø vê  as  insWtuições  como  socialmente  consWtuídas  e  culturalmente  delimitadas  

Ø toma  os  agentes  políWcos  agindo  de  acordo  com  uma  lógica  de  adequabilidade  derivada  de  regras  e  normas  específicas  culturalmente  definidas.  

 

 

 

REVISÃO  DA  LITERATURA  SOBRE  HABITAÇÃO  NO  BRASIL          I/III  

 

De  acordo  com  a  literatura  analisada,  a  miWgação  pontual  dos  problemas  –  enfoques  parciais  -­‐  tem  sido  a  regra  historicamente  observada,  ao  passo  que  as  transformações  nas  políWcas  demandam  abordagens  de  caráter  sistêmico  a  fim  de  que  a  miWgação  ocorra  de  forma  cumulaWva  e  sustentada  no  médio  e  longo  prazos.    

Ribeiro  e  Azevedo  (1996)  analisam  ctulos  e  respecWvos  autores  dedicados  ao  estudo  da  temáWca,  publicados  a  parWr  do  início  dos  anos  1970  e    apontam  para  a  concentração  das  análises  em  cinco  eixos  temáWcos  principais:  1.  aspectos  macroeconômicos  associados  ao  emprego  urbano  (Carlos  Ernesto  Ferreira,  1976  e  Dorothéa  Werneck,  1978);  

2.  apectos  técnico-­‐materiais  da  construção,  segundo  as  abordagens  industrial  (Paulo  Bruna,  1972)  e  de  processo  de  trabalho  –  canteiro  de  obras  (Sérgio  Ferro,  1976);    

3.  trabalhos  sobre  a  construção  popular  e  o  padrão  periférico  de  crescimento  urbano  (Ermínia  Maricato,  1979  e  Raquel  Rolnik  e  Nabil  Bonduki,  1979);  com  ênfase  nos  movimentos  sociais  na  luta  por  melhores  condições  de  moradia.  4.  estudos  sobre  a  políWca  habitacional  (Berenice  Guimarães,  1974;  Sérgio  Azevedo,  1975),  Luis  Aureliano  Andrade,  1976;  Gariel  Bolaffi,  1977  )  enfaWzando  os  sucessos  e  insucessos  das  ações  do  governo;  e  5.  análise  da  produção  capitalista  da  moradia,  ressaltando  as  peculiaridades  do  capital  de  incorporação  (Luis  Cesar  Queiroz.  Ribeiro,  1974  e  1982  e  Azevedo,  1982)  e  da  relação  entre  preço  da  terra  e  uso  do  solo  (Cunha  e  Smolka,  1980).  

 

REVISÃO  DA  LITERATURA  SOBRE  HABITAÇÃO  NO  BRASIL        II/III  

 

 

Outros  estudos  pesquisados  que  aplicam  enfoques  parciais.  

Ø Oliveira,  (1976);  Acumulação  Capitalista,  Estado  e  Urbanização:  A  Nova  Qualidade  do  Conflito  de  Classes;    

Ø Penin  e  Ferreira  (2007),  Can  It  Happen  To  Us?  O  Crédito  Imobiliário  No  Brasil  e  as  Possibilidades  de  RepeWrmos  e  Crise  Norte-­‐Americana;    

Ø Santos  (1999).  PolíWcas  Federais  de  Habitação  e  o  Brasil:  1964/1998;    

Ø Saule  Jr  (2004).  A  Proteção  Jurídica  e  a  Moradia  nos  Assentamentos  Irregulares;    

Ø Simonsen  (1990).  Instabilidade  Macroeconômica  e  Financiamento  Habitacional,  e    

Ø Singer  (1974).  Desenvolvimento  Econômico  e  Evolução  Urbana  

REVISÃO  DA  LITERATURA  SOBRE  HABITAÇÃO  NO  BRASIL      III/III  

Abordagens  de  Cunho  InsWtucionalista  

Dentre  os  estudos  incluídos  no  conjunto  de  ctulos  versando  sobre  a  questão  da  habitação  sob  o  enfoque  insWtucionalista  figuram:  

Ø Aragão,  José  Maria  (1999).  Sistema  Financeiro  da  Habitação:  uma  Análise  Sócio-­‐Jurídica  da  Gênese,  Desenvolvimento  e  Crise  do  Sistema.  CuriWba:  Juruá;  

Ø Arretche,  Marta  (1990).  Intervenção  do  Estado  e  setor  Privado:  o  modelo  brasileiro  de  políWca  habitacional.  Espaço  e  Debates,  ano  X,  n  31.,  pp.  21-­‐36,  1990.  Ø Arretche,  Marta  (1996).  DesarWculação  do  BNH  e  autonomização  da  políWca  habitacional.  In:  Affonso,  Rui  de  Bri�o  A.;  Silva,  Pedro  Luiz  B.  (Orgs.).  FUNDAP,  1996.  Ø Arretche,  Marta  (1996).  Descentralização  e  PolíWcas  Sociais.  São  Paulo:  FUNDAP,  1996.;  Intervenção  do  Estado  e  setor  privado:  o  modelo  brasileiro  de  políWca  habitacional.Espaço  e  Debates,  São  Paulo,  v.  10  ,  nº.  31,  p.21-­‐36,  1990.;    Ø Arretche,  Marta  (2007).  A  Agenda  InsWtucional  in  Marques,  E.C.L.  et  al.    Dossiê:  Métodos  e  Explicações  da  PolíWca  –  Para  onde  nos  levam  os  caminhos  recentes?  .  

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Ø Harvey,  David  (1980).  A  jusWça  social  e  a  cidade.  São  Paulo:  Hucitec,  

Ø WORLD  BANK  (2000).  Building  InsWtuWons  for  Markets.  Nova  York:  Oxford  University  Press,  2002.  

InstituiçõesPolítica  Monetária,  Política  Fiscal  Políticas  UrbanasPolítica  Habitacional..............

OrganizaçõesAgentes  imobiliários  privadosAgentes  Financeiros  PrivadosAgentes  Financeiros  Públicos............

Análise  do  Ambiente  da  Política  Habitacional  Arranjos  Institucionais  (formais  e  informais)                                Modelo  BNH  x  Modelo  MCidades

COMO A TEORIA INFORMA À TESE Modelo Teórico da Relação Instituições e Organizações e interação dos stakeholders

RELAÇÕES  ENTRE  ESTADO,  MERCADO  E  AS  POLÍTICAS  PÚBLICAS

As  diversas  formas  de  capitalismo  variam  desde  a  pura  e  simples  orientação  do  mercado,  passando  pelas  formas  solidárias,  pela  intervenção  do  Estado,  podendo  assumir  formas  híbridas  baseadas  na    negociação  entre  a  sociedade  civil  e  o  Estado,  sempre  levando-­‐se  em  conta  a  personificação  política  dos  agentes  públicos  e  privados.

HABITAÇÃO  COMO  UMA  POLÍTICA  PÚBLICAFORMAS  DE  ORGANIZAÇÃO  E  O  HISTÓRICO  DA  POLÍTICA  DE  

HABITAÇÃO  NO  BRASIL

Verificação  da  inserção  da  política  de  habitação  na  categoria  das  políticas  públicas  sem  que  seja  previamente  definido  o  seu  público-­‐alvo.  Este  público  pode  ser  qualquer  conjunto  de  demandantes  ou  ofertantes  de  habitação  (insumos  e  serviços  direta  e  indiretamente  relacionados  ao  mercado  habitacional).  

Dependendo  do  ambiente  econômico  e  institucional,  a  estrutura  de  governança  tenderá  a  apresentar  diferentes  graus  de  centralização/descentralização,  apresentando  variadas  estruturas  de  regulação  e  de  hierarquia.

RELAÇÕES  ENTRE  O  ESTADO  E  O  MERCADO  NA  PRODUÇÃO  HABITACIONAL

Numa  perspectiva  institucionalista  histórica  e  sociológica,  as  lições  de  sucesso  e  fracasso  impostas  pelas  experiências  passadas  devem  ser    recontadas  à  luz  do  ambiente  atual,  o  qual,  embora  complexo  e  intrincado,  é  passível  de  adaptação  e  de  mudança.

MODELO  DE  CAUSALIDADE  FUNCIONAL  PARA  A  ORGANIZAÇÃO  DA  TESE

COMO A TESE INFORMA À TEORIA

OBRIGADO