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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO UFMT CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS CUR INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ICHS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO Trabalho de Curso IGOR FELIPE DO CARMO ANÁLISE DE VIABILIDADE FINANCEIRA DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA DE MOTORES WEG EM RONDONÓPOLIS-MT. RONDONÓPOLIS MT 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS – CUR

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

Trabalho de Curso

IGOR FELIPE DO CARMO

ANÁLISE DE VIABILIDADE FINANCEIRA DA ENERGIA SOLAR

FOTOVOLTAICA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE ASSISTÊNCIA

TÉCNICA DE MOTORES WEG EM RONDONÓPOLIS-MT.

RONDONÓPOLIS – MT

2019

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IGOR FELIPE DO CARMO

ANÁLISE DE VIABILIDADE FINANCEIRA DA ENERGIA SOLAR

FOTOVOLTAICA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE ASSISTÊNCIA

TÉCNICA DE MOTORES WEG EM RONDONÓPOLIS-MT.

Monografia apresentada como parte dos

requisitos para obtenção do título de

Bacharel Administração, Curso de

Administração, Instituto de Ciências

Humanas e Sociais – ICHS, Campus

Universitário de Rondonópolis – CUR,

Universidade Federal de Mato Grosso –

UFMT.

Orientadora: Prof. Ma. Roseli Aparecida dos

Reis

RONDONÓPOLIS – MT

2019

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TERMO DE APROVAÇÃO

IGOR FELIPE DO CARMO

ANÁLISE DE VIABILIDADE FINANCEIRA DA ENERGIA SOLAR

FOTOVOLTAICA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE ASSISTÊNCIA

TÉCNICA DE MOTORES WEG EM RONDONÓPOLIS-MT.

Monografia apresentada à disciplina

Trabalho de Curso – TC, como parte dos

requisitos para obtenção do título de

Bacharel Administração, Curso de

Administração, Instituto de Ciências

Humanas e Sociais – ICHS, Campus

Universitário de Rondonópolis – CUR,

Universidade Federal de Mato Grosso –

UFMT, aprovada em 23/08/2019, com nota

9.5 (9.5), pela Banca Examinadora:

Orientadora: Prof. Ma. Roseli Aparecida dos Reis

Curso de Administração, ICHS/CUR/UFMT

Presidente

Prof. Dr. Heitor Lopes Ferreira

Curso de Administração, ICHS/CUR/UFMT

Membro

Prof. Dr. Paulo Henrique Martins Desidério

Curso de Administração, ICHS/CUR/UFMT

Membro

RONDONÓPOLIS – MT

2019

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Ás incansáveis orações de meus familiares,

amigos e do meu amor.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus queridos professores por me proporcionarem о conhecimento, senso crítico e

disciplina. Especialmente minha orientadora Prof. Ma. Roseli Reis, ou como prefere ser

chamada, minha amiga Rose, pela manifestação do caráter, da ética е afetividade da educação

no processo de formação profissional, por tanto que se dedicou а mim, não somente por ter

me ensinado, mas por ter me feito aprender.

Quero demonstrar minha gratidão a empresa Gold Máquinas, na pessoa do Flávio Nogueira

pela oportunidade e incentivo. E a meu colega de trabalho Pablo Labendzs pela companhia e

amizade.

Agradeço a todos os meus familiares, principalmente a minha amada mãe Soelene, heroína

que me apoio sempre, meu admirável pai Jean, por me ensinar através dos exemplos, força de

vontade e honra, a minha avó irmã Luzia, por me colocar sempre em suas orações

Agradeço também a minha paixão, Jéssica Amaral, pelo carinho e amor.

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“Ama todos os seus irmãos, eh!

Como o sol a nos iluminar

Sem nada pedir em troca

Nem ao menos um olhar”

(Banda Ponto de Equilíbrio)

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RESUMO

O estudo objetivou analisar a viabilidade econômico-financeira da energia solar fotovoltaica

como alternativa para redução de custos e de diversificação energética em uma empresa de

assistência técnica de motores elétricos WEG e identificar suas vantagens e desvantagens

ambientais e socioeconômicas, comparadas a energia hidráulica. Para isso, realizou-se pesquisa

documental, bibliográfica, por meio de estudo de caso na própria empresa, localizada na cidade

de Rondonópolis no estado do Mato Grosso. Para a análise da viabilidade econômico-financeira

da energia solar fotovoltaica foram analisados o Payback descontado, o Valor Presente Líquido

e a Taxa Interna de Retorno. Os resultados revelaram que o projeto da implantação de energia

solar fotovoltaica como alternativa para redução de custos e de diversificação energética é

viável para o período analisado, considerando os dados projetados.

Palavras-chave: Viabilidade econômico-financeira. Energia solar fotovoltaica. Assistência

técnica de motores elétricos WEG.

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ABSTRACT

The study aimed to analyze the economic and financial viability of photovoltaic solar energy

as an alternative for cost reduction and energy diversification in a WEG electric motor service

company and to identify its environmental and socioeconomic advantages and disadvantages

compared to hydropower. For this, a documentary and bibliographic research was carried out

through a case study in the company, located in the city of Rondonópolis in the state of Mato

Grosso. To analyze the economic and financial viability of photovoltaic solar energy, the

discounted Payback, the Net Present Value and the Internal Rate of Return were analyzed. The

results revealed that the project of the implantation of photovoltaic solar energy as an alternative

for cost reduction and energy diversification is feasible for the analyzed period, considering the

projected data.

Key-words: Economic and financial viability. Photovoltaic solar energy. Technical assistance

for WEG electric motors.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Localização geográfica da empresa (16°26'47.3"S 54°39'17.2"W) .................. 5

QUADRO 1 - A dinâmica das decisões financeiras ................................................................ 7

QUADRO 2 - Estruturas de mercado ...................................................................................... 9

QUADRO 2.1 - Estruturas de mercado e negociações empresariais ...................................... 9

FIGURA 2 – Estrutura do Sistema Financeiro Nacional ........................................................ 11

FIGURA 3 – Processo de intermediação financeira direta...................................................... 12

FIGURA 4 – Projeto de investimento ..................................................................................... 14

TABELA 1– Payback descontado ........................................................................................... 19

FIGURA 5 – Critérios de decisão com VPL ........................................................................... 22

FIGURA 6 – Primeira patente de célula solar de silício ......................................................... 26

TABELA 2 – Oferta interna de energia elétrica (OIE) ........................................................... 28

TABELA 3 – Oferta interna de energia elétrica no Brasil e no mundo .................................. 29

FIGURA 7 – Funcionamento da energia solar fotovoltaica on-grid ....................................... 32

QUADRO 4 – Resumo comparativo entre energia solar e hidráulica. .................................... 34

GRÁFICO 1 – Comparação entre plano horizontal e inclinado 17º em Rondonópolis .......... 39

GRÁFICO 2 – Consumo de energia (kwh/mês) elétrica dos últimos 12 meses...................... 40

QUADRO 5 – Dados técnicos do Kit fotovoltaico proposto .................................................. 41

GRÁFICO 3 – Consumo e geração do sistema proposto (kWh/mês) ..................................... 42

TABELA 4 – Investimento do projeto .................................................................................... 43

TABELA 5 – Fluxo de caixa projetado ................................................................................... 44

TABELA 6 – Dados para cálculo do CAPM .......................................................................... 45

TABELA 7 – Dados para cálculo do CMPC ........................................................................... 45

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3

1.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ............................................................................ 5

1.1.1 Visão ............................................................................................................................... 6

1.1.2 Missão ............................................................................................................................. 6

1.1.3 Valores ............................................................................................................................ 6

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 7

2.1 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ................................................................................ 7

2.1.1 Estrutura de Mercado...................................................................................................... 9

2.1.2 Mercado Financeiro Brasileiro ....................................................................................... 10

2.2 AVALIAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DE INVESTIMENTOS ......................... 13

2.2.1 Custo de Capital ............................................................................................................. 15

2.2.2 Modelo de Precificação de Ativos (CAPM) ................................................................... 15

2.2.3 Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) ................................................................ 17

2.3 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA ...................................... 18

2.3.1 Payback Descontado....................................................................................................... 19

2.3.2 Valor Presente Líquido (VPL) ........................................................................................ 21

2.3.3 Taxa Interna de Retorno (TIR) ....................................................................................... 22

2.4 ENERGIA SOLAR: ASPECTOS HISTÓRICOS ............................................................. 24

2.5 ENERGIA SOLAR: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS .............................................. 28

2.6 ENERGIA SOLAR: ASPECTOS AMBIENTAIS ............................................................ 31

3 METODOLOGIA ............................................................................................................... 36

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................................................... 38

4.1 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO ........................................... 38

4.1.1 O Sistema Proposto ........................................................................................................ 41

4.2 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DA PROJETO ............. 45

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 48

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1 INTRODUÇÃO

Todas as empresas dispõem de grandes possibilidades de investimentos em várias áreas de

aplicação, mas nem todas as opções de alocação de recursos são viáveis. As tecnologias de

exploração de energias renováveis despertam cada vez mais o interesse do mundo corporativo,

devido às vantagens ecológicas e sociais que oferecem, mas principalmente pelas possibilidades

de maior rentabilidade, independência energética das organizações e a criação de alternativas

para o desenvolvimento sustentável (DUTRA et al, 2013).

Visto que inúmeros projetos promissores parecem a princípio ser rentáveis, contudo

após aplicado técnicas de análise de investimento podem ser inviáveis, por não remunerarem o

custo do capital investido diante da atual economia mundial. Pode-se dizer que os investidores

até querem ajudar o planeta, desde que sejam remunerados. Tal fato, demanda precauções nas

interpretações de modelos financeiros, que gradativamente exigem uma visão mais crítica,

estratégica e pragmática, em relação ao futuro dos negócios (LEMES JÚNIOR et al, 2016).

O desafio de captar recursos para energias renováveis é o equilíbrio social, ambiental e

financeiro, porque, “[...]nas sociedades modernas atuais o consumo é muito alto, passam a ser

relevantes os problemas de ordem ambiental, social, econômica e geopolítica envolvidos em

todas estas etapas” (BUCUSSI, 2007, p. 17). O estudo da viabilidade financeira de

diversificação das fontes de energia nas empresas se mostra altamente relevante, à medida que

o avanço da energia solar fotovoltaica já é uma tendência mundial e o Brasil possui potencial

capaz de superar os países líderes na geração, uma vez que, notam-se percentuais de

crescimento impressionantes. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar

Fotovoltaica (ABSOLAR, 2019), a cada 24 horas são instalados, em média, painéis solares

capazes de abastecer cerca de 500 residências brasileiras, que juntos representam mais de um

megawatt diário na rede elétrica no primeiro semestre de 2019. Apesar da forte expansão, a

energia solar ainda tem presença singela na matriz energética do Brasil, dominada por grandes

hidrelétricas.

Partindo desta contextualização, o presente trabalho objetivou analisar os aspectos

socioambientais da energia solar, como também, o ponto de vista econômico-financeiro, pois

apesar da existência de muitos projetos viáveis do ponto de vista socioambiental, nem sempre

as perspectivas financeiras se mostram atrativas ou por vezes os métodos de avaliação do

investimento não são adequados. O que pode justificar o surgimento do engano popularmente

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difundido entre empresários, de que os investimentos em projetos de energia limpa não dão

retorno. Mediante isto, se faz necessário técnicas de avaliação de investimentos potenciais.

A pesquisa caracterizou-se como estudo de caso e se concentrou em analisar um projeto de

energia solar fotovoltaica em uma empresa de assistência técnica de motores elétricos da cidade

de Rondonópolis, no Mato Grosso, a natureza da pesquisa foi qualitativa e a coleta de dados se

deu através de pesquisa bibliográfica e documental, na análise do tratamento dos dados, foram

utilizados os métodos de Payback descontado, o Valor Presente Líquido (NVP) e a taxa interna

de retorno (TIR), permitindo maior proximidade a análise de viabilidade do projeto. Após

avaliação econômico-financeira do investimento de 216.398,50 R$, o valor presente líquido –

VPL obtido foi de 284.228,98 R$ e a taxa interna de retorno – TIR de 24,72%, para uma taxa

mínima de atratividade – TMA de 9,70% ao ano, o projeto de energia solar fotovoltaica como

alternativa para redução de custos e de diversificação energética é considerado viável para o

período analisado.

Enquanto a estrutura, esta monografia organizou-se em 5 capítulos, sendo o primeiro, a

introdução, no capítulo 2 trata-se das teorias da administração financeira e aspectos gerais da

energia solar, os procedimentos metodológicos são descritos no capítulo 3, no capítulo 4

demonstrou-se a análise dos resultados, e por fim, no capítulo 5 a conclusão.

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1.1 A EMPRESA

A Gold Máquinas Elétricas Industriais, é a maior empresa de assistência técnica

credenciada WEG do Mato Grosso, sendo a única certificada em conformidade com a norma

de gestão da qualidade ABNT NBR ISO 9001:2008 e com a norma para reparo, recuperação e

revisão de motores elétricos que atuam em atmosferas explosivas ABNT NBR IEC 60079-

19:2012. Foi criada em 02 de outubro de 2013, inicialmente as atividades eram realizadas em

uma sede de 500 m2, com ênfase na atividade de rebobinamento de motores elétricos, e em

menos de 04 anos expandiu para uma sede de 1500 m2, atuando em novas atividades, sendo

elas, prestação de serviços elétricos, manutenção e comercialização de Drives e Redutores. A

figura 1 apresenta uma foto da localização da empresa.

Figura 1 – Localização geográfica da empresa (16°26'47.3"S 54°39'17.2"W).

FONTE: Google Earth (2019).

A empresa está situada em Rondonópolis, cidade que ocupa o 2º lugar do ranking dos

maiores PIB do estado de Mato grosso, com sua posição geográfica estrategicamente no

entroncamento da BR-163 e BR-364, rodovias que são a ligação entre as regiões norte e sul do

país, e são transportadas toda a produção agrícola e industrial para os grandes centros

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metropolitanos e portos do Brasil (PREFEITURA MUNICIPAL DE RONDONÓPOLIS,

2019).

1.1.1 Visão

“ Ser reconhecida como a melhor opção de empresa de assistência técnica no mercado

regional, sendo referência de qualidade em produtos, serviços e relacionamento. ”

1.1.2 Missão

“ Prover com excelência as necessidades da sociedade quanto ao uso da energia elétrica

de forma eficiente e sustentável, apresentando soluções e serviços de manutenções para

máquinas elétricas girantes, acionamentos elétricos e redutores de velocidade, prosperando

como empresa e recompensando de forma justa seus parceiros de negócios, colaboradores e

sócios”.

1.1.3 Valores

Comprometimento;

Integridade;

Ética e Transparência com clientes e colaboradores;

Inovação;

Flexibilidade;

Valorização Humana;

Benefícios mútuos com Clientes, Fornecedores e Marcas Representadas

Sustentabilidade.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capitulo são abordadas as fundamentações teóricas que embasam conceitualmente a

problemática da pesquisa em questão.

2.1 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Gitman (2012) define administração financeira, como a arte da gestão do dinheiro, que

faz parte da vida de praticamente todos os indivíduos, pois recebem ou captam e gastam ou

investem dinheiro. Ressalta que, esta área do conhecimento se preocupa “[...]com os processos,

as instituições financeiras, os mercados e os instrumentos associados a transferência de dinheiro

do indivíduo, empresas e órgãos governamentais” (GITMAN, 2012, p. 4). O quadro 1 apresenta

as funções básicas da administração financeira:

Quadro 1 – A dinâmica das decisões financeiras

Planejamento financeiro

Evidenciar as necessidades de crescimento da

empresa.

Prever dificuldades de desajustes.

Selecionar com maior margem de segurança

ativos mais rentáveis e condizentes com os negócios

da empresa.

Estabelecer uma rentabilidade satisfatória

sobre investimentos.

Controle financeiro

Acompanhar e avaliar o desempenho

financeiro da empresa, bem como, custos e

despesas, margens e ganhos, volume de vendas,

liquidez de caixa, endividamento e etc.

Analisar desvios entre resultados previstos e

realizados.

Propor medidas corretivas necessárias.

Administração de ativos

Gerenciar melhor estrutura, em termos de

risco e retorno, dos investimentos (ativos)

empresariais.

Acompanhar as defasagens que podem

ocorrer entre entradas e saídas de dinheiro do caixa.

Administração de passivos

Adquirir fundos (financiamentos).

Gerir a proporção entre capital próprio e

capital de terceiros.

Definir a melhor estrutura de capital, em

termos de liquidez, redução de custos e riscos

financeiros.

Fonte: Adaptado de ASSAF; LIMA (2014).

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No contexto atual de globalização, alta concorrência e o acelerado processo de abertura

dos mercados, o administrador financeiro não pode acomodar em funções mecânicas de

captação de fundos e aplicações na atividade da empresa. Este deve, da mesma forma, cuidar

da saúde financeira da organização e ainda atingir metas estabelecidas, sobretudo, criar valor

aos seus proprietários. Assaf e Lima (2014, p. 11) sintetizam, que “[...] uma empresa cria valor

quando for capaz de apurar um ganho em seus ativos maior que o custo total de seus passivos

e patrimônio líquido” (ASSAF; LIMA, 2014, p. 11).

Assaf e Lima (2014) expressam, que a administração financeira em sua essência é a

ciência que estuda a teoria e a prática de duas decisões básicas de qualquer empresa, o

financiamento, podendo ser chamado também de captação de recursos, e o investimento, que

são as alocações dos recursos captados. Lemes Júnior et al (2016) afirmam que, as finanças

corporativas buscam gerir os recursos para maximizar a riqueza da organização e elenca, não

duas como Assaf e Lima, mas três decisões fundamentais: decisão de investimento, decisão de

financiamento e decisão de resultados. Esquematicamente representada:

Maximização da riqueza = f(DI, DF e DR)

Sendo:

DI: decisão de investimento

DF: decisão de financiamento

DR: decisão de resultados

As atividades financeiras e contábeis estão inter-relacionadas, diferenciamos

basicamente, a primeira por estar vinculada a ênfase nos fluxos de caixa, e a outra, na tomada

de decisão. Sugere-se que, enquanto o contador foca em produzir e divulgar dados para

mensuração do resultado da empresa, prestação de contas e pagamentos de impostos,

preparando demonstrações financeiras de receitas e despesas quando são realizadas, efetivadas

ou não, denominado de regime de competência. O administrador financeiro, por outro lado,

utiliza do regime de caixa, entradas ou saídas efetivas de dinheiro, mantendo a solvência da

empresa planejando os fluxos de caixa, pois “[...]independente de lucro ou prejuízo, uma

empresa precisa ter um fluxo suficiente de caixa para saldar suas obrigações” (GITMAN, 2012,

p.10).

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2.1.1 Estruturas de Mercado

A atuação das empresas no ambiente econômico e seu sucesso estratégico, vincula-se

muito a maneira como se coloca no mercado (LEMES JUNIOR et al, 2016). O quadro 2 mostra

os tipos de fornecedores, clientes e produtos, que definem sua estrutura de mercado:

Quadro 2 – Estruturas de mercado.

Quantidade de

vendedores

Quantidade de compradores

Único Poucos Muitos

Único Monopólio bilateral Quase monopólio Produto homogêneo Produto

diferenciado

Monopólio (não aplicável)

Poucos Quase monopólio Oligopólio bilateral Oligopólio puro Oligopólio

diferenciado

Muitos Monopsônio Oligopôsonio Concorrência perfeita Concorrência

monopolística

Fonte: adaptado de (LEMES JUNIOR, et al, 2016, p. 19).

O administrador financeiro precisa analisar a estrutura de mercado em que a

“[...]empresa está inserida para atuar melhor em negociações comerciais, no estabelecimento

de preços de venda e de cotações de compra” (LEMES JÚNIOR et al, 2016, p. 20). O quadro

2.1 apresenta os tipos de concorrência e suas condições em venda e compra:

Quadro 2.1 – Estruturas de mercado e negociações empresariais.

Venda em mercados em

condições de:

Compra em mercados em

condições de:

Concorrência perfeita Competir em preço; o

cliente vai exigir menores preços e

melhores serviços.

Boas possibilidades de

negociação de preços, prazos e

condições de entrega.

Concorrência

monopolística

Competir em preço e

fortalecer a diferenciação do

produto.

Boas possibilidades de

negociação, inclusive

especificidades do produto.

Oligopólio Possibilidade de conluios

com os concorrentes.

Reduzida flexibilidade de

negociação do produto.

Monopólio É possível ao vendedor

estabelecer as condições de

negociação.

O comprador é um

tomador de preços: aceita as

condições impostas pelo vendedor.

FONTE: (LEMES JÚNIOR et al, 2016, p. 20).

Se a empresa está em um ramo de muitos concorrentes, enfrenta dificuldades em

aumentar seus preços de venda, por outro lado, as organizações com muitos fornecedores

conseguem barganhar melhores preços de compra de insumos e matéria-prima. Em um mercado

considerado concorrencial, existem muitos vendedores do mesmo ou semelhante produto. Há

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uma concorrência perfeita no caso de os produtos serem o mesmo, como por exemplo,

combustível e gás de cozinha, não levando em consideração é claro a localização, o atendimento

e as estratégias de marketing (LEMES JUNIOR et al, 2016).

2.1.2 Mercado Financeiro Brasileiro

O ambiente financeiro tem uma organização formal em nosso país, possui órgãos

reguladores e executores, “[...]não está em local físico especifico, mas é representado por

transações que podem ocorrer fisicamente nas instituições ou por meio eletrônico, via

processamento de dados, ligações telefônicas e troca de dados[...]” (LEMES JÚNIOR et al,

2016, p. 25).

O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é retratado por Assaf e Lima (2014), como,

conjunto de instituições financeiras públicas ou privadas que agem mediante a instrumentos

financeiros na captação de recursos, distribuição e transferência de valores entre os agentes

econômicos, que pode ser descrita conforme a figura 2:

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Figura 2 – Estrutura do Sistema Financeiro Nacional.

FONTE: adaptado de ASSAF; LIMA, (2014).

Assaf e Lima (2014) discorrem, que é por meio de instituições financeiras, que são

realizadas as intermediações entre os agentes econômicos (comunidade, empresas e governo

etc.) superavitários, que possuem aplicações e os deficitários, que necessitam de crédito,

visando conciliar os interesses de ambos. De maneira direta, realizada geralmente por bancos

comerciais intermediando; ou de forma indireta em nome de terceiros. A figura 3 ilustra o

processo de intermediação financeira direta:

Sist

ema

Nac

ion

al F

inan

ceir

o

Subsistema Normativo

Conselho Monetário Nacional (CMN)

Banco Central do Brasil (Bacen)

Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)

Superintendência de Seguros Privados - Susep

IRB - Brasil Resseguros

Conselho de Gestão e Previdência Complementar

(CGPC)

Secretária de Previdência Complementar

Subsistema de Intermediação

Instituições Financeiras Bancárias

Instituições Financeias não Bancárias

Sistema Brasileiro de Poupança e emprestimo -

SBPE

Instituições Auxiliares

Instituições não Financeiras

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Figura 3 – Processo de intermediação financeira direta.

Fonte: Adaptado de (ASSAF; LIMA, 2014, p. 34).

A instituição capta recursos de investidores e os remunera, efetuando operações de

empréstimo, cobrando uma taxa de juros. Assaf e Lima (2014, p. 34) esclarecem, que “A

diferença entre a taxa de juros cobrados dos tomadores de crédito e a paga aos aplicadores é

denominada de spread. O spread deve cobrir todas as despesas e risco dos negócios realizados

e remunerar a atividade de intermediação financeira”.

De acordo com Lemes Júnior et al (2016), no Brasil quando se refere ao comportamento

do mercado financeiro, é comum ouvir que o mesmo está agitado, nervoso ou calmo, isso

porque as variações das taxas de juros e cambiais servem como uma espécie de medidor de

agitação de mercado ou um termômetro, que são decorrentes da divulgação:

a) Decisões do Copom – Comitê de Política Monetária: taxa de juros básica, taxa de

recolhimentos compulsórios e decisões administrativas relacionadas às atividades financeiras.

b) Informações sobre fatores internos: saldos de balança comercial, balanço de

pagamentos, dívida pública e decisões de política econômica para manutenção da estabilidade

de preços.

c) Informações sobre fatores externos: taxas de juros no mercado americano, variações nos

índices das bolsas americanas, principalmente Dow Jones e Nasdaq, e variações nas cotações

de petróleo e imagem do país no exterior.

Agente deficitario tomador

Instituição financeira (spread)

Agente superavitario

poupador

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2.2 AVALIAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DE INVESTIMENTOS

Keynes (1977, p.194-196, apud SOUZA; CLEMENTE, 2012, p. 20), preconiza três

razões da preferência por liquidez: transação, precaução e especulação. A partir disso, Assaf e

Lima (2014, p. 45), propõe que, “O juro pode ser entendido como preço pago pelo aluguel do

dinheiro, ou seja, o valor que deve ser pago pelo empréstimo de um capital”, portanto,

Para o tomador de recursos financeiros, os juros representam os custos da

imobilização do capital num dado período. Os juros são expressos por uma taxa que

incide sobre o valor imobilizado por período de tempo. Dessa forma, a taxa de juros

pode ser vista como a remuneração de uma unidade de capital imobilizado ao longo

de uma unidade de tempo (SOUZA; CLEMENTE, 2012, p. 21).

Quanto maior a atratividade das oportunidades de investimentos, maior a probabilidade

de serem aceitas pela empresa e mais dispostas a pagar pelos empréstimos. Em contrapartida,

organizações com baixas rentabilidades, em retração, são menos capazes de remunerar os

empréstimos, necessitando de taxas de juros menores (ASSAF; LIMA, 2014).

Em economias inflacionárias, como a brasileira, por mais leigo que seja um cidadão em

teorias econômicas, é sabido que, a moeda perde seu poder aquisitivo no tempo, e se for

questionado sobre sua preferência em ter um valor monetário hoje ou a mesma quantia

imobilizada por algum tempo sem retorno, certamente ele escolherá a liquidez (SOUZA;

CLEMENTE, 2012).

É crucial que exista uma promessa atrativa de pagamento futuro ao agente superavitário,

reconstituindo o valor do capital corrigido pela inflação, e ainda conceder algum ganho pelo

risco. Em vista disso, Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001, apud, ASSAF; LIMA, 2014, p. 45)

elencam quatro fatores que afetam o custo do dinheiro:

a) Retorno das oportunidades de investimentos dos tomadores de recursos;

b) Preferências temporais de consumo;

c) Risco de empréstimo;

d) Inflação futura esperada.

Optar por investir não é uma decisão simples, logo, é importante o uso de um modelo

teórico mínimo para projetar e avaliar estas decisões, a primeira ideia que surge é de que investir

depende do retorno esperado, ainda assim, não há como garantir ganhos futuros, isto é, dois

fatores atuam sob o investidor em sentidos opostos: o retorno atrai e o risco afasta. O projeto

de investimento, como ilustra a figura 4, em sentido genérico, é uma maneira eficiente de

levantar informações simulando as influências internas ou externas, desejáveis ou não, dado

que a natureza do risco associado à decisão de investir se reduz frente ao nível de informação

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do tomador de decisões, e “[...]se fosse possível antever com segurança o futuro, a partir do

conhecimento perfeito das forças que atuam nos ambientes interno e externo da firma (ou do

projeto), a decisão de investimento seria tomada sem risco”(SOUZA; CLEMENTE, 2012, p.

9).

Figura 4 – Projeto de investimento.

FONTE: adaptado de Souza e Clemente (2012).

Por meio deste, é possível, pelo menos, diminuir insegurança e melhorar a tomada de

decisão, “[...] de qualquer forma, a avaliação da situação de risco, em si, constitui importante

informação para a tomada de decisão” (SOUZA; CLEMENTE, 2012, p. 10).

Oportunidade

Projeto:

Estudos; Pesquisas Análises; Avaliações

Decisão

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2.2.1 Custo de Capital

A formação de um custo de capital, está intrinsicamente conectado a possibilidade de

prejuízo financeiro, ou melhor dizendo, a variabilidade de retorno associado a determinado

ativo, Brealey et al (2013), individualiza risco em duas situações distintas, uma em que a

probabilidade dos eventos é conhecida, e a outra quando se desconhece os eventos possíveis e

as chances de ocorrerem.

Leme Júnior et al (2016) discorrem próximo ao conceito de risco de Brealey et al (2013),

porém, denominam risco diversificável, como os riscos especificamente relacionados ao

projeto, que dependendo do nível, a empresa pode optar por deixar de investir ou investir em

outros projetos, evitando submeter todos os recursos a apenas um tipo de risco; ou seja, pode

diversificar o investimento. O risco não diversificável, é o que qualquer ativo está sujeito,

inerente ao mercado, aquele do qual não pode evitar. Por exemplo, riscos climáticos, políticos

e inflação.

O custo de capital surge a partir de expectativas mínimas de retorno das fontes de

financiamento e tem a finalidade de descontar os fluxos de caixa previstos para o investimento.

E para qualquer método de avaliação de investimento deve ser definido uma remuneração

mínima esperada sobre o capital investido ou prêmio exigido pelos proprietários dos recursos,

princípios que norteiam sua mensuração (ASSAF; LIMA, 2014). Em sua essência é formado

por:

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 = 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝐿𝑖𝑣𝑟𝑒 𝑑𝑒 𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜 + 𝑃𝑟ê𝑚𝑖𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜

Visando remunerar adequadamente os agentes superavitários, o investimento deve

promover um retorno mínimo igual ao custo de capital, obedecendo a premissa de quanto mais

arriscado for a decisão, maior o prêmio, consequentemente, eleva o custo do capital. É

necessário inicialmente identificar a origem dos recursos, próprio ou de terceiros, só então,

apurar os valores das taxas de retorno desejada para as decisões de investimento e ponderá-las

(SOUZA; CLEMENTE, 2012).

2.2.2 Modelo de precificação de ativos (CAPM)

De acordo com Costa et al (2019, p.23), “CAPM é um modelo de precificação de ativos

que tem como objetivo determinar a taxa de retorno esperada para os ativos com risco

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sistemático”. E para prová-lo, Lemes Júnior et al (2016) enfatiza, a necessidade a formação de

uma carteira de mercado eficiente, combinando ativos ponderados, partindo das premissas, se

todos os investidores escolherem carteiras eficientes, a linha de mercado será eficiente, pois é

a somatória das escolhas individuais, então, as expectativas dos investidores são homogêneas,

todos irão considerar a mesma variância de risco. Pode ser representado pela equação:

𝐾1 = 𝑅𝑓 + [𝑏𝑗(𝑘𝑚 − 𝑅𝑓)

Onde:

𝐾1 Retorno exigível sobre ativo j

𝑅𝑓 Taxa de retorno livre de risco (no Brasil, considera-se a taxa Selic)

𝑏𝑗 Coeficiente Beta

𝑘𝑚 Retorno de mercado sobre uma carteira de ativos teórica

Costa et al (2019, p. 23), admitem que, todos os investimentos possuem riscos e

“[...]uma parte substancial do risco de um investimento pode ser eliminada por meio da

diversificação. Porém, nem todo o risco consegue ser eliminado pela diversificação e essa

parcela que resta é denominada risco sistemático[...]”, inerente a todos os ativos de mercado.

Segundo Assaf e Lima (2016), a taxa Selic opera basicamente com títulos públicos no

mercado monetário nacional, ativos classificados como livre de riscos, porque admite-se que o

Governo sempre quitará suas obrigações.

Esse modelo de precificação de ativos de capital, preocupa-se com o risco não

diversificado ao retorno de todos os ativos, faz uso de coeficientes para estabelecer equação e

um gráfico de interpretação, que rendeu no ano de 1990 para seus criadores, Markowitz e

Sharpe, o Prêmio Nobel de Economia. Lemes Júnior et al (2016), determina premissas para o

CAPM:

Os investidores são indivíduos avessos ao risco que buscam maximizar a utilidade esperada

de sua riqueza no final do período do investimento.

Os investidores são tomadores de preço que têm expectativa homogênea sobre o retorno de

ativos, que assumem distribuição normal.

Existe um ativo livre de risco, que pode ser emprestado sem limites de quantias.

A quantia de ativos é fixa. Todos os ativos são divisíveis e negociáveis no mercado.

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Os ativos de mercado estão acessíveis a todos, assim como as informações, que não têm

custos. Os custos de captação são iguais aos custos de aplicação.

Não existem imperfeições de mercado, tais como impostos, regulações e restrições para

vendas de curto prazo.

O modelo utiliza o coeficiente beta, responsável por estimar a sensibilidade de um ativo

em relação ás movimentações da carteira de mercado, considerado um índice teórico, permite

identificar a direção que a rentabilidade do ativo varia, frente a alterações de um índice do

mercado, bem como, é empregado para se colocar em evidência o comportamento do ativo no

mercado financeiro, durante um certo período de tempo, através de seu nível de risco

(BREALEY et al, 2013).O coeficiente Beta considerado para mercado é igual a 1. Os ativos

que se movimentam na mesma direção que o mercado, são coeficientes positivos e os que se

movimento em direção oposta ao mercado, são coeficientes negativos. Revistas especializadas

fornecem o Beta de cada setor (LEMES JÚNIOR et al, 2016).

2.2.3 Custo Médio Ponderado de Capital (WACC)

Os investidores estão sempre à procura de custo de capital menores para maximizar os

retornos e agregar valor, desta forma, utilizam o custo médio ponderado das fontes de

financiamento da empresa (WACC), para representar a taxa de atratividade da empresa, ou em

outras palavras, o “[...] quanto a empresa deve exigir de retorno de seus investimentos visando

maximizar seu valor de mercado” (ASSAF; LIMA, 2014, p. 511). O cálculo do CMPC ou

WACC adota o as médias ponderadas das fontes de financiamentos, de acordo com a seguinte

expressão:

CMPC(WACC) = ∑ Wi

n

i=1

x Ki

Onde:

CMPC(WACC) = Custo médio ponderado de capital. Identificado na literatura financeira por

Weighted Average Cost of Capital (WACC);

Ki = Custo específico de cada fonte de financiamento (capital próprio e capital de terceiros);

Wi = participação relativa (proporção) de cada fonte de capital no financiamento total.

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2.3 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA

As decisões de investimento a longo prazo, devem ser fundamentas na aplicação de

métodos de avaliação econômico-financeira para ser acatado, é preciso que ofereça um retorno

mínimo definido pela organização, consequentemente aceitar ou não, está relacionado a atender

critérios mínimos de retorno estabelecidos.

Outro fator impactante nas decisões de investimentos é a disponibilidade de recursos

financeiros externos para a realização de investimentos. Empresas cujo acesso às

fontes externas de financiamento é fator que dificulta a realização de investimentos

podem ser consideradas como empresas em situação de restrição financeira. Os

investimentos de organizações nessa situação serão dependentes da geração interna

de caixa. Partindo desse pressuposto, diversos estudos pontuam que a sensibilidade

dos investimentos ao fluxo de caixa pode ser considerada como uma proxy para

restrição financeira. Assim, empresas cujos investimentos são sensíveis ao fluxo de

caixa gerado internamente são consideradas restritas financeiramente (CARVALHO

e KALATZIS, 2018, p. 575).

Souza e Clemente (2012, p. 8) observam, que “[...] quanto maiores forem os ganhos

futuros que podem ser obtidos de certo investimento, tanto mais atraente esse investimento

parecerá para qualquer investidor”. Para Assaf e Lima (2014), estes métodos podem ser

compreendidos em dois grupos: os que desconsideram o valor do dinheiro no tempo e os que

utilizam o fluxo de caixa descontado para avalia-lo. E devido a importância das decisões a longo

prazo, prefere-se o rigor conceitual dos métodos do segundo grupo: Valor Presente Líquido

(VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR).

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2.3.1 Payback Descontado

Os cálculos de Payback descontado levam em conta o conceito do valor do dinheiro no

tempo, utilizando os fluxos de caixa descontados, trazendo “[...]cada uma das entradas de caixa

a valor presente, descontando esses fluxos a uma taxa de juros que representa a rentabilidade

mínima (custo de oportunidade) exigido pela empresa na aceitação do projeto” (ASSAF; LIMA,

2014, p. 379).

Supondo que uma taxa mínima de aceitação do projeto seja de 18% ao ano, e um padrão-

limite de três anos estabelecidos pela empresa como tempo máximo de realização de caixa de

seus investimentos, calcula-se o valor presente de cada um dos fluxos de caixa, exemplificado

na tabela 1:

Tabela 1– Payback descontado.

Períodos $ (mil) Valor presente $

(milhões)

Ano 0 (160,00) (160,00)

Ano 1 70,00 𝑃𝑉 =

70,00

(1 + 0,18)1= 59,32

Ano 2 80,00 𝑃𝑉 =

80,00

(1 + 0,18)2= 57,45

Ano 3 120,00 𝑃𝑉 =

120,00

(1 + 0,18)3= 73,03

Fonte: Elaborado pelo Autor (2019).

A partir destas informações simuladas na tabela 1, percebe-se que o ano 3 apresenta o

fluxo de caixa superior ao necessário para zerar o investimento, ou melhor, chegou ao Payback

do projeto, e seu período ocorrerá em algum momento do ano 3:

Ano 1: Investimento + Fluxo de Caixa Descontado1

= (160,00) + 59,32 = (100,68)

Ano 2: Resultado do ano 1 + Fluxo de Caixa Descontado2

= (100,68) + 57,45 = (43,23)

Após o término do ano 2, ainda faltam $ 43,23 para entrar no caixa da empresa e igualar

o investimento feito, entretanto, não é necessário esperar o ano 3 inteiro para recuperá-lo, pois:

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Ano 3: Resultado do ano 2 + Fluxo de Caixa Descontado3

= (43,23) + 73,03 = 29,08

O fluxo de caixa do ano 3 é maior que o necessário para se chegar ao Payback do projeto,

então pode-se afirmar que no exemplo da tabela 1 o período de Payback será entre o segundo e

o terceiro ano:

𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 descontado: Resultado do ano 2 ÷ Fluxo de Caixa Descontado3

= 43,23 ÷ 73,03 = 0,59

O período do Payback descontado será de 2,59 anos, melhor dizendo de 2 anos e 7 meses

aproximadamente (0,59 x 12 meses). Este período é muitas vezes compreendido como um

parâmetro de nível de risco e liquidez de um investimento. Após os cálculos, Assaf e Lima

(2014), sugere critérios para aceitar ou rejeitar o projeto, salienta que o período obtido deve ser

comparado ao padrão-limite estabelecido pela organização, que nesse caso, pré-definido como

três anos o tempo máximo de realização de caixa de seus investimentos, deve-se aceitar o

projeto, visto que com base no método exposto atende a meta estabelecida.

Como não se utiliza do custo de capital, a soma do saldo de investimento é feita

através dos valores nominais, para atestar a viabilidade de um projeto segundo

Payback, este, deve ser menor que o prazo de recuperação do que foi investido.

Quando o valor do Payback for igual ao prazo de recuperação haverá indiferença na

aceitação ou não do projeto e, caso o Payback seja maior que o prazo de recuperação

o projeto é inviável e não deve ser aceito (SOUZA JÚNIOR et al, 2019, p.65).

Brealey et al (2013), descreve que, em vez da rejeição imediata de qualquer projeto

com retorno muito longo, muitos gestores conferem se as premissas do projeto não são

indevidamente otimistas sobre a capacidade de gerar fluxo de caixa em um futuro distante.

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2.3.2 Valor Presente Líquido (VPL)

O valor presente líquido (VPL), segundo Dassi et al (2015, p. 07), “é uma medida de

quanto valor é criado ou adicionado hoje, realizando determinado investimento. Para tanto, faz-

se necessário trazer a valor presente todos os fluxos de caixa esperados, utilizando uma taxa de

desconto e após reduzir estes valores do desembolso inicial do projeto”.

Assaf e Lima (2014, p. 380) destacam, que o VPL retorna o valor líquido de fluxos de

caixa, “[...] obtida pela diferença entre o valor presente dos benefícios líquidos de caixa,

previstos para cada período do horizonte de duração do projeto, e o valor presente do

investimento (desembolso de caixa) ”.

Devido ao valor temporal do dinheiro, receber uma certa quantia hoje vale mais do que

receber a mesma quantia amanhã, então calcula-se o valor presente de cada uma das séries de

fluxo de caixa e as somas para obter o valor presente líquido. A fórmula do VPL:

𝑉𝑃𝐿 = ∑𝐹𝐶𝑡

(1 + 𝐾)𝑡

𝑛

𝑡=1

− [𝐼0 + ∑I𝑡

(1 + 𝐾)𝑡

𝑛

𝑡=1

]

Em que:

𝑛 = números de fluxos de caixa.

𝐹𝐶𝑡 = fluxo (benefício) de caixa de cada período.

𝐾 = taxa de desconto do projeto, representada pela rentabilidade mínima requerida.

𝐼0 = investimento processado no momento inicial.

I𝑡 = valor de investimento previsto em cada período subsequente.

Previamente é necessário a definição a taxa de desconto dos fluxos de caixa, pois o VPL

não constata diretamente a avaliação da rentabilidade do projeto, mas sim seu resultado

econômico atualizado (ASSAF; LIMA, 2014), conforme figura 5:

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Figura 5 – Critérios de decisão com VPL.

FONTE: Adaptado de Assaf e Lima (2014).

Conforme Brealey et al (2013), o correto uso deste método sempre reconhecerá os

investimentos que aumentam valor da organização, e são categóricos em afirmar que qualquer

critério de análise de investimentos que não reconheça o valor do dinheiro no tempo não pode

ser considerado adequado. Para ele o VPL se limita a dependência única dos fluxos de caixas

estimados do projeto e o custo de oportunidade de capital.

2.3.3 Taxa Interna de Retorno (TIR)

Brealey et al (2013), definem a taxa interna de retorno (TIR), como parente próximo da

VPL, pois ambas podem oferecer respostas semelhantes. Dassi et al (2015, p. 8), caracteriza

TIR, como “[...]a taxa de juros para a qual o valor presente das entradas de caixa resultantes do

projeto iguala o valor presente dos desembolsos do mesmo, sendo uma medida bastante

utilizada no orçamento de capital”. Logo, este método avalia se o capital investido será

remunerado.

Assaf e Lima (2014), acrescenta que, para um projeto de investimento ser considerado

viável, segundo cálculo do TIR, a partir do conhecimento dos fluxos de caixa líquidos

incrementais gerados pela decisão e os valores investidos, que a taxa interna de retorno obtida

precisa ser superior ao retorno exigido. A formulação deste método pode ser representada,

supondo atualização de todos os movimentos de caixa para o momento zero, da seguinte forma:

I0 + ∑It

(1 + K)t

n

t=1

= ∑FCt

(1 + K)t

n

t=1

• Projeto cria valor econômico. Aumenta a riqueza do investidor.VPL > $0

• Projeto não cria valor econômico. Remunera somente o custo de oportunidade. Não altera a riqueza do investidor.

VPL = $0

• Projeto destrói valor econômico. Reduz a riqueza do invetidor .

VPL < $0

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Onde:

𝑛 = números de fluxos de caixa

I0= montante do investimento no momento zero.

It = montantes previstos de investimento em cada momento subsequente.

K = taxa de rentabilidade equivalente periódica (TIR).

FCt = fluxos previstos de entradas de caixa em cada período da vida do projeto (benefício de

caixa).

Assaf e Lima (2014, p.383), enfatizam, que “a TIR é uma taxa que expressa a

rentabilidade periódica ponderada geometricamente, de acordo com o critério de juros

compostos”.

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2.4 ENERGIA SOLAR: ASPÉCTOS HISTÓRICOS

O processo de obtenção de energia elétrica diretamente da radiação solar, é denominado

de efeito fotovoltaico e suas observações iniciais foram concebidas na primeira metade do

século XIX, na França, pelo físico Edmond Becquerel (1839), que verificou que placas

metálicas mergulhadas num eletrólito geravam uma pequena diferença de potencial quando

expostas à luz. No entanto W.G. Adams e R. E. Day (1877) foram além, fizeram uso de selênio

para desenvolver o primeiro dispositivo sólido de produção de eletricidade por exposição à luz,

pois perceberam que expor o selênio à luz não só auxiliava na passagem de corrente, como

também a enviava significativamente.

[...] depois, tentava descobrir se, ao expor o selênio à luz durante a passagem da

polarização-corrente, qualquer mudança na intensidade dessa corrente seria

produzida: descobrimos que, em vários casos, houve uma mudança distinta; na

maioria dos casos, a ação da luz ajudou a passagem da corrente; mas em um caso

descobrimos que o efeito da luz não era apenas para trazer a deflexão da

galvanometerneedle para zero, mas também para enviá-la consideravelmente do outro

lado (ADAMS; DAY,1877, p. 115).

Deste modo, é correto afirmar que W.G. Adams e R. E. Day (1877) criaram a primeira

célula solar, da qual consistia em um filme de selênio depositado num substrato de ferro e com

um segundo filme de ouro, semitransparente, que servia de contato frontal. Neste momento a

baixa de eficiência de conversão era da ordem de 0,5%, apesar disso nos finais do século XIX

o engenheiro alemão Werner Siemens (fundador do conglomerado industrial Siemens,

atualmente o maior da Europa) comercializou células de selênio como fotômetros para

máquinas fotográficas. Daí em diante, considera-se o inventor estadunidense Charles Fritts o

criador da célula solar fotovoltaica com rendimento estimado de 1%, em 1883, sendo o melhor

resultado de eficiência registrado até aquele momento. Porém a observação Becquerel (1839),

a criação de W.G. Adams e R. E. Day (1877) e Fritts (1883) não bastavam para explicar o

fenômeno, então no início do século XX, Albert Einstein conseguiu formular uma teoria de

forma simples e objetiva, conquista o prêmio Nobel de física pela relevância de sua conclusão,

mas por razões políticas alemãs só lhe renderiam anos mais tarde, em 1921 (ANEEL, 2013, p.

2).

Realizada no ano de 1955 nos EUA a primeira aplicação das células solares de Chapin,

Fuller e Pearson, com intuito de alimentar uma rede telefónica de uma cidade, com nove células

com 30 mm de diâmetro, o painel foi um sucesso, no entanto, perceberam que o custo das

células solares era alto, pelo que a sua utilização só podia ser economicamente competitiva em

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aplicações muito especiais, como, por exemplo, para produzir eletricidade no espaço, segundo

Wolf (1960, apud VALLÊRA; BRITO 2006, p.12), que até então usavam pilhas químicas.

As células solares eram consideradas uma curiosidade, e foi com grande relutância

que a NASA aceitou incorporá-las, como back-up de uma pilha convencional, no

Vanguard I, lançado em Março de 1958 (Fig. 5). A pilha química falhou, mas o

pequeno painel com cerca de 100 cm2, que produzia quase 0,1W, manteve o

transmissor de 5 mW em funcionamento muito para além de todas as expectativas: o

Vanguard I manteve-se operacional durante oito anos. Depois desta demonstração de

fiabilidade, durabilidade e baixo peso, o programa espacial norte-americano adoptou

as células solares como fonte de energia dos seus satélites. (VALLÊRA; BRITO 2006,

p.12)

Porém as impressões do mercado ainda não consideravam a tecnologia fotovoltaico uma

opção valiosa de investimento, e ROSS (2008, p. 264) da ênfase na dificuldade do processo de

alocação de recursos em ativos permanentes, pois não podem ser revertidos facilmente, e a

inviabilidade para o uso prático era evidente “na década de 60, células de silício cristalino eram

feitas à mão e seu custo de instalação chegava a US$1.000 (um mil dólares) por Watt” (ANEEL,

2013, p.136).

É importante destacar que muitas descobertas científicas se deram de maneira acidental,

entretanto a energia solar só teve viabilidade com ciência moderna, nesse caso o empirismo não

fez parte do nascimento da célula solar moderna, ou seja, seu surgimento seria improvável sem

os grandes desenvolvimentos científicos de Calvin Fuller (1954) e com

[...]o advento da mecânica quântica e, em particular, a teoria de bandas e a física dos

semicondutores, assim como as técnicas de purificação e dopagem associadas ao

desenvolvimento do transístor de silício: sem a ciência moderna, seria impensável o

nascimento da energia solar eléctrica. As descobertas acidentais e o desenvolvimento

empírico nunca nos teriam levado a ultrapassar o limiar de eficiência que a tornou

viável (VALLÊRA e BRITO, 2006, p. 10).

Significa dizer que desde 1839 com Edmond Becquerel até Fritts (1883) as células

solares de eficiência máxima eram próximas a 1%, todavia segundo Journal of Applied Physics

(2004) em 1953 o engenheiro Daryl Chapin insistia nos ensaios de células solares de selênio,

com resultados decepcionantes bem inferiores a 1. Em paralelo Calvin Fuller (1954), químico,

produzia uma barra de silício dopado com uma pequena concentração de gálio, que o torna

condutor, sendo as cargas móveis positivas. Partindo disso seu colega o físico Gerald Pearson

mergulhou a mesma barra de silício dopado num banho quente de lítio, criando assim na

superfície da barra uma zona com excesso de elétrons livres, portadores com carga negativa,

desta união surge a primeira célula solar de silício. Fuller, Pearson e Chapin (1954), ensaiando

a nova célula, verificaram que a eficiência de conversão muitas vezes maior do que a melhor

célula de selénio, cerca de 4%. Perante estes resultados, após o Pentágono ter autorizado a sua

publicação, a primeira célula solar de silício foi apresentada a National Academy of Sciences,

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em Washington, e os resultados publicados no Journal of Applied Physics e registada uma

patente (AIP, 2004), conforme figura 6:

Figura 6 – Primeira patente de célula solar de silício.

FONTE: Patente US2780165, 1954, p. 1.

Embora os resultados propostos durante mais de um século da primeira observação para

o aproveitamento da energia solar, nenhum deles haviam se mostrado suficientemente eficiente

para ser prático. Já depois das contribuições de Chapin, Fuller e Pearson (1954) nos permitia

elucidar as dificuldades de atingir altas eficiências nos testes anteriores, pois geralmente

utilizava-se a energia solar como combustível para o aquecimento de um agente adequado e,

em seguida, utilizando diferenças de temperatura no agente para criar energia elétrica. Fato

intrinsecamente ineficiente devido às grandes perdas de condução térmica resultantes do ciclo

de aquecimento. Em meados de 1973 devido ao surgimento da crise do petróleo, houve um

repentino interesse em programas de redução do custo de produção das células solares, que

resultaram em menos de dez anos economia no custo da eletricidade solar de oitenta dólares

por watt, para apenas doze dólares (VALLÊRA; BRITO, 2006).

Se na época houvesse um mercado para um ativo semelhante ao fotovoltaico as decisões

de investimentos seriam mais assertivas. Portanto a não possibilidade de observância dos preços

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de mercado aproximados e informações indiretas gerariam inconsistências na mensuração de

valor de um ativo. Sendo possível levantar custos de produção e mão de obra, entretanto era

impossível estimar seu valor de mercado (ROSS et al ,2008).

Supondo que uma empresa atuante neste setor muito competitivo de tecnologia

avançada poderia aumentar seu lucro reduzindo seus investimentos em pesquisa e

desenvolvimento. Esta ação diminuiria suas despesas, aumentando, desse modo, seu lucro, mas

isso custaria posições em termos de competitividade, e neste caso, a elevação dos lucros seria

acompanhada de fluxos de caixa menores futuramente (GITMAN, 2012).

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2.5 ENERGIA SOLAR: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS

Para Luciano Costa (2019), o ano de 2019 deve marcar uma virada para o mercado solar

brasileiro, fruto da expansão da chamada geração distribuída, em que estabelecimentos

comerciais, indústrias e residências instalam placas solares fotovoltaicas em seus telhados ou

terrenos gerando a energia necessária para suprir demanda própria. Ainda de acordo com o

autor, graças ao alto crescimento das tarifas de energia no Brasil desde 2015 e a redução nos

custos de equipamentos fotovoltaicos, os investimentos em geração distribuída, em média

apresentam período de Payback de três a sete anos

A Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) em 2018, apresentou 636,4 GWh, montante

1,7% superior ao de 2017, com a quantia de 625,7 GWh. As fontes renováveis chegaram a

83,3% de participação na matriz da OIEE, indicador 2,8% acima do verificado em 2017,

registrados na tabela 2:

Tabela 2 – Oferta interna de energia elétrica (OIE).

FONTE: Ministério de Minas Energia (2018).

A energia solar, apesar da alta taxa de crescimento, de 316,1% em 2018 e 876% em

2017, ainda é pouco significativa na matriz. Houve elevação expressiva de 14,4% na oferta

eólica, e de 4,8% na hidráulica nacional. A hegemonia da geração hidráulica se evidencia em

2018, chegando a 66,6% da OIEE, frente aos 65,2% verificados em 2017 (Ministério de Minas

e Energia, 2018). Luciano Costa (2019) afirma que, nos anos de 2017 e 2018, a geração

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distribuída exibia crescimento de 172%, contra 86% nas grandes usinas, mas os

empreendimentos de grande porte, viabilizados após leilões de energia do governo, ainda eram

responsáveis por maior parte da quantidade de geração inserida no país.

Guerra e Carvalho (1995), discorrem, que a implantação das hidrelétricas na maioria

das vezes determina a realocação e reassentamento de núcleos urbanos, ribeirinhos e da

população isolada. Sob outra perspectiva, gera emprego direta e indiretamente para realização

das edificações e manutenção do empreendimento, mas ociosos ao término das obras.

Apesar da maior parte do consumo de eletricidade brasileiro ser através de

hidrelétricas, diversas estão em fase de construção, porém paralisadas devido ao dano

ambiental que estas grandes barragens ocasionarão com o alagamento de florestas.

Entretanto, como o país necessita de energia para crescer, provavelmente estas usinas

serão concluídas, mostrando que o poder político sobrepuja o social e o ambiental.

(SHAYANI; OLIVEIRA; CAMARGO, 2006, p. 6).

A crítica de Shayani, Oliveira e Camargo (2006), referente aos impactos ambientais de

hidrelétricas quando relacionada a dados atuais do Brasil em um contexto mundial, se torna

preocupante, porque, o país registra significativa diferença na participação da energia

hidráulica, de 66,6% em 2018, contra apenas 12,5% dos 36 países que compõem a Organização

para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), e de 16,7% nos outros países. No

entanto, a situação se inverte quando a fonte é a energia solar, com os modestos 0,54%, contra

3% da OCDE e 1,3% de outros países (Ministério de Minas e Energia, 2018). Como informados

na tabela 3:

Tabela 3 – Oferta interna de energia elétrica no Brasil e no mundo.

FONTE: Ministério de Minas Energia (2018).

Shayani, Oliveira e Camargo (2006, p.6) consideram, que uma das principais vantagens da

energia solar, é geração de maneira distribuída, promovendo desenvolvimento social e

econômico em várias regiões, evitando gastos com linhas de transmissão e impactos ambientais,

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30

porém os investimentos em energia solar distribuída afrontam diretamente os interesses das

concessionárias de energia, que podem “[...] perder o poder de controlar este estratégico recurso

representado pela energia, não mais poderiam continuar a emitir faturas, pois painéis solares

não necessitam pagar “conta de Sol” a cada mês”. E o Brasil tem potencial solar para alterar a

matriz energética de maneira expressiva, pois, segundo dados oficiais da Empresa de Pesquisa

Energética (EPE), a eletricidade produzida a partir do sol, se hipoteticamente fossem instaladas

apenas nos telhados e terrenos dos domicílios brasileiros, seria capaz de suprir o consumo da

população em duas vezes o seu necessário.

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31

2.6 ENERGIA SOLAR: ASPECTOS AMBIENTAIS

A Absorção de radiação solar em edificações, é uma das formas triviais de

aproveitamento térmico nos ambientes, chamado de aquecimento solar passivo, pode ser

maximizando através de técnicas de arquitetura para ganho solares, resultando na redução do

aquecimento e iluminação elétricos. Além deste, é possível a transformação direta da radiação

em eletricidade, por meio de efeito sobre materiais semicondutores, dentre os quais se evidência

a termoelétrica ou fotovoltaico. No primeiro caso em condições particulares, faz-se por meio

da união de dois metais gerando uma força eletromotriz. No segundo, os fótons presentes na

luz solar são transformados em energia elétrica, pelo uso de células solares (ANEEL, 2008).

Existem dois tipos mais comuns de sistemas fotovoltaicos, os Conectados à Rede (On

Grid) e os não conectados à rede, Sistemas Isolados (Off Grid). Conforme a figura 7, o sistema

on-grid é capaz de transformar a energia do sol em energia elétrica, recebe a energia gerada

pelas placas solares em corrente contínua, e a transforma em corrente alternada com a mesma

forma de onda da energia elétrica fornecida pela distribuidora local, em paralelo com a rede

pública de distribuição de energia, usando um esquema de compensação, no qual, o excedente

de energia, isto é, a energia gerada e não utilizada é enviada para rede pública, e gera crédito

junto a concessionária de energia do estado do Mato Grosso, em conformidade com

regulamentação da Resolução (482/12) da Aneel. O off grid é semelhante nos aspectos de

geração, mas se distingue na armazenagem da energia em baterias, preferentemente em áreas

isoladas e distantes de redes de distribuição (STROM BRASIL, 2014):

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Figura 7 – Funcionamento da energia solar fotovoltaica on-grid

FONTE: Strom Brasil, 2014.

De acordo com Silva, Shayani e Oliveira (2018), as hidrelétricas apresentam baixa

emissão de gases de efeito estufa, se comparadas a energia proveniente da queima de

combustíveis fósseis, além disso, é renovável, não consome a água utilizada na geração,

permitindo o uso dela posteriormente.

Os fluxos ou reservas de energia disponíveis na natureza são o que podemos chamar de

recursos energéticos, podem ser compreendidos em duas classes de recursos, os fósseis e os

renováveis. Na primeira classe, enquadram-se os materiais que retêm energia química, e no

decorrer de épocas geológicas receberam radiação solar, como por exemplo o petróleo, carvão

mineral e gás natural. Podem armazenar energia atômica na forma de matéria físsil, como no

caso do urânio e o tório (ANEEL, 2008). Segundo o Shayani, Oliveira e Camargo, todos os

recursos fósseis são reservas finitas em sua essência, desta forma é correto afirmar que reduzem

proporcionalmente à medida que são consumidas, e

[...]precisam, intrinsecamente, serem extraídos dos locais onde estão concentrados,

transportados para as refinarias onde são preparados para a queima, movidos

novamente para as usinas e, após a geração de eletricidade, esta deve ser transmitida

através de linhas de alta tensão para o consumidor, enquanto que os resíduos devem

ser eliminados. A utilização de máquinas rotativas, tais como turbina e gerador,

necessitam de uma rotina de manutenção mais complexa, devido ao desgaste natural

das peças móveis, além de gerar poluição sonora durante o seu funcionamento

(SHAYANI, OLIVEIRA E CAMARGO, 2006, p. 5).

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Por outro lado, a ANEEL (2008) reforça, que os recursos energéticos renováveis são

originados de fluxos naturais, como ocorre na energia hidráulica, energia solar, energia eólica

e de biomassa, bem como energia talassomotriz, que significa, proveniente da variação do nível

do mar, se respeitadas os períodos naturais de recomposição, são reservas com esgotamentos

indetermináveis. A energia solar possui vantagens econômicas em relação a hidráulica, devido

a simplicidade de captação e as demais etapas necessárias para geração, em suma,

[...]não necessita ser extraída, refinada e nem transportada para o local da geração, o

qual é próximo à carga, evitando também os custos com a transmissão em alta tensão.

Utiliza células solares, responsáveis pela geração de energia, e um inversor para

transformar a tensão e freqüência para os valores nominais dos aparelhos. Este

processo é mais simples, sem emissão de gases poluentes ou ruídos e com necessidade

mínima de manutenção (SHAYANI, OLIVEIRA; CAMARGO, 2006, p. 6).

Ragel, Borges e Santos (2016) enfatizam, a necessidade de investimentos

governamentais em outros tipos de energias renováveis, além da hidráulica, que apresentam um

alto potencial de geração. Apesar dos impactos socioambientais da energia solar serem de

proporções menores que a hidrelétrica, “os impactos da cadeia produtiva são mais expressivos,

pois a produção do silício metalúrgico gera impactos desde a fase de extração até a fase de

fabricação” (EPE, 2016 apud SILVA; SHAYANI; OLIVEIRA, 2018, p. 6). O quadro 4

apresenta um resumo comparativo entre a energia solar e a energia hidráulica:

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Quadro 4 – Resumo comparativo entre energia solar e hidráulica.

Vantagens Desvantagens

Hidráulica

1. Fonte renovável.

2. Alto montante de geração.

3. Maturidade tecnológica.

4. Baixa emissão de gases de efeito

estufa.

5. Geração de empregos temporários

6. Desenvolvimento social e econômico

1. Baixo custo de geração.

2. Alteração na qualidade da água.

3. Retirada da vegetação nativa e

biodiversidade.

4. Interferência em locais com

elementos do patrimônio natural,

cultural, histórico, arqueológico,

paleontológico, paisagístico e

espeleológico.

5. Pode influenciar diretamente cidades,

vilas, distritos, afetando moradias,

benfeitorias, equipamentos sociais.

Solar

1. Fonte renovável

2. Geração descentralizada que permite a

aceleração da eletrificação em regiões

isoladas e de difícil acesso

3. Baixa interferência na fauna e na flora

4. Geração de empregos temporários e

permanentes

1. Alto custo de geração

2. Alteração da paisagem e do uso do

solo

3. Possibilidade de emissão de gases de

efeito estufa e de CO2, riscos de

acidentes e danos ambientais devido à

utilização de produtos químicos

corrosivos, manuseamento de

substâncias explosivas e gases

tóxicos, geração de resíduos tóxicos.

Decorrente do silício (matéria prima

do painéis fotovoltaicos).

FONTE adaptado de Silva, Shayani e Oliveira (2018).

Silva, Shayani e Oliveira (2018, p. 5) comentam, que as desvantagens das hidrelétricas

se evidenciam desde a fase de iniciação até a operação “[...]os solos ficam expostos com a

retirada da vegetação nativa, intensificando os processos erosivos. [...]ocasionam interrupção

do curso da água, alterando o regime hídrico”. Por outro lado, a geração de energia fotovoltaica,

“[...]apresenta impactos ambientais de baixa magnitude quando comparado com outras fontes

o que oferece uma grande vantagem à essa fonte, além de apresentar baixa interferência na

fauna e flora” (SILVA; SHAYANI; OLIVEIRA, 2018, p. 6).

Apesar da energia proveniente de hidrelétricas ser renovável, influi impactos ambientais

de alta magnitude, destroem ecossistemas, extinguem conjuntos de espécies terrestres,

agredindo suas condições de abrigo, alimentação e reprodução. Embora não seja afetado

diretamente, o ser humano, sofre pela proliferação de pragas em plantações e doenças em

rebanhos, “[...]atingem desde a aceleração dos processos erosivos e suas conseqüências, como

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a perda da qualidade da água, até o comprometimento do habitat de várias espécies[...]”

(GUERRA; CARVALHO, 1995, p.4).

Silva, Shayani e Oliveira (2018, p. 8) constatam, que a fonte solar fotovoltaica se destaca

em relação a hidráulica “[...]por possuir vantagens que sobressaem suas desvantagens, tornando

assim a mais recomendada para investimentos que visam atender aspectos

socioambientais[...]”, visto que, a maioria dos impactos negativos atribuídos, estão vinculados

a cadeia produtiva, o que pode ser controlado pela adequação padronizada dos fabricantes

enquanto a dano ambiental.

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3 METODOLOGIA

Este estudo de caso se concentrou em analisar um projeto de energia solar em uma

empresa de assistência técnica de motores elétricos da cidade de Rondonópolis, no Mato

Grosso. A pesquisa sugeriu ser apta para uma fundamentação genérica de casos semelhantes,

pois, conforme Yin (2010, p. 43) o estudo de caso “[...] é uma maneira de investigar um tópico

empírico seguindo um conjunto de procedimentos preespecificados”, que neste caso, examina

um fenômeno contemporâneo em profundidade no seu contexto de vida real.

Em relação a natureza da pesquisa, se caracteriza como pesquisa qualitativa, que

conforme Creswell (2010, p. 26), “a pesquisa qualitativa é um meio para explorar e entender o

significado que os indivíduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humano”.

A coleta de dados se deu através de pesquisa bibliográfica e documental, que segundo

Vergara (2013, p.54), “As pesquisas bibliográficas e documental justificam-se, à medida que

contribuirão para levantamento das possíveis divergências entre formulação e a

implementação[...]”. Yin (2010, p. 40), reforça que, “ A investigação do estudo de caso

beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposições teóricas para orientar a coleta e

análise de dados”. Os dados foram obtidos na empresa de assistência técnica pesquisada, nos

arquivos do Ministério de Minas e Energia e no banco de dados solar da Cresesb, bem como,

foram consultadas todas as disposições legais da ANEEL e em relação à mensuração da

adequação do modelo técnico, o cálculo da simulação recebeu análises críticas das áreas de

engenharia da assistência técnica WEG.

A ordem da investigação inspirou-se na sequência estabelecida por Dassi et al (2015, p.

9), na coleta de dados em estudo semelhante, no qual, as informações para os cálculos da

geração de energia foram: a) Localização no qual a instalação se encontra; b) Radiação solar no

local (horas de sol equivalente/dia), de acordo com a localização da edificação; c)

Perdas/ganhos por inclinação dos painéis solares; d) Perdas por sombreamento; e) Temperatura

ambiente ao longo do ano; f) Número total de painéis solares, de acordo com a área total do

telhado disponível para instalação dos equipamentos; g) Potência e tensão elétrica dos painéis

solares; h) Rendimento dos painéis solares. Foi realizada uma projeção de fluxos de caixa

provenientes do consumo e geração de energia da unidade cliente, fornecidos em relação ao

investimento realizado, conforme as diretrizes da Resolução Normativa Aneel n. 482/2012.

Na análise do tratamento dos dados estudo foram utilizados os métodos de Payback

descontado, o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR), permitindo

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maior proximidade a análise de viabilidade do projeto. Um dos aspectos mais relevantes que

influenciam o cálculo da geração de energia solar fotovoltaica é a localização e nível de

eficiência do sistema, que determina o rendimento das instalações durante toda a vida útil do

equipamento. De acordo com o fabricante, a vida útil do equipamento é de 25 anos e cerca de

5% da eficiência é perdida a cada 5 anos, que foi considerado para o fluxo econômico.

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo apresentam-se as informações necessárias para o dimensionamento do

sistema fotovoltaico proposto, bem como as análises econômico-financeiras do projeto.

4.1 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO

O sistema proposto foi o on grid, não necessita de baterias, é conectado diretamente à

rede de energia elétrica de distribuição, operado comumente em áreas urbanas, utiliza linhas de

transmissão já existentes, não só para consumir, bem como para retornar a energia excedente à

rede de distribuição.

Para o correto dimensionamento das placas solares, o primeiro dado a ser aferido é a

quantidade de média diária de irradiação solar por metros quadrados em que o sistema será

instalado. O gráfico 1 compara a incidência de sol média mensal na posição horizontal e com

inclinação de 17° em relação ao plano horizontal, na cidade de Rondonópolis (16°26'47.3"S

54°39'17.2"W).

Gráfico 1 – Comparação entre plano horizontal e inclinado 17º em Rondonópolis.

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FONTE: adaptado de CRESESB (2018).

De acordo com os dados da CRESESB (2018), ilustrado no gráfico 1, na cidade onde a

organização está localizada, a média de irradiação solar ao dia nos meses do ano, no plano

horizontal é de 5,17 kWh/m2, já no plano inclinado verificou-se um melhor aproveitamento,

5,34 kWh/m2, de aproximadamente 4%. Sendo agosto o mês que apresentou maior

expressividade, com mais de seis horas de sol equivalente ao dia. Devido a variação de

incidência solar durante os meses do ano, a inclinação e a posição dos painéis são primordiais.

Para este projeto considerou-se uma inclinação dos painéis em relação ao plano horizontal de

17 graus, para ganho de eficiência.

Gráfico 2 – Consumo de energia (kwh/mês) elétrica dos últimos 12 meses

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Plano Horizontal 5,53 5,5 5,26 5,08 4,6 4,47 4,55 5,47 5,19 5,26 5,48 5,65

Inclinação 17° 5,09 5,26 5,31 5,52 5,32 5,38 5,38 6,15 5,39 5,12 5,09 5,13

0

1

2

3

4

5

6

7

Irra

dia

ção

( k

wh

/m2

.dia

)

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FONTE: Elaborado pelo autor (2019).

O gráfico 2 demonstra a oscilação do consumo ao longo dos últimos 12 meses da

organização, sendo agosto de 2018 o mês mais econômico, com apenas 3125 kWh/mês, e o mês

de maior consumo, 5186 kWh/mês, foi em janeiro de 2019, a média de consumo mensal foi de

4369 kWh/mês, e a média diária de 146 kWh/dia. As perdas de efeito Joule, temperatura e

sujeira, de acordo com o fabricante, foram consideradas 20%. Então a potência necessária do

sistema fotovoltaico é:

𝑃(𝐾𝑊) =146 𝑘𝑤ℎ

5,34 . (0,2 − 1)=

146

5,34 . 0,8= 34,21 𝑘𝑤

A potência mínima necessária para o sistema fotovoltaico atender o consumo verificado

nos últimos 12 meses, considerando 20% de perdas em geração, a uma irradiação média dia de

5,34 kwh/m2, a uma inclinação em relação ao plano horizontal de 17 graus, foi de 34,21 kW.

38333627

3125

4078

4841

3703

4792

5186

4887 4947 4848

4563

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

jun/18 jul/18 ago/18 set/18 out/18 nov/18 dez/18 jan/19 fev/19 mar/19 abr/19 mai/19

con

sum

o k

wh

/mês

Últimos 12 meses

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4.1.1 O Sistema Proposto

O sistema solar proposto foi projetado de forma customizada de acordo com as

características da área disponível no local e o consumo de energia do estabelecimento. O

sombreamento sobre os módulos fotovoltaicos será mínimo, garantindo que o sistema de

geração esteja a maior parte do tempo operando em capacidade máxima. Após cálculos, a

potência de geração necessária do sistema fotovoltaico foi de 34,21 kW, ou 34.210 W, porém,

de acordo com o fabricante a eficiência das placas reduzem cerca de 1% ao ano e foram

estimados 0,6% ao ano de aumento do consumo de energia na empresa, compensadas no

acumulado de 20 anos, em 32% maior o dimensionamento da potência do sistema que a mínima

necessária, então, um kit fotovoltaico WEG de 45,22 kWp trifásico 380v, com placas solar

340W, descritos no quadro 5:

Quadro 5 – Dados técnicos do Kit fotovoltaico proposto

GERADOR FOTOVOLTAICO DE 45,22 KWP

Quantidade Material

133

Módulo

Policristalino (Largura

1m x Comprimento 2m)

ISO9001: 2008, ISO

14001: 2004 e OHSAS:

18001 2007 e Inmetro.

340 Wp

1 Inversor SIW500H ST040

1 Monitoramento SolarView

4 Protetor surto CA SPW275-20

9 Conector MC4 6 mm²

200 Cabo CC Unipolar flexível NH 6 mm² Preto

200 Cabo CC Unipolar flexível NH 6 mm²

Vermelho

1 Disjuntor CA MDW-B70-3

3 Estrutura para telhado Metálico 3 módulos em retrato

31 Estrutura para telhado Metálico 4 módulos em retrato

FONTE: Elaborado pelo autor (2019).

Com base nas especificações do sistema sugerido, contidas na tabela 5, foi composto

por 133 painéis fotovoltaicos de 340Wp/cada, considerando temperatura, inclinação e radiação

no local onde os mesmos poderão ser instalados, espera-se que o sistema forneça mensalmente

em média a energia apresentada no gráfico 3:

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Gráfico 3 – Consumo e geração do sistema proposto (kWh/mês)

FONTE: Elaborado pelo autor (2019).

Observa-se no gráfico 3, no primeiro trimestre do ano a geração foi inferior ao consumo,

entretanto, ao longo do ano a projeção de energia gerada pelo sistema proposto, média mensal

de 5767,3 kWh/mês, supre o consumo mensal da empresa, percebe-se que as altas gerações de

energia elétrica nos meses de agosto, setembro e outubro são diretamente proporcionais a

incidência de sol apresentados no gráfico 1, sendo os meses com mais irradiação solar, influem

em maior geração. A geração de energia ocorre de maneira sazonal, sendo superior no verão e

inferior durante o inverno. Na maioria dos períodos, a geração pode superar o consumo de

energia, deste modo, o usuário acumula créditos que podem ser compensados em até 60 meses.

De acordo com o dimensionamento do sistema proposto e com base nos dados coletados, na

tabela 4, seguem descritos o detalhamento de cada equipamento e mão de obra necessária, assim

como, seus respectivos custos.

5059,564787,64

4125

5382,96

6390,12

4887,96

6325,44

6845,52

6450,84 6530,04 6399,366023,165186 4887

4947 48484563

38333627

3125

4078

4841

3703

4792

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

jan/20 fev/20 mar/20 abr/20 mai/20 jun/20 jul/20 ago/20 set/20 out/20 nov/20 dez/20

Geração do sistema proposto (kwh/mês) Consumo de energia(kwh/mês)

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Tabela 4 – Investimento do projeto

Descrição Quantidade Preço Unitário Preço Total

KIT WEG - 45,22

KWP - WEG

TRIFÁSICO 380V -

PAINEL SOLAR

340W

1 127.898,50R$ 127.898,50R$

Comissionamento e

start-up

1 10.000,00 R$ 10.000,00 R$

Interligação com a rede

de energia existente

1 8.500,00 R$ 8.500,00 R$

Painel de proteção e

distribuição

1 30.000,00 R$ 30.000,00 R$

Instalações elétricas das

placas fotovoltaicas

1 45.000,00 R$ 45.000,00 R$

Projeto Elétrico 1 15.000,00 R$ 15.000,00 R$

Total 557 216.398,50 R$ 216.398,50 R$

FONTE: Elaborado pelo autor (2019).

As placas solares, ocupam cerca de 300 metros quadrados de espaço físico, sua alocação

prevista será feita diretamente no telhado, face voltada para o norte em inclinação de 17°, com

estrutura de suporte metálica com configuração padrão, atendendo as devidas normas de

engenharia.

O projeto elétrico e a execução da obra serão feitas por engenheiro eletricista e equipe

especializada, credenciados pelo fornecedor, sujeitos à aprovação da concessionaria de energia

local. Está sob a responsabilidade deste proporcionar todos os serviços de engenharia, aquisição

e construção, como também, o gerenciamento dos processos e controle de prazos. Assim que

concluída a obra, serão feitos testes e verificações dos componentes e produção do sistema.

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44

4.2 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DA PROJETO

Ao verificar os tipos de tarifa da concessionária de energia elétrica local e a fatura de

energia da assistência técnica, classificada como consumidor B3, obtém-se R$ 0,6268 o valor

do kWh, sem tributos e um total de R$ 0,9366 por kWh, considerando ICMS, PIS e COFINS.

A tabela 5 apresenta o fluxo de caixa projetado para o período de 20 anos, adota-se este tempo

de projeção por ser o mais usual dentre os estudos de viabilidade econômico-financeira.

Tabela 5 – Fluxo de caixa projetado

Anos Investimento

Economia na

fatura de

energia fluxo de caixa

fluxo de caixa

descontado

Payback

descontado

0 -R$216.398,50 -R$216.398,50 -R$216.398,50 -R$216.398,50

1 R$48.053,27 R$48.053,27 R$43.804,26 -R$172.594,24

2 R$49.494,87 R$49.494,87 R$41.128,89 -R$131.465,35

3 R$50.979,72 R$50.979,72 R$38.616,91 -R$92.848,44

4 R$52.509,11 R$52.509,11 R$36.258,36 -R$56.590,08

5 R$54.084,38 R$54.084,38 R$34.043,86 -R$22.546,22

6 R$55.706,92 R$55.706,92 R$31.964,61 R$9.418,38

7 R$57.378,12 R$57.378,12 R$30.012,35 R$39.430,73

8 R$59.099,47 R$59.099,47 R$28.179,32 R$67.610,05

9 R$60.872,45 R$60.872,45 R$26.458,25 R$94.068,30

10 R$62.698,62 R$62.698,62 R$24.842,30 R$118.910,60

11 R$64.579,58 R$64.579,58 R$23.325,04 R$142.235,63

12 R$66.516,97 R$66.516,97 R$21.900,44 R$164.136,08

13 R$68.512,48 R$68.512,48 R$20.562,86 R$184.698,94

14 R$70.567,85 R$70.567,85 R$19.306,97 R$204.005,91

15 R$72.684,89 R$72.684,89 R$18.127,78 R$222.133,69

16 R$74.865,44 R$74.865,44 R$17.020,62 R$239.154,31

17 R$77.111,40 R$77.111,40 R$15.981,07 R$255.135,38

18 R$79.424,74 R$79.424,74 R$15.005,02 R$270.140,40

19 R$81.807,48 R$81.807,48 R$14.088,58 R$284.228,98

20 R$84.261,71 R$84.261,71 R$13.228,11 R$297.457,08 FONTE: Elaborado pelo autor (2019).

O valor total do investimento, conforme tabela 4, é de R$ 216.398,50, porém, a

concessionária da rede de energia local exige um consumo mínimo 100 kWh ao mês,

multiplicados a tarifa com impostos 0,9366 R$/kwh, independente da geração, a assistência

técnica pagará uma taxa mínima mensal de 93,66 R$, incluídas no fluxo de caixa. Foi aceita

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uma projeção de 3% de aumento anual da tarifa de energia elétrica, porém foram

desconsideradas bandeiras de consumo.

O sistema fotovoltaico sugerido, propõe a possibilidade de geração de 69207,60

kW/ano, visto que, o consumo de energia anual da empresa é de 52430 kW/ano a um custo de

R$ 0,9366 por kWh, deduzindo a taxa mínima de consumo de 100 kW/mês, ou seja, 1.123,92

R$ ano, é possível economizar já no primeiro ano 48.053,27 R$. Levando em consideração o

reajuste de 3% ao ano na tarifa de energia elétrica, de acordo com as projeções, presume-se

poupar 84.261,71 R$ em conta de luz no ano 20.

Segundo o fabricante a vida útil do sistema pode ser de mais de 25 anos, entretanto, para

os fins de avaliação econômico-financeira, para melhor visualização e por ser o mais usual entre

estudos de análise de investimento, o fluxo caixa projetado foi de 20 anos.

O cálculo do Payback descontado, segundo modelo de precificação de ativos, o CAPM,

foi aceito um retorno de mercado esperado sobre uma carteira de ativos teórica, segundo a XP

investimentos para o ano de 2019 de 13,66%, o coeficiente beta do setor de energias

sustentáveis de acordo com IPEA (2012) foi de 0,515, enquanto a taxa de retorno livre de risco

(no Brasil, considera-se a taxa Selic) manteve-se nos três primeiros trimestres de 2019 em torno

de 6,5%. Após cálculo do CAPM para custo do capital próprio, conforme tabela 6, chegou-se

a taxa mínima de atratividade - TMA de 10,19% ao ano.

Tabela 6 – Dados para cálculo do CAPM.

Retorno de mercado sobre

uma carteira de ativos teórica

0,1366

Coeficiente Beta 0,515

Taxa de retorno livre de risco

(no Brasil, considera-se a

taxa Selic)

0,0650

CAPM 10,19%

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Ao final do período, o valor presente líquido – VPL obtido foi de 284.228,98 R$ e a

taxa interna de retorno – TIR de 24,72%. Assim, é possível concluir que, para uma TMA de

9,70% ao ano, o projeto de energia solar fotovoltaica como alternativa para redução de custos

e de diversificação energética é considerado viável para o período analisado, considerando

dados projetados na tabela 5 e as informações contidas na tabela 6 e 7.

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Tabela 7 – Dados para cálculo do CMPC.

Fonte Capital investido Taxa Ponderada

FCO 70% 9,5% 6,650%

Próprio 30% 10,19% 3,057%

CMPC 9,707% Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Destaca-se na tabela 7, que os sócios proprietários utilizarão 30% de capital próprio a

um custo de acordo com o modelo de precificação de ativos - CAPM, de 10,19%. Isso porque

o Fundo de Financiamento do Centro-Oeste - FCO (BNDES, 2019), financia apenas 70% do

valor total do investimento, a uma taxa de 9,5% ao ano, o que pelo método de Custo Médio

Ponderado de Capital – CMPC, obtém-se uma TMA de 9,707%, assim, são necessários pouco

menos de 6 anos para recuperar o investimento inicial proposto de 216.398,50 R$.

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5 CONSCLUSÃO

A geração de energia fotovoltaica comparada a outras fontes energéticas, se mostra muito

eficiente, não precisa ser extraída ou refinada, ocupa menos espaço físico, interfere sutilmente

na fauna e flora, e a maioria dos impactos ambientais atribuídos, como emissão de gases estufa,

estão vinculados a fabricação, o que pode ser controlado com criação de normas padrões

destinados aos fabricantes enquanto ao dano ambiental especifico mencionado.

Em termos gerais pode-se considerar que a supremacia das energias provenientes de

hidrelétricas, apesar de limpa e renovável, é responsável por inúmeros impactos ambientais,

desde as fases iniciais, em que, as fundações arquitetônica destes grandes empreendimentos de

geração concentrada, retira a vegetação nativa, amplificam o processo de erosão dos solos,

interrompem o fluxo natural das águas e altera o equilíbrio hídrico, bem como, em sua fase de

operação, onde influi resultados negativos de alta magnitude, destruindo ecossistemas,

extinguindo conjuntos de espécies terrestres, agredindo suas condições de abrigo, alimentação

e reprodução.

Os impactos das hidrelétricas atingem, indiretamente, a sociedade, devido a desregulação

da cadeia alimentar, pela proliferação de pragas em plantações, doenças em rebanhos e perda

da qualidade da água. Além disso, as áreas alagadas das grandes hidrelétricas, podem interferir

diretamente na moradia de comunidades indígenas, ribeirinhas e famílias tradicionais,

realocando-as, impactando na paisagem natural, histórica, cultural e psicossocial.

A energia solar fotovoltaica evidencia sua viabilidade social, na geração de empregos

diretos e indiretos, demandando mão de obra para projetos, instalações e manutenções,

promovendo desenvolvimento econômico regional no estado de Mato Grosso, por se

estabelecer de maneira distribuída, de mesmo modo, contribui para o setor industrial na

fabricação de placas solares, inversores, ferramentas, materiais elétricos e eletrônicos,

consequentemente, aquecendo comércio varejista. Estes benefícios associados aos resultados

apresentados no capítulo 4, em que, demonstra-se a viabilidade financeira do projeto da

implantação de energia solar fotovoltaica como alternativa para redução de custos e de

diversificação energética, para o período analisado, considerando os dados projetados, permite-

se concluir que, além de reduzir custos e de apresentar viabilidade financeira para a assistência

técnica analisada, semelhantemente, conceberá expressivas vantagens ambientais e

socioeconômicas para a região.

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